TRANSLATE FOR ALL LANGUAGES

BOM DIA

SEJAM BEM VINDOS AOS BLOGS DOS

INTERNAUTAS MISSIONÁRIOS

CATEQUESE PELA INTERNET

Fiéis à Doutrina da Igreja Católica, porque somos católicos.

Respeitamos todas as religiões. Cristãs e não cristãs.

MANDE ESTE BLOG PARA SEUS AMIGOS. ELES TAMBÉM PRECISAM SER SALVOS.

visite o outro blog de liturgia diária

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

..........................................

HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


VEJA AQUI AS LEITURAS DE HOJE





sábado, 21 de abril de 2012

Jesus aparece aos discípulos - 3º Domingo da Páscoa


3º DOMINGO DA PÁSCOA
JESUS RESSUSCITADO APARECE AOS DISCÍPULOS

Comentários-Prof.Fernando

***********
Jesus aparece aos discípulos

Lc 24,35-48
Introdução

          A liturgia deste domingo repete aquela cena em quem cada cristão gostaria de ter vivido. Cena que cada um de nós gostaria de ter estado presente naquele lugar onde os discípulos por duas vezes viram a pessoa de Cristo  ressuscitado aparecer de repente no meio deles. Uma prova histórica da sua ressurreição e da sua divindade.
         Para aqueles que continuam como Tomé antes de colocar o dedo no ferimento de Jesus, nós perguntaríamos:
Até quando vocês continuarão duvidando? Até quando vocês continuarão dizendo que quando quiserem rezar rezarão em casa? Até quando vão duvidar do poder dado por Jesus ao padre para perdoar os pecados? Até quando? Até quando?
         O que estão esperando para mudar a forma de pensar? Estão esperando a desgraça bater a porta de vocês? O seguro paga o prejuízo material. Mais não devolve as vidas de quem morre!
         Neste domingo Jesus mais uma vez prova que ressuscitou. Mostrando que a vida venceu a morte. Hoje, porém, tem gente antecipando a morte antes que a vida desabroche. Para aqueles que praticam o aborto, seria importante lembrar que  o aborto é assassinato!  Aborto é matar um inocente e indefeso. Como terão paz interior sabendo disso? Como ficará a consciência moral depois de executar morte de um feto antes mesmo que ele venha à vida?
         Jesus disse: “Que a paz esteja com vocês!”  Jesus estava se referindo à paz pela vida na presença de Deus. Pela vida em estado de graça. Pelo viver na presença de Deus, e em harmonia com o irmão e com a irmã. A paz com Deus, a paz consigo mesmo e com o irmão. É a paz daqueles que experimentam o banquete eucarístico com freqüência.    
“Os discípulos ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma”. Aqueles que praticam o aborto ficarão com o fantasma do filho que mataram nas suas mentes para o resto da vida.
Os discípulos estavam muito alegres e admirados... Assim como aqueles que acreditam no mistério da ressurreição, e que aceitam o chamado de Jesus Cristo para mudar de vida. Aqueles que são contra o aborto, estão alegres e em PAZ CONSIGO MESMO, COM DEUS E COM O IRMÃO.
O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar. E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são testemunhas dessas coisas.”
            Sim. Nós somos testemunhas dessas coisas como se as  tivéssemos presenciado com nossos próprios olhos. Nós acreditamos mesmo sem ter visto o ressuscitado antes e depois. Assim para longe de nós: a dúvida, a incredulidade, a morte, o aborto, e tudo o mais que nos tira a paz.
         A paz de cristo. Amém.

Sal.

============================


22 de abril -  Domingo
"VÓS SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS!" (3ª Domingo da Páscoa) – Diac. José da Cruz

Certa vez um amigo solicitou minha ajuda para atuar como testemunha a seu favor em um processo trabalhista, antes tive de passar pelo advogado, que sendo um ótimo profissional quis saber em detalhes tudo o que eu iria dizer diante do juiz, caso fosse necessário. Um bom testemunho é feito com firmeza, convicção e clareza de idéia, pois naquele momento a palavra é dele, e o advogado, promotor, juiz, júri, e as partes envolvidas, apenas o ouvem, uma palavra errada ou mal colocada, poderá por a perder todo o processo.
O papel de uma testemunha é convencer quem não presenciou o fato, de que o ocorrido é verdadeiro e não há nenhuma outra interpretação, por isso, se Jesus fosse como um advogado altamente profissional e rigoroso, nem os discípulos e muito menos nós, seríamos constituídos suas testemunhas. No evangelho desse terceiro domingo de páscoa, para início de conversa o confundiram com um fantasma, e olhe que já era praticamente a terceira aparição do Senhor, à comunidade. Os dois que iam para Emaús o confundiram com um forasteiro, na comunidade, as duas primeiras reuniões foram com as portas fechadas, por medo dos judeus, e ele já tinha aparecido uma vez, no evangelho de hoje, mesmo ouvindo o depoimento dos discípulos de Emaús, e vendo Jesus aparecer diante deles, ficaram assustados e cheios de medo, Jesus falou com eles, mostrou as mãos e os pés, deixou-se tocar, ainda assim não acreditaram, a ponto do próprio Senhor lhes censurar porque estavam preocupados e tinham dúvidas no coração. Em uma audiência diante de um tribunal, essas testemunhas seriam no mínimo desastrosas, dá até para imaginar o diálogo “Vocês viram Jesus ou não?”. “Não sabemos Meritíssimo, se realmente era ele, parecia um fantasma, a gente o viu e o tocou, ele até comeu um peixe assado, pode ser que seja ele mesmo”. Que “belo testemunho”, não afirma e nem confirma...
No final do evangelho Lucas afirma que Jesus abriu a inteligência dos discípulos, para entenderem as escrituras. O pensamento humano tem uma tampa, um limite aonde chega a lógica humana depois de investigar e estudar muito alguma questão, mas dali para frente, há um mistério que só pode ser compreendido por aquele que crê, ou seja, ler as escrituras apenas com a nossa inteligência, fechada no horizonte humano, não vamos entender coisa alguma, mas se lermos na perspectiva de Jesus de Nazaré, sua vida, sua história, sua morte e ressurreição, iremos compreender o sentido da vida, porque nele encontramos o nosso verdadeiro DNA, a nossa origem e o nosso fim, em Cristo mergulhamos ao encontro daquele que é a Vida em toda sua plenitude, pois nele fomos recriados, mudou-se a referência, herdamos sim, o pecado original de Adão e Eva, mas agora já sabemos a verdade, não há possibilidade da serpente nos enganar, conhecemos aquele que é mais Poderoso e Sábio do que a serpente, conhecemos aquele que esmagou o mal com a sua morte e ressurreição, não há duas alternativas, só uma e apenas uma, para quem desejar a Salvação : Jesus Cristo , o Filho de Deus.!
Adão e Eva não sabiam o que iria lhes acontecer, não tinham ainda uma referência. Nós temos! Jesus é alguém da Trindade que se fez homem, que se faz ouvir, que se deixa tocar, que senta conosco em uma mesa e faz uma refeição, coloca todas as cartas na mesa, abre o jogo, nada esconde como o tentador e enganador. Joga as claras, ele é a luz do mundo, o único caminho e a única verdade, ele só não pode decidir por nós, por isso o seu reino e o seu projeto de vida nos são apresentados como uma proposta, cabe a nós usarmos o livre arbítrio para aceita-lo ou recusá-lo.
É esse Jesus Cristo Alfa e ômega, princípio e fim, Senhor absoluto da História e Salvador do Homem, que nos congrega como igreja, que nos lava de nossas culpas e nos redime dos nossos pecados, que faz de nossas comunidades um pedacinho do céu prometido, mais ainda, conhecendo nossas fraquezas e limites, sabendo que temos muitas dúvidas no coração, nos alimenta com a eucaristia, fala em sua santa palavra, abrindo a nossa inteligência com o seu espírito que vem do alto.
Embora não sejamos confiáveis para serem suas testemunhas, ele mesmo nos qualifica, nossas palavras nunca caem no vazio, pois é ele próprio que fala, e tocados pela graça da eucaristia, conseguimos superar os limites na nossa relação com o próximo, e se quisermos, o nosso amor será sem limites como o de Jesus, basta aceitar e querer, isso se chama santidade de vida, que permite o entrelaçamento em nós, do humano e divino, aquele que é santo, aceita participar da nossa vida, mesmo com os seus limites e fragilidades.

Uma vez encarnado em Maria de Nazaré, Jesus se encarna de novo em cada homem, e em cada mulher, que esteja disposto a acolhê-lo, para fazê-lo nascer nos corações de outros homens e mulheres, que ainda não o conhecem, é aí que acontece o testemunho, onde o amor é imprescindível! “Nisso reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. Qualquer outro testemunho ou revelação, que não trouxer a exigência do amor a Deus e ao próximo, é falso e não será digno sequer de atenção.

============================
Dia 29 de abril - domingo
Jo 10,11-18

O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.
Hoje, o quarto domingo da Páscoa, chamado o Domingo do Bom Pastor, nós celebramos o Dia Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas. No Evangelho, Jesus se apresenta como o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. A parábola está dividida em três partes, e continua amanhã e depois.
A comparação é muito viva, porque seus ouvintes eram, na maioria, pastores. Jesus é o nosso Bom Pastor e nós somos as suas ovelhas. Ele cuida de nós com carinho, inclusive carregando nas costas as ovelhas que se afastam do rebanho (Lc 15,1-10). Deus ama você por inteiro, isto é, com as suas falhas e tudo. Por isso que ele vai atrás de você, quando você peca. Não só vai atrás mas, com carinho põe você nas costas e traz de volta para o rebanho. Como é bom sabermos disso! Faz-nos felizes e alegres, em meio às lutas da vida.
“O mercenário, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e devora. Pois ele é apenas mercenário e não se importa com as ovelhas.” Nós cristãos nos preocupamos com as ovelhas desgarradas, que estão à mercê dos mercenários, pessoas que têm outros interesses que não são o bem das ovelhas. Queremos trazer todas para o rebanho do Bom Pastor, pois assim elas estarão protegidas e se salvarão.
Redil é o curral de ovelhas. Ele geralmente é grande e cabem muitos rebanhos, que passam a noite juntos para se defenderem dos animais predadores. Quando começa o dia, é só o pastor chamar que as suas ovelhas vêm.
“Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem.” Deus nos deu um dom, chamado “sensus fidelium”. A tradução literal é: O sentido dos fiéis. São Clemente traduzia esse dom chamando-o de “nariz católico”: Os cristãos têm um “faro” pelo qual percebem se uma pessoa está falando em nome da Igreja de Jesus Cristo, ou não.
“Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir.” “Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor” (Mc 6,34). Era por isso que Jesus não parava, vivia pregando a Palavra de Deus, curando os doentes e fazendo todo tipo de bem ao povo. Ele sabia que o povo está sujeito a milhares de mercenários e de lobos, que não se interessam pelas ovelhas e querem apenas aproveitar-se delas.
Nesta parábola do Bom Pastor, Jesus vê a sociedade divida em quatro grupos: 1) As ovelhas, isto é, o povo em geral. 2) Os lobos são os exploradores do povo. 3) Os mercenários são aqueles que só cumprem o que está mandado, pensando não no povo, mas no seu salário ou nos seus interesses. 4) E felizmente existem os bons pastores que continuam o trabalho de Jesus, cuidando bem das ovelhas e indo atrás das ovelhas afastadas. Pena que estes são poucos! “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!” (Mt 9,37-38). O desejo de Jesus é que haja “um só rebanho e um só pastor”. Este é também o nosso desejo e a nossa luta.
Certa vez, Jesus estava andando com os Apóstolos e anoiteceu. Noite muito escura, de modo que não podiam mais andar. Pedro foi até uma casa e bateu. Veio o dono da casa e ele lhe disse: “A gente queria um pouso. É possível?” O homem falou: “Sim. Nós damos um jeito”. Pedro ficou meio sem graça e disse: “Acontece que eu não estou sozinho. Há mais doze ali na estrada”. O homem assustou-se, mas pensou um pouco, conversou com a esposa e respondeu: “Mande-os entrar aqui. A gente dá um jeito”. Pedro chamou o grupo, eles entraram e lavaram os pés enquanto a dona da casa preparava algo para comerem. Eles comeram e foram dormir. No outro dia, agradeceram e foram embora.
Muitos anos se passaram e aquele dono da casa morreu. Quando foi chegando à porta do céu, encontrou doze parentes seus que estavam tristes, porque S. Pedro não os havia deixado entrar. Disse-lhes que o lugar deles era o inferno. Então falaram para o homem que acabava de chegar: “A gente estava esperando você, porque sabíamos que você vinha logo. Converse lá, dê um jeito”.
O homem aproximou-se da porta, S. Pedro olhou a ficha dele e disse: “Sua ficha é pesada. Seu lugar seria o inferno. Mas você acolhia os peregrinos. E, como Jesus disse: ‘Eu era peregrino e me acolheste, por isso venha para o Reino’, você está admitido. Pode entrar”.
Nesta hora o homem falou: “Mas eu não estou sozinho. Tenho mais doze ali atrás!” Pedro olhou bem para ele e se lembrou da hospedagem lá na terra. Emocionado, usou a mesma frase que o homem havia usado para ele: “Pode chamar todos eles; a gente dá um jeito”. Assim todos entraram no céu e fizeram a festa, a festa que não tem mais fim.
Os peregrinos são como ovelhas desgarradas. Precisamos acolhê-los.
Neste Dia Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, peçamos a Maria Santíssima, a Mãe da Igreja, que interceda por nós junto do seu Filho, para que tenhamos muitas e santas vocações!
O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.
Padre Queiroz
 ============================
Jesus aparece aos discípulos - Sal


22 de abril


Lc 24,35-48

             Os dois discípulos da estrada de Emaús contavam o que havia acontecido na estrada como Jesus havia aparecido no meio deles, porém eles não o reconheceram. E também falavam de como eles tinham finalmente reconhecido o Senhor quando ele partiu o pão. Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no meio deles com as portas e janelas fechadas. E para que eles se acalmassem, Jesus ordenou que tocassem em suas cicatrizes, e acabou comendo um pedaço de peixe. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho. Os discípulos não sabiam o que dizer meio duvidosos, porém estavam muito alegres e admirados.
 Depois de comer o peixe, Jesus disse: - Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos.
Quando ouvimos na liturgia da missa as leituras do livro dos profetas, poderíamos questionar se realmente eles tiveram experiências com Deus. Certa vez um jovem me interrogou: Professor, disse ele. Fico intrigado quando ouço nas leituras: Assim fala o Senhor... (Ele estava se referindo às leituras dos referidos profetas). Eu me pergunto. Fala sério! Deus falou mesmo àqueles homens? Ou será que eles colocaram palavras na boca de Deus?  Como você me explica isso?
Respondi. Jovem, realmente Deus falou pelos profetas. Não que Deus tenha aparecido a todos eles e ditou todas aquelas palavras. Você certamente já ouviu falar em INSPIRAÇÃO. Certo? Pela inspiração do Espírito Santo, Deus colocou as palavras nas bocas dos profetas. E não os profetas colocaram as palavras na boca de Deus!  Veja. Quando o sacerdote faz o sermão, está falando pela inspiração de Espírito de Deus. Do mesmo modo, quando o escritor sagrado escrevia, aquelas palavras eram ditadas por Deus, num processo de inspiração. Do mesmo modo, o catequista recebe iluminação especial para ensinar a palavra de Deus. Os profetas não eram homens lunáticos, fanáticos, ou com problemas de alucinações. Pelo contrário.  Os profetas eram homens escolhidos por Deus como intermediários entre Deus e os demais homens. Eles, os profetas, foram instrumentos iluminados de Deus, par iluminar o mundo. Tanto é verdade, que o próprio Jesus fez várias referências aos profetas, como o fez no Evangelho de hoje. 
Para a nossa alegria, aquele jovem, sanou a sua dúvida, e não teve mais problema de questionamento de fé ao ouvir as leituras dos livros dos profetas. Isso foi dito por ele dias depois no curso de crisma.
Deus nos fala através da boca do padre, do catequista, do leitor que lê as escrituras, assim como também nos fala através dos acontecimentos. Fiquemos, pois ligados para ouvir Deus.
Amém,  Sal.

 

============================

 

22 de abril – DOMINGO
Lc 24,35-48

Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia.
Este Evangelho narra a aparição de Jesus aos onze Apóstolos, após a ressurreição. Jesus procura fortalecer a fé deles, mostrando-lhes suas mãos e pés com as chagas, e comendo com eles.
Apesar das evidências, os discípulos ainda relutavam em acreditar, devido ao forte impacto que lhes causou a morte e o sepultamente de Jesus. Só pode ser um fantasma, isto é, um tipo de alucinação coletiva, pensaram.
“Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia.” Esta prova das Escrituras está ao alcance de todos nós, pois quando lemos corretamente a Bíblia, o Espírito Santo abre a nossa inteligência para a entendermos corretamente.
E Jesus pede que “no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações... Vós sereis testemunhas de tudo isso”. Os discípulos atenderam bem a esse pedido, como vemos, na primeira Leitura da Missa, Pedro falando em nome de todos os discípulos: “Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos, e disso nós somos testemunhas” (At 3,15). Na segunda Leitura (1Jo 2,1-5a), S. João nos convida a renunciar ao pecado.
A recomendação de Jesus, de anunciar o seu nome a todas as nações, vale também para nós que “cremos sem ter visto”. Pela fé, somos testemunhas de que Jesus está vivo, e levamos essa verdade a todas as pessoas. A Comunidade cristã, através da sua alegria, união e vitalidade, é a principal testemunha de que Cristo está vivo e presente nela. É um testemunho que ela dá pela sua própria vida.
Recebemos essa fé dos nossos pais e da nossa Comunidade; e nós a levamos para frente, através da nossa dedicação à Comunidade e do nosso testemunho no meio em que vivemos. “Vós sereis testemunhas de tudo isso”.
E se estivermos fraquejando na fé, Jesus terá outros meios de aparecer no nosso meio e nos encorajar novamente. Ele costuma usar para isso os seus próprios discípulos que, capacitados pelo Espírito Santo, têm o dom de fortalecer a fé dos irmãos.
Jesus aproveitou ao máximo os seus dias na terra. Ele não ficava esperando as pessoas, mas ia atrás delas. Anunciava a Boa Nova nas praças, nas sinagogas, na beira dos rios, nas estradas... em qualquer lugar.
Houve, certa vez, um incêndio numa floresta. Um beija-flor ia até o córrego, enchia o biquinho de água, vinha voando bem alto e jogava em cima do fogo para apagá-lo. Um elefante viu a e zombou do beija-flor: “Você acha que, com esse pouquinho de água, vai apagar este incêndio?” “Eu estou fazendo a minha parte” – respondeu o beija-flor – “Se cada um aqui fizer também a sua parte, tenho certeza que apagaremos este incêndio”.
Diante dos grandes problemas do mundo, as pessoas costumam ter três atitudes: 1ª) A acomodação: eu não dou conta mesmo, por isso não faço nada. Esta foi a atitude do elefante que, com a sua enorme tromba, poderia jogar muita água no incêndio. 2ª) A revolta: a pessoa fica triste e desiludida diante dos problemas que são maiores do que a sua capacidade de resolvê-los. 3ª) Dar o primeiro passo, por pequeno que seja, na esperança de que Deus entrará no meio, abençoará e maravilhas acontecerão. Esta foi a atitude do beija-flor. Não nos esqueçamos dos cinco pãezinhos que o Apóstolo apresentou a Jesus, para alimentar cinco mil pessoas.
Que Maria Santíssima nos ajude a ser “discípulos e missionários do seu Filho, para que nossos povos tenham mais vida nele”.
Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia.
Padre Queiroz.
============================

