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HOMILIAS PARA O

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sábado, 14 de maio de 2011

IV DOMINGO DA PÁSCOA - O BOM PASTOR

 

HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

15 DE MAIO – 2011

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IV DOMINGO DA PÁSCOA - O BOM PASTOR

Comentários – Prof. Fernando

Introdução

Eu sou a porta das ovelhas

Evangelho - Jo 10,1-10

 "...eu sou a porta das ovelhas.  Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem."

            Jesus é a porta, a passagem única para chegarmos ao Pai. Somente através dele conseguiremos um dia  alcançar a verdadeira paz e a alegria eterna. Jesus é o Bom Pastor e suas ovelhas escutam a sua voz. 

            Mais infelizmente uma grande parcela do mundo de hoje não quer escutar a vóz de Deus através de Seu Filho Jesus. Muitos viraram as costas, muitos o ignoram, e seguem os seus caminhos  rumo à morte do corpo e da alma.  Estamos diante de uma verdadeira inversão da escala de valores. Dos valores pregados por Jesus Cristo.  Ele nos disse para amar a Deus e ao próximo. O mundo de hoje, aconselhado pelo demônio, em vez de amar a Deus sobre todas as coisas, ignoram a Deus e se apegam às coisas materiais. A frase de Jesus: amai-vos uns aos outros,  foi substituída por : matai-vos uns aos outros. O conselho do Mestre: Trate os outros como você gostaria de ser tratado, foi invertido para: Trate os outros como você não gostaria de ser tratado. Não seja bobo, e sim esperto! O negócio é levar vantagem!   

            E dessa forma, assistimos estatelados os noticiários de T.V. mostrando diariamente os pais sendo assassinados pelos filhos. E pais enterrando os filhos mortos pela violência urbana.

            A inversão dos valores está em todas as modalidades. Em vez de vermos na televisão notícias da beatificação do Papa, vemos eventos sociais, casamentos de personalidades consideradas por uns de muito importantes.

João Paulo II que foi beatificado diante de mais um milhão de pessoas,  foi um verdadeiro Bom Pastor, um santo homem, e um  Santo Papa, um dos substitutos  do primeiro Papa ao qual Jesus disse: Pedro, apascenta minhas ovelhas.

            E  João Paulo II fez isso e muito mais. Por isso  800 padres e cem cardeais concelebraram a missa. Dez mil brasileiros estavam presentes à cerimônia.

João Paulo II foi beatificado  em uma cerimônia emocionante. Agora ele é o beato João Paulo II, mas para a multidão já é santo. Karol Woitila foi beatificado diante de mais de um milhão de pessoas de várias partes do mundo em um ritual solene, com a proclamação em latim.

            Mas, infelizmente, este grande e santo evento foi praticamente ignorado pela mídia dos nossos tempos que não quer ouvir a voz do Pastor, que nos fala de Deus.

            O Evangelho deste domingo apresenta Cristo como "o Pastor modelo", que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, ao ponto de dar a vida por elas. E uma parte das ovelhas sabem que podem confiar n'Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho universal.Porém, infelizmente, a outra parte do rebanho, prefere o prazer, a violência como solução dos problemas, e assim cava a sua própria sepultura.

            O rebanho que fala o Evangelho de hoje representa a humanidade toda. Assim como o rebanho das ovelhas tem suas fragilidades, o lobo, o alimento, a água, também nós somos presas dos assaltantes, somos indefesos diante das fatalidades, principalmente agora com o efeito estufa gerando tempestades elétricas e deslizamentos de encostas, etc,  e outros problemas que estão por vir. Dessa forma, somente o Bom Pastor, que é Jesus, pode nos livrar de tantas desventuras do mundo de hoje, o qual está seguindo uma estrada tortuosa rumo ao abismo.

            Caríssimos: e nós catequistas até que ponto somos responsáveis pelas desgraças sociais do mundo de hoje?  Estamos levando a mensagem de Jesus aos nossos irmãos? Estamos vivendo de verdade o que transmitimos a eles? Estamos sendo palavra viva através do nosso comportamento? Da nossa vivência.

            Outro dia um jovem seminarista,  estava se lamentando para os amigos na porta da igreja: Estou perto do diaconato, e sinto que terei de desistir do seminário. Não estou conseguindo controlar, vencer as tentações da carne. É como um fogo ardente que explode em meu corpo de dentro para fora, e por mais que me apego com Jesus e Maria, volta e meia volto a cair em pecado...

            Prezado irmão. Se isso está acontecendo com você, saiba que além da graça de Deus e a força da Virgem Maria, existem remédios que acalmam a desordem sexual, reduzindo o apetite exagerado e incontrolável. Fale com seu médico. Na homeopatia, por exemplo, existem alguns medicamentos que reduzem o apetite sexual. Um deles é o STAPHYSAGRIA 3CH.

            Diante das decepções do mundo de hoje, de um lado a descrença, a indiferença de muitos, de outro lado, alguns daqueles que deveriam dar o exemplo de santidade e foram escolhidos para anunciar o Reino de Deus, são arrastados pelas torrentes de corpos desnudos, de convites ao prazer, de sugestões para o conforto, etc, poderíamos perguntar: porque Deus, o que tudo pode, não chama "eficazmente"? Por que não derruba do cavalo a tantos "saulos" com os quais poderia contar?
           Prezados irmão. Esta é uma pergunta típica do incrédulo! Porque na verdade, nosso Deus através do Cristo ressuscitado, nos chama todos os dias a mudar de vida, à conversão. O problema é que os atrativos do mundo de hoje estão falando mais alto que a voz, ou as vozes daqueles que são escolhidos para evangelizar, e que são portadores do chamado de Deus. Nós que somos vocacionados, escolhidos, temos de fazer muito esforço para fechar os olhos às tentações do mundo e com a graça de Deus conseguir estar unidos a Cristo Jesus, para poder levá-lo eficazmente aos irmãos.

Porque a vocação é um convite para entrar de cabeça, para assumir o projeto de Deus de forma incondicional, mas antes é preciso  receber a Vida inesgotável. E Jesus é a fonte da Vida. Para que dessa forma, a nossa voz seja ouvida pelo rebanho. E não devemos chamar o rebanho de forma ameaçadora, mostrando um Deus que nos castiga, um Deus que nos manda para o inferno, mas sim de forma sedutora, mostrando um Deus que nos ama e que quer a  nossa alegria seja plena, e que a nossa vida seja uma vida em abundância. Vamos fazer como Jesus fez. Ele Seduz e promete a quem dirige sua voz que "não perecerão para sempre!" Quem me segue não andará nas trevas... Terás cem vezes mais nesta vida e ainda a vida eterna... Quem bebe da fonte da água viva nunca mais terá sede ...   ...não vos preocupeis com o dia de amanhã...    ...busque o Reino de Deus em primeiro lugar e tudo o mais te será dado... Amém.

Caro leitor(a), Se você  não acredita nestas palavras, experimente e verás...

Bom domingo.

Sal.

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"Somente Jesus pode nos conduzir rumo ao Pai".

 

                                            Jesus é a porta pela qual nós temos acesso à vida que nos foi preparada pelo Pai, porém nem sempre nós temos consciência dessa verdade. Na nossa fome de felicidade, muitas vezes nós nos deixamos conduzir pelos ladrões e salteadores deste mundo, que nos acenam com fortuna e felicidade. No entanto, estes são mercenários que só visam o lucro e os seus interesses pessoais. Mesmo na esfera espiritual há os embusteiros que se aproveitam do nome de Deus para benefício próprio. Jesus abriu a porta do céu para nós a fim de que a presença de Deus Pai seja atuante na nossa vida. Quando nos desviamos de Jesus nós corremos o risco de entrar em outros lugares onde Deus não está presente.

                                         Somente Jesus pode nos conduzir rumo ao Pai. Quando nós perseguimos os passos de Jesus nós estamos percorrendo o caminho que nos leva ao Pai, fonte do Amor e da felicidade. Jesus veio ao mundo para nos dar a vida em abundância e todos os que buscam outros caminhos e seguem outras vozes terminam sendo enganados. A ovelha que é conduzida por Jesus tem plena confiança de que está no caminho certo, por isso, ela percebe quando a querem desviar e foge. Ela escapa daqueles que não anunciam Jesus, que não operam em nome de Jesus e por amor a Jesus. Quando nós fazemos as coisas em nome de Jesus, as portas se abrem e o verdadeiro Pastor toma conta do rebanho. Conhecer é ter intimidade profunda! As ovelhas conhecem a voz do Pastor porque têm intimidade profunda com Ele!

                             A Igreja é o nosso Redil, nela estamos seguros porque é lá que se encontra Jesus, o nosso Pastor. É na Igreja, na comunidade e na família que nós aprendemos com Jesus a não nos desviarmos do Seu Caminho e a não fugirmos Dele. Há muitas teorias no mundo que tentam nos enganar e nos atrair com falsas conquistas: a teoria da prosperidade sem esforço, a teoria de que tudo é relativo, a teoria de que podemos nos salvar pelas nossas ações, no entanto, Jesus nos afirma: "Eu sou a Porta!"Meu irmão , minha irmã, reflita: Para você o que significa isto?  Você crê em Jesus como Salvador e Senhor da sua vida?  Você tem demonstrado isso nas suas ações? Você tem intimidade com Jesus?  Você já está provando da vida em abundância que Ele veio nos dar?  Você tem paz?

Amém,

Abraço carinhoso da professora

Maria Regina.

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"Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo."  Rita Leite

15 de maio

4º Domingo da Páscoa

João 10,1-10

Neste 4º Domingo da Páscoa Jesus se apresenta como a porta pela qual devemos entrar para sermos salvos. Jesus denuncia um sistema injusto que aprisiona e mata o povo de Deus. Chama os fariseus de mercenários, porque usam do poder político e religioso para manipular o povo. Roubam e matam as ovelhas sem se importarem com elas. São pastores que apascentam a si mesmos, não as ovelhas.

Jesus veio para que tenhamos vida em plenitude. Mas como ter vida em plenitude com tanta dor, tanta fome e tantas coisas ruins que assolam nossas vidas?

Em nossa sociedade quantos são os que detêm o poder e que deveriam cuidar e promover a dignidade e a vida. Mas não o fazem, pois só buscam o próprio interesse. Decepcionam-nos, quase nos fazem perder a esperança com tanta corrupção.

Por outro lado é lindo ver que há tantos outros bons pastores que se doam totalmente em favor do reino de Deus. São aqueles que se comprometem com Jesus Cristo e sua proposta de vida plena. São missionários a serviço do amor, vão aos mais pequeninos aos explorados e abandonados.  Obedientes à palavra de Jesus que disse para Pedro: "Apascenta as minhas ovelhas." São bons pastores em Jesus o verdadeiro e único Pastor.

Jesus nosso bom pastor nos conhece, nos chama pelo nome, nos conduz ao pai, é em Jesus que encontramos a força para lutarmos contra todo sistema opressor que desfigura nossa gente e causa tanta morte. É com Ele e por Ele quem podemos caminhar mesmo nas tribulações, pois cremos que nosso Pastor está à nossa frente. Nosso Deus é o Deus da vida. Se escutarmos a sua voz e o seguirmos teremos a vida baseada no amor no perdão e na fraternidade. Isso não significa que não teremos problemas. Pois nossa esperança não é só para esta vida. Mas Deus nos quer bem, com saude,quer que a vida seja respeitada.

Jesus nos conhece, sabe de nossas limitações e fraquezas e apesar disso e também por isso nos chama. Quer nos conduzir, nos tirar de nossas prisões, quer nos dar vida nova.

Pedro nos diz na 2ª Leitura "andáveis desgarrados como ovelhas, mas agora voltaste para o pastor protetor de vossas vidas." Voltemos para nosso pastor e ouçamos sua voz que nos chama a conversão e nos envia. Senhor que eu ouça tua voz, mesmo em meio as minhas preocupações e desilusões. Que o barulho que o mundo faz não nos impeça de reconhecer tua voz e te seguir. E te seguindo tenhamos a vida e vida em abundância razão pela qual Tu vieste ao mundo.

Abraço

Em Cristo

Rita Leite

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"EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA E A TENHAM EM ABUNDANCIA"! Olívia Coutinho

15 de maio de 2011

 

Evangelho Jo 10,1-10

 

Quando ouvimos falar da figura do Bom Pastor,  nos vem  a imagem do protetor, daquele que cuida, que afaga, que coloca no colo e que conduz!

Quantas coisas bonitas  nos falam aquela imagem do pastor zelozo, carregando carinhosamente uma ovelha em suas costas! Possivelmente era uma ovelha frágil, necessitada de maiores cuidados! Muitas  vezes, nós  nos vimos semelhantes a aquele pobre animal tão depedente de Pastor! É assim, que nós também sentimos nas nossas fragilidades: totalmente dependentes de Jesus, o verdadeiro Pastor  que cuidade de nós e que nunca nos perde de vista!

A figura do Bom Pastor é uma das imagens mais bela e conhecida das pregações de Jesus, onde Ele nos convida a entrarmos no coração do Pai, por meio de seus ensinamentos e se apresenta como a única porta que se abre para cada um de nós vivenciar as maravilhas do Reino!

Passar pela experiência do coração misericordioso e acolhedor de Jesus para chegar ao Pai, é acima de tudo, viver dentro de sua proposta de amor e de Paz.

Muitas vezes, fraquejamos na fé, não damos preferência a esta porta que nos liga ao Pai, optando pelas portas largas abertas pelo mundo! Não nos empenhamos em dar respostas coerentes, a verdade que ouvimos. As vezes somos incoerentes, ovelhas acomodadas e desatentas ao carinho de Jesus, o Bom Pastor, que tem como único desejo, nos libertar dos "lobos" vorazes que estão por aí, a nos espreitar!

