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HOMILIAS PARA O

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domingo, 18 de setembro de 2011

TRABALHADORES DE ÚLTIMA HORA


HOMILIAS  PARA  O

18 DE SETEMBRO – 2011
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Fiéis à Doutrina da Igreja Católica, porque somos católicos.
Respeitamos todas as religiões.  Cristãs e não cristãs.

Comentários – Prof. Fernando


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Introdução
25º DOMINGO DO TEMPO COMUM
TRABALHADORES DE ÚLTIMA HORA
No Evangelho deste domingo temos duas grandes lições:
1- O ciúme dos trabalhadores que chegaram primeiro com relação aos que chegaram na última hora e que ganharam o mesmo salário.
            2-A tendência daqueles trabalhadores enciumados de determinar o modo de justiça do rei, que representa o próprio Deus para nós.
            1-Ciúme: o ciúme é um processo psicológico pertinente à natureza humana. É um sentimento de perda do prestígio por uma substituição pessoal. Exemplo:  O filho ou a filha  mais  velha fica enciumada quando o carinho  e a atenção dos pais se voltam para o novo bebê que acaba de nascer.  O ciúme é um processo mental até certo ponto natural.  Ele é primordialmente manifestado no amor. O namorado, o marido, tem ciúmes da namorada e da esposa, assim como a namorada, a esposa sente ciúmes do namorado e do marido. O contrário do ciúme é a indiferença.  Se você olhar para outra mulher e sua namorada não sentir nada, não falar nada, ela ficou indiferente, isso é sinal de que ela não o ama mais.
            Ciúme doentio – É uma manifestação de ciúmes exagerada, parecida com a esquizofrenia,  acompanhada de raiva, violência, que pode acabar em crimes, como o vemos diariamente nos noticiários. O marido enciumado mata a esposa. O namorado enciumado bate na namorada. O amante não se conforma com a separação, e mata a mulher.  Porque a mulher é sempre a vítima? Porque é fisicamente a parte mais fraca, pelo menos é o que pensa o macho violento.
2-Questionar a justiça de Deus- Os trabalhadores enciumados questionaram a justiça do rei, que deveria ter pago a eles mais do que pagou aos trabalhadores da última hora. Eles ficaram indignados, inconformados, revoltados com isso, igual a muitas pessoas ficam com a justiça de Deus para com elas. 
            Já conheci muitas pessoas deficientes revoltadas que odiavam a si e ao mundo, mais na verdade odiavam Deus por ter lhes feito assim.
            Assim, aquela moça feia olha para a outra moça linda, e pensa: porque Deus deu a ela tanta beleza e me criou tão feia?
            O pobre quando passa um rico com o seu carrão: Porque Deus fez isso comigo? Ele é tão rico e eu sou tão pobre?
            Na sala de aula, aquele menino que não consegue entender e fazer as lições de3 matemática, questiona a justiça de Deus, pensando: por que eu nasci assim? Porque eu não sou tão inteligente como os demais alunos?
            O negro, pensa: puxa vida! Muitos me discriminam veladamente... por que eu não branco como todos os demais?
            Prezados irmãos. Esse tipo de questionamento acontece pela falta de conhecimento dos desígnios de Deus. Pela ignorância quanto a palavra ensinada por Jesus. Quando não conhecemos o Evangelho, agimos dessa maneira com relação  à justiça de Deus.
Perto da minha casa  sempre fica um jovem  pretinha e aleijada pedindo esmola no semáforo. Com suas duas bengalas, a perninha atrofiada e torta é encostada em uma das bengalas. Os carros param e ela com um lindo sorriso se aproxima com muita educação dos motoristas para pedir uma ajuda. Sempre que posso, ao passar por ela , puxo conversa. Ela é de uma outra cidade vizinha, disse eu mora sozinha e Deus. Aliás, sem fala em Deus. Ao agradecer a esmola, diz: Que Deus lhe ajude, Que Deus lhe pague... é uma pessoa conformada com O Criador, pelo fato dele a ter criado assim.  Apesar do seu estado de deficiência física, está sempre sorridente.
Caro leitor. Nunca devemos nos revoltar com Deus pelo que temos e somos. Porque na verdade, cada um de nós tem muito mais do que merecemos. Ou, se não temos, ou não somos, isso faz parte do plano de Deus para conosco.   
Sal.
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Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?

Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola dos trabalhadores esperando na praça. O patrão é Deus; Os trabalhadores somos nós; a vinha é o Reino de Deus. A parábola se refere, ao mesmo tempo, aos dois aspectos: Aos direitos trabalhistas e à nossa atuação, como cristãos, no Reino de Deus. No procedimento do patrão está o procedimento de Deus para conosco, e também o nosso procedimento correto uns com os outros.
O patrão “saiu de madrugada para contratar trabalhadores”. Deus não perde tempo, e nós também não podemos perder. Deus não quer o desemprego. Quer que todos trabalhem. Ele não quer ver ninguém parado na praça.
“Combinou com OS trabalhadores uma moeda de prata por dia.” Era o salário justo na época. Os trabalhadores têm direito à remuneração justa.
“Saiu outra vez pelas cinco horas DA tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: Por que estais aí o dia inteiro desocupados? Else responderam: Porque ninguém nos contratou”. O desemprego deles era culpa, não deles, mas DA sociedade que não lhes dava oportunidades de trabalho. Mas, tanto else como seus familiares, precisavam comer, do mesmo modo que aqueles que foram contratados de manhã. Ao pagar o salário, o patrão deve considerar também essa parte: aquilo que o trabalhador e sua família precisam para viver.
“Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros”. Esta decisão é o coração da parábola. Aí está a diferença entre a justiça do Reino de Deus e a “justiça” do reino do Dragão (Cf Ap 12). Na justiça do Dragão, cada um recebe pelo que produziu, sem levar em conta as necessidades do trabalhador, nem os motivos pelos quais as pessoas estavam desempregadas. No Reino de Deus é o contrário: Todos têm direito à vida, tanto os empregados como os desempregados. E, se os desempregados têm esse direito, ajudá-Los não é um favor, uma esmola, mas uma obrigação nossa.
Quanto àqueles que o patrão encontrou na praça às cinco horas DA tarde, OS motivos do atraso não foram apresentados. Mas, sejam quais forem, estes também têm, assim como suas famílias, as necessidades de todo ser humano: alimentação, vestuário, saúde etc. E mais: o mundo pecador, que leva em conta só a produtividade, marginaliza-OS. Por isso no Reino de Deus else são colocados em primeiro lugar.
Nesta parábola está a chave para entendermos o plano de Deus a respeito do trabalho e toda a questão trabalhista. O mais importante não é o que a pessoa produz, mas a própria pessoa que trabalha.
Lei fundamental na questão do salário é a igualdade, pois todos temos o estômago do mesmo tamanho. Se a diferença entre o salário dos trabalhadores é muito Grande, está havendo injustiça, pois perante Deus nós somos todos iguais.
“Em seguida, vieram OS que foram contratador primeiro, e pensavam que iam receber mais.” É o protesto dos egoístas, daqueles que só pensam em is, esquecendo-se dos demais. Veja que o que else acham errado não é o salário deles, que sabiam que inclusive foi combinado antes com o patrão, mas a igualdade de tratamento usada pelo patrão. Por isso que o patrão OS chama de invejosos. Cada vez que alguém quer aumentar o próprio salário sem levar em conta aqueles que ganham menos, está sendo como essa turma, isto é, está contra o plano de Deus!
E Jesus termina a parábola apresentando a lei geral do Reino de Deus: “Os últimos serão OS primeiros, e OS primeiros serão OS últimos”. Em outras palavras, no Reino de Deus OS últimos DA sociedade são colocados em primeiro lugar, e OS primeiros DA sociedade são colocados em último lugar. Só quem age desse modo entra no céu.
“Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20). A justiça do mundo nem sempre coloca a pessoa humana em primeiro lugar.
“Construirão casas e nelas habitarão. Plantarão vinhas e comerão seus frutos. Ninguém construirá para outro morar, nem plantará para outro comer. E a vida do meu povo será longa como a das árvores. Meus escolhidos poderão gastar o que suas mãos fabricarem” (Is 52,21-22).
“No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo... Deus disse: Que exista a luz!... Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele domine OS peixes do mar, as aves do céu... E Deus viu que tudo o que havia criado era muito bom. Foi o sexto dia. No sétimo dia Deus terminou o seu trabalho e descansou. Então Deus abençoou e santificou o sétimo dia, porque nele, descansou do seu trabalho” (Gn 1,1-2,3). Pelo trabalho, continuamos a obra de Deus na criação do mundo. Deus trabalha e nos manda trabalhar também, mas sempre dentro do seu plano amoroso.
Certa vez, um empregado chegou para o seu patrão e disse: “É melhor o senhor me dar um aumento de salário”. O patrão perguntou: “Por quê?” O empregado respondeu: “É porque há várias empresas atrás de mim”. O patrão, com um ar muito desconfiado, perguntou: “Quais são essas empresas?” O empregado respondeu: “As empresas são as de água, de luz, de telefone, de cobranças...”
Esse patrão foi convidado a olhar também o lado das necessidades do seu empregado, não apenas a produtividade dele.
Maria Santíssima era uma mulher trabalhadeira. Nas Bodas de Caná, tudo indica que ela, apesar de simples convidada, estava ajudando a servir. Que ela nos ajude a agir corretamente no vasto mundo do trabalho humano.
Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?

 Padre Antonio Queiroz
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O reino dos céus é um estado de espírito e é mais bem aventurado aquele que atende ao chamado do Senhor – Maria Regina

                                       A vinha é o reino dos céus e o Senhor está sempre a nos convocar para fazer parte do seu reinado. No reino dos céus há um só Senhor e só Ele tem o poder de reger os Seus súditos. Somos habitantes do reino de Deus quando nos submetemos ao chamado de Jesus para viver e servir conforme os Seus conselhos. Enquanto aqui vivemos somos a cada instante convidados para estar em sintonia com o reino dos céus vivendo a sua dimensão humana e espiritual. O reino dos céus é um estado de espírito e é mais bem aventurado aquele que atende ao chamado do Senhor logo cedo da vida, pois usufruirá primeiro de tudo quanto Ele providenciou para que tenha uma melhor qualidade de vida.
                                   Quando nós aceitamos o convite de Jesus para entrar no Seu reino, tendo-o como Rei e Senhor da nossa vida, nós também nos tornamos Seus colaboradores na missão de atrair outros que estão vagando no mundo e não encontraram ainda a verdadeira felicidade porque não abraçaram a salvação de Jesus. A salvação é a recompensa que Ele a promete a todos àqueles  que a acolherem. Seja em qualquer hora da nossa vida, até na hora da nossa morte nós teremos a chance de ganhar o prêmio da vida eterna. É pela bondade e misericórdia do Pai que nos enviou Jesus Cristo que nós somos salvos . Portanto, não façamos questão para sermos os primeiros ou os últimos, o mais importante é que já estejamos dentro do redil do reino de Deus. Reflitamos:– Você já aceitou o convite para trabalhar na vinha do Senhor? – Qual é a recompensa que você espera? – Você se incomoda se outros também receberem a mesma recompensa que você espera? – Você deseja que muitos entrem também com você no reino de Deus? – O que você tem feito para que isto aconteça?
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina 
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Homilia do Padre Françoá Costa – XXV Domingo do Tempo Comum – Ano A
Trabalhadores na vinha do Senhor
“Amados Irmãos e Irmãs, depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes.” Com essas palavras, Bento XVI iniciava o seu pontificado no dia 19 de abril de 2005. Você se lembra daquele momento? Pois bem, o Evangelho de hoje nos fala exatamente da importância de trabalhar na vinha do Senhor. Deus Pai, todos os dias e a todas as horas deseja empregar um novo trabalhador.
Mas, note-se, Deus quer trabalhadores, isto é, pessoas que estejam interessadas em capinar a terra, lavrá-la, prepará-la bem, semear o campo, cuidar das plantinhas e colher os frutos. Talvez não participemos de todas as etapas, mas uma coisa é certa: somos trabalhadores na vinha do Senhor. Nós agradamos a Deus ao arregaçar as mangas para estender o seu reino de amor e de paz. Nesse trabalho é preciso docilidade, esforço e criatividade.
Docilidade! Dizia S. João Maria Vianney que “os santos foram felizes porque seguiram com fidelidade os movimentos que o Espírito Santo lhes inspirava”. Há momentos em que a nossa soberba poderia dizer que nós temos idéias até mesmo melhores que as de Deus. Imagine só… e se você fosse Deus por um dia? Além da impossibilidade do caso, talvez o sujeito em questão procuraria resolver os grandes problemas da humanidade: evitar todos os desastres naturais, dar comida a todos os que padecem fome, desarmar a todos as nações que têm bombas atômicas, evitar todos os abortos que acontecem no mundo inteiro, etc. Essas coisas são boas, então, pergunta-se, porque, ao parecer, Deus não as faz? Mas, impõe-se outra pergunta à nossa consideração: era um bem que o Pai livrasse o seu Filho Jesus Cristo da morte? Certamente. Mas, não foi um bem maior permitir que o Filho sofresse e nos libertasse de todos os nossos pecados, nos abrisse as portas do céu e nos fizesse felizes por toda a eternidade? Sem dúvida. Sendo assim, temos que ter cuidado para não sentar a Deus no banco dos réus e julgá-lo injustamente. O melhor que podemos fazer quando não entendermos os projetos de Deus é ser-lhe dóceis acreditando que ele sabe mais e faz melhor do que nós. Por mais evidente que seja, é preciso que nos lembremos disso para que, inconscientemente, não tomemos o lugar de Deus.
Esforço! Ainda que tudo esteja nas mãos de Deus, ele pede que também nós coloquemos as nossas mãos ao seu serviço, que arregacemos as mangas e trabalhemos na sua vinha. Tudo é graça! É verdade. Mas também é verdade que as coisas dependem de nós e acontecem na medida em que nós fazemos a nossa parte. No trabalho na vinha do Senhor é muito importante que estejamos dispostos a suar a camisa, a criar calos nas mãos, a subir e descer ladeiras nessa plantação de Deus… Temos que mostrar verdadeiro interesse pelas coisas de Deus, não tanto através das palavras, mas através de uma ação generosa e cheia de amor. Deus merece! Perguntemo-nos: interesso-me verdadeiramente em terminar o meu trabalho profissional, momento importante de apostolado, com perfeição e ofereço-o ao Senhor como oferta agradável? Aproveito as ocasiões que a Providência Divina me concede para evangelizar os meus companheiros de trabalho, tanto pelo exemplo de vida quanto pelas palavras? Penso, na oração, como ser mais eficaz no meu apostolado junto aos meus amigos e conhecidos? Rezo para que na vinha do Senhor haja mais trabalhadores para que, efetivamente, “venha a nós o Reino de Deus”?
Criatividade! Já foi dada uma pequena dica no campo da criatividade apostólica: rezar para encontrar novas maneiras de evangelizar as pessoas que entram em contato conosco. Criatividade é fazer uma ligação a uma pessoa para felicitá-la no dia do aniversário e, aproveitar, e convidá-la para ir à Missa nesse dia. Criatividade apostólica é fazer uma reunião de estudos com amigos da Faculdade e aproveitar para terminar com um momento de oração juntos dando uma pequena palestra sobre algum tema relacionado à vida espiritual. Criatividade evangelizadora é convidar alguém para visitar alguma igreja histórica e falar-lhe de Deus. Enfim, cada um tem que inventar as suas maneiras de ser estratégico com os seus amigos, com a sua família, com os seus conhecidos, para oferecer-lhes – respeitando a liberdade deles – o melhor que nós temos: Deus e a vida eterna. Somos trabalhadores na vinha do Senhor e o mais normal é que nós trabalhemos de verdade.
Pe. Françoá Costa
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Homilia do Mons. José Maria – XXV Domingo do Tempo Comum – Ano A
O Patrão Generoso
“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus”, diz o Senhor (Is 55,8).
O homem não pode reduzir Deus à medida dos seus pensamentos, nem condicionar o comportamento do Altíssimo às suas categorias de justiça e de bondade. Deus está muito acima do homem, muito mais do que está o céu acima da terra (Is 55,9); por isso, muitas vezes os projetos da sua providência são incompreensíveis à inteligência humana, que os deve aceitar com humildade, sem pretender adivinhá-los ou julgá-los. Quantas vezes ficamos aquém das maravilhas que Deus nos preparou!Quantas vezes os nossos planos se revelam tão estreitos!
É este o ensinamento profundo contido na parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20,1-16).
Trata-se de um patrão que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha.Combina com eles um denário por dia.Torna a sair pelas nove,pelo meio dia, pelas três da tarde e pelas cindo da tarde.Chegado o fim do dia, manda pagar a todos o mesmo salário, a começar pelos últimos. Os primeiros murmuraram, pensando que haviam de receber mais. O patrão mostra que não é injusto para com os primeiros, e defende o direito de fazer o bem.
Esta parábola pode aplicar-se ao povo judeu, que passou para o último lugar porque não reconheceu o dom de Deus. Depois chamou também os gentios.Todos são chamados com o mesmo direito a fazer parte do novo Povo de Deus, que é a Igreja. Para todos o convite é gratuito. Por isso, os Judeus, que foram chamados primeiro, não teriam razão ao murmurar contra Deus pela escolha dos últimos, que têm o mesmo prêmio: fazer parte do Seu Povo. À primeira vista, o protesto dos trabalhadores da primeira hora parece justo. E parece-o, porque não compreendeu que poder trabalhar na vinha do Senhor é um dom divino.Jesus deixa claro com a parábola que são diversos os caminhos pelos quais chama, mas que o prêmio é sempre o mesmo: o Céu!
Com esta parábola o Senhor não deseja dar-nos uma lição de moral salarial ou profissional, mas sublinhar que, no mundo da Graça, tudo é um puro dom, mesmo o que parece ser um direito que nos assiste pelas nossas boas obras.
Os que fomos chamados em diferentes horas para trabalhar na vinha do Senhor, só temos motivos de agradecimento.A chamada, em si mesma, já é uma honra.”Não há ninguém, afirma São Bernardo,que, por pouco que reflita, não encontre em si mesmo poderosos motivos que o obriguem a mostrar-se agradecido a Deus.E especialmente nós, porque o Senhor nos escolheu para si e nos guardou para o servirmos somente a Ele”.
É imenso o trabalho na vinha do Senhor!
O patrão insiste com mais energia no seu convite: “Ide vós também para a minha vinha”.
Podemos ficar indiferentes diante de tantos que não conhecem a figura de Cristo? No campo do Senhor há trabalho para todos! Deus não chega nem demasiado cedo nem demasiado tarde às nossas vidas. O que Ele quer é que, a partir do momento em que nos visitou na sua misericórdia, nos sintamos verdadeiramente comprometidos a trabalhar na sua vinha, com todas as forças e com todo o entusiasmo, sem nos esquivarmos com promessas futuras, nem desanimarmos com o tempo perdido.
Não são gratas ao Senhor as queixas estéreis, que revelam falta de fé, ou mesmo um sentido negativo e cético do ambiente que nos rodeia. Esta é a vinha e este é o campo em que o Senhor quer que estejamos, inseridos nessa sociedade que apresenta os seus valores e deficiências. É na nossa própria família, e não em outra, que devemos santificar-nos, e é essa família que devemos levar a Deus; e o trabalho que nos espera hoje, na Universidade ou no escritório, e não outro, que devemos converter em trabalho de Deus…Esta é a vinha do Senhor, onde Ele quer que trabalhemos sem falsas desculpas, sem saudosismos, sem exagerar as dificuldades, sem esperar oportunidades melhores.
Para levarmos a cabo este apostolado, temos todas as graças necessárias. É nisto que se fundamenta todo o nosso otimismo.Deus chama-me e envia-me como trabalhador para a sua vinha; chama-me e envia-me a trabalhar para o advento do seu Reino na história: esta vocação e missão pessoal define a dignidade e a responsabilidade de cada fiel leigo e constitui o ponto forte de toda a ação formativa.
O Senhor quer nos mostrar que no mundo da Graça não se podem fazer valer quaisquer direitos. É certo que o homem deve colaborar na sua salvação eterna, mas esta é um bem tão sublime que jamais deixa de ser um dom, até mesmo para as almas mais santas.
Deus pode chamar a qualquer hora e o homem deve estar sempre pronto para responder ao Seu chamamento. “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto Ele está perto” (Is 55,6).
Mons. José Maria Pereira
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“Liberdade e vida para todos” – Claudinei M. Oliveira

