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sábado, 4 de fevereiro de 2012

5º DOMINGO DO TEMPO COMUM


5º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Comentários-Prof.Fernando


05 DE FEVEREIRO DE 2012

JESUS CUROU A SOGRA DE PEDRO

Introdução
            Nas leituras deste domingo, reflitamos sobre dois pontos:
a-     A  compaixão de Jesus pelos doentes, e o seu poder de cura;
b-     A necessidade de pregarmos o Evangelho.
Jesus simplesmente segurou a mão da sogra de Pedro e a febre desapareceu. Porque Jesus tem poder, porque Jesus é o próprio Deus. E pensar que Ele nos passou o poder de cura, ao dizer: “ Se tiveres fé, poderei fazer tudo o que eu faço...”
            Podemos impor as nossas mãos sobre um doente, e pedir por ele, pela sua recuperação, pela sua conversão, pela sua salvação.  E podemos até conseguir um milagre. Porém, o que nos atrapalha é a nossa fraca fé. É aquela dúvida que passa como uma sombra, como um pano de  fundo na nossa mente, dizendo. Você? Quem é você para fazer isso? Você não se enxerga não? 
            Caríssimo leitor. Se realmente estivermos com Deus, seguindo, praticando e ensinando  os seus mandamentos,  nós conseguimos curar. Não com a intenção de dar uma demonstração de poder,  mais com o objetivo para aliviar o sofrimento do irmão, da irmã. Mas o que na realidade acontece, é que depois da primeira cura que fizermos, seremos tomados por uma sensação de poder, de  santidade, e até passaremos a  ter uma outra postura diante das pessoas!  E é aí que está a nossa fraqueza, e a nossa fragilidade, e conseqüentemente, o fracasso!
            No segundo ponto de reflexão, acontece a mesma coisa. Como Paulo nos diz, pregar o Evangelho não deve ser para nós, motivo de glória, de poder diante das pessoas, ou de importância social. Pelo contrário, quem prega o Evangelho, deve se sentir, deve ser uma pessoa humilde, que está fazendo uma coisa que simplesmente deve ser feita, uma tarefa que é uma imposição, ou uma obrigação, e não devemos nos sentir uma pessoa especial. Porque ai de nós se não pregarmos o Evangelho de algum modo: seja pela palavra, seja pelo nosso exemplo ou testemunho de vida.
            Nunca devemos pregar o Evangelho por uma iniciativa própria, ou, para ganhar fama e dinheiro.  Nunca para explorar os humildes, para lhes tirar o seu pouco dinheirinho, pois é o mesmo que lhes tirar o pão de suas bocas. Nunca inventar uma religião, dando-lhe um bonito nome, com o objetivo de  enganar os ingênuos, oferecendo-lhes poder, riqueza, sucesso, dizendo-lhes, por exemplo, que Deus quer que sejamos ricos.  Nunca inventar frases, palavras, verdades que teriam sido pregadas pelo Filho de Deus. Nunca ficar repetindo palavras ou frases decoradas há  todo momento, como quem não tem mais nada a dizer, senão repetir, repetir, e repetir, de forma irritante e cansativa.
            A iniciativa de ser missionário, de levar a palavra de Deus ao mundo, é antes de tudo, o atendimento de um chamado de Deus, com fidelidade absoluta aos ensinamentos de Jesus Cristo, da Igreja, e não uma iniciativa pessoal, visando remuneração  por parte dos homens. Até podemos ser recompensados financeiramente, pois o próprio Jesus disse aos apóstolos para que não levassem nada, nem comida, nem dinheiro, pois o operário merece o seu sustento.  Porém, o que não pode acontecer, é uma iniciativa evangélica para o enriquecimento próprio, com uma máscara de santidade.  
            Nunca também, usar o dom de cura ou de escrever par angariar dinheiro. Pois de graça recebestes, de graça deves dar.  Se alguém quiser  ajudar, fazendo alguma doação, é outro caso. Porém, tentar fazer da ação missionária um trampolim para enriquecer, é o contrário de tudo o que Jesus nos ensinou pela palavra e pelo exemplo.
            A  missão de evangelizar  é antes de tudo, uma  honra, pois quem está levando a palavra de Deus ao mundo é um escolhido pelo próprio Deus.  
            Em que consiste então o nosso salário?  Consiste em dar de graça o dom que de graça recebemos. Sem nunca usar os direitos que o próprio Evangelho nos dá.  Paulo nos afirma que ao mesmo tempo em que somos livres em relação a todos, somos escravos de todos, pela nossa  dedicação entrega integral ou quase total ao serviço do Reino...  O nosso salário está explícito nas palavras de Cristo. “ ...receberás cem vezes mais nesta vida e ainda a vida eterna...”
            Paulo nos ensina como devemos ser na nossa tarefa santa de pregar o Evangelho: adaptando-nos às pessoas as quais nos dirigimos. Sendo simples com os simples, para conquistá-los, para promover a sua conversão.
            Certa vez, em uma comunidade de carentes, foi um grupo de catequistas de uma paróquia da Catedral situada em um bairro de classe média, para fazer uma série de palestras. Infelizmente essa missão, para algumas pessoas, fez efeito contrário. Pois os exemplos dados nas falas dos  palestrantes, eram exemplos de suas experiências vitais, que não  tinha nada a ver com o seu dia a dia daqueles ouvintes, pessoas simples da periferia.
            Portanto, se somos da classe alta e não conseguimos descer até os humildes, é melhor ficar  catequizando para os do nosso nível, para não humilhar ou constranger os irmãos carentes. Deixe então que os humildes falem para os humildes.
Sal.
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O louvar, o orar, o adorar a Deus é fundamental, porém não podemos ficar somente nisso: o Senhor nos envia a também tocar, curar, compreender, amar. Isto é também evangelizar!-  Maria  Regina

                                    Com as suas atitudes Jesus nos dá ciência de que a Sua Missão de Salvador se manifesta no dia a dia da nossa vida. Ele não deixava nada para o dia de amanhã e aproveitava todas as oportunidades para evidenciar a Sua ação libertadora. Ele tinha consciência de que precisava ir adiante, portanto, não se prendia aos lugares e tinha exclusivamente, como objetivo, cumprir a Missão que o Pai lhe confiara. Não tinha tempo para descansar e também não se apegava a ninguém, nem mesmo àqueles que O exaltavam. Ao sair da Sinagoga Jesus poderia muito bem ter ido descansar.
                             No entanto, ele se aproximou de uma mulher velha, doente, acamada. Tocou-a e com grande amor a curou fazendo com que ela voltasse a ser útil. Assim como curou a sogra de Pedro restituindo nela a capacidade de servir, Jesus curou também as diversas pessoas que O procuravam. Todos tinham vez na sua trajetória. Cuidava de todos, escutava a todos e atendia a todos e tudo fazia com amor. Não menosprezava os velhos, nem as crianças e curava as pessoas para que elas fossem úteis e tivessem uma vida eficaz.
                            Jesus não desiste da sua missão salvadora e hoje também Ele visita a nossa casa para curar-nos, percorre os caminhos para nos guiar. Somos curados para servir a Deus, por isso, Jesus nos deu o exemplo do que precisamos fazer ao “sair da sinagoga”. O louvar, o orar, o adorar a Deus é fundamental, porém não podemos ficar somente nisso: o Senhor nos envia a também tocar, curar, compreender, amar. Isto é também evangelizar! Precisamos entender que a salvação começa agora no nosso dia a dia. Reflitamos:– Tem alguém na sua casa que precisa ser visitado por Jesus, chame-O e Ele irá. – Como você vê as pessoas que já estão idosas? O que você faz para que elas sejam úteis? – E você? Você acha que ainda tem jeito? – Qual tem sido o resultado prático e concreto da sua oração e adoração ao Senhor?
Amém
Abraço carinhoso
 Maria  Regina
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Evangelhos Dominicais Comentados

05/fev/2012 --  5o Domingo do Tempo Comum

Evangelho: (Mc 1, 29-39)

Jorge Lorente

Neste Evangelho, mais uma vez, Jesus nos mostra a sua ação libertadora. Onde está Jesus, lá está a felicidade, lá está a alegria. Sua presença modifica o ambiente, tudo muda. Com Jesus ao nosso lado, sentimo-nos fortes e protegidos.

Jesus sai da sinagoga, entra na casa do seu amigo e cura a sogra de Pedro que estava acamada, com febre. Aquela que estava doente foi curada e, para demonstrar sua alegria e gratidão, imediatamente começou a servi-los.

Quantos exemplos encontramos no Evangelho de hoje. Mostra que a oração está presente na vida de Jesus. Marcos inicia mostrando Jesus saindo da sinagoga, onde, certamente, estava ensinando e orando. Jesus quer nos mostrar que, também ele, encontra forças na oração para cumprir sua missão.
 
Observe que Jesus não foi sozinho à sinagoga. Convidou seus amigos Tiago e João para acompanhá-lo. Esse exemplo deve ser seguido. Precisamos convidar e trazer todos nossos amigos para a casa do Senhor. 

Ao sair da sinagoga Jesus foi visitar Simão e André. O enviado do Pai não fica parado, está sempre a procura das pessoas. Sabe como é importante a presença amiga. Devia estar preocupado e se perguntando porque esses seus amigos não teriam ido à sinagoga naquele dia?

Quando chegou, encontrou a sogra de Pedro acamada e com febre. Aproximou-se, segurou sua mão e a curou. Esse gesto de Jesus é totalmente contrário aos costumes da época. Tocar em uma mulher sã, já não era normal, quanto mais doente. Qualquer judeu observante da lei teria se afastado dela.

Mais um exemplo, mais uma lição. Além da compaixão pelos enfermos, sem usar nenhuma palavra, Jesus deixou claro que não pode haver discriminação e pede mudanças. Isto vale também para os dias de hoje. A mulher, sempre marginalizada pela sociedade, tem direito a igualdade, dignidade e respeito.

Outra lição aprendemos com a sogra de Pedro; assim que sentiu-se curada, passou a servi-lo. Ela soube agradecer o benefício recebido, imediatamente colocou-se a serviço. Quantas vezes recorremos a Deus. Quantas curas alcançamos, quantas graças recebemos sem nunca nos lembrarmos de agradecer.

Jesus andava por toda Galiléia, curando e expulsando demônios. Pouco se importava com o número de habitantes. Pregava em todos os lugares, em todas as aldeias. "É para isso que eu vim", dizia ele. Queria mostrar que, por menor que seja o lugar, mesmo que lá habite uma só pessoa, o evangelizador tem que se fazer presente.

Resumindo: Jesus acolhe a todos sem distinção de sexo, raça ou cor. Seu carinho e atenção para com a mulher e com o enfermo são claras demonstrações de amor e igualdade.

Levantar-se de madrugada para orar, é um recado direto para quem quer segui-lo. Ninguém está dispensado de orar. A oração faz parte da atividade apostólica. É ela que dá sentido e força para a ação missionária.
Viu como é grande poder da oração? Por tudo isso, vamos rezar para que nunca faltem boas notícias, como estas.   

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DOMINGO, DIA 05 DE FEVEREIRO
Mc 1,29-39


Curou muitas pessoas de diversas doenças- Padre Queiroz
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Este Evangelho descreve dois dias de intensa atividade de Jesus em Cafarnaum: 1) Sai da sinagoga onde estava rezando. 2) Cura a sogra de Pedro. 3) Cura “muitas pessoas de diversas doenças e expulsa muitos demônios”. 4) Refugia-se para a oração. 5) Vai a “outros lugares, às aldeias da redondeza”. E o evangelista resume: Jesus “andava por toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios”. A oração e a união com Deus é a fonte do nosso amor ao próximo.
Jesus só fazia o bem; a sua alegria consistia em fazer o bem às pessoas. Depois que ele curou a sogra de Pedro, o evangelista diz: “Então a febre desapareceu, e ela começou a servi-los”. Aquela senhora, que convivia com Jesus bem de perto, pois ele frequentemente se hospedava na casa dela, havia aprendido com Jesus esta virtude do bom acolhimento. Certamente, lá da cama ela sentia um grande desejo de estar preparando a comida e o pouso dos queridos visitantes. Logo que foi curada, pôde realizar o seu desejo.
“À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes... A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças.” Descubra a felicidade de servir. Quem gosta de servir, faz aquilo que pode pelos outros. Jesus podia curar, curava. Diversas vezes, ele nos pediu: “Curai os doentes”.
“De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto.” O seu amor maior mesmo é a Deus Pai. É este amor que o impulsionava a amar o próximo. Como é importante nós não nos deixarmos levar pelo ativismo, e dar umas fugidas para nos encontrarmos com Deus! O evangelista começa o Evangelho de hoje dizendo: “Jesus saiu da sinagoga...” portanto ele estava rezando. Só neste curto texto do Evangelho, Jesus aparece duas vezes rezando!
“Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: Todos estão te procurando!” Como quem diz: “Ontem o Senhor conquistou o povo; agora, que, está na hora de colher os frutos, o Senhor foge?” Jesus não buscava “frutos” nem glórias para si; o que ele queria era a glória de Deus Pai e o bem do povo.
“Jesus respondeu: Vamos a outros lugares”. O líder dá a mão, ajuda a pessoa a se levantar, mas quer que ela depois caminhe com as próprias pernas, e não fique dependendo daquele que a ajudou, ou batendo palmas para ele. Afinal, somos todos iguais. Deus é que faz as curas e dá as graças.
O grande modelo na cena, além de Jesus, é a sogra de Pedro que, logo que foi curada, “se levantou e pôs-se a servi-lo”. O trabalho é uma bênção de Deus. Poder trabalhar é poder servir. “Descubra a felicidade de servir”. Jesus trabalhava. Ele era carpinteiro, junto com o pai, S. José. Na vida pública, continuou trabalhando, pois a atividade missionária é trabalho. Quem tem fé gosta de trabalhar, pois a fé sem obras é morta. Nós, que recebemos tanto da família e da sociedade, precisamos ajudá-las também, através do nosso trabalho.
Jesus era um mestre religioso diferente dos outros mestres da época. Estes fundavam escolas para ensinar a interpretar a Sagrada Escritura. Jesus era itinerante, queria que seus discípulos vivenciassem a Sagrada Escritura, e passassem essa vivência para frente. Esse método continua até hoje, na Santa Igreja.
Nós queremos ser “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que os nossos povos tenham vida nele” (Documento de Aparecida). Somos chamados a levar a Boa Nova de Jesus até os confins da terra. A Comunidade cristã não é um grupo de pessoas em torno de um líder, mas são pessoas unidas em torno de Cristo, e organizadas entre si para a construção do Reino de Deus.
Certa vez, um menino da roça foi à cidade com o pai. E lá havia um palhaço na rua, fazendo propagando do circo. O garoto se encantou com aquele palhaço, e começou a acompanhá-lo, junto com as outras crianças.
Quando se deu conta, tinha se separado do pai. O menino começou a chorar, e a andar desesperadamente pelas ruas procurando o pai. Ele atravessava as ruas sem cuidado, correndo o risco de ser atropelado. Até que, por sorte, o pai, que também o procurava, o viu na rua e correu atrás.
Este mundo está cheio de gente andando sem rumo e desesperadamente, como aquele garoto. A sogra de Pedro não andou sem rumo, pois imitava e seguia Jesus Cristo, o caminho, a verdade e a vida.
Maria Santíssima passou a vida servindo: dona de casa, esposa, mãe... Que ela nos ajude a servir na humildade, a Deus e aos nossos irmãos e irmãs, e assim acertar o caminho do Céu.
Curou muitas pessoas de diversas doenças.
Padre Queiroz
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Jesus curou a sogra de Pedro – Diac. José da Cruz