Jesus é o único Pastor que nos conduz para as "pastagens verdadeiras", onde encontramos vida em plenitude!

As ovelhas fieis, pertencente ao seu rebanho, conhecem a sua  voz, não se deixam levar pelas propostas enganosas dos falsos pastores! Isso significa, concretamente, percorrer o mesmo caminho de Jesus, numa entrega total ao projeto do Pai, na doação de amor a Deus e aos irmãos!

Ainda há pouco, celebrando a festa da Páscoa, tivemos mais uma oportunidade de perceber que, quando Jesus nos dizia que o Bom Pastor, dá a vida pelas suas ovelhas, Ele não falava numa linguagem figurada, pois  realmente, com a sua vida, Ele se tornou  prenda do nosso resgate! E foi graças a esta entrega, que  nós fomos resgatados!

Que a alegria de fazer parte do rebanho do Bom Pastor que nos conduz, nos motive a celebrarmos a nossa fé e a nossa adesão a  vontade Pai!

 

JESUS É A PORTA DE ENTRADA PARA O CORAÇÃO DO PAI!

 

Olívia Coutinho

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Homilia de Mons. José Maria Pereira – IV Domingo de Páscoa – Ano A

Pastor- Ovelhas- Vocações

O Quarto Domingo da Páscoa é o domingo do BOM PASTOR. Depois de várias aparições de Cristo ressuscitado às mulheres, aos apóstolos, aos discípulos, hoje Jesus se apresenta como o BOM PASTOR! É um título de Cristo muito familiar aos primeiros cristãos. A liturgia deste domingo convida-nos a meditar na misericordiosa ternura de nosso Salvador, para que reconheçamos os direitos que Ele adquiriu sobre cada um de nós com a sua morte. No Evangelho (Jo 10, 1-10) Jesus se apresenta como o BOM PASTOR. É uma catequese sobre a missão de Jesus: conduzir os homens às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em plenitude. O Bom Pastor aparece numa atitude de ternura com as ovelhas… Ele as conhece,as chama pelo nome, caminha com elas e estas O seguem. Elas escutam a Sua voz, porque sabem que as conduz com segurança. Em contraste com o pastor, aparece a figura dos ladrões e dos bandidos. São todos os que se apresentam como Pastor, ou até falam em nome de Cristo, mas procuram somente vantagens pessoais. Além do título de Bom Pastor, Cristo aplica-Se a Si mesmo a imagem da porta pela qual se entra no aprisco das ovelhas que é a Igreja. Ensina o Concílio Vaticano II:" A Igreja é o redil, cuja única porta e necessário pastor é Cristo (LG,6). No redil entram os pastores e as ovelhas. Tanto uns como outras hão de entrar pela porta que é Cristo. " Eu, pregava Santo Agostinho, querendo chegar até vós, isto é, ao vosso coração, prego-vos Cristo: se pregasse outra coisa, quereria entrar por outro lado. Cristo é para mim a porta para entrar em vós: por Cristo entro não nas vossas casas, mas nos vossos corações. Por Cristo entro gozosamente e escutais-me ao falar d Ele. Por quê? Porque sois ovelhas de Cristo e fostes compradas com o Seu Sangue". "… e as ovelhas O seguem, porque conhecem a sua voz" (Jo 10,4). Ora, a Igreja é Cristo continuado! Diz São Josemaria Escrivá: "Cristo deu à Sua Igreja a segurança da doutrina, a corrente de graça dos sacramentos; e providenciou para que haja pessoas que nos orientem, que nos conduzam, que nos recordem constantemente o caminho. Dispomos de um tesouro infinito de ciência: a Palavra de Deus guardada pela Igreja; a graça de Cristo, que se administra nos Sacramentos; o testemunho e o exemplo dos que vivem com retidão ao nosso lado e sabem fazer das suas vidas um caminho de fidelidade a Deus" (Cristo que passa, nº 34). Jesus é a porta das ovelhas! Para as ovelhas significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as ovelhas possam encontrar as pastagens que dão vida. Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o rebanho de Deus… Portanto, Cristo deve conduzir as nossas escolhas. Quem nos conduz? Qual é a voz que escutamos? A voz da política, a voz da opinião pública, a voz do comodismo e da instalação, a voz dos nossos privilégios, a voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz da novela? A voz da televisão? Cristo é o nosso Pastor! Ele Conhece as ovelhas e as chama pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação muito pessoal. A existência humana é bem complexa para que se possa vivê-la com segurança absoluta. Jesus, porém, oferece a quem O segue a direção exata e a proteção eficaz para evitar os elementos que podem prejudicar. Afirma o Sl 22(23): " Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei;estais comigo…". O Divino Pastor é quem pode, realmente, ajudar, salvar e conservar a vida. Ele afirmou: "Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância" (Jo 10, 10). Para distinguir a Voz do Pastor é preciso três coisas: – Uma vida de oração intensa; um confronto permanente com a Palavra de Deus e uma participação ativa nos sacramentos, onde recebemos a vida, que o Pastor nos oferece. Nesse 48º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa enviou uma mensagem, com o tema: "Propor as vocações na Igreja Local": "É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobre tudo os adolescentes e os jovens, para maturarem uma amizade genuína e afetuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica… na escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus… A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local".

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – IV Domingo de Páscoa – Ano A

Amor de predileção pelos sacerdotes

Estamos no mês mariano. Durante este mês é importante que não nos esqueçamos de pedir à Mãe de Jesus que cuide dos sacerdotes. Cada padre, desde que João foi confiado a Maria, é seu filho predileto. Ela os ama de maneira muito especial.

O amor é necessariamente desigual. Não se pode pedir a uma mãe que ame com a mesa intensidade tanto os filhos que saíram das suas entranhas quanto aos estrangeiros que ela apenas teria saudado alguma vez. Não se pode pedir a um marido que a todas as mulheres por igual. Tampouco se pode exigir ao cristão amar a todos os seres humanos por igual. A caridade é ordenada e, por isso mesmo, justamente desigual. É lógico que amemos mais intensamente os nossos irmãos na fé, especialmente aqueles que convivem conosco; é totalmente normal que amemos mais fortemente os nossos familiares, especialmente os nossos pais; não há nada de estranho que amemos mais os nossos amigos que os nossos inimigos, ainda que devamos amar também aos inimigos.

Maria ama com predileção os sacerdotes do seu filho porque Jesus os confiou a ela enquanto sofria na cruz para a nossa salvação. Nossa Senhora não pôde esquecer jamais aquela cena. As últimas vontades de um moribundo, especialmente quando esse moribundo é o Filho de Deus, ficam gravadas na mente de uma maneira indelével. As últimas coisas que um filho pede a uma mãe ficam presentes para sempre na memória materna. Com Nossa Senhora não foi diferente: o desejo de Jesus permaneceu sempre presente no seu coração e ela tem cuidado dos sacerdotes com amor de predileção até hoje.

Gosto de pensar na figura de João. É o típico rapaz valioso e de pouca idade que decide entregar-se de corpo e alma a uma causa maior. João entregou tudo o que era seu aos cuidados de Jesus. João era jovem, tinha um coração puro, era um rapaz vigoroso, um jovenzinho de caráter forte, um coração grande e generoso. Eu não estou de acordo quando se escuta por aí que o vocacionado ao sacerdócio tem que fazer primeiro uma experiência de namoro antes de entrar no seminário. Aqueles que tiveram uma experiência desse tipo não são melhores nem piores do que aqueles que não a tiveram. No entanto, não posso deixar de elogiar a entrega total daqueles que, sem dividir o coração em nenhum momento, se entregaram totalmente a Cristo. Isso é maravilhoso!

Por outro lado, Jesus tem direito de escolher os seus ministros tanto entre os que mantiveram uma vida irrepreensível como o apóstolo João e o discípulo amado de Paulo, Timóteo; como entre aqueles que foram grandes pecadores, como Pedro, Paulo, Agostinho, etc. A todos esses o Senhor confiou a missão de ser pastores da sua grei.

No trecho do Evangelho de hoje, a palavra "porta" aparece quatro vezes. Jesus é a porta! Ou seja, o acesso a Deus, à felicidade, a uma vida verdadeiramente humana, é possível somente através de Cristo. Outras vozes, outras portas, outros pastores não conduzem à vida em abundância que só Jesus tem para dar-nos. Assim como Jesus é a porta das ovelhas, o sacerdote –agindo na Pessoa de Cristo cabeça e em nome da Igreja– também é porta.

Esse é um critério importante para pastores e ovelhas. O sacerdote tem que ser pastor no Pastor. Ele não pode pregar uma doutrina diferente da de Jesus. Se o padre pregasse algo diferente do Evangelho, ele estaria fazendo ressoar uma voz que as ovelhas não seguiriam porque elas não reconhecem nesse tipo de pregação a voz de Cristo, Pastor das suas almas. Nós, os sacerdotes, somos instrumentos do único Pastor. Chamam-nos pastores, e o somos, porque participamos no pastoreio de Jesus. Quando anunciamos a Palavra e quando celebramos os Sacramentos não somos nós, é Cristo em nós. Somos o mesmo Cristo, estamos identificados com ele. Que absurdo, portanto, pregar algo diferente do Evangelho! Que contrassenso pregar uma doutrina que não seja a doutrina católica, tanto em questões de fé quanto em questões de moral.

Os fiéis de Cristo têm direito a escutar a voz de Cristo através dos seus sacerdotes. Os ministros do Senhor foram ordenados para isso. Os fiéis podem e devem exigir deles o Cristo. Os demais cristãos não podem tolerar uma doutrina que não seja a do Divino Pastor e a da sua Esposa, a Igreja, vinda da boca de um sacerdote. Se tal coisa se desse, os fiéis deveriam, justamente, manifestar-se –mas com cuidado para não faltar à caridade– e pedir o que eles desejam: Jesus Cristo, sua palavra santa, os seus sacramentos.

Pe. Françoá Costa

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – IV Domingo de Páscoa – Ano A

At 2,14a.36-41
Sl 22
1Pd 2,20b-25
Jo 10,1-10

"Ressuscitou o bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas e quis morrer pelo rebanho". Estas palavras da Liturgia exprimem admiravelmente o espírito deste Domingo IV do Tempo Pascal, chamado Domingo do Bom Pastor. Valeria a pena ler e meditar de modo contemplativo o capítulo 10,1-18 do Evangelho de São João. Aí, Jesus se revela como o Bom Pastor, ou melhor, o Perfeito, o Belo, o Completo e Pleno Pastor: "Eu sou o bom Pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas" (Jo 10,11). Criticando duramente os pastores, isto é, os líderes do povo de Israel, Deus havia prometido ele mesmo vir pastorear o seu rebanho: "Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho! Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida" (cf. Ez 34). Pois bem! Agora, o Senhor Jesus – e pensemos nele ressuscitado, trazendo as marcas gloriosas da paixão – declara solenemente: "Eu sou o Bom Pastor!" Ele é o próprio Deus, que vem apascentar pessoalmente o seu povo!

Mas, sigamos a Palavra que hoje nos é anunciada. São Pedro e a Igreja proclamam com convicção: "Que todo o povo de Israel reconheça com plena certeza; Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes". Mas, quem é este, constituído Senhor? Por que foi crucificado? A resposta está na segunda leitura deste hoje, nas palavras do próprio São Pedro: "Cristo sofreu por vós. Ele não cometeu pecado algum, mentira nenhuma foi encontrada em sua boca. Quando injuriado, não retribuía as injúrias; atormentado, não ameaçava… Sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas feridas fostes curados. Andáveis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda de vossas vidas!" Eis o nosso Bom Pastor, aquele que deu a vida pelas ovelhas e quis morrer para que o rebanho tivesse vida!

Diante de um amor assim, de uma doação dessas, de um compromisso tão grande conosco, somente podemos fazer a pergunta que os ouvintes de Pedro fizeram: "Que devemos fazer?" E a resposta continua a mesma:"Convertei-vos e cada um de vós seja batizado, isto é, mergulhado, no nome de Jesus Cristo! Salvai-vos dessa gente corrompida!" Caríssimos, somos cristãos, somos ovelhas do rebanho do Bom Pastor! Ele é tudo: é o Pastor e é também a Porta do redil: somente encontra a vida verdadeira quem entre por ele. Há tantos falsos pastores no mundo atual, tantos sabichões, tantos que, nos meios de comunicação determinam o que é certo e o que é errado, o que é verdade e o que é mentira. Ainda agora, os maus pastores do nosso Congresso Nacional – ladrões e salteadores, diria Jesus – votaram pelo assassinato de embriões humanos; ainda agora o Governo Lula aprovou o aborto de modo disfarçado, facilitando o abortamento de qualquer jovem que alegue ter sido estuprada! Pastores falsos, que vêm "para roubar, matar e destruir". Nós somos cristãos; nosso Pastor é o Cristo, aquele que por nós deu a vida, aquele que diz: "Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância!" Seremos ovelhas desse Pastor se escutarmos sua voz e atendermos ao seu chamado. Seguindo-o, encontraremos pastagens para a nossa vida. Mas, atenção: não poderemos segui-lo sem a conversão do nosso coração, sem nos deixarmos a nós mesmos, sem rompermos com aquilo que, no mundo, é modo de pensar e viver contrário ao Evangelho. Supliquemos, pois, ao Bom Pastor, o estado de espírito da ovelha confiante do Salmo da Missa de hoje: "O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma. Ele me guia no caminho mais seguro. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei…"

Hoje também é Jornada de Oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. Peçamos ao Senhor que nos envie santos e sábios sacerdotes, cheios daquele amor que o Senhor Jesus tem pelo seu rebanho. Não nos iludamos: o único modo que o Senhor nos indicou para termos os pastores de que necessitamos é a oração: "Pedi ao Senhor da colheita que envie operários para a sua messe". Rezemos, portanto, e nos empenhemos também, tanto material como espiritualmente, pela formação de nossos seminaristas!