Domingo, 18 de Setembro de 2011.

Evangelho –  Mt 20,1-16ª

            Somos convidados pelo evangelista Mateus refletirmos  sobre a  busca do Reino da Justiça: estamos agindo corretamente com nosso Deus ou estamos querendo ganhar lucro maior  que o Outro irmão? Estamos fazendo a nossa parte com sinceridade nos objetivando para conquista da Salvação ou estamos de olhos nas atitudes dos vizinhos e observando o seu ganho? Mateus é claro na narração da Palavra: faça sua parte e deixa que o patrão (Deus) cuida corretamente das coisas.

            Diante de nosso Deus não tem o justo e o injusto. Todos são tratados iguais, pois Ele quer o bem comunitário. O que na verdade  importa é o amor que temos com o trabalho do Reino. Olhar para a messe e fazer o melhor  possível no agrado do  Criador. Busca na ação diária uma constante de apego pelo Reino para enxergarmos caminhos livres e motivadores. Significa também  fazer a nossa parte com sinceridade para que agrademos aqueles que estão ao nosso redor e espelhamos algo para ser seguido.

            A parábola do vinhateiro parece a principio ser injusta com aquele que labutou o dia todo no pesado e ao chegar a tarde recebeu a mesma moeda daqueles que pouco trabalharam. Como pode uma pessoa receber o mesmo tratamento se o seu serviço foi menor? Esta pergunta-idéia é bem do mundo moderno. Valemos o que temos e recebemos pelo esforço obtido. Tudo hoje é medido pela dedicação e pela energia contida no esforço. Caso contrário, se não alcançou a meta estimulada, não receberá o combinado.

            Mas para o Reino de Deus a justiça é diferente. Mateus escreve para sua comunidade na esperança  de que os cristãos se envolvam com afinco na missão evangelizadora. Não importa se o colega vai esforçar do mesmo modo que você; se não quer envolver por completo na missão estipulada; o que importa para Deus, na visão de Mateus, o pouco que fizer será grande perante o projeto de Deus. O que não pode é não envolver com ação evangelizadora ou com ação que leva o despertar do outro para novos caminhos de libertação. O cristão deve pleitear participação na constante busca da fé.
            
            Outra advertência de Mateus foi quanto a reclamação dos operários que trabalharam o dia todo na esperança de receber mais do que o outro que trabalhou pouco. Assim, os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros. O patrão quando foi pagar com a moeda de prata chamou primeiramente os últimos contratados e depois que efetuou o pagamento para os primeiros operários. Na verdade é uma excelente lição para nós cristãos. Acreditamos que por estarmos sempre na igreja já estaremos salvos. Isto não é uma certeza. Deus quer que sejamos bons trabalhadores e sempre tocando à frente do serviço na comunidade. Mostrará uma alegria pela árdua dedicação. Mas, o irmão que descobriu o caminho da igreja nos últimos dias de sua vida, também receberá o mesmo tratamento. Isto para Deus é justiça.
           

            Agora se brigarmos com Deus pela atitude de acolher primeiramente o irmão que julgamos não ser merecedor, significa que nossa missão na igreja não tem raiz profunda, ou seja, agiu do mesmo modo quando o construtor  elaborou sua casa na areia, veio o vento e a levou. Devemos ter fé, dedicação e perseverança na vida enquanto buscamos a salvação eterna. Não importa o pagamento maior ou menor; o que importa é agir de modo que o Cristo esteja sempre bem perto de nós.

            Diante de tantas atitudes maléficas e “desconceituadoras” em nossa sociedade podemos afirmar que pouco fazemos para que a justiça e  a liberdade reine entre nós. O que enxergamos são aberrações diárias com os irmãos mais empobrecidos, deixados à margem da sociedade e sem perspectivas de mudança de vida. Olhamos para a realidade e não vemos as violências, as maldades e as corrupções. Nossos olhos não enxergam mais nada além do que gostaríamos de ver.

            Mas o que gostaríamos de notar? Que somos maiores e mais poderosos do que o outro; de que conseguimos sobressair enquanto nosso irmão foi atropelado pela má sorte; que estamos dando se bem nos negócios e os vizinhos estão  cada vez mais endividados; que estamos numa boa com fulano no poder e nossos amigos nem conseguem chegar perto dele; que sou o tal e o outro é um “Zé ninguém”. Infelizmente, pecamos a todos instantes pelas maléficas atitudes insensatas, mas é uma realidade.

            Perguntamos mais uma vez: o que deveríamos enxergar? Deveríamos enxergar a alegria nos olhos de cada irmão, reconhecê-lo como co-autor de novos projetos, que somos uma família que objetivamos a paz e a cordialidade, que queremos e fazemos o bem para aqueles em desconexo com a vida, que estamos dispostos a ajudar a todos  e que todos somos irmãos e os amamos.

            O que precisamos é abrir nosso coração para um Deus que sempre nos ama e pede que sejamos acolhedores. Deixamos de lado o egoísmo, a falta de perdão, a má vontade e a arrogância. Preparamo-nos para que agindo retamente possamos receber as graças de Deus e suas benevolências. Que assim seja, amém!

-- 
Claudinei M. de Oliveira
Tenha a Paz de Cristo em seu Coração!

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                                                     A VINHA DO SENHOR 
Quem já ficou desempregado meses a fio a espera de uma vaga, sabe o quanto esta é uma experiência triste, a reserva financeira vai se acabando, as despesas vão sendo cortadas e só se mantém o essencial, e se a vaga demora a chegar, até aquilo que é essencial, como a alimentação, por exemplo, vai começando a rarear. Não tendo nem o essencial para dar à família, o desempregado vai aos poucos perdendo a auto-estima, começa a andar pelas ruas e praças meio sem destino, ou então, o que é pior, torna-se freqüentador dos botecos da vida, onde se joga muita conversa fora e reclama da situação, tomando “umas e outras” que algum amigo oferece, um conhecido contou-me que se tornou um alcoólatra quando ficou desempregado, ficar sem fazer nada não é coisa boa, pois dizem até que “mente ociosa é oficina do capeta”.
Fiz esta introdução porque me parece ser esta a situação do pessoal da última hora, mencionado nesse evangelho, e que deviam estar bem desanimados quando foram para a praça no final de tarde, jogar conversa fora ou quem sabe, “bater um truquinho”. A colheita em uma vinha carecia de muita mão de obra e para os desempregados era uma ótima oportunidade para ganhar uns “cobres”. Nos que buscam uma oportunidade, sempre há os madrugadores, que acreditam naquele ditado “Quem madruga, Deus ajuda”, eles botam fé em seu potencial e se colocam a disposição bem cedo, para serem logo contratados.
Há os que já estão meio calejados e que dormem um pouco mais, mas às nove horas já estão na praça, à espera de quem os contrate, pois também se julgam eficientes. Não faltam aqueles que só acordam para o almoço, mas ouvindo falar que tem vaga na empreitada, preparam um “miojo” para não perder muito tempo, e vão voando para a praça, nem que seja ao Meio Dia, pois acreditam que também têm chance. A notícia corre rápida e chega até a turma do “Ainda resta uma esperança”, que também animados resolvem arriscar e vão para a praça às três horas da tarde, dando a maior sorte porque acabaram também contratados.
Mas agora, falemos dos desanimados, que já estão a tempo vivendo de JURO, “juro que vou pagar”, para não sucumbirem, assumiram dívidas com o padeiro, açougueiro, leiteiro, verdureiro, aquele dia para eles já está perdido e então vão para a praça às cinco da tarde, só para saber se há alguma novidade, e são surpreendidos pelo Dono da empreiteira, que os interroga, porque estão ali parados, sem fazer nada... Ninguém nos contratou, não temos nenhum valor, ninguém presta atenção no nosso sofrimento, ninguém nos confia um serviço, onde possamos ganhar o pão para o nosso sustento! E foi assim a ladainha de lamentações. A Turma das cinco nem acreditou, quando o Patrão mandou que fossem para a vinha, juntar-se aos outros trabalhadores. Certamente pensaram que fossem fazer Terceira turma, mas às dezoito horas em ponto, soou o apito e a jornada de trabalho acabou, trabalharam só uma hora, não ia dar nem para o leite e o filãozinho... Pensaram os trabalhadores. Então veio a surpresa agradável, foram os primeirões a receber e ganharam uma moeda de prata, que dava para fazer a compra do mês e ainda pagar umas contas, imaginem a alegria desses trabalhadores de última hora.
O clima era de festa e alegria quando a turma dos Madrugadores, profissionais competentes, que deram duro o dia inteiro, desde o nascer do sol, armou o maior barraco e chamaram o sindicato, pois não acharam certo receber apenas uma moeda de prata, tinham plena certeza de que iriam receber muito mais, pois se julgavam merecedores, mas o Patrão os lembrou sobre o contrato assinado: o pagamento da diária seria uma moeda de prata.
Na religião de Israel e no cristianismo de hoje, acontece a mesma coisa, o título de cristãos e o fato de ser membro de uma igreja, faz com que as pessoas sintam-se privilegiadas diante de Deus, merecedores de sua graça, do seu amor, das suas bênçãos e de todos os seus favores, se a pessoa atua em alguma pastoral ou movimento, então aumenta a obrigatoriedade de Deus atender. Infelizmente é essa a imagem que muitos fazem de Deus, que sempre surpreende os que buscam conhecê-lo melhor.
Na parábola em questão, contratou pessoas sem nenhum valor, e que, entretanto, apesar de terem chegado muito depois dos Madrugadores, foram alvos da mesma atenção e receberam o mesmo tratamento. Na verdade, ao invés de sermos a imagem e semelhança de Deus, muitas vezes projetamos Nele a nossa imagem e semelhança, para que seja bom com quem mereça, que trate as pessoas a partir dos seus merecimentos, o que na lógica humana é muito justo. Porém, o amor e a justiça de Deus vai sempre buscar os últimos, os renegados, o que não tem mais nenhuma chance diante da sociedade “perfeita” ou da religião padrão, os que não têm o que fazer porque ainda não acharam um sentido para suas vidas. Os desprezados, tratados com frieza e que nunca são levados a sério.
E quando descobrimos que Deus os ama tanto quanto a nós, que nos julgamos “justos” em vez de fazermos com eles uma grande festa, manifestando alegria, agimos como o irmão mais velho do Filho Pródigo: derrubamos o beiço e nos recusamos a entrar na casa do Pai, isso é, a vivermos na comunhão com Deus, ao lado dos trabalhadores da última hora, sonhamos com um céu especial e nos frustramos ao ver que o coração de Deus, cheio de misericórdia, manifestada em Jesus, há lugar para todos os homens.(XXV Domingo do Tempo Comum Mt 20, 1-16 a)
José da Cruz é diácono permanente
Da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim
e-mail: cruzsm@uol.com.br
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Domingo – 18/09/2011                                                Gilberto Silva
Mt 20, 1-16ª
“Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”
Caríssimos irmãos e irmãs,
Esta parábola reflete a situação econômica de algumas aldeias da Galiléia naquela época de Jesus. Havia grandes propriedades onde os ricos senhores arrendavam pequenos e improdutivos pedaços de terra para que os inquilinos pudessem plantar. Porém, as plantações destes eram pequenas como também eram as suas colheitas, fazendo que desse modo, estes inquilinos ficassem desempregados e totalmente desamparados, quase mendigando o seu sustento. Estes pobres trabalhadores reuniam-se ainda bem cedo nas esquinas afim de que alguém os pudesse contratar.
Um grande e rico produtor, os viu reunidos por volta das seis horas da manhã e os contratou, acertando com eles a quantia de um denário (uma moeda) de prata.
Sua propriedade era extensa e demandava de mais operários, assim sucessivamente saía a procurar trabalhadores até as cinco horas da tarde. Possivelmente, os que foram contratados durante o dia, após as seis horas da manhã, pensavam  que quando fossem acertar, iriam receber proporcionalmente à quantidade de horas trabalhadas, ou seja, o que era justo.
Muitos eram pobres e este denário (moeda) daria para comprar a farinha necessária para a preparação do pão que seria o alimento do dia seguinte.
O interessante, é a fórmula utilizada por Jesus ao contar esta parábola, é o que a torna rica de significado, desenhando o modo de vida daqueles envolvidos até o acerto de contas com os mesmos.
O patrão contratava e estipulava o salário e o administrador fazia os pagamentos. Chama a nossa atenção o fato do patrão ordenar que se pagasse inicialmente os últimos até chegar aos primeiros contratados, quando o normal seria pagar os primeiros, pois estão mais cansados e pudessem ir para suas casas descansar.
E quando os últimos receberam o combinado (uma moeda) os demais cresceram os “olhos” acreditando que iriam receber mais, pois afinal começaram o seu labor mais cedo que os outros.
No momento que acertaram com o administrador, murmuravam contra o patrão, que se apresenta diante deles e diz que o acordado foi devidamente pago, nem mais ou nem menos do que o combinado.
Na realidade, este patrão estava preocupado com o desemprego e as suas conseqüências sociais, e queria de alguma forma ajudar a todos, mediante a oferta de trabalho
Dentro desta parábola, Jesus quer mostrar aos fariseus e mestres da lei que recusaram o seu convite para a construção do Reino de Deus, que a misericórdia e a graça do Reino estavam sendo estendida a todos, inclusive aos pagãos.
Todos são convidados a participar do Reino de Deus. Uns começam mais cedo, pois “acordaram” para o chamado e seguiram adiante divulgando o trabalho do anuncio da Boa Nova de Jesus.
Outros foram convidados depois e iniciaram junto às pastorais, afinal a messe é grande e os trabalhadores são poucos. O combinado será a posse do Reino dos Céus, como Jesus nos explica em Mateus 25,34 “Vinde filhos benditos de meu Pai e tomai posse do Reino preparado para vós, antes da fundação do mundo.”
Caríssimos irmãos e irmãs, vamos abrir o nosso coração a este chamado que nosso Senhor Jesus nos faz hoje e coloquemo-nos ao serviço junto a todos os que nos rodeiam e que dependem do pouco ou do muito (lembre-se do patrão) que dispomos para ajudar ao próximo. O pior retrato de uma sociedade combalida e enfraquecida,  é quando vimos pessoas pedindo esmolas, pessoas desempregadas e esfomeadas pelas esquinas da vida, vítimas da falta de boa vontade nossa em ajudar e a repartir, como da falta de apoio e atitude dos nossos governantes.
 Louvado o nosso Senhor Jesus Cristo!!!
 Gilberto Silva
  
