Mãe.
Parabéns pelo seu dia!
DOMINGO 13 DE MAIO
Amem uns aos
outros como eu vos amei
Jo 15,9-17
Assim como o meu Pai me ama, eu amo vocês;
portanto, continuem unidos comigo por meio do meu amor por vocês. Se obedecerem
aos meus mandamentos, eu continuarei amando vocês, assim como eu obedeço aos
mandamentos do meu Pai e ele continua a me amar.
- Eu estou dizendo isso para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria
de vocês seja completa. O meu mandamento é este: amem uns aos outros como eu
amo vocês. Ninguém tem mais amor pelos seus amigos do que aquele que dá a sua
vida por eles. Vocês são meus amigos se fazem o que eu mando. Eu não chamo mais
vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que o seu patrão faz; mas
chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai. Não
foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que
vão e dêem fruto e que esse fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê
tudo o que pedirem em meu nome. O que eu mando a vocês é isto: amem uns aos
outros.
Imitemos Jesus no amor mútuo
Introdução
Jesus hoje nos
convida a imitá-lo. Ele que nos amou até as últimas conseqüências, nos garante
que Ele não é o nosso superior, mas sim
nosso amigo, dando-nos a liberdade de choramingar as nossas mágoas e com
Ele e desabafar a toda hora que
precisarmos. Pois podemos contar com a sua ajuda, tanto é que Jesus deu o maior
exemplo de amizade e amor por nós, doando a sua vida pela humanidade. Desse modo, Jesus nos convida a amar-nos uns
aos outros como Ele nos amou, e essa prática do amor mútuo é para o nosso
próprio bem. Não só para termos uma vida sem complicações, sem violência, mas
para podermos alcançar a vida eterna.
Hoje também
estamos celebrando a pessoa de Maria, e, portanto, homenageando a todas as
mães, principalmente a nossa, a qual segue ou deveria seguir o modelo de Maria,
a mãe das mães, não só pelo fato de ser a mãe de Jesus que é Deus, mas também
porque, ela é o modelo que a nossa família deve inspirar, para que tenhamos
vida em abundância.
Irmãos. Ao
celebrar esses mistérios, precisamos tem em mente que só o fato de relembrá-los
mesmo com todo respeito, devoção e reverência, não basta. Precisamos levar uma
vida que corresponda ao que nos ensinou o Cristo ressuscitado.
É preciso que
deixemos que Deus esteja realmente
conosco, no meio de nós, derramando a sua luz e o seu espírito sobre nós, sobre
as nossas famílias , em nossas paróquias, sobre a Igreja, para que tenhamos
forças para vencer o nossos egoísmo, superar o nosso preconceito, e sermos mais
caridosos com palavras mais também em atos concretos.
Caríssimos. Deus
não faz distinção de pessoas, mas sim Ele aceita quem o teme e pratica as suas
palavras assim como a justiça. Se Deus não tem preconceito a nenhuma pessoa, então, por que nós temos de discriminar? O certo é que
amemos uns aos outros, porque o amor nos vem de Deus. Aquele que não ama, mas sim procura destruir
o irmão, não conheceu a Deus que enviou o seu Filho ao mundo para nos avisar
dos perigos relacionados à nossa salvação, e nos deixar através da Igreja, tudo
o que precisamos para alcançar a vida eterna.
Prezados irmãos.
Vamos permanecer no amor de Cristo, pois só temos a ganhar com isso. É uma grande tolice o que o mundo nos ensina.
Uma alegria falsa, fora do amor de Deus.
A verdadeira alegria de viver consiste em guardar, e praticar os
mandamentos de Jesus, principalmente aquele que sintetiza toda a vontade do Pai. Amar uns aos outros
como Ele nos amou.
E fazemos isso
tolerando, ajudando o irmão em suas necessidades, corrigindo-o, rezando por
ele, ensinando-o o Evangelho de Jesus Cristo, respeitando, cumprimentando, não
discriminando, com um sorriso sincero, sofrendo com ele, dando-lhe a mão no
momento em que ele mais precisa, escutando-o, não sendo falso, não falando mal,
etc, e não apenas dando beijinhos que muitas vezes são beijos de Judas, e muito
menos prometendo a ele o que você não pode
ou não quer dar.
José Salviano
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"PERMANECEI
EM MIM..." –Diac. José da Cruz
13
de maio - VI Domingo da Páscoa
Ás
vezes quando me deparo com o evangelho de São João, apelo para o meu imaginário
grupo de debates onde o Maneco, membro de uma comunidade das mais simples,
replica, logo após a conclusão “Eta” que esse tal de João gosta de complicar,
porque não vai direto ao assunto?” Já o Ernesto, que é encarregado em uma
empresa, gosta de ver o jeito de Jesus falar com os discípulos nesse evangelho,
“Esse Jesus é dos meus, lá na fábrica é assim que eu digo para a minha turma
“Se quiser ser meu amigo, faça o que eu mando”. Confesso que tomei um susto,
não tinha reparado que o versículo 14 é exatamente assim “Vós sois meus amigos,
se fizerdes o que vos mando”.