Esta Jornada de Oração de 2005 tem a especial característica da espera em que se encontra toda a Igreja de Cristo por um novo Sucessor de Pedro, Pastor universal do rebanho do Senhor. Supliquemos hoje ao Bom Pastor que conceda a sua Igreja o Pastor cujo nome ele já conhece e escolheu. Que o novo Papa possa responder como Pedro à única questão que realmente importa: "Tu me amas? Sim, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo!" (Jo 21,17). Todo o resto, toda a especulação humana, são de menos importância, diante do mistério do projeto de Deus para a sua Igreja. Então, que Deus nos conceda o Papa de que precisamos para nos apascentar nestes tempos até a Eternidade. Amém.

D. Henrique Soares da Costa

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Bom Pastor

Celebramos hoje o domingo do Bom Pastor. É uma imagem muito conhecida já no Antigo Testamento. É um título de Cristo muito familiar aos primeiros cristãos. É um modelo apresentado a todos os que exercem alguma liderança na comunidade.

Na 1ª e 2ª leitura, Pedro explica como entrar pela porta, ou escutar a voz do Pastor: mediante a conversão e o batismo (At. 2,14a.36-41), e através do seguimento das pegadas de Cristo, fazendo o bem sob o peso do sofrimento. (1Pd. 2,20-25)

O salmista testemunha as ações do Pastor e o desejo de habitar sempre com ele: "O Senhor é meu Pastor, nada me faltará". (Sl. 22)

No Evangelho Jesus se apresenta como o Bom Pastor. É uma catequese sobre a missão de Jesus: conduzir os homens às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em plenitude. (Jo. 10,1-10)

O texto está dividido em duas partes, ou duas parábolas:

1. na primeira parte, aparece a figura do Bom Pastor, numa atitude de ternura com as ovelhas... Ele as conhece, as chama pelo nome, caminha com elas e estas o seguem. Elas escutam a sua voz, porque sabem que as conduz com segurança. Em contraste com o pastor, aparecem as figuras dos ladrões e dos bandidos. São todos os que se apresentam como Pastor, ou até falam em nome de Cristo, mas procuram somente vantagens pessoais.

2. Na segunda parte, Jesus se apresenta como a "Porta das ovelhas": "Quem entrar por mim será salvo". A Porta permite a passagem dos donos da casa e impede o ingresso dos estranhos:

- para os líderes significa que ninguém pode ir ao encontro das ovelhas se não tiver um mandato de Jesus, se não tiver sido convidado por Jesus, se não se orientar pela prática de Jesus;

- para as ovelhas significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as ovelhas possam encontrar as pastagens que dão vida;

A figura do Pastor era uma imagem muito familiar no tempo de Jesus. Mas no mundo urbanizado de hoje, talvez ela perde a força que tinha então... O que nos diz ainda hoje esta imagem?

Convida-nos a refletir sobre o serviço da autoridade… Propõe como modelo: deve ser exercido numa atitude de serviço contínuo e gratuito.

Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o rebanho de Deus... Cristo, de fato, é o nosso "Pastor"? Ou temos outros "pastores", que orientam a nossa existência?

Quem conduz as nossas escolhas? Cristo?  Ou a voz da política, a voz da opinião pública, a voz do partido, a voz do comodismo e da instalação, a voz dos nossos privilégios, a voz do êxito e do triunfo a qualquer custo, a voz da novela? A voz da televisão?

Como Cristo desempenha a sua missão de Pastor?

Ele conhece as "ovelhas" e as chama pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação muito pessoal.

Aqueles que receberam de Deus a missão de presidir, de animar uma comunidade, o fazem dessa forma humana e amorosa?

As ovelhas do rebanho de Jesus devem escutar a voz do Pastor e segui-lo…     Isso significa aderir a Jesus, percorrer o mesmo caminho dele, na entrega total aos projetos de Deus e na doação total aos irmãos.

- Procuramos nós seguir o nosso "Pastor" no caminho exigente do dom da vida, ou preferimos outros caminhos mais cômodos.

Em nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam.

Aceitamos sem problemas as pessoas que receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições?

De outro lado, estamos conscientes de que Cristo é o nosso único "Pastor",      que devemos escutar e seguir sem condições?

Os outros "pastores" têm uma missão válida, se a receberam de Cristo.

E o seu jeito de atuar nunca pode ser diferente do de Cristo.

Para distinguir a "Voz" do "Pastor", é preciso três coisas:

- um permanente diálogo íntimo com "o Pastor",

- um confronto permanente com a sua palavra e

- uma participação ativa nos sacramentos, onde recebemos a vida, que "o Pastor" nos oferece.

Nesse 48º dia mundial de oração pelas vocações, o papa enviou uma mensagem, com o tema: "Propor as vocações na Igreja Local": "É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens, para maturarem uma amizade genuína e afetuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica... na escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus... A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local".

padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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A porta do Reino

 

A comparação oferecida pelo evangelho de hoje nos situa diante de duas realidades bem diferentes, opostas e separadas. De um lado está o estábulo. Trata-se do lugar em que se abrigam as ovelhas. Ali encontram refúgio contra o frio e o alimento necessário, além de proteção contra os animais que podem lhes fazer mal. Fora do estábulo é justamente o lugar onde estão aqueles animais ferozes. Não há comida. O frio pode ser mortal. As ovelhas estão à mercê das intempéries. O lobo ameaça. Nada é seguro lá fora. No entanto, a comparação feita por Jesus não se concentra nos perigos de fora e nem nas comodidades de dentro, mas na porta. A porta é a passagem obrigatória pela qual as ovelhas devem passar para entrar no estábulo. Jesus afirma que ele é a porta ou, também, que é o dono das ovelhas. Conhece cada uma delas por seu nome. Cuida delas, alimentando-as e protegendo-as. Em oposição ao ladrão que pula a cerca e entra apenas para roubar e matar, Jesus oferece às ovelhas vida e vida abundante.

Toda a comparação se baseia para além da imagem concreta, na contraposição entre vida e morte. Seguir Jesus aproximar-se da porta representada por ele, significa encontrar-se com a vida. Não entrar por essa porta é permanecer fora, isolado em meio aos perigos e ameaças. Não entrar implica ficar ao lado da morte.

Mas, hoje, o que significa para nós entrar pela porta que é Jesus? Alguém poderia pensar que a única solução para nos afastarmos dos perigos – dizem que o mundo está cheio deles – seria passar o dia todo dentro da Igreja. Este seria o lugar seguro. Mas enganam-se quem pensa desta maneira. Jesus é bem claro quando diz: "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem".

Parece claro que entrar pela porta que é Jesus, encontrar-se com ele, permitir que seja nosso único dono, transforma a vida de uma pessoa. Não é que mude o lugar em que a pessoa tem de viver. O que muda é a pessoa e sua maneira de se relacionar com o mundo. Depois de passar pela porta que é Jesus, a pessoa poderá entrar e sair. O mundo já não é mais um lugar ameaçador e cheio de perigos. Todo o mundo se converteu em um curral seguro onde se podem encontrar pastagens e vida. Tendo Jesus como pastor, podemos deixar o estábulo com confiança e podemos enxergar a realidade de outra maneira: sem medo. A presença do Ressuscitado enche o mundo e faz que as pessoas tenham vida e vida em abundância. Com Jesus, o cristão não tem medo de nada e de ninguém, e sua própria presença no meio do mundo é portadora de salvação para esse mesmo mundo.

Somos comunidade cristã no meio do mundo. Saímos à rua amedrontados porque o mundo é mau? Ou contemplamos o mundo como criação de Deus e lugar da presença de Jesus? Passamos pela porta de Jesus? O que significa para mim, concretamente, passar pela porta que é Jesus?

Victor Hugo Oliveira

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A quem seguir?

Os discípulos devem estar alertas. De todos os lados, surgem pressões, visando afastá-los do projeto de Jesus. Quem não está atento, corre o risco de ser enganado. O pastor das ovelhas age de maneira muito diferente dos salteadores e ladrões. Cada um é reconhecido por seu modo de proceder.

O pastor tem com as ovelhas um relacionamento feito de confiança e amizade. A intimidade permite que se conheçam mutuamente. As ovelhas conhecem-no pela voz. Ele as chama pelo nome. Cada ovelha tem um valor particular. Elas são levadas para pastar, sob a atenta vigilância do pastor, que lhes dá segurança e as defende.

Esta é a imagem do relacionamento de Jesus com seus discípulos.

Contrariamente ao pastor, agem os estranhos que não nutrem um autêntico interesse pelas ovelhas. Atuando com engodo, podem colocá-las em perigo. Sua única preocupação consiste em tirar proveito de sua ingenuidade, abandonando-as quando não se prestam às suas perversas intenções. A atitude natural das ovelhas é fugir, quando se aproxima um estranho, cuja voz não conhecem. Elas sabem que estão correndo perigo. Contudo, são suficientemente espertas para não se deixarem levar por quem é ladrão e salteador.

O discípulo de Jesus não se deixa enganar. Ele sabe distinguir muito bem entre o pastor e os ladrões e salteadores. Por isso, não hesita em fugir, quando estes se aproximam.

padre Jaldemir Vitório

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Seguir o Pastor

 

O sacramento do batismo é um sinal. Não é um gesto mágico que faz surgir algo que antes não existia. Ele mostra que a graça de Deus está atuando na vida de alguém, que esse alguém correspondeu ao impulso da graça e à inspiração do Espírito e decidiu ser diferente. A pessoa batizada é alguém que, tocada pela graça, percebeu que não pode viver a não ser para Deus. Nela há uma verdadeira conversão e uma forte decisão de não estimular a corrupção deste mundo.

Apesar da nossa boa vontade inicial, andamos pela vida como ovelhas desgarradas, procurando a felicidade muitas vezes onde ela não está. O pastor e guarda das nossas vidas está atento ao que acontece conosco. Embora às vezes enganados e atordoados, acabamos por encontrar a porta do verdadeiro repouso. Jesus é a porta das ovelhas. Habituados à sua voz, nós o reconhecemos prontamente. Ele lá está. Ele sempre está à nossa espera.

Conhecemos a voz do bom pastor sem nunca tê-la ouvido no tempo em que viveu neste mundo. Agora nós a reconhecemos no contato com Ele na Eucaristia, na meditação prolongada das Sagradas Escrituras, na oração perseverante.

Em nossa fraqueza, rezamos: "Não nos deixeis cair em tentação". Com facilidade nos deixamos enganar atraídos pela aparência do bem ou pelo desejo de solução imediata de nossos problemas. Com facilidade trocamos o Cristo da cruz por um fictício Cristo da prosperidade. O bom pastor bate à porta, o porteiro abre e as ovelhas reconhecem o seu pastor. Há, porém, quem não entra pela porta e rouba as ovelhas.

"Bom Pastor" é por excelência o título de Jesus ressuscitado. Assim o viram os primeiros cristãos, assim o vê a nossa liturgia. Essa é a imagem de Jesus ressuscitado que se imprime na mente dos cristãos. Jesus é pastor, e bom pastor. Sua voz é reconhecida pelas ovelhas que a Ele se juntam confiantes. Nele não há nada de assustador, de grandioso, de dominador. Mais tarde Ele será apresentado como um grande senhor, por influência do império bizantino. Antes, porém, Ele é só o Bom Pastor.

At. 2,14a.36-41 – Pedro anuncia com firmeza a ressurreição e propõe aos que o ouvem um novo caminho e um novo estilo de vida. O sinal da aceitação é o Batismo. Muitas pessoas recebem o Batismo e se unem ao grupo inicial. A todos é oferecida a possibilidade de conversão, de arrependimento, de perdão.

1Pd. 2,20b-25 – Pedro lembra aos convertidos que antigamente andavam como ovelhas desgarradas, mas agora encontraram o caminho que os leva ao pastor e guarda de suas vidas. Suas vidas estão protegidas nas mãos de Deus, mesmo quando devem sofrer por praticar o bem. Graças às feridas de Cristo fomos curados. Assim também, o nosso sofrimento faz surgir a justiça.

Jo 10,1-10 – As ovelhas estão em seu abrigo com a porta fechada, guardada por um porteiro. O pastor chega e entra pela porta. As ovelhas reconhecem o verdadeiro pastor e o acompanham, saindo com ele. Jesus, o Bom Pastor, é a própria porta pela qual se entra e se sai em segurança. Há muitos que em todos os tempos tentam se apoderar das ovelhas. Muitas se deixam enganar, mas as verdadeiras ovelhas só escutam Aquele que lhes dá vida em abundância.

cônego Celso Pedro da Silva

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Bom Pastor

Os evangelistas sinóticos, Mateus, Marcos, Lucas, mencionam apenas uma viagem de Jesus a Jerusalém no fim de seu ministério exercido na Galiléia e regiões gentílicas vizinhas. Por sua vez, João, no seu evangelho, narra cinco viagens a Jerusalém no período das celebrações de cinco importantes festas religiosas do judaísmo, em torno do Templo. Em cada uma destas ocasiões, Jesus, com seu ensino e com sua prática, revela o Deus libertador e Deus de amor, questionando a doutrina e a prática do Templo. Jesus suscita, assim, a ira dos chefes religiosos de Jerusalém, apegados à sua tradicional doutrina que lhes conferia poder e prestígio. Na terceira viagem a Jerusalém, por ocasião da festa das Tendas, em um contexto de vários conflitos com os chefes do judaísmo, Jesus cura um cego de nascença. Então o homem que era cego passa a proclamar sua fé em Jesus, e por isto é expulso das sinagogas pelos chefes religiosos de Israel.

