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sexta-feira, 8 de junho de 2012

X DOMINGO DO TEMPO COMUM




X DOMINGO DO TEMPO COMUM



Introdução

Movido por belzebu, ou pelo Espírito de Deus Pai?

(Mc. 3,20-35)

         Antes os automóveis eram movidos apenas por gasolina.
Depois surgiu o carro movido  álcool. E como a tecnologia era insuficiente, esses carros ficaram desvalorizados. Hoje, (2012) os carros são flexíveis. Isto é, tanto podem ser movidos a álcool como a gasolina.
        
         E nós? Qual o combustível que nos move? Muitos são movidos pelo dinheiro, pelo lucro , pelo acúmulo da riqueza. Outros e outras são estimulados principalmente pelo prazer sexual. Ainda outros que pautaram suas vidas pela intelectualidade, uns diriam, pelo ascetismo puro, isto é, uma ideologia, ou auto-disciplina sem seguir necessariamente, os ensinamentos de Deus.  Outros levam a vida toda dedicando-se à música, a arte, à poesia etc, que são os motivos de suas existências. Nada mais os preocupa. Até sabem de Deus, de Jesus, da vida eterna, mais não dão um passo em direção a ela. Quando a solidão e o tédio lhes atacam, recorrem à embriaguês, e amanhã depois da ressaca, será outro dia...  Assim, vivem sem nenhum sentido porque suas vidas não têm um sentido verdadeiro... Uma razão de ser, um combustível que não falha!  Constantemente blasfemam contra Deus e contra seus representantes na Terra. Cuidado! Todos os pecados serão perdoados. Menos os pecados contra o Espírito Santo!

         Felizmente, existem e sempre existirão, aqueles que seguem os passos de Jesus, Aqueles que bebem da fonte da água viva, que é o seu principal combustível infalível. Aqueles e aquelas que vivem para servir a Deus, e ao Reino, numa doação e numa entrega parcial, ou total de suas vidas terenas.  Você pertence a este grupo. Se está lendo este texto até aqui, com certeza é um deles! Parabéns! Multiplique-se. Leve estes valores eternos para outros irmãos. Assim, estará construindo um tesouro no Céu.

         Jesus foi acusado pelos mestres da Lei de estar movido por Belzebu... Já os seus parentes acharam que Ele estava fora de si!
         Não era nada disso! a Força do Espírito de Deus que estava nele e com Ele era tão forte, que pela sua determinação em alcançar os objetivos do Plano do Pai, a sua concentração era tamanha, que até dava a impressão que Ele não estava se comportando como todo mundo fazia. 

         Jesus agia pela ação do Espírito Santo. Ou seja, Ele era movido não por Belzebu, mais pela graça de Deus Pai que o enviou ao mundo.
         Os apóstolos também faziam coisas incríveis, muitos milagres, levaram muitos a abraçar a fé, era o início da Igreja, o começo da comunidade universal iniciada por Jesus Cristo.

         Os apóstolos eram movidos pela fé inabalável, e pela graça de Deus presente em suas caminhadas diariamente.
        
         Prezado leitor. Como sabemos, a nossa vida não termina com a nossa morte. Assim, se o combustível que impulsiona nossas ações é formado por coisas puramente passageiras, das quais não levaremos nada para a segunda parte da nossa existência, mais muito pelo contrário, tais coisas podem até destruir a nossa esperança de um dia estar na vida eterna, certamente estamos iludidos, estamos no caminho errado!
         É muito importante conhecer tudo sobre a nossa profissão.  Ser cada dia mais especializado no que fazemos. E à medida que mais nos aprofundamos, que nos preparamos, apesar de sermos invejados por uns, seremos procurados por outros que nos pagam até mais do que merecemos, pois a nossa eficiência é grande e necessária.
         Porém, não devemos deixar de conhecer a nós mesmo. Muitos já morreram cedo demais, por ignorar totalmente como funciona o seu corpo. Como funcionam os seus órgãos, quais os cuidados que se deve ter com os ossos,  juntas, pressão arterial, com a alimentação, etc.

         Caríssimo. Não seja você um desses!  Desejo que o motivo, o combustível, a razão de ser da sua existência, seja a graça divina, e melhor, que seja o Plano de Deus. Paute sua caminhada pelos ensinamentos divinos, e assim estará preparando-se  para a vida sem fim. Coloque no Senhor suas esperanças. Espera em sua palavra e terá a resposta certa, na hora certa.    
         Isso é cuidar da alma. Mais cuide também do seu corpo. Aprenda como fazer isso. Não espera o pior, com a aproximação da velhice. Não dependa tanto dos demais. Mesmo que tenha muito dinheiro. Aprenda a cuidar-se.
         Cuidar da saúde da alma e da saúde do corpo, é um dever de todos nós.

Cuide-se.

Tenha um bom domingo, movido pela vontade e pela graça de Deus. 

Sal.


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10 DE JUNHO

X DOMINGO DO TEMPO COMUM 10/06/2012

1ª Leitura Gênesis 3, 9-15
Salmo 129 (130), 7 “Junto ao Senhor se acha a misericórdia: encontra-se nele copiosa redenção” – Diac. José da Cruz
2ª Leitura 2Cor 4, 13 – 5,1

Evangelho Mc , 3, 20-35
                                           
Quando a gente está super ocupado , costuma-se dizer que não se tem tempo nem para comer, esse evangelho começa constatando exatamente isso, pois Jesus e seus discípulos chegaram na casa de alguém onde pretendiam tomar uma refeição, mas um  grande número de pessoas foram ali á sua procura e Jesus teve que lhes dar atenção. Não ter mais tempo para si,  vai ter  para os seus parentes a conotação de loucura “Ele está fora de si”. Amar as pessoas preocupar-se com elas, doar-se aos serviços da comunidade para servir a Deus e aos irmãos, nos tempos da pós-modernidade também soa como uma loucura, pois vivermos no mundo das relações mercantilizadas onde tempo é dinheiro e perder  tempo com coisas que não dão nenhum  retorno, é realmente coisa de louco.
Pior que esses parentes de Jesus que não entendiam á sua missão, eram  os escribas que atribuíam suas ações libertadoras e curas prodigiosas  á Belzebu, príncipe dos demônios, acusando Jesus de fazer o Bem , através da força do mal, o que era uma grande incoerência, pois Bem e Mal são duas coisas que jamais podem agir em conjunto, se as obras de Jesus eram boas em si mesmo, curava e libertava as pessoas, elas jamais poderiam provir do mal.
Em nossa sociedade também sofremos desse mal,  porém no sentido contrário,  querendo atribuir ao Bem algo que provém do mal, senão vejamos, para muitos, inclusive cristãos, a pena de morte, o aborto, o divórcio, a eutanásia, são coisas do Bem, e já tem até traficante de Favela pousando de herói do povo, defensor dos pobres, dos velhos e das crianças. Quando isso acontece e essa mentalidade começa a dominar a todos, é porque  se está cometendo o temível pecado contra o Espírito Santo, que Jesus afirma não ter perdão. E que pecado terrível será este?
Exatamente o mesmo que os Escribas e os parentes de Jesus cometiam: o de não acreditar e não aceitar a Graça que Jesus nos trouxe, em uma recusa contra a ação Divina, libertadora e Salvadora nele presente, e colocada a favor das pessoas. Quem comete esse pecado está apostando todas as suas fichas nas forças do Mal presente no mundo, por crer no fundo, que esta é mais poderosa que o Bem supremo que Jesus nos oferece.
O Mal já foi derrotado por Jesus mas o homem ainda não se apercebeu disso, o Reino está presente na vida da humanidade, não de maneira ostensiva como a Força do  mal, mas como semente em desenvolvimento e que requer cuidado e atenção para crescer e ser a maior de todas as árvores, mas o homem imediatista deste tempo prefere acreditar no Mal e deixa de investir e acreditar no Bem.

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Domingo, 10 de junho de 2012
10º Domingo do Tempo Comum

Missionários Claretianos

Santos do Dia: Arésio, Rogato e seus quinze Companheiros (mártires da África), Astério de Petra (bispo), Basílides, Trípode, Mandal e seus vinte Companheiros (mártires na Via Aurélia, em Roma), Bogomilo de Gnesen (monge, bispo), Cesúrio de Auxérre (bispo), Críspulo e Restituto (mártires da Espanha), Evremundo de Fontenay (abade), Getúlio, Cereal, Amâncio e Primitivo (mártires de Tívoli), Iladan de Rathlihen (bispo), Itamar de Rochester (bispo), Landérico de Novalese (monge, mártir), Landérico de Paris (bispo), Maurino de Colônia (abade), Máximo de Nápoles (bispo, mártir), Olívia de Palermo (virgem, mártir), Timóteo de Prusa (bispo, mártir), Zacarias de Nicomédia (mártir).

Jesus, com sua ação e sua palavra, desafia os costumes da época. Sua forma de agir se converte em uma ameaça para a autoridade política do momento; transforma-se em blasfêmia para o aparato religioso e se constitui em verdadeira vergonha para os mais próximos dele e até para os de sua família. Hoje vemos como a família de Jesus o busca, com o único desejo de deter sua ação no meio daquela sociedade. Jesus não é compreendido pelas pessoas de seu tempo, tampouco pela sua família. Ele, que era um líder social e religioso, vive na própria carne a rejeição e a incompreensão dos seus. As pessoas estão tão conformadas com a realidade em que vivem que não se imaginam em algo novo, não querem conhecer novas realidades, nem de Deus nem do ser humano, nem de sua sociedade. Jesus sabe que tem que pagar muito caro ao tocar nas estruturas de poder. A incompreensão é um dos testes para a autenticidade de nossa missão.
Os familiares acreditavam que Jesus estivesse fora de si, maluco; mais ainda: agora os líderes religiosos lançam o boato de que estava possuído por Belzebu, o chefe dos demônios, devido aos exorcismos que realizava.
A maneira mais eficiente dos inimigos tentarem abalar o prestígio de Jesus foi satanizar a sua obra. Jesus não seria apenas um louco digno de pena, mas um agente de Satanás. Jesus, porém, descobre suas más intenções. Aí aparece a forma como o mal se manifesta: na tentativa de perverter a intenção dos que fazem o bem. Porém o evangelista nos diz: com chegada do reino de Deus, com a chegada de Jesus, o mal vai ser derrotado. O bem vai vencer a maldade do coração humano e das estruturas sociais perversas. Jesus veio para isso: para destruir o reino do mal que destrói a dignidade do ser humano. E o demônio deveria ser detido e impedido de agir.
No mundo de hoje muitos procuram demonizar a atuação e o compromisso dos que são comprometidos com a justiça e a paz. Muitas vezes são tachados de demagogos, comunistas, pró-terroristas. A forma de descobrir o que é de Deus e o que não é já foi dada por Jesus: por seus frutos os conhecereis.
Oração
Senhor, que sejamos portadores de tua luz e tua paz. Que afastemos de nós toda treva e pecado. Ensina-nos a viver na alegria e que as pessoas sintam em nós a tua presença
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Dia 10 de junho- domingo
Mc 3,20-35

www.franciscanos.org.b


Escribas e irmãos de Jesus se opõem ao seu projeto de Reino de Jesus, o novo Éden. A serpente/Satanás continua agindo.
O evangelho de hoje mostra Jesus na sua casa, a física e a dos pobres, por quem ele tinha especial apreço. Seus familiares, sabendo de suas ações, tentaram impedi-lo, condenando-o de louco. Antes que chegassem seus irmãos, os escribas já dão a sentença: “ele está possuído por Belzebu, bem como realiza tudo em parceria com Satanás” (v.22). Jesus se defende dizendo que as suas ações não podem ser feitas em parceria com quem já é seu inimigo, Satanás. Fazendo jogo com o substantivo Satanás, aquele que divide, assim como a serpente da primeira leitura, Jesus demonstra que um reino e uma casa divididos não podem subsistir. Assim como no paraíso, Deus condena a serpente, Jesus condena os escribas de blasfemadores do Espírito Santo, seu real parceiro na missão, e decreta que eles não terão perdão por tal atitude.

Nesse momento, Maria e os irmãos de Jesus chegam para se encontrarem com Jesus. Tendo a multidão impedido a passagem deles, Jesus, avisado do fato, declara em alto e bom tom que sua mãe e os seus irmãos são aqueles que fazem a vontade de Deus. A resposta de Jesus, dura em um primeiro momento, teve várias repercussões entre os intérpretes desse texto. Irmão, em hebraico ’ah, significa irmão de sangue, mas também parentes próximos, patrícios e vizinhos. São Jerônimo dirá que no evangelho trata-se de primos de Jesus. Os evangelhos apócrifos nos conservaram a tradição de que José, ao ser escolhido para casar-se com Maria era viúvo, tinha 90 anos e quatro filhos: Judas, Justo, Tiago e Simeão; e duas filhas: Lísia e Lídia. Quando Maria chegou à casa de José, ela logo se afeiçoou a  Tiago, o filho menor de José, que ainda sofria a ausência da mãe. Maria cuidou dele como mãe. O evangelho de Mateus fala, por isso, de Maria, a mãe de Tiago (Mt 27,56), embora não o fosse. Sendo assim, os irmãos de Jesus são de criação. Assim, Jesus, seguindo o mesmo trocadilho com o substantivo Satanás, quis dizer que os seus irmãos são também os que seguem os seus ensinamentos, povo e discípulos (as), inclusive sua mãe. Jesus não nega os seus irmãos, e tampouco sua mãe. Isso não era possível na cultura judaica. Irmão aqui quer dizer aquele que assume a causa, contrário a Satanás, aquele que divide, tornando-se uma serpente, assim como agiram os escribas.