Jesus tinha uma agenda bem "cheia", mas nela sempre havia um bom tempo para duas coisas muito importantes: o atendimento as pessoas enfermas, tristes, oprimidas, possessas do demônio, e também para entregar-se a oração, porque na oração que escuta, o Pai vai confirmando-o em sua missão libertadora.
Na agenda não faltava a participação na celebração, junto com seus discípulos ( eles tinham acabado de sair da sinagoga) e ainda a visita a casa dos amigos onde tinha uma grande sensibilidade com alguém que estava enfermo, como é o caso da sogra de Pedro. Claro que há nessa cura um toque a mais da sua graça santificante, pois ao tomá-la pela mão e a pondo de pé, imediatamente a febre a deixou e ela começou a servi-los. Quem é tocado pela graça tem essa primeira reação: se dispõe a servir a comunidade...
As demais curas devem sempre ser compreendidas em seu verdadeiro significado, elas querem nos apresentar um Jesus com poderes divinos, que usa esse poder para libertar, desalienar e curar todos os que ainda jazem no pecado. Esses sinais confirmam a autenticidade do seu messianismo mas não são importantes em si mesmo.
Por isso mesmo que seus discípulos, não tendo compreendido a profundidade dessas curas, vão á sua procura com outra intenção, a de fazê-lo ver como estava conhecido e já era famoso pois as multidões o seguiam e se admiravam dos prodígios que realizava. Estava mais que na hora de "jogar a âncora" e estacionar o barco para uma pescaria abundante...
Entretanto Jesus foge desse popularismo, não foi para isso que veio, para armar uma tenda dos milagres, deixando que as pessoas necessitadas viessem até ele, mas sim para anunciar e pregar em todas as aldeias vizinhas. Nós também não viemos para fazer sucesso com nosso carisma nas nossas comunidades, mas sim para evangelizar a todas as pessoas de todos os lugares, a Igreja não pode ser um posto de atendimento esperando que os "clientes" venham até ela, antes, deve sair de si mesma e ir ao encontro dos que precisam descobrir o sentido da vida.
Afinal, Jesus Cristo não autorizou ninguém a mudar o ramo de atividade por ele estabelecido desde o início"Ide e Evangelizai..." Ele continua hoje a não querer ser Rei e nem o Maior de todos os milagreiros da humanidade. Os que descaracterizarem a Igreja, omitindo-se da sua missão primária, terão um dia que prestar contas Àquele que a instituiu...