JESUS PROVA QUE RESSUSCITOU

Os discípulos ficaram apavorados! Pensaram que era um fantasma. Porém, Jesus os acalma mostrando-lhes os ferimentos dos cravos em seus punhos, e comendo um pedaço de peixe. Jesus deixou que o matassem, apesar da  insatisfação de seus queridos amigos, porque isso fazia parte do Plano de Deus.
Quando Jesus sofria na cruz, houve quem disse: Ele salvou outras pessoas mais não pode salvar a si mesmo. É que essas pessoas não sabiam do plano de Deus que foi anunciado pelos profetas. Jesus podia sim se salvar daqueles sofrimentos de cruz, mas preferiu coisa melhor como foi planejado, voltar à vida no terceiro dia.
Jesus é a nova Aliança. Antigamente, o povo de Deus matava e oferecia cordeiros ao Pai. Jesus avisa que daquela data em diante, Ele é o novo cordeiro. Um novo acordo, Uma Nova Aliança.  O Cordeiro Pascal que é oferecido a Deus pelos nossos pecados, e sofre sem reclamar.
Para reconciliar consigo todos os homens destinados à morte por causa do pecado, Deus tomou a iniciativa amorosa de enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as Escrituras». E não segundo a vontade de algumas pessoas que passaram e viram o Crucificado sofrer calado.
Toda a vida de Cristo é oferta livre ao Pai para realizar o seu desígnio de salvação. Ele dá «a sua vida em resgate por muitos» (Mc 10,45) e deste modo reconcilia com Deus toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam como a sua humanidade é o instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os homens.
E após ser imolado, o Novo Cordeiro da Nova Aliança, ressuscita no terceiro dia, e prova isto aparecendo a várias pessoas.
Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e testemunhos, a Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus, ainda hoje é vista por alguns com descrença. Tem gente que se recusa a acreditar nestes fatos históricos, e vêem Jesus como um homem histórico, e não como o filho de Deus que se fez homem.
A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena como acreditam os espíritas. O Seu corpo ressuscitado é Aquele que foi crucificado e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante participante da vida divina com as propriedades dum corpo glorioso.
Que a nossa fé no ressuscitado seja igualmente gloriosa e sem sombras de dúvidas. Pois a Ressurreição de Cristo foi um fato histórico.
Sal
============================
Evangelhos Dominicais Comentados

22/abril/2012  --  3o Domingo da Páscoa

Evangelho: (Lc 24, 35-48)


O Evangelho de hoje é riquíssimo em sua mensagem. Vamos juntos ressaltar alguns momentos para a nossa reflexão: Primeiro, vamos analisar o comportamento dos discípulos que se dirigiam para Emaús.

Estavam arrasados, cabisbaixos e sem rumo. Evidentemente tinham bons motivos para se sentirem assim. Voltavam para as suas terras, derrotados. Suas vidas já não tinham mais sentido. Não havia mais motivo para lutar.

O Mestre, em quem tanto acreditavam, o Messias que viria para aniquilar o inimigo, estava morto. Parecia que ninguém estava se importando com eles. Todos os sonhos e castelos se desmoronaram. Caminhavam conversando sobre isso, quando Jesus lhes aparece e anda com eles os quilômetros restantes. Caminharam vários quilômetros, lado a lado com Jesus, e não o reconheceram.

Quantas vezes nos comportamos da mesma maneira. Parece que nada mais tem jeito e que tudo se acabou. Andamos quilômetros e quilômetros, dias e dias cabisbaixos, sem rumo e totalmente descrentes, sem perceber que Jesus caminha conosco. O Mestre está ao nosso lado pronto, até mesmo, para carregar-nos no colo, e não pedimos ajuda, pois não o reconhecemos.

No entanto, ao repartir o pão, os discípulos reconheceram Jesus. Através da Partilha Jesus se manifesta e mostra sua presença. Só podemos reconhecer Jesus e sentir sua presença na partilha, na distribuição do pão e dos dons.

Para se fazer conhecer, Jesus pede algo para comer. Se alguém duvida, ai está a grande prova de sua presença. Jesus se manifesta no pedinte. Ao repartir com o faminto e maltrapilho, ao dividir com o marginalizado, com o doente e com o excluído, fatalmente nos deparamos com Jesus. 

Finalizando, Jesus se coloca no meio de seus discípulos e lhes deseja a paz. Essa saudação de Jesus não é mera formalidade. A Paz de Jesus é alegria da alma, é paz interior. Paz é vida em plenitude, é comunhão, respeito, liberdade e cidadania.

Essa é a Paz de Jesus. Custe o que custar, essa é a paz que devemos buscar. Entretanto, é preciso estar preparado, pois na luta pela paz vamos encontrar milhares de obstáculos. As grandes potências, a indústria da guerra, os interesses econômicos e políticos não respeitam a vida e matam em nome da paz.

Por tudo isso, não é fácil a tarefa de quem luta pela paz. Talvez encontre a própria morte. No entanto, testemunhar e buscar a paz é missão do cristão. Alegre-se, portanto, com esta boa notícia: a morte não é o fim! É o começo da verdadeira vida! Por isso, não tenha receio em lutar por justiça, pois a Glória Eterna é o verdadeiro e único fim para quem caminha com Jesus.

(1977)


============================
“... SOU EU MESMO! TOQUEM-ME E VEJAM”. – Olívia Coutinho



Dia 22 de Abril de 2012

3º Domingo da Páscoa

Evangelho Lc 24,35-48

Terceiro domingo da Páscoa! Ainda estamos vivendo no clima da grande apoteose: o acontecimento que marcou a história da humanidade, quando celebra-se o ápice do ano litúrgico, a feliz conclusão do drama da Paixão, que deu lugar a imensa  alegria depois da dor!
A liturgia deste tempo forte, nos insere no mistério do amor de Deus, nos impulsiona a alargar os nossos  passos nesta nossa caminhada de fé.
“O Mistério Pascal é de tal importância na vida litúrgica da Igreja e na vida e atividade apostólica de todos os redimidos pelo Sangue de Cristo, que a sua celebração se prolonga por cinqüenta dias, número cheio de significado, pois exprime a plenitude da salvação definitivamente alcançada por Jesus Ressuscitado e por Ele oferecida aos homens”.
Não basta crermos  na ressurreição, é preciso  vivê-la no nosso dia a dia,  aceitando a nossa condição humana, nossas fragilidades, imperfeições, mas sempre na certeza de que: configurados  ao  Cristo ressuscitado, tornaremos fortes, sinal da sua presença viva no mundo.
Viver a ressurreição é descobrir o segredo da verdadeira felicidade, mistério tão desejado e ansiado pelo coração humano, é  ter o olhar transfigurado pelo Espírito Santo que nos faz enxergar com clareza o que está oculto aos  olhos do mundo,  é estar com os ouvidos  bem apurados para distinguir os clamores dos  que sofrem, em meio  os ruídos dissonantes do mundo e nos colocar prontos para servi-los.
Só faz a experiência do Cristo ressuscitado, quem vive a experiência da cruz.
Se pautarmos a nossa vida no exemplo de Jesus, não precisamos temer a cruz, a cruz é o  caminho da  nossa vitória!  Quando impregnados na força do  Cristo ressuscitado,  até o nosso sofrimento se transforma num bem para nós, é como um trampolim para a nossa ascensão! É mergulhando no mais profundo de nossas dores, que adquirimos o impulso para nos reerguer e ressuscitar com Jesus para uma vida nova!
A belíssima narrativa do evangelho de hoje, nos fala de mais uma aparição de Jesus!
Enquanto os dois discípulos, comentavam com os demais, a experiência que tiveram com Jesus ressuscitado, no caminho  para Emaús, Jesus aparece no meio deles e os  saúda dizendo:” A paz esteja convosco”! 
Assustados, os discípulos chegaram a pensar  que se tratava de um fantasma, ainda havia dúvidas em seus corações e mesmo depois de terem vistos as marcas da cruz nas mãos e nos pés de Jesus eles continuaram com dificuldades em  acreditar, afinal, tudo aquilo era grande demais para a compreensão deles, que acabara  de vê-Lo morto  na cruz!
Mesmo diante de tudo isso, Jesus não os repreende, pelo contrário, compreende a  dificuldade deles em assimilar tudo aquilo.  E numa atitude de amor, Jesus abriu-lhes a inteligência para que eles entendessem as Escrituras e tornassem Suas testemunhas.
A partir de então, os discípulos foram  convocados a anunciar o Cristo ressuscitado!
Esta também é a missão de todo aquele que vê em Jesus,  o único caminho que nos leva ao Pai!
Jesus Ressuscitado, no encontro com os discípulos, transmitiu- lhes a paz, a paz que os libertou do medo que os mantinha presos.  Essa Paz, de Jesus, hoje chega a até a nós, é uma paz diferença daquela que o mundo nos oferece. É a paz que venceu a cruz, que é fruto da ressurreição, paz que  nos liberta, mas que ao tempo  nos inquieta, nos impulsiona a sairmos de nós mesmos para irmos ao encontro do outro!

                 A paz do Cristo ressuscitado  é o ponto fundamental para nossa caminhada de fé!

FIQUEM NA PAZ DE CRISTO! - Olívia
============================
A primeira manifestação de que estamos tocando Jesus é o sentimento de paz que invade o nosso coração. - Maria Regina

Os discípulos de Emaús não perderam tempo e foram dar aos outros a notícia do seu encontro com Jesus. Na mesma hora, como que para confirmar as suas palavras, Jesus apareceu-lhes e disse: "A paz esteja convosco!" Jesus mostrava-se a eles, marcado, cicatrizado, porém vivo e ressuscitado. Embora, alegres e surpresos, eles ainda tinham dúvidas no coração, mas Jesus os convidou a que tocassem nele e pediu-lhes algo para comer.
Por meio das palavras e dos gestos de Jesus os discípulos começaram a entender o porquê de todos os acontecimentos. Assim, Jesus abriu-lhes a inteligência para compreenderem as Escrituras dando-lhes a paz e o entendimento de tudo quanto lhes dissera antes. Do mesmo modo acontece conosco: para que possamos compreender Jesus nós precisamos nos aproximar Dele, tocá-Lo e alimentarmo-nos com Ele.
Quando temos uma experiência com Jesus e chegamos a tocar no Seu mistério de Amor por meio da Sua Palavra nós também alimentamos a nossa alma e temos a inteligência iluminada para compreendermos a obra que Ele quer realizar em nós. Na verdade, a primeira manifestação de que estamos tocando Jesus é o sentimento de paz que invade o nosso coração. Jesus vem também nos dizer que o sofrimento, a dificuldade, a aflição, são os acontecimentos próprios da nossa vida que nos trarão mais tarde a paz, o entendimento, a alegria da superação quando nos apoiamos e temos como exemplo a Sua Ressurreição.
A paz é fruto da justiça. Jesus é o Justo por excelência por isso Ele é o doador da Paz. Porém, a paz que Ele nos trouxe, Ele a conquistou, justamente, na Cruz. O Seu sofrimento e a Sua entrega foram por Amor, por Paixão. Reflita – Você agora entende melhor os acontecimentos que Jesus viveu? – E os acontecimentos da sua vida, você compreende-os? – Você sente essa paz que Jesus veio nos dar? – Ela acontece em você apesar das suas dificuldades? – Você tem mostrado isso na sua vida?
amém
abraço carinhoso
Maria Regina
 ============================