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Dia 10
Marcos 3,20-35
”. E a união em torno da pratica da vontade de Deus que cria os novos laços familiares no Reino. Viver – Maria Regina
                                    O evangelho de Marcos revela a nova geração entre o povo e Deus, que se estabelece através de Jesus. o que se vê é uma grande multidão de excluídos , seja dentre os gentios, seja da dispersão do judaísmo, que se reúne em torno da casa onde se encontra Jesus. Esta multidão se diferencia do “pequeno resto”, estabelecido na sinagoga e no Templo, gozando de privilégios e isolando da maioria do povo, considerada pecadora por infringir qualquer um dos 613 mandamentos da Lei, tendo como protótipo Eva, que infringiu a proibição do criador.
                        Com Jesus temos uma nova realidade, destacada pelos evangelhos ao mencionarem centro e quarentena e nove vezes a “multidão” que se relacionado com Jesus. Esta relação é uma característica muito mais marcante da índole e da personalidade de Jesus do que as narrativas de seus milagres possam significar. É uma chave de leitura para compreendermos a presença de Jesus no mundo, em relação com todos os povos e culturas, não se limitando a grupos religiosos específicos.
                       O termo grego traduzido por “familiares” pode significar uma proximidade consanguínea ou de amizade. Pode-se também interpretar que o verbo usado no texto, “enlouqueceu”, refira-se a Jesus ou a multidão. Assim, pode-se entender que, ou os familiares ou os discípulos de Jesus, não o compreendendo e julgando-o fora de si, queriam retê-lo, ou julgamento a multidão demais agitada queiram protegê-lo.
Os escribas vindos de Jerusalém são os enviados dos chefes religiosos que tinham em mãos o culto sacrifical do Templo e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo. Eles se empenham em difamar Jesus, para afastar o povo dele.
                       O Espírito Santo é o amor. Considerar as obras de amor do Espírito como sendo obras do demônio significa o distanciamento e até a ruptura com o próprio amor de Deus. Rejeitar e matar os que com amor buscam resgatar a dignidade humana dos empobrecidos explorados e excluídos significa a rejeição da vida e do amor de Deus.
A partir de uma referencia à sua família carnal, Jesus afirma: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos? Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. E a união em torno da pratica da vontade de Deus que cria os novos laços familiares no Reino. Viver o amor, o serviço, a partilha, a misericórdia, solidariamente com os mais necessitados, é inserir-se na família de Jesus, quer seja por laços consanguíneos, quer não, certo da comunhão de vida eterna com Jesus.
Comentário retirado deste site,achei extremamente elucidador (http://www.catedraljoacaba.com.br/evangelho.php?acao=mostraevangelho&id=566 )
Amém

– Maria Regina

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Evangelhos Dominicais Comentados

10/junho/2012  --  10o Domingo da Páscoa

Evangelho: (Mc 3, 20-35)


Este Evangelho nos leva a vivenciar a vida agitada de Jesus e de seus discípulos. Apresenta-nos Jesus sempre pronto a atender todos os que o procuravam. É tão grande sua preocupação em ouvir os menos favorecidos, que não lhe sobrava tempo, nem mesmo para comer.

Jesus não se limitava a falar. Seu testemunho, sua abnegação é um exemplo que deve ser imitado por nós que freqüentemente relutamos em abrir as nossas portas aos estranhos, a ouvir seus lamentos e a lutar por mudanças.

Observe que os apóstolos, os auxiliares de Jesus, também não têm tempo para cuidar de si próprios e, nem podem! Jesus não aceita o comodismo e exige que o atendimento seja carregado de amor e dedicação. Exige dedicação total ao próximo. Quem não se doa totalmente, não consegue permanecer ao lado de Jesus. É impossível trabalhar ao lado do Mestre sem renúncia e sacrifícios.     


O seguidor de Jesus deve estar disposto a renunciar aos seus momentos de lazer e sacrificar seus horários de refeições para se colocar a serviço do Reino.  Certamente é preciso muita coragem para seguir Jesus. Nem sempre estamos dispostos a permitir mudanças em nossa rotina e em nossos hábitos diários.

Não pode haver intervalo, nem mesmo para um lanche, enquanto houver uma só pessoa para ser atendida. Nem pensar em parar enquanto um único irmão estiver necessitando de uma palavra. Precisamos imitar esse Mestre, exigente e amoroso, sempre pronto a ouvir, sempre disposto a perdoar. Deixa tudo de lado por amor.

No entanto, esse seu empenho, essa sua dedicação faz com que, até mesmo seus parentes e amigos o considerem um louco ou fora de si. Por isso, você discípulo, discípula de Jesus, não estranhe que pessoas de seu convívio venham a criticá-lo por se empenhar na árdua tarefa de fazer a vontade do Pai.

Lute sempre! Jesus não se intimida, assume a postura de um leão e esclarece que fazer a vontade de Deus é algo concreto e definido. É algo espontâneo que deve expressar a nossa livre escolha e a nossa liberdade. A vontade de Deus é fazer-nos entender que o que nos identifica, e nos une como irmãos, é muito mais do que o parentesco e a amizade, é muito mais do que laços de sangue.

O que nos une como família e como filhos do mesmo pai é o amor. Não basta morar na mesma casa, não basta viver sob o mesmo teto, é preciso fazer a vontade do Pai para ser chamado de irmão, de irmã e de mãe. Deus é Pai, é Amor e quer ver-nos transformados.

Vamos então transformar o nosso modo de agir e de pensar. Em nome da justiça e da paz vamos assumir a postura de um leão e, em nome da unidade, assumir a mansidão do cordeiro. Vamos viver o amor, essa é a vontade do  Pai.  



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“A família de Jesus” -  Claudinei M. Oliveira.

Domingo, 10 de Junho de 2012.
Evangelho: Mc 3, 20-35 

            Neste domingo da graça do Senhor reunimos em torno do altar para dar glória  a todas as coisas boas recebidas e por bendizer Seu Santo nome. Jesus é a luz que indica o caminho a ser seguida com segurança a fim de sedimentar a fé como princípio da adesão ao seu projeto de vida e de comunidade. No passado, Jesus concebido pelo Espírito Santo, se fez homem e habitou entre os víveres. Sentiu todas as injustiças sofridas pelo seu povo, não desanimou e partiu para a construção de uma  grande família. Para tanto, todos aqueles que temem a Deus e seguem seus preceitos são verdadeiramente irmãos, primos, pais e mães de Jesus, pois, superou a ordem estabelecida do homem da cidade grande (Jerusalém) e abraçou a verdadeira justiça que não aceita o mal como  divisor  do bem.
            Mas aqueles que não compactuavam com a prática de Jesus o julgava como doido ou possuído de demônio. Com estas palavras tentavam desmascarar o trabalho lindo do Mestre que não tinha medo de denunciar as desordens estabelecidas pelos aproveitadores. Entretanto, enquanto o Homem de Nazaré percorria as periferias das cidades e os centros urbanos  levando a mensagem da desalienação, os mestres da Lei juntavam-se num complô falaciano na tentativa de prendê-Lo para calar a voz da libertação.
            Porém, como Jesus estava cercado por pessoas que compreenderam a lição na ponta da língua dificilmente corria o risco de ser preso ou exilado para sua terra natal. Não que Jesus escondia entre a multidão, afinal não tinha como esconder porque era uma pessoa pública, contudo, a multidão o protegia  dos rastejadores do poder econômico e do poder político.
            Veja como uma pessoa foi capaz de colocar um pedregulho no calçado de muitos sem coração! Jesus fez isto muito bem. Sendo um homem pobre, nascido no meio dos miseráveis, sem instrução necessária para concorrer com os ditos “sabidos” do templo, deixou todos com a pulga atrás da orelha: ou aceita os ensinamentos novos, para um novo Reino da justiça, ou acabe com ele para não deixar crescer a fúria do povo. É sabido de todos que quando o povo tem instrução e conhecimento real do que está acontecendo, nada segura o avanço do mesmo sobre seus direitos. Por isso que os “mandam chuvas” de Jerusalém temiam a reação do povo se Jesus continuasse insistindo em ensiná-los os caminhos para superar os obstáculos.
            A condenação do mal no meio do povo já é bem antiga. Em Gênesis encontramos uma passagem em que o Senhor ao visitar Adão e Eva percebeu que estavam escondendo dele. Como pode minhas criaturas ter vergonha de mim? Dei tudo que precisava! Ah, esqueci que tinha proibido de comer dos frutos de  certa árvore, e com certeza, infligiram a regra e comeram! Foi isto mesmo que aconteceu. Eva e Adão deixaram o mal penetrar em suas vidas, em seu habitat e colocou tudo a perder. Agora sente vergonha do Seu Senhor. O Senhor, então,  perguntou ao mal (a serpente): “Por que fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastearás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida!”. O senhor condenou o mal que deu vida mal para o homem que criou com prazer para embelezar a natureza.
            Todavia, perguntamos: quais os males que insistem em desviar as virtudes boas do homem?  Olha que tem males em quantidade elevada como: a cobiça, o ódio, a traição, as injustiças. Estes males destoem à vida solidária na sociedade, acabam com a estrutura da família, plantam a divisão num grupo que vivia em harmonia. Estes males foram condenados pelo Senhor.
            Mesmo tão distante no tempo da criação parece que foi ontem que aconteceu a chegada do mal no seio da humanidade. São tantos males que insistem em praguejar a vida com Deus que acabam criando um mal-estar com a doutrina da fé. São pessoas desviadas do caminho correto sob efeito das drogas licitas e ilícitas, permeadas no mundo da corrupção, das vantagens e nas elucubrações alienantes. São pessoas viciadas no mau  que atacam vidas inocentes sob práticas de abuso sexuais em menores, estupros, mortes violentas e desovas de corpos.  Ainda por cima encontramos o mal fazendo dicotomia nas famílias; pais maltratam filhos, filhos matam pais, avós, ou seja, ninguém mais entende o outro, tudo por causa do encardido posto no meio da vida do homem.
            Já na segunda Carta de são Paulo aos Coríntios, lemos um motivo de ser fiel ao Deus, quando Paulo escreve: “(...) não desanimamos. Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando dia-a-dia”.  Para tanto, faz se necessário acreditar  na presença real de Deus, sem Ele não consegue o homem interior se refazer por completo. Isto acontece por causa dos males que tentam a todo custo pleitear o discernimento do homem exterior, ou seja, o mal sobrepõe o homem interior com severidade, cegando-o, e induzindo a caminhos errados.  Entretanto, Paulo afirma que fazemos parte da família de Deus e, portanto, temos a hombridade de segui-lo em todos os aspectos.
            Neste contexto do mal, assolando a família de Deus, aparece no Santo Evangelho. Surgem dois grupos tentando tirar Jesus da cena. Primeiro surge seus familiares que acreditavam que Ele estava louco, por contrariar os costumes, as leis vigentes. Assim os parentes consideraram a atitude de Jesus uma loucura. Na verdade, os parentes de Jesus querem evitar que Jesus “saísse do normal”, isto é, contrariar as leis e costumes da época  era anormal, o normal seria obedecer cegamente e sem crítica as leis severas e as tradições retrógradas.  Mas, a prática de Jesus não condizia com as injustiças e, portanto deveria sim ser criticada e renovada para o bom uso do povo de Deus.  Veja que ainda hoje acontece esta cena: quem ousa a querer fazer interpretação diferente nas tradições alienantes ou resolve colocar o dedo na ferida de alguns homens de colarinho branco, com certeza, sofrerá sansões severas ou até poderá desaparecer sem deixar rastros. Lamentável esta situação na sociedade do século XXI que se diz democrática!
            Continuando a reflexão notemos o segundo grupo que foi a Cafarnaum com a missão de prender o Mestre, eram os doutores da Lei, homens instruídos que tinha o poder de decidir o que se pode ou o que não se pode fazer. Chegaram com a sentença debaixo das mangas: “Ele está possuído por Belzebu” “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”.  Com isso acusaram Jesus de estar possuído pelo pior dos demônios e estava agindo em nome dele. Veja que blasfêmia, que torpeza.
            Jesus sai deste imbróglio de forma magnífica: “como pode expulsar demônios pelo poder  do demônio é absurdo, pois se assim fosse, Satanás estaria destruindo a si mesmo”. Jesus sabiamente tinha como colocá-los na berlinda facilmente. Tentaram acusar Jesus de cura através do próprio mau. Isto é inconcebível.  Do mesmo modo Jesus interpela: se um ladrão vai a casa de uma pessoa forte, primeiramente vai amarrá-lo, para dominá-lo, assim vai levar o que quiser, porém, se não amarar o dono da casa, com certeza encontrar dificuldade em agir. Contudo a cartada fulminante vem em seguida na afirmação de Jesus: “quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado, pois a culpa desse pecado dura para sempre”. Se quiserem acabar com Jesus, vai ter  muito trabalho, pois o Espírito Santo, que é Deus, penetrou no Ser de Jesus e nenhum mal vai conseguir derrubar.
            Os argumentos dos doutores da Lei se voltam contra si pelo descuido ou pela sede exagerada de eliminar  a verdadeira justiça. Pois querendo impedir que Jesus realize sua prática nociva para o sistema que defendem, negam para si a possibilidade de entrar no Reino.
              Portanto, a grande família de Jesus são todos aqueles que aderiram ao seu projeto e, por conseguinte, fizeram a vontade do Pai. Não que Jesus desconhecesse seus pais e irmãos, mas a grande família dava segurança e vivacidade no seu projeto.  Tanto que em sua casa, cercados de pessoas admiradas, não enxergou seus parentes fora da casa, mas quem estava dentro da casa eram pessoas compromissadas com seu projeto e assim a vontade de Deus pode ser realizada através dele. Amém!
            Claudinei M. Oliveira
“BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO, É UM PECADO SEM PERDÃO”. - Olívia Coutinho
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X Domingo do tempo comum

Dia 10 de Junho 2012

“BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO, É UM PECADO SEM PERDÃO”. - Olívia Coutinho

