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sábado, 19 de novembro de 2011

O JUÍZO FINAL


20 DE NOVEMBRO
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Comentários–Prof. Fernando


O JUÍZO FINAL

Introdução

Evangelho: Mateus 25, 31-46

“Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso.
No evangelho de hoje Jesus anuncia o Juízo Final, no qual cada um de nós será cobrado, pelas vezes que negamos uma esmola, uma ajuda a um irmão ou irmã necessitada. Por cada vez que ignoramos o irmão caído no chão, que fingimos não ver a sua mão estendida pedindo uma moeda para comprar um pão. Jesus leva tão a sério a questão da caridade, que nem cita os demais pecados que vamos cometer até o nosso último dia. Daria até para pensar que não é pecado tudo aquilo que aprendemos, pois Jesus somente ressalta a caridade. Tive fome, sede, desabrigado, sem roupa, etc. e não destes a mínima importância para a minha miséria.
Prezados irmãos. Precisamos ver Jesus Cristo naquele irmão que está caído, derrubado pela fome, pela subnutrição, que dorme nem sempre de preguiça, mas de fraqueza, de insuficiência cardíaca, de anemia, de diabete, etc. E é por isso que ele bebe pinga quando consegue umas moedinhas.  Porque a pinga, além de alegrá-lo um pouquinho, lhe dá um pouco de caloria já que ele não tem suas refeições  regularmente. Portanto, não o condene por fazer isso.
É comum a gente ouvir da boca de quem quer se desculpar por não dar esmolas, a seguinte frase:
---Eu não dou dinheiro por que ele vai beber pinga! Ah! Você pode tomar quantas cervejas você quiser!  Não só cerveja, mais whisky, vinho e tudo o que você merece. Mais o mendigo não tem esse direito.   
 Prezados irmãos, vamos levar mais a sério a questão da caridade, porque  a nossa salvação depende dela. Sabemos que existem outros pecados. E como o sabemos! Mais o que Jesus vai nos cobrar em primeira mão é se fomos caridosos. Vamos nos compadecer daqueles que nos estendem a sua mão por que precisam. Porque estão com fome, com frio, sem um banho, sem uma roupa limpa, e o pior, sem rezar, pois estão revoltados. Vamos ajudá-los para que um dia não venhamos ouvir Jesus dizer para nós:   
- Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer  tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes.
Mas como? Quando fizemos isso?
...todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, irão para a vida eterna.”
Ufa! Ainda bem que ainda é tempo de correr atrás do prejuízo! Ainda bem que estamos vivos, na estrada rumo àquele dia! E a partir desse momento vamos mudar a nossa atitude com relação aos necessitados.
Sal.
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O termômetro de Deus é o amor concretizado em ações.

                                                 Jesus promete voltar e reunir os povos da terra diante dele. E aí então fará distinção entre os benditos do Pai e os malditos, os felizes e os infelizes. Entre aqueles  que viverem segundo o Evangelho, cumprindo o mandamento do amor e aqueles  que não seguiram os seus ensinamentos e desprezaram os pobres, doentes, nus, necessitados. O termômetro de Deus é o amor concretizado em ações.
                                           A herança que o Senhor nos promete é a vida eterna e obter a vida eterna é viver a santidade. Por isso Jesus também nos dá o roteiro para que nós possamos perseguir a perfeição enquanto aqui vivemos. Cada orientação que Jesus nos dá é aprendizado para que nós caminhemos passo a passo rumo ao céu. Não podemos dizer que não conhecemos a receita nem o caminho porque o próprio Jesus nos dá todas as dicas, antecipadamente.
                                     Perseguir a santidade é perseguir a vivência do amor com os nossos irmãos e irmãs, mesmo que sejam eles os piores e os mais marginalizados do mundo. Não adiantará para nós a prática do amor somente com aqueles que nós “gostamos e admiramos”, porque Deus é Pai de todos e, por isso, somos também irmãos, de todos. Leia muitas vezes esse Evangelho e pergunte a você mesmo qual o lugar em que você se posicionaria se Jesus viesse hoje: à esquerda ou à direita Dele?O que Jesus diria para você se Ele voltasse hoje?
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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Vigiai: não sabeis quando o dono da casa vem. Vera Lúcia.

1º DOMINGO Advento 27/11/2011
Mc 13,33-37


Neste Evangelho, do primeiro domingo do advento, Jesus nos convida à vigilância. Ele faz uma comparação muito clara: um empresário viaja para o estrangeiro e deixa a sua casa e a empresa sob a responsabilidade dos empregados. A sua viagem é sem data certa para voltar.
Naquele tempo, devido aos precários meios de comunicação, nem os empregados podiam prever a data da volta do patrão, nem este sabia, durante a viagem, o que acontecia em sua casa e empresa. Daí a tentação, para os empregados, de praticar fraudes e trapaças. Mas eles nem sabem que o patrão deixou fiscais secretos e muito espertos, que descobrirão tudo.
Advento é o tempo da nossa espera do Senhor. Celebramos a espera antiga e a sua chegada no Natal, e celebramos a espera atual. Deus virá ao nosso encontro no final dos tempos, virá no final da nossa vida terrena, e vem a cada momento, e das mais diversas formas ao nosso encontro. Mas só percebe isso quem está vigilante. A Escritura está cheia de lembretes nesse sentido.
O certo é vivermos em constante vigilância. “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento... para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo”.
Não queremos ser como nos tempos de Noé, em que o dilúvio pegou as pessoas despreparadas, e morreram afogadas.
“Preparai o caminho do Senhor.” Advento é o tempo de endireitarmos as curvas da estrada, taparmos os buracos e retirar tudo o que possa impedir a chegada do Senhor. Que ele, ao chegar trazendo novas graças para nós, seja bem recebido.
Nós sabemos quais são os obstáculos que podem haver no caminho do Senhor ao nosso encontro: o pecado, a falta de oração, a falta de amor, dentro ou fora de casa, enchermos a nossa cabeça de diversões e distrações... A reza do terço é uma ótima distração, quando estamos cansados.
A nossa vigilância para não nos afastarmos de Deus está baseada em três verdades. Primeira: A importância da vida eterna, frente a esta vida. Segunda: O nosso lugar na vida eterna depende exclusivamente de nós; Deus não condena ninguém, é a pessoa que se condena, ou se salva. Jesus Cristo, no Juízo Final, apenas nos manterá naquele caminho que estávamos seguindo no dia da nossa morte. Terceira: Nós não sabemos a hora nem como acontecerá o nosso encontro com Deus.
Às vezes, Deus nos manda sinais: uma doença grave, a morte de um parente, o fato de sermos pegos em flagrante cometendo um ato ilícito...
“Vos preferistes ocultar o dia e a hora em que Cristo, vosso Filho, Senhor e Juiz da História, aparecerá nas nuvens do céu, revestido de poder e majestade. Naquele tremendo e glorioso dia, passará o mundo presente e surgirá novo céu e nova terra. Agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana...” (Prefácio do Advento IA).
Havia, certa vez, uma família, que todos os dias rezava o Anjo do Senhor ao meio dia, antes de almoçar. Um dia chegou uma visita que não era muito de Igreja, e não rezaram. Mas, antes de começarem a comer, o papagaio disse bem alto: “O Anjo do Senhor anunciou a Maria...”
A visita achou interessante, e a família ficou morrendo de vergonha! O jeito foi contar a verdade, e rezaram o Anjo do Senhor.
Deus usa até de papagaios para nos advertir e nos convidar a vigilância.
Maria santíssima ocupa um lugar destacado no advento. Ninguém viveu melhor do que ela a espera do redentor, inclusive fisicamente, pois ela o trazia em seu ventre. Sua figura ilumina o advento, transbordando ao mesmo tempo alegria, esperança e vigilância. Que seu exemplo nos ajude neste novo tempo litúrgico.
Vigiai: não sabeis quando o dono da casa vem.
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“Viva, Jesus Cristo, é o nosso Rei”
Domingo, 20-Novembro-2011                        Gilberto Silva
Mt 25,31-46
Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,
Este texto é muito mais que uma parábola. Ele é uma visão do que ocorrerá no final dos tempos. Tempo este em que Jesus na sua glória e esplendor estará assentado em seu trono, como legítimo e verdadeiro Rei do universo.
Estamos encerrando o tempo litúrgico comum e adentrando o  do advento que é de espera e esperança, tempo de vigília e preparação para a chegada do Senhor.
Este texto de hoje nos revela a teologia do amor e da caridade ao próximo. É a chegada no Reino dos céus, dos pobres, dos doentes, dos famintos, dos estrangeiros e de todos aqueles com sede de justiça.
O reino que Jesus vem descrevendo em quase todo o evangelho de Mateus é o do amor-irmão, amor-piedoso, amor-caridoso e misericordioso. Se faltar em nós quaisquer uns destes adjetivos, foi porque faltou amor suficiente para complementá-los. A fraternidade exige de cada um de nós superar desafios de total comprometimento à Palavra de Jesus.
Jesus como pastor e juiz irá separar as ovelhas, que serão todas as pessoas de diversas nações que durante a sua peregrinação terrestre responderam favoravelmente ao evangelho do Reino.
Estas ovelhas serão aqueles que viveram com amor e dedicação à Palavra e aos irmãos, recebendo e dando testemunhos por meio de seus atos, suas obras e o amor ao próximo. Sim, a estes estarão abertas as portas do Reino dos Céus: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo”.
Quanto aos bodes, estes estarão à esquerda, pois responderam negativamente ao evangelho, a Boa Nova de Jesus.  É também todo aquele que privou, perseguiu, omitiu, injuriou e fechou os olhos e o coração às necessidades do irmão sofredor. É aquele que não alimentou, não vestiu, não deu de beber ou visitou um prisioneiro ou um doente.
Estes “bodes” irão para o fogo eterno preparado para o inimigo e seus anjos. O castigo eterno.
Releia:... “ o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo”. Esta é uma realidade, uma certeza que depende tão somente de você querido irmão e irmã. É a sua atitude positiva ao discipulado, ao evangelho que fará de ti um autêntico seguidor de Jesus.
Quando se lê o evangelho com o coração à frente, percebemos  a forte compaixão de Jesus para com os pobres, os humildes, os doentes e aflitos. A missão de Jesus se estende até aos dias de hoje através de seus servos e missionário, mas especialmente de você que auxilia o outro no combate a fome, à doença, à pobreza física e espiritual de seu próximo.
Estas palavras de Jesus foram ditas alguns dias antes da sua entrega. Ele já antecipava aos seus apóstolos e seguidores como será o julgamento final, quando todos os povos (judeus e pagãos) serão julgados por suas ações cotidianas e não somente por aquelas esporádicas tipo: uma esmola no final de semana ou uma cesta básica no Natal.
Não podemos ficar encima do muro. Não podemos ser “meio” misericórdia ou “ meio” amor. Devemos nos entregar por inteiro à missão, assim como Jesus se entregou totalmente à sua missão de salvação de todos nós pecadores.
Caríssimos irmãos e irmãs, vamos aproveitar o caráter missionário do Advento que se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo.

Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo !!!
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“O juízo final” – Claudinei M. Oliveira
                                      
Domingo, 20 de Novembro de 2011.
                       
Evangelho  Mt   25,31-46


                        As reflexões das leituras deste domingo nos levam  a repensar as práticas da justiça diante do Senhor. Durante o tempo litúrgico  muita ênfase foi dada a justiça como princípio para o bem viver na sociedade a fim de preparar para o grande dia. Aquele que se preparou de acordo com o Santo Evangelho, observou os ensinamentos de Jesus, mostrou-se caridoso com o irmão necessitado, fez da sua ação-justiça para a construção do Reino, nada tem a temer, pois o lugar reservado estará diante do Deus em seu trono. Em contra partida, aquele que desobedeceu aos ensinamentos, fez o possível para destruir o irmão e blasfemou diante do Senhor, não terá tanta sorte, pois Jesus disse:   Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos!