                    Gilberto Silva
       (33}-3278-8196-(33)-3279-8709
"Meu Senhor e meu Deus, refúgio e fortaleza"
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Trabalhadores de última hora.

Tomemos como norte de nossa meditação da Palavra que o Senhor nos dirige neste domingo a leitura primeira desta liturgia sagrada, retirada da profecia de Isaías. O profeta convida-nos, dirigi-nos um apelo para que busquemos o Senhor, o invoquemos, voltemos para ele. Eis aqui, caríssimos, um grito tão necessário nesses tempos do homem cheio de si, preocupado consigo, embriagado pelos seus próprios feitos e tão confiado em suas próprias idéias! O profeta grita-nos, quase que nos prevenindo, ameaçando-nos: “Buscai o Senhor; invocai-o! Que volte para o Senhor!”
Mas, isso significa ter a coragem de sair de si mesmo para abraçar os pensamentos e caminhos do Senhor. Pensem bem, caríssimos, que felicidade, que graça: abraçar os desígnios de Deus, entrar no seu projeto, viver a sua proposta! Pensem bem: não seria isso a sabedoria plena, a felicidade verdadeira da humanidade e do mundo? E, no entanto, isso não é possível sem um doloroso e generoso processo de conversão. Porque, infelizmente, os pensamentos do Senhor não são os nossos e os nossos caminhos não são os do Senhor! Que triste desacordo, que desencontro danado! Escutem: “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor!” Isto não é brincadeira: o homem sozinho não pensa como Deus, não caminha no caminho de Deus: nem na ONU nem na Casa Branca nem no Palácio do Planalto nem no Congresso nem mesmo no nosso coração! Somente a conversão pode nos elevar ao pensamento de Deus e fazer com que nossos caminhos sejam os dele: “Abandone o ímpio seu caminho e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor!” Voltar para o Senhor! Volte, ó homem do século XXI, para o Senhor! Deixe sua auto-suficiência, seu cinismo, deixe sua ilusão de pensar que sabe tudo, que é maduro o bastante para prescindir de Deus! “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto está perto; volte para o Senhor, que terá piedade, volte para o nosso Deus, que é generoso no perdão!”
O Senhor nos procura, como o dono da vinha do Evangelho de hoje – e procura-nos com insistência: sai de madrugada à nossa procura, porque o amor tem pressa, o amor anseia encontrar a pessoa amada. E, como o amor é insistente, o Senhor vem sempre, a cada momento, em cada ocasião, sempre à nossa procura: pelas nove, ao meio-dia, pelas três... e até mesmo às cinco da tarde, quando o sol já se esconde, o Senhor vem novamente! Sempre é tempo de conversão, sempre é tempo de voltar para o Senhor! Aí, então, experimentaremos que tudo é graça, que o pensamento de Deus para nós é amor que não é mesquinho, que sabe tratar a todos com generosidade, fazendo primeiro no seu Reino aquele que tem coragem de crer no amor, de ir ao encontro do Senhor mesmo que seja a última hora! Ó mundo, ó humanidade, ó cristão, voltai para o Senhor! A única coisa que vos pede é que acrediteis no seu amor generoso e no seu perdão abundante e vos convertais de todo o coração!
Converter-se, significa entrar na maravilhosa experiência que são Paulo testemunha na segunda leitura de hoje: viver de um modo novo, de um viver diferente: “Para mim, viver é Cristo! Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte!” Para que idéia mais bela do que seja a conversão: viver em Cristo! Notemos os passos do pensamento do apóstolo. Ele é tão unido a Cristo, tão apaixonado por ele, que seja na vida seja na morte sabe que está unido ao seu Senhor e em tudo o Senhor é nele glorificado. Que é a vida para quem voltou para o Senhor? A vida é Cristo! Que é a morte para quem vive mergulhado no Senhor? A morte é estar com Cristo e, por isso, é lucro! Por isso, a vida de Paulo – e a do cristão, com Paulo – é atraída para o seu Senhor: “Tenho o desejo de partir para estar com Cristo!” Eis por que Paulo vive, eis para que vive: para estar com Cristo! Aqui, uma observação: prestem atenção que São Paulo sabe muito bem que assim que morrer vai estar com Cristo. Por isso mesmo ele diz que isso “para mim, seria de longe o melhor!” Jamais o apóstolo compartilharia a afirmação errônea das seitas protestantes, que pensam que os que morrem em Cristo ficam dormindo. Se ficassem, não seria melhor para Paulo partir para estar com Cristo; seria melhor continuar vivendo e trabalhando pelos irmãos. Portanto, nem a vida nem a morte nos podem mais separar do amor de Cristo. É só voltarmos para o Senhor, é só procurá-lo de todo o coração com nosso afeto, com nossos atos, com nosso desejo sincero de a ele nos converter de todo coração!
Buscai o Senhor, voltai para o Senhor, invocai o Senhor! E, lembrai-vos: ele é tão bom, que se deixa encontrar! Primeiro nos atrai e, depois, deixa que o encontremos e, como o senhor da parábola, nos enche de dons, sem levar em conta a hora em que nos convertemos em trabalhadores da sua vinha. Mas, querem saber qual é a hora da conversão? Esta, agora! Voltai para o Senhor!
dom Henrique Soares da Costa
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Meus caminhos não são os vossos (Is 55,8)
As leituras de hoje exortam-nos a tomar cuidado para não reduzir Deus aos critérios humanos, por melhor que eles sejam. Deus ultrapassa tudo o que se pode pensar ou dizer sobre ele. Muitas vezes seus planos se tornam incompreensíveis ao ser humano. Quando isso acontece, resta-nos perseverar na fidelidade sem mudar de caminho, a exemplo de Jesus, que disse: “Pai, afasta de mim este cálice, contudo não se faça a minha vontade, mas, sim, a tua” (cf. Mt. 26,39).
Evangelho (Mt. 20,1-16a)
“Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”.
O texto situa-se no “sermão sobre a comunidade”. Jesus continua instruindo seus seguidores sobre como se comportar no mundo.
O reino dos céus é aqui comparado ao proprietário que contratou vários trabalhadores para sua vinha, em horários diferentes. No final, paga a todos igualmente, começando pelos últimos, contratados à tardinha, até os primeiros, contratados de manhã.
A maneira como o patrão trata seus operários nos chama a atenção para a gratuidade com que Deus nos acolhe em seu reino. Não é segundo os critérios humanos que Deus age em favor da humanidade. A estranheza das palavras de Jesus nessa parábola deve nos chamar a atenção para nossa maneira de julgar a Deus ou de atribuir-lhe atitudes especificamente humanas.
Geralmente o ser humano quer recompensa por suas boas ações. E, quando não se sente recompensado, acha que Deus é injusto, ou não o ama, ou esqueceu-se dele. Costuma-se até dizer: “Por que Deus não atende às minhas preces? Sou tão dedicado, tenho tanta fé!”.
Mas a maneira de Deus agir não se iguala à nossa. Ele é absolutamente livre para agir como quiser. E essa liberdade é pontuada por seu amor incondicional e sua generosidade inestimável. Deus nos ama e deu-nos mais do que ousamos pedir. Deu-nos a vida. Deu-nos a si mesmo no seu Filho. Deu-nos a eternidade ao seu lado.
Por isso, o reino dos céus não se apresenta como recompensa por nossos méritos pessoais. É puro dom de Deus, que nos chama gratuitamente a participar da vida plena. Cabe a nós acolhê-lo como dom ou ficar numa atitude mesquinha de sempre esperar recompensas por méritos prévios. Isso não é cristianismo, não é gratuidade. Isso não é resposta amorosa a Deus.
1ª leitura (Is. 55,6-9)
Que o perverso deixe o seu caminho
O texto da primeira leitura é uma oferta de perdão, de paz e de felicidade para os pecadores. Em primeiro lugar, assegura que as orações e o arrependimento serão acolhidos por Deus: “buscai o Senhor... invocai-o... deixe o mau caminho... converta-se... que o Senhor se compadecerá” (v. 6-7).
Deus não é como o ser humano, seus pensamentos são totalmente diferentes. Deus é infinitamente fiel: não desiste de seus filhos, não cessa de ofertar-lhes sua misericórdia sem limites. Ao contrário, o ser humano desiste de Deus, trilha outros caminhos bem diferentes daqueles que são propostos pelo Senhor.
“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor... volte-se para o nosso Deus” (v. 7).
Em primeiro lugar, arrepender-se é mudar de caminho, de atitudes, é tomar outros tipos de decisões, fazer outras escolhas. Mas não é só isso: há que mudar também os pensamentos, ou seja, transformar-se internamente, mudando de mentalidade em relação ao mundo, às pessoas e às situações; mudar de idéia a respeito de si mesmo, mudar até mesmo as concepções sobre Deus e sobre seus caminhos, porque o Senhor sempre estará muito além do que se pode dizer e pensar a respeito dele.
Converter-se é mudar de mente e voltar aos caminhos do Senhor. Mas voltar a ele não porque houve total compreensão do seu projeto, e sim porque ele é soberano e misericordioso. A vida humana só tem sentido no relacionamento com Deus, e, quando seus caminhos são difíceis de entender e de trilhar, resta, acima de tudo, perseverar na fidelidade.
2ª leitura (Fl. 1,20c-24.27a)
Meu viver é Cristo
Grande exemplo de perseverança, mesmo que os planos de Deus se tornem incompreensíveis, é-nos dado na leitura da epístola aos Filipenses. O cristão vive unicamente para Deus, não em função de recompensas por méritos pessoais. Qualquer que seja a situação, boa ou ruim, deve perseverar no bem e na busca de agradar unicamente a Deus, seguindo em frente sem hesitar.
O cristão não deve desanimar nunca, mesmo se, depois de repetidos esforços, sentir-se fracassado ou mesmo perseguido, como o apóstolo Paulo. É necessário confiar somente em Deus, pois só ele pode dar eficácia à atividade humana. Mesmo sem entender o que acontece consigo, o cristão deve viver de modo digno do evangelho (v. 27).
Pistas para reflexão
Não considerar a parábola no plano da justiça social, mas respeitar a estranheza das palavras de Jesus, que tem por objetivo nos conscientizar de que o reino de Deus não se baseia em mérito-recompensa, mas é puro dom. O próximo domingo será o dia da Bíblia; é bom destacar a importância do itinerário do povo de Deus, comparando-o ao daqueles trabalhadores das primeiras horas. Os hebreus foram os primeiros a responder “sim” ao apelo do dono da vinha. As demais nações herdaram desse povo as alianças, as promessas, a história e principalmente o Messias. Sejamos gratos a Deus e a Israel, nosso irmão mais velho, fatigado pelo dia inteiro de trabalho.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
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Histórias de muitas vidas
Cada um de nós teve seu encontro particular com o Senhor. Há os que desde a infância estiveram perto do Senhor. Nasceram num ambiente profundamente cristão, sentiram a presença do Senhor no jeito como seus pais se dirigiam a ele, sentiam-no presente na festa dos domingos. Foram operários desde a primeira hora.  Alguns construíram belamente sua vida conjugal e familiar. Outros optaram por um caminho de vida consagrada e dedicada às missões.  Isto desde a primeira hora. E alguns desses morrem quase centenários cheios de virtudes que foram sendo adquiridas desde a infância.
Outros, no meio dia da vida, despertaram para a fé. Depois de viverem, quem sabe um sofrimento duro ou uma alegria inesperada se jogaram aos pés do Senhor, deixaram ilusões e quimeras e passaram a fazer com que seu coração tivesse as batidas do coração de Deus. Reorganizaram sua vida, arrumaram sua história, passaram a ter um contato íntimo e vigoroso com o Senhor e a trabalhar na vinha.
Outros ainda, já quando os filhos cresceram, pelas três da tarde da vida, depois de uma vida sem nada de tão errado, mas superficial, sentiram uma vontade louca  de se perderem em Deus.
Passaram a frequentar as Escrituras, procuraram perambular pelos espaços onde pudessem encontrar  Cristo no rosto dos mais abandonados e desvalidos. Deram parte de seus bens para os pobres e o tempo todo de seus dias para viverem a ventura do amor.
Finalmente há histórias que, por circunstâncias diversas,  estiveram  longe do coração de Deus. Vidas estraçalhadas, vazias, marginalizadas, prostituídas, esquecidas. Pessoas que estavam na iminência de uma total auto-destruição. Tais histórias receberam um convite de uma passagem dos evangelhos, de um amigo, de um sacerdote zeloso a que, mesmo no fim da vida, na última hora,  passassem a ser do Senhor. Estes são os operários da última hora....
Há histórias diferentes... há diferentes trajetórias entre aqueles que buscam a Deus... O importante é continuar, não desanimar, recomeçar... é sempre tempo de recomeçar...
“Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?”
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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Os operários da última hora
Para nós, justiça é pagar algo com o preço equivalente. Mas para Deus, justo é o que é bom, certo. Para nós, justiça é pagar algo com o preço equivalente. Mas para Deus, justo é o que é bom, certo. Como uma tampa é justa quando ela serve direitinho. Deus, na sua justiça, “ajusta” tudo o que faz (Sl. 146[145], 17; salmo responsorial). Assim, a justiça de Deus não é contrária à sua
bondade. E idêntica! Em Ez. 18,25, Deus se defende da acusação de ser injusto quando perdoa ao pecador que se converte. Deus não está interessado em pagamento, mas em vida: “Não quero a morte do pecador, mas sim, que ele se converta e viva” (Ez. 18,23). A mesma mensagem traz a 1ª leitura de hoje, Is. 55,6-9, convite para o tempo messiânico, que é também o tempo da plena revelação da estranha justiça de Deus, que tanto ultrapassa a nossa quanto o céu transcende a terra.
Nessa perspectiva, a parábola de Jesus no evangelho não é apenas uma lição para fazer-nos refletir sobre a justiça de Deus, mas ainda uma proclamação de que chegou o Reino de Deus, a realidade messiânica: buscai o Senhor, é o momento (cf. Is 55,6)! Como é, então, esse tempo messiânico, esse Reino em que se realiza sem restrição o que Deus deseja? É como um dono que, em vários momentos do dia, contrata operários por uma diária e os manda trabalhar na vinha. Ainda às cinco da tarde (“undécima hora’) encontra alguns que até então não foram contratados (pormenor importante!) e também os manda à vinha. Ao pôr-do-sol, fazem-se as contas. Para escândalo dos “bons”, que trabalharam desde cedo, o dono começa pelos últimos, pagando-lhes a diária completa, tanto quanto aos primeiros... Aí descarrilam os nossos cálculos de retribuição. Mas Deus não está retribuindo, ele está fazendo o melhor que pode: “Me olhas de mau olhar porque sou bom?” Os primeiros tiveram tudo de que precisavam: trabalho, segurança e diária. Os últimos sofreram a insegurança, mas eles também devem viver, portanto, é bom dar a diária completa a eles também. Entendemos isso apenas quando temos uma mentalidade de comunhão, não de varejista. Tudo é de Deus. Não importa que eu receba menos ou mais que um outro; o importante é que todos tenham o necessário. E, se depender de Deus, é isso que acontecerá, pois “ele acerta em todas as suas obras” (Sl. 145[l44],17).
“Os últimos serão os primeiros, e os primeiros os últimos” (Mt. 20,16). Deus desafia a justiça calculista, auto-suficiente... Se achamos que podemos colocar-nos na frente da fila para acertar nossas contas com ele, estamos enganados. Os israelitas foram chamados primeiros e se gloriavam disso, achando que, por serem filhos de Abraão, por circuncidarem-se e observarem a Lei e a tradição, podiam reclamar o céu. Na última hora, Deus encontrou os que ainda não tinham sido convidados, os gentios, e estes precederam os israelitas auto-suficientes no Reino. Inclusive, isso serve para que esses israelitas mudem de idéia e se abram para o espírito de participação e gratuidade, que é o espírito do Reino. A graça não se paga; recebe-se. As pessoas “muito de Igreja” incorrem no perigo do farisaísmo, de achar que merecem o céu. Um presente não se merece. Ser bom cristão não é merecer o céu: é guardar-se sempre em prontidão para o receber de graça. E não querer mal àqueles que recebem essa oportunidade “em cima do laço”.
Pensemos em Paulo (2ª leitura), que não sabe o que escolher: viver para um frutuoso trabalho ou morrer para estar com Cristo. Continuar a trabalhar não teria para ele o sentido de ganhar o céu; desejá-lo-ia somente porque seria bom para os filipenses. Mas o que ele deseja mesmo é participar plenamente da proximidade do Senhor Jesus. Viver, para ele, é Cristo. Uma vida animada pela amizade por Cristo, não pelo cálculo... Na mesma carta, ele dirá que seu espírito de merecimento, suas vantagens conforme os critérios farisaicos, ele considera tudo isso como perda, como esterco (FI. 3,7-8)! Só o impulsiona ainda a graça, a gratuita bondade que Deus lhe manifestou em Jesus Cristo.
É difícil para o cristão tradicional assimilar esse espírito. Deve converter-se da preocupação de fazer tudo direitinho para ganhar o céu! Pois deve saber que sempre ficará devendo (cf. 6º dom, do T.C.) e terá de contar com a gratuita bondade de Deus tanto quanto os pecadores, que, muitas vezes, compreendem melhor a necessidade da graça.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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Eles receberam o mesmo salário