Em continuidade à narrativa da cura do cego de nascença, com o longo diálogo conflitivo e revelador entre Jesus e os fariseus, João apresenta em seu evangelho a parábola da porta do redil. Neste contexto, o redil de ovelhas é imagem do povo oprimido que Jesus vem libertar e comunicar vida, desqualificando a sinagoga como local de encontro agradável a Deus. Jesus é a porta do redil onde se reúnem as ovelhas. Os autênticos pastores deste redil são aqueles que entram por Jesus. Os que vieram antes de Jesus, os fariseus e demais chefes religiosos do Templo, são ladrões e assaltantes. Não vieram para o bem das ovelhas, mas sim para roubar, matar e destruir. Esta parábola é, também, uma advertência aos fieis das comunidades para não retornarem às práticas e observâncias tradicionais, das quais foram libertados por Jesus. A sentença final exprime todo o sentido da encarnação do Filho de Deus: "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância".

Se Jesus é a porta do redil, e os autênticos pastores são aqueles que entram através de Jesus, logo a seguir Jesus também se identifica como sendo o Bom Pastor, por excelência, que consagra sua vida ao cuidado do rebanho. Em Jesus, aqueles que andavam desgarrados como ovelhas, agora encontram o pastor que os protege e cuida deles (segunda leitura). Na primeira leitura, Pedro, como um autêntico pastor de Jesus, dirige sua pregação ao povo de Israel, a quem atribui a responsabilidade pela morte de Jesus, convidando-o à conversão. A vontade de Deus é que todos, sem qualquer discriminação, se unam pelo batismo em nome de Jesus, recebendo o Espírito Santo de Amor e Verdade, no empenho do resgate da vida e da dignidade humana neste mundo, como caminho para a vida eterna.

José Raimundo Oliva

 

"…as ovelhas seguem-no porque conhecem a sua voz." Jo 10,4

 

Com que voz…!

 

Dizem os pediatras que é na barriga das mães que começamos a reconhecer as vozes da mãe e do pai, e de outros que nos falem habitualmente. Parece que tudo o que é vivo gosta que se lhe fale, e até as plantas e os animais reagem às palavras e a expressões da comunicação humana, como a música, por exemplo. Não sei quem me disse que as plantas que tinha em casa andavam mais viçosas e vivazes desde que começara a falar com elas (é claro que não podia dizer isso às vizinhas senão chamar-lhe-iam "maluquinha"!). E também que as vacas davam melhor leite quando ouviam música clássica! Quantas vezes não experimentámos o acelerar do coração ao ouvir a voz de alguém que amamos? E não é pela voz, mais até pelo modo como dizemos, que revelamos o que vai por dentro de cada um?

Gosto de lembrar o primeiro relato da criação e o modo como Deus cria com a sua palavra: "Haja luz…e águas…e terra…e plantas e animais…e o homem e a mulher". E também como se foi revelando pela voz com que chamou, escolheu, e fez aliança. Chamou os profetas para falarem em seu nome. Enviou o Filho como Verbo feito carne, a Voz feita choro de criança e palavra salvadora: "Levanta-te…vai em paz…os teus pecados estão perdoados…Lázaro, sai para fora…amai-vos como Eu vos amei." Com que agitação interior escutavam as suas palavras todos os que O ouviam! E como se sentiam reconhecidos e amados mesmo com as suas vidas enredadas e enganadas por mil outras vozes! Aquela voz que dava vista aos cegos, energia aos paralíticos, vida aos mortos prolonga-se na voz dos seus discípulos: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda", disse Pedro ao paralítico da porta do Templo chamada Formosa!

No meio de tantas vozes, que a instabilidade económica e política propicia, temos sede de confiança. Não bastam vozes esperançosas ou denunciadoras; é preciso que quem fala seja merecedor de confiança. Não se pede que seja perfeito, mas que seja humilde, que seja coerente, que não ceda à corrupção ou ao oportunismo. Que arrisque a vida por aquilo que diz, restaurando a dignidade das palavras, e levando quem escuta a comprometer-se na mudança. Se muitas vozes servem mais para dividir e buscar glórias pessoais, ou para adormecer e fazer crescer a desconfiança, estamos a matar as palavras! Como é a nossa voz de cristãos por entre o imenso ruído de fundo deste tempo? É voz que acolhe, que liberta, que promove, que não julga mas procura salvar? Acreditamos mesmo que a voz de Cristo passa pelos nossos lábios? E como Igreja a palavra precisa encarnar primeiro em nós?

Quando conhecemos a voz de quem nos quer bem e nos estimula a ser mais; voz que suscita diálogo e não adormecimento; voz que lança pontes e abre portas à beleza; voz que é encontro com Deus e nos convoca para mudar o que está mal; também queremos seguir o pastor que nos cativou! Mas o inverso também é verdade!

padre Vítor Gonçalves

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O Bom Pastor

 

O 4º domingo da Páscoa é considerado o "domingo do Bom Pastor", pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como "Bom Pastor". É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe hoje à nossa reflexão.

O Evangelho apresenta Cristo como "o Pastor", cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objetivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.

A segunda leitura apresenta-nos também Cristo como "o Pastor" que guarda e conduz as suas ovelhas. O catequista que escreve este texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse "Pastor". No contexto concreto em que a leitura nos coloca, seguir "o Pastor" é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.

A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, "o Pastor", desafia os homens a percorrer: é preciso converter-se (isto é, deixar os esquemas de escravidão), ser batizado (isto é, aderir a Jesus e segui-l'O) e receber o Espírito Santo (acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).

 

1 leitura – Atos 2,14a.36-41 - AMBIENTE

Continuamos no mesmo ambiente em que nos colocava a primeira leitura do passado domingo: em Jerusalém, na manhã do dia do Pentecostes. Pedro é o porta-voz de uma comunidade que, iluminada pelo Espírito, toma consciência da necessidade de testemunhar Jesus, a sua vida, a sua morte e a sua ressurreição. Diante dos habitantes de Jerusalém e dos forasteiros – idos das comunidades judaicas da "Diáspora" – reunidos para a festa judaica do "Savu'ot" (Pentecostes – a festa que celebrava a aliança do Sinai e o dom da Lei), a comunidade cristã apresenta o kerigma sobre Jesus e proclama a sua fé.

Este discurso é uma construção do autor dos Atos e não uma transcrição textual das palavras de Pedro, nesse dia; no entanto, é razoável supor que, nesse momento inicial da caminhada da Igreja, o testemunho dos discípulos de Jesus não se afastou muito das idéias aqui apresentadas.

MENSAGEM

O texto que hoje nos é proposto apresenta-nos, sobretudo, uma catequese acerca da atitude correta para acolher a proposta de salvação que Deus faz aos homens, por intermédio dos discípulos de Jesus.
Os homens e mulheres que, no dia do Pentecostes, escutam o discurso de Pedro representam a comunidade do antigo Povo de Deus, destinatária primeira desse kerigma que a comunidade cristã primitiva é chamada a propor.

Pedro, em nome da comunidade cristã, convida a comunidade do antigo Povo de Deus a reconhecer que rejeitou o "Senhor" (o "kyrios" – nome grego que traduz o "Adonai" hebraico – o nome dado pelos judeus a Jahwéh"), o "Messias" (isto é, o "ungido" de Deus, que veio concretizar as promessas de salvação e de libertação que Jahwéh tinha feito ao seu Povo) e a tirar daí as devidas consequências. Diante dessa interpelação, os ouvintes sentiram o coração "trespassado" (do verbo "katanyssô" – "afligir-se profundamente"). O verbo utilizado traduz o "pesar", o "sentir pontadas no coração", como remorso por ter feito algo contrário à justiça. É a atitude que conduz ao arrependimento e o primeiro passo para a mudança de vida, a "metanoia".

O que é que vai resultar desse "remorso"? Antes de mais, os interlocutores de Pedro colocam-se numa atitude que manifesta total disponibilidade, face à interpelação que lhes é feita: "que havemos de fazer, irmãos?" É a atitude de quem reconhece a verdade das acusações que lhe são imputadas, de quem admite os seus erros e limitações e de quem está verdadeiramente disposto a reequacionar a vida, a corrigir os esquemas errados que têm orientado, até aí, a sua existência.

Pedro, em nome de Jesus e da comunidade cristã, define o caminho que a adesão de Jesus propõe a cada crente: converter-se, ser batizado, receber o Espírito Santo.

A "conversão" ("metanoia") significa a mudança radical da mente, dos comportamentos, dos valores, de forma a que o coração do crente se volte de novo para Deus. No contexto neo-testamentário, mais especificamente, a "conversão" é a renúncia ao egoísmo e à auto-suficiência, e o aceitar a proposta de salvação que Deus faz através de Jesus. Implica o acolher Jesus como o salvador e segui-l'O, no caminho do amor, da entrega, do dom da vida.

A adesão a Jesus traduz-se num gesto: o "receber o batismo". "Pedir o batismo" é reconhecer que Jesus tem uma proposta de salvação e vida nova, optar por essa vida nova que Jesus propõe e incorporar-se à comunidade dos que seguem Jesus.

Receber o batismo significa receber o Espírito Santo: ao optar por Cristo, o crente acolhe no seu coração a vida de Deus e a sua existência passa a ser animada por um dinamismo divino que, continuamente, o recria, o vivifica, o transforma.

ATUALIZAÇÃO

• Em cada linha da leitura que nos foi proposta, está presente a lógica de um Deus que não se conforma com o fato de os homens rejeitarem a sua oferta de salvação e que insiste em desafiá-los, em acordá-los, em questioná-los, até que eles percebam onde está a verdadeira vida e a verdadeira felicidade. Este Deus é, verdadeiramente, o Pastor que nos conduz para as nascentes de água viva.

• Perante a interpelação que Deus faz, por intermédio de Pedro, os membros da comunidade judaica perguntam: "que havemos de fazer, irmãos?" É a atitude de quem toma, bruscamente, consciência dos caminhos errados que tem trilhado, percebe o sem sentido de certas opções, comportamentos e valores, aceita questionar as suas certezas e seguranças, para aceitar os desafios de Deus. Trata-se de uma atitude corajosa: é mais fácil continuar comodamente instalado na sua auto-suficiência, do que "dar o braço a torcer" e reconhecer, com humildade, a necessidade de eliminar os preconceitos, de refazer os esquemas mentais, de admitir as falhas, os limites, as incoerências. Aceito questionar-me, estou disposto a admitir os meus limites, procuro humildemente o caminho certo, ou sou daqueles que nunca me engano e raramente tenho dúvidas?

• "Convertei-vos" – pede Pedro aos seus interlocutores. Converter-se é deixar os velhos esquemas de egoísmo, de prepotência, de orgulho, de auto-suficiência que tantas vezes constituem o cenário privilegiado em que se desenrola a vida, para ir atrás de Jesus e aprender com Ele a amar, a servir, a dar a vida. Estou disponível para encarar a minha vida sob o signo da conversão? O que é que, na minha vida, mais necessita de ser transformado, em termos de idéias, valores, comportamentos?

 

2 leitura – 1 Pedro 2,20b-25 - AMBIENTE

Continuamos com essa Primeira "Carta de Pedro", escrita por um autor desconhecido e dirigida, durante a década de 80, a comunidades cristãs de zonas rurais do interior da Ásia Menor. Trata-se de comunidades constituídas majoritariamente por pessoas provenientes do paganismo, de classe econômica débil: muitos são camponeses que cultivam as terras dos senhores locais, pastores que cuidam de rebanhos alheios, ou mesmo escravos. Este ambiente torna-as altamente vulneráveis face à hostilidade que os defensores da ordem romana manifestam para com os cristãos.

O autor da carta conhece perfeitamente a situação de debilidade em que estas comunidades estão e prevê que, num futuro próximo, o ambiente se vá tornar menos favorável ainda. Recorda, pois, aos destinatários da carta, o exemplo de Cristo, que sofreu e morreu, antes de chegar à ressurreição. É um convite à esperança: apesar dos sofrimentos que têm de suportar, os crentes estão destinados a triunfar com Cristo; por isso, devem viver com alegria e coragem o seu compromisso batismal.

O texto que nos é proposto integra uma perícope em que o autor apresenta aos destinatários da carta um conjunto de conselhos práticos sobre a conduta que os cristãos devem assumir em várias situações da vida (cf. 1 Pe 2,11-5,11). Mais especificamente, o nosso texto reflete sobre os deveres dos servos (cf. 1Pe 2,18) face aos seus senhores.

MENSAGEM

No centro da catequese que aqui nos é proposta pelo autor da Primeira Carta de Pedro, está o exemplo de Cristo: Ele sofreu (v. 21) sem ter feito mal nenhum (v. 22); maltratado pelos inimigos, não respondeu com agressão e vingança (v. 23); pelo dom da sua vida, eliminou o pecado que afastava os homens de Deus e uns dos outros (v. 24); por isso, Ele é o Pastor que conduz e guarda os crentes (v. 25).

