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HOMILIAS PARA O

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Comentários–Prof. Fernando


Comentários–Prof. Fernando    01de janeiro=1ºdomingo de 2012Maria, Mãe de Deus http://homiliadominical.blogspot.com/    http://liturgiadiariacomentada.blogspot.com/

1ª leit.: Nm 6,22-27 O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!
Salmo: Sl 67 Que sua face resplandeça sobre nós! Que na terra se conheça o seu caminho.
2ª leit.: Gl 4,4-7 Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher - porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Abá — ó Pai!
Evang.: Lc 2,16-21 os pastores foram às pressas a Belém, encontraram Maria e José e o recém-nascido. Maria guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração.
Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus


            Como já meditamos no início das quatro semanas de preparação para o Natal (período do advento), enquanto por toda parte se fala em “fim de ano”, o Ano Litúrgico nos apresenta os temas do começo, princípio, nascimento, renovação ou despertar para uma etapa nova da história. De qualquer modo as festas da passagem de ano reiteram um rito de todas as civilizações como retomada da vida, esperança de uma era de paz e prosperidade. O rito do batismo também usa o símbolo do mergulho nas águas para a purificação assim como o mergulho do Cristo na morte como passagem para ressuscitar ou retomar a vida que os inimigos queriam tirar. Ele fez essa passagem como recitamos no Credo: morreu sob Pilatos; sepultado, desceu até o fundo da terra dos mortos. Mas ressuscitou.
            No contexto litúrgico, ou das celebrações, continuamos no “tempo do Natal” que vai até a primeira semana de janeiro (festa da Epifania ou “dia de Reis”), quando os domingos passam a ser do chamado “tempo comum” até a Quaresma e Páscoa. Portanto ainda estamos no clima do Natal, dentro do mistério chamado “Encarnação”, isto é, Deus resolveu caminhar ao lado da criatura humana: nascendo e morrendo nesse mundo.
            Nossa cultura racional e tecnológica é marcada particularmente pela ciência. Carregamos a herança da Grécia antiga, berço da ciência e da arrumação das matemáticas e da astronomia emergente. Os gregos aplicaram conhecimentos de outras civilização de uma forma que separava a interpretação religiosa da “científica”. O mundo moderno adicionou a esses avanços a ênfase na experimentação e verificação das teorias.
            Com a multiplicação das máquinas inventadas, o mundo industrial acostumou o mundo a acreditar só no que vê, no que pode ser medido e que funciona. O que está fora desse domínio é tratado, ao lado das artes, como mundo da fantasia e da ficção. Há uma tendência de jogar tudo o que fica no terreno das religiões na fossa comum dos mitos, no sentido de histórias infantis e interpretações ingênuas da realidade. Daí o risco de jogar fora a criança com a água do banho...
            A experiência da fé nasce sem dúvida no acreditar na mensagem trazida por outros (Paulo dizia que a fé chega pelo “ouvir”). Mas ela não se reduz à mera opinião, como quem torce pelo seu time de futebol. É inevitável que a fé use “roupas” e adereços da religião, da língua materna e dos costumes. Como alguém que mergulhou num rio de roupa e tudo, a fé está toda molhada pela “Cultura” em que o ser humano foi educado, no lugar e na família onde cresceu. Mas a fé deve receber cuidados como a plantinha colocada dentro de casa, deve ser regada e tratada ao abrigo do excesso de calor ou vento e protegida nas tempestades.
            A festa do Natal vem mostrar as dobras delicadas do mistério humano. Nela aparece o rosto humano de Deus que não está “fora” do mundo nem além das estrelas. Há muitíssimas coisas não só, como dizia o poeta inglês “há mais coisas no céu e na terra”  do que podemos sonhar, mas que estão tanto além das estrelas como no fundo da terra e do oceano. Algumas só recentemente foram descobertas. Se as galáxias e a natureza terrestre contém enigmas para as ciências desvendarem, como não haveria mistérios além deles? As neurociências estão agora engatinhando no longo aprendizado da mente e do cérebro. Ciências da saúde e outras mal começaram a explicar as células do corpo e o tratamento para doenças.
            Mas, diante do Mistério não temos a mesma atitude que devemos ter com as coisas da natureza. É como estar diante do Mistério de uma criança (“delas é o Reino”, lembrou Jesus de Nazaré). A vida humana também nos pede reverência e respeito silencioso naquilo que nunca estará apenas sob o controle das ciências. O Mistério está na vida humana também no seu desenvolvimento histórico. Na história de cada um, de suas famílias. De suas origens e de seu futuro já que todos estamos mergulhados na grande História dos povos e das nações. Quantas pessoas conhecemos cuja vida é um Mistério para nós, em sua trajetória, em seu sofrimento, em suas realizações, frustrações e surpresas!

            No Natal contemplamos o mistério do Homem e o mistério de Deus juntos, por assim dizer “condensados” num só que é o próprio Menino que nasceu. É preciso continuar “meditando no coração” como Maria: então, 8 dias depois do Natal (chamada também: a “oitava de Natal”) é justo louvar a Deus pela vida daquela de quem o Menino de Belém nasceu, como se costuma cantar: Da cepa brotou um ramo, do ramo brotou a flor. Da flor nasceu Maria. De Maria o Salvador.          Desde a primeira reunião ampla de comunidades (“concílio”) em Nicéia no ano 325 d.C., longas foram os debates em torno de uma linguagem que ajudasse a falar do mistério de Jesus Cristo. Aí nasceram ou evoluíram conceitos como os de “Pessoa” (tão importante para os Direitos Humanos 1500 anos depois), e os conceitos de “natureza” (humana, divina). para discussões teológicas que resultaram nas declarações sobre o conceito de Pessoa, natureza, humanidade e divindade de Jesus Cristo e outras questões.
            Em 431 d.C. outro concílio (na cidade de Éfeso) declara vários “dogmas” ou conclusões da igreja reunida. Entre eles, diz-se de Maria que era “Theotókos” – termo grego cujo significado, ao pé da letra, é: “a que deu à luz Deus”, a “portadora de Deus”, “a geradora de Deus”. A expressão foi simplificada na tradução de “mãe de Deus”.
            Esse o título dado à mãe de Jesus. Nessa expressão nossa linguagem humana encontrou um modo de resumir o Mistério de seu filho Jesus.

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FernandoSM foi prof.(1975a2011) da Usu (Rio de Janeiro,1938-2011) fesomor2@gmail.com

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Comentários–Prof. Fernando


Comentários–Prof. Fernando    24/25 dezembro de 2011 – então hoje é N A T A L

OBSERVAÇÃO: Onde houver celebração vespertina os textos são da “Vigília”. Outras três são previstas na Liturgia de tradição católica: Noite, Aurora e do Dia. Resumos das leituras:
Vigília 1ª leit.: Is 62,1-5 como a esposa é a alegria do esposo assim tu serás a alegria do teu Deus
Salmo: Sl 89 exulta todo dia no teu nome se alegra na tua justiça
2ª leit.: At 13,14-25 Da descendência de Davi Deus enviou Jesus como salvador
Evang.: Mt 1,1-25 José, filho de Davi, não temas em desposar Maria – ela dará à luz um filho e tu o chamarás de Jesus.
Noite 1ª leit.: Is 9,1-6 O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz;
Salmo: Sl 96 — Cantai ao Senhor Deus um canto novo
2ª leit.: Tt 2,11-14 A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens
Evang.: Lc 2,1-14 O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo
Aurora  1ª leit.: Is 62,1-12 O povo será chamado Povo santo, os Resgatados do Senhor; e tu
terás por nome “Desejada”, “Cidade-não-abandonada".
Salmo: Sl 97 — Uma luz já se levanta para o justos, e a alegria para os retos corações.
2ª leit.: Tt 3,4-7 Manifestou-se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens:
Evang.: Lc 2,15-20 todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração.
Dia 1ª leit.: Is 52,7-10 Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega
a paz, de quem anuncia o bem
Salmo: Sl 98 O Senhor fez conhecer a salvação e às nações, sua justiça recordou o seu amor sempre fiel
2ª leit.: Hb 1,1-6 Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho
Evang.: Jo 1,1-18  No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus.
Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens.
E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la
A Palavra estava no mundo e o mundo foi feito por ela mas o mundo não quis conhecê-la. Veio para o que era seu e os seus não a acolheram.
A Palavra se fez carne e habitou entre nós. De sua plenitude todos recebemos graça em cima de graça. Ninguém jamais viu Deus, mas o Filho único que está na intimidade do Pai, foi quem o revelou.


            Escreveu o poeta Drummond que, no seu nascimento, um anjo veio das sombras para avisar que ele ia ser meio deslocado na vida.
            Chico Buarque retoma o mesmo símbolo e diz que teve seu anjo (safado e chato) prevendo uma estrada torta na sua vida.
            Adélia Prado , no entanto, não gostou desse sabor pessimista e, em sua poesia diz que, ao nascer, o anúncio sobre sua vida é feito por “um anjo esbelto, desses que tocam trombeta”.
            Nem anjo torto nem chato e nem destino coxo nem errado. Ela descobre na sua condição feminina para sua vida uma “vontade de alegria” para “inaugurar linhagens e fundar reinos”.

            Nesse Natal  vamos dar preferência à poesia de Adélia Prado que não inclui ingenuidades festivas pois, na mesma poesia, ela escreveu:    Dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô

            No passado, muitos outros poetas e escritores perceberam essa “Presença” misteriosa da alegria e do amor (sinal de Deus) no miolo da própria história humana bem no meio dos acontecimentos da vida.
            Comecemos por um certo Isaías (que poderíamos considerar, como na poesia acima, como o nosso “mil avô”). Ele foi um profeta – aquele que fala e anuncia em nome de Deus – que, em meados do século 8º a.C., proclamou (cf. seu “livro do Deus-conosco” - Isaías cap.6a12) talvez o mais antigo movimento de resistência e esperança sob invasão e dominação de um império inimigo. Podemos ler todo o Poema inserido no cap. 9 (composto provavelmente em 732 a.C. quando o povo bíblico que vivia no norte da região é deportado para os “campos de concentração” do império assírio sob o poder do rei Teglat-Falasar III). O profeta diz que não se deve desanimar, pois Deus não se esqueceu do seu povo.
            É nesse contexto que o profeta anuncia uma “grande luz” para o povo que vivia na escuridão do sofrimento e da perseguição. Porque um menino nasceu e sua missão será abrir uma nova era de justiça  e ele se chamará : Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz.

            Vamos encontrar também nas outras leituras previstas para as várias celebrações do Natal (Vigília, Noite, Aurora e Dia), a meditação sobre a alegria, sobre a bondade de Deus que deseja a saúde completa (a Salvação) para todo ser humano (ver, a seguir, um extrato de leituras do Natal: Is 9,1ss Tt 2,11ss Lc 2,1ss Tt 3,4ss Lc 2,15ss Is 52,7ss Jo 1,1ss) Aqui também resumidos os salmos 96 e 97.


            Porque hoje é N A T A L.
Feliz Natal !!!


= O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz;
= A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens
= O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo
= Manifestou-se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens:
= Todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre elas em seu coração.
= Como são belos sobre os montes os pés de quem anuncia e proclama a paz, de quem anuncia o bem
= No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus.
Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens.
E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la
A Palavra estava no mundo e o mundo foi feito por ela mas o mundo não quis conhecê-la. Veio para o que era seu e os seus não a acolheram.
A Palavra se fez carne e habitou entre nós. De sua plenitude todos recebemos graça em cima de graça.
Ninguém jamais viu Deus, mas o Filho único que está na intimidade do Pai, foi quem o revelou.

= Cantai ao Senhor Deus um canto novo
= Uma luz já se levanta para os justos, e a alegria para os corações retos.

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FernandoSM foi prof.(1975a2011) da Usu (Rio de Janeiro,1938-2011)

sábado, 17 de dezembro de 2011

Comentários–Prof. Fernando


Comentários–Prof. Fernando    18 dezembro de 2011 - a ultrassonografia de Deus-
4ºDomingo do Advento
1ª leit.: 2Sm 7,1-16 eu resido num palácio e a arca de Deus numa tenda!
- tu construirás uma casa para eu habitar? Eu vou preparar um lugar para o meu povo
- o Senhor fará uma casa - suscitarei, um filho teu e confirmarei sua realeza.
- Tua casa e teu reino serão para sempre
Salmo: Sl 89 - firmei uma Aliança com meu servo e fiz um juramento a Davi meu servidor
-  no teu trono, firmarei tua linhagem de geração em geração garantirei o teu reinado!
2ª leit.: Rm 16,25-27 a seu Filho, descendente de Davi segundo a carne, autenticado como Filho de Deus com poder, pelo Espírito de Santidade que o ressuscitou dos mortos - a fim de podermos trazer
 à obediência da fé todos os povos pagãos - Entre eles estais também vós chamados a ser discípulos
Evang.: Lc 1,26-38  o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré
conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim. – Porque para Deus nada é impossível
- faça-se em mim segundo a tua palavra!                                 E o anjo retirou-se

Davi planejava construir uma casa para Deus habitar na terra, no meio do seu povo.
Mas Deus explica que acontece o inverso: tu me construirás uma casa? Sou Eu que vou preparar um lugar para meu povo. Partindo da figura da Casa e do projeto de construção de um Templo, o texto joga com as palavras: Casa, Descendência, Reino e Filho. Assim inicia a Dinastia de Davi ou a Casa Real de Israel (que, na verdade, só durou o tempo de Davi e Salomão: depois veio a decadência, consumada na completa dominação estrangeira pela dispersão – chamada Diáspora – do povo hebreu e assim se fundou a religião do Judaísmo que continuou a história de Israel – o Judaísmo. Mas Deus é fiel ao que prometeu: Tua Casa e teu Reino serão estáveis para sempre.
Isso repete o Salmo: Aliança dada pelo Senhor ao seu escravo. Juramento. Firmeza e garantia dessa descendência de Davi.
Paulo aos Romanos explica: veio o Filho de Davi (descendência familiar) que era também Filho do próprio Deus (santificado pelo Espírito – natureza divina - mais do que pela Carne – genética e história – da Família real de Davi).
O herdeiro da promessa (anunciada na 1ª.leitura) é mais que um simples homem mortal: antes, é o primeiro humano a ressuscitar da morte e convoca as pessoas provenientes de todos os povos, de todas as gerações, de todas as Casas, Famílias, seja qual for sua origem e suas raízes genéticas, étnicas, culturais, religiosas, políticas, geográficas e históricas. Todos (também vós, diz Paulo – também nós, hoje) convidados a ser “Discípulos”, isto é, a seguir o mesmo roteiro daquele
descendente de Davi (“descendente” direto do próprio Deus); nascer e viver como ser humano mas a linha ou flecha da evolução se estende até a Casa do Pai, um Reino Eterno doado aos humanos.
Hoje se lê o grande evangelho do Natal em traços que era Angélico, e tantos outros artistas reproduz a pintura a narrativa de Lucas: a Anunciação. Os Personagens: -- Gabriel (mensageiro do Rei); -- Maria (uma adolescente anônima numa cidadezinha perdida da Palestina, numa época perdida da história humana, há dois mil anos); -- o Espírito (o próprio Deus agindo); -- a realização da Promessa (o que depois veio a se chamar “Encarnação”).
Deus resolveu “fundir-se” com sua criatura e – resumiu poeticamente Paulo escrevendo aos Filpenses (2,6-7): ”sendo de condição divina, não se apegou ao fato de ser igual a Deus: mas esvaziou-se a si mesmo par assumir a condição humana”.
Para Deus nada é impossível. O grande Templo, a Casa que o rei Davi sonhou em construir para Deus habitar no meio do seu povo concentra-se no corpo de Maria. E então começa uma nova etapa na história da humanidade: etapa final da revelação do mistério (já em curso desde a criação do mundo, aliás, desde toda eternidade) da intimidade e da amorosidade que gira incessantemente como uma galáxia no “interior” infinito daquela “comunidade” divina a que nós, homens do tempo e simples mortais demos o nome de “Pai”, “Filho” e “Santo Espírito”.
Por graça e bondade a nós é dado participar o mesmo “Reino” que não terá mais fim. A nós que experimentamos na carne o que é viver no tempo-espaço (num mundo feito de terra, ar, água, e o fogo das estrelas) foi dada a chave da Revelação: todo o universo está “Grávido” (como Maria) desse Deus-Homem: Misteriosamente (como no coração da matéria, feita de partículas, luz, energia e tantas leis ainda por descobrir, bate um coração como se fosse um embrião de Deus.
            Então é Natal.
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prof. FernandoSM - usu rio de janeiro -  fesomor2@gmail.com

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Comentários–Prof. Fernando


Comentários–Prof. Fernando    11 dezembro de 2011 –Alegrai-vos, Ele está aqui –
3ºDomingo do Advento

1ª leit.: Is 61,1-2a.10-11 O Senhor me enviou para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade aos presos. Exulto de alegria no Senhor e minh’alma regozija-se em meu Deus;
Salmo: Lc 1,46-54 alegrou-se o meu espírito em Deus, meu Salvador.
2ª leit.: 1Ts 5,16-24 Estai sempre alegres! Orai sem cessar Não apagueis o espírito! Não desprezeis as profecias, mas examinai tudo e guardai o que for bom.
Evang.: Jo 1,6-8.19-28 Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz. Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis

1- ONDE ESTÁ A ALEGRIA?
Alegria é o tema desse terceiro domingo do advento, na preparação do natal. Porém: reconheçamos que não fácil nos alegrar – cercados, como estamos por injustiças e misérias. Ainda há poucos dias recebi de um irmão mensagem intitulada “mundo desgraçado” com a indicação de um vídeo na internet [ veja a canção no Youtube clicando aqui (Ctrl+Enter) http://youtu.be/4fCN2IgiLXY ). São versos e imagens apontando as terríveis calamidades de nosso tempo: guerras, fomes, perseguições, seres humanos abandonados a toda sorte de maldade.
Como posso ter alegria se nessa mesma semana encontrei tantas dores? São pessoas vivendo momentos muito difíceis (por doenças ou falências e outros problemas financeiros). São pessoas que perderam tudo por causa da ganância de uns e corrupção de outros. São dirigentes de empresas e instituições que fecharam suas portas, provocando além disso, ainda mais desemprego e diminuindo benefícios sociais.
Que alegria podemos ter diante da enxurrada diária de notícias pessimistas com a crise financeira nos países ricos com repercussão mundial. Ou sobre a interminável corrupção nos países emergentes. Ou ainda fome e genocídio em países ainda mais pobres. Pela TV também acompanhamos com tristeza uma verdadeira epidemia de “igrejas” manipulando a religiosidade das massas com promessas de prosperidade e milagres (em troca, é claro, de contribuições e carnês).

2-ALEGRAI-VOS, COMO A GRÁVIDA NA ESPERA DO NASCIMENTO
De que alegria nos fala hoje a Palavra na liturgia? Se nossa fé é pequena, e não acreditamos na presença misteriosa de Deus mesmo nas coisas boas, – o que diremos frente às dores do mundo?
Ø  Maria canta seu Magnificat quando carrega no ventre aquele que é ainda uma promessa de vida. Sua alma e seu espírito alegram-se pela presença frágil e silenciosa de um filho. É interessante notar que o mesmo silêncio continuará no anonimato e numa aldeia de Israel por cerca de 30 anos, antes de se revelar ao mundo anunciando a boa notícia do Reino.
Ø  Como Maria, também Isaías anuncia esperança, boas notícias, cura e libertação de escravos e prisioneiros. É tempo de graça, quando está próximo o fim de um exílio imposto pelo império babilônico por 50 anos.
Ø  Paulo também recomenda: estai sempre alegres! e a oração constante que não deixa “apagar o espírito” nem “desprezar as profecias” mas nos ensina o discernimento para achar o bem.
Ø  O evangelho de João sublinha, na figura de João Batista, aquele que é testemunha da presença de Deus que já está no meio de nós:
“No meio de vós está aquele que não conheceis”. Ele já está, mas não o conhecemos, não percebemos nem distinguimos seus sinais. Por isso olhamos à volta e só vemos tristeza, como aqueles discípulos de Emaús que caminharam com ele, conversaram com ele, mas não o reconheceram.  No domingo anterior, a figura do Batista é apresentada por Marcos como o profeta da conversão. O evangelista São João focaliza mais o testemunho do Batista: ele veio dar testemunho da luz, veio apontar quem é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Todo o evangelho de João de certa forma gira em torno dos temas da luz (contra a escuridão) e do ver (contra a cegueira de coração). Num mundo de tantas crenças e descrenças todos estão sob o impacto das mesmas crises, violências e ameaças cada vez mais globais.

3-ENCONTRO ENTRE DEUS E O HOMEM: “ANIQUILOU-SE” NA CONDIÇÃO HUMANA
Para recuperar a alegria só acreditando no que aponta João: ali está aquele que tira toda a maldade do mundo. Assumir nossos desertos ou esvaziar-nos de todas as ilusões. João é símbolo dessa humanidade que morre antes de ver realizado o Reino, mas ele aponta o horizonte e a esperança do verdadeiro Filho do Homem, que reconciliará o mundo com Deus. Essa esperança é fonte de uma alegria, diferente, é verdade, porque é um misto de utopia e certeza. Ele já está no meio de nós mesmo sem conhecê-lo bem. Somos como imigrantes embarcando para uma terra desconhecida. Como um casal assumindo um compromisso ou gerando filhos. Ninguém pode manipular o futuro de seus trabalhos e relações.
Ao que crê resta apenas a confiança ou a certeza de que Ele está no meio de nós, caminhando, misteriosamente, ao nosso lado. Afinal também Ele, ”sendo de condição divina, não se apegou ao fato de ser igual a Deus: mas esvaziou-se a si mesmo par assumir a condição humana” (Filipenses 2,6-7 resume muito bem aquilo que nós chamamos de mistério da Encarnação).
Então será Natal.
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prof. FernandoSM - usu rio de janeiro -  fesomor2@gmail.com

sábado, 3 de dezembro de 2011

Preparai o caminho do Senhor



DIA O4 DE DEZEMBRO DE 2011

Preparai o caminho do Senhor,
endireitai suas estradas!''


Introdução
Paulo nos garante que  o  Senhor não tarda a cumprir sua promessa, como pensam alguns, achando que demora. Às vezes pedimos, pedimos, e não acontece nada. Na verdade, Deus pode estar testando a nossa fé, a nossa esperança, para ver até  onde confiamos em sua infinita misericórdia.  Na verdade, Ele usa de paciência para conosco, porque Deus não deseja que nenhum de nós se perca. Muito pelo contrário, Deus quer mais do que nós, a nossa conversão. E conversão é estar preparados para a vinda do Senhor, o qual  chegará como um ladrão sem avisar.
O profeta Isaías anunciou: 'Eis que envio meu mensageiro à tua frente,
para preparar o teu caminho. Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!''