            Porém muito pensa que o dia do juízo final irá acontecer quando morrer ou quando o mundo acabar. Desse modo, como vai demorar o grande dia, pode-se então esbanjar desperdícios com os prazeres da vida nas coisas erradas e, se não estiver muito cansado, redimirá das loucuras mundanas e tudo ficará bem. Pena que isso não é verdade, pois o julgamento já está acontecendo neste exato momento. O grande dia foi à presença de Jesus na terra. Ele alertou todos para com as maldades cometidas, argumentou como deveria se portar diante do encardido, pediu tolerância  com os irmãos, ensinou a amar todos sem distinção e colocou o perdão para viver em unidade.  Contudo, o julgamento é a revelação da verdade onde todas as coisas perdem suas máscaras e se mostram como realmente são diante de Deus.

            Como cristão, como agi com meus irmãos? Como foi a prática acionária das coisas de Deus? Percebi o mundo exterior como extensão da criação divina? Acolhi todos com prazer? Fiz a vontade de Deus?

            Quantas perguntas poderiam fazer para saber se poderíamos ter chance diante do Senhor. Mas não podemos esquecer que Deus está nos vigiando constantemente, tudo que fazemos está sendo observado do alto. Não temos como escapar. Não temos como mentir para Deus. Do céu ou do Trono celestial Deus nós enxerga espiritualmente. A cada dia que se passa a sentença está sendo proferida. O livro do Senhor está traçadas por palavras de incentivo ou de decepção. Porém, isto dependerá da atitude que tivemos: qual foi ou está sendo nossos passos rumo a vida? Estamos vivendo o gozo em Deus? Ou estamos do lado oposto?

            A alerta nos é dada na profecia de Ezequiel. O Senhor cuidará de seu rebanho corretamente. Caso alguma ovelha estivesse precisando de ajuda ou com a perna quebrada, ele ajudará. Se alguma ovelha desapareceu do rebanho ou se distanciou, ele irá buscá-la. Vemos todo o cuidado do pastor com o rebanho. Ainda Ezequiel insiste no zelo pela ovelha: vou apascentá-las conforme o direito. Quanto a vós minhas ovelhas (...) eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes.
           
            Notamos na profecia de Ezequiel a mensagem dirigida ao povo (rebanho) pelo pastor (Deus) de que cuidará, mas com justiça para que nenhuma pereça por falta de cuidado. O que o pastor pede é a unidade entre o grupo para que uma cuide da outra a fim de fortalecer o rebanho. O povo unido com intuito da presença de Deus nada acontecerá de mal. Porém, se uma ovelha (cristão) se desgarrou do rebanho cabe ao pastor imediato (leigo, padre, Irmã religiosa) ir atrás com carinho, pois ela (ovelha) precisa de atenção naquele momento. Esta é a justiça que Deus nos pede. Servir o irmão quando mais precisar, nos momentos de fraqueza, nos momentos de dúvidas e nos momentos de pouca fé e fracasso. Justiça é  fazer valer a Palavra Revelada para reverter a situação contrária de Deus. Portanto, justiça é cuidar do outro como se fosse ele mesmo.

            Já na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios encontramos a primícias em Cristo. Ele morreu para salvar os povos. Porém, Cristo morreu e ressuscitou dos mortos para que tivéssemos vida em abundância. Para viver em Cristo deveríamos também morrer.

            Paulo ao escrever para a comunidade de Coríntios revela a ousadia do cristão. Para chegar ao grande dia, ou seja, o dia do julgamento ou do juízo final, o homem deve desfazer de muitas coisas na vida terrena. É preciso morrer para a luxúria, morrer para os bens materiais, morrer para o egoísmo, individualismo, cobiça e as tentações. Somente com a morte da vida terrena e dos prazeres é que estaremos preparados para a vida consagrada a Deus. E no final da carta Paulo escreve: e, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho submeterá àqueles que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.

            No Evangelho de Mateus Jesus dialoga com os seus discípulos. Não teme em afirmar que estar ao lado do Pai não é uma tarefa fácil. Nada conseguirá com facilidade, pois existe uma regra a cumprir. Ou seja, o que você fez quando estava na labuta? Como agiu consigo e com os irmãos.

            Do lado direito estarão àqueles escolhidos. Estes por sua vez souberam amar a Cristo e aos irmãos. Souberam reconhecer o rosto de Jesus transfigurado no pobre, no exilado, no esquecido, no maltratado, no nu, no encarcerado e no injustiçado. Estes receberão a recompensa dos céus, porque entregaram de   corpo e alma na missão da construção do reino. Mesmo que duvide de ter feito algo de bondade para os marginalizados, Deus reconhecerá na plenitude do Trono.

            Já do lado esquerdo estarão aqueles que deixaram de cumprir com os ensinamentos. Não fizeram valer a luz do Espírito Santo quando foi batizado. Deixaram o irmão na penúria. Só aceitaram as coisas para si. Foram egoístas ao ponto de não partilhar com os necessitados, excluíram do convívio a presença de Deus. Estes, como Jesus disse, vão para o fogo eterno, ou seja, vão para a purificação de todos os males cometidos a fim de redimirem dos pecados.

            A surpresa aparecerá diante do Senhor. Podemos até perguntar: “Senhor quando fizemos isso ou aquilo”. Não importa se é ateu ou cristão, se é católico ou “evangélico”, para Deus não tem um rótulo. Todos são filhos de do mesmo Pai e da mesma mãe. O que importa para Deus é a prática da justiça. Você foi realmente foi um servo bom e compromissado com a missão deixada por Jesus?

            Portanto, o juízo final está acontecendo a cada instante em nossa vida. Tudo que fizermos estará nos delatando. Se agirmos saudavelmente com o irmão, conta-se ponto positivo; mas se agirmos com intuito de levar vantagem, será contado como ponto negativo. Todas as vezes que fizermos algo de bom, não pense em você, pense em Deus, pois Jesus mesmo disse: todas as vezes que vocês deixaram de ajudar uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar."  Encorajamos diante dos desafios de sempre procurar fazer o bem, para que na presença de Deus a justiça seja feita. Amém!
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"O REI DOS REIS"
Diac. José da Cruz
O filme era em preto e branco, e o cinema era o saudoso Club Atlético Votorantim da minha cidade,   olhos brilhavam quando meu pai nos dava uns trocados no domingo de páscoa, e me dizia “tome, vá assistir o “Rei dos reis”.    O Tarzan e o Zorro, ou o mocinho dos filmes de Cowboy, eram nossos heróis que sempre se saiam bem sobre os bandidos, a gente brincava depois, tentando reproduzir o que tínhamos visto na tela mágica do cinema, e todos queriam ser os heróis vencedores. Então, o Rei dos reis, na certa contava a história de um rei poderoso e vencedor, contudo, o final do filme acabara com o meu entusiasmo, o tal Rei dos Judeus – Jesus de Nazaré – sofrera uma derrota humilhante e vergonhosa, sendo torturado pelos seus algozes até na hora da morte, além do mais nascera pobre em um estábulo, trabalhara com o pai em uma carpintaria, andava a pé e não em fogosos cavalos com sua guarda pessoal como faziam os grandes reis, e o pior, andava com pessoas de baixo nível, ladrões, prostitutas, pecadores, coisa nada recomendável para um rei. E no meu pensar de menino, comparado aos heróis da tela, o filme fora uma decepção.
Não dava nem para brincar de “Rei dos reis” com a minha turma, pois, como cantava Raul Seixas, eu também morria de medo de ser pendurado numa cruz. Era um filme onde, contrariando os demais, a força do mal havia vencido! Todos os anos eu ia assistir, na esperança de que houvesse perdido uma parte do filme, quem sabe a fita não tinha arrebentado, como às vezes ocorria com outros filmes, ocasião em que a platéia soltava uma calorosa vaia, vai ver que faltava um pedaço do filme, e assim eu alimentava a esperança de que Jesus de Nazaré saíra-se vitorioso diante dos seus torturadores e poderosos que o haviam condenado.
Minha mãe era muito fervorosa em suas orações e práticas religiosas, um belo dia expus-lhe minha dúvida, se Jesus era ou não um vencedor, e se ele realmente ressuscitara  após aquela morte horrível na cruz, onde afinal havia se enfiado, que ninguém o via. Minha mãe sorriu, disse-me que com o decorrer do tempo eu iria entender, desde que continuasse a ir à igreja, escutar a santa palavra e a receber a Eucaristia. Achei que a minha mãe tinha algum segredo sobre Jesus que não queria me contar.
Comecei a segui-la sem que ela soubesse, um domingo a tarde foi ao hospital Santo Antonio, visitar uma amiga internada, levou duas maçãs, e já no quarto, abraçou e a beijou, dizendo-lhe palavras de conforto e esperança. Na outra semana pediu a meu pai para entregar ao soldado Ranieri, uma marmita cheia de comida e pedaços de frango, para ele levar para o Chiquinho, que estava preso por bebedeira, e que não tinha mais família. Em outro dia, acolheu em nossa casa, com a permissão do meu pai, um andante (eu morria de medo de andante) ele tinha uma barba grande e estava mau vestido, meu pai lhe cedeu uma calça e uma camisa limpa, um sapato usado para seus pés descalços, ele sentou-se na mesa e almoçou com muito apetite, igual os cachorros famintos que a gente alimentava na calçada.
E em minha última espionagem, notei que ela ficara quase uma semana ajudando a cuidar de uma criança enferma, que vivia com o avô, carregando a menininha pobrezinha uns três dias, prá cima e prá baixo, levando-a na farmácia e no Posto de Atendimento. Percorria as casas rezando o terço nos meses de maio e outubro, e preferia sempre as mais pobres, para alegria das pessoas simples, que saudavam Nossa Senhora das Graças, com muita festa. Meu coração se questionava cada vez mais, onde estava o Rei dos reis, triunfante? Qual a relação desse Reino do Bem, com aquelas atitudes de minha mãe?
Lembro-me que já andava nos meus 14 anos e falava em ir para o seminário, certa tarde o Vico, marido da Nhá Jandira caiu em frente a nossa casa, esfolando o rosto na calçada, sangrando muito, sendo que meu irmão o recolheu para dentro de casa e ela, limpando o ferimento fez um curativo, lavando o rosto ferido daquele homem, e foi quando então uma luz brilhou dentro de mim, assim que ela foi para a cozinha corri atrás “Descobri mãe, descobri onde está o Jesus vencedor do mal!”. Enxugando as mãos no velho avental, ela indagou-me para que falasse logo, pois ainda tinha de preparar a janta para nós. “Ele está escondido em todas essas pessoas que Senhora ajuda, eu andei espionando tudo o que a senhora fez.”
Minha mãe sorriu, e disse-me que era mesmo verdade, que um dia o Padre Antonio explicara para o povo, o que Mateus havia escrito em seu evangelho (nos anos 60 a gente não tinha acesso a Bíblia) que em todas as pessoas que sofriam alguma dor, física ou moral, Jesus estava presente e precisava ser tratado bem, com carinho, amor e ternura. E assim desvendei o mistério de Cristo Rei, o seu reino alicerçado no amor, na justiça, na igualdade entre as pessoas é eterno, e jamais as forças do mal irão prevalecer contra ele.
É este o único critério que o evangelho desse penúltimo domingo do ano litúrgico nos coloca, para entrarmos na comunhão plena com Deus na Vida Eterna, crer na vitória da cruz, no Cristo Ressuscitado, que quer ser amado nos pobres, enfermos, idoso, crianças, encarcerados, prostituídos, nos famintos, e nos que estão nus, porque já perdeu toda sua dignidade.    Há algo que nunca contei à minha mãe, e que guardei só para mim: É que na caminhada para o calvário, havia poucas pessoas que acreditavam em seu poder e realeza, Verônica, a que enxugou o seu rosto ferido, era uma delas, e quando vi minha mãe limpar o rosto ferido daquele Homem alcoolizado, que caíra em frente a nossa casa, eu me lembrei do filme, desvendando o grande mistério “tive sede e me destes de beber, tive fome e me destes de comer, estava nu e me vestistes, preso e enfermo, e fostes me visitar”.
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Domingo,  20/11/2011
Mt 25,31-46