O texto está cheio de referências vétero-testamentárias. Para descrever a atitude de Cristo, o autor utiliza a letra do quarto cântico do "servo de Jahwéh" (cf. Is. 53,4-9.12) – um texto que reflete a experiência desse "servo sofredor" que "não cometeu pecado algum e em cuja boca não se encontrou mentira" (v. 22; cf. Is 53,9), que suportou pacientemente as injustiças e de cuja entrega resultou vida para o seu Povo. Provavelmente, estamos diante de um antiqüíssimo hino cristão utilizado na liturgia primitiva, que comparava o sofrimento de Cristo ao sofrimento do "servo de Jahwéh" e o valor salvífico da morte de Cristo ao valor salvífico da morte do "servo".

Por outro lado, o autor utiliza o motivo do "pastor" de Ez 34. Aí, o profeta falava de Deus como "o bom pastor", que havia de vir cuidar das suas ovelhas fracas, doentes e tresmalhadas. Ao ligar o tema do "pastor" com o tema do sofrimento de Cristo, o autor desta catequese está a sugerir que foi do sofrimento de Cristo que resultou vida e salvação para o rebanho de Deus.

Do exemplo de Cristo, o autor da carta tira as consequências para a vida dos cristãos: como Cristo, os crentes são chamados a responder às ofensas e injustiças com bondade e mansidão. Isto é "uma graça aos olhos de Deus" (v. 20b) – quer dizer, é uma atitude agradável a Deus e é uma atitude que resulta da graça de Deus. O autor da carta dirige-se explicitamente aos servos, aconselhando-os a suportar com paciência as provações a que são sujeitos pelos seus senhores. No entanto, ele pretendia, provavelmente, ir mais além e estender a sua exortação a todos os crentes… O cristão – seguidor desse Jesus que sofreu sem culpa e que suportou os sofrimentos com amor – deve rejeitar absolutamente o recurso à violência. É nessa atitude de bondade e de mansidão que se manifesta a graça de Deus.

ATUALIZAÇÃO

• Como devemos lidar com a injustiça e com a violência? Haverá uma violência justa e aceitável? Os fins justificam os meios? É a este tipo de questões que a nossa leitura responde. O autor não está interessado em grandes argumentações filosóficas, sociológicas ou teológicas: propõe apenas o exemplo de Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem e foi preso, torturado, assassinado sem resistir, sem Se revoltar, sem responder "na mesma moeda" aos seus assassinos. É uma lógica incompreensível, ou até mesmo demente, aos olhos do mundo… Mas é a lógica de Deus; e Jesus demonstrou que só este caminho conduz à ressurreição, à vida nova, a um dinamismo gerador de um mundo novo. O cristão é chamado a ser testemunha no meio dos homens desta novidade absoluta: só o amor gera vida nova e transforma o mundo.

• Esta leitura apresenta Cristo como "o Pastor" que guarda e conduz as suas ovelhas. Neste contexto, em concreto, seguir o Pastor é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem. Cristo é, de facto, o meu "Pastor", a minha referência, o modelo de vida que eu tenho sempre diante dos olhos – tanto nesta como noutras questões? Quem é que eu ouço, quem é que eu sigo, quem é o meu modelo?

 

Evangelho – Jo 10,1-10 – AMBIENTE

O capítulo 10 do 4º Evangelho é dedicado à catequese do "Bom Pastor". O autor utiliza esta imagem para propor uma catequese sobre a missão de Jesus: a obra do "Messias" consiste em conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em plenitude.

A imagem do "Bom Pastor" não foi inventada pelo autor do 4º Evangelho. Literariamente falando, este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do Antigo Testamento. Em especial, este discurso tem presente Ez 34 (onde se encontra a chave para compreender a metáfora do "pastor" e do "rebanho"). Falando aos exilados da Babilônia, Ezequiel constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus "pastores", que conduziram o Povo por caminhos de morte e de desgraça; mas – diz Ezequiel – o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo; Ele porá à frente do seu Povo um "Bom Pastor" (o "Messias"), que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida.

A catequese que o 4º Evangelho nos oferece sobre o "Bom Pastor" sugere que a promessa de Deus – veiculada por Ezequiel – se cumpre em Jesus.

MENSAGEM

O texto que nos é proposto deve ser entendido no contexto mais amplo da denúncia da atuação dos dirigentes espirituais judeus. No episódio do cego de nascença (cf. Jo 9), tinha ficado claro que os dirigentes não estavam interessados em acolher a luz e em deixar que o Povo escolhesse a liberdade que Jesus oferecia. Em jeito de conclusão desse episódio, Jesus avisa os dirigentes de que veio chamá-los a juízo ("krima") por causa da sua má gestão como líderes do Povo de Deus (cf. Jo 9,39-41 – os versículos que antecedem o nosso texto): eles não só preferiram continuar nas trevas da sua auto-suficiência, como impedem o Povo que lhes foi confiado de descobrir a luz libertadora que Jesus lhes quer oferecer.

O texto do Evangelho, que hoje nos é proposto, está dividido em duas partes, ou em duas parábolas.

Na primeira parábola (cf. Jo 10,1-6), Jesus apresenta-se preferencialmente como "o Pastor", cuja ação se contrapõe a esses dirigentes judeus que se arrogam o direito de pastorear o "rebanho" do Povo de Deus, mas sem serem "pastores".

Jesus não usa meias palavras: os dirigentes judeus são ladrões e bandidos (cf. Jo 10,1), que se servem das suas prerrogativas para explorar o Povo (ladrões) e usam a violência para o manter sob a sua escravidão (bandidos). Aproximam-se do Povo de Deus de forma abusiva e ilegítima, porque Deus não lhes confiou essa missão ("não entram pela porta"): foram eles que a usurparam. O seu objetivo não é o bem das "ovelhas", mas o seu próprio interesse.

Ao contrário, Jesus é "o Pastor" que entra pela porta: ele tem um mandato de Deus e a sua missão foi-Lhe confiada pelo Pai. Em Ezequiel, o papel do "pastor" correspondia, em primeiro lugar, a Deus (cf. Ez. 34,11-12.15) e ao futuro enviado de Deus, o "Messias" descendente de David (cf. Ez. 34,23). Ao apresentar-se como Aquele "que entra pela porta", com autoridade legítima, Jesus declara-Se, implicitamente, o "Messias" enviado por Deus para conduzir o seu Povo e para o guiar para as pastagens onde há vida em plenitude. Ele entra no redil das "ovelhas" para cuidar delas, não para as explorar. A sua missão é libertá-las das trevas em que os dirigentes as trazem e conduzi-las ao encontro da luz libertadora (cf. Jo 10,2).

Como é que Jesus exercerá a sua missão de "pastor"? Em primeiro lugar, irá chamar as "ovelhas". "Chama-as pelo seu nome", porque conhece cada uma e com cada uma quer ter uma relação pessoal de amor, de proximidade, de comunhão: para Jesus, não há "massas", mas pessoas concretas, com a sua identidade própria, com a sua riqueza, com a sua dignidade.

Não obrigará ninguém a responder-Lhe; mas os que responderem ao seu chamamento farão parte do seu "rebanho". A esses, Jesus conduzi-los-á "para fora" (v. 3): Jesus não veio instalar-Se na antiga instituição judaica, geradora de opressão e de escravidão; mas veio criar uma comunidade humana nova – a comunidade do novo Povo de Deus.

Depois, o "pastor" caminhará "diante das ovelhas" e estas segui-l'O-ão (v. 4). Ele indica-lhes o caminho, pois Ele próprio é "o caminho" (cf. Jo 14,6) que leva à vida plena. As "ovelhas" seguem-n'O: "seguir" traduz a atitude do discípulo, convidado a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida, a fazer d'Ele a sua referência fundamental, a aderir a Ele de todo o coração. As "ovelhas" "escutam a sua voz", porque sabem que só a voz de Jesus as conduz, com segurança, ao encontro da vida definitiva.

Na segunda parábola (cf. Jo 10,7-9), Jesus apresenta-Se como "a porta". Aqui, Ele já não é o pastor legítimo que passa pela porta, mas "a porta". O que é que Ele quer traduzir com esta imagem?

A imagem pode aplicar-se aos líderes que pretendem ter acesso ao "rebanho", ou pode aplicar-se às próprias "ovelhas". No que diz respeito aos líderes, significa que ninguém pode ir ao encontro das "ovelhas" se não tiver um mandato de Jesus, se não tiver sido convidado por Jesus; e significa também que ninguém pode ir ao encontro das "ovelhas" se não tiver os mesmos sentimentos, a mesma atitude de Jesus (que não é a de explorar as "ovelhas", mas a de dar-lhes vida).

No que diz respeito às "ovelhas", significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as "ovelhas" possam encontrar as pastagens que dão vida. "Passar pela porta" que é Jesus significa aderir a Ele, segui-l'O, acolher as suas propostas. As "ovelhas" que passam pela porta que é Jesus (isto é, que aderem a Ele) podem passar para a terra da liberdade (onde não mandam os dirigentes que exploram e roubam), onde encontrarão "pastos" (vida em plenitude).

O nosso texto termina com a reafirmação do contraste entre Jesus e os dirigentes: os líderes religiosos judaicos utilizam o "rebanho" para satisfazer os seus próprios interesses egoístas, despojam e exploram o povo; mas Jesus só procura que o seu "rebanho" encontre vida em plenitude.

ATUALIZAÇÃO

• Na nossa cultura urbana, a figura do "Pastor" é uma figura de outras eras, que pouco evoca, a não ser um mundo perdido de quietude e de amplos espaços verdes; em contrapartida, conhecemos bem a figura do presidente, do líder, do chefe: não raras vezes, é alguém que se impõe pela força, que manipula as massas, que escraviza os que estão sob a sua autoridade, que se aproveita dos fracos, que humilha os mais débeis… Ao propor-nos a figura bíblica do "Bom Pastor", o Evangelho convida-nos a refletir sobre o serviço da autoridade… Propõe como modelo de presidência (ou de "Pastor") uma figura que oferece a vida, que serve, que respeita a liberdade das pessoas, que se dedica totalmente, que ama gratuitamente.

• Para os cristãos, "o Pastor" por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o "rebanho" de Deus das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade, da morte para a vida. O nosso "Pastor" é, de fato, Cristo, ou temos outros "pastores" que nos arrastam e que são as referências fundamentais à volta das quais construímos a nossa existência? O que é que nos conduz e condiciona as nossas opções? Cristo? A voz do política e socialmente correto? A voz da opinião pública? A voz do presidente do partido? A voz do comodismo e da instalação? A voz do preservar os nossos esquemas egoístas e os nossos privilégios? A voz do êxito e do triunfo a qualquer custo? A voz do herói mais giro da telenovela? A voz do programa de maior audiência da estação televisiva de maior audiência?

• Atentemos na forma como Cristo desempenha a sua missão de "Pastor": Ele conhece as "ovelhas" e chama-as pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação única, especial, pessoal. Dirige-lhes um convite a deixarem a escuridão, mas não força ninguém a segui-l'O: respeita absolutamente a liberdade de cada pessoa. É dessa forma humana, tolerante, amorosa, que nos relacionamos com os outros? Aqueles que receberam de Deus a missão de presidir a um grupo, de animar uma comunidade, exercem a sua missão no respeito absoluto pela pessoa, pela sua dignidade, pela sua individualidade?

• As "ovelhas" do rebanho de Jesus têm de "escutar a voz" do "Pastor" e segui-l'O… Isso significa, concretamente, tornar-se discípulo, aderir a Jesus, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projetos de Deus e na doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso "Pastor" (Cristo) no caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos que esse caminho não leva aonde nós pretendemos ir?

• Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam. Podemos aceitar, sem problemas, que elas receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições; mas convém igualmente ter presente que o nosso único "Pastor", Aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Cristo. Os outros "pastores" têm uma missão válida, se a receberam de Cristo; e a sua atuação nunca pode ser diferente do jeito de atuar de Cristo.

• Para que distingamos a "voz" de Jesus de outros apelos, de propostas enganadoras, de "cantos de sereia" que não conduzem à vida plena, é preciso um permanente diálogo íntimo com "o Pastor", um confronto permanente com a sua Palavra e a participação ativa nos sacramentos onde se nos comunica essa vida que "o Pastor" nos oferece.

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho - www.ecclesia.pt

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O domingo do Bom Pastor

 

A primeira leitura (Atos 2,14-41) continua a relatar a proclamação de S. Pedro no dia do Pentecostes. A afirmação singela mas firme de que ele próprio e os companheiros eram testemunhas da ressurreição e de que "Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes" põe muitos a refletir. Inclinados a acreditar, perguntam: "Que havemos de fazer, irmãos?" E Pedro responde com segurança: convertam-se a sério, peça cada um "o batismo em nome de Jesus Cristo", acreditem que receberão o perdão e "o dom do Espírito Santo". No Antigo Testamento (cf. Joel 3,1-5) o dom do Espírito significava uma intervenção extraordinária de Deus. S. Pedro recorda o dom que ele e os companheiros acabam de receber e afirma que esse dom é também "para vós, para os vossos filhos, assim como para todos os que, lá longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus". Será a pouco e pouco que ele e os outros cristãos irão compreender que o Espírito Santo é, com o Pai e o Filho, uma das "três Pessoas de Deus".

