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sábado, 12 de maio de 2012

Amem uns aos outros como eu vos amei


Mãe. Parabéns pelo seu dia!

DOMINGO 13 DE MAIO

Comentários-Prof.Fernando


Amem uns aos outros como eu vos amei

Jo 15,9-17

Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês; portanto, continuem unidos comigo por meio do meu amor por vocês. Se obedecerem aos meus mandamentos, eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos mandamentos do meu Pai e ele continua a me amar. 
- Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa. O meu mandamento é este: amem uns aos outros como eu amo vocês. Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua vida por eles. Vocês são meus amigos se fazem o que eu mando. Eu não chamo mais vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que o seu patrão faz; mas chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai. Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e dêem fruto e que esse fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê tudo o que pedirem em meu nome. O que eu mando a vocês é isto: amem uns aos outros.


Imitemos Jesus no amor mútuo

Introdução


Jesus hoje nos convida a imitá-lo. Ele que nos amou até as últimas conseqüências, nos garante que Ele não é o nosso superior, mas sim  nosso amigo, dando-nos a liberdade de choramingar as nossas mágoas e com Ele e desabafar a  toda hora que precisarmos. Pois podemos contar com a sua ajuda, tanto é que Jesus deu o maior exemplo de amizade e amor por nós, doando a sua vida pela humanidade.  Desse modo, Jesus nos convida a amar-nos uns aos outros como Ele nos amou, e essa prática do amor mútuo é para o nosso próprio bem. Não só para termos uma vida sem complicações, sem violência, mas para podermos alcançar a vida eterna.
Hoje também estamos celebrando a pessoa de Maria, e, portanto, homenageando a todas as mães, principalmente a nossa, a qual segue ou deveria seguir o modelo de Maria, a mãe das mães, não só pelo fato de ser a mãe de Jesus que é Deus, mas também porque, ela é o modelo que a nossa família deve inspirar, para que tenhamos vida em abundância.
Irmãos. Ao celebrar esses mistérios, precisamos tem em mente que só o fato de relembrá-los mesmo com todo respeito, devoção e reverência, não basta. Precisamos levar uma vida que corresponda ao que nos ensinou o Cristo ressuscitado.
É preciso que deixemos que  Deus esteja realmente conosco, no meio de nós, derramando a sua luz e o seu espírito sobre nós, sobre as nossas famílias , em nossas paróquias, sobre a Igreja, para que tenhamos forças para vencer o nossos egoísmo, superar o nosso preconceito, e sermos mais caridosos com palavras mais também em atos concretos.
Caríssimos. Deus não faz distinção de pessoas, mas sim Ele aceita quem o teme e pratica as suas palavras assim como a justiça. Se Deus não tem preconceito a nenhuma  pessoa, então, por que  nós temos de discriminar? O certo é que amemos uns aos outros, porque o amor nos vem de Deus.  Aquele que não ama, mas sim procura destruir o irmão, não conheceu a Deus que enviou o seu Filho ao mundo para nos avisar dos perigos relacionados à nossa salvação, e nos deixar através da Igreja, tudo o que precisamos para alcançar a vida eterna.
Prezados irmãos. Vamos permanecer no amor de Cristo, pois só temos a ganhar com isso.  É uma grande tolice o que o mundo nos ensina. Uma alegria falsa, fora do amor de Deus.  A verdadeira alegria de viver consiste em guardar, e praticar os mandamentos de Jesus, principalmente aquele que sintetiza  toda a vontade do Pai. Amar uns aos outros como Ele nos amou.
E fazemos isso tolerando, ajudando o irmão em suas necessidades, corrigindo-o, rezando por ele, ensinando-o o Evangelho de Jesus Cristo, respeitando, cumprimentando, não discriminando, com um sorriso sincero, sofrendo com ele, dando-lhe a mão no momento em que ele mais precisa, escutando-o, não sendo falso, não falando mal, etc, e não apenas dando beijinhos que muitas vezes são beijos de Judas, e muito menos prometendo a ele o que você não pode  ou não quer  dar.

José Salviano

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"PERMANECEI EM MIM..." –Diac. José da Cruz


13 de maio -  VI Domingo da Páscoa

Ás vezes quando me deparo com o evangelho de São João, apelo para o meu imaginário grupo de debates onde o Maneco, membro de uma comunidade das mais simples, replica, logo após a conclusão “Eta” que esse tal de João gosta de complicar, porque não vai direto ao assunto?” Já o Ernesto, que é encarregado em uma empresa, gosta de ver o jeito de Jesus falar com os discípulos nesse evangelho, “Esse Jesus é dos meus, lá na fábrica é assim que eu digo para a minha turma “Se quiser ser meu amigo, faça o que eu mando”. Confesso que tomei um susto, não tinha reparado que o versículo 14 é exatamente assim “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando”.
Esta não é uma frase solta no meio do texto, mas há sempre o perigo de se fazer uma leitura fundamentalista da Palavra de Deus, pois o meu irmão de grupo gosta de ser mandão na comunidade, porque é essa a sua rotina na empresa, e assim ele se identifica com Jesus, que nessa frase parece mesmo ser “mandão” e autoritário, bem do tipo, se não for pra fazer do meu jeito, então não quero. Entretanto o ensinamento é outro... Foi quando Dona Maria, que trabalha de doméstica há muito tempo, fez uma observação interessante, que eu nem havia pensado. “O senhor me desculpe, pode ser que vou falar bobagem, porque não tenho estudo de teologia, mal fiz o antigo ginásio, mas parece que Jesus diz aí, que ele nos trata como amigos e não como servos, mas o gozado é que ele mesmo falou em um outro evangelho, que veio para servir e não para ser servido, quem serve é servo”.
Dona Maria não quer nem saber se o jeito de João escrever seu evangelho é diferente dos sinóticos, mas parece que “matou em cima” a questão intrigante. Na relação de trabalho, quem serve é quem é mandado, na comunidade enquanto igreja, quem serve é aquele que ama. Diante dessa observação feita ao grupo, levantou-se o “Mota” pessoa que na paróquia é o responsável em buscar as hóstias e partículas no Mosteiro das irmãs. “Óia gente, andei contando por curiosidade e vi que só nesse evangelho, João escreveu nove vezes o verbo amar, acho que isso quer dizer alguma coisa” Parece que o Mota “mordeu a isca” -- pensei com meus botões - Quem experimentou tão intensamente e de maneira profunda, o amor de Deus manifestado em Jesus de Nazaré, não vai mais falar de outra coisa na vida, que não seja desse amor, não é a
toa que o evangelho o chama de “Aquele discípulo que Jesus amava”, não porque o Senhor o amava mais que aos outros, mas porque ele, o discípulo, compreendeu que Jesus é o Amor do Pai manifestado entre os homens, não só compreendeu, mas experimentou, e esta manifestação não é exclusiva para alguém, mas a todos os homens.
Roseli, uma jovem que também integra o nosso grupo, e que anda nas nuvens porque está namorando um catequista da comunidade, fez um comentário belíssimo “Então a gente pode dizer que Jesus é o amor ESCANCARADO de Deus para os homens!”. Escancarado é aquilo que não se tem como esconder, não dá para disfarçar, como os olhos brilhantes da Roseli, quando está perto do namorado. Quem se sente amado por alguém, não tem como disfarçar a alegria, o bem que a outra pessoa lhe faz, só de estar perto, e aqui dá para entender a expressão “Eu vos digo isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja plena”.
A descoberta de que Deus nos ama tanto, e de maneira apaixonada em Jesus, faz a gente se tocar, a vida ganha um novo sentido, um novo horizonte se descortina, pois há uma palavra chave em João, que nos permite sonhar esse sonho realizável, que é ser feliz plenamente. Permanecei em mim. Permanecei no meu amor. Quem ama quer o outro sempre junto, e aqui, o poder de Deus torna-se frágil diante da liberdade humana, Deus não pode nos manter junto dele, sem o nosso consentimento, sem a nossa vontade! Cá entre nós, sei que é isso que acontece com a Roseli, que se encantou com o moço da catequese, eles até estão namorando, mas a verdade é que ele, embora muito sério, não está muito afim da coitada, mas para não magoá-la, mantém o namoro, e o pior é que um dia, uma amiga confidenciou à Roseli essa verdade, e para espanto da outra, a Roseli disse simplesmente “Não tem problema, eu só quero amá-lo, não precisa que ele me ame”.
Pronto, chegamos a um ponto culminante da nossa reflexão, Deus quer e sempre quis, e sempre vai querer nos amar, mesmo que não seja correspondido, o seu amor Ágape é o amor oblativo, é o verdadeiro e único amor, enquanto que o nosso jeito de amar é ainda tão pequeno, não passa do amor Filia. Afinal, quem é que conseguiria retribuir a altura, todo esse amor e ternura, que Jesus Cristo tem por cada um de nós? Esta é uma dívida impagável...
Entretanto há algo que podemos fazer, que está ao nosso alcance, e que faz com que Deus se sinta correspondido em seu amor... “Amais-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. O “ASSIM COMO...” não é uma exigência que o nosso amor seja perfeito como o dele, mas se refere a gratuidade e incondicionalidade, se amarmos desse jeito as pessoas, já está de muito bom tamanho.
Amar assim é ir além da "FILIA", é meio caminho andado para o AMOR ágape. Permanecer em Cristo e no seu amor, é viver de tal forma a comunhão com ele, que o nosso jeito de ser, de viver e de amar, acaba refletindo para o próximo, o próprio Cristo. E assim, em nosso amor tão frágil, as pessoas descobrirão a fonte do verdadeiro amor, que é Jesus Cristo, foi isso que aconteceu com João, e que revolucionou a sua vida, ele olhou para Jesus, e descobriu nele o Amor de Deus, por isso deu com a boca no trombone e saiu falando aos quatro cantos, QUE O NOSSO DEUS É AMOR! ( VI Domingo da Páscoa – João 15, 9-17).

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Domingo
"Não somos nós que escolhemos a Deus, mas somos Seus escolhidos para produzir frutos que permaneçam." – Maria Regina

                                       Ser feliz é o único compromisso que temos com Aquele que nos criou. Tudo o que Deus quer é a felicidade do homem. Somos felizes quando vivemos com amor e alegria os mandamentos do Senhor que estão impressos no nosso coração. Eles são como a receita que o Pai nos dá para que tenhamos uma vida feliz. Jesus mesmo é quem nos orienta: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”.
                                  Assim, Ele declara com todas as letras o Seu grande amor por cada um de nós e nivela este amor com o amor que Ele próprio recebe do Pai. Assim sendo, nós nunca poderemos dar desculpas de que não produzimos frutos de amor porque não temos amor em nós. O Espírito Santo é o nosso motivador. É Ele também o Amor com que o Pai nos ama. Se, permanecemos no poder do Espírito Santo permanecemos no amor de Deus e cumprimos os Seus mandamentos.
                              Os mandamentos de Deus revelam o Seu grande amor por nós, portanto o Senhor nos dá tudo de que precisamos para que possamos produzir frutos de amor. Pensamos que fazemos opção e escolhemos amar a Deus, no entanto, não somos nós que escolhemos a Deus, mas somos Seus escolhidos para produzir frutos que permaneçam.
                           Se deixarmos de olhar para as pessoas e conseguirmos acolher o infinito amor do Pai, por meio de Jesus Cristo e manifestado pelo poder do Espírito nós daremos frutos abundantes de amor, de justiça e de perdão poderemos testemunhar para o mundo a esperança de uma vida nova. Reflita – Você tem apreendido o Amor de Jesus? – Você tem produzidos frutos que permaneçam? – quais os frutos que você tem produzido dentro da sua casa: – alegria, compreensão, perdão, harmonia? – A seu ver quais os frutos que precisam ser semeados no mundo, hoje? – Você é servo  ou amigo  de Jesus? – Você tem Jesus como seu amigo ou acha que Ele está distante de você?
amém
abraço carinhoso
Maria Regina
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“COMO MEU PAI ME AMOU, ASSIM TAMBÉM EU VOS AMEI”. – Olívia Coutinho
Dia 13 de Maio de 2012

Evangelho 15,9-17

VI DOMINGO DA PÁSCOA

            Um coração humano, quando tocado pelo amor divino, torna fonte de luz no mundo, a tirar da escuridão, muitos corações sombrios!
Quem se abre ao amor de Deus, tem a sua vida transformada!
O amor é a fonte de água viva, que irriga todo o nosso ser, com uma alegria contagiante!
            Quem ama, mesmo sem perceber, deixa transparecer essa alegria que transborda do coração!
A alegria do cristão, não se resume em um sentimento superficial, inconsistente, pelo contrário, é uma alegria duradora, consistente de origem divina, que  brota do coração, pela força do Espírito Santo!
Somos chamados a viver uma intimidade profunda com Deus, fazendo a experiência de Jesus em nossa vida, para assim, entrarmos na profundidade do amor do Pai!
No evangelho de hoje, Jesus, em mais um de seus discursos de despedida, por ocasião de sua partida para o Pai, faz chegar ao coração dos discípulos, uma grande consolação, enchendo-os de esperança!  E essa consolação e esperança chegam até a nós, firmando em nossos corações a mais bela certeza: fomos criados por amor e para o amor!
Jesus nos ensina algo muito valioso para nossa vivencia do dia a dia, Ele nos faz um apelo, que permaneçamos no seu amor.  Permanecer no amor de Jesus, é observar os seus mandamentos, é estar o tempo todo  em sintonia com Ele, é dar testemunho Dele, onde quer que estejamos.
O mundo carece de amor, e nós, permanecendo  no amor de Jesus, tornamos portadores e anunciadores do amor que pode mudar o mundo, transformando as trevas em luz.  
O amor incondicional do Pai, que se revela em Jesus, merece de nós, uma resposta de amor que só poderemos dar, se O enxergarmos no rosto do nosso irmão!
Não podemos esquecer nunca, que o amor desejado por Jesus, deve ser uma relação em cadeia: amar e ser amado, Jesus ama o Pai e nos ama, como o Pai o ama!  E  nós somos chamados a amar o irmão, como Ele nos ama!
A prática do amor, trazida por Jesus, nos leva a verdade que nos torna livres, portadores de uma alegria interior, capaz de transformar a realidade em que vivemos!
Quando Jesus insiste para permanecermos no seu amor, é porque de fato, o amor realiza-nos, fortalece-nos, é o caminho para a eternidade!
 Podemos cantar, falar muito sobre o amor de Deus, mas só iremos compreendê-lo verdadeiramente, se colocarmos em pratica este amor!
O amor de Deus vai se manifestando em nós, a medida de nossa obediência aos seus mandamentos, que tem como chave, o mandamento primeiro: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a te mesmo. Quem cumprir verdadeiramente este mandamento, com certeza, cumprirá todos os outros.
A sede de um povo é conhecer o Pai, e Jesus veio matar esta sede, pois quem vê Jesus, vê a face humana do Pai!
O amor do Pai é derramado em nós, pelo Espírito Santo, portanto, vamos vivenciá-lo, permanecendo no amor do Filho!
Fortalecidos pelo Pai, guiados pelo Filho, e iluminados pelo Espírito Santo, viveremos aqui na terra, as alegrias do céu!

FIQUE NA PAZ DE JESUS! - Olívia
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Domingo, 13 de maio de 2012

6º Domingo do Páscoa

Nossa Senhora de Fátima (Memória facultiva).
Outros Santos do Dia:Ano de Verona (bispo), Erconvaldo de Londres (monge, bispo), Eutímio, o Iluminador (abade), Glicéria de Trajanópolis (virgem, mártir), Inês de Poitiers (abadessa), João, o Silencioso (eremita da Palestina), Mervina de Rumsey (abadessa), Múcio de Bizâncio (mártir), Natal de Milão (bispo), Onésimo de Soissons (bispo), Pedro Regalado (franciscano), Servato de Tongres (bispo), Valeriano de Auxerre (bispo).