Evangelho Mc 3,20-35

Vivemos numa cultura do individualismo, do descartável!
O mundo continua rejeitando a proposta de Jesus, são muitos os que não querem enxergar a verdade que liberta, preferindo a escravidão do consumismo, dos prazeres do mundo.
 Dar testemunho de Jesus, num mundo onde a inversão de valores distancia a humanidade da sua verdadeira origem, chega a ser um grande desafio, mas é justamente dentro desta triste realidade, que o testemunho se faz necessário.  
O testemunho de quem  vive no amor, incomoda quem  não quer mudar de vida, é daí que  vão surgindo as divisões, principalmente dentro da família; uns aceitam a proposta de Jesus, outros fazem opção pelas propostas do mundo.
O anuncio do Reino, não entra no coração de quem já fez a sua opção pelas coisas do mundo, esses, não querem mudanças, pois já se sentem beneficiados por este sistema injusto que oprime o povo.
Todo aquele que faz opção por Jesus, já sabe dos desafios que encontrará pela frente, sabe que  será criticado, que será taxado como moralista,  ironicamente chamado de "santo", ou até mesmo de louco.
A  cruz é inevitável na vida daquele que quer levar em frente a missão de anunciar o Reino de Deus, pois as forças contrárias ao evangelho, tentam a todo custo tirá-lo do caminho.
 Jesus venceu o mal, o pecado e a morte, nós também venceremos, se ligados a Ele!
  A todo instante, somos chamados a conversão, mas para atendermos este apelo de Jesus, precisamos estar abertos à graça que vem  do alto, se tivermos voltados  somente para as coisas do mundo, perdemos a noção do que é pecado, neste estado de alma, é impossível a conversão, pois não abrimos ao Espírito Santo.
O evangelho de hoje, nos chama a atenção para um risco muito grande que corremos, quando não estamos em sintonia com o projeto de Deus, quando não assimilamos a proposta do Reino, anunciado por Jesus. Foi o que aconteceu com alguns parentes de Jesus, que se deixaram levar pelos pensamentos humanos, chegando ao ponto de achar que Jesus estava louco por defender a causa do Reino.  Isso também pode acontecer conosco, quando não entendemos  a dinâmica do Reino.  
O texto  também nos alerta, sobre o perigo de nos contaminar com a  pior cegueira que existe: ver e não querer enxergar, e da pior doença do ser humano,  a de não querer ser curado.
Foi o que aconteceu com os doutores da lei, vindos de Jerusalém, centro da oposição à proposta nova de Jesus. Eles sabiam que Jesus era o enviado de Deus, mas não queriam enxergar esta verdade, para não terem que mudar, já que o mal para eles, era  visto como  o bem.
Diferente do povo, que clamava por mudanças, os doutores da lei, não queriam mudanças, pois eles já se beneficiavam das vantagens das leis vigentes, que eles mesmos criaram para satisfazer seus próprios interesses.
Quem se fecha ao Espírito, torna-se incapaz de discernir a manifestação da misericórdia de Deus. Fechar-se a ação do Espírito Santo, significa fechar-se a misericórdia de Deus, é  não querer o perdão.
Jesus nos assegura: o nosso seguimento a Ele, nos torna íntimos, ao ponto de constituir conosco, um vínculo mais forte que o familiar.
Maria entendeu tudo isso, ela foi a primeira discípula de Jesus, a primeira pessoa,  que colocou o Reino de Deus acima de todas as relações de parentescos, quando   abriu  mão de todos os seus projetos pessoais, para entregar-se por inteira, à   vontade de Deus. 
Foi Maria, a mãe de Jesus, que proclamou:  “bem-aventurados todos os que ouvem a palavra de Deus e as põe em prática”, o que ela sempre fez.

Ser mãe, irmão, irmã de Jesus, é fazer a vontade de Deus!

FIQUE NA PAZ DE JESUS! - Olívia

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Domingo, 10 de junho de 2012
 Missionários Claretianos
10º Domingo do Tempo Comum



Santos do Dia: Arésio, Rogato e seus quinze Companheiros (mártires da África), Astério de Petra (bispo), Basílides, Trípode, Mandal e seus vinte Companheiros (mártires na Via Aurélia, em Roma), Bogomilo de Gnesen (monge, bispo), Cesúrio de Auxérre (bispo), Críspulo e Restituto (mártires da Espanha), Evremundo de Fontenay (abade), Getúlio, Cereal, Amâncio e Primitivo (mártires de Tívoli), Iladan de Rathlihen (bispo), Itamar de Rochester (bispo), Landérico de Novalese (monge, mártir), Landérico de Paris (bispo), Maurino de Colônia (abade), Máximo de Nápoles (bispo, mártir), Olívia de Palermo (virgem, mártir), Timóteo de Prusa (bispo, mártir), Zacarias de Nicomédia (mártir).

Jesus, com sua ação e sua palavra, desafia os costumes da época. Sua forma de agir se converte em uma ameaça para a autoridade política do momento; transforma-se em blasfêmia para o aparato religioso e se constitui em verdadeira vergonha para os mais próximos dele e até para os de sua família. Hoje vemos como a família de Jesus o busca, com o único desejo de deter sua ação no meio daquela sociedade. Jesus não é compreendido pelas pessoas de seu tempo, tampouco pela sua família. Ele, que era um líder social e religioso, vive na própria carne a rejeição e a incompreensão dos seus. As pessoas estão tão conformadas com a realidade em que vivem que não se imaginam em algo novo, não querem conhecer novas realidades, nem de Deus nem do ser humano, nem de sua sociedade. Jesus sabe que tem que pagar muito caro ao tocar nas estruturas de poder. A incompreensão é um dos testes para a autenticidade de nossa missão.
Os familiares acreditavam que Jesus estivesse fora de si, maluco; mais ainda: agora os líderes religiosos lançam o boato de que estava possuído por Belzebu, o chefe dos demônios, devido aos exorcismos que realizava.
A maneira mais eficiente dos inimigos tentarem abalar o prestígio de Jesus foi satanizar a sua obra. Jesus não seria apenas um louco digno de pena, mas um agente de Satanás. Jesus, porém, descobre suas más intenções. Aí aparece a forma como o mal se manifesta: na tentativa de perverter a intenção dos que fazem o bem. Porém o evangelista nos diz: com chegada do reino de Deus, com a chegada de Jesus, o mal vai ser derrotado. O bem vai vencer a maldade do coração humano e das estruturas sociais perversas. Jesus veio para isso: para destruir o reino do mal que destrói a dignidade do ser humano. E o demônio deveria ser detido e impedido de agir.
No mundo de hoje muitos procuram demonizar a atuação e o compromisso dos que são comprometidos com a justiça e a paz. Muitas vezes são tachados de demagogos, comunistas, pró-terroristas. A forma de descobrir o que é de Deus e o que não é já foi dada por Jesus: por seus frutos os conhecereis.
Oração
Senhor, que sejamos portadores de tua luz e tua paz. Que afastemos de nós toda treva e pecado. Ensina-nos a viver na alegria e que as pessoas sintam em nós a tua presença.