A Palavra de Deus deste domingo do tempo pascal recorda-nos um fato histórico tremendo, ao mesmo tempo misterioso e doloroso: os judeus, povo que esperou o Messias, não acolheu o Messias! E tudo terminou num desastre: "Vós rejeitastes o Santo e o Justo. Vós matastes o Autor da vida. Vós o entregastes e o rejeitastes diante de Pilatos”. Eis, caríssimos: misteriosamente o Povo de Deus do Antigo Testamento não foi capaz de reconhecer o Messias que lhe fora enviado e o entregou a Pilatos, que o mandou crucificar. Não culpemos os judeus. A própria Palavra do Senhor afirma: “Eu sei que agistes por ignorância, assim como vosso chefes. Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer”. Que mistério, amados irmãos: na rejeição dos judeus, que terminou levando Cristo à cruz, o plano de Deus estava sendo cumprido! O próprio Senhor ressuscitado afirma a mesma coisa no Evangelho de hoje: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”.
Mas, por que deveria ser assim? Por que o plano de Deus deveu passar pela cruz, tão feia, tão humilhante, dolorosa e sofrida? Com piedade e unção, procuremos contemplar um pouquinho tão grande e santo mistério. A cruz fazia parte do plano de Deus, caríssimos, primeiramente porque nela se manifesta o que o pecado fez com o homem e do que o homem pecador se tornou capaz: de matar Deus e se desgraçar. A humanidade pecadora – esta, que vemos hoje – de tal modo se fechou para Deus que o está matando (recordem a mais recente punhalada: uma obra de arte blasfema numa exposição no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Lá apresentaram dois terços da Virgem Maria em forma de órgão genital masculino. Os católicos protestaram. E o ministro da cultura do Governo Lula, o Gilberto Gil ficou indignado com os católicos; e muitos artistas foram à rua protestar contra esses católicos reacionários. É a lógica do mundo atual: massacrar Deus, ridicularizá-lo, matá-lo no coração dos homens e do mundo). Desde o início da história temos matado Deus, renegando-o, desobedecendo-o, colocando-o em último lugar... Mas, quando fazemos isso, nos destruímos, nos desfiguramos, edificamos a nossa vida pessoal e social sobre a areia. Na cruz de Jesus, Deus nos mostra isso: a gravidade do nosso pecado, o desastre que é fechar-se para o Senhor. Num mundo que brinca com o pecado e já não leva a sério a gravidade de pecar, olhemos a cruz e veremos o que nosso pecado provoca! Não deixará nunca de impressionar a frase de São Pedro na primeira leitura de hoje: “Vós matastes o Autor da Vida!” – Eis! Com o nosso pecado, matamos aquele que é a Vida e nos matamos a nós!
Mas, a cruz revela também, com toda a força, até onde Deus é capaz de ir por nós: ele é capaz de se entregar, de dar sua vida por nós! No seu Filho o Pai nos entrega tudo de precioso que ele tem! No Filho feito homem de dores, humilhado e derrotado, nós podemos compreender o quanto somos amados por Deus, o quanto ele nos leva a sério, o quanto é capaz de descer para nos procurar! Contemplemos a cruz e sejamos gratos a Deus que se entrega assim!
Finalmente, a cruz revela a estupenda, desconcertante, fidelidade de Deus: nela descobrimos o verdadeiro nome do nosso Deus. E o seu nome é fidelidade, o seu nome é amor. Primeiramente fidelidade e amor do Pai em relação ao Filho. Ao Filho amado que se entregou ao Pai por nós, Deus-Pai o ressuscitou e deu-lhe toda glória. É o que anuncia a primeira leitura de hoje: “O Deus de nossos Pais glorificou o seu servo Jesus. Vós matastes o Autor da Vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos!” Que mistério! O Filho, entregue ao Pai com toda a confiança e todo o abandono, o Filho, feito homem de dores, agora é glorificado pelo Pai e colocado no mais alto da glória. Deus jamais abandona os que a ele se confiam. Podemos imaginar o Senhor Jesus dizendo as palavras do Salmo de hoje: “Eu tranqüilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!” O nosso Salvador adormeceu no sono da morte certo que o Pai o despertaria para a vida da glória! Sim, o Pai é fidelidade, o Pai é amor! Mas, é também fidelidade e amor para conosco. Efetivamente, tudo quanto aconteceu com o Filho na cruz foi por nós, para nossa salvação, para que o nosso pecado, a nossa situação de miséria, encontrasse expiação. Eis como a Palavra de Deus deste hoje insiste nisso: “Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro”. E o próprio Jesus afirma no Evangelho que “no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”. Na cruz e ressurreição do Senhor, Deus, amorosamente nos concedeu o perdão dos pecados!
Então, que temos de fazer para corresponder a tanto amor, a tão grande graça? Três coisas: primeira: crer em Jesus, o Enviado do Pai, que por nós morreu e ressuscitou: “Convertei-vos para que os vossos pecados sejam perdoados!” Quem crer em Jesus, quem diante dele reconhecer-se pecador e o acolher como o Salvador e nele colocar a vida, nele encontrará o perdão que vem pela cruz e a ressurreição. Segunda coisa: viver na Palavra do Senhor: “Para saber se o conhecemos, vejamos se guardamos os seus mandamentos. Naquele que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”. A fé, caríssimos, não é um sentimento nem uma teoria. Nossa fé em Jesus morto e ressuscitado deve levar a um compromisso sério e radical com o Senhor na nossa vida concreta. Quem não guarda os mandamentos, não crê! Quem não crê, fecha-se para a salvação! Terceira coisa: testemunhar Jesus morto e ressuscitado: “Vós matastes o Autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. Disso nós somos testemunhas!” E Jesus diz: “Vós sereis testemunhas de tudo isso!” Caros meus, nós não conhecemos Jesus de um modo teórico. Nós o experimentamos na força da sua Palavra e na graça dos seus sacramentos, sobretudo na participação na Eucaristia. Jesus, para nós, não é um fantasma! “Por que estais preocupados tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!" Sim, meus caros, quantas vezes tocamos Jesus, sentimo-lo vivo, caminhando conosco! Tenhamos, então a coragem de nele crer, de nele viver e dele dar testemunho onde quer que estejamos e onde quer que vivamos. Jesus não é um fantasma! Jesus está vivo! Jesus é Senhor! E que a sua paz, a sua vitória e o seu perdão estejam sempre conosco.
dom Henrique Soares da Costa
============================
O vencido é vencedor
O vencido é vencedor! Na mentalidade de hoje, dificilmente se crê na vitória dos vencidos. Mas é núcleo da fé cristã. Crer em Jesus significa crer na vitória do vencido, na glória do humilhado, no poder do derrotado. Para uns é tolice, para outros é um absurdo, mas é a sabedoria de Deus, é a força de Deus.
O maior fracasso se transformou no maior sucesso. Antes das palavras, os fatos: os apóstolos que, paralisados de medo, abandonaram o Mestre agora estão cheios de vigor. Diante dos fatos não há argumentos, Pedro, antes paralisado de medo diante de uma empregada do chefe, agora se levanta e dá testemunho do Ressuscitado diante da multidão.
A consequência é a necessidade de mudança de cabeça, de mentalidade; é preciso começar a crer que a vida nasce da morte, que o fracassado é esperança de vitória. Isso vai mexer com toda a vida das pessoas e do mundo. A missão agora é anunciar este novo modo de pensar, esta metanoia.
Isso não é uma fantasia; o Ressuscitado não é um fantasma, é o mesmo crucificado. O Cristo, o Messias, a esperança da humanidade é Jesus, é o pobre Galileu crucificado. Essa é a única realidade capaz de reverter os caminhos que estão levando a humanidade à morte. O caminho da vida está aberto porque o derrotado saiu vitorioso, o massacrado está vivo e atuante.
1ª leitura (At. 3,13-15.17-19)
O livro dos Atos dos Apóstolos coloca nos lábios de Pedro o resumo da primeira pregação do cristianismo. Jesus, massacrado pelos do-nos da situação, foi aprovado por Deus na ressurreição. Ele é o Messias, a salvação da humanidade.
O mesmo Pedro que, diante de uma jovem empregada do sumo sacerdote, tinha negado ser discípulo, agora, cercado pela multidão curiosa que se ajuntou em torno do paralítico curado, acusa essa multidão de ter entregado e renegado Jesus diante de Pilatos, que estava inclinado a libertá-lo.
Ele justifica, contudo, a atitude do povo e das autoridades, que ignoravam quem era Jesus. Agora, porém, está claro. O fato da cura do paralítico, se não também do próprio Pedro, antes paralisado de medo e agora encarando a multidão, testemunha que Javé, o Deus dos antepassados, aprovou e confirmou Jesus como Messias, ressuscitando-o dos mortos.
A conclusão é a necessidade de mudança de mentalidade, de cabeça, a metanoia – metá, como em “metamorfose”, e noia, como em “paranóia”. A mudança de mentalidade é que vai fazer que Deus os livre dos pecados. Apagar os pecados é uma obra de Deus, mas exige que, primeiro, se mude a cabeça.
2ª leitura (1Jo. 2,1-5a)
Em algumas comunidades da rede do Quarto Evangelho dizia-se que quem crê em Jesus não peca, pois, segundo o evangelho, ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo e o único pecado é não crer nele (Jo 16,9). Quem crê, portanto, está totalmente isento de pecado. Isso era a consequência prática de dar pouca importância à humanidade de Jesus, à sua morte física, à sua “carne”.
Depois de dizer que, se afirmamos não ter nenhum pecado, estamos enganando a nós mesmos e tachando a Deus de mentiroso, o autor passa a dizer que, se pecamos e reconhecemos nosso pecado, temos um advogado nosso junto do Pai, Jesus, o único justo.
Ele invoca a bondade, a misericórdia, a compaixão, o perdão de Deus pelos nossos pecados. Sua morte verdadeira, seu sangue foram o sacrifício pelos nossos pecados. A palavra ilasmos no Segundo Testamento só ocorre duas vezes e ambas nesta carta de João. No Primeiro Testamento (LXX), a palavra tem geralmente o sentido de sacrifício pelo pecado. O nosso Advogado (aqui Jesus, não o Espírito Santo, cuja possessão possivelmente justificasse a idéia de ausência de pecado) se sacrifica verdadeiramente para conquistar para nós a condescendência do Pai.
O único justo sacrifica verdadeiramente a sua vida pelos nossos pecados, não só pelos nossos, mas pelos de todo o mundo. É na verdadeira morte (sangue) de cruz que ele se torna o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Outra consequência do destaque exagerado dado à divindade de Cristo é não considerar o exemplo do seu comportamento (v. 6) e nem mesmo seus mandamentos. “Quem diz que o conhece, mas não observa os seus mandamentos, é um mentiroso.” Conhecê-lo não é ter noção teórica, nem mesmo momentos sentimentais de intimidade com ele. É ter afinidade, consonância, agir como ele agiu.
Evangelho (Lc. 24,35-48)
Temos, neste domingo, a narrativa inicial da última aparição de Jesus ressuscitado no Evangelho segundo Lucas.
O relato vem confirmar que o ressuscitado é o mesmo crucificado, não é um espírito, um fantasma, uma alma do outro mundo. Talvez fosse mais interessante traduzir: “Eu sou o mesmo”, em vez de: “Sou eu mesmo”. Os detalhes todos convergem para isso.
O episódio começa com o relato feito pelos discípulos de Emaús: o acontecimento do caminho foi Jesus aproximar-se, ver a decepção dos discípulos diante da cruz, julgar, trazer a luz da Escritura para iluminar os acontecimentos. O reconhecimento, porém, deu-se ao “partir do pão”, no gesto que, com a palavra, significou o agir, que foi assumir novamente aquela morte, causa da decepção.
Quando os discípulos estão reunidos, ao entardecer do domingo, Jesus se põe no meio deles com uma saudação litúrgica: “A paz esteja convosco!” A impressão de estarem vendo o que se costuma chamar de “alma do outro mundo”, fantasma, assombração, deixa-os assombrados, apavorados.
Os sinais da morte de cruz nas mãos e nos pés confirmam que o ressuscitado é o mesmo crucificado, ele continua o mesmo. A alegria se mistura ao medo que os discípulos ainda têm. Não é fácil, mesmo, crer que a vida nasça da morte, que a vitória possa vir da derrota. A alegria, porém, já está presente, na perspectiva de ser mesmo verdade, de ser o ressuscitado o mesmo que foi crucificado.
O peixe, alimento comum da Palestina, muito cedo se tornou símbolo de Jesus e da eucaristia. Não é totalmente fora de propósito interpretá-lo assim no evangelho escrito por volta do ano 85. Jesus come com os discípulos o alimento deles, o alimento que é ele (ICTHYS: Iesous Christos Theou Yios Soter).
Mais uma vez está tudo esclarecido. Agora vem a Escritura com a palavra de Jesus confirmar que este era mesmo o projeto de Deus (Is 53,10): o Messias passar por todo o sofrimento e, só então, ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, o dia da aliança de Deus com o povo (Ex. 19,16).
Consequência é a missão dos discípulos. O mesmo Deus que suscitou os profetas e o próprio Jesus, agora, depois de sua morte de cruz, o suscita de novo, para que em seu nome seja anunciada indispensável mudança de mentalidade para livrar a humanidade da escravidão do pecado.
Dicas para reflexão
– Segundo a primeira pregação do cristianismo, Jesus, massacrado pelos donos da situação, foi aprovado por Deus na ressurreição. Ele é o Messias, a salvação da humanidade. A salvação passa pela cruz. O Crucificado é “re-suscitado”, Deus lhe dá novamente a missão.
– Crer em Jesus não é crer somente na sua divindade, é crer também na sua humanidade; é crer que o Filho de Deus, o Messias enviado pelo Pai, é Jesus, é o crucificado, é o derrotado, o humilhado, mas vitorioso, por fim. O Cristo é Jesus, o Filho de Deus é Jesus, o Advogado nosso é Jesus.
– A fé no Crucificado “re-suscitado” exige mudança de mentalidade para a libertação dos pecados. O reino do pecado é o da vitória do mais competente, do mais forte, do mais poderoso, do mais brilhante. O sucesso do fracassado, a vida que vem da cruz exigem que se mude esse modo de pensar, senão o pecado continua prevalecendo.
– O Cristo, o Messias, a esperança da humanidade, é Jesus, é o pobre galileu crucificado. Essa é a única realidade capaz de reverter os caminhos que estão levando a humanidade à morte. O caminho da vida está aberto porque o derrotado saiu vitorioso, o massacrado está vivo e atuante.
– Buscar somente a satisfação imediata, o prazer ou o bem-estar do momento – o que hoje é comum até mesmo em movimentos religiosos –, não leva a nada, não traz salvação, nada muda, apenas reforça o egoísmo avassalador. Sem humildade, sem uma disciplina, sem a pessoa se pôr limites, sem entender o que a cruz significa, nada se constrói e tudo se destrói.
– Celebramos a entrega que Jesus faz de si à pior das mortes, entrega que trouxe a plenitude da vida. Quando Jesus viu que os inimigos queriam dar-lhe a morte de cruz, apesar do pavor que isso lhe causava, não recuou, entregou-se. Como pão partido e vinho repartido, ele se faz alimento da verdadeira fraternidade universal.
padre José Luiz Gonzaga do Prado
============================
Aquele que veio dar a paz
O Ressuscitado apareceu a testemunhas previamente escolhidas para que estas pudessem transmitir de boca e boca, de vida em vida, de geração em geração, na força do Espírito, a certeza de que  Jesus de Nazaré havia vencido a morte e estava vivo para sempre.  Os discípulos de Emaús, depois da especialíssima experiência que haviam tido, encontraram novamente o  Senhor.  “Os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Ainda estavam falando quando o próprio  Jesus apareceu no meio deles e disse: A paz esteja convosco”.
Guiados por Pedro Crisólogo meditemos sobre esta paz que trouxe o Ressuscitado, palavras dirigidas de modo especial a Pedro e João, mas que se dirigem a todos nós:
Voltando da mansão dos mortos, Cristo para dar a paz ao mundo exclama: “A paz esteja convosco!”. Os discípulos falavam ainda quando Jesus se colocou no meio deles e lhes disse:  “A paz esteja convosco”.  Com toda justeza disse:  esteja convosco, porque a terra já estava consolidada, o dia havia voltado, o sol havia retomado seu esplendor e o mundo reencontrado sua ordem e coesão.  No coração dos discípulos, no entanto, ainda havia guerra: fé e falta de fé se digladiavam violentamente. A terra estava tranqüila, mas o coração dos discípulos experimentava turbulência. Fé e falta de fé devastavam sua alma numa guerra sem trégua;  inumeráveis pensamentos assediavam sua mente. Seu coração parecia esmagado numa luta entre esperança e desesperança, apesar de fortes que pareciam ser. Sentimentos e pensamentos dos discípulos estavam como que dilacerados entre os milagres que Jesus havia operado e as inúmeras humilhações de sua morte, entre os sinais de sua divindade e a fraqueza de sua carne, entre o horror da morte e a graça da vida. Por momentos sua alma era elevada ao céu, em outros descia ao mais baixo da terra. Com a fúria do coração não encontravam porto tranqüilo, lugar algum de paz.  Vendo isto  Cristo que escruta os corações, dá ordem aos ventos, governa as tempestades e com um simples sinal muda a tempestade em céu sereno, confirma-os na paz dizendo: “A paz esteja convosco”.  Sou eu. Nada tendes a temer. Sou eu: o que morreu e foi sepultado.  Sou eu.  Para mim Deus, para vós homem. Sou eu.  Não um espírito revestido de um corpo.  Mas a própria verdade feita  homem. Sou eu.  Sou eu, o vivo entre os mortos, celeste no âmago dos ínferos.  Sou eu  que espantou a morte e fez temer a mansão dos mortos.  Os seus habitantes me proclamaram Deus, no seu espanto. Nada tendes a temer, Pedro e João, e todos os que me abandonaram e traíram, todos que ainda não acreditais em mim, mesmo me vendo. Nada temereis.  Sou eu  que vos chamei por graça, que vos escolhi perdoando-vos, que vos sustentei com minha compaixão. Tenho a vós em meu coração e agora vos acolho com minha bondade. O Pai não o mal praticado  quando acolhe um filho.
A fé no Ressuscitado coloca paz no coração do discípulo.
frei Almir Ribeiro Guimarães
============================
“Era preciso que o Cristo padecesse”
Nas leituras de hoje, encontramos alguns títulos do Cristo aos quais estamos pouco acostumados: o Servo, o Santo e o Justo. Referem-se ao Servo Padecente do Dêutero-Isaías. Revelam um acontecimento importante no seio da primitiva comunidade cristã: a releitura das Escrituras (A.T.) à luz dos eventos da morte e ressurreição de Cristo. Tal releitura é, propriamente, a obra do Espírito nos primeiros anos da jovem comunidade. Porém, Cristo mesmo preside a esta obra, como nos mostra o evangelho de hoje (a aparição aos Onze reunidos no cenáculo). Jesus lhes mostra o que “na Lei de Moisés, nos profetas e nos salmos” (as três partes das escrituras) está escrito a respeito do Messias, especialmente, que ele deve sofrer e morrer e, no terceiro dia, ressuscitar.
A comunidade dos primeiros cristãos esforçou-se para reconhecer naquele que os judeus entregaram e mataram (cf. At. 3,13-14 - 1ª leitura) aquele que as Escrituras anunciaram. Tiveram que descobrir um fio escondido, que os outros judeus (pois tam­bém eles eram judeus) não enxergaram: a figura do justo oprimido, do servo sofredor, do messias humilde, do pequeno resto, do profeta rejeitado… Enquanto o judaísmo em geral lia as Escrituras com os óculos de um messianismo terrestre (geralmente nacionalista), os primeiros cristãos descobriram na aniquilação e ressurreição de Cristo a atuação escatológica de Deus, a nova criação, o início do Reino de Deus por meio de seu “executivo”, o Filho do Homem (cf. Dn. 7), que – acreditavam – voltaria em breve com a glória e o poder do Céu. E este Filho do Homem era, exatamente, o messias des­conhecido, presente em textos que não descrevem o poderoso messias davídico, mas aquele que devia sofrer e morrer.
Esse trabalho da primitiva comunidade, iluminada pelo Espírito do ressuscitado, é um exemplo para nós. Eles fizeram essa releitura para poder dizer aos judeus, em categorias judaicas, que Jesus era, mesmo, o esperado, o dom de Deus, o sentido pleno, a última palavra de nossa vida e de nossa história. Nós, hoje, devemos anunciar a mesma mensagem utilizando as categorias de nosso tempo. Isso não é simples, pois as catego­rias determinam em parte a percepção das coisas e, portanto, também o conteúdo da mensagem. Devemos ler o “Antigo Testamento” de nosso tempo, isto é, a linguagem em que nosso tempo exprime suas mais profundas aspirações. Nem sempre é uma lin­guagem religiosa. Pode ser uma linguagem política, “histórico-material” até! Como recuperá-la para dizer: “Jesus é o Senhor”? Tarefa difícil, mas não impossível.
Nenhu­ma página do A.T. era estritamente adequada para traduzir a mensagem das primeiras testemunhas de Cristo, nem mesmo as páginas do Dêutero-lsaías (p. ex., o Servo de Is. 53,12 aparece como recompensado, em sua vida, pela fama, a honra etc.; isso não se aplica diretamente a Jesus). A mensagem transbordava das categorias. Isso acontece também hoje, quando dizemos que em Jesus temos a “libertação”, categoria socioeco­nômica da dialética materialista. Porém, a inadequação das categorias não nos dispen­sa de usá-las  para dizer aos nossos contemporâneos, numa linguagem que neles encontre ressonância, o que devemos testemunhar. Exatamente para superar a limitação da linguagem e transmitir algo que é “revelação”, algo que não está no poder de nossa palavra, age em nós, até hoje, o Espírito, que, nos primeiros cristãos, completou o que Jesus havia iniciado naquela tarde: a releitura das Escrituras.
A história pós-pascal é uma história de meditação e interpretação do evento de Jesus Cristo. Devemos continuar essa história. Mas ela é, também e sobretudo, a história da encarnação de sua mensagem no amor fraterno, conforme o preceito de Jesus (cf. 2ª leitura). Esta encarnação é, certamente, a melhor “tradução” da mensagem pascal. No amor fraterno da comunidade cristã, o mundo enxerga o Ressuscitado, o Cristo vivo.
Johan Konings "Liturgia dominical"
============================
Aparição em Jerusalém
Os dois a que se refere o Evangelho são os discípulos que estavam a caminho de Emaús e tiveram um encontro pessoal com o Cristo ressuscitado. Um deles é Cléofas que talvez tenha exercido um papel importante na comunidade cristã.
Eles voltam para Jerusalém junto dos outros discípulos e, enquanto contam sobre o acontecido, Jesus aparece pela quinta vez estabelecendo relações diretas com eles.
Este acontecimento se passa à noite, não necessariamente no seu sentido comum, mas como ‘noite das dúvidas’ que os impede de enxergar com os olhos da fé. “Então Jesus abriu os olhos dos discípulos para entenderem as Escrituras.”
Mesmo diante da realidade de Jesus presente, os discípulos ainda duvidam, têm medo e também se sentem arrependidos de O terem abandonado na Sua Paixão. Ao mesmo tempo estão muito alegres com a presença Dele, não conseguem acreditar e ficam confusos. O divino ofusca a mente humana! E Jesus oferece a paz para mostrar o seu perdão e seu infinito amor por eles.
Jesus ajuda-os a acreditar apresentando-se fisicamente e mostrando seu corpo palpável que foi martirizado e crucificado, trazendo as marcas de Sua Paixão. Ele não é apenas um espírito como os discípulos pensam e, por isso, sentem medo. O corpo físico de Jesus é ao mesmo tempo glorioso embora possa tornar-se presente onde, quando e como Ele desejar.
Ele pede que os discípulos o toquem com suas mãos, pois o que se apalpa não pode ser imaginário. E, adaptando-se à psicologia deles, ainda dá outra prova de sua presença real quando pede algo para comer. O Seu corpo glorioso não necessita alimento, mas Ele usa deste argumento para que se aproximem sem medo e apreensão. Com o alimento, Jesus quer manter uma relação fraterna e íntima com seus amigos, e, neste clima amoroso, reafirma o que já havia dito, colocando a importância de se cumprir o que está nas Escrituras sobre Ele.
Por isso, quando a Igreja lê o Antigo Testamento, procura nele o que o Espírito, “que falou pelos profetas”, quer falar-nos a respeito de Cristo.
Jesus quer dizer a eles que todas as Escrituras se realizam Nele. É na Sagrada Escritura que se confirma a missão redentora de Cristo. Porém, antes da Paixão ela era apenas um anúncio, e após a Paixão ela se abre à compreensão das profecias que se cumprem em Jesus, o Cristo.
Quando Jesus diz ‘o que está escrito’, Ele quer lembrar e abrir a mente dos discípulos para que entendam que a ressurreição é o cumprimento, a realização das promessas do Antigo Testamento.
Jesus é a Palavra viva de Deus, diferente daquilo que está apenas escrito, mudo e sem expressão. Jesus Cristo é a plenitude, é a vida da Palavra que foi escrita.  À Luz do Espírito Santo, Ele faz com que todos compreendam as promessas que precisam se realizar, e os envia, em Seu Nome, a anunciar o arrependimento dos pecados e a reconciliação com o próximo. E confirma a missão dos discípulos dizendo que a paz que vem Dele só chegará a todos através do Evangelho que precisa ser anunciado através do testemunho deles.
Após o encontro do túmulo vazio pelas mulheres, Lucas narra as aparições do ressuscitado aos discípulos de Emaús, e, agora, aos onze apóstolos e companheiros. Este texto, exclusivo de Lucas, tem um sentido catequético. As comunidades de cristãos de origem judaica devem reler as escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da vida de Jesus e o distinguirem do tradicional messias glorioso esperado por Israel. O núcleo da narrativa é a comunicação da paz, a afirmação da realidade corpórea do ressuscitado e o testemunho missionário. As comunidades de discípulos devem viver na paz, conscientes da presença de Jesus. A paz é aspiração de todos os povos e religiões. Quem faz a guerra contra a paz são os poderosos, para conquistar mais riqueza e poder. A paz só pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos. A vida eterna, ultrapassada a condição temporal, como ressuscitados, envolve a totalidade da pessoa, corpo e alma, e não como um espírito desencarnado. O ressuscitado não é um espírito. Apresentando-se em "carne e osso", identifica-se com o próprio Jesus de Nazaré. É o Jesus que partilhou o pão com o povo, que trouxe paz a todos e que continua presente na comunidade. Agora, os discípulos devem testemunhar a todas as nações a conversão à justiça para a remoção dos pecados (primeira leitura). A conversão à prática da justiça leva à construção de um mundo de paz, liberto do pecado, assumido por Deus. A conversão à justiça é a prática do mandamento do amor (segunda leitura). E pelo amor se entra em comunhão com Deus em sua vida eterna.
padre Jaldemir Vitório
============================
Um mundo de amor e paz é possível
A narrativa dos discípulos de Emaús é exclusiva de Lucas. A estrutura da narrativa assemelha-se à estrutura celebrativa da eucaristia: a escuta da palavra e a partilha do pão, na qual se reconhece a presença de Jesus.
Os dois discípulos retornam a Jerusalém para contar o que havia acontecido no caminho, e comunicam aos apóstolos reunidos o reconhecimento de Jesus na partilha do pão. Quando estão falando, o próprio Jesus aparece no meio deles. O encontro com Jesus é o encontro com a paz. É a paz em plenitude, a paz da participação da vida eterna do Pai, que Jesus traz a todos.
Mesmo depois da crucifixão de Jesus, os discípulos continuavam com dúvidas sobre o sentido de sua vida. Agora se evidencia que Jesus não foi destruído pela morte e sua missão de anunciar a conversão para participar da vida eterna deve ser continuada pelos discípulos em todas as nações. Jesus tem a vida eterna. Ele continua vivo. Não se trata de um espírito, como era admitido aos mortos em várias culturas e religiões, mas continua vivo em sua corporalidade. É o próprio Jesus de Nazaré, com o qual os discípulos conviveram por alguns anos.
Este texto de Lucas tem um sentido catequético para as comunidades de cristãos de origem judaica, as quais devem reler as escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da vida de Jesus, e o distinguirem do tradicional messias glorioso esperado por Israel. O equivoco desta tradicional expectativa messiânica fica em evidência na fala de Pedro aos "homens de Israel", diante do Templo de Jerusalém, declarando que eles mataram Jesus, o qual, contudo, foi ressuscitado por Deus (primeira leitura).
As comunidades de discípulos devem viver na paz, conscientes da presença de Jesus. A paz é aspiração de todos os povos e religiões. Quem faz a guerra contra a paz são os poderosos na conquista de mais riqueza e poder. A paz pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a todos.
O anúncio da conversão para o perdão dos pecados tem sua origem na pregação de João Batista. Jesus a assume e a aponta como o caminho para a vida eterna. Trata-se da conversão à prática da justiça, na plenitude do amor, pela qual o pecado é removido do mundo. Na observância da palavra de Jesus, o amor de Deus é plenamente realizado (segunda leitura).
Os discípulos de Jesus, em todos os tempos e povos, são convocados a testemunhar que um mundo novo onde reinem a paz e o amor, revestido de eternidade, é possível.
José Raimundo Oliva
============================
A Palavra de Deus deste domingo do tempo pascal recorda-nos um fato histórico tremendo, ao mesmo tempo misterioso e doloroso: os judeus, povo que esperou o Messias, não acolheu o Messias! E tudo terminou num desastre: "Vós rejeitastes o Santo e o Justo. Vós matastes o Autor da vida. Vós o entregastes e o rejeitastes diante de Pilatos”. Eis, caríssimos: misteriosamente o Povo de Deus do Antigo Testamento não foi capaz de reconhecer o Messias que lhe fora enviado e o entregou a Pilatos, que o mandou crucificar. Não culpemos os judeus. A própria Palavra do Senhor afirma: “Eu sei que agistes por ignorância, assim como vosso chefes. Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer”. Que mistério, amados irmãos: na rejeição dos judeus, que terminou levando Cristo à cruz, o plano de Deus estava sendo cumprido! O próprio Senhor ressuscitado afirma a mesma coisa no Evangelho de hoje: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”.
Mas, por que deveria ser assim? Por que o plano de Deus deveu passar pela cruz, tão feia, tão humilhante, dolorosa e sofrida? Com piedade e unção, procuremos contemplar um pouquinho tão grande e santo mistério. A cruz fazia parte do plano de Deus, caríssimos, primeiramente porque nela se manifesta o que o pecado fez com o homem e do que o homem pecador se tornou capaz: de matar Deus e se desgraçar. A humanidade pecadora – esta, que vemos hoje – de tal modo se fechou para Deus que o está matando (recordem a mais recente punhalada: uma obra de arte blasfema numa exposição no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Lá apresentaram dois terços da Virgem Maria em forma de órgão genital masculino. Os católicos protestaram. E o ministro da cultura do Governo Lula, o Gilberto Gil ficou indignado com os católicos; e muitos artistas foram à rua protestar contra esses católicos reacionários. É a lógica do mundo atual: massacrar Deus, ridicularizá-lo, matá-lo no coração dos homens e do mundo). Desde o início da história temos matado Deus, renegando-o, desobedecendo-o, colocando-o em último lugar... Mas, quando fazemos isso, nos destruímos, nos desfiguramos, edificamos a nossa vida pessoal e social sobre a areia. Na cruz de Jesus, Deus nos mostra isso: a gravidade do nosso pecado, o desastre que é fechar-se para o Senhor. Num mundo que brinca com o pecado e já não leva a sério a gravidade de pecar, olhemos a cruz e veremos o que nosso pecado provoca! Não deixará nunca de impressionar a frase de São Pedro na primeira leitura de hoje: “Vós matastes o Autor da Vida!” – Eis! Com o nosso pecado, matamos aquele que é a Vida e nos matamos a nós!