Perdoai e sereis perdoados. - Padre Queiroz

Neste Evangelho, Jesus nos pede para sermos misericordiosos. E explica o que isso significa: Não julgar ninguém, não condenar ninguém, perdoar a todos que nos ofendem e partilhar os nossos bens com os que precisam.
O exemplo ou modelo que ele nos apresenta é o próprio Deus Pai, que nos perdoa, nos ajuda e é misericordioso conosco.
Misericórdia é a compaixão suscitada pela miséria alheia. Vem do latim: “mittere + cor” = Jogar o coração. Misericórdia é mais que simples sentimento de compaixão. É a compaixão levada à ação; é fazer alguma coisa para ajudar a pessoa da qual sentimos compaixão.
A pessoa misericordiosa “tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Sempre descobre o lado bom das pessoas. Afinal, todos nós, mesmo os maiores criminosos, no fundo, somos bons, pois fomos criados por Deus e ele só faz coisas boas.
No catecismo, as crianças decoram as catorze obras de misericórdia, sete corporais e sete espirituais. As corporais são: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar abrigo aos peregrinos, visitar os doentes e encarcerados, libertar os escravizados e sepultar os mortos. Elas seguem, quase literalmente, Mt 25,31-46, onde Jesus nos diz o que vai cobrar de nós no Juízo Final. Portanto, se trata de coisa séria, pois está em jogo a nossa salvação.
As espirituais são: dar bom conselho, ensinar os que não sabem, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar as fraquezas do próximo e orar pelos vivos e falecidos.
A pessoa misericordiosa tem um amor compreensivo. É muito comum essas pessoas usarem a expressão: “Coitado!”
“Perdoai e sereis perdoados.” É o que rezamos no Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Todos nós somos pecadores e temos dívidas com Deus. Só entraremos no céu se ele nos perdoar. Acontece que o perdão de Deus a nós é do tamanho do nosso perdão aos nossos irmãos.
O perdão faz feliz não só quem é perdoado, mas também quem perdoa. Quanto mais reconhecemos que somos pecadores, mais sentimos a necessidade de perdoar os outros, a fim de sermos também perdoados por Deus. Temos dois caminhos: ou abrimos o nosso coração à generosidade e à misericórdia, ou nos fechamos na nossa própria mesquinhez e intransigência.
“Dai e vos será dado. Uma medida calcada, sacudida e transbordante será colocada no vosso colo.” Jesus usa como comparação a medida de grãos, usada nos armazéns antigos. Por exemplo, se uma pessoa queria comprar cinco litros de feijão, o balconista enchia a vasilha de cinco litros, depois sacudia (abaixava um pouco), socava (abaixava mais), em seguida punha mais feijão até derramar. Isso é generosidade! É assim que Deus faz para recompensar as nossas obras de misericórdia.
Jesus, quando estava na cruz, deu-nos um belo exemplo de amor misericordioso, quando rezou: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem!” Também quando disse ao bom ladrão: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Que exemplo para nós!
Não temos outra opção: ou aceitamos os outros com as suas limitações humanas, ou nos fechamos na nossa pequenez e egoísmo. Está aí uma grande oportunidade de conversão nesta quaresma.
E não vale o “perdôo mas não esqueço”, porque seria perdão pela metade. Se a fraqueza cometida por nosso irmão chegar à nossa memória, que seja rebatida com a virtude da misericórdia.
Sobre a Campanha da Fraternidade – economia e vida – lembramos que justiça não é “dar a cada um o que lhe pertence” ou “pagar pelo trabalho que fez”, mas é dar a cada um o necessário para viver dignamente. Que os bens que vêm de Deus sejam distribuídos para todos os seus filhos e filhas, sem excluir ninguém. Economia significa, literalmente, administração da casa. Que esta grande casa de Deus, o planeta terra, seja bem administrado, colocando a vida em primeiro lugar. Há cidades que estão usando, em vez do conhecido saquinho de supermercado, sacolas de papel, que são biodegradáveis e não poluem a natureza. Que a economia esteja a serviço da vida, não o contrário, a vida a serviço da economia.