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Iniciemos nossa meditação da Palavra de Deus pela primeira leitura. O livro de Jó, de modo dramático, mostra a vida humana: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? Tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimentos. Se me deito, penso: quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde... Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança. Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. Eis, caríssimos, não são palavras negativas, desesperadas, essas de Jó. São, antes uma reflexão realista sobre o mistério da vida humana, uma reflexão cheia de esperança, porque feita à luz de Deus. Uma coisa é pensar nas realidades negativas de nossa existência simplesmente contando com nossas forças. Que desespero, que desilusão, que vazio de sentido! Outra, bem diferente, é encarar a vida também com suas trevas, à luz de Deus, o amor eterno e onipotente! Que esperança que não decepciona, que paz que invade o coração, mesmo na dor!
Notem: num mundo como o nosso, que cultua o corpo, o físico sarado, a saúde e o vigor físicos e presta tão pouca atenção ao sofrimento, à dor, ao fracasso... Num mundo que tem medo de pensar na morte e de assumir que todos morreremos, num mundo que não sabe o que fazer com o sofrimento, com a doença, com a decadência física, com a deformidade do corpo, estas palavras de Jó, convidam-nos a colocar os pés no chão. Repito: não são palavras pessimistas porque aquele que chora e busca o sentido da existência, fá-lo diante de Deus. Recordem como terminam as palavras da leitura – são comoventes: “Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. São uma oração! O triste na vida não é sofrer, não é chorar, não é morrer... Triste e miserável é sofrer e chorar e morrer sem Deus, sem este Parceiro cheio de doce ternura que dá sentido à nossa existência!
Por isso mesmo veio Jesus, nosso senhor! É isto que o Evangelho nos mostra hoje. Cristo nosso Deus, tomando pela mão a sogra de Pedro e erguendo-a do seu leito, revela que vem nos tomar pela mão – a nós, feridos e doentes de tantas doenças, fraquezas e medos! Este é o Evangelho, a Boa notícia: em Jesus, Deus revela o sentido de nossa existência porque se revela como Deus próximo, Deus de compaixão, Deus capaz de dar um sentido às nossas dores e até à nossa morte. Cristo nos toma pela mão, Cristo toma sobre si as nossas dores. Não precisamos fingir que não envelhecemos, que não adoeceremos, que não morreremos... Sabemos que nem a vida nem a morte nos podem afastar do amor de Cristo; sabemos que nele, tudo se enche de novo sentido... Por isso todos o procuram, porque procuram um sentido para a existência! 
O grande dom que Cristo nos faz não é milagres nem curas nem solução de problemas. Deixemos essa visão miserável, mesquinha e pagã para os pagãos e os que enganam e ganham dinheiro e poder em nome de Cristo. Nosso modo de ver é outro, é aquele mesmo que o Cristo nos ensinou e do qual ele mesmo nos deu o exemplo pela sua vida e pela sua morte! O santo Padre Bento XVI assim escreveu: “Uma visão do mundo que não pode dar um sentido também à dor e não consegue torná-la preciosa, não serve para nada. Tal visão fracassa exatamente ali, onde deveria aparecer a questão mais decisiva da existência. Aqueles que sobre a dor não têm nada mais a dizer a não ser que se deve combatê-la, enganam-se. Certamente, é necessário fazer tudo para aliviar a dor de tantos inocentes e limitar o sofrimento. Mas, uma vida humana sem dor não existe e quem não é capaz de aceitar a dor, foge daquelas purificações que são as únicas a nos tornar maduros. Na comunhão com Cristo, a dor torna-se plena de significado, não somente para mim mesmo, como processo de purificação, no qual Deus tira de mim as escórias que obscurecem a sua imagem, mas também, para além de mim mesmo, é útil para o todo, de modo que, todos nós podemos dizer como São Paulo: ‘Agora eu me alegro nos sofrimentos que suporto por vós, e completo na minha carne o que falta dos padecimentos do Cristo pelo seu corpo que é a Igreja’ (Cl. 1,24)... A vida vai além da nossa existência biológica. Onde não há mais motivo pelo qual vale a pena morrer, também não há motivo que faça valer a pena viver.”
Para isso Jesus veio – “foi para isso que eu vim!”, diz o Senhor hoje. Veio para anunciar o Reino e expulsar tudo aquilo que demoniza a nossa existência. E nada nos inferniza mais que viver sem sentido!
Não vivamos como os pagãos, que vão sendo levados pela existência, fugindo da realidade e refugiando-se nas ilusões. Quanto excesso de divertimento, de eventos esportivos, de programas turísticos, de sonhos de consumo, de lazer e diversão... Se tudo isso numa justa medida é saudável, com o excesso que hoje se vê, é prejudicial, é sinal de uma humanidade doente, que tem medo de enfrentar as verdadeiras e profundas questões da existência! É que sem uma relação vive e íntima com o Senhor, é impossível enfrentar a nossa dura realidade! É neste sentido que o cristianismo nos apresenta um Evangelho, uma Boa Notícia: porque nos dá o Sentido, que aparece em Cristo Jesus!
Abramo-nos para o Senhor; nele apostemos nossa existência e tornemo-nos para os outros sinais de esperança e de vida, como são Paulo que se sentia devedor do Evangelho a todos. Que seja o Senhor Jesus consolo de nosso pranto, força no nosso caminho, alívio de nossas dores e prêmio de vida eterna.
dom Henrique Soares da Costa
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A autoridade de Jesus  e os enfermos
A liturgia deste domingo nos ajuda a refletir sobre um assunto bem atual: a “teologia da prosperidade!” O livro de Jó nos confronta com algo incompreensível para quem acredita que Deus recompensa os bons e castiga os maus nesta vida: Jó é um homem justo e, apesar disso, perdeu tudo. Durante 40 capítulos, Jó protesta contra a injustiça de seu sofrimento sem explicação, mas no fim Deus mostra a sua presença, e Jó se consola e se cala.
Também Jesus, no Novo Testamento, nunca apresenta uma explicação do sofrimento, porque não há explicação. Mas ele traz uma solução: assume o sofrimento. Inicialmente, curando-o. No fim, sofrendo-o, em compaixão universal. Se Jó nos mostra que Deus está presente onde o ser humano sofre, Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento do ser humano por dentro. E ele o assume até o fim.
A 2ª leitura continua com os assuntos dos coríntios, que pretendem ter a liberdade de fazer tudo o que têm direito de fazer. Paulo não concorda: nem sempre devo fazer uso de meu direito. A caridade, a paciência para com o menos forte, com o inseguro na fé, valem mais que meu direito pessoal.
1ª leitura (Jó 7,1-4.6-7)
Jó foi fortemente provado por Deus. Perdeu tudo, até a saúde. Seus amigos não o conseguem consolar (Jó 2,11). Jó contempla sua vida com amargura e só consegue pedir que a aflição não seja demais e que Deus lhe dê um pouco de sossego. A vida é um “serviço de mercenário”, diz. Como os boias-frias, ele sempre leva a pior. Desperta cansado e, deitado, não consegue descansar, por causa das feridas. Que Deus lhe dê um pouco de sossego...
Procurando uma resposta para o mistério do sofrimento, os amigos de Jó dizem que os justos são recompensados e os ímpios, castigados. Mas Jó protesta: ele não é um ímpio. A teoria da prosperidade dos justos, a “teologia da retribuição”, não se verifica na realidade (21,5-6). Menos ainda o convence o pedante discurso de Eliú, tratando de mostrar o caráter pedagógico do sofrimento (cap. 32-37). Os amigos de Jó não resolvem nada. Vendem conselhos, mas não se compadecem. Suas palavras são pimenta na ferida.
Por outro lado, mesmo amaldiçoando o próprio nascimento, Jó não amaldiçoa Deus; ao contrário, reconhece e louva sua sabedoria e suas obras na criação: o abismo de seu sofrimento pessoal não lhe fecha os olhos para a grandeza de Deus! E é exatamente por este lado que entrará sossego na sua existência. Pois Deus se revelará a ele, tornar-se-á presente em seu sofrimento – ao contrário de seus amigos sabichões –, e essa experiência do mistério de Deus fará Jó entrar em si, no silêncio (42,1-6).
Evangelho (Mc. 1,29-39)
Como para preencher o que ficou aberto na 1ª leitura, o evangelho nos mostra o Filho de Deus assumindo nossas dores. A narrativa conta o fim do “dia em Cafarnaum”, iniciado em Mc. 1,21 (cf. domingo passado). Jesus continua com seus gestos e ações que falam de Deus. 
No início de seu ministério, Jesus assume o sofrimento, curando-o. Mostra os sinais da aproximação de Deus ao sofredor. Sinais feitos com a “autoridade” que já comentamos no domingo passado. Ao sair do ofício sinagogal, naquele dia de sábado, Jesus se dirige à casa de Pedro. Lá, ergue da febre a sogra de Pedro. E ela se põe a servir, demonstrando assim sua transformação. Depois, ao anoitecer, quando termina o repouso sabático, as pessoas trazem a Jesus os seus enfermos. Jesus acolhe a multidão em busca de cura: novo sinal de sua misteriosa “autoridade”. Os endemoninhados, os maus espíritos reconhecem seu adversário, mas ele lhes proíbe propalar o que sabem (cf. domingo passado). E quando, depois, Jesus se retira para se encontrar com o Pai, e os discípulos vêm buscá-lo para reassumir sua atividade em Cafarnaum, ele revela que a vontade de seu Pai o empurra para outros lugares. Ele está inteiramente a serviço do anúncio do reino, com a “autoridade” que o Pai lhe outorgou.
No fim de seu ministério, Jesus assumirá o sofrimento, sofrendo-o. Aí, sua compaixão se torna realmente universal. Supera de longe aquilo que aparece no livro de Jó. Se este nos mostra que Deus está presente onde o ser humano sofre (e isso já é grande consolação), Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento do ser humano por experiência.
Assim como o livro de Jó, Jesus não apresenta uma explicação teórica do sofrimento. Neste sentido, concorda com os filósofos existencialistas: sofrer faz parte da “condição humana”. Não há explicação, mas, sim, solução: Jesus assume o sofrimento. No livro de Jó, Deus se digna olhar para o ser humano que sofre. Em Jesus Cristo, ele participa de seu sofrimento.
2ª leitura (1Cor. 9,16-19.22-23)
A 2ª leitura continua com a 1ª carta aos Coríntios, abordando assunto muito especial. 1Cor 8-10 é uma unidade que trata da questão sobre se o cristão pode sempre fazer as coisas que, em si, não são um mal. Trata-se das carnes que sobravam dos banquetes oferecidos pela cidade em honra das divindades locais. Essas carnes eram, depois da festa, vendidas no mercado por “preço de banana”. O cristão, dizem os “esclarecidos”, pode comprá-las e comê-las sem problema, já que não acredita nos ídolos. Paulo, porém, pensa diferente: a norma não é a liberdade, mas a caridade (cf. Gálatas 5,13: usemos da “liberdade para nos tornar escravos de nossos irmãos”). Se o uso de nossa liberdade causa a queda do “fraco na fé”, que tem ainda resquícios de sua tradição pagã, devemos considerar a sensibilidade de nosso irmão.
Paulo não concorda com a pretensa liberdade dos coríntios para fazerem tudo a que têm direito. Existe o aspecto objetivo (carne é carne e ídolos não existem) e o aspecto subjetivo (alguém menos instruído na fé talvez coma as carnes idolátricas num espírito de superstição; 8,7). Portanto, diz Paulo, nem sempre devo fazer uso de meu direito. E alega seu próprio exemplo: ele teria o direito de receber gratificação por seu apostolado, mas, como tal gratificação poderia ser mal interpretada, prefere ganhar seu pão trabalhando. A gratificação de seu apostolado consiste no prazer de pregar o evangelho de graça. Paulo teria os mesmos direitos dos outros apóstolos: levar consigo uma mulher cristã (9,5), ser dispensado de trabalho manual (9,6), receber salário pelo trabalho evangélico (9,14; cf. a “palavra do Senhor” a este respeito, Mt. 10,10). Entretanto, prefere anunciar o evangelho de graça, para que ninguém suspeite de motivos ambíguos. Ora, essa atitude não é inspirada apenas por prudência, mas por paixão pelo evangelho: “Ai de mim se eu não pregar o evangelho... Qual é meu salário? Pregar o evangelho gratuitamente, sem usar dos direitos que o evangelho me confere!” (9,17-18). Se tivermos verdadeiro afeto por nosso irmão fraco na fé, desistiremos com prazer de algumas coisas aparentemente cabíveis; e a própria gratuidade será a nossa recompensa, pois “tudo é graça”.
Dicas para reflexão
As leituras de hoje estão interligadas por um fio quase imperceptível: enquanto Jó se enche de sofrimento até o anoitecer (1ª leitura), Jesus cura o sofrimento até o anoitecer (evangelho). O conjunto do evangelho mostra Jesus empenhando-se, sem se poupar, para curar os enfermos de Cafarnaum. E, no dia seguinte, o poder de Deus que ele sente em si o impele para outros lugares, sem se deixar “privatizar” pelo povo de Cafarnaum. A paixão de Jesus é deixar efluir de si o poder benfazejo de Deus. Ele assume, sem limites, o sofrimento do povo. Ele sabe que essa é sua missão: “Foi para isso que eu vim”. Não pode recusar a Deus esse serviço.
Nosso povo, muitas vezes, vê nas doenças e no sofrimento um castigo de Deus. Mas quando o próprio Enviado de Deus se esgota para aliviar as dores do povo, como essas doenças poderiam ser um castigo de Deus? Não serão sinal de outra coisa? Há muito sofrimento que não é castigo, mas, simplesmente, condição humana, condição da criatura, além de ocasião para Deus manifestar seu amor. O evangelista João dirá que a doença do cego não vem de pecado algum, mas é oportunidade para Deus manifestar sua glória (Jo 9,3; cf. 11,4).
Por mais que o ser humano consiga dominar os problemas de saúde, não consegue excluir o sofrimento, pois este tem outra fonte. Mas é verdade que o egoísmo aumenta o sofrimento. O fato de Jesus apaixonadamente se entregar à cura de todos os males, também em outras cidades, é uma manifestação do Espírito de Deus que está sobre Jesus e que renova o mundo (cf. Sl 104[103],30). O evangelista Mateus compreendeu isso muito bem, quando acrescentou ao texto de Mc 1,34 a citação de Is 53,4 acerca do Servo sofredor: “Ele assumiu nossas dores e carregou nossas enfermidades” (Mt 8,17). E se pelo pecado do mundo as dores se transformam num mal que oprime a alma, logo mais Jesus se revelará como aquele que perdoa o pecado (cf. 7º domingo do tempo comum).
Também se hoje acontecem curas e outros sinais do amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus Cristo, é preciso que reconheçamos nisso os sinais do reino que Jesus vem trazer. Não enganemos as pessoas com falsas promessas de prosperidade, que até causam nos sofredores um complexo de culpa (“Que fiz de errado? Por que mereci isso?”). Mas, em meio ao mistério da dor, dediquemo-nos a dar sinais do amor de Jesus e de seu Pai.
Aí de mim se não pregar o evangelho!
Vamos nos deter em alguns versículos da primeira epístola de Paulo aos Coríntios proposta como segunda leitura deste domingo. Paulo fala de sua incumbência de ser pregador do evangelho. Estamos diante de um homem vestido da convicção de que sua vida será proclamar pela palavra e pela vida a Boa Nova que tem um nome  bem  preciso:  Jesus Cristo, o Senhor, o Ressuscitado que invadira a vida de Paulo no caminho de Damasco.
“Pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se não pregar o evangelho!”
Quantas vezes já ouvimos essa palavra, esse termo que vem  do grego, evangelho, que significa boa nova. Deveríamos aqui escrever  com  maiúscula:  Evangelho.  Força, dinamismo, energia…tudo isso por detrás de um homem que, depois de passar pelos tormentos da condenação e do abandono na cruz, ressuscitou para inaugurar um mundo novo. Esse Jesus que hoje está no  Pai e  ao mesmo tempo percorre os caminhos da humanidade como já fazia no primeiro dia da semana indo de Jerusalém para Emaús…Ele é o Evangelho. Ele continua convocando, chamando, olhando nos olhos das pessoas para que deixem  os telônios, desçam das árvores,  abandonem os seus pequenos e mesquinhos interesses e o sigam pelas trilhas da libertação do próprio ego, pelos caminhos de uma vida transparente, generosa, devotada ao outro, uma vida de amor, uma vida viçosa que nasce da morte do grão de trigo.  Crianças, jovens, casados, idosos, pessoas com saúde e outras doentes precisam ouvir  a Boa Nova. Por isso, os pregadores são importantes.  Pregadores do Senhor e não de si mesmos. Servos do Evangelho e não pessoas que falam por falar.  Ai de mim, dirá Paulo, se não evangelizar.  O Apóstolo se deu conta que sua existência  seria toda em função desse empenho de atingir o mais íntimo de cada pessoa e fazer com que elas compreendam o que significa  ter uma paixão por Cristo. Imagino a imensa paz e felicidade de um sacerdote segundo o coração de Deus,  de um pai e de uma mãe de família vestidos do Evangelho e evangelizando. Felizes aqueles que  fazem de sua vida devotamento pelo Evangelho, por Cristo que quer, através de seus ministério atingir vidas e transformar existências.
São João Crisóstomo, um dos maiores padres da Igreja, assim escreve a respeito de Paulo: “Realmente no meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias, triunfando de todos os seus assaltos. E, em toda parte, flagelado, coberto de injúrias e maldições, como se desfilasse num cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus, gloriava-se e dava graças a Deus (…). Corria ao encontro das humilhações e das ofensas que suportava por causa da pregação, com mais entusiasmo do que nós quando nos apressamos  para alcançar o prazer das honrarias;  aspirava mais pela morte  do que nós pela vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava muito mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho. Uma só coisa o amedrontava e fazia temer: ofender a Deus. E uma única coisa desejava:  agradar a Deus” (Liturgia das Horas  III, p. 1209).
Não é por ai que começa a nova evangelização?
frei Almir Ribeiro Guimarães
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Ser livre para servir
* 29-34: Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça o domínio que eles têm sobre o homem. 
* 35-39: O deserto é o ponto de partida para a missão. Aí Jesus encontra o Pai, que o envia para salvar os homens. Mas encontra também a tentação: Pedro sugere que Jesus aproveite a popularidade conseguida num dia. É o primeiro diálogo com os discípulos, e já se nota tensão
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral
Curas na Galileia - Marcos 1,29-39
Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
Desenvolvimento do Evangelho
O Evangelho de hoje é um resumo da missão do Filho de Deus, através do anuncio da Boa nova, expulsão de maus espíritos e libertação de enfermidades, seguida da disposição de colocar-se imediatamente a serviço do Reino.
Jesus sai da sinagoga e vai para casa de Pedro, onde cura a sua sogra, que em seguida, se levanta e coloca-se a “serviço”. Com isso, Marcos nos faz compreender que Jesus é aquele que ajuda as pessoas a caminharem com as próprias pernas e serem responsáveis pelo seu agir. Jesus liberta, e as pessoas, como resposta, se põem a serviço do libertador.
Este início do Evangelho deixa clara a formação da primeira comunidade: a reunião em casa e o serviço à Deus que é a diaconia.
Era dia de sábado e, somente depois do pôr do sol, terminado o repouso sabático dos judeus, a cidade se reúne em frente à casa onde Jesus está reunido com seus discípulos em oração e serviço, para que Ele faça curas físicas e espirituais aos doentes e possessos.
A oração é a mais importante ferramenta para comunhão com o projeto de Deus, por isso, antes do amanhecer do dia seguinte, Jesus se afasta da cidade e vai ao deserto encontrar-se com seu Pai para saber mais sobre a sua missão. Ele sabe que o povo está à Sua procura apenas por causa de seus poderes milagrosos, pois não compreendem a Sua missão, e quem Ele é, e por isso precisa continuar seu caminho e se revelar a outros também.
Ao ver os discípulos reunidos em torno de Simão Pedro, Jesus revela a Sua missão evangelizadora que deve ser dirigida a todo o povo. Jesus ouve que todos da cidade desejam que Ele fique ali, mas sua missão é fazer a vontade de Deus que é levar o Evangelho a todas as aldeias da Galileia.
A expressão ‘foi para isso que eu vim’ revela Jesus totalmente entregue a essa missão e à vontade de seu Pai. Ele vence a tentação de popularidade fácil porque o caminho da libertação passa pela entrega total da vida na cruz.
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O poder de curar
O poder taumatúrgico de Jesus chamava a atenção de todos. Por onde passava, atraía multidões de pessoas que recorriam a ele em busca de cura para suas doenças e enfermidades. E ninguém ficava sem ser atendido.
Os milagres de Jesus, entretanto, nada tinham de exibicionismo. Seu poder de curar não o transformava em milagreiro ambulante, a serviço do interesse e da curiosidade alheia. Talvez alguém se tenha aproximado dele com esta visão deturpada de sua ação. Ele, porém, manteve até o fim sua pureza de intenção.
Os milagres de Jesus estavam em função de seu serviço ao Reino. Por meio deles, ficava patente que o Reino estava acontecendo em forma de recuperação da saúde e de tudo quanto mantinha cativo o ser humano.
Os benefícios do poder de Jesus chegavam a todos indistintamente. Jesus não se perguntava se a pessoa era digna ou não de ser beneficiada por ele. Importava-lhe apenas o fato de ter diante de si alguém carente de vida, em quem o Reino podia dar seus frutos. Por isso, não se recusava a acolher pessoa alguma e fazê-la participar da vida recebida do Pai, para ser partilhada com a humanidade.
padre Jaldemir Vitório
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Nossa missão é pregar a favor do Reino contra o poder demoníaco