1. A Palavra de Deus não tem somente um sentido espiritual, mas também existencial. Isso quer dizer que para entendermos o sentido das paginas da Bíblia e, sobretudo do Evangelho, devemos aprender a entrarmos nela com a nossa vida. A final de conta, a Bíblia é uma Palavra que Deus dirige aos homens e mulheres de todos os tempos para salvar-nos de uma vida vazia, perdida. Se as vezes sentimos a distancia entre nós e a Bíblia é porque não deixamos que ela penetre na nossa existência. Por isso as vezes, sentimos indiferença no confronto da Palavra, talvez porque achamos que Ela não tem nada pra dizer a nós de importante e por isso não prestamos atenção. Para que a palavra de Deus possa revelar os seus sentidos pela nossa existência, precisa de duas condições essenciais. A primeira é o tempo. É impossível entender algo de profundo da Palavra de Deus se não dedicarmos o tempo necessário. A segunda é a docilidade ao Espírito Santo. É aquilo que nos aconselho são Paulo na segunda leitura de hoje: “O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza” (Rom. 8,26). De que fraqueza se trata? Talvez da nossa capacidade de entender, compreender os conteúdos profundos da palavra de Deus. É com estas atitudes que abrimos as paginas da Palavra de hoje e, para agilizar a nossa compreensão, podemos também formular algumas perguntas. De fato, o pano de fundo existencial das parábolas de Jesus que hoje ouvimos, pode ser referido a nossa maneira de criar laços humanos, de fazer amizades. Por isso podemos nos perguntar: quem são hoje os nossos amigos? Quais são os critérios que utilizamos para discerni-los?
2. “Deixai crescer um e outro até a colheita!” (Mt. 13,30).
Na parábola do joio, Jesus pronuncia uma sentença importante. No tempo presente é impossível separar o trigo do joio, porque o perigo imediato seria aquele de arrancar o trigo junto com o joio. Este trabalho de divisão do trigo do joio será feito só no final dos tempos. Qual é o sentido existencial e espiritual destas palavras de Jesus? Jesus está ajudando os discípulos a aprender a conviver com as pessoas ruim. O motivo disso talvez seja contido na outra parábola que Jesus narra hoje no Evangelho. “O reino dos céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado” (Mt. 13,33). Este é o interesse de Jesus: que tudo fique fermentado, ou seja, que nada seja desperdiçado. Por isso Jesus nos convida a aprender a lidar com as pessoas ruim, a rezar e até amar os nossos inimigos, a perdoar sempre, porque a esperança é que tudo se salve, que a semente do Evangelho possa no tempo, nos séculos, fermentar toda a realidade, também a humanidade ruim. Jesus não apenas falou isso, mas viveu aquilo que pregava pelos outros. Olhando a turma dos seus discípulos, Jesus conviveu com pessoas que, enquanto escutavam as suas palavras e partilhavam a sua vida, matutavam outros planos. É o caso de Judá, o discípulo que traiu o Mestre. A mesma coisa podemos falar de Pedro. Apesar de ter sido escolhido como chefe dos discípulos, na hora da perseguição renegou o Senhor por três vezes. Jesus nos ensina que a caridade é paciente, sabe esperar o tempo da passagem do Seu Espírito no coração das pessoas, para que possam mudar. Esta, talvez, seja uma das características da vivencia cristã, que marca a nossa caminhada. Se, de fato, o mundo descarta logo quem julgou que não presta, o cristão sabe que não cabe a ele o julgamento, mas ao Senhor. Tempo presente é o tempo da conversão, da esperança que algo mude. Só Deus conhece os nossos corações, só Ele sabe aquilo que está acontecendo no coração do homem e da mulher. É esta uma grande indicação ao mesmo tempo espiritual e existencial para entrarmos nas nossas famílias, comunidades, grupos de amigos, lugares de trabalho com uma atitude diferente, menos arrogante e mundana e mais cristã e humana, respeitosa dos tempos dos outros.
3. “O reino dos céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo” (Mt. 13,31).
Também nesta breve parábola Jesus nos oferece um ensinamento de grande importância, que vale a pena salientar. O mundo nos acostuma a pensar que vale somente aquilo que se apresenta com as características da grandeza, aquilo que é deslumbrante. Muitas pessoas fascinadas com esta miragem passam a vida toda sonhado conseguir alcançar objetos de valor, dinheiro, fama, gloria. Jesus com poucas palavras revela que a dignidade de uma pessoa não passa por ai. O reino dos Céus, no qual nós batizados somos envolvidos, é como uma semente de mostarda, ou seja, pequeno e não grande. É a menor semente e não a maior. É escondida dentro da terra e não manifestada perante todos. Quer dizer isso para nós? Que a lógica do reino, a lógica do Evangelho é totalmente diferente da lógica do mundo. Quem busca a Deus com todas as forças, não precisa daquilo que o mundo oferece. A sede do poder, do dinheiro, das coisas materiais são sintomas daquilo que está dentro do coração do homem: não precisa falar, se explicar, se justificar. Aonde é o meu coração lá e o meu tesouro. Se o nosso coração é repleto de Deus e do seu amor, na nossa vida, no nosso dia a dia buscaremos aquilo que é menor, escondido, pequeno. Se o Evangelho está preenchendo a nossa alma, então os nossos desejos serão os mesmo desejos de Cristo, que de rico que era se fez pobre para nos encontrar e que, apesar de ser de natureza divina se despojou disso para encontrar a nossa humanidade. O cristianismo, o caminho que Jesus traçou não é um punhado de palavras, mas sim um estilo de vida, uma maneira diferente de viver. E este estilo de vida não se expressa apenas na vida consagrada, mas deve brilhar na vida corriqueira das pessoas casadas em Cristo, nas famílias que tem no Evangelho o programa de vida, nos jovens que anseiam o amor de Jesus, nos adolescentes que estão aprendendo os primeiros passos da vida cristã, nos namorados que desejam viver o amor conforme se manifestou na vida de Jesus. A semente de mostarda que é o Evangelho, que é Jesus, quer transformar toda a nossa humanidade, toda a historia e o mundo em amor. E o amor não é vulgarmente exposto ao olhar do mundo, mas é escondido nos pequenos gestos da vida concreta. Por isso precisamos da Eucaristia, precisamos que Deus derrame este amor nos nossos corações, para que aprendemos a conviver com todos, também com as pessoas ruim, esperando no julgamento final. Precisamos da Eucaristia para vencermos as ilusões de gloria e grandeza que o mundo coloca na nossa frente, para continuarmos a almejar a vida escondida de Cristo, que da pequena e humilde cidade de Nazaré, transformou e continua transformando a humanidade toda.
padre Paolo Cugini
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A justiça se manifesta como gratuidade
1. Para mim, viver é Cristo 
Paulo, na carta aos Filipenses, dá-nos o belo testemunho de uma vida cristã totalmente unida a Cristo. O quê não sofreu por Cristo? Mas nada o fez separar-se de Cristo. Ele é assim, porque foi conquistado por Cristo (FI. 3,12). Sua correspondência foi total, a ponto de dizer: "Para mim, viver é Cristo" (FI. 1,23). 
O apóstolo tem de onde tirar essa "loucura" por Cristo (1Cor. 2,14). É a sabedoria do Espírito, que o leva a viver à altura do evangelho de Cristo. Vivendo o Evangelho, vive a vida do Espírito e vive Cristo - "meu viver é Cristo". 
Para Paulo, era a mesma coisa viver ou morrer, pois dos dois modos estava unido a Cristo. Deus é abundante, por Cristo nos dá tudo. O que o mundo oferece é bom, mas nem sempre é necessário ou urgente. Passamos bem unidos a Cristo! 
Viver em Cristo é a maior contribuição que podemos dar às pessoas, às instituições e à sabedoria do mundo. Em Cristo, Deus nos deu todas as coisas e, oferecendo-o às pessoas, através de nossa vida, estamos dando mais do que poderiam pedir. 
2. O Senhor é amor, paciência e compaixão 
Nossa união com Cristo funda-se em um grande dom: O Pai nos deu o Filho quando ainda éramos pecadores (Rm. 5,8). O Pai "é misericórdia e piedade, amor, paciência e compaixão. Muito bom para com todos. Sua ternura abraça toda a criatura" (SI. 144). 
Cristo é a encarnação desta bondade do Pai. Paulo diz, referindo-se à entrada de Jesus no mundo: "Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu amor para com os homens" (Tt. 3,4). 
Estar à altura do evangelho de Cristo é refletir esta bondade em nossa vida. Nosso viver será a vida de Cristo. 
3. Deus é Generoso Demais 
Na parábola dos operários da última hora, entendemos que Deus nos faz justiça e, ainda mais, é maior do que nossas exigências. Tudo que pensamos receber de Deus por termos feito o bem ou cumprido nosso dever, Ele nos faz por justiça.
Mas a justiça de Deus é misericórdia e generosidade. A parábola nos mostra que não devemos ficar enciumados dos dons que Deus oferece a todos, mesmo àqueles que julgamos não merecer. Basta contemplar o que temos e que nos vem de Deus. Veremos que ultrapassa todas as nossas expectativas e vai mais longe do que merecemos. 
dom Emanuel Messias de Oliveira
Os cristãos judeus achavam que, como povo escolhido por Deus, deveriam ter certos privilégios e direitos diferenciados dos demais cristãos, e eram condicionados a cumprir a lei acreditando que não havia o perdão para o erro, mas somente a punição.
No Evangelho de hoje Jesus conta uma parábola para que eles compreendam que a justiça do Reino de Deus é diferente daquela justiça que eles conhecem. Ele ensina novas referências de pesos e medidas para a vida em harmonia, porque, neste tempo em que Ele está presente entre eles, a mentalidade não pode mais ser de individualismo, e sim de comunhão, onde todos são iguais perante o Pai, que provê o necessário para cada um, indiferente ao tempo e ao caminho que foi percorrido para chegar até Ele.
A parábola mostra que o patrão praticou a justiça porque pagou a cada trabalhador o que havia combinado, e conforme as suas necessidades. O salário não é imposto pelo patrão, e sim fruto de um acordo entre ele e o empregado que concordou com o salário estipulado. Aqueles trabalhadores que por último foram contratados não eram vagabundos ou preguiçosos, apenas não tiveram a oportunidade do chamado.
A decisão do patrão assemelha-se ao comportamento de Deus, que é justo e dá a todos conforme a necessidade. Esse é o coração da parábola, a lição que mostra a diferença entre a justiça da sociedade e a justiça do Reino de Deus que tem o seguinte princípio: todos têm direito à vida em abundancia. Assim, ninguém é o primeiro nem o último. Todos são iguais, e não há, portanto, lugar para o ciúme ou a inveja, para a competição nem para a desigualdade.
O trabalho não deve ser visto como um meio que cria a desigualdade. O ciúme do operário da primeira hora é uma pequena amostra de todos os conflitos que Jesus enfrentou por causa de sua opção de fazer justiça aos últimos, aos pobres, aos marginalizados, aos doentes e excluídos. O resultado final desse ciúme é a condenação e a morte.
Soa, portanto, aos ouvidos, mais uma vez, o programa de Jesus: ”Devemos cumprir toda a justiça” e o programa dos seus seguidores: “Se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus,
vocês não entrarão no Reino do Céu.”
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Ide para a minha vinha!
A vinha, no contexto bíblico, simboliza o povo de Israel. Já os profetas serviram-se desta metáfora para falar ao povo. A vinha aponta para a predileção da qual Israel era objeto por parte de Deus. Como o vinhateiro prepara a terra, planta mudas escolhidas, cuida delas com muito carinho e as protege, na esperança de que produzam frutos de qualidade, também Deus, no trato com o seu povo, desdobra-se em atenção para que corresponda ao que espera dele.
Jesus rompeu a concepção de sua época, ensinando que a benevolência divina não era exclusiva de Israel. A vinha de Deus, na verdade, era a humanidade inteira, toda ela destinatária da Boa-Nova da salvação e convidada a viver em comunhão com o Pai.
Cessam todos os privilégios tanto de Israel quanto de qualquer outro povo que queira assenhorear-se com exclusividade da vinha, ou seja, do Reino de Deus. Deixa de ter sentido, em termos de garantir a precedência no Reino: a quantidade ou a qualidade do serviço prestado, a antigüidade, as funções e cargos exercidos em favor da comunidade. E até mesmo as diferenças de caráter étnico, cultural, social ou de gênero.
Por se tratar de uma adesão livre e gratuita ao chamado do Senhor do Reino, ninguém tem o direito de exigir recompensa, muito menos de julgar-se merecedor de maior recompensa. Basta-lhe a consciência de saber-se humilde servidor!
padre Jaldemir Vitório
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Empregados da últimas hora
Nem sempre é fácil compreender a bondade de Deus ou imaginar como ela age com os bons e os maus, com os melhores e os piores, com os da primeira hora e os da última. A dificuldade vem de que nós somos mesquinhos em nossas medidas, enquanto Deus é generoso.
Os trabalhadores da primeira hora, no Evangelho, são o povo de Israel, que penou no Egito, agüentou a fome e a sede no deserto, e enfrentou as agruras da conquista da Terra Prometida. Os da última hora são os cristãos, enxertados na raiz de Israel, que recebem de graça o enorme presente que é o Messias prometido. Os primeiros podem não gostar dos que agora estão chegando e recebem a mesma herança.
A Escritura nos ensina que Deus é generoso, sobretudo no perdão, e, por isso, nos convida a voltar a Ele sem medo. A descoberta da grandiosidade do coração do nosso Deus deve nos levar a ser sumamente atenciosos e respeitosos para com Ele. O perdão e a escolha na última hora não significam privilégio que permite abusos.
Mt. 20,1-16a – O Reino dos Céus é parecido com a história do dono de um campo que saiu procurando gente para trabalhar na sua plantação. Ele cultivava uvas. Durante todo o dia contratou gente por uma moeda de prata. O trabalho terminava às 6 da tarde e ele ainda contratou algumas pessoas às 17 horas. Estes evidentemente trabalharam apenas uma hora, enquanto outros trabalharam o dia inteiro, e o dono do campo deu a cada um o que tinha combinado: uma moeda de prata. Ele pagou o que tinha combinado e não foi injusto com ninguém, mas é claro que houve reclamações, sobretudo dos que trabalharam mais e não aceitaram receber o mesmo pagamento dos que trabalharam menos. Os da primeira hora reclamaram dos colegas da última hora.
Is. 55,6-9 – Os pensamentos de Deus não são como os nossos, nem os seus caminhos. São muito diferentes e estão muito distantes uns dos outros. É o que nos diz o profeta Isaías. Ele quer que percebamos o quanto Deus é generoso e bondoso. Ele não é de forma alguma mesquinho, sobretudo no perdão. O pecador pode sempre voltar para Ele, que será muito bem recebido. Aquele que está sempre arquitetando o mal contra os outros e se dá conta da sua maldade, não deve perguntar: “Será que Deus me perdoa?”. Volte-se ele mesmo ao Senhor, que é generoso no perdão.
Sl. 144 (145) – O salmista não se cansa de cantar que o Senhor nosso Deus é misericórdia e piedade. É amor, paciência e compaixão, é muito bom para com todos e nos abraça com ternura.
Fl. 1,20c-24.27a – Sendo Deus tão generoso, bondoso e compassivo, só nos resta viver de acordo com sua vontade, com atitudes que lhe agradem. Alguém poderia pensar o contrário: “Podemos fazer o mal sem receio porque, no fim, Deus acaba perdoando tudo”. Deus sabe que o filho pródigo volta por necessidade e não por amor, e assim mesmo o acolhe. No entanto, a alma sensível e o coração generoso, diante de tanto amor, só podem querer viver para Deus. O que diz São Paulo aos filipenses? “Para mim o viver é Cristo.” “Tenho desejo de partir para estar com Cristo”. Se estar com Ele é o que há de melhor, “vivamos vida digna do Evangelho de Cristo”, não por temor e sim para corresponder ao amor que Ele tem por nós.
cônego Celso Pedro da Silva
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O trabalho é o meio de subsistência das pessoas e da família
Após abordar o tema do desprendimento face à ambição das riquezas, Mateus insere uma parábola narrativa, que é de sua exclusividade, dentro do lema: "os últimos serão o primeiros, e os primeiros serão os últimos", que não se adapta bem à parábola. Ela é dirigida às comunidades de judeo-cristãos que estavam em conflito com as sinagogas. Os judeus das sinagogas rejeitavam aqueles que aderiram ao cristianismo e ameaçavam expulsá-los de seu convívio. Eles não admitiam que, no cristianismo, os pagãos se considerassem eleitos de Deus, assim como eles próprios se consideravam, conforme sua tradição do Primeiro Testamento. Mateus quer instruir estas comunidades de judeo-cristãos no sentido de que compreendam que, pela revelação de Jesus, Deus não faz distinções entre privilegiados e excluídos, tratando a todos com misericórdia e amor, em igualdade de direitos. No seu amor abrangente, Deus não se limita ao exclusivismo pretendido pelo judaísmo. Assim, na parábola os trabalhadores de última hora (os gentios), ao receberem seu pagamento, são tratados em pé de igualdade com os primeiros que vieram trabalhar na vinha (o povo de Israel). As parábolas partem de imagens extraídas da vida real. Analisando as imagens desta parábola de hoje, vemos que, no cenário, aparecem o dono da vinha, imagem característica na tradição de Israel, e os trabalhadores desocupados na praça, cena característica de uma cidade grega. Estes "desocupados" não eram indolentes, mas curtiam a amargura do desemprego e da busca de um trabalho para a sobrevivência diária, excluídos pelo sistema social. Por um lado, pode-se ver na parábola a expressão da simples generosidade do proprietário que convocou os operários. Com pena dos últimos, decidiu dar-lhes o mesmo que aos outros. Por outro lado, pode-se analisar nestas imagens o significado do trabalho. O trabalho não é mercadoria que se vende, avaliado pela quantidade da produção que dele resultou. O trabalho é o meio de subsistência das pessoas e da família, bem como é serviço à comunidade, pela partilha de seus frutos. Todos têm direito ao essencial para a sua sobrevivência. Na parábola, a todos foi dado o necessário para a sobrevivência de um dia, independentemente da quantidade de sua produção. A venda do fruto do trabalho por um salário é uma alienação da dignidade do trabalhador e da trabalhadora. É vender uma parte do seu ser, de seu próprio corpo, do fruto de seu trabalho, para a acumulação de riqueza e prazer do patrão. A conversão é o seguimento do caminho de Deus (primeira leitura) que leva à prática de uma cidadania digna (segunda leitura).
José Raimundo Oliva
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E todos receberam a mesma quantia?
A Palavra de Deus que nos vem por Isaías descortina diante de nossos olhos o porquê da ação desconcertante que Jesus narra na parábola. Deus ultrapassa todas as limitações e o nosso jeito de entender a vida. Tanto quanto as nuvens estão longe do nosso chão, assim são os planos d’Ele com relação à nossa estreiteza de visão e de projetos. Mas Deus se deixa encontrar, está em nossos caminhos para transformá-los em seus caminhos. Isaías nos revela que o Senhor nos convida a abandonar nossas maquinações e assumir a generosidade divina. Paulo diz que: uma coisa só importa para quem segue Jesus Cristo: viver à altura do Evangelho, uma vida que supõe luta e inteireza. Para ele a vida é importante devido a missão, e a morte é atraente pela fé no encontro com a bondade e a ternura do Pai. A grande escolha é viver bem, ser uma força positiva no mundo, ter uma vida que faça sentido e seja anúncio da Boa Notícia de Jesus Cristo. Na parábola, o trabalhador reclama da “injustiça” do patrão, porque ele tem uma ideia da justiça matemática, que gera inveja e mesquinhez. Deus não é injusto ao ser generoso. A bondade de Deus ultrapassa os critérios humanos. Jesus vem revelar a partilha e ensina a repartir de acordo com a generosidade do Pai. A parábola alerta-nos para que não sejamos parte dos primeiros que se refugiam em suas próprias ações, em seus serviços prestados à Igreja desde cedo. O ensinamento, suas advertências e sua promessa incluem a todos, primeiros e últimos. Sejamos, pois, dos que reconhecem e confiam na generosidade de Deus. Tudo d’Ele recebemos! Tudo é graça! Seu dom é sem medida e todos podem receber e participar da comunhão com Ele, não por merecimento pessoal, mas gratuitamente por sua graça e bondade. Nossa missão e nosso empenho não são trabalho forçado, mas participação. Eles não são motivados por moralismo ou temor, mas por graça, gratidão e alegria por sermos convidados, ainda que tarde. O que importa não é o quanto fazemos, mas o como fazemos.
Facilmente julgamos que as pessoas não se esforçam, não se engajam, não fazem o suficiente para participar do Reino. Esta parábola representa muito hoje, também, para as nossas comunidades. Na Igreja não deve haver aqueles que exigem mais “porque chegaram antes”. Ninguém deve sentir-se “veterano” porque se converteu antes a Cristo. Todos somos iguais. Ninguém é o senhor da “vinha”, pois todos somos operários e nos encontramos no mesmo nível: não há motivos para superioridade.
Acontece, às vezes, nas nossas comunidades que alguém se julga “veterano”, nem ele trabalha nem deixa os outros trabalhar; influencia a vida de todo o grupo e não permite que quem chegou depois tome iniciativa. Em nossas comunidades, estamos valorizando a boa vontade e o desejo de participação daqueles que ficam à margem, excluídos na Igreja e na sociedade?
