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sábado, 14 de abril de 2012

2o Domingo da Páscoa -Tomé acreditou porque viu


DOMINGO – 15 DE ABRIL
II Domingo  da páscoa.

Comentários-Prof.Fernando


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Introdução
O seu corpo glorioso não precisava de portas para se adentrar ao ambiente onde estavam os discípulos, os quais estavam com portas e janelas bem fechadas com tramelas e travessas passadas por dentro, pois o medo dos judeus era grande. Eles mataram o mestre, e não lhes custa muito matar os seus seguidores também. Assim temiam eles.
         O ressuscitado apareceu no meio deles e disse: “ A paz esteja convosco”.    Expressão usada naquele tempo e naquele lugar. Jesus desejava a paz aos seus amigos. Desejava que eles estivessem tranqüilos e sem medo. Pois não estavam sozinhos. Ele havia ressuscitado. Ele estava presente no meio deles, no meio de nós. E provou isso mostrando aos discípulos os ferimentos do martírio de morte de cruz.
         Para que a sua missão não fosse interrompida com a sua morte, Jesus depois de ressuscitado, enviou os discípulos para prosseguir o seu projeto de salvação, dando a eles plenos poderes. Enchendo-os do Espírito Santo, e enviando-os como o Pai o enviou ao mundo.
         “Recebei o Espírito Santo. “A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles serão retidos.”   Estas palavras vão calar a boca daqueles que vivem gritando e maldizendo a Igreja fundada pelo Filho de Deus. Aqueles que inventaram outras formas de adorar a Deus, que na verdade adoram mais a si mesmo do que o próprio Deus. Estas palavras de Jesus calam a boca daqueles que dizem: confessar para o padre? Ele é um homem como qualquer outro!  Errado, meu irmão. Você está enganado, ou não leu as palavras de Jesus ressuscitado! O sacerdote tem o poder de perdoar os nossos pecados sim. E este poder lhe foi dado pelo próprio Deus na pessoa de seu próprio Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
Sal.

        
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13/03/2012


ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!

    
Provavelmente um dos maiores equívocos que alguns cristãos cometem no dias de hoje, é o de ausentar-se das celebrações dominicais por verem nelas a repetição monótona de um rito que já sabem de cor e salteado. Uma partida de futebol também nunca sai da mesmice, em todo jogo nada muda, mas vá dizer a um torcedor que o futebol é monótono e cansativo, imediatamente ele irá afirmar que cada partida é uma história e uma emoção diferente, indescritível. O mesmo se diga de uma peça de teatro que se vê mais de uma vez, ou de um bom livro, eu mesmo perdi a conta de quantas vezes li “Éramos Seis...”, em cada leitura há algo de novo nos personagens ou no enredo, nunca é a mesma coisa. Então por que alguns cristãos acham a celebração tão chata e repetitiva?
Naqueles primeiros tempos do cristianismo, a pessoa de Jesus, seus ensinamentos e sua história ainda estava muito viva no coração dos seus seguidores, os apóstolos. Eles falavam com entusiasmo de Jesus, não como um herói nacional a ser reverenciado, mas como alguém presente, que caminha com a comunidade tomada pelo seu Espírito que a anima e lhe faz sentir esta vida nova que ele deu a todos.
Muita gente não entendia, admiravam Jesus, falavam muito dele, mas como alguém que foi um exemplo, um idealista, um líder nato, um grande profeta, um mestre sem igual em Israel, há até mesmo uma corrente de teólogos que reduzem a ressurreição a uma lembrança muito forte de Jesus no coração das pessoas que o conheceram e que o amaram profundamente, perpetuando sua memória entre eles nos encontros da comunidade. A verdade é que, a vida em comunidade só é possível quando a gente faz uma experiência pessoal com Jesus Cristo, quando o seu anúncio toca no fundo do coração e começamos a senti-lo a cada instante de nossa vida, quando o seu evangelho nos encanta e supera qualquer ideologia de felicidade que este mundo possa nos oferecer, quando descobrimos que ele nos conhece profundamente, e tem por nós um amor imenso, grandioso, que não hesita em dar-nos a própria vida. Quando percebemos que a salvação por ele oferecida não é algo misterioso, que só iremos ter após a nossa morte, mas que nessa vida a sentimos nas profundezas do nosso ser, quando conseguimos harmonizar todas as nossas virtudes e carismas, com o projeto que o Filho de Deus inaugurou em nosso meio.
Então o nosso coração quer estar junto de outros irmãos e irmãs, que fizeram essa mesma descoberta, para comemorar e celebrar essa presença misteriosa do Senhor em nossa vida, que se torna mais forte na vida de igreja. Para Tomé não faltou este testemunho dos seus irmãos apóstolos “Vimos o Senhor!”, não se trata apenas de um VER com os olhos, mas de um sentir com o coração, capaz de perceber nas marcas da paixão a evidência mais forte de um amor sem medida pelos seus.
A comunidade recebe o dom da Paz, nascida da vitória definitiva sobre as forças do mal, o discípulo que recebeu a Paz do Senhor, não pode nunca colocar em dúvida, em sua vida e na vida do mundo, o triunfo do Bem supremo sobre o mal, viver nessa paz, longe de permanecer de braços cruzados, é antes ir a luta pelo reino em que se crê, na certeza de que ele um dia se tornará visível em toda sua plenitude. Comunidade, portanto, é lugar de se receber o sopro de vida e renovação em cada momento celebrativo, é lugar onde a gente se reveste desse Espírito Santo, lugar onde somos recriados, restaurados, tornando-nos novas criaturas em Cristo.
Para se fazer essa experiência profunda, não é necessário uma celebração especial, deste ou daquele grupo, nem tão pouco um padrão “X” ou “Y” de espiritualidade, nem precisa identificar-se como conservador ou progressista, adeptos desta ou daquela eclesiologia, nem é preciso buscar revelações espetaculares, e ser agraciado com grandioso milagre, também não precisa tornar-se um místico, nem um alienado das realidades que nos cercam, é preciso apenas ser testemunha do amor, vivido e celebrado não de maneira egoísta, mas com os irmãos e irmãs da comunidade, em torno da Eucaristia, amor que nos alimenta.
Diante do testemunho recebido, Tomé limita-se no VER de enxergar, com os olhos da carne, para ele, naquele momento, e também para muitos nos dias de hoje, a celebração tem que ser um “arraso”, um show inesquecível, onde os ministros, como grandes estrelas, conseguem nos fazer VER Jesus, tem que valer o ingresso e o esforço de estar lá, é a celebração como espetáculo, mexendo com razão de ser, e com o emocional.
A Fé no Senhor ressuscitado que caminha com a sua igreja, não precisa de sinais ou provas, Cristo Jesus não precisa provar mais nada, nós é que precisamos provar a nossa fé, aceitando viver e celebrar em uma comunidade, onde nada ocorre de excepcional, mas onde cada encontro é diferente, porque fazemos essa experiência do Cristo vivo, que caminha conosco, podemos vê-lo e tocá-lo nos sacramentos, podemos ouvi-lo, e de fato o ouvimos na santa palavra, podemos percebê-lo na vida dos irmãos, razão pela qual não cansamos de repetir com a alma em júbilo, a cada saudação de quem preside “Ele está no meio de nós!”.Se tivermos convicção desta afirmativa, o nosso testemunho será tão vivo e autêntico como o dos apóstolos, e o nosso coração baterá mais forte cada vez que chegar o DOMINGO, dia do Senhor.
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“BEM AVENTURADOS OS QUE CRERAM SEM TEREM VISTO! – Olívia Coutinho


Dia 15 de Abril de 2012

Evangelho - Jo 20,19-31

Segundo domingo da Páscoa! Ainda ecoa em nossos corações o anuncio Pascal: Jesus ressuscitou, Ele está no meio de nós!
Angustia, sofrimento, morte, era sempre noite na humanidade, até que, na noite mais clara que o dia, as trevas deu lugar a luz, a vida venceu a morte!
O acontecimento mais belo que já se viu, tirou das trevas a humanidade, tornando o céu mais próximo da terra!
Agora não vivemos mais ao léu,  encontramos uma direção, nossa vida ganhou um novo sentido, temos em quem confiar e a quem seguir: JESUS DE NAZARÉ!
As celebrações  do domingo da Páscoa,  falaram fundo ao nosso coração, nos envolveu no mistério da vida que a morte não venceu, mas não podemos ficar só na emoção, no encantamento, agora a vida retoma o seu curso normal, é hora de sairmos  da emoção  e partirmos para a ação, voltar a nossa realidade, assumindo o nosso compromisso Pascal: fazer chegar  a outros  corações, a Luz do Cristo ressuscitado!
 “A liturgia de hoje, nos apresenta a comunidade de Homens Novos, que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja! A missão da Igreja consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição”.
Assim que Jesus aparece para os discípulos, o medo que os mantinha presos, dá  lugar a alegria e a coragem!
A paz do Cristo Ressuscitado, não liberta os discípulos das dificuldades do mundo, mas oferece a eles  força e segurança para exercerem a missão.
A paz de Jesus, é diferente da paz que o mundo oferece, é uma  paz que não isenta da cruz, mas dá suporte nas provações!
Ao soprar o Espírito Santo sobre os discípulos, Jesus nos recorda o sopro de Deus que deu  vida a criatura humana!  Gesto que Jesus repete como início de uma nova criação.
“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão  perdoados;  a quem os não perdoardes, eles lhe serão retidos”.  Aqui se trata da  transmissão do Espírito Santo para uma missão particular. (Só  em   Pentecostes, que a descida do Espírito Santo seria sobre todo o povo de Deus). Com o sopro do Espírito Santo, Jesus concede o poder de perdoar ou não perdoar os pecados, a um grupo específico de pessoas. É Deus quem tem o poder de perdoar os pecados, mas Jesus concede este poder e o transmite à sua Igreja, através dos discípulos. (hoje o sacerdote).Se trata do “sacramento da reconciliação. É importante lembrarmos que; “reter os pecados”, não é uma condenação, mas  um renovado apelo a conversão.
No sopro do Espírito Santo, sobre os discípulos, é expressa a criação renovada! É O Espírito Santo que recria a comunidade dos apóstolos e descerra suas portas para a missão!
Os discípulos só conseguiram tomar atitudes corajosas para anunciar Jesus, depois que receberam o Espírito Santo!
O Texto nos fala também da incredibilidade de Tomé. Muitos de nós, o vemos como apenas  um homem  sem fé, pois o próprio Senhor o exorta dizendo: “Não sejas incrédulo, mas fiel”!  Além do mais, ele não aderiu a fé,  quando seus irmãos atestaram que haviam visto Jesus. Tomé  não  acreditou  no testemunho dos discípulos, pretendendo  uma constatação pessoal, simbolizando todos aqueles  que precisa ver para crer. Entretanto, foi  por meio de Tomé,  que recebemos a belíssima promessa de Jesus: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto”. Mesmo antes da nossa existência, já estávamos incluídos nestas palavras de Jesus!  Somos felizes porque cremos na ressurreição de Cristo, graças ao testemunho dos discípulos.   
“As pessoas de todos os tempos e lugares, encontram nas Escrituras o testemunho dos discípulos, mas  isso não dispensa a necessidade de um encontro pessoal e íntimo com o Ressuscitado"!
O encontro com Jesus é  transformador, foi o que aconteceu com Tomé, depois do seu vacilo na fé, ele se prostrou  diante do Ressuscitado e fez a belíssima  profissão de fé, que hoje nós fazemos na celebração Eucarística : “MEU SENHOR E MEU DEUS”!
A fé no Cristo ressuscitado é um processo lento que  vai crescendo gradativamente e quando percebemos, já estamos tão envolvidos com Ele, que não vemos mais sentido na vida, longe Dele!
Na ressurreição de Jesus, a vida divina entrou na vida humana e  assim como as sementes são espalhadas pelo vento, esta boa notícia se espalhou em todos os rincões da terra! 

FIQUE NA PAZ DE CRISTO! - Olívia 
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Felizes os que creram sem terem visto!" Felizes, portanto, são os que sem experimentarem a dor confiam que Jesus está vivo – Maria Regina.



A primeira mensagem que Jesus deu aos Seus discípulos quando lhes apareceu depois de ressuscitado foi de paz. Neste Evangelho, por três vezes Jesus anunciou a paz aos Seus discípulos que, ainda temerosos, se reuniam a portas fechadas. Jesus surgiu no meio deles e lhes desejou a Paz. Em seguida, Jesus também lhes disse: "Recebei o Espírito Santo". A paz de Jesus nos vem através do Espírito Santo. O sopro do Espírito Santo de Jesus em nós nos traz a paz e nos faz levar a paz ao mundo, assim como também nos motiva a oferecer o perdão e a misericórdia de Deus aos nossos irmãos.

A paz da nossa consciência é oriunda da justiça de Deus que para nós é o Seu perdão e a Sua misericórdia. Se, perdoarmos, seremos perdoados e teremos paz. Jesus nos conscientiza de que o perdão deve ser ministrado por nós mesmos. Portanto, se nós não perdoarmos aos nossos irmãos os seus pecados, diante de Deus eles serão retidos pela nossa falta de perdão. Consequentemente, nós também, não teremos o perdão dos nossos pecados por parte dos nossos irmãos diante do Pai.

É o Espírito Santo também quem nos leva a crer no Cristo Ressuscitado, mesmo sem precisar colocar o dedo nas marcas dos pregos de Jesus como fez Tomé. Colocar as mãos nas chagas de Jesus para nós, muitas vezes é viver o sofrimento e experimentar a dor."Felizes os que creram sem terem visto!" Felizes, portanto, são os que sem experimentarem a dor confiam que Jesus está vivo.
Não percamos tempo: o Espírito Santo já foi soprado e está dentro de nós. Portanto, proclamemos com convicção: ‘MEU SENHOR E MEU DEUS!" – Você tem consciência firme de que o Espírito Santo mora em você? – O que tem lhe dado paz? – Você já aprendeu a dar e receber perdão das pessoas? – Você encontrou Jesus no amor ou na dor? – Você costuma anunciar ao mundo que Jesus Cristo está vivo na sua vida?

amém,

abraço carinhoso de

Maria Regina.


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DOMINGO, DIA 15 DE DE ABRIL
Jo 20,19-31

Oito dias depois, Jesus entrou.
Este Evangelho, do 2º Domingo da Páscoa, narra duas aparições de Jesus ressuscitado aos Apóstolos, no espaço de uma semana.
“Meu Senhor e meu Deus!” O encontro com Jesus transforma as pessoas; suscita ou recupera a fé, traz alegria, ânimo e coragem, esperança, caridade e as demais virtudes. E nós também hoje podemos nos encontrar com Jesus e ser transformados por ele, na Missa, visitando-o no sacrário, no encontro com o pobre, na reunião da Comunidade... O encontro com Jesus destrói o ódio, a tristeza, o desânimo, a preguiça, o medo, a mágoa e todos os vícios. É como abastecer um carro ou carregar um telefone celular. O encontro com Jesus pode curar doentes, como acontecia naquele tempo, e até ressuscitar mortos. Pode transformar pecadores em santos. Maria Madalena, que antes estava chorando, foi só encontrar-se com Jesus ressuscitado alegrou-se e até saiu correndo para dar o recado que Jesus pediu (Jo 20,11-18).
“A paz esteja convosco.” Só neste trechinho do Evangelho Jesus nos transmite a sua paz três vezes! Sinal que ele veio para nos dar a paz. Ele a conquistou com a sua ressurreição e quer deixá-la em nosso meio.
“A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados.” O primeiro passo para termos paz e ser perdoados por Deus.
“Como o Pai me enviou, também eu vos envio.” Somos continuadores de Jesus no mundo, temos a mesma missão dele, cujo centro é transmitir a paz.
“Recebei o Espírito Santo.” Jesus nos deu o meio principal para o continuarmos: o Espírito Santo.
“Tomé não estava com eles.” Era Missa de Domingo, a segunda Missa da Igreja, e Tomé não foi! Resultado: a sua fé, que já era fraca, entrou em parafuso. Um dia, quando Jesus falava que sua partida estava próxima, mas todos iriam se encontrar na outra vida, “Tomé disse: ‘Senhor, nós não sabemos para onde vais, como podemos conhecer o caminho?’ Jesus respondeu: ‘Eu sou o caminha, a verdade e a vida” (Jo 14,5-6). Isso mostra que a fé de Tomé já era fraca.
Como é importante participarmos do encontro semanal dos cristãos, a santa Missa! Ali entregamos a Deus a semana que passou e recebemos forças para não fraquejar na semana que começa. Sem a Missa, nós podemos nos afogar em um copo d’água.
Mas felizmente a Comunidade foi atrás de Tomé, no domingo seguinte ele foi à Missa e tudo se resolveu.
“Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Nós nunca vimos Jesus pessoalmente, mas temos fé graças ao Espírito Santo que ele nos deixou.
A fé é algo vivo; como qualquer coisa viva, ela não fica parada: ou cresce ou morre. E a fé só cresce se for alimentada. O primeiro alimento da fé é o amor a Deus e ao próximo. O segundo é a oração, pessoal ou comunitária, destacando-se a santa Missa. A vida em Comunidade é fundamental para se manter a fé. Ovelha separada do rebanho, o lobo pega.
O pecado obscurece a fé, pois ela está ligada à obediência aos mandamentos. Quem obedece a Deus cresce na fé; quem não obedece vai se tornando cada vez mais incrédulo, confuso e triste. Foi só Adão e Eva pecarem, esconderam-se de Deus. Quantos católicos partem para as seitas porque não praticavam os mandamentos!
A fé é condição para se recebermos as graças de Deus. Jesus, em seus milagres, sempre pedia antes uma profissão de fé (Cf Mc 9,14-29).
“Jesus realizou muitos outros sinais.” Sinal é uma manifestação clara da presença do transcendente, que nos convida à fé. Deus continua realizando sinais no mundo, principalmente através dos cristãos. Primeiramente, Deus quer transformar a nossa vida em um sinal, como foi a de Jesus. E muitas atitudes que o cristão ou a cristã toma são sinais que convidam outros à fé, mesmo sem que o cristão saiba.
Certa vez, uma vaca caiu num buraco e não conseguiu sair. Ela era de um sitiante. Ele tentou ajudar a vaca a sair mais não conseguiu. Amarrou até uma corda na vaca, mas não deu certo.
Pediu então ajuda a três vizinhos. Estes vieram, cada um com uma corda.
Chegando ao local, começaram a discutir qual o melhor lado para puxar a vaca. Um achava que era para a direção sul, outro para a direção norte, outro para direção leste e o último para a o oeste. E não chegaram a um acordo. Então cada um amarrou a corda na vaca, do lado que achava melhor e começou a puxar. Um puxava para lá, outro para cá, mas sozinhos não davam conta de tirar a vaca do buraco.
Quando já estavam cansados, concluíram: é melhor puxar a vaca de um lado só, mesmo que a meu ver não seja o melhor lado. Pronto: todos puxaram numa corda só e a vaca saiu.
É preferível o bom, unido com os outros, ao ótimo, sozinho. A minha opinião eu acredito ser a melhor, mas eu a renuncio em favor do trabalho em equipe, em favor da vida em Comunidade. Viver em Comunidade é andar juntos, mesmo tendo de ceder um pouco nas próprias idéias. A nossa maior fora está na nossa união.
Jesus viveu e trabalhou sempre em grupo. Foi difícil para ele, teve até um traidor no grupo, mas venceu. E ele nos pede: “Como o Pai me enviou, eu vos envio”.
Maria Santíssima foi uma mulher que teve grande fé. “Bem-aventurada aquela que acreditou”, disse-lhe a prima Isabel. E a sua presença no meio dos Apóstolos, após a ressurreição de Jesus, lhes deu muita força. Peçamos a ela que esteja também entre nós.
Oito dias depois, Jesus entrou.
Padre Queiroz