No seu realismo sofrido, Jó sente que seus dias "correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança". Sua vida é um sopro "e seus olhos não voltarão a ver a felicidade". O fadista português João de Freitas desejava que voltasse atrás sua vida vivida para poder ver o que não tinha sabido viver.
Assim como Jó, o fadista sabe que "a vida começa cedo, mas, assim que ela começa, começamos por ter medo de que ela se acabe depressa". Os dias correm mais rápido que a lançadeira do tear. O tempo vai-se passando e a gente vai-se iludindo, ora rindo, ora chorando.
"Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra?" - pergunta Jó em seu lamento. "Tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimento." A gente vai-se iludindo, ora rindo, ora chorando, ora chorando, ora rindo. "Meu Deus, como o tempo passa, dizemos de quando em quando. Afinal o tempo fica. A gente é que vai passando."
E dizemos também que a gente passa desta para melhor. A sogra de Pedro tinha febre e Jesus a curou, assim como curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios, numa demonstração de que sua vontade é que passemos do vale de lágrimas para novos céus e nova terra.
A situação é triste, e grande é a vontade de voltar atrás. "Volta atrás vida vivida para eu tornar a ver aquela vida perdida que nunca soube viver." Ou é melhor ir para frente, andando com Jesus pelo mundo afora, pregando e expulsando demônios? "Pregando", significa em primeiro lugar não se entregar ao desânimo causado pela dureza da vida, mas, ao contrário, viver a vida como ela é, tentando transformá-la.
"Ai de mim, se não pregar o Evangelho" - exclama são Paulo aos coríntios. Ai de mim, se não entrar neste mundo com vontade e disposição de anunciar algo novo e bom.
Pregar é uma necessidade, uma missão que se realiza como vocação, livremente, sem interesses, por convicção e entusiasmo pela causa abraçada. Quem perdeu o sentido da vida precisa de uma Boa Notícia, que, em última análise, é Cristo e o seu Evangelho.
Por isso são Paulo escreve: "Por causa do Evangelho eu faço tudo, para ter parte nele".
São Marcos, porém, insiste em contrapor Jesus aos demônios, porque vê neles a causa da situação infra-humana em que muitas pessoas se encontram. O evangelista sabe que lutamos uns contra os outros e tiramos de muitos a oportunidade de realização.
Situações humanas degradantes são causadas por pessoas concretas que geram sistemas dos quais não é fácil sair. Isso é demoníaco, ou seja, quem assim procede é agente do demônio e exerce sobre os outros um poder demoníaco.
São Marcos mostra que Jesus veio para se opor ao poder demoníaco existente em pessoas concretas que colocam os outros numa situação infra-humana. Por isso Jesus expulsa demônios. "Levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. (...) Jesus expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem Ele era. (...) E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios."
Aí está nossa missão: pregar a favor do Reino contra o poder demoníaco, para dar a Jó e ao fadista uma Boa Notícia.
cônego Celso Pedro da Silva
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Início do ministério de Jesus
Marcos, em seu evangelho, marca o início do ministério de Jesus com duas narrativas de milagres, articuladas entre si, as quais caracterizam a nova prática vivida por Jesus. A saída da sinagoga, onde havia um espírito impuro, é, logo, seguida da entrada na casa de Simão Pedro e André. Com a concisa afirmação "logo que saíram da sinagoga, foram... para a casa de Simão...", Marcos indica que Jesus abandona a sinagoga, e seu ministério se dá em um novo espaço, na casa. É a casa o lugar onde se reúne a nova comunidade e que se torna o centro de irradiação da missão. Depois disso, a presença de Jesus nas sinagogas é mencionada apenas três vezes: para expulsar os demônios, para questionar a prática excludente farisaica e para revelar qual é a verdadeira sabedoria de Deus. A sinagoga é o lugar onde Jesus encontra os espíritos impuros. A casa, com a mulher libertada de seu abatimento, é o lugar do serviço característico das novas comunidades. A presença de Deus, agora, não está aprisionada no único Templo em Jerusalém (destruído no ano 70), nem nos espaços de culto das sinagogas que acompanhavam os judeus no interior da Judéia, ou dispersos fora dela.
Com Jesus, Deus está presente no coração da vida, na casa, onde se reúne a família e que é centro de produção artesanal ou agrícola para as trocas necessárias para a sobrevivência. A casa é lugar de encontro vital, de iniciativas, de irradiação e comunhão de vida, em qualquer região, em qualquer povo. Nos Atos dos Apóstolos também se evidencia este deslocamento do eixo da sinagoga para as casas. São as "igrejas domésticas" das primeiras comunidades. A comunicação da vida plena, por Jesus, se dá no convívio diário, nas relações fraternas cheias de amor, seja no ambiente familiar, seja em uma comunidade mais abrangente.
O evangelista, ao insistir em muitas curas e exorcismos, tem a intenção de remover do leitor a visão de Jesus como um milagreiro. Pelas características variadas destas narrativas de milagres, o leitor começa a perceber o seu sentido simbólico. Em sua essência elas indicam o contraste maior existente entre a proposta libertadora e vivificante de Jesus e a proposta opressora e excludente da sinagoga e da tradição do Templo, em um contexto de carências e sofrimento do povo. O povo acorre a Jesus que, depois de atendê-lo, retira-se, de madrugada para orar. Querem retê-lo junto a si. Jesus o rejeita, decidido a ir anunciar sua mensagem libertadora e vivificante por toda a Galileia.
A primeira leitura retrata, na pessoa de Jó, o sofrimento de um pobre excluído. O livro de Jó revela que o sofrimento não é castigo de Deus, conforme se afirmava na Doutrina da Retribuição, mas resulta, principalmente, da injustiça dos poderosos deste mundo. Na segunda leitura Paulo faz apologia de sua dedicação à pregação do evangelho.
José Raimundo Oliva
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Que sentido têm o sofrimento e a dor que acompanham a caminhada do homem pela terra? Qual a “posição” de Deus face aos dramas que marcam a nossa existência? A liturgia do 5º domingo do tempo comum reflete sobre estas questões fundamentais. Garante-nos que o projeto de Deus para o homem não é um projeto de morte, mas é um projeto de vida verdadeira, de felicidade sem fim.
Na primeira leitura, um crente chamado Job comenta, com amargura e desilusão, o fato de a sua vida estar marcada por um sofrimento atroz e de Deus parecer ausente e indiferente face ao desespero em que a sua existência decorre… Apesar disso, é a Deus que Job se dirige, pois sabe que Deus é a sua única esperança e que fora d’Ele não há possibilidade de salvação.
No Evangelho manifesta-se a eterna preocupação de Deus com a felicidade dos seus filhos. Na ação libertadora de Jesus em favor dos homens, começa a manifestar-se esse mundo novo sem sofrimento, sem opressão, sem exclusão que Deus sonhou para os homens. O texto sugere, ainda, que a ação de Jesus tem de ser continuada pelos seus discípulos.
A segunda leitura sublinha, especialmente, a obrigação que os discípulos de Jesus assumiram no sentido de testemunhar diante de todos os homens a proposta libertadora de Jesus. Na sua ação e no seu testemunho, os discípulos de Jesus não podem ser guiados por interesses pessoais, mas sim pelo amor a Deus, ao Evangelho e aos irmãos.
1ª leitura: Job. 7,1-4.6-7 – AMBIENTE
O livro de Job é um clássico da literatura universal. Além de uma extraordinária beleza literária, este livro apresenta uma bem elaborada reflexão sobre algumas das grandes questões que o homem de todos os tempos coloca a si próprio: qual o sentido da vida? Qual a situação do homem diante de Deus? Qual o papel de Deus na vida e nos dramas do homem? Qual o sentido do sofrimento?
Job, o herói desta história, é apresentado como um homem piedoso, bom, generoso e cheio de “temor de Deus”. Possuía muitos bens e uma família numerosa… Mas, repentinamente, viu-se privado de todos os seus bens, perdeu a família e foi atingido por uma grave doença.
A história dos dramas de Job serve para introduzir uma reflexão sobre um dogma intocável da fé israelita: o dogma da retribuição. Para a catequese tradicional de Israel, a atitude de Deus em relação aos homens estava perfeitamente definida: Jahwéh recompensava os bons pelas suas boas obras e os maus recebiam sempre um castigo exemplar pelas injustiças e arbitrariedades que praticavam. A justiça de Deus – realizada sempre nesta terra – era linear, previsível, lógica, imutável. Jahwéh é, de acordo com esta catequese, um Deus definido, previsível, que Se limita a fazer a contabilidade das ações boas e das ações más do homem e a pagar-lhe em conseqüência.
No entanto, a vida punha em causa esta visão “oficial” de Deus e da sua acção na vida do homem. Constatava-se, com alguma freqüência, que os maus possuíam bens em abundância e viviam vidas longas e felizes, enquanto que os justos eram pobres e sofriam por causa da injustiça e da violência dos poderosos. O dogma acabava, sobretudo, por ser totalmente posto em causa pelo problema do sofrimento do inocente: se um homem bom, piedoso, que teme o Senhor e que vive na observância dos mandamentos sofre, como explicar esse sofrimento?
O Livro de Job reflete, precisamente, sobre esta questão. O herói (Job) discorda da teologia tradicional (no livro, apresentada por quatro amigos, que procuram explicar a Job que o seu sofrimento tem de ser o resultado lógico das suas faltas) e, a partir da sua própria experiência, denuncia uma fé instalada em preconceitos e em teorias abstratas que não tem nada a ver com a vida. Ele não aceita as falsas imagens de Deus fabricadas pelos teólogos profissionais, para quem Deus não passa de um comerciante que paga conforme a qualidade da mercadoria que recebe…
Como não pode aceitar esse deus falso, Job parte em busca do verdadeiro rosto de Deus. Numa busca apaixonada, emotiva, dramática, veemente, temperada pelo sofrimento, marcada pela rebeldia e, às vezes, pela revolta, Job chega ao “face a face” com Deus. Descobre um Deus onipotente, desconcertante, incompreensível, que ultrapassa infinitamente as lógicas humanas; mas descobre, também, um Deus que ama com amor de Pai cada uma das suas criaturas. Job reconhece, então, a sua pequenez e finitude, a sua incapacidade para compreender os projetos de Deus. Reconhece que ele não pode julgar Deus, nem entendê-l’O à luz da lógica dos homens. A Job, o homem finito e limitado, só resta uma coisa: entregar-se totalmente nas mãos desse Deus, incompreensível mas cheio de amor, e confiar plenamente n’Ele. E é isso que Job faz, finalmente.
O nosso texto integra o corpo central do livro. Entre 3,1 e 31,40, o autor apresenta, em forma de poesia, um diálogo entre Job (o crente inconformado, polêmico, contestatário) e os amigos (os defensores da teologia e da catequese tradicionais). Nesse diálogo, Job vai desfazendo os argumentos da catequese oficial de Israel; e vai, também, derramando a sua insatisfação e revolta, num desafio a esse deus falso que os amigos lhe apresentam e que Job se recusa a aceitar.
MENSAGEM
O texto que nos é hoje proposto apresenta-se como uma reflexão do próprio Job sobre o sentido da sua vida.
Job começa por tecer considerações de caráter geral sobre a vida do homem na terra. O quadro apresentado é muito negativo… Para mostrar como a vida é dura, triste e dolorosa, ele utiliza três exemplos (vs. 1-2). O primeiro exemplo é o da vida do soldado, condenado a uma existência de luta, de risco e de sujeição. O segundo exemplo é o do escravo, condenado a uma vida de trabalho, de tortura e de maus tratos (só os breves momentos de descanso, à sombra, lhe dão algum alívio). O terceiro exemplo é o do trabalhador assalariado, condenado a trabalhar duramente de sol a sol (embora receba a recompensa de um salário). Estes são, na época, os três “estados” considerados mais penosos e miseráveis da vida do homem.
No entanto, Job considera que a sua situação pessoal ainda é mais terrível. A dor que enche a sua existência fatiga mais do que o trabalho do assalariado; a sua infelicidade é mais dolorosa do que a vida de luta e de risco do soldado; o seu desespero é mais pesado do que a sujeição do escravo. O sofrimento de Job não lhe dá descanso, nem de noite nem de dia, e a sua desilusão não é atenuada (como no caso do trabalhador) com a esperança de uma recompensa (vs. 3-4.6).
Depois de traçar o quadro da sua triste existência, Job dirige-se diretamente a Deus (v. 7 e seguintes) e pede-lhe que “recorde” (isto é, que tenha em consideração) a triste situação do seu servo.
O texto que a liturgia nos propõe termina aqui… No entanto, na “oração” original, Job continua a expor a Deus a sua triste situação (cf. Job 7,7-21). A oração de Job está carregada de desespero, de amargura e de revolta contra esse Deus incompreensível e prepotente que Se recusa a pôr um fim ao drama do seu amigo Job. O grito de revolta de Job brota de um coração dolorido e sem esperança e é a expressão da angústia de um homem que, na sua miséria, se sente injustiçado e condenado pelo próprio Deus; mas é também o grito do crente que sabe que só em Deus pode encontrar a esperança e o sentido para a sua existência.
ATUALIZAÇÃO
• O sofrimento – sobretudo o sofrimento do inocente – é, talvez, o drama mais inexplicável que atinge o homem ao longo da sua caminhada pela história. Que razões há para o sofrimento de uma criança ou de uma pessoa boa e justa? Porque é que algumas vidas estão marcadas por um sofrimento atroz e sem esperança? Como é que um Deus bom, cheio de amor, preocupado com a felicidade dos seus filhos, Se situa face ao drama do sofrimento humano? A única resposta honesta é dizer que não temos uma resposta clara e definitiva para esta questão. O “sábio” autor do livro de Job lembra-nos, contudo, a nossa pequenez, os nossos limites, a nossa finitude, a nossa incapacidade para entender os mistérios de Deus e para compreender os caminhos por onde se desenrolam os projetos de Deus. De uma coisa podemos estar certos: Deus ama-nos com amor de pai e de mãe e quer conduzir-nos ao encontro da vida verdadeira e definitiva, da felicidade sem fim… Talvez nem sempre sejamos capazes de entender os caminhos de Deus e a sua lógica… Mas, mesmo quando as coisas não fazem sentido do ponto de vista da nossa humana lógica, resta-nos confiar no amor e na bondade do nosso Deus e entregarmo-nos confiadamente nas suas mãos.
• Ao longo do livro de Job, multiplicam-se os desabafos magoados de um homem a quem o sofrimento tornou duro, exigente, amargo, agressivo, inconformado, revoltado até. No entanto, Deus nunca condena o seu amigo Job pela violência das suas palavras e das suas exigências… Deus sabe que as vicissitudes da vida podem levar o homem ao desespero; por isso, entende o seu drama e não leva demasiado a sério as suas expressões menos próprias e menos respeitosas. A atitude compreensiva e tolerante de Deus convida-nos a uma atitude semelhante face aos lamentos de revolta e de incompreensão vindos do coração daqueles irmãos que a vida maltratou… Que ressonância tem no nosso coração o lamento sentido dos nossos irmãos, mesmo quando esse lamento assume expressões mais contundentes e mais chocantes?
• Job é, também, o crente honesto e livre, que não aceita certas imagens pré-fabricadas de Deus, apresentadas pelos profissionais do sagrado. Recusa-se a acreditar num Deus construído à imagem dos esquemas mentais do homem, que funciona de acordo com a lógica humana da recompensa e do castigo, que Se limita a fazer a contabilidade do bem e do mal do homem e a responder com a mesma lógica. Com coragem, correndo o risco de não ser compreendido, Job recusa esse Deus e parte à procura do verdadeiro rosto de Deus – esse rosto que não se descobre nos livros ou nas discussões teológicas abstratas, mas apenas no encontro “face a face”, na aventura da procura arriscada, na novidade infinita do mistério. É esse mesmo percurso que Job, o protótipo do verdadeiro crente, nos convida a percorrer.
2ª leitura: 1Cor. 9,16-19.22-23 - AMBIENTE
Um dos sérios problemas que se punham aos cristãos de Corinto (uma comunidade jovem, viva e entusiasta, mas com as suas dificuldades próprias – dificuldades que resultavam, em parte, de estar inserida num mundo animado por princípios muito diferentes daqueles que estão na origem da mensagem cristã) era o problema de comer ou não comer a carne imolada aos ídolos.