Havia, certa vez, um operário de construção que todos os dias comia a mesma coisa: sanduíche de queijo. Os outros operários esperavam com alegria o toque da sirene para o almoço, quando se dirigiam ao galpão, onde haviam guardado suas refeições. Uns esquentavam, outros não. Quase sempre feijão, arroz e um pedaço de carne. Todos comiam com visível prazer. Mas aquele trabalhador comia seu sanduíche de queijo reclamando. Todos os dias ele dizia: “Detesto sanduíche de queijo”. Comia silenciosamente e no final amassava o papel, jogava-o no lixo e repetia a ladainha: “Detesto sanduíche de queijo”.
Um dia, um dos colegas sugeriu: “Por que você não pede a sua esposa que faça um sanduíche diferente?” Ele respondeu: “Quem disse que é a minha esposa quem prepara o sanduíche? Sou eu mesmo que o preparo”.
Já pensou? Cada um colhe aquilo que planta; cada um come o sanduíche que preparou. À semelhança desse caso, muitas vezes as nossas desavenças nascem de nós mesmos. Somos nós que fazemos uma imagem do outro, que não corresponde à realidade. Depois começamos a nos desentender com o próximo, baseados numa imagem dele que nós mesmos criamos.
Maria Santíssima, no Magnificat, cantou a misericórdia de Deus: “A sua misericórdia de estende de geração em geração”. “Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve!”
Perdoai e sereis perdoados.
Padre Queiroz
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Neste último Domingo do Ano Litúrgico, a Igreja nos apresenta Jesus Cristo como Rei do universo. O Evangelho no-lo mostra cercado de anjos, sentado num trono de glória para o julgamento final da história e da humanidade. Ele é Rei-Juiz, é o critério da verdade e da mentira, do bem e do mal, da vida e da morte. Por mais que a humanidade queira fazer a verdade do seu modo, por mais que distorça o bem em mal e o mal em bem e procure a vida onde não há vida verdadeira, vida plena, uma coisa é certa: somente em Jesus Cristo tudo aparecerá, um dia, na sua justa realidade, na sua inapelável verdade. Nós cremos com toda firmeza que a criação toda, a história toda e a vida de cada um de nós caminham para o Cristo e por ele serão passadas a limpo, nele serão julgadas! Ele é Rei-Juiz: ao final “todas as coisas estarão submetidas a ele”. Fora dele não haverá salvação, nem esperança nem vida. Ele é a Vida!
Mas, se Cristo Jesus é nosso Rei-Juiz, isto se deve ao fato de ser primeiramente nosso Rei-Pastor, aquele que dá a vida pelas ovelhas. Ele é “o que foi imolado”, o mesmo que, com ânsia e cuidado, procura suas ovelhas dispersas, toma conta do rebanho, cuida da ovelha doente e vigia e vela em favor da ovelha gorda e forte. Eis o nosso juiz, eis o juiz da humanidade: aquele ferido de amor por nós, aquele que por nós deu a vida, aquele que se fez um de nós, colocando-se no nosso meio! 
Atualmente, a nossa civilização ocidental perdeu quase que de modo total a consciência da realeza de Cristo. Dizem hoje, cheios de orgulho, os sábios da sabedoria do mundo: "O homem é rei!" Gritam: “Não queremos que esse Jesus reine sobre nós! Não queremos que nos diga o que fazer, como viver; não aceitamos limites do certo e do errado, do bem e do mal, do moral e do imoral... a não ser os nossos próprios limites. E, para nós, não há limites!” Eis o pecado original, a arrogância fundamental da humanidade atual. Nunca fomos tão prepotentes quanto agora; nunca tão iludidos e enganados como atualmente! 
E, no entanto, Cristo é Rei, o único Rei verdadeiro, cujo Reino jamais passará. Mas esse Rei nos escandaliza também a nós, cristãos. É que ele não é um rei mundano, estribado na vã demonstração de poder, de glória, de imposição. Não! Ele é o Rei-Pastor que se fez Rei-Cordeiro manso e humilde imolado por nós. Por isso “é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele o poder pelos séculos”. A grandeza e o poder do Senhor neste mundo não se manifestarão na grandeza, mas nas coisas pequenas, na fragilidade do amor, daquele amor que na cruz apareceu como capaz de entregar a vida pelos irmãos. Gostaríamos de um Cristo-Rei na medida das nossas vãs grandezas... Gostaríamos de uma Igreja forte, aplaudida, elogiada, reverenciada. Mas, não! A Igreja, continuadora na história do mistério salvífico de Cristo, tem de participar do escândalo do seu Senhor, de pobreza do seu Senhor. E, então, neste Cristo-Rei de 2006, vemo-la humilhada e manchada por tantos escândalos. Pobre Mãe católica! Não merecia isso de seus filhos, de seus ministros, de seus pastores! Mas, faz parte das dores do Reino do Senhor! Faz parte do mistério do Reino a pobreza de Cristo, a mansidão de Cristo, a derrota de Cristo na cruz, o silêncio de Cristo, a morte de Cristo. E tudo isso tem que estar presente também na vida da Igreja e na nossa vida! Como nos exorta São Paulo: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos. Fiel é esta palavra: Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos” (2Tm. 2,8.11).
Eis, pois, caríssimos no Senhor. Celebremos hoje a Realeza de Cristo, dispondo-nos a participar da sua cruz. Na Igreja, no Reino de Deus, reinar é servir. Sirvamos, com Cristo, como Cristo e por amor de Cristo! No Evangelho desta Solenidade, o critério para participar do Reinado do Senhor Jesus é tê-lo servido nos irmãos: no pobre, no despido, no doente, no prisioneiro, no fraco. Que Reino, o de Cristo! Manifesta-se nas coisas pequenas, nas pequenas sementes, nos pequenos gestos, no amor dado e recebido com pureza cada dia. 
Na verdade, segundo os Santos Padres da Igreja, o Reino de Cristo, o Reino que ele entregará ao Pai, somos nós; nós, que fizemos como ele fez, lavando os pés do mundo e servindo ao mundo a única coisa que realmente compensa: a amor de Cristo, a verdade de Cristo, o Evangelho de Cristo, o exemplo de Cristo, a salvação de Cristo, a vida de Cristo... para que o mundo participe eternamente do Reino de Cristo! 
Caríssimos no Senhor, despojemo-nos de todo pensamento mundano sobre reis, reinos e coroas. Fixemos nosso olhar no trono da cruz, naquele que ali se encontra despido e coroado de espinhos. Aprendamos com admiração, estupor e gratidão que nossa mais gloriosa herança neste mundo é participar do seu reinado, levando a humanidade a descobrir quão diferentes dos nossos são os critérios de Deus. Quando aprendermos isso, quando a humanidade aprender isso, o Reino entrará no mundo e o mundo entrará no Reino, Reino de Cristo, "Reino de verdade e de vida, Reino de santidade e de graça, Reino da justiça, do amor e da paz".
dom Henrique Soares da Costa
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"O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade,
a sabedoria, a força e a honra. A Ele glória e poder através dos séculos".
Chegamos com a solenidade de Jesus Cristo rei do universo, que celebramos hoje, ao encerramento do ano litúrgico, dedicado à reflexão do Evangelho de Mateus.
A festa de hoje tem um sentido eminentemente militante: o Reino de Cristo na terra. A liturgia realça o caráter transcendente e escatológico do reinado e Senhorio de Cristo, que encarna ao mesmo tempo a figura de Pastor (Rei messiânico) e de Juiz (Filho do Homem que morreu na cruz pela remissão de todos os pecados da humanidade), anunciando a todos o Juízo e a Paz.
A festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do universo foi instituída no ano santo de 1925, pelo papa Pio XI, em comemoração aos 16º centenário de proclamação conciliar do dogma da consubstancialidade de Jesus Cristo ao Pai, ou seja, que Ele é consubstancial ao Pai, verdade legada pelo concílio de Nicéia.
Cristo, como “primogênito de todas as criaturas” (Cl. 1,15), é o rei e centro de todo o universo, que tem como coroa a multidão dos santos e nos convida a segui-Lo com entusiasmo e com unção, por ser “Soberano bendito, Rei dos reis, Senhor dos senhores” (1Tm. 6,15).
A festa deste domingo, portanto, nos leva a refletir sobre a convergência para Jesus Cristo. A convergência de todas as criaturas da terra e do céu, ainda que seja preciso ter presente que esta convergência é fruto de uma intensa atividade das criaturas, como as “obras de misericórdia”.
O pastor é a imagem para indicar os reis e sacerdotes de Israel: o proprietário do rebanho é o Pai mesmo. Os pastores de Israel não serviram; por isso veio o dia da catástrofe – destruição de Jerusalém em 587 a.C. O proprietário mesmo conduzirá agora o seu rebanho: Javé reconduzirá o povo disperso e cuidará especialmente das ovelhas desprotegidas, das ovelhas mais fracas. O Pastor fará justiça dentro do Rebanho, entre as ovelhas fracas e as ovelhas fortes. Ele será o Juiz que fará justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes, como nos ensina a primeira leitura (Ez. 34,11-12.15-17).
Hoje celebramos a plenitude do Reino de Deus, Reino de Cristo, que é o Senhor e Juiz dos vivos e dos mortos, dos santos e dos pecadores. Reino de homens e mulheres que, pela dignidade de Cristo, são elevados à condição divina e ressuscitados como a mais bela, incorruptível, incontaminada e imarcescível existência no céu.
Jesus hoje, no Santo Evangelho (cf. Mt. 25,31-46), fala da dialética do amor-caridade como o ideário básico da vida cristã, como uma cartilha a ser seguida e vivenciada com grande e renovado entusiasmo pastoral e evangelizador.
A lei do amor e da caridade é a lei do julgamento final, da parusia.  Quem tem caridade e amor será digno de transpor os umbrais do Paraíso. O próprio Senhor nos pede que sejamos amorosos e caridosos, porque teremos a recompensa no céu: “Faze isto e viverás” (Lc. 10,28).
Se Jesus Cristo é o Rei do Universo, todos nós somos convidados a participar deste Reinado. Com isso, todos nós devemos aspirar ao céu e procurar aqui e agora preparar alcançar esta realidade, porque todos os homens são co-herdeiros de Cristo e, tendo os mesmos sentimentos de Cristo, contando com a graça de Deus, todos nós seremos admitidos no Reino das Bem-aventuranças, relembrando a parábola dos talentos de domingo passado: “Vem participar da minha alegria!”.
Jesus se auto-intitula Filho do Homem. Aqui reside a profecia desta Liturgia que nos chama a atenção: Deus, com poder e majestade, implantou a justiça e a santidade entre os homens. Jesus, depois no Evangelho, se auto intitula Rei. Isso tudo para dizer que o Filho do Homem, que é nosso Rei, nos admitirá no Reino dos céus, depois do julgamento, que é o juízo.
Esse julgamento não se o imagina com os olhos humanos, pois será com os critérios de Deus: cada qual será julgado em conformidade com as boas obras que praticou e será condenado em conformidade com as más obras que espalhou. Tudo na sua medida correta, dentro da justiça e da santidade.
Na cultura rural do tempo de Jesus, o Evangelho apresenta a figura da separação entre os cabritos e as ovelhas. Isso porque, no final do dia, o pastor separava as ovelhas dos cabritos; estes sentiam mais frio e precisavam ser mais protegidos. Jesus faz uma releitura desta figura: as ovelhas são aqueles que fazem as boas obras e os cabritos, apesar da proteção, são aqueles que andam pelos descaminhos do mal.
A hora da morte e do juízo é comparada ao declinar do dia. Jesus virá pessoalmente, revestido de honra e poder real, como único Senhor da história e Juiz do mundo, devendo julgar a todos com misericórdia e mansidão, os pesos de sua medida, de conformidade com as boas e as más obras praticadas em vida.
Tudo isso nos leva a refletir, a propósito, sobre a convocação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que é a convocação de Jesus: uma íntima ligação com o irmão sofredor, com aquele que passa fome e sede, com aquele que é excluído, com aquele que precisa ser acolhido e amado.
Foi lançado pela CNBB o “Mutirão de superação da fome e da miséria”, que já está sendo trabalhado pelas comunidades católicas do Brasil. Acolher ao pobre e sofredor e lhe dar dignidade, convidando-o a participar do banquete das núpcias do Cordeiro, é a proposta do episcopado brasileiro, na plenitude do amor-caridade.
O importante não é ter somente as mãos limpas, como a ausência do pecado, com a vivência rigorosa da lei mosaica. O importante é ter a mão cheia de misericórdia e de obras de caridade, na vivência fraterna da lei de Cristo. O Evangelho de hoje é destinado pelos méritos de Jesus e a colaboração nossa garante, portanto, que o Reino de Deus só se conquista pela prática de boas obras, nascidas da fé.
A bondade gratuita e pura revela-se quando nos dedicamos aos que não podem retribuir. É na doação ao “último dos homens”, ao pobre, ao marginalizado, ao abandonado, que damos prova de uma misericórdia laivos do mesmo sentimento divino.
Viver, segundo a liturgia de hoje, é assumir a causa dos que mais precisam. Deus mesmo fez assim e este é o critério da participação garantida no senhorio de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois se somos “imitadores” dEle é provável que, desde já, teremos forças para chegarmos a uma eternidade com Ele.
Jesus Cristo, pela segunda leitura (cf. 1Cor. 15,20-26.28), venceu a todos os inimigos e especialmente a morte, com a sua ressurreição ao terceiro dia. Jesus submeteu tudo ao Pai e também como Rei Messiânico, de todo o Universo. Não um rei triunfalista, mas um Rei amor e de caridade que nos convida à conversão e à mudança de vida. Se Cristo, Rei do Universo, venceu o pecado e a morte para nos salvar, todos somos convidados a vencer o pecado e ascender à graça de Cristo, levando como meta de vida para o amor e a caridade.
São Paulo descreve a vitória universal de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a morte. Esta vitória é a prova cabal do senhorio de Cristo, de sua realeza universal. Mas esta não é a sua: é do Pai. O Filho Jesus em tudo o que fez, entregará seu Reino ao Pai, uma vez que estará arrematado: Quando não mais existir o pecado e a morte. Então, Deus será tudo em todos e em todas as coisas.
Ubi caritas era amor, Deus ibi est”, canta a liturgia na quinta-feira santa. “Onde há amor e caridade, Deus aí está”. São João nos questiona: “Como pode alguém amar a Deus, a quem não vê, se não ama o seu próximo, a quem vês?” (Jo 4,20). Amando o próximo, amamos a Deus, pois onde há amor e caridade, Cristo viverá.
Vivamos a plenitude desse amor. Desta forma, estamos efetivando o reinado social de nosso Senhor Jesus Cristo neste mundo, até o dia de seu retorno glorioso.
padre Wagner Augusto Portugal
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Opção preferencial pelas pessoas excluídas
O tema central enfocado neste dia em que homenageamos a Jesus Cristo como Rei do Universo é o cuidado preferencial com as pessoas necessitadas. Na I leitura, pela boca do profeta Ezequiel, Deus se revela como o Rei-Pastor que vai ao encontro das ovelhas que se dispersaram por causa da negligência dos maus pastores, os líderes do povo. Ele as recolhe sob o seu cuidado direto. Dispensará a cada uma o tratamento necessário para a sua cura e integridade. O Evangelho de Mateus apresenta a parábola do julgamento final. Jesus identifica-se com as diversas categorias de pessoas sofredoras. O amor a Jesus é sinônimo de amor a cada pessoa em situação de necessidade. É condição para passar no teste do juízo final... Na II leitura, são Paulo proclama aos cristãos de Corinto a fé na ressurreição, tendo Cristo como primícia. Nele, todos receberão a vida. Por Cristo todos os poderes de morte serão destruídos, até que “Deus seja tudo em todos”. São indicações importantes para nós, hoje, chamados a viver da maneira digna do evangelho, ligando a fé com o compromisso social.
1ª leitura (Ez 34,11-12.15-17)
Eu mesmo cuidarei do meu rebanho
A vocação profética de Ezequiel nasceu em pleno exílio da Babilônia (século VI a.C.). Sua profecia suscita esperança aos exilados, na certeza da volta para a terra prometida de onde foram arrancados. O exílio é analisado teologicamente como resultado da infidelidade de Israel à aliança com Deus. A transgressão se dá, especialmente, pelo comportamento negligente das lideranças, conforme podemos constatar pelas denúncias contidas em Ez. 34. Aqueles que deveriam ser os cuidadores do povo tornaram-se pastores de si próprios e abandonaram as ovelhas. Agora elas estão dispersas, longe de seu aprisco, à mercê dos aproveitadores estrangeiros. Nessa situação lamentável, Deus intervém de modo a prescindir da mediação das lideranças. É o que enfatiza o texto da liturgia deste domingo.
A caracterização de Deus como o verdadeiro Pastor é comum em vários outros textos do Primeiro Testamento. Por exemplo, rezamos e cantamos frequentemente o salmo 23(22). Com base na situação cultural da Palestina, onde o pastoreio é atividade cotidiana, os autores bíblicos extraem lições teológicas de especial significado para a fé judaico-cristã.
As pessoas empobrecidas depositam total confiança em Deus. Humilhadas e desprezadas por causa de sua condição social, entregam-se nas mãos daquele que as pode salvar. Desde a origem do povo de Israel, Deus revela-se como o “padrinho” dos abandonados. No contexto do exílio da Babilônia, ele vê a aflição do povo disperso, acolhe o seu grito e intervém para libertá-lo. Os verbos indicam a maneira como age o Bom Pastor: “Cuidarei do meu rebanho, dele me ocuparei, recolherei de todos os lugares, lhe darei repouso, buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a desgarrada, curarei a fraturada, restaurarei a abatida... Eu as apascentarei com justiça”.
Deus julga e age corretamente. Sabe perfeitamente discernir entre ovelhas e ovelhas, entre bodes e carneiros. Não tolera a exploração nem a dominação de uns sobre os outros. Todo o seu rebanho tem o mesmo direito às condições para uma vida digna e saudável. Deus se põe a serviço do povo sofredor: é o que também Jesus vai fazer, bem como deverão fazer os seus seguidores.
Evangelho (Mt. 25,31-46)
O amor que salva
O capítulo 25 de Mateus é formado por três parábolas cujo tema central é a vigilância: a das dez virgens, a dos talentos e a do julgamento final. As três descrevem as atitudes de prudência ou de insensatez com relação à espera da vinda do Senhor. Nesta última parábola, novamente, o cotidiano dos pastores da Palestina serve de fonte de inspiração.
Jesus, o Filho do homem, veio para salvar a todos os povos. Sua prática histórica indicou o verdadeiro caminho da salvação: fez-se servo de todos, dedicando-se prioritariamente às pessoas excluídas. Na concepção da comunidade cristã de Mateus, ele voltará como governante, de modo glorioso, para o estabelecimento definitivo do reino de Deus. Todas as nações reunir-se-ão ao seu redor. Como verdadeiro Pastor, julgará com justiça. Os critérios de julgamento não serão a pertença a determinado povo (como pensava o judaísmo oficial), nem a esta ou aquela tradição religiosa, nem o cumprimento de todas as leis. Há uma só lei determinante, o amor às pessoas que sofrem necessidades: famintas, sedentas, forasteiras (migrantes), nuas, doentes e presas.
De acordo com o sistema sacerdotal da época, todos esses grupos faziam parte da categoria das pessoas impuras, que traziam o estigma da condenação divina. No entanto, Jesus conhecia muito bem as causas da exclusão social e jamais iria conceber a ideia de castigo divino. Pelo contrário, apresentou o verdadeiro rosto de Deus por meio de seu jeito terno e misericordioso de relacionar-se com as vítimas dos sistemas político e religioso.
A parábola também questiona: “Onde está Deus?” A idéia dominante é que Deus se encontra no templo de Jerusalém. No tempo em que Mateus escreve (pelo ano 85), o templo já não existe: fora destruído pelo exército romano no ano 70. Agora, para os rabinos, Deus está nas sinagogas e naqueles que cumpriam a Lei e, por isso, eram chamados de “justos”. Na parábola, as pessoas justas não são as que cumprem a Lei, e sim as que partilham o pão com os famintos, vestem os nus, acolhem os forasteiros, visitam os doentes e os presos...
Percebemos, então, que a justiça se confunde com a prática do amor ao próximo. Do mesmo modo, Deus e a pessoa necessitada estão em íntima relação: “O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”. Nem o templo, nem a sinagoga, nem a Lei são “lugares” privilegiados de encontro com Deus, e sim os “pequeninos”. Temos a possibilidade de escolher o caminho de salvação ou de condenação. O reino de Deus é amor, paz, justiça e fraternidade. Nele não há lugar para o egoísmo.
2ª leitura (1Cor. 15,20-26.28)
Em Cristo todos receberão a vida
Paulo, no capítulo 15 da primeira carta aos Coríntios, dedica-se a refletir sobre a verdade da ressurreição, o fundamento da fé cristã. Ele parte da ressurreição de Cristo, fato que vai além de qualquer dúvida. Assim como a morte entrou no mundo por meio da transgressão de Adão, a ressurreição nos é dada pela fidelidade de Cristo. Sofremos as consequências do pecado, mas em Cristo recebemos a graça salvadora. Nele a vida foi definitivamente resgatada. Ele tomou sobre si a nossa natureza humana pecadora e nos redimiu.
A história da salvação continua até a parusia. O pecado com suas consequências serão definitivamente destruídos. Todas as coisas serão submetidas a Jesus e ao Pai. Então “Deus será tudo em todos”. A redenção, portanto, é graça divina para toda a humanidade e para toda a criação. De fato, formamos uma fraternidade cósmica.
A convicção de fé na ressurreição, bem como a certeza da graça redentora de Jesus Cristo, dá novo colorido aos nossos pensamentos, palavras e ações. Podemos entrar na dinâmica do Espírito e nos deixar transformar segundo a imagem de Cristo. Podemos viver cada momento na perspectiva da vida eterna e nos relacionar de modo fraterno com todas as pessoas e com todas as criaturas.