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Homilia II Domingo da Páscoa B
Pe. Erivaldo Gomes de Almeida[i]
Eri_gomesseminarista@yahoo.com.br
1-A páscoa é o tempo litúrgico em que recordamos essencialmente o acontecimento mais importante do cristianismo: a ressurreição de Cristo. Se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria a nossa fé e vazia a nossa pregação.
2-A páscoa cristã abre para todos as portas do paraíso. O pecado dos nossos primeiros pais Adão e Eva nos fechou as portas do paraíso, mas com o sacrifício do Filho Unigênito de Deus estas portas nos foram novamente abertas. A ressurreição de Jesus não é só um acontecimento seus e de seus discípulos, é um acontecimento que atinge todo o universo. Como em sua encarnação assumiu em Si todo o universo, em sua morte dominou o mal, assim também em sua ressurreição Cristo abriu as portas da eternidade para toda a humanidade. A liturgia deste domingo nos lembra que é pela misericórdia divina que esta salvação chega a todos os confins da terra.
3-Apesar dos constantes anúncios de sua paixão, morte e ressurreição, os discípulos se dispersaram após os acontecimentos da sexta feira santa, para eles tudo havia se acabado no suplicio da cruz, as esperanças da libertação de Israel foram depositadas em um homem que foi crucificado como um criminoso, os discípulos de Emaús voltavam para casa partilhando entre si a desilusão: "nós esperávamos que Ele fosse libertar Israel. Agora já são três dias que estas coisas aconteceram" (Lc 24,21). O cenário era desespero.  Todos estavam sem rumo.
4-Mas algo de extraordinário aconteceu: Jesus ressuscitou como havia dito. É o que nos diz o evangelho:
4.1-Ao ressuscitar, Jesus logo tratou de encorajar os que o havia seguido e que agora se encontravam desanimados e medrosos, com as portas trancadas como se fossem criminosos, a comunidade dos seguidores de cristo estava fechada em si mesmo. Jesus vem ao encontro de seus amigos, põe-se no meio deles, deseja-lhes a paz, mostra-lhes as mãos perfuradas pelos pregos e o lado perfurado pela lança do centurião romano, então os discípulos se alegram por estarem em sua presença.  Esta é a paz que a presença do ressuscitado nos traz, não é uma paz simplesmente psicológica, é a tranqüilidade por ter encontrado o Senhor, de ter saciado a fome e sede de Deus, é vida em plenitude. É mais que ausência de violência, é paz de espírito. Caros irmãos, quando vivemos na ausência de Deus ficamos como os discípulos ficaram: medrosos, desorientados, inquietos e tristes, mas quando encontramos Cristo voltamos ser felizes, voltamos a ter paz.
Cristo neste evangelho nos convida a vivenciar uma das realidades mais sublimes de nossa vida: a fé. Se quisermos ser felizes temos que crer de fato no Ressuscitado. Hoje Jesus nos lança o desafio de crer sem ter visto. Tomé não acreditou no testemunho dos discípulos, quis conferir através de sinais para ver se Cristo tinha de fato ressuscitado, demonstrando assim uma fraqueza. Jesus disse: acreditastes por que me vistes, bem aventurados os que acreditam sem terem visto.
Tomé somos nós hoje quando precisamos de milagres para crer. Quanto mais precisamos de milagres para acreditar, mas estamos dizendo que nossa fé é fraca. Ao citar as palavras de profissão de fé de Tomé: meu Senhor e meu Deus, o evangelista João apresenta-nos a profissão de fé adequada. Tomé é apresentado como representante daqueles que não acreditam sem antes terem visto. Vencida a incredulidade o evangelista no-lo apresenta como modelo da fé cristã. Na confissão de fé de Tomé, João chega ao ápice de seu evangelho: a humanidade reconhece Jesus como Senhor e Deus.
4.2-A Primeira Leitura mostra-nos a conseqüência prática da fé no ressuscitado, ou seja, como devem viver os que acreditam em Jesus. Antes da ressurreição estavam sem esperança, como ovelhas sem pastor, mas com a ressurreição tudo mudou, voltaram a ter entusiasmo pela missão de anunciar o Reino de Deus e a vivenciar valores deste Reino. Se hoje cremos na ressurreição de Cristo, temos efetivamente que não somente anunciar o Reino de Deus, mas vivê-lo no quotidiano de nossa vida.  Atos 4,32-35 realça que os cristãos da primeira hora não somente comungavam da mesma fé, oração e sentimentos, eles tinham tudo em comum. Era então uma comunidade de iguais. Tinham tudo em comum, não existia ali uma diferença entre ricos e pobres, entre eles ninguém passava necessidade. 
É curioso que este retrato da primeira comunidade feito no livro dos Atos dos Apóstolos, que tem como protagonista o Espírito Santo, coloque em relevo além da oração a caridade. Aqui há uma indicação de como deve ser a vida segundo o Espírito ou a vida no Espírito, é vida caritativa, vida partilhada e nunca vida no egoísmo, como nos ensina a cultura mundana. Fico feliz quando ouço ou vejo que alguém da comunidade, de uma pastoral ou de um grupo de oração está fazendo algo por quem precisa, isso me diz claramente que estão vivendo segundo o Espírito do Ressuscitado. Quanto mais nos aproximamos de Cristo através da oração, tanto mais temos que nos aproximar dos crucificados de hoje e por eles fazer alguma coisa.

As Comunidades de hoje devem se espelhar naquela primeira comunidade. Sabemos, porém, que com o crescimento da Igreja esta prática ficou difícil de ser mantida, no entanto o núcleo fundamental sim. No seio de nossas comunidades não pode haver espaço para o egoísmo. Nossas comunidades não podem permitir que pessoas sejam privadas do essencial para uma vida digna. Temos que aprender a partilhar desde nossa pobreza. Não podemos ser insensíveis diante das necessidades básicas das pessoas.
A natureza íntima da Igreja se exprime na oração e no serviço da caridade. É urgente despertar nos cristãos a sede de oração e de caridade. Não basta individualmente dar esmolas para dizer que fez sua parte, é necessário enquanto comunidade ou grupo de oração ter uma ação caritativa planejada.
5-Caros amigos, este rosto da igreja primitiva que São Lucas nos apresentou na primeira leitura de hoje é a mais bela revelação da face de Jesus misericordioso. É com esta face de Cristo que devemos nos comprometer.
6-Jesus hoje tranqüiliza a Igreja com sua presença e a envia em missão para fazer a mesma coisa que ele fez: como o Pai me enviou, também eu vos envio. A missão da Igreja é assegurada pela presença do Espírito Santo.  Este mesmo Espírito que envia dá autoridade para que a Igreja perdoe os pecados da humanidade segundo o coração misericordioso de Jesus.
7-Neste tempo em que o povo baiano enfrenta a maior seca dos últimos 30 anos, lembro a figura de Santa Faustina Kowalska, testemunha e mensageira do amor misericordioso do Senhor, e peço misericórdia pelo estado de calamidade que vive o nosso povo. Santa Faustina nos ensinou buscar em Jesus a força diante das catástrofes e dos sofrimentos.
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“O Cristo Ressuscitado” – Claudinei Oliveira


Quinta - Feira,  28 de Abril de 2011.

Evangelho –  Lc 24,35-48

            No Evangelho de hoje  Lucas nos apresenta o Cristo Ressuscitado. A aparição no meio dos discípulos é o complemento  da vida plena trazido pelo Pai. É também a confirmação das Sagradas Escrituras que o filho de Deus Ressuscitaria no Terceiro dia. Assim, Jesus viveu no meio do povo sofredor pregando a esperança com intuito de levar a liberdade incondicional. Fez tudo isso por amor gratuitamente através da Graça e da Misericórdia.

            Assustados ficaram os discípulos quando Jesus apareceu no meio deles de carne e osso. Não contente com a presença física Jesus os cumprimentou dizendo: 'A paz esteja convosco!' Era o sinal da presença instigante do Messias. Ao afirmar a paz esteja convosco Jesus  quer dizer:aquietem-se os corações, pois sou eu mesmo que estou no meio de vocês. Não temais e nem tenham medo, pois seus corações estão cheio do Espírito Santo, fortalecido no amor. Mesmo assim, muitos discípulos ficaram assustados. Sabendo que dias antes presenciaram a violenta morte de Cruz de Jesus e agora, ali no meio deles, presente. Ademais, estavam falando sobre Ele mesmo, na presença e dos dois discípulos que havia presenciado no jantar ao repartir o pão.

            Jesus percebendo que a preocupação era tamanha interveio: 'Por que estais preocupados, e porque tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho'.São palavras de consolo, mas palavras também de confirmação da sua presença. Assim os discípulos estavam pensando ter em sua frente um fantasma parecido com Jesus.

            Pensamos hoje, mesmo assistindo e revivendo todo o sofrimento de Jesus para nos salvar dos pecados, ainda somos céticos em acreditar na transformação de mundo novo e melhor. Olhamos desconfiados de Jesus quando as coisas não vão bem ou como gostaríamos que fossem. Sempre objetivamos lucros nos negócios  e não importamos com os meios de adquirir a tal riqueza, seja de forma lícita ou ilícita. Vejam que os discípulos entregaram suas vidas por seguir Jesus, mesmo assim, assustaram com sua presença. Imaginamos nós que acreditamos no Salvador pelas Escrituras e através da fé. Se não abraçarmos realmente a fé, dificilmente acreditaremos na ressurreição ou não acreditamos  no Espírito Revelador. É preciso dispor de entendimento e despojamento para levar avante o projeto do Reino.

            Jesus deixa claro na mensagem aos discípulos reunidos: 'Assim está escrito: O Cristo sofrerá  e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso'.  Somos também testemunhos das ações de Jesus quando anunciamos a ressurreição dos empobrecido, dos desvalidos, dos injustiçados, dos abandonados, dos aniquilados, dos não profetizados. Só conheceremos a plena ressurreição de Cristo se encontrarmos com os excluídos do  Reino e convertê-los para o Santo Evangelho. Assim o Cristo ressuscitado no terceiro dia é o Cristo Ressuscitado no pobre. Não poderemos falar de ressurreição se não darmos nossa máxima de fé nos irmãos necessitados.
           
            Portanto, a fé nos levará ao encontro da ressurreição. Acreditamos na força e no poder das Palavras de Jesus. Ele profetizou maravilhas e um mundo novo. Para que isso acontecesse deu sua própria  vida. Não esmaeceu na ignorância do medo. Enfrentou tudo e todas as adversidades serenamente até a morte, pois sabia que sua missão ir-se-ia cumprir e cumpriu-se verdadeiramente. A paz esteja convosco! Amém.

 Claudinei M. de Oliveira
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Evangelhos Dominicais Comentados

15/abril/2012  --  2o Domingo da Páscoa

Evangelho: (Jo 20, 19-31)

Neste segundo domingo da Páscoa da Ressurreição, a liturgia nos fala do encontro de Jesus com os seus apóstolos. Lá estavam eles, no cenáculo, com as portas trancadas, assustados, num clima de medo e insegurança.

O texto de hoje, de uma maneira forte, nos fala sobre a fé na ressurreição de Jesus. Quantas vezes, nós duvidamos. Entretanto, a dúvida pode ser proveitosa e salutar. A dúvida é importante quando ela nos obriga a sair a procura da verdade. Foi o que aconteceu com o apóstolo Tomé.

Muitas vezes a nossa vida é marcada pela dúvida, pelo sofrimento e pela incerteza. Assim também estavam os apóstolos, logo após a morte de Jesus. Eles se sentiam desprotegidos e ameaçados pelos chefes dos judeus. Por isso, ficaram trancados no cenáculo e cheios de medo.

Certamente, diante de qualquer ruído, seus corações disparavam. O batimento cardíaco aumentava, assim como, o desejo de sumir dali. Essas são as reações naturais ao sentir-se medo. A falta de fé traz insegurança.

Finalmente Jesus aparece trazendo-lhes paz, conforto e alegria. É sempre assim, quando Jesus chega em nossa vida, tudo se transforma. O medo e a tristeza dão lugar à segurança, e à alegria. Por duas vezes Jesus saúda os discípulos, dizendo: "A paz esteja com vocês!" Paz, dom precioso e tão necessário na sociedade e no mundo, tão ameaçados pela violência, pela injustiça social e pela incerteza.

Jesus é a Paz! Ele nos dá sua paz, mas junto com ela, nos dá também a missão de comunicar a esperança da ressurreição. Como seguidores de Jesus precisamos testemunhar sua ressurreição, sua proposta de vida e seu Projeto de Salvação. É preciso emoção nessa atividade, o coração tem que acelerar. O batimento cardíaco tem que aumentar ao testemunharmos o amor.

Mas o testemunho do cristão só é válido, só convence, quando é feito com fé e alegria. Fé é muito mais que gritar verdades abstratas e teóricas. Fé é testemunho de vida. A alegria tem que ser contagiante. Não pode ignorar os sofrimentos. Deve estar carregada de sinais concretos de vivência cristã. Viver o evangelho é viver a alegria da fé.

O apóstolo Tomé não acreditou no testemunho da sua comunidade. Quis ver para crer. Por sua vez, a comunidade não desistiu, continuou persistente e afirmando essa verdade. Repetia sempre, em altos brados, que o Mestre estava vivo. E, foi dentro dessa comunidade que Jesus se revelou a Tomé. A comunidade tem que testemunhar a Boa Nova. O mundo precisa conhecer a verdade; precisa saber que Jesus é a Verdade!

A comunidade tem que ser acolhedora e missionária, pois é nela que crescemos e aprofundamos a nossa fé. Ela deve ser um exemplo que leve a viver o evangelho. "Felizes os que acreditarem sem terem visto". Também as gerações futuras vão acreditar em Jesus através do testemunho da comunidade.

Jesus quer ser presença viva na comunidade. Vamos viver a paz e a certeza da ressurreição. Jesus é a verdadeira Paz. Jamais sente insegurança e medo, quem crê e segue seus passos.

(1221)

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Domingo – 15-Abril-2012                      Gilberto Silva

Evangelho Jo 20,19-31

“Bem-aventurados os que creram sem terem visto.”


Caríssimos irmãos e irmãs.

 Estamos no 2° domingo da Páscoa  e neste  evangelho podemos destacar:
1-     A paz esteja convosco – Em nossas celebrações há quatro momentos em que expressamos a nossa fé na presença do Ressuscitado no meio da assembléia:
a)      Quando nos convida a proclamar o Santo Evangelho. É o próprio Jesus que torna viva as suas palavras junto aos fiéis reunidos em que a mesma é invisível, pois age pelo som, mas de maneira visível pela escrita  e espiritual quando penetra em nossas mentes agindo/transformando os corações.
b)      Quando do prefácio eucarístico onde nos propõe alimentar a fé em suas palavras, transubstanciando-se no corpo e sangue neste memorial da sua paixão e páscoa, torna-se o próprio Cristo, o Pão Vivo descido do céu que alimenta, partilha e nos torna esta força transformadora do mundo. É a sua igreja viva na fé.
c)      Quando nos concede a paz e esta reine sobre nós para que junto d’Ele, o Ressuscitado, sejamos partícipes e sinais vivos desta unidade de amor antes de celebrarmos o banquete da eucaristia, sinal de vínculo e do amor fraterno.
d)      Quando nos despede para que possamos dar continuidade à difusão do seu amor em nossos lares, trabalhos e nas missões evangelizadoras, com a sua benção,  a do Pai e do Espírito Santo.
2-     Recebei o Espírito Santo – É Jesus concedendo aos seus discípulos, o Defensor, o Advogado, o Paráclito através do sopro, assim como Genesis 2,7 o Pai dá nova vida ao homem. É a recriação para divinizar o humano para que possam ratificar todas as obras realizadas por Ele próprio quando do seu ministério terrestre. Concedendo especialmente o poder do Perdão que era tão somente pertencente a Deus; O poder da cura e da ressurreição dos mortos. Como se diz no Direito: É Jesus outorgando pelo Espírito uma procuração dando plenos poderes àqueles que Ele amava no cumprimento da mesma, sem prazo de validade,  inclusive com substabelecimento até os dias de hoje através da nossa igreja para com  nossos bispos e padres. Tudo por intermédio de Pedro, que com o novo poder e dignidade, fez uma alocução a todos.
Afinal, eram novos homens, cheios de energia. Escutaram-lhe palavras, chorando e com grande emoção; consolou-os os Apóstolos e falou de muitas coisas, que Ele, Jesus sempre predissera e que agora se tinham realizado. Lembrou-lhes também que, Ele, Jesus sofrera por dezoito horas o escárnio e a ignomínia do mundo inteiro. Esta é também a nossa fé na tradição apostólica.
3-     A bem-aventurança - Com exceção de Mateus 5,1-11 no Sermão da Montanha, onde temos o decálogo, esta foi a única bem-aventurança testamentária de João. Decorrente da ausência de fé do apóstolo Tomé, que desde o tempo em era empregado de Jairo, já duvidava de Jesus. Quando Jesus disse que a menina dormia, Tomé teimava dizendo que a mesma estava morta. Foi necessário Jesus ir buscar a menina, trazendo-a pelas mãos, viva, ressuscitada, para que pudesse acreditar n’Ele. Neste evangelho de hoje, novamente repete-se: não quis acreditar nos seus irmãos e irmãs. Somente se tocasse nos furos dos pregos nas mãos de Jesus e colocando a mão na ferida aberta pela lança, pessoalmente, acreditaria.
Caríssimos irmãos e irmãs, Tomé não acreditou nos seus irmãos e irmãs, porém quando respondemos à Paz esteja convosco – Ele está no meio de nós. Significa que mesmo sem O vir, acreditamos que Ele realmente está em nosso meio, reunido como desde o principio do seu ministério.
Hoje sem medo, sem egoísmo e com as portas abertas acolhemos a todo que desejam se reunir e celebrar a Sua palavra. Assim como Cristo acolhia a todos sem distinção de cor, credo, deficiências físicas, nós também devemos dar testemunho do Seu amor, não somente com os lábios, mas nas lutas em favor da vida, da saúde e da paz universal.

