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sábado, 12 de novembro de 2011

A parábola dos talentos


Comentários–Prof. Fernando


A parábola dos talentos

Introdução

            De que modo investimos a nossa vida? O nosso tempo livre, a nossa saúde, a nossa inteligência, o nosso dom especial que pode ser o dom da palavra, dom de cantar, de construir, o dom da fé. Como estamos aplicando ou usando o dom que nos foi dado por Deus?
            No dia do Juízo final, Cristo vai avaliar o modo pelo qual investimos os nossos talentos,  a nossa especificidade de inteligência ( vocação) a qual Ele nos deu de presente. Usamos a nossa juventude e inteligência para fazer o bem, ou para fazer o mal? Usamos o dom da fé e da palavra para evangelizar?
            Caríssimo, como você está usando, empregando ou investindo os dons que Deus lhe deu? Você tem facilidade de explicar as coisas? E você que é professor, professora? Já está usando esta capacidade  também para explicar o Evangelho?
            Ou será que você é um servo mau e preguiçoso? Você enterrou os seus talentos? Como fez isso? Vivendo uma vida medíocre do ponto de vista cristão? Você está vivendo apenas para o hoje?  Desfrutando de tudo aquilo que você vê e pega? Acumulando bens nesta vida como se fosse viver para sempre aqui? Você multiplica seus bens, acumulando muito lucro e está se sentindo muito esperto. Certo?  Meu irmão! Cuidado! Pois no dia de prestar contas ao dono da vida, você poderá descobrir que na realidade todo aquele lucro, agora se reverteu em um grande prejuízo!  É! Um prejuízo enorme, pois o verdadeiro lucro você nem sequer pensou nele. Pois você não construiu um tesouro nos Céus quando vivia aqui na Terra. Você não fez o melhor investimento! Você não investiu na caridade e na evangelização! Que pena! Agora é muito tarde. Não dá para voltar a fita, ou  o DVD. Não dá para voltar a atrás porque a vida não tem segunda safra, nem tem replay.
            Mas nem tudo está perdido! Hoje dá para você fazer isso. No momento em que você está lendo ou ouvindo este texto, esta homilia, é hora de fazer um levantamento dos seus atos, da sua vida e perguntar a si mesmo. O que estou fazendo? Eu estou aplicando os talentos que me foram dados por Deus em que?
Veja. A nossa tendência com relação aos nossos talentos, é de nos transformar em grandes mascarados e orgulhosos, nos sentindo melhor que os outros. Olhe na cara dos astros da bola. Veja como se comportam  os astros e estrelas do cinema. Como é a cara daquele grande cantor? E como é o jeito daquele milionário que investiu os seus talentos para multiplicar riqueza?  Eles são pessoas humildes? Ou são arrogantes? Eles se preocupam com aqueles que passam fome? Meu irmão, minha irmã. Como disse o Padre Queiroz, Mais que uma honra, nossos dons são uma responsabilidade para nós!
Pois é. Se eu perguntasse agora a mim mesmo: Em que estou aplicando os meus talentos que na verdade não são meus, pois foram presentes de Deus? Qual seria a minha própria resposta?  Eu tenho uma linda voz. Será que não posso participar da pastoral do canto? Ou eu tenho uma inteligência brilhante, porque não a aplico para o crescimento do Reino de Deus? Eu tenho a capacidade e o dom de falar em público. E ainda não movi uma palha  no sentido de participar da catequese da minha paróquia? Então vou mudar minha vida, pois não quero ser chamado de servo mau e preguiçoso no dia do acerto de contas. Porque ainda é tempo de resolver isso! Graças a Deus!  Eu quero ouvir de Jesus no dia do juízo, a seguinte frase: Porque foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” Alegria Eterna.  Alegria essa que pode já ser experimentada agora mesmo enquanto caminhamos para aquele dia final. Mas isso só acontece quando estamos investindo os nossos talentos a serviço de Reino de Deus. Você está fazendo isso? Então parabéns! Vá em frente, meu irmão, minha irmã. Parabéns por que você está usando bem os dons que recebeu de Deus, sejam eles quais forem; grandes ou pequenos, fazendo isso com toda certeza você será premiado por Deus.
Jesus disse: “A todo aquele que já possui, será dado mais ainda; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem.”  Que significa isso? No dia do julgamento final, aquele que foi fiel e justo nas pequenas coisas da vida, aquele que levou a sério tudo que fez colocando os ensinamentos de Cristo em todos os detalhes, em todos os momentos nos pequenos serviços da vida terrena, este receberá uma grande recompensa, semelhante àquele empregado que fez as dez moedas se multiplicarem dez vezes mais; mas aquele que foi indiferente às palavras de Jesus, que não foi fiel a Deus, não terá a mesma sorte. Por que foi um servo mau  infiel e  preguiçoso, será castigado severamente a altura do que merece. Pois esse cavou a sua própria sepultura.
Prezados irmãos. Vamos viver a nossa vida não apegados aos prazeres e confortos, mas sim voltados para o que poderá nos acontecer naquele dia em que ouviremos de Jesus: “Tive fome e me deste de comer...” Pois toda árvore que não der frutos será cortada e queimada... Vamos produzir muitos frutos e construir um tesouro não aqui, mas um tesouro que nos garanta a felicidade eterna.
Bom domingo,  Professor Sal.

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“Tudo o que recebemos de Deus vem na medida certa, de acordo com a nossa capacidade, nem mais nem menos.”

                                                                      
A justiça de Deus consiste em fazer valer o Seu Plano de Amor para a nossa vida. Justo é que todos nós usemos e usufruamos de tudo quanto Deus providenciou para a nossa felicidade. Nós sabemos que temos dons, e que Deus nos premiou com talentos e virtudes, porém muitas vezes, nós desprezamos os carismas que temos e deixamos de lado as aptidões que possuímos, por preguiça, por desleixo, porque não damos muita importância, ou porque não nos valorizamos, desconhecemos o nosso potencial. No mínimo, todo homem e toda mulher recebe das mãos de Deus o dom da sua vida! É o talento mais simples e ao mesmo tempo o talento mais importante.
Quantas vezes nós esperamos que aconteçam na nossa vida coisas extraordinárias, quando o Senhor só deseja que possamos viver a nossa vida com alegria e confiança Nele. O medo nos leva a destruir a nossa capacidade de viver feliz. O querer muito, o achar tudo pouco nos leva a perder o tempo precioso da nossa vida e a enterrar as pequenas oportunidades que temos de viver bem. Tudo o que recebemos de Deus vem na medida certa, de acordo com a nossa capacidade, nem mais nem menos do que poderíamos receber. Portanto, cabe a cada um de nós assumirmos os talentos que Dele recebemos com humildade e perseverança, com a consciência de que seremos cobrados pelo que conseguirmos fazê-los render. Reflitamos : Você já parou para pensar na grandeza que é a sua simples vida? – Você aprecia a sua vida ou acha que a vida do outro é melhor que a sua? – O que você tem feito com os seus dons? – Você se acha muito sem expressão, incapaz de realizar alguma coisa? – De que você tem medo?
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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A Palavra de Deus nos apresenta uma parábola. Jesus sempre contava parábolas quando queria simplificar e fazer entender, em formas metafóricas, a lógica da vivência do amor e da construção do Reino de Deus. Hoje, ele nos fala de TALENTOS!
O que são TALENTOS? Talentos são dons que recebemos gratuitamente das mãos generosas de Deus. Isso significa que todos temos dons e, por isso, a parábola quer mostrar que não podemos escondê-los. Talento não é para se esconder, talento é serviço a se fazer!
No texto encontramos três exemplos: aquele que recebeu cinco talentos, o que recebeu dois e o que recebeu apenas um. O que havia recebido cinco, conquistou mais cinco; da mesma forma o que tinha dois, conquistou mais dois e aquele que tinha um deixou que o MEDO o “cegasse” e nada fez com o talento que recebeu, apenas o enterrou e nada conquistou.
Quando o patrão retornou, percebeu que os dons foram multiplicados e se alegrou com isso dizendo: “Servo bom e fiel... será lhe confiado muito mais” e disse ainda: “Vem participar da minha alegria”. O patrão se entristeceu apenas com a COVARDIA daquele que enterrou o dom que recebeu não sendo capaz de cultivá-lo.
Perceba que o importante na parábola de Jesus não é, de forma nenhuma, a quantidade de talentos, uma vez que o patrão se alegrou porque viu que eles frutificaram!
Esse patrão é o próprio Deus que, ao nos criar, cumulou-nos de muitos talentos.
Se você ainda não conhece seus dons, não deixe de conhecê-los e desfrute deles fazendo-os multiplicar. Lembre-se: não importa a quantidade de dons, o importante é que você não deixe o MEDO tirá-los de suas mãos. Confie em Deus e em suas próprias capacidades! Você pode ser bem melhor do que você imagina!

ONDE ESTÃO OS SEUS TALENTOS? Não deixe de encontrá-los e colocá-los a serviço, pois o Reino de Deus se constrói a partir de nossos dons que, unidos, são capazes de grandes mudanças.