Mas, a cruz revela também, com toda a força, até onde Deus é capaz de ir por nós: ele é capaz de se entregar, de dar sua vida por nós! No seu Filho o Pai nos entrega tudo de precioso que ele tem! No Filho feito homem de dores, humilhado e derrotado, nós podemos compreender o quanto somos amados por Deus, o quanto ele nos leva a sério, o quanto é capaz de descer para nos procurar! Contemplemos a cruz e sejamos gratos a Deus que se entrega assim!
Finalmente, a cruz revela a estupenda, desconcertante, fidelidade de Deus: nela descobrimos o verdadeiro nome do nosso Deus. E o seu nome é fidelidade, o seu nome é amor. Primeiramente fidelidade e amor do Pai em relação ao Filho. Ao Filho amado que se entregou ao Pai por nós, Deus-Pai o ressuscitou e deu-lhe toda glória. É o que anuncia a primeira leitura de hoje: “O Deus de nossos Pais glorificou o seu servo Jesus. Vós matastes o Autor da Vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos!” Que mistério! O Filho, entregue ao Pai com toda a confiança e todo o abandono, o Filho, feito homem de dores, agora é glorificado pelo Pai e colocado no mais alto da glória. Deus jamais abandona os que a ele se confiam. Podemos imaginar o Senhor Jesus dizendo as palavras do Salmo de hoje: “Eu tranqüilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!” O nosso Salvador adormeceu no sono da morte certo que o Pai o despertaria para a vida da glória! Sim, o Pai é fidelidade, o Pai é amor! Mas, é também fidelidade e amor para conosco. Efetivamente, tudo quanto aconteceu com o Filho na cruz foi por nós, para nossa salvação, para que o nosso pecado, a nossa situação de miséria, encontrasse expiação. Eis como a Palavra de Deus deste hoje insiste nisso: “Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro”. E o próprio Jesus afirma no Evangelho que “no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”. Na cruz e ressurreição do Senhor, Deus, amorosamente nos concedeu o perdão dos pecados!
Então, que temos de fazer para corresponder a tanto amor, a tão grande graça? Três coisas: primeira: crer em Jesus, o Enviado do Pai, que por nós morreu e ressuscitou: “Convertei-vos para que os vossos pecados sejam perdoados!” Quem crer em Jesus, quem diante dele reconhecer-se pecador e o acolher como o Salvador e nele colocar a vida, nele encontrará o perdão que vem pela cruz e a ressurreição. Segunda coisa: viver na Palavra do Senhor: “Para saber se o conhecemos, vejamos se guardamos os seus mandamentos. Naquele que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”. A fé, caríssimos, não é um sentimento nem uma teoria. Nossa fé em Jesus morto e ressuscitado deve levar a um compromisso sério e radical com o Senhor na nossa vida concreta. Quem não guarda os mandamentos, não crê! Quem não crê, fecha-se para a salvação! Terceira coisa: testemunhar Jesus morto e ressuscitado: “Vós matastes o Autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. Disso nós somos testemunhas!” E Jesus diz: “Vós sereis testemunhas de tudo isso!” Caros meus, nós não conhecemos Jesus de um modo teórico. Nós o experimentamos na força da sua Palavra e na graça dos seus sacramentos, sobretudo na participação na Eucaristia. Jesus, para nós, não é um fantasma! “Por que estais preocupados tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!" Sim, meus caros, quantas vezes tocamos Jesus, sentimo-lo vivo, caminhando conosco! Tenhamos, então a coragem de nele crer, de nele viver e dele dar testemunho onde quer que estejamos e onde quer que vivamos. Jesus não é um fantasma! Jesus está vivo! Jesus é Senhor! E que a sua paz, a sua vitória e o seu perdão estejam sempre conosco.
dom Henrique Soares da Costa
============================
Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação? É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia do 3° domingo da Páscoa procura responder.
O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço - que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Depois desse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres.
A primeira leitura apresenta-nos, precisamente, o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro e João convidam os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz.
A segunda leitura lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu D Essa coerência deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.
1ª leitura – At. 3,13-15.17-19 - AMBIENTE
A primeira leitura do 3° domingo da Páscoa situa-nos em Jerusalém, à entrada do templo. Pedro e João (esta "dupla" aparece, frequentemente associada na primeira parte do Livro dos Atos dos Apóstolos - cf. At. 4,7-8.13.19) tinham subido ao Templo para a oração da "hora nona" (três da tarde). Um homem, coxo de nascença, que estava à entrada do Templo a mendigar (junto da porta "chamada Formosa"), dirigiu-se aos dois apóstolos e pediu-lhes esmola. Pedro avisou-o de que não tinha "ouro nem prata" para lhe oferecer; mas, "em nome de Jesus Cristo Nazareno", curou-o. "Cheia de assombro e estupefata", a multidão reuniu-se "sob o chamado pórtico de Salomão" para ouvir da boca de Pedro a explicação para o estranho fato (cf. At. 3,1-11). O "assombro" e a "estupefação" traduzem o estado daqueles que testemunham a ação de Deus manifestada através dos apóstolos; é a mesma reação com que as multidões acolheram os gestos libertadores realizados por Jesus. A ação dos apóstolos aparece, assim, na continuidade da ação de Jesus. O nosso texto é parte do discurso que, segundo Lucas, Pedro teria feito à multidão (cf. At. 3,12-26).
Nas figuras de Pedro e João, Lucas apresenta-nos o testemunho da primitiva comunidade de Jerusalém, apostada em continuar a missão de Jesus e em apresentar aos homens o projeto salvador de Deus. Lucas está convencido de que esse testemunho se concretiza, não só através da pregação, mas também da ação dos discípulos. As palavras e os gestos das "testemunhas" de Jesus mostram como o mundo muda quando a salvação chega e como o homem escravo passa a ser um homem livre. O "testemunho" dos discípulos irá provocar, naturalmente, a oposição daqueles que, instalados nos velhos esquemas, recusam os desafios de Deus. Por isso os discípulos de Jesus, arautos desse mundo novo, irão conhecer a perseguição (cf. At. 4,1-22).
MENSAGEM
Pedro, dirigindo-se aos israelitas, dá-lhes a entender que o gesto libertador que beneficiou o homem coxo foi realizado em nome de Jesus. Ele mostra que o projeto de Jesus continua a realizar-se e demonstra que Jesus está vivo. Enquanto percorreu os caminhos da Palestina, Jesus manifestou, em gestos concretos, a presença da salvação de Deus entre os homens e essa salvação continua a derramar-se sobre os homens doentes e privados de vida e de liberdade, é porque Jesus continua presente, oferecendo aos homens a vida nova e definitiva. Os discípulos são os agentes através dos quais Jesus continua a sua obra libertadora e salvadora no mundo.
No seu "testemunho", Pedro começa por se referir aos dramáticos acontecimentos que culminaram na morte de Jesus, explicando-os como o resultado da rejeição da proposta salvadora de Deus por parte dos israelitas e Deus ofereceu-lhes a vida e eles escolheram a morte; preferiram preservar a vida de alguém que trouxe morte e condenar à morte alguém que oferecia a vida ("negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação de um assassino. Destes a morte ao Príncipe da vida” – vs. 14-15a). Deus, no entanto, ressuscitou Jesus, demonstrando como a proposta que Jesus veio apresentar é uma proposta geradora de vida. A ressurreição de Jesus é a prova de que o projeto de Deus - projeto apresentado por Jesus e que os israelitas rejeitaram - é uma proposta geradora de vida e de vida que a morte não pode vencer (v. 15b). Estará tudo terminado para Israel? O Povo não terá mais oportunidade de corrigir a sua má escolha e de fazer uma nova opção, uma opção pela vida? A oferta de Deus terá caducado, face à intransigência dos chefes de Israel em acolher os dons de Deus?
Não. Pedro "sabe" (e se Pedro "sabe" é porque Deus também o sabe) que o Povo agiu por ignorância. O comportamento do Povo, em geral, e dos líderes judaicos, em particular, face a Jesus tem, pois, atenuantes. Na legislação religiosa de Israel, as faltas "involuntárias" tinham um tratamento especial e mereciam um tratamento diferente das faltas "voluntárias" (cf. Lv. 4). Assim Deus, na sua imensa bondade, continua a oferecer ao seu Povo a possibilidade de corrigir as suas opções erradas e de escolher a vida, aderindo a Jesus e ao projeto por Ele apresentado. A prova disso é que o homem coxo recebeu de Deus o dom da vida.
O que é preciso fazer para que essa oferta de salvação que Deus continua a fazer se torne efetiva? É necessário "arrepender-se" e "converter-se". Estes dois verbos definem o movimento de reorientar a vida para Deus, de forma a que Deus passe a estar no centro da vida do homem e o homem passe a "dar ouvidos" às propostas de Deus e a viver de acordo com os projetos de Deus. Ora, uma vez que Cristo é a manifestação de Deus, "arrepender-se" e "converter-se" significa aderir à pessoa de Cristo, crer n'Ele, acolher o projeto que Ele traz, entrar no Reino que Ele anuncia e propõe. Os israelitas podem, portanto, "apanhar a carruagem" da salvação, se deixarem a sua auto-suficiência, os seus preconceitos, o seu comodismo (que os levaram a rejeitar as propostas de Deus) e se aderirem a Jesus e à vida que Ele continua a propor (através do testemunho dos discípulos).
ATUALIZAÇÃO
• Para os cristãos, Jesus não é uma figura do passado, que a morte venceu e que ficou sepultado no museu da história; mas é alguém que continua vivo, sempre presente nos caminhos do mundo, oferecendo aos homens uma proposta de vida verdadeira, plena, eterna. Como é que os nossos irmãos que caminham ao nosso lado podem descobrir que Jesus está vivo e fazer uma experiência de encontro com Cristo ressuscitado? Através de documentos históricos que demonstrem cientificamente a realidade da ressurreição? Para Lucas, o fator decisivo para que os homens descubram que Cristo está vivo é o testemunho dos discípulos. Jesus está vivo e apresenta-se aos homens do nosso tempo nos gestos de amor, de partilha, de solidariedade, de perdão, de acolhimento que os cristãos são capazes de fazer; Jesus está vivo e atua hoje no mundo, quando os cristãos se comprometem na luta pela paz, pela justiça, pela liberdade, pelo nascimento de um mundo mais humano, mais fraterno, mais solidário; Jesus está vivo e continua a realizar aqui e agora o projeto de salvação de Deus, quando os seus cristãos oferecem aos coxos a possibilidade de avançar em direção a um futuro de esperança, oferecem aos que vivem nas trevas a capacidade de encontrar a luz e a verdade, oferecem aos prisioneiros a possibilidade de ter voz e de decidir livremente o seu futuro. Os meus gestos anunciam aos irmãos com quem me cruzo nos caminhos deste mundo que Cristo está vivo?
• A existência humana é uma busca incessante de vida - de vida eterna, plena, verdadeira. Essa busca, contudo, nem sempre se desenrola em caminhos fáceis e lineares. Por vezes é cumprida num caminho onde o homem tropeça com equívocos, com falhas, com opções erradas. Aquilo que parece ser garantia de vida gera morte; e aquilo que parece ser fracasso e frustração é, afinal, o verdadeiro caminho para a vida. Lucas garante-nos, neste texto, que a proposta que Jesus veio apresentar é uma proposta geradora de vida, apesar de passar pelo aparente fracasso da cruz. É de vida vivida na doação, na entrega, no amor total a Deus e aos irmãos, a exemplo de Jesus, que brota a vida eterna e verdadeira para nós e para aqueles que caminham ao nosso lado.
• O apelo ao arrependimento e à conversão que aparece no discurso de Pedro lembra-nos essa necessidade contínua de reequacionarmos as nossas opções, de deixarmos os caminhos de egoísmo, de orgulho, de comodismo, de auto-suficiência em que, por vezes, se desenrola a nossa existência. É preciso que, em cada instante da nossa vida, nos convertamos a Jesus e aos seus valores, numa disponibilidade total para acolhermos os desafios de Deus e a sua proposta de salvação.
2ª leitura - 1Jo 2,1-5ª - AMBIENTE
A liturgia do terceiro Domingo da Páscoa continua a propor à nossa consideração a primeira Carta de João.
Já vimos no passado domingo que este escrito de tom polêmico - destinado provavelmente às comunidades cristãs da parte ocidental da Ásia Menor - procura combater doutrinas heréticas pré-gnósticas e apresentar aos cristãos o caminho da autêntica vida cristã.
Os adeptos das heresias em causa pretendiam "conhecer Deus" (1Jo 2,4), "ver Deus" (1Jo 3,6), viver em comunhão com Deus (1Jo 2,3) e, não obstante, apresentavam uma doutrina e uma conduta em flagrante contradição com a revelação cristã. Recusavam-se a ver em Jesus o Messias (cf. 1Jo 2,22), o Filho de Deus (cf. 1Jo 4,15) e recusavam a encarnação (cf. 1Jo 4,2). Para estes hereges, o Cristo celeste tinha-se apropriado do homem Jesus de Nazaré na altura do batismo (cf. Jo 1,32-33), tinha-O utilizado para levar a cabo a revelação e tinha-O abandonado antes da paixão, porque o Cristo celeste não podia padecer. As doutrinas destes hereges punham em causa a teologia da encarnação e a cristologia cristã.
O comportamento moral destes hereges não era menos repreensível: pretendiam não ter pecados (cf. 1Jo 1,8.10) e não guardavam os mandamentos (cf. 1Jo 2,4), em particular o mandamento do amor fraterno (cf. 1Jo 2,9).
São estas pretensões que o texto que hoje nos é proposto denuncia. Quem diz que não comete pecados, é mentiroso; e, ao mesmo tempo, faz Deus mentiroso. Que necessidade teria Deus de enviar ao mundo o seu Filho com uma proposta de salvação, se o pecado não fosse uma realidade universal (cf. 1Jo 1,8-10)?
MENSAGEM
Na primeira parte do nosso texto (vs. 1-2), o autor critica veladamente esses hereges que consideravam não ter pecados e sugere aos cristãos a atitude correta que Deus espera de cada crente, a propósito desta questão.
O cristão é chamado à santidade e a viver uma vida de renúncia ao pecado. Deus chama-o a rejeitar o egoísmo, a auto-suficiência, a injustiça, a opressão (trevas) e a escolher a luz. No entanto, o pecado é uma realidade incontornável, que resulta da fragilidade e da debilidade do homem. O cristão deve ter consciência desta realidade e reconhecer o seu pecado. Não fazer isto é fechar-se na auto-suficiência, é recusar a salvação que Deus oferece (quem sente que não tem pecado, também não sente a necessidade de ser salvo) e é, portanto, "pecar".
O cristão é aquele que reconhece a sua fragilidade, mas não desespera. Ele sabe que Deus lhe oferece a sua salvação e que Jesus Cristo é o "advogado" (literalmente, "parakletos", que podemos traduzir por "defensor") que o defende. Ele veio ao mundo para eliminar o pecado - o pecado de todos os homens.
Na segunda parte do nosso texto (vs. 3-5a), o autor da carta refere-se à pretensão dos hereges de conhecer a Deus, mas sem se preocuparem em guardar os seus mandamentos. Na linguagem bíblica, "conhecer Deus" não é ter de Deus um conhecimento teórico e abstrato, mas é viver em comunhão íntima com Deus, numa relação pessoal de proximidade, de familiaridade, de amor sem limites. Ora, quem disser que mantém uma relação de proximidade e de comunhão pessoal com Deus, mas não quer saber das suas propostas e indicações para nada, está a mentir. Não se pode amar e não considerar as propostas da pessoa que se ama. O "conhecer Deus" exige atitudes concretas que passam pelo escutar, acolher e viver as propostas de salvação que Deus faz, através de Jesus.
ATUALIZAÇÃO
• A questão fundamental que o nosso texto põe é a da coerência de vida. O cristão é uma pessoa que aceitou o convite de Deus para escolher a luz e que tem de viver, dia a dia, de forma coerente com o compromisso que assumiu Não pode comprometer-se com Deus e conduzir a sua vida por caminhos de orgulho, de auto-suficiência, de indiferença face a Deus e às suas propostas. A vida do crente não pode ser uma vida de "meias-tintas", de comodismo, de opções volúveis, de oportunismos, mas tem de ser uma vida conseqüente, comprometida, exigente. Na minha vida procuro viver, com coerência e honestidade, os meus compromissos com Deus e com os meus irmãos, ou deixo-me levar ao sabor da corrente, das situações, das oportunidades?
• Essa coerência de vida deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana. O pecado não é algo "normal", para o crente (o pecado é sempre um "não" a Deus e às suas propostas e isso deve ser visto pelos crentes como uma "anormalidade"); mas é uma realidade que o crente reconhece e que sabe que está sempre presente ao longo da sua caminhada pelo mundo. Hoje, fala-se muito da falta de consciência do pecado e falta de consciência do pecado cria homens insensíveis, orgulhosos e auto-suficientes, que acreditam não precisar de Deus e da sua oferta de salvação. O autor da Carta de João convida-nos a tomar consciência da nossa realidade de pecadores, a acolher a salvação que Deus nos oferece, a confiar em Jesus, o "advogado" que nos entende (porque veio ao nosso encontro, partilhou a nossa natureza, experimentou a nossa fragilidade) e que nos defende. Reconhecer a nossa realidade pecadora não pode levar-nos ao desespero; tem de levar-nos a abrir o coração aos dons de Deus, a acolher humildemente a sua salvação e a caminhar com esperança ao encontro do Deus da bondade e da misericórdia que nos ama e que nos oferece, sem condições, a vida eterna.
• A coerência que o autor da primeira Carta de João nos pede deve manifestar-se, também, na identificação entre a fé e a vida. A nossa religião não é uma bela teoria, separável da nossa vida concreta. É uma mentira dizer que se ama Deus e, na vida concreta, desprezar as suas propostas e conduzir a vida de acordo com valores que contradizem de forma absoluta a lógica de Deus. Um crente que diz amar Deus e, no dia a dia, cria à sua volta injustiça, conflito, opressão, sofrimento, vive na mentira; um crente que diz "conhecer Deus" e fomenta uma lógica de guerra, de ódio, de intransigência, de intolerância, está bem distante de Deus; um crente que diz ter "a sua fé" e recusa o amor, a partilha, o serviço, a comunidade, está muito longe dos caminhos onde se revela a vida e a salvação de Deus. A minha vida concreta, as minhas atitudes para com os irmãos que me rodeiam, os sentimentos que enchem o meu coração, os valores que condicionam as minhas ações, são coerentes com a minha fé?
Evangelho – Lc. 24,35-48 - AMBIENTE
o episódio que Lucas nos relata no Evangelho deste domingo situa-nos em Jerusalém, pouco depois da ressurreição. Os onze discípulos estão reunidos e já conhecem uma aparição de Jesus a Pedro (cf. Lc. 24,34), bem como o relato do encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús (cf. Lc. 24,35).
Apesar de tudo, o ambiente é de medo, de perturbação e de dúvida. A comunidade, cercada por um ambiente hostil, sente-se desamparada e insegura. O medo e a insegurança vêm do fato de os discípulos não terem, ainda, feito a experiência de encontro com Cristo ressuscitado.
Nesta última secção do seu Evangelho, Lucas procura mostrar como os discípulos descobrem, progressivamente, Jesus vivo e ressuscitado. Ao evangelista não interessa tanto fazer uma descrição jornalística e fotográfica das aparições de Jesus aos discípulos; interessa-lhe, sobretudo, afirmar aos cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja, e que os discípulos, reunidos em comunidade, podem fazer uma experiência de encontro verdadeiro com Jesus ressuscitado.
Para a sua catequese, Lucas vai utilizar diversas imagens que não devem ser tomadas à letra nem absolutizadas. Elas são, apenas, o invólucro que apresenta a mensagem. O que devemos procurar, neste texto, é algo que está para além dos pormenores, por muito reais que eles pareçam: é a catequese da comunidade cristã sobre a sua experiência de encontro com Jesus vivo e ressuscitado.
MENSAGEM
A ressurreição de Jesus terá sido uma simples invenção da Igreja primitiva, ou um piedoso desejo dos discípulos, esperançados em que a maravilhosa aventura que viveram com Jesus não terminasse no fracasso da cruz e num túmulo escavado numa rocha em Jerusalém?
É, fundamentalmente, a esta questão que Lucas procura responder. Na sua catequese, Lucas procura deixar claro que a ressurreição de Jesus foi um fato real, incontornável que, contudo, os discípulos descobriram e experimentaram só após um caminho longo, difícil, penoso, carregado de dúvidas e de incertezas.
Todos os relatos das aparições de Jesus ressuscitado falam das dificuldades que os discípulos sentiram em acreditar e em reconhecer Jesus ressuscitado (cf. Mt. 28,17; Mc. 16,11.14; Lc. 24,11.13-32.37-38.41; Jo 20,11-18.24-29; 21,1-8). Essa dificuldade deve ser histórica e significa que a ressurreição de Jesus não foi um acontecimento cientificamente comprovado, material, captável pela objetiva dos fotógrafos ou pelas câmaras da televisão. Nos relatos das aparições de Cristo ressuscitado, os discípulos nunca são apresentados como um grupo crédulo, idealista e ingênuo, prontos a aceitar qualquer ilusão; mas são apresentados como um grupo desconfiado, crítico, exigente, que só acabou por reconhecer Jesus vivo e ressuscitado depois de um caminho mais ou menos longo, mais ou menos difícil.
O caminho da fé não é o caminho das evidências materiais, das provas palpáveis, das demonstrações científicas; mas é um caminho que se percorre com o coração aberto à revelação de Deus, pronto para acolher a experiência de Deus e da vida nova que Ele quer oferecer. Foi esse o caminho que os discípulos percorreram. No final desse caminho (que, como caminho pessoal, para uns demorou mais e para outros demorou menos), eles experimentaram, sem margem para dúvidas, que Jesus estava vivo, que caminhava com eles pelos caminhos da história e que continuava a oferecer-lhes a vida de Deus. Eles começaram a percorrer esse caminho com dúvidas e incertezas; mas fizeram a experiência de encontro com Cristo vivo e chegaram à certeza da ressurreição. É essa certeza que os relatos da ressurreição, na sua linguagem muito própria, procuram transmitir-nos.
Na catequese de Lucas há elementos que importa pôr em relevo:
1. ao longo da sua caminhada de fé, os discípulos descobriram a presença de Jesus, vivo e ressuscitado, no meio da sua comunidade. Perceberam que Ele continua a ser o centro à volta do qual a comunidade se constrói e se articula. Entenderam que Jesus derrama sobre a sua comunidade em marcha pela história a paz (o "shalom" hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranqüilidade, confiança, vida plena - verso 36).
2. Esse Jesus, vivo e ressuscitado, é o filho de Deus que, após caminhar com os homens, reentrou no mundo de Deus. O "espanto" e o "medo" com que os discípulos acolhem Jesus são, no contexto bíblico, a reação normal e habitual do homem diante da divindade (v. 37). Jesus não é um homem reanimado para a vida que levava antes, mas o Deus que reentrou definitivamente na esfera divina.
3. As dúvidas dos discípulos dão conta dessa dificuldade que eles sentiram em percorrer o caminho da fé, até ao encontro pessoal com o Senhor ressuscitado. A ressurreição não foi, para os discípulos, um fato imediatamente evidente, mas uma caminhada de amadurecimento da própria fé, até chegar à experiência do Senhor ressuscitado (v. 38).
4. Na catequese/descrição de Lucas, certos elementos mais "sensíveis" e materiais (a insistência no "tocar" em Jesus para ver que Ele não era um fantasma – vs. 39-40; a indicação de que Jesus teria comido "uma posta de peixe assado" – vs. 41-43) são, antes de mais, uma forma de ensinar que a experiência de encontro dos discípulos com Jesus ressuscitado não foi uma ilusão ou um produto da imaginação, mas uma experiência muito forte e marcante, quase palpável. São, ainda, uma forma de dizer que esse Jesus que os discípulos encontraram, embora diferente e irreconhecível, é o mesmo que tinha andado com eles pelos caminhos da Palestina, anunciando-lhes e propondo-lhes a salvação de Deus. Finalmente, Lucas ensina também, com estes elementos, que Jesus ressuscitado não está ausente e distante, definitivamente longe do mundo em que os discípulos têm de continuar a caminhar; mas Ele continua, pelo tempo fora, a sentar-Se à mesa com os discípulos, a estabelecer laços de familiaridade e de comunhão com eles, a partilhar os seus sonhos, as suas lutas, as suas esperanças, as suas dificuldades, os seus sofrimentos.
5. Jesus ressuscitado desvela aos discípulos o sentido profundo das Escrituras. A Escritura não só encontra em Jesus o seu cumprimento, mas também o seu intérprete. A comunidade de Jesus que caminha pela vida deve, continuamente, reunir-se à volta de Jesus ressuscitado para escutar a Palavra que alimenta e que dá sentido à sua caminhada histórica (vs. 44-46).
6. Os discípulos, alimentados por essa Palavra, recebem de Jesus a missão de dar testemunho diante de "todas as nações, começando por Jerusalém". O anúncio dos discípulos terá como tema central a morte e ressurreição de Jesus, o libertador anunciado por Deus desde sempre. A finalidade da missão da Igreja de Jesus (os discípulos) é pregar o arrependimento e o perdão dos pecados a todos os homens e mulheres, propondo-lhes a opção pela vida nova de Deus, pela salvação, pela vida eterna (vs. 47-48).
Lucas apresenta aqui uma breve síntese da missão da Igreja, tema que ele desenvolverá amplamente no livro dos Atos dos Apóstolos.
ATUALIZAÇÃO
• Jesus ressuscitou verdadeiramente, ou a ressurreição é fruto da imaginação dos discípulos? Como é possível ter a certeza da ressurreição? Como encontrar Jesus ressuscitado? É a estas e a outras questões semelhantes que o Evangelho deste domingo procura responder. Com a sua catequese, Lucas diz-nos que nós, como os primeiros discípulos, temos de percorrer o nem sempre claro caminho da fé, até chegarmos à certeza da ressurreição. Não se chega lá através de deduções lógicas ou através de construções de caráter intelectual; mas chega-se ao encontro com o Senhor ressuscitado inserindo-nos nesse contexto em que Jesus Se revela - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço. É nesse "caminho" que vamos encontrando Cristo vivo, atuante, presente na nossa vida e na vida do mundo.
• É que Cristo continua presente no meio da sua comunidade em marcha pela história. Quando a comunidade se reúne para escutar a Palavra, Ele está presente e explica aos seus discípulos o sentido das Escrituras. Não sentimos, tantas vezes, a presença de Cristo a indicar-nos caminhos de vida nova e a encher o nosso coração de esperança quando lemos e meditamos a Palavra de Deus? Não sentimos o coração cheio de paz - a paz que Jesus ressuscitado oferece aos seus - quando escutamos e acolhemos as propostas de Deus, quando procuramos conduzir a nossa vida de acordo com o plano de Deus?
• Jesus ressuscitado reentrou no mundo de Deus; mas não desapareceu da nossa vida e não se alheou da vida da sua comunidade. Através da imagem do "comer em conjunto" (que, para o Povo bíblico, significa estabelecer laços estreitos, laços de comunhão, de familiaridade, de fraternidade), Lucas garante-nos que o Ressuscitado continua a "sentar-se à mesa" com os seus discípulos, a estabelecer laços com eles, a partilhar as suas inquietações, anseios, dificuldades e esperanças, sempre solidário com a sua comunidade. Podemos descobrir este Jesus ressuscitado que se senta à mesa com os homens sempre que a comunidade se reúne à mesa da Eucaristia, para partilhar esse pão que Jesus deixou e que nos faz tomar consciência da nossa comunhão com Ele e com os irmãos.
• Jesus lembra aos discípulos: "vós sois as testemunhas de todas estas coisas". Isto significa, apenas, que os cristãos devem ir contar a todos os homens, com lindas palavras, com raciocínios lógicos e inatacáveis que Jesus ressuscitou e está vivo? O testemunho que Cristo nos pede passa, mais do que pelas palavras, pelos nossos gestos. Jesus vem, hoje, ao encontro dos homens e oferece-lhes a salvação através dos nossos gestos de acolhimento, de partilha, de serviço, de amor sem limites. São esses gestos que testemunham, diante dos nossos irmãos, que Cristo está vivo e que Ele continua a sua obra de libertação dos homens e do mundo.
• Na catequese que Lucas apresenta, Jesus ressuscitado confia aos discípulos a missão de anunciar "em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém". Continuando a obra de Jesus, a missão dos discípulos é eliminar da vida dos homens tudo aquilo que é "o pecado" (o egoísmo, o orgulho, o ódio, a violência e propor aos homens uma dinâmica de vida nova.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
============================
O dia do Senhor
I. “No dia chamado do sol, reúnem-se num mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos [...]. E reunimo-nos todos no dia do Sol porque é o primeiro da semana, aquele em que Deus criou o mundo, e porque nesse mesmo dia Jesus Cristo nosso Salvador ressuscitou dos mortos” (1). O sábado judeu deu lugar ao domingo cristão desde os começos da Igreja. A partir de então, comemoramos em cada domingo a Ressurreição de Cristo.
No Antigo Testamento, o sábado era o dia dedicado a Javé. Foi o próprio Deus que o instituiu (2), ordenando que nesse dia o povo israelita se abstivesse de certos trabalhos, para dedicar-se a honrá-lo (3). Era também o dia em que se congregava a família e em que se celebrava o fim do cativeiro no Egito. Com o decorrer do tempo, os rabinos complicaram o preceito divino, e no tempo de Jesus estavam em vigor inúmeras prescrições minuciosas e aflitivas que nada tinham que ver com o que o Senhor havia ordenado.
Os fariseus implicaram freqüentemente com Jesus por essas questões. Mas o Senhor não desprezou o sábado nem o suprimiu como dia dedicado a Javé; pelo contrário, parecia ser esse o seu dia predileto: é nesse dia que vai pregar às sinagogas, e muitos dos seus milagres foram feitos num sábado.
A Sagrada Escritura, em numerosas passagens, tinha formulado um conceito alto e nobre do sábado. Era o dia estabelecido por Deus para que o seu povo lhe prestasse culto público, e a dedicação integral da jornada ao Senhor configurava-se como uma obrigação grave4. Houve ocasiões em que os profetas denunciaram a violação do sábado como causa dos castigos de Deus sobre o seu povo.
De natureza estritamente religiosa, o descanso sabático manifestava-se e culminava na oblação de um sacrifício5. Como as demais festas de Israel, que estavam todas ligadas a um acontecimento salvífico, era sinal da aliança divina e um modo de o povo escolhido expressar o júbilo de saber-se propriedade do Senhor e objeto da sua eleição e do seu amor.
Com a Ressurreição de Jesus Cristo, o sábado dá lugar à realidade que prenunciava: a festa cristã. O próprio Jesus fala do Reino de Deus como uma grande festa oferecida por um rei para celebrar as bodas do seu filho6. Com Cristo surge um culto novo e superior, porque temos também um novo Sacerdote e se oferece uma nova Vítima.