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Saudade do paraíso, vivência do reino e imortalidade na ressurreição
As leituras de hoje nos levam a refletir sobre a nossa condição humana de viver optando ora pelo bem, ora pelo mal. Estivemos no simbólico paraíso terrestre e decidimos sair dele para viver lutando pela sobrevivência, em meio a espinhos e dores. Muitos dos conterrâneos de Jesus não o aceitaram como enviado de Deus e lhe fizeram oposição, até mesmo seus irmãos. Após a morte de Jesus, viver, para o cristão, passou a ser a certeza de que reconquistaremos a nossa morada eterna e definitiva. Vejamos como as leituras que ouvimos nos ajudam a compreender esses mistérios.
1ª leitura: Gn. 3,9-15
A estulta serpente / o mal engana as pessoas
A primeira leitura de hoje faz parte de um bloco maior de texto: Gn 2,4b-3,24, escrito no século IX a.E.C. Trata-se de narrativa mitológica da condição humana no paraíso e fora dele. O trecho do qual nos ocupamos aqui fala da expulsão do paraíso. O que vem antes é bem conhecido de todos nós, ou seja: não havia ser humano para cultivar o solo. Havia um jardim com quatro rios e, no meio dele, duas árvores, uma da vida e outra do conhecimento do bem e do mal. Deus cria os seres humanos com o objetivo de eles gerarem filhos; Adão e Eva, o tirado da terra e a mãe dos viventes, que representam o ser humano de forma geral. Nunca existiram como personagens. Trata-se de profundo simbolismo; sua verdade não é da ordem da história positivista.
O casal é colocado nu no jardim, com a proibição de comer o fruto da árvore do conhecimento. Até que um dia a serpente, na sua estultícia, os engana, e eles comem do fruto proibido. O medo se apodera deles. Ambos abrem os olhos, veem-se nus e passam a ter vergonha, a ponto de terem de se cobrir com vestes de folhas que eles mesmos teceram. Ouvindo os passos de Deus, que passeava pelo jardim, eles se escondem, porque também já sentem medo. Deus os interroga pelo ato de desobediência. Homem e mulher acusam a serpente. Todos os três recebem um castigo do Criador. A serpente se arrastará e será pisada pela mulher, que, agora, chamada de Eva – a mãe dos viventes –, passará a ter dores de parto e desejo voltado para o homem; já o homem terá de tirar do solo maldito o sustento com o suor do seu rosto. O fim é trágico: a perda do paraíso. Para cobrir as vergonhas, eles recebem de Deus uma roupa de pele. Fora do paraíso, uma nova etapa se inicia na vida deles. O cultivo do solo para comer passa a ser um labor pesado e diário. O paraíso é lacrado. Um querubim e uma espada fulgurante passam a guarnecê-lo, impedindo ao ser humano o acesso ao caminho da árvore da vida.
Esse clássico texto da literatura bíblica foi, ao longo da história da humanidade, fonte de inspiração para tantos outros, para pinturas, discursos poéticos e moralistas. A esperança de retorno ao paraíso perdido e a saudade dele foram, e continuam sendo, objeto de desejo dos humanos, sejam eles judeus, sejam cristãos. Na sinagoga judaica, a árvore da vida recebe os nomes dos falecidos. Para os cristãos, Jesus é o caminho, a verdade e a vida em Gn. 2,4b-3,24. Com a sua morte e o seu sangue derramado na terra outrora maldita, a vida eterna volta a ser condição para o ser humano, que ressuscitará com ele. Na organização dos livros que compõem a Bíblia, há o cuidado de colocar, como livro final, o Apocalipse, que descreve uma nova Jerusalém Celeste – um novo Éden Celeste –, tendo no seu centro, também, uma árvore da vida. Alguns elementos desse mito que explicam a condição humana e sua relação com o sagrado merecem destaques, tais como:
a) Jardim: símbolo do paraíso terrestre. “Jardim” em hebraico é gan, que também significa proteger. No Oriente Antigo, na Pérsia e na Babilônia, era muito comum a construção de um jardim cercado. Os jardins podiam ser propriedade exclusiva de um rei, bem como simbolizavam o poder real e o seu controle sobre a agricultura e as fontes de água. Muitos deles eram ornamentais e serviam para o descanso do rei ou para a sua sepultura (2Rs. 21,18.26). Na leitura, o jardim é chamado de Éden. Éden é substantivo hebraico que significa “delícias”. O jardim passa a ser um paraíso celeste. Um paraíso das delícias em um jardim plantado no Éden (Gn. 2,8), região e lugar da felicidade plena. Deus é o companheiro do ser humano, que vive em plena liberdade sem se preocupar com nada. O mito expressa o desejo humano, que, na sua relação com o Sagrado (Vida), foi possível outrora e será novamente. Jardim é sinônimo de esperança, de vida realizada. Não é por menos que Is. 51,3 chama o Éden de “Jardim do Senhor”.
b) Árvores da vida e do conhecimento: a primeira árvore é o símbolo da imortalidade, a segunda, do conhecimento do bem e do mal. No último livro da Bíblia, o Apocalipse cita a árvore da vida no centro da Nova Jerusalém (Ap 22,2). A nova árvore da vida representa o novo céu e a nova terra. Trata-se de uma inclusão. Sabedor de sua condição mortal, o ser humano almeja a imortalidade. Ele sabe também que essa condição só é possível no Sagrado, em Deus. Por isso, o seu desejo será sempre o da imortalidade. Ninguém quer morrer, à exceção daqueles que perdem o sentido da vida. Na mitologia, a fonte da vida está na divindade, nos deuses, os quais não aceitam repassar esse segredo para o ser humano. No texto em questão, o fato de Deus passear pelo jardim demonstra que a vida humana está, no paraíso, bem próxima de Deus. Há, no entanto, um contraste: o fruto da árvore da vida confere imortalidade, o da árvore do conhecimento, a morte. Ao ser humano fica expressa a proibição divina de não comer o segundo fruto (Gn. 2,17). Ao ser humano, após comer mitologicamente esse fruto, é conferida a faculdade de optar pelo bem ou pelo mal. A primeira consequência de tudo isso foi a perda do paraíso.
c) Serpente: um animal astuto e falador, portador de falsas promessas, deixando as consequências para os humanos. A serpente no mundo antigo tinha vários simbolismos, sobretudo aqueles relacionados com a vida e o poder opressor de um país. O faraó tinha uma serpente sobre a sua cabeça para representar o seu poder, a vida e sua imortalidade. Na Babilônia, a divindade principal, Marduk, era representada por uma serpente-dragão. Em Israel, a partir de Gênesis, a serpente passou a significar a força do mal.
d) Punição: o encontro da serpente com os humanos se transformou em punição para a serpente, que deverá se arrastar pela terra e terá a descendência da mulher como sua inimiga. A mulher, por sua vez, terá dores de parto, e o homem terá de cultivar a terra com seu suor. A parceria entre Eva, Adão e a serpente resulta em sofrimento. O poder da serpente leva o homem a viver de suor e fadigas. A serpente, o poder dominador, precisa desse trabalho forçado para sobreviver. O homem se torna pó da terra e morre de tanto trabalhar. O mito explica o sofrimento pelo viés da opressão, que o lavrador conhecia.
Evangelho: Mc. 3,20-35
Escribas e irmãos de Jesus se opõem ao projeto de reino de Jesus, o novo Éden. A serpente/satanás continua agindo
O evangelho de hoje mostra Jesus na sua casa, a física e a dos pobres, por quem ele tinha especial apreço. Seus familiares, sabendo de suas ações, tentaram impedi-lo, julgando-o louco. Antes que chegassem seus irmãos, os escribas já dão a sentença: “Ele está possuído por Belzebu, bem como realiza tudo em parceria com satanás” (v. 22). Jesus se defende, dizendo que as suas ações não podem ser feitas em parceria com quem já é seu inimigo, satanás. Fazendo jogo com o substantivo “satanás”, aquele que divide, assim como a serpente da primeira leitura, Jesus demonstra que um reino e uma casa divididos não podem subsistir. Assim como no paraíso Deus condena a serpente, Jesus condena os escribas, acusando-os de blasfemadores do Espírito Santo, seu real parceiro na missão, e decreta que eles não terão perdão por tal atitude.
Nesse momento, Maria e os irmãos de Jesus chegam para se encontrar com ele. Tendo a multidão impedido a passagem deles, Jesus, avisado do fato, declara em alto e bom som que sua mãe e seus irmãos são aqueles que fazem a vontade de Deus. A resposta de Jesus, dura em um primeiro momento, teve várias repercussões entre os intérpretes desse texto. Irmão, em hebraico ’ah, significa irmão de sangue, mas também parentes próximos, patrícios e vizinhos. São Jerônimo dirá que no evangelho se trata de primos de Jesus. Os evangelhos apócrifos nos conservaram a tradição de que José, ao ser escolhido para casar-se com Maria, era viúvo, tinha 90 anos, quatro filhos – Judas, Justo, Tiago e Simeão – e duas filhas, Lísia e Lídia. Quando Maria chegou à casa de José, logo se afeiçoou a Tiago, o filho menor de José, que ainda sofria a ausência da mãe. Maria cuidou dele como mãe. O Evangelho de Mateus fala, por isso, de Maria, a mãe de Tiago (Mt 27,56), embora ela não o fosse. Sendo assim, os irmãos de Jesus são de criação. Portanto, Jesus, seguindo o mesmo trocadilho feito com o substantivo “satanás”, quis dizer que irmãos seus são também os que seguem os seus ensinamentos, povo e discípulos(as), incluindo sua mãe. Jesus não nega os seus irmãos, tampouco sua mãe. Isso não era possível na cultura judaica. Irmão aqui quer dizer aquele que assume a causa, ao contrário de satanás, aquele que divide, tornando-se uma serpente, assim como agiram os escribas.
2ª leitura: 2Cor. 4,13-5,1
A ressurreição nos confere a imortalidade querida pelo ser humano no paraíso
A primeira leitura nos apresentou o Éden como morada paradisíaca da condição humana, que, por sua opção, diante da liberdade proporcionada por Deus, acaba por perdê-lo. O ser humano alimenta uma saudade eterna por ele. Já o evangelho nos anuncia que Jesus é a esperança que nos mostra o caminho de volta. Ele age em parceria com o Espírito Santo e com todos os que são seus irmãos. Nesta terceira leitura, Paulo expressa sua firme convicção de fé na ressurreição de todos nós, no mesmo Deus que ressuscitou Jesus (2Cor. 4,13-15). O apóstolo lembra que vivemos num corpo, morada terrestre que será destruída em favor de uma morada eterna em Deus. Morre o ser humano exterior para viver o interior. É como se dissesse: saímos de Deus para morar num paraíso, perdemo-lo, mas, com a graça de Deus e o testemunho vivo de Jesus, voltaremos para a eternidade. A imortalidade querida pelo ser humano, ao comer o fruto proibido, só será possível com a ressurreição.
Pistas para reflexão
– Demonstrar à comunidade que a nossa vida é marcada pela lembrança do paraíso perdido e pelo mal que nos levou a perdê-lo. A parceira com a serpente, inclinação para o mal, ocasionou isso. Cabe-nos esmagar-lhe a cabeça, o lugar pensante de toda vil estrutura humana injusta. 
– Os irmãos de Jesus somos todos nós, seus seguidores. Muitas vezes, no entanto, tornamo-nos seus opositores, com satanás. A Igreja é a grande irmã de Jesus na construção da sociedade justa, espelho de seu reino. É uma pena que muitos cristãos e igrejas caminhem em sentido oposto. O reino de Deus é a nossa esperança de um novo Éden, já presente, mas em caminhada para a plenitude.
padre Jacir de Freitas Faria, ofm
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Adão, onde tu estás?
Temos saudade de  viver num mundo de harmonia.  Por vezes nosso interior experimenta terremotos e turbulências.  Temos vontade de dizer com  Paulo:  “Quem nos livrará deste corpo de morte”  A essa desordem de nosso coração não é de hoje.  A Escritura nos ensina que tudo começou quando nossos primeiros pais foram tentados pelo inimigo.  Adão  foge dos olhos de Deus.  Depois da queda não tem mais coragem de encarar o Senhor. Seu interior se agita e tudo nele se atropela.  Sim, o esposo de Eva, depois de comer do fruto que não podia ser colhido, tendo feito isto por sugestão da mulher,  fica desamparado e some da vista do Senhor.
“Adão, aquele que plasmei do barro da terra, Adão  que recebeste de minhas narinas o sopro da vida, Adão tu que circulavas pelo Paraíso e me encontravas no cair da tarde. De repente, desapareceste.  Onde estás?”
Adão dá explicação sem dar explicação. “Ouvi a tua voz no jardim e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi”.  O homem não dá a verdadeira explicação  que seria o ter desobedecido a Deus. Na verdade, a nudez de Adão que, antes do pecado, não era problema passou a ser motivo de perturbação.  Acontecera o pecado e a desordem estava instaurada. O livro do Gênesis dá a entender que a serpente, o tentador , a partir de então começou a perturbar a vida de nossos primeiros pais.  O Evangelho de  Marcos hoje proclamado vai dizer  que  Jesus nada tem a ver com Belzebu, o príncipe dos demônios.  Os seus adversários diziam queele estava possuído por um demônio, justamente aquele que viera para estabelecer uma luta terrível contra o inimigo.  Desde o deserto, passando pelas coisas da caminhada, e chegando ao abandono da cruz…Jesus será aquele que não se dobrará ao mal, terá como alimento fazer a vontade do pai e sendo de condição divina não hesitou em tomar a condição de servo, não aceitando o ídolo do prestígio. De aniquilamento em aniquilamento, não tendo uma pedra para reclinar a cabeça, até o  jardim das oliveiras e à colina do Crâneo,   Jesus vai vencendo o inimigo  para que com o dom de sua vida o pecado de Adão e o pecado de cada ser humano pudesse ser perdoado.  Para que pudéssemos olhar nos olhos do Senhor e não nos importamos com nossa nudez, nossa pobreza,  na obediência que se transforma em riqueza.
Paulo,  lembra que aquele que ressuscitou  Jesus dos mortos, também haverá de ressuscitar a nós.  E lembra:  “ Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando,  nossos homem interior, pelo contrário, vai se renovando a cada dia”.   A vida cristã é luta contra a tentação, contra as solicitações do mal, contra essa proposta que é sempre repetida.  “Se comerdes do fruto da árvore proibida serias como deus”.  Os homens de ontem e de hoje  sempre querem ser “deuses” .  Quando conseguem seus intentos precisam correr e buscar um esconderijo para esconder sua nudez….
“Ó homem, onde estás nesta altura de tua vida? Por que te escondes de mim?  Não te esqueças que no alto da cruz  arrancaram minhas vestes, expuseram minha nudez para que pudesse te vestir da graça. Onde tu estás?”
frei Almir Ribeiro Guimarães
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Os verdadeiros irmãos e os adversários de Jesus
No evangelho de hoje, Mc apresenta a exigência da conversão, da opção pró ou contra Jesus. Tudo gira em redor da pergunta pela origem de seu “poder”: virá do demônio (1ª leitura) ou de Deus?
Esta questão é tratada por Mc. num “sanduíche” literário. As fatias externas (3,20-21.31-35) são a tentativa dos parentes de Jesus para desviá-lo de sua pregação messiânica, sob alegação de que ele “está fora de si”, o que equivalia a dizer que ele estava possuído pelo demônio. Quanto à intervenção dos parentes, Jesus explica que sua verdadeira família não é a do sangue, mas a da fé operante: os que fazem a vontade do Pai (3,35). Ficamos chocados porque a mãe de Jesus está incluída entre os parentes. Mas isto acentua ainda mais a mensagem: a mãe de Jesus não tem prerrogativas por causa de seu parentesco carnal, mas por causa da fé (como Lc sugere numa duplicata do presente episódio: Lc. 11,27-28).