Fr. Lucas Emanuel Almeida. CSsR

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"LUCROS E PERDAS DA NOSSA FÉ" – José da Cruz
13 de novembro
Neste domingo  o evangelho nos coloca a parábola dos talentos, que poderá ser mal compreendida, se não aprofundarmos a reflexão, pois não estamos diante de um simples acerto de conta entre um patrão e seus servos, mas diante de algo muito mais sério que é a descoberta do  sentido da nossa vida. A grande pergunta que estará em nosso coração e em nossa mente, quando esta vida estiver se esvaindo, é exatamente essa: Investimos a nossa existência em que? A vida vale à pena?
Na contabilidade há um demonstrativo em cada final de exercício, que mostra aos investidores e acionistas de que modo foi investido o capital por eles disponibilizado, esse balanço final mostra o Ativo e o Passivo, os ganhos e perdas da empresa, seus direitos e obrigações, seus valores a receber e suas contas a pagar, seu acréscimo patrimonial ou suas perdas, caso houver. Esta visão permite ao acionista decidir se continuará investindo ou se vai procurar outro negócio mais rentável.
Ora, Deus Pai investiu tudo em nós, o Filho pagou um alto preço, mais que todo o ouro, toda a prata e todas as fortunas que há no mundo, é um direito Dele portanto, querer saber no final de nossa vida, o que foi que fizemos com o nosso viver, com a sua graça, com a vida nova que tivemos acesso, com a obra da salvação.
 Uma pessoa extremamente bondosa e amorosa para conosco nunca nos cobra nada, pois o seu amor é incondicional e gratuito, mas a gente se sente na obrigação de dar um retorno, que pode ser uma grande alegria, como a dos dois primeiros servos que duplicaram os talentos que lhes foram confiados, ou então será um momento de grande tensão e angústia, marcado pelo medo, por causa de uma relação distorcida com o Patrão. Podemos perceber que os outros dois, não tiveram a preocupação de justificar o porquê aplicaram bem o talento recebido, pois independente do rigorismo e da exigência do Patrão, sentiram-se no dever de corresponder à confiança neles depositada.
Deus reconhece as nossas limitações, ele sabe muito bem que nem todos irão viver bem, descobrindo o sentido da vida e vivendo na essência do seu amor, e por isso, diante dele é válido todo e qualquer esforço de se viver segundo suas leis e sua santa palavra. Podemos até dizer, que o talento da vida é a própria existência visível aos nossos olhos, e que os talentos adquiridos com um bom investimento são as graças sobrenaturais que antecipam em nosso caminhar, esta vida nova que Jesus nos presenteou. Na hora certa, esta vida não nos será tirada, mas enriquecida com os demais talentos quando vivemos bem a nossa vida terrena, entendendo que ela é muito mais do que aquilo que se vê, São Paulo chama isso de caminhar na Fé.
Porém, aquele que se apegou a esta simples existência limitando-se a viver apenas na visão, alimentando sua esperança apenas com aquilo que esta vida terrena pode dar, este é o servo mau e preguiçoso, que investiu mal a sua vida, e que no balanço final da sua existência, já diante de Deus, irá constatar horrorizado, que não auferiu nenhum lucro pois o que o que pensava ser um grande lucro, foi na verdade uma grande e terrível perda, e que terminou o seu exercício terreno com um saldo negativo, devendo algo para Deus.
Há uma música pastoral belíssima, cujo refrão diz “tudo vale a pena, quando a alma não é pequena!” Eis o grande segredo que o homem precisa descobrir, que o viver não se restringe aos limites da nossa materialidade, mas que o homem traz em si as sementes da eternidade, de uma Vida renovada pela qual vale a pena lutar para buscá-la e mantê-la a cada dia, porque os nossos horizontes são muito mais amplos do que nossos olhos podem vislumbrar, e esta descoberta prodigiosa que muda tudo em nossa vida só ocorre na vida de quem vive na Fé.
Ainda tomando o exemplo da Contabilidade empresarial, mês a mês se faz o balancete, que como o próprio nome diz, trata-se de um Balanço menor, que mostra os valores movimentados e ajudam o empresário a redirecionar seus investimentos, caso o resultado do balancete não seja bom, por isso esse evangelho nos convida também a um bom exame de consciência diante de Deus no sentido de saber com clareza e sinceridade, o que é que estamos fazendo da nossa vida, que são os talentos que Deus nos confiou, sempre é tempo de nos converter, de acertar as contas negativas e fazer novos investimentos na caridade, no amor, na solidariedade, com os lucros auferidos da Palavra de Deus e da força da Eucaristia.
A grande diferença da nossa vida de fé e de um controle contábil, é que o nosso Deus não é avarento nem egoísta, e o pouco que conseguirmos lucrar com a prática do amor cristão, já será suficiente para ouvirmos dele a palavra que o nosso coração anseia: “Porque foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” Alegria que já experimentamos ainda nesta vida, quando colocamos todos os nossos talentos para servir os nossos irmãos, ajuntando um tesouro no céu.
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De um modo ou de outro, a Palavra do Senhor sempre nos fala da vida, nos revela o sentido, nos mostra o caminho. Hoje, o Senhor nos apresenta a existência como um punhado de talentos, de dons, de oportunidades que a providência gratuita e misteriosa de Deus colocou em nossas mãos para que façamos frutificar. Certamente, jamais compreenderemos porque nascemos desse modo ou somos daquele outro. Podemos, no entanto, ter a certeza que o Senhor nos deu uma vida, "a cada um de acordo com a sua capacidade". Ora, é esta vida, dom de Deus, fruto de um desígnio de amor sem fim, que cada um de nós deve responsavelmente cultivar e fazer frutificar em benefício nosso de dos irmãos. Na mulher forte e industriosa da primeira leitura, aparece um exemplo de alguém que não se contenta em passar pela vida, mas vai tecendo o fio da existência com as pequenas fidelidades de cada dia. Do mesmo modo, a segunda leitura chama-nos atenção para o fato que nos serão pedidas contas da vida, dom recebido de Deus. Daí, o conselho: "Não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios".
Caríssimos, uma das grandes tentações do mundo atual é pensar que a existência é nossa de modo absoluto, como se cada um de nós se tivesse criado a si próprio, dado a si próprio a existência. Fechados em si próprios, os homens pensam que podem ser felizes construindo a vida de seu próprio modo, à medida de suas próprias idéias e objetivos. Ilusão! A vida é dom de Deus e somente nos faz felizes se dela fizermos um diálogo amoroso com o Senhor, autor e doador de nosso ser. Mais que talentos na vida, o Senhor nos concedeu a própria vida como um precioso talento. Desenvolvê-lo e ser feliz e buscar não a nossa própria satisfação, não nossa própria medida, não nosso próprio caminho, mas fazer da existência uma busca amorosa e cheia de generosidade da vontade de Deus. Eis! Somente seremos felizes e maduros quando tivermos a capacidade de arriscar verdadeiramente nos perder, nos deixar para nos encontrar no Senhor, alicerce e fonte de nossa vida. Eis o verdadeiro investimento!
Infelizmente, a dinâmica do mundo hodierno, pagão e ateu, não no ajuda nessa direção. Há distração demais, novidade demais, produto demais a ser consumido; há preocupação demais com uma felicidade compreendida como satisfação de nossos desejos, carências e vontades. Há consciência de menos de que a vida é dom e serviço, doação e abertura para o infinito; há percepção de menos de que aqui estamos de passagem e de que lá, junto ao Senhor, é que permaneceremos para sempre. Atolamo-nos de tal modo nos afazeres da vida, no corre-corre de nossas atividades, no esforço por satisfazer nossas vontades, na busca de nossa auto-afirmação, que perdemos a capacidade de compreender realmente que somos passageiros e viandantes numa existência breve e fugaz que somente valerá a pena será vivida na verdade se for compreendida como abertura para o Senhor e, por amor a ele, abertura generosa e servidora para os outros.
Caríssimos, estejamos atentos à advertência do Apóstolo: "Vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia" O Dia é Cristo, a Luz é Cristo. Viver na luz, viver no dia é viver na perspectiva de Cristo Jesus, é valorizar o que ele valoriza e desprezar o que ele despreza. Filhos da luz, filhos do dia – eis o que deveríamos ser! Mas, com tanta freqüência nossa mente e nosso coração, nossos pensamentos e nossos afetos encontram-se entenebrecidos como o dos pagãos... Quão grave para nós, porque conhecemos a Luz, cremos no Dia que é o Cristo-Deus!
Não nos iludamos, não façamos de conta que não sabemos: todos haveremos de dar contas a Deus de nossa existência, do sentido que lhe demos, daquilo que nela construímos. Queira Deus que nossa vida seja como a do Cristo Jesus: uma verdadeira e amorosa abertura para Deus e uma abertura para os outros! Queira Deus que consigamos, iluminados pela sua Palavra, nutridos pela sua Eucaristia e animados pela oração diária, viver nossa existência na perspectiva de Deus, de tal modo que vivamos, vivamos de verdade, vivamos em abundância, vivamos uma vida que valha a pena!
dom Henrique Soares da Costa
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Vigilância: o jeito sábio de viver
O tempo é dom de Deus. É a oportunidade que ele nos oferece para a realização de boas obras. Somos administradores do seu plano. Para isso, Deus dá a cada pessoa diferentes talentos. Ele pedirá contas do que fizermos ou deixarmos de fazer (Evangelho). Portanto, é importante saber viver o tempo presente de modo digno, aguardando a vinda do Senhor. A vigilância é atitude sábia: permite que estejamos sempre à disposição da graça, prontos para o encontro definitivo com Deus, não importa quando e como ele venha. Com a vigilância vem a sobriedade, a maneira simples e transparente de viver, como fazem os “filhos da luz” (2ª leitura). As necessidades cotidianas, tanto materiais como afetivas, precisam ser supridas. A dedicação amorosa, retratada na mulher exemplar (I leitura), produz na família e na comunidade um clima de alegria e de confiança mútua. É preciso discernimento: o ser humano não pode ser avaliado pelo que produz, mas deve ser acolhido e amado pela sua dignidade. Todos, no entanto, devem contribuir para a construção do mundo justo e fraterno, sinal do reino de Deus.
Evangelho (Mt. 25,14-30): Para que servem os talentos?
O evangelho deste domingo faz parte do quinto e último discurso de Jesus (Mt. 24-25), conforme o esquema literário de Mateus. Está voltado para as realidades futuras, apontando a segunda vinda de Jesus como o evento norteador de todo comportamento no tempo presente.
A parábola apresenta um homem que, ao viajar para o estrangeiro, chama seus três servos, confiando-lhes os seus bens. A cada um entrega os talentos conforme a sua capacidade. Mesmo o que recebe um talento tem em mãos algo de muito valor, considerando que o talento equivalia a aproximadamente 34 quilos de ouro. O centro da questão está na maneira como cada um aplica o que recebe do seu senhor. A forte reprimenda dada ao que enterrou o talento indica a chamada de atenção que os autores desejam fazer aos interlocutores. O que estaria acontecendo na comunidade cristã de Mateus, ao redor do ano 85, época da redação do seu evangelho?
Podemos suspeitar que, entre os judeu--cristãos, havia alguns que se acomodaram numa situação de fechamento e de indiferença para com o próximo. Considerando o conjunto do livro, percebemos a intenção fundamental que é a prática da justiça, não conforme a interpretação oficial da Lei, e sim conforme a vontade divina. Esta se realiza pela vivência do amor aos pobres e pequeninos. Acontece que alguns judeu-cristãos ainda manifestavam extrema dificuldade de abrir-se à nova proposta inaugurada por Jesus. Permaneciam fechados num sistema religioso legalista e excludente. Não conseguiam conceber que o próximo também são os estrangeiros, os doentes, os marginalizados e todas as pessoas em situação de necessidade.
Portanto, o personagem que enterrou o talento por medo do seu senhor representa as pessoas que permanecem na “segurança” do sistema em que se encontravam antes de sua adesão à fé cristã. Representa todas as que estão acomodadas em seu “ninho”, preocupadas apenas com o seu bem-estar e indiferentes ao sofrimento alheio. A comunidade toda é chamada a fazer render os talentos, isto é, agir de modo criativo, promovendo relações de justiça e fraternidade. Esse é o jeito certo de se preparar para a volta do Senhor.
Percebemos que a parábola não pode ser interpretada na ótica capitalista. Ela não foi contada para legitimar a produção econômica em vista do acúmulo de bens nas mãos dos espertos, e sim para corrigir as atitudes egoístas e encorajar à prática do amor e da justiça, superando os sistemas de poder que excluem a maioria da população. A proposta de Jesus é de inclusão de todos no seu reino, e, para isso, ele conta com o empenho dos seus seguidores. Temos muitas e diferentes qualidades. Não podemos enterrá-las por egoísmo, medo ou comodismo.
2ª leitura (1Ts. 5,1-6)
Viver como filhos da luz
Um dos temas centrais da primeira carta aos Tessalonicenses diz respeito à segunda vinda do Senhor Jesus. Conforme se constata em vários outros textos do Segundo Testamento, a volta de Jesus ou o “dia do Senhor” é uma convicção de fé (cf. 1Cor. 1,8; 5,5; Fl. 1,6.10; 2,16...). As dúvidas referiam-se a quando e como se daria esse acontecimento. Paulo preocupa-se em orientar a comunidade cristã de Tessalônica, pondo ênfase no verdadeiro modo de se comportar neste tempo de espera. No que se refere à época da volta de Jesus, ela não deve motivar especulação por parte dos cristãos. Estes devem apenas ter consciência de que ele virá de surpresa. O próprio Jesus havia prevenido seus discípulos: “Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas... Felizes os servos que o Senhor, à sua chegada, encontrar vigilantes... Vós também estai preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que não pensais” (Lc. 12,35-40).
A expressão “dia do Senhor” aparece também em vários textos do Primeiro Testamento. Refere-se à intervenção especial de Deus na história humana, normalmente com o objetivo de estabelecer um julgamento. Para Paulo, ter consciência da volta inesperada do Senhor é de extrema importância, pois determina a maneira correta de viver a fim de, assim, não temer o julgamento divino. Todo momento é decisivo. Portanto, é necessário agir como o vigilante que não sabe a hora em que o ladrão vai chegar. Não podemos dormir!
Tessalônica era uma cidade portuária, capital da província da Macedônia, com grande fluxo de gente provinda de várias partes do mundo. O ambiente social favorecia a oferta de variadas propostas prazerosas que davam a sensação de “paz e segurança”. Viver acordados ou vigilantes significa ter o cuidado para não “dopar-se” com o modo de ser dos que querem “aproveitar o tempo” para a satisfação dos seus desejos egoístas; é vencer a insensibilidade e a indiferença diante das necessidades do próximo; é viver na sobriedade, na simplicidade e na transparência; enfim, é acolher Jesus Cristo, Luz que brilha nas trevas e Verdade que nos liberta de todo tipo de escravidão...
1ª leitura (Pr. 31,10-13.19-20.30-31)
O exemplo da mulher
O texto do qual foram tirados os versículos da primeira leitura (Pr. 31,10-31) retrata uma visão patriarcalista, descrevendo a mulher na perspectiva masculina. No entanto, seguindo a indicação de algumas estudiosas da Bíblia, é preciso atentar para o fato de que esse texto conclui o livro de Provérbios. A conclusão está ligada ao início do livro, dedicado à reflexão sobre a sabedoria. Mulher e sabedoria estão relacionadas. Nesse sentido, os versículos selecionados para a liturgia deste domingo visam contribuir para a reflexão sobre o bom uso do tempo.
A mulher é apresentada como alguém que tem extrema habilidade de gerenciar a sua casa; exerce ofícios diversos com destreza; é aplicada e sabe como adquirir os bens necessários para a família. Além disso, é sensível às necessidades alheias e sabe partilhar: “Estende a mão ao pobre e ajuda o indigente”. A conclusão revela a característica de uma pessoa sábia: “Enganosa é a graça e fugaz é a formosura! A mulher que teme ao Senhor, essa merece o louvor...”.
O texto exalta, portanto, uma vida pautada no temor ao Senhor. É um dom do Espírito Santo. É a fonte de onde brota a sabedoria, com todas as suas boas ações. Quem teme a Deus faz de sua vida um dom que lhe agrada. Todas as coisas são transitórias, também a graça e a beleza. As obras da sabedoria, porém, duram para sempre, porque são expressões do amor. Como escreverá Paulo: “O amor jamais passará” (1Cor. 13,8).
Pistas para reflexão
- O tempo é dom de Deus para boas obras. Deus concedeu os talentos, de modo original, a cada um de nós. Ninguém está isento de contribuir para a construção de um mundo de fraternidade e justiça. Cada pessoa, conforme a sua capacidade, é chamada a fazer parte do grande mutirão a favor do reino de Deus. O comodismo e a indiferença contradizem a fé cristã. É bom que cada um de nós se pergunte: que talentos recebi de Deus e de que modo os desenvolvo e aplico? Conforme a parábola de Mateus, o servo que enterrou seu talento o fez por medo do seu senhor. O contrário do medo não é a coragem, e sim a fé. Quais medos, hoje, impedem o testemunho de vida, coerente com a fé e o seguimento de Jesus Cristo? Em nossa comunidade de fé (e também na sociedade), que boas ações precisam urgentemente ser feitas?
- Viver como filhos da luz. O tempo é sagrado. Caminhamos nesta terra ao encontro do Senhor. Não sabemos quando e como será. São Paulo nos alerta sobre o que é realmente importante: viver cada momento de modo digno, como filhos da luz. Para isso, é necessária a atitude de vigilância. Se não estivermos acordados, podemos ser arrastados pela tendência ao individualismo, à indiferença, à droga, à corrupção, ao hedonismo... Podemos nos fechar em nosso mundo e nos desinteressar pelo sofrimento alheio, pela destruição do planeta... Podemos vislumbrar quais são as consequências provenientes destas duas propostas: viver como filhos da luz e viver como filhos das trevas?
- Com sabedoria e com amor. Há muita gente que põe o sentido de sua vida nos bens transitórios. Podem ter tudo e faltar-lhes a sabedoria. A mulher apresentada na primeira leitura nos indica como viver com sabedoria: no temor ao Senhor, isto é, na submissão ao seu plano de amor. Tudo o que fazemos deve ser realizado com especial dedicação, pensando no bem da família e também das pessoas que passam necessidade. A vida nos foi dada não para sermos escravos do ativismo, e sim para louvar a Deus em tudo o que fizermos. Todo momento é propício para amar a Deus e o próximo.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
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Os frutos de nossa vida
Paulo lembra aos tessalonicenses que o tempo urge. Os que seguem Cristo Jesus são filhos da luz e seres vigilantes. “Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas. Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios.” O final do ano litúrgico e a leitura de textos “escatológicos” nos levam a refletir sobre os frutos de nossa vida ao longo do tempo que passa e que não volta.
Nada mais triste do que uma vida sem viço,  uma existência centrada  nas preocupações pequenas de nossos universos limitados. Belo quando um ser humano, ao longo do tempo da vida, coloca suas potencialidades e possibilidades em ação. Nesse lugar delimitado do espaço que ocupamos está nossa vida e tudo aquilo quem pode ser desenvolvido. Recebemos dons e talentos. Há qualidades da inteligência, recursos do coração e força física. Tudo é dado para ser colocado em benefício de todos que nos cercam. Há uma lei que nos impulsiona para frente: a lei da generosidade. O que se recebe deverá ser multiplicado, sem medo, com audácia, com generosidade. Essa a lição da famosa parábola dos talentos. Cada um recebe dons segundo suas possibilidades. Triste a história daquele que havia recebido um só talento e o enterrara para entregá-lo intacto ao seu senhor. Ele foi paralisado pelo medo. Na vida é assim que quem não coopera, perde o pouco que recebeu.
Insistimos: a lei da vida é a da generosidade que produz  o dobro do que se recebeu. Os que não frutificam são servos inúteis; o pouco que receberam lhes será tirado.
Fomos e somos cobertos de dons. Não existíamos e passamos a viver. Olhos, pernas, braços, mente, coração, são alguns dos dons que recebemos e será fundamental colocá-los em ação e a serviço. O mundo se torna melhor, mais justo, mais fraterno na medida em que tais tipos de dons são multiplicados.
Há os dons da fé, os dons espirituais. O Senhor que nos criou nos cobriu de sua graça, derramou o Espírito em nossos corações. Ele nos tirou do abismo da morte, nos lavou com o sangue e água do coração aberto de seu Filho, nos fez sentar à mesa de seu amor nos convidou para tomarmos o pão e bebermos o vinho Perdoa nossa falta, sustenta nossa fé, fortifica nossas pernas trêmulas e nossos passos titubeantes.  Tudo é talento, tudo é dom, tudo será multiplicado. Não existe discípulo inerte nem Igreja que não seja missionária Fazem progressos inauditos os que não retêm para si tantas graças recebidas. Vivem para os outros, colocam-se ao serviço da Igreja e assim multiplicam tudo o que receberam.
O que fazemos com os talentos recebidos?  Em que consiste bem precisamente multiplicar os talentos.
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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Diligência escatológica
Neste domingo, a liturgia toda converge na perspectiva escatológica.
A oração do dia fala da felicidade completa (a “paz” do canto da entrada), que é o fruto do serviço dedicado ao Senhor (cf. oração sobre as oferendas).
Disso fala a parábola dos talentos (evangelho), mais conhecida que compreendida. Convém interpretá-la bem. Seu lugar, no fim do evangelho de Mt e do ano litúrgico, orienta a interpretação: exprime o critério final de nossa vida.
Portanto, o acento principal não está na diversidade dos talentos, dos dons, mas no valor decisivo do serviço empenhado (*). A 1ª leitura cita o “talento feminino” como exemplo, mas deve ser situada na intenção escatológica do conjunto da liturgia.
O assunto não é a diversidade dos carismas (em Lc. 19,12-17, os servos recebem todos a mesma soma), e sim, o investimento diligente em vista do fim. Para a volta do Senhor (a Parusia), para a participação definitiva no seu senhorio, deveremos prestar contas daquilo que tivermos recebido, no sentido de tê-lo utilizado e não escondido. É como a luz que não deve ser colocada debaixo do alqueire (Mi. 5,1-4s); e a advertência concomitante: com a medida com que medirdes, sereis servidos. Em outros termos: o que recebemos deve frutificar em nós. O mesmo significado tem a parábola dos talentos, que usa como imagem a prática administrativa e comercial: quando se confia dinheiro a alguém, se ele for um homem diligente, ele o fará render. Tal diligência cabe no Reino de Deus (cf. a diligência como tema central da parábola das dez virgens, imediatamente anterior).
A mensagem central é, portanto, a diligência. Deus nos confiou um tesouro, e devemos diligentemente aplicá-lo na perspectiva do sentido último e final de nossa existência, que é: Deus mesmo (a participação no senhorio de Cristo, quando da Parusia, significa a nossa exaltação, integração na existência divina). Aplicando com diligência e conforme a vontade de Deus o que recebemos, realizamos desde já uma existência escatológica, divina. Tomar nossa a causa (o “interesse”) de Deus, eis a mensagem de hoje. A diligência da “mulher virtuosa”, na 1ª leitura, ilustra essa mensagem. Ser mulher cem por cento, explorando as ricas possibilidades da feminilidade, é viver a presença decisiva de Deus.
A 2ª leitura aponta na mesma direção. É um dos raros textos em que Paulo cita palavras da tradição evangélica (“O Dia do Senhor vem como um ladrão de noite”, cf. Mt. 24,35.43 e par.; a repentina destruição, cf. Lc. 21,34s; a comparação com as dores do parto, cf. Mt. 24,8 e par.). Paulo descreve aqui a existência completamente iluminada pela proximidade do Senhor. Novamente observamos que a iminência do último dia é descrita muito mais em termos de luz do que de ameaça (embora estes também ocorram). Existência escatológica (viver hoje o “Dia do Senhor”) é deixar-se iluminar pelo Cristo que vem. Esta era também a mensagem dos primeiros domingos do ano litúrgico, que antecipavam a perspectiva final. Por isso, lembramo-nos de que Deus, em última análise, pensa em paz para nós (canto da entrada).
Johan Konings "Liturgia dominical"
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(*) Um talento é 30 kg de ouro. Mateus gosta de números exagerados, cf. 24º domingo T.C.
1. Estamos terminando o ano litúrgico e a Palavra nos oferece um material espiritual para avaliarmos a nossa caminhada.
A vida de fé é um caminho e, como tal, deve ser constantemente avaliado. Um dos piores perigos desta caminhada é que se infiltre na nossa alma uma doença espiritual tipicamente mundana: a auto-suficiência, ou seja, pensar que bastamos a nós mesmos, que não precisamos mais de nada. Jesus nos ensina que o nosso relacionamento com Deus deve ser constantemente atualizado, pois não apenas o mundo muda, mas nós mesmos mudamos e, por isso, precisamos atualizar a nossa caminhada. É este o sentido da avaliação que a liturgia da Palavra está exigindo de nós neste final de ano.
2. “Um homem ia viajar para o estrangeiro e lhes entregou seus bens” (Lc. 25,14)
Na famosa parábola dos talentos que acabamos de ouvir, Jesus provoca os interlocutores sobre a maneira de utilizar os dons recebidos. Podemos nos perguntar: que tipo de bens são aquele que recebemos? Jesus está se referindo a que? Sendo que se trata de uma parábola podemos apontar varias interpretações e estratificações. Podemos pensar que os talentos são as capacidades que recebemos, o até os bens materiais que Deus nos doou. Talvez a maneira mais certa de interpretar a Parábola seja aquela de considerar não os talentos matérias, mas sim, os espirituais. Também a este nível espiritual a parábola se abre a varias estratificações. Existem, de fato, os bens espirituais recebidos desde a infância e ao longo dos anos. Existem, também, toda uma serie de bens espirituais recebidos este ano. Talvez sejam estes que o contexto litúrgico nos impele para avaliar. Então a pergunta, nessa altura, é a seguinte: o que fizemos com toda aquela riqueza espiritual que o Senhor derramou na nossa vida ao longo do ano?
3. “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!” (Mt. 25, 21).