E como foi anunciado pelo profeta, foi assim que João Batista apareceu no deserto,
pregando um
 batismo de conversão  para o perdão dos pecados.
Endireitar as nossas estradas da vida é fugir de tudo aquilo que nos afasta do caminho de Deus, e lutar diariamente para vencer os obstáculos que enfrentamos na caminhada rumo ao Céu: o pecado,  a falta de meditação da palavra, a falta de amor, dentro ou fora de casa, a falta de oração , são formas de descuidos na nossa  vigilância que pode resultar em nossa condenação por não estar preparados para a vinda do Senhor.
Caríssimos.  Vamos ter em mente as seguintes verdades: Primeira: A diferença da vida eterna, frente a esta vida passageira. Segunda: Lembrar sempre que o nosso lugar na vida eterna depende exclusivamente de nós. Da vida que escolhemos viver. Não nos esqueçamos que  Deus não condena ninguém, é a pessoa que se condena, ou se salva.Jesus é amor infinito, mas também é justiça. Portando não abusemos da sua bondade, levando uma vida de desfrutar tudo isso que achamos ter direito, com a intenção de um dia parar e reparar tudo aquilo  levando em conta a bondade infinita de Deus.  Cristo, no Juízo Final, apenas nos manterá naquele caminho que estávamos seguindo no dia da nossa morte. É por isso que se diz que a nossa entrada para a vida eterna deve ser preparada nesta vida. Enquanto estamos nesta vida de ilusões e alegrias passageiras.  Terceira verdade: Lembrar sempre que nós não sabemos a hora nem como acontecerá o nosso encontro com Deus.   Não sabemos a hora e o dia em que vamos morrer. E, é indispensável que neste dia estejamos puros, sem pecados mortais, e na amizade com Deus.
Mais infelizmente estamos num mundo que pensa e vive totalmente ao contrário, do que pregou o Filho de Deus. E por mais que a humanidade queira fazer a verdade do seu modo, por mais que a distorça transformando o bem em mal e o mal em bem e procure a vida onde não há vida verdadeira e plena, nunca poderão fugir do julgamento final. Seria bom que avisássemos os nossos jovens desta dura realidade, pois eles estão sendo enganados por aqueles que lhes apresentam um estilo de vida totalmente terreno ignorando a existência da outra vida. Ignorando que  somente em Jesus Cristo tudo aparecerá, um dia, na sua justa realidade, na sua inapelável verdade.
Aqueles que negam a realidade que estar por vir, dizem, cheios de orgulho, e falsa segurança baseada no dinheiro e nos bens materiais, e com ar de sábios, porém, sábios da sabedoria do mundo: "O homem é rei!" e o pior. Eles gritam: “dizendo: Não queremos que esse tal de Jesus governe a nossa vida! Não queremos que Ele nos diga o que devemos ou que não devemos fazer, e  como devemos viver; pois não aceitamos nenhum tipo de limite, não queremos que ninguém venha nos dizer o que certo e que é errado, não queremos ouvir sobre o bem e o mal, sobre o moral e o imoral Pois temos a nossa lei própria,  nossos próprios limites, dos demais para conosco. Porque na verdade, para nós mesmos, não há nenhum limite!”

Prezados leitores. Que naquele dia fatal para a nossa salvação, estejamos diante de Jesus Cristo com uma bagagem cheia de obras de caridade, muita misericórdia, baseadas  na vivência fraterna dos ensinamentos de Cristo.  Amém.

Sal.
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"ENDIREITAI AS ESTRADAS!"
Diac. José da Cruz
Uma das brincadeiras prediletas na minha infância, vivida na Vila Albertina, era correr pelas laterais, acompanhando a “Plaina”, nome que dávamos á máquina de terraplanagem, que por aqueles tempos, em que as ruas Albertina Nascimento e Tarcísio Nascimento não eram asfaltadas, causava-nos admiração e era uma festa quando a “Plaina” apontava na Rua do Comércio, entrando pela Vila para aplainar a rua, acabando com os buracos e desníveis, deixando-a alinhada.
Nós meninos, ficávamos estupefatos em ver como aquela lamina poderosa derrubava facilmente as saliências, e preenchia os buracos ao mesmo tempo em que aplainava deixando a rua bem mais acessível e transitável para os pedestres, charretes, carroças, e um ou outro carro ou lambretas, que passavam por ali. Pois esta é a palavra de ordem que João Batista, o mensageiro do Senhor grita no deserto, e que o profeta Isaias havia predito “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as estradas, aplainai os morros e nivelai os buracos!”
O coração humano muitas vezes é uma estrada de chão batido, toda esburacada, cheia de valetas, tortuosa e completamente inacessível! Como é que a graça de Deus vai entrar na vida de alguém com coração assim? É muito difícil! Assim estava a humanidade antes de Jesus trazer a Salvação, não dava para o homem chegar a Deus e muito menos ele chegar e entrar na vida do homem, por causa da “buraqueira” e saliências do orgulho, da vaidade do pecado.
Jesus vem do Pai, com a força mil vezes maior do que a máquina de terraplanagem, com a sua lâmina afiada e poderosa da graça de Deus, para derrubar por terra o monte do mal e do egoísmo, para aterrar o abismo do ódio, da inimizade e das divisões, existentes em nossa vida O Batismo de João é apenas uma preparação para receber o novo e verdadeiro Batismo, que Jesus trouxe, no fogo do Espírito Santo, se quisermos recorrer novamente a imagem da rua esburacada, poderíamos dizer que o Batismo pelo fogo é como o asfalto, que muda definitivamente o visual da rua, que nunca mais ficará esburacada e desalinhada (se o asfalto for de primeira).
O anúncio feito pelo Batista, de que o Reino estava chegando com Jesus, era como os meninos que avistavam primeiro e alvoroçados gritavam aos demais “A plaina está chegando!”, provocando em todos uma grande euforia, expectativa e alegria em saber, que pelo resto do dia a veríamos trabalhar, nivelando os barrancos e empurrando grandes porções de terra com sua força descomunal, e assim, em cada advento o Senhor nos revela que a força de sua graça poderá destruir tantos abismos e buracos na relação entre as pessoas, nos grupos sociais, nas comunidades cristãs e até entre as Nações.
Mas assim como aquele serviço de melhoria da rua, era solicitado por alguma autoridade do Distrito, ao Município de Sorocaba, também é necessário que a gente tenha no coração esse desejo sincero de mudar de vida e converter, permitindo que o Salvador venha para nos renovar e libertar, pois sem a nossa adesão á obra da salvação, o nosso coração continuará triste, como uma rua deserta e esburacada, onde Deus não pode entrar.
A pregação de João Batista, anunciando que o Senhor virá, é um convite e um alerta, para que abramos o nosso coração a Deus, tornando acessível á salvação e a graça que Jesus nos oferece. E quando Deus tem acesso á nossa vida, e nós temos acesso ao coração do Pai, através de seu Filho Jesus, nos tornamos outra pessoa, pois passamos a viver de um jeito diferente, a rua alinhada e nivelada, não só ganhava um visual novo mas as pessoas podiam andar com mais segurança, sem ter de desviar dos buracos ou medo de virar o pé e assim é que, essa conversão a que somos chamados neste tempo litúrgico do advento, não pode ser só de fachada.
João vivia no deserto, lugar de reflexão e experiência de Deus, lugar e tempo de tomar decisões importantes, como aquele povo conduzido por Moisés tomou, na travessia do deserto onde conheceu a Deus e fez com ele uma aliança. Foi também no deserto que Jesus, após o batismo, superou as tentações e ratificou a missão que o Pai havia lhe confiado. É no deserto que no evangelho desse domingo aparece João, vestindo e se alimentando de um jeito diferente, anunciando este tempo novo, onde os corações aplainados e retos, irão se inundar da copiosa graça redentora, oferecida por Jesus de Nazaré.
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Evangelhos Dominicais Comentados

04/dezembro/2011– 2o Domingo do Advento
Pe. Jorge Lorente

Evangelho: (Mc 1, 1-8)

Já estamos no segundo Domingo do Advento e o evangelho de hoje nos apresenta o precursor de Jesus. Verificando no dicionário, precursor é sinônimo de mensageiro, é aquele que vai à frente, que vai adiante, que anuncia um acontecimento ou a chegada de alguém. Mas quem é esse precursor de Jesus?

João Batista é o precursor, é aquele que veio, como um profeta, para anunciar a chegada do Messias Salvador. João prega e batiza, convidando o povo à conversão. Assim o Batista prepara o povo para a vinda de Jesus. Ele veio para "preparar os caminhos do Senhor".

"Eu batizei vocês com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo" - diz João, dando testemunho de Jesus. O batismo na água prepara o batismo sacramental e exige mudança, exige conversão porque, o Salvador vem vindo e já está muito próxima sua chegada.

João Batista prega o batismo como elemento indispensável para o perdão dos pecados. A proposta de João é clara; manda viver a retidão, a conversão e a justiça. João falava de forma enérgica e suas palavras convertiam milhares de pessoas.

Multidões procuravam o batismo, e a conversão acontecia, porém nem tanto pelas palavras duras de João, mas muito mais, por causa dos seus exemplos. João vivia tudo aquilo que pregava, sempre foi um exemplo de justiça e humildade.

João sabia da importância da sua missão como precursor do Messias, mas se mantém íntegro e fiel. E dá mais este testemunho de humildade, dizendo: "Depois de mim, virá alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar suas sandálias".

A voz que grita no deserto continua ecoando até hoje, precisa ser ouvida. Pede que sejamos os precursores, os anunciadores da presença do Deus Vivo. Devemos ser os João's da atualidade! Nossos gritos têm que ultrapassar o deserto que nos cerca e atingir as grandes cidades. Multidões precisam da conversão para encontrar e reconhecer Jesus.

João nos deixou uma grande lição. Ensinou que não basta falar, é preciso viver o que se diz. O exemplo converte mais que as duras palavras. Convertidos nós encontraremos o Messias nas pequenas coisas do dia-a-dia. Veremos sua presença no lixão da periferia, nas filas dos postos de saúde, nos corredores dos hospitais, na alegria e nas dores daqueles que nos rodeiam.

Jesus está presente no próximo, no maltrapilho, no pai desempregado e naquela mãe com suas panelas vazias. Ele pode ser encontrado no órfão abandonado. Jesus nos aparece a cada instante, mas nunca poderemos vê-lo, nem reconhecê-lo sem conversão. A conversão é o "colírio" que abre os olhos e nos faz viver a Palavra.

Conversão significa entrega e abandono. Converter-se significa entregar-se a Deus e abandonar tudo aquilo que nos afasta de Jesus. Conversão é deixar de lado o egoísmo e a inveja. Conversão é fraternidade e partilha; é trilhar o caminho do amor e trocar a própria vida por verdade, justiça e paz.
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Jesus nos trouxe a Salvação e é o Senhor da nossa vida e da nossa história!
                                                             O mensageiro que veio preparar o caminho do Senhor foi João Batista e ele cumpriu com a missão de profeta. Pregou um batismo de conversão para o perdão dos pecados. Somos nós, hoje, os João Batistas. E agora mesmo, nós podemos começar a preparar o caminho de Jesus para as pessoas que ainda não O conhecem e não aderiram ao Seu projeto. Somos chamados a evangelizar com a nossa vida dando testemunho do Amor de Deus por nós, admitindo, que fomos manchados pelo Pecado, mas que Jesus nos trouxe a Salvação e é o Senhor da nossa vida e da nossa história! Por isso, a nossa vida foi transformada e nós tivemos uma verdadeira Conversão nos nossos valores.
                                                        Mas, que tudo isto só nos foi possível, por causa da manifestação do Espírito Santo que nós recebemos no nosso Batismo. Por fim, é dando depoimento de que somos Comunidade e de que nela vivemos e crescemos, humana e espiritualmente, que nós podemos abrir caminhos para que o Senhor entre na vida de muitas e muitas pessoas. Não precisaremos ir longe, mesmo dentro da nossa casa nós podemos dar testemunho do tempo novo em que estamos vivendo. ISTO É EVANGELIZAR! – Você vai começar hoje ainda? Aproveite enquanto você ainda está aqui na terra!
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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“Preparai os caminhos do Senhor” – Claudinei M. Oliveira
Domingo, 04 de Dezembro
1ª Leitura - Is 40,1-5.9-11;
Salmo - Sl 84,9ab-10.11-12.13-14;
2ª Leitura - 2Pd 3,8-14;
Evangelho - Mc 1,1-8

                Na liturgia de hoje encontramos mensagem de preparação para o recebimento do Senhor. Como cristãos que buscamos a plenitude nos céus as leituras nos convidam a ficarmos atentos para as coisas do mal que podem atrapalhar o encontro esperado.          O caminho do Senhor deve ser bem cuidado para que nada tire atenção da meta. Na longa caminhada de preparação a estrada percorrida pelo servo fiel compromissado com a missão, encontra-se percalços, ás vezes, nada desejado, mas com determinação e justiça nada impedirá a percurso suave.
            Já estamos no segundo domingo do Advento. Já refletimos o quanto deixamos nosso Deus isolado. Já redimiremos das faltas cometidas. Nosso coração começa a dar contornos de nova vida para receber o menino-Jesus. Assim, nosso ser interior já está sendo preparado para não causar decepção.
            Assim os caminhos já estão sendo aplainados, os buracos já estão sendo fechados e o mal já está sendo afastado. Nada poderá impedir a aproximação do Salvado.  Isto significa que o compromisso com o Evangelho está sendo efetivado. Nosso olhar projeta para ângulos de perfeição a partir do memento em que acreditamos nas promessas de nossos pais de que um dia o Senhor  nos visitará para ter a certeza de que aceitamos a proposta de libertação.
            O profeta Isaias lembra todos os povos de que os caminhos do Senhor deverá ser endireitados, os  morros aplainados e os buracos nivelados.  Para tanto, o cristão não pode cansar de trabalhar pelo Reino da justiça, pois quanto mais reto for à assiduidade com o projeto de vida do Criador, mas feliz o Senhor ficará. Os primeiros rumos a ser tomados pelos homens é encontrar um caminho que leve a vida da felicidade, sair dos caminhos errados que levam a morte. São tantos filhos de Deus sendo massacrados pelo crime organizado, pelas facções da contravenção e das drogas; filhos e filhas adolescentes adoecidos pelos vírus do HIV, prostituindo para aumentar a renda financeira com intuito de adquirir as parafernálias do mundo contemporâneo exigente, são caminhos tortos e errados que não devem fazer parte da vida de um cristão temente a Deus. Os caminhos a serem construídos pelos filhos amados de Deus deverão ter bases sólidas e firmes para alegrar o caminhante,  emitir sensações de prazer espiritual e gozar junto a vida encantada a presença do Deus da justiça.
            Aplainar os morros significa ter uma vida constante em oração, sem altos e baixos, mas uma vida presente do Deus que está de olhos nas ações de bem servir. O profeta Isaias lamenta a falta de espiritualidade e a falta da crença no Senhor que garantiu os melhores presentes para seus filhos. Olha para seus conterrâneos e os vê perdidos pela ausência permanente da vida sagrada, sente, observando, como ovelhas sem pastor ou como barco a deriva.
            Já os buracos nivelados  são os fossos que distanciam o homem do Salvador. Há uma fenda intransponível para ser exaurida. As tristezas no coração escondem a face do sujeito, não permitem que o mesmo enxergue a claridade do Sol esplendor que suaviza vida em sintonia com a realidade. Os buracos tombam o caminhante desatento. Não deixa prosseguir  a libertação do filho do Deus.
            Tudo isso acontece, na maioria das vezes, por não acreditar na força da palavra transformadora.  Fica desacreditado com a vinda do Senhor. Não confia no batismo que recebeu para perdoar os pecados. Agora, batizado, faz parte da família sagrada. Entrou para a salvação. Tem a segurança e os caprichos do Criador.
               Na Carta de São Pedro o anúncio de que um dia Deus visitará o seu povo mais uma vez e o que poderemos esperar deste Deus: O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. Isto mesmo. Um novo céu e uma nova terra que habita justiça. Não podemos continuar no mundo das injustiças. Não acreditando na vida eterna e como se fôssemos um Saduceu: tudo criado na terra termina na terra, não há ressurreição e nem vida junto ao Pai. Somos gerados do Espírito Santo vivificador das entranhas de nosso Pai, logo pertencemos o mistério salvífico  e como parte da Verbo  teremos parte na eternidade, entretanto, para confirmação desta atitude, somos julgados pelas ações do cotidiano.
            Para tanto, o evangelista Marcos  busca na Antiga Escritura, junto aos profetas do povo de Deus o pressagio do caminho. Em Malaquias 3,1 ressalta o mando de um mensageiro para preparar  o caminho à tua frente. Já no Êxodo,23,20 nota-se o envio de um anjo na frente de você para cuidar de ti e levar ao lugar que preparei para você e em Isaías, Marcos inspira na citação (v 40, 3) “Grita uma voz: 'Preparai no deserto o caminho do Senhor”. Ambas as citações  nos mostram que: “um mensageiro vai preparar o caminho do verdadeiro Messias que está para chegar e que é o caminho de Deus; o caminho de Deus, que se mostrará na prática do verdadeiro Messias, é o caminho da libertação do povo” (in BALANCIN, Euclides Martins). Contudo, exprime o caminho de Deus e caminho da libertação. Isto que dizer que devemos ficar atentos para os projetos de Deus, mas o quer dizer projeto de Deus: um mundo sem mácula, sem violência, sem ódio, sem rinchas, sem prepotência, sem violação dos direitos do ser humano, isto é, o projeto de Deus requer justiça fraternal para todos.
João Batista foi o grande precursor de Jesus, chegou afirmar que “nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias”. Batizou com água para conversão dos pecados, mas chegaria o Messias que batizaria com o Espírito para remoção dos pecados. Ele anunciou a vinda do Mestre e pediu que todos ficassem preparados para o tão aguardado dia. Todavia, o caminho de preparação segundo João Batista passava pela conversão dos pecados. Rever os caminhos seguidos para que não sinta traído pelo comodismo. Somente no deserto, lugar distante do centro do poder econômico da cidade grande é possível encontrar  o profeta anunciador. Tanto que o traje de João Batista é bem rudimentar: se vestia com uma pele de camelo e comia gafanhotos e mel do campo. Este é o mensageiro anunciador da vinda do Messias como outrora no povo de Israel também tinha o grande profeta Elias.
Portanto, estar preparado para receber o Senhor é saber discernir o certo do errado. Saber qual o verdadeiro projeto do caminho da libertação do projeto de morte criado pelo próprio homem. Saber visualizar o melhor para a sociedade como um todo na atenção dos acontecimentos. O evangelista Marcos descreveu o anúncio da chegada do Messias e toda a preparação que já estava sendo observado desde o passado até o grande mensageiro João Batista. Temos agora a certeza de que há muitos caminhos a nossa frente, mas somente um levará para  a salvação. Façamos a escolha certa. Amém.
Que o Menino-Jesus nos mostre o caminho reto neste Natal para nos seguir. Claudinei M. Oliveira.
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Domingo, 04-Dezembro-2011                                      Gilberto Silva
 Mc 1,1-8
 “Eis que envio meu mensageiro à tua frente.”
  
Caríssimos irmãos e irmãs,
 Estamos vivenciando um novo tempo, tempo de advento, tempo de novo ano litúrgico, “B” e “Par”, onde a sagrada liturgia nos apresenta aos domingos, o evangelho de Marcos, fazendo-nos renovar as nossas esperanças e imergindo-nos em uma nova realidade social e também na mística cristã.
A coroa que irá receber a segunda vela do advento simboliza um hino à natureza que se renova como também um hino a Jesus Cristo, verdadeira luz que venceu as trevas e a morte e faz brotar a verdadeira Vida. Esta segunda vela representa a vela de Belém, a vela da fé dos Patriarcas na promessa da Terra Prometida e preparando-nos para a visita ou a vinda derradeira de Jesus, Filho de Deus e nosso Salvador.
Quando nos levantamos pela manhã, olhamos para o céu para ver como está o tempo. Se estiver escuro, sombrio é porque certamente virá a chover. Se estiver azul com o sol brilhando possivelmente teremos um dia de calor.
O nosso cotidiano é fazer previsões sobre tudo que nos cerca e colocar as mãos à obra para tentar concretizá-las. É entrar com tudo nos estudos para um dia ter uma formação profissional. É buscar um bom trabalho e com ele consolidar o nosso futuro. É arranjar uma boa moça ou rapaz, namorar, casar e constituir família.
Se nós sabemos fazer modestas previsões sobre o nosso futuro, isto não quer dizer que saibamos exatamente como tudo ocorrerá, pois no futuro tudo é possível acontecer. Precisamos isto sim, é estar atentos às profecias e previsões bíblicas, especialmente com relação ao retorno do nosso Salvador, Jesus Cristo. É firmarmos na fé e estarmos preparados para Êle.
Estamos no advento, tempo de expectativa e esperança e principalmente de vigilância para a vinda de Jesus. O evangelho de hoje nos traz a presença de João, filho de Isabel e Zacarias, primo de Jesus. Ainda no ventre de sua mãe, ele se agitou ao ouvir a voz de Maria e sentir a presença de Jesus, pois sabia de antemão como já fora predito pelo profeta Isaías, que ali estava o Filho de Deus, aquele que um dia, ele João iria batizar e que em função dos batismos realizados, receberia o apelido de Batista.
O profeta Isaías já advertia seu povo sobre a chegada do Filho de Deus e também da pregação do mensageiro (João), em Is 40,3.
Era dele João, o solitário do deserto, o comedor de gafanhotos, aquele que se alimentava de mel que bradaria: “Grita uma voz: Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus.” E concluía dizendo: “ Eis que o Senhor Deus vem com poder, seu braço tudo domina: Eis, com ele, sua conquista, eis a sua frente a vitória.”
João Batista continua até os dias de hoje apontando para nós o seu dedo indicando que a salvação está vindo e nos chamando para o acolhimento de Jesus.
A nossa maior prova é tentar ouvir estes gritos de João não somente dentro da igreja, mas no trabalho, na família e principalmente em nossos corações. Vamos queridos irmãos e irmãs sair deste deserto que seca a alma, que nos faz sentir solitários e pobres no amor. Que abandonemos o egoísmo capitalista e moral que se encontra instalado em nossas comunidades e principalmente na sociedade. Ampliemos as nossas fronteiras do amor fraterno aproveitando este clima de carinho e bondade que cerca o ser humano nesta época em que se aproxima o natal.
Peçamos a Deus, Ele que troveja, que sopra e sussurra em nossos ouvidos e corações, a nos ajudar a ver o que está por vir e para que o nosso reflexo no espelho esteja iluminado pela paz e a luz de Jesus.

Louvador seja o nosso Senhor Jesus Cristo !!!