A segunda leitura (I Pedro 2, 20-25) é um daqueles textos que precisam de comentário. Esta palavra, que hoje propomos a todos, era dirigida aos cristãos sujeitos à escravatura (2,18). S. Pedro exorta-os a que aceitem os sofrimentos com paciência, recordando os sentimentos de Cristo na sua Paixão. Ora hoje uma das preocupações do mundo, e também da Igreja, é acabar com a escravatura, é mesmo convidar os escravos a que sacudam a escravidão. A questão pode, de resto, ser alargada: face à fome, à doença, à injustiça, à violência, à morte, que deve o homem fazer? Creio que precisamos todos de uma certa dose de discernimento. Se um de nós adoece, deve ir ao médico, deve tratar-se, deve lutar com determinação contra a morte, em vez de se limitar a dizer "faça-se a vontade de Deus"- a primeira vontade de Deus é que cada um nós aceite gerir com bom senso a vida que recebeu. Mas chegará o dia em que havemos de compreender que a doença não tem remédio e é inútil procurar tratamentos mais complicados; nesse dia, felizes de nós se soubermos aceitar os sofrimentos e a morte, acreditando que se inserem no mistério da Paixão, pedindo a Deus que nos ajude a ter os mesmos sentimentos de Cristo. No tempo de S.Pedro, a Igreja não tinha poder para libertar os escravos, o convite à revolta seria apenas uma sementeira de ódios sem esperança. Um pagão (que era filósofo e era imperador de Roma) tinha já reconhecido que "um escravo pode ser mais livre que o imperador". É a essa liberdade que este texto convida.

No Evangelho (Jo. 10,1-10) Jesus apresenta-se como o bom Pastor. O Antigo Testamento tinha dito que o Povo era o rebanho de Deus e os chefes – políticos e religiosos – eram os seus pastores. Mas os chefes políticos e religiosos detestam Jesus e querem matá-lo. Apresentam-se como defensores da verdade e da tradição, mas só cuidam dos seus interesses. Por isso Jesus retoma a imagem. Existiam no campo espaços cercados onde vários pastores recolhiam ao fim da tarde os seus rebanhos. Cada um desses pastores ficava, por turno, a vigiar a entrada, era "a porta". De manhã, o bom pastor "chama cada uma das ovelhas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz". O bom pastor levava as ovelhas para os pastos verdes e para a água fresca, defendia-os dos ladrões e dos lobos. As ovelhas conheciam-lhe a voz e confiavam nele. Por sua vez, o bom pastor conhecia as suas ovelhas e tinha posto nome a cada uma. Bem sabemos que, hoje, a imagem do rebanho se usa para fustigar o seguidismo e a alienação. Na boca de Jesus significa, pelo contrário, a confiança livre e bem fundada, a relação profunda e mútua do amor.  

padre João Resina

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Domingo, 15 de Maio de 2011

Evangelho - Jo 10,1-10

Eu sou o pastor das ovelhas.

Neste Evangelho, Jesus nos faz um alerta muito importante: "Quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante". A porta é a Igreja una, santa, católica e apostólica. Redil é o curral de ovelhas, onde passam a noite vários rebanhos juntos.

"Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora." De manhã, cada pastor chega, chama as suas ovelhas e elas vêm, porque conhecem a voz do seu pastor. As demais ficam no redil, porque não atendem a voz de estranhos.

"Ele chama as ovelhas pelo nome." Como é gratificante saber que Deus nos conhece a cada um pelo nosso nome, isto é, conhece a nossa pessoa e a nossa história! Ser uma ovelha do Bom Pastor é um privilégio oferecido a todos os homens e mulheres do mundo. Precisamos levar este presente de Deus aos que estão fora do rebanho.

Queremos escutar a voz do nosso pastor, lendo os Evangelhos e ouvindo os nossos pastores de hoje, que são os legítimos continuadores do Bom Pastor.

Há muitos ladrões e assaltantes, que não entram pela porta, mas pulam a cerca do redil. A porta, nós sabemos, é santa Igreja una, santa, católica e apostólica. Queremos estar ligados aos nossos legítimos pastores, pois só assim estaremos com Jesus, o Bom Pastor.

Em comunhão com os legítimos pastores, há muitos cristãos leigos exercendo o ministério de pastores do rebanho nas diversas pastorais das nossas paróquias e Comunidades. Nós queremos ser também continuadores de Jesus, como bons pastores do Povo de Deus. Queremos cuidar das pessoas a nós confiadas, com zelo e carinho como faz o bom pastor.

Se uma ovelha fica fora do rebanho, o lobo vem e a devora. Nós queremos viver sempre unidos à nossa Comunidade cristã.

"Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." Esta frase de Jesus é central no cristianismo. Está aí a própria razão da encarnação, da Páscoa e tudo o mais. Pena que a vida ainda é tão desprezada e prejudicada e até destruída! Coloca-se o comodismo, a honra, o dinheiro... acima da vida. A CNBB criou o Dia Nacional da Vida que é 8 de outubro, dentro da novena de N. Senhora Aparecida. Deus, após ditar a Moisés os dez mandamentos, disse: "Estas são para vós palavras de vida. Cumprindo-as, prolongareis vossa vida sobre a terra" (Dt 32,47).

"Não procureis a morte, com uma vida desregrada, nem provoqueis a ruína com as obras de vossas mãos. Pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis. Nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o reino dos mortos que reina sobre a terra" (Sb 1,12-14).

Certa vez, um homem estava em um navio e este afundou. O naufrágio foi tão rápido que não deu para soltarem os botes salva-vidas. No meio das ondas, ele viu um pedaço de madeira, agarrou-se nele e, com muita dificuldade, conseguiu chegar a uma ilha deserta. Ficou feliz quando encontrou ali água doce, frutas... Assim o homem conseguiu sobreviver. Improvisou um barraco e ali passou a viver. Agradecia diariamente a Deus e olhava com carinho para o pedaço de madeira que o salvara. Passaram-se várias semanas e aquele homem continuava ali, pois não havia jeito de se comunicar com o mundo.

Um dia, ele saiu, como de costume, a procura de comida. Quando chegou, encontrou sua tenda em chamas. O fogo, que ele havia tirado da pedra, alastrou-se e queimava tudo, inclusive o pedaço de madeira que o salvara. O desespero tomou conta daquele homem. Deus me desamparou, pensou ele. Como estava cansado, deitou-se debruço no chão e dormiu.

Horas depois acordou com alguém batendo nas suas costas. Olhou assustado e viu um senhor com uniforme de marinheiro. Perguntou-lhe: "Como o senhor descobriu que eu estava aqui?" O marinheiro respondeu: "Vi fumaça nesta ilha e vim aqui pensando que alguém estava pedindo socorro".

Aquele homem pensava que seu salvador fosse o pedaço de madeira, mas era alguém muito maior, infinitamente sábio, poderoso e principalmente pai. Ele vela pelos seus filhos e filhas como uma mãe. Deus nunca nos desampara. Ele é o Bom Pastor e nos conhece a cada um pelo nome.

Peçamos a Maria Santíssima, a Mãe da Igreja, que interceda junto de Deus pelas nossas Comunidades, a fim de que surjam muitas e muitas vocações de pastores e pastoras para conduzir o Povo de Deus.

Eu sou o pastor das ovelhas.

Padre Queiroz

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O BOM PASTOR  - FRAQUEZA E FORTALEZA

No IV Domingo da Páscoa, a Igreja, na oração coleta, pede a Deus que não falte ao rebanho, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Essa prece adquire um sentido especial ao celebrar-se, a cada ano, o Domingo do Bom Pastor. No imaginário humano é muito real a relação entre rebanho e pastor e na atividade pastoril é muito forte a afinidade que se estabelece entre ambos. É uma relação interativa. A fraqueza no rebanho de ovelhas se revela de muitas maneiras: na fome, quando falta a pastagem, no perigo de morte, pelo ataque de lobos, na perda da segurança, ao dar-se o desgarre do rebanho, no comprometimento da qualidade de vida, por conta da conduta mercantil do pastor.

Na linguagem dos profetas e nos lábios de Jesus, o rebanho dos campos é a representação do povo, as ovelhas são imagens das pessoas. No rebanho humano, a fraqueza se evidencia de forma muito acentuada, diversificada e permanente. Esse rebanho é o povo de Deus; nele estão presentes todas as pessoas, com sua respectiva missão e seu peculiar oficio no seio da comunidade cristã. Sendo povo de Deus, todos fazem parte desse corpo: papa, bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados/as e leigos/as. Na abrangência desse universo, a fraqueza do pastor se manifesta na pessoa de cada um de sues membros. A fraqueza do rebanho humano faz parte do ser das pessoas e compreende a conduta desviada do povo. São Paulo tinha plena consciência da fraqueza humana: "quem julga estar de pé tome cuidado para não cair" (1Cor 10,12); "Ora trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós." (2Cor 4,7)

Na história da Igreja, da era primitiva aos dias de hoje, a fraqueza do rebanho está bem caracterizada, desde a autoridade mais destacada na hierarquia eclesiástica ao anônimo fiel de uma comunidade interiorana. Ninguém está isento de erro, nenhuma pessoa está impermeabilizada, frente às ingerências institucionais, às interferências sociais e às influências humanas. A face do pecado se evidencia, com muita frequência, na vida das comunidades, a reincidência em erros está demonstrada no dia a dia das pessoas, a prática de crimes envolve indivíduos absolutamente insuspeitos. Na etiologia de fatos dessa natureza, via de regra, há defeitos na educação familiar, elementos do contexto social e falhas no processo de sua formação eclesiástica. Portanto, são componentes da personalidade de seus autores que estão diretamente ligados à sua própria história de vida. Esses fatos têm uma repercussão maior quando os pecadores e criminosos são pessoas revestidas de ofícios sagrados. Porém, a comunidade cristã e a própria sociedade têm capacidade de discernir, identificando o pecado, sinal da fraqueza humana, e o crime que fere a lei divina e a lei humana, por isso, é inaceitável em qualquer contexto. Assim, diante da divulgação de casos de pedofilia e efebofilia, registrados num passado mais distante ou recente, e no presente, tendo como autores bispos, sacerdotes e religiosos, é necessário reconhecer a gravidade da conduta desses membros da Igreja que vai muito além da fraqueza humana. Embora o percentual dos casos envolvendo pessoas consagradas seja infinitamente menor do que os casos de pedofilia dentro dos lares, esses pedófilos são responsabilizados perante Deus, por sua situação de pecado, e devem ser responsabilizados perante a lei, pela prática de crime. Esta é a orientação da Igreja.

A fortaleza do Pastor é fator de segurança para o rebanho. A sua retidão e sua santidade constituem as melhores referências e iluminações para o rebanho. Jesus se apresenta como Bom Pastor e considera ovelhas de seu rebanho todos aqueles que ouvem sua voz e trilham seus caminhos. Os membros do rebanho, qualquer que seja o seu lugar e sua função, devem pautar sua vida e sua conduta segundo a fortaleza do Pastor, Jesus Cristo, porque nele não há pecado, nem cometeu crime algum.

Dom Genival Saraiva

 

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25 de abril = Jesus, o Bom Pastor protege suas ovelhas.

 

Reflexão, Jo, 10,27-30

Neste domingo, IV domingo da Páscoa, chamamos de Domingo do Bom Pastor. E no evangelho de hoje Jesus se apresentada como o bom pastor. "Eu sou o bom pastor ( Jo, 10, 14)...As minhas ovelhas escutam minha voz...  elas me seguem" (Jo 10,27). Ele nos dará a vida eterna, nos protegerá contra todo mal. Nenhuma de suas ovelhas se perderá, pois foi que Pai que lhe deu essas ovelhas (Jo, 10, 29). O Bom Pastor dará sua vida para que suas ovelhas sejam salvas, para que elas sejam livres de todo pecado, de todo tipo de opressão e para que todos tenham vida.  Nós somos suas ovelhas, e somos cuidadas por Ele com muito carinho, amor e misericórdia. Mesmo assim, em algum momento, por um pequeno descuido, nos perdemos do rebanho, nos afastamos também de nosso Pastor. E nos expomos a todos os perigos físicos e espirituais. O Pastor fica triste quando perde uma de suas ovelhas, mas Ele vai em busca dela, e não descansa enquanto não a trás de volta, e sua alegria é imensa quando a encontra.

O nosso Bom Pastor é Jesus Ressuscitado. É pela fé, na nossa fé  que temos a certeza de que Ele está conosco, nunca nos abandona. E essa mesma fé que nos direciona a Ele, nos faz seus seguidores. Ele conhece a cada um de nós, nos chama pelo nome, para seguirmos suas orientações, para fazer parte de seu Reino, estar em comunhão com Ele e o Pai. Ouçamos o chamado do Bom Pastor, para sermos seus discípulos/as, e como Ele também ser seus pastores. E da mesma forma que o Bom Pastor nos livra dos animais ferozes, da perseguição, da angustia, das tribulações, da exploração, da alienação, Ele nos livra também dos maus pastores, que infelizmente estão em nossas comunidades e muitas vezes afastam algumas ovelhas. Jesus, o bom pastor lutará e defenderá a todos, para que nenhum se perca, levando a todos a vida plena.

É nossa missão, anunciar a boa nova de Jesus, atender seu chamado,  ser seus seguidores, como luz para muitos. Neste domingo do Bom Pastor, rezemos pelo Papa, por nossos padres, pelos missionários/as, pelos religiosos e religiosas, e por todos que consagraram e consagram sua vida, e que não buscam seus interesses pessoais, mas aderiram ao projeto de salvação de Cristo, colocando sua vida a serviço da evangelização, resgatando novas ovelhas.

Um abraço a todos.

Elian

Oração
Espírito de proteção, nunca me falte teu amparo, especialmente nos momentos em que os adversários tentam afastar-me do Mestre Jesus.

