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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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sábado, 11 de junho de 2011

PENTECOSTES

 

HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

12 DE JUNHO – 2011

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Comentários – Prof. Fernando

Pentecostes

Introdução

Finalmente chegou o dia tão esperado e várias vezes anunciado ou prometido por Jesus Cristo! O dia em que o fogo do Espírito Santo de forma visível e espetacular, desceu sobre as cabeças dos apóstolos transformando-os em sábios, corajosos e inflamados de muita fé. Roguemos ao Espírito de Deus que venha também sobre nós para nos transformar, e assim podermos transformar o mundo decaído e dilacerado de violência e inversão de valores.

Porém, todo o nosso esforço, e preparo  sem a companhia do Paráclito, não significa absolutamente nada. Se não somos dignos de merecermos a presença do Espírito de Deus conosco, seremos medrosos, incompetentes, e por mais que tentamos evangelizar, falamos, falamos e não dizemos nada. O nosso discurso não tem nenhum sentido pois não dizemos coisa com coisa, não seremos capazes de convencer nem a nós mesmos quanto mais àqueles que nos ouvem, olhando no relógio porque não vêem a hora de descansar da nossa falácia enfadonha, pois estamos tentando falar do todo poderoso, porém sem o poder do seu Espírito que ilumina a nossa mente.

Sem o Espírito Santo, o nosso discurso, a nossa palestra não passa de palavras que saem da boca para fora, decoradas ou mentalizadas daquilo que lemos, porém,  quando na verdade deveriam ser palavras inspiradas por Deus. 

O pecado e a fraqueza na fé assim como a falta de leitura, meditação, tudo isso nos  desfigura, tirando  o brilho da nossa alma, bloqueando a ação do Espírito de Verdade em nossa pessoa, e  por mais que tentamos explicar Deus e seus mistérios aos homens, mulheres ou crianças, não passamos de uns chatos repetitivos, semelhantes a um tambor que faz barulho porque é oco.

Mas quando estamos purificados, convertidos, iluminados e fortalecidos pela graça divina através do seu Espírito, é maravilhoso sentir a força do fogo do Espírito Santo iluminando a nossa mente, nos ditando as palavras, ou colocando em nossas bocas as palavras certas, no momento certo para a platéia certa,  nos dizendo o que devemos dizer, o como devemos dizer ou escrever, agindo em nossas ações. Assim não somos nós que falamos ou escrevemos, mas sim o Espírito de Verdade que fala através da nossa boca, do nosso corpo todo em movimento e expressão jorrando a palavra de Deus ao mundo.

Assim é agradável, maravilhoso, prazeroso, sublime, gratificante, incansável, divertido, alegre, satisfatório, a missão de evangelizar. Pois na verdade, assistimos o Espírito Santo falando através de nós, às crianças, aos jovens, aos adultos ou aos idosos. É notável como as palavras fluem sem que façamos qualquer esforço extra. É bonito perceber que não somos nós agindo, mas sim, Deus agindo em nós, para salvar o mundo. Por isso somos felizes porque emprestarmos nossa vida para que a luz divina flua através da nossa pessoa e chegue até as pessoas, e as transforme para melhor.

Obrigado meu Deus, por fazer parte desse grupo universal empenhado em levar a vossa palavra aos nossos irmãos sedentos de Deus!

Caríssimos: Que a luz do Espírito Santo nos ilumine, nos guie, e nos proteja em todos os nossos passos  da  nossa caminhada de fé, esperança e caridade, na qual estamos prontos para anunciar a palavra de Deus, porém, com a luz e a força do Espírito Santo. Amém.   

Sal.

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Pentecostes, do grego, pentekosté, é o qüinquagésimo dia após a Páscoa. Comemora-se o envio do Espírito Santo aos apóstolos como Jesus havia prometido. Cristo subiu ao céu e os discípulos e a comunidade não tinham mais a presença física do Mestre. O Espírito foi enviado sobre os apóstolos, transformando-os  em corajosos e mais inteligentes.Como já disse em outra reflexão, Pedro não era muito inteligente. Tanto é que no dia  da transfiguração de Jesus  ele falou uma  coisa muito inconveniente e inconseqüente . Disse ele mais ou menos  assim: Mestre que maravilha ! Vamos fazer umas tendas e ficar aqui para sempre!    Porém,  Após a descida do Espírito Santo sobre eles, todos ficaram mais inteligentes inclusive Pedro.  O envio do Espírito foi a forma encontrada por Jesus para continuar presente entre nós até hoje, dando-nos força, coragem e inspiração para continuar a sua missão.

 A origem do Pentecostes vem do Antigo Testamento, uma celebração da colheita (Êxodo 23, 14), dia de alegria e ação de graças, portanto, uma festa agrária. Nesta, o povo oferecia a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido. Mais tarde, tornou-se também a festa da renovação da Aliança do Sinai (Ex 19, 1-16).

No Novo Testamento, o Pentecostes está relatado no livro dos Atos dos Apóstolos 2, 1-13. Como era costume, os discípulos, juntamente com Maria, mãe de Jesus,  estavam reunidos para a celebração do Pentecostes judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, "como se soprasse um vento impetuoso".  E, de repente, viu-se "Línguas de fogo" pousarem sobre as cabeças  os apóstolos e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em diversas línguas.

A festa de Pentecostes é a parte mais importante  da Páscoa de Cristo. Nele, acontece a plenitude   da Páscoa, pois a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado na mente,  na vida e na sagrada missão dos discípulos, o que acontece até hoje, através da Igreja e de nós também, os leigos corajosos, que , sob a inspiração desse mesmo Espírito, contribuímos para suprir a falta de sacerdotes no mundo, principalmente através das nossas celebrações da palavra, com a distribuição da Eucaristia.

Podemos notar a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca Atenágoras (1948-1972): "Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho seria  uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos". O Espírito traz presente o Ressuscitado à sua Igreja e lhe garante a vida e a eficácia da missão aqui na Terra.

Dada sua importância, a celebração do Domingo de Pentecostes inicia-se com uma vigília, no sábado. É a preparação para a vinda do Espírito Santo, que comunica seus dons à Igreja nascente.

A Festa de  Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo. Os sinais externos, descritos no livro dos Atos dos Apóstolos, são uma confirmação da descida do Espírito: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo. Para os cristãos, o dia de Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para a missão universal até os dias de hoje.

 Fonte: http://www.catequisar.com.br/texto/liturgia/2009/ind.htm

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É O Espírito Santo  quem nos sustenta nas batalhas que travamos no nosso dia a dia.

                                      Depois de ressuscitado Jesus apareceu aos Seus discípulos e trouxe-lhes a Sua paz e o Seu Espírito. No nosso Batismo, portanto, nós também recebemos o Espírito Santo, portanto, não podemos separar a paz de Jesus do Seu Espírito. Quem tem o Espírito Santo, tem paz porque sente o amor do Pai e do Filho. Todos nós que temos convicção do amor de Deus, sentimos a paz no nosso coração, pois provamos da misericórdia do Pai e temos a certeza de que os nossos pecados são perdoados.

                              Nunca precisaremos trazer a nossa alma atribulada pelos acontecimentos do mundo, se recebemos o Espírito de Jesus no nosso Batismo e com Ele também a sua paz. A nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está firme porque Jesus é quem nos assegura: "A paz esteja convosco", "Recebei o Espírito Santo". Somos enviados a levar ao mundo esta paz e o amor de Cristo que experimentamos com o poder do Seu Espírito.

                          O Espírito Santo é quem nos envia, nos acompanha e nos motiva a irmos em frente, na nossa caminhada e é quem nos sustenta nas batalhas que travamos no nosso dia a dia. É também Ele quem nos tira da acomodação e nos faz enxergar as coisas do céu, que fogem da nossa visão humana.Reflitamos: – Você tem tido experiência com o Espírito Santo? – Você sente o seu coração em paz mesmo que o mundo ao seu redor esteja desabando? A que o Espírito tem lhe motivado? – O que você entende por "renovar a face da terra"?

Amém

Abraço carinhoso de

Maria Regina

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Homilia de Mons. José Maria Pereira – Solenidade de Pentecostes – Ano A

Missão do Espírito Santo

Com a Solenidade de Pentecostes encerramos o Tempo Pascal.

Pentecostes era uma das grandes festas judaicas; muitos israelitas iam nesses dias em peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. A origem da festa remontava a uma antiqüíssima celebração em que se davam graças a Deus pela safra do ano, em vésperas de ser colhida. Depois acrescentou-se a essa comemoração, que se celebrava cinqüenta dias depois da Páscoa, a da promulgação da Lei dada por Deus no monte Sinai. Por desígnio divino, a colheita material que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e frutos.

Hoje é a plenitude do Mistério Pascal, com o Dom do Espírito Santo à Igreja. É o nascimento da Igreja. O Pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus: "… se Eu for, enviá-lo-ei" (Jo 16,7);

A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento isolado na vida da Igreja. O Paráclito santifica-a continuamente, como também santifica cada alma, através das inúmeras inspirações que se escondem em "todos os atrativos, movimentos, censuras e remorsos interiores, luzes e conhecimentos que Deus produz em nós, prevenindo o nosso coração com as suas bênçãos, pelo seu cuidado e amor paternal, a fim de nos despertar, mover, estimular para o amor celestial, para as boas resoluções, para tudo aquilo que, numa palavra, nos conduz à nossa vida eterna. A sua ação na alma é suave e aprazível; Ele vem salvar, curar, iluminar," (São Francisco de Sales).

No dia de Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na sua missão de anunciarem a Boa Nova a todos os povos. Todos os cristãos têm desde então a missão de anunciar, de cantar as maravilhas que Deus fez no seu Filho e em todos aqueles que crêem nEle. Somos agora um povo santo para publicar as grandezas dAquele que nos tirou das trevas para a sua luz admirável.

Ao compreendermos a grandeza da nossa missão, compreendemos também que ela depende da nossa correspondência às moções do Espírito Santo, e sentimo-nos necessitados de pedir-lhe freqüentemente que lave o que está manchado, regue o que está seco, cure o que está doente, acenda o que está morno, retifique o que está torcido. Porque sabemos bem que no nosso interior há manchas, e partes que não dão todo o fruto que deveriam porque estão secas, e partes doentes, e tibieza e também pequenos desvios, que é necessário retificar.

Não se pode conceber vida cristã nem Igreja sem a presença e a ação do Espírito Santo.

Depois que Jesus completou a sua obra, constituído Senhor a partir de sua ressurreição, envia ao mundo o seu Espírito, o Espírito do Pai. Conforme São João (Cf. Jo 20,19-23), Jesus comunica o seu Espírito, o mesmo Espírito que Ele entregou ao Pai no dia da ressurreição. Para isso, sopra sobre eles, transmitindo-lhes a vida nova, a força, o Espírito Santo: "Recebi o Espírito Santo…" e o Dom do Perdão e da Reconciliação.

O Espírito Santo nos conduz à vida de oração. A vida cristã requer um diálogo constante com Deus Uno e Trino, e é a essa intimidade que o Espírito Santo nos conduz. Acostumemo-nos a procurar o convívio com o Espírito Santo, que é quem nos há de santificar; a confiar nEle, a pedir a sua ajuda, a senti-lo perto de nós. Assim se irá dilatando o nosso pobre coração, teremos mais ânsias de amar a Deus e, por Ele, a todas as criaturas.

A chama do Espírito Santo transformou totalmente os apóstolos… Que essa mesma chama ilumine e aqueça a nossa vida no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade…

"O Espírito Santo vem em socorro à nossa fraqueza", diz S. Paulo (Rom. 8,26). Diz São João da Cruz que o Espírito Santo, com a sua chama está ferindo a alma, gastando e consumindo-lhe as imperfeições dos seus maus hábitos.

Para chegarmos a um convívio mais íntimo com o Espírito Santo, aproximemo-nos da Virgem Maria, que soube secundar como ninguém as inspirações do Espírito Santo. "Perseveravam unânimes na oração, com algumas mulheres e com Maria, a Mãe de Jesus" (At 1,14).

Por isso, cantemos: Vem, vem, vem, vem Espírito Santo de Amor, vem a nós, traz à Igreja em novo vigor.

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – Solenidade de Pentecostes – Ano A

A surpresa: fruto da ação do Espírito

E se alguém lhe dissesse que você está errado há muitos séculos? No mínimo seria um exagero. Foi exatamente isso que um professor de moral costumava dizer aos seus alunos: "estamos equivocados há muitos séculos porque pensamos que a moral é fazer umas quantas coisas boas". Eu imagino o olhar expectante dos alunos rumo ao professor experimentado, mas que talvez deixassem notar através das próprias feições alguma censura ao velho professor. Nesse momento, o catedrático continuava: "Não! A moral cristã não é de obrigação, mas uma moral de surpresa, moral de salvação".

Moral de surpresa?! Eu estou de acordo. Efetivamente, Deus nos surpreende constantemente. A graça, a salvação, a ação do Espírito Santo nas pessoas é uma surpresa maravilhosa. Mas, será que dessa maneira não estaríamos suprimindo a colaboração humana na própria salvação? É muito conhecida aquela frase de S. Agostinho: "Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti". E é verdade! No entanto, não deixa de causar surpresa que nós possamos fazer obras que mereçam a salvação eterna. Essa afirmação já deixou a mais de uma pessoa deslumbrada, até mesmo escandalizada. Martinho Lutero aceitava que toda a obra da salvação é de Deus, mas se esquecia de que Deus, pela sua infinita bondade e generosidade, capacita o próprio ser humano para poder realizar ações meritórias.

Vejamos esse assunto com mais calma. Santo Irineu afirmou que Deus, no principio, plantou a vinha do gênero humano; muito amou a humanidade e se propôs estender sobre ela o seu Espírito e conferir-lhe a adoção filial. E esse plano de Deus cumpriu-se! Desta maneira, o Pai olha as obras daqueles que são os seus filhos por graça aceitando-as prévio auxilio de seu próprio poder, de Deus.