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PREPARAI OS CAMINHOS DO SENHOR...CONVERTEI-VOS
O advento é o tempo propício a mudarmos de vida. A liturgia do primeiro domingo tinha como tema central a vigilância. A deste segundo domingo acentua o tema da conversão. Pergunto então o que significa conversão? O mundo pós-moderno esvaziou o sentido desta palavra, converter agora ficou muito fácil, basta aderir a uma crença religiosa diferente da anterior e pronto. As leituras deste segundo domingo do advento apontam o verdadeiro sentido da conversão: preparar os caminhos do Senhor através de uma mudança radical de vida.  A conversão se apresenta como ação de Deus, Drama humano, aperfeiçoamento das atitudes humanas e, enfim, como um constante aproximar-se de Deus.
Para entendermos o processo de conversão, vamos analisar primeiro o que aconteceu com Adão e Eva no paraíso, eles fizeram o processo oposto à conversão, afastaram-se de Deus e, com eles, toda a humanidade.  Conversão é então um regresso à casa do Pai, como fez o filho pródigo.  A pessoa que entra em um verdadeiro processo de conversão, aceita morrer a si mesmo e caminhar rumo a Deus.
Este é somente o primeiro passo da conversão, que consiste em reconhecer o próprio pecado, mas a conversão é um ato continuo de aperfeiçoamento da humanidade, para então, se aproximar de Deus, sendo assim, não cessaremos de convertemos enquanto vivermos.
A conversão significa abandonar as ilusões do mundo para entrar na verdadeira realidade: Cristo. O verdadeiro convertido é aquele que vive em Cristo e, por isso, descobre o que realmente vale a pena. Aplainar os caminhos do Senhor significa abandonar tudo que é efêmero e que nos impede de aproximar-nos de Deus, para então abraçar a causa do Reino.
A conversão é também um ato divino.  A conversão é um ato de intervenção de Deus na vida e na história. O primeiro passo da conversão parte de Deus, veja o que aconteceu com Paulo. Primeiro é Deus quem golpeia o coração humano, provocando o desejo imenso da criatura de aproximar-se do criador. Deus trabalha na profundeza da humanidade, a nossa tarefa deve ser de ajudar as pessoas a perceberem essa ação.
Existe um problema que nos impede de uma verdadeira conversão: o apego às coisas antigas, foi exatamente isso que aconteceu com os judeus. Ainda hoje, as pessoas não querem converter-se, pois tem medo da mudança. Vamos continuar assim por que sempre agimos assim. Essa é uma característica de pessoas inseguras. Quem age dessa forma se fecha a toda possibilidade de conversão.
Neste mundo individualista e ao mesmo tempo inseguro, que encontra no fundamentalismo uma forma de não se converter, vale a pena falar ainda em conversão?  No evangelho deste domingo, temos a figura de João Batista, que com seu jeito simples e despojado de ser, aponta ao homem contemporâneo o verdadeiro sentido da conversão. João também aponta a missão dos discípulos neste tempo de advento: convidar todos a aplainar os caminhos e endireitar as veredas, pois o Senhor está para chegar. É esta a nossa atitude enquanto Igreja?
Diác. Erivaldo Gomes de Almeida (Itaetê & Andaraí-Ba).
Erivaldogomes.blogspot.com
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Homilia do Mons. José Maria – II Domingo do Advento
Um apelo à conversão
No segundo domingo do Advento ouvimos a voz profética de Isaías e de João Batista que nos faz um apelo de conversão para a vinda do Senhor.
O Senhor vem… O Salvador está para chegar e o mundo continua, como de costume, na indiferença mais completa.
É neste tempo litúrgico que a Igreja propõe à nossa meditação a figura de João, o Batista. Este é aquele de quem falou o profeta Isaías dizendo: “Voz do que clama no deserto; preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas”. A missão de João Batista foi a de ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos…
Esta seria sua vocação: preparar para Jesus um povo capaz de receber o Reino de Deus e, por outro lado, dar testemunho público dEle.Não se dedicará a essa missão por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso! E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.
Os primeiros discípulos seguiram Jesus por indicação expressa dele e muitos outros se prepararam interiormente para segui-Lo graças à sua pregação.
A vocação abarca a vida inteira e leva a fazer girar tudo em torno da missão divina. Cada homem, no seu lugar e dentro das suas próprias circunstâncias, tem uma vocação dada por Deus; de que ela se cumpra dependem muitas outras coisas queridas pela vontade divina.
Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas… O Batista é a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer Cristão. O importante de nossa vida é Jesus!
O Precursor indica-nos também a nós o caminho que devemos seguir: o importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado. Só Ele tem palavras de vida eterna, só nEle se encontra a salvação. A atitude de João é uma clara e enérgica advertência contra o desordenado amor próprio que sempre nos incita a colocar-nos indevidamente em primeiro plano. Uma preocupação de singularidade, a ânsia de sermos protagonistas, não deixaria lugar para Jesus. Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.
Que tipo de testemunhas nós somos? Como é nosso testemunho Cristão entre os nossos colegas, na família? Tem força suficiente para persuadir os que ainda não crêem em Jesus, os que ainda não o amam, os que têm uma idéia falsa a seu respeito?
Temos que dar testemunho e, ao mesmo tempo, apontar aos outros o caminho. Dizia São Josemaría Escrivá: “Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunha de Cristo implicará, antes de mais nada, procurar comporta-se segundo a sua doutrina, lutar para que nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Temos que conduzir-nos  de tal maneira que, ao ver-nos, os outros possam dizer: este é Cristão porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque é sacrificado, porque manifesta sentimentos de paz, porque ama” ( É Cristo que passa, 122)
“Preparai o caminho de Senhor e endireitai suas estradas”. João aponta um caminho de purificação e de conversão!
Durante o tempo do Advento, preparando-nos para o Natal, busquemos o Sacramento da Penitência (Confissão) como um gesto que manifesta a vontade de conversão e esperança dos tempos novos. O Sacramento da Confissão é um encontro privilegiado com Deus que salva e perdoa!
- Quais são os vales a serem preenchidos? (vazios, omissões…)
- Os montes a serem abaixados? (orgulho, vaidade, ambição…)
-Os caminhos a serem endireitados? (egoísmo, ganância, ódio…)
A nossa grande alegria será termos aproximado de Jesus, como fez o Batista, muitos que estavam longe ou se mostravam indiferentes, sem perdermos de vista que é a graça de Deus, não as nossa forças humanas, que consegue levar as almas ao Senhor. Ensinava Sto. Agostinho: “ Não queirais viver tranquilos até conquistá-los para Cristo, porque vós fostes conquistados por Cristo”.
Deus quer se servir de nós, de você, para preparar os homens de hoje, para a vinda do Cristo, no Natal desse ano…
Mons. José Maria Pererira.

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Homilia do Padre Françoá Costa – II Domingo do Advento
A fortaleza dos filhos de Deus
João Batista é modelo de homem forte: ele “apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão (…). João Batista andava vestido de pelo de camelo e trazia um cinto de couro em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.” (Mc 1,4-6). A figura do Batista ergue-se no Tempo do Advento como precursor do Senhor, homem cheio de fortaleza divina e humana que levou a sério o chamado que Deus lhe fez. Ele, austero consigo mesmo, pedia a conversão dos outros.
A virtude da fortaleza é importante tanto no começo da conversão, para empreender o árduo e belo caminho da santidade, como durante toda a vida para perseverar no mesmo. À fortaleza estão unidas muitas outras virtudes como a magnanimidade, a magnificência, a longanimidade, a perseverança e a constância. A fortaleza nos dispõe para que não desistamos de conseguir aqueles bens que são árduos e difíceis, ainda que a sua consecução levem consigo a própria morte. As pessoas fortes têm firmeza no agir.
Como toda virtude, também a fortaleza necessita que nós a pratiquemos. Como? Atacando e resistindo: atacamos para defender o bem e resistimos para não retroceder em relação ao bem já alcançado. Sem dúvida, dessas duas ações a mais importante é resistir. Por isso se diz que o martírio é o ato supremo da virtude da fortaleza.
João Batista sofreu o martírio por anunciar, defender e viver a verdade. Se ele não fosse um homem forte diante das ameaças, ele teria deixado de lado a sua missão. É preciso muita fortaleza para que não desanimemos de cumprir todos os dias, e durante toda a vida, os nossos deveres familiares e profissionais: dedicação carinhosa à esposa ou ao esposo, estar com os filhos educando-os e divertindo-se com eles, chegar pontualmente ao trabalho e dar o máximo de si, ajudar aqueles que estão sob a nossa orientação com caridade e com justiça. Quem não vence o comodismo, mais cedo ou mais tarde pode vir a ser um traidor!
Uma das coisas mais atraentes na personalidade de João Batista é a coragem que ele tinha de ser ele mesmo. Ele não se massificava, não era uma espécie de “Maria vai com as outras”, não era agitado pelos ventos das variadas opiniões. Era um homem forte! Uma personalidade rija e madura como a do Batista chama sempre a nossa atenção. Por mais que se exaltem valores brandos e raquíticos, a tendência de todo ser humano é continuar admirando os heróis, aqueles que não ficam contentes em fazer simplesmente o que todo o mundo faz.
O normal deveria ser a boa educação, a generosidade, a bondade, a honestidade, a castidade, a piedade. Não obstante, a cultura atual mostra os contra valores com carta de normalidade: pratica-se na “cara dura” a falta de educação, o elogio dos egoístas e desonestos, a luxuria é exaltada e a impiedade vai reinando.  É preciso que se apresentem nos mais variados cenários das atividades deste mundo homens e mulheres fortes que, com santa rebeldia, também tenham coragem de ser eles mesmos e, com alegria e paz, ofereçam os autênticos valores aos seus semelhantes. Hoje em dia, como em todos os tempos, a fortaleza é uma das virtudes mais necessárias para o cristão que queira manter a sua lealdade e fidelidade a Jesus Cristo.
Deus nos concede fortaleza elevando aquela disposição natural que há em nós para trabalhar na consecução do bem, virilizando a nossa vontade para que não desanimemos diante da opinião da “maioria”, dando-nos energia para resistir. S. Josemaria gostava de dizer que “toda a nossa fortaleza é emprestada” (Caminho, 728). Também nós podemos rezar com o salmista: “pois vós, ó meu Deus, sois minha fortaleza” (Sl 42,2).
Ao saber que Deus é a nossa fortaleza, deveríamos apoiar-nos mais nele e menos em nós. Santa Teresa, como todos os santos, eram conscientes dessa realidade. Ela se apoiava na oração: “quando eu estava em oração, via que eu saia de lá melhorada e com maior fortaleza” (S. Teresa de Ávila, Vida, 23,2). Efetivamente, além da fortaleza que é virtude cardeal, existe a fortaleza que é um dos sete dons do Espírito Santo. Por este dom “o Espírito Santo move interiormente o homem para que leve a término qualquer obra começada e se veja livre de qualquer perigo que o ameace. Há casos no qual o homem não pode levar a cabo as suas obras ou escapar dos males ou perigos, pois às vezes o agonizam até causar-lhe a morte. (…) O Espírito Santo infunde na alma do homem uma confiança especial que exclui todo temor contrário.” (S. Tomás de Aquino, S.Th. II-II, 139, 1c). Peçamos ao Espírito Santo que nos conceda o dom da fortaleza.
Pe. Françoá Costa

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Homilia do Mons. José Maria – II Domingo do Advento
Um apelo à conversão
No segundo domingo do Advento ouvimos a voz profética de Isaías e de João Batista que nos faz um apelo de conversão para a vinda do Senhor.
O Senhor vem… O Salvador está para chegar e o mundo continua, como de costume, na indiferença mais completa.
É neste tempo litúrgico que a Igreja propõe à nossa meditação a figura de João, o Batista. Este é aquele de quem falou o profeta Isaías dizendo: “Voz do que clama no deserto; preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas”. A missão de João Batista foi a de ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos…
Esta seria sua vocação: preparar para Jesus um povo capaz de receber o Reino de Deus e, por outro lado, dar testemunho público dEle.Não se dedicará a essa missão por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso! E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.
Os primeiros discípulos seguiram Jesus por indicação expressa dele e muitos outros se prepararam interiormente para segui-Lo graças à sua pregação.
A vocação abarca a vida inteira e leva a fazer girar tudo em torno da missão divina. Cada homem, no seu lugar e dentro das suas próprias circunstâncias, tem uma vocação dada por Deus; de que ela se cumpra dependem muitas outras coisas queridas pela vontade divina.
Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas… O Batista é a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer Cristão. O importante de nossa vida é Jesus!
O Precursor indica-nos também a nós o caminho que devemos seguir: o importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado. Só Ele tem palavras de vida eterna, só nEle se encontra a salvação. A atitude de João é uma clara e enérgica advertência contra o desordenado amor próprio que sempre nos incita a colocar-nos indevidamente em primeiro plano. Uma preocupação de singularidade, a ânsia de sermos protagonistas, não deixaria lugar para Jesus. Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.
Que tipo de testemunhas nós somos? Como é nosso testemunho Cristão entre os nossos colegas, na família? Tem força suficiente para persuadir os que ainda não crêem em Jesus, os que ainda não o amam, os que têm uma idéia falsa a seu respeito?
Temos que dar testemunho e, ao mesmo tempo, apontar aos outros o caminho. Dizia São Josemaría Escrivá: “Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunha de Cristo implicará, antes de mais nada, procurar comporta-se segundo a sua doutrina, lutar para que nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Temos que conduzir-nos  de tal maneira que, ao ver-nos, os outros possam dizer: este é Cristão porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque é sacrificado, porque manifesta sentimentos de paz, porque ama” ( É Cristo que passa, 122)
“Preparai o caminho de Senhor e endireitai suas estradas”. João aponta um caminho de purificação e de conversão!
Durante o tempo do Advento, preparando-nos para o Natal, busquemos o Sacramento da Penitência (Confissão) como um gesto que manifesta a vontade de conversão e esperança dos tempos novos. O Sacramento da Confissão é um encontro privilegiado com Deus que salva e perdoa!
- Quais são os vales a serem preenchidos? (vazios, omissões…)
- Os montes a serem abaixados? (orgulho, vaidade, ambição…)
-Os caminhos a serem endireitados? (egoísmo, ganância, ódio…)
A nossa grande alegria será termos aproximado de Jesus, como fez o Batista, muitos que estavam longe ou se mostravam indiferentes, sem perdermos de vista que é a graça de Deus, não as nossa forças humanas, que consegue levar as almas ao Senhor. Ensinava Sto. Agostinho: “ Não queirais viver tranquilos até conquistá-los para Cristo, porque vós fostes conquistados por Cristo”.
Deus quer se servir de nós, de você, para preparar os homens de hoje, para a vinda do Cristo, no Natal desse ano…
Mons. José Maria Pererira.


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João Batista nasceu por providência de Deus



Deus pensa em tudo para nós. Até o nosso nome é sugerido por Deus.Ele não chama ninguém à vida sem uma missão que lhe dê sentido.
João Batista nasceu por providência de Deus, fora dos parâmetros normais. Ele foi predestinado por Deus desde a sua concepção e fatos extraordinários aconteceram com seus pais, que já idosos experimentaram a manifestação do poder do alto. A concepção de Isabel, em idade tardia e o nome comum João atribuído ao menino, sem semelhantes entre os parentes, rompe com as estruturas tradicionais dos sacerdotes. Todavia, aponta para uma vocação profética extraordinária do menino.
Até o seu nome foi causa de admiração. Conforme fora prometido a Zacarias, quando se completou o tempo da gravidez, Isabel deu à luz um filho, na sua velhice. A criança havia recebido o Espírito Santo ainda no ventre de sua mãe. João, cujo nome significa Deus é propício, veio à luz em idade avançada de seus pais. Parente de Jesus foi o precursor do Messias. É João Baptista que aponta a Jesus, dizendo: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Dele é que eu disse: Depois de mim, vem um homem que passou adiante de mim, porque existia antes de mim. De si mesmo deu este testemunho: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai os caminhos do Senhor.
As pessoas se surpreendiam com a misericórdia de Deus para com aquele casal e a expectativa era grande até mesmo em relação ao nome que eles poriam na criança. Todos estavam alegres, Zacarias, seu pai, agora já podendo falar, louvava ao Senhor pelo grande feito.
Longe do Templo, nos desertos, João viverá fortalecido pelo Espírito. João abre os horizontes para a missão universal de Jesus, sem fronteiras nacionalistas ou raciais. Jesus, em seu ministério, consagra o anúncio do Reino de justiça e do perdão inaugurado por João. E reconhece nele o papel profético. Dentre os filhos nascidos de uma mulher não apareceu nenhum maior do João Baptista.
Porém ninguém imaginava que as profecias se realizariam através daquela criança que viera ao mundo preparar o caminho do Salvador. Plano de Deus! Deus pensa em tudo para nós. Até o nosso nome é sugerido por Deus para designar a nossa missão.
Deus tem um plano também para você: no dia em que você nasceu todos ficaram alegres pela sua chegada, mas somente o Senhor sabia realmente qual seria a sua missão aqui na terra. Com certeza você também é alguém como João Batista muito importante para o reino de Deus! Deus não chama ninguém à vida sem uma missão que lhe dê sentido
Meu irmão, minha irmã vamos refletir: Pergunte ao Senhor qual é a sua parte no plano Dele. – Será que você já está vivendo dentro deste plano? Você já descobriu a missão para qual Deus te chama? – Você tem dúvidas? – Converse com Deus sobre isto!
Amém
Abraço carinhoso de
MARIA REGINA

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Preparados para o natal?

Os noticiários já falam nas previsões para o Natal deste ano, se será bom ou ruim, melhor, igual ou mais fraco que o do ano passado. Isso para o comércio, que, sem dúvida, já se preparou de acordo com as previsões mais realistas. Esse Natal é um grande motor da economia, é a grande festa do consumo, a grande festa do capitalismo.
O nosso preparar-nos para a vinda do Senhor é outra coisa. Neste domingo, já aparece a figura de João Batista, o anticonsumo. A austeridade com que ele se apresenta, a sua roupa e sua comida já revelam sua mensagem: mudar de mentalidade.
A palavra grega metanoia, que nos três primeiros Evangelhos resume a pregação de João e também a de Jesus, é fácil de entender. Meta é o mesmo prefixo grego que encontramos em “metamorfose” e indica mudança, significando aqui “mudança de forma”. Noia nós conhecemos de “paranóia” e refere-se à cabeça. Metanoia é, então, “mudança de cabeça”, mudança de mentalidade, de maneira de pensar e agir.
Assim, a nossa preparação para a vinda do Senhor – não apenas para a celebração do nascimento de Jesus – vai remar contra a corrente do capitalismo, que governa o nosso mundo. E essa corrente não é um filete de água, mas um caudal imenso, que vai arrastando tudo com sua força avassaladora. É contra essa corrente que remamos.
Diz a antiga fábula: O lobo e o cordeiro foram ao mesmo córrego beber água. Vendo o cordeiro, o lobo diz: “Vou te matar porque estás sujando a minha água!” O cordeiro responde: “Não pode ser, eu estou mais embaixo, a água está correndo daí para cá”. O lobo diz: “Então eu vou te devorar porque na semana passada teu pai me insultou!” “Não pode ser”, responde o cordeiro, “faz dois meses que meu pai morreu”. “Ah! Se não foi teu pai, foi teu irmão, teu tio...”. E avançou sobre o cordeiro. O fabulista conclui: “O mais forte sempre acha uma razão para devorar o mais fraco”. Não será esse o princípio que governa o nosso mundo?
1ª leitura (Is. 11,1-10)
Isaías depositava grande esperança no futuro rei. Com ele, a lei do mais forte vai acabar, pois tanto o rei como o país inteiro, todos vão defender os fracos. Deixaremos, então, de ser bichos uns para os outros. Isso resume o belo texto de Isaías, motivo de muitos cânticos de Advento.
Isaías era familiar ao palácio de Acaz e conhecia bem seu filho Ezequias, em quem depositava grande confiança. Ezequias foi realmente um dos melhores reis de Judá, mas o poema de Isaías que expressa sua confiança nele vai muito além.
A dinastia de Davi, o filho de Jessé, estava enfraquecida, quase liquidada diante do poderio crescente da Assíria. Falando em ramo familiar, o de Jessé estava reduzido a quase nada, a um toco cortado quase rente ao chão. Como de uma velha parreira decepada, do toco ou até das raízes, ainda pode surgir um broto novo, assim também surge aqui o broto novo do ramo familiar de Jessé.
O Espírito do Senhor lhe dará as qualidades dos famosos antepassados, a sabedoria e a perspicácia de Salomão, as qualidades bélicas de prudência e ousadia de Davi, e ainda vai lhe acrescentar outras duas: o temor e o conhecimento de Javé. O próprio texto vai explicar o que é “temor de Javé”: é não julgar por interesses escusos (v. 3), mas fazer justiça aos fracos e castigar o opressor. “Conhecer Javé” Jeremias explica em 22,15-16. É praticar o direito e a justiça, fazer justiça ao humilde, ao indigente.
Inspirado no temor de Javé, o novo rei vai acabar com a estória do lobo e do cordeiro, quando o mais forte sempre tem razão e sempre encontra um motivo para devorar o mais fraco. Então, “o lobo será hóspede do cordeiro, o leopardo vai se deitar ao lado do cabrito...”. As pessoas deixam de ser bichos umas para as outras.
Inspirado no temor de Javé, ele vai usar de sua autoridade para fazer justiça ao fraco e reprimir o opressor. Assim, o resultado será que, não só ele, mas o país inteiro estará inundado do “conhecimento de Javé”, todos sabendo respeitar os direitos dos fracos.
Aquilo em que o profeta foi além em seu poema ficou como esperança messiânica, esperança de um salvador definitivo para o porvir. Será que o Cristo já realizou isso?
2ª leitura (Rm. 15,4-9)
Os cristãos judeus tinham sido expulsos de Roma. Agora, autorizados a voltar, retornavam para Roma e para as suas comunidades. Seriam bem recebidos pelos irmãos que não eram judeus?
Essa situação é que nos dá o contexto geral da carta aos Romanos. Aqui, já na parte parenética ou nas recomendações finais, Paulo diz que é tempo de esperança, esperança fundamentada na palavra de Deus, nas Escrituras. Nelas, encontramos encorajamento e firmeza, palavras frequentemente traduzidas por “paciência” e “consolação”.
O Deus do encorajamento e da firmeza é que deve levar os cristãos a ter um mesmo pensar, seguindo o Cristo Jesus. Só assim se podem superar as dificuldades de relacionamento entre os cristãos judeus que voltam e os cristãos gentios que ficaram. Só assim poderão participar unidos numa mesma celebração para louvar a Deus.
A prática é essa mesma, saberem acolher uns aos outros, sem discriminação e sem preconceitos. Assim é que o Cristo nos acolhe. Ele se pôs a serviço dos judeus para realizar as esperanças consubstanciadas nas promessas contidas em suas Escrituras Sagradas. Nem por isso os não judeus, “gentios” ou “nações”, são esquecidos, pois as mesmas Escrituras os convidam também a louvar o Senhor.
Evangelho (Mt. 3,1-12)
Estamos nos preparando não para a festa do Natal, mas para a chegada de Jesus, o Messias, o Salvador! O evangelho vai nos responder quem é esse que prepara os caminhos do Senhor, como é que ele vive, qual a sua mensagem.
Aparece João Batista. Ele prega no deserto da Judeia, num lugar ermo e sem vida. Sua mensagem se resume em metanoia, a mudança de cabeça, mudança de mentalidade, a coragem de remar contra a corrente do pensamento dominante, a coragem de pensar e agir diferente.
O motivo é que o reinado de Deus está chegando. O Evangelho de Mateus, sendo de cristãos judeus, fala de “céus” para substituir a palavra Deus, por respeito ao Nome. Quando diz reino dos céus, então, está dizendo reinado de Deus, mundo onde manda Deus, não o dinheiro ou um de seus súditos.
João prepara os caminhos do Senhor. Sua figura é sua mensagem e já contrasta fortemente com o pensamento dominante do seu tempo, quanto mais o de hoje. Como o profeta Elias, ele veste uma roupa tecida de pelos de camelo, com uma cinta de couro. Seu alimento também não combina com os banquetes e as bebedeiras dos poderosos do seu tempo, nem do nosso Natal consumista. Ele prega a metanoia.
Representantes de dois poderosos movimentos religiosos rivais – o dos fariseus, que dominavam a consciência do povo, e o dos saduceus, que comandavam o Templo e o sinédrio – vão à procura do batismo de João. Estarão também querendo mudar de mentalidade?
João os aborda sem meios-termos: bando de cobras venenosas! A metanoia tem de ser efetiva, produzir resultados práticos; não é mero ritual, o batismo, para tentar enganar os outros, a si mesmo e a Deus! O título de filho de Abraão (ou de cristão) não dá isenção a ninguém, todos têm de mudar de mentalidade.
Não adianta parecer uma árvore frondosa e bonita; o machado já está ao pé das árvores, e a que não estiver produzindo frutos vai ser cortada e jogada ao fogo. Frutos de verdadeira metanoia!
Depois, João fala de Jesus. “Não sou digno de carregar suas sandálias” pode significar também: não mereço ficar no lugar dele, assumir a função dele. Como em Rt. 4,7ss: o que desiste da tarefa e a passa a outro tira e lhe entrega a sandália.
“O Espírito Santo e o fogo”, no contexto da comparação com o lavrador que abana o seu cereal, poderia significar “o vento e o fogo”, o vento que carrega a palha e o fogo que vai queimá-la. Jesus, que vem, é o último juiz da humanidade; ele separa o grão da palha, ele guarda o grão no seu celeiro e joga ao fogo a palha, o que não tem serventia. No final do capítulo 25 do mesmo evangelho, ele vai dizer: “Vinde, benditos” e “ide, malditos”.
Dicas para reflexão
Advento não é tempo de preparar as comemorações do Natal, os presentes, as comidas, bebidas e roupas. É tempo de caminhar ao encontro pessoal e comunitário com o Cristo, o Messias Jesus. Seu berço foi um cocho, dentro de um estábulo, e seu leito de morte foi a cruz.
Nossa caminhada ao encontro do Cristo exige a metanoia, a mudança de cabeça, porque o reinado de Deus está chegando. Se é Deus, Pai de todos, e não o dinheiro, pai só de alguns, que deve comandar, então é preciso mudar as cabeças.
Metanoia nos leva a nadar contra a corrente, embora esta seja mais volumosa que o rio Amazonas. Na minha prática cotidiana, na chegada do próximo Natal, por exemplo, o que isso significaria?
Jesus realizou as palavras de Isaías e acabou com a estória do lobo e do cordeiro? Todos já deixamos de ser bichos uns para os outros? Que fez Jesus? Que falta ainda para esse sonho acontecer? Quem será o responsável para levá-lo a cabo? Basta cantar: “Da cepa brotou a rama...”?
Celebrações vazias, que não movem o coração e a mente nem dos que as presidem, quanto mais dos participantes, tornam a todos semelhantes aos fariseus e saduceus que foram pedir o batismo a João.
João cobrava deles o fruto ou resultado, que é uma metanoia verdadeira, sincera. A vinda de Jesus é a vinda do juiz que não se engana, pois sonda os rins (os sentimentos) e o coração (a mente).
Na eucaristia, celebramos um mundo diferente, que vem por um caminho diferente; a mesa comum da humanidade, que vem da partilha de si, do partir-se em pedaços como aquele pão. O caminho é a austeridade, não o consumo exasperado; é o sacrificar-se pelo outro, não o aproveitar-se da situação. A chegada é a mesa comum.
padre José Luiz Gonzaga do Prado -www.paulus.com.br