O amor de Cristo reine em seus corações para sempre.



                   
     Gilberto Silva
       (33)-8828-5673-(33)-3279-8709
"Meu Senhor e meu Deus, refúgio e fortaleza"
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Há oito dias atrás, no primeiro dia após o Sábado dos judeus, ao anoitecer, Jesus ressuscitado entrou onde estavam os discípulos e lhes disse: “A paz esteja convosco!” Há oito dias, no Dia da Ressurreição, o nosso Jesus, vencedor da morte, enviado pelo Pai no Espírito Santo, soprou esse mesmo Espírito sobre seus discípulos, sua Igreja, e disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo!” Há oito dias atrás, Tomé, teimoso e incrédulo, afirmou peremptoriamente: “Se eu não vir as marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei!” Todas essas coisas que ouvimos no Evangelho deste hoje, ocorreram no Domingo de Páscoa, no Dia da Ressurreição, há precisamente uma semana.
Hoje é a Oitava da Festa pascal, o Domingo seguinte. E como no Domingo passado, também hoje, neste Domingo, o Senhor vem ao encontro dos seus discípulos e coloca-se no meio deles. Será sempre assim: a cada oito dias os cristãos reunidos experimentarão na Palavra proclamada e no Sacrifício eucarístico celebrado, a presença real, viva e atuante Daquele que ressuscitou e caminha conosco, ou melhor, caminha à nossa frente. E como Tomé, nós, a cada Domingo, admirados, exclamamos: “Meu Senhor e meu Deus!” E queremos, emocionados, ouvi-lo novamente dizer a nossa respeito: “Acreditaste porque me viste, Tomé. Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Bem-aventurados nós, caríssimos meus em Cristo aqui presentes! Bem-aventurados nós que firmemente cremos no Senhor e participamos do seu Sacrifício eucarístico, ainda que não tenhamos visto o Senhor com os olhos da carne!
Eis precisamente aqui a mensagem deste Domingo da Oitava: fazer-nos conscientes do nosso encontro, da nossa comunhão real, íntima, transformante, com o Senhor ressuscitado. Este encontro que ocorre de modo mais intenso a cada Domingo na Eucaristia – e, por isso mesmo, faltar à Missa dominical é excluir-se da Comunidade dos discípulos, é “ex-comungar-se”, é colocar-se fora da Comunhão com o Ressuscitado e aqueles aos quais ele chama de “meus irmãos”... Este encontro que ocorre de modo mais intenso a cada Domingo nesta Eucaristia, não começou aqui; iniciou-se no nosso Batismo, quando recebemos, no símbolo da água, o Espírito Santo do Ressuscitado, passando a viver nele que, no seu Espírito, veio realmente viver em nós! Três misteriosas palavras da Missa de hoje exprimem este mistério. Ei-los: (1) A palavra da segunda leitura: o Autor sagrado afirma que quem crê em Jesus nasceu de Deus e vive uma vida de amor aos irmãos. Quem crê em Jesus, diz ele, vence o mundo, vence o pecado, vence a tragédia de uma vida sem sentido, distraída apenas com eventos, futilidades e copas do mundo. Eis as suas palavras: “Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” E, então, acrescenta de modo belo, forte, surpreendente e misterioso: “Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue. E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade”. Caríssimos, que palavras impressionantes! Se nossos irmãos protestantes as compreendessem pediam imediatamente a comunhão com a Igreja de Cristo! Aqui o Autor sagrado está falando do Batismo e da Eucaristia. Vence o mundo quem crê em Jesus; não num Jesus do passado, mas num Jesus que está vivo e na força do Espírito Santo, o Espírito da Verdade, que ele derramou sobre nós, vem ao nosso encontro, habita em nosso íntimo. Como? Pelos sacramentos! É nos sacramentos que recebemos o Espírito Santo, é nos sacramentos que o Senhor entra em comunhão conosco e nós com ele. Ele vem continuamente, vivo e vivificador pela água do Batismo e o Sangue da Eucaristia! Nos santos sacramentos, nós experimentamos Jesus, recebemos a vida de Jesus e podemos testemunhar ao mundo que Jesus está vivo e atuante! Que realidade tão misteriosa; que graça tão grande: Jesus é o que vem sempre à sua Igreja na água e no sangue; e ambos nos dão o Espírito Santo de Jesus! (2) A segunda palavra desta liturgia é da oração inicial. Ali a Igreja nos ensinou a pedir ao Pai que compreendêssemos melhor “o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu”. Mais uma vez o Batismo e a Eucaristia que, dando-nos o Espírito de Jesus, nos colocam em comunhão íntima com ele. (3) Finalmente, as palavras da Entrada da Missa de hoje, como aparecem no Missal, tiradas da Primeira Epístola de são Pedro: “Como crianças recém-nascidas, desejai o puro leite espiritual para crescerdes na salvação! (2,2). A Igreja pensa nos que foram batizados na Vigília Pascal, nossos irmãozinhos em Cristo, criancinhas no Senhor. Que recebendo a cada Domingo a Eucaristia, puro alimento espiritual, possam – eles e nós – crescer na salvação.
Ora, caríssimos, se vivemos mergulhados nesse mistério tão grande, que é a real e íntima comunhão com o Senhor ressuscitado, se experimentamos sua força e sua graça nos sacramentos, se nele, Vencedor da morte, somos criaturas nova, então vivamos de modo novo. E não somente de modo individual, mas como Comunidade dos salvos e redimidos por Cristo. Vede, irmãos meus, o exemplo descrito na Primeira leitura, a Igreja católica de Jerusalém, logo após a Ressurreição e o Dom do Espírito: nós éramos “um só coração e uma só alma”, sabíamos repartir amor e bens, colocando a vida em comum, e toda a nossa vida comunitária era uma clara proclamação da novidade, da alegria e da esperança de quem sabia e vivia a Ressurreição do Senhor. Dois mil anos após, não damos mais a impressão de um bando de discípulos sonolentos e cansados? Não parecemos mais uns conformados e desanimados, mornos pelo peso do tempo? Nossa vida, será que não exprime mais comodismo e falta de fé, que aquela feliz exultação de quem tem sempre Jesus diante dos olhos? Sabem o motivo disso, meus caros? Falta de comunhão viva com o Senhor na sua Palavra, na oração e, sobretudo, nos sacramentos! Muitos de nós temos uma fé fria, formal, burocrática, teórica. Não é a idéia, mas o amor que dá sentido e gosto à vida!
Caros meus, aprendamos a nos reaproximar de Jesus! Ele está vivo aqui, na Palavra, na Eucaristia, nos irmãos, na vida. Se aprendermos a vê-lo, mais uma vez, cheios de pasmos, exclamaremos como o duro Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!” Que ele no-lo conceda por sua graça. Amém.
dom Henrique Soares da Costa
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Ele está no meio de nós!
Nas nossas celebrações eucarísticas, mais de uma vez a assembléia responde à saudação: “O Senhor esteja convosco!”, dizendo: “Ele está no meio de nós!” É necessário que isso não fique apenas como uma fórmula ritual, mas seja expressão de um ato de fé na presença do Senhor ressuscitado na assembléia reunida.
O evangelho deste segundo domingo de Páscoa lembra isso vivamente: estando os discípulos reunidos no primeiro dia da semana, mesmo com as portas trancadas, Jesus ressuscitado se põe visível no meio deles. No domingo seguinte, o mesmo acontece e ainda de maneira visível. Depois a presença vai perder a visibilidade, mas não deixará de existir.
Tomé não acreditou nos outros discípulos, não acreditou na presença de Jesus na comunidade. Sua descrença vem valorizar a fé nessa presença invisível, mas plenamente viva, a fé que leva ao testemunho do Ressuscitado. “Felizes os que creem sem ter visto!”
1ª leitura (At. 4,32-35)
Lemos, na primeira leitura de hoje, um retrato da primeira comunidade cristã. Destacam-se três características fundamentais: 1. Alimentar a fé; 2. Ser exemplo de partilha e solidariedade; 3. Ser força de transformação do mundo.
Esse retrato focaliza como a comunidade ideal vivia a partilha e a solidariedade. Todos alimentavam a fé na palavra de Deus e na oração e faziam o bem. Tudo pela força do Ressuscitado.
Um só coração e uma só alma. O coração, para o semita, é o pensamento, a mente, a cabeça, e a alma significa o desejo, o apetite, a gana. Todos se orientavam pela mesma mente e lutavam com a mesma gana, com a mesma disposição.
A partilha e a solidariedade chegavam ao extremo de eles não dizerem que eram suas as coisas que possuíam. Com isso, ninguém passava necessidade, pois tudo era partilhado. A importância da vida de partilha e da solidariedade é tal, que parecem ficar esquecidos os outros dois aspectos: o alimentar a fé e a influência fora da comunidade.
No entanto, não ficaram esquecidos, pois o “testemunho da ressurreição do Senhor”, dado pelos apóstolos, inclui esses dois aspectos. O testemunho dos apóstolos, segundo Lucas, além de significar a confirmação da fé dos discípulos, revestia-se também dos milagres realizados em favor dos de fora, o que vai ser destacado no retrato do capítulo 5.
2ª leitura (1Jo 5,1-6)
As cartas de João encaram um problema grave ocorrido na rede de comunidades do Quarto Evangelho ou Evangelho do Discípulo Amado: algumas comunidades dessa rede, apoiadas, sem dúvida, nas palavras do evangelho, chegavam a dizer que a humanidade ou a “carne” de Jesus era só aparência; a força da divindade seria tal, que anularia praticamente a humanidade. É o que, de modo inconsciente, ocorre com muita frequência na cabeça de muitos cristãos de hoje.
Por isso mesmo, no trecho da primeira carta lido hoje, há duas frases, uma no início (v. 1) e a outra no final (v. 6), cujo sentido não é devidamente observado pela maioria dos tradutores: “O Messias é Jesus” e “o Filho de Deus é Jesus”, e não “Jesus é o Messias” e “Jesus é o Filho de Deus”. Como no prólogo do evangelho (Jo 1,2) praticamente já se chegou ao consenso de que, por causa do uso do artigo, se deve traduzir “a Palavra era Deus”, e não “Deus era a Palavra”, aqui também o sentido correto é o que dissemos.
O Messias, o Cristo, o Filho de Deus é o homem Jesus, e não, simplesmente, Jesus é o Cristo, Jesus é o Filho de Deus. E vence o mundo quem crê na humanidade, quem crê que o Filho de Deus é o homem Jesus. Gerado por Deus é quem crê que o Messias é o homem Jesus. E amar os gerados de Deus é amar os que têm essa fé.
O Cristo é Jesus, a morte verdadeira (sangue) é que revelou o grande amor e nos comunicou o espírito (água), a capacidade de amar como ele amou. Sem essa morte verdadeira não há amor, não há espírito (Jo 7,39).
Evangelho (Jo 20,19-31)
Nos dois primeiros domingos após a morte de Jesus, os discípulos estão reunidos e ele está visível no meio deles. Jesus lhes passa a missão que recebeu do Pai: livrar a humanidade do pecado. Felizes os que, hoje, sem ver, acreditam na presença do Senhor ressuscitado no meio dos seus.
“Por medo dos judeus” diz o evangelista ser o motivo pelo qual estavam fechadas as portas do lugar onde se reuniam os discípulos. A frase parece deslocada, dando a impressão até de que os discípulos estavam reunidos em um lugar por medo dos judeus.
Esse medo dos judeus não tem a menor razão de ser no domingo mesmo da ressurreição. Os primeiros discípulos eram um grupo inofensivo de judeus, então por que teriam medo dos judeus? De que judeus estariam com medo? Que ameaça esses discípulos, mesmo reagrupados, poderiam oferecer às autoridades judaicas, dois dias apenas após a morte de seu Mestre?
Quando o evangelho foi escrito, 60 anos após os acontecimentos, Jerusalém e o Templo destruídos havia já 20 anos, um grupo de fariseus que agora se atribuía o direito exclusivo de se chamarem judeus e de gozarem dos privilégios dos judeus perante o império romano ameaçava, sim, os judeus que se tornassem cristãos, expulsando-os do judaísmo. Perdendo a identidade judaica, eles perdiam o privilégio de não precisar participar do culto imperial, além da convivência até com os familiares não cristãos.
Isso nos diz que o evangelista está falando em sentido figurado, para o seu tempo, nem um pouco preocupado com a historicidade dos fatos. Aos domingos (no primeiro, no segundo...), os discípulos de Jesus se reúnem para celebrá-lo. Mesmo que as portas do lugar estejam fechadas, para que os que se consideram os únicos judeus legítimos não identifiquem quem esteja ali, Jesus se põe no meio da comunidade reunida.
Esse é o testemunho da comunidade, mas Tomé, um dos doze, não acredita. Oito dias depois, no outro domingo, Tomé vê e crê. Mas quem recebe o elogio (“felizes...”) são os que hoje creem sem ter visto. Esse “hoje” é de quando o evangelho foi escrito, como é também o do nosso tempo.
Dicas para reflexão
– Tomé não acreditou na comunidade, não acreditou em Jesus presente nos discípulos reunidos. Hoje, Jesus continua presente quando nos reunimos para celebrá-lo. Felizes os que, sem ver, acreditam e se comprometem com a missão de vencer o egoísmo que leva à morte e com a missão de trazer vida para todos.
– Durante a celebração eucarística, mais de uma vez dizemos: “Ele está no meio de nós”. Não o vemos, mas acreditamos. Se é que não dizemos isso só com os lábios. Continuamos celebrando a presença do Ressuscitado entre nós para que possamos testemunhar o amor que salva e encontrar forças para as lutas em favor da vida.
– A morte assumida, o sangue, é celebrada aqui, para que o espírito de amar como ele amou se torne, dentro de nós, uma nascente de caudaloso rio a transformar este mundo governado pelo egoísmo.
– A insistência dada à presença sacramental nas espécies eucarísticas sufocou a consciência da presença viva na assembléia, onde costumamos nos saudar com: “A paz esteja convosco!” Bem santo Agostinho já dizia: “Dizeis Amém ao sacramento de vós mesmos, pois ‘vós sois o corpo de Cristo’”. Não seria bom desenvolver um pouco mais a teologia da presença do Senhor ressuscitado na assembléia, nas comunidades? Mais do que a teologia, não seria importante melhorar e desenvolver a prática dessa presença, do Sacramento da Presença de Jesus na comunidade, no grupo que se reúne por causa dele (pois “onde dois ou três estão reunidos em meu nome...”)?
padre José Luiz Gonzaga do Prado
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A utopia da fraternidade
Lucas, nos Atos dos Apóstolos, traça um retrato certamente idealizado da primeira comunidade de Jerusalém. O missal dominical da Paulus, comentando a leitura, escreve: “A descrição da primeira comunidade cristã de Jerusalém é certamente idealizada, não tanto como nostálgica lembrança do passado, mas antes como proposta atual às novas comunidades. Cada geração cristã que com ela se confronta encontra um estímulo para viver a mesma coerência, em situações historicamente diversas, as exigências do anúncio cristão” (p. 395). Cada comunidade cristã, a seu modo, é convocada a viver intensamente a dimensão do amor fraterno, ad intra et ad extra. A melhor propaganda para os cristãos deles se possa dizer:  “Vede como eles se amam!”.
A Igreja espalhada por toda a parte é convocada a mostrar as notas dos Atos: os primeiros cristãos tinham uma só alma e um só coração; os bens eram postos em comum; davam testemunho da ressurreição do Senhor; ninguém passava necessidade entre eles.
Nossas paróquias são espaços, por vezes, numericamente muito vastos. Que se possa fazer uma verdadeira experiência daquilo que nos falam os Atos.  Há essas comunidades de bairro, geograficamente menores, que conseguem,  a uma certa dimensão humana, viver o amor fraterno.  Houve entre nos uma bela experiência comunitária que se concretizou nas comunidades eclesiais de base onde eram feitas vigorosas experiências cristãs e fraternas. Não se tratava naquelas experiências, como nas eventuais modalidades de comunidades de hoje, viver em ninhos quentes, refúgio de pessoas medrosas e talvez românticas sem  coragem de assumir o desafio da diferença.
Não se pode negar que, nas grandes cidades, os encontros eclesiais são formais, impessoais. Esse tipo de encontro favorece uma fé individualista, se podemos a chamar a isso de fé.  Não se pode esquecer que a casa do Ressuscitado é a comunidade.  Onde dois ou três estão reunidos ele se faz presente.  Somos convidados a “verificar” sempre de novo a dimensão fraterna concreta de nossa vida cristã.  Não se trata de falar teoricamente de fraternidades, mas de multiplicar as experiências nessa linha.
Mesmo participando de grandes assembléias litúrgicas os cristãos haverão de fazer, em grupos menores, a experiência da prestação de serviço, da experiência comum de Deus. Juntos também haverão de ir pelo mundo recolhendo os jogados na beira da estrada.  Haverá ações feitas individualmente provando o seu amor para com os semelhantes. Mas haverá empenhos comunitários, denuncias públicas, defesa de políticas na linha da justiça e da fraternidade.
Vale a pena meditar nessas linhas dos Atos: “Ente eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas, vendiam-nas, levavam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos. Depois era distribuído conforme a necessidade de cada um”.
frei Almir Ribeiro Guimarães
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Fé vitoriosa no amor de Cristo
As duas primeiras leituras de hoje convidam a uma reflexão sobre o amor fraterno à luz da Páscoa, ou seja, da vitória do Ressuscitado. Na sua Primeira Carta, João explicou que em Jesus se manifesta o amor de Deus; mais: que Deus é amor. Porque Deus nos amou primeiro, nós também devemos amar e, como Deus não se vê, devemos amá-lo no irmão que vemos. Pois – e neste ponto engata a 2ª leitura de hoje – nossos irmãos são filhos de Deus, porque acreditam em Jesus Cristo (1Jo 5,1; cf. Jo 1,12-13); ora, quem ama o Pai, deve amar também seus filhos. Que amamos seus filhos verifi­ca-se na observância de seus mandamentos – o mandamento do amor, que Cristo nos deixou (Jo 13,31-35). Estes mandamentos não são um peso, mas antes, alegria, pois significam vitória sobre o mundo: a vitória daquele que crê em Jesus Cristo, que pelo sangue de sua cruz e pelo Espírito que nos deu – e também pela água do batismo, que significa tudo isso – vence o processo contra o mundo (cf. Jo 16,7-11).
Sintetizando o pensamento dinâmico e associativo de Jo, podemos dizer: a comu­nidade da fé em Jesus Cristo, do batismo em seu nome e do Espírito que ele envia é uma comunidade de irmãos, filhos de Deus, que, por causa da palavra de Cristo, devem amar-se mutuamente, como Deus os amou em Cristo. O amor é o sinal da fé que nos faz participar da vitória de Cristo sobre o “mundo” (no sentido joanino de poder ego­cêntrico e auto-suficiente). Pois essa vitória foi a vitória do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte.
O que Jo explica numa meditação teológica, o livro dos Atos nos mostra de modo narrativo (1ª leitura). A comunidade dos primeiros cristãos era “um só coração e uma só alma”. Praticavam a comunhão de bens, modo mais seguro para que ninguém tives­se de menos enquanto outros tivessem demais. Não havia necessitados entre eles. Ven­diam seus imóveis para alimentar a caixa comum, sob a supervisão dos apóstolos. Cer­to, as circunstâncias eram especiais. Viviam na fé de que Cristo voltaria logo. Não pre­cisavam constituir um capital para seus filhos. Contudo, talvez tenham constituído o melhor capital imaginável: uma comunidade de amor fraterno.
Ambas as leituras falam do amor no interior da comunidade cristã. É importante observar isso, pois não se trata de amor filantrópico, que dá um pedacinho para cá e um pedacinho para lá, mas do amor fraterno, que é comunhão de vida. Só num compromisso mútuo, selado pelo amor do Pai e a força do Espírito de Cristo, pode-se fa­lar de amor cristão no sentido estrito. Trata-se do amor como realização escatológi­ca: algo de Deus aqui na terra. Só enquanto realizarmos essa efetiva comunhão com os outros discípulos do mesmo Mestre num espírito comum, comunicaremos tam­bém, de modo autêntico e singelo, nosso carinho a todos os homens. A comunhão fraterna na comunidade de fé é a revelação do amor de Deus para o mundo (cf. Jo 13,35) e a fonte de nossa amorosa atenção para o mundo. Nela haurimos a força para nos doar ao mundo, como Deus lhe doou seu único Filho (Jo 3,16). Um cristianismo sem comunidade fraterna é um fantasma.