Uma ideia comum que aparece nos Santos Padres é a seguinte: assim como existe um único Deus, existe também uma única humanidade e uma única fraternidade humana. Assim como Deus é três Pessoas distintas, de maneira semelhante há variedade no gênero humano: as muitas pessoas humanas. Essa variedade não se opõe à unidade da humanidade. No entanto, esse projeto de unidade foi despedaçado pelo pecado logo nos inícios. Logicamente, assim como não se perdeu totalmente imagem de Deus com o pecado original, tampouco a unidade fundada nessa imagem. Não obstante, as relações do homem com Deus e do homem com os demais se viram mudadas a pior como fruto podre da desagregação que o homem experimentou dentro de si mesmo. O homem, segundo os Padres da Igreja, foi disperso em vários pedacinhos. A salvação de Cristo, nesse contexto, seria uma restauração, um recolher o homem disperso. Cristo é o homem singular, mas também é o homem universal, ou seja, leva em si toda a humanidade.

O ser humano, quando se encontrava disperso, e quando se encontra em pecado mortal, logicamente, não pode realizar obras meritórias. Mas quando se encontra em graça, restaurado pelo amor de Deus, as suas obras luzem diante do Senhor que as vê com agrado.

A solenidade de Pentecostes é a festa da unidade porque a obra da reunificação foi levada a cabo pelo Pai em Cristo na unidade do Espírito Santo. Assim como o Espírito Santo, na intimidade da Trindade, é o "lugar" de encontro do Pai e do Filho, o Espírito Santo é quem nos une a Cristo. A salvação consiste, segundo S. Agostinho, em ser unidos ao Corpo de Cristo (cfr. In Ioann tract. 52, n.6; PL 35,1771) pela ação do Espírito Santo através da Palavra e dos Sacramentos.

Sendo a salvação uma ação do Pai e do Filho e do Espírito Santo, é também uma realidade que não se dá se nós não a queremos. E para colaborar eficazmente na nossa própria salvação, e na dos demais, o melhor que podemos fazer é ser dóceis à ação do Espírito Santo nas nossas almas. Se perguntarmos qual é a atitude do cristão para com o Espírito Santo, a resposta deveria resumir-se nessa palavrinha: "docilidade". Deixar Deus agir e surpreender-nos, deixar que ele organize a nossa vida, dê os critérios da nossa maneira de pensar e de querer. Não nos arrependeremos! O cristão tem somente duas opções: ou ser um homem espiritual ou ser um homem carnal, ou ser uma pessoa penetrada pela ação do Espírito Santo que tudo unifica ou ser uma pessoa dispersa pela carne e pelos diversos apetites desse mundo, ou ser filho de Deus na casa do Pai alimentando-se com os manjares da mesa da Palavra e do Corpo e Sangue do Senhor ou ser filho pródigo e contentar-se com o alimento dos porcos. Nós escolhemos! Mas é Deus quem nos salva!

Pe. Françoá Costa

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – Solenidade de Pentecostes – Ano A

At 2,1-11
Sl 103
1Cor 12,3b-7.12-13
Jo 20,19-23

"Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava". Que Espírito é este, que encheu hoje os Apóstolos e a inteira Igreja de Cristo?

Ele é o Espírito do Ressuscitado, soprado pelo Cristo Senhor: "Jesus disse: 'Como o Pai me enviou (no Espírito Santo), eu também vos envio (neste mesmo Espírito)!' Depois soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo!'"

Nele, tudo fora criado desde o princípio: "O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e conhece todas as línguas" (Sb 1,7). Somente no Santo Espírito podemos compreender que toda a criação e toda a história são penetradas pela vida de Deus que nos vem pelo Cristo; somente no Santo Espírito podemos perceber a unidade e bondade radicais da criação que nos cerca, mesmo com tantas trevas e contradições. É o Santo Espírito, doce Consolador, que nos livra do desespero e da falta de sentido!

Nele tudo se mantém, tudo tem consistência, tudo é precioso: "Encheu-se a terra com as vossas criaturas: se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso Espírito e renascem e da terra toda a face renovais". É por sua ação constante que tudo existe e persiste no ser. Sem ele, tudo voltaria ao nada e nada teria consistência real. Nele, tudo tem valor, até a mais simples das criaturas…

Sem ele, nada, absolutamente, podemos nós: "Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!" Por isso Jesus disse: "Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)", porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar…

Ele é a nova Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração (cf. Ez 11,19; Jr 31,31-34), pois "o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado" (Rm 5,5). A lei de Moisés, em tábuas de pedra, fora dada no Sinai em meio a relâmpagos, trovões, fogo, vento e terremotos (cf. Ex 19); agora, a Nova Lei, o Santo Espírito nos vem em línguas de fogo e vento barulhento e impetuoso, para marcar o início da Nova Aliança, do Amor derramado no íntimo de nós!

Ele tudo perdoa e renova e, Cristo, pois é Espírito para a remissão dos pecados: "A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados!" É, pois, no Espírito que a Santa Igreja anuncia a paz do Evangelho do perdão de Deus para a humanidade em Cristo Jesus!

Ele nos une no Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois "fomos batizados num único Espírito para formarmos um só corpo…" – Neste Corpo, ele nos enche de dons, carismas e ministérios, pois "a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum". É no Espírito que a Igreja é uma na diversidade de tantos dons e carismas; uma nas diferenças de seus membros…

Ele faz a Igreja falar todas as línguas, fá-la abrir-se ao mundo, procurar o mundo com "santa inquietude", não para render-se ao mundo ou imitá-lo ou perder-se nele, mas para "anunciar as maravilhas de Deus" em Cristo Jesus, chamando o mundo à conversão e à vida nova em Cristo!

Enfim, Ele torna Jesus sempre presente no nosso coração e no coração da Igreja e no testemunha incessantemente, sempre e em tudo que Jesus é o Senhor, pois "ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo!" – para a glória de Deus Pai. Amém.

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Evangelho Jô 20,19-23                      Gilberto Silva

Espírito Santo chegou e chegou o Petencostes

Caríssimos irmãos e irmãs.

POTENCIAL HUMANO CHEIO DO PODER DE DEUS

NÃO NASCEMOS HUMANOS PARA VIVER O ESPÍRITO, MAS NASCEMOS ESPIRÍTO PARA VIVER COMO HUMANOS 

 
Espírito Santo é força. É o poder de Deus. É o sopro da vida. É o poder que ressuscita a vida caída, desnorteada - que ressuscita a vida sem rumo.
Deus se revelou inicialmente através do seu Espírito na criação de céus e terra e tudo que neles existe. Depois Deus tornou seu Espírito em pessoa por meio de Jesus Cristo. Jesus revelou a glória do Deus criador, ensinando, revelando o projeto do Reino de Deus, fazendo curas e milagres. Isso é o Espírito de Deus que faz. É a ação do Espírito de Deus encarnado em Jesus Cristo.
Esse Espírito de Deus sopra onde quer, segundo a vontade de Deus. É o Espírito Santo que cria o povo de Deus, que cria a Igreja - cria a comunidade. É o Espírito Santo que inspira a viver e agir conforme a vontade de Deus no mundo.
O sopro de Jesus, segundo João 20,22, remete-nos àquilo que Deus fez quando criou o ser humano. É o sopro da criação, que agora é reforçado através da obra de Cristo com seus discípulos e discípulas. É o sopro da vida que agora é derramado sobre discípulos e discípulas, fazendo surgir a Igreja como corpo de Cristo nessa vida e nesse mundo.
Assim também diz o profeta Joel. O derramamento do Espírito será sobre toda a carne. A todas as pessoas, independentemente de sua idade ou força.
O Espírito Santo pode transformar e transforma a criação de Deus. É o poder com o qual Deus age e está presente na sua criação. É o poder que restabelece a natureza, as plantas, faz sonhar com um mundo melhor. É a força que derruba barreiras entre as pessoas. É o poder que cria a Igreja e envia o povo de Deus para a missão nesse mundo. O Espírito Santo prepara o povo de Deus para ser como chamas acesas que brilhem e dêem vida em meio à criação de Deus que geme e sofre.
O Espírito Santo quer levar-nos também a agir. Existe uma pequena estória que nos dá um exemplo sobre isso. A estória diz o seguinte: "Dois moços estavam sentados à beira de um córrego, nas calmas horas do anoitecer. Num certo momento, viram uma mulher, com dois filhos, subindo o pedregoso barranco do córrego. A mulher carregava uma trouxa de roupa num dos braços, o filho menor no outro braço e o filho maior segurando-se em sua saia. O primeiro dos dois moços emocionou-se. Começou a falar do quanto essa mãe lhe causava compaixão. Falou que tinha enorme pena dela e que podia imaginar o quanto lhe era cansativo subir aquele barranco pedregoso com aquela carga toda.
O outro moço não falou nada, mas levantou-se e, imediatamente, foi ao encontro da mulher cansada. Pôs em seus próprios ombros a trouxa de roupa e tomou pela mão a criança que vinha segurando a roupa da mulher."
Pentecostes é isso. É ação. É trabalho. São pessoas que, cheias do Espírito Santo, não desanimam. Pelo contrário, vão à luta. Pentecostes quer trazer comunidades cristãs menos acomodadas. Comunidades inteiras que assumem juntas a busca por um mundo e vida melhores.
O Espírito Santo é aquela força que nos impulsiona a superarmos dificuldades. É o Espírito Santo que nos leva a termos compaixão de quem erra conosco. O Espírito Santo nos leva à prática do bem.
 
Esse Espírito de Deus está conosco e em nós, desde nosso Batismo. É pelo Batismo que recebemos de Deus os dons e capacidades do Espírito Santo. É esse Espírito que nos leva a formar o Corpo de Cristo que somos como Igreja.

NADA É IMPOSSÍVEL COM O TIPO CERTO DE PODER!  

Nós precisamos do poder de Deus. Deus precisa de potencial humano. Normalmente são 90% do poder de Deus e 10% de potencial humano. Desde o início da história, quando Josué se colocou na divisa de toda terra a ser conquistada, Deus disse: "Eu serei contigo" (Josué 1,5). Juntamente com a tarefa são dados os meios, a habilidade, a sabedoria, e acima de tudo o invisível mas operante poder de Deus, trabalhando, secreta ou abertamente, nas almas das pessoas ou em milagres visíveis.  

Somente podemos fazer o que temos poder para fazer. Se Deus nos pede que façamos mais do que está no nosso poder, Ele supre a deficiência! Nós fazemos o que podemos e Deus faz o que não podemos. Qualquer coisa que fazemos neste planeta é limitada pelo poder que está disponível. Nos séculos passados, poder era simplesmente a força que havia nos braços das pessoas. Eles construíram as pirâmides por força, cavaram os grandes canais de Suez e Panamá e abriram estradas através e sobre as montanhas. As sete maravilhas do mundo antigo eram exemplos do poder da força. Agora temos mil maravilhas modernas, conquistadas por novas fontes de poder, não por força bruta. Nada é impossível com o tipo certo de poder.  

Jesus disse: "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, ... até os confins da terra." (Atos 1,8). A igreja tem frequentemente confiado em cultura, erudição, gênios, lógica e filosofia. Mas Paulo disse: ",...Deus escolheu as coisas loucas deste mundo ..." (I Coríntios 1,27). Se tivermos que evangelizar o mundo usando métodos cerebrais, nunca vamos conseguir. Isto tem sido tentado por séculos. Mas o real crescimento da igreja tem se dado pela simples mensagem do Evangelho tocando todas as classes de pessoas.  

Nós somos Testemunhas, não Advogados.  

Tem sido estabelecido que pregadores deveriam apresentar o caso para a defesa de Jesus Cristo. Também tem sido dito frequentemente, que pregadores são "como advogados na corte". Ministros são advogados, falando aos fieís como a um júri, argumentando para ter um veredicto a favor de Jesus. Esta aproximação parece tão correta, plausível e sensata. Mas será? De jeito nenhum! Esta é nossa sabedoria humana tentando apresentar o Evangelho com sabedoria de palavras.  

Jesus não precisa ser defendido. Ele não é um prisioneiro no banco dos réus. Sua reputação não depende de nenhum júri. Já foi o tempo em que Jesus foi levado ao tribunal de Roma para ser julgado por Pilatos. Hoje Pilatos se encontra no tribunal da história e Jesus é o seu juiz. NÃO FOMOS FEITOS PARA SERMOS ADVOGADOS, MAS SIM TESTEMUNHAS! Normalmente a testemunha somente fala e descreve o que tem visto. Algumas vezes, entretanto, uma testemunha é uma peça de evidência. Talvez um homem tenha sido cruelmente atacado e ferido. Ele aparece no tribunal para se mostrar: o estrago feito e suas feridas. Suas feridas falam por si mesmas. Ele próprio é a evidência. Nós crentes não somos advogados ou procuradores da corte, pleiteando em defesa de Jesus. Somos TESTEMUNHAS. Testemunhas não argumentam, não pleiteiam e não fazem discursos. Eles simplesmente falam a verdade e declaram o que sabem.  

O Evangelho é Amor  

Quando Pedro pregou, Ele disse que os 119 que estavam com ele eram todos "testemunhas" da ressurreição (Atos 2,32). Aliás, nenhum deles havia visto a real ressurreição de Cristo; no entanto, aquela ressurreição os havia transformado. Eles mesmos estavam vivos com vida de ressurreição, incentivados, determinados e cheios com o fogo de Deus. Eles próprios eram peças de evidência de que Jesus estava vivo. Se Jesus ainda estivesse morto, eles não seriam as pessoas que agora os outros viam. Eles seriam como eram antes, agachando-se e entrando sorrateiramente na segurança de um quarto trancado, por medo. Agora eles eram destemidos e as multidões das quais eles tinham tido medo, agora temiam. Eles tremem diante de Pedro...  