Primeira leitura:
Atos dos Apóstolos 10, 25-26.34-35.44-48
O dom do Espírito Santo também foi derramado sobre os pagãos. 
Salmo responsorial: 97, 1-4
O Senhor fez conhecer a salvação e revelou sua justiça às nações.
Segunda leitura: 1João 4,7-10
Deus é amor. 
Evangelho: João 15, 9-17
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos

A imagem da videira e dos ramos é empregada por Jesus para fazer referencia à necessidade da comunidade cristã de estar com Jesus, especialmente nos momentoso de crise e de perseguição. Este texto é um chamado urgente à comunidade do discípulo amado, para que se mantenha firme no projeto alternativo iniciado por Jesus, tal como os ramos devem estar unidos à videira com a finalidade de permanecer vivos e fecundos.

Na passagem encontramos uma das expressões mais frequentes no evangelho de João: “Eu sou”. Esta expressão tem uma característica peculiar no texto lido: a expressão eu sou refere-se a Jesus (Eu sou a Videira), mas que se torna extensiva aos discípulos por meio da terminologia “eu sou/vós sois” (vós sois os ramos), isto indica a relação viva entre Jesus e seus seguidores, entre Deus e seu Povo, a exemplo do Antigo Testamento, onde Israel era chamada a vinha de Deus (cf. Is 5, 1-7).

Seguindo este esquema proposto pelo Antigo Testamento, Jesus é a Vida e seus seguidores, o novo Israel. A união íntima de Jesus com o pai o converte em uma videira fecunda, viva e radiante, diferente de Israel que muitas vezes se separou de Deus, perdendo sua identidade como povo eleito. A comunidade de discípulos se converte então em Novo Israel, são os novos ramos da videira, chamados à fidelidade, para que não sejam separados de Jesus e não sequem e sejam consumidos no fogo.

A permanência na videira e a fecundidade dos ramos/crentes, dependem totalmente da união à videira; dependem da fidelidade a Jesus. Sem Jesus, a comunidade de discípulos se torna estéril. Os discípulos, separados dele, não podem fazer nada, não têm razão de ser no mundo. Separados da fonte da vida, somente servem para alimentar o fogo. Porém, se unidos ao Senhor, darão fruto e terão como premio a salvação.

João fala dos frutos dessa permanência fiel a Jesus em sua primeira carta, afirmando que o amor e a fé são consequências da pertença à vida verdadeira. O crente que diz amar deve expressar o amor em suas obras com espírito de verdade; deve amar com sinceridade, transparência, boa vontade e com um coração humilde no qual transpareça a bondade e a misericórdia de Deus para com seus filhos. Os frutos do vínculo íntimo com Jesus são expressos na disposição de cada um dos crentes em guardar e viver os mandamentos e fazer o que é agradável a Deus.

É urgente para a Igreja de hoje, com suas luzes e sombras, apegar-se muito mais ao que é a Vida Verdadeira, com a finalidade de dar os frutos próprios de sua vocação: crer fielmente em Jesus ressuscitado e amar apaixonadamente a humanidade. Estes dois traços da Igreja são fundamentais para que realmente seja ela testemunha da vontade mais íntima de Deus, que consiste em aproximar cada vez mais a humanidade, por meio do amor incondicional aos demais, da salvação e da libertação.

A Igreja liberta e salva do egoísmo e da morte, diz ao mundo que se pode acreditar no mandamento do amor. Quando a Igreja prioriza o amor, evidenciado em suas obras, demonstra fidelidade ao seu Mestre e, por ele, tem sentido sua presença no mundo. Se não ama, se não se solidariza com a causa dos fracos, significa que se afastou de seu Senhor e, como consequência disso, será “jogada fora como o ramo e secará”.

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A primeira leitura fala do famoso episodio da visita de Pedro a Cornélio (At 10), e reflete simbolicamente um momento importante do crescimento do “movimento de Jesus”: sua transformação em uma comunidade aberta, transformação que a levará mais além do judaísmo no qual nasceu. Deixará de identificar-se com uma religião étnica, uma religião casada com uma etnia e sua cultura, religião étnica que se considerava eleita, e que olhava a todas as demais por cima do ombro considerando-os “gentios”, afastados da proteção de Deus. É um tema muito importante e relativamente novo, mas desatendido pela teologia tradicional; para uma homilia pode valer a pena, mais que insistir no tema eterno do amor...

A passagem se presta, além disso, para toda uma lição de teologia. É bom recomendar aos ouvintes que não fiquem coma a referencia entrecortada vinda da leitura (uma seleção de uns quantos versículos), mas que a leiam em casa devagar, sem mais: “o capitulo 10” do Livro dos Atos e que tirem suas conclusões. Também se pode recomendar aos grupos de estudo da comunidade paroquial que o tomem para seu estudo.

Nem Pedro nem seus companheiros de comunidade se chamavam “cristãos”... eram simplesmente judeus convertidos pela experiência de Jesus. E observavam todas as leis do judaísmo. Uma delas era a de não se misturar com “os gentios”. E eram leis sagradas, normalmente observadas por todos e cujo cumprimento implicava incorrer em “impureza” e obrigava a práticas complicadas de purificação.

Pedro, porém, dá vários saltos para frente. Em primeiro lugar, não considera profana e impura nenhuma pessoa, apesar de ser um mandamento da lei; é como a anulação de uma condenação de impureza que pesava sobre as “outras” religiões desde o ponto de vista do judaísmo. E em segundo lugar, “cai na conta” de que Deus não pode fazer acepção de pessoas: seja por sua religião, nem por causa da etnia ou sua cultura-religião. O Deus de Jesus Cristo aceita quem pratica a justiça, seja da nação que seja. Pedro consegue dar um salto muito grande na aceitação das pessoas.

A respeito do primeiro ponto, da valorização negativa das demais religiões, na historia subsequente não se valorizará tanto esse ponto: chega-se a pensar que as outras religiões seriam... não somente inúteis, mas falsas, negativas e até diabólicas. Por exemplo: o primeiro catecismo escrito na América Latina, por Pedro de Córdoba, superior da comunidade dominicana de Antonio Montesinos, declara em sua primeira página: “Sabei e tende por certo que nenhum dos deuses que adorais é Deus nem doador de vida; todos são diabos infernais”.

Com respeito ao segundo ponto: a “não aceitação de pessoas por parte de Deus no que se refere às culturas e religiões”, ou à igualdade básica de todos os seres humanos diante de Deus, incluindo suas culturas e religiões, hoje continuamos em retrocesso com relação a Pedro: a proposta oficial da Igreja católica diz que as “outras” religiões “estão em situação salvífica gravemente deficitária” (Dominus Iesus, 22).

Paradoxalmente, a posição de Pedro nos Atos é mais adequada à mentalidade de hoje, do que a nossa teologia oficial atual. Por isso o confronto com a Palavra de Deus pode ser traduzida concretamente à nossa maneira de pensar a respeito das outras religiões. No parágrafo subsequente proporcionamos algumas questões pedagógicas a respeito do tema.

O evangelho de João é o do mandamento novo, o mandamento do amor. Poucas palavras saturam tanto na linguagem cotidiana como a palavra “amor”. Nós a escutamos nas canções da moda, na apresentadora superficial de um programa de televisão, na linguagem política, na referencia ao sexo, na telenovela... Usa-se em todos os âmbitos e em cada um deles tem um significado diferente. Porém, a palavra é a mesma!

O amor, em sentido cristão, não é sinônimo de amor “cor de rosa”, sensual, prazeroso, adocicado e sensível da linguagem cotidiana ou pós-moderna. O amor de Jesus não é o que busca o prazer, o “sentir”, ou a felicidade fácil, mas vai ao encontro da vida e da felicidade daqueles que amamos. Nada é mais libertador do que o amor; nada faz crer tanto aos demais como o amor, nada é mais forte que o amor. E esse amor o aprendemos do próprio Jesus que, com seu exemplo, nos ensina que “a medida do amor é amar sem medida”.

Aqui o amor é fruto da união, da “permanência” naquele que é o amor verdadeiro. E esse amor supõe a exigência – mandamento – que nasce do próprio amor e, portanto, é livre para amar até o extremo, capaz de dar a vida para engendrar mais vida. O amor assim entendido é sempre o “amor maior”, como o que conduziu Jesus a aceitar a doação de si, mesmo que violentado. A esse amor somos convidados: a amar “como” ele, movidos por uma estreita relação com o Pai e com o Filho. Esse amor não terá a fugacidade da brisa, mas como o ramo permanecerá unido à planta para dar fruto. Quando o amor permanece e nas relações mútuas entre os discípulos é sinal evidente da estreita união dos seguidores de Jesus com seu Senhor, como é sinal também da relação entre o Senhor e o Pai. Isto gera uma união plena entre todos da “família”, enche de alegria a todos os membros numa pertença mutua, contando sempre com a iniciativa primeira de Deus.

Oração: 
Ó Deus, nosso Pai, que em Jesus de Nazaré, nosso irmão, fizeste renascer nossa esperança de um novo céu e uma nova terra. Nós te pedimos que nos tornes apaixonados seguidores da causa de Jesus, de modo que saibamos transmitir a nossos irmãos, coma palavra e com obras, as razões da esperança que nos sustenta. Nós te pedimos, inspirados no próprio Jesus, filho teu e irmão nosso. Amém.
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Ao celebrarmos um dia tão importante para cada um de nós, eu me permito acrescentar umas palavrinhas nas Palavras de Jesus:
"amai-vos uns aos outros como eu vos amei, um amor de Mãe!"

Parabéns para você mãe!!!

Evangelhos Dominicais Comentados
                                                                          
13/maio/2012  --  6o Domingo da Páscoa

Evangelho: (Jo 15, 9-17)

Disse Jesus: “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu

Ainda estamos no tempo pascal, período em que a Liturgia nos apresenta uma série de relatos sobre a Ressurreição de Jesus, como forma de ressaltar a vitória do amor sobre a morte.

O evangelho de hoje é marcado pela ternura de Jesus para com seus discípulos e com todos os seus seguidores. Jesus fala de forma carinhosa, pede união, manda permanecer no amor. Manda guardar e viver seus mandamentos.

Este Evangelho é marcado por uma série de orientações que devem levar-nos a meditar profundamente. Parece que Jesus quis dizer, de uma só vez, tudo o que Ele pensava, tudo aquilo que a humanidade deveria ouvir e guardar.

Jesus quer mostrar que nossa obrigação como cristãos resume-se em fazer tudo o que Ele fez. Jesus ama o Pai, com todas as suas forças, desde sempre. Jesus permanece no amor a Deus.

Permanecer no amor de Deus é guardar os seus mandamentos. Viver no amor de Jesus é a maior e única alegria que podemos ter nesta vida. Uma coisa é certa, se vivermos esse amor aqui, agora, vamos também viver esse imenso amor na eternidade.



A lei de Jesus é clara, simples e sem complicações; basta amar. Quem cumpre essa lei está em dia com Deus. Quem não ama não pode dizer que é cristão. Em sua Primeira Carta, São João chama de mentiroso quem diz que ama a Deus, mas não ama ao próximo.

A intensidade do amor é proporcional. Jesus faz questão de afirmar que nos ama com o mesmo amor que o Pai tem por Ele. Nem mais, nem menos, esse é o maior grau de amor que existe. É o Amor Amizade, o amor gratuito.

Essa gratuidade é ressaltada por Jesus quando nos chama de amigos. O cristão de verdade conhece Jesus na intimidade, sabe tudo sobre ele, por isso, é o seu grande amigo. Jesus também nos conhece na intimidade, sabe das nossas limitações, das nossas falhas e, mesmo assim, quer ser nosso amigo.

Como é bom ser chamado de amigo. A amizade faz crescer, aproxima, leva à partilha, à divisão dos bens e à multiplicação do pão. O amor rompe barreiras, derruba as cercas que isolam e excluem.

Quem faz por medo ou por obrigação é o servo. O amigo faz tudo por amor. Amizade sincera é sinônimo de amor. Amor não é uma coisa distante ou fora do nosso alcance. O amor é construído com as pequenas coisas do dia-a-dia.

Construir o amor é descer do pedestal, nivelar-se, tornar-se humilde, tolerante e paciente. Esses são alguns dos ingredientes que compõem o amor.

A mensagem de Jesus no evangelho de hoje é tão rica que teríamos assunto para conversar o dia todo, porém para encerrar vamos relembrar só mais algumas das suas palavras: “Não foram vocês que me escolheram, eu escolhi vocês”.

Pelo privilégio de termos sido escolhidos, como gesto concreto, vamos permanecer unidos à Videira e produzir muitos frutos. Só assim teremos a certeza da Glória Eterna, pois o cristão unido a Jesus jamais será lançado ao fogo.

(3094)


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Homenagem ao dia das mães - Olívia

MINHA MÃE!


Neste dia dedicado as mães, quero dar asas meus pensamentos, deixar meu coração falar de um tesouro que eu acredito ter lá no céu, rogando a Deus por mim! 
Ela era o sol das minhas manhãs, a estrela de maior brilho, a flor mais bela do meu jardim!
Tinha ternura no olhar, doçura nas palavras, simplicidade de uma criança e sabedoria de uma mestra!
Minha mãe só sabia amar! Seus olhos brilhavam de alegria quando recebia meus singelos gestos de carinho, o coração recortado no papel de pão, a flor do mato que eu trazia de longe, e que já chegava murcha em suas mãos! Os versinhos que eu declamava pra ela, nas festinhas pras mães, lá na minha escolinha!
Minha mãe tinha uma alegria estampada no olhar, aprendi com ela, que a alegria é sinal do nosso agradecimento pela vida, que não podemos deixar que as pedras do caminho ofusquem nossos olhos diante das maravilhas que Deus nos oferece a cada dia e que podemos extrair coisas boas, até mesmo das nossas dores! Aprendi também, que a vida é como um jardim: florida, que o amor é o alimento da nossa alma e que devemos amar sem medida, sem esperar algo em troca...
Ela foi o anjo que sempre me amparou, que me deixou ser criança, correr, subir em arvore, rolar na terra... Era uma mulher que unia a fé com a vida, falava-me de Deu não somente com palavras, mas principalmente com atitudes.
Minha Mãe, via nos pobres, o próprio CRISTO CRUCIFICADO! As portas lá de casa ficavam sempre abertas, para acolher aquela gente sofrida, que vinha de longe buscar ajuda.  Todos sabiam, que, de lá de casa,  ninguém saía com as mãos e o coração vazio!
Ainda me lembro do DEME, da TUCA, da TIADORA, do PAULINHO, um menino pobrezinho que não saia lá de casa, só pra ter onde comer! Mamãe tratava todos como se fossem da família, tinha paciência de ouvir as queixas daquelas pessoas, que além de coisas materiais, buscavam nela força, ânimo e carinho. Ela fazia tudo por amor, sem saber, que ao mesmo tempo, ela  passava para os filhos, grandes ensinamentos! Eu era bem menina, mas observava tudo, via a alegria de cada pobre, que saia  lá de casa, com um sorriso nos lábios e com seus cestos cheios de alimentos!
Um dia, Deus  levou minha mãe deste mundo! Mas não deixou desamparado nenhum dos seus filhinhos! Além de cobri-los com suas Bênçãos, Deus trocou o meu coração de menina, por um coração de mãe, assim, eu aprendi  a amá-los com amor de mãe!
Vivi com minha mãe apenas quinze anos, mas seus ensinamentos foram suficientes para construir em mim, pilares que irão me sustentar por toda minha vida! 


Maria Olívia
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Mãe, todo meu amor! – Claudinei M. Oliveira

Domingo, 13 de Maio de 2012.