Existe um premio: este é o sentido deste versículo. Colocara na nossa frente o sentido do percurso que estamos trilhando serve para não se perder, serrar os dentes nos momentos de dificuldade que encontramos e ir pra frente. Vale a penas seguir o Senhor porque a proposta que Ele me apresenta é real: não é um papo furado! De fato, nós estamos trilhando o mesmo caminho que Jesus já percorreu antes de nós e Ele agora está lá no céu nos esperando. Jesus preparou um lugar para cada um de nós e Ele torce para que a gente consiga chegar lá. É verdade que o caminho é cheio de armadilhas e é fácil cair; só que Jesus sabe muito bem disso e está fazendo de tudo para nos ajudar.
4. “Servo mau e preguiçoso!” (Mt. 25,26)
É o centro da parábola. É esta maneira de agir com as coisas de Deus que é estigmatizada. O grande perigo da nossa vida, que é ao mesmo tempo uma grande tentação, é agir como este servo malvado: viver como se Deus não existisse; esconder os dons que Deus nos Deus é querer viver do nosso jeito. Pode até funcionar por certo período, mas não vai dar certo, porque somos feitos por Deus e a nossa vida desabrocha quando vivemos em Deus e por Ele. Esconder os dons de Deus, nasce também da idéia que podemos guardar os dons que Deus nos doa. Desta maneira manifestamos a nossa total ignorância sobre Deus. De fato, tudo aquilo que Deus nos doa se torna ativo quando é partilhado. Nós aprendemos a guardar os dons de Deus não escondendo-os numa gaveta, mas pelo contrário doando-os, partilhando-os. É a lógica de Deus que é o amor, e o amor exige doação, lógica que é totalmente o contrário da lógica do mundo que é egoísmo, que visa segurar aquilo que tem ou recebe. É isso que a parábola quer alertar: não podemos transferir no plano espiritual a lógica do mundo, que tem critérios totalmente diferentes ao plano de Deus.
5. “Porque a todo aquele que tem será dado mais e terá em abundancia. Mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mt. 25,30).
Escutando este versículo podemos ficar um pouco receosos. Como é que Jesus fala uma coisa dessa quando toda a sua atitude e a sua pregação apontava por algo totalmente diferente? Não precisamos ajudar os mais pobres e fracos: então por que uma palavra assim diferente? Na realidade se vale a nossa interpretação da Parábola, Jesus não está falando de coisas materiais, mas sim espirituais e estas se acumulam e frutificam doando-as, partilhando-as. Por isso quem tenta de esconde-las vai perde-las e doadas a quem partilhou. Esta é a lógica de Deus, que é a lógica do amor. É nesta lógica que o Senhor está querendo que a gente entre. Só que para isso acontecer precisamos abrir mão de toda forma de egoísmo e de auto-suficiência.
padre Paolo Cugini
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Esta parábola, tendo provavelmente em sua origem algum dito de Jesus, parece ter sofrido acréscimos e adaptações quando veiculada entre as primeiras comunidades. As imagens da parábola são extraídas de uma sociedade oportunista consagrada ao mercado em busca do lucro. Na parábola, o senhor ambicioso, ao viajar, determina a seus três servos que façam render seu dinheiro. Os dois servos mais "fieis" fizeram o dinheiro render cem por cento. Contudo um servo mais tímido, temeroso da severidade do patrão, não querendo correr risco, escondeu o dinheiro que recebeu e devolveu-o tal qual. O senhor , afirmando-se como sendo aquele que "colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou", qualifica o servo tímido de mau e preguiçoso. Os dois servos fieis e eficientes foram exaltados e o servo tímido foi lançado fora. A sentença final, "a quem tem será dado mais... daquele que não tem será tirado", é típica da sociedade excludente e concentradora de riquezas. A parábola tem um certo aspecto de caricatura irônica da sociedade. Suas imagens são pouco condizentes com a revelação de Jesus de Nazaré, manso e humilde de coração, que vem trazer vida para todos, sem exclusões. O Reino de Deus é o reino dos pobres, mansos, pacíficos e misericordiosos, com fome e sede de justiça e partilha. Com certo constrangimento, a parábola tem sido entendida como uma advertência aos discípulos afim de que façam frutificar seus dons pessoais, a serviço da comunidade e da sociedade. Na primeira leitura, a mulher que, com seus dons, trabalha tanto no serviço doméstico como na produção para o sustento da família, é louvada. Na segunda leitura Paulo estimula as comunidades à vigilância, a qual significa o serviço e o amor mútuo.
padre Jaldemir Vitório
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O servo menos "capaz" devolveu o dinheiro sem nenhum lucro
Temos aqui uma longa e detalhada parábola de Mateus, com vários aspectos que causam estranheza. A parábola adota como imagem alguns fatos da vida real, característicos de uma sociedade oportunista, de mercado e lucro. Trata-se do senhor ambicioso que, ao viajar, determina a seus três servos que façam render seu dinheiro. Os dois servos mais "capazes" fizeram o dinheiro render cem por cento, e foram qualificados de servos bons e fieis pelo senhor, na sua volta, e foram promovidos. O servo menos "capaz" devolveu o dinheiro sem nenhum lucro. O senhor o qualificou de "mau e preguiçoso". Reclamou que ele devia ter colocado no banco para render juros. E ainda mais, o senhor até identificou-se a si próprio como aquele que "colhe onde não planta e ajunta onde não semeia", características típicas dos patrões que enriquecem se apropriando dos frutos do trabalho dos trabalhadores! O tímido servo, considerado inútil, descartável, foi lançado para fora, nas trevas... A parábola tem até o sabor de uma anedota irônica deste tipo de sociedade. Com estas características, particularmente por sua complexidade, percebe-se que a parábola foi adaptada por Mateus como advertência intimidatória às suas comunidades. Mas, como acontece em parábolas, descartando a imagem negativa de Deus, dela se pode extrair que Deus nos dá dons diversos e cabe a nós o empenho em fazê-los frutificar. Não por medo do Senhor, mas, em comunhão com ele, pela alegria e felicidade na comunicação e partilha destes dons. A segunda leitura também é um estimulo às comunidades à vigilância, na perspectiva escatológica da volta do Senhor. Temos aqui a perspectiva escatológica das primeiras comunidades, da espera da volta do Senhor. As comunidades não devem ficar ociosas nem temerosas, mas devem fazer frutificar a palavra de Jesus em vista do crescimento do Reino dos Céus. A mulher que, com seus dons, trabalha tanto no serviço doméstico como na produção para sustento da família é louvada na primeira leitura.
José Raimundo Oliva
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Esta parábola, tendo provavelmente em sua origem algum dito de Jesus, parece ter sofrido acréscimos e adaptações quando veiculada entre as primeiras comunidades. As imagens da parábola são extraídas de uma sociedade oportunista consagrada ao mercado em busca do lucro. Na parábola, o senhor ambicioso, ao viajar, determina a seus três servos que façam render seu dinheiro. Os dois servos mais "fieis" fizeram o dinheiro render cem por cento. Contudo um servo mais tímido, temeroso da severidade do patrão, não querendo correr risco, escondeu o dinheiro que recebeu e devolveu-o tal qual. O senhor , afirmando-se como sendo aquele que "colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou\", qualifica o servo tímido de mau e preguiçoso. Os dois servos fieis e eficientes foram exaltados e o servo tímido foi lançado fora. A sentença final, "a quem tem será dado mais... daquele que não tem será tirado", é típica da sociedade excludente e concentradora de riquezas. A parábola tem um certo aspecto de caricatura irônica da sociedade. Suas imagens são pouco condizentes com a revelação de Jesus de Nazaré, manso e humilde de coração, que vem trazer vida para todos, sem exclusões. O Reino de Deus é o reino dos pobres, mansos, pacíficos e misericordiosos, com fome e sede de justiça e partilha. Com certo constrangimento, a parábola tem sido entendida como uma advertência aos discípulos afim de que façam frutificar seus dons pessoais, a serviço da comunidade e da sociedade. Na primeira leitura, a mulher que, com seus dons, trabalha tanto no serviço doméstico como na produção para o sustento da família, é louvada. Na segunda leitura Paulo estimula as comunidades à vigilância, a qual significa o serviço e o amor mútuo.
A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum recorda a cada cristão a grave responsabilidade de ser, no tempo histórico em que vivemos, testemunha consciente, ativa e comprometida desse projeto de salvação/libertação que Deus Pai tem para os homens.
O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do Reino.
A primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O “sábio” autor do texto propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. Não são só valores da mulher virtuosa: são valores de que deve revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos projetos de Deus e corresponder à missão que Deus lhe confiou.
LEITURA I – Prov. 31,10-13.19-20.30-31
AMBIENTE
O “Livro dos Provérbios” apresenta várias coleções de ditos, de sentenças, de máximas, de provérbios (“mashal”) onde se cristaliza o resultado da reflexão e da experiência (“sabedoria”) de várias gerações de “sábios” antigos (israelitas e alguns não israelitas). O objetivo desses provérbios é definir uma espécie de “ordem” do mundo e da sociedade que, uma vez apreendida e aceite pelo indivíduo, o levará a uma integração plena no meio em que está inserido. Dessa forma, o indivíduo poderá viver sem traumas nem sobressaltos que destruam a sua harmonia interior e o incapacitem para dar o seu contributo à comunidade. Ficará, assim, de posse da chave para viver em harmonia consigo mesmo e com os outros, e assegurará uma vida feliz, tranqüila e próspera.
O livro apresenta-se como tendo sido composto por Salomão (cf. Prov. 1,1), o rei “sábio”, conhecido pelos seus dotes de governação, pelos seus dons literários, por numerosas sentenças sábias (cf. 1 Re 3,16-28; 5,7; 10,1-9.23) e que se tornou uma espécie de “padrão” da tradição sapiencial… Na realidade, não podemos aceitar, de forma acrítica, essa indicação: a leitura atenta do livro revela que estamos diante de coleções de proveniência diversa, compostas em épocas diversas. Alguns dos materiais apresentados no livro podem ser do séc. X a.C. (época de Salomão; no entanto, isso não implica que venham do próprio Salomão); outros, no entanto, são bem mais recentes.
O texto que nos é hoje proposto aparece no final do Livro dos Provérbios. Apresenta-se literariamente como um “poema alfabético” (poema em que a primeira letra de cada verso segue a ordem das letras do alfabeto: a primeira palavra do primeiro verso começa com a letra “alef”, a primeira palavra do segundo verso começa com a letra “bet” e assim sucessivamente). Tema do poema: a mulher virtuosa.
Provavelmente, o Livro dos Provérbios foi usado como manual para a formação de jovens que freqüentavam as escolas de “sabedoria”. Este poema, situado no final do livro, poderia ser a “instrução final”: antes de abandonar a escola e depois de haver assimilado os ensinamentos dos “sábios”, o aluno era instruído acerca da eleição da esposa.
MENSAGEM
Quais são então, na perspectiva dos “sábios” de Israel, as características da mulher virtuosa?
Antes de mais, é a mulher que gere bem a casa e não deixa que nada falte. Ao constatar a boa ordem em que tudo caminha, por ação da esposa, o coração do marido descansa e confia (vers. 11-12).
Depois, é a mulher diligente, que trabalha a lã e o linho para que os seus familiares tenham agasalhos suficientes e que se encarrega de todos os trabalhos domésticos (vers. 13 e 19).
É, ainda, a mulher de coração generoso, que tem piedade do infeliz e que partilha generosamente o fruto do seu trabalho com o pobre que pede auxílio (vers. 20).
É, finalmente, a mulher que não se preocupa com a sua aparência, mas se preocupa em viver no temor do Senhor. Viver no “temor do Senhor” significa respeitar os mandamentos, obedecer a Jahwéh, aceitar com humildade e confiança a sua vontade, os seus planos e os seus projetos (vers. 30-31).
O retrato da mulher aqui esboçado está muito longe da noiva/esposa do Cântico dos Cânticos, que oferece ao amado a sua presença, o seu corpo e o seu amor. O ideal de mulher aqui apresentado é o da mãe de família que dirige com eficiência, com dedicação e com empenho a sua casa rural e que é co-responsável com o marido na administração da casa, dos bens e da propriedade.
ATUALIZAÇÃO
Considerar as seguintes questões:
• Mais do que uma mulher virtuosa ideal, o “sábio” autor do texto que nos é proposto exalta todos aqueles – mulheres e homens – que conduzem a sua vida de acordo com os valores do trabalho, do empenho, do compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. São estes valores, na opinião do autor, que nos asseguram uma vida feliz, tranquila e próspera. Numa época em que a cultura do “deixa andar”, da desresponsabilização, do egoísmo se afirma cada vez mais, este texto constitui uma poderosa interpelação… Na verdade, por que caminhos é que chegamos à vida e à felicidade?
• O nosso texto sugere também uma reflexão sobre as nossas prioridades… Da mulher virtuosa diz-se que não se preocupa com os valores efémeros (a aparência), mas que se preocupa com os valores eternos (o “temor de Deus”). Quais são as prioridades da nossa vida? Quais são os valores em que apostamos a nossa existência? Os nossos valores fundamentais são valores que nos trazem felicidade duradoura?
• A referência à generosidade para com o pobre e o necessitado é questionante… Como é que consideramos e tratamos aqueles irmãos que nos batem à porta, a pedir um pedaço de pão, um pouco de atenção, ou ajuda para deslindar um qualquer problema burocrático? Temos o coração aberto aos irmãos e pronto para ajudar, ou fechamo-nos à caridade, à partilha, ao dom?
• A referência ao “temor de Deus” como valor primordial na vida da mulher ou do homem “sábio” e virtuoso também merece a nossa consideração. No Antigo Testamento, o “temor de Deus” é a qualidade do homem ou da mulher que ama Deus, que procura conhecer os seus planos e projetos e que cumpre – com obediência radical e com total confiança – a vontade de Deus. Esta dependência de Deus – diz-nos um “sábio” de Israel – não diminui a nossa liberdade, nem atenta contra a nossa realização; pelo contrário, é condição essencial para a realização plena do homem.
LEITURA II – 1 Tes 5,1-6
AMBIENTE
Já vimos, no passado domingo, que um dos problemas fundamentais para os tessalonicenses residia na compreensão dos acontecimentos ligados à parusia (regresso de Jesus, no final dos tempos).
Paulo e as primeiras gerações cristãs acreditavam que o “dia do Senhor” (o dia da intervenção definitiva de Deus na história, para derrotar os maus e para conduzir os bons à vida plena e definitiva) surgiria num espaço de tempo muito curto e que os membros da comunidade ainda assistiriam ao triunfo final de Jesus. No entanto, os dias foram passando e, provavelmente, faleceu algum membro da comunidade. Por isso, os tessalonicenses perguntavam: qual será a sorte dos cristãos que morreram antes da segunda vinda de Cristo? Como poderão eles sair ao encontro de Cristo vitorioso e entrar com Ele no Reino de Deus se já estão mortos?
A estas questões Paulo respondeu já no texto que nos foi proposto no passado domingo… Mas, no texto de hoje, Paulo continua a sua reflexão sobre o “dia em que o Senhor virá” e sobre a forma como os cristãos o devem preparar.
MENSAGEM
A primeira questão que o nosso texto põe é a da eventual data do “dia do Senhor”. Paulo tem alguma indicação concreta acerca disso? É possível prever uma data?
Não. Paulo está convicto de que esse acontecimento se dará proximamente; no entanto, a data exata continua desconhecida e imprevista.
Por isso, os crentes devem estar atentos para não serem surpreendidos. Para descrever a “surpresa de Deus”, Paulo utiliza duas imagens bem significativas: Deus surpreende-nos como um ladrão que chega de noite, quando ninguém está à espera (vers. 2); e Deus é como as dores de parto que surgem de repente (vers. 3). Em consequência, a vida cristã deve estar marcada por uma atitude de preparação e de vigilância.
Para além da questão da data, o que é importante é que os cristãos vivam de forma coerente com a opção que fizeram no dia do seu Batismo. Os crentes têm de viver de maneira diferente dos não crentes, pois os horizontes de uns e de outros são diferentes… Os não crentes vivem mergulhados na noite e nas trevas, estão adormecidos, atordoam-se com a bebida; vivem no presente, absolutamente despreocupados em relação ao futuro, de olhos postos no horizonte terreno. Os crentes são filhos da luz e do dia, estão vigilantes, mantêm-se sóbrios; vivem de olhos postos no futuro, à espera que chegue a vida verdadeira, plena, definitiva que Deus lhes vai oferecer.
Na verdade, a vida dos crentes é mais bela e significativa, porque está cheia de esperança. No entanto, é preciso dar corpo à esperança esperando, fiéis e vigilantes a chegada do Senhor.
ATUALIZAÇÃO
Na reflexão, ter em conta os seguintes dados:
• A questão fundamental que os cristãos devem pôr, a propósito da segunda vinda do Senhor, não é a questão da data, mas é a questão de como esperar e preparar esse momento. Paulo deixa claro que o que é preciso é estar vigilante. “Estar vigilante” não significa ficar a olhar para o céu à espera do Senhor, esquecendo e negligenciando as questões do mundo e os problemas dos homens; mas significa viver, no dia a dia, de acordo com os ensinamentos de Jesus, empenhando-se na transformação do mundo e na construção do Reino.
• A certeza da segunda vinda do Senhor dá aos crentes uma perspectiva diferente da vida, do seu sentido e da sua finalidade… Para os não crentes, a vida encerra-se dentro dos limites estreitos deste mundo e, por isso, só interessam os valores deste mundo; para os crentes, a verdadeira vida, a vida em plenitude, está para além dos horizontes da história e, por isso, é preciso viver de acordo com os valores eternos, os valores de Deus. Assim, na perspectiva dos crentes, não são os valores efêmeros, os valores deste mundo (o dinheiro, o poder, os êxitos humanos) que devem constituir a prioridade e que devem dominar a existência, mas sim os valores de Deus. Quais são os valores que eu considero prioritários e que condicionam as minhas opções?
• A certeza da segunda vinda do Senhor aponta também no sentido da esperança. Os cristãos esperam, em serena expectativa, a salvação que já receberam antecipadamente com a morte de Cristo, mas que irá consumar-se no “dia do Senhor”. Os crentes são, pois, homens e mulheres de esperança, abertos ao futuro – um futuro a conquistar, já nesta terra, com fé e com amor, mas sobretudo um futuro a esperar, como dom de Deus.
EVANGELHO – Mt. 25,14-30
AMBIENTE
Mais uma vez, o Evangelho apresenta-nos um extrato do “discurso escatológico” (cf. Mt. 24-25), onde Mateus aborda o tema da segunda vinda de Jesus e define a atitude com que os discípulos devem esperar e preparar essa vinda.
A catequese que Mateus apresenta neste discurso tem em conta as necessidades da sua comunidade cristã. Estamos no final do séc. I (década de 80). Os cristãos, fartos de esperar a segunda vinda de Jesus, esqueceram o seu entusiasmo inicial… Instalaram-se na mediocridade, na rotina, no comodismo, na facilidade. As perseguições que se adivinham provocam o desânimo e a deserção… Era preciso reaquecer o entusiasmo dos crentes, redespertar a fé, renovar o compromisso cristão com Jesus e com a construção do Reino.
É para responder a este contexto que Mateus reelabora o “discurso escatológico” de Marcos (cf. Mc 13) e compõe, com ele, uma exortação dirigida aos cristãos. Lembra-lhes que a segunda vinda do Senhor está no horizonte final da história humana; e que, até lá, os crentes devem “pôr a render os seus talentos”, vivendo na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino.
A parábola que hoje nos é proposta fala de “talentos” que um senhor distribuiu pelos servos. Um “talento” significa uma quantia muito considerável… Corresponde a cerca de 36 quilos de prata e ao salário de aproximadamente 3.000 dias de trabalho de um operário não qualificado.
MENSAGEM
A “parábola dos talentos” conta que um “senhor” partiu em viagem e deixou a sua fortuna nas mãos dos seus servos. A um, deixou cinco talentos, a outro dois e a outro um. Quando voltou, chamou os servos e pediu-lhes contas da sua gestão. Os dois primeiros tinham duplicado a soma recebida; mas o terceiro tinha escondido cuidadosamente o talento que lhe fora confiado, pois conhecia a exigência do “senhor” e tinha medo. Os dois primeiros servos foram louvados pelo “senhor”, ao passo que o terceiro foi severamente criticado e condenado.
Provavelmente a parábola, tal como saiu da boca de Jesus, era uma “parábola do Reino”. O amo exigente seria Deus, que reclama para Si uma lealdade a toda a prova e que não aceita meias tintas e situações de acomodação e de preguiça. Os servos a quem Ele confia os valores do Reino devem acolher os seus dons e pô-los a render, a fim de que o Reino seja uma realidade. No Reino, ou se está completamente comprometido, ou não se está.
Depois, Mateus pegou na mesma parábola e situou-a num outro contexto: o da vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos… A vinda do Senhor é uma certeza; e, quando Ele voltar, julgará os homens conforme o comportamento que tiverem assumido na sua ausência.
Nesta versão da parábola, o “senhor” é Jesus que, antes de deixar este mundo, entregou bens consideráveis aos seus “servos” (os discípulos). Os “bens” são os dons que Deus, através de Jesus, ofereceu aos homens – a Palavra de Deus, os valores do Evangelho, o amor que se faz serviço aos irmãos e que se dá até à morte, a partilha e o serviço, a misericórdia e a fraternidade, os carismas e ministérios que ajudam a construir a comunidade do Reino… Os discípulos de Jesus são os depositários desses “bens”. A questão é, portanto, esta: como devem ser utilizados estes “bens”? Eles devem dar frutos, ou devem ser conservados cuidadosamente enterrados? Os discípulos de Jesus podem – por medo, por comodismo, por desinteresse – deixar que esses “bens” fiquem infrutíferos?
Na perspectiva da nossa parábola, os “bens” que Jesus deixou aos seus discípulos têm de dar frutos. A parábola apresenta como modelos os dois servos que mexeram com os “bens”, que demonstraram interesse, que se preocuparam em não deixar parados os dons do “senhor”, que fizeram investimentos, que não se acomodaram nem se deixaram paralisar pela preguiça, pela rotina, ou pelo medo.
Por outro lado, a parábola condena veementemente o servo que entregou intactos os bens que recebeu. Ele teve medo e, por isso, não correu riscos; mas não só não tirou desses bens qualquer fruto, como também impediu que os bens do “senhor” fossem criadores de vida nova.
Através desta parábola, Mateus exorta a sua comunidade no sentido de estar alerta e vigilante, sem se deixar vencer pelo comodismo e pela rotina. Esquecer os compromissos assumidos com Jesus e com o Reino, demitir-se das suas responsabilidades, deixar na gaveta os dons de Deus, aceitar passivamente que o mundo se construa de acordo com valores que não são os de Jesus, instalar-se na passividade e no comodismo, é privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito.
O discípulo de Jesus não pode esperar o Senhor de mãos erguidas e de olhos postos no céu, alheado dos problemas do mundo e preocupado em não se contaminar com as questões do mundo… O discípulo de Jesus espera o Senhor profundamente envolvido e empenhado no mundo, ocupado em distribuir a todos os homens seus irmãos os “bens” de Deus e em construir o Reino.
ATUALIZAÇÃO
Na reflexão, considerar os seguintes dados:
Antes de mais, é preciso ter presente que nós, os cristãos, somos agora no mundo as testemunhas de Cristo e do projeto de salvação/libertação que o Pai tem para os homens. É com o nosso coração que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo; é com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão tristes e desanimados; é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher os imigrantes que fogem da miséria e da degradação; é com as nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos; é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está sozinho e abandonado; é com a nossa solidariedade que Jesus continua a alimentar as multidões famintas do mundo e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada têm… Nós, cristãos, membros do “corpo de Cristo”, que nos identificamos com Cristo, temos a grave responsabilidade de O testemunhar e de deixar que, através de nós, Ele continue a amar os homens e as mulheres que caminham ao nosso lado pelos caminhos do mundo.
Os dois “servos” da parábola que, talvez correndo riscos, fizeram frutificar os “bens” que o “senhor” lhes deixou, mostram como devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da segunda vinda de Jesus. Eles tiveram a ousadia de não se contentar com o que já tinham; não se deixaram dominar pelo comodismo e pela apatia… Lutaram, esforçaram-se, arriscaram, ganharam. Todos os dias, há cristãos que têm a coragem de arriscar. Não aceitam a injustiça e lutam contra ela; não pactuam com o egoísmo, o orgulho, a prepotência e propõem, em troca, os valores do Evangelho; não aceitam que os grandes e poderosos decidam os destinos do mundo e têm a coragem de lutar objetivamente contra os projetos desumanos que desfeiam esta terra; não aceitam que a Igreja se identifique com a riqueza, com o poder, com os grandes e esforçam-se por torná-la mais pobre, mais simples, mais humana, mais evangélica; não aceitam que a liturgia tenha de ser sempre tão solene que assuste os mais simples, nem tão etérea que não tenha nada a ver com a vida do dia a dia… Muitas vezes, são perseguidos, condenados, desautorizados, reduzidos ao silêncio, incompreendidos; muitas vezes, no seu excesso de zelo, cometem erros de avaliação, fazem opções erradas… Apesar de tudo, Jesus diz-lhes: “muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu Senhor”.
O servo que escondeu os “bens” que o Senhor lhe confiou mostra como não devemos proceder, enquanto caminhamos pelo mundo à espera da segunda vinda de Jesus. Esse servo contentou-se com o que já tinha e não teve a ousadia de querer mais; entregou-se sem luta, deixou-se dominar pelo comodismo e pela apatia… Não lutou, não se esforçou, não arriscou, não ganhou. Todos os dias há cristãos que desistem por medo e cobardia e se demitem do seu papel na construção de um mundo melhor. Limitam-se a cumprir as regras, ou a refugiar-se no seu cantinho cômodo, sem força, sem vontade, sem coragem de ir mais além. Não falham, não cometem “pecados graves”, não fazem mal a ninguém, não correm riscos; limitam-se a repetir sempre os mesmos gestos, sem inovar, sem purificar, sem nada transformar; não fazem, nem deixam fazer e limitam-se a criticar asperamente aqueles que se esforçam por mudar as coisas… Não põem a render os “bens” que Deus lhes confiou e deixam-nos secar sem dar frutos. Jesus diz-lhes: “servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e recolho onde não lancei; devias, portanto, depositar o meu dinheiro no banco e eu teria, ao voltar, recebido com juro o que era meu”.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Servir ao Senhor com fidelidade e confiança