O Evangelho é amor, e amor não é apresentado por razão, mas sim ao se amar. Se você se apaixona e pede a uma amável garota que se case com você, você chamaria um advogado para falar com ela? Já pensou! Isto conquistaria alguma mulher? Casamento ou é amor ou não é casamento. O EVANGELHO OU É TANTO PODER QUANTO VIDA OU NÃO É EVANGELHO. Sermão não é uma homilia de três pontos. Ministro é um homem, queimando no presbitério para todo mundo ver. Um pregador é uma luminária incandescente. Uma homilia pode ser muito bem preparada, como uma arma poderosa a ponto de acertar o alvo. Entretanto, ela precisa estar cheia de munição ou irá ricochetear e endurecer as mentes dos incrédulos. Os preconceitos dos incrédulos são fortalecidos com argumentos, mas o poder explosivo de uma homilia cheio do Espírito Santo pode destruí-los. O Evangelho é sempre um ataque surpresa. Ele chega às pessoas de uma direção que eles nunca pensaram em defender. Eles estão preparados para argumentação, mas o Evangelho não argumenta. Eles estão preparados para sentimentos, mas o Evangelho não é sentimental. Ele vem como águas eternas fluindo sobre suas vidas. No Dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi derramado e isto transformou totalmente aos discípulos. O potencial humano havia sido cheio com o poder de Deus e este é o segredo ainda hoje.

Saudações e feliz Petencostes, queridos irmãos de ministério Eucarístico.

Gilberto Silva

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PENTECOSTES


 

 

1. Santificais a Vossa Igreja

Tantas maravilhas conhecemos nas Sagradas Escrituras! Mas, nenhuma é tão espetacular como a vinda do Espírito Santo. Tudo se encaminhou para esse momento, no qual se criou o mundo novo a partir da Redenção feita por Jesus, que levou à plenitude os mistérios pascais.

Rezamos no prefácio da Missa: "Para levar à plenitude os mistérios pascais, derramastes, hoje, o Espírito Santo prometido, em favor de vossos filhos e filhas". O Espírito é o dom fundamental! Está intimamente ligado à ressurreição de Jesus, que o dá aos discípulos no entardecer do domingo da Páscoa. "Soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo'!"

O dom de Espírito é para a reconciliação, isto é, para que atue em nós a Redenção que Jesus nos mereceu. Essa reconciliação é o fruto do grande desígnio de Deus de comunicar-se a todos os homens. Ao recebermos o Espírito, somos introduzidos na vida da Trindade.

A vinda do Espírito não se reduz a um acontecimento histórico. Ele está sempre presente na vida da Igreja e na celebração litúrgica da festa. Há sempre o HOJE de Deus em nossas celebrações. Nelas, reconhecemos que Deus nos abre os tesouros de sua benignidade para santificar a Igreja. Santificar é torná-Ia sempre mais unida a seu Redentor e consciente dessa união.

Ao falar de Igreja, não estamos pensando em um grupo de fiéis separados do mundo. O Espírito é derramado sobre todo o universo. Assim cantamos no refrão do salmo: "Enviei o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovei' (SI 103). A santificação faz a Igreja anunciadora da vida de Deus presente no mundo. A Igreja reconhece a presença do Espírito de Deus, celebra-o e anuncia sua ação do mundo. Sua presença enche a face da terra e a santifica.

2. Derramai os Dons do Espírito

Deus nos deu seu Espírito como dom fundamental e, com Ele, recebemos seus infinitos dons, simbolizados nos sete dons. "Desde o nascimento da Igreja, é Ele quem dá a todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, numa só fé, a diversidade das raças e línguas" (Prefácio).

Jesus veio revelar o Pai. O Espírito conduz os povos ao conhecimento do Deus verdadeiro. Conhecendo o Deus de Jesus, o mundo enche-se dos mais diversos dons, ministérios e serviços na sociedade. O Espírito faz a unidade dos diversos dons.

Paulo insiste que os dons são muitos, mas é o mesmo Espírito que age em todos. A súplica fundamental que fazemos ao Pai, quando invocamos o Espírito, é que faça de nós um único corpo com Cristo. Os demais dons são bons e necessários. Mas o dom fundamental é ser Corpo de Cristo.

3. Renovai Vossas Maravilhas

A Festa de hoje é um grande grito de toda a Igreja para que o Espírito Santo "nos faça compreender melhor o mistério deste sacrifício e nos manifeste toda a verdade" (Oferendas).

Jesus dissera que o Espírito Santo nos ensinaria toda a verdade. A verdade é Jesus e o conhecimento de sua missão. Cumpriremos nossa missão com o auxílio dos dons que Ele nos oferece. "Cresçam os dons do Espírito Santo; e o alimento espiritual que recebemos aumente em nós a eterna redenção" (Pós-comunhão).

Na Eucaristia, o Espírito atualiza para nós o mistério de Cristo que celebramos. Com Ele, somos uma oferta à Glória da Trindade. O Pai que nos acolhe, a pedido de seu Filho, dá-nos o Espírito Santo nesta celebração. Nos tempos difíceis que vivemos é importante estar abertos à voz do Espírito que nos instrui, estimula e consola.

Victor Hugo Oliveira

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"O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e conhece todas as línguas, aleluia!"(cf. Sb 1,7).

Meus queridos irmãos,

A Solenidade de Pentecostes é a plenificação do Mistério Pascal: a comunhão com o Ressuscitado só é completa pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra do Cristo e sua presença gloriosa.

A liturgia deste domingo acentua a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes – como anuncia a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos(2,1-11) – e nos carismas da Igreja – como nos adverte a Segunda Leitura retirada da Primeira Carta de São Paulo Apóstolo aos Coríntios -, sinais da unidade e da paz que o Cristo veio trazer. Isto, porque a pregação dos apóstolos, anunciando o Ressuscitado, supera a divisão de raças e línguas, e porque a diversidade de dons na Santa Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do qual Cristo é a cabeça. Ambos estes temas podem alimentar a reflexão de hoje.

Estimados Irmãos,

Pentecostes significa cinqüenta dias depois da Páscoa. Páscoa que já era para os judeus a festa da libertação. Pentecostes era para os judeus a festa do término da colheita, e por isso tinha um sentido de agradecimento, de alegria pela abundância dos celeiros. Com o decorrer do tempo a Festa de Pentecostes passou a comemorar a promulgação da Lei Mosaica. Por isso, para esta festa acorriam a Jerusalém muitos peregrinos, para agradecer nesse dia a aliança de Deus com a humanidade, com o povo eleito, por isso um dia de abundância de frutos, para enviar da parte do Pai o Espírito Santo, como coroação de sua obra na terra e como garantia da continuidade de sua ação salvadora.

Com a Ressurreição do Cristo, a Páscoa, a Ascensão e Pentecostes são três tempos de um mesmo mistério: o mistério do Cristo Ressuscitado, que acontece historicamente na Páscoa, se confirma na glória da Ascensão e chega à plenitude na descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, constituindo-os em novo povo de Deus, a comunidade cristã.

O Espírito Santo que um dia baixou sobre Nossa Senhora e, com ela, gerou o Filho do Deus Salvador. Mais tarde, desceu sobre o Cristo adulto e o levou a transformar o deserto da humanidade em família de Deus. E, no dia de Pentecostes, desceu sobre os apóstolos para lhes dar a "força de serem as testemunhas de Jesus até os confins da terra" (cf. At 1,8), construindo a comunidade de fé dos cristãos, refazendo as sementes da esperança da humanidade e congregando os homens no amor fraterno. Pentecostes é a festa do Divino Espírito Santo. Pentecostes é a festa da Igreja divina e humana, santa e pecadora, eterna e temporal, corpo místico do Cristo, formado e vivificado pelo Espírito de Deus.

Estimados Irmãos,

A Primeira Leitura – retirada dos Atos dos Apóstolos 2,1-11 – nos dá uma verdadeira dimensão da festa de hoje: que o Espírito Santo estaria acompanhando, rezando, abençoando e santificando as testemunhas da Ressurreição, os Apóstolos, que tinham a missão de conduzir a Igreja pelo mundo. E, assim, no Evangelho de hoje, Jesus sopra sobre os apóstolos o Espírito Santo e com Ele lhes dá o poder de recriar o mundo – quem perdoa pecados, salva; quem salva, refaz, recria a criatura renovada pelo perdão de suas faltas. Os Atos dos Apóstolos relatam o milagre das línguas. Pentecostes é interpretado como um acontecimento escatológico à partir da profecia de Joel(cf. At. 2,16-21). Mas, sobretudo, é o cumprimento da Palavra do Cristo(cf. Lc 24,49; At 1,4;). Passa como um vendaval ao ouvido, como fogo aos olhos; mas permanece como transformação do "pequeno rebanho" em Igreja missionária. Nos dias de hoje, também, a Igreja de cristo se reconhece pelo espaço em que ela dá ao Espírito e pela capacidade de proclamar a sua mensagem de salvação.

Pentecostes poderia ser um novo mundo sendo recriado, porque Jesus, com um sopro divino: "Envias teu sopro e tudo é recriado; tu renovas a face da terra!" Como a palavra "sopro" e a palavra "Espírito" têm o mesmo significado, o verso passou a ser uma oração de invocação ao Espírito Santo: "Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será recriado, e renovareis a face da terra". Pentecostes é renovação, é recriação. Sobretudo recriação da criatura humana.

Irmãos,

Celebramos hoje os dons da Páscoa(cf. Jo 20,19-23): primeiro o próprio Ressuscitado, o Redentor e Salvador. Jesus venceu a morte e anunciou a vida plena. Vida plena que gera o segundo dom da Páscoa: a Paz, ou seja, o retorno do equilíbrio no coração da criatura humana, com a dimensão da confiança e da humildade para com Deus; com a dimensão para o próprio eu, o ser íntimo da pessoa, confortado pela certeza de não ter sido enganado e impelido pela esperança; e com a dimensão para os outros, com quem pode criar comunidade e repartir a alegria da caminhada para o céu.

Paz que é vivida a partir da dimensão do perdão, da acolhida do diferente, por isso o próprio Cristo nos anuncia a Paz: A Paz esteja convosco! E a nossa resposta deve ser: O AMOR DE CRISTO NOS UNIU! 

Paz que vem do perdão, nascido da fé, que é enriquecido pela esperança e pela caridade!

O terceiro dom da Páscoa é o Envio. Jesus nos santifica pelo Batismo e nos envia para a missão, para sermos seus discípulos-missionários. Vencido o pecado e vencida a morte, Jesus reparte com os apóstolos a missão de salvar, enviando seus discípulos para anunciar o Evangelho a todos os povos, convertendo-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E os apóstolos e discípulos, tendo recebido o poder de ligar e de desligar, até o Juízo final, tem a faculdade de perdoar, em nome do Cristo, os pecados e ligar a amizade com o Salvador.

O quarto dom da Páscoa é o ESPÍRITO SANTO, ou seja, o Paráclito, ou ainda, o ADVOGADO seu e dos Apóstolos. Dele, porque haveria de fazer os apóstolos compreenderem o mistério de sua pessoa e de sua missão. Dos apóstolos, porque lhes daria a coragem e a lucidez de serem as testemunhas da Ressurreição e do Reino de Deus na terra. O Espírito Santo que é o advogado da Igreja, já que a Igreja tem Jesus como cabeça, e como corpo, os discípulos do Senhor. A Igreja celebra a festa de Pentecostes como a data de sua instituição solene.

Que Deus nos ajude a pedir os dons do Espírito Santo, Advogado da Igreja e nosso advogado. Que Deus nos ajude a assimilar os dons da SABEDORIA, da INTELIGÊNCIA, do CONSELHO, da FORTALEZA, da CIÊNCIA, do TEMOR e da PIEDADE.

Estimados Irmãos,

A Segunda leitura desta Solenidade nos apresenta a Unidade do Espírito Santo na diversidade de dons(cf. 1Cor 12,3b-7.12-13). Jesus é o Senhor é a grande confissão que une a Igreja Primitiva. E essa confissão só se consegue manter na força do Espírito. Como a unidade da confissão, o Espírito dá também a multiformidade dos serviços na Igreja. Todos os que pertencem a Cristo são membros diversos do mesmo Corpo.

Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho se torna uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos. Mas, no Espírito Santo o cosmo é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo ressuscitado está presente, o Evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a comunhão trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se deifica. O Espírito Santo completa a ação da Igreja no mundo.

Em cada solenidade de Pentecostes, a Santa Igreja reaviva o Espírito que nos foi dado como dom de Deus. Assim, reanimados e fortalecidos, seremos fecundos na gestação do Reino de Deus, levando à plenitude a vida nova recebida pela fé e pelo Batismo. O Espírito Santo quer ser invocado. Por isso, a Liturgia de Pentecostes exclama: "Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da Terra!" Amém!

padre Wagner Augusto Portugal

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Celebramos hoje a festa de PENTECOSTES, a festa conclusiva do tempo pascal.

Com o envio do Espírito Santo sobre os apóstolos, marca-se o início da MISSÃO e o nascimento da IGREJA.

As leituras bíblicas nos falam do fato:

Na 1a Leitura, Lucas descreve como um fato solene, acontecido em JERUSALÉM na festa judaica do Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa.

O Espírito presente no início da vida pública de Jesus, está presente também no início da atividade missionária da Igreja.

O Espírito Santo transforma profundamente os apóstolos e une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

Inúmeros ouvintes pedem o Batismo... (At 2,1-11)

+ O "Pentecostes" era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias depois da Páscoa. Inicialmente era uma festa agrícola, que agradecia a colheita do trigo e oferecia as primícias. Posteriormente passou a celebrar a chegada do Povo de Israel ao Sinai, onde recebeu a Lei de Deus. (Tornou-se a festa da Lei, da Aliança).

* Lucas queria afirmar que na festa da entrega a Lei de Moisés, recebemos a nova Lei de Cristo: o Espírito Santo. Daí apresentar os mesmos fenômenos do Sinai: trovões, vento forte, chamas de fogo...

- Várias línguas... quer ensinar que a Igreja é destinada a todos os povos, sem barreiras de língua, raça ou nação. Lembra o episódio da torre de Babel:

Lá ninguém mais se entende... a se afastam uns dos outros. Aqui o Espírito inicia um movimento inverso. Todos falam uma língua que todos compreendem. Formam uma única família, onde todos se entendem e se amam. Esse texto apresenta a Igreja como uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Cristo, animada pelo Espírito do ressuscitado, que testemunha na história o projeto libertador de Jesus.