Também a mensagem de paz e a missão do mútuo perdão, que Jesus lega aos seus no dia de sua ressurreição (evangelho), dando-lhes seu Espírito, é, em primeiro lugar, esta missão da plena comunhão no seio da comunidade. O Espírito lhes é dado para ser a alma desta comunidade, que o fará irradiar também para fora.
Uma meditação sobre a experiência pascal dos primeiros cristãos talvez nos liber­te das saudades de um cristianismo quantitativo e nos converta para um cristianismo qualitativo, procurando realizar uma encarnação radical do amor de Deus em comunidades realmente dignas do nome de Cristo, que serão, também, as melhores testemu­nhas para a grande massa dos que Deus quer reunir em seu amor.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.
Desenvolvimento do Evangelho
Aos domingos à tarde, as primeiras comunidades cristãs se reuniam para celebrar a Ressurreição de Jesus, a vitória da vida sobre a morte, pois foi na tarde do domingo da Páscoa que Jesus ressuscitado apareceu aos discípulos.
Porém, a condição em que eles estavam reunidos, fechados atrás de paredes, não era condizente com a liberdade e a vida, e sim com a opressão e a morte, pois as portas estavam trancadas e sentiam muito medo das autoridades dos judeus.
Para Jesus não existem barreiras. Ele entrou, ficou no meio deles e fez a mesma saudação da sua despedida: “A paz esteja com vocês”, para tranqüilizá-los, pois Ele já estava ali, e a presença Dele trazia segurança aos seus seguidores.
Jesus ainda trazia no seu corpo as marcas do seu sofrimento e as apresentou como testemunho da vitória da vida e, ao mesmo tempo, sinais da injustiça.
A alegria dos discípulos ao vê-Lo foi transformada em disponibilidade, e Jesus soprou sobre eles o sopro vital do Deus, o Seu Espírito, dando-lhes nova vida, nascendo então a comunidade dos seguidores de Jesus aos quais Ele confia Sua própria missão. Eles estavam, a partir de então, com o mesmo Espírito que esteve com Jesus, e receberam a missão de continuar o projeto de Deus que é a luta pela justiça, permitindo que todos tenham acesso à vida.
Tomé impõe uma condição para crer: era preciso ver. O fato dele não ter acreditado nos discípulos quando disseram que Jesus estava vivo e que tinha ressuscitado, não faz dele uma pessoa menos importante, pois o importante não é ter estado com Jesus antes de sua morte, e sim, viver a vida que nasce da ressurreição, assumindo o projeto de Deus como uma opção pessoal.
Jesus se dá a conhecer, primeiramente, apenas para alguns, pois todas as gerações futuras O conhecerão e acreditarão na ressurreição somente pelo testemunho de poucos.
Tomé ao encontrar-se com Jesus faz a sua profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”. Esta é a primeira vez que Jesus é chamado de Deus (depois do prólogo – início do Evangelho de João), motivo de Sua condenação.
Jesus diz que são felizes aqueles que não receberam provas concretas da sua ressurreição, e sim os que crêem porque aceitam o testemunho da comunidade. E isto está ao alcance de todos e serve para despertar o compromisso da fé, experimentando a vida que Jesus veio trazer.
Durante a última ceia, Jesus já comunicara aos discípulos, de maneira expressiva, a sua paz (Jo 14,27); e agora, na condição de ressuscitado, a renova. Jesus aparece entre os discípulos reunidos, anuncia-lhes a paz e mostra-lhes as chagas. Os discípulos estão com as portas trancadas com medo dos judeus. Este detalhe exprime a situação da comunidade de João, excluída pelos judeus, os quais, inclusive, denunciavam os cristãos aos romanos. Porém, a presença do ressuscitado liberta a comunidade do medo e lhes traz a alegria. O mostrar as chagas das mãos e a do lado é a confirmação de identificação do ressuscitado com Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Agora, conforme anunciara nos discursos de despedida, Jesus comunica aos discípulos o Espírito, soprando sobre eles. Os discípulos são enviados em missão, com o conforto do Espírito. Suas comunidades, que vivem na comunhão e partilha (primeira leitura), movidas pela fé em Jesus (segunda leitura), são responsáveis pela prática da misericórdia no acolhimento dos excluídos como pecadores e de todos aqueles que se sentem atraídos por Jesus. A partir da experiência de Tomé, Jesus proclama a bem-aventurança da fé. Começa o tempo dos bem-aventurados que não viram e creram.
padre Jaldemir Vitório
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A paz de Jesus
Nesta aparição aos discípulos reunidos, por três vezes Jesus dá a paz aos discípulos. Durante a última ceia Jesus já lhes concedera, de maneira expressiva, a paz (Jo 14,27); e agora, na condição de Ressuscitado, a renova. A paz do mundo se perde na ilusão das disputas de poder e riqueza, e os discípulos, de sua parte, vivem a perturbação de momentos de perseguição. A paz de Jesus, que se faz presente entre seus discípulos, fortalece os corações firmando-os no amor e na vida eterna de Deus.
Jesus também, na última ceia, anunciara o envio do Espírito que procede do Pai, o Consolador na ausência sensível de Jesus (Jo 15,26). Espírito Santo, ou Consolador, é a expressão da personalização do Amor de Deus. É o amor que move os discípulos à missão libertadora e promotora da vida. O pecado consiste na colaboração com a ordem injusta que impera na sociedade ou em qualquer outro atentado contra a vida. Gerados por Deus, os discípulos com sua fé vencem o mundo (segunda leitura). Com seu testemunho da partilha (primeira leitura), da justiça e do amor removem o pecado do mundo.
A narrativa da experiência de Tomé com o ressuscitado é bem expressiva quanto à questão da necessidade das aparições, e até do toque, para confirmar a fé. Ele é o tipo do "ver para crer", ao qual Jesus contrapõe a bem-aventurança dos que creram sem ver.
Entre as primeiras comunidades vinculadas à comunidade de Jerusalém surgiu a tradição do ver o ressuscitado como condição para ser incluído entre as lideranças. A partir daí, surge a tradição da fé no testemunho destas lideranças, sem ver. Este episódio do evangelho de hoje relativiza as narrativas de visões do ressuscitado. Assim acontece, também, com o episódio em que o discípulo que Jesus amava, diante do túmulo vazio, creu sem ver o ressuscitado (Jo 20,8; cf. 12 abr.). Para crer não é necessário ver. A fé brota da experiência de amor que os discípulos tiveram no convívio com Jesus, e da mesma experiência de amor que se pode ter, hoje, nas relações fraternas de acolhimento, de doação e serviço, de misericórdia e compaixão, na fidelidade às palavras de Jesus.
A bem-aventurança conferida àqueles que creem sem ver é bem convincente no sentido da desnecessidade de aparições para que se possa perceber, na fé, a presença do Jesus eterno em nossas vidas, nas nossas comunidades e no mundo.
José Raimundo Oliva
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A liturgia deste domingo apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
Na primeira leitura temos, numa das “fotografia” que Lucas apresenta da comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade formada por pessoas diversas, mas que vivem a mesma fé num só coração e numa só alma; é uma comunidade que manifesta o seu amor fraterno em gestos concretos de partilha e de dom e que, dessa forma, testemunha Jesus ressuscitado.
No Evangelho sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã os critérios que definem a vida cristã autêntica: o verdadeiro crente é aquele que ama Deus, que adere a Jesus Cristo e à proposta de salvação que, através d’Ele, o Pai faz aos homens e que vive no amor aos irmãos. Quem vive desta forma, vence o mundo e passa a integrar a família de Deus.
1 leitura – At. 4,32-35 – AMBIENTE
Os “Atos dos Apóstolos” são uma catequese sobre a “etapa da Igreja”, isto é, sobre a forma como os discípulos assumiram e continuaram o projeto salvador do Pai e o levaram – após a partida de Jesus deste mundo – a todos os homens.
O livro divide-se em duas partes. Na primeira (cf. At. 1-12), a reflexão apresenta-nos a difusão do Evangelho dentro das fronteiras palestinas, por ação de Pedro e dos Doze; a segunda (cf. At. 13-28) apresenta-nos a expansão do Evangelho fora da Palestina (até Roma), sobretudo por ação de Paulo.
O texto que hoje nos é proposto pertence à primeira parte do Livro dos Atos dos Apóstolos. Faz parte de um conjunto de três sumários, através dos quais Lucas descreve aspectos fundamentais da vida da comunidade cristã de Jerusalém. Um primeiro sumário é dedicado ao tema da unidade e ao impacto que o estilo cristão de vida provocou no povo da cidade (cf. At. 2,42-47); um segundo sumário (e que é exatamente o texto que nos é hoje proposto) refere-se sobretudo à partilha dos bens (cf. At. 4,32-35); o terceiro trata do testemunho que a Igreja dá através da atividade miraculosa dos apóstolos (cf. At. 5,12-16).
Naturalmente, estes sumários não são um retrato histórico rigoroso da comunidade cristã de Jerusalém, no início da década de 30 (embora possam ter algumas bases históricas). Quando Lucas escreve estes relatos (década de 80), arrefeceu já o entusiasmo inicial dos cristãos: Jesus nunca mais veio para instaurar definitivamente o “Reino de Deus”, e posicionam-se no horizonte próximo as primeiras grandes perseguições… Há algum desleixo, falta de entusiasmo, monotonia, divisão e confusão (até porque começam a aparecer falsos mestres, com doutrinas estranhas e pouco cristãs). Neste contexto, Lucas recorda o essencial da experiência cristã e traça o quadro daquilo que a comunidade deve ser.
MENSAGEM
Como será, então, essa comunidade ideal, que nasce do Espírito e do testemunho dos apóstolos?
Em primeiro lugar, é uma comunidade formada por pessoas muito diversas, mas que abraçaram a mesma fé (“a multidão dos que tinham abraçado a fé” – v. 32a). A “fé” é, no Novo Testamento, a adesão a Jesus e ao seu projeto. Para todos os membros da comunidade, o Senhor Jesus Cristo é a referência fundamental, o cimento que a todos une num projeto comum.
Em segundo lugar, é uma comunidade unida, onde os crentes têm “um só coração e uma só alma” (v. 32a). Da adesão a Jesus resulta, obrigatoriamente, a comunhão e a união de todos os “irmãos” da comunidade. A comunidade de Jesus não pode ser uma comunidade onde cada um puxa para o seu lado, preocupado em defender apenas os seus interesses pessoais; mas tem de ser uma comunidade onde todos caminham na mesma direção, ajudando-se mutuamente, partilhando os mesmos valores e os mesmos ideais, formando uma verdadeira família de irmãos que vivem no amor.
Em terceiro lugar, é uma comunidade que partilha os bens. Da comunhão com Cristo resulta a comunhão dos cristãos entre si; e isso tem implicações práticas. Em concreto, implica a renúncia a qualquer tipo de egoísmo, de auto-suficiência, de fechamento em si próprio e uma abertura de coração para a partilha, para o dom, para o amor. Expressão concreta dessa partilha e desse dom é a comunhão dos bens: “ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas tudo entre eles era comum” – v. 32b). Num desenvolvimento que explicita este “pôr em comum”, Lucas conta que “não havia entre eles qualquer necessitado, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e traziam o produto das vendas, que depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se então a cada um conforme a sua necessidade” (vs. 34-35). É uma forma concreta de mostrar que a vida nova de Jesus, assumida pelos crentes, não é “conversa fiada”; mas é uma efetiva libertação da escravidão do egoísmo e um compromisso verdadeiro com o amor, com a partilha, com o dom da vida. Num mundo onde a realização e o êxito se medem pelos bens acumulados e que não entende a partilha e o dom, a comunidade de Jesus é chamada a dar exemplo de uma lógica diferente e a propor uma mundo que se baseie nos valores de Deus.
Finalmente, é uma comunidade que dá testemunho: “os apóstolos davam testemunho da ressurreição de Jesus com grande poder” (v. 33). Os gestos realizados pelos apóstolos infundiam em todos aqueles que os testemunhavam a inegável certeza da presença de Deus e dos seus dinamismos de salvação.
A primitiva comunidade cristã, nascida do dom de Jesus e do Espírito, é verdadeiramente uma comunidade de homens e mulheres novos, que dá testemunho da salvação e que anuncia a vida plena e definitiva. A fé dos discípulos, a sua união e, mais do que tudo, essa “ilógica” e “absurda” partilha dos bens eram a “prova provada” de que Cristo estava vivo e a atuar no mundo, oferecendo aos homens um mundo novo. A Cristo ressuscitado, os habitantes de Jerusalém não podiam ver; mas o que eles podiam ver era a espantosa transformação operada no coração dos discípulos, capazes de superar o egoísmo, o orgulho e a auto-suficiência e de viver no amor, na partilha, no dom. Viver de acordo com os valores de Jesus é a melhor forma de anunciar e de testemunhar que Jesus está vivo.
A comunidade cristã de Jerusalém era, de fato, esta comunidade ideal? Possivelmente, não (outros textos dos Atos falam-nos de tensões e problemas – como acontece com qualquer comunidade humana); mas a descrição que Lucas aqui faz aponta para a meta a que toda a comunidade cristã deve aspirar, confiada na força do Espírito. Trata-se, portanto, de uma descrição da comunidade ideal, que pretende servir de modelo à Igreja e às Igrejas de todas as épocas.
ATUALIZAÇÃO
• A comunidade cristã é uma “multidão” que abraçou a mesma fé – quer dizer, que aderiu a Jesus, aos seus valores, à sua proposta de vida. A Igreja não é um grupo unido por uma ideologia, ou por uma mesma visão do mundo, ou pela simpatia pessoal dos seus membros; mas é uma comunidade que agrupa pessoas de diferentes raças e culturas, unidas à volta de Jesus e do seu projeto de vida e que de forma diversa procuram encarnar a proposta de Jesus na realidade da sua vida quotidiana. Que lugar e que papel Jesus e as suas propostas ocupam na minha vida pessoal e na vida da minha comunidade cristã? Jesus é uma referência distante e pouco real, ou é uma presença constante, que me interroga, que me questiona e que me aponta caminhos?
• A comunidade cristã é uma família unida, onde os irmãos têm “um só coração e uma só alma”. Tal fato resulta da adesão a Jesus: seria um absurdo aderir a Jesus e ao seu projeto e, depois, conduzir a vida de acordo com mecanismos de divisão, de afastamento, de egoísmo, de orgulho, de auto-suficiência… A minha comunidade cristã é uma comunidade de irmãos que vivem no amor, ou é um grupo de pessoas isoladas, em que cada um procura defender os seus interesses, mesmo que para isso tenha de magoar e de espezinhar os outros? No que me diz respeito, esforço-me por amar todos, por respeitar a liberdade e a dignidade de todos, por potenciar os contributos e as qualidades de todos?
• A comunidade cristã é uma comunidade de partilha. No centro dessa comunidade está o Cristo do amor, da partilha, do serviço, do dom da vida… O cristão não pode, portanto, viver fechado no seu egoísmo, indiferente à sorte dos outros irmãos. Em concreto, o nosso texto fala na partilha dos bens… Uma comunidade onde alguns esbanjam os bens e onde outros não têm o suficiente para viver dignamente, será uma comunidade que testemunha, diante dos homens, esse mundo novo de amor que Jesus veio propor? Será cristão aquele que, embora indo à igreja, só pensa em acumular bens materiais, recusando-se a escutar os dramas e sofrimentos dos irmãos mais pobres? Será cristão aquele que, embora contribuindo com dinheiro para as necessidades da paróquia, explora os seus operários ou comete injustiças?
• A comunidade cristã é uma comunidade que testemunha o Senhor ressuscitado. Como? Através do discurso apologético dos discípulos? Através de palavras elegantes e de discursos bem elaborados, capazes de seduzir e de manipular as massas? O testemunho mais impressionante e mais convincente será sempre o testemunho de vida dos discípulos… Se conseguirmos criar verdadeiras comunidades fraternas, que vivam no amor e na partilha, que sejam sinais no mundo dessa vida nova que Jesus veio propor, estaremos a anunciar que Jesus está vivo, que está a atuar em nós e que, através de nós, Ele continua a apresentar ao mundo uma proposta de vida verdadeira.
2ª leitura – 1Jo 5,1-6 – AMBIENTE
Não é fácil a identificação do autor da Primeira Carta de João. Ele apresenta-se a si próprio como “o Ancião” (cf. 2 Jo 1; 3 Jo 1) e como testemunha da “Vida” manifestada em Jesus (cf. 1 Jo 1,1-3; 4,14); mas não refere o seu nome. A opinião tradicional atribui a Primeira Carta de João (como também a segunda e a terceira Cartas de João) ao apóstolo João; no entanto, essa atribuição é problemática. Em qualquer caso, o autor da carta é alguém que se move no mundo joânico e que conhece bem a teologia joânica. Pode ser esse “João, o Presbítero” conhecido da tradição primitiva e que, aparentemente, era uma personagem distinta do “João, o apóstolo” de Jesus.
Também não há, na Carta, qualquer referência a um destinatário, a pessoas ou a comunidades concretas. A missiva parece dirigir-se a um grupo de igrejas ameaçadas pelo mesmo problema (heresias). Trata-se, provavelmente, de igrejas da Ásia Menor (à volta de Éfeso), como diz a antiga tradição.
O autor não se refere, de forma direta, às circunstâncias que motivaram a composição da carta. Do tom polêmico que atravessa várias passagens, pode concluir-se que as comunidades às quais a carta se dirige vivem uma crise grave. A difusão de doutrinas incompatíveis com a revelação cristã ameaça comprometer a pureza da fé.
Quem são os autores dessas doutrinas heréticas? O autor da Carta chama-lhes “anti-cristos” (1Jo 2,18.22; 4,3), “profetas da mentira” (1Jo 4,1), “mentirosos” (1Jo 2,22). Diz que eles “são do mundo” (1Jo 4,5) e deixam-se levar pelo espírito do erro (1Jo 4,6). Até há pouco tempo pertenciam à comunidade cristã (1Jo 2,19); mas agora saíram e procuram desencaminhar os crentes que permaneceram fiéis (cf. 1Jo 2,26; 3,7).
Em que consistia este “erro”? Os heréticos em causa pretendiam “conhecer Deus” (1Jo 2,4), “ver Deus” (1 Jo 3,6), viver em comunhão com Deus (1Jo 2,3) e, não obstante, apresentavam uma doutrina e uma conduta em flagrante contradição com a revelação cristã. Recusavam-se a ver em Jesus o Messias (cf. 1Jo 2,22) e o Filho de Deus (cf. 1Jo 4,15), recusavam a encarnação (cf. 1Jo 4,2). Para estes hereges, o Cristo celeste tinha-Se apropriado do homem Jesus de Nazaré na altura do batismo (cf. Jo 1,32-33), tinha-o utilizado para levar a cabo a revelação e tinha-o abandonado antes da paixão, porque o Cristo celeste não podia padecer. O comportamento moral destes hereges não era menos repreensível: pretendiam não ter pecados (cf. 1Jo 1,8.10) e não guardavam os mandamentos (cf. 1Jo 2,4), em particular o mandamento do amor fraterno (cf. 1Jo 2,9). Tudo indica que estejamos diante de um desses movimentos pré-gnósticos que irá desembocar, mais tarde, nos grandes movimentos gnósticos do séc. II.
O objetivo do autor da Carta é, portanto, advertir os cristãos contra as pretensões destes pregadores heréticos e explicar-lhes os critérios da vida cristã autêntica. Na confusão causada pelas doutrinas heréticas, o autor da Carta quer oferecer aos crentes uma certeza: são eles e não esses profetas da mentira que vivem em comunhão com Deus e que possuem a vida divina.