            Mãe, palavra que mexe com qualquer pessoa, porque reproduz vivacidade gloriosa por todo espaço; mãe é algo talentosa, cuidadosa e amável porque representa simplesmente a maternidade fiel da vida; mãe traduz o mais puro amor de um ser para com outro, porque gerou em seu ventre, no aconchego, seu rebento da paz e da alegria.
            Neste domingo especial, dia do Senhor, mas também dia dedicado às mães do mundo reporta as maravilhas da criação. O dom de gerar vidas expressadas no seio materno da mulher é uma dádiva milagrosa. Deus colocou a luz na vida da mulher para que a humanidade pudesse crescer tanto em número quanto no seguimento do  Santo Evangelho. A mulher traz na áurea a majestade da fertilidade do amor na geração de filhos para o mundo. A mulher tornou-se MÃE para cumprir sua missão  voltada para o Pai Celeste.
            Mãe educa, acaricia, dá conselho, reza, pede e chora. Mãe é um universo de felicidade e de amor. Mãe ultrapassava o ser do ser. Mãe é ultra-mulher, mãe é simplesmente MÃE, amável e querida. Mãe é inesquecível. Mãe é eternidade.
            Maria foi a Mãe caridosa. Cuidou de seu filho com unhas e dentes dos malfeitores. Ela deu condições plausíveis para a criação de Jesus. Amamentou o necessário para Jesus crescer saudável e feliz. Toda a educação de Jesus foi revelada por sua Mãe que não tinha tempo ruim para levar o menino ao Templo. Deu ensinamentos verdadeiros. Mãe é assim, dá sua vida para ver seu filho bem...
            O exemplo de Maria deveria ser copiado por todas as mães que queiram construir uma família de unidade em volta do Santo Evangelho. Não ter tempo ruim para dar lições relevantes do amor, para crescer no amor e viver no amor. Observar atentamente os passos de Maria para dar segurança e direcionamento para os filhos, não deixá-los abandonados, não deixá-los cair nas tentações ilusórias do mundo, não deixá-los rumar para o mundo do crime.
            Mãe é aquela que levanta a noite e vai rezar para seu filho; a mãe que faz esta gentileza superou  o estágio de mulher, pois com seu afago transmite ternura  salutar infinitamente valioso. Assim, ela é uma MÃE  que cuida....
            Mãe, levanta cedo, prepara tudo para seu filho com dedicação e ainda trabalha para dar mais conforto e comodidade. Claro que muitas vezes sente dores do puxado serviço, mas sendo mãe não reclama, tem vergonha de fraquejar, de redimir-se e de ser mal interpretada.
            Mãe é a graça de misericórdia de Deus...
            Mãe é a vicissitude da gratuidade Divina...
            Mãe é o encanto da Natureza perfeita...
            Mãe alegra-se com o nascimento de seu filho...
            Mãe encanta-se com o reconhecimento de seus filhos...
            Mãe, é mãe, simplesmente mãe eterna e generosa.
            Que Deus abençoe todas as mães  no mais lindo amor de Nossa Mãe Maria.
            Claudinei M. Oliveira.
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Como o Pai me amou, assim também eu vos amei.

Para bem compreender esta Palavra de Deus que acabamos de escutar, é necessário recordar o Evangelho de domingo passado. Estamos ainda no capítulo 15 de São João: aí Jesus revelou-se como a videira verdadeira, cujo agricultor é o Pai e cujos ramos somos nós. Eis: estamos enxertados no Cristo morto e ressuscitado; somos ramos seus, vivendo da sua seiva que é o Espírito Santo, “Senhor que dá a vida”, Espírito de amor derramado em nossos corações (cf. Rm. 5,5). Porque temos o Espírito do Cristo, vivemos do Cristo e, no Espírito, o próprio Cristo Jesus habita em nós e nos vivifica. Recordando essas coisas, podemos compreender o que o Senhor nos fala neste hoje. Vejamos.
“Como o Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”. De que amor o Senhor nos fala aqui? De um sentimento, de um afeto, de uma simpatia, de uma amizade? Não! De que amor? Escutemos São Paulo: “O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm. 5,5). O amor de que fala Jesus é o amor-caridade, o amor de Deus, o amor que é fruto da presença do Espírito de amor, o Espírito Santo. Coloquem isso na cabeça e no coração: na Escritura, falar de amor, de glória, de presença e de poder de Deus é falar do Espírito Santo! Pois, podemos agora compreender a profunda afirmação de Jesus: “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei”. Como o Pai amou o Filho? No Espírito de amor! Desde a eternidade, o Santo Espírito é o laço, o vínculo de amor que une o Pai e o Filho numa única e indissolúvel divindade. Na sua vida humana, Jesus foi sempre amado pelo Pai no Santo Espírito. Basta recordar quando o Pai derrama sobre ele o Espírito, no Jordão, exclamando: “Este é o meu Filho amado, em quem eu me comprazo” (Mt. 3,17). Eis: o Pai declara o seu infinito amor pelo Filho, derramando sobre ele, feito homem, seu Espírito de amor. Jesus é o Filho amado porque nele repousa o Amor-Deus Espírito Santo! Pois bem, escutemos: “Como o Pai me amou no Espírito, eu também vos amei! Dei-vos o meu Espírito de Amor, que agora habita em vós! Permanecei no meu amor, isto é, deixai-vos guiar pelo meu Espírito, vivei no meu Espírito!” Vede, irmãos, como agora tudo tem sentido, como as palavras de Jesus são profundas! Vede como tudo isso é verdadeiro! Escutai ainda uma palavra da Escritura: “Nisto reconhecemos que permanecemos nele e ele em nós: ele nos deu o seu Espírito!” (1Jo 4,13).
E qual é o sinal de que temos e vivemos no Espírito? Que frutos esse Espírito de Amor, permanecendo em nós, nos dá? O primeiro é cumprir os mandamentos: “Se guardardes os meus mandamentos, é porque permanecereis no meu amor”. É experimentando o amor de Jesus, vivendo na doçura do seu Espírito, que podemos compreender a sabedoria dos preceitos do Evangelho e teremos a força e a doçura para cumpri-los. Como o mundo não conhece nem tem o Espírito Santo de amor, não pode compreender nem gostar dos preceitos do Senhor! Por isso esse tão grande choque entre o que a Igreja propõe em nome de Cristo para a nossa vida moral e aquilo que o mundo propõe! Aborto, eutanásia, uso de preservativos, divórcio, relações pré-matrimoniais, relações homossexuais, riqueza, prazer, etc. Há um abismo entre o sentir do mundo e o sentir do cristão. Somente o cristão, sustentado pelo Santo Espírito de Amor, pode compreender que os mandamentos do Senhor não são pesados, mesmo quando nos parecem difíceis! É o Espírito de Jesus que, habitando em nós, faz-nos permanecer em Jesus e ter prazer e força no cumprimento da sua santa vontade.
Mas, há ainda outro fruto, outro sinal da presença do Espírito em nós: a alegria interior, mesmo em meio a dificuldades, lutas e provações da vida. Escutai: “Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”. Onde o Espírito de Jesus ressuscitado está presente, a alegria triunfa, porque a morte, a treva, o pecado foram vencidos. Por isso mesmo, o cristão, ainda que entre provações e dificuldades, poderá sempre manter uma profunda alegria interior – a alegria pascal, fruto da presença do Santo Espírito!
Ainda um último sinal dessa doce presença do Espírito do Ressuscitado em nós: o amor fraterno. “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei!” Jesus nos amou até entregar toda a sua vida por nós, como remissão pelos nossos pecados. Pois bem, ao nos dar o seu Espírito de amor, ele nos dá as condições e a graça para amar assim, como ele. Isso é tão forte, que a segunda leitura de hoje nos desafia: “Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus, porque Deus é amor. Todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus”. Ainda uma vez mais, meus caros, é no Espírito de Amor que podemos nascer de Deus no Batismo, é no Espírito de Amor que podemos conhecer a Deus como Pai e a Jesus como o Filho amado! É o Espírito de Amor que nos reúne, apesar de sermos tão diferentes! Recordai-vos, caríssimos, da primeira leitura: como o Espírito, descendo sobre a família de Cornélio, que era toda pagã, fez com que Pedro, o Chefe da Igreja, aceitasse os primeiros pagãos na Comunidade cristã! Só no dom do Espírito o nosso coração pode ser aberto a todos, como o coração de Cristo!
A Palavra de Deus hoje escutada já nos aponta para Pentecostes, daqui a quinze dias... Prestai atenção como o fruto da morte e ressurreição de Jesus é o Dom do seu Espírito, que permanece conosco e torna Jesus presente a nós, vivo e vivificante! Estejamos atentos, meus caros: todos temos o mesmo Espírito de amor e no amor que é esse Espírito devemos viver e dar frutos que permaneçam. A Igreja não é uma comunidade de amiguinhos simpáticos entre si; não é a reunião de pessoas interessantes e bem relacionadas! Nada disso! Somos a comunidade reunida em nome de Cristo morto e ressuscitado, nascidos no batismo no seu Espírito Santo, Espírito que nos faz amar a Jesus e, por Jesus, amarmo-nos uns aos outros. Assim sendo, sejamos dóceis ao Espírito, permaneçamos em Cristo e arrisquemos viver de amor. Que no-lo conceda Aquele que, à direita do Pai, deu-nos o Espírito e intercede por nós.
dom Henrique Soares da Costa
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Teologia do amor de Deus,  no dia das mães!
Hoje, dia das mães, é dia de falar do amor; amor de Deus e amor de mãe. As leituras de hoje nos oferecem pistas para a vivência do amor fraterno, divino, maternal e solidário. O amor existe somente em função do outro. Pedro, judeu e seguidor de Jesus, entende que o amor salvífico de Deus é também para os pagãos. Já Jesus declara amor pelo seu Pai, Deus, que nos criou e nos convoca a amar uns aos outros, sendo ele o amor. Tudo isso veremos nas leituras de hoje.
Amor não é questão abstrata, mas experiência de vida que vem de Deus, de Jesus e de nossas mães. O amor de Deus por nós se concretizou na presença de seu Filho encarnado. Já “o amor de mãe envolve muitos sentimentos. A mãe está no filho que chora, ri, briga, apanha, vence, sonha, perde, frustra-se... A mãe está em todas as fases de sua vida. Ser mãe é viver a vida em etapas, nas etapas da vida do filho. O filho é quase uma extensão da mãe” (cf. FARIA, Jacir de Freitas. História de Maria, mãe e apóstola do seu filho, nos evangelhos apócrifos. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 11).
1ª leitura (At. 10,25-26.34-35.44-48)
Pedro toma consciência de que a salvação é para todos
Lucas, relatando, nos Atos dos Apóstolos, a visita de Pedro ao centurião da corte itálica, em Cesareia, descreve um passo decisivo na conversão de Pedro, que defendia zelosamente a adaptação dos valores da fé judaica ao cristianismo. Pedro sustentava que o não judeu, ao abraçar a fé cristã, teria de fazer a circuncisão. Cornélio, o pagão que se tornara um temente a Deus, simpatizante do judaísmo, homem de oração e de esmola, pediu a Pedro que fosse à sua casa. O encontro dos dois foi marcado pela prostração de Cornélio diante de Pedro, gesto que evidenciou, na pessoa de Pedro, a presença de Deus. Pedro refuta tal atitude, afirmando que ele era apenas um homem. Cornélio e sua casa, representantes da gentilidade, encontram-se com Pedro. Nesse momento, ocorre a declaração pública de Pedro de sua conversão: “Dou-me conta, em verdade, de que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça lhe é agradável” (v. 34-35). Numa via de mão dupla, a família de Cornélio se deixa catequizar por Pedro e o catequista Pedro se deixa catequizar pelos seus catequizandos. 
A visão que Pedro teve em Jope (At. 10,9-16) e o encontro com Cornélio selaram, definitivamente, a sua mudança de posição. Nesse contexto de aproximação dos gentios e mudança de mentalidade de Pedro, o Espírito Santo desce sobre todos os presentes, na maioria não judeus. Estes começam a falar em línguas e a louvar a Deus. Pedro, não tendo dúvida dos fatos, pede que pagãos sejam batizados em nome de Jesus.
Os fatos ocorridos acima demonstram a sabedoria dos apóstolos em levar a fé em Jesus a todos os povos. Para além das mesquinharias exclusivistas, o cristianismo de Jesus ressuscitado ganhou novos adeptos e se expandiu mundo afora. Caso Pedro tivesse se mantido nos preconceitos de raça, religião e pureza ritual de seu povo, o cristianismo teria se tornado uma entre as tantas religiões que já sucumbiram na história da humanidade.
Evangelho (Jo 15,9-17)
Jesus nos escolheu para nele permanecer  no amor
O evangelho de hoje é a continuidade do domingo anterior, a parábola da videira e seus ramos. Amar é a chave de interpretação de Jo 15,9-17. Jesus ama sua comunidade, assim como Deus o amou. A comunidade é chamada a permanecer no amor, guardar os mandamentos, amar uns aos outros. Jesus deu a vida por amor, e isso devia ser o combustível a mover a comunidade. Nada menos que nove vezes aparecem amar e amor no texto, o que prova a centralidade dessa temática.
O verbo “amar” e seu substantivo “amor” são largamente utilizados no cotidiano de nossa vida. Muitas vezes, eles chegam a ser banalizados. Quantos casais iniciam sua vida conjugal chamando o(a) parceiro(a) de “meu amor”, bem como de seu correlato, “meu bem”. Amor/amar é um bem precioso que poucos de nós conseguimos vivenciar de forma eficaz. Nas relações dos casais, o que vemos muitas vezes, infelizmente, é que, com o passar dos anos, a máxima “meu bem” se transforma em “bem longe”. “Meu amor” em “meu pesadelo”. Toda relação, se não for refeita sempre, acabará perdendo o seu encantamento. Amar é um caminho sempre aberto, apesar de a estrada ser sempre a mesma; por mais batida que ela seja, precisa ser reaberta sempre. A arte de amar no casamento consiste em acreditar sempre, perdoar sempre, encantar-se sempre com o projeto de vida selado. De um casal é dito também que eles são cônjuges, termo que deriva de canga, instrumento utilizado no mundo agrário para atrelar os bois no serviço do arado. Em outras palavras: quando duas pessoas resolvem unir-se em matrimônio, elas colocam sobre o pescoço uma canga. É como se dissessem: vamos caminhar juntos no mesmo projeto, apesar das nossas diferenças. O amor é exigente. 
Fazendo uso do simbolismo do casamento, entendamos o que Jesus, no evangelho de hoje, tem a nos dizer sobre o amor eterno estabelecido entre ele, o Pai e a comunidade. Vários pontos são estabelecidos nessa relação amorosa: a) observar os mandamentos de Deus que Jesus mesmo havia seguido. Esses mandamentos são todos aqueles que possibilitam uma relação justa entre as pessoas, concretizada em obras libertadoras. Ninguém é escravo de ninguém. Deus não nos criou para sermos explorados. É assim na relação matrimonial e na sociedade. Quando o parceiro oprime e trai o outro, o amor deixa de existir; b) viver na alegria. Solidariedade e respeito na vida comunitária nos dão frutos de alegria; c) observar o mandamento. Antes, no texto, “mandamento” foi usado no plural, agora é expresso no singular para ressaltar a sua importância: amar uns aos outros. A consequência dessa opção nos leva a sacrificar, a dar a vida por quem amamos. Ademais, tornamo-nos amigos, confidentes e parceiros em um único projeto. A morte de Jesus na cruz foi o testemunho claro dessa sua fala. A comunidade que nasce dessa relação amorosa com Jesus não se torna a sua serva, agindo por comandos e ordens, mas é amiga e colaboradora no projeto do reino. A vida familiar também é assim: um projeto de vida comunitário. Jesus escolhe a comunidade para ser sua amiga e parceira (v. 16).
Duas conclusões se impõem com base na relação entre Jesus e a comunidade: produção de frutos e recebimento de Deus de todos os pedidos feitos. “Amai-vos uns aos outros”, essa é chave de leitura da vida amorosa, ensinada por Jesus.
2ª leitura (1Jo 4,7-10)
Deus nos amou, enviando seu Filho e nos convidando  a viver o amor solidário
A primeira carta de João nos apresenta, na leitura de hoje, uma raridade teológica do amor divino. Ela se liga ao evangelho e ao dia das mães. Mãe é sinal de amor. Deus é amor e, também, pai e mãe de todos nós. Ele nos deu a vida e um Filho que, qual uma mãe, doou a sua vida por todos nós. Tudo em nossa vida depende do amor. Sem amor, sem Deus, sem mãe, nenhum de nós existiria. Mãe e Deus não se dão a conhecer teoricamente, mas pela prática do amor. “Amar é entregar-se, como a mãe, em tantas noites mal dormidas, para acalentar o filho e fazê-lo crescer. Ser mãe não é padecer no paraíso, mas é amar e aceitar os limites da vida. É viver no paraíso da vida, aqui e ainda não, no mistério de Deus que se encarnou no meio de nós no seio de uma mulher, Maria-Mãe, que reverenciamos neste mês de maio. Ser mãe é não ter armas para atirar contra o filho, pois o amor a desarma sempre. Mãe é aquela que impõe limites ao filho, pois a sua experiência lhe ensinou que o mundo tem limites. O filho precisa aprender a lição cedo, pois senão o mundo o devorará violentamente. E quantas mães sofrem por saber que, apesar de terem ensinado essa lição ao filho, a droga do mundo o tragou?” (cf. Faria, Jacir de Freitas. História de Maria, mãe e apóstola do seu filho, nos evangelhos apócrifos. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 12).
Ser como Deus, que nos carrega na palma de sua mão materna, é vivenciar o amor solidário com o outro, nas suas angústias e nas lutas por melhores dias, por justiça social. Portanto, sigamos o eterno conselho da comunidade joanina: “amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus” (v. 7).
Pistas para reflexão
– Demonstrar as dificuldades da Igreja, que ainda hoje se vê mergulhada em preconceitos, moralismo e regras, o que impede a expansão das propostas do reino. Ligar essa questão com a catequese que Pedro realizou na casa de Cornélio, a qual possibilitou a todos o entendimento e o crescimento na nova religião abraçada por eles. Nessa mesma linha, perguntar pelo modo como a catequese é aplicada na comunidade.
– Perguntar pela experiência de amor vivida pela comunidade e pelo exemplo das mães. Fazer uma correlação entre o amor de Deus, o da comunidade e o das mães.
– Demonstrar que o amor solidário/social exige de nós compartilhar com os que nada têm e lutar pelo fim das injustiças sociais.
padre Jacir de Freitas Faria, ofm