A 2a leitura, recorda a ação do Espírito Santo na Comunidade.

Os dons provindos do único Espírito não podem criar competição, mas devem servir para promover a unidade... (1 Cor 12,3b-7.12-13) No Evangelho,  João situa a recepção do Espírito Santo na GALILÉIA, no anoitecer do dia de Páscoa. (Jo 20,19-23) O "anoitecer", as "portas fechadas", o "medo" revelam a situação de uma comunidade desorientada e insegura. Entretanto, Jesus aparece "no meio deles". Os discípulos redescobrem o seu ponto de referência e recuperam a sua identidade. Jesus lhes deseja "a paz" ('Shalon'). Significa serenidade, tranqüilidade, confiança, para os discípulos superarem o medo e a insegurança.- Em seguida, Jesus "mostra-lhes as mãos e o lado".   São os "sinais" da entrega total e amorosa de Jesus na cruz. Depois, comunica o Espírito, com o gesto de soprar sobre os discípulos. Com o "sopro" de Deus na criação, o homem de barro adquiriu vida. com este "sopro" de Jesus, nasce o Homem Novo. Finalmente, Jesus explicita a missão dos discípulos:

"Como o Pai me enviou... eu também vos envio..."

Embora as perspectivas de João e de Lucas sejam diferentes, a finalidade é a mesma. Ambos mostram que o mesmo Espírito, que acompanhou a ação missionária de Jesus, continua assistindo a ação missionária de sua Igreja.

O Pentecostes continua:

Diante desses fatos grandiosos, talvez invejemos a sorte dos apóstolos e esquecemos que o Pentecostes continua ainda hoje...

- Em NOSSA VIDA houve um Pentecostes. Animados pelo dom do Cristo Ressuscitado no BATISMO e fortalecidos pelo Espírito Santo recebido na CRISMA, somos enviados ao mundo como mensageiros da paz e da reconciliação.

- Na IGREJA: O Espírito Santo é a alma da Igreja. Faz nascer a Igreja e sempre a renova ao longo dos tempos, com seus dons e carismas.

- Na MISSÃO: "Como o Pai me enviou, eu também vos envio..."

- NA MESMA LINGUAGEM: todos se entendem.todos falam a linguagem do amor."O Espírito na aurora da Igreja deu a todas as nações o conhecimento da divindade e reuniu a variedade das línguas na confissão da mesma fé". (Prefácio) O Espírito Santo continua presente em nós e em nossas comunidades. Fiquemos atentos a seus apelos, indicações e questionamentos Que Ele ilumine nossos passos, nosso agir e nossas escolhas.

Que Ele nos dê coragem e alegria para sermos verdadeiros DISCÍPULOS e MISSIONÁRIOS de Cristo.

padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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RECEBEI O ESPÍRITO SANTO

 

O dom do Espírito Santo foi um elemento fundamental na experiência missionária dos primeiros cristãos. Com a ascensão do Senhor, eles se viram às voltas com uma tarefa descomunal: levar a mensagem do Evangelho a todo o mundo. A missão exigiria deles inculturar a mensagem, fazendo o Evangelho ser entendido por pessoas das mais variadas culturas. Deveriam ser capazes de enfrentar dificuldades, perseguições e, até mesmo a morte, por causa do nome de Jesus. Muitos problemas proviriam dos judeus, pois a ruptura com eles seria inevitável, dada a intransigência da liderança judaica para com a comunidade cristã que tomaria um rumo considerado inaceitável. Sem dúvida, não faltariam problemas dentro da própria comunidade, causados por partidarismos, falsas doutrinas e atitudes incompatíveis com a opção pelo Reino.

Os discípulos eram demasiado fracos para, por si mesmos, levar a cabo uma empresa tão grande. Jesus, porém, concedeu-lhes o auxílio necessário ao comunicar-lhes o Espírito Santo. Fortalecidos pelo Espírito, eles não se intimidaram, antes, cumpriram, com denodo, o ministério da evangelização.

O dom de Pentecostes renova-se, cada dia, na vida da Igreja. O Espírito, ontem como hoje, não permite que os cristãos cruzem os braços diante do mundo a ser evangelizado.

Oração

Senhor Jesus, que eu seja cada dia revestido pela força do Espírito Santo, que me capacita para exercer, sem descanso, minha tarefa de evangelizador.

padre Jaldemir Vitório

Que o Espírito de Deus envie do céu um raio de luz para iluminar o nosso mundo. Ele vem e se hospeda em nós. É o pai dos pobres, o consolo que acalma e alivia. No muito trabalho e na aflição, Ele é o nosso alívio. Não podemos nada sem Ele. É a brisa suave nos dias de calor. Ele lava o que está sujo, rega o que está seco e cura o doente. Aquece no frio, guia no escuro e dobra o que é duro. Que Ele venha e derrame sobre toda a Igreja os seus sete dons. Que o mundo inteiro sinta a amorosa presença do Espírito pela presença amiga e gratuita da Igreja. Que no entusiasmo dos membros da Igreja pela causa de Cristo e do Evangelho o mundo inteiro perceba que o Amor existe. Que o Espírito nos conceda falar línguas que os outros entendam e com o dom das línguas renovar a esperança.

At 2,1-11 – Cinqüenta dias depois da Páscoa, a comunidade de Israel celebrava a Festa das Semanas. Nesse dia, o qüinquagésimo ou pentecostes em grego, o Espírito Santo veio sobre a comunidade dos apóstolos e discípulos reunidos com Maria, a mãe de Jesus. Desde então, os cristãos chamam de Pentecostes o dia da vinda do Espírito Santo e consideram esse dia o início da vida da Igreja de Jesus.

Nesses dias sopra sobre Jerusalém um vento quente vindo do deserto chamado de hamissim, que também quer dizer cinqüenta. Foi assim que o Espírito começou a se manifestar. Um vento forte passou pelo lugar onde os discípulos estavam reunidos. A palavra "espírito" significa sopro ou vento. Línguas de fogo pairaram sobre a cabeça de cada um deles e aconteceu o fenômeno das línguas. Eles começaram a falar em outras línguas. Por causa da Festa das Semanas, havia muita gente de fora em Jerusalém. Os discípulos estavam anunciando as maravilhas de Deus e cada um os entendia na sua própria língua.

Sl 103 (104) – Se Deus tira o seu sopro todas as criaturas morrem e voltam ao pó da terra, canta o Salmista. Se Ele envia o seu vento, o seu sopro, todas as criaturas nascem de novo e se renova a face da terra.

1Cor 12,3b-7.12-13 – É por graça do Espírito Santo que podemos dizer que Jesus é o Senhor. Ele nos dá esse dom e todos os outros que estão distribuí-

dos na comunidade cristã. Temos muitas atividades, muitos tipos de serviços, e tudo em vista do bem de todos. O Espírito, porém, é um só. Todos nós que fomos batizados no único e mesmo Espírito formamos um só corpo. É o Espírito que nos junta na unidade. Bebemos todos da mesma fonte, que é o Espírito.

Jo 20,19-23 – Lemos no Evangelho de São João que, já no dia da ressurreição, Jesus soprou sobre os discípulos reunidos e lhes deu o Espírito Santo para o perdão dos pecados. Eles estavam reunidos com as portas fechadas quando Jesus ressuscitado entrou e deu a todos a paz. Foi um momento de grande alegria. Novamente Jesus desejou a paz a todos e soprou sobre eles. Um gesto muito interessante e muito significativo porque o Espírito Santo é sopro de vida. Ao dizer "recebam o Espírito Santo", disse também: "Quem for perdoado por vocês estará perdoado, quem não for não estará". Não recebemos o Espírito para não perdoar. Se não perdoarmos, o pecado permanece. É melhor perdoar sempre para que o pecado desapareça.

cônego Celso Pedro da Silva

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Jesus comunica o Espírito Santo soprando sobre os discípulos

 

No primeiro dia da semana, de madrugada, Maria Madalena, Pedro e o outro discípulo constatam que o sepulcro de Jesus estava vazio; em seguida, ocorre a aparição de Jesus a Maria Madalena. Agora, à tarde desse mesmo dia, Jesus vem aos discípulos que estavam com as portas trancadas por medo dos judeus. Coloca-se no meio deles e, por duas vezes, anuncia-lhes a paz. Com o primeiro anúncio, Jesus identifica-se, mostrando suas chagas: não é um fantasma, mas é o próprio Jesus de Nazaré que com eles convivera e que, no fim, foi crucificado. Agora, aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de grande alegria, ainda mais quando Jesus, renova a comunicação de sua paz, feita na última ceia.

Com o segundo anúncio da paz Jesus envia os discípulos. É o envio em missão, genérico. A característica essencial é que os discípulos são enviados assim como Jesus foi enviado pelo Pai. A missão de Jesus foi comunicar o amor do Pai ao mundo e a esta missão os discípulos são enviados. Após a comunicação da paz, no mesmo dia da ressurreição, Jesus comunica o Espírito Santo soprando sobre os discípulos. O "soprar" é o mesmo ato de Deus ao infundir a vida ao homem, na criação: "Então Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente" (Gn 2,7). Agora, o Espírito Santo é a comunicação da própria vida divina a homens e mulheres, criados por Deus. Lucas, antes desta narrativa discreta de João sobre o dom do Espírito Santo, tinha feito sua narrativa, em estilo apocalíptico, em Atos (primeira leitura).

Segundo a versão de Lucas, em vez do sopro de Jesus, o Espírito Santo vem por ocasião da festa de Pentecostes, cinquenta dias depois da ressurreição, sob a forma de línguas de fogo que vêm do céu com um ruído como de um vento forte, e pousam sobre os discípulos. Pentecostes era uma festa do judaísmo, com raízes no antigo Israel e nas tradições agrícolas de Canaã, associada à colheita do trigo, bem como as festas dos Ázimos e da Páscoa. A associação do dom do Espírito à festa judaica de Pentecostes é feita exclusivamente por Lucas e foi incorporada na tradição das igrejas cristãs. Assim como Jesus não veio ao mundo para condená-lo, assim também não cabe à comunidade missionária a condenação. É à palavra anunciada que cabe o julgamento. Porém, à missão cabe o anúncio da prática da justiça, a qual tira o pecado do mundo e instaura o amor.

O Espírito é a plenitude do amor. O fruto do amor é a união. Pelos atos de comunicação, misericórdia, perdão, solidariedade, partilha, serviço, nos unimos em um só corpo. Um só corpo, com diversos membros, com diversidade de funções e carismas. Um só corpo, com membros sadios, que usufruem os bens deste mundo, e com membros doentes, excluídos, pobres, sofrendo privações. A vida deste corpo deve irradiar-se ao corpo todo, comunicando vida plena a todos seus membros.

José Raimundo Oliva

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O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas conseqüências.

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

LEITURA AMBIENTE

Já vimos, no comentário aos textos dos domingos anteriores, que o livro dos "Actos" não pretende ser uma reportagem jornalística de acontecimentos históricos, mas sim ajudar os cristãos – desiludidos porque o "Reino" não chega – a redescobrir o seu papel e a tomar consciência do compromisso que assumiram, no dia do seu batismo.

No que diz respeito ao texto que nos é proposto e que descreve os acontecimentos do dia do Pentecostes, não existem dúvidas de que é uma construção artificial, criada por Lucas com uma clara intenção teológica. Para apresentar a sua catequese, Lucas recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem poética das metáforas. Resta-nos decodificar os símbolos para chegarmos à interpelação essencial que a catequese primitiva, pela palavra de Lucas, nos deixa. Uma interpretação literal deste relato seria, portanto, uma boa forma de passarmos ao lado do essencial da mensagem; far-nos-ia reparar na roupagem exterior, no folclore, e ignorar o fundamental. Ora, o interesse fundamental do autor é apresentar a Igreja como a comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.

MENSAGEM

Antes de mais, Lucas coloca a experiência do Espírito no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma festa judaica, celebrada cinqüenta dias após a Páscoa. Originariamente, era uma festa agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo; mas, no séc. I, tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus. Ao situar neste dia o dom do Espírito, Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança (pois é Ele que, no tempo da Igreja, dinamiza a vida dos crentes) e que, por Ele, se constitui a nova comunidade do Povo de Deus – a comunidade messiânica, que viverá da lei inscrita, pelo Espírito, no coração de cada discípulo (cf. Ez 36,26-28).

Vem, depois, a narrativa da manifestação do Espírito (Act 2,2-4). O Espírito é apresentado como "a força de Deus", através de dois símbolos: o vento de tempestade e o fogo. São os símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando Deus deu ao Povo a Lei e constituiu Israel como Povo de Deus (cf. Ex 19,16.18; Dt 4,36). Estes símbolos evocam a força irresistível de Deus, que vem ao encontro do homem, comunica com o homem e que, dando ao homem o Espírito, constitui a comunidade de Deus.

O Espírito (força de Deus) é apresentado em forma de língua de fogo. A língua não é somente a expressão da identidade cultural de um grupo humano, mas é também a maneira de comunicar, de estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de criar comunidade. "Falar outras línguas" é criar relações, é a possibilidade de superar o gueto, o egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… Aqui, temos o reverso de Babel (cf. Gn 11,1-9): lá, os homens escolheram o orgulho, a ambição desmedida que conduziu à separação e ao desentendimento; aqui, regressa-se à unidade, à relação, à construção de uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da comunicação. É o surgimento de uma humanidade unida, não pela força, mas pela partilha da mesma experiência interior, fonte de liberdade, de comunhão, de amor. A comunidade messiânica é a comunidade onde a ação de Deus (pelo Espírito) modifica profundamente as relações humanas, levando à partilha, à relação, ao amor.