Com a parábola dos talentos, Jesus quer nos revelar a nossa real condição. Pode­ríamos pensar que somos livres e independentes e usar de nós mesmos e do que dispomos como bem entendermos, sem ter de prestar contas a ninguém. Mas o exemplo dos servos que recebem os talentos indica que somos criaturas de Deus. Nós mesmos, com tudo o que somos e temos, pertencemos a Ele. Teremos de prestar contas de tudo, e disso dependerá o êxito de nossa vida.
0 que distingue os servos não é a quantidade de talentos (com efeito, os dons de Deus são variados e multiformes), mas sim a atitude individual. Os dois servos bons, recebidos os talentos, põem logo mãos à obra, fazendo‑os  render o dobro, e prestam contas a seu senhor com prontidão, o qual os reconhece como servos bons e fiéis. Um servo bom e fiel aceita de bom grado sua posição e coloca‑se plenamente a serviço do seu senhor. Não segue as próprias idéias e os próprios humores. Não se distancia de seu senhor, mas identifica‑se com seus objetivos e seus interesses. Um servo fiel tem consciência do tesouro que lhe foi confiado e cuida dele com esmero. Após terem superado a prova, aos dois servos bons são confiados bens maiores. 0 senhor os chama a participar da felicidade plena: "Entra na alegria do teu senhor" (Mt. 25,21.23). Freqüentemente no Evangelho se fala de "entrar no reino dos céus (Mt. 5,20; 7,21;18,3), "de entrar na vida" (Mt. 18,8‑9;19,6) e aqui se fala de "entrar na alegria".
Para os que foram admitidos a tomar parte do Reino dos Céus, isto significa plenitude de vida e felicidade sem fim. 0 senhor não afasta seus servos bons, mas os acolhe no seu âmbito de vida, na sua plena felicidade. Não podemos atingir esse fim, que é a realização plena da nossa vida somente com as forças, nem por meio de um caminho escolhido por nós mesmos, mas somente a partir do serviço ao Senhor. Ambos os servos bons recebem a mesma recompensa, que não é determinada pela medida do desempenho, mas sim pelo empenho e fidelidade. 0 servo mau, já de início, revela um relacionamento desfocado com o seu senhor. Sente sua dependência de maneira pesada, negativa, opressora. Fica indignado com ele como se fosse um explorador que vive do trabalho de outrem.
Por isso, não se lhe submete nem age de acordo com a vontade dele, Não desperdiça o que lhe foi confiado e não o usa para si mesmo. Deixa‑o intocável e o restitui tal como recebeu. O senhor o chama de servo mau, preguiçoso e inútil, alguém que fracassou completamente na sua missão. 
Por isso, não o admite à sua íntima comunhão de vida, mas manda que seja lançado fora nas trevas exteriores, onde não há alegria, mas choro por causa do sofrimento e ranger de dentes, por causa da raiva pela ruína que cada um atraiu para si mesmo (Mt. 8,12). 0 momento do confronto com o senhor só faz aparecer o abismo de separação que o próprio servo foi cavando. A exclusão da comunhão com Deus, significa trevas e escuridão, terror e desespero irremediáveis.
É somente colocando‑nos a serviço do Senhor, usando tudo o que nos deu e confiou de acordo com sua vontade, que podemos alcançar a nossa realização. Não podemos desperdiçar displicentemente nossa vida e nosso tempo, nossas possibilidades e capacidades. Deus nos pedirá conta de tudo. É na confiança, porém, que haveremos de servir a Deus, não no medo.
frei Aloísio Antônio de Oliveira OFV Conv
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A parábola dos talentos é, sem dúvida, o texto capital entre os três de hoje. Um comentário pastoral a esta leitura poderá ir pela senda usual com este texto. Mateus acaba de falar da vinda futura do Filho do homem para o inicio e para a continuação nos diz quais as atitudes adequadas ante essa vinda, a saber, a vigilância (parábola das dez virgens) e o compromisso da caridade (parábolas dos talentos e do juízo das nações).
A parábola dos talentos é, nesse contexto interpretativo, um elogio ao compromisso, à efetividade, ao trabalho, ao rendimento. Poderá ser aplicada frutuosamente ao trabalho, à profissão, às realidades terrestres, ao compromisso dos leigos...
Contudo, o contexto da hora histórica que vivemos é tal que esta mensagem, em si mesmo boa e até ingênua, pode-se tornar funcional em relação à ideologia atualmente dominante, o neoliberalismo. Este, com efeito, prega, como seus valores, a eficácia, a competitividade, a criação de riqueza, o aumento da produtividade, o crescimento econômico, os altos rendimentos de juros bancários, a inversão em valores, etc. São nomes modernos bem adequados aos apresentados na parábola, ainda que se utilizados na homilia, não poucos ouvintes pensarão que o orador sagrado tenha saído de sua competência...
Por uma causalidade do destino, esta parábola se tornou atual e os teólogos neoconservadores (também existe os "neocons" em teologia) a valorizam altamente. Algumas de suas frases, sem necessidade sequer de interpretações rebuscadas, confirmam diretamente os princípios neoliberais. Pensemos, por exemplo, no enigmático versículo de Mt. 25, 29: "Ao que produz lhe será dado e terá em abundancia, porém ao que não produz, se lhe tirará até mesmo o que pensa ter". Não é fácil fazer uma pregação aplicada que não faça o jogo do sistema, o que, para muitos cristãos de hoje, está nos antípodas dos primeiros cristãos.
A eficácia, a produtividade, a eficiência... não são más em principio. Diríamos que não são valores em si mesmos, mas "quantificações" que podem ser aplicadas a outros valores. Pode-se ser eficiente em muitas coisas muito diferentes (umas boas e outras más) e com intenções muito diversas (más e boas também).
A eficácia em si mesma, abstraída de sua aplicação e de sua intenção... não existe, ou não nos interessa. O juízo que fazemos sobre a eficácia dependerá, pois, da matéria à qual apliquemos essa eficiência assim como do objetivo ao qual se oriente.
Cabe então imaginar uma "eficiência" (agrupando neste símbolo vários outros valores semelhantes) cristã. O próprio evangelho a apresenta em outros lugares, em sua célebre inclinação para a práxis: Nem todo o que diz Senhor, Senhor, mas o que faz..., a parábola dos dois irmãos, bem-aventurados os que escutam a palavra e a põem em prática... e mais paradigmaticamente, o mesmo texto que continua o de hoje, que vamos meditar no próximo domingo, Mateus 25, 32ss, onde o critério do juízo escatológico será precisamente o que tenhamos "feito" efetivamente aos pobres...
A eficiência aceita e até favorecida pelo evangelho é a eficiência "pelo Reino", a que é colocada a serviço da causa da solidariedade e do amor. Não é a eficiência do que consegue aumentar a rentabilidade (reduzindo trabalhadores pela adoção de novas tecnologias), ou a daquele que consegue conquistar mercados (reduzindo a capacidade de auto-subsistencia dos países) de capital "andorinha"...
A eficiência pela eficiência não é um valor cristão, nem sequer humano. Talvez seja certo que o capitalismo, sobretudo em sua expressão selvagem atual, seja "o sistema econômico que mais riqueza cria"; porém, o certo é também que o faz aumentando simultaneamente o abismo que existe entre pobres e ricos, a concentração da riqueza, às custas da expulsão do mercado de massas crescentes de excluídos. O critério supremo para nós, não é uma eficiência econômica, que produz riqueza e distorce a sociedade e a torna mais desequilibrada e injusta. Não só de pão vive o ser humano.
De acordo com a doutrina cristã, não podemos aceitar um sistema que presta culto ao crescimento da riqueza, sacrifica (idolatricamente) a justiça, a fraternidade e a participação das massas humanas. Colocar a eficiência acima de tudo isto, é uma idolatria, a idolatria do culto ao dinheiro, verdadeiro deus neoliberal. Sobre a "idolatria do mercado" e o caráter sacrificial da ideologia neoliberal, muita coisa já foi escrita.
Não queremos ser eficientes, competentes (mais que competitivos), ou que não sejamos partidários da "qualidade total", ao contrário .... Somos partidários da maior eficácia no serviço ao reino, assim como da competitividade e da qualidade total no serviço ao Evangelho. (In ordinis non ordinarius, dizia um velho adágio da ascética clássica, querendo levar a qualidade total aos menores detalhes da vida ordinária ou oculta).
Pode-se reconhecer que com freqüência os mais "religiosos" foram omissos às implicações econômicas da vida real, pregando com facilidade uma generosa distribuição onde não se consegue uma produção suficiente, esperando tudo da esmola ou dos piedosos mecenas.
Também em um campo da economia teórica - sobretudo nesta hora - precisamos do compromisso dos cristãos. Se Jesus se lamentou de que os filhos das trevas são mais astutos que os filhos da luz, isso significa que a "astucia" (outro tipo de eficácia) não é má; o mau seria colocá-la a serviço das trevas e não da luz.
Já estamos chegando ao final do ano litúrgico A. No próximo domingo estaremos celebrando a festa de Cristo Rei e com essa festa, acontece o encerramento deste ano litúrgico. Depois da festa de Cristo Rei, vem o primeiro domingo do Advento, quando então, iniciamos um novo ano litúrgico, o ano B.
No evangelho de hoje Jesus nos conta a parábola dos talentos. Esta parábola provoca ou pelo menos deveria provocar em nós uma profunda reflexão sobre a nossa missão e vivência cristã.
Jesus sempre procurou ensinar através de parábolas. Sabia que através de exemplos do dia-a-dia, ele seria mais bem entendido pelo povo. Jesus sempre foi talentoso na forma de ensinar. As parábolas são claros exemplos de seu talento didático.
Percebeu que dissemos que Jesus tem muito talento para ensinar e, o chamamos de talentoso? Verificando no dicionário, talento é uma antiga e valiosa moeda grega e romana. Talento também é um dom natural ou habilidade adquirida. Talento virou sinônimo de dom.
É dessa maneira que devemos entender o talento da parábola, como um dom. Um dom que recebemos de Deus e que devemos preservar, fazer crescer, multiplicar. Os talentos, os bens do Senhor, não podem ficar escondidos, enterrados, sem render o esperado.
Nascemos para produzir frutos, fomos criados para assumir a missão. Missão na família, na sociedade e na comunidade. Missão de evangelizar, de levar aos povos a Boa Nova da presença de Deus em nosso meio.
O empregado da parábola não perdeu nem multiplicou o seu talento. Na verdade, ele só não fez uso de seu dom. Ele cavou o chão, guardou-o muito bem guardado e deixou-o intacto. "Tive medo de arriscar, poderia perder tudo, aqui tens o que te pertence". Covardemente disse isso e devolveu o talento, sem uso.
Quantas e quantas vezes fazemos o mesmo. Os compromissos sociais, a televisão, as novelas, o comodismo, o medo de assumir, não nos deixam arriscar. Vem um desejo enorme de cavar o chão e enterrar os nossos dons e talentos.
Vem a vontade de enterrar tudo que quebra a rotina e que exige mudança de comportamento. Vontade de fugir de tudo que nos amarra aos compromissos. Como já dissemos, esta parábola deve servir de alerta e fazer-nos refletir.
É bom lembrar que virá a cobrança e, quem não multiplicou seus talentos será excluído e abandonado nas trevas. Em compensação, o muito será confiado para aquele que soube administrar o pouco. O talentoso será premiado.
Ainda é tempo, vamos enterrar o comodismo e a covardia. Vamos assumir a vocação cristã e o compromisso batismal. Vamos administrar o muito; esse muito que Deus nos deu e que, certamente, qualquer dia destes, virá pedir para prestarmos contas.
Jorge Lorente
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“Muito bem, empregado bom e fiel”
O Evangelho de hoje situa-se no quinto e último grande discurso do Evangelho de Mateus - o Discurso Escatológico, ou aquele que trata do fim último das coisas. O tema básico do discurso é a vigilância, ilustrada pela leitura dos sinais dos tempos (24, 1-44), a parábola do empregado responsável (24, 45-51), a das virgens prudentes e imprudentes (25, 1-13), e que vai terminar no próximo domingo, Festa de Cristo Rei, com o texto sobre o Juízo Final (25, 31-46).
O texto de hoje versa sobre os empregados e os talentos - no tempo de Jesus um talento era uma soma considerável de dinheiro, e hoje, no contexto da parábola, pode ser interpretado em termos de dons recebidos de Deus. O trecho demonstra que o importante é arriscar-se e lançar-se à ação em prol do crescimento do Reino de Deus, para que os dons que recebemos de Deus possam crescer e se frutificar (de forma alguma se deve interpretar o texto ao pé-da-letra, como se ela tratasse de investimentos e lucros financeiros, pois ele é uma parábola, que é uma comparação que usa imagens e símbolos conhecidos).
Jesus confiou à comunidade cristã a revelação dos segredos do Reino e a revelação de Deus como o “Abbá”, ou querido Pai. Esse dom é um privilégio, mas também um desafio e uma responsabilidade. Nem a comunidade cristã, nem o cristão individual podem guardar para si essa riqueza. Embora carreguemos “esse tesouro em vasos de barro” (2Cor 4, 7), como disse São Paulo, temos que partir para a missão, para que o maior número possível chegue a essa experiência de Deus e do Reino. Não é suficiente que estejamos preparados para o encontro com o Senhor (mensagem do texto anterior a este, o das virgens) - o outro lado da medalha é a atividade missionária, que faz com que o Reino de Deus cresça, mediante o testemunho da nossa prática da justiça!
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Fazer render os dons de Deus
O Ano Litúrgico caminha rapidamente para o fim. Dentro de quinze dias estaremos entrando de novo no Advento.. E a liturgia deste Domingo nos faz refletir sobre uma simpática parábola que faz pensar nas contas que iremos prestar a Deus que nos confiou tantos dons preciosos. É a parábola dos “talentos”, que na antiga cultura grega e romana era o nome de um peso e de uma moeda de altíssimo valor. Esse nome hoje significa um valor moral que se encontra numa pessoa. O uso do Evangelho deve ter influído  nessa transposição de significado.
A parábola está aí na limpidez de sua apresentação. Um homem, devendo ausentar-se para uma viagem, distribuiu dinheiro a três servos, para que tomassem conta dele e o fizessem frutificar. Quantias todas muito grandes, fazendo já alusão à generosidade de Deus nos seus dons. O servo que recebera cinco talentos negociou também e lucrou mais cinco. O que recebera dois, negociou também e lucrou outros dois. O terceiro, porém, sem coragem e omisso, escondeu debaixo da terra o talento recebido, para devolvê-lo na volta ao patrão. Na volta do patrão, os dois primeiros lhe entregaram o lucro conseguido, e foram elogiados pelo patrão , os dois primeiros lhe entregaram o lucro conseguido, e foram elogiados pelo patrão, que lhes confiou quantias maiores e os convidou a “entrar para a alegria do seu Senhor”. Ao terceiro, que entregou envergonhado o talento que guardara escondido, de medo das exigências do patrão, a acolhida deste foi dura: “Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei!” (O Servo havia alegado isso). E continuou dizendo que o servo deveria ter posto seu dinheiro no banco para render juros. E mandou que lhe irassem o talento e o entregassem ao que tinha dez; pois quem tem, recebe mais ainda; e a ele, o lançassem nas trevas, onde haveria choro e ranger de dentes (cfr. Mt. 25, 14-30).
Ninguém deve estranhar que Jesus se sirva de um tema comercial, e até de um tema comercial, e até de sabor do mundo capitalista, onde o assunto é ganhar, cobrar juros, lucrar, juntar dinheiro. Jesus não está com isso querendo inculcar o interesse pelo mundo do dinheiro. Sua filosofia é bem outra! Trata-se de uma parábola. E  na parábola é preciso olhar aquilo que, em linguagem de escola, chamamos de “ tertium comparationis”; isto é, o terceiro elemento entre dois termos da comparação: Entre os negócios materiais e os bens espirituais que Deus nos dá, o que Jesus nos quer apontar é a diligência do negociante. Assim seremos recompensados por Deus.
A grande lição é que devemos fazer render em nossa vida os dons que Deus nos deu e dos quais havemos de prestar contas em nosso encontro final com o Senhor. A todos Ele deu seus dons: saúde, inteligência, habilidade para o trabalho. A alguns deu até dons especiais de criatividade, de comunicação, de visão dos caminhos do futuro. Muitos podem até dizer um pouco como a Virgem Maria: “O Onipotente fez em mim grandes coisas”.
O bem do mundo e da sociedade depende de todos nós. Ninguém deve ser uma peça negativa. Ninguém cometa o pecado de omissão. Ele é mais freqüente do que se pensa! Todos têm que se empenhar em ser construtores de um mundo melhor. Feliz de quem “fizer o bem e não o mal em todos os dias de sua vida” (Pv. 31,12). E puder dizer na sinceridade da humildade: o mundo está melhor, porque nele estou eu com os dons que Deus me deu. Esse ouvirá de Deus a grande palavra final: “Entra para a alegria do teu Senhor”.
padre Lucas de Paula Almeida, CM
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Talentos a serviço
Ao aproximar-se o final do Ano Litúrgico, a Liturgia nos convida a estarmos prontos a prestar conta a Deus da administração dos bens que ele nos concedeu.
É um apelo à VIGILÂNCIA para a vinda do Senhor, que pode vir a qualquer momento em nossa vida.
A 1a Leitura apresenta a figura da "mulher virtuosa", que sabe administrar a sua casa. (Pr. 31,10-13.19-20.30-31)
Esse poema retrata a Mãe de família, que valoriza o trabalho, o compromisso, a generosidade e o "temor de Deus".
Esses valores garantem ainda hoje para todos uma vida feliz, tranqüila e próspera.
Na 2ª leitura, Paulo fala da 2ª vinda do Senhor e como devemos esperar e preparar esse momento: vigilantes e sóbrios na presença do Senhor. (1Ts. 5,1-6)
No Evangelho, com a Parábola dos TALENTOS, Jesus fala da sua 2ª vinda no fim dos tempos e a atitude com que os discípulos devem esperar e preparar essa vinda. (Mt. 25,14-30)
Um "senhor" partiu em viagem e deixou sua fortuna nas mãos dos servos.
A um, deixou cinco talentos, a outro dois e a outro um.
Quando voltou, chamou os servos e pediu-lhes conta da sua gestão.
Os dois primeiros tinham duplicado a soma recebida;
mas o terceiro escondeu cuidadosamente o talento recebido, pois conhecia a exigência do "senhor" e tinha medo.
Os dois primeiros servos foram louvados pelo "senhor", ao passo que o terceiro foi severamente criticado e condenado. A Parábola refere-se à Vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos...
- O "Senhor" representa Jesus, que antes de deixar este mundo, para viajar de volta ao Pai, deixou todos os seus "Bens" aos discípulos.
- Os Talentos são os "bens" que Jesus deixou na sua Igreja:o Evangelho, a sua mensagem de salvação;  o Batismo, a Eucaristia e todos os sacramentos, seu amor pelos pobres, sua atenção para os doentes...
- Os Servos, depositários desses bens, são os discípulos de Jesus, somos todos nós, que devemos produzir na medida de nossas possibilidades...
Depositários dos Bens de Cristo...
Nós somos agora no mundo as testemunhas de Cristo e do projeto de salvação que o Pai tem para os homens.
- É com o nosso coração que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo;
- é com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão tristes e desanimados;
- é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher os imigrantes  que fogem da miséria e da degradação;
- é com as nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos;
- é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está sozinho e abandonado;
- é com a nossa solidariedade que Jesus continua a alimentar as multidões famintas do mundo e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada têm…
Os que a Parábola nos diz hoje?
A Parábola mostra a grande responsabilidade de quem se omite, deixando que os bens do Senhor permaneçam infrutíferos, privando desta forma a comunidade e o mundo dos frutos a que têm direito.
- os dois "servos" da parábola, que fizeram frutificar os "bens", nos mostram como devemos proceder: Eles lutaram, esforçaram-se, arriscaram, ganharam.
Não se deixaram dominar pelo comodismo e tiveram a coragem de arriscar.
Também nós não devemos nos deixar dominar pelo comodismo e ter a coragem de lutar contra a injustiça e propor os valores do Evangelho;
Não aceitar que os grandes e poderosos decidam os destinos do mundo e ter a coragem de lutar contra os projetos desumanos que desfiguram esta terra;
Não aceitar que a Igreja se identifique com a riqueza, com o poder e procurar  torná-la mais pobre, mais simples, mais humana, mais evangélica;
Não aceitar que a liturgia deva ser sempre tão solene que assuste os mais simples, nem tão etérea que não tenha nada a ver coma vida do dia a dia...
- e o servo, que enterrou os "bens", mostra como não devemos proceder:
contentar-se com o que se tem e não querer mais, por medo ou covardia...
Não fazer render os "bens" que Deus nos confiou... não dar frutos...
Como usamos os talentos que o Senhor nos confiou?
- Em muitas comunidades encontramos pessoas ricas de talentos...
de estudo, de tempo e de recursos... mas não se doam aos outros...
Dizem que não tem tempo... não tem jeito...
e não fazem nada pela comunidade...
- No entanto, encontramos pessoas pobres, humildes, muito ocupadas...
e com pouco ou nenhum estudo, que se entregam com generosidade a serviço da Comunidade:
nas pastorais, nos movimentos e no serviço de caridade...
* No fim de nossa vida, o que desejamos ouvir?
"Servo bom e fiel... vem participar da minha alegria..."
ou "Servo mau e preguiçoso... Servo inútil... joguem-no fora...
na escuridão... onde haverá choro e ranger de dente?"
A Escolha será nossa!...
padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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Partilhar talentos e dons, com coragem e gratuidade
A parábola dos talentos é um convite a fazer um balanço, ao fim do ano litúrgico e na iminência de um novo início. Aparece, antes de mais, a generosidade e a confiança do proprietário que confia os bens aos seus servos (v. 14). Os talentos eram bens de grande valor “dados segundo a capacidade de cada um” (v. 15); e todos eles recebem também o dom do tempo, melhor, “muito tampo” (v. 19). O proprietário é Deus, é o próprio Jesus; os servos representam os membros das comunidades cristãs; o tempo chega até ao fim da existência terrena, que é o tempo da Igreja. Os talentos indicam  os dons concedidos por Deus a cada um e os tesouros que Cristo entregou à sua Igreja: o Evangelho a anunciar como mensagem de salvação para a transformação da família humana: o Espírito que renova “a face da terra” (Sal. 104,30); o dom dos sacramentos que renovam a humanidade; o poder de purificar, sarar, reconciliar; os frutos sempre novos da terra... Uma tal variedade e abundância de dons está na base do Dia de Ação de Graças, que se celebra nesta ou noutras épocas do ano.
O desenvolvimento da parábola é um convite forte para fazer frutificar os dons de Deus, seja a nível pessoal (dons de saúde, inteligência, coração, natureza, vida espiritual, fé...), seja a nível de comunidade humana e eclesial. Jesus quer ver frutos: escolhe os seus para que vão e dêem fruto e o fruto permaneça (Jo. 15,16). No momento de tirar as contas, o elogio do proprietário vai para os servos que foram dinâmicos e criativos para fazer frutificar os bens recebidos. Pelo contrário, é inaceitável a atitude do servo “malvado e preguiçoso” (v. 26), fechado no seu mundo (v. 18), desconfiado do seu Senhor (v. 24), desempenhado e incapaz de arriscar (v. 18.25).
Para uma compreensão correta da parábola, é preciso superar uma dúplice mentalidade comercial: seja de tipo moralístico, como se as obras pudessem produzir a salvação, que ao contrário é sempre dada gratuitamente; seja a lógica produtiva de tipo capitalista e neo-liberal . A I leitura corrige esta visão burguesa: o elogio da mulher perfeita exalta as suas habilidades humanas e domésticas de esposa e de mãe, mas sobretudo a sua abertura aos pobres (v. 20) e ao temor de Deus (v. 30). As qualidades de inteligência, capacidade empreendedora  e eficácia devem ser acompanhadas por um sólido dote moral e religioso, que ajude a: evitar formas de egoísmo; a moderar a competitividade com a solidariedade, e o afano de acumular, com a partilha; a estender a outras pessoas os benefícios da própria riqueza, como também à comunidade humana e ao ambiente.
A preguiça e o desempenho são atitudes inaceitáveis, em particular perante o dom da fé e da consecutiva responsabilidade missionária de anunciar o Evangelho, que é tarefa de todos os batizados, para que à família humana não faltem a luz, o sal, e o fermento necessários para que possa viver melhor. Não basta sermos ‘conservadores da Palavra’, por medo do risco ou por falta de iniciativa; o dom da fé empenha os cristãos para serem sobretudo promotores corajosos e generosos do Evangelho de Jesus e dos bens da salvação. O Papa Paulo VI admoesta com severidade quem não faz render o talento-dom da fé: quem ignora o mandato missionário de anunciar Jesus Cristo põe em risco a sua própria salvação pessoal e a sobrevivência da sua comunidade. (*)
O prêmio recebido pelos servos comprometidos, hábeis em fazer frutificar os dons recebidos, permanece no âmbito da gratuidade e da alegria (v.21.23), que sempre acompanham o serviço ao Evangelho. “A fé não é coisa que se conserve num cofre forte  para a proteger, é vida que se exprime no amor e na dedicação aos outros. Nos Evangelhos ter medo equivale a não ter fé... A parábola dos talentos ensina-nos que uma vida cristã, baseada não formalidade, na auto-proteção e no medo, mas na gratuidade, na coragem e no sentido do outro, constitui a alegria do Senhor. E a nossa” (Gustavo Gutierrez). Também o convite de Paulo (II leitura) a viver como filhos da luz e a permanecer acordados (v. 5.6) vai nesta mesma linha. Só no dom de si mesmo, no trabalho, coragem e gratuidade, crescem, se reforçam e amadurecem as pessoas e as comunidades. Só o amor pode fazer superar o medo do servo preguiçoso; o medo supera-se com a coragem do amor e do anúncio missionário.
(*) “Não será inútil que cada cristão e cada evangelizador aprofunde na oração este pensamento: os homens podem salvar-se também por outros caminhos, graça à misericórdia de Deus, mesmo se nós não lhes anunciamos o Evangelho; mas poderemos nós salvar-nos se, por negligência, por medo, por vergonha – aquilo que S. Paulo chama “envergonhar-se do Evangelho” (Rom 1,16) – ou como conseqüência de idéias falsas, nos descuidamos de o anunciar?  Porque isto seria então atraiçoar o chamamento de Deus que, pela boca dos ministros do Evangelho, quer fazer germinar a semente; dependerá de nós que esta se torne uma árvore e produza todo o seu fruto”. (Paulo VI - Exortação ApostólicaEvangelii Nuntiandi - 1975 - n. 80)