Pistas para reflexão
- Deus é o Bom Pastor que cuida de cada um de nós. O profeta Ezequiel, no meio do povo exilado, suscitou um movimento de esperança e de confiança em Deus. O povo disperso não precisa cair no desespero, pois, sempre que alguém se encontra em situação de sofrimento, Deus intervém de maneira especial. Ele é o governante justo que zela pela vida e pela integridade de cada ser humano. Garante comida, saúde e paz para todos. É o Pastor que busca as ovelhas desgarradas e orienta as que estão sem rumo, trazendo-as para junto de si... Em quem depositamos nossa esperança hoje? Existem ovelhas desgarradas em nossa comunidade? E o que fazemos para zelar pela vida uns dos outros?
- A pessoa necessitada: lugar privilegiado de encontro com Deus. O Evangelho de Mateus fala do julgamento final. Jesus, rei do universo, age com justiça. Identifica-se com as pessoas excluídas. O amor concreto aos que sofrem é o caminho garantido de encontro com Deus e de salvação eterna. Todas as pessoas, de todas as religiões e culturas, podem escolher o caminho do amor, dedicando-se à promoção da vida digna sem exclusão. Em nossos dias, há muitos rostos de pessoas sofredoras. Podemos listá-los de acordo com a realidade de cada comunidade... (Podemos também conferir o Documento de Aparecida, n. 65.)
- Viver na perspectiva da vida eterna. Fomos redimidos por Jesus. Com ele ressuscitaremos. O pecado e a morte são vencidos em Cristo. Desde já, podemos viver de tal maneira que “Deus seja tudo em todos”. Como será o cotidiano de uma pessoa que vive essa convicção de fé?
Celso Loraschi
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Nosso senhor, rei do universo
Estamos começando a última semana do ano da vida da Igreja. No próximo domingo já estaremos com os olhares voltados para a solenidade do Menino das Palhas que é o Deus que se torna nosso irmão. Começaremos a refletir, novamente, sobre os mistérios ligados ao adorável Senhor Jesus. Tudo começa de novo.
Antes que as montanhas existissem, antes que os espaços siderais viessem ao lume, antes que a inteligência perscrutadora do homem penetrasse o universo inteiro, o Deus grande e belo, bom e  transbordando de amor quis viver conosco. E em vista de sua vinda à terra dos homens o Deus grande belo criou tudo: os espaços siderais, as flores dos campos, as águas das fontes, os seres humanos todos e quando chegou à plenitude dos tempos quis viver entre nós em seu Filho feito carne, em Jesus, nascido de mulher.  O primeiro homem na intenção de Deus não foi Adão, mas esse Jesus, que seria o rei do universo.
O rei nasce quase incógnito num canto do Oriente. Leva durante trinta anos uma vida banal e normal. Nada escreve. Não tem poder, nem aparato.  Vive como um andarilho. Não tem nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça. Admira os lírios dos campos e contempla os pássaros do céus, conta histórias de sabedoria num grande número de parábolas, mostra-se muito íntimo do Pai e diz palavras que não podem sair apenas dos lábios de homens, palavras de vida eterna.  Olha no fundo dos olhos de pescadores e pecadores, de publicanos e de pobres mulheres e muda-lhes a vida. É objeto de apreço e desprezo.  Levantam-se forças religiosas contra ele. E aos poucos ele vai se dando conta que não terá escapatória. Precisará enfrentar a morte do servo de Javé. Com sua fala, seus gestos, suas posturas ele foi levando todos e tudo a seu Pai e  o coroamento de todos os seus gestos se deu no alto da cruz, como rei desprezado, com coroa de espinhos e vestido do manto de seu sangue. Passou da morte para a vida e assim  se tornou  o rei e centro do universo. Os cristãos o consideram como seu rei coberto do manto vermelho da irrisão  e sentado no trono do madeiro da cruz.
O evangelho de Mateus nos lembra que o Rei, no final dos tempos, separará as ovelhas dos cabritos. Serviram ao Cristo rei os que tiverem se ocupado dos menores da face da terra. O rei quer ser servido nos mais indigentes.
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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Cristo Rei e Juiz
Quando foi instituída, a festa de Cristo Rei tinha um nítido caráter militante: celebrava o Reino de Cristo na terra (cf. a espiritualidade da Ação Católica). A renovação litúrgica fez desta festa o encerramento do ano litúrgico, acentuando mais o caráter transcendente e escatológico do reinado de Cristo, ao mesmo tempo rei messiânico (Pastor) e Filho do Homem (Juiz), trazendo a paz e o juízo.
O cerne desta liturgia é a parábola do Último Juízo (Mt 25,31-46), em que Cristo aparece como juiz escatológico, Filho do Homem, pastor messiânico e rei do universo (evangelho). Tal amontoado de imagens numa só parábola não é comum, porém explica-se a partir do fundo veterotestamentário: a imagem do pastor em Ez 34(1ª leitura). Aí aparece Deus como Pastor escatológico (já que os pastores temporários, os reis de Israel, não prestam), para tomar conta do rebanho, cuidar das ovelhas enfermas e pronunciar o juízo entre ovelhas e bodes. O texto completo de Ez. 34 (não lido na liturgia) traz ainda outros elementos que permitem compreender melhor a parábola do Último Juízo. Deus fará justiça entre ovelhas gordas e ovelhas magras (protetor dos fracos). Enfim, segundo Ez 34,23s, não é Deus pessoalmente, mas o Rei davídico messiânico que executará essas tarefas.
A parábola de Jesus explica o critério do juízo final: as obras de solidariedade, feitas ou deixadas de fazer aos pobres, são que decidem da participação ou não-participação do Reino. Este critério não é expressamente “religioso”, relacionado com Deus como tal: os justos não sabem que os pobres representavam o Rei, eles não praticaram a misericórdia para impressionar o Rei, mas por pura bondade e compaixão para com o necessitado. Essa despretensiosa bondade, inconsciente de si mesma, e o critério para separar “ovelhas e bodes”, pessoas de entranhado amor e pessoas de mera força.
Ora, olhando para a 1ª leitura, notamos que essa compaixão gratuita, que é o critério do Reino, e, no fundo uma imitação daquilo que Deus mesmo faz. Assumindo a causa dos fracos - dos famintos, desnudos, presos etc. – mostramo-nos filhos de Deus, “benditos do Pai” (Mt. 25,34). A tradição judaica atribui a Deus mesmo as obras que são aqui elencadas. De modo que podemos dizer: o Último Juízo será a confirmação definitiva da nossa participação na obra divina, desde já. Pois ser bom gratuitamente é o próprio ser de Deus: amor, misericórdia.
A bondade gratuita e pura revela-se quando a gente se dedica aos que não podem retribuir. É na doação ao “último dos homens”, o pobre, o marginalizado, o abandonado, que a gente dá prova de uma misericórdia de tipo divino. Viver deve ser: assumir a causa dos que mais precisam. Deus mesmo faz assim. Este é o critério da eterna participação no senhorio de Deus e Jesus Cristo, seu filho predileto. Se somos “imitadores” de Deus já agora, podemos “agüentar” uma eternidade com ele (cf. oração final).
A 2ª leitura descreve a total vitória de Cristo sobre todos os inimigos, inclusive a morte. Restaura assim a criação toda, pois, assim como com o primeiro Adão entrou a morte na vida, no novo Adão é vitoriosa a ressurreição. Mas esta vitória não pertence a Jesus como propriedade particular. Tendo submetido tudo a si, ele o submeterá ao Pai, para que Deus seja tudo em todas as coisas, e seja abolido o que é incompatível com Deus. Cristo aparece, assim, não apenas como rei messiânico, mas cósmico e universal. Porém, não um rei triunfalista, pois seu Reino é baseado no dom de si mesmo. É o Reino do “Cordeiro” morto e ressuscitado (canto da entrada), não dos lobos. É a antecipação da vitória final dos que se doam ao mínimo dos seus irmãos.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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“Ele é senhor dos tempos e da humanidade”
1. O Justo Pastor 
Desde o Antigo Testamento, os crentes atribuíram a Deus a dignidade real. Sem dúvida, por trás desse título de realeza, escondia-se o sonho humano de uma sociedade justa e feliz.
Ezequiel, vivendo a expectativa de um possível retorno dos exilados para terra de Israel, apresenta Deus como um pastor que, na condução de seu rebanho, faz valer a justiça e a equidade. Essa imagem de Deus se confronta com as antigas lideranças de Israel, cujas atitudes egoístas levaram o povo à ruína.
Na ótica cristã, pode se dizer que essa imagem do pastor justo, prefigura a imagem de Cristo. Se as atitudes dos líderes humanos, marcadas pelo pecado, conduzem as pessoas para a morte; a fidelidade de Cristo ao Pai as levará à vitória sobre .todas as forças de morte (2ª Leitura).
2. A justiça do Reino
A festa de Cristo Rei do Universo traz à nossa memória a imagem do fim dos tempos. Não se trata de fatos futuros sobre os quais não temos nenhuma influência. O julgamento de Cristo é vivido no presente. 
A cada dia o ser humano é chamado à prática da justiça, da solidariedade e da gratuidade. Por isso, a realeza de Jesus acontecerá na medida da fidelidade dos cristãos (ãs) na vivência do Evangelho. Assumindo a proposta de Jesus de identificação com os excluídos do mundo, estabelecemos o juízo de Deus sobre as estruturas sociais, econômicas, culturais e religiosas (Evangelho). 
Assim, o fim dos tempos, no horizonte da fé, além da certeza da ressurreição, resplandece para nós como esperança de que todos os seres humanos terão satisfeitas suas necessidades fundamentais. Esse mundo de justiça e partilha deve ser protagonizada pelos seguidores de Cristo. 
3. Evangelizar o mundo
Juntamente com a Festa de Cristo Rei, a Igreja no Brasil declarou esse domingo dia nacional do leigo (a). Inseridos no mundo, os leigos (as) são chamados a impregnar as estruturas da sociedade com os valores cristãos.
Superando todas as formas de corrupção, violência, egoísmo, indiferença, exclusão - no serviço realizado nos diferentes setores da humanidade, os leigos servem o Evangelho no serviço do mundo. Por isso, para estabelecer a realeza de Cristo como princípio de uma justiça universal e imparcial, o papel e o protagonismo dos leigos nos diferentes setores sociais são de fundamental importância.
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O último julgamento - Mateus 25,31-46
Hoje se conclui mais um ano litúrgico e na próxima semana, iniciamos o tempo do Advento, tempo de preparação para receber Jesus.
No texto do Evangelho de Mateus que arremata este ano litúrgico, Jesus apresenta aos cristãos o juízo final, solicitando a eles que não descuidam de seu comportamento, no que diz respeito à prática da justiça, como condição essencial para a participação da vida no Reino.
Jesus é o Rei que estará sentado no trono. Não um trono de poder, coroa e palácio, porque Jesus é um Rei diferente, e Seu reinado é de justiça e de amor.
No Evangelho, Ele é chamado de “Filho do Homem”. Isto quer dizer que Jesus é o filho de Deus que nasceu como Homem, ou seja, está presente neste Homem a divindade de Deus, o próprio Deus que veio para fazer o bem e trazer a justiça para todos.
As ovelhas representam as pessoas que seguem a Jesus, aqueles que são seus amigos e se
comprometem com o que Ele ensina. Os cabritos são os que rejeitam a Jesus e seus ensinamentos. E todos serão julgados pela fé que tiveram no filho de Deus feito Homem.
Ter fé significa aceitar e seguir a Jesus que é o Mestre que ensina a viver como Ele. A fé não é somente a realização de atos religiosos como, ir à catequese, à missa, rezar, mas significa, também, o reconhecimento e o compromisso com a pessoa de Jesus.
Ele mesmo diz que se identifica com “os menores”, “os pequeninos”, com as pessoas mais fracas, marginalizadas, oprimidas, enfim, pode ser encontrado em todas as pessoas: “Eu afirmo que quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, de fato foi a mim que fizeram“ (Mt. 25). Os justos ignoram ter ajudado o Filho do Homem na pessoa dos empobrecidos; e os benditos do Pai são, portanto, os que lutam por um mundo justo e fraterno, sem discriminações nem desigualdades.
Jesus fala do compromisso com a prática da bondade, da justiça e do amor, e que Ele reconhecerá como seu amigo todo aquele que pratica atos de partilha, fraternidade e amor em favor dos irmãos. Jesus fica feliz com todos aqueles que ajudam as pessoas, com as quais Ele mesmo se identifica.
O Filho do Homem, não exigiu nada para si, mas solidariedade na prática, traduzida na partilha.
Temos neste texto do evangelho de Mateus uma das páginas mais expressivas no sentido de indicar que a comunhão com os excluídos e oprimidos é a própria comunhão com Jesus e com Deus.
Na solidariedade com os excluídos, os famintos, os sedentos, os sem teto, os nus, os doentes e os presos, encontramos com o próprio Jesus, realizando-se, assim, a sua "vinda na glória".
A promoção da vida é a comunhão com Jesus em sua vida divina e eterna, em qualquer tempo e em qualquer povo. Desde a sua criação, os homens e as mulheres foram predestinados a participar da vida eterna, através da prática do amor e do serviço. Nas comunidades, o verdadeiro "pastor" (primeira leitura) é aquele que se dedica ao serviço em atender as necessidades de todos, estando atento a cada um.
Quem se dedica ao cultivo da vida está vencendo a morte e promovendo a ressurreição (segunda leitura).
padre Jaldemir Vitório
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A solenidade de Cristo Rei não é uma festa triunfalista na qual celebramos um Deus imperador que domina e controla tudo o que existe. Jesus mesmo já tinha dito que poder e dominação não podiam constituir o pensamento orientador dos cristãos. "Entre vocês não será como é no mundo, onde os governantes dominam os outros e os tiranizam" disse Jesus aos seus apóstolos. A festa foi instituída pelo Papa Pio XI no dia 11 de dezembro de 1925. Pode ser que naquele momento houvesse necessidade de se afirmar a soberania de Jesus sobre todas as coisas. Foi assim também que, a partir do século VI, começamos a retratar Jesus sentando num trono cercado pela corte celeste, ou em posição séria e solene como "aquele que tudo governa. Esta figura é chamada de "Pantocrator". Jesus se parece um pouco com o soberano da corte bizantina, mas não como dominador. Ele segura o Evangeliario com a mão esquerda e abençoa com a direita mantendo juntos o polegar e o anular que representam as duas naturezas, divina e humana, enquanto os três outros dedos indicam sua natureza divina na Trindade. Nosso Cristo Rei é acima de tudo o Bom Pastor. Sua coroa de espinhos mostra que ele sabe se sacrificar pelas ovelhas. Ele não veio para condená-las e sim para salvá-las. O amor de Cristo Rei para com o seu povo se expressa no interesse, na atenção, na preocupação para com todos. Ele não é, de forma alguma, indiferente à sorte de cada um. Não deixa que ninguém se extravie e indica com firmeza o caminho a ser seguido.
Ez. 34, 11-12.15-17 - Que tipo de rei é Jesus Cristo, ou que tipo de governante? Ele é como um pastor que cuida das suas ovelhas com carinho. Ele vai atrás das ovelhas, procura para elas um lugar de repouso, trata das que estão feridas, fortifica as doentes, vigia as que estão bem. Esse é o nosso rei, que administra a justiça entre os membros do seu povo.
Sl. 22/23 - O Bom Pastor procura boas pastagens para alimentar as ovelhas, para dar-lhes de beber e proporcionar-lhes descanso. Ele prepara para os seus uma mesa de festa. Serão todos uma grande família, alegre e feliz.
1Co 15,20-26.28 - Jesus é o rei que subjuga as forças da morte. A morte é a expressão do poder do inimigo, o demônio. Jesus não pisa sobre ninguém. Ele pisa somente sobre a cabeça de satanás. Com a destruição da morte, pouco a pouco tudo vai se submetendo a ele, até que Deus seja tudo em todos.
Mt. 25,31-46 - O Rei que se senta no trono do julgamento e tem diante de si todos os povos quer saber apenas uma coisa de todos, cristãos e não cristãos, crentes e não crentes: o que fizeram de concreto e positivo em favor de quem precisava. A esta pergunta todos devemos responder: O que foi que você fez em favor de seu irmão necessitado? Vamos tentar responder enquanto estamos a caminho e temos possibilidade de conversão. Sempre é tempo de começar. O Evangelho dá indicações bem definidas, que podem nos ajudar. Há gente com fome, há gente com sede, há gente sem roupa, há doentes, há estrangeiros, há prisioneiros, gente feia, gente sem graça, gente sem educação. O que por eles fizermos, será feito a Jesus.
cônego Celso Pedro da Silva
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O Filho do Homem é a humanidade assumida em Jesus
Em Mateus, o último discurso de Jesus encerra-se com o critério de juízo para todos os homens e as mulheres de todas as nações, independentemente de qualquer credo religioso. O conteúdo essencial da cena é denso de realismo e nos impele ao compromisso: Jesus identifica-se com os excluídos, os famintos, os sedentos, os forasteiros, os nus, os doentes, os presos... E é pelo nosso serviço amoroso a cada um destes mais fracos e pequenos que nos unimos a ele e participamos no Reino que o Pai nos preparou. São benditos do Pai e herdeiros do Reino todos aqueles que fizerem gestos concretos de solidariedade e partilha para com estes excluídos, "com fome..., com sede..., forasteiro..., nu..., doente..., na prisão..." (é repetido quatro vezes no texto).
O Filho do Homem é a humanidade assumida em Jesus, Filho de Deus. No profeta Ezequiel o filho de homem é o profeta, frágil, humano, porém fiel a Deus. No tardio texto apocalíptico de Daniel, do judaísmo consolidado, o Filho do Homem (Dn. 7,13 - termo expresso em aramaico, única ocorrência no Primeiro Testamento) aparece como figura celeste gloriosa. Na interpretação triunfalista, Jesus foi identificado com esta figura gloriosa. Contudo Marcos, em seu evangelho, traz o Filho do Homem de volta para o chão de nossa terra, interpretando a expressão "Filho do Homem" como indicando a humanidade assumida por Deus, na sua simplicidade e fragilidade, em Jesus de Nazaré. O seguimento de Jesus e a comunhão com Deus se faz na concretude da vida.
O "Reino", do texto evangélico, é o desabrochar da Vida em nossas vidas, na prática amorosa, fraterna, libertadora e vivificante, em comunhão com nosso próximo, no qual encontramos Jesus.
Na primeira leitura temos o texto de Ezequiel que inspirou a imagem de Jesus como o Bom Pastor. Na segunda leitura, de Paulo apóstolo, temos uma visão escatológica do triunfo final do Cristo, a partir da qual se originou o título de "Cristo Rei".
José Raimundo Oliva
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O ano litúrgico termina com a festa de Cristo Rei. E fica a pergunta: quem é esse Cristo Rei para a comunidade reunida para celebrar o memorial da Páscoa? A primeira leitura mostra em que consiste a realeza de Deus: ela é serviço à liberdade e à vida das pessoas. Sobretudo das que são impedidas de viver.
O Evangelho, por sua vez, nos compromete radicalmente com a prática da justiça, traduzida em solidariedade e partilha com todos os necessitados, vendo neles o próprio Cristo e sacramento da salvação. Jesus hoje continua nos desafiando, colocando-nos diante dos irmãos “menores e mais fracos”. Paulo, por sua vez, com a ressurreição de Jesus comprova a vitória da justiça. Dentro de nós há uma semente de ressurreição, de justiça, de partilha e solidariedade. Jesus fala das obras de misericórdia ensinadas pelo judaísmo: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que têm sede, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes, acrescentando a visita aos prisioneiros; não menciona, porém, a educação dos órfãos e o sepultamento dos mortos, que também faziam parte das recomendações. Quem não praticou essas obras perdeu a oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus presente nos necessitados. Se ele está nos irmãos, ele está no meio de nós em todos os lugares e momentos. O Reino de que Jesus fala é um reino não de poder, mas sim de serviço: “O Filho do homem não veio para ser servido. Ele veio para servir” (Mt. 20,28). Esse é o critério de julgamento.
Entrar no reino supõe que os discípulos tenham seguido os passos do pastor, do mestre a serviço de todos, especialmente dos mais necessitados. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus irmãos prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna?
Chamá-lo de Cristo Rei e deixá-lo com fome, com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado, sem direito à educação em nosso meio? “Entre nós, está, e não o conhecemos, entre nós está e nós o desprezamos”. Nesta data em que comemoramos o dia da consciência negra, somos chamados à conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional, pois colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país.
É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira. Por tudo isso, hoje as organizações do Movimento negro estão unidas nas ruas clamando por: inclusão no mercado de trabalho; titulação das terras das comunidades quilombolas; democratização do acesso à universidade pública; aprovação do estatuto da igualdade racial; melhor distribuição de renda; acesso à saúde e educação com qualidade; cultura e lazer; habitação; respeito às religiões de matrizes africanas.
A lei maior é o amor ao próximo. Vivamos este mandamento com nossos irmãos(as), sem discriminação.
No 34º domingo do tempo comum, celebramos a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, qu