A liturgia do tempo do Advento não somente nos faz recordar as promessas de Deus sobre o Messias, mas também nos vai mostrando os traços da missão desse Salvador tão prometido e tão esperado.
O profeta Isaías usa uma imagem impressionante: do velho tronco de Jessé, isto é, da dinastia já antiga de Davi, nascerá uma hastezinha, modesta, frágil, pequena: um rebento! Querem coisa mais frágil, mais débil? Qualquer criancinha pode, travessa, quebrar, estiolar uma haste... E, no entanto, sobre este rebento tão frágil repousará o Espírito do Senhor. Esta haste é o ungido pelo Espírito, é o Messias, o Cristo de Deus, brotado da Casa de Davi! João, o Batista, dirá no Evangelho de hoje que “ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”, isto é, com o fogo do Espírito! Só ele pode fazer isso, porque somente ele é pleno do Espírito: “Espírito de sabedoria e discernimento, Espírito de conselho e fortaleza, Espírito de ciência e temor de Deus”. Como é Santo o Messias prometido pela boca dos profetas! Porque pleno do Espírito, ele é justo: ele não julgará pelas aparências nem decidirá somente por ouvir dizer, mas trará a justiça para os humildes e uma ordem justa para os pacíficos”. Eis: ele vem para quem tem um coração pobre, para os que têm consciência que, sozinhos, não poderão nunca levar o peso da vida. Somente os pobres poderão acolhê-lo, reconhecê-lo, alegrar-se com sua chegada: sua justiça é justiça para quem chorou, para quem sentiu fraqueza física, moral, psíquica, econômica ou existencial... “Com justiça ele governe o vosso povo; com equidade ele julgue os vossos pobres. No seus dias a justiça florirá e grande paz até que a lua perca o brilho! Libertará o indigente que suplica, e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. Terá pena do humilde e do infeliz, e a vida dos humildes salvará. Todos os povos serão nele abençoados, todas as gentes cantarão o seu louvor!” Que Rei bendito! Que santo Messias! Que esperança para o nosso coração cansado, para o nosso mundo desiludido! Porque ele vem curar os corações, vem trazer o perdão de Deus, aqueles que o acolherem conhecerão a paz verdadeira: “O lobo e o cordeiro viverão juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los. A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente. Não haverá danos nem mortes... porque a terra estará repleta da ciência do senhor quanto as águas que cobrem o mar...” Que sonho: uma humanidade reconciliada, um mundo de paz, um homem uma criação em harmonia... Eis o sonho do Messias, eis o dom que ele traz! São Paulo diz, na Carta aos Romanos, que Cristo realiza este sonho prometido. A primeira reconciliação que ele trouxe foi unir num só povo, numa só humanidade, o que antes era dividido: judeus e pagãos. Quem o acolhe agora é parte de um novo povo – a Igreja!
Mas, esta paz precisa ainda aparecer claramente no mundo! E aqui, não nos iludamos: o mundo não conhecerá a paz de verdade, o coração humano não conhecerá o sossego enquanto não acolher de verdade o Cristo do Pai, o Senhor Jesus! O sonho que Deus sonhou para nós e para toda a humanidade ao enviar Jesus, não poderá ser sonhado e realizado sem o nosso “sim”. E o trágico é que o mundo vai dizendo “não”. Este Natal de 2010 encontrará o mundo mais pagão que o de 2009... Que pena!
Nós, cristãos, temos, no entanto, uma missão neste mundo, nesta situação atual. Escutemos o profeta: "Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo! Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira que v ai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão! O machado está na raiz da árvore e toda aquela que não produzir fruto será cortada e lançada ao fogo!” Caros irmãos, o Advento, tempo de alegre expectativa, é também tempo de juízo. O mundo precisa do nosso testemunho, da nossa palavra de esperança, do nosso modo de viver inspirado no Evangelho! Chega de um bando de cristãos vivendo como todo mundo vive, pecando como todo mundo peca, medíocres como todo mundo é medíocre! Se não dermos frutos, seremos cortados! Vivemos num mundo que não somente é descrente como também zomba da fé: as porcarias das novelas, a corrupção dos governantes, a imoralidade sexual, e dissolução das famílias, a imoralidade da ciência prepotente que se julga senhora do bem e do mal, as calúnias e mentiras contra a Igreja, o modo de viver de quem não tem esperança... E muitos de nós, que nos dizemos crentes, não notamos isso, vivemos numa boa entre os pagãos e como os pagãos... E ainda nos dizemos cristãos!
O roxo desse tempo convida-nos à vigilância, a compreendermos que Aquele que vem com amor, que vem como Salvador, nós o podemos perder para sempre se não nos abrirmos para ele no aqui e no agora de nossa existência. Não brinquemos com a vida que temos: ela poderá ser plenificada pelo Santo Messias com a glória do céu; ou poderá ser perdida para sempre, longe do Cristo de Deus, num total absurdo, a que chamamos inferno! Não esqueçamos: o sonho de Deus é lindo: é de salvação e de paz! Levemo-lo a sério, vivamo-lo e sejamos suas testemunhas no mundo de hoje! Não relaxemos, não desanimemos, não nos cansemos de esperar. Como diz a profecia de Isaías, numa de suas passagens mais misteriosas: “Sentinela, que resta da noite? Sentinela, que resta da noite? A sentinela responde: ‘A manhã vem chagando, mas ainda é noite’. Se quereis perguntar, perguntai! Vinde de novo!” (Is. 21,11s). Quanto restará da noite deste mundo? Não sabemos! Mas, a manhã, a aurora radiosa do dia do Messias virá! Nós somos as sentinelas que o Senhor colocou na noite deste mundo. Vigiemos! Ainda que tantas vezes nos perguntemos: Meu Deus, “quanto resta de noite?” O Senhor não nos impede de perguntar: “se quereis perguntar, perguntai...” Mas – atenção! – ele não aceita que percamos a esperança, que deixemos nosso posto de vigia: “Vinde de novo!” eis, novamente, o convite que ele nos faz: Vinde de novo! Recomeçai, retomai a esperança, vigiai: ainda é noite, mas a manhã luminosa vem chegando! Vem, Senhor Jesus! Vem, ó Santo Messias! Tem piedade de nós! Amém.
dom Henrique Soares da Costa - www.padrehenrique.com
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“Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações! E, na alegria
do vosso coração, soará majestosa a sua voz”(cf. Is 30,19.30)
Vamos caminhando para a metade do tempo do advento: este segundo domingo tem como centro de reflexão o REINO DE DEUS. A liturgia é permeada pela conversão que trata o Evangelho de hoje.
Conversão que está intimamente ligada a vigilância. Como afirmou santo Agostinho em uma vigília: “Para nós, cristãos, viver não é outra coisa que vigiar. E vigiar é abrir-se à vida”. No Evangelho, encontramos muitas palavras de Jesus nos exortando à vigilância. Um dos textos que inspirou muito a liturgia do advento é a parábola das virgens sábias, contada em Mt. 25,1-13, com sua imagem das lâmpadas acesas e seu mandamento de vigiar.
A temática de hoje nos fala de um Jesus adulto, Jesus pregador da Boa-Nova, de Jesus no exercício de sua doce missão de Messias, e de qual deve ser o nosso comportamento diante de Jesus. Na verdade, não é possível separar muito a vinda do Cristo na noite de Natal e sua passagem por nós na hora da graça, de sua vinda gloriosa no fim dos tempos. Deus não tem a dimensão de tempo e de espaço que são critérios mundanos. Mas Deus, por intermédio de Jesus de Nazaré, quis entrar no espaço e no tempo do homem. Assim celebramos as várias etapas da vida de Jesus.
A primeira leitura (cf. Is. 11,1-10) nos apresenta o Rebento de Jessé, o Messias-Rei. A justiça em prol dos pequeninos. Quando o carvalho é abatido, sobra o tronco, que pode brotar de novo. No capítulo 11 do profeta Isaías fala do novo rei Ezequias, mas, a longo prazo, de um ungido – que quer dizer Messias escatológico, que brotará do trono de Jessé. As suas qualidades serão a sabedoria como a sabedoria de Salomão, a inteligência e a fortaleza como as de Davi, a devoção como Moisés e Abraão. Este Messias praticará a justiça de Deus, será um pai para os pobres.
Somos convidados hoje a não mudar somente as estruturas do mundo, e mesmo da Igreja instituição. Somos convidados, sim, a mudar as estruturas do coração humano, de nosso coração que deve ser assemelhado ao coração misericordioso de Jesus. Conversão que tem duas dimensões: a conversão pessoal e a conversão comunitária. Evidentemente não existe a conversão comunitária sem a conversão pessoal. De uma maneira muito simples gostamos muito de pedir que os outros se convertam, mas esquecemos nós, primeiramente, de nos converter.
A conversão passa pelo chamado combate espiritual de maneira pessoal e objetiva. Temos que nos converter, custe o que custar. Muitas vezes gostamos de colocar defeito nas pessoas, nas coisas e a inveja e a disputa de poder permeia toda a sociedade moderna. Isso é muito difícil! Temos que abandonar a calúnia, a injúria e a difamação e anunciar o perdão, a acolhida e a misericórdia.
Todos devemos nos converter, partindo da hierarquia que presta o serviço religioso, a todo o povo de Deus. Todos, sem exceção somos pecadores, e devemos correr pressurosos para a santidade e a misericórdia.
A conversão deve ser continua soma de atos, de atitudes, de misericórdia, de acolhida do diferente, de compaixão, de acolhida e de amor.
Para entrarmos no espírito do Natal temos que viver a conversão. A conversão que ilumina a santidade. Seremos santos na medida que nossos critérios de ação e nossos atos se igualarem aos critérios e atos de Deus. A conversão não é acabada, é um processo cíclico. A conversão deve ser diuturna, ou seja, quotidiana.
Conversão que é voltar para o rosto sereno e radioso do nosso Senhor e Redentor.  Conversão que não pode ser somente espiritual, mas que tem que ser manifestada nas obras de caridade, na acolhida do pobre, do miserável aos olhos do mundo que se transforma no rico diante de Deus.
Vamos abandonar o pecado e viver a graça santificante. Este é o desafio! Receber Jesus, segundo o Evangelho de hoje, não é apenas aplaudi-lo ou admirar a sua vida e a sua obra. Receber Jesus é largar todos os interesses pessoais e segui-lo até que não haja mais diferença ente o que eu penso, amo e faço e o que Jesus pensa, ama e faz. Ou o Natal do Senhor Jesus me muda e me faz assumir compromissos de bondade, justiça, verdade, santidade e paz, ou o Natal será como as águas de um rio que passam longínquas do terreno da minha história.
O batismo de João Batista, o precursor, nos lembra que as águas nos lavou, pelo batismo, de nossos pecados, nos deve interpelar a lavar o pecado da infidelidade para com Deus, lavar o pecado do orgulho e da auto-suficiência, arraigado no homem desde Adão. Somos chamados a ter uma vida nova, totalmente renovada, fecundando nossas ações e trabalhos pastorais  na caridade, no amor e na partilha.
Jesus veio encarnar na Virgem para que o REINO DOS CÉUS acontecesse em nossa história e em nossa vida terrena. Reino dos Céus que se inicia aqui e tem a sua plenitude na ETERNIDADE DAS ALEGRIAS celestes. A construção do nosso Reino dos céus depende de nossa fidelidade a Cristo e do nosso autêntico processo de conversão diária. Corações ao Alto: o nosso coração está em Deus, canta a liturgia eucarística. Assim deve ser a nossa vida, sempre lembrando do alerta do Batista: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo!” (cf. Mt. 4,17). Esta deve ser a nossa atitude. Amém!
Todos nós somos convidados a tomarmos uma atitude fundamental neste belo tempo do advento. Não só neste tempo, mas em nossa vida: A CONVERSÃO! Para nos encontrarmos como Cristo, devemos corresponder a que Jesus espera de nós. Jesus julgará com retidão em favor dos pobres, conforme nos ensina a primeira leitura. O Messias se alinha com os pobres. Será que nós estamos alinhados com ele?
São Paulo, na segunda leitura de hoje (Rm. 15,4-9) exorta os fiéis a imitarem o exemplo de Cristo: como Cristo assumiu nossa salvação, executando o projeto do Pai, cabe a nós assumir-nos mutuamente, conforme o ensinamento da Segunda Leitura. Devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo, de acolher-nos uns aos outros como Cristo nos acolheu. Na família de Deus existe lugar para todos, pois em relação a todos manifestou-se a misericórdia de Deus em Cristo Jesus. Acolher significa imitar a Cristo, fazer justiça para todos, conviver em harmonia, respeitando as diferenças entre os outros. A paz na situação concreta da comunidade cristã, é ameaçada pela oposição dos fortes e fracos. Provavelmente trata-se também das tensões entre judeu-cristãos e gentios convertidos. Deus os chamou a todos: por isso devem assumir-se mutuamente. A razão e norma disto é Cristo mesmo, que tanto fez e sofreu por nós.
Nós somos chamados a dialogar com os homens e com Deus. Nosso encontro com os outros deve ultrapassar os estreitos limites da pura cortesia e da convivência social; do contrário se esvaziará. A categoria social fundamental é a relação “eu-tu”. Ora o “tu” do outro homem é o “tu” divino. Cada “tu” humano é imagem do “tu” divino. Em conseqüência, o caminho para os outros e o caminho para Deus coincidem; trata-se de aceitar ou de recusar. O relacionamento real com o outro varia conforme o relacionamento com Deus. Somente na comunidade eclesial, a dos que estão voltados para Deus, é que se pode viver realmente o encontro com os outros, dentro de um mesmo amor.
Advento, abrir o nosso coração Aquele que vem vindo para nos salvar. Vivamos bem este tempo!
padre Wagner Augusto Portugal - www.catequisar.com.br
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Convertam-se, porque o reino dos céus está próximo!
No domingo passado, refletíamos sobre o risco real de não nos darmos conta da vinda de Jesus Cristo por causa das preocupações deste mundo. E, por isso, hoje, nos perguntamos: de que modo este tempo de Advento nos adverte para a chegada do Messias?
Ligamos a TV ou checamos o nosso e-mail e vemos um exagero de propagandas de produtos em promoção; junto a isso, um sem fim de anúncio de programas televisivos “especiais” de fim de ano. Muitas luzes brancas ou coloridas piscam enfeitando ruas, igrejas, lojas. Nas casas, árvores de natal, presépios, guirlandas. Começam as festas com a brincadeira de amigo oculto e distribuição de presentes.
São sinais que deveriam dizer pra nós com força: é tempo de preparar o interior para acolher o Salvador do mundo. Convertam-se! Mudem de mentalidade! Mas parece que tais sinais nos estimulam a fazer exatamente o contrário: preocupem-se só com os prazeres materiais, comprem, bebam, esqueçam quem na realidade deve ser lembrado.
O cristão autêntico vive neste mundo, e, apesar das dificuldades, deve considerar estes sinais precursores para que aqueçam o nosso coração para esperar, desejar e acolher aquele que está para chegar. Assim, ninguém poderá dizer: “ah, eu não sabia que o Natal estava próximo”.
A liturgia de hoje apresenta um precursor, aquele por excelência: João. Aparece no deserto vestindo pele de camelo e cinturão de couro. Ao mostrar João vestido dessa forma, Mateus quer nos dizer que ele é profeta ao modo de Elias; tal profeta conduziu o povo de volta ao Deus verdadeiro. Além da roupa simples, se alimenta de gafanhotos (alimento próprio dos beduínos pobres) e de mel. Esta fuga de popularidade é explicada pelo fato de que “aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias”; ele não quer chamar a atenção, nem está preocupado com o próprio prestígio, interesse ou sucesso, mas encaminha tudo exclusivamente a Jesus.
Uma das tarefas principais do AT era denunciar os desvios do caminho do Senhor. Por isso, João é o precursor definido pelo profeta Isaías como “a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”.
João Batista tem uma voz forte, clara e decidida porque sabe muito bem quem está para chegar, ele faz de tudo para que as pessoas se preparem de modo justo para esta chegada. Ele convida a conversão: “convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo”. A conversão é simbolizada aqui pelo tempo no deserto, tempo de prova, tempo de transformação, assim como o povo liberto do Egito foi conduzido por Deus até a terra prometida, alcançando-a finalmente pela travessia no Jordão.
Quem escuta João, se batiza no Jordão, confessando os próprios pecados. O batismo de João era algo tão raro que ele ficou conhecido como João, o Batista. De fato, através do batismo nas águas do Jordão, a pessoa confessava os pecados, purificando-se para se aproximar do Messias. Um ponto importante é que não devemos identificar esta conversão com o comportamento farisaico. Ser fariseu é fazer a coisa certa pelo motivo errado. Somos fariseus quando fazemos algo correto por medo, por interesse, pela busca da aprovação e admiração. O fariseu vive naquele que apresenta uma boa imagem, sem de fato ser bom. Podemos chegar a ser tão orgulhosos que ouvindo a mensagem de Jesus, fingimos acreditar ser pecadores, e, consequentemente, fingimos acreditar ser perdoados.
“Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão”. Eles cumpriam a lei, mas desprezavam os fracos, condenando-os ao castigo divino. João deixa bem claro que quem não produz frutos bons será cortado e jogado no fogo. Estes frutos bons são fáceis de entender, é simplesmente o modo como tratamos uns aos outros: com amor.
“Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu”, diz a II leitura. Acolher é uma parte do amor, quem sabe, a mais difícil. Quantas vezes na nossa família não nos suportamos, discutimos, ofendemos com palavrões o próximo ou mesmo com o desprezo. Como Cristo acolheu a nós: a ovelha perdida, o bom ladrão, com o amor misericordioso, assim devemos acolher o próximo. Para isto, somos batizados com o fogo e com o Espírito Santo na totalidade de seu amor e de seus dons.
padre Carlos Henrique de Jesus Nascimento -www.pecarlos.blogspot.com
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"Convertei-vos"
Em nossa caminhada para o Natal, a liturgia desse domingo nos convida a nos despir dos valores efêmeros e egoístas que muitas vezes nos fascinam, para dar lugar em nós aos valores do Reino de Deus.
As leituras bíblicas apresentam duas figuras típicas do Advento: Isaías e João Batista
Na 1ª leitura, Isaías apresenta um enviado de Javé, descendente de Davi, com a missão de construir um Reino de Justiça e Paz. (Is. 11,1-10)
É uma das maiores profecias do Antigo Testamento referentes ao Messias, com que o profeta reaviva a esperança do seu povo, diante das ameaças do imperialismo dos assírios. O poema dá as características:
- será descendente de Davi: (Jessé é pai de Davi) "Naqueles dias, do tronco de Jessé sairá um ramo e um broto de sua raiz".
- Será animado pelo Espírito de Deus. Como na Criação, sobre ele pousará o Espírito do Senhor: Espírito de sabedoria e inteligência, de conselho e de fortaleza, de conhecimento e de temor de Deus, (de piedade).
É esta a origem da nossa lista dos 7 dons do Espírito Santo.
- Será portador da justiça e da Paz: "Trará justiça para os humildes..." Haverá a reconciliação da criação: voltará a harmonia perdida entre o homem e a natureza, entre os animais selvagens e domésticos.
Jesus é o "messias"  que veio tornar realidade o sonho do profeta. Ele iniciou esse "Reino" novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim. Cheio do Espírito de Deus, ele passou pelo mundo convidando os homens a se tornarem "filhos de Deus" e a viverem no amor e na partilha.
Mas a profecia está longe de sua completa realização. O Reino novo trazido por Jesus só poderá se estabelecer a partir de nossa conversão pessoal, familiar e comunitária.
Na 2ª leitura Paulo exorta os cristãos de Roma a viverem no amor, dando testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia, a fim de que louvem a Deus, com um só coração e uma só alma. (Rm. 15,4-9)
No Evangelho, João Batista anuncia que esse Reino está próximo, mas para que se torne realidade precisa converter-se (Mt. 3,1-12)
- Personalidade: é uma figura impressionante, que fascina o povo; tem um estilo de vida austera: no vestir, no comer, no falar, no morar... Vive no "deserto", lugar das privações, do despojamento, mas também lugar tradicional dos encontros entre Deus e Israel.
- Mensagem: é um apelo à conversão - "Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo..." "Preparai o caminho do Senhor: endireitai as veredas para ele."
- Reação ao anúncio:
- o povo simples: reconhece seus erros e pede o batismo;
- os fariseus e saduceus vão ao encontro de João por curiosidade apenas e são desmascarados: "Raça de cobras venenosas... produzam frutos que a conversão exige e não se iludam a si mesmos, dizendo: “Abraão é nosso Pai".
- O batismo de João: consistia na imersão na água do rio Jordão para as pessoas que aderiam a esse apelo de conversão. Significava o arrependimento, o perdão dos pecados e a agregação ao povo fiel. Mas ele avisa, que aquele que vem depois dele "batizará no Espírito Santo e no fogo..."
Portanto o batismo de Jesus vai muito além do batismo de João: 1) confere, a quem o recebe, a vida de Deus e torna-o filho de Deus; 2) incorpora-o à Igreja e torna-o participante da missão da Igreja no mundo.
É um quadro de vida completamente novo, uma relação de filiação com Deus e de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados. É um sacramento.
A voz de João Batista continua convidando à conversão...
Não é possível acolher "aquele que vem" se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preocupação com os bens materiais.
Se quisermos celebrar a vinda do Senhor e participar do seu Reino, devemos preparar o caminho, mudar o nosso coração. Nesse itinerário, não há espaço para a hipocrisia. Não bastam as aparências, apenas dizer que somos cristãos porque recebemos o batismo. A conversão deve ser comprovada pela ação.
Os frutos de conversão comprovam a autenticidade da nossa conversão: não bastam alguns sentimentos religiosos... ou algumas práticas piedosas... Precisamos apresentar frutos de conversão: paz, fraternidade, justiça...
- Quais os caminhos tortos, que devemos endireitar?
- Quais os frutos de conversão que Deus está esperando de nós, neste Advento, em preparação ao Natal?
- Estamos convencidos de que, se não dermos esse passo, nunca será Natal em nós, nem mesmo no dia 25 de dezembro?
Deus espera que tenhamos a coragem de dar esse passo!
padre Antônio Geraldo Dalla Costa -buscandonovasaguas.com
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Convite à conversão
O apelo premente lançado por João Batista aos que se apresentavam para serem batizados exigia ser acolhido no mais íntimo do coração, onde a conversão deveria dar seus primeiros frutos. A preparação para acolher o Messias requeria dos crentes reformular seu modo de pensar e agir (metanóia), cujo sinal seria a predisposição a abandonar o caminho do mal e do pecado para trilhar o caminho do amor e da justiça.
A figura austera do Batista e sua linguagem inflamada não davam margemConvite à conversão
O apelo premente lançado por João Batista aos que se apresentavam para serem batizados exigia ser acolhido no mais íntimo do coração, onde a conversão deveria dar seus primeiros frutos. A preparação para acolher o Messias requeria dos crentes reformular seu modo de pensar e agir (metanóia), cujo sinal seria a predisposição a abandonar o caminho do mal e do pecado para trilhar o caminho do amor e da justiça.
A figura austera do Batista e sua linguagem inflamada não davam margem para dúvida. Urgia converter-se sem demora, pois a manifestação do Reino corresponderia a uma espécie de juízo divino sobre a história humana. Num linguajar metafórico, anunciava que as árvores que não produzissem frutos bons seriam cortadas e jogadas no fogo. Quem não fosse capaz de produzir "frutos dignos de conversão" seria objeto da ira divina.
Os escribas e saduceus que faziam parte do auditório, conhecidos por sua espiritualidade superficial, foram alvos das invectivas do Batista. Seu modo de proceder, falsamente piedoso, era desaconselhável. Deus não se deixa impressionar com exterioridades, pois perscruta os corações, onde espera encontrar sinais de conversão.
A presença iminente do Messias exige uma pronta decisão. E a prudência pede que seja tomada sem demora. O Reino não se faz esperar. Quem recusa a se converter, será deixado de fora. O Messias Jesus, porém, quer acolher a todos.
padre Jaldemir Vitório -www.domtotal.com
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Convite à conversão
O apelo premente lançado por João Batista aos que se apresentavam para serem batizados exigia ser acolhido no mais íntimo do coração, onde a conversão deveria dar seus primeiros frutos. A preparação para acolher o Messias requeria dos crentes reformular seu modo de pensar e agir (metanóia), cujo sinal seria a predisposição a abandonar o caminho do mal e do pecado para trilhar o caminho do amor e da justiça.
A figura austera do Batista e sua linguagem inflamada não davam margem para dúvida. Urgia converter-se sem demora, pois a manifestação do Reino corresponderia a uma espécie de juízo divino sobre a história humana. Num linguajar metafórico, anunciava que as árvores que não produzissem frutos bons seriam cortadas e jogadas no fogo. Quem não fosse capaz de produzir "frutos dignos de conversão" seria objeto da ira divina. Urgia converter-se sem demora, pois a manifestação do Reino corresponderia a uma espécie de juízo divino sobre a história humana. Num linguajar metafórico, anunciava que as árvores que não produzissem frutos bons seriam cortadas e jogadas no fogo. Quem não fosse capaz de produzir "frutos dignos de conversão" seria objeto da ira divina.