A fatia central (3,22-30) é a acusação de que Jesus exorciza pelo poder de Beelzebul (6). A resposta de Jesus contém três elementos.
1) Quanto a seu ”poder”: este não vem do demônio, pois como poderiam o reino ou a casa do demônio ficarem em pé, se fossem divididos? Convite velado para entender que o poder de Jesus vem de Deus e é aquela misteriosa “autoridade” do Filho do Homem, que Mc já apontou na primeira atuação de Jesus (cf. 4º domingo T.C.).
2) Quanto à pessoa de Jesus, uma pequena parábola: se alguém quer arrombar uma casa (esta palavra a liga com a imagem anterior) deve primeiro amarrar o “forte” que está lá dentro. Portanto, aquele que consegue isso, é o “mais forte” título com o qual Jesus tinha sido anunciado pelo Batista (1,7) e imagem messiânica (cf. Is. 49,24-25).3) Quanto aos escribas: eles se firmam no próprio pecado do demônio, o orgulho contra o Espírito de Deus. Mc. (3,28-30) utiliza aqui uma palavra que aparece, provavelmente num contexto mais original, em Lc. 12,10. Em Lc., significa que o que contraria o Filho do Homem (Jesus histórico) pode ser perdoado, mas não o que se faz contra o Espírito Santo, que auxilia os cristãos na perseguição (Lc. 12,11-12; a apostasia). Em Mc., significa que tudo pode ser perdoado (por Jesus ou por Deus, cf. Mc. 2,10.17), mas não o pecado contra o Espírito Santo, ou seja, a rejeição da força de Deus que se revela na atuação de Jesus, vencendo todo o mal.
A conclusão do conjunto (a segunda fatia do tema dos parentes), forma assim um contraste com a atitude dos escribas, a incredulidade levada a um extremo diabólico: unir-se a Jesus para fazer a vontade do Pai é pertencer à sua “casa”, comunidade de irmãos e irmãs.
A 2ª leitura é a continuação da de domingo passado. Paulo reconhece em Sl. 116[115],10 o Espírito da fé se expressando (é escrito sob inspiração do Espírito):
“Creio, por isso falo”. Tendo este Espírito, Paulo fala: seu testemunho evangélico a respeito da Ressurreição de Cristo e nossa. Isso é o que o toma firme (2Cor. 4,16). Mesmo que agora estejamos na tribulação (vaso de barro!), este “pesar” é leve em comparação com o “peso” da glória (“glória”, kabod, significa “peso”), pois nós enxergamos o que não se vê! A morada em que estamos (a existência neste mundo) será desfeita, mas teremos uma que não é feita com mãos humanas (termos que Cristo usou para anunciar sua ressurreição, cf. Me. 14,58).
O espírito global da presente liturgia é o da força de Cristo, em que devemos confiar, para que ela se manifeste em nós também.
(6). Este é um dos principais demônios. O judaísmo contemporâneo de Jesus tinha elaborado toda uma doutrina sobre os anjos e demônios. O demônio é considerado como um anjo decaído, por causa de seu orgulho, e isso, antes da criação do mundo. Em Sb. 2,24 é identificado com a serpente que seduziu o primeiro casal humano a pecar contra Deus, por orgulho, causando a morte. Por esta razão, a 1ª leitura de hoje é o relato do pecado original, terminando com o tema da descendência humana esmagando a cabeça da serpente. Mais tarde, este tema foi interpretado num sentido messiânico, como tratando não mais da raça humana em geral, mas de um descendente específico, o Messias, que venceria o demônio. É exatamente isso que é sugerido nas entrelinhas do episódio central do evangelho.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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Irmãos de Jesus!
A atuação de Jesus, depois de ser batizado por João Batista, provocou uma dupla atitude diante dele: a dos que acreditavam ser ele um profeta ou possivelmente o Messias, e a dos que, não acreditando, o consideravam um herege. Os homens e mulheres de boa vontade diziam que ninguém podia realizar aquelas obras e falar com tamanha autoridade, a não ser que fosse enviado por Deus. A atitude adversária se fundamentava no fato de que ele, Jesus, não observava certos preceitos da Lei Mosaica, como, por exemplo, trabalhar aos sábados. Logo, ele devia ser um emissário de Satanás. Seus próprios familiares, inclusive sua mãe, se preocuparam com o que andavam dizendo a respeito dele, pois alguns chegaram a afirmar que ele tinha ficado doido.
O projeto de Jesus era o de iniciar uma nova família de Deus, que ele denominou de "Reino de Deus." A este novo tipo de família espiritual irão pertencer aqueles homens e mulheres de boa vontade que, sem preconceitos, querem fazer a vontade de Deus, que ele vai explicitar ao afirmar que se trata de colocar a prática do amor como fundamento da verdadeira religião. Entre os integrantes desta nova família, sua mãe é a discípula número um, porque se colocou como a escrava do Senhor, quando disse "faça-se em mim segundo a vossa vontade." Era a atitude oposta àquela de Adão e Eva, no paraíso, ao comer o fruto da árvore, proibido por Deus.
O homem natural (carnal, na expressão de são Paulo) tende a fazer a sua própria vontade, quando segue seus instintos, muitos dos quais o conduzem à desobediência dos mandamentos. Como integrante do Reino de Deus, (a família de Jesus) o homem espiritual, interior, cresce em cada pessoa e em muitas pessoas, manifestando-se em ação de graças, para gloria do próprio Deus. O cristão de hoje, (é o desejo da Igreja), não pode desanimar, ao encontrar-se imerso em um mundo que favorece e incentiva atitudes comportamentais opostas ao plano de Jesus, sobretudo no que diz respeito à violência, ao egoísmo e ao consumismo. A decisão é individual e é a única que poderá proporcionar a paz interior, que somente o Cristo pode dar.
tradução "Prions en Église”
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"Quem é minha Mãe?"
Reiniciamos, no ano litúrgico, os domingos do tempo comum. A liturgia, através das leituras bíblicas, vai nos introduzindo nos Mistérios de Deus e iluminando a realidade humana.
No mundo em que vivemos, existem muitos males. Nasce espontânea a pergunta: "Qual é a sua origem?" Na busca de um responsável, somos levados a acusar alguém como culpado. A Bíblia tem uma resposta clara: a origem e a causa dessa situação é o pecado. O homem rompeu a sua relação amorosa com Deus e surgiu uma mudança essencial em sua vida.
Pretendeu libertar-se de Deus e tornou-se escravo de suas paixões e egoísmos.
A 1ª leitura fala da primeira família (Adão e Eva – Gn. 3,9-15)
Esses capítulos da Bíblia não querem mostrar como aconteceu no início... mas sim levar a refletir sobre o caos social em que viviam no tempo em que o autor sagrado escreveu. Deus fez todas as coisas perfeitas. Esse mundo conturbado não é o que Deus queria... então como deveria ser?
Qual é a causa e a origem de tudo isso? A "serpente" seduziu e continua seduzindo o homem para se apropriar dos frutos proibidos...
Consequência: surge a desarmonia na natureza, com os homens, com Deus...
- O homem não se encontra mais no lugar que lhe foi designado na criação.
  "Onde estás?" - Teve medo e se escondeu...
- Adão acusa Eva, Eva acusa a serpente...
- Sente-se "nu", despojado a dignidade com que foi criado...
- Abala a ordem da natureza: perde a fertilidade e produz espinhos e ervas daninhas. Mas a narrativa termina com uma mensagem de esperança: a luta entre a "serpente" e o homem continuará até o fim dos tempos. Mas a descendência da mulher conquistará a vitória final, esmagará a cabeça da "serpente".
O pecado é a origem do mal: rompeu a harmonia da criação de Deus. Para o autor sagrado, o paraíso terrestre é saudades ou esperança?
Na 2ª leitura, Paulo manifesta seu interesse pela Comunidade de Corinto e expõe os motivos pelos quais sofre com paciência: a esperança da ressurreição gloriosa e a fé no prêmio que espera. (2Cor. 4,13-5,1)
O Evangelho fala da Família de Jesus (Mc. 3,20-35)
Os familiares de Jesus chegam e, de fora, mandam chamá-lo. Não entram; ele que deve sair: querem levá-lo de volta a Nazaré. Estão preocupados... julgam que ele "está fora de si".
E Jesus: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?" A verdadeira família de Jesus, a partir de agora, é formada pelos que estão ao redor dele e fazem a vontade de Deus.
Os doutores da lei pretendem desprestigiar o Mestre diante do Povo e o acusam de endemoniado. Jesus contesta com duas imagens: o reino dividido e uma família dividida: não se mantém de pé.
A nova família de Jesus.
A verdadeira família de Jesus, a partir de agora, é formada pelos que estão ao redor dele, numa atitude de companheiros na ação libertadora, e que fazem a vontade de Deus.
A relação mais intima com Jesus não se faz através do parentesco de sangue, mas na sintonia com sua prática libertadora. Só quem passa do estar fora para o estar dentro, com Jesus, é que será considerado irmão, irmão e mãe de Jesus.
Maria era "Mãe" duplamente: porque gerou a Jesus e porque mais do que ninguém soube fazer sempre a vontade de Deus.
O pecado nasce e é fruto do orgulho.
- Adão acusa Eva... Eva acusa a serpente...
- Os judeus não aceitaram o desfio da conversão: e acusaram o Cristo como um endemoniado...
- E nós?  Procuramos sempre uma desculpa...
Reconhecer o próprio erro, por escabroso que seja, é sempre mais dignificante e libertador do que repassá-lo injustamente a outros.
Quem acusa está querendo se esconder atrás da acusação.
Quanto esposo acusando a esposa e vice-versa.
Quantos filhos acusando os pais e vice-versa.
Quantos adultos acusando os jovens e quantos jovens acusando os adultos.
Ouvimos toda hora parente contra parente, vizinho contra vizinho, patrão contra empregado e empregado contra patrão.
Há acusações necessárias e justas.
Há acusações que devem ser feitas e que não merecem punição.
Mas, muitas vezes, a pessoa que acusa está se defendendo.
Está escondendo algo de errado em si mesmo.
A acusação nunca leva a nada e acaba com o dialogo entre as pessoas.
Há uma necessidade de busca de diálogo e não de acusação.
Quando na sociedade for instaurado o diálogo, acabarão as acusações.
Ninguém mais estará escondendo sua covardia com a acusação.
padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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“A família de Jesus”
Neste domingo da graça do Senhor reunimos em torno do altar para dar glória a todas as coisas boas recebidas e por bendizer Seu Santo nome. Jesus é a luz que indica o caminho a ser seguida com segurança a fim de sedimentar a fé como princípio da adesão ao seu projeto de vida e de comunidade. No passado, Jesus concebido pelo Espírito Santo, se fez homem e habitou entre os víveres. Sentiu todas as injustiças sofridas pelo seu povo, não desanimou e partiu para a construção de uma  grande família. Para tanto, todos aqueles que temem a Deus e seguem seus preceitos são verdadeiramente irmãos, primos, pais e mães de Jesus, pois, superou a ordem estabelecida do homem da cidade grande (Jerusalém) e abraçou a verdadeira justiça que não aceita o mal como divisor do bem.
Mas aqueles que não compactuavam com a prática de Jesus o julgava como doido ou possuído de demônio. Com estas palavras tentavam desmascarar o trabalho lindo do Mestre que não tinha medo de denunciar as desordens estabelecidas pelos aproveitadores. Entretanto, enquanto o Homem de Nazaré percorria as periferias das cidades e os centros urbanos levando a mensagem da desalienação, os mestres da Lei juntavam-se num complô falaciano na tentativa de prendê-Lo para calar a voz da libertação.
Porém, como Jesus estava cercado por pessoas que compreenderam a lição na ponta da língua dificilmente corria o risco de ser preso ou exilado para sua terra natal. Não que Jesus escondia entre a multidão, afinal não tinha como esconder porque era uma pessoa pública, contudo, a multidão o protegia dos rastejadores do poder econômico e do poder político.
Veja como uma pessoa foi capaz de colocar um pedregulho no calçado de muitos sem coração! Jesus fez isto muito bem. Sendo um homem pobre, nascido no meio dos miseráveis, sem instrução necessária para concorrer com os ditos “sabidos” do templo, deixou todos com a pulga atrás da orelha: ou aceita os ensinamentos novos, para um novo Reino da justiça, ou acabe com ele para não deixar crescer a fúria do povo. É sabido de todos que quando o povo tem instrução e conhecimento real do que está acontecendo, nada segura o avanço do mesmo sobre seus direitos. Por isso que os “mandam chuvas” de Jerusalém temiam a reação do povo se Jesus continuasse insistindo em ensiná-los os caminhos para superar os obstáculos.
A condenação do mal no meio do povo já é bem antiga. Em Gênesis encontramos uma passagem em que o Senhor ao visitar Adão e Eva percebeu que estavam escondendo dele. Como pode minhas criaturas ter vergonha de mim? Dei tudo que precisava! Ah, esqueci que tinha proibido de comer dos frutos de  certa árvore, e com certeza, infligiram a regra e comeram! Foi isto mesmo que aconteceu. Eva e Adão deixaram o mal penetrar em suas vidas, em seu habitat e colocou tudo a perder. Agora sente vergonha do Seu Senhor. O Senhor, então,  perguntou ao mal (a serpente): “Por que fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastearás sobre o ventre e comerás pó todos os dias da tua vida!”. O senhor condenou o mal que deu vida mal para o homem que criou com prazer para embelezar a natureza.
Todavia, perguntamos: quais os males que insistem em desviar as virtudes boas do homem? Olha que tem males em quantidade elevada como: a cobiça, o ódio, a traição, as injustiças. Estes males destoem à vida solidária na sociedade, acabam com a estrutura da família, plantam a divisão num grupo que vivia em harmonia. Estes males foram condenados pelo Senhor.
Mesmo tão distante no tempo da criação parece que foi ontem que aconteceu a chegada do mal no seio da humanidade. São tantos males que insistem em praguejar a vida com Deus que acabam criando um mal-estar com a doutrina da fé. São pessoas desviadas do caminho correto sob efeito das drogas licitas e ilícitas, permeadas no mundo da corrupção, das vantagens e nas elucubrações alienantes. São pessoas viciadas no mau  que atacam vidas inocentes sob práticas de abuso sexuais em menores, estupros, mortes violentas e desovas de corpos.  Ainda por cima encontramos o mal fazendo dicotomia nas famílias; pais maltratam filhos, filhos matam pais, avós, ou seja, ninguém mais entende o outro, tudo por causa do encardido posto no meio da vida do homem.
Já na segunda carta de são Paulo aos Coríntios, lemos um motivo de ser fiel ao Deus, quando Paulo escreve: “(...) não desanimamos. Mesmo se o nosso homem exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se renovando dia-a-dia”. Para tanto, faz se necessário acreditar  na presença real de Deus, sem Ele não consegue o homem interior se refazer por completo. Isto acontece por causa dos males que tentam a todo custo pleitear o discernimento do homem exterior, ou seja, o mal sobrepõe o homem interior com severidade, cegando-o, e induzindo a caminhos errados.  Entretanto, Paulo afirma que fazemos parte da família de Deus e, portanto, temos a hombridade de segui-lo em todos os aspectos.