MENSAGEM
Quais são, então, os critérios da vida cristã autêntica, que distinguem os verdadeiros crentes dos profetas da mentira?
Antes de mais, os verdadeiros crentes são aqueles que amam a Deus e que amam, também, Jesus Cristo, o Filho que nasceu de Deus (v. 1). Jesus de Nazaré é, ao contrário do que diziam os hereges, Filho de Deus desde a encarnação e durante toda a sua existência terrena. A sua paixão e morte também fazem parte do projeto salvador de Deus (Jesus veio apresentar aos homens um projeto de salvação, “não só pela água, mas com a água e o sangue” – v. 6).
No entanto, amar a Deus significa cumprir os seus mandamentos. Quando amamos alguém, procuramos realizar obras que agradem àquele a quem amamos… Não se pode dizer que se ama a Deus se não se cumprem os seus mandamentos… E o mandamento de Deus é que amemos os nossos irmãos. Todo aquele que se considera filho de Deus e que pertence à família de Deus deve amar os irmãos que são membros da mesma família. Quem não ama os irmãos, não pode pretender amar a Deus e fazer parte da família de Deus (vs. 2-3).
Quando o crente ama a Deus, acredita que Jesus é o Filho de Deus e vive de acordo com os mandamentos de Deus (sobretudo com o mandamento do amor aos irmãos), vence o mundo. Amar Deus, amar Jesus e amar os irmãos significa construir a própria vida numa dinâmica de amor; e significa, portanto, derrotar o egoísmo, o ódio, a injustiça que caracterizam a dinâmica do mundo (vs. 4-5).
Esta vida nova que permite aos crentes vencer o mundo é oferecida aos homens através de Jesus Cristo. A vida nova que Jesus veio oferecer chega aos homens pela “água” (batismo – isto é, pela adesão a Cristo e à sua proposta) e pelo “sangue” (alusão à vida de Jesus, feita dom na cruz por amor). O Espírito Santo atesta a validade e a verdade dessa proposta trazida por Jesus Cristo, por mandato de Deus Pai (v. 6).
Quando o homem responde positivamente ao desafio que Deus lhe faz (batismo), oferece a sua vida como um dom de amor para os irmãos (a exemplo de Cristo) e cumpre os mandamentos de Deus, vence o mundo, torna-se filho de Deus e membro da família de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• Na perspectiva do autor da primeira Carta de João, o projeto de salvação que Deus apresentou ao homem passa por Jesus – o Jesus que encarnou na nossa história, que nos revelou os caminhos do Pai, que com a sua morte mostrou aos homens o amor do Pai e que nos ensinou a amar até ao extremo do dom total da vida. Também na paixão e morte de Jesus se nos revela o caminho para nos tornarmos “filhos de Deus”: o processo passa por seguir o caminho de Jesus e por fazer da nossa vida um dom total de amor a Deus e aos nossos irmãos. Que é que Jesus significa para nós? Ele foi apenas um “homem bom” que a morte derrubou? Ou Ele é o Filho de Deus que veio ao nosso encontro para nos propor o caminho do amor total, a fim de chegarmos à vida definitiva? O caminho do amor, do dom, do serviço, da entrega que Cristo nos propôs é uma proposta que assumimos e procuramos viver?
• Amar a Deus e aderir a Jesus implica, na perspectiva do autor da Primeira Carta de João, o amor aos irmãos. Quem não ama os irmãos, não cumpre os mandamentos de Deus e não segue Jesus. É preciso que a nossa existência – a exemplo de Jesus – seja cumprida no amor a todos os que caminham pela vida ao nosso lado, especialmente aos mais pobres, aos mais humildes, aos marginalizados, aos abandonados, aos sem voz. O amor total e sem fronteiras, o amor que nos leva a oferecer integralmente a nossa vida aos irmãos, o amor que se revela nos gestos simples de serviço, de perdão, de solidariedade, de doação, está no nosso programa de vida?
• O autor da Primeira Carta de João ensina, ainda, que o amor a Deus e a adesão a Cristo “vencem o mundo”. Os cristãos não se conformam com a lógica de egoísmo, de ódio, de injustiça, de violência que governa o mundo; a esta lógica, eles contrapõem a lógica do amor, a lógica de Jesus. O amor é um dinamismo que vence tudo aquilo que oprime o homem e que o impede de chegar à vida verdadeira e definitiva, à felicidade total. Ainda que o amor pareça, por vezes, significar fragilidade, debilidade, fracasso, frente à violência dos poderosos e dos senhores do mundo, a verdade é que o amor terá sempre a última e definitiva palavra. Só ele assegura a vida verdadeira e eterna, só ele é caminho para o mundo novo e melhor com que os homens sonham.
Evangelho – Jo 20,19-31 - AMBIENTE
Continuamos na segunda parte do Quarto Evangelho, onde nos é apresentada a comunidade da Nova Aliança. A indicação de que estamos no “primeiro dia da semana” faz, outra vez, referência ao tempo novo, a esse tempo que se segue à morte/ressurreição de Jesus, ao tempo da nova criação.
A comunidade criada a partir da ação criadora e vivificadora de Jesus está reunida no cenáculo, em Jerusalém. Está desamparada e insegura, cercada por um ambiente hostil. O medo vem do fato de não terem, ainda, feito a experiência de Cristo ressuscitado.
João apresenta, aqui, uma catequese sobre a presença de Jesus, vivo e ressuscitado, no meio dos discípulos em caminhada pela história. Não lhe interessa tanto fazer uma descrição jornalística das aparições de Jesus ressuscitado aos discípulos; interessa-lhe, sobretudo, afirmar aos cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e presente, acompanhando a sua Igreja. De resto, cada crente pode fazer a experiência do encontro com o “Senhor” ressuscitado, sempre que celebra a fé com a sua comunidade.
MENSAGEM
O texto que nos é proposto divide-se em duas partes bem distintas. Na primeira parte (vs. 19-23), descreve-se uma “aparição” de Jesus aos discípulos. Depois de sugerir a situação de insegurança e de fragilidade em que a comunidade estava (o “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo”), o autor deste texto apresenta Jesus “no centro” da comunidade (v. 19b). Ao aparecer “no meio deles”, Jesus assume-Se como ponto de referência, fator de unidade, videira à volta da qual se enxertam os ramos. A comunidade está reunida à volta dele, pois Ele é o centro onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o “medo” e a hostilidade do mundo.
A esta comunidade fechada, com medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil, Jesus transmite duplamente a paz (vs. 19 e 21: é o “shalom” hebraico, no sentido de harmonia, serenidade, tranqüilidade, confiança, vida plena). Assegura-se, assim, aos discípulos que Jesus venceu aquilo que os assustava (a morte, a opressão, a hostilidade do mundo); e que, doravante, os discípulos não têm qualquer razão para ter medo.
Depois (v. 20a), Jesus revela a sua “identidade”: nas mãos e no lado trespassado, estão os sinais do seu amor e da sua entrega. É nesses sinais de amor e de doação que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio. A permanência desses “sinais” indica a permanência do amor de Jesus: Ele será sempre o Messias que ama e do qual brotarão a água e o sangue que constituem e alimentam a comunidade.
Em seguida (v. 22), Jesus “soprou” sobre os discípulos reunidos à sua volta. O verbo aqui utilizado é o mesmo do texto grego de Gn. 2,7 (quando se diz que Deus soprou sobre o homem de argila, infundindo-lhe a vida de Deus). Com o “sopro” de Gn. 2,7, o homem tornou-se um ser vivente; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos. Agora, os discípulos possuem o Espírito, a vida de Deus, para poderem – como Jesus – dar-se generosamente aos outros. É este Espírito que constitui e anima a comunidade de Jesus.
Na segunda parte (vs. 24-29), apresenta-se uma catequese sobre a fé. Como é que se chega à fé em Cristo ressuscitado?
João responde: podemos fazer a experiência da fé em Cristo vivo e ressuscitado na comunidade dos crentes, que é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de Jesus. Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam. Em lugar de integrar-se e participar da mesma experiência, pretende obter (apenas para si próprio) uma demonstração particular de Deus.
Tomé acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da comunidade. Porquê? Porque no “dia do Senhor” volta a estar com a sua comunidade. É uma alusão clara ao domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado.
A experiência de Tomé não é exclusiva das primeiras testemunhas; mas todos os cristãos de todos os tempos podem fazer esta mesma experiência.
ATUALIZAÇÃO
• Antes de mais, a catequese que João nos apresenta garante-nos a presença de Cristo no meio da sua comunidade em marcha pela história. Os discípulos de Jesus vivem no mundo, numa situação de fragilidade e de debilidade; experimentam, como os outros homens e mulheres, o sofrimento, o desalento, a frustração, o desânimo; têm medo quando o mundo escolhe caminhos de guerra e de violência; sofrem quando são atingidos pela injustiça, pela opressão, pelo ódio do mundo; conhecem a perseguição, a incompreensão e a morte… Mas são sempre animados pela esperança, pois sabem que Jesus está presente, oferecendo-lhes a sua paz e apontando-lhes o horizonte da vida definitiva. O cristão é sempre animado pela esperança que brota da presença a seu lado de Cristo ressuscitado. Não devemos, nunca, esquecer esta realidade.
• A presença de Cristo ao lado dos seus discípulos é sempre uma presença renovadora e transformadora. É esse Espírito que Jesus oferece continuamente aos seus, que faz deles homens e mulheres novos, capazes de amar até ao fim, ao jeito de Jesus; é esse Espírito que Jesus oferece aos seus, que faz deles testemunhas do amor de Deus e que lhes dá a coragem e a generosidade para continuarem no mundo a obra de Jesus.
• A comunidade cristã gira em torno de Jesus é construída à volta de Jesus e é de Jesus que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis, incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito, e não seremos uma comunidade de irmãos… Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro? É para Ele que tudo tende e é d’Ele que tudo parte?
• A comunidade tem de ser o lugar onde fazemos, verdadeiramente, a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade (no “lado trespassado” e nas chagas de Jesus, expressões do seu amor), que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo. É isso que a nossa comunidade testemunha? Quem procura Cristo ressuscitado, encontra-O em nós? O amor de Jesus – amor total, universal e sem medida – transparece nos nossos gestos?
• Não é em experiências pessoais, íntimas, fechadas, egoístas, que encontramos Jesus ressuscitado; mas encontramo-l’O no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida. O que é que significa, para mim, a Eucaristia?
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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1. O tempo pascal, no qual entramos no Domingo passado, é o tempo litúrgico privilegiado para entendermos a nossa tarefa de cristãos. De fato, somos nós os “bem-aventurados” do Evangelho de hoje, porque somos convidados a crer sem termos visto o Senhor Jesus em carne e osso, ou seja assim como Ele se manifestou na historia.
 Apesar disso, porem, para que a nossa fé possa ser fundamentada, devemos ver Jesus com os olhos do Espírito, aprimorando os nossos sentidos espirituais. Somente encontrando e reconhecendo o Jesus Ressuscitado na nossa vida, poderemos acreditar nele e, assim, segui-lo. Mas, aqui vem o problema: como é que o Cristo Ressuscitado se manifesta na nossa historia corriqueira? Quais são os sinais da sua presença misteriosa no meio de nós?
2. O primeiro sinal  da presença de  Cristo ressuscitado no meio de nós é a paz.  Por três vezes, no Evangelho que acabamos de ouvir, Jesus aparecendo aos discípulos, fala de paz: “Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: a paz esteja com vocês” (Jo 20,19).
Quem encontra Cristo ressuscitado, vive em paz. Jesus ressuscitado é a vida eterna que derruba a morte. E é a morte o grande problema do homem, que o deixa  angustiado, aflito, na continua busca  de algo que possa preencher a sua vida, que possa tirar o cheiro fedorento da morte. Jesus é o bálsamo de vida,  a luz que espanta as trevas, a vida que, de uma forma definitiva, derrubou a morte. É claro que um encontro com o Jesus ressuscitado não pode que produzir paz. Não, porem, aquela paz psicológica, que se identifica com a tranqüilidade. A paz que o Jesus ressuscitado transmite pelas pessoas que o encontram, é plenitude de vida, sensação de ter encontrado o tesouro escondido no campo, a pérola preciosa, algo que preenche de uma forma  indefinível a vida. Esta vida autentica, plena que recebemos no encontro com o ressuscitado, produz aquela paz que, a invés de nos tranqüilizar, nos impulsiona a criar aquelas condições para que esta paz, como plenitude de vida, se espalhe em todo canto.
 Esta mesma idéia de paz a encontramos no Evangelho de Mateus, no contexto das Bem-aventuranças quando Jesus, falando ao povo, disse: “Felizes os que promovem a paz” (Mt. 5,9). A vida autentica que recebemos em Jesus ressuscitado, não é um tranqüilizante, um anestético: pelo contrario é força que nos leva a buscar caminhos de paz num mundo de violências, guerras e divisões. Então, quando na nossa vida encontramos pessoas que estão se esforçando para construírem pontes de paz, tentando de sarar as divisões, apaziguando as partes em luta, criando laços de amizades entre as pessoas, é sem duvida o espírito de Cristo ressuscitado que está soprando, para criar algo que o principie deste mundo não quer de jeito nenhum, ou seja a paz.
3. O segundo sinal que o Cristo ressuscitado deixou na historia para ser reconhecido é o marco das suas feridas. “Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram contentes por ver o Senhor” (Jo 20,20).
O Jesus ressuscitado é o mesmo que travou uma luta espantosa com o mundo do pecado. As mãos e o lado que Jesus logo mostrou aos discípulos no momento da aparição, querem salientar esta realidade, que é ao mesmo tempo histórica e espiritual. Histórica, porque aconteceu isso mesmo: o Filho de Deus foi crucificado. Espiritual, porque ninguém pode sonhar de herdar a vida eterna, sem passar através daquela mesma luta que Jesus enfrentou. Quem domina o mundo é o pecado e, o príncipe deste mundo, quer levar toda a humanidade na morte do pecado. É por isso que Jesus mostrou na sua vida terrena, que é impossível viver buscando o amor e a justiça nesta terra, sem ser perseguidos, massacrados, humilhados.
 Tudo isso quer dizer o que para nós? Que o mundo, para ser salvo, precisa ver os marcos de Jesus crucificado na sua Igreja. De fato, a Igreja é o corpo místico de Cristo e é nela que devem ser bem visíveis os marcos da luta que o mundo da injustiça e do ódio trava com o amor e a justiça encarnados na vida de Cristo. Todas as vezes que nós cristãos buscamos uma vida tranqüila, relaxada, estamos impedindo ao mondo de ver os marcos de Jesus ressuscitado e, então, de conhece-lo.
“Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). A que serve o Espírito Santo se não para fortalecer os cristãos na luta que estão travando com o mundo? O Espírito Santo é o testemunho intimo, que nos encoraja na busca da realização do Reino de Deus, que é o reino da Justiça, da paz e do amor. Por isso os sacramentos são necessários na caminhada de fé, pois é através deles que o Espírito Santo entra em nós.
4. O terceiro marco do Cristo ressuscitado que encontramos nas leituras de hoje, é a comunidade. Neste mundo de egoísmo, aonde os relacionamentos humanos são dominados pelo orgulho e pela vontade de poder e submissão, encontrar homens e mulheres que vivem em comunhão, partilhando os próprios bens, vivendo com “um só coração e uma só alma” (At. 4,32), é sem duvida um sinal e uma experiência de vida que não tem origem terrena. O Espírito Santo, que Jesus ressuscitado soprou sobre os discípulos e que nós recebemos no Batismo, deve produzir um estilo de vida diferente, contrario a lógica do mundo. A verdade da nossa vida sacramental, deve manifestar-se na qualidade dos nossos relacionamentos humanos e do nosso estilo de vida.
Este tempo pascal que estamos vivendo, torna-se, então, uma possibilidade importante para nós avaliarmos a autenticidade da nossa caminhada espiritual. A ressurreição de Jesus Cristo é o coroamento da sua encarnação. Isso quer dizer que a ressurreição é o prêmio não de qualquer vida, mas da vida mesma de Jesus, do seu estilo, do seu jeito de amar, da sua maneira de buscar o caminho da paz e da justiça. É este caminho que Deus valorizou com a ressurreição de seu Filho Jesus. E não se trata apenas de um caminho espiritual, mas de uma espiritualidade encarnada na historia cotidiana.
 Quem acredita na ressurreição de Cristo e vive do seu Espírito, não pode viver de qualquer jeito, mas do jeito que o mesmo Jesus apontou.
5.Que o tempo pascal que estamos vivendo possa produzir em nós os marcos do Cristo ressuscitado, pela salvação do mundo.
padre Paolo Cugini
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Jesus ressuscitado está vivo na comunidade
Depois de nos prepararmos durante 40 dias para celebrar o evento maior de nossa fé, agora é hora de nos regozijarmos durante 50 dias com a maior notícia de todos os tempos: Jesus ressuscitou, está vivo na comunidade. A experiência de fé no Ressuscitado que fizemos na Festa da Páscoa nos fortalece na caminhada. O Cristo ressuscitado é o caminho que conduz à vida plena tão desejada por nós. Liturgicamente estamos no “Tempo Pascal” que vai do Domingo de Páscoa até o Domingo de Pentecostes. A Festa da Páscoa é tão importante que a celebramos por 50 dias. Agora, com Jesus ressuscitado caminhando ao nosso lado nos enchemos de esperança na certeza de que nossa vida também caminha para a Páscoa definitiva em Cristo. Olhando a triste realidade do mundo moderno muitos já não conseguem acreditar na vitória da vida sobre a morte; há tanto sofrimento e injustiça, corrupção e violência, serviços públicos sucateados e pessoas excluídas. Somente uma experiência profunda de Jesus vivo e presente na comunidade, poderá nos sustentar na luta por uma sociedade mais justa e fraterna.
O Evangelho de hoje (João 20,19-31) relata duas aparições de Jesus Ressuscitado. Na primeira promove a comunhão da comunidade consigo e entre os irmãos, fazendo-a participar de sua vida e de sua obra. “A paz esteja convosco!” Os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Tomé não estava presente. Pela segunda vez Jesus diz: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. A paz – o primeiro dom pascal deve estar presente na família e na comunidade. Na força do Espírito Santo os discípulos serão portadores da “Boa Notícia”. Na segunda aparição as atenções se voltam a Tomé que representa aquelas pessoas que não fizeram a experiência da Ressurreição, da Páscoa Cristã. Se foi importante ter convivido com Jesus antes de sua morte de cruz, igualmente é importante viver a vida nova que nasce da Ressurreição. Tomé quer ver o sinal dos pregos... Então, Jesus disse: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto!” Ao refletir sobre as leituras bíblicas da “Oitava da Páscoa” encontramos a passagem Jesus caminhando com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Concluímos que a missão não pode parar. Já não é hora de ficarmos trancados nos porões e nas sacristias. Se no passado Jesus convocou os discípulos, hoje convoca a cada um de nós a dar continuidade a missão. Pense nisto e tenha uma semana abençoada.
Pedro Scherer
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Todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo.