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O fim do mundo.

Jesus está falando sério! Isso é escatologia. E Jesus está falando sobre o fim dos tempos, Ele descreve as tribulações que vão acontecer no dia da manifestação do Filho de Deus. No dia em que Ele vai julgar os vivos e os mortos, Cristo glorioso revelará a disposição secreta das mentes de todos e retribuirá a cada um segundo suas obras principalmente de caridade e segundo tiver acolhido ou rejeitado sua graça. No fim dos tempos, o Reino de Deus vai chegar à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado.
Prezados irmãos. Naquele dia, seremos julgados, principalmente pela nossa atitude para com os necessitados. E gostaria de aproveitar essa reflexão para ressaltar que a caridade tem um duplo valor: Além de nos salvar no julgamento final, ela tem o poder de nos purificar dos pecados leves ou veniais.
Das virtudes: Fé, Esperança e Caridade, a caridade é a mais forte delas. Por que a caridade é a forma de penitência mais eficaz para que sejamos limpos ou perdoados dos nossos pecados leves. Veja o que diz o Catecismo da Igreja Católica:
“Como o alimento corporal serve para restaurar a perda das forças, a Eucaristia fortalece a caridade que, na vida diária, tende a arrefecer; e esta caridade vivificada apaga os pecados veniais.”
Então? O que estamos esperando? Não vamos ficar aqui parados... Mãos a obra, vamos praticar a caridade já. Porque não sabemos o dia do Juízo Final.
Caríssimos. Esta vida é uma viagem, na qual não temos pressa de chegar no seu final. Porque o final desta caminhada, é a morte, é o Juízo final.
A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último. Quando tiver terminado "o único curso de nossa vida terrestre", não voltaremos mais a outras vidas terrestres. "Os homens devem morrer uma só vez". Não existe "reencarnação" depois da morte.
A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo. O Novo Testamento fala do juízo principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma também a retribuição, imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão assim como outros textos do Novo Testamento, falam de um destino último da alma pode ser diferente para uns e outros. (Catecismo da Igreja Católica)
Não temos certeza para onde vamos. Tudo depende do resultado do julgamento, ou melhor, tudo depende de como vivemos a nossa vida hoje.
A incerteza de estarmos preparados ou não para passar no Julgamento, e o fato de não sabermos o dia e a hora, nos deixa em desequilíbrio existencial constante.
Estar preparado é estar em estado de graça no último momento, no último suspiro. Mas como isso é possível, se a cada momento da nossa caminhada nós tropeçamos e caímos, por causa de tantas tentações que vivem à solta em volta de nós. Geralmente cometemos mais pecados leves mais pecamos, caímos.
Mais é bom lembrar que alem da penitência, do jejum e da caridade, temos a absolvição geral no começo de cada missa, no ato penitencial quando pedimos perdão e o sacerdote intercedo por nós, dizendo: Deus todo poderoso, cheio de bondade e misericórdia infinita, tende piedade de nós. Perdoe os nossos pecados e nos conduza à Vida Eterna. Isso é uma absolvição para os pecados veniais. Por isso, não chegue mais atrasado(a) na missa. Por outro lado, mesmo com essa absolvição geral, os rascunhos dos pecados veniais vão se acumulando em nossa alma de tal forma, que periodicamente, precisamos de uma limpeza geral, de uma boa confissão. Vejam. Os Oceanos são formados de gotas de água. De pecadinho em pecadinho, o nosso ESTADO DE GRAÇA vai ficando SEM GRAÇA... Por isso é que precisamos, repito, de vez em quando, confessar, para estar sempre preparados.
Se soubéssemos quando seria o dia, e a hora, dias antes cuidaríamos de nos preparar com seriedade. Arrependendo-nos, rezando, confessando e comungando para sermos aprovados ou perdoados no julgamento final.
Mas acontece que não é assim que funciona o Plano de Deus a nosso respeito. Ele quer que durante a nossa vida inteira nos preocupemos e nos esforcemos em estar sempre preparados, como se estivéssemos vivendo o último dia de nossa existência terrena, preparados para a chegada do Reino de Deus.
E este Reino de Deus já deveria ter começado dentro de cada um de nós. Porque se cada um vivesse o verdadeiro amor a Deus e a próximo, seríamos felizes de uma alegria contagiante. E estaríamos valorizando o Plano de Deus de vir até nós por meio de Seu Filho que veio nos dizer que Deus pai é bom, nos ama e quer nos salvar. Ele nos ensinou a construir um mundo melhor: feito de paz, de igualdade, de justiça, de respeito entre as pessoas. E a esse mundo transformado, ele chamou de REINO DE DEUS. E esse reino de amor de Deus deve ser preparado dentro de cada um de nós. Ele deve brotar de dentro de nós. Assim: em tudo que eu faço devo demonstrar que Deus está comigo, porque eu estou em harmonia com Ele e com meus irmãos. Nos meus atos devo mostrar que sou uma pessoa de Deus. Ou seja. Se o reino de Deus está dentro de cada um de nós, ele deve ser revelado em nossas atitudes. Por exemplo: quando sou alegre, verdadeiro, honesto, obediente, justo, trabalhador, estudioso etc, é porque Deus está dirigindo os meus atos, e o seu Reino da paz e de fraternidade está acontecendo e brotando de dentro de mim para fora, para os irmãos, até a chegada do Juízo Final.
Sal
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O juízo final
Os maus e os justos serão separados - Sal