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25 de abril – DOMINGO= O BOM PASTOR

Primeira Leitura

Paulo e Barnabé. Grandes amigos, correspondentes a Mercúrio e Júpiter. Era a primeira expedição missionária feita pelos dois em terras nunca doravante cristãs. E sobrevivendo a escassez de comida, bebida, higiene (esqueça, claro, o conforto), a dupla dinâmica percorreu os mais diversos trechos e desafios do Oriente Médio. A Palavra é sal, é luz. Mas não é o sal que dá sabor de amor, ou luz que ilumina e lhe dá o bronze na orla praiana. O sal também salga, quando é preciso. E a luz também cega, quando assim for necessária. É disso que os dois eloquentes discípulos cristãos fizeram nessa jornada. Venho a reiterar o trecho que mais me chamou atenção: só abraçaram a fé quem acreditava na vida eterna. Nesse dogma se concentra as nossas ações e norteia as nossas vidas.

A fé automaticamente recompensa o humano com a vida eterna. É da fé que temos a nossa salvação, a esperança salva, segundo o atual papa. Contudo, é difícil realmente acreditar. E também é difícil não ter uma fé interesseira. É um esforço tremendo amar realmente alguém, e de forma pura, desinteressada. E o pior, é difícil perceber que ama a Deus e aos outros de forma errada.

Tem pessoas que não aceitam que são cheias de preconceitos e valores sacralizados sem base qualquer na real Palavra, e ainda consideram pecaminosos todos os fatos externos à sua própria casa. Sendo que vive a errar em sua casa e em todos os outros lugares. Assim, da mesma forma em que pessoas são radicais a ponto de não acreditarem em Deus, tem outras que vivem de forma tão drástica ao confundirem a fé teologal (individual) como a fé desejada por Cristo. Que Deus possa fazer com que pessoas radicalizadas fora do amor da Trindade possam se reencontrar na fé compreensiva e dialógica de Nosso Senhor, amém.   (Lincoln Spada)

Segunda Leitura

Trata-se da redenção. Trata-se da reconciliação. A ilusão/alusão de São João Evangelista é prova da existência da religião. O ato de religar-se entre pessoas e Deus, algo que o diabo tenha separado segunda a tradição judaica. A religião é posta em prática. O problema é que pessoas consideram que a vida eterna é pura felicidade, e que a pura felicidade só é alcançada após a morte. Sendo que em vida, podemos sim, ter a certeza de fazer felicidade na Terra, na promoção do Reino de Deus. Foi essa a mensagem daquele dos pés cicatrizados veio nos trazer. Que o amor e a paz podem e devem ser alcançadas pelas pessoas, já na Terra. E não estou falando apenas dos rituais sacramentais, mas nas coisas simples da vida. É perceber, sentir e refletir esse ágape divino a todos os nossos próximos - e também distantes - irmãos. Não devemos ficar nos queixando ou imaginando que a paz e a justiça só reinarão no futuro. É preciso que o futuro seja contemplado ainda no presente, e vivido de forma justa. É preciso que tomemos a iniciativa de vivermos em Deus ainda na Terra. Que o Nosso Senhor nos conscientize de nossa missão evangelizadora ainda no presente, amém.   (Lincoln Spada)

Evangelho

A mensagem divina é compreensiva, não podemos levá-la ao radicalismo, sem haver maior interpretação e conhecimento. Em momento algum, podemos pensar que o evangelho é rígido. Nem ao menos podemos proibir os outros de vivenciarem o Evangelho por conta da nossa pouca fé. Sendo sincero, duvido que haja como calcular o valor da fé. Ou confia em Deus, ou não confia. Mas não sou eu para julgar as pessoas e a fé ou sentimento de cada um. Também não posso desgostar das pessoas, ou ter repulsa a elas. Por mais que a pessoa tenha cometido ações errôneas, devemos condenar as ações, não as pessoas. Tudo que analisamos as pessoas a partir de suas atitudes, mas nenhuma pessoa vive o maniqueísmo clássico das artes.

Ninguém é completamente errado, mas ninguém é completamente certo. E devemos ter coerência em nossas palavra se ações, para que também não sejamos mal interpretados. Jesus pede aos discípulos sinceridade. Ele questiona a sinceridade deles. Seu lado divino pode até conhecer e prever o futuro, porém, seu lado humano precisa confiar nos doze que distribuirão seus dizeres às nações. Se nunca conseguiremos nos entender por completo, quem somos nós para julgarmos os outros?

Mas se é tão difícil e limitado o seu amor a Deus a ponto de não ver o seu próximo com bons olhos, então, pelo menos, seja sincero a ele. Da mesma forma que Pedro foi sincero com Jesus. Que Deus exerça a virtude da sinceridade e da conversão para todos a quem amamos, amém.   (Lincoln Spada)

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EU SOU O BOM PASTOR = Domingo da Páscoa

"Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me"

O IV Domingo da Páscoa é considerado o "Domingo do Bom Pastor", pois todos os anos a liturgia propõe um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como Bom Pastor. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus hoje nos propõe.

O Evangelho apresenta Cristo como o Bom Pastor, cuja missão é trazer a vida plena às ovelhas do seu rebanho; as ovelhas, por sua vez, são convidadas a escutar o Pastor, a acolher a sua proposta e a segui-l'O. É dessa forma que encontrarão a vida em plenitude.

A primeira leitura propõe-nos duas atitudes diferentes diante da proposta que o Pastor (Cristo) nos apresenta. De um lado, estão essas "ovelhas" cheias de auto-suficiência, satisfeitas e comodamente instaladas nas suas certezas; de outro, estão outras ovelhas, permanentemente atentas à voz do Pastor, que estão dispostas a arriscar segui-l'O até às pastagens da vida abundante. É esta última atitude que nos é proposta.

A segunda leitura apresenta a meta final do rebanho que seguiu Jesus, o Bom Pastor: a vida total, de felicidade sem fim.

 

 Evangelho de Jesus Cristo, segundo João (Jo 10,27-30)

As "ovelhas" do rebanho de Jesus têm de "escutar a voz" do Pastor e segui-l'O… Isso significa, concretamente, percorrer o mesmo caminho de Jesus, numa entrega total aos projetos de Deus e numa doação total, de amor e de serviço aos irmãos.  Como distinguimos a "voz" de Jesus, o nosso Pastor, de outros apelos, de propostas enganadoras, de "cantos de sereia" que não conduzem à vida plena? Através de um confronto permanente com a sua Palavra, através da participação nos sacramentos onde se nos comunica a vida que o Pastor nos oferece e num permanente diálogo íntimo com Ele.

As chamadas do Bom Pastor

Que estremecimento produz esta expressão na boca de uma pessoa jovem: "Aqui estou, Senhor, tu me tens chamado".  Encontramos-nos com alguém que afirma com determinação que tem escutado a voz de Deus, a voz de Jesus.   

Que estremecimento produz ver como os chamados não são só homens, mais também mulheres! Elas, quando se apresentam ante ao altar o fazem com humildade, porém também com uma impressionante dignidade e contundência: "Tu me tens chamado!". Porém também casais que podem dizer: "Tu nos tem chamado!".

Estas chamadas não se iniciaram agora, em nosso tempo. A emoção é descobrir a sucessão. As mulheres e homens "chamados por Deus" sucedem a uma longa lista de "escolhidos" e "escolhidas": já o fez Jesus, quando vivia ente nos! Um amigo exegeta me fez notar em uma ocasião o seguinte: Se surpreendente é que Jesus chamara alguns jovens a deixar tudo e segui-lo (dentro do contexto patriarcal, própria daquela cultura), mais surpreendente e revolucionário foi que chamou para segui-Lo algumas mulheres (Lucas 8). Elas o seguiram até onde os discípulos homens não foram capazes: até a cruz!

É surpreendente que as "chamadas de Jesus" não eram dirigidas majoritariamente a homens ou mulheres solteiros: mais sobre tudo aos casados (Pedro, Joana – mulher de Cusa -)!

Também hoje Jesus ressuscitado segue chamando. Interrompe a história de não poucas pessoas para lhes propor um novo projeto, para fazê-los "cúmplices" do Espírito na missão transformadora.

As chamadas de Jesus criam uma rede admirável. Trata-se de uma convocatória sem discriminações: quem tem um projeto de casal e a quem se descobre com o carisma do celibato, quem segue fascinado pelo mundo do espírito e quem sua fascinação lhes faz empreender um projeto de criação e procriação, de política e trabalho, de transformação.

Orar pelas vocações é orar por uma Igreja de convocadas e convocados. Orar para que nenhum batizado deixe de descobrir sua chamada; para que os casais descubram sua dual vocação cristã e para que ninguém se case sem vocação. Orar para que o Espírito suscite personagens proféticos que dediquem sua vida e seus dons ao serviço da comunidade cristã no ministério ou na animação espiritual e evangélica.

Nós lamentamos da falta de vocações. E até suspeitamos que a culpa esteja na falta de generosidade das novas gerações, no materialismo ambiental, na sedução que sobre eles e elas exerce esta sociedade secularizada. Não nos atrevemos a formular a pergunta teológica: porque Deus, o que tudo pode, não chama "eficazmente"? Por que não derruba do cavalo a tantos "saulos" com os quais poderia contar?

Eu me recuso a crer que nosso Deus, que é o Senhor ressuscitado, não chame. Ele é o bom Pastor que faz ouvir sua voz. E suas ovelhas "ouvem sua voz". O Abbá as pos em suas mãos, e o Maligno não as arrebatara de suas mãos. O Bom Pastor seduz suas ovelhas, as que o Abbá lhe tem dado. Não tem somente um rebanho masculino, mais também feminino. A elas e a eles lhes dirige a eficaz e provocadora chamada. Outra questão é em que âmbitos se resume essa voz e em que espaço pode cumprir a chamada que a obedecem.

O que chama é criador e inovador. Não se sente obrigado a fazer "o de sempre". Hoje chama de "forma diferente". Quem colabora em servir com o dom da chamada tem de reconhecer que a chamada de hoje é mais inclusiva, mais globalizada, menos unidirecional.  A Igreja do futuro será o que o acontecer vocacional determine. E então os servidores institucionais deverão deixar que a imaginação criadora e inovadora lhe sugira um novo modo de configuração eclesial, comunitária, da congregação ou de institucionalização.

Também me impressiona, na segunda leitura deste domingo a afirmação: O Cordeiro pastoreará!  É como se dissesse: a entrega até a morte, seu sacrifício - como cordeiro levado ao matadouro - habilitaram Jesus para a sua tarefa pastoral. Antes de Pastor tinha sido Cordeiro imolado. Sentiu sobre si mesmo a violência, a marginalização. Jesus se aproxima do Trono de Deus depois do Grande Sacrifício. E desde lá dirige a história e chama a humanidade para que se encaminhe até a nova Jerusalém, a nova terra e os céus novos.

A
kénosis, a entrega da vida sem reservas, configuram a liderança de Jesus. A relação com suas ovelhas é marcada por uma relação íntima de chamada e resposta: "Minhas ovelhas escutam minha voz, e eu as conheço, e eles me seguem, e eu lhes dou a vida eterna". Ninguém seguirá Jesus como personagem anônimo, como um número dentro da massa. Jesus se segue por "designação pessoal", por chamada inequívoca. Porque Jesus conta com todos e com cada um: "sorrindo disse meu nome".

A vocação é um convite para entrar na Vida, receber Vida inesgotável. Jesus é a fonte da Vida. As chamadas do Pastor não são ameaçadoras; não são alternativas tremendistas. Ele não ameaçam o inferno. Seduz e promete a quem dirige sua voz que "não perecerão para sempre!" e lhes assegura a perseverança: "ninguém poderá as arrebatar de sua mão". A chamada de Jesus nunca terminará no fracasso: Jesus identifica sua mão poderosa, com a mão de Deus Abbá. Ninguém, nada poderá arrebatar de sua mão a quem Ele chamou. Dentro deste contexto de esperança fica sempre uma incógnita simbolizada na figura de Judas: o filho da perdição! Tipifiquemos em três chamadas a voz do bom Pastor hoje:

A chamada para participar no "ministério pastoral" de Jesus é sublime. É dirigida a muitas pessoas e de muitas formas. Gera uma grande comunidade de participantes. Exige um imenso cuidado para que nada suplante o Pastor, nem ofusque sua presença, nem silencie sua palavra, nem se apodere de "suas" ovelhas. Mostra todo seu esplendor na humilde Presença permanente de Jesus em sua Igreja. Não esqueçamos que se pastoreiam as ovelhas do Senhor, convertendo-se como o Senhor em cordeiro imolado.

A chamada dual para tantos casais que Jesus, o Bom Pastor, necessita para iluminar o amor no mundo e acrescentar constantemente a humanidade e cuidar como um pai e uma mãe. A tarefa pastoral de Deus também acontece na família. Lá também a chamada para ser cordeiro e pastor ou se faz presente.    

Também as chamadas para procurar e cuidar junto ao Bom Pastor das ovelhas perdidas, as que não fazem parte do redil, aquelas a quem a morte, o Maligno ameaça e tem em sua mão. Quem escuta esta voz se tornam mulheres e homens limítrofes. Localizam-se ali onde há dor, marginalização, pobreza, distância, exclusão. Levam "longe" os cuidados do bom Pastor, o fazem presente para curar, para atrair e conduzir de novo ao redil.

Estamos em um tempo no qual nossas jovens gerações necessitam escutar "relatos" que suscitem nelas o interesse por escutar a voz do Pastor e a chamada que lhes dirige. Não necessitam talvez de teorias sobre as vocações na Igreja. Somente relatos reais que comovam sua sensibilidade, que exerçam o atrativo por algo irresistível que vem de Deus: relatos de casais, relatos de ministros ordenados, relatos de pessoas e grupos carismáticos.  É necessário contar de novo a história de Jesus e de seus primeiros discípulos e discípulas, porém com mais encanto, com menos dogmatismo; com mais paixão e com menos rigorismo; com mais utopia e com menos realismo. Quando o Bom Pastor faz ouvir sua voz, quem poderá resistir? Bem-aventurados seus porta-vozes.