Oito dias depois, Jesus entrou.
Depois da morte de Jesus, a comunidade se sente com medo, insegura e indefesa diante das represálias que surgiam contra ela pela instituição judaica. Ela se encontra em uma situação de temor paralela à do antigo Israel no Egito, quando os israelitas eram perseguidos pelas tropas do faraó (Ex. 14,10); e como aquele povo, os discípulos estão também na noite (já anoitecendo) quando o Senhor vai tirá-los da opressão (Ex. 12,42; Dt. 16,1). A mensagem de Maria Madalena, contudo, não os libertou do temor. Não basta ter noticia do sepulcro vazio; somente a presença de Jesus pode dar-lhes segurança em meio a um mundo hostil.
Porém, tudo muda desde o momento em que Jesus, que é o centro da comunidade, aparece em seu meio, como ponto de referencia, fonte de vida e fator de unidade.
Sua saudação lhes devolve a paz que haviam perdido. Suas mãos e suas costas, provas de sua paixão e morte, são agora os sinais de seu amor e de sua vitoria: o que está vivo diante deles é o mesmo que morreu na cruz. Se tinham medo da morte que os judeus poderiam impor-lhes, agora vêem que ninguém pode tirar deles a vida que o ressuscitado comunica.
O efeito do encontro com Jesus é a alegria, como ele mesmo havia anunciado (16,20: vossa tristeza se converterá em alegria). Já começou a festa da páscoa, a nova criação, o novo ser humano capaz de dar a vida para dar a vida.
Com sua presença, Jesus lhes comunica seu espírito que lhes dá força para o enfrentamento com o mundo e libertar a homens e mulheres do pecado, da injustiça, do desamor e da morte. Para isso, os envia ao mundo, a um mundo que os odeia como odiou a Jesus (15,18). A missão da comunidade não será outra senão a de perdoar os pecados para dar vida, o que é igual, colocar fim a tudo que oprime, reprime ou suprime a vida, que é o efeito que produz o pecado na sociedade.
Porém nem todos crêem. Um deles, Tomé, o mesmo que se mostrou pronto a acompanhar a Jesus em sua morte (Jo 11,16), que agora resiste a crer no testemunho dos discípulos e não lhe basta ver a comunidade transformada pelo Espírito. Não admite que o que eles viram seja o mesmo que ele havia conhecido; não acredita na permanência da vida. Exige uma prova individual e extraordinária. As frases redundantes de Tomé, com sua repetição de palavras (suas mãos, colocar o dedo, colocar minha mão), sublinham estilisticamente sua cabeça dura. Não busca a Jesus fonte de vida, mas uma relíquia do passado.
Tomé vai precisar de algumas palavras de Jesus para crer: “Coloca aqui teu dedo, olha minhas mãos; coloca tua mão e não seja incrédulo, mas fiel”. Tomé, que não chega a tocar em Jesus, pronuncia a mais sublime confissão evangélica de fé chamando Jesus de “Meu Senhor e meu Deus!”. Com esta dupla expressão alude ao mestre a quem chamavam de Senhor, sempre disposto a lavar os pés de seus discípulos e ao projeto de Deus, realizado agora em Jesus, de fazer chegar ao ser humano ao cume da divindade realizado agora em Jesus (Meu Deus...)
Porém, por sua atitude incrédula recebe de Jesus uma reprovação, junto com ela uma última bem-aventurança para todos os que já não poderão nem vê-lo nem tocá-lo e terão, por isso, que descobri-lo na comunidade e notar nela sua presença sempre viva. De agora em diante a realidade de Jesus vivo não é percebida com elucubrações nem buscando experiências individuais e isoladas, mas que se manifesta na vida e conduta de uma comunidade que é expressão de amor, de vida e de alegria.
Uma comunidade, cuja utopia de vida refletida no livro dos Atos (4,32-35): comunidade de pensamentos e sentimentos comuns, de colocação em comum dos bens e de partilha igualitária dos mesmos como expressão de fé em Jesus ressuscitado, uma comunidade de amor como defende a primeira carta de João (1Jo 5,1-5).
Neste segundo domingo da Páscoa da Ressurreição, a liturgia nos fala do encontro de Jesus com os seus apóstolos. Lá estavam eles, no cenáculo, com as portas trancadas, assustados, num clima de medo e insegurança.
O texto de hoje, de uma maneira forte, nos fala sobre a fé na ressurreição de Jesus. Quantas vezes, nós duvidamos. Entretanto, a dúvida pode ser proveitosa e salutar. A dúvida é importante quando ela nos obriga a sair a procura da verdade. Foi o que aconteceu com o apóstolo Tomé.
Muitas vezes a nossa vida é marcada pela dúvida, pelo sofrimento e pela incerteza. Assim também estavam os apóstolos, logo após a morte de Jesus. Eles se sentiam desprotegidos e ameaçados pelos chefes dos judeus. Por isso, ficaram trancados no cenáculo e cheios de medo.
Certamente, diante de qualquer ruído, seus corações disparavam. O batimento cardíaco aumentava, assim como, o desejo de sumir dali. Essas são as reações naturais ao sentir-se medo. A falta de fé traz insegurança.
Finalmente Jesus aparece trazendo-lhes paz, conforto e alegria. É sempre assim, quando Jesus chega em nossa vida, tudo se transforma. O medo e a tristeza dão lugar à segurança, e à alegria. Por duas vezes Jesus saúda os discípulos, dizendo: "A paz esteja com vocês!" Paz, dom precioso e tão necessário na sociedade e no mundo, tão ameaçados pela violência, pela injustiça social e pela incerteza.
Jesus é a Paz! Ele nos dá sua paz, mas junto com ela, nos dá também a missão de comunicar a esperança da ressurreição. Como seguidores de Jesus precisamos testemunhar sua ressurreição, sua proposta de vida e seu Projeto de Salvação. É preciso emoção nessa atividade, o coração tem que acelerar. O batimento cardíaco tem que aumentar ao testemunharmos o amor.
Mas o testemunho do cristão só é válido, só convence, quando é feito com fé e alegria. Fé é muito mais que gritar verdades abstratas e teóricas. Fé é testemunho de vida. A alegria tem que ser contagiante. Não pode ignorar os sofrimentos. Deve estar carregada de sinais concretos de vivência cristã. Viver o evangelho é viver a alegria da fé.
O apóstolo Tomé não acreditou no testemunho da sua comunidade. Quis ver para crer. Por sua vez, a comunidade não desistiu, continuou persistente e afirmando essa verdade. Repetia sempre, em altos brados, que o Mestre estava vivo. E, foi dentro dessa comunidade que Jesus se revelou a Tomé. A comunidade tem que testemunhar a Boa Nova. O mundo precisa conhecer a verdade; precisa saber que Jesus é a Verdade!
A comunidade tem que ser acolhedora e missionária, pois é nela que crescemos e aprofundamos a nossa fé. Ela deve ser um exemplo que leve a viver o evangelho. "Felizes os que acreditarem sem terem visto". Também as gerações futuras vão acreditar em Jesus através do testemunho da comunidade.
Jesus quer ser presença viva na comunidade. Vamos viver a paz e a certeza da ressurreição. Jesus é a verdadeira Paz. Jamais sente insegurança e medo, quem crê e segue seus passos.
Jorge Lorente
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A Comunidade
A liturgia de hoje apresenta a Comunidade Nova, que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a IGREJA, e nos convida a viver a fé em Cristo ressuscitado em nossas Comunidades.
A 1a Leitura mostra que a PÁSCOA acontece na vida da Comunidade. (At. 4, 32-35)
Lucas descreve a comunidade cristã de Jerusalém, como comunidade ideal, modelo à Igreja e às igrejas de todas as épocas:
- É uma Comunidade formada por pessoas diversas, mas que vivem a mesma fé "num só coração e numa só alma".
Da adesão a Jesus resulta, obrigatoriamente, a comunhão e a união de todos os "irmãos" da comunidade.
- É uma Comunidade que partilha os bens.
Da comunhão com Cristo e dos cristãos entre si, resultam implicações práticas:
a renúncia a qualquer tipo de egoísmo, de auto-suficiência e uma abertura de coração para a partilha, para o dom, para o amor.
"Tudo entre eles era posto em comum, entre eles ninguém passava necessidade".
- Uma comunidade que testemunha o Senhor Ressuscitado.
Viver de acordo com os valores de Jesus é a melhor forma de anunciar e de testemunhar que Jesus está vivo.
Resultado: - "O fiéis eram estimados por todos… e crescia cada dia"
Será que daria para dizer o mesmo de nossas comunidades?
A 2ª Leitura afirma que a PÁSCOA acontece quando amamos a Deus
e pomos em prática os seus mandamentos. (1Jo. 5, 1-6)
O Evangelho mostra que a PÁSCOA acontece, quando todos enfrentam os seus medos, partilhando na Comunidade a fé e as experiências da vida. (Jo. 20,19-31)
São DOIS ENCONTROS da nova Comunidade com o Cristo Ressuscitado.
É uma catequese sobre a presença de Jesus, que continua vivo e ressuscitado, acompanhando a sua Igreja:
Os Apóstolos estão reunidos, mas "trancados" e dominados pela incredulidade, pela tristeza e pelo medo.
TOMÉ incrédulo na promessa de Cristo e na palavra dos colegas é protótipo dos que não valorizam o testemunho comunitário e exemplo dos que querem ser cristão sem Igreja.
* Hoje muitos vivem de "portas trancadas". Dominados pelo medo e pela insegurança, aguardam por melhores dias de justiça e de paz.
O Ressuscitado derruba as trancas e restaura a PAZ e a alegria:
"A PAZ esteja com vocês" (3x).
HOJE, ele nos torna também protagonistas da Paz, que é conquistada e construída pelo empenho de todos.
No 1º Dia da Semana (ou de um novo tempo), após a Morte e Ressurreição.
Com esse primeiro dia, começa o "Dia do Senhor", o DOMINGO…
* O que significa para você o Domingo? É de fato o "Dia do Senhor"?
Jesus está no "Centro" da Comunidade, onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o "medo" e a hostilidade do mundo. É a videira ao redor da qual se enxertam os ramos...
Confia a Missão: "Como o Pai me enviou, assim eu vos envio…
"Continua acreditando neles… conta com eles… apesar de tudo...
Na MISSÃO, Ele conta também conosco, apesar de tudo...
Inicia uma nova Criação:
"Jesus soprou sobre eles", como Deus na criação do homem (Gen. 2,7) e acrescentou: "Recebei o Espírito Santo".
Com o dom do Espírito Santo, o Senhor ressuscitado inicia um mundo novo e com o envio dos discípulos se inaugura um novo Israel, que crê em Cristo e testemunha a verdade da Ressurreição.
Institui a Penitência: "Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos".
* Uma vez perdoados... são enviados a perdoar em nome de Deus.
É um Sacramento tipicamente Pascal: nascido num clima de alegria e de vitória. 
Como se chega à fé em Cristo Ressuscitado?
A Comunidade é o lugar natural onde se manifesta e irradia o amor de Jesus.
Longe da comunidade, Tomé não acreditou na palavra de Jesus, nem dos colegas.
Sua fé se reacendeu, quando no "Dia do Senhor" voltou à Comunidade e fez um belo ato de fé: "Meu Deus e meu Senhor".
E Cristo acrescentou: "Felizes os que acreditam sem ter visto…"
Tomé representa aqueles que vivem afastados da Comunidade, sem perceber os sinais de vida que nela se manifestam.
Esse episódio é uma alusão clara ao Domingo...
Lembra as celebrações dominicais da comunidade primitiva e a nossa experiência pascal que se renova cada domingo...
A Comunidade renovada na Páscoa do Senhor torna-se "um só coração e uma só alma".
Nas mesas da fraternidade, da Palavra e da Eucaristia, nos tornamos com Ele um só corpo e uma só alma.
O que significa para você a Eucaristia Dominical?
A DIVINA MISERICÓRDIA, que hoje celebramos é garantia e força para o desempenho de nossa missão.
padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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Eis-nos no segundo domingo da Páscoa, o qual encerra a oitava pascal, a semana maior em que celebramos o grande acontecimento da ressurreição de Jesus. Se no Domingo passado escutávamos a corrida matinal de Maria Madalena, de Pedro e do discípulo amado ao sepulcro aberto, neste Domingo, Jesus ressuscitado vai, serenamente, na tarde do mesmo dia, ao encontro dos seus discípulos reunidos à porta fechada e cheios de medo.
Jesus, coloca-Se no meio deles, diz-lhes: “A paz esteja convosco.” Depois de ser traído, abandonado, preso, condenado, ultrajado, martirizado, crucificado e morto, Jesus ressuscitado vem ao encontro dos homens e dá-Se a conhecer como Paz. Depois duma vida de total doação, as palavras de Jesus não poderiam ser outras. Se no Domingo passado o texto evangélico repetia por 7 vezes a palavra sepulcro, neste Domingo a expressão “a paz esteja convosco” repete-se 3 vezes.
O conceito de paz surgiu originalmente da necessidade de entendimento entre os cidadãos da cidade de modo a evitar os males dos conflitos civis e, ao mesmo tempo, defender a unidade da cidade das ameaças externas. Os gregos desenvolveram de tal modo esse desejo de paz que este se tornou no culto à própria deusa “Paz”. Os romanos, seguindo a tradição grega, desenvolveram o ideal de Unidade de todo o mundo greco-romano através da pax romana, na qual o Imperador era apresentado como o garante mais perfeito da paz.
A tradição judia apresenta a paz no encontro interior de verdade de cada um e de todo o povo com a Lei de Deus expresso na justiça e virtude. A paz entre todos os filhos de Deus é a realização da vontade do próprio Deus. Os judeus avistam o fim dos tempos quando se afirmará a unidade entre toda a humanidade feita de paz, consumada quando a Lei de Moisés for assumida por todos os povos.
Neste contexto podemos entender as palavras de Jesus: “A paz esteja convosco.” Jesus, no meio da comunidade, é a Paz! Jesus quer ser reconhecido na comunidade como Paz. Não uma paz como a dá o mundo. (cf. Jo 14,27) Jesus Cristo identifica a Paz nas suas chagas e lado trespassado, as marcas da sua entrega pela humanidade. Jesus vence a lógica do mundo com a Paz (cf. Jo 16,33), a qual não é apenas um ideal, um conceito, um projeto, um desejo, uma lei. É Ele mesmo: Jesus Cristo. A Paz que é o brotar da cruz, a nascente de água viva dada ao mundo. Uma força que sopra – o mesmo verbo da criação do homem no Gênesis (Gn. 2,7) – sobre os discípulos, reunidos em torno de Jesus, e os recria e envia ao mundo.
“Assim como o Pai me enviou, assim eu vos envio.” Jesus, na hora de subir para o Pai, envia os discípulos pelo mundo inteiro oferecendo o perdão como caminho para a paz: “Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos”. Jesus não envia um ou dois discípulos. Envia a comunidade constituída como instrumento de perdão para a consumação da Paz.
Jesus constitui a Sua comunidade como instrumento de perdão! Porém, Tomé, um dos doze, não estava com a comunidade naquele primeiro Domingo. Tomé foi aquele que motivou os discípulos: “Vamos nós também, para morrermos com Ele”, quando Jesus, ainda que perseguido pelos judeus, não temeu aproximar-se deles para ressuscitar Lázaro. (Jo 11,16) Tomé foi aquele que disse na Última Ceia: “Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?” (Jo 14,5)
No dia da ressurreição, Tomé, ao ouvir o testemunho de fé do resto da comunidade, disse-lhes: “Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei.” Aquele discípulos vivia fechado em si mesmo! Vive ausente da comunidade! Não acredita na ressurreição senão tocar, senão vir. Tomé procura a exclusividade e os sinais para acreditar.
Passados oito dias, no domingo seguinte, estando de novo os discípulos reunidos de portas fechadas, agora com toda a comunidade presente, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse a Tomé: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; e não sejas incrédulo, mas crente.” Jesus, a caminho no Pai na direção dos homens, aproxima-Se da comunidade, de novo como a Paz, para conduzir à fé. Não sabemos se Tomé tocou, ou não, nas chagas de Jesus, porém, realizou a maior confissão de fé dos Evangelhos: “Meu Senhor e meu Deus!”. A divindade de Jesus, já anunciada no prólogo (1.1-2.14.18), é confirmada por Tomé. A sua confissão é o corolário do Evangelho, a partir da qual o evangelista conclui o seu Evangelho com a sua única e vital bem-aventurança: “felizes os que acreditam sem terem visto.”
“Felizes os que acreditam sem terem visto.” Se no Evangelho de João, Natanael não compreende a proveniência de Jesus, se Pedro não aceita que Jesus tenha que sofrer e morrer, se Maria não entende que Jesus tenha que ir para o Pai, se Tomé não acredita na ressurreição se não vir e tocar (Jo 17,20), felizes são aqueles que acreditam sem ver. A comunidade deixou de ter as suas portas fechadas quando todos acreditaram. A comunidade abriu as suas portas para o mundo, vivendo na unidade (At. 2,42-47), como lugar de partilha e condivisão, e anúncio de Cristo para o mundo (At. 5,12-16).
O autor dos Atos dos Apóstolos apresenta a comunidade como uma multidão de pessoas que abraçam a fé. Não se trata duma multidão qualquer, mas duma multidão unida, com um só coração e uma só alma. A comunidade que opta por Jesus, constituída como perdão, opta, necessariamente, pela unidade com o próximo. Uma unidade que se expressa na com divisão dos bens, livre do egoísmo e da auto-suficiência, e transformada em anúncio poderoso da ressurreição de Jesus. A comunidade torna-se lugar seguro, autêntico e universal da presença de Deus e do Seu perdão. A comunidade sofre, teme, quando se divide, separa e, por isso, vive de portas fechadas para o mundo. A unidade na fé é o único modo de se abrirem!
O Apóstolo João recorda-nos o modo como se difundiam, no seio da comunidade, doutrinas estranhas e desconformes à Palavra de Jesus através de alguns falsos profetas (1 Jo 4,1) Estes, ex-membros da comunidade joanina, julgavam-se conhecedores de Deus e em comunhão com Deus (1 Jo 2,3-4), mas não aceitavam Jesus como Messias e Filho de Deus encarnado (cf. 1 Jo 1,32-33; 2,22; 4,2.15). Os mesmos não se consideravam pecadores (cf. 1 Jo 1,8.10), porém não observavam os mandamentos, nem amavam o próximo (cf. 1 Jo 2,4.9).
Irmãos e irmãs: o amor de Deus move-nos a dar o primeiro passo na fé e este completa-se no amor a Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, e no amor ao próximo. Jesus é Filho de Deus antes da criação, durante a sua Encarnação, depois da sua ressurreição e sempre (Jo 1,1-4). A unidade entre Jesus e Seu Pai é consumada, aos nossos olhos, exatamente na cruz. Aquele que ama e é amado por Deus, necessariamente, observa os mandamentos e ama o próximo. Aquele que ama e é amado por Deus não está ausente ou alheio às suas responsabilidades, à sua família, à sua comunidade, ao seu mundo, mas em tudo se empenha.
Isso mesmo expressa João no seu Evangelho, pois, diferentemente dos sinópticos, apresenta as aparições de Jesus na Galiléia e em Jerusalém e, ao mesmo tempo, inicia o episódio evangélico que escutamos no Domingo da ressurreição e completa-o num novo Domingo, quando toda a comunidade unida confessa a sua fé na divindade de Jesus.
O Senhor Jesus não nos quer totalmente agarrados a Ele, que O impeçamos de ir ao encontro do Pai, como Maria Madalena pretendia. O Senhor Jesus não nos quer ausentes da comunidade e dependentes de sinais para abraçarmos a fé, como Tomé. Jesus é claro: parto para o Pai e envio-vos como o Pai me enviou. A Igreja, como casa de perdão, e de portas abertas, é enviada para conduzir o mundo à Morada do Pai.
frei Bernardo
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A dificuldade em acreditar
O Evangelho deste domingo foi escrito especialmente para as comunidades cristãs que já não tinham conhecido nenhum dos doze apóstolos. Inseridos na sociedade paganizada, tinham dificuldade em acreditar na ressurreição de Jesus. Queriam, como muitos de nós o desejaríamos ainda hoje, ver, tocar, verificar se efetivamente o Senhor ressuscitara. Interrogavam-se se haveria provas de que Ele estava realmente vivo e, se assim era, por que razão não tornara a aparecer.
João quis dizer aos cristãos da sua comunidade (e a nós) que o Ressuscitado possui uma vida cuja natureza escapa aos nossos sentidos, que não se pode tocar com as mãos nem se pode observar com os olhos. Só pode ser objeto da fé. Isto é válido mesmo para os apóstolos que tiveram a felicidade de fazer uma experiência única do convívio com o Ressuscitado. Todos os apóstolos tiveram os seus instantes de dúvida, e não só Tomé. O seu caminho da fé foi demorado e difícil, embora Jesus lhes tivesse dado tantos sinais para provar que estava vivo. Tomé é o símbolo destas dificuldades vividas por todos.
Não se pode ter fé naquilo que se vê. Não se podem ter provas científicas da ressurreição. Se alguém quer ver, tocar, reconhecer, deve renunciar à fé. Quem possui a segurança da certeza, tem a prova incontestável dum fato, mas não a fé. Nós pensamos: «eles foram felizes porque viram». Mas Jesus diz que felizes são os que não viram, pois a sua fé é mais autêntica, mais límpida, ou melhor, é a única fé pura.
Perante a proposta do Evangelho, cada um de nós é chamado a transmitir a sua aceitação de fé em Jesus Cristo Ressuscitado, mas também a pode rejeitar, pois não existem outras provas além da própria Palavra.
É na comunidade eclesial que nos é possível repetir a experiência que os apóstolos fizeram no dia de Páscoa.
Não foi por acaso que as duas manifestações de Cristo aos apóstolos ocorreram ao domingo; que a experiência do Ressuscitado acontece com os mesmos; que o Senhor se mostra com as mesmas palavras: «A paz esteja convosco!»; e que em ambos os momentos mostra os vestígios da paixão.
É claramente o que se dá hoje no «dia do Senhor», em que a comunidade cristã é convidada a celebrar a Eucaristia. Pela boca do celebrante, saúda os presentes: «A paz do Senhor esteja convosco», e nós respondemos: «O amor de Cristo nos uniu». É nesse instante que Ele Se revela vivo à comunidade.
Quem está ausente destes encontros, como Tomé, não pode fazer a experiência do Ressuscitado, não pode ouvir a sua saudação e a sua Palavra, não pode receber a sua paz e o seu perdão, experimentar a sua alegria, receber o seu Espírito. Quem, no dia do Senhor, fica em casa, mesmo que seja para rezar sozinho, pode fazer a experiência de Deus, mas não a do Ressuscitado, pois este torna-se oferenda no lugar onde se reúne a comunidade.
Tomé somente conseguiu fazer a sua profissão de fé no Senhor quando estava em comunidade de irmãos. É a possibilidade que nos é dada também a nós «cada oito dias». E é nessa comunidade, e através dela, que poderemos dar testemunho de vida.
Na e com a comunidade seremos capazes de viver a fé demonstrando a ressurreição de Cristo. Se a comunidade estiver cimentada nas duas características aludidas na primeira leitura, isto é, «tendo um só coração e uma só alma» e «pondo tudo em comum» não sendo inspirada pelo egoísmo, mas sim pela lei do amor, da bondade, da oferta de si, então seremos capazes de atestar que o Espírito de Cristo ressuscitado também nos foi comunicado a nós.
Quem armazena só para si e para a própria família, quem quer se engrandecer, mesmo que vá sempre à igreja, não passa a notícia de que Jesus ressuscitou.
O sinal concreto da nossa fé é este verdadeiro testemunho de amor, de ajuda mútua, de fraternidade. O fundamento mais consistente de que todos somos filhos do mesmo Pai, como nos afirma a segunda leitura: são as obras de amor para com todos aqueles que são gerados por Deus, ou seja, todos os irmãos.
A verdadeira fé nunca se pode separar da vida.
dom Antonio Carlos Rossi Keller
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Domingo da divina Misericórdia
O bem-aventurado Papa João Paulo II no ano de 2000 instituiu o domingo depois da Páscoa como o Dia da Misericórdia, atendendo ao pedido de Cristo a Santa Faustina. O intento de Jesus é que a meditação da infinita divina seja um recurso e um refúgio para todas as almas, sobretudo, para os pecadores. Para todos, o divino Redentor deseja abrir as entranhas de sua comiseração, imergindo-os no oceano imenso de suas graças.
O Evangelho é o da aparição de Jesus ressuscitado aos apóstolos e a Tomé (Jo 20,19-31) e na sua homilia dia 30 de abril de 2000 o papa explicou o sentido da Misericórdia a partir deste fato narrado por são João. Ressaltou que antes da significativa saudação aos seus discípulos: “A paz esteja convosco”, Jesus “mostrou suas mãos e seu lado, isto é, as chagas da Paixão, em particular a ferida do coração, fonte de onde jorrou a grande vaga de misericórdia que se derrama sobre a humanidade”.
Em seguida, acentuou o Papa: “Através do coração de Cristo crucificado a misericórdia divina atinge todos os homens. Esta misericórdia Cristo a difunde sobre a humanidade por meio do envio do Espírito que, na Trindade, é a Pessoa-Amor”. Indaga então este Pontífice: “Não é a misericórdia o segundo nome do amor, tomado no seu aspecto mais profundo e mais terno, na sua aptidão de se apossar de cada necessidade, em particular na sua imensa capacidade de perdão”? Numa frase o bem-aventurado João Paulo II sintetiza então a grande mensagem deste domingo: “Cada pessoa é preciosa aos olhos de Deus, pois Cristo sacrificou sua vida para cada um”.
É que, de fato, pela misericórdia o Filho de Deus foi ao limite de sua benevolência, pois se mostrou sensível à miséria humana não só se imolando por todos os homens, mas ainda lhes oferecendo como remédio para esta precariedade o seu perdão cordial. Ele foi claro: “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores; é a misericórdia que eu desejo e não o sacrifício” (Mt. 9,13). É por isto que a conversão é possível e obtém a anistia completa para aquele que, arrependido, se imerge no oceano da infinita compaixão divina.
Cumpre, porém, não apenas se maravilhar com a ternura de Jesus, mas é preciso imitá-lo. Cada batizado é, realmente, chamado a fazer misericórdia com os outros como o Mestre divino e isto como condição de se usufruir de Sua bondade: “Bem-aventurados os misericordiosos porque obterão misericórdia”, conforme está no prólogo do Sermão da Montanha. Isto significa ter compaixão para com o próximo, ou seja, o hábito de fazer o bem aos que sofrem, vindo de encontro a suas necessidades corporais e espirituais.
Viver a compaixão misericordiosa é possuir uma sensibilidade interior que se traduz em ações práticas. Ajuda oportuna dentro dos limites possíveis a cada um, mesmo porque o nosso pão nunca é tão pequenino que não possa ser partilhado com o necessitado e às carências espirituais todos podem socorrer com preces ser partilhado com o necessitado e às carências espirituais todos podem socorrer com preces ininterruptas que se traduzem no apostolado da oração.
A misericórdia se traduz ainda na bondade, na benignidade, na paciência, na doçura de gestos e palavras. Trata-se de se ter o coração aberto para os que padecem os males inerentes à condição humana numa ajuda efetiva nos momentos de sofrimento. É a vibração da alma perante toda a miséria, levando a um movimento que leva a consolar, amparar, enxugar as lágrimas alheias.
Em suma, é o hábito de se fazer o bem a todos. Jesus manifestou sempre esta sensibilidade profunda. Os Evangelhos narram sua ternura personalizada, repleta de comiseração ativa. Seus gestos revelaram os valores de Deus que devem esplender na existência de todos os seus discípulos. A palavra misericórdia se liga ao termo miséria cuja lista é imensa: corações feridos, espíritos alienados, almas pecadoras, falta de alimento, de remédio, de vestuário, enfim tudo que representa a dor, a amargura na existência de cada um.
Todos os batizados têm necessidade do sinal oferecido a Tomé, ou seja, contemplar o Coração aberto do divino Ressuscitado e dentro desta chaga passar a viver, imitando em tudo a benevolência deste abismo de amor. Aí o único e verdadeiro refugio mas também o exemplo de clemência a ser continuamente imitado. É deste modo que se percebe o verdadeiro sentido da Ressurreição de Jesus no qual esplendeu a misericórdia em toda sua grandeza.
cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
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Nascer de Deus
A partir da Páscoa de Jesus Cristo, descobre-se que "nascer de Deus" é ressuscitar. A Ressurreição mostra-nos claramente que a vida venceu a morte e que com esse acontecimento inaugura-se o tempo escatológico da Ação do Espírito Santo.
A era do Espírito começa com as palavras de Jesus ressuscitado, atestando que sem a acão transformadora do Espírito Santo nada será possível realizar. Estamos diante da realização da promessa de Jesus: "Não vos deixarei abandonados, vou enviar-vos o Espírito..." (Várias vezes pronunciou esta ou outras frases semelhantes nos Evangelhos, quando se refere ao Espírito ou o Paráclito). Jesus revela-nos agora que chegou o tempo do Espírito Santo e sem Ele nada pode ser feito (este aviso também foi pronunciado várias vezes por Jesus).
Por isso, há-de ser o Espírito que realiza o mais nobre ministério, acreditar ou como se refere São João, viver "a nossa fé". Esta é a Missão principal que Jesus confere aos seus Discípulos, que consiste em promover a paz através do perdão dos pecados e mediante a força da fé e da esperança que emergem do coração sempre renovado. Somos todos nós os continuadores deste anúncio. É o Espírito que sempre nos deve fazer renascer, para que a vida não se torne uma prisão, mas libertação para a felicidade. Nisto consiste o nascer de Deus e para Deus. E como precisa o nosso mundo deste testemunho.
Também estamos diante do mais que curioso episódio de Tomé, um dos doze, que não estava presente por ocasião das primeiras aparições de Jesus. Claramente nega tal fato e à maneira tipicamente humana, assegura que não acreditará sem ver e sem tocar no lugar dos cravos.
A expressão: «Vimos o Senhor», leva-nos a imaginar que deveria ser muita a alegria que transparecia nos rostos dos Discípulos que corriam ao encontro de Tomé para dar-lhe essa grande notícia. Não é que Tomé, um homem prudente, se mostra incrédulo e joga bem alto! Mas querem enganar quem! «Não acredito sem ver e tocar!» – dirá profundamente seguro de si mesmo. Porém, logo depois também afirmará com grande convicção: «Meu Senhor e meu Deus». A fé em Cristo ressuscitado, é o outro nome da felicidade, porque é a possibilidade última para o único sentido da vida que salva, a eternidade.
padre José Luís Rodrigues
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“Deus nos ama acima de nossas limitações”
Pax Domini sit semper  vobiscum!
O segundo domingo da Páscoa é reconhecido oficialmente pela Igreja como domingo da Misericórdia. Jesus entra no Cenáculo glorioso com as portas fechadas e transmite a grande consequência dos que experimentam a Deus. A Paz que é fruto do amor misericordioso de Deus para com suas criaturas. Deus oferece o seu imenso amor a todos os seus filhos através de Jesus Cristo. É o grande mistério de amor da Santíssima Trindade que deseja que façamos parte de sua felicidade. Deus nos criou para o Eterno Convívio com Ele e com todos os que procuraram fazer o bem passando por cima de suas limitações.
“Diz à humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso Coração, e Eu a encherei de paz. A humanidade não encontrará a paz enquanto não se voltar, com confiança, para a minha misericórdia”.
Estas palavras foram pronunciadas por Jesus Cristo na aparição a santa Maria Faustina Kowalska nos anos trinta do século passado. A missão desta santa iniciou-se em 22 de fevereiro de 1931, quando o misericordioso Salvador lhe apareceu. Ela viu Jesus vestido de túnica branca, com a mão direita levantada a fim de abençoar, enquanto a esquerda pousava no peito, fazendo que a túnica, levemente aberta, deixasse sair dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. A santa Faustina fixou em silêncio o olhar de Jesus que lhe disse:
“Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus eu confio em Vós. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da Minha misericórdia” (Diário, nº 699).