II. Depois da ressurreição, os Apóstolos passaram a considerar o primeiro dia da semana como o dia do Senhor, dominica dies (7), porquanto foi nesse dia que Ele nos alcançou com a sua Ressurreição a vitória sobre o pecado e a morte. E esta tem sido a tradição constante e universal da Igreja, desde o tempo dos primeiros cristãos até os nossos dias. “Por uma tradição apostólica que tem a sua origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada oito dias o mistério pascal, no dia que é muito justamente chamado o dia do Senhor ou domingo” (8).
Além do domingo, a Igreja estabeleceu as festas que comemoram os principais acontecimentos da nossa salvação: o Natal, a Páscoa, a Ascensão, o Pentecostes, outras festas do Senhor, bem como as festas de Nossa Senhora. E desde o princípio os cristãos celebraram também o dies natalis ou aniversário do martírio dos primeiros cristãos. As festas cristãs chegaram até a ordenar o próprio calendário civil. Com essa sucessão de festas, a Igreja “relembra os mistérios da Redenção, franqueia aos fiéis as riquezas do poder santificador e dos méritos do seu Senhor, de tal sorte que, de alguma forma, os torna presentes em todos os tempos, para que os fiéis entrem em contacto com eles e sejam repletos da graça da salvação” (9).
O centro e a origem da alegria da festa cristã encontra-se na presença do Senhor na sua Igreja, que é o penhor e a antecipação de uma união definitiva na festa que não terá fim (10). Daí a alegria que inunda a celebração dominical, como se percebe na oração sobre as oferendas da Missa de hoje: “Recebei, Senhor, as oferendas da vossa Igreja exultante de júbilo; e já que com a ressurreição do vosso Filho nos destes motivo para tanta alegria, concedei-nos que possamos participar desse gozo eterno”. Por isso, as nossas festas não são uma mera recordação de fatos passados, como pode ser a data de um acontecimento histórico, mas um sinal que nos manifesta Cristo e o torna presente entre nós.
A Santa Missa torna Jesus presente na sua Igreja e é o Sacrifício de valor infinito que se oferece a Deus Pai no Espírito Santo. Todos os outros valores humanos, culturais e sociais da festa devem ocupar um lugar secundário, cada um na sua ordem, de modo a não obscurecerem ou substituírem em momento algum o que deve ser fundamental. A par da Santa Missa, têm também um lugar importante as manifestações de piedade litúrgica e popular, como o culto eucarístico, as procissões, o canto, etc.
Temos de procurar, mediante o exemplo e o apostolado, que o domingo seja “o dia do Senhor, o dia da adoração e da glorificação de Deus, do santo Sacrifício, da oração, do descanso, do recolhimento, do alegre convívio na intimidade da família” (11).
III. Aclamai a Deus, toda a terra, cantai a glória do seu nome, rendei-lhe glorioso louvor, lemos na antífona de entrada (12).
O preceito de santificar as festas corresponde também à necessidade de prestar culto público a Deus, e não somente de modo privado. Alguns pretendem relegar o trato com Deus ao âmbito da consciência, como se não houvesse necessidade de manifestações externas. Mas o homem tem o direito e o dever de prestar culto externo e público a Deus, e seria uma gravíssima injustiça que os cristãos se vissem obrigados a ocultar-se para poderem praticar a sua fé e prestar culto a Deus, que é o seu primeiro direito e o seu primeiro dever.
O domingo e as festas determinadas pela Igreja são, antes de mais nada, dias para Deus e dias especialmente propícios para procurá-lo e encontrá-lo. “Quaerite Dominum. Nunca podemos deixar de procurá-lo. Mas há períodos que exigem que o façamos com mais intensidade, porque neles o Senhor está especialmente perto, e por conseguinte é mais fácil achá-lo e encontrar-se com Ele. Esta proximidade constitui a resposta do Senhor à invocação da Igreja, que se expressa continuamente através da liturgia. Mais ainda, é precisamente a liturgia que atualiza a proximidade do Senhor” (13).
As festas têm uma grande importância para ajudar os cristãos a receber melhor a ação da graça. Nesses dias, exige-se também que o fiel suspenda o seu trabalho para poder dedicar-se com maior liberdade ao Senhor. Mas, assim como não há festa sem celebração, pois não basta deixar de trabalhar para já se ter uma festa, assim também não há festa cristã se os fiéis não se reúnem para dar graças ao Senhor, louvá-lo, recordar as suas obras, etc. Por isso, seria sinal de pouco sentido cristão programar os domingos, as festas, os fins de semana... de maneira que se tornasse impossível ou muito difícil esse trato com Deus. Por esse caminho, alguns cristãos tíbios acabam por pensar que não têm tempo para assistir à Santa Missa, ou fazem-no de maneira precipitada, como quem se livra de uma obrigação tediosa.
O descanso não é apenas uma ocasião de repor as forças; é também sinal e antecipação do repouso definitivo na festa do Céu. Esta é a razão pela qual a Igreja quer que a celebração das suas festas inclua a suspensão do trabalho, algo a que, por outro lado, os fiéis cristãos têm direito como cidadãos iguais aos outros.
O descanso festivo não deve ser interpretado nem vivido como um simples não fazer nada – uma perda de tempo –, mas como um ocupar-se positivamente e um enriquecer-se pessoalmente em outras tarefas. Há muitas maneiras de descansar, e não convém ficar na mais fácil, que muitas vezes não é a que mais descansa. Se soubermos limitar, por exemplo, o uso da televisão, não repetiremos tanto a falsa desculpa de que “não temos tempo”. Pelo contrário, veremos que nesses dias podemos conviver mais com a família, cuidar melhor da educação dos filhos, cultivar o relacionamento social e as amizades, fazer uma visita a pessoas necessitadas ou que estão sozinhas ou doentes, etc. É talvez a ocasião que andávamos procurando de poder conversar com mais calma com um amigo; ou o momento em que o pai ou a mãe podem falar a sós com o filho que mais necessita disso e escutá-lo. Em geral, é necessário “ter o dia todo preenchido com um horário elástico onde não faltem como tempo principal – além das normas diárias de piedade – o devido descanso, a reunião familiar, a leitura, os momentos dedicados a um gosto artístico, à literatura ou a outra distração nobre, enchendo as horas com uma atividade útil, fazendo as coisas o melhor possível, vivendo os pormenores de ordem, de pontualidade, de bom-humor” (14).
Francisco Fernández-Carvajal
============================
(1) São Justino, Apologia 1, 67; Segunda leitura da Liturgia das Horas do terceiro domingo do Tempo Pascal;
(2) Gn. 2,3;
(3) Ex. 20,8-11; 21,13; Dt. 5,14;
(4) cf. Ex. 31,14-15;
(5) cfr. Nm. 28,49-28,9-10;
(6) cf. Mt. 22,2-13;
(7) Ap. 1,10;
(8) Conc. Vat. II, Const. Sacrossanctum Concilium, 106;
(9) ib., 102;
(10) cfr. Ap. 21,1 e segs.; 2Cor. 1,22;
(11) Pio XII, Aloc., 7-IX-1947;
(12) Sl. 65,1-2;
(13) João Paulo II, Homilia, 20-III-1980;
(14) Josemaría Escrivá, Questões atuais do cristinianismo, n. 111.
Evangelho: Lc 24,35–48
1. Os versículos de hoje revelam, por um lado, as dificuldades encontradas em crer na ressurreição de Jesus, e, por outro, a missão que a comunidade recebe de levar o testemunho “a todas as nações, começando por Jerusalém” (v. 47): testemunhar o que viram e ouviram.
Veremos: a. dificuldades em crer na ressurreição – vv. 35-43
b. crer para ser testemunha – vv. 44-48
a. dificuldades em crer na ressurreição – vv. 35-43
2. As comunidades – às quais o evangelho é dirigido – eram formadas por pagãos influenciados pela cultura grega, que desprezava o corpo (a matéria). Daí a dificuldade em aceitar e crer na ressurreição de Jesus, (pois foi o corpo que ressuscitou). Para Lucas não basta o testemunho dos dois discípulos de Emaús. A comunidade toda vai entrar em contato com Jesus ressuscitado.
3. A cena se passa de noite, enquanto os discípulos de Emaús relatam o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão (v.35). Noite aqui pode ser uma dimensão de tempo, como também “noite das dúvidas” que impede os discípulos de “enxergar” com os olhos da fé (cf. v. 45: “então, Jesus abriu os olhos dos discípulos para entenderem as Escrituras).
4. Nessa noite… o que acontece? Jesus aparece no meio deles e os saúda: “A paz esteja com vocês!” (v. 36). Saudação esta de paz que faz eco ao anúncio dos anjos no nascimento de Jesus: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens que Deus quer bem” (2,14). Faz eco também ao cântico de Simeão: “… para iluminar os que vivem nas trevas… para guiar nossos passos no caminho da paz” (1,79).
5. Os discípulos ficam perplexos, assustados e cheios de medo, pensando ver um fantasma (v. 37). Mas Lucas insiste na ressurreição do corpo como um dado concreto, real e palpável. O ressuscitado não é fruto de fantasia de alguns, mas é o próprio Jesus terrestre que vive uma realidade e uma dimensão novas capazes de ser comprovadas pelos que estiveram com ele.
6. Jesus intima os discípulos a olhar, tocar, constatar… e lhes mostra as mãos, os pés e come um pedaço de peixe grelhado (vv. 42-43). O ressuscitado possui identidade corpórea: “olhem minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Toquem em mim e vejam. Um fantasma não tem carne nem osso, como vocês estão vendo que eu tenho” (v. 39).
7. E Lucas acrescenta que ainda não podiam acreditar porque estavam surpresos e muito alegres (v. 41). Isso nos alerta para o fato de que a fé em Jesus Ressuscitado não é algo superficial e de momento (alegria e surpresa, euforia!), mas uma adesão duradoura que leva ao testemunho.
b. crer para ser testemunha – vv. 44-48
8. A ressurreição de Jesus é o ponto central de toda a Bíblia e do projeto de Deus: “são estas as coisas de que falei quando ainda estava com vocês: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (v. 44).
9. Jesus ressuscitado interpreta a Escritura para os discípulos: “assim está escrito: o Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia” (v. 46). Esta frase é uma síntese do capítulo 53 de Isaías, e particularmente do v. 10: “o servo conhecerá seus descendentes, prolongará sua existência, e, por meio dele, o projeto de Javé triunfará”; acoplada com Oséias 6,2: “… no terceiro dia nos fará levantar, e passaremos a viver na sua presença”.
10. E o evangelho termina: “vocês são testemunhas de tudo isso!” (v.48). Testemunho… testemunhar para que o anúncio do ressuscitado, o evangelho chegue aos confins do mundo.
11. Testemunho e universalidade são bagagem e tarefa dos que acreditam no Jesus ressuscitado: “no nome do Messias serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações a começar por Jerusalém” (v.47). Assim os seguidores do crucificado-ressuscitado darão continuidade à história e sociedade novas – trazidas por Jesus – : proclamando que nunca e nenhuma sociedade injusta conseguiu nem conseguirá anular e aniquilar o projeto de vida e liberdade que ele trouxe.
1ª leitura: At. 3,13-15.17-19
12. Lucas resume no discurso de Pedro, (após ter curado um coxo de nascença – 3,1-8) a síntese da catequese primitiva sobre Jesus morto e ressuscitado: anúncio, denúncia e convite a aderir a Jesus.
13. Pedro acabara de libertar uma pessoa de sua paralisia e lhe devolvera liberdade e vida. Isso representa o cerne da vida cristã: a comunidade cristã prolonga as palavras e ações libertadoras de Jesus. Mas Pedro deixa bem claro: quem o curou não foram os apóstolos, mas Jesus (=Deus salva), que personifica a fidelidade de Deus, libertando as pessoas. Libertas, as pessoas podem formar história nova e sociedade nova.
14. Dessa fidelidade fala o v. 13a, pois a expressão “o Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos antepassados” recorda Êxodo 3,6.15, onde Javé se deu a conhecer a Moisés como o Deus fiel e libertador. Esse Deus “glorificou o seu servo Jesus” (v. 13b).
15. Ao chamar Jesus de “servo”, Pedro estabelece um paralelo com Isaías 52,13:
- Jesus é a personificação do Deus que salva e liberta,
- é o servo, o santo, o justo (v. 14),
- o Autor da vida (v. 15) e o Messias (v. 18). Este é o anúncio da catequese primitiva.
16. O sentido profundo de “Autor da Vida” é: Jesus é aquele que dá origem à vida, aquele que caminha à frente e que introduz a humanidade na vida.
17. É forte a denúncia no pronunciamento de Pedro. Claramente denuncia o pecado da sociedade que entregou (v. 13b), rejeitou (v. 14) e matou (v. 15) Jesus, posicionando-se contra a vida e a favor da morte. E o pecado é grave, pois tentou eliminar o Autor da Vida, a origem e a fonte da vida, Jesus Cristo.
18. Deus, porém, continua fiel ao seu projeto. “Arrependam-se e convertam-se para que seus pecados sejam perdoados” (v. 19). O passado fica absolvido pela misericórdia divina. Resta à nossa frente, um presente e um futuro Presente e futuro marcados pela vida ou pela morte, dependendo da opção por Jesus ou contra ele (adesão ou não) . “Disto nós somos testemunhas!” afirma Pedro. Aqui nasce nossa missão: anunciar – denunciar – convocar à conversão.
2ª leitura: 1Jo 2,1–5a
19. As comunidades da Ásia Menor eram influenciadas pela gnose grega (cuja principal característica era o “conhecimento de Deus”), que dizia que o conhecimento de Deus libertava as pessoas. O corpo não tinha valor. Assim estar com Deus não implicava levar em conta as realidades humanas, as relações sociais marcadas pelo egoísmo, individualismo, ganância e opressão. Isso quer dizer total descompromisso com uma ação transformadora da realidade e com o amor ao próximo. É uma teologia incapaz de perceber Deus agindo no concreto da história humana.
20. O autor fala da confiança que acompanha a caminhada das comunidades. Ela reside no fato de Jesus ser “a vítima de expiação pelos nossos pecados, não só pelos nossos, como também pelos pecados do mundo inteiro” (v. 2). Se a comunidade não reconhece seus pecados acaba acusando Deus de injustiça (cf. 1,8). Se os reconhece, inocenta Deus e descobre que Jesus é seu defensor junto ao Pai (2,1).
21. Os seguidores da gnose diziam que conheciam a Deus mas não traduziam esse conhecimento na prática concreta. João garante que conhecer a Deus é praticar os mandamentos, cuja síntese é o mandamento do amor.
22. Só este é capaz de acabar com as discriminações, as opressões, criando relações de liberdade e vida. Quem diz que ama a Deus e não guarda os mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele (v. 4). A religião verdadeira se baseia na obediência a Deus que manda amar sem limites (amor a Deus e amor ao próximo- v. 5a).
R e f l e t i n d o
1. O sofrimento de Jesus é entendido de muitas maneiras, nem sempre aceitáveis. Há quem diga que Jesus teve de pagar nossos pecados com seu sangue. Mesmo se é verdade que o sofrimento de Jesus nos resgatou, não é porque Deus exigiu que ele pagasse com seu sangue nossa dívida. Seria injusto e cruel. Os homens é que “castigaram” Jesus, mas Deus o reabilitou. “Aquele que nos conduz à vida, vós o matastes, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos” (1ª leitura).
2. Era preciso que o Cristo padecesse (evangelho), não porque Deus o desejasse, mas porque as pessoas o rejeitaram e o fizeram morrer. Mas Deus quis mostrar publicamente que Jesus, – assumindo a morte infligida ao justo, – teve razão. É isso que significa Ressurreição!
3. O próprio Ressuscitado cita aos discípulos os textos das Escrituras que falam nesse sentido (Lc. 24,44). Muitas vezes, a gente só descobre o sentido profundo das coisas, depois que aconteceram. Assim também foi preciso primeiro o Cristo morrer e ressuscitar, para que os discípulos descobrissem que nele se realizou o modo de agir de Deus, do qual falam as Escrituras.
4. Muitas vezes, o Antigo Testamento fala do justo perseguido ou rejeitado (Sl. 22, Sl. 69, Sb. 2), do Servo sofredor (Is. 52,13 – 53,12). Esses textos nos ensinam que – aquele que quer praticar a justiça segundo a vontade de Deus, – há de enfrentar perseguição e morte.
Ora esses textos encontram em Jesus uma realização inesperada e incomparável: Aquele que Deus chama seu Filho morre por estar comprometido com o amor e a justiça de Deus.
5. Frente a essa morte a ressurreição é a homenagem de Deus a seu Filho. O que foi rebaixado pelos injustos, é reerguido por Deus e mostrado glorioso aos que nele acreditaram.
6. A ressurreição é a prova de que Deus dá razão a Jesus e de que seu amor é mais forte do que a morte. Se Deus dá razão a Jesus, se Deus endossa a prática de vida que Jesus nos ensinou por seu exemplo, já não podemos hesitar em alinhar nossa vida com a sua.
7. Jesus “ressuscitou por nós”, isto é, para nos mostrar que o certo é viver e morrer como ele. Quem morrendo ou vivendo, dá a vida pelos irmãos, não é um ingênuo. Deus lhe dá razão.
8. Que significa então, “Ele é vitima de expiação pelos nossos pecados”? (2ª leitura) À luz do que dissemos acima, esta expressão não significa que Jesus é um sacrifício oferecido para pagar em nosso lugar, mas que aquilo que os antigos queriam realizar pelas vítimas de expiação – reconciliar-se com Deus, – foi realizado de modo muito superior pela vida de justiça que Jesus viveu até a morte por amor.
9. E, na medida em que o seguimos nessa prática de vida, – guardando o seu mandamento, – o amor de Deus se torna presente em nós (1Jo 2,3-5).
10. Deus glorificou seu servo Jesus, que vós entregastes à morte. Ao curar um aleijado “em nome de Jesus”, Pedro explica ao povo a força deste “nome, que supera a todos” (Fl. 2,9-11): o anúncio da ressurreição de Jesus. Recorda a culpa do povo de Jerusalém para que se converta e receba perdão e salvação. Mas este gesto e pregação de Pedro vão provocar o primeiro conflito com o Sinédrio.
11. Cristo, o Justo, propiciação dos pecados de nós e de todos: a admoestação para rompermos com o pecado inclui uma palavra de conforto: temos um Mediador que assumiu nosso pecado. Assim, ser cristão se resume em conhecer Cristo, não de modo intelectual, mas do modo da comunhão da fé, que se verifica na observância da sua palavra e na caridade perfeita.
12. Jesus aparece aos Onze… numa refeição … e explica as Escrituras. Um sepulcro vazio não convence ninguém… Os Onze precisaram da presença do Ressuscitado para que seus olhos e coração se abrissem. A fé na ressurreição é dom de Jesus e do seu Espírito. Implica na descoberta do que dizem as Escrituras, o surpreendente plano de Deus. … Mas este plano não chegou ao fim. Estamos agora “no meio do tempo”, em que Deus oferece a restauração em nome de Jesus, para que todos possam viver para ele, enquanto os que crêem levam o testemunho disso ao mundo.
13. Informações que ajudam a uma melhor compreensão: sobre os termos expiação, propiciação.
13. DA BÍBLIA DE JERUSALÉM
13.1. Hebreus 9,11-12: “Cristo, porém, veio como sumo sacerdote dos bens vindouros. Ele atravessou uma tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que não pertence a esta criação. Entrou uma vez por todas no santuário, não com o sangue de bodes e de novilhos, mas com o próprio sangue, obtendo redenção eterna”.
comentário letra a: O cerimonial israelita da expiação (v. 7; Lv. 16) é substituído pela única oferenda (7,27+) do sangue de Cristo (v. 14; Rm. 3,24+), que reabre para os homens o acesso a Deus (10,1.19; cf. Jo 14,6+; Ef. 2,18)… A significação profunda da aspersão do sangue sacrifical dentro do Santo dos Santos reside no simbolismo bíblico do sangue como sede da vida: trata-se de renovar a união vital entre Deus e seu povo, a aliança (cf. v. 20) e de reafirmar sua soberania sobre Israel.
Textos bíblicos citados acima para facilitar a leitura:
- Hb. 9,7: na segunda tenda, porém, entra apenas o sumo sacerdote, e somente uma vez por ano; isso não acontece sem antes oferecer sangue por suas faltas e pelas do povo.
- Lv. 16: o grande dia das expiações: este capítulo encerra a enumeração das impurezas com o rito anual de expiação de todas.
- Hb. 7,27: Ele não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios a cada dia, primeiramente por seus pecados, e depois pelos do povo. Ele já o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo.
- Hb. 9,14: …se o sangue de bodes e novilhos… os santifica, purificando seus corpos, quanto mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha, há de purificar a nossa consciência das obras mortas para que prestemos culto ao Deus vivo.
- Rm. 3,24+: …e são justificados gratuitamente, por uma graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus: Deus o expôs como instrumento de propiciação, por seu próprio sangue, mediante a fé.
- Hb. 10,1: … a Lei é totalmente incapaz, apesar dos mesmos sacrifícios sempre repetidos, oferecidos sem fim a cada ano, de levar à perfeição aqueles que se aproximam de Deus.
- Hb. 10,18-19: ora, onde existe a remissão dos pecados, já não se faz a oferenda por eles. Sendo assim, irmãos, temos toda a liberdade de entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus.
- Jo. 14,6: diz-lhes Jesus: “eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Ninguém vem ao Pai senão por mim.
- Hb. 9,20: nele temos um caminho novo e vivo, que ele mesmo inaugurou através do véu, quer dizer, através da sua humanidade.
13.2. Hebreus 8,6: “agora, porém, Cristo possui um ministério superior. Pois ele é Mediador de aliança bem melhor, cuja constituição se baseia em melhores promessas”.
comentário letra f: o tempo assim atribuído a Cristo tem valor quase técnico(9,15; 12,24; 13,20). Plenamente homem (2,14-18; cf. Rm. 5,15; 1Cor. 15,21; 1Tm. 2,5), possuindo todavia a plenitude da divindade (Cl 2,9; Rm 9,5+), Jesus é o intermediário único (Rm 5,15-19; 1 Tm 2,5; cf. 1 Cor 3,22-23; 11,3) entre Deus e a humanidade, que ele une e reconcilia (2 Cor 5,14-20). É o intermediário da graça (Jo 1,1-2). No céu, continua a interceder por seus fiéis (7,25+).
14. DO DICIONÁRIO BÍBLICO: John L. Mckenzie, Ed. Paulus, 9ª. ed., 2005.
Expiação: teologicamente, compreende os conceitos de expiação do pecado e de reconciliação com Deus.
14.1. Antigo Testamento.
14.1.1. O termo chave – no que se refere à expiação – é o hebraico “kapper”, com seus derivados. Etimologicamente, “kapper” significa “cobrir”, “ocultar” o objeto que ofende, removendo assim o obstáculo à reconciliação. No ritual cultual, o termo é usado em sentido técnico, para indicar um ato de expiação, realizado através da aspersão do sangue da vítima. O sacerdote cumpre um ato de expiação para si mesmo, para outra pessoa ou para todo Israel; o ato representa a expiação do pecado ou da culpa. Esse é o primeiro passo da reconciliação.
14.1.2. O segundo passo é realizado pelo próprio Javé: tendo o sacerdote feito o rito de expiação pelos membros da comunidade, serão eles perdoados”(Lv. 4,20; Nm. 15,25).
14.1.3. Propiciatório
14.1.3.1. Propiciatório cf. Ex 25,17 letra e: propiciatório é tradução do termo kapporet, da raiz kapar = “cobrir”, mas também “fazer expiação”, “limpar”. O kapporet é apresentado aqui e em Ex 35,12 como distinto da arca. Ele intervém, sem a arca, no ritual pós-exílico do dia da Expiação (Yon Kippur; Lv. 16,15). 1 Crônicas 28,11 chama o Santo dos Santos de a “sala do propiciatório”. Parece que o propiciatório e os querubins que a ele estão ligados eram, no templo pós-exílico, o substituto da arca e dos querubins do templo de Salomão. A descrição sacerdotal os reuniu (cf. Ex 25,21). Javé aparece sobre o propiciatório e é de lá que fala a Moisés (Ex 25,22; Lv. 16,2; Nm. 7,89). – explicação da Bíblia de Jerusalém, em Ex 25,17 nota letra e.
14.1.3.2. Propiciatório (cf. Ex. 25,17; Hb. 9,5). No grande Dia da Expiação (Lv. 16,1) o propiciatório era aspergido com sangue (Lv. 16,15). O sangue de Cristo cumpriu na realidade a purificação do pecado que este rito só podia significar. – explicação da Bíblia de Jerusalém em Rm. 3,25 nota letra b.
14.1.3.3. O propiciatório de ouro sobre a Arca da Aliança era o “lugar da expiação”, o kapporet, o local onde Javé recebia a expiação. … O efeito do ato de expiação é definido pelo uso metafórico do termo em Isaías 28,18: “a vossa aliança com a morte será rompida”: desse modo, o pecado ou a culpa que constitui a causa da expiação é esvaziado ou anulado, não constituindo mais um obstáculo efetivo para a reconciliação. Também se pode alcançar a reconciliação através do pagamento de uma multa ou de uma indenização, o koper, mas esse conceito conduz à idéia do resgate ou da redenção, que não é o mesmo que a expiação.
14.2. Novo Testamento: principais traduções gregas do hebraico kapper e seus derivados no NT.
14.2.1. Hilaskesthai, hilasmos, hilasterion: em grego clássico, “reconciliar” ou “tornar favorável”, “reconciliação”, “o meio de reconciliação”. Esse uso de kapper é demonstrado em Gn 32,20, quando Jacó diz de Esaú: “talvez ele me conceda graça”. Em Lc 18,13; Hb 2,17, o verbo hilaskesthai é usado no sentido de kapper do AT. O próprio Cristo é hilasmos, reconciliação para os nossos pecados, pois é exatamente para isso que o Pai o enviou (1 Jo 2,2;4,10). Deus o colocou (destinou?) como hilasterion, como instrumento de reconciliação no seu sangue (Rm 3,25); a linguagem que indica que Deus fez dele um sacrifício de expiação.
14.2.2. Katharizein, katharismos: no grego clássico, “lavar”, “purificar”… kapper se reflete em 2Cor. 7,1; Ef. 5,26 e especialmente Hb. 9,22-23; 1 Jo1,7.9, onde “expiação pelo pecado” transforma-se em “purificação pelo pecado”. Em Hb. 1,3: “realizado katharismos pelos pecados deve ser traduzido por “realizada expiação pelos pecados”.
14.2.3. Aphairein: no grego clássico, “tirar”, “levar embora”… tirar os pecados” Rm. 11,27; Hb. 10,4.
14.2.4. Kathalasso, katallage: no grego clássico, “reconcilio”, “reconciliação”. Nós nos reconciliamos com Deus (Rm. 5,10; 2Cor. 5,20); Deus reconcilia a nós e ao mundo con- sigo em Cristo (2Cor. 5,18-19); nós recebemos a reconciliação por meio de Cristo (Rm. 5,11). Os apóstolos possuem o ministério e a mensagem da reconciliação (2Cor. 5,18-19). A rejeição dos hebreus resultou na reconciliação do mundo (Rm. 11,15).
14.2.5. Nesses termos, é superada a idéia do ato ritual de expiação. Deve-se notar que, à exceção de Rm. 11,15, esses termos aparecem somente em dois contextos. Deus é agente de reconciliação mas não de expiação, que é um ato de Cristo enquanto representante dos homens. Isso fica mais claro do que nunca em Hebreus, onde o sacerdócio e o sacrifício de Cristo são comparados ao sacerdócio e ao sacrifício de Aarão, que realizou o ato de expiação pelo povo.
15. No verbete sacrifício – sacrifícios de expiação p. 822
15.1. Sacrifícios de expiação. Estes pressupõem que houve uma ruptura das boas relações entre a divindade e o adorador, e o sacrifício é a propiciação para pacificar a divindade e restaurar o seu favor. O ritual de redação sacerdotal (P) distingue a oferta pela culpa da oferta pelo pecado. O ritual da oblação é exposto em Lv. 4; as diferenças exprimem o simbolismo de expiação. Como nas ofertas pacíficas, uma parte da vítima vai aos sacerdotes e a parte gordurosa é queimada no altar para a divindade … não há banquete sacrifical; o que não é oferecido a Javé ou dado aos sacerdotes é queimado fora do acampamento. Uma santidade especial é atribuída aos sacrifícios de expiação (Lv. 4,13; Ez. 46,20).
15.2. No Novo Testamento. Jesus repete a crítica profética do sacrifício, citando Os 6,6 (Mt. 9,13; 12,7); sua insistência na necessidade de uma piedade interior está inteiramente de acordo com o ensinamento profético. Sacrifícios são metaforicamente as boas obras (“sacrifícios espirituais”, 1Pd. 2,5) ou a submissão a Deus (“oferecei vossos corpos como hóstia viva” Rm. 12,1);
15.3. O caráter sacrifical da morte de Jesus e da eucaristia … O caráter sacrifical da morte de Jesus, dizem eles, foi explicado pela primeira vez pelo autor de Hebreus. Não há dúvida de que os termos sacrificais são raros nos evangelho e nos escritos paulinos; mas há boas razões para crer que Hebreus torna explícito aquilo que era crido e ensinado na primitiva instrução apostólica. Em Hb 9-10, o sacerdócio e o sacrifício de Jesus são contrapostos ao sacerdócio e ao sacrifício de Israel e do judaísmo.
15.4. O sangue expiatório da nova aliança é o sangue de Jesus (9,12-14). Uma aliança não pode ser ratificada sem sangue (9,15-21), e não há perdão dos pecados sem derramamento de sangue sacrifical (9,22). O sacrifício expiatório de Jesus deve ser oferecido uma só vez, visto que é totalmente eficaz (9,25-28). Os sacrifícios da lei não alcançavam a verdadeira libertação do pecado (10,1-5). … Cristo, porém, ofereceu um único sacrifício perfeito que produz perdão e santidade perfeitos (10,5-18); e o cristão pode aproximar-se do santuário com fé e esperança firmes de ser libertado do pecado (10,19-25).
15.5. Essa concepção é expressa em Ef. 5,2: “Cristo nos amou e se entregou por nós como oblação e sacrifício de suave odor”. Hebreus e Efésios enfatizam aqui a oferta voluntária de Jesus; é essencial para o sacrifício que seja oferecido com o livre consentimento do adorador.
prof. Ângelo Vitório Zambon
============================
O encontro com o Ressuscitado
Os discípulos entraram na plenitude da mensagem pascal, graças ao encontro com o Ressuscitado, fazendo a experiência pascal fundamento da fé cristã. Os cinqüenta dias seguintes da Celebração da Páscoa são denominados de “Tempo Pascal”. Neste sentido celebramos no domingo passado (15) a Festa da Divina Misericórdia, no 2º domingo do Tempo Pascal. Consta no diário de Santa Faustina que o próprio Jesus expressou seu desejo por esta celebração. O relato da passagem do filho pródigo nos apresenta um Pai Misericordioso e amoroso de que o mundo tão conturbado necessita. Que a Divina Misericórdia seja a garantia e a força para o bom desempenho de nossa missão.
Neste 3º Domingo do Tempo Pascal, o evangelista (Lc. 24,35-48) traz uma mensagem de ânimo e coragem aos desanimados da sua época – e da nossa! A Palavra de Deus é sempre nova e atual. Vejamos: Os Apóstolos se encontram reunidos com a porta trancada dominados pelo medo. Alguns discípulos tristes e desanimados resolvem se afastar da comunidade (Lc. 24,13-48). Para as mulheres, os anjos de Deus perguntam: ”Por que estão procurando entre os mortos Àquele que está vivo? E afirmam: Ele não está aqui! Ressuscitou!” Portanto, nada de tristeza! Esta é a “Boa Notícia”, motivo de alegria. Jesus venceu a morte e está vivo no meio de nós. Em sua pregação aos judeus, foi esta Boa Noticia que Pedro levou dizendo: “O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó... O Deus de nossos antepassados glorificou o seu servo Jesus. Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos e disso nos somos testemunhas (Atos 3).” O medo dos discípulos, as dúvidas, a perturbação, tudo está perfeitamente em sintonia com o momento daquela gente. Não poderia se exigir que eles estivessem tranqüilos como se nada tivesse acontecido. Esta situação irá mudar a partir do “Pentecostes”, tema de nossa reflexão para o dia 27 de maio. Na passagem de Emaús (Lucas 24,13-48) somos convidados a fazer a experiência da presença de Jesus ressuscitado. Os discípulos reconheceram Jesus na partilha do pão e compreenderam que não devem se afastar da comunidade. De imediato retornaram para a comunidade testemunhando Jesus. A comunidade cristã é lugar por excelência da vivencia do mandamento do amor deixado por Jesus. A liturgia de hoje nos convida a fazer a experiência de Jesus Ressuscitado que se revela à comunidade que apesar de medrosa, reúne-se no Dia do Senhor (Domingo). No encontro comunitário, na escuta da Palavra e na partilha do pão com os irmãos, podemos fazer a experiência do Ressuscitado e testemunhar que Ele está vivo e caminha conosco como em Emaús. Portanto, alegremo-nos por ter um companheiro na caminhada pessoal e comunitária.
Pedro Scherer
============================