A liturgia do 25º domingo do tempo comum convida-nos a descobrir um Deus cujos caminhos e cujos pensamentos estão acima dos caminhos e dos pensamentos dos homens, quanto o céu está acima da terra. Sugere-nos, em consequência, a renúncia aos esquemas do mundo e a conversão aos esquemas de Deus.
A primeira leitura pede aos crentes que voltem para Deus. “Voltar para Deus” é um movimento que exige uma transformação radical do homem, de forma a que os seus pensamentos e ações reflitam a lógica, as perspectivas e os valores de Deus.
O Evangelho diz-nos que Deus chama à salvação todos os homens, sem considerar a antiguidade na fé, os créditos, as qualidades ou os comportamentos anteriormente assumidos. A Deus interessa apenas a forma como se acolhe o seu convite. Pede-nos uma transformação da nossa mentalidade, de forma a que a nossa relação com Deus não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de um cristão (Paulo) que abraçou, de forma exemplar, a lógica de Deus. Renunciou aos interesses pessoais e aos esquemas de egoísmo e de comodismo, e colocou no centro da sua existência Cristo, os seus valores, o seu projeto.
Ambiente
O Deutero-Isaías, autor deste texto, é um profeta anônimo da escola de Isaías, que cumpriu a sua missão profética entre os exilados da Babilônia, procurando consolar e manter acesa a esperança no meio de um povo amargurado, desiludido e decepcionado. Os capítulos que recolhem a sua mensagem (Is. 40-55) chamam-se, por isso, “Livro da Consolação”. Estes quatro versículos que a primeira leitura de hoje nos propõe aparecem no final do “Livro da Consolação”. Aproxima-se a libertação e, para muitos exilados, está perto o momento do regresso à Terra Prometida. Depois de exortar os exilados a cumprir um novo êxodo e de lhes garantir que, em Judá, vão sentar-se à mesa do banquete que Jahwéh quer oferecer ao seu Povo (cf. Is. 55,1-3), o profeta lança-lhes agora um outro repto…
O tempo do Exílio foi um tempo de angústia e de sofrimento, mas também um tempo de amadurecimento e de graça. Aí, Israel tomou consciência das suas falhas e infidelidades, e descobriu que o viver longe de Deus não conduz à vida e à felicidade; por outro lado, o tempo de Exílio ajudou Israel a purificar a sua noção de Deus, da Aliança, do culto e até do significado de ser Povo de Deus. O Deutero-Isaías – neste momento em que se abrem novos horizontes – convida os seus concidadãos a percorrerem esse caminho de conversão e de redescoberta de Deus que a experiência do Exílio lhes revelou. O Povo está prestes a pôr-se a caminho em direção à Terra Prometida; esse “caminho” não é uma simples deslocação geográfica mas é, sobretudo, um “caminho” espiritual de reencontro com o Senhor. Deixar a terra da escravidão e voltar à terra da liberdade deve significar, para Israel, uma redescoberta dos esquemas de Deus e um esforço sério para viver na fidelidade dinâmica aos mandamentos de Jahwéh.
Mensagem
O apelo do profeta é, portanto, a um recomeço. Nesses novos caminhos que as vicissitudes da história vão abrir aos exilados, é preciso que este Israel renovado pela experiência do Exílio continue a procurar o Senhor, a invocá-l’O, a cultivar laços de comunhão e de proximidade com Ele.
Fundamentalmente, Israel é convidado a converter-se ou, literalmente, a “voltar (em hebraico: 'shûb') para Deus”. Essa “conversão” exige uma transformação radical do homem, quer em termos de mentalidade, quer em termos de comportamento (“deixe o ímpio o seu caminho e o homem perverso os seus pensamentos” v. 7).
A mentalidade, os valores, as atitudes dos “ímpio” e do “homem perverso”, estão muito longe da mentalidade, dos valores e dos esquemas de Deus. A vida do “ímpio” e do “homem perverso” funciona numa lógica de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de violência, de exploração; os esquemas do “ímpio” geram sofrimento, infelicidade, morte… Deus funciona numa lógica de amor, de serviço, de partilha, de doação; os esquemas de Deus geram alegria, paz verdadeira, vida definitiva.
Ao Povo de Deus, pede-se que prescinda da lógica do “ímpio” e do “homem perverso”, para abraçar a lógica de Deus; pede-se-lhe que não viva de olhos postos no chão, mas que olhe para o céu e contemple os horizontes de Deus; pede-se-lhe que seja capaz de confiar em Deus e de compreender o acerto dos seus caminhos. Só dessa forma o Povo poderá ser feliz nessa Terra a que vai regressar; só dessa forma Israel poderá continuar a ser fiel à sua missão de testemunhar Jahwéh no meio dos outros povos.
A conversão implica também (este aspecto está mais sugerido do que afirmado) uma mudança na forma de ver Deus. O homem tem sempre tendência a construir um deus à sua imagem, um deus previsível e domesticado que funcione de acordo com a lógica e a mentalidade do homem. No entanto, Deus não pode ser reduzido aos nossos esquemas humanos: os seus pensamentos não são os pensamentos do homem, as suas reações não são as reações do homem, os seus caminhos não são os caminhos do homem. “Converter-se” é, a este nível, aprender que Deus não é redutível às nossas lógicas e esquemas humanos; e é aprender que Deus tem os seus próprios caminhos, diferentes dos nossos… “Converter-se” é, a este nível, prescindir das nossas certezas, preconceitos e auto-suficiências, confiar em Deus e na bondade dos caminhos através dos quais ele conduz a história da salvação.
Atualização
Antes de mais, o nosso texto apela à conversão. O “voltar para Deus” (como diz o Deutero-Isaías) significa, neste contexto, re-equacionar a vida, de modo a que Deus passe a estar no centro da existência do homem. É inflectir o sentido da existência, de forma a que Deus (e não o dinheiro, o poder, o sucesso, os amigos, a família) ocupe sempre, na vida do homem, o primeiro lugar. A cultura pós-moderna prescindiu de Deus… Considerou que o homem é o único senhor do seu destino e que cada pessoa tem o direito de construir a sua felicidade à margem de Deus e dos seus valores; considerou que os valores de Deus não permitem ao homem potencializar as suas capacidades e ser verdadeiramente livre e feliz… Na verdade, o que é que nos faz passar da terra da escravidão para a terra da liberdade: o amor, a partilha, o serviço, o dom da vida, ou o egoísmo, o orgulho, a arrogância, a auto-suficiência?
No entanto, o homem só poderá converter-se a Deus e abraçar os seus esquemas e valores, se mantiver em comunhão com Ele. É na escuta e na reflexão da Palavra de Deus, na oração frequente, na atitude de disponibilidade para acolher a vida de Deus, na entrega confiada nas mãos de Deus, que o crente descobrirá os valores de Deus e os assumirá. Aos poucos, a ação de Deus irá transformando a mentalidade desse crente, de forma a que ele viva e testemunhe Deus e as suas propostas para os homens.
A conversão é um processo nunca acabado. Todos os dias o crente terá de optar entre os valores de Deus e os valores do mundo, entre conduzir a sua vida de acordo com a lógica de Deus ou de acordo com a lógica dos homens. Por isso, o verdadeiro crente nunca cruza os braços, instalado em certezas definitivas ou em conquistas absolutas, mas esforça-se por viver cada instante em fidelidade dinâmica a Deus e às suas propostas.
Finalmente, o nosso texto sugere uma reflexão sobre a imagem que temos de Deus. Não podemos construir e testemunhar diante dos outros homens um Deus à nossa imagem, que funcione de acordo com os nossos esquemas mentais e que assuma comportamentos parecidos com os nossos. Temos de descobrir, no diálogo pessoal com Ele, esse Deus que nos transcende infinitamente. Sem preconceitos, sem certezas absolutas, temos de mergulhar no infinito de Deus, e deixarmo-nos surpreender pela sua lógica, pela sua bondade, pelo seu amor.
2ª leitura: Filip. 1,20c-24.27ª - Ambiente
Filipos, cidade situada ao norte da Grécia, foi a primeira cidade européia evangelizada por Paulo. Era uma cidade próspera, com uma população constituída majoritariamente por veteranos romanos do exército. Organizada à maneira de Roma, estava fora da jurisdição dos governantes das províncias locais e dependia diretamente do imperador. Gozava, por isso, dos mesmos privilégios das cidades de Itália.
A comunidade cristã, fundada por Paulo, Silas e Timóteo no Verão do ano 49, era uma comunidade entusiasta, generosa e comprometida, sempre atenta às necessidades de Paulo e do resto da Igreja (como no caso da coleta em favor da Igreja de Jerusalém – cf. 2Cor. 8,1-5). Paulo nutria pelos “filhos” de Filipos um afeto especial. No momento em que escreve aos Filipenses, Paulo está na prisão (em Éfeso?). Dos Filipenses recebeu dinheiro e o envio de Epafrodito (um membro da comunidade), encarregado de ajudar Paulo em tudo o que fosse necessário. Enviando Epafrodito de volta a Filipos, Paulo confia-lhe uma carta para a comunidade. É uma carta afetuosa, onde Paulo agradece aos Filipenses a sua preocupação, a sua solicitude e o seu amor. Nela, Paulo agradece, dá notícias, informa a comunidade sobre a sua própria sorte e exorta os Filipenses à fidelidade ao Evangelho.
O texto que nos é hoje proposto faz parte de uma perícope (cf. Flp. 1,12-26), na qual Paulo fala aos Filipenses de si próprio, da sua situação, das suas preocupações e esperanças. Paulo está consciente de que corre riscos de vida; mas está sereno, alegre e confiante porque a única coisa que lhe interessa é Cristo e o seu Evangelho.
Mensagem
Quando escreve a carta aos Filipenses, Paulo continua preso. Não sabe se sairá da prisão vivo ou morto mas, para ele, isso não é importante; o que é importante é que Cristo seja engrandecido – seja através da vida, seja através da morte do apóstolo. Para Paulo, Cristo é que é a autêntica vida. Ele é a razão de ser e de viver do apóstolo. Na perspectiva de Paulo, a morte seria bem vinda, não como libertação das dificuldades e das dores que se experimentam na vida terrena, mas como caminho direto para o encontro definitivo, imediato, sem intermediários, com Cristo. Paulo não se importaria nada de morrer a curto prazo, porque isso significaria a comunhão total com Cristo. Especialmente significativa, a este propósito, é a conhecida frase (que, aliás, está escrita no seu túmulo, em Roma): “para mim, viver é Cristo e morrer é lucro”.
No entanto, Paulo está consciente de que Deus pode ter outros planos e querer que ele continue – para benefício das comunidades cristãs – algum tempo mais na terra, a dar testemunho do Evangelho de Cristo. Paulo aceita isso: por Cristo, está disposto a tudo. Na verdade, não são os interesses de Paulo que contam, mas os interesses de Cristo.
Atualização
Um dos elementos que mais impressionam e questionam neste testemunho é a centralidade de Cristo na vida de Paulo. Diante de Cristo, todos os interesses pessoais e materiais do apóstolo passam a um plano absolutamente secundário. O apóstolo vive de Cristo e para Cristo; nada mais lhe interessa. Paulo aparece, neste aspecto, como o perfeito modelo do cristão: para os batizados, Cristo deveria ser o centro de todas as referências e interesses, a “pedra angular” à volta da qual se constrói a existência cristã. Que significa Cristo para mim? Ele é a referência fundamental à volta da qual tudo se articula, ou é apenas mais um entre muitos interesses a partir dos quais eu vou construindo a minha vida? Quando tenho de optar, para que lado cai a minha escolha: para o lado de Cristo, ou para o lado dos meus interesses pessoais?
A mesma questão – a questão da centralidade de Cristo – pode colocar-se a propósito do testemunho que a Igreja oferece aos homens e ao mundo… É mais importante falar de Cristo e do seu Evangelho do que dos artigos do Código de Direito Canônico; é mais importante testemunhar Cristo e os seus valores do que discutir a estrutura hierárquica da Igreja; é mais importante anunciar Cristo e a sua proposta de Reino do que debater questões de organização e de disciplina… Cristo está, verdadeiramente, no centro desse anúncio que somos convidados a fazer aos homens do nosso tempo?
Neste texto, impressiona também a liberdade total de Paulo face à morte. Essa liberdade resulta do fato de a fé que anima o apóstolo lhe permitir encarar a morte, não como o mais terrível e assustador de todos os males, mas como a possibilidade do encontro definitivo e pleno com Cristo. Dessa forma, Paulo pode entregar-se tranquilamente ao exercício do seu ministério, sem deixar que o medo trave o seu empenho e o seu testemunho. Também aqui a atitude de Paulo interpela e questiona os crentes… Para um cristão, a morte é o momento da realização plena, do encontro com a vida definitiva. Não é um drama sem sentido, sem remédio e sem esperança. Para um cristão, não faz sentido que o medo da perseguição ou da morte impeça o compromisso com os valores de Deus e com o compromisso profético diante do mundo.
Evangelho: Mt. 20,1-16ª - Ambiente
No texto que nos é proposto, Jesus continua a instruir os discípulos, a fim de que eles compreendam a realidade do Reino e, após a partida de Jesus, a testemunhem. Trata-se de mais uma “parábola do Reino”.
O quadro que a parábola nos apresenta reflete bastante bem a realidade social e econômica dos tempos de Jesus. A Galileia estava cheia de camponeses que, por causa da pressão fiscal ou de anos contínuos de más colheitas, tinham perdido as terras que pertenciam à sua família. Para sobreviver, esses camponeses sem terra alugavam a sua força de trabalho. Juntavam-se na praça da cidade e esperavam que os grandes latifundiários os contratassem para trabalhar nos seus campos ou nas suas vinhas. Normalmente, cada “patrão” tinha os seus “clientes” – isto é, homens em quem ele confiava e a quem contratava regularmente. Naturalmente, esses trabalhadores “de confiança” recebiam um tratamento de favor. Esse tratamento de favor implicava, nomeadamente, que esses “clientes” fossem sempre os primeiros a ser contratados, a fim de que pudessem ganhar uma “jorna” completa (um “denário”, que era o pagamento diário habitual de um trabalhador não especializado).
Mensagem
A parábola refere-se, portanto, a um dono de uma vinha que, ao romper da manhã, se dirigiu à praça e chamou os seus “clientes” para trabalhar na sua vinha, ajustando com eles o preço habitual: um denário. O volume de tarefas a realizar na vinha fez com que este patrão voltasse a sair a meio da manhã, ao meio-dia, às três da tarde e ao cair da tarde e que trouxesse, de cada vez, novas levas de trabalhadores. O trabalho decorreu sem incidentes, até ao final do dia.
Ao anoitecer, os trabalhadores foram chamados diante do senhor, a fim de receberem a paga do trabalho. Todos – quer os que só tinham trabalhado uma hora, quer os que tinham trabalhado todo o dia – receberam a mesma paga: um denário. Contudo, os trabalhadores da primeira hora (os “clientes” habituais do dono da vinha) manifestaram a sua surpresa e o seu desconcerto por, desta vez, não terem recebido um tratamento “de favor”.
A resposta final do dono da vinha afirma que ninguém tem nada a reclamar se ele decide derramar a sua justiça e a sua misericórdia sobre todos, sem exceção. Ele cumpre as suas obrigações para com aqueles que trabalham com ele desde o início; não poderá ser bondoso e misericordioso para com aqueles que só chegam no fim? Isso em nada deveria afetar os outros…
Muito provavelmente, a parábola serviu primariamente a Jesus para responder às críticas dos adversários, que O acusavam de estar demasiado próximo dos pecadores (os trabalhadores da última hora). Através dela, Jesus mostra que o amor do Pai se derrama sobre todos os seus filhos, sem exceção e por igual. Para Deus, não é decisiva a hora a que se respondeu ao seu apelo; o que é decisivo é que se tenha respondido ao seu convite para trabalhar na vinha do Reino. Para Deus, não há tratamento “especial” por antiguidade; para Deus, todos os seus filhos são iguais e merecem o seu amor.
A parábola serviu a Jesus, também, para denunciar a concepção que os teólogos de Israel tinham de Deus e da salvação. Para os fariseus, sobretudo, Deus era um “patrão” que pagava conforme as ações do homem. Se o homem cumprisse escrupulosamente a Lei, conquistaria determinados méritos e Deus pagar-lhe-ia convenientemente. Segundo esta perspectiva, Deus não dá nada; é o homem que conquista tudo. O “deus” dos fariseus é uma espécie de comerciante, que todos os dias aponta no seu livro de registros as dívidas e os créditos do homem, que um dia faz as contas finais, vê o saldo e dá a recompensa ou aplica o castigo.
Para Jesus, no entanto, Deus não é um contabilista, sempre de lápis na mão a fazer as contas dos homens para lhes pagar conforme os seus merecimentos; mas é um pai, cheio de bondade, que ama todos os seus filhos por igual e que derrama sobre todos, sem exceção, o seu amor.
A parábola foi, depois, proposta por Mateus à sua comunidade (provavelmente a comunidade cristã de Antioquia da Síria) para iluminar a situação concreta que a comunidade estava a viver com a entrada maciça de pagãos na Igreja. Alguns cristãos de origem judaica não conseguiam entender que os pagãos, vindos mais tarde, estivessem em pé de igualdade com aqueles que tinham acolhido a proposta do Reino desde a primeira hora. Mateus deixa, no entanto, claro que o Reino é um dom oferecido por Deus a todos os seus filhos, sem qualquer exceção. Judeus ou gregos, escravos ou livres, cristãos da primeira hora ou da última hora, todos são filhos amados do mesmo Pai. Na comunidade de Jesus não há graus de antiguidade, de raça, de classe social, de merecimento… O dom de Deus destina-se a todos, por igual.
Conclusão: A parábola convida-nos a perceber que o nosso Deus é o Deus que oferece gratuitamente a salvação a todos os seus filhos, independentemente da sua antiguidade, créditos, qualidades, ou comportamentos. Os membros da comunidade do Reino não devem, por isso, fazer o bem em vista de uma determinada recompensa, mas para encontrarem a felicidade, a vida verdadeira e eterna.
Atualização
Antes de mais, o nosso texto deixa claro que o Reino de Deus (esse mundo novo de salvação e de vida plena) é para todos sem exceção. Para Deus não há marginalizados, excluídos, indignos, desclassificados… Para Deus, há homens e mulheres – todos seus filhos, independentemente da cor da pele, da nacionalidade, da classe social – a quem Ele ama, a quem Ele quer oferecer a salvação e a quem Ele convida para trabalhar na sua vinha. A única coisa verdadeiramente decisiva é se os interpelados aceitam ou não trabalhar na vinha de Deus. Fazer parte da Igreja de Jesus é fazer uma experiência radical de comunhão universal.
Todos têm lugar na Igreja de Jesus… Mas todos terão a mesma dignidade e importância? Jesus garante que sim. Não há trabalhadores mais importantes do que os outros, não há trabalhadores de primeira e de segunda classe. O que há é homens e mulheres que aceitaram o convite do Senhor – tarde ou cedo, não interessa – e foram trabalhar para a sua vinha. Dentro desta lógica, que sentido é que fazem certas atitudes de quem se sente dono da comunidade porque “estou aqui há mais tempo do que os outros”, ou porque “tenho contribuído para a comunidade mais do que os outros”? Na comunidade de Jesus, a idade, o tempo de serviço, a cor da pele, a posição social, a posição hierárquica, não servem para fundamentar qualquer tipo de privilégios ou qualquer superioridade sobre os outros irmãos. Embora com funções diversas, todos são iguais em dignidade e todos devem ser acolhidos, amados e considerados de igual forma.
O nosso texto denuncia ainda essa concepção de Deus como um “negociante”, que contabiliza os créditos dos homens e lhes paga em consequência. Deus não faz negócio com os homens: Ele não precisa da mercadoria que temos para Lhe oferecer. O Deus que Jesus anuncia é o Pai que quer ver os seus filhos livres e felizes e que, por isso, derrama o seu amor, de forma gratuita e incondicional, sobre todos eles. Sendo assim que sentido fazem certas expressões da vivência religiosa que são autênticas negociatas com Deus (“se tu me fizeres isto, prometo-te aquilo”; “se tu me deres isto, pago-te com aquilo”)?
Entender que Deus não é um negociante, mas um Pai cheio de amor pelos seus filhos, significa também renunciar a uma lógica interesseira no nosso relacionamento com ele. O cristão não faz as coisas por interesse, ou de olhos postos numa recompensa (o céu, a “sorte” na vida, a eliminação da doença, o adivinhar a chave da lotaria), mas porque está convicto de que esse comportamento que Deus lhe propõe é o caminho para a verdadeira vida. Quem segue o caminho certo, é feliz, encontra a paz e a serenidade e colhe, logo aí, a sua recompensa.
Com alguma frequência encontramos cristãos que não entendem porque é que Deus ama e aceita na sua família, em pé de igualdade com os filhos da primeira hora, esses que só tardiamente responderam ao apelo do Reino. Sentem-se injustiçados, incompreendidos, ciumentos, invejosos e condenam, mais ou menos veladamente, essa lógica de misericórdia que, à luz dos critérios humanos, lhes parece muito injusta. Na sua perspectiva, a fidelidade a Deus e aos seus mandamentos merece uma recompensa e esta deve ser tanto maior quanto maior a antiguidade e a qualidade dos “serviços” prestados a Deus. Que sentido faz esta lógica à luz dos ensinamentos de Jesus?
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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25º DOMINGO COMUM - ANO   A !
            