Neste próximo domingo em muitas comunidades católicas será exposta a imagem de Jesus Misericordioso. O sacerdote que divulgar esta devoção receberá muitas graças para si e para sua comunidade.
“Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados  os que creram  sem terem visto!”
A humanidade está passando por uma grande crise de fé e afeto. As pessoas não se sentem amadas e por isso se perdem em seus próprios egoísmos. Nós seremos bem-aventurados no momento em que crermos firmemente que Jesus está vivo no meio de nós. Temos a certeza de sua presença e esta realidade é fonte de realização interior. Jesus nos oferece uma felicidade permanente. Hoje devemos crer no testemunho dos apóstolos que viram Jesus Ressuscitado. O cristianismo é uma herança do testemunho apostólico.
A profissão de fé de Tomé, chamado dídimo, que significa pequeno; faz-nos repensar sobre nossa Fé como aceitação do Mistério da presença de Deus em nossa vida. Muitas vezes agimos como ele. Queremos uma comprovação daquilo que só é possível saber pela Fé.
Jesus entra três vezes no local onde os discípulos se encontravam com as portas fechadas. Com medo da perseguição e das críticas que os outros poderiam fazer em relação ao seu discipulado. Eles ainda não tinham experimentado a força do Espírito Santo que fará a abertura do Cenáculo e o anúncio do testemunho da Ressurreição de Jesus.
A saudação de Jesus é uma saudação de Paz. Uma paz que muitas vezes exigirá sofrimento daqueles que irão ser seus apóstolos após Pentecostes. A segunda saudação de paz está unida à missão apostólica. O perdão dos pecados, o sacramento da reconciliação que nos renova da nossa incapacidade de amar. Jesus pede que os seus discípulos perdoem os pecados. É o mistério da Igreja, a forma de mediação mais perfeita que Deus deixou para nossa salvação. Infelizmente com o surgimento do protestantismo muitas pessoas relativizaram este mandato de Jesus pensando em um perdão pessoal. O pecado atinge a comunidade e o sacerdote em nome de Deus e da comunidade prejudicada com nossas faltas, nos perdoa. É um momento de profunda libertação para todos nós. Se este sacramento fosse mais freqüente em nossa vida, certamente teríamos menos problemas de ordem afetiva e emocional.
Crer é aceitar e se entregar ao que Deus nos apresenta com sua linguagem paradoxal. Os discípulos “viram o Senhor”. Hoje devemos crer nesta verdade que perpassa os séculos. O testemunho é uma verdade que se vê na testa. Na frente da pessoa envolvida pelo mistério. Jesus não está morto, mas vive no meio de nós, nos sacramentos, na sua Igreja.
Crer é ter a vida em Cristo. É se dispor a negar-se a si mesmo em favor da missão que Ele nos confia. Quando acreditamos somos enviados ao sofrimento. A experiência de Deus é rica em misericórdia. Por esta razão ela é uma experiência de perdão. Quando somos perdoados nos sentimos amados. Por esta razão a humildade se faz necessária para sermos realmente felizes em nosso processo de ressurreição.
Somos pecadores, mas o Senhor é misericordioso e quer nos reconciliar. A comunicação perdida com Deus através do pecado original é derrotada pelo próprio amor que Deus sente pelas suas criaturas.
Hoje, através de nossa vida, devemos mostrar ao mundo que Cristo está vivo. Especialmente pelos valores que vamos assumindo em nossa existência em direção ao Pai. Os cristãos precisam viver na alegria verdadeira que nasce da conexão com o Criador através de Jesus Cristo. Hoje queremos ser os bem-aventurados, que mesmo sem termos visto o Senhor acreditamos no testemunho dos que nos antecederam na Fé.
A profissão de fé de Tomé marcou a história da humanidade. Podemos cair na tentação de achar que ele era uma pessoa fraca e insensível. Mas o crer no Cristo ressuscitado é o maior desafio que temos em nossa vida. Crer é realizar na vida os valores de Cristo no concreto de nossa existência. Pela fé teremos paz que é um dom necessário para sermos felizes.
A saudação que Jesus ressuscitado faz ao estar junto aos seus discípulos é muito importante para que saibamos qual é a conseqüência da vida de seus seguidores. A paz é fruto do amor que invade o coração daquele que crê. O processo de ressurreição começa já nesta vida quando iniciamos a aceitar a realidade do amor que  Deus sente em  grande escala por nós.
O perdão é uma graça dada a partir do Espírito Santo e isto provoca a unidade dentro de nós mesmos e na vivência comunitária.  Tomé representa todos nós que queremos uma comprovação tátil daquilo que é sobrenatural. Quando amamos temos certeza de fatos que não conhecemos de um modo racional. A razão é um instrumento que deve nos levar a experiência de sermos criaturas amadas por Deus.
Os primeiros mártires da Igreja nos dão provas de que quando vamos nos entregando ao mistério da ressurreição, nos desapegamos da sociedade que valoriza o que não tem valor.
Como é importante aceitarmos o testemunho de nossos irmãos. Vermos a transformação que acontece em suas vidas a partir da fé. Se Tomé tivesse valorizado aquilo que seus irmãos tinham experimentado, ele não seria revestido da dúvida em relação ao fato da ressurreição de Jesus.
A partir do mistério da Ressurreição de Jesus a história da humanidade já não é mais a mesma e a definição sobre a existência humana toma outro sentido. Jesus está vivo no meio de nós oferecendo a sua infinita misericórdia. Não podemos mais perder tempo com alegrias momentâneas, tudo o que estamos passando é preparação para a vida definitiva.
Se existimos é porque somos amados. Estamos sobre o olhar amoroso de Deus que nos criou para a vida. A conversão ou o nosso processo de ressurreição exige de nossa parte uma mudança em nosso olhar. Para nos santificarmos precisamos olhar como Deus olha. Deixarmos de lado todo egoísmo para experimentarmos o amor.
padre Giribone – OMIVICAPE
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O essencial é invisível aos olhos
Esta é a história de dois terrenos amigos. Eram bonitos e neles a natureza plantara árvores e arbustos floridos. No chão a relva alimentava os animais. Regatos serpenteavam límpidos através deles, para encontrar-se mais adiante formando caudaloso rio. Um dia os homens descobriram a fertilidade daquela terra. Os companheiros chegaram a pensar que seriam bem cuidados, mas se enganaram. Motosserras cortaram as árvores, máquinas rasparam o chão e em pouco tempo o lugar era outro. Plantavam ininterruptamente aproveitando a generosidade do solo, mas a fartura não era eterna. A terra adoecia sem tempo de se recuperar. Fraca era esburacada pela enxurrada que levava embora sua fertilidade. A areia tomava conta fazendo nascer triste deserto. Cessados os lucros as pessoas partiram. Sozinhos os companheiros amargavam sua dor e nela comportaram-se diferentemente. Um deles não conseguia perdoar o que lhe haviam feito. Endurecera tornando-se pedra. Seus buracos quando tocados provocavam dores horríveis. O outro, ao contrário, perdoou a maldade. Libertou-se do passado. Aos poucos amolecia adubando-se com as folhas trazidas pela chuva. O verde voltou a brotar e logo estava bonito como antigamente. Aqueles buracos feitos pelos humanos permaneciam, mas não mais provocavam dor.
Seguimos o itinerário pascal. É necessário aproveitar o caminho da ressurreição ao máximo. Há nesse mistério incontáveis belezas a serem encontradas e saboreadas. É importante ter abertura de coração para o mergulho profundo nas águas infinitas da paz, propiciada pelo encontro com o Senhor.
Deixar-se surpreender pelo Cristo, mergulhando em seus encantos, a saborear os múltiplos sentidos do Amor. Esses, é importante que se saiba, vão muito além do que dão conta os sentidos do corpo. O essencial ensina-nos o Pequeno Príncipe é invisível aos olhos.
Nosso Deus ressuscitou. E nessa fé embute-se automaticamente a certeza da ressurreição de cada um de nós. Em Jesus Cristo exaltado pelo Pai acontece a grande descoberta da vida que jamais se acaba. A semente de eternidade plantada na Sexta-Feira da Paixão gera incessantes frutos. Viver em Jesus é estar na dinâmica do infinito.
Aliás, é interessante notar que o Evangelho de João coloca esta aparição na mesma tarde da Páscoa. Enquanto isto Lucas a relata nos Atos dos Apóstolos como acontecida daí a cinqüenta dias, em Pentecostes. Parece que João está a nos fazer um convite: Que aproveitemos o Domingo da Páscoa, saboreando ainda mais esse dia extraordinário no qual a vida vence definitivamente a morte.
A chegada de Jesus produz a paz. Esta é sua própria identidade. Precisamos criá-la, eis que tê-la em nós é estar na presença de Deus. Três vezes João coloca na boca do Senhor a saudação da paz.
Obviamente que aí não há nenhuma coincidência. O evangelista quer frisar e a repetição gera este efeito, que Jesus e paz andam de mãos dadas. Ou dizendo de maneira inversa, que sem Ele não encontraremos e viveremos a verdadeira paz.
Ela é fruto do Espírito Santo. Ao recebê-lo estaremos, automaticamente, nos transformando em artífices dessa paz maior de Deus no mundo. Essa não se configura na ausência de guerra e muito menos na falta de problemas. A paz do Senhor pode trazer complicações. A própria vida dele nesses últimos dias é prova inconteste disto.
Temos a impressão de que “Jesus chega”. Este é um jeito simbólico e didático de o evangelista nos contar o fato. Na verdade é preciso imaginar que Ele já está. O Cristo é sempre presença. Portas e paredes, tempo e espaço não se configuram mais como limitação.
A nossa percepção é que é mutável. Andamos meio sonolentos, ou até dormindo. É indispensável acordar verdadeiramente, para tomar consciência da sua presença e aí nos damos conta de que “a Paz está conosco”.
Deus vive. Ele está junto a nós e por isto nos regozijamos. A alegria verdadeira nasce do Espírito do Senhor e esta não vem de fora para dentro. Nasce no mais íntimo do coração e transborda para os outros através do corpo. A alegria é a paz concretizada no encontro com os irmãos.
A paz liberta plenamente. Por isto, ser portador dela e ser pessoa de perdão é a mesma coisa. Quem está em paz carrega a disposição para perdoar e reconciliar-se. Aquele que perdoa vive em paz. O perdão aqui não pode ser visto apenas como aquele produzido pelo sacramento da Reconciliação através do sacerdote ministerial.
Pensar assim é cômodo, pois reduz seu sentido somente ao pecado a ser “confessado”. A dinâmica do perdão é maior e deve se dar em todo momento na relação conosco mesmo, com o outro, diante da comunidade, do mundo e com a Trindade Santa.
O perdão é plenamente libertador. Ele nos livra das amarras que nos prendem ao passado. Não perdoar é querer que as feridas continuem sangrando e dolorosas, mesmo que haja passado muito tempo que tenham sido feitas. Perdoar é entrar no processo da ressurreição.
Esse perdão do qual somos portadores não quer dizer esquecimento. As marcas do mal são como as cicatrizes. Não precisamos apagá-las, como se houvesse havido uma plástica. Fazem parte da história, só que perdoadas já não doem. Nas cicatrizes curadas podemos colocar os dedos sem correr o risco de sentir dor. Jesus glorioso carrega as marcas da paixão. Só que, já perdoadas, elas não lhe causam mais sofrimento.
Há um recado muito consolador no Evangelho. Somos bem-aventurados porque não precisamos ver, mas acreditamos com os olhos da fé. Esta nasce da experiência pessoal que cada um tem com o Salvador. Fé que necessita estar em constante crescimento. Para tal, não há dúvidas que necessita ser questionada. Sim, não tenhamos medo das dúvidas. São elas que nos gerarão raízes profundas e asas mais fortes, para que nos acheguemos cada dia mais perto de Deus.
Fernando Cyrino
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“Eu vi o Senhor!”
Estamos vivendo a Oitava de Páscoa. O que é a Oitava de Páscoa? A Páscoa é tão importante e tão significava para nós, cristãos católicos, que a Igreja a celebra por  oito dias seguidos, como se fosse um Domingo de Páscoa prolongado – é a Oitava da Páscoa. São oito dias festivos de Celebração. Assim, nesses oito dias se reza ou canta na Missa o Glória. E sabemos que o Glória é rezado ou cantado aos domingos e nos dias solenes.
O Evangelho da Missa de hoje fala de Maria Madalena que vai ao sepulcro na madrugada daquele primeiro dia da semana, e Jesus já não estava lá. Depois ela vê Jesus… E o Evangelho conclui-se dizendo que Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!” e contou o que Jesus lhe tinha dito.
Maria Madalena, a primeira anunciadora da Ressurreição. O Senhor nos quer todos, anunciadores dessa Boa Notícia: Jesus vive! Ele está conosco! Ele está no meio de nós!
Sejamos testemunhas do Ressuscitado! Com nossas palavras e com nossa vida!
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Domingo, 15 de abril de 2012
Segundo Domingo da Páscoa
Santos do Dia:Basilissa e Anastácia (mártires de Roma), Crescêncio de Myra (mártir), Êutico de Ferentino (mártir), Huna da Alsácia (mãe de família), José de Veuster (também conhecido como Padre Damião de Molokai), Maron, Êutico e Vitorino (mártires de Roma), Máximo e Olimpíades (mártires de Córdova), Mundo de Argyle (abade), Ortário de Landelle (abade), Paterno de Vannes (bispo), Ruadan de Lothra (abade),Silvestre de Réome (abade), Teodoro e Pausilipo (mártires de Trácia).
Primeira leitura:Atos dos Apóstolos 4, 32-35
Um só coração e uma só alma. 
Salmo responsorial: 117, 2-4.16.18.22-24
Dai graças ao Senhor, porque ele é bom; eterna é a sua misericórdia! 
Segunda leitura: 1João 5, 1-6
Todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo. 