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O trecho do Evangelho de João escolhido para este domingo pertence aos acontecimentos que marcam a despedida de Jesus durante a Ceia (13,1-17,26). É na ótica do testamento que se poderá entender melhor o presente texto. O testamento de Jesus a seus discípulos abraça temas diversos. O texto de hoje dá sequência ao do domingo passado. Ali a ênfase era colocada no permanecer em Jesus, como os ramos (comunidade de iguais) estão unidos à videira; aqui, a ênfase recai sobre o resultado do permanecer, que é o amor (que se traduz em frutos, isto é, missão). De fato, nos versículos de hoje, insiste-se fortemente nas palavras amar, amor (nove vezes), que são o fruto de quem permanece unido a Cristo. No discurso de despedida de Jesus (13,1-17,26), é revelado à comunidade o segredo do sucesso na missão. Para dar frutos duradouros, a comunidade precisa ir (v. 16), ou seja, sair para a missão.
A única coisa importante
Aprendemos, desde pequenos, que o Deus grande e belo nos ama a tal ponto que nos deu seu Filho dileto como prova, manifestação, sacramento, sinal de seu amor. Não estamos perdidos em nossa fragilidade. O Senhor nos ama e nos quer até o fim. Quando olhamos o peito traspassado do Senhor temos a certeza de que o Altíssimo nos tem em elevada conta. João é mestre em nos levara esta intimidade amorosa do Senhor.
Foi deste modo, foi assim que  Deus agiu: enviou seu Filho único ao mundo para que tenhamos vida.  Vida e amor. Amor e vida. Entrega irrestrita. Fazer a amorosa vontade daquele que nos tirou das trevas e nos transferiu para sua luz admirável.  E que fique bem claro: não fomos nós que amamos a Deus, mas ele que nos quis primeiro.
E sempre ressoa aos nossos ouvidos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos”.  Somos envolvidos nesse clima de doação, de entrega, de bem querer ilimitado.  Pecadores, nos lançamos aos pés do pai do pródigo que faz  festa.  Para que não nos sentíssimos isolados ele, Jesus, inventa esse expediente de ouvirmos hoje os textos que falam dele e nosso coração vai se aquecendo.  Cansados da caminhada temos um alimento sólido no pão da vida, que é corpo daquele que amamos. E esse pão vital nos ensina a sermos pão para os outros.  Tudo isso é caridade que vem de Deus.
Antes de tudo temos essa consciência de que fomos amados por primeiro. Amados de graça, precisamos   amar os outros: procurar os que estão isolados, fazer-se perto dos que moram à nossa volta, esquecer as ofensas, carregar os fardos dos que não suportam mais o peso que arrastam, não dizer nada que desabone o irmão, deixar intacta sua hora, caminhar mil passos com ele se ele nos pedir uns poucos metros de caminhada,  cuidar de defender os direitos dos pequenos, acolher as viúvas, os peregrinos e os órfãos, não  medir o amor que tem medida ilimitada, fazer-se presente amorosamente na vida do esposo, da esposa, dos filhos, dos pais,  organizar a agenda de tal forma que se busque atingir com nossa palavra e nosso testemunho a vida das pessoas que nos cercam ou que nos chamam com seus gritos.
São Cirilo de Alexandria, comentando as palavras do evangelho, assim se exprime: “A lei mandava amar o amor como a si mesmo. Nosso Senhor Jesus Cristo, porém, amou-nos mais do que a si mesmo. Se não nos houvesse amado assim, não teria descido de sua natureza de Deus , de sua igualdade com o Pai até nossa miséria;  não teria suportado por nós morte tão cruel, as bofetadas dos judeus, as zombarias e injúrias, em uma palavra, tudo o que sofreu e que não acabaríamos de enumerar. Se não nos houvesse amado mais do que a si mesmo, também não teria querido de rico tornar-se pobre. Inaudita e nova é portanto, a medida deste amor” (Lecionário monástico III, p. 387).
frei Almir Ribeiro Guimarães
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O amor maior
“Deus é amor” não é uma sentença metafísica. É uma expressão abreviada, que quer abrir nossos olhos para a presença de Deus na realidade do amor, e isso, sob dois aspectos: o amor que se revela na doação de Cristo por nós (o amor como dom) e o amor que nós devemos praticar para com os filhos de Deus (o amor como missão), sendo que o primeiro é modelo e fundamento do segundo. Assim, “amor” não significa, antes de tudo, que nós amamos a Deus, mas que Deus nos amou primeiro, dando seu Filho por nós (1Jo 4,10 - 2ª leitura).
Este amor, manifestado na doação do Filho de Deus, é o maior: “Ninguém em amor maior do que aquele que dá sua vida por seus amigos” (Jo 15,13) (evangelho). “Amigos”, nestas palavras de Jesus, deve ser entendido no sentido de “aqueles que ele ama”, pois o modelo de nosso amor é o que amou primeiro. O amor do Cristo é que nos tornou seus amigos. Amigos em vez de servos. Cristo não nos amou porque éramos amáveis, mas seu amor nos tornou amáveis (cf. Rm. 5,7-11). Assim, deve ser também o nosso amor pelos irmãos. Um pouco como aquela mulher que tem um marido não muito brilhante, porém muito amável a seus olhos, porque ela o escolheu (cf. 15,16).
O amor de Cristo por nós existe numa comunhão total, expressa, em Jo 15,15, em termos de “revelação”: Jesus nos revelou tudo aquilo que ele mesmo ouviu do Pai (cf. Jo 1,18). É a plena clareza da amizade, não a manipulação que caracteriza a relação servil. Quando Jesus nos envia para produzir fruto, para expandir seu amor, não devemos considerar isso como uma carga, mas como comunhão, participação de sua missão que o Pai lhe confiou em união de amor.
Podemos ainda perguntar por que este tipo de amor é o maior. A comparação sugere que existem outros amores, menores. É o maior, porque ele não é condicionado por outra coisa, por privilégios, proveitos, compensações – afetivas e outras – etc. É o maior, porque é gratuito e, nesta gratuidade, vai até o limite: a doação total e gratuita de si mesmo em favor do amado. É o amor até o fim de que falou João no início da narração da Ceia (13,1).
Jesus nos confia a missão de repartir (e multiplicar) seu amor “para que sua alegria esteja em nós e nossa alegria seja levada à perfeição” (15,11). Isso, porque amar-nos até o fim é sua alegria, pois é a realização de seu ser, de sua comunhão com o Pai. É evidente que só seremos capazes de encontrar nossa plena alegria neste amor doado até o fim, na medida em que comungarmos com Cristo e assumirmos seu amor total como sendo a  verdadeira vida. Quem se procura a si mesmo, não pode conhecer a alegria cristã.
O amor de Deus, manifestado em Cristo, toma a iniciativa e vai à procura de todos quantos possam ser amados. Ora, procurando amar a todos, Deus “escolhe” cada um que ele quer amar, e ama-o com amor de predileção (para Deus, isso não faz nenhum problema, pois ele não é limitado material e afetivamente). Deus ama o Filho. Este nos revela o amor do Pai amando-nos até o fim. E nós somos chamados a fazer o mesmo, para a multidão dos que podem ser nossos irmãos e filhos de Deus (e isso, não o podem somente os que não querem). Esta é a dinâmica do amor universal de Deus. Não ama “em geral”. Ama a cada um como amigo. Daí a necessidade de que estes amigos sejam unidos entre si por este mesmo amor. Este amor que forma comunidade é destinado a todos os que não se opuserem a que Deus os ame assim.
Disso temos um exemplo eloqüente na 1ª leitura. Deus não conhece acepção de pessoas, nem se deixa influenciar por divergências de sistema religioso. O que ele quer mesmo é congregar todos os seus filhos num mesmo amor pessoal. Pedro, chefe da  comunidade cristã, é escolhido para ser o instrumento desta missão, superando, inclusive, os tabus do sistema judaico, em que ele foi criado (At. 10,9-16). Ora, quando ele vai ao encontro de seu campo de missão, já encontra os destinatários animados pelo Espírito de Deus. Como poderia recusar-lhes o batismo?
Johan Konings "Liturgia dominical"
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Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.
Desenvolvimento do Evangelho
Esta cena do Evangelho acontece na última Ceia, quando Jesus celebra com os seus discípulos a partilha do Pão.
Nesta passagem do Evangelho Jesus cita duas vezes a frase: ‘Amem-se uns aos outros’, e esta ordem implica seguir seus ensinamentos com dedicação, verdadeiramente.
Jesus explica esse Amor aos discípulos começando pelo Amor do Pai por Ele que o oferece aos seus discípulos, pois o Amor de Deus atinge o homem através d’Ele. E continua dizendo que, do mesmo modo que Ele, Jesus, responde ao Amor do Pai com a obediência, os discípulos são convidados a amarem o Pai e ao próximo, como sinal de obediência a Deus também.
A alegria de Jesus está na união dos discípulos a Deus através do Amor extremo, sem limites, como é o Seu Amor pelo Pai e pelos seus amigos. “Amando-se uns aos outros os discípulos imitam o amor de Jesus que eles também recebem”.
Jesus chama seus seguidores de amigos e não de escravos, e anseia por uma comunidade de iguais que possam também dar a vida pelos outros. A amizade é um dom, e ela não nasce de uma obediência a uma lei, mas é fruto da alegria de testemunhar o Amor de Deus no próximo, livremente.
É preciso permanecer em Jesus, no Amor que Ele dá a cada um! Permanecer n’Ele é frutificar o amor, fazer com que ele se torne cada vez mais amplo e não somente dentro de uma família ou de uma comunidade, mas levado a todos os homens.
Jesus faz uma promessa para aqueles que permanecerem Nele: “O que pedirem ao Pai em oração, em Meu Nome, Ele atenderá”. E dá uma ordem dizendo: “Amem-se uns aos outros”, pois esta é a condição para alcançarem a graça.
O Evangelho de João abre janelas para a contemplação do mistério da encarnação do Verbo, através das palavras de Jesus, desabrochadas e vividas em suas comunidades. Somos estimulados a permanecer no amor de Jesus. Compreendemos que o amor dele por nós é o mesmo amor do Pai por ele. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho. É o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer no amor de Jesus é entrar em comunhão com esta dinâmica de amor e vida entre o Pai e o Filho, inserindo-se na comunidade de discípulos. É irradiar envolvendo a outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo. Jesus permanece no amor do Pai, e isto significa que ele observa e cumpre o que o Pai mandou. Não se trata de uma obediência cega, de um inferior a um superior, mas de uma união amorosa de vontades. O amor vivido em nossas comunidades é fruto da nossa permanência em Jesus. Este amor, que é o amor de Jesus, é transbordante.
As comunidades, em sua missão, comunicam este amor ao mundo, gerando vida e alegria. Na primeira leitura, vemos como o Espírito Santo de amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se no coração dos pagãos na Samaria. Pedro, pioneiro apóstolo dos gentios, dá testemunho de que o Deus de amor não faz discriminação entre as pessoas. "Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença." A primeira carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos, ele usa cinqüenta e duas vezes as palavras amar ou amor. Deus é amor. Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo-poderoso na criação do universo, ele é todo amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em todos os tempos e em todos os povos.
padre Jaldemir Vitório
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Permanecer no amor
Cada frase de João é densa de conteúdo. Seu evangelho, a cada passo, abre janelas para uma contemplação da revelação de Deus na encarnação de seu Filho, Jesus. João apresenta-nos as palavras de Jesus, desabrochadas e vividas na vida de suas comunidades.
A partir da imagem na qual os galhos devem permanecer unidos à videira, Jesus convidara os discípulos a permanecerem nele a fim de que dessem muito fruto. Agora os discípulos são estimulados a permanecerem no seu amor. Compreendemos que o amor de Jesus por nós é o mesmo amor do Pai por ele, em uma plenitude transbordante. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho, que é o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer no amor de Jesus é inserir-se nesta comunhão de amor e vida entre o Pai e o Filho. Partindo de uma adesão pessoal, o permanecer no amor de Jesus significa inserir-se na comunidade de discípulos e irradiar-se, envolvendo a outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo.
Eram tradicionais, na religião de Israel, os mandamentos de Moisés, elaborados no decorrer da história de Israel e do judaísmo. Os mandamentos de Jesus estão contidos nas bem-aventuranças registradas nos evangelhos de Mateus e Lucas, as quais ultrapassam aqueles mandamentos antigos. E, agora, Jesus revela o mandamento maior: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei" (cf. Jo 13,34).
O atributo de "poder" aplicado a Deus no Primeiro Testamento é associado a características tais como disputa, inimigo, guerra, destruição e morte, com o título "Deus dos exércitos". O Deus de Amor, revelado por Jesus, não comporta nenhuma destas características. É o Deus da misericórdia e da compaixão, que entra em comunhão de vida plena com seus filhos, homens e mulheres, em Jesus. E os discípulos são chamados a dar frutos que permanecem para sempre, rompendo quaisquer barreiras de exclusivismos e exclusões, favorecendo o desabrochar da vida e instaurando a paz.
Na primeira leitura vemos como o Espírito Santo de Amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se nos corações dos pagãos na Samaria. Pedro dá testemunho de que o Deus de Amor não faz discriminação entre as pessoas, revelando-se a todos os povos e nações: "Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença".
A primeira carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos ele usa cinquenta e duas vezes as palavras amar ou amor. "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1Jo 4,16). Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo poderoso na criação do universo, ele é todo Amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em todos os tempos e em todos os povos.
José Raimundo Oliva
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A liturgia do 6º domingo da Páscoa convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus e dia a dia tornado presente na vida dos homens por ação dos discípulos de Jesus.
A segunda leitura apresenta uma das mais profundas e completas definições de Deus: “Deus é amor”. A vinda de Jesus ao encontro dos homens e a sua morte na cruz revelam a grandeza do amor de Deus pelos homens. Ser “filho de Deus” e “conhecer a Deus” é deixar-se envolver por este dinamismo de amor e amar os irmãos.
No Evangelho, Jesus define as coordenadas do “caminho” que os seus discípulos devem percorrer, ao longo da sua marcha pela história… Eles são os “amigos” a quem Jesus revelou o amor do Pai; a sua missão é testemunhar o amor de Deus no meio dos homens. Através desse testemunho, concretiza-se o projeto salvador de Deus e nasce o Homem Novo.
A primeira leitura afirma que essa salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo, e levada ao mundo pelos discípulos, se destina a todos os homens e mulheres, sem exceção. Para Deus, o que é decisivo não é a pertença a uma raça ou a um determinado grupo social, mas sim a disponibilidade para acolher a oferta que Ele faz.
1ª leitura – At. 10,25-26.34-35.44-48 – AMBIENTE
O episódio do livro dos Atos dos Apóstolos que a leitura de hoje nos propõe faz parte de uma secção (cf. 9,32-11,18) cujo protagonista é Pedro. O tema central desta secção é a chegada do cristianismo aos pagãos.
A cena situa-nos em Cesareia, a grande cidade da costa palestina onde residia, habitualmente, o procurador romano da Judéia. No centro da cena está Cornélio, um centurião romano, que era “piedoso e temente a Deus”. O episódio refere-se à visita que Pedro faz a Cornélio, durante a qual lhe anuncia Jesus. Como resultado desse anúncio, dá-se a conversão de Cornélio e de toda a sua família.
Este episódio tem uma especial importância no esquema imaginado por Lucas para a expansão da Igreja… Cornélio é o primeiro pagão oficialmente admitido na comunidade de Jesus (em At. 8,26-40 fala-se de um etíope que foi batizado por Filipe; mas esse etíope era já “prosélito” – isto é, simpatizante do judaísmo). Em relação ao pagão Cornélio, não há indicação de que ele estivesse ligado à religião judaica. A sua conversão marca uma viragem decisiva na proclamação do Evangelho que, a partir deste momento, se abre também aos pagãos.
Para os primeiros cristãos (oriundos do mundo judaico), não era claro que os pagãos tivessem acesso à salvação e que pudessem entrar na Igreja de Jesus. O pagão era um ser impuro, em casa de quem o bom judeu estava proibido de entrar, a fim de não se contaminar. Quereria Deus que a salvação fosse também anunciada aos pagãos?
Para Lucas, é perfeitamente claro que Deus também quer oferecer a salvação aos pagãos. Para deixar isso bem claro, Lucas põe Deus a dirigir toda a trama… É Deus que, numa visão, pede a Cornélio que mande chamar Pedro (cf. Act 10,1-8); e é Deus que arrebata Pedro “em êxtase” e o prepara para ir ao encontro de Cornélio (cf. Act 10,9-23). A conversão de Cornélio será, basicamente, histórica; as “visões” e os detalhes são, provavelmente, o cenário que Lucas monta para apresentar a sua catequese. Fundamentalmente, Lucas está interessado em deixar claro que Deus quer que a sua proposta de salvação chegue a todos os homens, sem exceção.
MENSAGEM
Depois de descrever a recepção de Pedro em casa de Cornélio, Lucas põe na boca de Pedro um discurso (do qual, no entanto, a leitura que nos é proposta só apresenta um pequeno extrato) onde ecoa o kerigma primitivo. Nesse discurso, Pedro anuncia Jesus (v. 38a), a sua atividade (“andou de lugar em lugar fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com Ele” – v. 38b), a sua morte (v. 39b), a sua ressurreição (v. 40) e a dimensão salvífica da ação de Jesus (v. 43b). É este o anúncio que Jesus encarregou os primeiros discípulos de testemunharem ao mundo inteiro.
O nosso texto acentua, especialmente, o fato de a mensagem da salvação se destinar a todas as nações, sem distinção de pessoas, de raças ou de povos. Logo no início do discurso, Pedro reconhece que “Deus não faz acepção de pessoas; em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável” (vs. 34-35). Portanto, o anúncio sobre Jesus deve chegar a todos os cantos da terra.
Depois do anúncio feito por Pedro, há a efusão do Espírito “sobre quantos ouviam a Palavra” (v. 44), sem distinção de judeus ou pagãos (v. 45). O resultado do dom do Espírito é descrito com os mesmos elementos que apareceram no relato do dia do Pentecostes: todos “falavam línguas” e “glorificavam a Deus” (v. 46). É a confirmação direta de que Deus oferece a salvação a todos os homens e mulheres, sem qualquer exceção. Pedro é o primeiro a tirar daí as devidas conclusões e a batizar Cornélio e toda a sua família.
Os primeiros cristãos, oriundos do mundo judaico e marcados pela mentalidade judaica, consideravam que a salvação era, sobretudo, um dom de Deus para os judeus; os pagãos poderiam eventualmente ter acesso à salvação, desde que se convertessem ao judaísmo, aceitassem a Lei de Moisés e a circuncisão. O Espírito Santo veio, contudo, mostrar que a salvação oferecida por Deus, trazida por Cristo e testemunhada pelos discípulos, não é patrimônio ou monopólio dos judeus ou dos cristãos oriundos do judaísmo, mas um dom oferecido a todos os homens e mulheres que têm o coração aberto às propostas de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• O nosso texto pretende deixar claro que a salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo é um dom destinado a todos os homens e mulheres. Para Deus, o que é decisivo não é a pertença a uma raça ou a um determinado grupo social, mas sim a disponibilidade para acolher a oferta que Ele faz. A salvação só não chega àqueles que se fecham no orgulho e na auto-suficiência, recusando os dons de Deus. O batismo foi, para todos nós, o momento do nosso “sim” a Deus e à salvação que Ele oferece; mas é preciso que, em cada instante, renovemos esse primeiro “sim” e que vivamos numa permanente disponibilidade para acolher Deus, as suas propostas, os seus dons.
• Para nós, a ideia de que Deus não exclui ninguém da salvação e não faz acepção de pessoas parece um dado perfeitamente lógico e evidente. No entanto, a lógica universalista de Deus deve convidar-nos a refletir acerca da forma como, na prática, acolhemos os irmãos que caminham ao nosso lado… O Deus que ama todos os homens, sem exceção, convida-nos a acolher todos os irmãos – mesmo os “diferentes”, mesmo os incômodos – com bondade, com compreensão, com amor; o Deus que derrama sobre todos a sua salvação convida-nos a não discriminar “bons” e “maus”, “santos” e “pecadores” (frequentemente, os nossos juízos acerca da “bondade” ou da “maldade” dos outros falham redondamente); o Deus que convida cada homem e cada mulher a integrar a comunidade da salvação diz-nos que temos de acolher e amar todos, independentemente da sua raça, da cor da sua pele, da sua origem, da sua preparação cultural, do seu lugar na escala social. Não apenas em teoria, mas sobretudo nos nossos gestos concretos, somos chamados a anunciar esse mundo de Deus, sem exclusão, sem marginalização, sem intolerância, sem preconceitos.