            A Liturgia da Palavra deste 25º Domingo Comum – A, ao falar-nos dos primeiros e dos últimos, estabelece um certo paralelismo entre a justiça de Deus e a justiça dos homens.
            Muitas vezes se tem equacionado a justiça do trabalho com o respectivo pagamento justo.
            É esta a justiça dos homens.
            Mas Jesus, pagando igualmente aos primeiros e aos últimos, parece violar a justiça dos homens, mas, dando a cada um o que ficou ajustado, Jesus prefere premiar a pronta aceitação do trabalho que foi igual para todos e depois, mostra o seu interesse e o seu amor pelos últimos.
            O homem, cada vez mais vai se tornando sensível à justiça e mais preocupado na sua recta e sã aplicação a todos os níveis e nos vários aspectos da vida.
            Todo o homem tem direito à justa compensação do trabalho.
            Num outro plano, o Senhor promete «cem por um» àqueles que de alma e coração ouvem o seu chamamento e O seguem.
            O chamamento de Deus é um convite à conversão.
            A 1ª Leitura, do livro de Isaías, diz-nos que o Senhor chama o povo à conversão, depois de o ter deixado partir para o exílio.
            Evidentemente, este exílio não vai durar para sempre.
            Aparece como tempo de prova.
            O sinal da reconciliação será o termo do exílio, com o regresso do povo à sua terra.
            - “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem perverso, os seus pensamentos”.(1ª Leitura).
            O apelo do profeta à conversão supõe a graça de Deus que atrai a correspondência do homem que se deixa conduzir, na certeza de que atende os que O invocam como proclama o Salmo Responsorial :
             - “O Senho está próximo de quantos O invocam”.
             Na 2ª Leitura, S. Paulo escreve da prisão aos cristãos da cidade de Filipos.
          Dois caminhos se lhe apresentam como possíveis e agradáveis :
            - Morrer por Cristo no cárcere ;
            - Viver mais algum tempo por Cristo, para confirmar na fé, pela palavra e pelo exemplo, as comunidades que ele fundou.
            Porque não sabe qual escolher, deixa que a vontade de Cristo se realize.
            - “Sinto opressão de ambos os lados : desejaria partir e estar com Cristo”.(“2ª  Leitura).
             Devemos estar disponíveis para que o Senhor faça de nós o que for da sua vontade, na vida ou na morte.
            Devemos pedir, e aspirar ao necessário para uma vida feliz, mas sem invejas dos bens alheios.
             O Evangelho é de S. Mateus e diz-nos que a parábola que Jesus apresenta não se aplica de modo algum aos contratos de trabalho e salário, celebrados entre patrões e operários.
            Nestes deve ter-se em conta, tanto quanto possível, a justa compensação do trabalho sem distinção de pessoas.
            - «O reino dos Céus é semelhante a um proprietário, que saiu muito cedo, a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a vinha(...) Os últimos serão os primeiros e os primeiros, serão os últimos”. (Evangelho).
             São os pobres, em contacto com a benevolência gratuita e proveniente de Deus, destinados a ser os primeiros, os ricos, os eleitos.
            Todo o homem tem acesso junto de Deus, desde que, em qualquer momento da sua existência, se decida e lealmente O procure.
            A conclusão da parábola, em que há uma inversão de lugares entre os primeiros e os últimos, quer ser uma advertência aos judeus, os primeiros a serem chamados por Deus, mas que, pela mesquinhez de uma justiça toda sua, correm o risco de serem ultrapassados pelos que foram chamados posteriormente ao Reino, unicamente pelo dom e pela graça da bondade do Senhor.
            “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos; os vossos caminhos não são os meus caminhos”...A lógica de Deus é diferente da lógica do homem; às vezes até, oposta e inconciliável com ela, embora sempre superior.
            Em geral, o que é lucro para o homem, é perda para Deus; e o que para o homem está em primeiro lugar, vem em último lugar para Deus.
            A palavra de Deus e o seu juízo comportam uma radical inversão de valores; os primeiros são os últimos; felizes são os que choram; os verdadeiros ricos são os que abandonam tudo; quem quer salvar a sua vida a perde...
            A lei do seu Reino parece ser o paradoxo, o inédito, o inesperado.
            Deus escolhe as coisas frágeis e desprezíveis deste mundo para confundir os fortes e os bem considerados.
            Não escolhe o primeiro mas o último, não o justo mas o pecador, não o sadio mas o doente.
            Faz mais festa pela ovelha perdida e reencontrada do que pelas noventa e nove que estão na segurança do aprisco.
            Mas há um traço da face de Deus que Jesus revelou com clareza e insistência : a preferência pelos pobres, pelos humildes, pelos últimos.
            São eles, em contacto com a benevolência gratuita e preveniente de Deus, destinados a ser os primeiros, os ricos, os eleitos.
            Não se deve esquecer a aventura do povo hebraico que, de primeiro, se torna o último; de eleito, o rejeitado.
            A parábola de Jesus conserva o seu valor de admoestação também para os novos chamados, que já começaram a fazer parte do Reino, porque para eles também há o perigo de assumirem a atitude dos primeiros chamados, e de se esquecerem de que tudo quanto têm é puro dom e, portanto, não pode motivar nenhuma retribuição ou pretensão.
            O convite feito para o trabalho da vinha, a qualquer hora, mostra ainda o sentido, a necessidade e a dignidade do trabalho, de harmonia com o plano da História da Salvação..
                 .................................................      
            Sobre o Trabalho humano, diz o Catecismo da Igreja Católica :
            2427. O trabalho humano procede imediatamente das pessoas criadas à imagem de Deus e chamadas a prolongar, com auxílio umas das outras, a obra da criação, dominando a terra. Portanto o trabalho é um dever : Se algum de vós não trabalhar, também não coma (2 Tes.3,10). O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Também pode ser redentor : suportando o que o trabalho tem de penoso em união com Jesus, o artesão de Nazaré e Crucificado do Calvário, o homem colabora, de certo modo, com o Filho de Deus na sua obra redentora e mostra-se discípulo de Cristo, levando a cruz de cada dia na actividade que foi chamado a exercer. O trabalho pode ser o meio de santificação e uma animação das realidades terrenas ao Espírito de Cristo.