No mundo grego, os templos eram os principais matadouros de gado. Os animais eram oferecidos aos deuses e imolados nos templos. Uma parte do animal era queimada e outra parte pertencia aos sacerdotes. No entanto, havia sempre sobras, que o pessoal do templo comercializava. Essas sobras encontravam-se à venda nas bancas dos mercados, eram compradas pela população e entravam na cadeia alimentar. No entanto, tal situação não deixava de suscitar algumas questões aos cristãos: comprar essas carnes e comê-las – como toda a gente fazia – era, de alguma forma, comprometer-se com os cultos idolátricos. Isso era lícito? É essa questão que inquieta os cristãos de Corinto. A esta questão, Paulo responde em 1Cor. 8-10. Concretamente, a resposta aparece em vinte versículos (cf. 1Cor. 8,1-13 e 10,22-29): dado que os ídolos não são nada, comer dessa carne é indiferente; contudo, deve-se evitar escandalizar os mais débeis: se houver esse perigo, evite-se comer dessa carne, a fim de não faltar à caridade.
Contudo, Paulo vai mais além da questão concreta posta pelos coríntios e enuncia um princípio geral que vale para este caso e vale em qualquer outra situação: o que é fundamental não é o que eu tenho o direito de fazer (aqui, em concreto, comer da carne imolada aos ídolos), mas é que os meus comportamentos sejam guiados pelo amor aos irmãos… Ora, o amor pode, em certas circunstâncias, exigir que eu renuncie aos meus direitos e à minha liberdade, em benefício dos outros (cf. 1Cor. 8,9-13).
Depois do enunciado geral, Paulo desce a exemplos e a considerações concretas… Ele próprio renunciou muitas vezes aos seus direitos, por causa do amor aos irmãos. Ele foi escolhido por Deus para ser apóstolo e, como apóstolo, podia reivindicar certos direitos e viver à custa do Evangelho… Mas nunca exigiu nada porque o que o preocupa, antes de mais, não são os seus próprios direitos, mas o benefício das comunidades e dos irmãos (cf. 1Cor. 9,1-15).
É precisamente aqui que entra o texto que nos é hoje proposto. Nele, Paulo explica que anuncia o Evangelho, não por interesse próprio, mas por interesse dos irmãos.
MENSAGEM
Paulo começa, precisamente, por declarar que o anúncio do Evangelho não é, para ele, um título de glória, mas uma obrigação que lhe foi imposta (v. 16). É uma afirmação surpreendente… Então Paulo não anuncia o Evangelho livremente, mas por obrigação? Assim é, de fato. A partir do momento em que encontrou Cristo e escutou o seu desafio, Paulo foi convocado para evangelizar. Ele apaixonou-se por Cristo, pelo seu projeto de libertação em favor de todos os homens; e essa “paixão” obriga-o a dar testemunho da Boa Nova de Jesus. Quando alguém encontra Cristo e se torna discípulo, não pode ficar parado, mas tem de dar testemunho… A expressão “ai de mim se não anunciar o Evangelho” traduz esse imperativo que Paulo sente e que brota do seu amor a Cristo, ao Evangelho e aos homens. Na verdade, se Paulo evangelizasse por iniciativa própria, provavelmente buscaria a sua recompensa; mas uma vez que é o amor que o obriga a evangelizar, a recompensa não lhe parece importante (vs. 17-18).
O princípio fundamental que orienta a vida deste homem, apaixonado por Cristo e pelo Evangelho, não é a própria liberdade, a afirmação dos próprios direitos ou a defesa dos próprios interesses, mas o amor a Cristo e ao Evangelho. Por amor, ele renunciou aos seus direitos e fez-se “servo de todos” (v. 19); por amor, ele renunciou aos seus próprios interesses e perspectivas pessoais e identificou-se com os fracos, fez-se “tudo para todos” (vs. 22-23). O que é fundamental, o que é decisivo, o que é absoluto na vida de Paulo é o amor. Evidentemente, sugere Paulo, deve ser esse o princípio fundamental que condiciona todas as opções e comportamentos dos cristãos.
ATUALIZAÇÃO
• Em geral, a nossa sociedade é muito sensível aos direitos individuais e valoriza muito a liberdade. Trata-se, sem dúvida, de uma das dimensões mais significativas e mais positivas da cultura do nosso tempo… Contudo, os próprios direitos ou a própria liberdade não são valores absolutos… Aliás, a afirmação intransigente dos próprios direitos e da própria liberdade pode resultar, por vezes, em prejuízo para os outros irmãos… Para o cristão, o valor realmente absoluto e ao qual tudo o resto se deve subordinar é o amor. O cristão sabe que, em certas circunstâncias, pode ser convidado a renunciar aos próprios direitos e à própria liberdade, porque a caridade ou o bem dos irmãos assim o exigem. O amor é, para o cristão, o “bem maior”, em vista do qual ele pode renunciar a “bens menores”. O discípulo de Jesus não pode impor os seus direitos a qualquer preço, sobretudo quando esse preço implica desprezar os irmãos.
• A expressão “ai de mim se não anunciar o Evangelho” traduz a atitude de quem descobriu Jesus Cristo e a sua proposta e sente a responsabilidade por passar essa proposta libertadora aos outros homens. Implica o dom de si, o esquecimento dos seus interesses e esquemas pessoais, para fazer da sua vida um dom a Cristo, ao Reino e aos outros irmãos. Que eco é que esta exigência encontra no nosso coração? O amor a Cristo e aos nossos irmãos sobrepõe-se aos nossos esquemas e programas pessoais e obriga-nos a sentirmo-nos comprometidos com o Evangelho e com o testemunho do Reino proposto por Jesus?
• O serviço do Evangelho e dos irmãos não pode ser, nunca, uma instalação numa vida fácil, descomprometida, cômoda, pouco exigente. Aquele que dedica a sua vida ao serviço do Reino não é um funcionário público, com um horário pouco exigente e um salário agradável, que cumpre as suas horas de serviço, que resolve os problemas “burocráticos” que a “profissão” exige e que se retira comodamente para o seu mundo isolado, em paz com a sua consciência… Mas é alguém que põe o amor aos irmãos e à comunidade acima de tudo, que está sempre disponível para servir, que é capaz de renunciar até aos seus tempos de descanso para acompanhar os irmãos, para os escutar, para os acolher. Para o discípulo de Jesus, o amor deve, sempre, estar acima dos próprios interesses e tornar-se dom, serviço, entrega total.
Evangelho: Mc. 1,29-39 - AMBIENTE
Estamos na primeira parte (cf. Mc. 1,14-8,30) do Evangelho de Marcos. Aí, Jesus é apresentado pelo evangelista como o Messias que proclama essa realidade de um mundo novo – uma realidade que o próprio Jesus chama “Reino de Deus”.
Com o chamamento dos primeiros discípulos (cf. Mc. 1,16-20), começa a constituir-se a comunidade do “Reino” – isto é, a comunidade dos que escutam a proposta de Jesus e aderem a essa proposta. Em seguida, Marcos mostra a realidade do “Reino” a atuar no mundo como salvação e libertação, nas palavras e nos gestos de Jesus: com a autoridade que Lhe vem do Pai (cf. Mc. 1,21-22) e em comunhão total com o Pai, Jesus vence o mal e a dor que escravizam o homem e anuncia um mundo novo de liberdade e de vida plena.
A atuação de Jesus no sentido de fazer aparecer o “Reino” é uma atuação que não se limita ao espaço da sinagoga (cf. Mc. 1,21-28); estende-se, também, a outros ambientes e âmbitos, porque o “Reino de Deus” que Jesus veio propor dirige-se ao homem em todas as suas dimensões e situações.
O Evangelho deste domingo situa-nos em Cafarnaum, uma cidade situada na margem norte do lago de Tiberíades, na Galileia.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto apresenta-nos Jesus a atuar no sentido de tornar o “Reino” uma realidade presente no meio dos homens. O evangelista propõe-nos dois quadros; eles apresentam realidades diversas mas complementares do “ministério de Jesus”.
O primeiro quadro (vs. 29-34) situa-nos na “casa de Pedro”. Na narração de Marcos – com uma forte preocupação catequética – o objetivo fundamental é sugerir que a missão de Jesus consiste em oferecer aos homens a vida nova, a vida definitiva.
No primeiro momento, Jesus cura a sogra de Pedro que “estava de cama com febre” (v. 30). O episódio é descrito com simplicidade e sobriedade, sem gestos teatrais desnecessários. Três pormenores sobressaem na descrição (v. 31). O primeiro pormenor significativo é a indicação de que Jesus “aproximou-Se” da sogra de Pedro. Naturalmente, a iniciativa de Se aproximar de quem está prisioneiro do sofrimento, da doença, da opressão, é sempre de Jesus. Jesus toma a iniciativa, pois a missão que recebeu do Pai consiste em realizar a libertação do homem de tudo aquilo que o faz sofrer e lhe rouba a vida. O segundo pormenor importante aparece na indicação de que Jesus tomou a doente pela mão e “levantou-a”. O verbo utilizado pelo evangelista (o verbo grego “egueirô” – “levantar”) aparece freqüentemente em contextos de “ressurreição” (cf. Mc. 5,41;6,14.16;9,27;12,26;14,28;16,6). A mulher está prostrada pelo sofrimento que lhe rouba a vida; mas o contacto com Jesus devolve-lhe a vida e equivale a uma ressurreição. O terceiro pormenor significativo é a indicação de que a mulher “começou a servi-los”. O efeito imediato do contacto com Jesus e da experiência da vida que brota d’Ele é a atividade que se concretiza no serviço dos irmãos.
Num segundo momento, o quadro apresenta-nos “a cidade inteira” reunida diante da porta da casa de Pedro. “Jesus” – diz Marcos – “curou muitas pessoas que eram atormentadas por várias doenças e expulsou muitos demônios” (vs. 32-34). Os enfermos e os possessos do demônio representam, aqui, todos aqueles que estão privados de vida, que estão prisioneiros do sofrimento, da injustiça, do egoísmo, do pecado. O evangelista convida-nos a ver em Jesus Aquele que tem poder para libertar o homem das suas misérias mais profundas e para lhe oferecer uma vida nova, uma vida livre e feliz.
A “casa de Simão Pedro” (onde Jesus atua e diante da qual se reúne “toda a cidade” à procura da libertação que Jesus veio oferecer) pode ser – nesta catequese que Marcos nos propõe – uma representação da Igreja. É aí que Jesus está oferecendo à “família de Pedro” (isto é, à sua comunidade) vida em abundância. Nesse espaço familiar, Jesus aproxima-Se dos homens, liberta-os do sofrimento que escraviza e aliena, dá-lhes vida definitiva e capacita-os para o serviço dos irmãos. A multidão que se reúne “à porta” da casa de Pedro representa, provavelmente, essa humanidade que busca a libertação e a vida verdadeira e que, dia a dia, olha ansiosamente para a “casa de Pedro” (a Igreja) à procura de Jesus e da sua proposta libertadora.
No segundo quadro (vs. 35-38), Marcos apresenta-nos Jesus retirado num lugar solitário, em oração. A oração faz parte do ministério de Jesus. Está na agenda da sua atividade e dos seus compromissos. É significativo que a atividade de Jesus termine na oração e que a atividade de Jesus em favor das multidões parta, de novo, da oração. A oração é, para Jesus, o cume e a fonte da ação.
Dessa forma, a oração aparece, também, como condição para o surgimento do “Reino”. É na oração que Jesus encontra a motivação para a sua ação em prol do “Reino”; é na oração que Jesus encontra a força para se libertar da tentação da popularidade fácil e para centrar, de novo, a sua atenção em Deus e nos seus projetos. O encontro a sós com Deus não é uma alienação, uma fuga dos problemas do mundo, mas é um momento de encontro com Deus, com os seus projetos e planos para o mundo, e um ponto de partida para o compromisso com a transformação do mundo. O encontro pessoal com Deus significa uma paragem na atividade e um momento de tomada de consciência daquilo que Deus quer e do compromisso que Deus pede aos seus enviados.
O nosso texto termina com uma espécie de resumo, no qual se explicita o sentido do ministério de Jesus: do seu encontro com o Pai, brota uma vontade renovada de concretizar o projeto de Deus e de atuar no meio dos homens a fim de lhes oferecer a libertação e a vida definitiva. Por isso, quando Jesus reencontra os discípulos, dispõe-se a palmilhar “toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demônios” (v. 39).
No texto que nos é proposto neste domingo, os “milagres” de Jesus ocupam um espaço significativo. É preciso ver esses gestos de Jesus, não como gestos espetaculares, destinados a impressionar as multidões, mas como “sinais do Reino”. São gestos que anunciam a irrupção, nesta terra, desse mundo novo, sem exclusão, sem sofrimento, sem maldição, onde todos – e de uma forma especial os pobres e marginalizados – têm a possibilidade de ser felizes. Anunciam que Deus quer criar um mundo novo, onde não há impuros, nem proscritos, nem condenados; anunciam uma nova era, de homens novos, vivendo a plenitude da vida e da felicidade. É isso que Jesus veio fazer, e é essa a missão que os discípulos de Jesus devem procurar concretizar na terra.
ATUALIZAÇÃO
• As ações de Jesus em favor dos homens que o Evangelho deste domingo nos apresenta mostram a eterna preocupação de Deus com a vida e a felicidade dos seus filhos. O projeto de Deus para os homens e para o mundo não é um projeto de morte, mas de vida; o objetivo de Deus é conduzir os homens ao encontro desse mundo novo (o “Reino de Deus”) de onde estão ausentes o sofrimento, a maldição e a exclusão, e onde cada pessoa tem acesso à vida verdadeira, à felicidade definitiva, à salvação. Talvez nem sempre entendamos o sentido do sofrimento que nos espera em cada esquina da vida; talvez nem sempre sejam claros, para nós, os caminhos por onde se desenrolam os projetos de Deus… Mas Jesus veio garantir-nos absolutamente o empenho de Deus na felicidade e na libertação do homem. Resta-nos confiar em Deus e entregarmo-nos ao seu amor.
• O encontro com Jesus e com o “Reino” é sempre uma experiência libertadora. Aceitar o convite de Jesus para O seguir e para se tornar “discípulo” significa a ruptura com as cadeias de egoísmo, de orgulho, de comodismo, de auto-suficiência, de injustiça, de pecado que impedem a nossa felicidade e que geram sofrimento, opressão e morte nas nossas vidas e nas vidas dos nossos irmãos. Quem se encontra com Jesus, escuta e acolhe a sua mensagem e adere ao “Reino”, assume o compromisso de conduzir a sua vida pelos valores do Evangelho e passa a viver no amor, no perdão, na tolerância, no serviço aos irmãos. É – na perspectiva da catequese que o Evangelho de hoje nos apresenta – um “levantar-se”, um ressuscitar para a vida nova e eterna. O meu encontro com Jesus constituiu, verdadeiramente, uma experiência de libertação e levou-me a optar pelos valores do Evangelho?
• A história da sogra de Pedro que, depois do encontro com Jesus, “começou a servir” os que estavam na casa, lembra-nos que do encontro libertador com Jesus deve resultar o compromisso com a libertação dos nossos irmãos. Quem encontra Jesus e aceita inserir-se na dinâmica do “Reino”, compromete-se com a transformação do mundo… Compromete-se a realizar, em favor dos irmãos, os mesmos “milagres” de Jesus e a levar vida, paz e esperança aos doentes, aos marginalizados, aos oprimidos, aos injustiçados, aos perseguidos, aos que sofrem. Os meus gestos são sinais da vida de Deus (“milagres”) para os irmãos que caminham ao meu lado?
• Na multidão que se concentra à porta da “casa de Pedro” podemos ver essa humanidade que anseia pela sua libertação e que grita, dia a dia, a sua frustração pela guerra, pela violência, pela injustiça, pela miséria, pela exclusão, pela marginalização, pela falta de amor… A Igreja de Jesus Cristo (a “casa de Pedro”) tem uma proposta libertadora que vem do próprio Jesus e que deve ser oferecida a todos estes irmãos que vivem prisioneiros do sofrimento… O que é que nós, discípulos de Jesus, temos feito no sentido de oferecer a proposta libertadora de Jesus aos nossos irmãos oprimidos? Ao olhar para a Igreja de Jesus, eles encontram solidariedade, ajuda, fraternidade, preocupação real com os seus dramas e misérias, ou apenas discursos teológicos abstratos e virados para o céu? Os nossos irmãos idosos, doentes, marginalizados, esquecidos encontram nos nossos gestos o amor libertador de Jesus que dá esperança e que aponta no sentido de um mundo novo, ou encontram egoísmo, indiferença, marginalização?
• O exemplo de Jesus mostra que o aparecimento do “Reino de Deus” está ligado a uma vida de comunhão e de diálogo com Deus. Rezar não é fugir do mundo ou alienar-se dos problemas do mundo e dos dramas dos homens… Mas é uma tomada de consciência dos projetos de Deus para o mundo e um ponto de partida para o compromisso com o “Reino”. Só na comunhão e no diálogo íntimo com Deus percebemos os seus projetos e recebemos a força de Deus para nos empenharmos na transformação do mundo. É preciso, portanto, que o discípulo encontre espaço, na sua vida, para a oração, para o diálogo com Deus.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Ele assumiu nossas dores e carregou nossas enfermidades!
Evangelho: Mc. 1,29–39
1. O evangelho de hoje é a continuação e conclusão de um “dia típico” da atividade libertadora de Jesus (Mc. 1,21-34). É uma amostra daquilo que o Mestre faz constantemente. Assim Marcos vai mostrando “quem é Jesus”. Além disso, é preciso ter presente que esse “dia típico” é um sábado, dia sagrado que se tornou estéril, porque incapaz de libertar e comunicar vida aos que sofrem.
2. Veremos:
a. da sinagoga à casa – vv. 29-31 = libertação e serviço
b. em frente da casa – vv. 32-34 = uma multidão de necessitados
c. da casa ao deserto e à Galileia inteira – vv. 35-39 = Jesus vence a tentação
a. da sinagoga à casa – vv. 29-31 = libertação e serviço