• Quando Pedro chega a casa de Cornélio, este veio-lhe ao encontro e prostrou-se a seus pés… Mas Pedro disse-lhe imediatamente: «levanta-te, que eu também sou um simples homem» (vs. 25-26). A atitude humilde de Pedro faz-nos pensar como são ridículas e desprovidas de sentido certas tentativas de afirmação pessoal diante dos irmãos, certas poses de superioridade, a busca de privilégios e de honras, as lutas pelos primeiros lugares… Aqueles a quem, numa comunidade, foi confiada a responsabilidade de presidir, de coordenar, de organizar, de animar, devem sentir-se “simples homens”, humildes instrumentos de Deus. A sua missão é testemunhar Jesus e não procurar privilégios ou a adoração dos irmãos.
2ª leitura – 1Jo 4,7-10 - AMBIENTE
A Primeira Carta de João é, como vimos nos domingos anteriores, um escrito destinado às igrejas joânicas da Ásia Menor, afetadas pelos ensinamentos de certas seitas heréticas. Essas seitas (que negavam elementos fundamentais da proposta cristã a propósito da encarnação de Cristo e do “mandamento do amor”) traziam os cristãos confusos e baralhados, sem saberem o caminho da verdadeira fé. Nesse contexto, o autor da carta vai apresentar uma espécie de síntese da doutrina cristã, detendo-se especialmente a esclarecer as questões mais polêmicas.
Uma dessas questões polêmicas (e à qual o autor da primeira carta de João dá grande importância) é a questão do amor ao próximo. Os hereges pré-gnósticos afirmavam que o essencial da fé residia na vida de comunhão com Deus e negligenciavam as realidades do mundo. Achavam que se podia descobrir “a luz” e estar próximo de Deus, mesmo odiando o próximo (cf. 1Jo 2,9). Ora, de acordo com o autor da Primeira Carta de João, o amor ao próximo é uma exigência central da experiência cristã. A essência de Deus é amor; e ninguém pode dizer que está em comunhão com Ele se não se deixou contagiar e embeber pelo amor.
O texto que nos é proposto pertence à terceira parte da carta (cf. 1Jo 4,7-5,12). Aí, o autor estabelece como critério da vida cristã autêntica a relação entre o amor a Deus e o amor aos irmãos. É nessa dupla dimensão que os cristãos devem encontrar a sua identidade.
MENSAGEM
Como cenário de fundo da reflexão que o autor da Primeira Carta de João apresenta, está a convicção de que “Deus é amor”. A expressão sugere que a característica mais marcante do ser de Deus é o amor; a atividade mais específica de Deus é amar. A prova indesmentível de que Deus é amor é o fato de Ele ter enviado o seu único Filho ao encontro dos homens, para os libertar do egoísmo, do sofrimento e da morte (v. 9). Jesus Cristo, o Filho, cumprindo o plano do Pai, mostrou em gestos concretos, visíveis, palpáveis, o amor de Deus pelos homens, sobretudo pelos mais pobres, pelos excluídos, pelos marginalizados… Lutou até à morte para libertar os homens da escravidão, da opressão, do egoísmo, do sofrimento; aceitou morrer para nos indicar que o caminho da vida eterna e verdadeira é o caminho do dom da vida, da entrega a Deus e aos irmãos, do amor que se dá completamente sem guardar nada para si. Mais ainda: esse amor derrama-se sobre o homem mesmo quando ele segue caminhos errados e recusa Deus e as suas propostas. O amor de Deus é um amor incondicional, gratuito, desinteressado, que não exige nada em troca (v. 10).
Os crentes são “filhos de Deus”. É a vida de Deus que circula neles e que deve transparecer nos seus gestos… Ora, se Deus é amor (e amor total, incondicional, radical), o amor deve ser uma realidade sempre presente na vida dos “filhos de Deus. Quem “conhece” Deus – isto é, quem vive numa relação próxima e íntima com Deus – tem de manifestar em gestos concretos essa vida de amor que lhe enche o coração (v. 8). Os que “nasceram de Deus” devem, pois, amar os irmãos com o mesmo amor incondicional, desinteressado e gratuito que caracteriza o ser de Deus (v. 7). O amor aos irmãos não é, pois, algo de acessório, de secundário, para o crente; mas é algo de essencial, de obrigatório. Ser “filho de Deus” e viver em comunhão com Deus exige que o amor transpareça nos gestos de todos os dias e nas relações que estabelecemos uns com os outros.
ATUALIZAÇÃO
• “Deus é amor”. O autor da Primeira Carta de João não chegou a esta definição de Deus através de raciocínios acadêmicos e abstratos, mas através da constatação do modo de atuar de Deus em relação aos homens. Sobretudo, ele “viu” o que aconteceu com Jesus e como Jesus mostrou, em gestos concretos, esse incrível amor de Deus pela humanidade. João convida-nos a contemplar Jesus e a tirar conclusões sobre o amor de Deus; convida-nos, também, a reparar nessas mil e uma pequenas coisas que trazem à nossa existência momentos únicos de alegria, de felicidade, de paz e a perceber nelas sinais concretos do amor de Deus, da sua presença ao nosso lado, da sua preocupação conosco. A certeza de que “Deus é amor” e que Ele nos ama com um amor sem limites é o melhor caminho para derrubar as barreiras de indiferença, de egoísmo, de auto-suficiência, de orgulho que tantas vezes nos impedem de viver em comunhão com Deus.
• O que é “nascer de Deus” ou ser “filho de Deus”? É ter sido batizado e ter passado, por um ato institucional, a pertencer à Igreja? “Nascer de Deus” é receber vida de Deus e deixar que a vida de Deus circule em nós e se transforme em gestos. Não somos “filhos de Deus” porque um dia fomos batizados; mas somos “filhos de Deus” porque um dia optamos por Deus, porque continuamos dia a dia a acolher essa vida que Ele nos oferece, porque vivemos em comunhão com Ele e porque damos testemunho desse Deus que é amor através dos nossos gestos.
• Se somos “filhos” desse Deus que é amor, “amemo-nos uns aos outros” com um amor igual ao de Deus – amor incondicional, gratuito, desinteressado. Um crente não pode passar a vida a olhar para o céu, ignorando as dores, as necessidades e as lutas dos irmãos que caminham pela vida ao seu lado… Também não pode fechar-se no seu egoísmo e comodismo e ignorar os dramas dos pobres, dos oprimidos, dos marginalizados… Não pode, tampouco, ser seletivo e amar só alguns, excluindo os outros… A vida de Deus que enche os corações dos crentes deve manifestar-se em gestos concretos de solidariedade, de serviço, de dom, em benefício de todos os irmãos.
Evangelho – Jo 15,9-17 - AMBIENTE
O Evangelho deste domingo situa-nos, outra vez, em Jerusalém, numa noite de Quinta-feira do mês de nisan do ano trinta. A festa da Páscoa está muito próxima e a cidade está cheia de forasteiros. Jesus também está na cidade com o seu grupo de discípulos.
Há já alguns dias que as autoridades judaicas tinham decidido eliminar Jesus (cf. Jo 11,45-57). A morte na cruz é agora mais do que uma probabilidade: é o cenário imediato; e Jesus está plenamente consciente disso. Os discípulos também já perceberam que estão num momento decisivo e que, nas próximas horas, Jesus lhes vai ser tirado. Estão apreensivos e com medo. Será que a aventura com Jesus chegou ao fim?
É neste contexto que podemos situar a última ceia de Jesus com os discípulos. Trata-se de uma “ceia de despedida” e tudo o que aí é dito por Jesus soa a “testamento final”… Jesus sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos ficarão no mundo, continuando e testemunhando o projeto do “Reino”. Nesse momento de despedida, as palavras de Jesus recordam aos discípulos o essencial da mensagem e apresentam-lhes as grandes coordenadas desse projeto que eles devem continuar a concretizar no mundo.
No texto que nos é proposto, Jesus procura apontar à sua comunidade (de ontem, mas também de hoje e de sempre) o verdadeiro “caminho do discípulo” – o caminho da união a Jesus e ao Pai. Na perícope anterior (cf. Jo 15,1-8), Jesus tinha usado, para tratar este tema, a imagem dos ramos (discípulos) que hão-de dar fruto (missão) pela sua união com a videira (Jesus), plantada pelo agricultor (Deus); agora, Jesus fala dos discípulos como “os amigos” que Ele escolheu para colaborarem com Ele na missão.
MENSAGEM
Neste discurso de despedida de Jesus aos discípulos, João propõe-nos uma catequese onde são apresentadas as principais coordenadas desse “caminho” que os discípulos devem percorrer, após a partida de Jesus deste mundo. João refere-se, de forma especial, à relação de Jesus com os discípulos e à missão que os discípulos serão chamados a desempenhar no mundo.
1. A relação do Pai com Jesus é o modelo da relação de Jesus com os discípulos. O Pai amou Jesus e demonstrou-Lhe sempre o seu amor; e Jesus correspondeu ao amor do Pai, cumprindo os seus mandamentos… Da mesma forma, Jesus amou os discípulos e demonstrou-lhes sempre o seu amor; e os discípulos devem corresponder ao amor de Jesus, cumprindo os seus mandamentos (vs. 9-10).
2. Quais são esses mandamentos do Pai que Jesus procurou cumprir com total fidelidade e obediência? João refere-se aqui, evidentemente, ao cumprimento do projeto de salvação que Deus tinha para os homens e que confiou a Jesus. Jesus, com absoluta fidelidade, cumpriu os “mandamentos” do Pai e apresentou aos homens uma proposta de salvação… Libertou os homens da opressão da Lei, lutou contra as estruturas que escravizavam os homens e os mantinham prisioneiros das trevas; ensinou os homens a viver no amor – no amor que se faz serviço, doação, entrega até às últimas consequências. Apresentou-lhes, dessa forma, um caminho de liberdade e de vida plena. Da ação de Jesus nasceu o Homem Novo, livre do egoísmo e do pecado, capaz de estabelecer novas relações com os outros homens e com Deus.
Os discípulos são o fruto da obra de Jesus. Eles formam uma comunidade de homens livres, que acolheram e assimilaram a proposta salvadora que o Pai lhes apresentou em Jesus. Eles nasceram do amor do Pai, amor que se fez presente na ação, nos gestos, nas palavras de Jesus.
3. Agora os discípulos, nascidos da ação de Jesus, estão vinculados a Jesus. Devem, portanto, cumprir os “mandamentos” de Jesus como Jesus cumpriu os “mandamentos” do Pai. Eles devem, como Jesus, ser testemunhas da salvação de Deus e levar a libertação aos irmãos. Essa proposta que Jesus faz aos discípulos é uma proposta que conduz à vida, à realização plena, à alegria (v. 11).
4. A proposta de salvação que Jesus faz aos homens e da qual nascerá o Homem Novo resume-se no amor (“é este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” – v. 12). Jesus amou totalmente, até às últimas consequências, até ao dom da vida (v. 13). Como Jesus, através do amor, manifestou aos homens a salvação de Deus, assim também devem fazer os discípulos. Eles devem amar-se uns aos outros com um amor que é serviço simples e humilde, doação total, entrega radical. Desse amor nasce a comunidade do Reino, a comunidade do mundo novo, que testemunha, através do amor, a salvação de Deus. Deus faz-Se presente no mundo e age para libertar os homens através desse amor desinteressado, gratuito, total, que tem a marca de Jesus e que os discípulos são chamados a testemunhar.
5. Como é a relação entre Jesus e esta comunidade de Homens Novos que aprenderam com Jesus a viver no amor e que são as testemunhas no mundo da salvação de Deus?
Esta comunidade de homens novos, que ama sem medida e que aceita fazer da própria vida um dom total aos irmãos, é a comunidade dos “amigos” de Jesus (v. 14). A relação que Jesus tem com os membros dessa comunidade não é uma relação de “senhor” e de “servos”, mas uma relação de “amigos”, pois o amor colocou Jesus e os discípulos ao mesmo nível. Jesus continua a ser o centro do grupo, mas não se põe acima do grupo.
Estes “amigos” colaboram todos numa tarefa comum. Têm todos a mesma missão (testemunhar, através do amor, a salvação de Deus) e são todos responsáveis para que a missão se concretize. Os discípulos não são servos a soldo de um senhor, mas amigos que, voluntariamente e cheios de alegria e entusiasmo, colaboram na tarefa.
Entre esses “amigos”, há total comunicação e confiança (o “servo” não conhece os planos do “senhor”; mas o “amigo” partilha com o outro “amigo” os seus planos e projetos). Aos seus “amigos”, Jesus comunicou-lhes o projeto de salvação que o Pai tinha para os homens e também a forma de realizar esse projeto (através do amor, da entrega, do dom da vida). Jesus revela Deus aos “amigos”, não através de enunciados sobre o ser de Deus, mas mostrando, com a sua pessoa e a sua atividade, que o Pai é amor sem limites e trabalha em favor do homem.
6. Os discípulos (os “amigos”) são os eleitos de Jesus, aqueles que Ele escolheu, chamou e enviou ao mundo a dar fruto (v. 16a). Tal não significa que Jesus chame uns e rejeite outros; significa que a iniciativa não é dos discípulos e que a sua aproximação à comunidade do Reino é apenas uma resposta ao desafio que Jesus apresenta.
O objetivo desse chamamento é a missão (“escolhi-vos e destinei-vos para que vades e deis fruto” – v. 16b). Jesus não quer constituir uma comunidade fechada, isolada, voltada para si própria, mas uma comunidade que vá ao encontro do mundo, que continue a sua obra, que testemunhe o amor, que leve a todos os homens o projeto libertador e salvador de Deus. O resultado da ação dos discípulos de Jesus será o nascimento do Homem Novo – isto é, de homens adultos, livres, responsáveis, animados pelo Espírito, que reproduzem os gestos de amor de Jesus no meio do mundo. Dessa forma, concretizar-se-á o projeto salvador de Deus. Esse “fruto” deve permanecer – quer dizer, deve tornar-se uma realidade efetivamente presente no mundo, capaz de transformar o mundo e a vida dos homens. Quanto mais forte for a intensidade do vínculo que une os discípulos a Jesus, mais frutos nascerão da ação dos discípulos.
Nessa ação, os discípulos não estarão sozinhos. O amor do Pai e a união com Jesus sustentarão os discípulos que, no meio do mundo, se empenham em realizar o projeto de salvar o homem (16c).
7. O nosso texto termina com uma nova referência ao mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos outros” (v. 17). O amor partilhado é a condição para estar vinculado a Jesus e para dar fruto. Se este mandamento se cumpre, Jesus estará sempre presente ao lado dos seus discípulos; e, essa presença impulsionará a comunidade e sustentá-la-á na sua atividade em favor do homem.
ATUALIZAÇÃO
• As palavras de Jesus aos discípulos na “ceia de despedida” deixam claro, antes de mais, que os discípulos não estão sozinhos e perdidos no mundo, mas que o próprio Jesus estará sempre com eles, oferecendo-lhes em cada instante a sua vida. Este é o primeiro grande ensinamento do nosso texto: a comunidade de Jesus continuará, ao longo da sua marcha pela história, a receber vida de Jesus e a ser acompanhada por Jesus. Nos momentos de crise, de desilusão, de frustração, de perseguição, não podemos esquecer que Jesus continua ao nosso lado, dando-nos coragem e esperança, lutando conosco para vencer as forças da opressão e da morte.
• Os discípulos são os “amigos” de Jesus. Jesus escolheu-os, chamou-os, partilhou com eles o conhecimento e o projeto do Pai, associou-os à sua missão; estabeleceu com eles uma relação de confiança, de proximidade, de intimidade, de comunhão. Este tipo de relação que Jesus quis estabelecer com os discípulos não exclui, no entanto, que Ele continue a ser o centro e a referência, à volta da qual se constrói a comunidade dos discípulos. Jesus é, de fato, o centro à volta do qual se articula a vida das nossas comunidades? Que lugar é que Ele ocupa na nossa vida? Como é que no dia a dia desenvolvemos e aprofundamos o nosso encontro e a nossa comunhão com Ele?
• Fazer parte da comunidade dos “amigos” de Jesus não é ficar “a olhar para o céu”, contemplando e admirando Jesus; mas é aceitar o convite que Jesus faz no sentido de colaborar na missão que o Pai Lhe confiou e que consiste em testemunhar no mundo o projeto salvador de Deus para os homens. Compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, mostrar em gestos concretos que Deus ama cada homem e cada mulher – e de forma especial os pobres, os marginalizados, os débeis, os pequenos, os oprimidos; compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, eliminar o sofrimento, o egoísmo, a miséria, a injustiça, tudo o que oprime e escraviza os irmãos e desfeita o mundo; compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, sermos arautos da justiça, da paz, da reconciliação, do amor; compete-nos a nós, “amigos” de Jesus, denunciarmos os pseudo-valores que oprimem e escravizam os homens… Nós, os “amigos” de Jesus, temos de ser testemunhas desse mundo novo que Deus quer oferecer aos homens e que Jesus anunciou na sua pessoa, nas suas palavras e nos seus gestos. Estamos, de fato, disponíveis para colaborar com Jesus nessa missão?
• Sobretudo, os “amigos” de Jesus devem amar como Ele amou. Jesus cumpriu os “mandamentos” do Pai – isto é, o projeto de Deus para salvar e libertar os homens – fazendo da sua vida um dom total de amor, sem limites nem condições; a cruz é a expressão máxima dessa vida vivida exclusivamente para os outros. É esse o caminho que Jesus propõe aos seus discípulos (“é este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei”). É aqui que reside a “identidade” dos discípulos de Jesus… Os cristãos são aqueles que testemunham diante do mundo, com palavras e com gestos, que o mundo novo que Deus quer oferecer aos homens, se constrói através do amor. O que é que condiciona a nossa vida, as nossas opções, as nossas tomadas de posição: o amor, ou o egoísmo? As nossas comunidades são, realmente, cartazes vivos que anunciam o amor, ou são espaços de conflito, de divisão, de luta pelos próprios interesses, de realização de projetos egoístas?
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Quem não ama, não conhece a Deus, pois Deus é Amor ! Não fomos nós, mas foi ele que nos amou primeiro!
1. O texto de hoje (em continuidade com o domingo passado) pertence aos acontecimentos que marcam a despedida de Jesus na ultima Ceia (13,1-17,26). E é sob a ótica de um testamento que se entende melhor o texto. Domingo passado a ênfase era sobre “permanecer” em Jesus, como os ramos na videira. Hoje, a ênfase recai sobre o resultado do permanecer, que é o amor (que se traduz em frutos = missão).
2. De fato, nos versículos de hoje, insiste-se fortemente nas palavras amar, amor (9 vezes), que são o fruto de quem permanece unido a Cristo. No discurso de despedida de Jesus, é revelado à comunidade o segredo do sucesso na missão. Para dar frutos duradouros a comunidade precisa ir (v.16), ou seja, sair para a missão.
3. Os vv. 9-10 falam do amor que circula entre o Pai, Jesus e a comunidade cristã, criando comunidade de amor. Jesus afirma: “como o Pai me amou, assim também eu amei vocês” (v.9). O amor do Pai para com o Filho se resume na comunicação do Espírito (cf. 1,32s), e o amor de Jesus para os cristãos também se sintetiza na efusão do Espírito sobre a comunidade que crê (cf. 7,39).
4. Cria-se, dessa forma, laço estreito e forte entre a Trindade e a comunidade, na qual a própria vida trinitária circula e se visualiza no relacionamento fraterno e solidário entre as pessoas. Esse clima é a síntese dos mandamentos, de forma que cumpri-los é conservar-se no amor (v. 10).
5. Conservar-se no amor, portanto, não é uma situação passiva, mas dinamismo que gera comunidade fraterna. De fato, Jesus se dirige não a pessoas individualmente, mas à comunidade cristã como um todo. Por isso, permanecer nele e no Pai não significa isolar-se no verticalismo, mas expandir-se, criando laços entre as pessoas. O amor a Jesus e ao Pai leva a gerar comunidade de irmãos.
6. Jesus cumpriu os mandamentos do Pai (v.10). Eles sintetizam o projeto de Deus e a atividade do Filho em favor da vida e liberdade. Portanto, obedecer aos mandamentos de Jesus é atuar no seu projeto, e atuar seu projeto. Aqui enfatiza-se a dinâmica do amor: “se obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor” (v. 10a). Por isso podemos afirmar que não permanece no amor de Jesus quem não luta para que todos tenham vida em abundância (cf. 10,10b).
7. O amor romântico e estático é engano; não provém de Deus e não constrói comunidade. Permanecer no amor de Jesus, é consequentemente assumir sua prática libertadora, particularmente o serviço que conduz à doação de vida (cf. 13,1). Deus está conosco quando nosso amor se traduz em obras que refletem o projeto de Deus.
8. Entendido e praticado assim, o amor produz alegria de Jesus que se torna alegria plena da comunidade (v. 11). No evangelho de João a alegria está sempre relacionada a algo de novo que nasce. É a satisfação de ver que o projeto de vida e liberdade cria raízes e dá frutos nas comunidades cristãs. O amor ativo e solidário é capaz de provocar essa alegria, nascida das conquistas de grupos que lutam por vida e liberdade.
9. O fundamento da missão é o amor: “este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros assim como eu os amei” (v. 12).
9.1. É ele quem dá identidade às comunidades.
9.2. É ele quem cria o mundo novo (oposto à sociedade que devora as pessoas).
9.3. A prova cabal (de não compactuar com a sociedade que matou Jesus e continua ceifando vidas) é o amor que conduz à doação: “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos” (v.13).
9.4. O gesto de Jesus torna-se quadro de referência para o agir cristão: ele deu a vida por nós.