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O talento não era propriamente uma moeda, mas uma unidade contável, que equivalia aproximadamente a uns cinqüenta quilos de prata. Diariamente, recebemos de Deus, diversos talentos para administrarmos em nossa vida e como agimos com eles? Devolvemos a Deus o que de graças recebemos? Disponibilizamos o nosso tempo para Deus ou nos fechamos ao anuncio do Cristo Ressuscitado? Aplicamos nossa “vontade” para as coisas de Deus?
Na parábola o Senhor quer nos ensinar sobre a necessidade de correspondermos à graça de uma maneira esforçada, exigente e constante durante toda a vida. Importa fazer render todos os dons de natureza e de graça recebidos do Senhor. “Tudo o que temos e possuímos. Foi o Senhor que nos deu com Amor”. O importante não é o número, mas a generosidade para fazer frutificar. Pois, “Todos os dons ofertados pelo Senhor, devemos devolver com gratidão, e deixar Deus dispor nossa vida segundo a Sua Vontade”.
A nossa Vocação Cristã não podemos esconder, nem tornar estéril, infecunda, improdutiva. Mas, deve ser comunicativa, apostólica, transmitida, comprometida. O Documento de Aparecida nos convida a sermos verdadeiros discípulos/missionários. Não devemos enterrar os talentos que recebemos, mas sim multiplicá-los e devolvê-los a Deus com alegria.
Para os fiéis cristãos hoje, não deve passar despercebido, que nesta Parábola dos Talentos, Jesus quer passar a seus discípulos a doutrina da correspondência à graça, ou seja, como devemos responder ou devolver a Deus por tudo aquilo que recebemos e temos: nosso trabalho, família, nossos bens. Pois a nossa vocação acontece na vida cotidiana, nas ocupações ordinárias da vida.
Sejamos prudentes e agradecidos a Deus pelos talentos recebidos. Vamos semear, cuidar para colher os frutos, para não sermos tratados como servos inúteis.
O Testemunho do cristão no mundo
Neste 33º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos recorda a grave responsabilidade de ser, no tempo histórico em que vivemos, testemunhas conscientes, ativas e comprometidas no Plano de Salvação que Deus, nosso Pai tem para com toda a humanidade.
O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os «bens» que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os «bens» que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está desperdiçando os dons de Deus e privando os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito). Nossa vida de cristãos precisa dar frutos: de santidade, de caridade, de renovação do mundo, das nossas famílias, das nossas comunidades.
Na segunda leitura, São Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projetos, empenhando-se ativamente na construção do Reino. Há poucos dias, um pastor protestante dos Estados Unidos anunciava a data do fim do mundo... O dia indicado passou, e o tal pastor desculpou-se de seu erro, mas dizia que ia refazer seus cálculos. Certamente irá errar de novo. Para nós, não importa o dia, nem a hora: importa sermos fiéis a Deus a cada dia, a cada hora, para que, no dia estabelecido por Ele, possamos ser encontrados preparados, depois de uma vida de fidelidade e amor.
A primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O «sábio» autor do texto propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do «temor de Deus». Não são só valores da mulher virtuosa: são valores de que deve revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos projetos de Deus e corresponder à missão que Deus lhe confiou.
São Paulo era homem de urgências apressadas e consciência aguda duma missão a cumprir. Acreditava na teoria da «vida passageira e breve» onde o tempo era bem escasso e a vida energia não renovável em contraste com o muito por fazer, este, sim, inesgotável. Preguiça não era com ele; desperdiçar o tempo muito menos. Homem de grandes causas e grandes lutas, coloca-se todo no que fazia. E tudo o que fazia, fazia-o por convicção. Tinha pressa antes que o Senhor chegasse, para no fim dos seus dias lhe poder dizer: «Combati o bom combate», agora, Senhor, acolhe-me no teu Reino pelo qual gastei vida e talentos. Não aceitava quem não queria trabalhar («Quem não quiser trabalhar que não coma»). Hoje escreve aos Tessalonicenses e a nós: «Não durmamos como os outros» porque «não somos da noite» mas do dia. Até que o Senhor venha pedir contas da vida e do que fizemos com ela. É preciso responder com fidelidade à missão que Deus nos confiou.
dom Antonio Carlos Rossi Keller
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A parábola dos talentos - Por Padre Queiroz.