            Sinceramente é muito preocupante e por vezes muito triste pensar no dia do juízo final. Mesmo que nos empenhamos 24 horas em fazer a vontade do Pai, somos assaltados de pensamentos de medo daquele dia em que seremos julgados. E o receio de sermos lançados para sempre na fornalha ardente, é coisa inevitável!
            Jesus no Evangelho de hoje nos lembra o que acontecerá no fim do mundo, no qual os justos serão separados dos maus. Os primeiros viverão felizes para sempre na glória eterna, enquanto que os segundos, os maus, os injustos, os violentos, os assassinos, os pedófilos, os incrédulos que não responderam o chamado insistente de Deus, etc, irão para a fornalha de fogo eterno, onde haverá muito choro.
            Prezados catequistas. Corramos. Pois o tempo é curto. Enquanto estamos lúcidos, enquanto os nossos ossos nos permitem ficar de pé e andar, vamos anunciando da melhor forma possível a palavra salvífica do Senhor, para menos almas sajam lançadas no fogo. E, para que nós também não seremos condenados. Pois ai de nós se não evangelizarmos.
            Caro leitor. Pense naqele dia a toda hora do seu dia.  Viva o dia de hoje como se fosse morrer amanhã, preparando-se para a fatal realidade do julgamento final. Não sejamos pessimistas com medo excessivo da condenação, mas sim, realistas. Conscientes da nossa natureza corruptível, e do mar de tentações, de oportunidades de pecados em que que vivemos mergulhados nos dias de hoje. Porém, confiemos na misericórdia infinita  de Deus, e lancemos mão dos recursos a nós deixados por Jesus para a nossa salvação.  E esses recursos, são os sacramentos que encontramos na Igreja: Confissão, Eucaristia, oração, etc.
            Não nos esqueçamos que a principal virtude é a , que é a nossa resposta ao chamado de Deus, seguida da caridade. No julgamento final, não seremos julgados pelo número de promessas que fizemos, nem pelo número de terços que rezamos, mas sim, pelas vezes que o irmão nos estendeu a mão e não lhe matamos a fome, ou  s sede...
            Se ligue! Se prepare! Pois a cada dia, aquele dia ficará mais próximo. Para você e para mim também.
Sal.