Domingo, 22 de abril de 2012
3º Domingo da Páscoa
Santos do Dia:Abdieso (diácono, mártir da Pérsia), Acésimo de Hnaita (bispo, mártir), Agapito I (papa), Aitala da Pérsia (mártir), Ambrósio da Pérsia (mártir), Apeles e Lúcio (mártires de Esmirna), Azadane, Azade e Companheiros (mártires da Pérsia), Caio (papa, mártir), Leão de Sens (bispo), Leônidas de Alexandria (mártir), Miles, Mareas, Bicor e Companheiros (mártires da Pérsia), Oportuna de Montreuil (virgem, abadessa), Parmênio, Helimenas, Crisóteles, Lucas e Múcio (mártires da Babilônia, na Pérsia), Rufo de Glendalough (eremita), Senorina de Basto (monja, virgem), Sotero (papa), Tárbula da Pérsia (virgem, mártir), Teodoro de Anastasiópolis (bispo), Teodoro de Sykeon (bispo).
Primeira leitura:Atos dos Apóstolos 3, 13-15.17-19
Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. 
Salmo responsorial: 4, 2.7.9
Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face! 
Segunda leitura: 1João 2, 1-5a
Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e também pelos pecados do mundo inteiro. 
Evangelho: Lucas 24, 35-48
Assim está escrito: o Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia.
Na leitura dos Atos encontramos de novo Pedro, que se dirige a todo Israel e o convida à conversão. Pedro tranqüiliza seus ouvintes fazendo-os ver que tudo foi fruto da ignorância, porém ao mesmo tempo, convida a acolher o Ressuscitado como ao último e definitivo dom outorgado por Deus. A morte de Jesus se converte para ele o crente em sacrifício expiatório. Não há ressaibo de ressentimento nem de vingança, mas de convite ao arrependimento para receber a plenitude do amor e da misericórdia do Pai, que se concretiza na confiança e na segurança de ter recuperado aquela filiação perdida pela desobediência.
O crente, exposto às tentações, rupturas e quedas não tem por que sentir-se condenado eternamente ao fracasso e à separação de Deus. São João nos dá hoje em sua primeira Carta, o anuncio alegre do perdão e da reconciliação consigo mesmo e com Deus. O cristão é convidado por vocação a viver a santidade; contudo, as infidelidades a esta vocação não são  motivo de seu amor e de sua misericórdia, ao mesmo tempo que são um motivo de esperança para o cristão, para manter uma atitude de sincera conversão.
No evangelho nos encontramos uma vez mais com uma cena pós pascal que já é conhecida: os Apóstolos reunidos comentam os acontecimentos dos últimos dias. Recordemos que nessa reunião que Lucas menciona, estão também os discípulos de Emaús que haviam retornado a Jerusalém logo depois de ter reconhecido Jesus no peregrino que os instruía e que logo partilhou com eles o pão.
Nesse ambiente de reunião se apresenta Jesus e, apesar de que estavam falando dele, se assustam e até chegam a sentir medo. Os eventos da Paixão não puderam ser assimilados suficientemente pelos seguidores de Jesus. Não conseguem ainda estabelecer a relação entre o Jesus com quem eles conviveram e o Jesus glorioso, e não chegam tampouco a abrir sua consciência à missão que os esperava. Digamos então que “falar de Jesus” implica algo mais que a simples lembrança do personagem histórico. De muitos personagens ilustres se fala e se seguirá falando, incluindo o mesmo Jesus; contudo, já desde estes primeiros dias pós-pascais, vai ficando definido que Jesus não é um tema para uma tertúlia sem transcendência.
Parece que este dado contado por Lucas sobre a confusão e desconcerto dos discípulos não é de todo fortuito. Os discípulos acreditam que se trata de um fantasma; sua reação externa é tal que o próprio Jesus se espanta e corrige: “Por que esse medo... por que esses pensamentos em seus corações?”
Esclarecer a imagem de Jesus é uma exigência para o discípulos de todos os tempos, para a própria Igreja e para cada um de nós hoje. Certamente em nosso contexto atual há tantas e tão diversas imagens de Jesus que não deixa de estar sempre latente o risco de confundi-lo com um fantasma. Os discípulos descritos por Lucas só tinham em sua mente a imagem de Jesus com quem até pouco antes havia partilhado, é verdade que existiam diversas expectativas sobre ele e por isso ele continua instruindo os seus; porém não tantas e nem tão completamente confusas como as que a “sociedade de consumo religioso” de hoje nos está apresentando cada vez com maior intensidade. Eis o desafio para o evangelizador de hoje: esclarecer sua própria imagem de Jesus a força de deixar-se penetrar cada vez mais por sua palavra; por outra parte está o compromisso de ajudar aos irmãos a esclarecer essas imagens de Jesus.
É fato, então, que ainda depois de ressuscitado, Jesus tem que continuar com seus discípulos seu processo pedagógico e formativo. Agora o Mestre tem que instruir a seus discípulos sobre o impacto ou o efeito que sobre eles também exerce a Ressurreição. O evento, pois, da ressurreição não afeta somente a Jesus. Pouco a pouco os discípulos terão que assumir que a eles lhes toca ser testemunhas desta obra do Pai, porém, a partir da transformação de sua própria existência.
A expectativa messiânica dos Atos reduzida somente a um âmbito nacional, militar e político, sempre com característica triunfalista, tem que desaparecer da mentalidade do grupo. Não será nada fácil para estes rudes homens re-fazer seus esquemas mentais “suspeitar” da validade aparentemente inquestionável de todo o legado de esperanças e sonhos de seu povo. Contudo, não fica outro caminho. O evento da ressurreição é, antes de mais nada, o evento da renovação, começando pelas convicções pessoais. Esta passagem deve ser lida à luz da primeira parte: a experiência dos discípulos de Emaús.
As instruções de Jesus baseadas na Escritura infundem confiança no grupo; não se trata de uma invenção ou de  uma interpretação caprichosa. Trata-se de confirmar o cumprimento das promessas de Deus, porém ao estilo de Deus, não ao estilo dos humanos.
De alguma forma, convém insistir que o evento da ressurreição não afeta somente o ressuscitado, afeta também o discípulo na medida em que este se deixa transformar para colocar-se no caminho da missão. Nossas comunidades cristãs estão convencidas da ressurreição contudo, nossas atitudes práticas todavia não chegam a se permeadas por esse acontecimento. Nossas celebrações tem como eixo e centro esse mistério, porém talvez nos falta que elas sejam renovadas e atualizadas efetivamente.
Queremos chamar a atenção sobre o necessário cuidado ao tratar o tema das aparições do ressuscitado e seu diálogo com os discípulos e comer com eles... Não podemos responsavelmente tratar esse tema hoje como se estivéssemos no século passado ou antepassado... Hoje sabemos que todos estes detalhes não podem ser tomados ao pé da letra e não é correto teologicamente, nem responsável pastoralmente, construir toda uma elaboração teológica, espiritual ou exortativa sobre esses dados, como se nada tivesse passado, como se déssemos por descontado que se tratasse de dados empíricos rigorosamente históricos, sem aludir sequer à interpretação que deles se deve fazer... Pode parecer muito cômodo não entrar nesse aspecto e o fato de fazer isto provavelmente não suscitará nenhuma inquietação nos ouvintes, porém certamente não é o melhor serviço que se pode fazer para ele para o povo de Deus...
Oração
Ó Deus, Pai-mãe de todos: que teu povo universal se regozige ao saber de tua fidelidade, que nós vemos manifestada em sua intervenção na ressurreição de Jesus; e que a alegria de saber que tu estás tão fielmente de parte do amor e da vida, ajuda-nos a todos a continuar sem desfalecer na construção do projeto de vida e salvação que queres para todos os povos; tu que vives e fazes viver, pelos séculos dos séculos. Amém!
============================
“A PAZ ESTEJA CONVOSCO”! Olívia Coutinho




