terça-feira, 17 de maio de 2011
Comentários – Prof. Fernando
Comentários – Prof. Fernando 22 de maio = Quinto Domingo da Páscoa 2011
Da 1ª leit.: At 6,1-7
Eles foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles.
Do Salmo: Sl 33
Liberta as suas vidas da morte e os alimenta em tempo de penúria.
Da 2ª leit.: 1Pd 2,4-9
Aproximai-vos do Senhor, pedra viva do mesmo modo vós, como pedras vivas,
formai um edifício espiritual - vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do Reino, (...) daquele que vos chamou das trevas para a sua luz
Do Evang.: Jo 14,1-12
Não se perturbe o vosso coração
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida
Quem me viu, viu o Pai
Quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores
No cap.6 de Atos Lucas começa uma segunda etapa de seu relatório sobre as primeiras comunidades cristãs. Cresceu o número de discípulos e, como em todo grupo em expansão, crescem também as tensões na comunidade.
Sabemos por textos posteriores que uma organização de serviços consolidou-se pouco a pouco e assim se formaram graus de hierarquia e administração. As relações em nível mais próximo e “eclesial” se transformam e “estruturas eclesiásticas”, inevitável preço de toda institucionalização. A divisão de encargos e tarefas em atribuições de “supervisores” (uma boa tradução para “bispos”), “presbíteros”, “diáconos e diaconisas” ou de outro tipo, segue o ritmo da expansão do cristianismo. Isso acontece primeiro nas comunidades locais formadas por judeus ali residentes e por outros originários das cidades onde tinham se estabelecido na “Diáspora” (dispersos depois da ocupação de sua terra na palestina). Depois, nas comunidades em que predominam pagãos convertidos em muitos lugares do império romano.
Nos resumos de Lucas, reunidos no livro dos Atos não encontramos muitos detalhes sobre as estruturas das comunidades em crescimento. Será que os sete escolhidos (texto de hoje) tinham funções também de evangelizar ou de dirigir as celebrações da liturgia que aos poucos também vai fixando seus rituais? Com efeito, aqui encontramos as palavras “diakonía” e “diakonein” (ministério e servir) mas não o título “diákonos” (diácono). E no contexto bíblico se compreende por diakonía vários encargos, inclusive o serviço do apóstolo. Um dos sete escolhidos aqui é chamado em Atos 21, 8 como “evangelista”.
O que Lucas deixou claro é que a Igreja se organiza para atender ao crescimento do número dos discípulos. Nessa fase inicial predominam os cristãos de origem judaica. Parte deles formada pelos habitantes locais que falam o aramaico (mal comparando, o aramaico é como a linguagem corrente e falada, ao passo que o hebraico seria como uma linguagem mais erudita, usada nos textos e na Escritura Sagrada).
Mas há também entre os discípulos, judeus oriundos da Diáspora. Esse judeus “helenistas” estão mais ligados à cultura grega. Como os nomes dos sete escolhidos são todos gregos é de se supor que deram preferência para essa missão aos judeus helenistas. Talvez um modo de unir a comunidade naquele momento.
Contudo, para nossa meditação aqui, o importante é sabermos que somos “pedras vivas” como Cristo (2ª.leitura de Pedro) e formamos a comunidade de fé. As organizações e estruturas dependem dos tempos e das escolhas feitas em vários contextos históricos. Às vezes penso que perdemos muito tempo inventando formas de organização, reunião de comissões e grupos, talvez demasiadamente preocupados em multiplicar “ministérios” mais do que cultivar a unidade, como convém às testemunhas do Ressuscitado. Há tantos nomes e títulos atualmente, não apenas na hierarquia eclesiástica geral, mas também em nível local, como, por exemplo: catequistas, dizimistas, ministérios disso e daquilo (acolhimento, liturgia, eucaristia, música, etc.), pastorais disso e daquilo, coordenadores de grupos, etc. .
Perguntemo-nos se nos dedicamos além do necessário à busca de nossos próprios caminhos ou à preservação ciumenta de nossas próprias verdades. Ouçamos o Cristo em seu carinhoso discurso de despedida: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ele é o Pastor e a Porta (tema do domingo anterior). Ele é quem nos garante o acesso à verdadeira vida. Não é qualquer caminho que serve. Nem todo pastor ou guia está realmente interessado no bem de seus fiéis (talvez mais atentos, como Judas, ao interesse próprio, ao que mais lhes convêm em prestígio político, segurança material ou apoio afetivo). Nem toda porta aberta serve para passarmos. E nem toda porta que nos parece fechada pelo silêncio de Deus é sinal de sua ausência pois ele caminha a nosso lado mesmo sem notarmos como nos ensinaram os dois discípulos de Emaús.
Todas as religiões pretendem conduzir a Deus. Mas Cristo continua insiste (como disse a Tomé e a Filipe): Ninguém chega ao Pai senão por mim. Quem me vê, vê o Pai. Quem crê em mim fará as obras que faço e ainda maiores.
Afina não somos muito diferentes das primeiras gerações de Fé. Excetuando os que viram Jesus nos dias de sua vida mortal e creram e os que escolhidos para dar testemunho dele em sua nova condição de ressuscitado, todos os demais constroem esse “edifício espiritual” porque são movidos pelo Espírito de Deus. Nisso são como nós. Também nós cremos aceitando o testemunho dos apóstolos e os relatos das primeiras testemunhas da ressurreição. Felizes os que não viram creram (como disse no famoso encontro com Tomé).
Além dos ministérios, cargos ou posições que porventura estamos ocupando nas comunidades de fé, o que é mais importante é viver segundo nossa “vocação” (o chamado que nos foi dirigido). E nossa missão é fazer a mesma obra do Mestre. E, conforme sua promessa, seremos capazes de fazer outras ainda maiores...
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