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Romanos 8, 14-23

Paulo em sua carta aos Romanos, nos assegura que somos conduzidos pelo Espírito de Deus, e por isso somos filhos de Deus. E porquanto não recebemos um espírito de escravidão para viver no temor, mas sim, recebemos um espírito de adoção. E, se somos filhos, também somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo. Herdamos o sofrer com Cristo e também herdamos a glorificação eterna.
O Cristão é isso. Paciência, confiança em Deus, e esperança de que um dia, teremos a compensação de todo sofrimento desta vida passageira.
Evangelho: Mateus 25, 31-46
“Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso.
No evangelho de hoje Jesus anuncia o Juízo Final, no qual cada um de nós será cobrado, pelas vezes que negamos uma esmola, uma ajuda a um irmão ou irmã necessitada. Por cada vez que ignoramos o irmão caído no chão, que fingimos não ver a sua mão estendida pedindo uma moeda para comprar um pão. Jesus leva tão a sério a questão da caridade, que nem cita os demais pecados que vamos cometer até o nosso último dia. Daria até para pensar que não é pecado tudo aquilo que aprendemos, pois Jesus somente ressalta a caridade. Tive fome, sede, desabrigado, sem roupa, etc e não destes a mínima importância para a minha miséria.
Prezados irmãos. Precisamos ver Jesus Cristo naquele irmão que está caído, derrubado pela fome, pela subnutrição, que dorme nem sempre de preguiça, mas de fraqueza. E é por isso que ele bebe pinga quando consegue umas moedinhas. Porque a pinga, além de alegrá-lo um pouquinho, lhe dá um pouco de caloria já que ele não tem suas refeições regularmente.
É comum a gente ouvir da boca de quem quer se desculpar por não dar esmolas, a seguinte frase:
---Eu não dou dinheiro por que ele vai beber pinga! Ah! Você pode tomar quantas cervejas você quiser! Não só cerveja, mais whisky, vinho e tudo o que você merece. Mais o mendigo não tem esse direito.
Prezados irmãos, vamos levar mais a sério a questão da caridade, porque a nossa salvação depende dela. Sabemos que existem outros pecados. E Como sabemos! Mais o que Jesus vai nos cobrar em primeira mão é se fomos caridosos. Vamos nos compadecer daqueles que nos estendem a sua mão por que precisam. Porque estão com fome, com frio, sem um banho, sem uma roupa limpa, e o pior, sem rezar, pois estão revoltados. Vamos ajudá-los para que um dia não venhamos ouvir Jesus dizer para nós:
- Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes.
Mas como? Quando fizemos isso?
...todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, irão para a vida eterna.”
Ufa! Ainda bem que ainda é tempo de correr atrás do prejuízo! Ainda bem que estamos vivos, na estrada rumo àquele dia! E a partir desse momento vamos mudar a nossa atitude com relação aos necessitados.
Sal.
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O DIA DE JUÍZO
O JULGAMENTO
Nós por diversas vezes somos pegos com nossas línguas afiadas, descascando, cortando, resumindo, julgando os outros. E Jesus já havia nos repreendido: "Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos".
Foi por AMOR que Deus nos enviou Jesus, e Ele com suas atitudes nos ensina a caminhar neste mundo, e no evangelho de hoje, nos mostra como será no dia do Juízo final, e que só depende de nós. Cabe a cada um DECIDIR corresponder a este AMOR. Só se ama aquilo que se conhece, e precisamos fazer as pessoas terem esta experiência com Jesus. Quantas vezes já nos faltou, uma palavra de consolo, para uma pessoa que estava em meio em uma tribulação? Neste último final de semana, fui convidado para ir rezar por uma senhora, vizinha de um casal amigo meu, e no meu coração, pensava que era um caso de doença grave na família, porém, ao chegar na casa desta família me deparei com a seguinte situação: a família se envolveu em janeiro em um acidente de carro e morreu a filha mais nova e o marido (casados há 30 anos). Ao mesmo tempo em que pedia a força do Espírito Santo, eu gelei, pois estava diante de uma situação de dor "incomparável" a que Deus/Jesus teve, porém Ele sabia, e eu, só a misericórdia. Começamos a oração e o Senhor em sua infinita bondade, nos enviou o Salmo 17 "Eu vos amo, Senhor, minha força! O Senhor é o meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador. Meu Deus é a minha rocha, onde encontro o meu refúgio, meu escudo, força de minha salvação e minha cidadela. Invoco o Senhor, digno de todo louvor, e fico livre dos meus inimigos.; Circundavam-me os vagalhões da morte, torrentes devastadoras me atemorizavam, enlaçavam-se as cadeias da habitação dos mortos, a própria morte me prendia em suas redes. Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei para meu Deus: do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor em sua presença chegou aos seus ouvidos."
E concluo, pois já estou me alongando, que ninguém nunca será capaz de nada se não estiver na LUZ, que é a VERDADE. Mas não confundamos com as nossas verdades, pois Ele nos diz: EU SOU O CAMINHO, A VERADADE E A VIDA, e é isto que temos que buscar viver: POR CRISTO, COM CRISTO E EM CRISTO.
FIQUE SABENDO
JULGAMENTO (JUÍZO)
As questões judiciais na sociedade israelita se resolviam diante de testemunhas (os anciãos) ou eram levadas à decisão de um juiz (Dt 1,16s). Podia-se também recorrer a um tribunal superior, seja ao templo (17,8-13), seja à decisão divina dada pelo ordálio (cf. Nm 5,11-31 e nota). O rei podia também julgar questões (1Rs 3,16-28). Para contornar os abusos nos julgamentos (cf. Sl 58; 94) foram estabelecidas normas legislativas (Ex 23,1-9; Dt 16,18s).
A ação de Deus na história é apresentada como um julgamento. Deus ora liberta seu povo ora o pune por causa das infidelidades (Dt 32,36; Jr 30,11-13). O julgamento de Israel e das nações se dará no dia do Senhor (cf. Am 5,18 e nota). No NT o julgamento é relacionado com Jesus (Jo 3,17-21; 8,15; 12,31). O cristão deve viver na expectativa do julgamento do último dia, que marcará o triunfo definitivo de Cristo (Mt 25,31; 1Ts 4,16; 2Ts 2,3-10). Ver 'Parusia'.
Deus te guarde,
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Juízo final - Os justos irão para a vida eterna - Pe. José Cristo Rey
14 de Março 

Evangelho - Mt 25,31-46

Jesus nos mostra no Evangelho de hoje que a verdadeira religião não é aquela que é marcada por ritualismos e cumprimento de preceitos meramente espirituais, afinal de contas ele não nos perguntará no dia do julgamento final se nós procuramos cumprir os preceitos religiosos, mas sim se fomos capazes de viver concretamente o amor. É claro que a religiosidade tem sentido, principalmente porque é através do relacionamento com Deus que recebemos as graças que nos são necessárias para a vivência concreta do amor, mas a religiosidade sozinha, desvinculada da prática do amor, é causa de condenação e não de salvação. (CNBB)

O FIM ÚLTIMO DA MOSSA CAMINHADA
As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há-de vir.

         
 A primeira leitura utiliza a imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para definir a sua relação com os homens. A imagem sublinha, por um lado, a autoridade de Deus e o seu papel na condução do seu Povo pelos caminhos da história; e sublinha, por outro lado, a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo.

        
 Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos que o fim último da caminhada do crente é a participação nesse "Reino de Deus" de vida plena, para o qual Cristo nos conduz. Nesse Reino definitivo, Deus manifestar-se-á em tudo e atuará como Senhor de todas as coisas (versículo 28).

         
 O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, o "rei" Jesus a interpelar os seus discípulo acerca do amor que partilharam com os irmãos, sobretudo com os pobres, os débeis, os desprotegidos. A questão é esta: o egoísmo, o fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão que sofre, não têm lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida por esses critérios, ficará à margem do Reino.

 Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (Mt 25, 31-46)

          O Reino de Deus - isto é, esse mundo novo onde reinam os critérios de Deus e que se constrói de acordo com os valores de Deus - é uma semente que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há de vir. Não esqueçamos, no entanto, este fato essencial: o Reino de Deus está no meio de nós; a nossa missão é fazer com que ele seja uma realidade bem viva e bem presente no nosso mundo. Depende de nós fazer com que o Reino deixe de ser uma miragem, para passar a ser uma realidade a crescer e a transformar o mundo e a vida dos homens.

Fazem 80 anos que se instituiu a festividade de Jesus Cristo, Rei do Universo ou de Cristo Rei. Foi iniciativa do Papa Pío XI, três anos depois de ter sido nomeado papa, no ano 1925. Tinha começado seu papado no contexto de uma humanidade ferida pelos efeitos da primeira guerra mundial. Concluiu-o o ano 1939, mal acabada a guerra civil espanhola e preparando-se já no horizonte a segunda guerra mundial. Seu desejo por levar a cabo uma política de paz, inspirou propor a celebração da festa de Cristo Rei.

         
 A verdade é que a imagem de "Cristo rei do universo" não nos provoca hoje emoções especiais. Sentimos ambos os símbolos, o "rei" e "o universal" , como bastante estranhos à nossa sensibilidade e cultura. Não são essas as imagens mais atraentes para nos aproximar de Jesus em nosso tempo e reconhecer sua importância e influencia em nós.

         
 A liturgia deste domingo nos diz muito bem do que se trata. Os textos das Leituras têm muitas referências ao Reinado de Deus, que se impõe sobre os sistemas de domínio perverso que as vezes instauramos sobre os homens. Aludem várias vezes ao livro do Apocalipse, no qual Jesus é apresentado como o Cavaleiro vitorioso sobre as forças do Mal, como o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, ou como o Cordeiro degolado e que está de pé. O antagonista desta imagem de Jesus é apresentado com características animalescas e monstruosas, são os poderes perversos deste mundo: o dragão, as duas bestas, a grande prostituta e seus cúmplices. No fundo nos diz que nossas cidades estão enfrentadas: a velha Jerusalém ou Babilônia criminosa e a nova Jerusalém que baixa do céu.

         
 Os textos da Eucaristia evocam a figura do Rei como Pastor. Jesus é o bom e belo pastor. Busca a suas ovelhas lá onde se encontram; segue seu rasto para que não se percam; as atrai para si, cuida e as recupera; cria um rebanho e por isso, congrega, reúne, cria uma grande comunhão. Também nos dizem os textos, que Jesus é o Pastor que julga entre ovelha e ovelha, administrando justiça entre elas. Identifica-se de tal maneira com a justiça, com a compaixão e o amor, que qualquer falta dessas virtudes em relação com os seres humanos, as sente como próprias, ou efetuadas a Ele: aquilo que se faz com os últimos, considera como fato feito a Ele mesmo.

         
 Jesus aparece aqui como um rei que deixa perplexo o povo, identificado com os excluídos. Caracteriza-se por sua invisiblidade, pela renúncia aos sinais exteriores de poder e ostentação. Indica que quando não estamos atentos, sua presença nos pode passar despercebida. Ele é Rei desde aqueles que nada têm que ver com o poder e são suas vítimas. Ele é Rei sem armas, sem exércitos, sem influências.

O seu modo não é confrontar-se com os poderes deste mundo, pôr-se a seu mesmo nível, mas fazer-se o servidor de todos.

         
 Não está na contramão daqueles governos ou políticos que se preocupam com a fome, a justiça, o atendimento aos presos, o sistema de saúde e educacional para todos. Diz-nos que quando isto é feito, se faz a Ele mesmo. Não está na contramão da política, nem do interesse por criar uma comunidade que assuma as diferenças, as integre, as reuna.

         
 Porém dói quando os poderes públicos não atendem às necessidades dos irmãos, só pensam em seus interesses, em seu enriquecimento, em suas próprias ânsias de poder. Estes interesses do poderes públicos é para Jesus não só um atentado contra a dignidade humana, mas contra Ele mesmo.

         
 Jesus dizia do povo de Israel que eram como ovelhas sem pastor. Ao falar assim se referia aos líderes políticos e religiosos. Porém Jesus sabia distinguir entre os que tinham mais culpa e os que tinham menos culpa. Estremece escutar-lhe dizer a Pilatos, em conversa privada, segundo o Quarto Evangelho, que quem o entregou a ele são mais culpados, que ele. Jesus também desculpa os políticos pois "não sabem o que fazem".

         
 Sinto neste domingo a necessidade de aplaudir a tantos homens e mulheres da política que têm o coração do bom Pastor e se desvelam por estabelecer a justiça, a paz, por atender as necessidades. Não merecem ser sempre hostilizados por nossa crítica, mais animados em suas melhores desejos e ideais.

         
 É bom que nos vejam, a quem somos a Igreja, como mensageiros de uma boa notícia, como aqueles que sabemos animar, oferecer nossa humilde ajuda, confiar. Isso fez Jesus com Zaqueo, com Leví, Nicodemo.

         
 Jesus é como um rei sem protagonismo, que se dilui na gente à quem tanto ama. Atua no secreto e misterioso das melhores ações humanas. Se sente agraciado ou desgraçado quando essa ações humanas ajudam ou destroem.

         
 Talvez hoje não sintamos a imperiosa necessidade de dizer "Viva Cristo Rei". Talvez hoje não nos agrade falar do "universal". Preferimos talvez clamar: Não mais morte, não mais guerra nem terror, nunca mais a violência! ¡Sim à justiça, sim à Paz, sim à Reconciliação! Preferimos, mais do que uma globalização que tudo arrasa, mais do que um nacionalismo que não atende às diferenças, uma forma nova de governo com características mundiais, libertadoras, respeitosa com as diferenças e criadora de laços, de encontros. Mais do que o universal, fascina-nos a "pluriuniversalidade", isto é, o mundial inclusivo, respeitoso: a nova Aliança onde todos somos reconhecidos pelo que somos. Se assim são as coisas, há vivas a Cristo Rei, também hoje, ainda que a música e as palavras soem diferentes.
José Cristo Rey Garcia Paredes
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