                                                                   John  
                                                                  Nascimento   
                                   



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18 de Setembro
Evangelho Mateus 20, 1-16 a.
A desconcertante Justiça de Deus... -Diac. José da Cruz
O Sindicalista conversa com Mateus, tentando ajudá-lo a entender a reclamação dos operários da primeira hora.
Sindicalista - Olha Mateus, vamos e convenhamos, o pessoal que ralou o dia inteiro merecia um salário melhor, trata-se de uma jornada de trabalho desigual, é uma questão de mérito.
Mateus -  Olha, aqui não é questão de mérito, mas sim do que foi combinado, escrito no contrato de trabalho, foi ajustado um Denário por dia, que aliás, é o salário comumente pago por um dia de trabalho, com esse valor dá para comprar oito quilos de pão... Não há nada de errado.
O Teólogo entrou na conversa
Mateus, esse sindicalista não pegou o espírito da "coisa", para mim o Senhor está atirando no passarinho para acertar no Coelho, o alvo é outro, não é?
Mateus (sorrindo) Sim, as lideranças da nossa religião judaica pensavam assim, que a nossa raça era a escolhida, a predileta de Deus Eterno, isso começou logo depois do Exílio na reconstrução do templo, eles queriam algo mais de Deus, do que o restante dos homens possivelmente pensava em maiores bênçãos em bens materiais e patrimônio, para serem prósperos... e coisas assim.
Teólogo - E o que seria hoje esse Um Denário que é a mesma paga de Deus a todos os homens?
Mateus - Ah sim, é o Amor do Deus Eterno, que ao ser manifestado em Jesus de Nazaré, perde o seu particularismo judaico e é oferecido à toda humanidade na forma de Salvação, coisa que os nossos mais tradicionais não conseguiam engolir....
   Teólogo:   E a conclusão desse ensinamento então....
Mateus - Uma conclusão óbvia, Deus ama a todos os homens,  e os assiste com a sua graça de acordo com a necessidade de cada um, e não por aquilo que fazem de bom ou de mal, ou que deixam de fazer....A Salvação é pura iniciativa do Pai Eterno, nossas ações em nada conseguem mudar essa ação amorosa de Deus na nossa vida e na vida das pessoas.
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'Eu pagarei o que for justo'

Mt 20,1-16a

Jesus disse: 
- O Reino do Céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou com eles o salário de costume, isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo." 
- E eles foram. Ao meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: "Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?" 
- "É porque ninguém nos contratou!" - responderam eles. 
- Então ele disse: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação." 
- No fim do dia, ele disse ao administrador: "Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por último e terminando pelos primeiros." 
- Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo: "Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós agüentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!" 
- Aí o dono disse a um deles: "Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?" 
E Jesus terminou, dizendo: 
- Assim, aqueles que são os primeiros serão os últimos. 
Vera Lúcia
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Domingo, 18 de setembro de 2011
25º Domingo do Tempo Comum
Santos do Dia: Eumênio de Gortyne (bispo), Estórgio (primeiro bispo de Milão), Ferréolo de Limoges (bispo), José de Cupertino (presbítero), Metódio de Olímpia (bispo), Ricarda de Andlau (imperatriz, viúva), Sofia e Irene (mártires).
Primeira leitura: Isaías 55,6-9
Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos.
Salmo responsorial: Salmo 144(145),2-3.8-9.17-18 (R.18a)
O Senhor está perto da pessoa que o invoca.
Segunda leitura: Filipenses 1,20c-24.27a
Para mim, o viver é Cristo.
Evangelho: Mateus 20,1-16a
Estás com inveja porque eu estou sendo bom?.
A graça e a misericórdia de Deus se contrapõem à mentalidade religiosa judaica dos tempos de Jesus. Diante da teologia do mérito do sistema religioso se opõe a teologia da graça pregada por Jesus. Partindo dessa perspectiva, a salvação não se alcança somente por méritos próprios mas pela misericórdia de Deus que no-la concede, apesar de não merecê-la.
O texto do segundo Isaias centra sua atividade profética no tema da consolação do povo desterrado. Porém, o desterro foi pela desobediência do povo e de seus dirigentes que se afastaram de Deus e quebraram a aliança. Contudo, Deus não abandona seu povo. Se o povo é infiel à aliança, Deus permanece sempre fiel.
Os caminhos do Senhor são distintos dos caminhos humanos. O profeta insiste no convite a buscar o Senhor. Faz um chamado à conversão e ao arrependimento porque Deus é clemente e misericordioso e sempre está disposto ao perdão. Os planos de Deus não são tão limitados e mesquinhos como os nossos.
Paulo, na carta aos Filipenses, propõe uma questão: ou morrer para estar com Cristo ou ficar no meio do povo para ajudá-lo em suas dificuldades. Paulo, prisioneiro por Cristo, pressente que seus dias já estão chegando ao fim. Perseguido, caluniado, encarcerado, açoitado e desprezado por muitos, viveu em sua própria carne a paixão do Senhor.
Conseqüente com sua pregação, sempre se esforçou por viver o evangelho de Jesus. É normal, pois, que tenha a mesma sorte que o mestre. Porém, também tem a plena convicção de participar da glória da ressurreição. Tanto sua vida como sua morte estão em função de Cristo. Se está vivo, é para continuar anunciando o evangelho, se morre é para entrar na plena comunhão dos justificados por Ele.
Assim Paulo sente que sua missão está chegando ao fim. Como Jesus, pode dizer que tudo foi cumprido. Porém, Paulo ainda tem uma grande preocupação, que é a fragilidade das comunidades, cuja fé está fortemente ameaçada pelo ambiente cultural e religioso das colônias do império.
Na parábola dos trabalhadores descontentes com o pagamento, se reflete o modo de agir de Deus, contrario à nossa mentalidade utilitarista. A parábola pode ser situada no contexto da controvérsia de Jesus com as autoridades judaicas pela relação de Jesus com pessoas de reputação duvidosa, como publicanos, pecadores, enfermos, crianças, pagãos e mulheres, precisamente aqueles que eram considerados impuros e, portanto, excluídos do círculo de santidade.
Porém, no contexto da comunidade de Mateus, percebe-se o conflito produzido entre os judeu-cristãos e pagãos convertidos ao cristianismo que faziam parte da mesma comunidade. Era inaceitável que os recém convertidos tivessem o mesmo trato dos que já pertenciam há muito tempo à comunidade, como era o caso do povo eleito. É claro que o encontro entre judaísmo e cristianismo no seio de uma mesma comunidade ficou bastante complicado. Assim o manifestam outros escritos do novo testamento como a carta aos gálatas.
A parábola narrada por Jesus parte de um fato real. O proprietário representa os donos de terras, conquistadas dos camponeses. Os desocupados simbolizam os que haviam perdido tudo e ofereciam seu trabalho por qualquer valor para poder sobreviver. Evidentemente que havia os clientes fixos dos proprietários, isto é, aqueles que sempre eram contratados e durante o dia apareciam os de última hora.
A chave de leitura da parábola não está na atitude equitativa do patrão, pois ele poderia pagar como queria. O que chamou a atenção dos ouvintes é que tenha preferido os que não eram seus trabalhadores (os da última hora) preferindo aos que já eram seus trabalhadores (os da primeira hora). Situação incompreensível sob qualquer ponto de vista.
O sistema religioso do tempo de Jesus e das primeiras comunidades centrava a prática religiosa no mérito e no pagamento. A salvação já se havia convertido em um mercado de compra e venda. Jesus questiona a fundo essa mentalidade que tanto mal fez ao povo. A salvação é dom gratuito de Deus. E a graça tem a ver com o amor misericordioso. Deus não manipula nossos esquemas contábeis, interesseiros e lucrativos. Para Deus, tanto os primeiros como os últimos são objeto de seu imenso amor e misericórdia.
Hoje temos que superar todo espírito de competição e cobiça. Temos que superar, sobretudo, o "exclusivismo" que ainda está presente no subconsciente cristão: já não falamos nem o sustentamos, porém muitos continuam pensando: nós, nossa religião, é a única verdadeira, e portanto, superior, definitiva, insuperável, aquele que as demais religiões e culturas devem confluir...
Se já muitos abandonaram aquela visão veterotestamentaria de que "as nações e os povos virão adorar a Deus em Sião", porque sociologicamente já não parece previsível nem viável que o mundo um dia seja todo ele cristão, não deixamos de ter essa consciência de "exclusivismo" quando nossas autoridades e hierarquias condenam autoritariamente e sem dialogo algumas opiniões sociais, critérios éticos, que se dão em distintas sociedades, apoiados no convencimento de que nossa verdade é inquestionavelmente superior à dos demais, por principio e que teríamos direito a impor na sociedade (laica, aconfessional), sem necessidade sequer de dialogar e convencer a população... É uma atitude de complexo de superioridade que não tem nenhuma justificativa.
A abertura a todos, o reconhecimento sincero de que não temos um "gratuito e imerecido direito de primogenitura", que não somos "os (únicos) eleitos", que os que nos consideramos tradicionalmente "últimos" (ou posteriores a nós) não o são, que Deus é "gratuito" e sem favoritismos... são ainda reflexões pendentes para as Igrejas cristãs...
Não há dúvida de que aceitar em profundidade a mensagem evangélica de hoje de que "os primeiros serão os últimos", exige de nós uma mudança profunda de mentalidade. Também o pluralismo religioso e do dialogo intercultural devem ser elencados entre esses grandes desafios gerados pela descoberta mais profunda da "gratuidade de Deus" que a parábola do evangelho de hoje volta a colocar diante de nossos olhos.
Oração
Ó Deus, nosso Pai e nossa Mãe, que colocaste a plenitude da Lei no amor a ti e ao próximo, concede-nos conhecer, amar e cumprir tua vontade para que teu reino esteja cada dia mais presente e operante em nosso mundo. Por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.
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Trabalhadores de última hora - Ou estás com inveja, porque estou sendo bom? - Padre Antonio Queiroz


              Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola dos trabalhadores esperando na praça. O patrão é Deus; Os trabalhadores somos nós; a vinha é o Reino de Deus. A parábola se refere, ao mesmo tempo, aos dois aspectos: Aos direitos trabalhistas e à nossa atuação, como cristãos, no Reino de Deus. No procedimento do patrão está o procedimento de Deus para conosco, e também o nosso procedimento correto uns com os outros.
O patrão "saiu de madrugada para contratar trabalhadores". Deus não perde tempo, e nós também não podemos perder. Deus não quer o desemprego. Quer que todos trabalhem. Ele não quer ver ninguém parado na praça.
"Combinou com OS trabalhadores uma moeda de prata por dia." Era o salário justo na época. Os trabalhadores têm direito à remuneração justa.
"Saiu outra vez pelas cinco horas DA tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: Por que estais aí o dia inteiro desocupados? Else responderam: Porque ninguém nos contratou". O desemprego deles era culpa, não deles, mas DA sociedade que não lhes dava oportunidades de trabalho. Mas, tanto else como seus familiares, precisavam comer, do mesmo modo que aqueles que foram contratados de manhã. Ao pagar o salário, o patrão deve considerar também essa parte: aquilo que o trabalhador e sua família precisam para viver.
"Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros". Esta decisão é o coração da parábola. Aí está a diferença entre a justiça do Reino de Deus e a "justiça" do reino do Dragão (Cf Ap 12). Na justiça do Dragão, cada um recebe pelo que produziu, sem levar em conta as necessidades do trabalhador, nem os motivos pelos quais as pessoas estavam desempregadas. No Reino de Deus é o contrário: Todos têm direito à vida, tanto os empregados como os desempregados. E, se os desempregados têm esse direito, ajudá-Los não é um favor, uma esmola, mas uma obrigação nossa.
Quanto àqueles que o patrão encontrou na praça às cinco horas DA tarde, OS motivos do atraso não foram apresentados. Mas, sejam quais forem, estes também têm, assim como suas famílias, as necessidades de todo ser humano: alimentação, vestuário, saúde etc. E mais: o mundo pecador, que leva em conta só a produtividade, marginaliza-OS. Por isso no Reino de Deus else são colocados em primeiro lugar.
Nesta parábola está a chave para entendermos o plano de Deus a respeito do trabalho e toda a questão trabalhista. O mais importante não é o que a pessoa produz, mas a própria pessoa que trabalha.
Lei fundamental na questão do salário é a igualdade, pois todos temos o estômago do mesmo tamanho. Se a diferença entre o salário dos trabalhadores é muito Grande, está havendo injustiça, pois perante Deus nós somos todos iguais.
"Em seguida, vieram OS que foram contratador primeiro, e pensavam que iam receber mais." É o protesto dos egoístas, daqueles que só pensam em is, esquecendo-se dos demais. Veja que o que else acham errado não é o salário deles, que sabiam que inclusive foi combinado antes com o patrão, mas a igualdade de tratamento usada pelo patrão. Por isso que o patrão OS chama de invejosos. Cada vez que alguém quer aumentar o próprio salário sem levar em conta aqueles que ganham menos, está sendo como essa turma, isto é, está contra o plano de Deus!
E Jesus termina a parábola apresentando a lei geral do Reino de Deus: "Os últimos serão OS primeiros, e OS primeiros serão OS últimos". Em outras palavras, no Reino de Deus OS últimos DA sociedade são colocados em primeiro lugar, e OS primeiros DA sociedade são colocados em último lugar. Só quem age desse modo entra no céu.
"Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 5,20). A justiça do mundo nem sempre coloca a pessoa humana em primeiro lugar.
"Construirão casas e nelas habitarão. Plantarão vinhas e comerão seus frutos. Ninguém construirá para outro morar, nem plantará para outro comer. E a vida do meu povo será longa como a das árvores. Meus escolhidos poderão gastar o que suas mãos fabricarem" (Is 52,21-22).
"No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo... Deus disse: Que exista a luz!... Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele domine OS peixes do mar, as aves do céu... E Deus viu que tudo o que havia criado era muito bom. Foi o sexto dia. No sétimo dia Deus terminou o seu trabalho e descansou. Então Deus abençoou e santificou o sétimo dia, porque nele, descansou do seu trabalho" (Gn 1,1-2,3). Pelo trabalho, continuamos a obra de Deus na criação do mundo. Deus trabalha e nos manda trabalhar também, mas sempre dentro do seu plano amoroso.
Certa vez, um empregado chegou para o seu patrão e disse: "É melhor o senhor me dar um aumento de salário". O patrão perguntou: "Por quê?" O empregado respondeu: "É porque há várias empresas atrás de mim". O patrão, com um ar muito desconfiado, perguntou: "Quais são essas empresas?" O empregado respondeu: "As empresas são as de água, de luz, de telefone, de cobranças..."
Esse patrão foi convidado a olhar também o lado das necessidades do seu empregado, não apenas a produtividade dele.
Maria Santíssima era uma mulher trabalhadeira. Nas Bodas de Caná, tudo indica que ela, apesar de simples convidada, estava ajudando a servir. Que ela nos ajude a agir corretamente no vasto mundo do trabalho humano.
Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?
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Os trabalhadores da última hora - Maria Elian

A justiça divina.

Jesus compara o Reino dos céus, com a história do patrão que vai em busca de operários para sua vinha. O patrão sai para contratar trabalhadores pelo menos cinco vezes durante o dia, com os primeiro contratados ele combinou uma moeda de prata por dia. Quando, chega a hora do pagamento, o patrão pede ao administrador que pague uma diária a todos, começam pelos que foram contratados por último. Lógico que os que foram contratados por primeiro não concordaram, trabalharam mais, queriam receber mais, não era justo.
Fica claro para nós, no evangelho de hoje, que a justiça divina é diferente da justiça humana. Com certeza qualquer um de nós também ficaria chateado, achando com razão que o patrão foi injusto. Quando nos colocamos a serviço de Deus, da Igreja, não assinamos contrato ou fazemos acordo algum com Deus. Simplesmente aceitamos por amor a Deus, pelo amor que Ele tem a cada um de nós. O Senhor da messe, assim como patrão do evangelho, chama e vai e busca de operário a qualquer hora do dia ou da noite. E da mesma forma que existem em nossas comunidades pessoas que estão a serviço há muito tempo, também podem aparecer hoje pessoas que estão dispostas a ajudar. Isso muita vezes gera ciúmes, é comum ouvirmos: "Eu sirvo a comunidade há muitos anos..." Eu acredito que isso não importa para Deus. O que importa e o comprometimento, a gratuidade e o amor ao serviço. Para justiça divina todos somos iguais. Independente do tempo que servimos. A recompensa é perceber que podemos viver em harmonia, que somos capazes de partilhar, que podemos tornar o mundo melhor, e que somos dignos das graças divina.
E muitas nos pegamos conversando com Deus, contando a Ele as boas ações que praticamos, e por isso acreditamos que merecemos uma recompensa, parece que esquecemos que Deus conhece o mais íntimo do nosso ser, e Ele nos concederá suas bênçãos conforme a sua vontade, confiemos na providência divina. Deus chama a todos, em lugares e tempos diferentes, mas com o mesmo objetivo, anunciar a boa nova, e colaborar com a construção do Reino de Deus. Como diz o profeta Isaias: Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is 55,8-9).
Um forte abraço a todos.
Elian
Oração
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.

“Os operários da vinha” Rita Leite

Jesus nos conta a parábola do vinhateiro para mostrar que no Reino dos Céus todos tem o mesmo direito de participar da bondade e misericórdia divinas. A justiça de Deus não é igual a nossa. Para Deus é preciso dar ao homem o que ele precisa para que tenha uma vida digna e não o que ele merece.
Para nós é claro que aqueles que trabalharam somente uma hora não deveriam receber o mesmo salário dos que trabalharam o dia todo. Ao nosso jeito de julgar as coisas, não seria justo, pagar a mesma quantia a todos, isso porque nossa justiça é falha, olhamos mais para o material, Deus porém, vê o essencial.
Aqueles trabalhadores estavam desocupados na praça não porque eram vagabundos, mas porque ninguém os havia contratados. Eles estavam desempregados não por vontade própria, mas porque não haviam encontrado um trabalho que pudesse garantir o sustento de suas famílias.
Muitas vezes achamos que quem está passando necessidade é porque não trabalha, mas será que todos tiveram a oportunidade de encontrar um bom trabalho com salário justo? Nesta parábola vemos como a justiça de Deus é perfeita, pois ele dá o que nós precisamos e que nem sempre é nosso direito.
Também falando em relação ao serviço missionário, Deus chama a todos, sempre tem um lugar na messe do Senhor para quem quiser trabalhar, só vai depender do sim de cada um. Para Deus não importa há quanto tempo servimos na comunidade, se já está a um longo tempo ou se chegamos agora, o que importa é a intensidade do amor que colocamos na obra de Deus. Deus dará com generosidade a todos, aos operários da primeira hora e aos últimos que chegaram, todos receberão igual recompensa.
Em Cristo
Rita Leite

Os trabalhadores da última hora - Maria Elian


A justiça divina.
Jesus compara o Reino dos céus, com a história do patrão que vai em busca de operários para sua vinha. O patrão sai para contratar trabalhadores pelo menos cinco vezes durante o dia, com os primeiro contratados ele combinou uma moeda de prata por dia. Quando, chega a hora do pagamento, o patrão pede ao administrador que pague uma diária a todos, começam pelos que foram contratados por último. Lógico que os que foram contratados por primeiro não concordaram, trabalharam mais, queriam receber mais, não era justo.
Fica claro para nós, no evangelho de hoje, que a justiça divina é diferente da justiça humana. Com certeza qualquer um de nós também ficaria chateado, achando com razão que o patrão foi injusto. Quando nos colocamos a serviço de Deus, da Igreja, não assinamos contrato ou fazemos acordo algum com Deus. Simplesmente aceitamos por amor a Deus, pelo amor que Ele tem a cada um de nós. O Senhor da messe, assim como patrão do evangelho, chama e vai e busca de operário a qualquer hora do dia ou da noite. E da mesma forma que existem em nossas comunidades pessoas que estão a serviço há muito tempo, também podem aparecer hoje pessoas que estão dispostas a ajudar. Isso muita vezes gera ciúmes, é comum ouvirmos: “Eu sirvo a comunidade há muitos anos...” Eu acredito que isso não importa para Deus. O que importa e o comprometimento, a gratuidade e o amor ao serviço. Para justiça divina todos somos iguais. Independente do tempo que servimos. A recompensa é perceber que podemos viver em harmonia, que somos capazes de partilhar, que podemos tornar o mundo melhor, e que somos dignos das graças divina.
E muitas nos pegamos conversando com Deus, contando a Ele as boas ações que praticamos, e por isso acreditamos que merecemos uma recompensa, parece que esquecemos que Deus conhece o mais íntimo do nosso ser, e Ele nos concederá suas bênçãos conforme a sua vontade, confiemos sua providência divina. Deus chama a todos, em lugares e tempos diferentes, mas com o mesmo objetivo, anunciar a boa nova, e colaborar com a construção do Reino de Deus. Como diz o profeta Isaias: Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is 55,8-9).
Um forte abraço a todos.
Elian
Oração
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
O Mandamento essencial.... - Jose da Cruz

Vamos aqui imaginar as 680 leis, entre prescrições e proibições, que regiam a prática judaica, como uma enorme e frondosas árvore, de muitos ramos e folhas. A pergunta que o Sabichão da Lei faz a Jesus seria mais ou menos essa "Qual dos ramos dessa árvore é o mais importante" Em um ambiente legalista e de excessivo rigorismo na prática da Lei, fazer uma pergunta capciosa dessa, evidenciava uma segunda intenção, era um ardil, uma cilada, uma pergunta maldosa, onde o interlocutor não estava interessado na resposta, mas sim em uma justificativa, a partir dela., para condenar a quem respondera.
Jesus de maneira sábia desmonta essa armadilha e retomando o exemplo das Leis religiosas, como uma frondosa árvore, Jesus vai dizer que o mais importante é a raíz, de fato, o amor a Deus e ao próximo é a Raíz do Cristianismo, é a essência da verdadeira Religião. Jesus, além de não cair na armadilha que lhe armaram, tirou vantagem da situação e fez um ensinamento espetacular, não suprimindo nenhuma das Leis em vigor, porem, afirmando categoricamente que nenhuma delas era válida, caso não fosse cumpridoaquilo que é o essencial em uma Lei Divina: o Amor a Deus e ao próximo. Portanto, religião adquire agora um sentido novo, reunindo em uma única lei esses dois amores, a Deus e aos irmãos, gerando assim o compromisso em viver como irmãos e irmãs, Filhos e Filhas do mesmo Deus que é Pai.


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