É neste enquadramento que devemos entender os efeitos da manifestação do Espírito (cf. Act 2,5-13): todos "os ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de Deus". O elenco dos povos convocados e unidos pelo Espírito atinge representantes de todo o mundo antigo, desde a Mesopotâmia, passando por Canaã, pela Ásia Menor, pelo norte de África, até Roma: a todos deve chegar a proposta libertadora de Jesus, que faz de todos os povos uma comunidade de amor e de partilha. A comunidade de Jesus é assim capacitada pelo Espírito para criar a nova humanidade, a anti-Babel. A possibilidade de ouvir na própria língua "as maravilhas de Deus" outra coisa não é do que a comunicação do Evangelho, que irá gerar uma comunidade universal. Sem deixarem a sua cultura e as suas diferenças, todos os povos escutarão a proposta de Jesus e terão a possibilidade de integrar a comunidade da salvação, onde se fala a mesma língua e onde todos poderão experimentar esse amor e essa comunhão que tornam povos tão diferentes, irmãos. O essencial passa a ser a experiência do amor que, no respeito pela liberdade e pelas diferenças, deve unir todas as nações da terra.

O Pentecostes dos "Actos" é, podemos dizê-lo, a página programática da Igreja e anuncia aquilo que será o resultado da ação das "testemunhas" de Jesus: a humanidade nova, a anti-Babel, nascida da ação do Espírito, onde todos serão capazes de comunicar e de se relacionar como irmãos, porque o Espírito reside no coração de todos como lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.

ATUALIZAÇÃO

Para a reflexão, considerar as seguintes indicações:

• Temos, neste texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que testemunha na história o projeto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta a comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas. A Igreja de que fazemos parte é uma comunidade de irmãos que se amam, apesar das diferenças? Está reunida por causa de Jesus e à volta de Jesus? Tem consciência de que o Espírito está presente e que a anima? Testemunha, de forma efetiva e coerente, a proposta libertadora que Jesus deixou?

• Nunca será demais realçar o papel do Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja… Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho; depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos anima? Damos suficiente espaço à ação do Espírito, em nós e nas nossas comunidades?

• Para se tornar cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura: nem os africanos, nem os europeus, nem os sul-americanos, nem os negros, nem os brancos; mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse projeto libertador de Deus, que faz os homens deixarem de viver de costas voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que fazemos parte é esse espaço de liberdade e de fraternidade? Nela todos encontram lugar e são acolhidos com amor e com respeito – mesmo os de outras raças, mesmo aqueles de quem não gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do nosso círculo, mesmo aqueles que a sociedade marginaliza e afasta?

LEITURA II AMBIENTE

A comunidade cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no que diz respeito à vivência do amor e da fraternidade: os partidos, as divisões, as contendas e rivalidades perturbavam a comunhão e constituíam um contra-testemunho. As questões à volta dos "carismas" (dons especiais concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas ou grupos para proveito de todos) faziam-se sentir com especial acuidade: os detentores desses dons carismáticos consideravam-se os "escolhidos" de Deus, apresentavam-se como "iluminados" e assumiam com freqüência atitudes de autoritarismo e de prepotência que não favorecia a fraternidade e a liberdade; por outro lado, os que não tinham sido dotados destes dons eram desprezados e desclassificados, considerados quase como "cristãos de segunda", sem vez nem voz na comunidade.

Paulo não pode ignorar esta situação. Na Primeira Carta aos Coríntios, ele corrige, admoesta, dá conselhos, mostra a incoerência destes comportamentos, incompatíveis com o Evangelho. No texto que nos é proposto, Paulo aborda a questão dos "carismas".

MENSAGEM

Em primeiro lugar, Paulo acha que é preciso saber ajuizar da validade dos dons carismáticos, para que não se fale em "carismas" a propósito de comportamentos que pretendem apenas garantir os privilégios de certas figuras. Segundo Paulo, o verdadeiro "carisma" é o que leva a confessar que "Jesus é o Senhor" (pois não pode haver oposição entre Cristo e o Espírito) e que é útil para o bem da comunidade.

De resto, é preciso que os membros da comunidade tenham consciência de que, apesar da diversidade de dons espirituais, é o mesmo Espírito que atua em todos; que apesar da diversidade de funções, é o mesmo Senhor Jesus que está presente em todos; que apesar da diversidade de ações, é o mesmo Deus que age em todos. Não há, portanto, "cristãos de primeira" e "cristãos de segunda". O que é importante é que os dons do Espírito resultem no bem de todos e sejam usados – não para melhorar a própria posição ou o próprio "ego" – mas para o bem de toda a comunidade.

Paulo conclui o seu raciocínio comparando a comunidade cristã a um "corpo" com muitos membros. Apesar da diversidade de membros e de funções, o "corpo" é um só. Em todos os membros circula a mesma vida, pois todos foram batizadas num só Espírito e "beberam" um único Espírito.

O Espírito é, pois, apresentado como Aquele que alimenta e que dá vida ao "corpo de Cristo"; dessa forma, Ele fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável pela unidade desses diversos membros que formam a comunidade.

ATUALIZAÇÃO

Para refletir  atualizar a Palavra, considerar os seguintes elementos:

• Temos todos consciência de que somos membros de um único "corpo" – o corpo de Cristo – e é o mesmo Espírito que nos alimenta, embora desempenhemos funções diversas (não mais dignas ou mais importantes, mas diversas). No entanto, encontramos, com alguma freqüência, cristãos com uma consciência viva da sua superioridade e da sua situação "à parte" na comunidade (seja em razão da função que desempenham, seja em razão das suas "qualidades" humanas), que gostam de mandar e de fazer-se notar. Às vezes, vêem-se atitudes de prepotência e de autoritarismo por parte daqueles que se consideram depositários de dons especiais; às vezes, a Igreja continua a dar a impressão – mesmo após o Vaticano II – de ser uma pirâmide no topo da qual há uma elite que preside e toma as decisões e em cuja base está o rebanho silencioso, cuja função é obedecer. Isto faz algum sentido, à luz da doutrina que Paulo expõe?

• Os "dons" que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços de partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?

• É preciso ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência de que, pelo fato de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?

EVANGELHO

AMBIENTE

Este texto (lido já no segundo domingo da Páscoa) situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição. Apresenta-nos a comunidade da nova aliança, nascida da ação criadora e vivificadora do Messias. No entanto, esta comunidade ainda não se encontrou com Cristo ressuscitado e ainda não tomou consciência das implicações da ressurreição. É uma comunidade fechada, insegura, com medo… Necessita de fazer a experiência do Espírito; só depois, estará preparada para assumir a sua missão no mundo e dar testemunho do projeto libertador de Jesus.

Nos "Atos", Lucas narra a descida do Espírito sobre os discípulos no dia do Pentecostes, cinqüenta dias após a Páscoa (sem dúvida por razões teológicas e para fazer coincidir a descida do Espírito com a festa judaica do Pentecostes, a festa do dom da Lei e da constituição do Povo de Deus); mas João situa no anoitecer do dia de Páscoa a recepção do Espírito pelos discípulos.

MENSAGEM

João começa por pôr em relevo a situação da comunidade. O "anoitecer", as "portas fechadas", o "medo" (vers. 19a), são o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se agarrar.

Entretanto, Jesus aparece "no meio deles" (vers. 19b). João indica desta forma que os discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência, a coordenada fundamental à volta do qual a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.

Jesus começa por saudá-los, desejando-lhes "a paz" ("shalom", em hebraico). A "paz" é um dom messiânico; mas, neste contexto, significa, sobretudo, a transmissão da serenidade, da tranqüilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado está "no meio deles".

Em seguida, Jesus "mostrou-lhes as mãos e o lado". São os "sinais" que evocam a entrega de Jesus, o amor total expresso na cruz. É nesses "sinais" (na entrega da vida, no amor oferecido até à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus. O facto de esses "sinais" permanecerem no ressuscitado, indica que Jesus será, de forma permanente, o Messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja entrega alimentará a comunidade.

Vem, depois, a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza, aqui, precisamente o mesmo verbo do texto grego de Gn 2,7). Com o "sopro" de Deus de Gn 2,7, o homem tornou-se um "ser vivente"; com este "sopro", Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da sua vida um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor de Jesus.

Finalmente, Jesus explicita qual a missão dos discípulos (ver. 23): a eliminação do pecado. As palavras de Jesus não significam que os discípulos possam ou não – conforme os seus interesses ou a sua disposição – perdoar os pecados. Significam, apenas, que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os homens. Quem aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.

ATUALIZAÇÃO

Para a reflexão, considerar as seguintes coordenadas:

• A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n'Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os crentes?

• Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos "sinais" que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os "sinais" do amor de Jesus?

• As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde… É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho - www.ecclesia.pt

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Domingo, 12 de junho de 2011


Santos do Dia: Amfion da Cilícia (bispo), Antonina de Nicéia (mártir), Basílides, Quirino, Nabor e Nazário (martirizados na Via Aurélia, em Roma), Cristiano O'Morgair (bispo de Clogher), Eskil (bispo, mártir da Suécia), Gaspar Bertoni (presbítero, fundador dos Estigmatinos), Gerebaldo de Châlons-sur-Seine (bispo), João de Sahagun (agostiniano), Leão III (papa), Odulfo de Stavoren (agostiniano), Olímpio de Enos (bispo), Onofre do Egito (eremita), Pedro do Monte Athos (eremita), Ternan de Culross (bispo)

Primeira leitura: Atos dos Apóstolos 2, 1-11.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar.
Salmo responsorial: 103, 1ab e 24ac.29bc-30.31 e 34.
Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai.
Segunda leitura: 1Coríntios 12, 3b-7.12-13.
Fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo.
Evangelho: João 20, 19-23.
Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo!

Celebramos hoje a festa solene de Pentecostes, cinqüenta dias depois da Páscoa. Festa da vinda do Espírito Santo e da "inauguração" da missão da Igreja. O relato do Atos que lemos na primeira leitura, é uma construção do escritor lucano. Sua finalidade é eminentemente teológica. Não é um acontecimento cronológico e sim kairótico, na mesma linha da festa da ascensão que celebramos e comentamos no domingo passado.

Lucas recolhe a "festa das semanas"do antigo Israel. Esta festa era celebrada para comemorar a chegada do povo ao Sinai. A entrega das tabuas da Lei a Moisés no meio de trovoadas, relâmpagos e ventos fortes.

O redator dos Atos toma os elementos simbólicos de ressonância cósmica para manifestar que é uma intervenção de Deus. Quer significar a irrupção do Espírito Santo na historia humana. É o começo da etapa definitiva na historia da salvação. É o começo também da pregação do evangelho por parte da Igreja apostólica. Estes elementos também lembram o anuncio profético do "Dia do Senhor". Esta passagem entrelaça elementos históricos e escatológicos.

O Espírito empurra a Igreja mais além das fronteiras geográficas e culturais. Por isso todos entendem a mensagem em sua própria língua. Aí são citados todos os povos até então conhecidos, indicando a universalidade da mensagem evangélica. Outro elemento importante é o aspecto comunitário: os discípulos estão reunidos em comunidade e o anuncio inaugura uma nova comunidade.

Na primeira carta aos Coríntios, Paulo enfatiza a ação do Espírito na vida dos crentes e na construção da Comunidade eclesial. Consciente das divisões vividas no interior dessa comunidade, insiste em que os dons, os carismas, os ministérios e os serviços procedem do mesmo Espírito.

Portanto, todos os carismas, dons e ministérios estão em função do crescimento da Igreja. A ação do Espírito qualifica a missão da Igreja no mundo e não somente na santificação individual. O Espírito articula interiormente a missão de Jesus e a missão da Igreja.

O quarto evangelho apresenta duas cenas contrastantes. Em primeiro lugar, os discípulos fechados em uma casa, cheios de medo e ao anoitecer. Em segundo lugar, a presença de Jesus que lhes comunica a paz, mostra-lhes suas feridas como sinal de sua presença real. Eles enchem-se de alegria e Jesus lhes comunica o Espírito que os qualifica para a missão.

O medo, a obscuridade e o fechamento da "casa interior" se transformam agora, com a presença de Jesus, em paz, alegria e envio missionário. São sinais tangíveis da ação misteriosa e transformante do Espírito no interior dos crentes e da comunidade. Ressurreição, ascensão, irrupção do Espírito e missão eclesial aparecem aqui intimamente articulados. Não são momentos isolados, mas simultâneos, progressivos e dinamizadores na comunidade crente.

Jesus cumpre suas promessas. Ele prometeu a seus discípulos que logo voltaria, que não os deixaria sozinhos. Disse-lhes que o Espírito Santo de Deus os assistiria para que entendessem tudo o que ele lhes havia anunciado. Assim se fa. Agora lhes comunica o Espírito que tudo cria e renova tudo. Jesus sopra sobre eles como Deus soprou para criar o ser humano. Eles são as pessoas novas da criação restaurada pela entrega amorosa de Jesus.

A violência, a injustiça, a miséria e a corrupção em todos os âmbitos da sociedade, nos enchem de medo, desalento e desesperança. Não vemos saída e preferimos o fechamento em nós mesmos, em nossos assuntos individuais e esquecemos do grande assunto de Jesus. Então é quando  ele irrompe em nosso interior, ultrapassa as portas do coração e ilumina o entendimento para que compreendamos que não nos abandonou.

Ele continua presente na vida do crente e no seio da comunidade. Continua agindo através de muitas pessoas e organizações que se comprometem totalmente para seguir lutando contra toda forma de pecado que desumaniza e aliena o ser humano. O Espírito de Deus continua agindo na historia ainda que aparentemente não o percebamos. Não é necessário fazer tanto ruído para dizer que o Espírito está agindo. Muitas vezes não o sentimos porque age em forma muito simples através de gestos que podem passar desapercebidos.

Que sinais da presença dinamizadora do Espírito de Deus podemos perceber em nossa vida pessoal, familiar e comunitária? Conhecemos pessoas que agem sob a ação do Espírito? Por que? Que podemos fazer para descobrir e fortalecer os dons e ministérios que o Espírito continua suscitando em pessoas e comunidades?

Oração comunitária

Deus, Pais de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da Gloria: ilumina nosso olhar interior para que, vendo o que esperamos pelo teu chamado, e entendendo a grande e gloriosa herança que reservas aos seus santos, compreendamos com que extraordinária força age em favor dos que crêem. Por Jesus Cristo ressuscitado, nosso Senhor. Amém.