Por que tu não depositaste meu dinheiro no banco?
Esta parábola das moedas de prata é parecida com a dos talentos. Um patrão, antes de viajar, chamou dez empregados e entregou a cada um dez moedas de prata, pedindo-lhes que, na sua ausência, as fizessem render.
As moedas simbolizam os nossos dons e qualidades, que chamamos também de talentos: Saúde, estudo, inteligência, dons artísticos, aptidões profissionais, amor, boas maneiras, as virtudes cristãs, a beleza física...
A parábola foi uma resposta de Jesus aos discípulos que, pelo fato de estarem se aproximando de Jerusalém, pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo. Portanto, o que Jesus quis dizer é que a chegada do Reino de Deus depende de nós mesmos, do uso que fizermos dos nossos dons.
Reino de Deus é a Vida Nova projetada por Jesus, que tem seu início aqui na terra e a plenitude no Céu. É uma vida na verdade, na justiça, na graça de Deus, no amor, na vida plena para todos sem que haja excluídos, e na paz. Aqui na terra, o Reino de Deus é aquele mundo e humanidade que Deus projetou. Isso não cai pronto do céu; nós é que temos de construí-lo, com os dons e recursos que temos.
A referência ao ódio que os concidadãos tinham do patrão e à vitória dele, sendo coroado rei, simbolizam a morte e ressurreição de Jesus. Nós também encontramos obstáculos e perseguições na construção do Reino de Deus, mas nós também venceremos.
“A todo aquele que já possui, será dado mais ainda; mas àquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem.” Sentido: no julgamento final de Deus, aquele que foi fiel no pouco, nos pequenos serviços da vida terrena, receberá uma grande recompensa, como o empregado que fez as dez moedas renderem dez vezes mais; mas o que não teve essa fidelidade, e foi preguiçoso, será castigado severamente.
“Como foste fiel em coisas pequenas, recebe o governo de dez cidades.” O importante não é o tamanho do dom, mas o uso que fazemos dele. Quem desenvolve mais receberá mais prêmio.
A conclusão é que cada um de nós deve usar bem os dons que recebeu de Deus, sejam quais forem, grandes ou pequenos. Assim, seremos premiados por Deus. Mais que uma honra, nossos dons são uma responsabilidade para nós!
Havia, certa vez, um menino que era excepcional. O pai o amava muito e costumava sair com ele para passear na cidade.
Um dia, eles estavam passando perto de um campo de futebol, onde havia um grupo de crianças jogando. O garoto olhou o jogo com os olhos arregalados e disse ao pai ao pai que queria jogar. O pai transmitiu o pedido a um dos garotos que estavam no campo. Este olhou para os demais, como que buscando aprovação. O grupo não disse uma palavra. Então o garoto o aceitou e colocou no seu time. O jogo estava empatado por dois a dois.
De repente o time adversário sofreu um pênalti. Para batê-lo, o time resolveu chamar o garoto excepcional. Ao ver o caminhar desengonçado do menino, o goleiro se adiantou um pouco, na certeza de que a bola não chegaria até o gol. Entretanto, o menino chutou com toda a sua força e a bola, apesar de meio morta, passou por cima do goleiro e entrou. A alegria do seu time foi tão grande que o carregaram pelo campo.
Foi o dia mais feliz daquela criança excepcional, e também de seu pai. E o resultado foi sentido na escolinha de excepcionais que ele freqüentava.
Todos nós temos talentos, inclusive os deficientes. O que precisamos é de amor, apoio, confiança e de espaço para desenvolvê-los.
Maria Santíssima usou e usa muito bem os dons que recebeu de Deus, especialmente o de ser Mãe. Vamos pedir a ela que interceda junto de seu Filho por nós, a fim de que façamos render dez vezes mais as nossas dez moedas de prata.
Por que tu não depositaste meu dinheiro no banco?
Padre Queiroz
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Não enterre seus talentos – Sal