Estamos na oitava da Páscoa! Vivendo as alegrias do tempo Pascal!
Tempo de esperança de reencontro com as raízes de nossa fé!
A alegria de celebrarmos a ressurreição  de Jesus continua trasbordando no nosso coração!
Durante sete semanas vamos estar envolvidos no mistério da vida que a morte não venceu!
As leituras nos convidam a  um confronto pessoal de crescimento, e quando olharmos  para trás, vamos perceber  claramente o quanto crescemos ao assumirmos  o nosso compromisso Pascal: ser diferente por causa de Jesus!
Celebrar a Páscoa é celebrar a vida! E quem faz opção pela “vida”, sente-se responsável pelo bem do outro, sabe que cada passo dado em favor da vida, é contribuir para a construção de um mundo novo. 
A Páscoa não deve ser vivida somente nestes dias em que a igreja nos dá a oportunidade de saborearmos toda riqueza do mistério da redenção, devemos vivê-la a cada dia, a partir do nosso encontro pessoal com Jesus, encontro que pode acontecer de várias formas, a começar pela eucaristia, fonte de vida que nos transforma!
Continuando o evangelho de ontem, a narrativa do evangelho de hoje nos fala de mais uma aparição de Jesus,  desta vez, no meio dos discípulos, que ainda comentavam a surpresa e alegria que dois deles tiveram, quando depois de muito caminharem, reconheceram Jesus no partir do pão, quando estavam próximos ao um povoado chamado Emaús.
De imediato, os discípulos assustaram ao vê-Lo, chegaram a pensar  que era um fantasma.
Mesmo depois que Jesus mostrou-lhes as mãos, os pés e os pediu que O tocassem, eles não conseguiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos!
Então, Jesus abriu-lhes a inteligência para que eles entendessem as Escrituras entornassem Suas testemunhas.
A partir de então,  todos são convocados a anunciar o Cristo ressuscitado.
Esta é a missão de todo aquele que vê Jesus  como o único caminho que pode nos levar ao Pai!
Jesus Ressuscitado, no encontro com seus discípulos, lançou sobre eles a paz, que os libertou do medo que os mantinha presos.  Essa Paz, hoje chega a até a nós! É uma paz diferença daquela que o mundo nos oferece!
A paz que vem de Jesus nos liberta, nos inquieta, nos impulsiona a sairmos de nós mesmos pra irmos ao encontro do outro!
Se pautarmos a nossa vida no exemplo de Jesus, não precisamos temer a cruzes, pois até o nosso sofrimento Deus transforma em trampolim para a nossa ascensão!
 É mergulhando no mais profundo de nossas dores, que adquirimos o impulso para nos reerguer e ressuscitar com Jesus, para uma vida nova!
                 A paz é o ponto fundamental para nossa caminhada de fé!