Neste contexto do mal, assolando a família de Deus, aparece no Santo Evangelho. Surgem dois grupos tentando tirar Jesus da cena. Primeiro surge seus familiares que acreditavam que Ele estava louco, por contrariar os costumes, as leis vigentes. Assim os parentes consideraram a atitude de Jesus uma loucura. Na verdade, os parentes de Jesus querem evitar que Jesus “saísse do normal”, isto é, contrariar as leis e costumes da época  era anormal, o normal seria obedecer cegamente e sem crítica as leis severas e as tradições retrógradas.  Mas, a prática de Jesus não condizia com as injustiças e, portanto deveria sim ser criticada e renovada para o bom uso do povo de Deus.  Veja que ainda hoje acontece esta cena: quem ousa a querer fazer interpretação diferente nas tradições alienantes ou resolve colocar o dedo na ferida de alguns homens de colarinho branco, com certeza, sofrerá sansões severas ou até poderá desaparecer sem deixar rastros. Lamentável esta situação na sociedade do século XXI que se diz democrática!
Continuando a reflexão notemos o segundo grupo que foi a Cafarnaum com a missão de prender o Mestre, eram os doutores da Lei, homens instruídos que tinha o poder de decidir o que se pode ou o que não se pode fazer. Chegaram com a sentença debaixo das mangas: “Ele está possuído por Belzebu” e “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”. Com isso acusaram Jesus de estar possuído pelo pior dos demônios e estava agindo em nome dele. Veja que blasfêmia, que torpeza.
Jesus sai deste imbróglio de forma magnífica: “como pode expulsar demônios pelo poder  do demônio é absurdo, pois se assim fosse, Satanás estaria destruindo a si mesmo”. Jesus sabiamente tinha como colocá-los na berlinda facilmente. Tentaram acusar Jesus de cura através do próprio mau. Isto é inconcebível. Do mesmo modo Jesus interpela: se um ladrão vai a casa de uma pessoa forte, primeiramente vai amarrá-lo, para dominá-lo, assim vai levar o que quiser, porém, se não amarar o dono da casa, com certeza encontrar dificuldade em agir. Contudo a cartada fulminante vem em seguida na afirmação de Jesus: “quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado, pois a culpa desse pecado dura para sempre”. Se quiserem acabar com Jesus, vai ter muito trabalho, pois o Espírito Santo, que é Deus, penetrou no Ser de Jesus e nenhum mal vai conseguir derrubar.
Os argumentos dos doutores da Lei se voltam contra si pelo descuido ou pela sede exagerada de eliminar a verdadeira justiça. Pois querendo impedir que Jesus realize sua prática nociva para o sistema que defendem, negam para si a possibilidade de entrar no Reino.
Portanto, a grande família de Jesus são todos aqueles que aderiram ao seu projeto e, por conseguinte, fizeram a vontade do Pai. Não que Jesus desconhecesse seus pais e irmãos, mas a grande família dava segurança e vivacidade no seu projeto.  Tanto que em sua casa, cercados de pessoas admiradas, não enxergou seus parentes fora da casa, mas quem estava dentro da casa eram pessoas compromissadas com seu projeto e assim a vontade de Deus pode ser realizada através dele. Amém!
diácono Claudinei M. Oliveira
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Fazer a vontade de Deus
Em Cafarnaum Jesus deixou uma de suas marcantes mensagens: “Quem faz a vontade de Deus esse é meu irmão minha irmã e minha mãe” (Mc. 3,35). Deus e homem verdadeiro, enquanto homem pôde solenemente asseverar: “Não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). A exemplo de Cristo cumpre sempre realizar o que Deus quer. Já Davi assim se expressava: “Eu quero fazer tua vontade, meu Deus; e tua lei está no fundo do meu coração” (Sl. 40,8).
O salmista desejava que a verdade estivesse no seu íntimo e, por isto, ele pedia ao Todo-Poderoso: “Faz penetrar a sabedoria dentro de mim” (Sl 51,6). Sem as luzes do Espírito Santo é impossível discernir o que Deus deseja de cada um em particular, dado que para todos ele declarou a sua lei expressa no Decálogo, a qual se acha, igualmente, impressa na consciência de todo ser humano. Como o ser racional é frágil e sua inteligência está obnubilada por força do pecado original, eis o pedido que está no salmo 143: “Ensina-me a fazer tua vontade; porque tu és o meu Deus. É tão bom o teu espírito que ele me conduza por vereda plana” (Sl. 143,10). Assim procedem os que amam o Senhor e almejam fazer em tudo seu santo desígnio. Portanto, submissão e obediência ao Ser Supremo devem caracterizar o verdadeiro imitador de Jesus. O cristão deve estar consciente de que não há nenhuma alegria profunda, nenhuma felicidade perfeita longe de tudo que a sabedoria divina traceja para cada um.
O próprio Deus assim se expressou através do profeta Isaías: “Ai de vós, filhos rebeldes, diz o Senhor, que executais intentos que não vos sugeri e que estreitais ligas que eu não inspirei! (Is. 30,1) Fazer a própria vontade é ser cativo do mal, pois só é livre quem adere inteiramente a Deus. Impõe-se então uma questão: Como saber se estamos fazendo sempre a vontade do Senhor? A resposta é dada por são Paulo que assim escreveu aos Colossenses: “Não cessamos de orar por vós e de pedir que vos seja concedida a plenitude do conhecimento da vontade de Deus com toda a sabedoria e inteligência espiritual. Assim podereis comportar-vos de maneira digna do Senhor e agradar-lhe inteiramente, produzindo frutos de toda a espécie de boas obras e progredindo no conhecimento de Deus” (1Cl. 9,10). É que Deus sempre manifestou e patenteou sua vontade, a questão é saber se nós queremos, de fato, fazer o que ele deseja, mas isto com toda sinceridade. Conhecer esta vontade é penetrar fundo nas mensagens bíblicas, sobretudo em tudo que Jesus ensinou. Lemos na Carta aos Hebreus: “Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas” (Hb. 1,1-2).
São Paulo, que perscrutou as Escrituras com rara acuidade, resumiu numa frase esplendorosa o que é estar de acordo com o Criador de tudo: “Esta é a vontade de Deus a vossa santificação” (1Ts. 4,3). Esta consiste na união com Cristo que afirmou: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4,34). Eis por que o Concílio Vaticano II doutrinou: “Por causa de sua mais íntima união com Cristo, os bem-aventurados consolidam toda a Igreja na santidade” (LG 49). Trata-se, pois, a santidade de uma realidade vivida deliberadamente, que penetra a existência da pessoa justamente porque, com a riqueza do seu ser e com a espontaneidade de sua vontade livre, se une a Deus entregando-se a ele com o calor do amor. É o caminho seguro que conduz à salvação eterna. Deste modo, sendo a vontade de Deus a santificação do cristão a santidade de vida significa, em conseqüência, a total entrega a Deus.
A incorporação em Cristo obriga o batizado a estar totalmente disposto ao sacrifício mais sublime do amor a Deus e ao próximo. Todo cristão por ser cristão é chamado, portanto, a ser santo no sentido estrito da palavra, fazendo, como Jesus, em tudo, o que Deus quer, como está expresso na Sua palavra revelada a qual se encontra nas Escrituras e nas inspirações contínuas do Espírito Santo. Tal deve ser, de fato, a união do cristão com o divino Redentor, que, fazendo sempre a vontade divina, ele se torna, realmente, seu irmão, sua irmã, sua mãe, ou seja, ocorre uma total inserção nele. A recíproca é verdadeira: quem não observa os Mandamentos se encontra, portanto, inteiramente longe seu Salvador, o Senhor Jesus.
cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
A liberdade diante do bem e do mal
Os textos deste domingo pretendem ensinar que a raiz de todos os males não está em Deus, mas no fato da humanidade prescindir de Deus e abdicar de construir o mundo a partir de critérios de justiça, paz e solidariedade. O egoísmo e a auto-suficiência são caminhos que conduzem a humanidade à desgraça, ao sofrimento e à morte.
O mistério do mal é o que provoca o maior questionamento na cabeça dos homens e mulheres em todos os tempos. Este tempo não podia ser exceção. É normal que assim seja, ninguém deseja o mal, mas pouco fazemos para o evitar. Ele existe por todo lado.
O mal resulta das escolhas erradas, do orgulho, do egoísmo e da ganância. O viver orgulhosamente só, mais tarde ou mais cedo conduz à tragédia, porque os caminhos humanos sem Deus e sem o amor, constroem enormes cidades de egoísmo, de injustiças, de pobreza, de marginais, de prepotência, de sofrimento, de desgraças de toda a ordem…
Os textos da missa deste domingo ensinam também que deixar Deus de lado e caminhar fora do Seu projeto de salvação, conduz ao confronto, à hostilidade com os outros. A seguir emerge a injustiça, a exploração, a insegurança, a desconfiança, a pobreza, a violência. Os outros deixam de ser irmãos, para passarem a ser ameaças ao bem-estar e aos interesses pessoais. Tudo isto conduz a guerras terríveis, que cerceiam a felicidade, a alegria e a festa que Deus deseja para todos.
Daqui advém a inimizade com todos e com o resto da criação. A natureza deixa de ser «casa comum» que Deus ofereceu a todos como espaço de vida e de felicidade, para se tornar um objeto que se explora egoisticamente sem olhar à sua grandeza, às suas regras, à sua beleza e à sua dignidade. Por isso, todos estamos a pagar seriamente pelos atentados ecológicos e a exploração desmedida da natureza que a ganância humana produziu.
São Paulo apresenta a convicção de que será melhor nos concentrarmos nas «coisas invisíveis» que são eternas ao invés de estarmos fixados nas «coisas visíveis» que são passageiras. É muito difícil de se aceitar isto, mas pensando bem, o Apóstolo tem toda a razão. Mas, acreditemos que Deus, apesar de todas as nossas limitações, também nos ressuscitará para vida eterna, exatamente como ressuscitou Jesus Cristo.
Jesus no Evangelho acerca-se da Galileia para cumprir a Sua missão de anunciar o Reino. A onda de contestação começa a crescer, os líderes judaicos políticos e religiosos começam a opor-se à novidade do Reino. As polêmicas e controvérsias marcam esta fase da caminhada de Jesus. Nada que não seja inspirador para nós se nos empenharmos na luta pela justiça, pela verdade e pelo bem para todos. Não tenhamos medo.
padre José Luís Rodrigues
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"Aqui estão minha mãe e meus irmãos"
Domingo dos verdadeiros parentes de Jesus. A Igreja professa sua fé em Deus, fonte de todo o bem. Como explicar, então, e conviver com a existência do mal? A liturgia deste Domingo enfrenta esta questão e responde com a própria Palavra de Deus: "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele.
Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta na vida de todas as pessoas e grupos que fazem o que é agradável a Deus.
Antífona de entrada: O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem poderei eu temer? O Senhor é o baluarte de minha vida: perante quem tremerei? Meus opressores e inimigos, são eles que vacilam e sucumbem (Salmo 26/27,1-2).
Primeira leitura - Gênesis 3,9-15
Depois do pecado, Deus não acaba o diálogo com o homem: vai à procura dele, chama-o e fala com ele (vs. 8-9). O "homem", envergonhado e amedrontado (v. 10), procura lanças as culpas sobre a "mulher" (v. 12) e esta sobre a "serpente" (v. 13) que é a única a ser amaldiçoada por Deus (v. 14).
Adão e Eva, antes amigos de Deus, agora se escondem. É o lado psicológico do pecado: o escrúpulo, o medo, a insegurança, o sentimento de culpa. Para designar o desequilíbrio emocional, resultante do pecado, o autor sagrado apresenta o casal com vergonha de comparecer nus diante do Senhor, com quem antes conversavam tão familiarmente, apesar da nudez. Ao sentimento de pudor une-se ao de remorso. Romperam-se as relações e Deus, juiz universal, pede contas, insinuando, porém, desde o início, como Criador e Pai que vai reatá-las, embora fora do paraíso. Ao pecado segue-se o julgamento divino, salientando-se a astúcia da Serpente. A proibição e respectiva ameaça foi dada diretamente a Adão. É a ele que Deus se dirige em primeiro lugar poucas palavras "onde estás"? Adão tenta justificar-se, culpando, traindo sua esposa e, afinal, responsabilizando o próprio por lhe ter dado uma companheira tão frágil e tentadora. Inclusive parece querer diminuir sua culpa, dizendo que aceitaria da companheira apenas uma fruta. "Eis a soberba! Não aceita o pecado. Em lugar de humilde confissão, a desordem, a confusão"! (Santo Agostinho, PL 34,449).
O Senhor, então, se dirige à Mulher que, por sua vez, acusa a Serpente. A desculpa dela é mais procedente, pois reconhece ter sido ludibriada pelo Maligno. O juiz divino leva em conta essa diminuição, sem porém isentar a Mulher do pecado. É a história do homem: peca, não aceita, busca pretextos, culpa os outros, vai à procura de atenuantes... mas Deus lhe pedirás contas.
A Serpente é um ser inteligente e maldoso, que encarna o espírito do mal e conhece o preceito divino, instigando o homem a desobedecer-lhe. E, nessa desobediência, o livro sagrado vê a causa de todo mal. A cobra é talvez o animal que mais repugnância e aversão instintiva provoca. Com certeza é um bicho "maldito"; ela sempre foi num réptil por natureza, mas o autor sagrado, teologizando, vê nessa atitude e no "comer o pó" uma humilhação, um indício de abatimento e derrota, ao passo que o caminhar ereto é sinal de realeza; os ofídios, isto é, os animais que se assemelham à Serpente, não se nutrem de pó, como pensavam os antigos (Isaias 65,23.25; Salmo 71/72,9; Miquéias 7,17). "Comer o pó" simboliza a derrota da Serpente, não como simples animal, embora divinizado na cultura Cananéia, mas como símbolo do mal, autor como Adão e Eva, do pecado.
A serpente foi escolhida pelo autor sagrado para desempenhar o papel de tentador. As razões são várias. No Oriente Próximo principalmente no culto cananeu, com efeito, a serpente representa a divindade da fecundidade, tanto a dos campos quanto a das mulheres. E muitas mulheres, em Israel como nas nações vizinhas, de boa vontade recorriam ao culto da serpente pra garantir um casamento fecundo. Aos olhos de Israel era o símbolo de toda a iniqüidade e a origem principal da apostasia e superstição. Por isso a serpente pode simbolizar a narração da queda como quem atua como adversário de Deus. Chama-se "o mais astuto de todos os animais", simbolizando a ciência secreta divinizada e da magia.
A descendência da Serpente, em sentido coletivo, é o conjunto das forças do mal que, aliadas à Serpente, lutam contra Deus. Paralelamente à descendência da Mulher, como coletividade, seriam as forças do bem que promovem o Reino de Deus e lutam contra seus inimigos, vencendo todos eles (cf. Apocalipse 11,19a; 12,1.3-6a.10ab), primeira leitura proclamada na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora.