Os escribas e saduceus que faziam parte do auditório, conhecidos por sua espiritualidade superficial, foram alvos das invectivas do Batista. Seu modo de proceder, falsamente piedoso, era desaconselhável. Deus não se deixa impressionar com exterioridades, pois perscruta os corações, onde espera encontrar sinais de conversão.
A presença iminente do Messias exige uma pronta decisão. E a prudência pede que seja tomada sem demora. O Reino não se faz esperar. Quem recusa a se converter, será deixado de fora. O Messias Jesus, porém, quer acolher a todos.
padre Jaldemir Vitório -www.domtotal.com
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“Sobre ele repousará o espírito do Senhor.”
Nós estamos acostumados com o imediatismo e com os valores passageiros, e é neste contexto que a liturgia deste domingo nos convida a dar mais importância aos valores fundamentais que marcam nossa vida para sempre, e construir nossa história nestes valores. O valor do Batismo, dos Mandamentos, e outros tantos valores evangélicos, envolvem-nos de tal modo, que construiremos o Reino de Deus. Os valores verdadeiros libertam-nos do egoísmo do desejo imediato dele.
O profeta Isaías apresenta-nos na 1ª leitura um enviado de Deus, da descendência de David, sobre o qual repousa a plenitude do Espírito de Deus. A Missão dele será de construir um reino de justiça e de paz sem-fim...
O Messias virá “da raiz de Jessé”. Ele era o pai de Davi, o que quer dizer que será da descendência de Davi.
O ramo de que o texto fala é Jesus, e o tronco é a dinastia de David, e o rebento é a nova dinastia de Jesus, que terá raízes espalhadas por toda terra. O rebento – Jesus Cristo – terá a plenitude da ação do espírito do Senhor, ou seja, será o próprio Deus. Seis dons do espírito do Senhor darão o poder pleno sobre o rebento da dinastia davídica. É o mesmo Espírito que ordenou o universo no início da Criação e que animou todos os líderes de Israel, que inspirou os profetas. Este Espírito confere a Jesus (rebento) as virtudes dos seus antepassados carismáticos: sabedoria e inteligência como Salomão, espírito de conselho e de fortaleza como Davi, espírito de conhecimento e de temor de Deus como os patriarcas e profetas. São seis dons no enunciado da 1ª leitura, mas na tradução grega dos Setenta aparece também o dom da “piedade”. Assim surge a origem dos sete dons do Espírito Santo.
Esta leitura é um poema-sonho do profeta do retorno ao tempo ideal do reinado de Davi, com uma nítida corrente messiânica. O profeta está desiludido com a política dos reis de Judá, e sonha com um novo tempo, uma nova dinastia da descendência de Davi, na qual não haverá armas, guerras, conflitos entre as nações, ou seja, serão tempos de paz.
A justiça e a construção de um “reino” serão resultados da plenitude dos carismas que estarão sobre o rebento. Os direitos dos pobres serão respeitados, os oprimidos serão libertados, e a paz será constante. Tal será o Reino que o Messias virá inaugurar.
O desequilíbrio causado pelo pecado contra a natureza será quebrado, e a harmonia entre o homem e a natureza voltará a reinar. É a volta ao tempo do paraíso. Haverá harmonia e paz entre os irmãos, recorda que será o contrário de Caim e Abel.
O Messias trará a paz, e assim se realizará o projeto inicial de Deus, no qual os homens e os animais todos viverão em harmonia, porque todos comungarão agora da Missão do Messias, que virá para superar o desequilíbrio e os conflitos da divisão que o pecado dos homens causou.
No primeiro paraíso, o homem escolheu ser adversário de Deus, e escolheu viver no orgulho e na auto-suficiência; agora, por ação do Messias, ele regressou à comunhão com o seu Criador, e passou a viver no “conhecimento de Deus”.
Hoje cabe a nós cristãos tornar realidade o sonho do profeta. Cristo iniciou o projeto, e nós temos a responsabilidade de continuá-lo. Portanto, como seguidores de Cristo, deveremos dar nosso efetivo contributo na construção do Reino de Deus iniciado por Jesus Cristo.
A Igreja deve ser o sinal vivo desse Reino novo de justiça e de paz…
“Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para glória de Deus.”
Dar testemunho do rosto visível de Cristo no meio dos homens por meio da união, do amor, da partilha, da harmonia, da solidariedade é a proposta do Reino de Jesus e dos que o acolhem em sua vida. É basicamente disto que trata a 2ª leitura.
A carta aos Romanos é uma carta de reconciliação, quer tirar as diferenças entre os cristãos provenientes do Judaísmo e os vindos do paganismo. Assim afasta o perigo da cisão da Igreja. Quem opta por Cristo, e recebeu o batismo, recebeu o dom de Deus, tem acesso à Salvação, e tornou-se irmão dos irmãos na fé, para viver o amor. O texto exorta os cristãos a viver no amor.
A mensagem principal do texto é um convite para que a comunidade viva em harmonia, acolhendo e ajudando os mais fracos, sem discriminar nem excluir ninguém, no amor e na partilha.
Infelizmente ainda encontramos muitas comunidades de irmãos divididos. Conversão é também buscar a harmonia, a partilha e a solidariedade com os mais fracos, os mais pobres...
“Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus.”
O Evangelho de hoje apresenta a preparação que devemos fazer, porque o reino dos céus está próximo. Por isso João Batista convida os seus a mudar de mentalidade, de valores, de atitudes, a que se arrependam e se convertam: “Aquele que vem” (Jesus) vai propor aos homens um Batismo “no Espírito Santo e no fogo”, que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”.
O texto apresenta sua mensagem de urgência da conversão, porque o “juízo de Deus está próximo”, e os ouvintes sabiam o que isso queria dizer. Era necessário um rito de purificação pela água. Assim era necessário ser batizado no Rio Jordão. João é o percussor que prepara o caminho, e Jesus, o Messias enviado por Deus para anunciar o reinado de Deus.
João Batista, um profeta questionador e interpelador por si só. Está ligado ao deserto, lugar de despojamento e de encontro com Deus. Lembra Isaías e Elias. Ele anuncia e prepara o caminho do Senhor, com sua vida e também com as suas palavras. Ele questiona o jeito de viver das pessoas e a atenção excessiva que dão aos bens terrenos.
Mateus diz que João pregava a “metanóia” (no sentido grego de mudar de mentalidade), a conversão, porque estava próximo o Reino dos Céus. Os destinatários da época eram os judeus, especialmente os fariseus e saduceus. João trata-os com dureza, inclusive os chama de “raça de víboras”. Afirma que não basta pertencer à filiação de Abraão. Hoje somos nós os destinatários da mensagem deste Evangelho. Não basta ser batizados, para estar seguros da Salvação; precisamos mudar de mentalidade e converter-nos sempre. O Batista avisa-nos que não há Salvação assegurada, é preciso viver em contínua “metanóia”, e fazer as obras de Deus. Isto é, é necessário ser “batizado no Espírito Santo e no fogo”. O batismo de Jesus vai muito além do batismo de João. Confere a vida de Deus, torna-nos filhos de Deus, e isto implica pertencer à comunidade de irmãos de Cristo, a Igreja.
Não é possível acolher “aquele que vem”, se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preocupação com os bens materiais… É preciso, portanto, uma mudança da nossa mentalidade, dos nossos valores, dos nossos comportamentos, das nossas atitudes, das nossas palavras; é preciso o despojamento de tudo o que rouba espaço ao “Senhor que vem”.
As pessoas à procura de um mundo novo convertem o próprio coração, e Deus lhes dá nova mentalidade. Jesus é a novidade. Todos nós gostamos e necessitamos de ouvir boas palavras e palavras novas – ternura, amor, perdão, solidariedade, respeito, acolhida... Que calem as velhas palavras – violência, ódio, vingança, racismo, brigas... Também há necessidade de ver gestos novos no lugar dos velhos gestos de guerra, rancor, violência... Prepara-se o Natal com uma mente e um coração mudado. Vamos acolher Aquele que vem, fazer novas todas as coisas, mas não sem nós.
padre Elmo Heck - www.pom.org.br