Evangelho: João 20, 19-31
Oito dias depois, Jesus entrou.
Depois da morte de Jesus, a comunidade se sente com medo, insegura e indefesa diante das represálias que surgiam contra ela pela instituição judaica. Ela se encontra em uma situação de temor paralela à do antigo Israel no Egito, quando os israelitas eram perseguidos pelas tropas do faraó (Ex 14, 10); e como aquele povo, os discípulos estão também na noite (já anoitecendo) quando o Senhor vai tirá-los da opressão (Ex 12,42; Dt 16,1). A mensagem de Maria Madalena, contudo, não os libertou do temor. Não basta ter noticia do sepulcro vazio; somente a presença de Jesus pode dar-lhes segurança em meio a um mundo hostil.
Porém, tudo muda desde o momento em que Jesus, que é o centro da comunidade, aparece em seu meio, como ponto de referencia, fonte de vida e fator de unidade.
Sua saudação lhes devolve a paz que haviam perdido. Suas mãos e suas costas, provas de sua paixão e morte, são agora os sinais de seu amor e de sua vitoria: o que está vivo diante deles é o mesmo que morreu na cruz. Se tinham medo da morte que os judeus poderiam impor-lhes, agora vêem que ninguém pode tirar deles a vida que o ressuscitado comunica.
O efeito do encontro com Jesus é a alegria, como ele mesmo havia anunciado (16,20: vossa tristeza se converterá em alegria). Já começou a festa da páscoa, a nova criação, o novo ser humano capaz de dar a vida para dar a vida.
Com sua presença, Jesus lhes comunica seu espírito que lhes dá força para o enfrentamento com o mundo e libertar a homens e mulheres do pecado, da injustiça, do desamor e da morte. Para isso, os envia ao mundo, a um mundo que os odeia como odiou a Jesus (15,18). A missão da comunidade não será outra senão a de perdoar os pecados para dar vida, o que é igual, colocar fim a tudo que oprime, reprime ou suprime a vida, que é o efeito que produz o pecado na sociedade.
Porém nem todos crêem. Um deles, Tomé, o mesmo que se mostrou pronto a acompanhar a Jesus em sua morte (Jo 11,16), que agora resiste a crer no testemunho dos discípulos e não lhe basta ver a comunidade transformada pelo Espírito. Não admite que o que eles viram seja o mesmo que ele havia conhecido; não acredita na permanência da vida. Exige uma prova individual e extraordinária. As frases redundantes de Tomé, com sua repetição de palavras (suas mãos, colocar o dedo, colocar minha mão), sublinham estilisticamente sua cabeça dura. Não busca a Jesus fonte de vida, mas uma relíquia do passado.
Tomé vai precisar de algumas palavras de Jesus para crer: “Coloca aqui teu dedo, olha minhas mãos; coloca tua mão e não seja incrédulo, mas fiel”. Tomé, que não chega a tocar em Jesus, pronuncia a mais sublime confissão evangélica de fé chamando Jesus de “Meu Senhor e meu Deus!”. Com esta dupla expressão alude ao mestre a quem chamavam de Senhor, sempre disposto a lavar os pés de seus discípulos e ao projeto de Deus, realizado agora em Jesus, de fazer chegar ao ser humano ao cume da divindade realizado agora em Jesus (Meu Deus...)
Porém, por sua atitude incrédula recebe de Jesus uma reprovação, junto com ela uma última bem-aventurança para todos os que já não poderão nem vê-lo nem tocá-lo e terão, por isso, que descobri-lo na comunidade e notar nela sua presença sempre viva. De agora em diante a realidade de Jesus vivo não é percebida com elucubrações nem buscando experiências individuais e isoladas, mas que se manifesta na vida e conduta de uma comunidade que é expressão de amor, de vida e de alegria.
Uma comunidade, cuja utopia de vida refletida no livro dos Atos (4,32-35): comunidade de pensamentos e sentimentos comuns, de colocação em comum dos bens e de partilha igualitária dos mesmos como expressão de fé em Jesus ressuscitado, uma comunidade de amor como defende a primeira carta de João (1Jo 5,1-5).
Oração

Deus de misericórdia infinita que reanimas a fé do teu povo com a celebração anual das festas pascais: acrescenta em nós os dons de tua graça para que compreendamos melhor que és verdadeiramente o Pai e doador da vida, que nos pedes que acolhamos e acrescentemos a vida e que a Vida finalmente triunfará. Amém.

Missionários Claretianos