9.5. Todo o que arrisca, gasta ou perde a vida em favor do projeto de Deus, alcançou o grau máximo do amor.
9.6. Parece estar aqui a prova de quando o amor é verdadeiro ou não. É verdadeiro todo amor capaz de dar a vida.
10. A adesão a Jesus, – a ponto de por em jogo a vida como oferta de amor, – faz com que os cristãos vivam a mais profunda relação pessoal com o Senhor, tornando-se amigos dele (v. 15). Em 13,13s Jesus se autodenomina o Mestre e o Senhor que está a serviço. Agora ele chama seus discípulos de amigos e, mais tarde, de irmãos (20,17). Isso porque o clima que aí reina é o da confiança mútua: as pessoas acreditam em Deus, e Jesus lhes confia o projeto de vida. Estas são as duas características da amizade: confiança absoluta e disponibilidade em dar a vida.
11. Ao atingir esse grau de intimidade com Jesus, a comunidade não se relaciona mais como mestre-discípulo, e sim de amigo-para-amigo: aí está a comunhão plena. Supera-se também a relação patrão-servo. De fato, os amigos de Jesus não são empregados dele na missão: são seus colaboradores: “eu os escolhi e os destinei para ir e dar fruto, e fruto que permaneça” (v. 16a). Ir e produzir fruto duradouro é tarefa comum de Cristo e dos cristãos. A finalidade da escolha é a missão, que é parte essencial da amizade. Fazendo as mesmas coisas que ele fez, ninguém ficará frustrado ao pedir – em nome dele – alguma coisa ao Pai (v. 16b).
(Veremos logo a seguir a 2ª. leitura porque está em sintonia perfeita com o evangelho).
2ª leitura: 1Jo 4,7–10
12. Contexto da 1ª carta de João: dirigida aos cristãos da Ásia Menor que passavam por grave crise provocada por um grupo de carismáticos. Eles propunham uma doutrina gnóstica = o homem se salva graças a um conhecimento religioso especial e pessoal. Negavam que Jesus era o Messias, gloriavam-se de conhecer a Deus e estar em íntima comunhão com ele, diziam-se iluminados, livres do pecado e das baixezas do mundo, e não davam importância ao amor ao próximo.
13. A 1ª carta de João divide-se em três partes:
1. caminhar na luz – 1,5 – 2,28
2. viver como filhos de Deus – 2,29 – 4,6
3. o amor e a fé – 4,7 – 5,21
14. O trecho de hoje pertence à terceira parte. Está em perfeita sintonia com o evangelho. De fato, em apenas 4 versículos, o autor emprega 10 vezes a palavra ágape (= amor solidário). Isso nos leva a concluir:
- é da prática do amor que dependem o cristianismo, a religião e o mundo novo.
- Amar ou não amar, eis a questão!
- Sem o amor nada existe. Nem o próprio Deus, que é Amor (v.8).
15. Contra a opinião errônea de alguns que se diziam “conhecedores” de Deus e não praticavam o amor fraterno, João afirma:
1. o amor vem de Deus;
2. só quem ama é que se pode considerar filho de Deus:
3. só quem ama é que conhece a Deus, isto é, só amando é que
se pode fazer a experiência de Deus.
16. Era muito cômodo para esses grupos dissidentes, sustentar o conhecimento teórico de Deus, pois assim se isentavam de compromissos com as pessoas e comunidades. João garante que ninguém poderá amar a Deus sem amar o povo, sem solidarizar-se com seus problemas e angústias (cf. v. 8).
17. Para provar que o amor é compromisso solidário, João apresenta a prova da Encarnação: Deus envia seu Filho único ao mundo, para que, por meio dele, tenhamos vida (v. 9). A Encarnação-Redenção prova, sem sombra de dúvida, que amar é doar-se para que todos tenham vida.
18. O v. 10 prova que o amor não é teoria. O autor está para definir o que é Amor: “nisto consiste o amor”. Esperaríamos uma bela conceituação poética e abstrata. Mas ele não diz o que é o amor, e sim o que ele fez. Ou melhor: diz o que é o amor através daquilo que realizou em favor das pessoas: “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados”.
19. Na ótica divina, amor se traduz em fatos concretos, geradores de vida nova e plena. Se foi Deus quem começou a amar, nossa vida de amor nada mais é do que resposta à iniciativa dele. Amando, experimentamos quem ele é !
1ª leitura: At. 10,25-26.34-35.44-48
20. Lucas, no capítulo 10 dos Atos, descreve o Pentecostes dos pagãos, conferindo-lhe importância igual ou até maior que o fato de Pentecostes (cap. 2) e a conversão de Saulo (cap. 9).
Com isso pretende sublinhar aspectos básicos:
1. o amor de Deus não discrimina;
2. o Espírito é o verdadeiro motor da missão da Igreja (levando-a em direção aos pagãos);
3. a missão depende essencialmente da obediência ao Espírito;
4. ser Igreja é não discriminar, e sim unir todos em torno do essencial.
21. Um pagão. Cornélio era chefe de cem soldados (= centurião), e pagão residente em Cesareia. Apesar de ser “piedoso e temente a Deus” (10,2) era considerado inimigo nacional. Os judeus deviam abster-se de qualquer contato com os pagãos, sobretudo nas refeições em comum, por causa da pureza ritual. Pedro caracteriza muito bem este conflito: sob a ótica judaica, os pagãos são “coisa profana e impura” (v. 14).
22. O amor de Deus, porém, não discrimina, aceitando quem o teme e pratica a justiça (v. 35). Cornélio já está em comunhão com o projeto de Deus. Lucas focaliza duas características desse pagão: é solidário com as pessoas (dá muitas esmolas ao povo) e vive em sintonia com Deus (ora a Deus constantemente). O temor de Deus se traduzia na oração, e a prática da justiça na solidariedade com o povo oprimido. Isso é suficiente para agradar a Deus!
23. Quem age assim já está dentro do projeto divino: o Espírito já está agindo e supera a barreira de judeus e pagãos. O Espírito caminha à frente dos missionários. A conversão de Cornélio não é mérito de Pedro, é fruto do Espírito. Portanto, a missão depende da obediência ao Espírito. Com isso Lucas ilumina duas questões dos primeiros cristãos:
1. é legítima a missão junto aos pagãos? Quem a garante?
2. os pagãos que se tornam cristãos precisam ser circuncidados (… ou circuncisão é pura questão cultural)?
24. O texto vem justamente esclarecer que é legitima a missão junto aos pagãos, pois é o Espírito de Jesus, que leva à comunhão com Deus e à prática da justiça. É isso que Pedro constata ao chegar à casa de Cornélio (v. 25 ss.), quebrando as barreiras porque o Espírito o precedera na missão.
25. Interessante! Cornélio e sua família recebem o Espírito Santo antes de serem batizados, ou seja, ao ouvir o anúncio da Palavra (vv. 44-46), ao aderir ao evangelho que lhes é anunciado. O rito do batismo é consequência dessa adesão, selando o compromisso com o projeto de Deus.
26. O amor de Deus, portanto, não tem preferências e não discrimina. E a Igreja? Por ser semente do Reino, também não deve ter preferências e não deve discriminar, mas sim, unir em torno do que é essencial.
27. Tarefa árdua para Pedro e para a Igreja de hoje: ambos carregados de preconceitos ou receios ou bloqueios. Pensemos. Pedro ficou alguns dias na casa de Cornélio (v.48b) onde e quando teve que superar preconceitos de raça, religião e pureza ritual. Ele deve “engolir” o que considerava “profano e impuro”, mas que Deus purificou (v. 15) pela prática da justiça. O pedido para Pedro ficar hospedado foi motivado pelo desejo de continuar a catequese… e a catequese deve ser isenta de preconceitos, pois o amor de Deus não pode discriminar (… e o amor dos cristãos, pode?).
R e f l e t i n d o
1. Deus é amor! Não é uma definição filosófica. É a expressão da mais profunda experiência de Jesus. A experiência de Deus – que Jesus teve – foi uma experiência de amor. Essa experiência, ele a fez transbordar – sobretudo pelo dom da própria vida – sobre os discípulos, que a proclamaram para toda a comunidade: “Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor. Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15, 9.12).
2. Amar é participar do mistério de Deus (Deus é Amor!) que se manifesta em Jesus. Amar, recebendo e dando amor. Pois o amor é dom que recebemos do Pai, no Filho, e missão que consiste em partilhá-lo com os irmãos. Nisso está nossa alegria (15,11).
3. Aprofundemos mais esse dom gratuito do amor de Deus por nós. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (15,13). Amigos, não no sentido de parceiros (= com interesses comuns, comparsas de máfia, companheiros interesseiros), mas no sentido de amados – amados por serem filhos de Deus. O amor que se tem mostra-se no dom da própria vida. Isso se verifica em Jesus. Nele, “Deus nos amou primeiro” (1Jo 4,10). Não tínhamos nada a lhe oferecer, mas seu amor nos tornou amáveis. (… será que nos podemos dizer amáveis … será que os outros nos podem dizer que somos, de fato, amáveis?).
4. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”. Amigos = aqueles que ele ama, pois o modelo do nosso amor só pode ser o do amor que nos amou primeiro. É o amor de Cristo que nos tornou seus amigos, amigos não servos. Cristo não nos amou porque éramos amáveis, mas seu amor nos tornou amáveis (cf. Rm. 5,7-11). Ele nos amou primeiro, não deve ser esquecido nunca.
5. Assim deve ser nosso amor pelos irmãos. Um pouco como aquela mulher que tem um marido não muito brilhante, porém, muito amável a seus olhos, porque ela o escolheu (cf. Jo 15,16: não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi).
6. Deus é amor” é uma expressão abreviada, que quer abrir nossos olhos para a presença de Deus na realidade do amor. E isso sob dois aspectos:
- o amor que se revela na doação de Cristo por nós = o amor como dom!
- e o amor ue nós devemos praticar para com os filhos de Deus = o amor como missão!
Não podemos esquecer que o primeiro é modelo e fundamento para o segundo. Assim “amor” não significa, antes de tudo, que nós amamos a Deus, mas que ” Deus nos amou primeiro”, dando seu Filho por nós (1Jo 4,10).
7. Amor é comunhão plena. O amor de Cristo por nós existe numa comunhão total, expressa em Jo 1,18: “Ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o deu a conhecer”. E em Jo 15,15 temos: “não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”.
8. Jesus nos revelou tudo aquilo que ele ouviu do Pai. É a plena clareza da amizade, não a manipulação que caracteriza a relação servil. Quando Jesus nos envia a produzir frutos, – para expandir seu amor, – não devemos considerar isso como uma carga, mas como comunhão, participação da sua vida e da missão que o Pai lhe confiou em união de amor.
9. Jesus nos confia a missão de repartir e multiplicar esse seu amor “para que sua alegria esteja em nós e nossa alegria seja completa” (15,11). Isso porque amar-nos até o fim é sua alegria, pois é a realização do seu Ser, de sua comunhão com o Pai e o Espírito Santo. Amor é plenitude.
10. E nós quando seremos felizes? É evidente que só seremos capazes de encontrar nossa plena alegria neste amor doado até o fim, na medida em que comungarmos com Cristo e assumirmos seu amor total como sendo a verdadeira vida. Comungar e assumir! Quem se procura a si mesmo, não pode conhecer a alegria cristã.
11. Amor é comunhão! Não vem de um lado só. Assim como o amor de Deus veio até nós em um irmão, – Jesus, – assim ele frutifica nos irmãos e irmãs que amamos. Deus, – fonte inesgotável de amor, – não precisa de compensação pessoal por seu amor. Ele se alegra com os frutos que nosso amor produz (= quando comunicamos e disseminamos o amor em torno de nós – Jo 15,8).
12. Amar é participar do mistério de Deus que se manifesta em Jesus Cristo. Amar – recebendo e dando amor. Pois o amor é dom que recebemos do Pai, no Filho. E amar é missão que consiste em partilhá-lo com os outros. E, segundo o Mestre e Senhor, é total e plenamente gratuito!
13. É um amor maior! Maior, por que? A comparação sugere que existem outros amores menores. É o maior, porque ele não é condicionado por outra coisa, por privilégios, proveitos, retribuições, compensações – afetivas ou outras – etc. É maior, porque é gratuito, e nesta gratuidade, vai até o limite: a doação total e gratuita de si mesmo em favor do amado. É o amor até o fim de que falou João no início da narração da Ceia (13,1). Maior porque gratuito, e gratuito porque até o limite de doação total.
14. O amor é a última palavra de Deus, (e a primeira também!) e tem a forma de Jesus. Mas qual Jesus? O Jesus que conheceu o conflito, a dor, a rejeição, a injustiça, mas que venceu o ódio, sendo fiel até a morte… morte que é consequência de um amor mostrado e demonstrado com intensidade a cada um e a todos… e amor deixado como legado aos seus seguidores. O amor de Deus é um desafio para fazer surgir ” amor ” lá onde a natureza só conhece luta, divisão, violência e morte.
15. Um amor universal. O amor de Deus toma a iniciativa e vai à procura de todos. E, procurando amar a todos, Deus escolhe cada um que ele quer amar, e ama-o com amor de predileção (… isto, para Deus, não tem nenhum problema, pois ele não é limitado material e afetivamente).
16. Deus ama o Filho. Este nos revela o amor do Pai, amando-nos até o fim. E nós somos chamados a fazer o mesmo para com aqueles com quem cruzarmos as estradas da vida (… e isso, só não o podem os que não quiserem). Esta é a dinâmica do amor universal de Deus. Não ama “em geral” ( = de qualquer jeito). Ama a cada um como amigo. Daí a necessidade de que esses amigos sejam unidos entre si por este mesmo amor. É isto que se diz “comunidade”. É isto que forma a comunidade dos que não só não se opuseram a que Deus os amas-se, mas que se dispuseram a amar do jeito dele!.
17. Para isto: ouvir a Palavra e praticá-la (Mt. 7,24.26). Viver da sabedoria do evangelho: amor ao próximo … e para nós, cristãos, a exigência de que o amor fraterno seja multiplicado no mínimo por três, pois somos amados por um tríplice amor: o do Pai, o do Filho e o do Espírito Santo. (ex P. Paulo Botas, Deus conosco).
18. João, na sua 1ª. carta, relativiza toda mediação religiosa normativa e ritualística: “amados, amemos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Todo aquele que ama é filho de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conheceu a Deus, já que Deus é amor (1Jo 4,7s). O amor cristão critica todas as formas discriminatórias, recusa a distinção entre puros e impuros, acolhe leprosos, publicanos e prostitutas, e nos revela que o outro (quem quer que seja), é o meu próximo (Lc. 10,29 ss.). Paulo é enfático: “já não se distinguem judeu e grego, escravo e livre, homem e mulher, pois em Cristo Jesus sois todos um só” (Gl 3,28). (ex Paulo Botas, Deus conosco)
19. Somos convocados a amar. Um amor total de entrega e doação a Deus em gesto de gratidão pelo Seu amor. Uma vivência de amor fraterno, generoso, solidário a quem estiver à nossa frente (= o outro, o próximo). Amar não é questão abstrata, de sentimento ou sentimentalismo, mas experiência, vivência concreta de gestos “manifestados” de amor, de participação de vida com o outro: a vida de Deus ou a vida do próximo.
20. O mundo em que vivo. O mundo atual vive uma crise de ética, onde se destaca o individualismo, o egocentrismo. Amar é alargar o projeto de Deus no mundo. Os apóstolos decidem levar aos outros o amor por eles “experienciado” com Jesus: ” dou-me conta de que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça (= o ama) lhe é agradável” (At. 10,34). O cristianismo vem, assim, alargar as fronteiras e horizontes da humanidade: para além das mesquinharias exclusivistas, egoísticas e egocêntricas existe um “amor” que gera vida e alegria e que se destina a todos (… e não só a alguns!). Um mundo de amor. Uma humanidade feliz. Uma humanidade de homens amados e mulheres amadas (amados e amadas por Deus, e amados e amadas entre si). Uma humanidade justa. Uma humanidade solidária. Uma humanidade fraterna, de filhos de Deus (… e de irmãos!). Uma humanidade “do jeito” que foi pensada por Deus.
prof. Ângelo Vitório Zambon
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1. A liturgia da Palavra deste sexto Domingo do tempo pascal, nos convida a amar os irmãos e as irmãs, nos lembrando que Jesus chamou de amigos os discípulos. Amor e amizade são, talvez, as palavras mais escutadas e mais abusadas na nossa realidade. Quem domina, de fato, os nossos relacionamentos corriqueiros, são sentimentos de rivalidade, inveja, ciúme. Somos mergulhados em um mundo de ódio e egoísmo, aonde as palavras de amor e amizade perdem sentido. Todos os dias lidamos com a desconfiança daqueles que se dizem nossos amigos, mas que depois na “hora h”, são os primeiro a nos virar as costas. E o amor: o que é isso? Traições, adultérios, violências são aquilo que nós experimentamos na nossa vida cotidiana. Como conciliar, então, esta realidade de morte na qual somos mergulhados e a exigência de Jesus?
2. “ Este é o meu mandamento: amai-vos um aos outros assim como eu vos amei”(Jo 15,12).
Não tem como fugir: Jesus pediu isso mesmo, amar os irmãos e as irmãs. A essência do cristianismo não é dada pela participação de ritos, mas pela vivencia do amor. Em outras palavras, somos cristãos se amamos os irmãos e as irmãs. O amor é o centro da nossa caminhada e toda a vida sacramental e espiritual visa isso mesmo: fazer de nós pessoas capazes de amar. O problema nessa altura é o seguinte: a final de conta é o que o amor? Quer dizer amar os outros?
Se depararmos com atenção no versículo do Evangelho de João citado acima, descobriremos que Jesus não pediu de nos amarmos de qualquer jeito, mas “assim como eu vos amei”.
A segunda leitura que hoje ouvimos frisa a mesma idéia: “Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que tenhamos vida por meio dele” (1 Jo 4, 9). Isso quer dizer que, se quisermos entender o que significa no plano de Deus amar, devemos olhar para Jesus, pois é nele que o amor de Deus se manifestou. Então, como é que Jesus manifestou o amor de Deus? Doando a sua vida para nós, morrendo por nós gratuitamente. Amar como Jesus amou significa doar a própria vida para os irmãos e as irmãs, que o Senhor coloca no nosso caminho. É este “como” como espanta. Como podemos, de fato, nós seres mortais, amar do jeito que Jesus, o Filho de Deus, amou? Não é exigir demais? Sem duvida nenhuma o homem sozinho não consegue amar do jeito que Jesus amou. A desobediência de Adão e Eva, afetou de tal forma a humanidade que a estragou, rendendo-a incapaz de realizar a própria vocação ao amor. Este é o grande paradoxo da nossa vida: fomos chamados por Deus a amar, mas, por causa do pecado, não conseguimos realizar esta vocação original. Como sair dessa situação? 
3.“Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vitima de reparação pelos nossos pecados” (Jô 4,10).
Este versículo nos revela que Deus mesmo criou as condições para que possamos realizar a nossa vocação ao amor: acolher Jesus. E acolher Jesus não é aquele negocio estranho que os nossos irmãos evangélicos pregam, ou seja erguer a mão. Acolher Jesus significa fazer uma opção para Ele, se decidir para Ele. Esta decisão é confirmada na hora da Eucaristia. No corpo de Cristo, de fato, recebemos o mesmo Cristo, a sua vida, o seu jeito de ser, de amar, pensar, agir. Dizendo Amem na hora de comungar, estamos expressando para Deus o desejo que a vida de Cristo, que estamos recebendo na Eucaristia, se realize na nossa. Com Cristo presente espiritualmente em nós, podemos nos esforçarmos para mudarmos qualitativamente os nossos relacionamentos, para que se tornem mais humanos, mais fraternos, mais autênticos.
4. Existe um critério para descobrirmos se a Eucaristia está fazendo efeito na nossa vida, ou seja se estamos amando do jeito que Jesus amava?
Conforme as leituras de hoje, podemos encontra este critério nestas palavras de Lucas: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrario, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (Atos 10, 34-35).
Enquanto o ódio me fecha o coração, o amor que recebo de Jesus, o abre. Deus aceita a todos e a todas, pois Ele não faz distinção entre as pessoas. Se quisermos avaliar a medida do nosso seguimento a Jesus, da autenticidade da nossa adesão a Ele, devemos dirigir o nosso olhar nessa direção, para nos perguntarmos: será que somos pessoas que aceitam todo mundo sem distinção, ou colocamos uma serie de exigências para as pessoas se aproximarem de nós?
As vezes, dialogando com os jovem, fico abismado: com que facilidade e com que superficialidade, cortam a vida dos colegas! Que detalhes banais são observados para discriminar o fulano ou a fulana! E com que dureza! Para não falar do jeito dos adultos se relacionarem, que é uma outra pagina extremamente dolorosa.
Acolher o amor de Jesus derramado em nós na Eucaristia, significa esforçar-se para realizar uma nova humanidade, novos relacionamentos. A conversão a qual Jesus nos convida, é a confiança que, apesar das aparências, amar os irmãos e as irmãs do jeito que Ele nos amou, é possível. Realizar um mundo diferente mais justo, mais fraterno e solidário, com Jesus é possível: basta acolhe-lo.
5. “Vós sois meus amigos” (Jo 15, 14). O Evangelho é uma palavra extremamente simples, escrito com palavras simples: amor, amizade, gratuidade. A vida eterna passa através deste vocabulário simples que, para realizá-lo, exige simplicidade. Pedimos ao Espírito Santo que abrande os nossos corações, derrete a nossa soberbia, molde a nossa humanidade para que Jesus Cristo encontre espaço em nós e, assim, realizar conosco o sonho de Deus: o seu Reino de amor.
padre Paolo Cugini
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“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amo”