Missionários Claretianos

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OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Os dons do Espírito Santo são como "receptores" aptos a captar os impulsos do Espírito mediante os quais o cristão se encaminha para a perfeição em estilo novo ou com a eficácia que o próprio Deus lhe confere. Possibilitam ao cristão ter a intuição profunda do significado das verdades reveladas por Deus assim como de cada criatura. Proporcionam também tomadas de atitude que nem a razão natural nem as virtudes humanas, sujeitas sempre a hesitações e falhas, conseguiriam indicar ou efetivar.

Para ilustrar o que são os dons, pode-se recorrer à imagem de um barco que navega: se é movido a remos, avança lenta e penosamente, com grande esforço para os remadores. Caso, porém, estes desdobram as velas do barco para que capte o sopro dos ventos favoráveis, os remadores descansam e o barco progride em estilo novo segundo velocidade "sobre-humana". - Ora o barco movido ao sopro do vento que bate contra as velas, é imagem do cristão impelido pelo Espírito, segundo medidas divinas, para a meta da sua santificação.

Os dons do Espírito Santo são sete, segundo a habitual recensão dos teólogos: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, piedade, temor de Deus. Para se beneficiar da ação do Espírito Santo, o cristão deve dispor-se de duas maneiras principais: a) cultivando o amor, pois é o amor que propicia afinidade com Deus e, por conseguinte, torna o cristão apto a ser movido pelo Espírito de Deus; b) procurando jamais dizer um Não consciente e voluntário às inspirações do Espírito. Quem se acostuma a viver assim, cresce mais velozmente na sua estatura definitiva e se configura mais fielmente ao Cristo Jesus.

Em nossos dias a renovação da oração e da espiritualidade cristãs apela freqüentemente para a ação do Espírito Santo nos corações. Muitos fiéis se tornam conscientes de que "ninguém pode dizer "Jesus Cristo é o Senhor" senão sob a moção do Espírito Santo" (cf. 1Cor 12, 3), sabem cada vez mais que "todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus" (cf. Rm 8, 14). A consciência destas verdades vem despertando cada vez mais a atenção para a teologia espiritual. É, pois, oportuno procurarmos conhecer melhor as maneiras como o Espírito Santo age nos corações, descrevendo os seus dons e o significado destes na vida dos filhos de Deus.

 

1. Que são os dons do Espírito Santo?

 

1. Do inicio, é preciso propor a distinção que a Teologia costuma fazer entre dons e carismas (embora a palavra charisma em grego significa dom).

 

Por carismas entendem-se graças especiais pelas quais o Espírito Santo torna os cristãos aptos a tarefas e funções que contribuem para o bem ou o serviço da comunidade: assim seriam o dom de profecia, o das curas, o das línguas, o da interpretação das línguas... Os carismas têm por vezes (não sempre) índole extraordinária, como no caso de certas curas ou da glossolalia.

Por dons compreendem-se faculdades outorgadas ao cristão para seguir mais seguramente os impulsos do Espírito no caminho da perfeição espiritual. Os dons e seus efeitos são discretos, não chamando a atenção do público por façanhas portentosas.

 

2. Para entender melhor o que sejam os dons do Espírito, recorramos a uma analogia:

 

Quando uma criança nasce para a vida presente, é dotada por Deus de tudo que é necessário à sua existência humana: recebe, sim, um organismo completo e uma alma portadora de faculdades típicas do ser humano. Como se compreende, esse conjunto ainda não esta plenamente desenvolvido quando o bebê vem ao mundo, mas é certo que a criança possui tudo que constitui a pessoa humana.

Ora algo de análogo se dá na vida espiritual. Diz-nos Jesus que renascemos da água e do Espírito Santo pelo batismo (cf. Jo 3, 5). Este renascer importa receber uma vida nova, a vida dos filhos de Deus, trazida pela graça santificante. Essa vida nova tem suas faculdades próprias, que são:

 

1) as virtudes infusas

 

a) teologais (fé, esperança, caridade): virtudes que nos põem em contato imediato com Deus;

 

b) morais (prudência, justiça, temperança, fortaleza): virtudes que orientam o comportamento do cristão frente aos valores deste mundo;

 

2) os dons do Espírito Santo, "receptáculos" próprios para captar as moções do Espírito Santo.

 

Importa salientar bem a diferença entre as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo.

As virtudes infusas são ditas infusas porque não adquiridas pelo homem. São princípios de reta outorgados ao cristão juntamente com a graça santificante, para que se comporte não apenas como ser racional, mas como filho da Deus, elevado a ordem sobrenatural1. Os critérios de conduta do cristão são as grandes verdades da fé ou da ordem sobrenatural (que nem sempre coincidem com os da razão); por isto é que, ao renascer como filho de Deus, todo homem recebe os respectivos princípios de conduta nova, que são as virtudes infusas. Destas, três se orientam diretamente para Deus (a fé, a esperança e a caridade) e quatro se orientam para o reto uso dos bens deste mundo (prudência, justiça, temperança, fortaleza). Quando o cristão age mediante as virtudes infusas, é ele mesmo quem age segundo moldes humanos, limitados, lutando contra os obstáculos que geralmente a prática do bem encontra; de maneira lenta e trabalhosa o cristão cresce na fé, na caridade, na temperança, na fortaleza..., estando sempre sujeito a contradizer-se ou a cometer um ato incoerente com tais virtudes.

É sobre este fundo de cena que se devem entender os dons do Espírito Santo. Estes podem ser comparados a faculdades novas ou "antenas" que nos permitem apreender moções do Espírito Santo em virtude das quais agimos segundo um estilo novo, certeiro, firme, sem hesitação alguma e com toda a clarividência. Esta afirmação pode-se tornar mais clara mediante algumas comparações:

 

a) Imaginemos um barco que navega a remos... Adianta-se lentamente e com grande esforço e fadiga por parte dos remadores. Caso, porém, este barco tenha velas dobradas, admitamos que os remadores resolvam desdobrá-las, a fim de captar o vento que lhes é favorável. Em conseqüência, os marujos deixarão de remar, e o mesmo barco será movido a velocidade "sobre-humana", de maneira nova a muito mais veloz do que quando movido a remos.

Ora o "mover-se a remos" corresponde ao esforço humano (sempre prevenido pela graça) para progredir na prática do bem mediante as virtudes infusas. O "deixar-se mover pelo vento que bate nas velas desdobradas", corresponde ao progresso provocado pela ação direta do Espírito Santo, que move os seus dons (= velas) em nós; progredimos então muito mais rapidamente segundo um estilo novo.

 

b) Eis outra comparação: admitamos um pintor genial que se dispõe a realizar uma obra-mestra. Para iniciar, ele confia aos discípulos mais adiantados o trabalho de preparar a tela, combinar as cores e esquematizar o quadro. Quando tudo está preparado e começa a parte mais importante da obra, o próprio mestre traça as linhas finíssimas de sua obra, revelando o seu gênio e cristalizando a sua inspiração. - De maneira análoga, o Espírito traça no íntimo de cada cristão a imagem do Cristo Jesus. Os inícios desta tarefa, Ele os realiza mediante a nossa colaboração, permitindo-nos agir segundo os nossos moldes humanos (ou mediante as virtudes infusas). Quando, porém, se trata dos traços mais típicos do Cristo na alma humana, o próprio Espírito assume a tarefa da os delinear utilizando instrumentos especialmente finos a preciosos, que são seis dons.

Exemplificando, diremos: o homem prudente que, para a orientação de seus atos, só dispusesse de suas qualidades naturais e da virtude infusa da prudência, acertaria realmente, mas com grande lentidão, depois de várias tentativas. A prudência humana é insegura e tímida, mesmo quando acerta. - Ao contrário, quem age sob o influxo do dom do conselho, que corresponde à virtude da prudência, descobre de maneira rápida, certeira e firme o que deve fazer em cada caso.

Eis outro exemplo: quando o cristão se eleva, pela luz da fé, ao conhecimento de Deus, ele o faz de maneira imperfeita e laboriosa, recorrendo a imagens que são, ao mesmo tempo, claras e obscuras. - Dado, porém, que o cristão seja movido pelo Espírito mediante os dons de sabedoria e inteligência, ele contempla Deus e seu plano salvífico numa lúcida concatenação de idéias em poucos instantes e com grande sabor espiritual (em vez dos esforços exigidos pela virtude da fé).
As normas das virtudes são diferentes das normas dos dons. Quem age sob o influxo das virtudes, segue a norma do homem iluminado pela luz de Deus. Mas quem age sob o influxo dos dons do Espírito, segue a norma do próprio Deus participada ao homem.

 

3. Note-se que os dons do Espírito não são privilégio dos santos. Todos os cristãos os recebem no Batismo. Nem são necessários apenas às grandes obras, mas tornam-se indispensáveis à santificação do cristão mesmo na vida cotidiana.

O cristão pode permitir cada vez mais a ação do Espírito Santo em sua vida mediante os dons, caso se dedique especialmente ao cultivo das virtudes (principalmente da caridade) e se torne mais e mais dócil às inspirações do Espírito Santo. A prática do amor é importante, pois é o amor que nos comunica particular afinidade com Deus, adaptando-nos ao modo de agir do próprio Deus.

Procuramos agora penetrar no sentido próprio de cada um dos dons do Espírito.

 

2. Os dons e particular

 

A Tradição cristã costuma enunciar sete dons do Espírito, baseando-se no texto de Is 11,1-3 traduzido para o grego na versão dos LXX:

 

"(1)Brotará uma vara do tronco de Jessé

E um rebento germinará das suas raízes.

(2)E repousará sobre ele o espírito do Senhor:

Espírito de sabedoria e entendimento,

Conselho e fortaleza,

Ciência e temor de Deus,

(3)Piedade..."

 

O texto original hebraico, em lugar de piedade, dá a ler; "Sua inspiração estará no temor do Senhor". Enumerando seis ou sete dons do Espírito, o texto bíblico não tenciona esgotar a realidade dos mesmos: estes são tantos quantos se fazem necessários para que o Espírito leve o cristão à perfeição definitiva. Os sete dons enumerados pelo texto dos LXX e pela Tradição vêm a ser, sem dúvida, os principais. Distingamo-los de acordo com a faculdade humana em que cada qual se situa:

 

Intelecto: ciência, entendimento, sabedoria, conselho.

 

Vontade: piedade.

 

Apetite irascível: fortaleza.

 

Apetite de cobiça: temor de Deus.

 

Passemos agora à análise de cada qual de per si.

 

2.1. Ciência

 

A ciência humana perscruta o universo e seus fenômenos, procurando as causas imediatas destes e concatenando-as entre si para ter uma explicação mais ou menos clara da realidade.

Ora o dom da ciência, embora não defina a natureza e as propriedades físicas ou químicas de cada criatura, faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus, vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como aceno ao Supremo Bem.

Mais: o dom da ciência leva o homem a compreender, de um lado, o vestígio de Deus que há em cada ser criado, e, de outro lado, a exigüidade ou insuficiência de cada qual.

Vestígio de Deus... São Francisco de Assis soube ouvir e proclamar o canto das criaturas ao Senhor. As flores, as aves, a água, o fogo, o sol... tudo lhe era ocasião de contemplar e amar a Deus.

Exigüidade... Toda criatura, por mais bela que seja, é sempre limitada e insuficiente para o coração humano. Este foi feito para o Bem infinito e só neste pode repousar. Percebendo isto após uma vida leviana, muitos homens e mulheres se converterem radicalmente a Deus. Tal foi o caso de S. Francisco Borja (+ 1572), que ao contemplar o cadáver da rainha Isabel, exclamou: "Não voltarei a servir a um senhor que possa morrer!" Tal foi outrossim o caso de S. Silvestre (+ 1267)... Estes cometeram a "loucura" de tudo deixar a fim de possuir mais plenamente uma só coisa: o Reino de Deus ou a presença do próprio Deus.

O dom da ciência ensina também a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações; estes "contra-valores", no plano de Deus, têm o valor de escola que liberta e purifica o homem. Configuram o cristão a Jesus Cristo, concedendo-lhe um penhor de participação na glória do próprio Senhor Jesus. Se não fora o sofrimento, muitos e muitos homens não sairiam de sua estatura anã e mesquinha,... nunca atingiriam a plenitude do seu desenvolvimento espiritual.

São estes alguns dos frutos do dom da ciência.

 

2.2. Entendimento ou inteligência

 

A palavra "inteligência" é, segundo alguns, derivada de intellegere = intuslegere, ler dentro, penetrar a fundo.

Na ordem natural, entendemos (intelligimus) quando captamos o âmago de alguma realidade. Na linha da fé, paralelamente entender é penetrar, ler no íntimo das verdades reveladas por Deus, é ter a intuição do seu significado profundo. Pelo dom do entendimento, o cristão contempla com mais lucidez o mistério da SS. Trindade, o amor do Redentor para com os homens, o significado da S. Eucaristia na vida cristã....

A penetração outorgada pelo dom da inteligência (ou do entendimento) difere daquela que o teólogo obtém mediante o estudo; esta é relativamente penosa e lenta; além do que, pode ser alcançada por quem tenha acume intelectual, mesmo que não possua grande amor. Ao contrário, o dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus.

Para ilustrá-lo, conta-se que um irmão leigo franciscano disse certa vez a S. Boaventura (+ 1274), o Doutor Seráfico: "Felizes vós, homens doutos, que podeis amar a Deus muito mais do que nós, os ignorantes!" Respondeu-lhe Boaventura: " Não é a doutrina alcançada nos livros que mede o amor, uma pobre velha ignorante pode amar a Deus mais do que um grande teólogo, se estiver unida a Deus". O irmão compreendeu a lição e saiu gritando pelas ruas: "Velhinha ignorante, você pode amar a Deus mais do que o mestre Frei Boaventura!"

O irmão dizia a verdade. Na ordem natural, é compreensível que o amor brote do conhecimento. Na ordem sobrenatural, porém, pode acontecer o inverso: é o amor que abre os olhos do conhecimento. Os que mais amam a Deus, são os que mais profundamente dissertam sobre Ele.