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A liturgia deste domingo convida-nos a despir esses valores efêmeros e egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e a realizar uma revolução da nossa mentalidade, de forma a que os valores fundamentais que marcam a nossa vida sejam os valores do “Reino”. Na  primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de David, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos. No Evangelho, João Batista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito próxima… Mas, para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida os seus contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de que nas suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar…  “Aquele que vem” (Jesus) vai propor aos homens um batismo “no Espírito Santo e no fogo” que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”. A segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis, a exemplo de Jesus.
1ª leitura: Is. 11,1-10 - AMBIENTE
A primeira leitura apresenta-nos um poema que alimenta o sonho do regresso a essa época ideal do reinado de David e que dá fôlego à corrente messiânica. Não é claro o enquadramento histórico em que este oráculo aparece. Para alguns autores, contudo, este poema (e outros semelhantes) surge na fase final da atividade profética de Isaías…
Quando o rei Ezequias atingiu a maioridade e começou a dirigir os destinos de Judá (por volta de 714 a.C.), preocupou-se em consolidar uma frente anti-assíria (a potência que, nessa época, ameaçava os países da zona), com o Egito, a Fenícia e a Babilônia. Isaías condenou essas iniciativas…  Elas significavam um  colocar a confiança e a esperança no poder de exércitos estrangeiros, negligenciando o poder de Jahwéh: eram, portanto, um grave sinal de infidelidade ao Deus de Judá. Essas iniciativas, na opinião do profeta, não poderiam conduzir senão à ruína da nação… De fato, as previsões funestas de Isaías realizaram-se quando Senaquerib invadiu Judá, cercou Jerusalém e obrigou Ezequias a submeter-se ao poderio assírio (701 a.C.).
Por essa altura, desiludido com a política dos reis de Judá, o profeta teria começado a sonhar com um tempo novo, sem armas e sem guerras, de justiça e de paz sem fim. Tal “reino” só poderia surgir da iniciativa de Jahwéh (os reis humanos de há muito que se haviam revelado incapazes de conduzir o Povo em direção a um futuro de paz); e o instrumento de Jahwéh na implementação desse “reino” seria, na opinião do profeta, um descendente de David. Este texto será, talvez, dessa época em que a profecia e o sonho de um mundo melhor se combinam.
MENSAGEM
Na primeira parte do poema (vs. 1-5), o profeta apresenta a personagem que será o instrumento de Deus na realização desse “reino” de justiça e de paz…
Em primeiro lugar, o profeta anuncia que esse instrumento de Deus virá “da raiz de Jessé”. Jessé era o pai de David; portanto, ele será da descendência de David (o que nos liga à promessa feita por Deus a David  –  cf. 2Sm. 7) e, presumivelmente, fará voltar esse tempo ideal de bem-estar, de abundância e de paz que o Povo de Deus conheceu durante o reinado ideal de David.
Em segundo lugar, essa  personagem será animada  pelo Espírito de Deus (“ruah Jahwéh”). É o mesmo Espírito que ordenou o universo na aurora da criação (cf. Gn. 1,2), que animou os heróis carismáticos de Israel (cf.  Jz. 3,10; 6,34; 11,29), que inspirou os profetas (cf. Nm. 11,17; 1Sm. 10,6.10; 19,20; 2Sm. 23,2; 2Re. 2,9; Mi. 3,8; Is. 48,16; 61,1; Zac. 7,12). Esse Espírito confere a esse enviado de Deus as virtudes eminentes dos seus antepassados: sabedoria e inteligência como Salomão, espírito de conselho e de fortaleza como David, espírito de  conhecimento e de temor de Deus como os patriarcas e profetas (aos seis dons aqui enunciados, a tradução grega dos “Setenta” acrescentará a “piedade”: é esta a origem da nossa lista dos sete dons do Espírito Santo).
Da plenitude dos carismas brota o exercício da justiça e a construção de um “reino” onde os direitos dos mais pobres são respeitados e onde os oprimidos conhecerão a liberdade e a paz. Desse “reino” serão excluídas, definitivamente, a injustiça, a mentira, a opressão… Tal será o “reino” que o “messias” virá inaugurar.
Na segunda parte do oráculo (vs. 6-9), o profeta apresenta – recorrendo a imagens muito belas – o quadro desse mundo novo que o “Messias” vai instaurar. A revolta do homem contra Deus (cf. Gn. 3) havia introduzido no mundo fatores de desequilíbrio que quebraram a harmonia entre o homem e a natureza (cf.  Gn. 3,17-19), entre o homem e o seu irmão (cf. Gn. 4)… Mas agora o “Messias” trará a paz e, dessa forma, cumprir-se-á o projeto inicial que Deus tinha para o mundo e para o homem: os animais selvagens e os animais domésticos viverão em harmonia (o lobo e o cordeiro pantera e o cabrito, o bezerro e o leão; a vaca e o urso) e todos eles estarão submetidos ao homem (representado pela criança  –  isto é, o homem na sua fragilidade máxima). A própria serpente (o animal que despoletou a desarmonia universal, ao estar na origem do afastamento do homem do Deus criador) comungará desta harmonia e desta paz sem fim: é a superação total do desequilíbrio, do conflito da divisão que o pecado do homem introduziu no mundo.
Destruídas as inimizades, superadas as desarmonias, o homem viverá em paz, em comunhão total com o seu Deus (v. 9). No primeiro paraíso, o homem escolheu ser adversário de Deus e escolheu viver no orgulho e na auto-suficiência;  agora, por ação do “Messias”, ele regressou à comunhão com o seu criador e passou a viver no “conhecimento de Deus”. É o regresso ao paraíso original.
ATUALIZAÇÃO
♦  Para nós, cristãos, Jesus Cristo é o “Messias” que veio tornar realidade o sonho do profeta. Ele iniciou esse “reino” novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim… Cheio do Espírito de Deus,  Ele passou pelo mundo convidando os homens a tornarem-se “filhos de Deus” e a viverem no amor, na partilha, no dom da vida… Nós, seguidores de Jesus, temos dado uma contribuição efetiva para que o “Reino” se torne realidade no mundo?
♦  A Igreja deve ser o sinal vivo desse “reino” novo de justiça e de paz… É isso que acontece? Ela tem anunciado – com palavras e com gestos – o projeto de Jesus? As nossas comunidades cristãs e religiosas dão testemunho de harmonia, de entendimento, de amor sem limites?
♦  Que a realidade do “Reino” se concretize ou não, depende também daquilo que faço ou não faço. Em termos pessoais: o que é que, nas minhas atitudes, nos meus comportamentos, é contra-testemunho e impede o nascimento do “Reino” da felicidade e da paz?
1ª leitura: Rom 15,4-9 - AMBIENTE
A carta aos Romanos é uma carta de reconciliação, endereçada aos romanos, mas dirigida a toda a Igreja fundada por Jesus. Pretende – numa altura em que fundos culturais diversos e sensibilidades diferentes dividiam os cristãos vindos do judaísmo e os cristãos vindos do paganismo –  afastar o perigo  da divisão da Igreja e levar todos os crentes (judeo-cristãos e pagano-cristãos) a redescobrir a unidade da fé e a igualdade fundamental de todos diante de Deus. Desde que optaram por Cristo e receberam o batismo, todos receberam o dom de Deus, tiveram acesso à salvação e tornaram-se irmãos, chamados a viver no amor. O texto que nos é proposto pertence à segunda parte da carta. Nessa parte (que vai de Rm. 12,1 a 15,13), Paulo exorta os cristãos a viver no amor; em concreto, dá aos cristãos algumas indicações de caráter prático acerca do comportamento que devem assumir para com os irmãos.
MENSAGEM
O texto que nos é apresentado como segundo leitura  tem de ser entendido no contexto mais amplo de uma perícope que vai de 15,1 a 15,13. Literariamente, esta perícope está construída na base de dois parágrafos simétricos (cf. Rm. 15,1-6 e 15,7-13) que apresentam uma mesma sequência e uma mesma organização:
a) exortação;
b) motivação cristológica;
c) iluminação a partir da Escritura; d) súplica final. Na primeira parte da perícopa (cf.  Rm. 15,1-6).
Paulo exorta os cristãos a vencer qualquer tipo de egoísmo e de auto-suficiência e a dar as mãos aos mais débeis e necessitados (a); como motivo para este comportamento, Paulo apresenta o exemplo de Cristo, que não procurou seguir um caminho de facilidade, mas escolheu o amor e o dom da vida (b); este comportamento que Paulo pede aos cristãos (e é aqui que começa o nosso texto de hoje) é aquele que a Escritura – que foi escrita para nossa instrução – nos sugere (c); e, finalmente, Paulo pede ao “Deus da perseverança e da consolação” que dê aos cristãos de Roma a harmonia, a fim de que louvem a Deus com um só coração e uma só alma (d).
Na segunda parte da perícope (cf. Rm. 15,7-13), Paulo começa por exortar os crentes a não fazerem discriminações, mas a acolherem todos (a); como motivo para este comportamento, Paulo aponta o exemplo de Cristo, que acolheu a todos os homens (b); e Paulo justifica o que disse atrás com o exemplo da Escritura (e é neste ponto que termina o trecho que a liturgia nos propõe como segunda leitura), citando explicitamente vários textos do Antigo Testamento (c); finalmente, Paulo pede ao “Deus da esperança” que cumule os crentes “de alegria e de paz, na fé” (d). O mais importante de tudo isto é a mensagem fundamental que sobressai nesta dupla estrutura: a comunidade deve viver em harmonia, acolhendo e ajudando os mais fracos, sem discriminar nem excluir ninguém, no amor e na partilha. Cristo é o exemplo que os membros da comunidade devem ter sempre diante  dos olhos… Convém também não esquecer que o ser capaz de viver deste jeito é um dom de Deus – dom que os crentes devem pedir em todos os momentos ao Pai.
ATUALIZAÇÃO
♦  A comunidade cristã – como rosto visível de Cristo no mundo – tem de ser o lugar do amor, da partilha fraterna, da harmonia, do acolhimento. No entanto, com bastante frequência encontramos comunidades onde os irmãos estão divididos: criticam os outros de forma avulsa, tomam atitudes agressivas que afastam os mais débeis, discriminam aqueles que não entram na sua “panelinha”, estão aferrados ao poder e fazem tudo para dominar os outros e para afirmar a sua superioridade…  Isto acontece na minha comunidade? Eu tenho algumas responsabilidades nessa situação? O que posso fazer para mudar as coisas?
♦  Convém não esquecer que a conversão à harmonia, à partilha com os mais pobres, ao amor fraterno, ao dom da vida, é algo exigente, que não pode ser feito contando apenas com a boa vontade do homem; mas é algo que só pode ser feito com a força e com a ajuda de Deus… Lembro-me de pedir a Deus a sua ajuda para vencer o meu egoísmo e a minha auto-suficiência e para amar verdadeiramente os meus irmãos? Estou disposto a ir ao seu encontro e a deixar que Ele converta o meu coração e a minha vida?
Evangelho – Mt 3,1-12 - AMBIENTE
Depois do Evangelho da Infância (cf. Mt. 1-2), Mateus apresenta a figura que prepara os homens para acolher Jesus: João Baptista. João foi o guia carismático de um movimento de cariz popular, que anunciava a proximidade do juízo de Deus. Vivia no deserto de Judá, nas margens do rio Jordão. A sua mensagem estava centrada na urgência da conversão (pois  o  “juízo de Deus” estava iminente); incluía um rito de purificação pela água – um rito muito frequente, aliás, entre alguns grupos judeus da época. É possível que João estivesse, de alguma forma, relacionado com essa comunidade essênia que estava instalada em Qumran (o tema do juízo de Deus e os rituais de purificação pela água faziam parte do dia a dia da comunidade essênia).
Segundo a mais antiga tradição cristã, Jesus esteve muito relacionado com o movimento de João, nos inícios da sua vida pública e alguns discípulos de João tornaram-se, a partir de certa altura, discípulos de Jesus (cf. Jô. 1,35-42).
Os primeiros cristãos identificaram João com o mensageiro anunciado em Is. 40,3 e com Elias (2Re. 1,8) que, segundo a tradição judaica, anunciaria a chegada do Messias (Mt. 11,14; 17,11; Ma.l 3,23-24 ou, noutras versões, 4,5-6). Nesta interpretação, João seria o precursor que vem preparar o caminho e Jesus o Messias, enviado por Deus para anunciar o reinado de Jahwéh.
MENSAGEM
Nesta primeira apresentação do Batista, há vários fatores que nos interessa pôr em relevo: a figura, a mensagem, as reações ao  anúncio e a comparação entre o batismo de João e o batismo de Jesus.
A figura do Batista é uma figura  que, por si só, nos  questiona  e interpela. João aparece ligado ao deserto (o lugar das privações, do despojamento, mas também o lugar tradicional do encontro entre Jahwéh e Israel) e não ao Templo ou aos sítios “in” onde se reúne a sociedade seleta de Jerusalém; usa “uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins” (é dessa forma que se vestia, também, Elias  –  cf.  2Re. 1,8), não as roupas finas, com pregas cuidadosamente estudadas, dos sacerdotes da capital; a sua alimentação frugal (de “gafanhotos e mel silvestre”) está em profundo contraste com as iguarias finas que enchem as mesas da classe dirigente…  João é, portanto, um homem que  –  não só com palavras, mas também com a sua própria pessoa – questiona um certo jeito de viver, voltado para as coisas, para os bens materiais, para o “ter”. Convida a uma conversão, a uma mudança de valores, a esquecer o supérfluo, para dar atenção ao essencial.
O que é que João prega? Mateus resume o anúncio de João numa frase: “convertei-vos (“metanoeite”), porque está perto o Reino dos céus” (v. 2). O verbo grego (metanoéo) aqui utilizado tem, normalmente, o sentido de “mudar de mentalidade”; mas, aqui, deve ser visto na perspectiva do Antigo Testamento  –  isto é, como um apelo a um retorno incondicional ao Deus da Aliança. Porque é que esta “conversão” é tão urgente? Porque o “Reino dos céus” está perto.
Muito provavelmente, João ligava a vinda iminente do “Reino” ao “juízo de Deus”, que iria destruir os maus e inaugurar, com os bons, um mundo novo (por isso, fala da “cólera que está para vir” – v. 7; e acrescenta: “o machado já está posto à raiz das árvores. Por isso, toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo” – v. 10). A conversão era urgente, na perspectiva de João, pois aproximava-se a intervenção justiceira de Deus na história humana; quem não estivesse do lado de Deus seria aniquilado…  É uma perspectiva muito  em voga em certos ambientes apocalípticos da época, nomeadamente na teologia dos essênios de Qumran.
Quem são os destinatários desta mensagem? Aparentemente, é uma mensagem destinada a todos. Mateus fala da “gente que acorria de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão” e que era batizada “por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados” (vs. 5-6).
No entanto, Mateus faz uma referência especial aos fariseus e saduceus, para quem João tem palavras duríssimas: “raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: «Abraão é nosso pai»…” (vs. 7-9). Trata-se de pessoas que “à cautela” ou por curiosidade, vêm ao encontro de João;  no entanto, sentem que o “juízo de Deus” não os atingirá porque eles são filhos de Abraão, são membros privilegiados do Povo eleito e estão do lado dos bons: Deus não terá outro remédio senão salvá-los, quando vier para julgar o mundo e condenar os maus. João avisa que não há salvação assegurada obrigatoriamente a quem tem o nome inscrito nos registros do Povo eleito: é preciso viver em contínua conversão e fazer as obras de Deus: “toda a árvore que não dá fruto, será cortada e lançada ao fogo” (v. 10).
Neste texto aparece também, em relevo, um rito praticado por João. Consistia na imersão na água do rio Jordão das pessoas que aderiam a esse apelo à conversão.
Era, aliás, um rito praticado em certos ambientes judaicos para significar a purificação do coração (nos ambiente essênios, os banhos quotidianos expressavam o esforço em direção a uma vida pura e a aspiração à graça purificadora)… O batismo de João significava o arrependimento, o perdão dos pecados  e a agregação ao “resto de Israel”, subtraído à ira de Deus.
No entanto, João avisa: “aquele que vem depois de mim (…) batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo” (v. 11). De fato, o batismo de Jesus vai muito além do batismo de João: confere a quem o recebe a vida de Deus (Espírito) e torna-o “filho de Deus”; implica, além disso, uma incorporação na Igreja (a comunidade dos que aderiram à proposta de salvação que Cristo trouxe) e a participação ativa na missão da Igreja (cf. At. 2,1-4). Não significa, apenas, o arrependimento e o perdão dos pecados; significa um quadro de vida completamente novo, uma relação de filiação com Deus e de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados.
ATUALIZAÇÃO
♦  A questão dominante que o Evangelho de hoje nos apresenta é a da conversão. Não é possível acolher “aquele que vem” se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência, de preocupação com os bens materiais… É preciso, portanto, uma mudança da nossa mentalidade, dos nossos valores, dos nossos comportamentos, das nossas atitudes, das nossas palavras; é preciso um despojamento de tudo o que rouba espaço ao “Senhor que vem”. Estou disposto a esta mudança, para que no meu coração haja lugar para Jesus? O que é que, prioritariamente, deve mudar na minha vida?
♦  A figura de João Batista obriga-nos a questionar as nossas prioridades e valores fundamentais. Ele não se apresenta de “smoking”, pois a sua prioridade não é brilhar em alguma festa do jet-set; nem usa gravata e camisa de seda, pois a sua prioridade não é impressionar os chefes ou mostrar que é um homem de sucesso em termos de ganhos anuais; nem petisca pratos delicados com molhos esquisitos e nomes franceses, pois a sua prioridade não é a satisfação de apetites físicos; nem promete  bem-estar  e riqueza aos seus interlocutores, pois a sua prioridade não é receber aplausos das massas; nem busca o apoio da hierarquia civil ou religiosa, pois a sua prioridade não é o triunfo, as honras, o poder… João Baptista é alguém para quem a prioridade é o anúncio do “Reino dos céus”. Ora, o “Reino” é despojamento, simplicidade, amor total, partilha, dom da vida…  São esses valores que ele procura anunciar, com palavras e com atitudes. E quanto a mim, quais são os valores que me fazem “correr”? Quais são as minhas prioridades? Os meus valores são os valores do “Reino” ou são esses valores efêmeros e fúteis a que a civilização ocidental dá tanta importância, mas que não trazem nada de duradouro e de verdadeiro à vida dos homens? O nosso texto deixa claro que não chega ser “filho de Abraão” para ter acesso à salvação que Jesus veio oferecer, mas é preciso viver uma vida de fidelidade a Deus. Quer dizer: não chega ter o nome inscrito no livro de registros de batismo da paróquia, nem ter casado na Igreja,  nem ter posto os filhos na catequese e aparecer lá para tirar fotografias na festa da primeira comunhão (o estatuto do “cristão não praticante” faz tanto sentido como um círculo quadrado); mas é preciso uma conversão séria, empenhada, nunca acabada ao “Reino” e aos seus valores e uma vida coerente com a fé que escolhemos quando fomos batizados. João deixa claro que receber o batismo de Jesus  é receber o batismo do Espírito… Equivale a aceitar ser “filho de Deus”, a viver em comunhão com Deus, no amor e  na partilha com os irmãos que caminham ao nosso lado. É esse o caminho que eu procuro, dia a dia, percorrer?
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Endireitai os vossos caminhos
A liturgia deste 2º domingo do Advento convida-nos a despir esses valores efêmeros e egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e realizar uma revolução da nossa mentalidade, de forma que os valores fundamentais que marcam a nossa vida sejam os valores do “Reino”.
Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de Davi, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será a de construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos.
No Evangelho, João Batista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito próxima… Mas, para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida os seus contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de que nas suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar… “Aquele que vem” (Jesus) vai propor aos homens um batismo “no Espírito Santo e no fogo” que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”.
A segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis, a exemplo de Jesus.
1ª leitura: Isaías 11,1-10
Para nós, cristãos, Jesus Cristo é o “Messias” que veio tornar realidade o sonho do profeta. Ele iniciou esse “reino” novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim… Cheio do Espírito de Deus, Ele passou pelo mundo convidando os homens a tornarem-se “filhos de Deus” e a viverem no amor, na partilha, no dom da vida… Nós, seguidores de Jesus, temos dado uma contribuição efetiva para que o “Reino” se torne realidade no mundo?
Nos dias do Senhor nascerá a justiça e a paz para sempre
2ª leitura: Romanos 15,4-9
A comunidade cristã tem de ser o lugar do amor, da partilha fraterna, da harmonia, do acolhimento. No entanto, com bastante freqüência encontramos comunidades onde os irmãos estão divididos: criticam os outros de forma avulsa, tomam atitudes agressivas que afastam os mais débeis, discriminam aqueles que não entram na sua “panelinha”, estão obstinados com o poder e fazem de tudo para dominar os outros e para afirmar a sua superioridade… Isto acontece na minha comunidade? Eu tenho algumas responsabilidades nessa situação? O que posso fazer para mudar as coisas?
Evangelho: Mateus 3,1-12
O Evangelho deixa claro que não é suficiente ser “filho de Abraão” para ter acesso à salvação que Jesus veio oferecer, mas é necessário viver uma vida de fidelidade a Deus. Quer dizer: não é suficiente ter o nome inscrito no livro de registros de batismo da paróquia, nem ter casado na Igreja, nem ter posto os filhos na catequese e aparecer lá para tirar fotografias na festa da primeira comunhão (o estatuto do “cristão não praticante” faz tanto sentido como um círculo quadrado); mas é necessário uma conversão séria, empenhada, nunca acabada ao “Reino” e aos seus valores e uma vida coerente com a fé que escolhemos quando fomos batizados.
Comentário
Uma esperança
De repente, todos estão falando de esperança. Começou pelo papa, e do modo solene, numa encíclica. “Estamos salvados em esperança”. Falta faz-nos gritá-lo; talvez nos merecemos reprovação paulina: Não vos aflijais como os que não têm esperança.
A vida da Igreja, como a do mundo, vem abrindo sulcos de luzes e sombras, de trigo e discórdia, de morte e de vida. O clarifica muito bem o Evangelho de Jesus. Hoje entra João Batista na cena do Advento. Também começa com um contrate: “Convertei-vos”, há coisas que não vão bem; tende esperança, “o Reino de Deus está próximo”. Um seguidor de Jesus sempre cai do lado da esperança. Justifica-o o papa na encíclica: “Graças à esperança, podemos enfrentar o presente, ainda que seja fatigoso. Pode-se viver e aceitar o presente se levado para uma meta tão grande que justifique o esforço do caminho”. E a meta do crente é Deus. Só Deus.
Para exemplificar, olhamos as “Jornadas mundiais”, nelas aparecem o padecimento dos refugiados de guerra em condições miseráveis, dos emigrantes que morrem na travessia ou vivem como escravos quando chegam, da desigualdade e maltrato da mulher, da pandemia da AIDS, da discriminação racial. Ao mesmo tempo, abrem-se caminhos de esperança: o ressurgir de milhões de voluntários, o empenho pelos direitos do homem, a paixão por preservar o meio ambiente, os vislumbres de paz na terra de Jesus.
Imensa foi a tragédia nos atentados terroristas das Torres Gêmeas ou de Madri; mas, também, a maré de sentimentos nobres que acordaram numa sociedade adormecida. Onde abundou a maldade trasbordou a solidariedade. Grande é a anemia do divino em tantos ambientes, e grande é também a nostalgia do transcendente que se aloja em muitos homens e mulheres de hoje.
Esperança, esperança, palavra dos apóstolos e profetas
Irrompe hoje uma figura serena do Advento. É o profeta que une o Velho e o Novo Testamento. Como profeta, denúncia e anuncia. É o profeta do fogo. Com expressões terríveis chama à conversão: raça de víboras, o machado, o fogo, a queima.
Mas, em seguida, sua mensagem convoca à esperança: o Reino de Deus aproxima-se. Preparai o caminho do Senhor. Dai fruto.
Mensagem exigente, porém sedutora, pelo testemunho de sua vida austera e a grandeza do que anuncia como precursor.
Nesta linha do horizonte aberto, Isaías recorda-nos “o impossível”: de um tronco brotará um descendente, cheio do espírito de ciência, valor e piedade. Com ele vem a justiça e a fidelidade. De tal maneira que o lobo habitará com o cordeiro e o menino brincará com a serpente. Belíssimas expressões para descrever o tempo novo do Salvador que esperamos no Natal.
São os valores que se desenham na carta aos romanos: paciência, consolo, esperança, comunhão, louvor e fidelidade às promessas.
Como se converter para dar vida
Convertei-vos. Quantas vezes repetimos esta palavra no Advento? Pois falemos pouco e peçamo-la muito porque, antes de qualquer coisa, é um dom de Deus, não o resultado de nosso esforço. Converter-se é o nome da esperança ativa: devemos responder ao que gratuitamente Deus nos oferece. Mas não temamos; converter-nos a Deus sempre produz alegria, como ao pastor da ovelha perdida. Não consiste baixar ao terreno moral de umas práticas senão “voltar a Deus”, como o filho da parábola; e mais, melhor que voltar é abrir o coração, porque o Senhor não se foi de nós, ainda que nós nos afastemos.
Assim, se converter é fazer, viver, dizer que Deus é o centro, que é nosso Tesouro pelo qual estamos dispostos a deixar todo o reto. Abandonamos tantos ídolos que ocuparam seu posto, como a sedução do ouro, o afã de estar acima do outro, o acumular sem medida, o frívolo passar prazenteiramente sem me preocupar com nada e com ninguém.
Para voltar-nos a Deus temos de sentir a necessidade de que Alguém nos salve; e para isso, devemos descer as montanhas da soberba. Só creio no que espero.
Converter-se é entender o Batista: preparai o caminho.
O tronco que dá vida
O tronco de uma árvore cortada é a imagem da desolação, da morte. E, no entanto, segundo o profeta, do tronco brota a vida, porque tinha muita vida dentro impulsionando, ainda que nós não o creiamos. Como no ventre estéril de Isabel, a mãe do Batista, onde saltou de alegria o menino. Como os ossos da visão do profeta que se cobriram de carne. Como o “Olmo Seco” do Machado do qual “algumas folhas verdes lhe saíram”: “Outro milagre da primavera”.
Onde tudo parece impossível, para Deus não o é. De corações duros pode brotar o renovo da misericórdia, os caminhos torcidos podem ser endireitados, a seca vocacional pode iluminar uma primavera, a pobreza de tanta gente pode ser vencida pela justiça e a solidariedade.
Se a pantera se deitar ao lado do cabrito, se o novilho e o leão pastarem juntos, igualmente, com a libertação que se aproxima poderão se querer o santo e o pecador, os de direita e o de esquerda, o conservador e o progressista, o branco e o negro, todos.
E sempre poderemos nos perguntar: Onde posso eu fazer brotar a vida, a harmonia, a reconciliação, a santidade?
O Reino se aproxima. Tende esperança
O Reino de Deus esta começando; nele floresce a justiça e abunda a paz. Há muitos trabalhando por esta paz e esta justiça. Alguns, em seu esquecer de Deus, não o sabem; mas nós, crentes, podemos lhes dizer como Jesus: “Estáa próximo do Reino de Deus”, porque és pacífico e lutas pelos demais. Não é isto consolador?
Tudo é possível porque - nos recorda Isaías - neste mundo nosso, sobre os homens e mulheres de hoje, também, habita o espírito do Senhor: espírito de discernimento, de conselho, de temor de Deus. Ademais, São Paulo repete: A fidelidade de Deus cumpre suas promessas.
Alguns se desanimam porque notam muito pouco que já começou o Reino: tantos que sofrem e tanta injustiça. A estes devemos dizer: Não esqueçais que a esperança brota da cruz. Amar sempre implica dor, mas uma dor que se dulcifica pelo fim, pela meta, por Deus que está ao final do caminho. O projeto amoroso de Deus não fracassará. “A porta escura do tempo, do futuro, foi aberta de par em par” (Spe Salvi).
Sempre é possível manter a esperança. Sempre é possível passar da Babilônia do desterro à Jerusalém, nova e santa.
Ciudad Redonda - homiliadominical.blogspot.com
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Convertei-vos o reino de deus está próximo
Mensagem de campanha e vocação dos primeiros seguidores são os dois momentos do Evangelho de hoje.
“Convertei-vos porque está perto o Reino dos céus”. João o Batista também chamava à conversão, mas Jesus, ademais, “fortalece e cura”, que são sinais de que o Reino de Deus chegou.
E chama seus discípulos. Fixemos-nos brevemente nos detalhes da descrição da chamada: “Passeando”, saindo ao encontro dos demais. “Junto ao lago”, no lugar habitual das pessoas, sem nada espetacular. “Eram pescadores”, chama na tarefa da cada dia. “Viu-os e disse-lhes”, num encontro pessoal e conversação familiar. “Vinde e segue-me”, para somente seguir a ele, sem acrescentar outros motivos, e assim pôr nele toda confiança. Imediatamente o seguiram”, deixam trabalho e família, triunfantes.
Isaías situa-se no mesmo cenário do Evangelho. A Galiléia dos pagãos, terra humilhada pelo inimigo, zona de gentis e estrangeiros, povo de má fama. E Deus muda sua sorte: da humilhação passa a exaltação; do caminhar em trevas, a ver uma grande luz; de habitar nas sombras, a crescer na alegria.
Por sua vez, São Paulo nos convoca à unidade. A comunidade de Corinto estava muito dividida e envolvida em conflitos. A cada facção se ancorava mais em seu chefe que em Cristo. E Paulo se aborrece: “Não andeis divididos”. “É que está dividido Cristo? Morreu Paulo na cruz por vocês?”.
3- Nossa vida
Primeiras palavras
“Convertei-vos, o Reino acerca-se“. A conversão é um tema sempre recorrente. Converter-se é um dom que nos convida a querer, a acolher ao Senhor. O encontro com o amado nos recria, nos mudam as razões, os critérios, os interesses; de mundanos tornam-se evangélicos. Orientamos, assim, nossa vontade e nossos olhos ao Senhor. Por isso, não será uma moral do medo senão a graça e a vida recebida de Deus a que nos convida a seguir Jesus.
É uma afirmação clara: “O Reino se aproxima”. Resulta estupendo saber que os valores do Reino estão aqui: a paz, o amor, a verdade, a justiça, a santidade. Nosso otimismo não é ilusório. Talvez, este Reino comece muito pequeno, como um grão de mostarda, mas começa a crescer. Deus está aqui. “Onde tu dizes paz, justiça e amor, eu digo Deus! Onde tu dizes Deus, eu digo liberdade, justiça e amor!”, cantou belamente um poeta bispo.
Primeiras chamadas
Como os apóstolos, nós nos sentimos de verdade chamados por Jesus. Vem ao nosso encontro, olha-nos, acerca-se, fala, e apresenta-nos sua oferta, sua missão. Não importa tanto nossa condição débil e pequena; se até escolheu Mateus, o publicano, com grande escândalo dos puros e íntegros.
É certo que deixam tudo, família e sustento, mas Jesus não requer deles grandes coisas: só lhes pede que lhe sigam, que se confie nele. Três dos de primeira hora, Pedro, Tiago e João, serão seus amigos nos momentos de dor e de glória. Nesta chamada não aparece nenhuma exigência moral ou doutrinal, só nos pede: “Vinde comigo”. Mais tarde repetirá o convite: “Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos”. Inclusive, ao final de tudo, voltará a nos animar: “Vinde, benditos de meu Pai”.
O chamamento evoca nosso Batismo. Chamou-nos pelo nome. Que alegria e que compromisso! Tudo tão singelo, porém podemos cantar aquilo de Kairoi: ”Fizeste-me ouvir tua voz, falaste-me ao coração. Jesus, eu sou feliz”.
Sempre em comunidade
Jesus, desde o começo, chama outros, quer fazer em comunidade, em missão compartilhada. Chama pessoalmente à cada um, mas para formar grupo de irmãos. Outro evangelista detalhará: “Chamou-os para estar com ele”. Só Cristo é a razão e a rocha desta unidade; não seguimos a um pároco, a um catequista, a um líder, senão a Jesus Cristo e a este, crucificado.
Guardamos cuidadosamente um equilíbrio entre unidade e pluralismo. Todos cabem na Igreja, que se proclama universal e católica. Sempre devemos nos perguntar quem rompe a unidade entre nós. É uma pena que, com freqüência, sejam coisas de menor importância as que quebram a comunhão na Igreja.
Existe uma razão muito potente para a concórdia, e a revelou Jesus na Última Ceia: “Que todos sejam um, para que o mundo creia”.
E não esqueçamos que na Eucaristia comungamos todos o mesmo Corpo. O Corpo da unidade e do amor.
Conrado Bueno Bueno - homiliadominical.blogspot.com
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Preparar o caminho do Senhor
Os personagens que parecem ser os mais importantes, não o são. Servem, portanto, de sinais que indicam onde se encontra o verdadeiramente importante. Isso ocorreu no século I de nossa era, durante o império de Tibério. Deus começou a falar através de um jovem estranho. Se chamava João. Que Deus falasse através de uma determinada pessoa é um fenômeno assombroso. Que essa pessoa não seja um personagem oficial, nem pertença a nenhuma dinastia poderosa, nem a uma classe elevada, nos é muito estranho. Que essa pessoa não tenha padrinhos, nem aval que a justifiquem ante os demais, é todavia muito estranho.
O jovem João, filho de Zacarias e Isabel, filho de seus anos tardios, se sentiu invadido pelo Espirito e pela Palavra de Deus. Descobriu que Deus falava por meio de suas palavras. Estava no deserto... abandona o deserto e começa a viajar para a comarca do Jordão.
Anunciou uma mudança histórica iminente. Algo mais forte, muito mais forte que o repatriamento das tribos de Israel depois de sua dispersão. Proclamou que todos iram ver a salvação de Deus. Para esto pedia mudanças profundas no coração: preparar o caminho do Senhor.
Este profeta João pode ser nosso contemporâneo. Sua mensagem é também válida para nosso tempo. Embora pareça incrível, a salvação continua o ser viável. É possível realizar os nossos sonhos. Deus não põe em nós um forte desejo, sem cumpri-lo. Mas é necessário acreditar ativamente: é necessário preparar o caminho do Senhor e não enche-lo de tormentas. Quem dúvida, quem sempre coloca obstáculos, quem não está aberto ao que vem, quem quer impor seus pontos de vista, estes não preparam o Caminho... só o impedem! É necessário agir como se aquele que esperamos e sonhamos, já tnha sido concedido.
Não busquemos a Palavra de Deus no meramente oficial, no que se apresenta de forma poderosa. Do deserto, da marginalidade nasce uma mensagem e seus mensageiros.
Com vocês estão e não os conheces. Abramos os olhos, os ouvidos, o coração.
A Graça se aproxima... os pequenos e marginalizados nos dizem por onde chegará.
José Cristo Rey Garcia Paredes - homiliadominical.blogspot.com
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EPÍSTOLA (Rm. 15,4-9)
ESCRITURAS. Quantas coisas, pois, foram antes escritas, para nossa instrução foram escritas a fim de que por meio da perseverança e pela consolação das Escrituras tenhamos a esperança (4). Estamos na parte final da carta de são Paulo aos romanos. E neste versículo ele recomenda as ESCRITURAS era em singular um escrito e em particular os Escritos sagrados do AT como em Mt. 21,42: perguntou-lhes Jesus: nunca lestes nas Escrituras [en tais grafais]. Paulo apela aos escritos do AT em 1Cor. 15,3: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras e assim sem adicionar nenhum adjetivo, elas são os escritos que os judeus veneravam como Torah, Neviim e Ketuvim seja Lei, profetas e Escritos que também recebiam o nome de Mikra [o que é lido]. Paulo apela frequentemente a esses escritos que, como diz Pedro, são superiores a nossa própria experiência para conhecer a verdade por serem palavra profética (2Pd. 1,16-19). E essas palavras foram escritas com anelação e tinham como objetivo a INSTRUÇÃO magistério, educação, instrução, ensino, doutrina e preceitos. O fim dessa doutrina ensinada pela palavra de Deus é a PERSEVERANÇA é o estado de ânimo que suporta contradição e sofrimento que geralmente é traduzido por paciência, mas que pode ser firmeza ou constância; no NT sai 32 vezes. Unicamente em Lucas, dentre todos os evangelistas, 2 vezes: quando fala de que os que têm bom e reto coração frutificam com perseverança (8,15) e a outra é na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma (21,19). Logo aparece 17 vezes nas cartas de Paulo. Paulo chama a Deus o da paciência e consolação (Rm. 15,5) repetindo a frase do versículo anterior em que a paciência que temos traduzido como perseverança, mais parece ser uma qualidade do homem que um atributo de Deus. Já a CONSOLAÇÃO é uma citação, um chamado para ajudar, súplicas, pedido, solicitação, exortação, admonição, e com um segundo significado de consolação, conforto, conciliação. Na maioria dos casos é consolação, com exortação e conforto por esta ordem e em número cada vez muito menor como é traduzido o termo paraklësis. O próprio Messias era esperado como consolação de Israel, segundo vemos em Lc. 2,25 que narra a espera de Simeão e o segundo Consolador [o Espírito Santo] é chamado Paraklëtos [= consolador] e é com esta palavra que é traduzido às línguas vernáculas. Essa consolação tem como fim a esperança. Dificuldades, humilhações  e sofrimentos se têm um fim esperançoso e feliz, como diz a escritura, são recebidos com resignação e até com paciente alegria.