3. Jesus se desloca da sinagoga à casa de Simão e André (v. 29) com os quatro discípulos que escolhera (vv. 16-20). É a primeira vez, no evangelho de Marcos, que aparece a menção à casa. Aqui ela se opõe à sinagoga. Ao longo do evangelho, Jesus vai se sentir muito bem em casa, ao passo que a sinagoga irá suscitar conflitos, culminando na decretação da morte de Jesus por parte dos fariseus e alguns do par-tido de Herodes (3,6).
4. A sogra de Simão está de cama, com febre (v. 30a). Para o povo da Bíblia, a febre tinha origem demoníaca, algo que imobilizava as pessoas, deixando-as inativas. Marcos mostra Jesus pegando a mão da mulher, ajudando-a a se levantar (v. 31a). Com isso o evangelista nos estimula a progredir na compreensão de “quem é Jesus”: aquele que ajuda as pessoas a caminhar com as próprias pernas e ser sujeitos do próprio agir. De fato, logo em seguida, “a febre desapareceu, e ela começou a servi-los” (v. 31b). Jesus liberta e as pessoas, como resposta, se põem a serviço do libertador.
5. O modo como Jesus age é simples e, ao mesmo tempo, profundo: ele liberta tocando, pegando pela mão, ajudando a pessoa a se libertar. Notemos mais um detalhe: se a primeira pessoa a ser beneficiada pela ação libertadora de Jesus é um homem, a segunda é uma mulher, sinal de que Jesus não discrimina.
6. Jesus ajudou a sogra de Simão a se levantar. No texto grego, este verbo recorda o rito do Batismo. Quem lê o evangelho com os olhos da fé descobre imediata-mente o sentido do Batismo em si e sua função na sociedade: é um levantar-se para pôr-se a serviço do projeto de Deus.
b. em frente da casa – vv. 32-34 = uma multidão de necessitados
7. Os vv. 32-34 são um sumário. Eles concluem o “dia típico” da atividade libertadora de Jesus. Toda a cidade está reunida em frente da casa de Simão. No meio dessa multidão estão todos os doentes (dos quais a sogra de Simão é símbolo) e todos os possuídos pelo demônio (dos quais o possesso da sinagoga é símbolo). Ao dizer que “Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios” (v. 34a), Marcos está retomando um tema que apareceu no Batismo de Jesus, o do Servo Sofredor que carrega as enfermidades da humanidade (cf. Is. 53,4: “… eram as nossas doenças que ele carregava, eram as nossas dores que ele levava em suas costas”).
8. Reaparece também o tema do silêncio imposto aos demônios (cf. Mc 1,25). A descoberta de “quem é Jesus” é resultado de longo aprendizado na fé e na adesão à Boa Notícia por ele trazida, e isso só se concretiza depois que o discípulo acompanhou o Mestre até a cruz (cf. 15,39).
c. da casa ao deserto e à Galileia inteira – vv. 35-39 = Jesus vence a tentação
9. Na manhã seguinte, Jesus se afasta da cidade para um lugar deserto a fim de rezar (v. 35). A oração é importante porque é a comunhão com o projeto do Pai. Marcos nada diz a respeito do conteúdo da oração de Jesus, mas o contexto desses versículos dão algumas indicações. A primeira é esta: a oração de Jesus situa-se no início de novo dia de sua atividade libertadora. Além disso, marca nova etapa: saindo de Cafarnaum, o Mestre se dirige “a outros lugares, às aldeias das redondezas” (v. 38), ou seja, “por toda a Galileia” (v. 39).
10. A segunda indicação diz respeito à tentação de Jesus. Simão e seus companheiros foram atrás dele e, quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando” (vv. 36-37). São as primeiras palavras dos discípulos neste evangelho, e elas vêm carregadas da “ignorância” que caracteriza os seguidores de Jesus em Marcos. Os discípulos sugerem que ele fique em Cafarnaum usufruindo os dividendos que a fama de seus atos lhe proporcionaria. Aqui entendemos por que Marcos, ao falar que Satanás tentou Jesus (cf. 1,13), omitiu o conteúdo da tentação e o modo como Satanás se apresenta. Jesus vence a tentação da popularidade fácil porque o caminho da libertação passa pela entrega total da vida na cruz.
1ª leitura: Jó 7,1–4 . 6–7
11. Deus se preocupa com nossos sofrimentos. Jó é o tipo da pessoa que sofre. E sua dor nasce de várias situações.
11.1. Em primeiro lugar, a desgraça que se abateu sobre sua vida e sua família.
11.2. Em seguida, a falta de solidariedade da esposa e dos amigos, o que faz aumentar assustadoramente a solidão e o abandono: “A pessoa desesperada tem direito à solidariedade do amigo, mesmo que tivesse abandonado o temor do Todo-poderoso” (6,14).
11.3. Em terceiro lugar, a impressão de que Deus está calado e ausente a tudo isso. E, se é possível detectar um traço da presença de Deus na dor, trata-se de uma presença que assusta e aterroriza: “Quando penso que o leito me aliviará e minha cama abrandará meus gemidos, então me espantas com sonhos e me aterrorizas com pesadelos” (7,13b-14). Dia e noite o sofrimento não tem fim. E Deus, onde está?
12. O DEUS DA TEOLOGIA DA RETRIBUIÇÃO, defendida pelos “amigos” de Jó, tornou-se tormento e terror para quem sofre. Que sentido tem a vida dos sofredores? Jó se faz porta-voz de todos eles e pinta um quadro dramático da situação.
13. Para ele, a vida é um “trabalho pesado” (v. 1a), ou seja, uma espécie de trabalho forçado no qual outros desfrutam seus resultados. É como o trabalho de um mercenário que põe em risco a própria vida para salvar a pele dos outros (v.1b). Em síntese, meses de decepção e noites de sofrimento (v. 3).
14. Há perspectiva de futuro nessa situação? Como pôr fim ao sofrimento?
Se não há esperança de felicidade (vv. 6b.7b), melhor é desejar a morte, visto que nem a noite oferece possibilidade de descanso: “se me deito, penso: ‘quando poderei levantar-me?’ E quantas vezes, de noite, canso de agitar-me até o amanhecer!” (v. 4).
15. Diante da vida que passa cheia de sofrimento, o que Jó pode desejar, senão um pouco de sossego antes de morrer? “Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade!” (v. 7).
16. Diante do sofrimento, ou descobrimos o rosto do Deus verdadeiro, ou fazemos dele um monstro que nos devora inexoravelmente. E a melhor maneira de descobri-lo é solidarizar-se com os sofredores que vivem no meio de nós e ao nosso redor. É inútil  afirmar depois  que o sofredor morreu: “Coitado,  descansou!”, pois aí será a nossa vez de não descansar.
2ª leitura: 1Cor. 9,16-19,22-23
17. O capítulo 9 da 1ª. Carta aos Coríntios ajuda a entender a questão da liberdade. Na comunidade de Corinto havia “fortes” e “fracos” na fé. Os “fortes” afirmavam que podiam comer as carnes sacrificadas aos ídolos sem incorrer na idolatria. Paulo concorda com eles, mas sua preocupação é com os “fracos” que, diante disso, pode-riam perder a fé. E ainda mais, os “fortes” não perdem sua liberdade se – em vista dos “fracos” – se abstiverem de comer as carnes sacrificadas.
18. Paulo, – apóstolo de Cristo e fundador da comunidade, – podia fazer valer seus direitos e privilégios, – mas não o fez – mostrando que há outras formas de entender e viver a liberdade dos filhos de Deus.
19. Para ele, pregar o Evangelho, não é título de glória, mas uma obrigação que decorre de seu compromisso com Cristo Jesus que, livre e gratuitamente, colocou-se à disposição do projeto do Pai (vv. 16-18). Apesar disso, sente-se inteiramente livre: “embora eu seja livre em relação a todos, tornei-me o servo de todos para ganhar o maior numero deles” (v. 19).
20. A seguir, Paulo mostra sua trajetória de evangelizador. Sua vida se inspira em Jesus, que assumiu plenamente a realidade humana (cf. Fl. 2,6-11): “tornei-me fraco com os fracos, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo custo” (v. 22). Para Paulo, Evangelho é a encarnação do Filho de Deus, que se esvaziou de prerrogativas e privilégios, assumindo nossa realidade e história. Os que desejam seguir Jesus, anunciá-lo e tornar-se participantes do Evangelho, não tem outro caminho a não ser o caminho de Jesus.
R e f l e t i n d o
1. A vida é um “serviço de mercenário”, diz Jó. Como bóias-frias vivem sofrendo: despertam cansados, e deitados não conseguem descansar por causa das feridas. O A.T. não tem resposta para o sofrimento. A liturgia de hoje nos leva a refletir sobre a “teologia da prosperidade” (recompensa para os bons, castigo para os maus nesta vida). O livro de Jó nos confronta com algo incompreensível para quem acredita que Deus recompensa os bons e castiga os maus nesta vida: Jó é um homem justo e, apesar disso, perdeu tudo. Durante 40 capítulos, Jó protesta contra a injustiça de seu sofrimento, mas no fim Deus mostra a sua presença, e Jó se consola e se cala.
2. Os amigos de Jó dizem que os justos são recompensados e os ímpios castigados (teologia da retribuição). Mas Jó protesta: ele não é um ímpio. A teoria da prosperidade dos justos não se verifica na realidade (21,5-6). Menos ainda convence-o o pedante discurso de Eliú, tratando de mostrar o caráter pedagógico do sofrimento (cap. 32-37). Os amigos de Jó não resolvem nada. Vendem conselhos, mas não se compadecem. Só colocam pimenta nas feridas.
3. Por outro lado, mesmo amaldiçoando seu próprio nascimento, Jó não amaldiçoa Deus, pelo contrário, reconhece e louva sua sabedoria e suas obras na criação: o abismo de seu sofrimento pessoal não lhe fecha os olhos para a grandeza de Deus! E é exatamente por este lado que encontrará sossego na sua existência. Pois Deus se revelará a ele, tornar-se-á presente em seu sofrimento, – ao contrário de seus amigos sabichões, – e esta experiência do mistério de Deus fará Jó entrar em si, no silêncio (42,1-6).
4. Também Jesus no N.T. nunca apresenta uma explicação teórica do sofrimento. Neste sentido, concorda com os existencialistas: sofrer pertence mesmo à “condição humana”. Não há explicação. Mas ele traz uma solução: assume o sofrimento.
5. No livro de Jó, o mistério de Deus se aproxima do homem. Em Jesus Cristo, como Marcos o apresenta, o mistério se revela, gradativamente, sob o véu do “segredo” do Filho. No início Jesus assume o sofrimento, curando-o (evangelho). Isto, porém, é apenas um sinal, pois são poucos os que Jesus curou. No fim, ele assumirá o sofrimento, sofrendo-o. Aí, sua compaixão se torna real-mente universal. Supera de longe o que aparece no livro de Jó. Se este nos mostra que Deus está presente onde o homem sofre (e isto já é uma grande consolação para Jó), Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento do homem por dentro.
6. Mas, por enquanto, ele mostra apenas sinais da aproximação de Deus ao homem sofredor. Sinais, – feitos com “autoridade” (que já comentamos domingo passado): Jesus pegando na mão da sogra de Pedro, para fazê-la levantar de sua febre. Ao fim do dia, depois do repouso sabático, recebe uma multidão de gente para curá-los: novo sinal de “autoridade”. Inclusive, exorciza os endemoninhados, … e os maus espíritos reconhecem seu adversário. Mas ele lhes proíbe desvendar seu mistério (cf. domingo passado). Depois, retira-se para rezar, para se encontrar mais intensamente com o Pai, e quando os discípulos o vêm buscar para reassumir sua atividades em Cafarnaum, ele revela que a vontade de seu Pai é que vá às outras cidades também. Ele está inteiramente a serviço dos plenos poderes que o Pai lhe outorgou.
7. Essa plena disponibilidade aparece também na 2ª leitura (embora num contexto bem diferente). Trata-se da pretensa liberdade dos coríntios para fazerem tudo o que tem direito (p.ex. participar dos banquetes dos ídolos). Paulo não concorda: existe o aspecto objetivo (carne é carne e ídolos não existem) e o aspecto subjetivo (alguém, menos firme ou instruído na fé, pode comer as carnes idolátricas num espírito de superstição; 8,7).
8. Portanto, diz Paulo, nem sempre devo fazer uso de meu direito. E coloca-se a si mesmo como exemplo: em vez de usar de seus direitos sociais, como sejam: levar consigo uma mulher cristã (9,5), ser dispensado de trabalho manual (9,6), receber salário pelo trabalho evangélico (9,14; cf. a “palavra do Senhor” a este respeito, Mt. 10,10 e par.), Paulo anuncia o evangelho de graça, para que ninguém suspeite de motivos ambíguos.
9. Ora, essa atitude não é inspirada apenas por prudência, mas por paixão pelo evangelho: “Ai de mim, se eu não pregar o evangelho… Qual é o meu salário? Pregar o evangelho gratuitamente, sem usar dos direitos que o evangelho me confere!” (9,17-18). Se tivermos em nós verdadeiro afeto pelo nosso irmão fraco na fé, desistiremos com prazer de algumas coisa que, em si, poderíamos fazer; e a própria gratuidade será a nossa recompensa, pois “tudo é graça”.
10. As leituras de hoje estão interligadas por uma alusão quase imperceptível: enquanto Jó se enche de sofrimento até o anoitecer (1ª leitura), Jesus cura o sofrimento até o anoitecer (evangelho). O conjunto do evangelho mostra Jesus empenhando-se, sem se poupar, para curar os enfermos de Cafarnaum. E no dia seguinte, o poder de Deus, que ele sente agir em si, o impele para outras cidades – sem se deixar “privatizar” pelo povo de Cafarnaum.
11. A paixão de Jesus é deixar efluir de si o poder benfazejo de Deus. Ele não pensa em si mesmo, não se protege, não se poupa. Ele assume, sem limites, o sofrimento do povo. Ele tem consciência de ser essa a sua missão: “foi para isso que eu vim”. Ele não pode recusar a Deus esse serviço.
12. Nosso povo, muitas vezes, vê nas doenças e no sofrimento um castigo de Deus. Mas quando o enviado de Deus mesmo se esgota em aliviar as dores do povo, como essas doenças poderiam ser castigo de Deus? Não serão sinal de outra coisa? Há muito sofrimento que não é castigo de quem sofre. Que é simplesmente condição humana, condição da criatura, porém, também ocasião para Deus manifestar seu amor ao ser humano. O evangelista João dirá que a doença é uma oportunidade para Deus manifestar sua glória (Jo 9,3; 11,4).
13. Por mais que o homem consiga dominar os problemas de saúde, não consegue excluir o sofrimento, pois esse tem outra fonte. A verdade é que o egoísmo aumenta o sofrimento. No mais perfeito dos mundos – como o descreve um romance dos anos 1930 – no mundo sem doenças, os humanos sofrem pelo desamor, pela mútua manipulação, pela desconfiança, pela insignificância, pelo mal que o ser humano causa ao seu semelhante. Por isso, o relato bíblico do pecado atribui o sofrimento fundamentalmente ao pecado: porém, não ao pecado individual – [o livro de Jó contesta com força tal atribuição (e também Jo 9,3, cf. acima)] – mas ao pecado instalado na humanidade, o pecado das origens (Gn. 3,15-19).
14. Que Jesus apaixonadamente se entrega à cura de todos os males, inclusive em outras cidades, é uma manifestação do Espírito de Deus, que está sobre Jesus e que renova o mundo (cf. Sl. 104,30: “envias teu sopro e eles são criados e assim renovas a face da terra”). O evangelista Mateus (Mt. 8,17) compreendeu isso muito bem, quando acrescentou ao texto de Mc. 1,34 a citação de Is. 53,4 (do Servo Sofredor): “Ele assumiu nossas dores e carregou nossas enfermidades”. Ora, se é pelo pecado do mundo que as dores se transformam num mal que oprime a alma, logo mais Jesus terá de se revelar como aquele que perdoa o pecado (Mc. 2,5: “Jesus disse ao paralítico: Filho, teus pecados estão perdoados”).
15. O Senhor, que nos criou, ele é o nosso Deus. Para Jó a vida é um amontoado de miséria. Jó foi fortemente provado por Deus. Seus amigos não o conseguem consolar (2,11). Ensinam-lhe a ver no seu sofrimento o castigo de Deus. Mas, para Jó, o sofrimento permanece um mistério. Com amargura, considera sua vida, e só consegue pedir que a aflição não seja forte demais e que Deus lhe dê um pouco de sossego. – O AT não tinha resposta para o problema do sofrimento. Também Jesus, no Novo Testamento, nunca apresenta uma explicação do sofrimento, porque não há explicação. Mas ele traz uma solução: assume-o. Se Jó nos mostra que Deus está presente onde o ser humano sofre, Jesus nos mostra que Deus conhece o sofrimento por dentro = ele assume a dor até o fim. A resposta está em Jesus Cristo, que assume o sofrimento até o fim.
16. Cristo assumiu as nossas dores. Ele assume o sofrimento de todos. O “dia em Cafarnaum” continua com gestos que falam de Deus. A sogra de Pedro é curada de uma febre (coisa perigosa, antigamente) e transformada em uma pessoa que, no seu servir, mostra sua fé. Ao anoitecer, no fim do dia de sábado, quando o povo começa a se movimentar, Jesus cura os doentes e exorciza os demônios … e estes o reconhecem como Enviado de Deus. Na manhã seguinte, retira-se para orar. E a partir de seu encontro com Pai, revela que sua missão o levará a outros lugares para evangelizar por palavras e gestos, e assim revelar o início do Reino da misericórdia de Deus.
17. Também se hoje acontecem curas e outros sinais do amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus Cristo, é preciso que reconheçamos nisso os sinais do Reino que Jesus vem trazer. Não enganemos as pessoas com falsas promessas de prosperidade, que até causam nos sofredores um complexo de culpa (“que fiz de errado? Por que mereci isto?). MAS, em meio ao mistério da dor, dediquemo-nos a dar sinais do amor de Jesus e de seu Pai.
prof. Ângelo Vitório Zambon