Como frutos do dom do entendimento, podemos enunciar as intuições das verdades da fé que são concedidas a muitos cristãos durante o seu retiro espiritual ou no decurso de uma leitura inspirada pelo amor a Deus. O "renascer da água e do Espírito", a imagem da videira e dos ramos, o "seguir a Cristo" tomam então clareza nova, apta a transformar a vida do cristão.

O dom do entendimento manifesta também o horror do pecado e a vastidão da miséria humana. Por mais paradoxal que pareça, é preciso observar que os santos, quanto mais se aproximaram de Deus (ou quanto mais foram santos), tanto mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância daquele que é três vezes santo.

Em suma, o dom do entendimento faz ver melhor a santidade de Deus, a infinidade do seu amor, o significado dos seus apelos e também... a pobreza, não raro mesquinha, da criatura que se compraz em si mesma, em vez de aderir corajosamente ao Criador.

 

2.3. O dom da sabedoria

 

Na ordem natural do conhecimento, a inteligência humana não se contenta com noções isoladas, mas procura reunir suas concepções numa síntese sistemática, de modo a concatená-las numa visão harmoniosa. A mente humana procura atingir os primeiros princípios e as causas supremas de toda a realidade que ela conhece.

Ora a mesma sistematização harmoniosa ocorre também na ordem sobrenatural. O dom da ciência e o entendimento já proporcionam uma penetração profunda no significado de cada criatura e de cada verdade revelada respectivamente; oferecem também uma certa síntese dos objetos contemplados, relacionando-os com o Supremo Senhor, que é Deus. Todavia o dom que, por excelência, efetua essa síntese harmoniosa e unitária, é o da sabedoria. Esta abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe diretamente sob a luz de Deus, mostrando a grandeza do plano do Criador e a insondabilidade da vida daquele que é o Alfa e o Ômega de toda a criação.
Mais: o dom da sabedoria não realiza a síntese dos conhecimentos da fé em termos meramente intelectuais. Ele oferece um conhecimento sápido ou saboroso da verdade1 ...Saboroso ou deleitoso, porque se deriva da experiência do próprio Deus feita pelo cristão ou da afinidade que o cristão adquire com o Senhor pelo fato de mais a mais amar a Deus. Uma comparação ajudará a compreender tal proposição: para conhecer o sabor de uma laranja, posso consultar, intelectual e cientificamente, os tratados de Botânica; terei assim uma noção aproximada do que seja esse sabor. Mas a melhor via para conseguir o objetivo será, sem dúvida, a experiência da própria laranja que se faz pelo paladar. Os resultados do estudo meramente intelectual são frios e abstratos, ao passo que as vantagens da experiência são concretas e saborosas.

Ora, na verdade, os dons da ciência e do entendimento fazem-nos conhecer principalmente por via de amor ou de afinidade com Deus. Todavia é o dom da sabedoria que, por excelência, resulta dessa conaturalidade ou familiaridade com o Senhor. Ele se exerce na proporção da íntima união que o cristão tenha com o Senhor Deus. "O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos do Bem-amado", dizia um grande místico; a partir da excelsa atalaia que é o próprio Deus, contemplamos todas as coisas quando usamos o dom da sabedoria.

Estas verdades dão a ver quanto nesta vida importa o amor de Deus. É este que propicia o conhecimento mais perspicaz e saboroso do mesmo Deus (o que não quer dizer que se possa menosprezar o estudo, pois, se o Criador nos deu a inteligência, foi para que a apliquemos à verdade por excelência, que é Deus). Aliás, observam muito a propósito os teólogos: veremos a Deus face-a-face por toda a eternidade na proporção do amor com que o tivermos amado nesta vida. O grau do nosso amor, na hora da morte, será o grau da nossa visão de Deus na vida eterna ou por todo o sempre. É por isto que se diz que o amor é o vínculo ou o remate da perfeição (cf. Cl 3, 14). "No ocaso de sua vida, cada um de nós será julgado na base do amor", diz S. João da Cruz.
 

2.4. Conselho

 

Afirmam os teólogos que Deus não deixa faltar às suas criaturas o que lhes é necessário, nem é propenso a dons supérfluos, pois Deus tudo faz com número, peso e medida (cf. Sb 11, 20). Em tudo resplandece a sua sabedoria. Por isto é que Deus é providente, ou seja, Ele providencia os meios para que cada criatura chegue retamente ao seu fim devido.

Ora acontece que, para realizarmos determinada atividade, exercemos um processo mental que tem por objetivo examinar cuidadosamente não só a conveniência dessa atividade, mas também todas as circunstâncias em que ela se deve desenrolar. Muitas vezes esse processo se efetua sem que dele tomemos plena consciência. Quanto, porém, nos vemos diante de uma tarefa rara ou mais exigente do que as de rotina, o processo deliberativo é mais intenso e, por isto, se torna mais consciente; a mente se esforça por ver claro e fazer a opção mais adequada, sem que, porém, o consiga de imediato. Não raro é necessário recorrer ao conselho de outra pessoa mais experimentada.

É por efeito da virtude (natural e infusa) da prudência que cada cristão delibera sobre o que deve e não deve fazer. É a prudência que avalia os meios em vista do respectivo fim.

Pois bem. Em correspondência à virtude da prudência, existe um dom do Espírito Santo, chamado "dom do conselho". Este permite ao cristão tomar as decisões oportunas sem a fadiga e a insegurança que muitas vezes caracterizam as deliberações da virtude da prudência. Esta por si não basta para que o cristão se comporte à altura da sua vocação de filho de Deus,... vocação que exige simultaneamente grande cautela ou circunspecção e extrema audácia ou coragem. Nem sempre a virtude humana entrevê nitidamente o modo de proceder entre polos antitéticos. A criatura, limitada como é, nem sempre consegue conhecer adequadamente o momento presente, menos ainda é apta a prever o futuro e – ainda – sente dificuldade em aplicar os conhecimentos do passado à compreensão do presente e ao planejamento do futuro. É preciso, pois, que o Espírito Santo, em seu divino estilo, lhe inspire a reta maneira de agir no momento oportuno e exatamente nos termos devidos.

Assim o dom do conselho aparece como um regente de orquestra que coordena divinamente todas as faculdades do cristão e as incita a uma atividade harmoniosa e equilibrada. Imagine-se com que circunspecção (cautela e audácia) um maestro rege os múltiplos instrumentos de sua orquestra: assinala a cada qual o momento preciso em que deve entrar e os matizes que deve dar à sua melodia. Assim faz o Espírito mediante o dom do conselho em cada cristão.
Diz a Escritura que há um tempo exato para cada atividade1;

fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno.

Ora nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer Sim ou dizer Não. Nem as pessoas prudentes, após muito refletir, conseguem definir com segurança o que convém fazer. Ora é precisamente para superar tal dificuldade que o Espírito move o cristão mediante o dom do conselho.

 

2.5. Piedade

 

Todo homem é chamado a viver em sociedade, relacionando-se com Deus e com os seus semelhantes. Requer-se que esse relacionamento seja reto ou justo. Por isto a virtude da justiça rege as relações de cada ser humano, assumindo diversos nomes de acordo com o tipo de relacionamento que ela deve orientar: é justiça propriamente dita, sempre que nos relacionamos com aqueles a quem temos uma dívida rigorosa; a justiça se torna religião desde que nos voltemos para Deus; é piedade, se nos relacionamos com nossos pais, nossa família ou nossa pátria; é gratidão, em relação aos benfeitores.

Ora há um dom do Espírito que orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas: é precisamente o dom da piedade. São Paulo implicitamente alude a este dom quando escreve: "Recebestes o espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: "Abá, ó Pai" (Rm 8, 15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai.

E, pelo fato de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo, inspirado pelo mesmo dom da piedade..

Examinemos de mais perto os efeitos do dom da piedade.

Frente a Deus ele nos leva a superar as relações de "dar e receber" que caracterizam a religiosidade natural; leva a não considerar tanto os benefícios recebidos da parte de Deus, mas, muito mais, o fato de que Deus é sumamente santo e sábio: "Nós vos damos graças por vossa grande glória", diz a Igreja no hino da Liturgia eucarística; é, sim, próprio de um filho olhar a honra e a glória de seu pai, sem levar em conta os benefícios que ele possa receber do mesmo. É o dom da piedade que leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus "... para que em tudo seja Deus glorificado", diz São Bento, ao passo que S. Inácio de Loiola exclama: "... para a maior glória de Deus". É também o dom da piedade que desperta no cristão viva e inabalável confiança em Deus Pai,... confiança e entrega das quais dá testemunho S. Teresinha de Lisieux na sua doutrina sobre a infância espiritual.

O dom de piedade não incita os cristãos apenas a cumprir seus deveres para com Deus de maneira filial, mas leva-os também a experimentar interesse fraterno para com todos os seus semelhantes. Típico exemplo deste sentimento encontra-se na vida de S. Francisco de Assis: quando este, certo dia, sonhando com as glórias de um cavaleiro medieval, avistou um leproso, sentiu-se impelido a superar qualquer repugnância e a dar-lhe o ósculo que exprimia a fraternidade de todos os homens entre si.

O dom de piedade, tornando o cristão consciente de sua inserção na família dos filhos de Deus, move-o a ultrapassar as categorias do direito e do dever, a fim de testemunhar uma generosidade que não regateia nem mede esforços desde que sirva aos irmãos. É o que manifesta o Apóstolo ao escrever: "Quanto a mim, de bom grado me despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor" (2Cor 12, 15).

 

2.6. Fortaleza

 

A fidelidade à vocação cristã depara-se com obstáculos numerosos, alguns provenientes de fora do cristão; outros, ao contrário, do seu íntimo ou das suas paixões. Por isto diz o Senhor que "o Reino dos céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele" (Mt 11, 12).
Ora, em vista da necessidade de coragem e magnanimidade que incumbe ao cristão, o Espírito lhe dá o dom da fortaleza. Esta nem sempre consiste em realizar vultosas e admiradas pelo público, mas não raro implica paciência, perseverança, tenacidade, magnanimidade silenciosas... Pelo dom da fortaleza, o Espírito impele o cristão não apenas àquilo que as forças humanas podem alcançar, mas também àquilo que a força de Deus atinge. É essa força de Deus que pode transformar os obstáculos em meios; é ela que assegura tranqüilidade e paz mesmo nas horas mais tormentosas. Foi ela que inspirou a S. Francisco de Assis palavras tão significativas quanto estas: "Irmão Leão, a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós".

 

2.7. Temor de Deus

 

Para entender o significado desde dom, distingamos diversos tipos de temor: a) o temor covarde ou da covardia; b) o temor servil ou do castigo; c) o temor filial. Este consiste na repugnância que o cristão experimenta diante da perspectiva de poder-se afastar de Deus; brota das próprias entranhas do amor. Não se concebe o amor sem este tipo de temor.

Com outras palavras: as virtudes afastam, sim, o cristão do pecado, ajudando-o a vencer as tentações. Isto, porém, acontece através de lutas, hesitações e, não raro, deficiências. Ora pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois então é o Espírito que move o cristão a dizer Não à tentação.

O dom do temor de Deus se prende inseparavelmente à virtude da humildade. Esta nos faz conhecer nossa miséria; impede a presunção e a vã glória, e assim nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. O mesmo dom também se liga à virtude da temperança; esta modera a concupiscência e os impulsos desordenados do coração; com ela converge o temor de Deus, que, por impulso de ordem superior, modera os apetites que poderiam ofender a Deus.

Os santos deram provas sensíveis de santo temos de Deus. Tenha-se em vista S. Luís de Gonzaga, que, conforme se narra, derramou copiosas lágrimas certa vez quando teve que confessar suas faltas,... faltas que, na verdade, dificilmente poderiam ser tidas como pecados. Para o santo, essas pequeninas faltas eram sinais do perigo de poder um dia afastar-se de Deus. Ora, para quem ama, qualquer perigo deste tipo tem importância.

Eis, em grandes linhas, o significado dos dons do Espírito Santo na vida cristã. São elementos valiosos para o progresso interior, elementos que o Espírito mais e mais utiliza, se o cristão procura amar realmente a Deus e ao próximo e jamais dizer um Não consciente às inspirações da graça.

 

(1) Sobrenatural não quer dizer portentoso ou maravilhoso, mas designa o que ultrapassa as exigências de qualquer natureza criada,... o que é dado gratuitamente por Deus. É sobrenatural, portanto, a elevação do homem à filiação divina ou à comunhão de vida com o próprio Deus a fim de chegar à visão de Deus face-a-face.

 

(1) A palavra sabedoria vem do saber, derivado do verbo latino sapere, que significa "ter gosto de..." – O vocábulo português sabo se origina do latino sapor, que é da mesma raiz que sapere".

 

(1) Eis o texto de Ecl 3, 1-8:

"Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora.

Há tempo para nascer, e tempo para morrer.

Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou.

Tempo para matar, e tempo para dar vida.

Tempo para destruir, e tempo para edificar.

Tempo para chorar, e tempo para rir.

Tempo para se afligir, e tempo para dançar.

Tempo para espalhar pedras, e tempo para as ajuntar.

Tempo para dar abraços, e tempo para se afastar deles.

Tempo para adquirir, e tempo para perder.

Tempo para guardar, e tempo para atirar fora.

Tempo para rasgar, e tempo para coser.

Tempo para calar, e tempo para falar.

Tempo para amar, e tempo para odiar.

Tempo para a guerra. e tempo para a paz".

 

D. Estevão Bettencourt, osb - fonte: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS", nº. 479, Ano 2002, Pág. 163.

 

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Domingo, 12/06/2011

Jo 20,19-23

Como o Pai me enviou, também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo!

Hoje celebramos com alegria a solenidade de Pentecostes, que é a vinda do Espírito Santo. O fato está narrado na primeira Leitura e no Evangelho. O Evangelho narra que Jesus nos mandou o Espírito Santo a fim de continuarmos a sua missão na terra: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo!"

O Evangelho destaca também que o Espírito Santo veio sobre os Apóstolos para lhes dar o dom de perdoar os pecados: "A quem perdoardes os pecados, eles lhes será perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos".

Jesus é o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29); e a Igreja é a continuadora de Jesus, levando esse perdão a todos os homens e mulheres do mundo.