A maldição da Serpente esclarece uma constante do Primeiro Testamento. Quando Deus pune o homem, a condenação jamais é absoluta: um futuro permanece possível. De certo modo, esse relato destaca que Deus sempre se põe ao lado do ser humano. No momento mesmo em que amaldiçoa a Serpente, Deus abre o caminho para a esperança. Segundo Gênesis 2,8, as maldiçoes jamais têm a última palavra. Elas podem acumular-se uma após a outra (Gênesis 3,14-20; 4,11-14; 6,5-7.10), mas a bênção termina sempre por triunfar (Gênesis 8,21) e por orientar o sentido da história.
Jesus Cristo, e somente Ele, pode conhecer o bem e o mal e passar da vida à morte, mas à maneira de um Deus que triunfa sobre a morte por sua vida que ninguém pode tomar, e que vence o mal por um perdão sem medida.
A todas as pessoas que conhecem, depois de Adão, a morte e a vida, o bem e o mal, a Eucaristia oferece o fruto da árvore da vida que Adão não pode comer (v. 22), a fim de que um pouco de vida divina neles lhes permitem justificar o mal e vencer a morte.
Salmo responsorial - Salmo 129/130,1-8
Salmo penitencial De profundis é utilizado na liturgia dos fiéis defuntos, não como lamentação, mas antes como expressão de confiança e de esperança. Também quem está mergulhado na sombra da morte ou passando por uma situação muito difícil, espera do Senhor "misericórdia, redenção" e vida (cf. v. 7). O Salmo 129/130 é uma súplica individual, com convite à assembléia. Sete vezes é invocado o nome do Senhor no breve salmo.
A profundeza é temível para os israelitas, incompreensível, semelhante à morte e o Xeol. De sua profundidade humana o homem grita, e seu grito sobe até o céu A profundidade radical é o pecado, que distancia a pessoa humana de Deus, e o envolve em escuridão. Só de Deus pode vir o perdão, por isso a pessoa humana deve respeitar a Deus com respeito sagrado. Em sua ignorância e obscuridade o ser humano pode atravessar a obscuridade com seu grito; depois aguarda a resposta. Como a aurora devolve a luz, assim Deus enviará seu favor.
É preciso descobrir o rosto de Deus neste Salmo como o "aliado" do povo. O esquema do Êxodo (clamor, descida de Deus e libertação, resgate ou redenção) está bem presente neste Salmo. Deus se mostra, mais uma vez, o Deus da Aliança (a palavra "redenção" recorda o resgate de escravos. Mas há outros aspectos igualmente interessantes. Atingindo as profundidades da própria alma, o ser humano descobre sua fraqueza e miséria totais. Aí, então, clama. E o clamor se torna a expressão da alam e da vida. Prestando atenção no clamor, Deus desce para ver o que há em nossas profundezas. Surpreendentemente, Ele deixa de investigar as culpas da pessoa ou do povo, e se apresenta como aliado que se compadece. Sua resposta é perdão (v. 4a), a graça e a redenção (v. 7b). Ao invés de infundir medo por meio de castigos, infunde respeito ao pecador por meio do perdão (v. 4).
A palavra "redenção" ecoou profundamente em Jesus. Em Mateus 1,21 se diz que Jesus irá salvar (isto é, redimir) seu povo dos seus pecados. Além disso, o episódio de Marcos 2,1-12 apresenta Jesus perdoando os pecados do paralítico. Cura-o pela raiz, devolvendo-lhe liberdade e vida.
A liturgia cristã ama este canto penitencial e está também no Ritual das Exéquias. Embora a Igreja e cada um dos cristãos tenham sido tocados já pela luz de Cristo, vivem na profundeza do mundo, e pecam. A redenção abundante de Cristo vai se realizando continuamente, muna expectativa contínua de redenção definitiva.
Embora tenhamos sido tocados pela luz de Cristo, vivemos ao mesmo tempo a pobreza de nossa condição humana. Com este salmo, gritamos a Deus, das profundezas de nosso pecado, contemplando a salvação que vai se realizando em nós gratuitamente.
Segunda leitura – 2 Coríntios 4,13-5,1
A fé descrita por Paulo ilumina o ver e o sentir, o falar e o rezar, a mente e o coração, o dia-a-dia e a esperança das pessoas. "Acreditamos e por isso falamos" (2 Coríntios 4,13), estamos convictos de que "Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há de ressuscitar" (2 Coríntiso 4,14); "Tudo é por vossa causa", "tudo é graça" (cf. 2 Coríntiso 4,15), "por isso não desanimamos" (4,16). A fé cristã consiste em "olhar para as coisas invisíveis" (cf. 2 Coríntios 4,18), as que o Senhor constrói para nós (2 Coríntios 5,1).
Paulo sabe ler com fé a sua situação triste e atribulada. Sabe que a "glória", a "ressurreição e a redenção" passam através do sofrimento e da morte (cf. 2 Coríntios 4,7). O destino do Apóstolo segue as pisadas do destino de Jesus. A fé faz ver as coisas invisíveis aos olhos humanos (2 Coríntios 4,18), a fé consiste em ver as coisas como Deus as vê. A lente divina que permite ver o que é invisível: Jesus Cristo morto e ressuscitado.
Da fé, consiste em ver tudo e todos à luz de Jesus Cristo, nascem as outras duas virtudes teologais: a caridade/graça, que se torna força para suportar as provações e "hino de louvor" para glória de Deus (2 Coríntios 4,15); e a esperança/certeza de saber que nem tudo em nós é corruptível (2 Coríntios 4,16) mas, pelo contrário, Deus está a construir para nós uma "habitação eterna" (2 Coríntios 5,1).
Esse texto de Paulo mostra, então, a ressurreição do cristão como algo de futuro, excluindo que ela já tenha acontecido no batismo (cf. Colossenses 3,1-2,12), como significando um tempo cronológico no passado.
A parte física, corruptível do homem pode se consumir e sua força vital ser aniquilada, o homem interior, espiritual criado em nós no batismo, porém, é imortal, animado pela fé e o Espírito Santo. Cada dia de novo recriado pela força do amor de Deus, ele assume a imagem de seu Criador (cf. Colossenses 3,10) torna-se criatura. A esperança é portanto maior que as tribulações, pois a força interior da graça levará à vida da glória, à salvação definitiva, tornando nosso corpo ação do Espírito Santo que o realimenta.
Hoje Paulo diria: se o nosso homem biológico caminha para a ruína, o nosso homem psicológico e espiritual se renova a cada momento da nossa caminhada cristã para o Reino definitivo.
A eucaristia alimenta sem cessar a reconciliação da esperança teologal com a esperança humana. Com efeito, ela convida os cristãos à construção do Reino e purifica-os de seu egoísmo, colocando-os em condições para o mais lúcido exercício de seus recursos. Mas convida os cristãos ao mesmo tempo a mobilizar estes recursos, assim transfigurados, para a construção de uma cidade humana onde ele testemunhará, o mais possível, a vitória cotidiana sobre a morte e sobre o ódio.
Evangelho - Marcos 3,20-35
Em toda a primeira parte do Evangelho de Marcos (capítulos 1-8) surge uma pergunta que salta de página em página: quem é Jesus? Quem é esta pessoa que fala com autoridade e atua com poder? As suas palavras sacodem e fascinam, os Seus milagres colocam interrogações. Coloca medo o poder que demonstra até sobre os espíritos maus. Os discípulos têm dificuldade em compreender, mas permanecem junto do Mestre, a multidão oscila entre entusiasmo e curiosidade; mas no texto de hoje os escribas e os fariseus procuram desacreditá-Lo, apresentando-O como possuidor de um poder diabólico (cf. vs. 22-30). Os parentes, preocupados, procuram levá-Lo para casa (v. 21).
Com argumentos convincentes (vs. 23-27) e libertando os endemoninhados (cf. Marcos 1,23-27), Jesus procura dar a entender que Ele é, mas sem encorajar falsas interpretações da Sua condição messiânica. São palavras dramáticas as que dirige a quem impugna a verdade conhecida (vs. 28-29), e mostram-se duras até as palavras dirigidas aos parentes (vs. 33-35). A fé é mais importante do que os próprios vínculos de sangue.
O pecado contra o Espírito Santo. A resposta de Jesus é um dos textos que melhor acentua a força de perdão presente em Deus. A discurso começa com a palavra hebraica "amen" (= "em verdade") que tem um sentido afirmativo reforçado. O Cristo diz "aos homens tudo será perdoado, os pecados e até as blasfêmias" (versículo 28). Impossível perdoas mais!
Porém, diante de tanta bondade de Deus, há entretanto o famoso pecado contra o Espírito Santo que parece abrir uma exceção. O que significa exatamente? Conforme o contexto imediato, é o seguinte: quem atribuir, de má fé, às forças do mal o bem gerado por Jesus Cristo exclui-se a si mesmo do plano salvador de Deus. Não é Deus que recusa o perdão, é o pecador que recusa em acolher a salvação oferecida gratuitamente pelo Pai através do Espírito Santo que age em Jesus. É a própria pessoa que se fecha, radical e voluntariamente, por causa da cegueira e dureza de coração (Marcos 3,5). Tal recusa de conversão impede o perdão. Nisto entendemos a blasfêmia contra o Espírito Santo ou, em outras palavras, o pecado eterno (v. 29).
Os versículos de 31-35 relatam o verdadeiro parentesco de Jesus. Os três sinóticos contam este episódio, seja antes do ensino em parábolas (Mateus/Marcos, seja depois (Lucas.
Em Marcos, a chegada da mãe e dos "irmãos" (= os primos) de Jesus (cf. Mateus 12,46) constitui uma seqüência direta aos vs. 20-21. Jesus está pregando na casa de André e de Simão. Por causa da multidão, Maria e os outros familiares não podem falar pessoalmente com Jesus. Por causa disto, mandam alguém avisá-Lo de sua presença.
É um fato muito banal do qual Jesus vai aproveitar-se para mostrar que veio reunir todas as pessoas numa só família. A dureza aparente da sua resposta desaparece se considerarmos que Jesus está falando não com os membros da sua família, mas sim à multidão. Em termos atuais, Jesus diria que sua família não se restringe aos vínculos do sangue: reúne todos aqueles que fazem a vontade de Deus (parentes espirituais), o Pai de todos os homens e de todas as mulheres. Com efeito, o Espírito que o Filho veio trazer é um espírito de comunhão e participação no próprio Amor de Deus que se exerce soberanamente perdoando a todos. É só acreditar e agir de maneira conseqüente.
O ser humano foi criado livre: portanto, não pode ser o joguete de outras criaturas, mesmo espirituais. Foi isto que Cristo veio revelar libertando-se desta solidariedade cósmica que o envolvia como homem, e libertando seus irmãos do domínio das potencias do mal.
Esperando a clara manifestação desta vitória, o cristão se encontra envolvido por duas solidariedades opostas: ora ele cede ao pecado, e mergulha na primeira; ora escuta a Palavra e obedece a ela, e elabora, assim, a solidariedade do novo Reino.
Esta escuta da Palavra toma corpo na liturgia da Palavra e colocá-la em prática, na obediência, constitui o conteúdo do sacrifício espiritual oferecido na Eucaristia que contém os nutrientes para alimentar a nossa fé em nossa caminhada tão cheia de perigos.
Da Palavra celebrada ao cotidiano da vida
No Evangelho, os adversários de Jesus querem dizer que Jesus também tem uma inclinação para o mal, isto é, esta "ambivalência" que parece ser natural no ser humano: o bem e o mal. Ao dizer que ele está "possuído" por Belzebu, indagam sob qual inspiração Jesus age. Quem está por trás de seu trabalho, uma vez quer a mentalidade judaica via os demônios como seres pessoais, capazes de se relacionar com o homem e a mulher e influenciá-lo? Aqui encontramos a conexão com a primeira leitura. Adão e Eva se deixaram induzir pela palavra da Serpente, imagem usada no relato do Gênesis para personificar o mal. Jesus deixa claro na parábola para nós e, sobretudo, na conclusão da narrativa evangélica, que age sob o impulso/inspiração de Deus: "quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe". Jesus age como o "Novo Adão", o ser humano totalmente novo, livre da inclinação para o mal porque é ciente de sua origem: o próprio Deus. Os cristãos, pela fé, sabem que estão ao lado de Jesus. Sabem que Ele - o Cristo Senhor - corresponde a seu "homem interior", que sustenta suas atitudes em obediência à fé. Ressuscitados com Jesus, os cristãos têm a consciência de serem homens e mulheres pascais, cuja postura não pode ser quebrada pela inclinação ao mal, uma vez que esta foi definitivamente vencida.
A mensagem da liturgia da Palavra está cheia de esperança. Jesus é o redentor e o salvador de todos e de cada um, de cada pecado e de todos os pecados. Há um só obstáculo capaz de se opor à ação universal e redentora de Cristo: a recusa em reconhecê-Lo como Redentor, ou então não reconhecer a nossa necessidade Dele. Este é o pecado contra o Espírito Santo. Só a fé nos consente reconhecer o nosso pecado e nos dá a possibilidade da salvação.
A celebração é momento de firmar os passos neste caminho, de escutar a Palavra de Deus e discernir a sua vontade sobre nós, de nos confiar no Espírito Santo que suscita em nós o desejo de amar e servir.
A Palavra se faz celebração
A liturgia expulsa de nós a inclinação para o mal
A celebração cristã do Dia do Senhor alimenta este "homem interior" em nós. Anima e mantém nossa atitude de fidelidade à vontade de Deus. Por isso, pedir inspiração que guie nossas ações é a única súplica admissível nesta celebração dominical. A liturgia exorciza, expulsa de nós toda e qualquer inclinação para o mal. É animador perceber como esta noção vai sendo amadurecida nos ritos e  nas preces da celebração dominical: a oração sobre as oferendas reza: "vede nossa disposição em vos servir e acolhei a nossa oferenda para que este sacrifício vos seja agradável e nos faça crescer na caridade". De fato ao nos reconhecermos como povo convocado por Deus e reunido no Espírito de Cristo, somos curados da influência do "príncipe deste mundo", pois ele perde o trono e é incapacitado como possível líder de nossos atos. É o próprio Senhor quem nos guia e preside: "Ó Deus, que curai os nossos males, agi em nós por esta Eucaristia, libertando-nos das más inclinações e orientando para o bem a nossa vida" (Oração depois da comunhão).
Avaliar nossa caminhada de fé
Ao regressar para nossas casas, para o convívio com os familiares, parentes, amigos, vizinhos e colegas de trabalho é preciso verificar o que nos inspira a estar com eles. Quem, de fato, conduz nossos atos, estabelece nossas posturas e direciona nosso coração? Este é um exercício permanente que devemos fazer, revisando nosso caminhar. Conscientes de quem somos e do que queremos da vida, não nos dobremos à maldade! Não nos escondamos atrás de justificativas que fazem da maldade algo necessário ou irremediável, não façamos da mentira uma verdade.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Muitas vezes vamos a uma celebração e não conseguimos avaliar a importância dela na nossa vida, o quanto ela faz a comunidade crescer do ponto de vista espiritual, psicológico. Não percebemos a dimensão missionária da liturgia que nos envia ao mundo. Isso porque vamos às celebrações por devoção, para conseguir alcançar graças, cura, solucionar problemas e só.
A celebração é o momento culminante da nossa vida, o kairós, de firmar nosso compromisso com Jesus, com a Igreja missionária. Mas é preciso acolher a Palavra de Deus, deixar que ela nos converta e transforme a nossa a nossa vida para fazer a vontade do Pai e servir aos irmãos e irmãs, sobretudo os doentes, os pobres, os abandonados. A celebração ao mesmo tempo que faz memória de Jesus, renova para nós a mesma compaixão que Ele teve das pessoas. Atualiza para a comunidade e cada um de nós, a prática de Jesus.