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09/01/2012

A sogra de Pedro foi curada por Jesus- Diac. José da Cruz


                                                         "A Fé não é algo aparente...."
A devoção popular é algo até bonito de se ver e que precisa sempre ser respeitada pela Igreja, mas a vida de Fé não pode se resumir a uma devoção, é preciso fazer uma experiência mais profunda pois um ato de Fé não é apenas aquilo que aparenta ser.
Analisemos com cuidado esses dois casos do evangelho de hoje, Jairo é o chefe da sinagoga, um cargo importante na comunidade judaica onde Jesus não era muito bem visto, justamente por inspirar a todos uma nova forma de se relacionar com Deus. Mas Jairo o conhece e sabe quem ele é, embora  a estrutura da sua religião o negue, passa por um momento difícil em sua vida, a filhinha muito jovem está nas últimas. Ele se prostra aos pés de Jesus e seu argumento é firme não dando margem para dúvidas, da fé que ele professava em Jesus, Jairo não pediu para Jesus estudar a possibilidade de ir á sua casa visitar a menina, mas falou como quem crê "Vem impõe-lhe as mãos, para que ela se salve e viva". A Fé não é uma possibilidade mais uma realização concreta.
Ele crê na Vida nova que provém de Jesus, ele sabe no fundo do seu coração, que somente Jesus pode dar essa vida e não tem vergonha de professar publicamente a sua Fé. Aqui parece que Marcos o evangelista, olhou para o outro lado e viu a mulher portadora de uma hemorragia da qual já tinha sido praticamente desenganada pelos médicos. Essa mulher, uma anônima no meio da multidão, nada diz mais apenas pensa em tocar na barra da túnica de Jesus, que já será suficiente para ser curada. Mas Jesus percebe o ocorrido e confirma diante de todos o que acabou de acontecer com ela "Vai em paz e sê curada do seu mal".
Voltemos a Jairo, onde está ele? Será que desanimou ao ver que Jesus dera atenção á mulher enferma? Claro que não mais, no meio do caminho alguns parentes que estavam na sua casa, vieram com a notícia final "Não adianta incomodar a Jesus, a menina morreu". Na vida de Fé também é assim, há pessoas que desistem fácil, qualquer coisa torna-se  pretexto para desistir de tudo e abandonar a Fé em Jesus Cristo. Mas Jairo sabia que a Vida Nova que Jesus dava para as pessoas não tinha limites, nem a morte pode impedi-la de acontecer.
Muitas vezes queremos usar a nossa Fé para resolver coisas terrenas, uma Fé que coloca Jesus a nosso serviço, era assim que as pessoas da casa de Jairo viam Jesus, a parte que lhe cabia era curar doentes, mas em se tratando de morte, não havia mais o que fazer, a não ser cuidar do enterro. Tem muita gente, inclusive cristãos de comunidade, que pensa e age assim, não conseguem vislumbrar nada de novo em Jesus Cristo.
Na casa do chefe da sinagoga Jesus chegou e segurando a mão da menina que havia morrido, ordenou-lhe "Levanta-te!" e ela se levantou e começou a caminhar. O ressuscitado não é um cadáver ambulante que se movimenta mais ele caminha porque á frente ainda há algo a ser alcançado. Temos em nós esta Vida Nova que Deus nos concedeu em nosso Batismo, tocados pelo Senhor é preciso caminhar até que possamos vislumbrar a plenitude dessa Vida. A mulher enferma e o Jairo, chefe da sinagoga, acreditaram nisso.... 