FIQUEM NA PAZ DE CRISTO! – Olívia 

============================
“BEM AVENTURADOS OS QUE CRERAM SEM TEREM VISTO! – Olívia Coutinho




 Ainda ecoa em nossos corações o anuncio Pascal: Jesus ressuscitou, Ele está no meio de nós!
Angustia, sofrimento, morte, era sempre noite na humanidade, até que, na noite mais clara que o dia, as trevas deu lugar a luz, a vida venceu a morte!
O acontecimento mais belo que já se viu, tirou das trevas a humanidade, tornando o céu mais próximo da terra!
Agora não vivemos mais ao léu,  encontramos uma direção, nossa vida ganhou um novo sentido, temos em quem confiar e a quem seguir: JESUS DE NAZARÉ!
As celebrações  do domingo da Páscoa,  falaram fundo ao nosso coração, nos envolveu no mistério da vida que a morte não venceu, mas não podemos ficar só na emoção, no encantamento, agora a vida retoma o seu curso normal, é hora de sairmos  da emoção  e partirmos para a ação, voltar a nossa realidade, assumindo o nosso compromisso Pascal: fazer chegar  a outros  corações, a Luz do Cristo ressuscitado!
 “A liturgia de hoje, nos apresenta a comunidade de Homens Novos, que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja! A missão da Igreja consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição”.
Assim que Jesus aparece para os discípulos, o medo que os mantinha presos, dá  lugar a alegria e a coragem!
A paz do Cristo Ressuscitado, não liberta os discípulos das dificuldades do mundo, mas oferece a eles  força e segurança para exercerem a missão.
A paz de Jesus, é diferente da paz que o mundo oferece, é uma  paz que não isenta da cruz, mas dá suporte nas provações!
Ao soprar o Espírito Santo sobre os discípulos, Jesus nos recorda o sopro de Deus que deu  vida a criatura humana!  Gesto que Jesus repete como início de uma nova criação.
“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão  perdoados;  a quem os não perdoardes, eles lhe serão retidos”.  Aqui se trata da  transmissão do Espírito Santo para uma missão particular. (Só  em   Pentecostes, que a descida do Espírito Santo seria sobre todo o povo de Deus). Com o sopro do Espírito Santo, Jesus concede o poder de perdoar ou não perdoar os pecados, a um grupo específico de pessoas. É Deus quem tem o poder de perdoar os pecados, mas Jesus concede este poder e o transmite à sua Igreja, através dos discípulos. (hoje o sacerdote).Se trata do “sacramento da reconciliação. É importante lembrarmos que; “reter os pecados”, não é uma condenação, mas  um renovado apelo a conversão.
No sopro do Espírito Santo, sobre os discípulos, é expressa a criação renovada! É O Espírito Santo que recria a comunidade dos apóstolos e descerra suas portas para a missão!
Os discípulos só conseguiram tomar atitudes corajosas para anunciar Jesus, depois que receberam o Espírito Santo!
O Texto nos fala também da incredibilidade de Tomé. Muitos de nós, o vemos como apenas  um homem  sem fé, pois o próprio Senhor o exorta dizendo: “Não sejas incrédulo, mas fiel”!  Além do mais, ele não aderiu a fé,  quando seus irmãos atestaram que haviam visto Jesus. Tomé  não  acreditou  no testemunho dos discípulos, pretendendo  uma constatação pessoal, simbolizando todos aqueles  que precisa ver para crer. Entretanto, foi  por meio de Tomé,  que recebemos a belíssima promessa de Jesus: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto”. Mesmo antes da nossa existência, já estávamos incluídos nestas palavras de Jesus!  Somos felizes porque cremos na ressurreição de Cristo, graças ao testemunho dos discípulos.   
“As pessoas de todos os tempos e lugares, encontram nas Escrituras o testemunho dos discípulos, mas  isso não dispensa a necessidade de um encontro pessoal e íntimo com o Ressuscitado"!
O encontro com Jesus é  transformador, foi o que aconteceu com Tomé, depois do seu vacilo na fé, ele se prostrou  diante do Ressuscitado e fez a belíssima  profissão de fé, que hoje nós fazemos na celebração Eucarística : “MEU SENHOR E MEU DEUS”!
A fé no Cristo ressuscitado é um processo lento que  vai crescendo gradativamente e quando percebemos, já estamos tão envolvidos com Ele, que não vemos mais sentido na vida, longe Dele!
Na ressurreição de Jesus, a vida divina entrou na vida humana e  assim como as sementes são espalhadas pelo vento, esta boa notícia se espalhou em todos os rincões da terra! 

FIQUE NA PAZ DE CRISTO! - Olívia 

============================
Por que vocês estão assustados? -Alexandre Soledade

Alexandre Soledade


Bom dia!
Esse evangelho apresenta uma pedagogia extremamente confortante a todos que estão enfrentando momentos de dúvida em sua caminhada, seja ela no trabalho, em equipe ou em casa. Ele é auto-explicativo. Abramos nossos olhos aos versículos que grifei:
“(…) Por que vocês estão assustados”? (Uma constatação)
“(…) Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês”? (Uma característica humana)
“(…) Toquem em mim e vocês vão crer”! (Uma ação e uma promessa)
(…) Uma constatação…
Como no evangelho de hoje, às vezes os problemas, bem como as respostas, são precedidos de sinais ou avisos, mas preocupados com a solução ou outras coisas, acabamos deixando passar por despercebido a solução que pairava “embaixo dos nossos narizes”.
A fase inicial à solução de um problema começa na constatação que ele existe e esta instalado. Lutamos para não usar óculos, remédios de controle de pressão ou diabetes, (…) Quantas vezes pessoas muito próximas a nós nos perguntaram do nada: “você esta diferente, esta mais nervoso (a)!?”, “fulano(a), porque você esta tão introspectivo?”, “por que esta tão agressivo (a) ou ríspido?”, “o que aconteceu, por que esta tão impaciente?”
Enxergar o problema, ou seja, constatá-lo, ajuda na solução. “(…) Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão”. Reparem que eles só o reconheceram mais tarde
(…) Uma característica humana…
QUANDO ÉRAMOS JOVENS não tínhamos a noção das limitações que nos acometeriam na senilidade; QUANDO ÉRAMOS SOLTEIROS não imaginávamos que não teríamos tanto tempo quando cassássemos; SAUDÁVEIS não imaginamos como agiríamos na fraqueza. Temos dificuldade de constatar a nova realidade que nos é apresentada e transformá-la em algo favorável, pois temos medo de reconhecer nossas fraquezas e limitações. Combatemos contra nós mesmos o tempo inteiro. “(…) Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês”?
Com o tempo perdemos parte da energia, da saúde, da memória, da disposição e do tempo, mas em compensação ganhamos prudência, maturidade, discernimento, astúcia, experiência de vida… Quem nunca se pegou dizendo “se eu fosse jovem hoje com a cabeça que tenho hoje”? Nos preocupamos com que perdemos mas não com que ganhamos. Ganhamos medos. “(…) Jesus apareceu de repente no meio deles e disse: Que a paz esteja com vocês! Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma”.
(…) Uma ação e uma promessa…
Reconheça a nova situação. Dê passos antecipados eles. Minha avó sempre dizia em minha juventude que “guerra avisado não mata aleijado”, ou seja, os sinais das mudanças surgem, como sementes que rompem a casca, levarão, portanto certo tempo a alcançar um tamanho que seja visto. Quem imaginava que as máquinas de escrever seriam obsoletas? Quem imaginaria alguns anos atrás que as locadoras iriam acabar por causa da pirataria e da internet?
Viu que a empresa que trabalha não vai bem das pernas, por que não se antecipar e começar a procurar uma nova situação? O filho que anda estranho, com hábitos estranhos, por que esperar para ter uma conversa? Observe sob essa ótica essa mensagem profética de Jesus notem que ele já avisava dos acontecimentos e hoje os relembra: “(…) Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos. Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as Escrituras Sagradas…”.
Em todas as ocasiões, não se esqueça de se apegar a Deus. Ele caminha conosco e não tardará em reaparecer em meio às dúvidas.
Lembrei de uma situação em que José, filho de Jacó, foi levado à prisão. Ele já imaginava que isso poderia acontecer, mas não se preveniu. O fato e o lugar poderiam tê-lo levado a morte, mas a sabedoria, que emanava de Deus, o fez amigo do carcereiro, que foi aquele que propiciou que este chegasse ao faraó, interpretasse seus sonhos, o retirasse do cativeiro e voltasse pra casa. Um novo lugar, adaptação a realidade e a transformação dela em algo melhor.
“(…) e lançou José na prisão, onde se encontravam detidos os prisioneiros do rei. E José foi encarcerado O Senhor estava com ele. Mostrou-lhe sua bondade e fez que ele conquistasse a simpatia do chefe da prisão.. Este confiou a José todos o presos que ali se encontravam, e nada se fazia sem sua ordem. O chefe da prisão não fiscalizava nada do que fazia José, porque o Senhor estava com ele e fazia-lhe prosperar tudo o que empreendia “. (Gênesis 39, 20-23)
Não tenha medo das mudanças! Deus estará contigo!
Um imenso abraço fraterno.

 “Terceira vez que Jesus ressuscitado dos mortos apareceu aos discípulos” Rita



Sexta-Feira 13 de Abril
Evangelho João 21, 1-14
Os discípulos estavam desmotivados pela ausência do mestre, Pedro decide ir pescar os outros vão com ele. Retomam a vida antiga de pescadores, mas a pesca é um fracasso sem a presença de Jesus. Assim que Jesus aparece na praia e na vida deles há abundancia de peixes, sob a palavra de Jesus tudo ganha novo sentido, a abundância de peixes significa que a retomada da missão terá sucesso. A presença do Ressuscitado dá àqueles homens abatidos novo vigor para o trabalho e também para a missão a qual foram chamados.
Jesus partilha com eles o pão e o peixe lembrando como havia feito antes com a multidão. Onde Jesus se faz presente há partilha e solidariedade.
 Mesmo nos momentos em que sentimos sozinhos e desamparados podemos ter a certeza que Jesus está conosco que nunca nos deixa só é preciso ler nos acontecimentos da vida, a presença amorosa de Deus e sua palavra que nos é dirigida mostrando-nos como devemos agir. Obedecendo a sua palavra continuemos jogando a rede.
Se em nossa vida e em comunidade agirmos sem estarmos unidos a Jesus nossa pesca será com certeza um fracasso, não produziremos os frutos esperados na missão de evangelizar. Jesus é a luz que nos dá a direção a ser seguida é Ele quem nos conduz na direção correta para que a missão avance e chegue a todos os povos. Se tudo à nossa volta continua sem vida e sem motivação é preciso repensar nossas ações e ver se não estamos realizando apenas um trabalho e não engajados na missão evangelizadora é preciso pedir que Jesus se faça presente em nossas atividades pastorais e em nossa vida pessoal, pois só Ele pode nos renovar na missão de testemunhar seu nome a todos. Jesus é a pedra rejeitada por muitos que ainda não entenderam que não há salvação em nenhum outro nome. Não existe debaixo do céu outro nome pelo qual possamos ser salvos “Quando o discípulo está apaixonado por Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só ele nos salva. Sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro”. (Documento de Aparecida 146).

Em Cristo Ressuscitado.
Rita Leite
============================
Jesus vive e está no meio de nós
Gilberto Silva



“Bem-aventurados os que creram sem terem visto.”


Caríssimos irmãos e irmãs.

 Estamos no 3° domingo da Páscoa  e neste  evangelho podemos destacar:
1-     A paz esteja convosco – Em nossas celebrações há quatro momentos em que expressamos a nossa fé na presença do Ressuscitado no meio da assembléia:
a)      Quando nos convida a proclamar o Santo Evangelho. É o próprio Jesus que torna viva as suas palavras junto aos fiéis reunidos em que a mesma é invisível, pois age pelo som, mas de maneira visível pela escrita  e espiritual quando penetra em nossas mentes agindo/transformando os corações.
b)      Quando do prefácio eucarístico onde nos propõe alimentar a fé em suas palavras, transubstanciando-se no corpo e sangue neste memorial da sua paixão e páscoa, torna-se o próprio Cristo, o Pão Vivo descido do céu que alimenta, partilha e nos torna esta força transformadora do mundo. É a sua igreja viva na fé.
c)      Quando nos concede a paz e esta reine sobre nós para que junto d’Ele, o Ressuscitado, sejamos partícipes e sinais vivos desta unidade de amor antes de celebrarmos o banquete da eucaristia, sinal de vínculo e do amor fraterno.
d)      Quando nos despede para que possamos dar continuidade à difusão do seu amor em nossos lares, trabalhos e nas missões evangelizadoras, com a sua benção,  a do Pai e do Espírito Santo.
2-     Recebei o Espírito Santo – É Jesus concedendo aos seus discípulos, o Defensor, o Advogado, o Paráclito através do sopro, assim como Genesis 2,7 o Pai dá nova vida ao homem. É a recriação para divinizar o humano para que possam ratificar todas as obras realizadas por Ele próprio quando do seu ministério terrestre. Concedendo especialmente o poder do Perdão que era tão somente pertencente a Deus; O poder da cura e da ressurreição dos mortos. Como se diz no Direito: É Jesus outorgando pelo Espírito uma procuração dando plenos poderes àqueles que Ele amava no cumprimento da mesma, sem prazo de validade,  inclusive com substabelecimento até os dias de hoje através da nossa igreja para com  nossos bispos e padres. Tudo por intermédio de Pedro, que com o novo poder e dignidade, fez uma alocução a todos.
Afinal, eram novos homens, cheios de energia. Escutaram-lhe palavras, chorando e com grande emoção; consolou-os os Apóstolos e falou de muitas coisas, que Ele, Jesus sempre predissera e que agora se tinham realizado. Lembrou-lhes também que, Ele, Jesus sofrera por dezoito horas o escárnio e a ignomínia do mundo inteiro. Esta é também a nossa fé na tradição apostólica.
3-     A bem-aventurança - Com exceção de Mateus 5,1-11 no Sermão da Montanha, onde temos o decálogo, esta foi a única bem-aventurança testamentária de João. Decorrente da ausência de fé do apóstolo Tomé, que desde o tempo em era empregado de Jairo, já duvidava de Jesus. Quando Jesus disse que a menina dormia, Tomé teimava dizendo que a mesma estava morta. Foi necessário Jesus ir buscar a menina, trazendo-a pelas mãos, viva, ressuscitada, para que pudesse acreditar n’Ele. Neste evangelho de hoje, novamente repete-se: não quis acreditar nos seus irmãos e irmãs. Somente se tocasse nos furos dos pregos nas mãos de Jesus e colocando a mão na ferida aberta pela lança, pessoalmente, acreditaria.
Caríssimos irmãos e irmãs, Tomé não acreditou nos seus irmãos e irmãs, porém quando respondemos à Paz esteja convosco – Ele está no meio de nós. Significa que mesmo sem O vir, acreditamos que Ele realmente está em nosso meio, reunido como desde o principio do seu ministério.
Hoje sem medo, sem egoísmo e com as portas abertas acolhemos a todo que desejam se reunir e celebrar a Sua palavra. Assim como Cristo acolhia a todos sem distinção de cor, credo, deficiências físicas, nós também devemos dar testemunho do Seu amor, não somente com os lábios, mas nas lutas em favor da vida, da saúde e da paz universal.

O amor de Cristo reine em seus corações para sempre.



                   
     Gilberto Silva