Talentos são dons que nos foram dados de graça pelo poder e misericórdia de Deus. Pode ser o dom de interpretar, de cantar, de escrever, de falar em público, de consertar as coisas quebradas, de cozinhar, de ser cuidadosa, de ser observador, etc. Existem uma infinidade de talentos, os quais recebem o nome de especificidade da inteligência, por alguns psicólogos.
            Infelizmente, muitos seres humanos morrem sem saber qual é realmente o seu verdadeiro talento, sua verdadeira vocação. Assim, levam a vida inteira exercendo qualquer profissão, ou sobrevivendo como trabalhador braçal, sem exercer a sua verdadeira profissão. Tais pessoas sofrem de uma doença chamada pelos psicólogos de insatisfação profissional
            Porém, aquele que logo cedo descobrem seu verdadeiro talento, sua verdadeira vocação, se realiza na vida, com a satisfação profissional
            A bem da verdade, nem todos aqueles que descobriram a sua especificidade de inteligência e se dedicou a ela, a exercem corretamente, ou seja, nem sempre seguem suas vocações de forma moral e religiosamente certa.  É o caso de muitos talentosos cantores, ou intérpretes que não obstante fazer muito sucesso e ganhar muito dinheiro, não são ou não foram felizes, por muitas ou algumas razões, ou simplesmente por não terem Deus como o governo das suas vidas, e então procuraram compensar  essa carência, essa lacuna, se embriagando com algum tipo de droga ou álcool, ao ponto de terminarem cedo com as suas vidas. Outros, seguiram pelos caminhos da promiscuidade comprometendo a salvação das suas almas.  Isso é o que chamamos de uso inadequado dos seus talentos recebidos de Deus.
            Outros talentosos, já sabendo das suas reais vocações, investiram tudo nelas e se realizaram pelo lado certo, e mais. Usaram esse dom de Deus para servir a Deus. É o caso dos autores sagrados, de muitos cantores que cantam a glória de Deus, etc.
            Caro leitor, cara leitora. Você já descobriu qual é o seu talento? Um teste vocacional vai bem.  Você usa o seu talento para fazer o bem ou o mal? Você acredita que essa sua vocação foi um presente de Deus?  Você usa o seu dom somente para  ganhar dinheiro, ou também o usa para servir o Reino de Deus?
            Na minha paróquia têm umas cantoras de voz linda. Sempre digo a elas. O mundo perdeu uma grande cantora!  Elas respondem que preferiram canta para Deus. Isso é muito bonito, santo e merecedor de toda a nossa consideração. Com certeza, tais pessoas serão recompensadas por Deus.
Sal.
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Você já descobriu a sua vocação, o que vai ser na vida?
Cada um de nós recebe de Deus um talento, um dom, uma riqueza, uma vocação. Uns nasceram com uma linda voz, outros nasceram com habilidades para serem pilotos, outros com o dom de compor ou escrever, etc.
Não é muito fácil descobrir a verdadeira vocação. Tanto é que tem muita gente por aí exercendo a profissão errada. Existem médicos cozinhando, tem pedreiros com talento de professor, tem professor trabalhando no comércio e assim por diante. É por isso que muita gente sofre daquela doença chamada INSATISFAÇÃO PROFISSIONAL que é o desajuste causado por exercer a profissão errada na vida. E a maioria são pessoas frustradas, irritadas infelizes, com tendências de repartir a sua infelicidade com os demais.
Nós podemos fazer bem uma série de coisas na nossa existência. Mais somente fazemos maravilhosamente bem, aquilo que nascemos para fazer. E somente quem exerce a verdadeira profissão na vida é que está realizado(a). Porque excede, extrapola, vibra de forma tão espetacular que acaba sendo pessoas notáveis na sociedade.
São poucos aqueles que tiveram a felicidade de descobrir em tempo de exercerem a sua verdadeira vocação. Podemos contar nos dedos. Pelé, Fitipaldi, Nelson Piquet, Airton Sena, Jailson Ferreira, Roberto Carlos, são alguns exemplos.
Entre aqueles que receberam o dom da fé, existem uns que também receberam o dom de cantar, outros de falar em público, e ainda outros receberam o talento de interpretar e explicar a palavra de Deus, por iluminação do Espírito Santo. Estes últimos são de extrema importância para a divulgação do Reino de Deus, através da evangelização. Esses serão cobrados por Jesus, semelhante a Parábola do evangelho de hoje.
O Espírito Santo sempre nos conduz a descobrir os nossos talentos vocacionais, através do chamamento. Não podemos recusar o seu chamado.
Já pensou que prejuízo seria se você tem o dom da fé, mais o dom da palavra, e mais o dom de interpretar e explicar e ainda não está exercendo este talento, esta vocação?
Vocação é uma palavra de origem do latim, VOCARE que significa chamar, ou chamado. Exemplo: Ele foi chamado por Deus para ser padre. Meu irmão, minha irmã. Se você foi chamado(a) para evangelizar, comece a evangelizar enquanto é tempo. Não enterre o seu talento, pois você será cobrado(a) por isso, no dia do acerto de contas.
Sal
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Nossos talentos, é sinal que O Espírito de Deus criador da vida habita em nós – Maria Regina.