O Tempo Pascal está terminando. Chegamos no 6º Domingo da Páscoa caminhando com Jesus Ressuscitado e refletindo sobre a Palavra de Deus. No 2º Domingo (15) refletimos sobre as aparições de Jesus com o tema: Jesus está vivo na comunidade. No 3º Domingo (22) “O encontro com o Ressuscitado”. Na passagem de Emaús Jesus caminha com os discípulos e na partilha do pão eles reconheceram Jesus. No 4º Domingo (29) Jesus se apresenta como o Bom Pastor. Concluímos que Jesus é o modelo de pastor e guia a ser seguido pelas lideranças de hoje e que o mundo moderno precisa cada vez mais de pastores comprometidos e capazes de entregar a própria vida para salvar as ovelhas. No 5º Domingo (06 de maio) o tema foi: A videira e os ramos. “Eu sou a videira, vos os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele produz fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15,5). Aprendemos que é preciso estar em permanente sintonia com Jesus.
A liturgia deste 6º Domingo da Páscoa convida-nos a contemplar o amor de Deus revelado na pessoa de Jesus que nos confia à missão de repartir e de multiplicar seu amor. Em outras palavras – é preciso globalizar o amor a Deus e aos irmãos para que o mundo seja melhor. O amor é um dos temas preferidos da sociedade atual como destacam as novelas, músicas e poemas, mesmo que seja mais na fala do que na prática. O mais importante é recuperar o sentido profundo do amor cristão. O Evangelho relata que Jesus vai alem dos critérios do Antigo Testamento: amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). O Novo mandamento de Jesus consiste no “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (João 15). O texto de hoje tem como cenário a última ceia (5ª Feira Santa) em clima de despedida Jesus deixa as suas recomendações para os discípulos: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amo”. Que amor é este? Amar a ponto de entregar a própria vida não é um amor qualquer. Trata-se de um amor doação total, um amor sem limites. Mais que um sentimento, um compromisso; mais que uma simples emoção, um projeto de vida. É assim o amor cristão. A Palavra de Deus ensina que a comunidade é lugar por excelência de vivenciar o mandamento do amor deixado por Jesus; que o amor é a forma mais nobre de relação entre as pessoas, conseqüentemente deve animar nossas atividades de pastorais. Observamos que algumas pessoas iniciam e terminam uma relação de amor com certa facilidade. A exigência maior está em permanecer no amor durante uma vida inteira. Isto só é possível se você amar a Deus e fizer de Jesus o centro de sua vida. Pense nisto e tenha uma semana com Jesus no coração.
Pedro Scherer
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AMEM UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI
O Evangelho de São João, para este domingo, apresenta-nos o mandamento novo de Jesus: «Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros». Não é fácil cumprir este mandamento que Jesus nos manda viver.
        A nossa vida está tão repleta de tantas coisas complexas demais que se torna, por vezes, impossível corresponder ao mandato de Cristo. Todos temos experiências de relações com outras pessoas que nos marcaram profundamente para o bem e para o mal.
        No entanto, cada um deve em primeiro lugar ser capaz de acolher todos aqueles que Deus colocou na sua vida e amá-los profundamente.
        Dessa forma, já viveremos o mandamento novo que Jesus nos ensina. Os contextos mais difíceis do mundo são o melhor lugar para viver o amor. Primeiro que tudo, devem estar no nosso coração todos os que a vida nos ofereceu como membros de família, do trabalho, da opção e de todas as caminhadas que realizamos.
        Logo depois, somos desafiados a viver o amor para com todos aqueles que se cruzam conosco no dia a dia.
        Penso que o amor começa em casa,assim  como a tolerância , a paciência, a caridade,filhas do amor.Primeiro está a família, depois a cidade. É fácil fingir amar as pessoas que estão longe; mas é muito menos fácil amar aqueles que vivem conosco ou que estão muito perto de nós.
        Para se amar alguém, é preciso estar perto dessa pessoa. Todas as pessoas precisam de amor. Todos nós precisamos de saber que temos importância para os outros e que temos um valor inestimável aos olhos de Deus.
        Cristo disse: «Que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei». E disse também: «Aquilo que fizerdes ao mais pequeno dos Meus irmãos, a Mim o fazeis». É a Ele que amamos em cada pobre, e todos os seres humanos são pobres de alguma coisa. Disse Ele: «Tive fome e destes-Me de comer, estava nu e vestistes-Me».            Queridos irmãos e irmãs , devemos nos esforçarmos , para  que o nosso dia apesar de tanta pressa, de tantos compromissos, apesar de tantos problemas e decepções , que esse dia seja vivido na presença de Jesus Cristo .
        A esta forma de vida não se chama ingenuidade ou inocência doentia, mas disponibilidade para a vivência da felicidade pessoal e dos outros. Não devemos aceitar todas as patetices e asneiradas dos homens, mas somos chamados a acolher, compreender e perdoar.
        O amor que Jesus nos manda viver como elemento essencial do seu Reino passa pela entrega ao serviço dos outros e pelo acolher a todos como irmãos.
        O reino de Jesus Cristo, está identificado pela fraternidade. Até podemos definir a religião cristã como uma fraternidade. Ninguém se pode dizer cristão se não vive a dinâmica da amizade e da abertura aos outros como irmãos como valor fundamental da sua vida diária. Talvez seja esta visão do cristianismo que nos leva a concluir que esta religião é difícil de se viver.
        No entanto, não devemos deixar que este pensamento nos atrofie a coragem ou a entrega à descoberta do essencial para a felicidade.
        A descoberta do amor é um bem crucial para a realização de cada um como ser humano e como pessoa. Por isso, desistir de o procurar será como que dizer não à vida e ao que ela tem de mais belo. Deus, pela pessoa de Jesus convoca-nos para o ideal do amor e cada um de nós deve procurar corresponder na medida do possível a esse chamamento freqüente de Deus.
        Para finalizar, uso palavras que foram ditas por Santo Agostinho:  Aquele que ama o seu próximo com um amor puro e espiritual, quem amará nele senão Deus? É este amor que o Senhor quer separar da afeição puramente natural, ao acrescentar: "Como eu vos amei". Que é que Ele amou em nós, senão Deus? Não Deus como nós o possuímos já, mas tal como Ele quer que o possuamos quando "Deus for tudo em todos". O médico ama os doentes por causa da saúde que quer dar-lhes, não por causa da doença. "Assim como vos amei, amai-vos uns aos outros". Foi para isso que Ele nos amou: para que, por nossa vez, nos amássemos uns aos outros.