Kenosis
Do grego, vaciarse
A renuncia voluntária feita por Cristo a seu direito de privilégios divinos ao aceitar humildemente o estado humano na encarnação. São Paulo descreve a kenosis de Cristo em Filipenses 2,6-7.

José Cristo Rey Garcia Paredes

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Domingo de Páscoa
Eu sou o bom pastor, diz o Senhor:
conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-Me.
03 de maio de 2009

Introdução

Maximino Cerezo Barredo

 

O IV Domingo da Páscoa é considerado o "Domingo do Bom Pastor", pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como "Bom Pastor". É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.

O Evangelho apresenta Cristo como "o Pastor modelo", que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até de ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n'Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para "escutar" as propostas que Ele faz e segui-l'O no caminho do amor e da entrega.

A primeira leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que "não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos" (neste "Domingo do Bom Pastor" dizer que Jesus é o "único salvador" equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direção da vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.

Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um "amor admirável" que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objetivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos "semelhantes" a Ele.

 

 Evangelho de Jesus Cristo, segundo João (Jo 10, 11-18)

 

Comentário

Todas as Ovelhas, Todos os Pastores

A primeira leitura deste quarto domingo de Páscoa põe-nos adiante do que é o centro de nossa celebração e de nossa fé: "em nome de Jesus de Nazaré, a quem vocês crucificaram e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos". Esse é o ponto de partida de toda celebração cristã.

Por isso estamos aqui. Não porque seja uma lei (participar da missa todos os domingos e festas de guarda) senão porque nos reunimos para celebrar nossa fé em Jesus de Nazaré, no Deus que ressuscitou dentre os mortos. Porque sentimos sua graça em nossas vidas. Porque sentimo-nos curados de nossas doenças. Porque nele encontramos uma nova esperança. Essa fé em Jesus de Nazaré é o centro e fundamento da comunidade cristã.

Somos filhos de Deus!

Nessa fé vivida em comunidade de irmãos e irmãs descobrimos que somos filhos de Deus! (segunda leitura). Já não somos servos nem escravos. Deus não é um todo-poderoso senhor ante ao qual devemos inclinar a cabeça porque somente seu olhar poderia destruir nossas vidas. Deus não é senhor de força ante ao qual não podemos ter mais que medo e temor. Tudo isso terminou.

A aproximação  de Deus não é causa de morte senão de vida e esperança. Agora somos filhos de Deus. Os filhos têm lugar à mesa, os filhos são da casa. O amor do Pai pelos filhos vai para além de todos seus possíveis abandonos, desamores. O Pai, nosso Pai, nunca é juiz para seus filhos senão misericórdia, paciência e muitas outras coisas boas.

Desde esta perspectiva devemos ler o evangelho deste domingo. Jesus fala de si mesmo e diz que é o bom pastor. É um fato fundamental que, sem dúvida, Jesus quer sublinhar. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. Nisso se diferencia do assalariado que, quando chega o perigo, foge e deixa abandonadas as ovelhas. O bom pastor segue, interpõe-se entre as ovelhas e o perigo, faz todo o possível - e o impossível - para salvar suas ovelhas. Sem medida, sem fazer cálculos. Ademais, há uma especial relação entre as ovelhas e o bom pastor. Conhecem-se perfeitamente. Reconhecem-se.

É que somos como as ovelhas?

Isso significa que a comunidade cristã se parece a um rebanho de ovelhas? Que a relação entre o pastor da comunidade e os fiéis que a formam deve ser como a relação entre as ovelhas e o pastor? Devemos ter cuidado com as comparações porque, quando se amplia demasiadamente esta comparação, se pode fazer que cheguem a dizer coisas que não estavam na mente do que fez a comparação.

Em minha terra tenho visto muitos rebanhos de ovelhas. São animais muito tontos. Entre os gritos do pastor e o cão que lhe ajuda, se deixam levar de uma parte para outra. Não têm vontade própria e só pensam em comer erva. É essa a imagem da comunidade cristã? Não temos dito mais acima que somos filhos de Deus? Os filhos de Deus são pessoas. De Deus temos recebido a libertação de nossas ataduras, a liberdade e a capacidade de decidir por nós mesmos. A entrega e o sacrifício de Jesus conquistaram a liberdade dos filhos que viviam na servidão. Somos filhos no Filho!

Todos somos pastores de nossos irmãos

Em nome de Jesus de Nazaré fazemos nosso caminho e formamos uma comunidade de homens e mulheres livres. Temos um só Pastor: Jesus de Nazaré. Lemos juntos sua Palavra que ilumina nossa vida. E juntos e em diálogo vamos encontrando o caminho, pessoal e comunitário, para viver como homens e mulheres novos, para levar a todo mundo a boa nova da salvação, que é a missão que Jesus mesmo nos encomendou a todos.

Temos um só Pastor e todos nos sentamos à mesa no mesmo nível. Somos todos iguais. Somos todos filhos de Deus. Certamente, alguns na comunidade têm assumido uma função de serviço, de organização, de atenção à comunidade. Por extensão os chamamos de pastores. Convém sempre que recordem que não há mais que um pastor e que eles mesmos se têm de sentir "pastoreados" por esse único Pastor e por seus irmãos de comunidade. 
 
Hoje, e sempre, rezamos por eles (catequistas, agentes de pastoral, religiosas, religiosos, diáconos, sacerdotes, bispos, papa) para que sejam servidores da comunidade. Para que sejam como o pastor, atentos a todos, que dá a vida, e não como o assalariado que se aproveita das ovelhas para seu próprio bem-estar. Hoje oramos para que tenha muitos que dêem um passo à frente e assumam a tarefa de servir a seus irmãos e irmãs como sacerdotes, como religiosos ou religiosas. Hoje oramos também por todos nos que formamos a comunidade para que sintamos a responsabilidade de seremos pastores uns de outros, de nos atender e nos cuidar uns a outros com o respeito que sempre merecem os Filhos de Deus.

Fonte: Fernando Torres, cmf

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EU SOU O BOM PASTOR

O IV Domingo da Páscoa é considerado o "Domingo do Bom Pastor", pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como "Bom Pastor". É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.

A primeira leitura afirma que Jesus é o único salvador, já que "não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos" (neste "Domingo do Bom Pastor" dizer que Jesus é o "único salvador" equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.

Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um "amor admirável" que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objetivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos "semelhantes" a Ele.

O Evangelho apresenta Cristo como "o Pastor modelo", que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n'Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para "escutar" as propostas que Ele faz e segui-l'O no caminho do amor e da entrega.

 Evangelho de Jesus Cristo, segundo João (Jo 10,11-18)

No "rebanho" de Jesus, não se entra por convite especial, nem há um número restrito de vagas a partir do qual mais ninguém pode entrar… A proposta de salvação que Jesus faz destina-se a todos os homens e mulheres, sem exceção. O que é decisivo para entrar a fazer parte do rebanho de Deus é "escutar a voz" de Cristo, aceitar as suas indicações, tornar-se seu discípulo… Isso significa, concretamente, seguir Jesus, aderir ao projeto de salvação que Ele veio apresentar, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projetos de Deus e na doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso "Pastor" (Cristo) no caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos que esse caminho é apenas um caminho de derrota e de fracasso, que não leva aonde nós pretendemos ir?

Vocação na "modernidade liquida"?

Neste dia nossa atenção esta focada no Bom Pastor, em Jesus. Ele nos disse: "Eu tenho outras ovelhas que não são deste redil; mais também estas tenho que trazer, e elas escutarão minha voz" . Este desejo se torna realidade para todos os cristãos; mas hoje fixamos nossa atenção na necessidade de "colaboradores(as) especiais" do Bom Pastor: as vocações especiais para o ministério ordenado e a vida consagrada!

Não podemos pensar no tema da "vocação" como forma de vida e ministerial de um modo ingênuo, sem estar atento ao que está acontecendo, nos países de velha cristandade. Estamos entrando em um tempo caracterizado pela instabilidade da sociedade e de suas instituições: a
"modernidade líquida" (Zygmunt Bauman). A era da modernidade sólida chegou ao seu fim. Os líquidos não têm forma e se transformam constantemente: eles fluem. Por isso a metáfora da liquidez é apropriada para entender o que está acontecendo nas instituições sociais, mas também em instituições tão veneráveis como o ministério ordenado e na vida religiosa. Os sólidos estão derretendo: estamos em um momento em que não valem as coisas de sempre, mais se pede mais flexibilidade, mais contextos de liberdade. "Flexibilidade" é a palavra que está na ordem do dia. A flexibilidade nós chega cheia de incertezas ante as novas vocações que se tornam temporais, precárias, episódicas, despojadas de perspectivas sólidas. A lealdade a uma congregação, a um ministério pode romper-se a qualquer momento.

A vinda da modernidade líquida impôs na reflexão sobre as vocações na forma de vida tão estruturada como a vida religiosa ou o ministério ordenado -com seus votos de estabilidade e definitivos-, com suas normas seculares, mudanças radicais que exigem repensar os velhos conceitos.

As gerações do final do século de XX (anos 1990-2000) tem sido talvez, as mais livres da história. São filhos e filhas de quem nos anos sessenta e setenta se opuseram revolucionariamente ao sistema então vigentes. As novas gerações não receberam de seus pais -os revolucionários dos anos 60 70- nenhum conselho, nem ordens; seus fracassos matrimoniais -bastante freqüentes- influenciaram na falta de contextos familiares fortes para eles e elas. Estas jovens mocidades apenas têm laços de trabalho: passam facilmente de um trabalho a outro. Não têm necessidade para economizar; é suficiente a economia feita por seus pais, dos quais herdaram casa e dinheiro. Os jovens desta geração não tiveram que lutar para sobreviver. Eles não tiveram os chefes dominantes. Nenhum encontrou dificuldade para ter experiências sexuais. Vivem em grupos de amigos, tem-se se divertido; não possuem ideologias fortes, nem mesmo crises religiosas.

É óbvio que esta situação é "líquida", flexível. Não se faz necessária nenhuma revolução. Haverá condições para grandes paixões? As paixões também entram em uma "modernidade líquida". Em um mundo assim, é possível a paixão que implica em uma vocação por toda vida?

Como conseqüência de tudo isto, a vida religiosa e o ministério perderam hoje importância social. Nada estranho, então, que alguns pensem que a sociedade poderia funcionar perfeitamente sem elas. Para muitos cidadãos a vida religiosa e o ministério ordenado deixaram de ser realidade sagrada, admirável; sendo, no máximo, uma ocupação, que pode ser reincidida pelas partes contratantes.

Ante uma situação assim, como falar da vocação? Talvez deveríamos recuperar o que significa "seguir o Bom Pastor", "nascer do Espírito e da Água". A flexibilidade não tem que ver com o Espírito que não sabe de onde vem nem para onde vai? As chamadas de Jesus não podem ser entendidas melhor hoje no que nos tempos mais sólidos, e de estruturas demasiadamente fixas? A única questão é o que fazer para que levemos mais tempo na vida religiosa ou ministerial, que nos deixe perder a rigidez e a esclerose do coração, e voltemos a recuperar o coração de carne, a flexibilidade das grandes paixões e nos deixar nascer da água e do Espírito, mesmo que sejamos velhos.

As novas gerações precisam ser "consolidadas", sentirem-se "orientadas", terem a experiência de serem "amadas". Não lhes bastam as estruturas. Necessitam de pessoas, "pais e mães no Espírito" ou talvez "Irmãos e irmãs no Espírito", dispostas a acompanhá-las na aventura de seguirem Jesus. Jesus também necessita desta geração "líquida". O Espírito sabe fazer da coisa líquida uma torrente, da coisa flexível uma arte de fidelidade.

Nas jovens gerações há lugar para a "mística", para a experiência do mistério, para a caminhada com Jesus. O Espírito está agindo. Nós precisamos nos liberar de nossos preconceitos e esquemas e nos conectar com Jesus que disse: "Deves nascer da água e do Espírito".

"modernidade líquida"

Resumo do livro: "Modernidade Liquida"
Autor: BAUMAN, ZYGMUNT

A era da modernidade sólida chegou a seu fim. Por que sólido? Porque os sólidos, ao contrário dos líquidos, conservam a sua forma persistem ao tempo: eles duram. Por outro lado os líquidos são informes e constantemente se transformam: fluem. Por isso a metáfora da liquidez é a apropriada para temer a natureza da fase atual da modernidade. O colapso dos sólidos é a característica permanente desta fase. Os sólidos que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade líquida, eles são os laços entre as escolhas individuais e as ações coletivas. É o momento do desregramento, da flexibilização, da liberalização de todos o mercados. E quando a coisa pública já não existe como sólido, o peso da construção de regras e a responsabilidade do fracasso caem totais e infelizmente nos ombros do indivíduo. A vinda da modernidade líquida impôs à condição humana mudanças radicais que exigem repensar os velhos conceitos. Zygmunt Bauman examina ao redor da sociologia cinco conceitos básicos nos quais giram a narrativa da condição humana: emancipação, individualidade, tempo/espaço, trabalho e comunidade. Como zumbi, esses conceitos estão vivos hoje e mortos ao mesmo tempo. A pergunta é se sua ressurreição é possível; e, se não é, como preparar para eles um sepulcro e um funeral decente.

José Cristo Rey  Garcia Paredes

 

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