. Tudo o que nós recebemos de Deus vem na medida certa, de acordo com a nossa capacidade, nem mais nem menos do que poderíamos receber. Portanto, cabe a cada um de nós assumirmos os talentos que Dele recebemos com humildade e perseverança, pois seremos cobrados pelo que auferimos.Às vezes nos subestimamos e entendemos que não possuímos dons como as outras pessoas e nos negamos a perceber qual a aptidão que nos foi presenteada por Deus. Neste caso estamos enterrando o talento, pois não queremos assumi-lo por falsa modéstia, por preguiça, por comodismo e até por orgulho.
Aquele que se acha muito pequeno e, por isso, se encosta e se acomoda está cometendo um erro incorrigível. Será tirado dele até o dom que ele tinha inclinação para fazer prosperar e não o fez porque não o colocou em prática. Achar-se muito sem capacidade e não confiar na capacidade de Deus é o grande pecado de muitos de nós.
Oremos constantemente e peçamos a Deus nosso Pai que ele nos mostre o talento que cada um tem. Esse talento que encontramos, é sinal que O Espírito de Deus criador da vida habita em nós. E, não basta encontrar esse talento, é necessário partilhá-lo, abrir mão dele, e não o manter bem fechado na nossa mão. Abrir mão dele, partilhá-lo para que, quem tem esse talento, viva verdadeiramente, mas também leve a vida aos outros, para que eles também possam descobrir os talentos que têm e assim possam começar ou recomeçar a viver.
Que a salvação que um dia nos tocou, não fique encerrada em nós. Pois o mundo, a vida, precisam dos nossos talentos. Ousemos partilhá-los com os outros para que todos tenham vida e a tenha em abundância. Meu irmão, minha irmã reflitamos: O que você tem feito com os seus dons? Você se acha muito sem expressão, incapaz de realizar alguma coisa? Não será porque você está confiando somente em você mesmo e esquecendo-se Daquele que lhe deu a vida? Você não acha que a sua vida já é um dom muito precioso? O que você tem feito dela?
Amém
Abraço carinhoso
MARIA REGINA
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A parábola dos talentos - Pe. Fernando Torres
INTRODUÇÃO
Um dos maiores perigos que ameaçam a verdadeira vivência da fé é o medo. Este medo faz com que não sejamos capazes de produzir os frutos exigidos pelo Reino de Deus. Mas esse medo sempre aparece com máscaras que nos enganam e uma das mas sutis que encontramos é aquela que é confundida com a virtude da prudência. Perguntamos se é prudente fazer isso ou aquilo e em nome da prudência justificamos o nosso medo. Nesta hora, devemos nos recordar de Maria, a Virgem prudentíssima, que não julgou prudente conversar com José antes de responder ao Anjo ou ficou esperando a vida inteira pelo milagre de Caná.(CNBB)

O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está desperdiçando os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).

O Reino, o melhor investimento
Nos tempos em que vivemos há muita gente arrancando os cabelos porque perderam a poupança de toda sua vida. Puseram seu dinheiro no mercado de valores e este não fez mais que cair, levando nossa poupança. Ou investiram em negócios ou indústrias que, com a crise na qual estamos, não só não dão benefícios mais estão na bancarrota total. Porém, há alguns que estão esfregando as mãos porque, no meio da tormenta, estão tirando proveito. Diz o refrão que “a rio revolto, é o ganho dos pescadores”. Algo assim é o que está sucedendo. Claro que não estão seguros. Porque, seu uma onda muito forte vier poderá afundar sua embarcação. Podemos concluir que: colocar as esperanças no dinheiro não é nada seguro.

Uma pessoa inteligente tem que saber exatamente que faz com o que tem, com suas economias, suas qualidades, etc. deve estar muito segura onde as investe para sacar o maior rendimento possível. E que esse benefício não lhe possa levar nem os impostos nem a crise econômica, nem nada parecido que possa suceder. É questão de imaginação e inteligência.

A riqueza não é a resposta

Nos que cremos em Jesus e escutamos sua palavra temos uma pista do que podemos fazer para que nossos investimentos estejam seguros e que seus benefícios durem para sempre. Para começar somos conscientes de que o dinheiro e as coisas que se possam comprar com ele não são investimentos seguros. Não trazem a verdadeira felicidade. Claro que é necessário comer todos os dias. Mas aí não se encontra o mais fundamental para vida.

A parábola do Evangelho de hoje não nos diz onde temos que procurar ou que devemos fazer (se assim fosse, Jesus nos animaria materialmente a fazer negócios para ganhar mais dinheiro). A parábola nos chama a atenção sobre um ponto: numa situação difícil devemos ser inteligentes para procurar a melhor saída possível. Se o criado sabia que seu amo era pura exigência e que recolhia onde não semeava, devia ter entendido que a solução não era colocar o dinheiro recebido num buraco e esperar que o amo voltasse. Devia tê-lo feito trabalhar.

Nós estamos em situação parecida. Foram-nos entregues dons, qualidades, atitudes.
Que vamos fazer com elas? Já dissemos que a idéia de nos dedicar somente a ganhar dinheiro com o objetivo de ser muito ricos é inútil. “O dia do Senhor chegará como um ladrão na noite”, como diz a segunda leitura. E todo esse dinheiro não servirá para nada. O dia do Senhor pode referir-se à morte, mais também à crise econômica que nos faz perder todas nossas riquezas num piscar de olhos.

Investir nos valores do Reino

Com o Evangelho na mão temos uma resposta para o nosso problema: não será melhor investir na fraternidade, no carinho e no amor aos que vivem conosco, com respeito e dignidade para todos? Não nos garante esse investimento o futuro aqui neste mundo, mais no que vem depois, muito mais que uma conta corrente com muito dinheiro?

Alguns, com visão curta, pensarão que ficam com a conta corrente. Outros, com maior perspectiva, dar-se-ão conta de que se deve trabalhar a longo prazo e que a amizade dá mais satisfações que um talão de cheques ou um cartão de crédito. Digo eu que os crentes deveria se situar entre os segundos.

Resposta final: tomemos a primeira leitura, reconheçamos que o que atua como se diz nessa leitura é o que faz um investimento verdadeiramente valioso. Sua vida é valiosa para ele/ela e para os demais. 
Porque ao final vale quem serve, vale quem cria fraternidade, vale quem constrói o reino do Pai.
Fernando Torres
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A parábola dos talentos.

Porque tu não depositaste meu dinheiro no banco?

Talentos e Sementes
A preguiça não consiste em não fazer nada, mas em fazer muito de forma que nada mude.

Deus nos semeia. O Criador espalha sementes e espera que elas cresçam, desdobrem seu poder, surpreendam por tudo aquilo que trazem consigo.

Sim, estamos semeados e apenas nos conhecemos. Somos o que seremos, ou melhor o que nós podemos ser. Se em cada semente de árvore está escondido o que depois será, que não estará em cada semente de ser humano?

As sementes que estão em nós vão germinar em equilibrada desarmonia. Cada um segue seu ritmo. Uma pessoa avança embora o outro se detenha, um luta enquanto o outro se deixa vencer. Crescemos ao par de que as sementes que nos habitam e nos dilatam.

Se somos bons cultivadores, irá aparecendo lentamente nosso verdadeiro rosto, irá se escrevendo o nosso nome secreto que Deus nos deu... como quando aparece a imagem no espelho que se desempenha.

Algo sempre ameaça as sementes. Há abortos ou abortivos que ameaçam como inimigos ocultos em qualquer encruzilhada. Há gases paralizantes dispostos a impedir o crescimento interior. Alguém pôs em nós as mas sementes, que agem como vírus maléfico.

Que luta tão inquietante em nossa mesma casa!

Há pessoas que querem crescer, desenvolver suas sementes, mas não podem. As circunstâncias vitais as impedem. Estão dispostos a deixar seu país para sobreviver, para fazer-se ouvir nas sociedades mais acomodadas. Tenho pensado muito nestes dias ao contemplar tantos irmãos africanos sem apoio, sem poder dar um passo, as barreiras que indicam onde há possibilidades de fazer crescer suas sementes. Tenho pensado em descobrir o fogo, as barricadas, os destroços nas cidades francesas, como protesto e explosão de situações que até agora não temos solução.

Há muitas e demasiadas ameaças para o crescimento das sementes. Não as deixamos em liberdade de crescimento. Queremos lhes impor os nossos esquemas preconcebidos. Daí e que nos preocupa tanto os sistemas educacionais, o crescimento da humanidade, o desdobramento de tantas boas sementes semeadas pelo Criador.

A parábola dos talentos pode ser contemplada como a parábola das boas sementes. Trabalhar as sementes, fazê-las viáveis, cultivá-las para que cheguem a seu desenvolvimento, para poderem oferecer os frutos, é o sonho do Criador. Não nos quer raquíticos, seres incompletos ou pela metade. O Criador não quer uma humanidade incapaz de amadurecer, de ser o que ela pode ser.

Por isso, a afirmação da Graça das sementes nos leva ao compromisso de cuidar das sementes para que produzam frutos abundantes. Temos de cuidar do equilíbrio ecológico de nossa sociedade de forma que todos tenham oportunidade para serem eles mesmos. Chega de só pensar em meu projeto de desenvolvimento deixando de lado o outro! Chega de egoísmo, de tanta preocupação somente com o meu “eu”, esquecendo de colaborar no grande equilíbrio de todos!

Boas são as advertências que o misterioso processo humano, de vez em quando nos dá. São advertências do Espírito que nos pede exame de consciência. "Cria corvos que te sangram os olhos."

A fidelidade no pouco que hoje o Senhor nos pede, tem que ver com o trabalho serio para tirar de nos mesmos e dos demais o melhor, com a ilusão de crescer todos juntos. Há muita beleza escondida... mas quanta guerra! Há muitas possibilidades... mas quanta cegueira! Há muito futuro... mas muito desespero!

Nos deixastes semeadores, Abbá. A cada um de acordo com seu querer misterioso e criativo. Chegam em nos mensagens inéditas, possibilidades insuspeitas. Mas também a ameaça de que essa riqueza é retida, seqüestrada, abortada. Envia-nos teu Espírito libertador, que nos seja permitido vencer as forças que nos paralisam e deixe em liberdade... Que venham tempo novos para esta humanidade, que tem o direito de sonhar e desfrutar dos dons coletivos recebidos. Danos voz para gritar por liberdade, danos energia para criar espaços de crescimento, danos generosidade para crescer nunca sós.

José Cristo Rey Garcia Paredes
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Não há felicidade sem fidelidade. Fidelidade aos nossos deveres em relação a Deus. Fidelidade em pequenos gestos de caridade com o próximo–Maria Regina.


 .                                                Jesus ia para Jerusalém enfrentar o momento da Sua Paixão e Morte e aproveitou a oportunidade para conscientizar aos seus discípulos do valor dos bens que Ele deixava para cada um deles. E os alertava sobre o perigo da infidelidade. Jesus vai voltar coroado como Rei e olhará para cada um de nós a procura do que Ele aqui deixou como herança para que fosse usado, multiplicado, espalhado: o Seu Amor com suas conseqüências e sofrimentos. Cada um recebeu a sua quota.
                                                 Assim como cada um dos empregados do homem nobre recebeu igualmente cem moedas, nós todos também recebemos igualmente o dom da fé. Dependendo das nossas ações, este dom nos renderá bens incalculáveis que podem ser colocados à disposição do reino de Deus. A fé, nós a recebemos no nosso Batismo e quanto mais nós a exercitamos mais estaremos encontrando o sentido para a nossa vida e mais prosperamos. Quando nós desconfiamos do amor de Deus por nós, quando não experimentamos a caridade estamos escondendo a fé e terminamos por ter uma existência apagada e sem frutos.
                                              Não há felicidade sem fidelidade. O segredo da felicidade. Todos suspiramos pela felicidade, todos queremos ser felizes. Todavia, é preciso não termos ilusões. A felicidade não se recebe de “mão-beijada”. Ela conquista-se com o esforço, o trabalho e o sacrifício. O segredo da felicidade está na fidelidade aos nossos deveres em relação a Deus e aos outros. Ser fiel no dever de cada dia; fiel em pequenos gestos de caridade com o próximo; fiel no compromisso de piedade, de amor para com Jesus na Eucaristia; fiel na preocupação de tornar a vida agradável aos outros; sorrindo, servindo e ensinando. Não é indiferente ser ou não ser fiel: ditoso o que teme o Senhor e segue o seu caminho, diz o salmista.
                                               O servo preguiçoso é imagem viva do cristão que, quando é chamado à uma vida de piedade mas intensa; comprometer-se na tarefa do apostolado; a aliviar o peso da pobreza, do sofrimento de quem o rodeia, se esquiva. E tranqüiliza a sua consciência dizendo: eu não sou mau, não trato mal ninguém, nem prejudico quem quer que seja. Quem fala assim não repara que também existem omissões graves, coisas que se deviam ter feito ou dito, não se fizeram nem se disseram.
                                                                     Eu, no meu lar, no lugar de trabalho, nas minhas relações sociais, na minha Igreja, faço frutificar os talentos de inteligência, de saúde, de simpatia, de possibilidades econômicas, ou enterro tudo isso no despejo da preguiça? Procuro trabalhar na defesa dos valores: da vida, da verdade, da honra, do pudor, dos outros que precisam da minha ajuda? Mãos à obra! Você tem tudo para ser feliz, e repousar na alegria do seu Senhor, basta que ponha a render os seus talentos.
Oremos ao Senhor: Pai, faça-nos   discípulos fieis de Jesus, para quem deveremos prestar contas do bom uso dos dons que nos  concedeu. Que sejamos prudentes no  nosso agir.
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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