A força do Pai e do Filho Jesus, não estão na ostentação do poder econômico e político, mas na fraqueza daqueles que se organizam para um mundo melhor para vencer os males.
Reunidos em comunidade em torno da mesa da Palavra e do Altar, para celebrar a Divina Liturgia, peçamos ao Pai, no Filho e na unidade do Espírito Santo a mesma prece do salmista de hoje: "No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra".
padre Benedito Mazeti
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Quando a gente está super ocupado, costuma-se dizer que não se tem tempo nem para comer, esse evangelho começa constatando exatamente isso, pois Jesus e seus discípulos chegaram na casa de alguém onde pretendiam tomar uma refeição, mas um grande número de pessoas foram ali á sua procura e Jesus teve que lhes dar atenção. Não ter mais tempo para si, vai ter para os seus parentes a conotação de loucura “Ele está fora de si”. Amar as pessoas preocupar-se com elas, doar-se aos serviços da comunidade para servir a Deus e aos irmãos, nos tempos da pós-modernidade também soa como uma loucura, pois vivermos no mundo das relações mercantilizadas onde tempo é dinheiro e perder tempo com coisas que não dão nenhum retorno, é realmente coisa de louco.
Pior que esses parentes de Jesus que não entendiam á sua missão, eram  os escribas que atribuíam suas ações libertadoras e curas prodigiosas  á Belzebu, príncipe dos demônios, acusando Jesus de fazer o Bem, através da força do mal, o que era uma grande incoerência, pois Bem e Mal são duas coisas que jamais podem agir em conjunto, se as obras de Jesus eram boas em si mesmo, curava e libertava as pessoas, elas jamais poderiam provir do mal.
Em nossa sociedade também sofremos desse mal, porém no sentido contrário,  querendo atribuir ao Bem algo que provém do mal, senão vejamos, para muitos, inclusive cristãos, a pena de morte, o aborto, o divórcio, a eutanásia, são coisas do Bem, e já tem até traficante de Favela pousando de herói do povo, defensor dos pobres, dos velhos e das crianças. Quando isso acontece e essa mentalidade começa a dominar a todos, é porque se está cometendo o temível pecado contra o Espírito Santo, que Jesus afirma não ter perdão. E que pecado terrível será este?
Exatamente o mesmo que os Escribas e os parentes de Jesus cometiam: o de não acreditar e não aceitar a Graça que Jesus nos trouxe, em uma recusa contra a ação Divina, libertadora e Salvadora nele presente, e colocada a favor das pessoas. Quem comete esse pecado está apostando todas as suas fichas nas forças do Mal presente no mundo, por crer no fundo, que esta é mais poderosa que o Bem supremo que Jesus nos oferece.
O Mal já foi derrotado por Jesus mas o homem ainda não se apercebeu disso, o Reino está presente na vida da humanidade, não de maneira ostensiva como a Força do  mal, mas como semente em desenvolvimento e que requer cuidado e atenção para crescer e ser a maior de todas as árvores, mas o homem imediatista deste tempo prefere acreditar no Mal e deixa de investir e acreditar no Bem.
diácono José da Cruz
Tive a curiosidade de contar quantas vezes aparece o verbo dizer no evangelho de hoje. Conte para você ver. Parece que o evangelista quer salientar aqui o que o povo anda dizendo de Jesus. Jesus toma posição e funda uma nova família.
1. O que andam dizendo os parentes de Jesus?
A “casa” de Jesus anda cercada de carentes, aleijados, doentes etc. É nesse meio que Jesus se sente “em casa”. Mas os parentes de Jesus não o compreendem, não conseguem entender sua ação libertadora. Eles diziam que Jesus estava fora de si, e queriam agarrá-lo, ou seja, impedir a realização de seu projeto libertador.
2. O que andam dizendo os doutores da lei?
Eles vinham de Jerusalém, centro da oposição ao projeto de Jesus. Eles diziam que Jesus está possuído por Beelzebu e que é pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios. Duas fortes acusações a Jesus, a de seus parentes carnais e a de sua família religiosa.
3. Jesus responde com três imagens
Nas duas primeiras, ele diz que o reino, ou a família de Satanás, não pode brigar contra si mesma, pois assim ela seria destruída. A 3ª é a do assalto à casa. É Jesus que é o homem forte, que amarra Satanás e rouba-lhe os seus bens. Satanás é o chefe supremo dos demônios. Os bens de Satanás são as pessoas oprimidas, despersonalizadas e marginalizadas pelo sistema social, político e religioso da época. Na verdade, estas pessoas foram aprisionadas por Satanás e Jesus vem libertá-los.
4. O pecado contra o Espírito Santo
É o pecado de não aceitar que é o Espírito Santo quem atua em Jesus. É não aceitar sua libertação física e espiritual através da doação de sua vida e do perdão. É fechar-se em si mesmo e não querer ser perdoado por Jesus. É não acreditar na força e no poder de Jesus.
5. A nova família de Jesus
Jesus rejeita aqueles que querem estar ligados a ele apenas pelo parentesco de sangue, ou de nacionalidade ou de religião. Ele funda uma nova família, constituída daqueles que estão AO REDOR DELE, daqueles que têm a coragem de passar do lado de fora para o lado de dentro, ou seja, para dentro do seu projeto libertador dos pobres e oprimidos. É essa a vontade de Deus, e só quem se dispõe a fazer a vontade de Deus é que faz parte da nova família de Jesus. Será que todos os que frequentam a Igreja fazem parte da nova família de Jesus?
dom Emanuel Messias de Oliveira
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A força regeneradora e libertadora do reino
1ª leitura: Génesis (3,9-15)
O egoísmo do pecado
1. Esta leitura (usada na festa da Imaculada Conceição) é a manifestação teológica de um autor chamado javista que se limita a pôr por escrito toda a tradição religiosa de séculos, em ambientes culturais diversos, sobre a culpabilidade da humanidade: Adão e Eva. Hoje já é claramente aceite que não é necessário entender tudo isto como se se tratasse de um só casal humano. Os simbolismos do relato permitem-nos tudo isso e mais, uma vez que cientificamente o monogenismo não resiste a uma análise coerente. O pecado, pois, entorpece-nos, envolve-nos, fascina-nos, inunda-nos numa liberdade desmesurada, até que vemos que estamos com as mãos vazias, nus, e sem nada do que pensávamos que íamos conseguir fora dos planos de Deus. Então começam as culpabilidades: a mulher, o ser fraco perante o forte, como sucedeu em quase todas as culturas. E, pelo meio, aparece o mito da serpente, como símbolo de uma inteligência superior a nós mesmos, ou de uma força obscura que pode conosco, que não é divina, mas que o parece.
2.O mal foi sempre descrito miticamente. Mas, na realidade, o mal somos nós que o fazemos e o projetamos para aquele que está na nossa frente, especialmente se é mais frágil, segundo a única visão cultural equivocada. Quem poderá libertar-nos disto? Sempre se viu neste texto uma promessa de Deus; uma promessa para que possamos perceber que podemos vencer o mal, sem o projetarmos sobre o outro, se soubermos amar e valorizar quem está ao nosso lado; neste caso, o homem à mulher e a mulher ao homem, e, assim sucessivamente, grupos familiares, povos, raças. Todos somos chamados a amar o bem e a transmiti-lo…mas, desgraçadamente, os nossos caminhos separam-se. Só Deus pode garantir-nos o melhor e devemos tê-lo em conta, acolhê-l'O, obedecer-Lhe e procurá-l'O sempre.
2ª leitura: 2Cor. (4,13-5,1)
A morte vai-se transformando em vida
1. O tema "escatológico" que Paulo desenvolve neste momento da 2Cor. é de verdadeira transcendência. O apóstolo está mais aberto que nunca à sua própria morte e já não está preocupado com a "Parusia" (como se pode verificar em 1Tes e em 1 Cor), porque sente que a sua vida como pessoa e como apóstolo se vai gastando a pouco e pouco. Por isso, não vai recorrer a um desenvolvimento filosófico, mas à sua experiência pessoal que todo o crente deve ter com Jesus Cristo, com a sua morte e a sua Ressurreição. Mas, mais ainda, o "emissário" do Evangelho deve estar na disposição de viver esta vida em Cristo: entregar-se à morte, para que os outros vivam deste Evangelho. Assim é dito clara e manifestamente em 4,12: "deste modo, a morte acontece (energeit) em nós e em vós a vida". Isto significa que enquanto o apóstolo, por causa do Evangelho, vai gastando a sua vida, nessa medida semeia vida na comunidade que acolhe aquela mensagem. Paulo expressou esta identificação com Cristo noutros momentos, como em Gl. 2,20 ou em Fl. 3,7-11. Mas o fato de agora apoiar o seu ministério no kerygma: morte e ressurreição de Jesus, é porque serve extraordinariamente à metáfora paradoxal do "vaso de barro" e do "tesouro". O pregador do Evangelho experimenta, portanto, pessoalmente, a doutrina da salvação na sua dupla dimensão de morte e de vida. Não se pode viver senão morrendo, da mesma maneira que Cristo não pôde ressuscitar ou "ser ressuscitado", sem passar pela debilidade da morte. Se todos os cristãos, pois, tivessem que acolher esta experiência soteriológica de identificação com Cristo, não seria, por isso, o apóstolo menos responsável por este ministério.
2. Daí que o apóstolo associe a sua sorte e salvação à da comunidade. É o que vai expressar, além disso, com o apoio de uma fórmula de ressurreição:"Aquele que ressuscitou (egeíras) Jesus nos ressuscitará (egeirei) com Jesus e nos apresentará juntamente convosco" (4,14). Esta fórmula primitiva de tom apocalíptico, sem dúvida, parece retocada por Paulo naquela última parte ao unir o seu futuro ao da comunidade. Isto mesmo se confirma com acrescentos em 4,15, uma vez que viveu e vive esta experiência pessoal-apostólica para que a comunidade possa louvar a Deus. É uma das páginas escatológicas de Paulo, provavelmente a mais distanciada do início. De 1 Tes 4 e inclusive de 1 Cor 15, e a que mais deu que falar em torno dos conceitos escatológicos da vida depois da morte, juntamente com Fl. 1,22-25. A consciência da nékrôsis, ou seja, da afirmação da experiência da morte, sob a imagem da casa e do vestido, é um contributo substancial vivido como pessoa e como apóstolo. As duas coisas, portanto, são inseparáveis. Devemos esforçar-nos por ler aqui uma convicção de Paulo de que já não é necessária a Parusia como em 1Ts. 4,15. No horizonte da sua vida e com todos os sofrimentos, a doença, a sua missão perspectiva-se para o futuro, não somente do ponto de vista existencial, mas verdadeiramente escatológico.
Paulo não fala de forma dualista, nem apenas do homem interior, mas de todo o seu ser, de toda a sua pessoa.
Evangelho: Marcos (3,20-35)
Face ao "demoníaco" a família dos filhos de Deus.
1.De entre as curas de Jesus, vale a pena falar da "desdemonização" como chave do anúncio da presença do Reino. Mas isto, hoje, não pode ser abordado simplesmente como "expulsão dos demônios", fenômeno de "exorcistas" que tanta curiosidade provoca às vezes, mas da libertação da mente e do coração de que sofria e padecia todo aquele que estava sob a influência do demônio, de Belzebu, como personalização de tudo aquilo. A cultura da doença no judaísmo e, especialmente na Galileia, tinha estes tons tão dramáticos de pessoas perturbadas. O drama é que tudo isto era encarado como um castigo e um abandono de Deus.
É neste ponto que Jesus atua com o seu ato "desdemonizador". E se o Reino de Deus não se reduz simplesmente a um conceito, mas que é uma força que transforma, Jesus liberta todas estas pessoas estigmatizadas pelos vizinhos e devem ser as primeiras a experimentar a misericórdia de Deus.
2. Por isso, a acusação de que Jesus atua em nome de Belzebu é negar-Lhe todo o pão e o sal do Reino que anuncia e da sua misericórdia. A parábola é, portanto, sintomática: não pode atuar em nome de Belzebu e expulsá-lo. Tem de ser em nome de uma força maior, mas é isso o que não querem aceitar. Não há poderes mágicos nem ocultos, mas uma palavra de vida, de aproximação, de misericórdia, de gratuidade em nome do mesmo Deus que negam a estes desgraçados. É uma terapia psicológica, mas mais que isso, teológica, e espiritual a que os seus adversários não podem resistir. Não é preciso entrar nos termos técnicos dessas doenças da mente, porque o eram também do coração. Na realidade, era então tanto uma doença cultural como religiosa, que Jesus não estava disposto a aceitar perante a sua mensagem evangélica de alegria e de amor.
3.Aquela acusação que quer dar a entender o redator do Evangelho, é justamente o que vem a ser a blasfêmia contra o Espírito Santo. Tratava-se, sem dúvida, de uma "afirmação" de Jesus independente que agora, aqui, assume todo o seu sentido: acusá-l'O de estar a pactuar com Satanás, porque libertar os "endemoninhados" é faltar a toda a verdade. É colocá-l'O do lado das trevas, quando vem trazer a luz; é alinhá-l'O ao lado dos cobardes, quando vem a ser a mesma força salvadora e libertadora de Deus; é inseri-l'O no âmbito de uma cultura malsã de Satanás, quando tudo experimenta e o faz em nome de Deus e da sua bondade. É este o pecado contra o Espírito.
4. A cena que lemos de Marcos, é rematada com aquela dose de maldade até ao ponto de pretenderem responsabilizar a própria família de Jesus para que arranje remédio para o assunto: "A sua mãe e os seus irmãos" vieram para O levar e convencê-l'O a deixar aquele caminho. É uma notícia concisa, dura, realista, sem dúvida. Que uma parte da família não O apoiasse na sua atividade de profeta itinerante, não deve surpreender-nos; é um dos pontos que hoje são assumidos na aproximação à vida histórica de Jesus. A sociedade galileia tinha as suas próprias identidades socioculturais e, nestes casos, não se perdoa nem a uma pessoa nem à sua família. Mas Jesus responde como tinha de responder. Sem renunciar à Mãe nem aos irmãos, estende a sua família a todos os doentes e desvalidos que encontraram na sua "terapia espiritual" uma família nova que os acolha e zele por eles. São os seguidores do Reino de Deus que, libertando-se dessa inaceitável cultura demoníaca, sentem, de verdade, que Deus está com eles nos seus sofrimentos.
fray Miguel de Burgos Núñez
tradução de Maria Madalena Carneiro
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Pobres de Cristo
Sermos pobres de Jesus Cristo é sabermos que tudo Lhe devemos e vivermos como tudo vindo d'Ele. É saber que em Jesus Cristo, Deus é o primeiro a amar-nos, que não cessa a todo o instante de ser Ele que nos ama primeiro, Aquele que em nossas vidas tem constantemente a iniciativa.
É compreender – e de uma maneira muito concreta e na realidade quotidiana – que a sua obra em nós conta muito mais do que a obra que Lhe oferecemos.
Aprendi a dizer: "Meu Deus acolhe o meu dia, eu recebo-o com tudo o que me dá, bem mais do que "ofereço-Vos o dia".
O que eu posso oferecer é apenas o espírito com que o recebo. Ser um pobre de Cristo é ser dono de méritos que não queremos fazer valer.
Deus ama-nos livremente e não porque os nossos títulos a isso o obriguem. A sua liberdade desperta a nossa; o seu dom atrai o nosso consentimento; a santidade não é mais do que o encontro destas duas liberdades
Robert-Guelluy († 1.999)
tradução de Maria Madalena Carneiro
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