Neste pequena trecho do Evangelho, Jesus fala duas vezes: "A paz esteja convosco". Dá impressão que essa foi a finalidade de tudo: dar-nos a paz, uma paz completa e permanente. O pecado gera sentimento de culpa, o que nos tira a paz. Sem paz, a pessoa não tem alegria, nem felicidade, nem força para agir e fazer o bem. Como que é importante o sacramento da confissão!

Também o perdão que nos damos uns aos outros faz bem. Ele traz a paz tanto para quem é perdoado como para quem perdoa. Há pessoas que só vêem as limitações do próximo. Isso é uma "miopia", porque as pessoas têm muito mais qualidades do que defeitos. Destacar as qualidades de uma pessoa é um incentivo para que ela vença as suas falhas e melhore de vida.

A paz é melhor que as riquezas, que as honras e melhor até que a saúde. Mas a paz não nos vem isolada; ela é fruto da justiça e do perdão. Quem é justo e perdoa torna-se uma fonte de paz no mundo.

"Estando fechadas, por medo dos judeus, as portas..." Com esse medo todo, dá impressão que, se o Espírito Santo não tivesse vindo, a Igreja teria acabado ali mesmo.

O Espírito Santo tira o medo exagerado, e acrescenta à nossa coragem a confiança de que Deus fará também a parte dele e nos defenderá. "Se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum" (Mc 16,18).

Na primeira Leitura, o Espírito Santo vem como Luz e Força para os discípulos. Luz para nos mostrar o caminho, e força para seguimos esse caminho.

Outro dado interessante é que o Espírito Santo não veio sobre indivíduos, mas sobre a Comunidade cristã reunida. Ele não deseja destacar pessoas, mas sim a Comunidade, que é o Corpo Místico de Cristo e o principal instrumento de construção do Reino de Deus no mundo.

A Igreja (Comunidade) é a grande agente transformadora do mundo; nós somos membros, ou peças dessa máquina.

Eu vou contar um fato acontecido no Estado do Acre, em 1981. João Eduardo era um senhor, pai de família e líder da Comunidade rural onde ele morava.

O governo desapropriou uma grande área de terra e encarregou o João Eduardo de fazer a distribuição para as famílias de agricultores sem terra.

Durante esse trabalho, João descobriu que havia um atravessador vendendo lotes do assentamento. João o procurou, pediu que ele parasse com aquele ato ilegal, e ameaçou denunciá-lo. O atravessador o ameaçou de morte, caso o denunciasse. Mesmo assim, João Eduardo o denunciou. E não deu outra: ele foi assassinado dia 18/01/1981.

O Espírito Santo nos dá coragem para enfrentar até ameaça de morte, para fazermos o bem e implantarmos a justiça. João Eduardo sabia que a nossa existência não a morte, mas é eterna. E ele acreditava que, se lhe acontecesse alguma coisa, a providência divina não abandonaria a sua família, como de fato não abandonou.

Após a ascensão, os discípulos foram para Jerusalém e se reuniram, a espera do Espírito Santo que Jesus havia prometido. E ali, "todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus" (At 1,14). Que Maria Santíssima esteja também em nosso meio, ela que é a esposa do Espírito Santo.

Pe. Antônio Queiroz CSsR

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                                              "RENASCIDOS NO ESPÍRITO"

Quando se capricha na reforma de uma casa antiga, mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou como nova, a esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um sapato novo era onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que colocava meia sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era como se fosse um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi uma Brasília, que em certa ocasião , mandei fazer uma reforma caprichada e ao sair com ela da oficina, dizia orgulhoso que ficou "novinha" em folha. Nesses três casos, a palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília, continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito de Deus realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser realmente novas criaturas., porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).

Quando o homem toma conhecimento dessa verdade, fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que podia um homem, sendo já velho, nascer de novo,e se era necessário entrar novamente no útero materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de Pentecostes descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem do homem, mas é iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na verdade celebrando o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda humanidade, onde o homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus e aos irmãos em comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a Assembléia ou a reunião dos que crêm e vivem segundo o Espírito, vivenciando um amor que se traduz em serviço, impelido pelos carismas.

Igreja não é um grupo fechado e particular que têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus dons e carismas, o Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para alguns em particular como pensam algumas correntes religiosas. Todos os textos que ilustram essa Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa, não deixam margem para dúvidas a esse respeito. "Derramarei o meu Espírito sobre todo ser humano" – (Joel 3, 1) "todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o barulho, juntaram-se á multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria língua" (Atos 2, 4-5) Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com todos os homens no pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única linguagem!

No espírito descobrimos que somos todos iguais embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos apelos do Espírito, derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos separam e homens de todas as nações, culturas e religiões, iriam se dar às mãos e em uma única voz cantariam um único louvor, ao único e verdadeiro Deus, reunidos em uma única Igreja que já não seria mais este ou aquele templo, esta ou aquela denominação religiosa, mas sim as entranhas do homem. Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos revela: nascemos de novo e nos renovamos porque Deus em seu Espírito Santo, entra em nós. "Nossos ossos estavam secos, nossa esperança havia acabado , texto que em Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo, que tinha perdido a sua identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem Deus não consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste mesmo texto vemos a maravilhosa profecia "Porei em vós o meu Espírito para que vivais... e os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão" isso significa que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e feliz realidade.

Essa possibilidade se concretizou ao anoitecer daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade dos discípulos, concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito. Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma Igreja que na força do Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que estavam fechadas e saiu em missão para anunciar a todos os homens essa verdade, que o Espírito do Senhor nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e mais abundante que o pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e tomar consciência dessa verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor habita nele em Espírito, então passará a produzir os frutos doces e saborosos da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes)

José da Cruz é diácono permanente
                                                                              da Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim

                                                                                                       e-mail:
cruzsm@uol.com.br




 

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Pentecostes
"Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos
vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor."

O tema desde Domingo, é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o

A Páscoa do Espírito   

Pentecostes em quatro dimensões: Maria, Lucas, João e Paulo. Contemplemos o mistério da Páscoa do Espírito.

Símbolo da comunidade ungida

Ela, Maria, havia recebido o Espírito com antecipação. A Energia de Deus havia se apoderado de seu ser com uma pressão inimaginável. "Como isto será?", se perguntava. Como pode um ser humano "gerar" o Filho de Deus? Somente através de um Pentecostes maravilhoso! A santa Pomba iluminou todo seu ser - alma e corpo -, iluminou seu coração, deixou tudo pronto, para que concebesse. Depois a acompanhou segundo a segundo até que desse a luz e lhe inspirou o nome, o titulo de sua obra.  

Nesta mulher, Maria, nós nos vemos refletidos. É a melhor imagem de nossa comunidade, a Igreja. Ela estava lá, no dia de Pentecostes. Neste tempo o Espírito desceu sobre todos e, ela estava incluída. O Espírito desce e comunica a todos para que realizem uma grande obra, semelhante a da santa Encarnação. O Espírito desce para se fazer "mãe" da comunidade, fonte de vida, geradora de Jesus pela palavra e pelo sacramento. Quando Pentecostes acontece há Inspiração e fecundidade. Tudo se ilumina. Abrem-se as portas e tudo se torna viável. Hoje é nossa festa comunitária Hoje é a Páscoa do Espírito.   

A versão de Lucas: as línguas de fogo

Jesus ressuscitado pede à sua comunidade que não se afaste de Jerusalém. Que esperem o presente-promessa do Pai. Sua comunidade imaginou que se tratava do sonho nacionalista da restauração do reino em Israel! Jesus se refere ao batismo do Espírito. Graças a ele, discípulas e discípulos se converteram em cidadãos do mundo, testemunhas até os confins da terra, carismáticos capazes de fazerem milagres. Chegou o batismo do Espírito no Cenáculo, como um furacão. Apareceram "línguas" - "linguagens"; que se iam repartindo. Todos puderam falar e todo o mundo pôde compreendê-los. O Espírito se expressou maravilhosamente em suas palavras.

No Cenáculo aparecem línguas "como de fogo"; através delas o Espírito se derrama. Esse Fogo divino reconstrói a interioridade perdida, suscita a oração que parece impossível, reúne quem se separou pelos acontecimentos da vida, reanima quem havia perdido o sentido e a ilusão, lança os temerosos que estão sem animo. O Espírito é também Vento que não pode ser contido na mera interioridade do Cenáculo. É o "ite missa est" que, depois da Cena Eucarística, dispersa a todos os reunidos na única mesa, para todos os caminhos e lugares do mundo. Pensemos, imaginemos essa impressionante dispersão que se produz a cada domingo, em tantos lugares da terra, quando o presbítero pronuncia "ite missa est". Todos saem, deixam o Cenáculo.  Esse é também o dinamismo do Espírito.

A versão de João: o encorajamento de Jesus

No Cenáculo... Jesus exalou seu encorajamento sobre eles e elas! O Cenáculo é o lugar, onde acontece a Ceia da Comunhão. É ambiente de interioridade, onde Jesus comunica suas confidencias, onde se recria a comunhão, onde se sonha o futuro. Cenáculo é o símbolo da contemplação comunitária, da oração conjunta, da espera ardente. É ponto de chegada. O Espírito enche a Casa, incendeia o lugar. Mas, até mesmo antes de aparecer visivelmente, lá esta o Espírito desprendendo-se de Jesus, que "havendo amado aos seus, os amou até o fim". Ali está emanando, como perfume, de Maria, que concebeu precisamente por meio Dele. O Espírito é o grande artista de interiores.

Cada comunidade cristã esta projetada para ser cenáculo. Esse foi o projeto, o sonho de Deus que nos convocou para entrar no Cenáculo. Por diferentes caminhos, seguindo Jesus, nós chegamos a esse misterioso lugar. Nós temos um lugar na mesa eucarística.  Temos o privilégio da habitação adornada, da mesa sempre posta, onde se oferece o Pão, o Vinho e a Palavra; onde o Espírito consagra os dons e a comunidade, onde se celebra o amor e a comunhão mútua, onde o Senhor deixa - entre uma eucaristia e outra - Seu memorial permanente. Dessa bendita habitação se transforma a casa. Também nossa Igreja é casa do Espírito. Ali esta atuando em cada um de nos, de forma silenciosa.

A versão de Paulo: liberar carismas        

O Espírito nos leva aos "laboratórios" do mundo nos quais se constroem o novo. Por isso, Paulo acaba de nos falar de uma variedade impressionante de carismas presentes na comunidade cristã.

Para que isto seja cada vez mais possível, necessitamos introduzir notáveis mudanças em nossa forma de entender as coisas. Não somente necessitamos; também e, sobre tudo, mecenas, pessoas que facilitem e promovam os carismas dos demais. O renascimento na vida da Igreja se produzirá através de um novo mecenato: o carisma da mulher, o carisma do laico, o carisma do artista... Os mecenas no Espírito discernem onde atua: não apagam o pavio fumegante, nem quebram a cana rachada; crêem nos outros: "quem te crer te crerá".

A Chuva e o Vento de Deus desejam que todas as sementes nasçam, se desenvolvam, cheguem ao ponto. É necessário estar disposto a atender o que o Espírito, que nos dá os novos dons, parece querer. Não devemos queimar nas velhas instituições carismas novos.  Não temos de sacrificar a criatividade em prol da conservação. Se há que acabar com o velho, se acabe. Os mecenas se convertem então em estrategistas da mudança, em condutores da nova vida.

José Cristo Rey Garcia Paredes

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A SOLENIDADE DE PENTECOSTES

 

Testemunhas do Espírito, testemunhas do amor

Em nosso mundo falam-se muitos idiomas. Tantos que muitas vezes não nos entendemos. Também, em nossa cidade encontramos pela rua pessoas que falam outras línguas. Também nós mesmos passamos pela experiência de não encontrar ninguém que entenda nosso idioma quando precisamos de ajuda ou de não poder ajudar adequadamente a alguém porque simplesmente não a entendemos.

Hoje celebramos Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre aquele primeiro grupo de apóstolos e discípulos que, após a morte e ressurreição de Jesus seguiam se reunindo para orar e recordar ao mestre. A vinda do Espírito Santo teve um efeito maravilhoso. De repente, os que tinham estado encerrados e atemorizados se atreveram a sair à rua e a falar de Jesus a todos os que encontravam.

O surpreendente é que naqueles dias Jerusalém era um fervedouro de pessoas de diversos lugares e procedências. Por suas ruas passavam pessoas de todo mundo conhecido daqueles tempos. Mas todos ouviam aos apóstolos falarem em seu próprio idioma das maravilhas de Deus, do grande milagre que Deus tinha feito em Jesus o ressuscitando dentre os mortos.

Desde então o Evangelho saltou todas as fronteiras das nações, das culturas e das línguas. Chegou até aos mais distantes dos rincões de nosso mundo, proclamando sempre as maravilhas de Deus de forma que todos o puderam entender. Junto com o Evangelho chegou também a paz a muitos corações e a capacidade de perdoar, tal e como Jesus no Evangelho diz aos apóstolos. 

Hoje são muitos os que se seguem deixando levar pelo Espírito e com suas palavras e com sua forma de se comportar dão depoimento das maravilhas de Deus. Com seu amor por todos e sua capacidade de servir aos mais pobres e necessitados faz com que todos compreendam o amor com que Deus nos ama em Jesus. Com sua capacidade de perdoar vai enchendo de paz os corações de todos.

O Espírito segue animando em nosso mundo. Há testemunhas que comunicam a mensagem acima das barreiras do idioma ou das culturas. Não foi a mãe Teresa de Calcutá uma testemunha de dimensões universais? Sua figura pequena e débil era um sinal vivente da preferência de Deus pelos mais débeis, pelos últimos da sociedade.

Hoje o Espírito chama-nos a nos deixar levar por ele, a proclamar as maravilhas de Deus, a amar e a perdoar aos que nos rodeiam como Deus nos ama e perdoa, a encontrar novos caminhos para proclamar o Evangelho de Jesus em nossa comunidade. Hoje é dia de festa porque o Espírito está conosco, chegou a nosso coração. Aleluia!

 

Pe.Fernando Torres, cmf

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