Amém.
Abraço carinhoso.
Maria Regina

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Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Rita Leite

27 de maio

Evangelho de Jesus Cristo 15,12-17
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Jesus dá um novo mandamento aos seus discípulos.  Este mandamento novo veio superar todos os outros, já não vale mais amar os amigos e odiar os inimigos. Amar como Jesus amou eis nosso maior desafio. Jesus nos amou ao extremo. Na ultima ceia lavou os pés de seus discípulos e nos deu o exemplo do amor incondicional, quando lavou os pés daquele que o trairia.
 Jesus faz de nós seus amigos e doa sua vida por amor aos amigos. Seu amor gratuito nos ensina como devemos amar. Pois sabemos que amar aquelas pessoas simpáticas e legais é muito fácil, difícil é amar aquelas que nos perseguem, nos incomodam, fala mal de nós. Aí sim está nosso desafio.
 Você acha difícil amar aqueles que causam tanto mal a sociedade? Aqueles que causam tanta dor? Não é difícil. É impossível para nós. Só em Jesus e através de Jesus conseguiremos não sentir ódio por tais pessoas. Sabemos que falar assim é muito bonito, mas que na pratica é impossível não sentir revolta quando nos causam tanta dor. Somos humanos e incapazes de amar e perdoar pelas nossas próprias forças por isso é que nosso amigo fiel não nos deixa só, ama em nós e por nós.
Amar como Jesus amou, portanto quem se diz cristão seguidor de Jesus Cristo não deve ter em seu coração sentimentos de ódio e de vingança. Não podemos nunca aceitar a pena de morte, o aborto a eutanásia. Abramos nosso coração ao amor, não só aos nossos amigos mais queridos, mas a todos. Valorizemos nossas amizades. Somente o amor pode mudar o mundo. Jesus se fez nosso melhor e maior amigo. Amigo que se doou numa cruz, mesmo sabendo que seus amigos o abandonariam, seu amor venceu a morte. Jesus quer se nosso amigo, Ele nos escolheu. Que presente maravilhoso ser amigo (a) de Jesus, quem não quer tê-lo como amigo? Amigo fiel verdadeiro que está ao nosso lado em todos os momentos de nossas vidas.
 As amizades construídas a partir da fé em Jesus é uma amizade sólida, madura que supera todas as diferenças. Por isso é preciso amar perdoar e celebrar uma amizade saudável fundamentada em cristo. Santa Catarina de sena diz: "A amizade cuja fonte é Deus, nunca se esgota". Escolhidos como amigos de Jesus somos enviados para dar frutos bons que geram vida.
Unidos na oração e alimentados pela palavra e pela Eucaristia vamos transbordando esse amor gratuito de Deus por nós e fazendo do mundo uma só família, filhos do mesmo Pai e irmãos de Jesus.
Seremos conhecidos como discípulos de Jesus se entre nós existir amor, perdão, compreensão, partilha dos bens, solidariedade, pois ele nos diz: se vocês se amarem nisso todos reconhecerão que são meus discípulos.
Abraço fraterno
Em Cristo nosso amigo fiel
Rita Leite
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AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI


Após tantos domingos celebrando a páscoa, a ressurreição do Senhor, chegamos ao centro da vida cristã: o amor. Hoje as três leituras estão centradas sobre o mesmo tema: amor. Aí é onde reside a nossa fé em Deus. Ser cristão não é questão de recitar o credo nem de compreender perfeitamente cada uma de suas expressões. Também não é questão de participar na liturgia da Igreja nem de cantar salmos todo o dia nem de fazer muita penitência e sacrifícios. Não é questão de entregar nossa alma e vontade a Deus e nos fazer seus escravos. Não é questão de ser mais ou menos pobres. Nem sequer é questão de rezar muitas horas ou de fazer os exercícios inacianos.

Tudo isso pode ajudar. Mas não é o centro. A chave, o centro, o mais importante está bem claro na segunda leitura: “Amemo-nos uns a outros já que o amor é de Deus”. E poderíamos acrescentar, citando também João: 
“Porque Deus é amor”. E não há outra forma de conhecer Deus, de viver Deus, de seguir Jesus, do que amando. E amando como Deus, que acolhe a todos e não faz distinções.

O nosso é puro agradecimento 

Há uma questão que não devemos esquecer sobre o amor: 
é que ele nos amou primeiro. Não devemos esquecer nunca. O nosso é amor de resposta, por assim dizer. Não temos mais que voltar os olhos a ele para nos dar conta. O nosso não é mais que agradecimento, ação de graças. É o mínimo que pode fazer uma pessoa educada ante ao que lhe estende a mão na dificuldade.

Deus é o que se aproximou a nós. Encarnou-se. Fez-se como nós. Fez-se um de nós. Compartilhou nossos caminhos e nosso pão e nosso vinho. O peixe assado e o suor do cansaço no trabalho. O gozo da fraternidade e o desprezo dos que não quiseram escutar sua palavra próxima, reconciliadora, salvadora. Ele é nossa imagem de Deus, nossa forma de conhecer a Deus. Seu rosto é o rosto de Deus para nós. Não há outro meio nem outro caminho.

O mandamento do amor 

É o que nos diz o Evangelho deste domingo. É um texto que se abre com uma afirmação na qual Jesus dá depoimento do que tem sido sua vida: 
“Como o Pai me amou, assim eu vos amei” e que termina com um mandato, o único mandato, a única ordem, a regra das regras, a que contêm todas e, no entanto, nos abre à maior das liberdades: “Isto vos mando: que vos ameis uns a outros”. Não faz falta mais.

Agora podemos jogar um olhar ao nosso arredor. Sair à rua e contemplar-nos a nós mesmos em nossas relações com os demais, com os familiares e vizinhos, com os amigos, com os colegas de trabalho... Podemos recordar nossos comentários sobre os políticos, sobre as personagens que vemos na televisão. E olhar se nós somos capazes de 
“amar primeiro”. Porque aí está a jogada, chave de nosso ser cristão. Seguir a Jesus não é só “amar”. É algo mais. É “amar primeiro”. Aí é onde experimentaremos o gozo e a alegria de ser como Jesus e, por tanto, como Deus.

Assim começaremos a construir o Reino, esse espaço de fraternidade e gozo e paz que, às vezes, só algumas vezes, somos capazes de experimentar em nossa vida. Nesse esforço estaremos contribuindo para que tenhamos um mundo melhor (não se trata de pensar no outro mundo senão neste, aqui e agora). E iremos fazendo realidade o sonho de Deus para nós, o sonho que nosso Criador sonhou para suas criaturas e que se frustrou no Calvário e que, a trancos e barrancos, Deus conseguiu sacar adiante ressuscitando a Jesus dentre os mortos.
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”Amai-vos uns aos outros” – Nancy
Quão profundo é difícil é o cumprimento a esse mandamento: "amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei." Aliás, o mandamento que embasa toda a trajetória e todo o trabalho missionário de Jesus Cristo, o filho do Pai, enviado ao mundo para nos redimir dos pecados e para nos salvar.
 Jesus era realmente o Messias, porque amava indistintamente, sem reservas, incondicionalmente. Um amor que, embora conhecendo, reconhecendo e vivenciando a inimizade, o ressentimento, o ódio, a dor, não se dobrava a esses acontecimentos indesejáveis. E sempre pregava e praticava o amor acima de tudo, pois era humano e, acima de tudo, divino!
Há uma mensagem de reflexão intitulada "O mestre e o escorpião" que pode ilustrar muito bem a natureza de Jesus Cristo: um pai misericordioso e amoroso que nos carrega no colo, que coloca o nosso fardo sobre as suas costas, que nos ajuda a encontrar caminhos, que nos inspira a acreditar no amanhã...
Um mestre oriental viu um escorpião que se afogava e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião lhe picou. Como reação à dor, o mestre soltou-o e o animal caiu na água e, de novo, estava se afogando. O mestre tentou tirá-lo outra vez, e novamente o escorpião o picou.

Alguém que tinha observado tudo se aproximou do mestre, e disse: - Perdão, mas você é muito teimoso! Não entende que cada vez que tentar tirá-lo da água, ele o picará?

O mestre respondeu: - A natureza do escorpião é picar e isso não muda a minha natureza, que é ajudar. Então, com a ajuda de um ramo, o mestre retirou o escorpião da água e salvou-lhe a vida.

Esta simples mensagem nos traz uma grandiosa lição de aprendizagem que nos faz perceber como as pessoas também podem reagir como os escorpiões: ferindo, machucando, causando dor, sofrimento, desprazer. Tão diferentes do Mestre Jesus, modelo de humanidade e divindade.
Pensemos irmãos e irmãs, em como reagimos com o nosso próximo no dia a dia: somos similares a Jesus Cristo ou aos escorpiões? Cumprimos o mandamento cristão que nos aconselha: "Amai-vos uns aos outros", buscando a paz e a justiça social?
Que Maria Santíssima interceda por cada um de nós, junto ao seu filho Jesus, para nos espelhemos no modelo de bondade do nosso Mestre, farto em mansidão, amor, zelo, solidariedade, fraternidade. Amém!
Abraços fraternos.
Nancy - professora
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