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Jesus cura a sogra de Pedro. - MARIA ELIAN


Depois de ter libertado um homem de um espírito impuro na Sinagoga, Jesus vai à casa de Pedro. E encontram a sogra de Pedro sofrendo com febre, e cura aquela mulher, que imediatamente levanta-se e começa a servi a todos. Jesus curou os doentes que ali apareceram, libertou pessoas que eram atormentadas por demônios. Depois Jesus se retira para um lugar deserto, sempre fazia isso quando ia fazer suas orações. As multidões quando o encontraram que impedi-lo de ir embora. Porém, Jesus fala que a sua missão era anunciar a Boa-nova a outras cidades.
Das mensagens que o evangelho nos traz hoje, qual tocou meu coração? As curas de Jesus? A disponibilidade da sogra de Pedro em servir? A necessidade que tenho de estar em sintonia com o Pai ou que devo assumir meu compromisso de anunciar a Boa-nova, de ajudar a evangelizar quem precisa? A sogra de Pedro necessitou da ação de Jesus em sua vida, para ter sua saúde e sua dignidade de volta. Nós, também devemos estar abertos para ação de Deus em nossas vidas, na família, no ambiente de trabalho, de escola, na comunidade. Precisamos Deus e de suas orientações para enfrentamos os problemas e dificuldades dia a dia, e conseguimos essa sintonia com Pai, pela oração. E nesses momentos de retiro, nesse tempo que devemos tirar para ficar em oração, conversar com Deus, encontramos forças e coragem para seguir e não desistir de nossa missão. A Trindade Santa deve estar presente em todo e qualquer momento de nossas vidas.
Que a atitude da sogra de Pedro, de levantar-se e servir a Jesus e aos que ali se encontravam, seja exemplo para nós, que ainda não decidimos ou não tivemos a coragem de levantar e agir, de descobrir qual é minha missão, o meu compromisso de Cristão com a comunidade, com Reino. Sejamos gratos a Deus pela vida, por nossa saúde, pela família, por tudo que somos, o que possuímos, e por seu amor, sua bondade e misericórdia, por seu filho Jesus que deu sua vida, para remissão de nossos pecados.
Um forte abraço.
Elian
Oração
Pai, que a presença de Jesus em minha vida seja motivo de libertação, de modo que eu possa servir com alegria o meu próximo, especialmente, os mais necessitados.
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“Jesus curou a sogra de Simão” – Claudinei M. Oliveira


            Ao entrar na casa de Simão Jesus encontra-se com a  mulher com febre. Dirige-se a mesma, a sogra de Simão, pega em sua mão e a cura. Assim que se sentiu curada, levantou-se e se pôs a servir.  De repente a notícia espalhou por toda redondeza e muitos procuraram Jesus para libertar do mal.
             A febre representa o demônio apossando-se do corpo da pessoa.  Ao apossar-se do corpo o indivíduo perde o interesse ao trabalho. A sogra de  Simão, inerte na cama, não tinha atitude de servir os convidados por estar presa ao espírito do mal. Somente livre das tentações poderia ir ao encontro das pessoas. Caso contrário, morreria paralisada sem ação.

            Jesus ajuda a levantar os caídos. Ajuda com determinação. Não aceita que o mal apodera do cristão que tem muito a servir. Ao levantar a sogra de Simão, Jesus mostra o caminho a seguir. Demonstra ação na atitude. O comodismo não faz crescimento da pessoa, prende-o e esgota-se no definhamento. Levantar da cama e servir os convidados revela-se atitudes de cristão que objetiva melhoria para si e para os próximos. Não suporta vegetar na sociedade enquanto muitos necessitam da ajuda.

            Servir é a temática da cena na casa de Simão. Jesus foi um libertador dos pobres que serviu muito bem os necessitados. Diante de homens e mulheres rejeitados pelo poder centralizador, diante de enfermos, coxos, cegos, surdos e descrentes com o Divino, Jesus se colocou a disposição. Não exigiu nada em troca dos acertos concedidos. Ele mesmo, por si só, atraia os "curados"  para dar continuidade no serviço do Reino. Jesus tinha adoração pelo Reino que  estava em construção e tudo que fazia estava voltada para ele.

            Todavia, ao finalizar o Evangelho Marcos apresenta um Jesus em oração. Ele saiu de madrugada e foi ao deserto rezar. Na oração pessoal, silencioso e em sintonia com o Pai, Jesus aproxima do Pai, abastece do poder espiritual para dar sustentabilidade no seu projeto de vida. A pequenez de Jesus torna-se grande pelo esforço do serviço. Nada é substancial  importante do que a ação em prol da comodidade de um povo que está alienado pelo espírito do mal. Este espírito do mal  é inteligente e sabe que Jesus tem poder de expulsá-lo, mas o que ele quer mesmo não é todo o sujeito, talvez uma pequena parte para incomodar o projeto de Jesus.

            Enfim, o serviço pôs o projeto de Jesus a disposição de todos que libertaram das tentações. O mundo alienante cega e ordena o homem a fazer o que está a disposição do outro aproveitador. Para não ser atraído para o mal, somente crendo e aprendendo com o maior mestre do mundo que foi Jesus. Ele sim foi um excelente servidor dos  excluídos, libertando-os dos demônios. Amém.

Felicidades. Claudinei M. Oliveira.



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ABRIR A SUA CASA PARA VIVER A CURA (SOGRA DE PEDRO)

Quinta Feira, 6 de julho de 2006.

Lc 4:37 – 40.

Jesus deixou Nazaré,que era muito longe e foi morar em Cafarnaum, onde realizou poderosos milagres, iniciando ali seu ministério de curas maravilhosas.

Jesus utilizou casa da sogra de Pedro para morar. Foi esta atitude dela que viabilizou o Ministério de Jesus. Ela propiciou um lugar para abençoar o povo, dando sua oferta de amor àquele Ministério.

No trecho da palavra que lemos, foi exatamente o momento que vemos que a sogra de Pedro, cujo nome nem é mencionado, estava profundamente enferma, mas ela permitiu que Jesus entrasse em sua casa, em sua vida, em sua saúde, tocando nela através de suas palavras, repreendeu aquele espírito que a estava assolando com a febre e este a deixou.

A atitude desta mulher trouxe cura a ela, a todos aqueles que estavam ao seu redor, abrindo um novo tempo milagroso naquele lugar.

Hoje é o dia que você vai viver esta cura dentro da tua casa, da tua família, dos teus relacionamentos, de tudo aquilo que está ao teu redor.

Jesus vai começar uma grande obra na tua vida e esta obra será iniciada com a tua cura, a febre que tem te afastado de todos aqueles que você ama, a doença que tem rompido toda a amizade na tua família e na tua casa está sendo quebrado hoje.

Repita assim: Hoje eu expulso de minha casa todo espírito que vem assolando meus relacionamentos familiares, eu abro meu coração e me posiciono para viver um novo tempo, em nome de Jesus.

A sogra de Pedro teve 2 atitudes espirituais:

1 – Ela abriu sua casa para viver o novo tempo

Jo 3:3
Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Neste tempo, ela não conhecia a Jesus como nós conhecemos. Ela ouvia seu genro falar, mas não sabia de fato o que acontecia. No entanto, ela abriu sua casa, sua vida para receber o novo do Senhor ela quis nascer de novo para viver o milagre. Não se importou com seu passado e com aquilo que já conhecia e que a religiosidade já não podia mais lhe dar. Ela se fechou para o mundo para viver o novo tempo que Jesus tinha para ela: Sua CURA

Repita: Eu vou ter a atitude da sogra de Pedro, vou abrir minha casa, minha vida e vou fechar minhas portas para o mundo para viver minha cura, em nome de Jesus!


2 – Ela Passou a servir a Jesus

Jo 12:26

Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.

Quando ela foi curada, seu corpo passou a ser lugar bendito, morada do Espírito Santo de Deus. Através desta atitude, Jesus habitava onde ela estivesse. Por isso, a doença foi expulsa, sua vida foi transformada e tudo aquilo que era problema passou a ser um grande mover de Deus na vida dela.

Sua casa passou a ser lugar onde se servia ao Senhor, e com isso o Ele a honrava em tudo que ela fazia.

Repita: Eu tenho a atitude de servir ao Senhor. Isto trará benção para minha casa, minha família, meus relacionamentos. Onde eu colocar a planta de meu pé é lugar abençoado e o poder de Deus está sobre a minha vida, em nome de Jesus!


Estas atitudes geram 3 bênçãos espirituais para a vida da sogra de Pedro:

1 – Fez de sua casa ser reconhecida como um local de milagres;
I Co 6: 19,20
19 Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
20 Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

2 – Todos os que ali viviam, passaram a ser abençoados;
Gl 3: 13,14
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;
14 Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito.

3 – Restauração da família, limpando toda doença, toda malignidade do inferno vivendo a cura espiritual e material que o Senhor tem para sua vida.

At 3:21
O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.

Conclusão:

Sl 101
6 Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.
7 O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não estará firme perante os meus olhos.
8 Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do SENHOR todos os que praticam a iniqüidade.

O Senhor vai cuidar de tua casa, para que nada mais te seja destruído, roubado e perdido. Tua casa será abençoada e tua casa será local de milagres e a presença de Jesus Cristo fará a diferença em tudo o que você fizer.
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 Comentários do Padre Luís Cláudio Fillion
Saindo da Sinagoga, retirou-se Jesus à casa de Simão Pedro com quatro de seus discípulos. Pedro estava casado e sua sogra sofria um violento ataque de febre que lhe fazia ficar na cama. Esta enfermidade é bastante comum nas costas do mar de Tiberíades, onde sempre faz muitas vítimas. Os discípulos informaram disso a Jesus que, se aproximando da enferma, com bondade lhe tomou a mão e a levantou suavemente. Ao divino contato, desapareceu a febre num instante e a cura foi tão completa que ela pôde servir à mesa aos seus hóspedes.
Este novo milagre foi ocasião, pela tarde, de outros muitos. Depois do pôr-do-sol, quando o descanso do Salvador terminou, levaram a Ele grande quantidade de enfermos e possessos de Cafarnaum. Toda a cidade, em breve, reuniu-se ante a casa de Simão. Cheio de compaixão como de poder, Jesus impôs as mãos sobre cada enfermo e curou-os a todos. Ao mesmo tempo, saíam os demônios de todos os possessos da cidade, gritando: "Tu és o Filho de Deus", ou seja, o Messias. Mas, como na Sinagoga, o Divino Mestre lhes impôs rigoroso silêncio.
Mal terminaram a noite do sábado para o domingo, Jesus estava já de pé e saía silencioso, sem avisar ninguém. Seu objetivo era certamente fugir das ovações dos habitantes, superexcitados pelos milagres da véspera. Perto do lago costuma haver lugares retirados. Entrou em um destes e, seguindo o costume tanto de seu gosto e têmpera divina, se entregou à oração. Quem poderá declarar o íntimo da união, o êxtase das relações que então tinha com seu Pai celestial? Mas seus discípulos notaram a saída de Jesus e muito intranqüilos e cheios de empenho se puseram a procurá-lo sob a direção de Pedro. Quando O encontraram disseram-Lhe: "Todos andam em vossa procura". Desde o alvorecer, as multidões haviam acorrido outra vez para alcançar de Jesus outros novos favores. Mas o Filho de Deus não se havia encarnado para reservar suas bênçãos a uma região privilegiada. Por isto, respondeu recordando-lhes que outras muitas comarcas tinham direito à sua pregação: "Vamos às aldeias e cidades vizinhas, porque é necessário que também lhes anuncie a boa nova do reino de Deus, pois para isto fui enviado". Pôs-se, portanto, a percorrer toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho e curando toda doença e toda enfermidade do povo.
Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Señor Jesucristo según los Evangelios, Editorial Difusión, S.A., Tucumán, 1859, pp. 122-3.