UM MESMO SENTIR. Portanto o Deus da perseverança e da consolação vos conceda sentir o mesmo de uns para outros segundo Jesus Cristo (5). E Paulo fala dessa perseverança e consolação como sendo raiz das mesmas e por meio delas a causa de conceder um mesmo SENTIR do verbo froneö ser compreensivo, sensível, sensato, sabido, inteligente, juizoso, ter simpatia, discernimento. Também, neste caso, coincidir num mesmo sentir ou pensamento. É o que temos nos Atos que narra como perseveravam unânimes em oração (At. 1,14) e tinham um só coração e uma só alma e todas as coisas eram comuns (At. 4,32). Segundo os ensinamentos de Cristo Jesus, pois o seu rogo ao Pai é que os discípulos fossem um assim como Ele e o Pai eram um (Jo. 17, 11). Porque – dirá Jesus- as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado (Jo 17,10).

A CONFISSÃO. Para que unanimemente com uma única boca glorifiqueis o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo (6).
UNANIMEMENTE é um advérbio, cujo significado é com uma só mente, de acordo, com um só sentimento. Imagem própria do mundo musical quando notas diferentes se harmonizam em tom e timbre. Omos é igual e thymos é sentimento.
BOCA se confessares com tua boca: Jesus como Senhor e creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos –dirá Paulo- serás salvo. Não esqueçamos que Paulo tem uma tradição judaica muito marcada e que nesse acervo atávico os judeus oravam com todo o corpo e em voz alta, como vemos hoje no muro das lamentações. O mandato de amar Jahveh com todo teu coração, de toda tua alma e com todo teu poder (Dt. 6,5) obrigava a manifestar semelhante sentimento com toda a expressão corporal possível. E dentro desse amor estava o dever de dar glória a Deus, como vemos no quarto mandamento em que o amor aos pais se torna honra aos mesmos (Ex. 20,12) e no mandato primeiro: não te inclinarás às imagens dos ídolos nem as honrarás (Ex. 20,5). E logicamente a honra ormas dada com a palavra ou boca é o homologëö [confessar] que também como o centurião no Gólgota é doxazö, pois deu glória a Deus dizendo: Verdadeiramente este homem era justo (Lc. 23,47). De tal modo que a glorificação mais importante que o homem pode dar a Deus é a manifestação tanto pessoal como comunitária da fé no mesmo.

ACOLHIMENTO. Portanto, acolhei-vos mutuamente como também o Cristo vos acolheu para a glória de Deus (7). Dessa mútua concórdia, Paulo extrai uma outra consequência: o mútuo ACOLHIMENTO que em grego é verbo é receber na casa como hóspede como fizeram os malteses com Paulo e seus companheiros (At. 28,2) ou ter um acolhimento como amigo ao fraco e necessitado, como em Rm. 14,1: acolhei o que é débil na fé. É assim que Cristo recebeu como amigos os rudes galileus que se tornaram discípulos: Já não vos chamo servos…. mas amigos (Jo 15, 15).
MUTUAMENTE literalmente uns aos outros. Paulo segue as normas de Jesus que disse: Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. Como diz o papa atual, o amor tem como distintivos a entrega [de quem ama] a acolhida [do amado] e a comunhão [entre os dois] (de Charitas in veritate). E no fim, tudo deve ser feito para a glória de Deus (1Cor. 10,31).

CRISTO MINISTRO. Digo, pois, que Jesus Cristo tornou-se servidor da circuncisão por causa da fidelidade de Deus para confirmar as promissões dos pais (8).
SERVIDOR a palavra diakonos indica um servente à mesa, em que o ofício é um acidente e a pessoa não é totalmente escrava do doulos. As traduções preferem ministro como Paulo se considerava que era do evangelho, a cujo anúncio e propagação foi dedicado por vida (Cl. 1,23). Que significa da circuncisão? Pois que Jesus como Cristo só evangelizou os judeus como ele mesmo disse: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt. 15,24), povo que constituía a circuncisão. Pela razão da FIDELIDADE. Embora alëtheia tenha o significado de verdade, também pode ser traduzida por fidelidade como no caso de quem a si mesmo se chamava fiel, pois guardava o pacto e a misericórdia para os que lhe amam e guardam seus mandatos até as mil gerações (Dt. 7,9). Essa fidelidade que é cantada por Maria: Amparou a Israel seu servo, porque se lembrou de sua misericórdia….como prometera aos nossos pais (Lc. 1,54-55). Realmente a unidade das Escrituras é memorável, embora os autores humanos sejam tão diferentes.

DEUS DE MISERICÓRDIA. Porém as nações por misericórdia (devem) glorificar a Deus como está escrito: por isso te confessarei entre as nações e cantarei a teu nome (9).
AS NAÇÕES a palavra ethnos indica multidão, uma companhia, tropa, enxame, agrupamento de indivíduos da mesma natureza ou raça, a família humana, tribo, nação, de modo que no AT era o conjunto de nações que não adoravam o único e verdadeiro Deus,e em geral, o conjunto das nações pagãs.
MIERICÓRDIA o Eleos grego e o amor ao inferior necessitado que traduzimos como misericórdia. É a benevolência, bondade e benignidade em favor do necessitado e afligido como o desejo de ajudá-lo. Se por razão da promessa o Cristo se tornou ministro e servidor dos circuncisos de Israel, agora é por causa da misericórdia que glorificou Deus por meio do ministério do mesmo Senhor. Deus que é definido como eleos e alêtheia misericórdia e fidelidade (Sl. 84,11) no momento da encarnação Paulo o descreve com estas palavras: se manifestou a bondade e a misericórdia de Deus, nosso Salvador para com os homens (Tt. 3,4). E isso foi também preanunciado com o salmo 18,49: eu te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu nome, indicando a conversão ao monoteísmo dos povos antes politeístas e idólatras.

EVANGELHO (Mt. 3,1-12): TESTEMUNHO DO BATISTA
No evangelho de hoje, aparece a figura chave do Advento: João, o Batista. Ele representa o anúncio de Cristo que vem, e ao mesmo tempo a severidade de vida, própria dum tempo de austeridade, como era antigamente o Advento. Sua pregação era a metânoia, a mudança de atitude, tanto no pensamento como na conduta exterior, para um retorno a Deus, de modo que Este encontre seu caminho livre, frente a uma vontade humana que se submete aos seus planos, como um servo aceita a vontade de seu senhor. Hoje, que conhecemos como essa conversão tem como finalidade a transformação do homem em filho de Deus, as palavras de João, destas pedras Deus pode suscitar filhos de Abraão, são proféticas num sentido estrito. Para um judeu da época, a razão de sua eleição por Javé era ser filho de Abraão. Para um cristão, a eleição transformava sua vida inteiramente numa vida de um filho de Deus. Esta é a verdadeira conversão. O natal de Jesus deve ser também o nosso natal. A semelhança entre o profeta João e o Jesus dos evangelhos, que também proclama a metânoia (retorno, segundo autores modernos), é que ambos exigem o batismo para esse voltar a ser de novo: o primeiro, para uma volta à fé dos pais, de modo a se tornarem verdadeiros filhos de Abraão (Lc. 1,17); e o segundo, para iniciar a filiação, como filhos de um Deus que deseja ser seu verdadeiro Pai (Mc 16, 16 e Mt. 28,19). Mas vejamos os versículos e sua interpretação. Segundo palavras de João Paulo II, um dos significados de Perestroika [reestruturação, reforma] é precisamente o de conversão, volta de um mal caminho empreendido. Assim se compreendem melhor as palavras da Virgem em Fátima: a Rússia converter-se-á.

NO DESERTO. Ora, naqueles dias, apresenta-se João, o Batista, pregando no deserto da Judeia(1)
NAQUELES DIAS: é uma maneira de unir um relato novo com o anteriormente narrado. Equivale, pois, a uma conjunção copulativa. Quem realmente coloca o tempo com maior aproximação é Lucas: a época do imperador reinante servia, como no Japão dos últimos tempos, para delimitar a história no tempo. Daí que sabemos que no décimo quinto ano do imperador Tibério (Lc. 3,1) foi o início destes eventos proféticos com os quais se inicia a nova época que chamamos evangélica.
JOÃO, O BATISTA: o grego traz o verbo no presente histórico: apresenta-se ou aparece. Também o latim respeita o tempo verbal. A pessoa que aparece como uma visão fantasmagórica é João, conhecido como o Batista. Era uma figura tão importante na sua época que não merecia outra apresentação a não ser o nome. É como dizer hoje Churchill ou De Gaulle. Isso indicava um evangelho escrito antes dos anos 70, quando a memória desses fatos tinha sido esquecida e era inútil a sua memória. Quem nos dias de hoje entre os judeus, se lembra de citar esse nome que aparentemente é contrário ao Talmud? Vemos como Paulo encontra discípulos de João em Éfeso (At. 19,3-4). A data de sua pregação é aproximadamente o ano 28 de nossa era, devido a que não sabemos se Lucas conta o início do ano em outubro [ano sírio] ou em janeiro [romano] e se é contado o primeiro ano de sua sucessão. Temos, à parte dos evangelhos, um relato contemporâneo de Flávio Josefo: João era um bom homem que tinha ensinado os judeus a adorar a Deus, a levar vidas honestas e a praticar a justiça com os outros. Ensinava que não devia ser usado o batismo para obter o perdão dos pecados cometidos [contra o batismo cristão], mas como forma de consagração do corpo… Começaram a se reunir grandes multidões ao redor de João, por causa de sua pregação e Herodes tinha medo de que seu grande poder de persuasão sobre os homens desse lugar a uma rebelião. Portanto, decidiu que seria melhor matá-lo antes que se iniciasse um levantamento. Foi levado encadeado, para a fortaleza de Maqueronte e foi morto nesse cárcere. Como vemos coincide, em grande parte, com os relatos evangélicos, embora a divergência maior seja sobre o batismo de João, que por não confundi-lo com os dos cristãos, claramente retira dele o que os evangelistas dizem  ser batismo para o arrependimento (Mt. 3,11) que Marcos dirá ter como fim a remissão de pecados (1,4) [batismo de arrependimento para remissão de pecados] que Lucas repete com as mesmas palavras. Já o quarto evangelista, fora de toda discussão, distingue os dois batismos: o de João era um batismo [submersão] em água e o de Jesus em Espírito Santo. Se o do Batista perdoava os pecados pela disposição do batizado [a conversão, eex opere operantis], o de Jesus era uma imersão no Espírito de Deus, que logicamente ia muito além, por ser ex opere operante e que torna o batismo de água [o de João] inferior ao de fogo [o de Cristo] que penetra até o fundo dos seres. O que João viu em Jesus ao ser batizado [abriram-se os céus e o Espírito em forma de pomba pousou sobre Jesus, ao mesmo tempo em que a voz do Pai declarava-o como Filho muito amado] realiza-se em todo batizado em nome do Pai, do Filho e Do espírito Santo, de forma substancial, sem serem visíveis seus efeitos a não ser em tempos apostólicos. Confirma-o relato dos Atos 19,2-6. Outro ponto é o batismo em fogo, que tanto Mateus (3,11) como Lucas (3,16) acrescentam como qualidade que acompanha o Espírito.
O DESERTO DA JUDEIA: a palavra eremos significa lugar despovoado ou inabitado, não o deserto de areia que todos temos em mente como o de Sahara. Seguido do determinante da Judeia parece significar a longa faixa de terra entre Jerusalém e o mar Morto de 25 km. de largura e 80 de comprimento. Mas vejamos: Judeia pode ter vários significados:
1) a Judeia propriamente dita, governada pelo procurador romano nos tempos de Jesus adulto que se distinguia especialmente da Galileia em mãos de Antipas como em Belém da Judeia (Mt. 2,1).
2) Com uma acepção mais ampla que podia abranger todo o território da que hoje denominamos Palestina, como parece indicar Marcos que diz vinham a escutar o Batista de toda a região da Judeia e de Jerusalém.
3) Finalmente tendo um significado mais amplo do que a Judeia própria como em Mateus 19,1: Jesus saiu da Galileia e foi para a Judeia ao outro lado do Jordão em que peran é o advérbio grego que significa ao outro lado, além de. Como vemos neste versículo, Mateus emprega a Judeia como se formasse parte de terras que hoje chamamos da Jordânia e que nunca imaginaríamos formassem parte da antiga Judeia propriamente dita. Daí que o deserto de Judeia tem que ser considerado em termos amplos, incluindo as margens do Jordão perto de Jericó e outros lugares como diz Lucas ao afirmar que percorria toda a região do Jordão (3,3) ou como afirma João que o fato se deu ao outro lado do Jordão onde João batizava (1,28).

O PREGÃO. E dizendo: Arrependei-vos! Porque se tem aproximado o Reino dos céus (2). ARREPENDI-VOS: é o metanoia, o tornar ao Deus de Israel que procurava corações retos, mudar de pensamento como diz o livro da sabedoria (12,10). Como diz o anjo a seu pai, Zacarias converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus… a fim de tornar o coração dos pais aos filhos, a fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto (Lc. 1,16-17). Aparentemente, o texto está tomado de Isaías, porém é Sirac ou Eclesiástico que em 48,10 fala do profeta Elias e diz que foi destinado a reconduzir o coração do pai ao filho e restabelecer as tribos de Jacó. Elias foi o restaurador da religião de Israel e nesse sentido foi também João o que realmente tentou repor no estado primitivo a decaída piedade dos israelitas no tempo de Jesus.
O REINO: os modernos, para distingui-lo dos reinos geográficos e materiais, do tempo, falam de REINADO, ou seja, SENHORIO que implica domínio por parte de quem é considerado rei e obediência da parte de quem se torna súdito. Para diferenciá-lo dos reinos terrestres, está em Mateus o determinante dos céus, que os outros evangelistas preferem de Deus.

A PROFECIA. Este mesmo, pois, é o anunciado por Isaías o profeta dizendo: voz gritando no ermo: esteja preparado o caminho do Senhor! Retas fazei as suas veredas (3). Isaías (40,3), ou melhor, o segundo Isaías, trata no lugar citado sobre a esperança da volta dos cativos da Babilônia num conjunto que é chamado da Consolação de Israel. Há uma pequena diferença entre o hebraico e o grego da Setenta: neste último, fala na estepe ou como traduz a nova Vulgata in solitudine antes das veredas. E no lugar de suas teremos de nosso Deus na Setenta. Fora disso, o grego de Mateus e o grego da Setenta coincidem palavra por palavra. Sem dúvida que foi uma acomodação a Jesus feita por Mateus, ao eliminar nosso Deus da citação. No quarto evangelho, o evangelista põe em boca do Batista como resposta: e tu quem és? Esta citação: Eu sou a voz que grita no ermo: endireitai o caminho do senhor, como disse Isaías, o profeta (1,23).

A DESCRIÇÃO. Ele mesmo o João, porém, tinha o vestido dele de pelos de camelo e um cinto de couro ao redor de seus rins; mas sua comida era gafanhotos e mel silvestre (4).
O BATISTA: devemos distinguir entre a figura externa e a mensagem de João. Ele se apresentava vestido como um dos antigos profetas, especialmente Isaías (2Rs. 1,8). A bíblia hebraica apelida a Isaías de baal sear [= maestro do pelo] que a Vulgata traduz por vir pilosus [a nova Vulgata diz: Vir in veste pilosa] ou homem de muito pelo. Ele vestia uma túnica de pele sujeita com um cinto e por cima dela um manto solto. Esta forma de vestir foi copiada pelos outros profetas. A vestimenta externa, ou manto de João, era um tecido de pelos de camelo o mesmo com o qual se teciam as lonas das tendas dos nômades do deserto. Servia de proteção contra os raios solares e impedia a chuva como capa. E unicamente se servia de um cinto de couro para ajustar aos lombos uma túnica de pele interior. Além dessa veste extremamente rústica, havia na vida de João um outro detalhe que chamava a atenção das multidões: sua comida, que eram gafanhotos e mel silvestre. Este mel que tem em grego o sobrenome de silvestre é provavelmente a exsudação de certas árvores como o Tamarix mannifera, de gosto insípido, e abundante na região de Jericó. Tudo indicava a austeridade de João e sua independência dos homens de modo a depender unicamente de Deus. O povo assim o entendia, pois não comia nem bebia (Mt. 11,18). Seu terreno de pregação era o outro lado do Jordão (Jo 1,28) na Pereia, terra de Herodes Antipas (Jo 10,40), onde ele tinha seu castelo de Maqueronte que seria o cárcere do profeta.

A FAMA. Então saiam em busca dele, Jerusalém e toda a Judeia e toda a região do Jordão (5).E eram batizados no Jordão por ele, declarando seus pecados (6).
AS MULTIDÕES: o relato de Mateus parece um tanto hiperbólico, mas encontra um paralelo em Marcos: Iam até ele toda a região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém (1,5). Lucas fala de multidões (3,7). Logicamente, devemos concluir que o Batista atraía grandes multidões que o buscavam para ouvir suas palavras e depois serem imersos nas águas do rio Jordão.
BATIZO: porque o significado de batizo é imergir, enquanto bapto é mergulhar. De modo que batizo é estar imerso como um pepininho em vinagre e bapto seria o mergulho de quem se banha numa piscina. Batizo indica, pois, uma imersão permanente, uma impregnação total do líquido em que se está submerso.
CONFISSÃO: declarando, professar ou reconhecer publicamente uma dívida ou um agradecimento. Aqui, evidentemente, se trata de admitir em público os pecados [dívida é o nome de pecado em hebraico], não os declarando em espécie, como na confissão sacramental, mas em geral, com fórmulas conhecidas na época, como: reconheço que sou pecador (Lc. 18,13).

OS FARISEUS. Tendo visto, pois, muitos dos fariseus e dos saduceus vindo para seu batismo, disse-lhes: Estirpes de víboras! Quem vos fez ver (como) fugir da ira iminente? (7). Fazei portanto, frutos dignos de arrependimento (8).
FARISEUS E SADUCEUS: segundo Lucas (3,7-8) é a multidão o objeto das invectivas de João. Mas a versão de Mateus parece ser a original. A razão para Lucas não podia ser outra que a de que seus destinatários, sendo gentios, não entendiam nada das seitas judaicas e não era o momento de explicar as diferenças. Por isso engloba em termos gerais de multidão o que, na realidade, era particular de uma classe. Fora disso, ambos os evangelistas coincidem palavra por palavra. Por nossa parte, sabemos como os fariseus eram hipócritas em suas condutas já que diziam e não praticavam (Mt. 23,3) e que honrando de boca o Senhor, seu coração estava bem longe dEle (Mc. 7,1) como tinha profetizado Isaías (29,13). Sabemos também como os saduceus eram enormemente positivistas e materialistas. Sob sua influência, o templo tinha-se transformado num mercado público (Jo 2,16). Pedir, pois, o batismo, era um ato hipócrita que constituía parte de sua vida de ostentação e em busca do aplauso popular (Mt. 6,2).
VÍBORAS: temos traduzido por progênies de víboras. A frase sai 4 vezes nos evangelhos [3 delas em Mateus], divididas em dois grupos de imprecações: duas originadas no Batista (Mt. 3,7 e Lc. 3,7) e outras duas, saídas dos lábios de Jesus, em Mateus (12,34 e 23,33). Segundo o dicionário ON LINE é o rótulo merecido metaforicamente por pessoas astuciosas, malignas e perversas. Jesus ao chamar os fariseus raça de víboras declara: como podeis falar coisas boas se sois maus? (Mt. 12,34). Jesus completa as 6 maldições sobre os escribas e fariseus a quem tacha de hipócritas, com o apelativo de serpentes, raça de víboras (Mt. 23,33). Como diz Tuya, a doutrina dos fariseus era corruptora porque esterilizava a Lei de Deus, até chegar a traspassar os preceitos pelas tradições e doutrinas dos homens (Mt. 15,3). Daí deduzimos duas conclusões:
1) Que tanto João como Jesus dirigiam essas invectivas aos fariseus e escribas  e não às multidões como parece indicar Lucas.
2) Que o próprio Jesus dá a definição de por que merecem esse apelativo: a sua língua é como a das víboras, só serve para difundir o mal, como se fosse o bem. O Batista comina-os com a ira divina, implícita na frase de ira iminente. Após o ódio, o pecado que não tem perdão é o de não querer admitir a verdade quando ela contradiz nossos interesses. Tornam-se filhos do diabo, o pai da mentira, e por isso, não podem escutar as palavras de Deus (Jo 8,44 +) Essa ira será explicada pelo Batista quando afirma que o que vem depois dele queimará a palha no fogo que não se apaga (v. 12). Consequentemente, o Batista pede frutos que demonstrem realmente o arrependimento, a conversão.

A ESCUSA. E não intenteis dizer dentro de vós: temos como pai Abraão. Pois vos digo que pode [o] Deus destas pedras erguer filhos para Abraão (9).
ABRAÃO: na sua escolha, Javé lhe disse que seria uma bênção e nele seriam abençoadas todas as comunidades da terra (Gn. 12,2-3). Daí deduziam que eles, os descendentes de Abraão, eram uma raça abençoada por Deus e, consequentemente, não tinham por que temer a ira divina. A tradição judaica relacionava os gentios com as pedras. E aparentemente João jogava com abim [filhos] e abanim [pedras]. Daí que o gesto do Batista tinha um sentido mais profundo do que atualmente lhe atribuímos. É interessante notar como esse grupo, entre si dividido, dos fariseus e saduceus, formaram um grupo unido contra João e contra Jesus. Não sabiam o que contestar ante a pergunta de Jesus: o batismo de João é do céu ou dos homens? Porque não creram nele (Lc. 20,4) ao contrário do povo simples que viu em João um profeta. E temiam mais a ira do povo que a ira de Deus.

A ESCATOLOGIA. Agora, pois, já está o machado assentado junto à raiz das árvores; toda árvore, portanto, não produzindo fruto bom, é cortada e é lançada ao fogo (10). Era crença comum entre os judeus, que a vinda do Messias estaria precedida de um severo julgamento (Jl. 4,1-16; Sf. 1,14-18 e Mq. 3,1-3). Era tal a crença em momentos de angústia e sofrimento predecessores dessa vinda, que era comum a frase de Parto do Messias. O Batista, como eco dessa tradição, afirma que quem não se arrepender e não fizer o bem com suas obras não entrará a formar parte desse novo Reino. Como acontece com uma árvore frutífera que é estéril, assim será feito com aqueles que não ofereçam frutos dignos do novo reino. Aquela só serve como lenha para o fogo e, de modo semelhante, será cortada a vida dos que não vivem em conformidade com a Lei. Esta fórmula de João lembra as palavras de Jesus, narradas pelo quarto evangelista em 15,6, sobre os sarmentos que não dão fruto, que serão cortados e, recolhidos, lançados ao fogo.

AUTODEFINIÇÃO. Pois eu vos batizo em água para arrependimento, aquele, porém vindo depois de mim é mais poderoso do que eu, do qual eu não sou digno de carregar as sandálias; ele próprio, batizar-vos-á em espírito e fogo (11).
O BATISMO: aqui, João declara que ele não é o fim e que seu batismo, não tem o sentido de uma purificação total, mas só é o início da mesma, que unicamente será completada pelo seu sucessor, do qual ele, João, era o mais humilde dos escravos. Esse seu sucessor oferecerá a verdadeira limpeza e purificação que será uma imersão total no Espírito e no fogo. Temos explicado que o significado de batizo é o de estar submerso, como um barco que se afunda e o do bapto é ser lavado. Temos o texto clássico de Nicander, médico do ano 200 a.C., que diz que para fazer uma conserva em salmoura, primeiro a verdura deve ser lavada em água fervente, e, então, submergida numa solução de vinagre. Bapto é temporal e batizo produz uma mudança permanente. Por isso o batizo do NT produz uma união e identificação com Cristo, à semelhança do que acontece com a verdura dentro do vinagre. Podemos, pois afirmar que bapto seria o realizado pelo Batista para deixar o baptizo ao realizado por Jesus. É por isso que João distingue seu batismo ou mergulho na água do mergulho no Espírito e no fogo de Jesus. Sobre esta última expressão, podemos dizer que
1) Espírito e fogo podem designar uma mesma coisa, sendo o fogo, que altera os metais, como purificador mais completo, chegando até as maiores profundezas da alma. Assim foram as línguas de fogo no dia de Pentecostes.
2) O batismo para os bons será a purificação do espírito, mas o fogo será o batismo de destruição dos maus como veremos no seguinte versículo.
O ESCRAVO: se Mateus fala de carregar as sandálias o evangelista João fala de desatar as mesmas (1,27). Na realidade era o mais baixo dos ofícios correspondente a um escravo doméstico. No Talmud pergunta-se: Qual é o serviço de um escravo? E responde: Ele afivela os sapatos do senhor, os desata, e os carrega antes dele ao banho. Esta era a maneira com a qual um discípulo devia tratar seu mestre, pois todo o serviço que um escravo deve fazer a seu amo deve realizar o discípulo a exceção de desatar seus sapatos. Por isso, Mateus unicamente não narra este último detalhe em particular, caso que o quarto evangelista traz como palavra do Batista. Pois este último ofício, desatar os sapatos, só poderia ser feito por um escravo cananeu [pagão] não hebreu, já que esse serviço era odioso e extremamente degradante. É assim, como último escravo, que o Batista se considerava diante da figura da qual ele era o arauto e precursor.

O JULGAMENTO. Do qual, a pá em sua mão; e limpará completamente a sua eira e recolherá seu trigo no celeiro; a palha, porém, queimará no fogo inextinguível (12). É evidente que este versículo nos introduz numa ação executiva final, complemento de uma avaliação formal sobre a multidão, dividida entre os que representam o trigo [bons] e os indesejáveis ou descartáveis como a palha [maus] que só servem para o fogo e que, neste caso, toma o caráter de inextinguível, cunho que assim recebe também a seleção executada. Com isso, entramos numa visão definitiva e última do mundo: a figura que João designa como mais poderosa é mais do que um profeta, é o dono do mundo, que separará os salvos da ira e deixará que esta se torne justiça com os malvados.
PISTAS
1) A austeridade é um dos valores mais apreciados em todos os tempos como garantia de um homem de Deus. Mas nem sempre essa é a realidade suprema. No século 13 os cátaros eram muito mais austeros do que os membros oficiais da Igreja. E não obstante estavam errados, porque tem mais importância a verdadeira humildade que nos aproxima de Deus e nos inferioriza diante do próximo. É por esta razão que a austeridade de João é autêntica: ela está a serviço de seu Senhor.
2) O mais importante no homem é sua disposição de se arrepender e mudar de vida diante do evangelho. Radical como este é, hoje também temos muito a confessar como mal feito, ou bem descuidado, e existe, nestes tempos do advento, uma boa chance de conformar a vida com o evangelho. Essa deve ser a nossa metánoia.
3) Nos tempos modernos, temos abandonado o temor e sempre deixamos nosso último destino em mãos de um Deus, que deve absolutamente perdoar qualquer pecado, porque nos consideramos filhos dele, assim como os antigos saduceus e fariseus se consideravam filhos de Abraão. João diz que a única razão de não sermos castigados são os frutos de penitência.
4) Em todo arauto de Cristo, a humildade que vemos em João, é fundamental. Que Ele cresça e que eu diminua (Jo 3,30) foi o conselho dado pelo Batista aos seus discípulos. E essa deve ser a nossa resposta quando a inveja impede ver o bem que outros fazem em nome de Cristo. Se Ele cresce, que importa que nós diminuamos? Nós que realmente só devíamos ter como amo e senhor o Cristo Jesus, como intentamos a glória pessoal por considerar sermos seus precursores?
padre Ignácio – www.presbiteros.com.br

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Trigo ao celeiro, palha ao fogo!
A primeira parte do Tempo Advento nos insere na dinâmica da espera da segunda vinda de Cristo, da Parusia. Jesus há de vir pela segunda vez! Ele “tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível” (Mt. 3,12). Essas palavras em lugar de infundir medo, são portadoras de esperança. Por outro lado, se na consumação do fim dos tempos todos fossem tratados por igual, não se manifestaria a justiça de Deus nem a importância que tem a liberdade humana. Não podemos dizer que o trigo é a mesma coisa que a palha, pois isso iria contra a verdade. O mesmo se diga da diferença entre uma pessoa que procura comportar-se de tal maneira a ser trigo para Deus de outra cuja vida está cheia de palha.
Mas, como foi dito, tudo isso é motivo de esperança: podemos ser trigo de Deus! Ainda que tenhamos errado muito na vida, enquanto vivermos o caminho encontra-se aberto rumo à santidade. Não sei de quem é o ditado, mas sei que é certo: “por um burro dar um coice não se lhe corta logo a perna”. Por mais coices dados na vida sempre podemos utilizar as pernas para andar rumo a Deus. Quando? Agora!
Juntamente com o arroz e o milho, o trigo foi um dos alimentos mais consumidos pela humanidade. Com ele se podem fazer tantas coisas! Ser trigo para Deus significa deixar-se trabalhar para alimentar os outros, para servir para muitas coisas. De fato, triticum (trigo, em latim) significa também a atividade de triturar esse cereal para separar o grão da palhinha que o recobre.
Para sermos bons instrumentos nas mãos de Deus é preciso abandonar-nos em suas mãos. Confiemos nesse bom agricultor, ainda que às vezes tenhamos a sensação de que nos está triturando e de que sofremos muito: essa atividade é necessária para que a nossa humanidade apareça como Deus sempre a quis, transluzente da sua graça, que é antecipação da glória de Deus em nós. Somos transformados para transformar, temos que alimentar os outros. A nossa vida deve ser um reflexo dessa referência obrigatória a Deus e aos demais.
Deus nos faça bom trigo! Que a nossa vida sirva para o sacrifício da Missa e para o alimento dos irmãos. Nós que somos pão de Deus na preparação dos dons de cada celebração eucarística, temos que matar a fome dos nossos semelhantes, e em primeiro lugar a fome de Deus que eles sentem. Recentemente, na viagem que o papa Bento XVI fez à Espanha, na homilia pronunciada na praça do Obradoiro em Santiago de Compostela, nos recordava que os apóstolos “deram testemunha da vida, morte e ressurreição de Cristo Jesus, a quem conheceram enquanto pregava e realizava milagres. Nós também, queridos irmãos, temos que seguir o exemplo dos apóstolos, conhecendo ao Senhor cada dia mais e dando um testemunho claro e valente do seu Evangelho. Não há tesouro maior a oferecer aos nossos contemporâneos”. O Evangelho, a Boa Nova, isto é, Jesus, é o maior tesouro que podemos oferecer aos outros. Aqui está um dos pontos que mostram a especificidade do cristianismo: oferecer a vida que está em Cristo a todos. Outras coisas, outras pessoas poderão oferecer.
É preciso que mantenhamos sempre o entusiasmo da fé, a juventude da fé. O exemplo pessoal do Santo Padre deveria ser um ponto de partida para nós. Ele já tem 83 anos, a sua juventude foi marcada pelo horror do nazismo e da segunda guerra mundial, teve que estudar em situações difíceis, combater tantos erros e… sorrir oferecendo o próprio testemunho em meio a situações verdadeiramente complicadas. Depois da morte do queridíssimo João Paulo II, Ratzinger pensava retirar-se e dedicar-se ao estudo repousado da teologia. Deus não quis que fosse assim e chamou-o a ser o sucessor de Pedro. Com 83 anos, carrega erguido o peso da Igreja com um sorriso nos lábios, cativando com a sua presença discreta, com essa espécie de timidez que o faz tão simpático e tão próximo a cada um de nós. Ele é trigo de Deus!
São Josemaría Escrivá gostava de dizer que temos de ser tão úteis ao serviço de Deus que terminemos espremidos como um limão e muito felizes na nossa entrega. E depois? Depois… daremos um abraço ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
padre Françoá Costa - www.presbiteros.com.br
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Os quatro Evangelhos coincidem em que a pregação de Jesus é precedida de uma preparação do povo com a pregação de João Batista, como o último dos profetas que anuncia imediatamente a vinda de Jesus. A referência ao local onde pregava – «no deserto» – não parece ser uma simples indicação topográfica, mas parece ir mais longe, com a alusão ao lugar onde teve início o antigo povo de Deus, com a aliança do Sinai. De qualquer modo, o deserto da Judeia não significa uma zona literalmente desértica, mas uma região árida e de pouca vegetação. Não é descabido pensar que João, de família sacerdotal, tivesse aderido ao movimento renovador dos essênios.
2. «Arrependei-vos». O texto original também se podia traduzir por convertei-vos, isto é, mudai o coração, mudai o pensar (metanoeîte); não se trata de um mero mudar de rumo na vida, mas duma atitude interior de sincero arrependimento, a atitude de quem se reconhece pecador e humildemente vai retificar, mesmo à custa de sacrifício (penitência); daí a tradução da Vulgata e da Neovulgata (poenitentiam agite).
«Reino dos Céus», expressão habitual em são Mateus, equivalente a Reino de Deus, mas evitando pronunciar o nome inefável de Deus. «Está perto o reino…», isto é,uma especialíssima intervenção salvadora de Deus, para estabelecer o seu soberano domínio misericordioso, que libertará o homem da escravidão do pecado, do demônio e da morte. Este reino, ou reinado de Deus, manifesta-se na palavra, obra e sobretudo na própria Pessoa de Cristo, que é quem o vem realizar no grau mais elevado e mais puro, sem as excrescências materialistas do nacionalismo teocrático (como pensavam os judeus contemporâneos do Senhor). Mas o reino de Deus só terá a sua perfeita consumação quando Jesus Cristo vier pela segunda vez no fim dos tempos (cf. 1Cor. 15,24). Neste tempo intermédio, entre as duas vindas do Senhor, a Igreja é já o reino de Deus, enquanto que é a comunidade salvífica, presença sacramental de Cristo a congregar e conduzir os homens à salvação eterna (cf. Vaticano II, LG 5).
3. «Uma voz daquele que clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor…’». Segundo o texto de Isaías, aquele que clama é o Profeta, um arauto de Deus (uma figura do Batista), a incitar a abrir o caminho do regresso do exílio, um caminho de Deus, isto é, um caminho que Deus proporciona ao seu povo que Ele quer reconduzir e salvar. Este regresso é concebido como um novo Êxodo, daí a referência ao deserto, noção muito rica: lugar privilegiado de encontro com Deus, de aliança, de purificação, de desinstalação, de preparação para a entrada na terra prometida. Por isso era também no deserto que os essênios de Qumrã e de outros lugares se preparavam naqueles tempos para a vinda do Messias; no deserto pregava João e para o deserto se retirou Jesus no início da sua vida pública.
4-5. Nunca se diz que João vestia uma pele de camelo, como às vezes se pensa, mas que se vestia com «pêlos (ou lã) de camelo». O mel silvestre não parece ser mel de abelhas selvagens, mas algum insípido melaço segregado por plantas daquela zona, talvez da tamargueira, abundante junto a Jericó, nas margens do Jordão, onde João batizava. A pregação de João, o seu estilo de vida e até a própria apresentação à maneira do profeta Elias (cf. 2Reis 1,8) eram de molde a produzir tal impacto que arrastava as multidões, como também atesta um autor judeu da época (Flávio José, Antiquitates, 18,5,2).
11. O batismo de João não tinha a força de produzir na alma a graça da justificação e só valia enquanto punha em evidência as boas disposições do sujeito e as confirmava, ajudando as pessoas a disporem-se para a iminente chegada do Messias. O batismo de Jesus é «no Espírito Santo e em fogo»: tem a virtude de produzir a graça pela ação de Cristo no sujeito e não pelos méritos de quem o recebe ou administra. O fogo parece ser antes uma imagem da eficácia purificadora e renovadora do Espírito Santo na alma do batizado. Autores há que pensam que talvez o Baptista se movesse num plano vetero-testamentário, não designando o batismo de água, mas uma grande efusão do Espírito Santo para os que se arrependessem e um fogo condenatório (v. 12) para os impenitentes. Isto não parece tão provável, nem é tão óbvio. Note-se que nem o batismo de João, nem o de Jesus aparecem como algo estranho ou chocante: inseriam-se nos costumes diários dos Judeus que praticavam muitas abluções rituais, nomeadamente o batismo dos prosélitos, que da gentilidade abraçavam o judaísmo.
Sugestões para a homilia
1. O texto do profeta Isaías, com caráter messiânico, é extraordinariamente rico. Vejamos:
a) Sobre Jesus repousará o Espírito do Senhor;
b) Não julgará segundo as aparências; nem decidirá pelo que ouvir dizer;
c) Julgará os infelizes com justiça e com sentenças retas os humildes do povo;
d) Com o sopro dos seus lábios exterminará o ímpio;
e) Não mais praticarão o mal nem a destruição;
f) O conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas enchem o leito do mar;
g) Jesus surgirá como bandeira dos povos; as nações virão procurá-la e a sua morada será gloriosa.
Assim Isaías descreve os Bens messiânicos.
Deles participamos neste mundo, de modo mais ou menos perfeito. Só na eternidade, com a visão de Deus, seremos felizes para sempre. Isto nos diz o salmista em poucas palavras: «No dia Senhor nasce a justiça e a paz para sempre».
2. Sem esquecer que Jesus Se fez servidor dos judeus, para mostrar a fidelidade de Deus e confirmar as promessas feitas aos seus antepassados»; «Por sua vez, os gentios dão glória a Deus pela Sua misericórdia, como está escrito».
Destes versículos da Epístola de São Paulo aos Romanos conclui-se que Cristo veio ao mundo para a todos salvar.
Mas, desta mesma Epístola, não esqueçamos a seguinte recomendação: «Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como Cristo vos acolheu, para glória de Deus». Como este pormenor é importante em nossos dias! Constantemente se fala de acolhimento!
Claro que as pessoas, na sua maioria, quando falam de acolhimento é para sublinhar a forma como não acolhidas. Ai dos funcionários públicos, e dos empregados de qualquer gênero de serviços que não recebem os clientes com um sorriso, com toda a delicadeza e sem perda de tempo!
Quem é exigente com os outros também o será consigo, quando se trata de acolher?
Considero importantíssimo que vejamos o acolhimento a nível de cada família, maridos, esposas, pais, filhos, avós, netos, como os acolheis? Há muitas famílias em crise, porque se falha no acolhimento.
A esposa não é bem acolhida porque chega a casa e ela ainda está deserta. O marido não é bem acolhido porque a esposa espera um beijo dele e o marido espera o beijo dela.
Mas ninguém quis ser o primeiro. E não houve beijo. Com os filhos vai acontecer a mesma coisa.
De novo interrogo: como se escolhem, em família, na hora da refeição? Há tempo para diálogo ou já só vêem televisão?
É preciso acolher como Cristo nos acolhe: amando primeiro, desculpando, ouvindo, aconselhando, sabendo perdoar, dando parabéns, etc.
Este tema parece banal mas não é.
Quem não sabe acolher, corre o perigo de quase tudo deitar a perder.
3. Quanto ao santo Evangelho, nada mais acrescentaria ao que se disse na introdução ao Espírito da celebração.
Mas será fácil convencer os cristãos, de hoje, de que têm pecados?
Não será ainda mais difícil conseguirem tempo e coragem para se confessarem?
Devemos rezar muito para que os cristãos vejam no sacramento da penitência uma bênção. Confessar-se é a forma mais simples, e eficaz, de nos libertarmos de muitos pesadelos!
Ao dar a comunhão, no dia de Natal, o sacerdote e os ministros extraordinários da eucaristia, devem proferir as palavras, «O Corpo de Cristo», de tal forma, que se veja em cada pessoa, que comunga, um presépio vivo. Presépio vivo? Sim! Cristo vai contigo, após recebê-Lo, e Nossa Senhora, são José e os anjos fazem-te guarda de honra.
O Deus Menino está em teu coração. Haverá presépio mais vivo?
www.cliturgica.org
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Já estamos no segundo domingo do Advento. Rapidamente caminhamos para o Natal. As lojas estão enfeitadas, as ruas iluminadas e não faltam as campanhas publicitárias para nos levar às compras.
A sociedade consumista, os meios de comunicação, as estratégias de marketing, a propaganda enganosa, enfim, tudo é usado para transformar a vinda de Jesus em grandes lucros financeiros. Gritam alto as vantagens de seus produtos e tentam esconder que Natal é o nascimento de Jesus.
Nada contra festas e presentes, porém, na maioria das vezes, o aniversariante é o único que não ganha presentes. Bem que Jesus gostaria de participar da festa, mas não na condição de amigo secreto. Jesus quer mais, quer ser um amigo declarado, um amigo autêntico, esse é o presente que Jesus tanto espera.
Não é preciso roupa nova, mesa farta, champanhe importada, nem presentes caríssimos para recepcionar Jesus. No evangelho de hoje, João adverte que a realidade é outra. Humildemente, João prega a conversão e nos convida a enxergarmos o verdadeiro lucro com a vinda do Salvador.
Com duras palavras João condena a hipocrisia, a falsidade e propõe mudança profunda e sincera de vida. João diz que não basta ser descendente de Abraão para ganhar a salvação. Não existem privilégios. O Reino de Deus não está reservado para um grupo de pessoas ou nação. Salvação é fruto de conquista e está ao alcance de todos.
Trazendo para os nossos dias as palavras do Batista, podemos concluir que não basta ser batizado e chamado de cristão para ganhar a salvação. O batismo e a santa Missa não foram instituídos para esconder o comodismo, o individualismo e a falsa santidade. De nada vale o título de cristão, sem conversão.
Desde o tempo de Jesus que o mundo é dominado por uma pequena minoria. Já naquela época existiam reis, governantes, homens públicos e empresários corruptos e injustos. O povo sofrido e marginalizado sonhava com mudanças e aguardava ansiosamente a vinda do Messias que iria reverter essa situação.
João Batista, assim como outros profetas, exortava o povo a não desanimar. Anunciavam que o Enviado do Senhor transformaria o sofrimento em alegria. Os opressores seriam aniquilados. Os pobres e oprimidos teriam voz e vez.
Por tudo isso João era tão procurado, principalmente pelos fariseus e saduceus. Donos do poder econômico e religioso, acostumados ao dinheiro, acreditavam poder comprar a salvação.
Os fariseus viam no batismo um refúgio, a porta de entrada para desfrutar das regalias do paraíso. O povo humilde e simples, desejoso de mudanças, acata o conselho do Batista e dá um grande passo para ganhar seu lugar no novo Reino.
Apesar de não entender totalmente, numa clara demonstração de fé, o povo aceita as palavras de João. Na esperança da chegada do Messias, o povo abre o coração, reconhece seus erros, converte-se e recebe o batismo.
Batismo é sinal de conversão e conversão é sinônimo de mudança. Para que mudanças aconteçam, é preciso endireitar e aplainar o caminho. Aplainar quer dizer nivelar, eliminar as enormes diferenças que colocam alguns lá em cima e milhares, lá em baixo. Portanto, lutar por mudanças é missão do cristão batizado. Essa é a Boa Notícia de hoje!
Jorge Lorente - www.miliciadaimaculada.org.br