Esta
não é uma frase solta no meio do texto, mas há sempre o perigo de se fazer uma
leitura fundamentalista da Palavra de Deus, pois o meu irmão de grupo gosta de
ser mandão na comunidade, porque é essa a sua rotina na empresa, e assim ele se
identifica com Jesus, que nessa frase parece mesmo ser “mandão” e autoritário,
bem do tipo, se não for pra fazer do meu jeito, então não quero. Entretanto o
ensinamento é outro... Foi quando Dona Maria, que trabalha de doméstica há
muito tempo, fez uma observação interessante, que eu nem havia pensado. “O
senhor me desculpe, pode ser que vou falar bobagem, porque não tenho estudo de
teologia, mal fiz o antigo ginásio, mas parece que Jesus diz aí, que ele nos
trata como amigos e não como servos, mas o gozado é que ele mesmo falou em um
outro evangelho, que veio para servir e não para ser servido, quem serve é
servo”.
Dona
Maria não quer nem saber se o jeito de João escrever seu evangelho é diferente
dos sinóticos, mas parece que “matou em cima” a questão intrigante. Na relação
de trabalho, quem serve é quem é mandado, na comunidade enquanto igreja, quem
serve é aquele que ama. Diante dessa observação feita ao grupo, levantou-se o
“Mota” pessoa que na paróquia é o responsável em buscar as hóstias e partículas
no Mosteiro das irmãs. “Óia gente, andei contando por curiosidade e vi que só
nesse evangelho, João escreveu nove vezes o verbo amar, acho que isso quer
dizer alguma coisa” Parece que o Mota “mordeu a isca” -- pensei com meus botões
- Quem experimentou tão intensamente e de maneira profunda, o amor de Deus
manifestado em Jesus de Nazaré, não vai mais falar de outra coisa na vida, que
não seja desse amor, não é a
toa
que o evangelho o chama de “Aquele discípulo que Jesus amava”, não porque o
Senhor o amava mais que aos outros, mas porque ele, o discípulo, compreendeu
que Jesus é o Amor do Pai manifestado entre os homens, não só compreendeu, mas
experimentou, e esta manifestação não é exclusiva para alguém, mas a todos os
homens.
Roseli,
uma jovem que também integra o nosso grupo, e que anda nas nuvens porque está
namorando um catequista da comunidade, fez um comentário belíssimo “Então a
gente pode dizer que Jesus é o amor ESCANCARADO de Deus para os homens!”.
Escancarado é aquilo que não se tem como esconder, não dá para disfarçar, como
os olhos brilhantes da Roseli, quando está perto do namorado. Quem se sente
amado por alguém, não tem como disfarçar a alegria, o bem que a outra pessoa
lhe faz, só de estar perto, e aqui dá para entender a expressão “Eu vos digo
isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja plena”.
A
descoberta de que Deus nos ama tanto, e de maneira apaixonada em Jesus, faz a
gente se tocar, a vida ganha um novo sentido, um novo horizonte se descortina,
pois há uma palavra chave em João, que nos permite sonhar esse sonho
realizável, que é ser feliz plenamente. Permanecei em mim. Permanecei no meu
amor. Quem ama quer o outro sempre junto, e aqui, o poder de Deus torna-se
frágil diante da liberdade humana, Deus não pode nos manter junto dele, sem o
nosso consentimento, sem a nossa vontade! Cá entre nós, sei que é isso que
acontece com a Roseli, que se encantou com o moço da catequese, eles até estão
namorando, mas a verdade é que ele, embora muito sério, não está muito afim da
coitada, mas para não magoá-la, mantém o namoro, e o pior é que um dia, uma
amiga confidenciou à Roseli essa verdade, e para espanto da outra, a Roseli
disse simplesmente “Não tem problema, eu só quero amá-lo, não precisa que ele
me ame”.
Pronto,
chegamos a um ponto culminante da nossa reflexão, Deus quer e sempre quis, e
sempre vai querer nos amar, mesmo que não seja correspondido, o seu amor Ágape
é o amor oblativo, é o verdadeiro e único amor, enquanto que o nosso jeito de
amar é ainda tão pequeno, não passa do amor Filia. Afinal, quem é que
conseguiria retribuir a altura, todo esse amor e ternura, que Jesus Cristo tem
por cada um de nós? Esta é uma dívida impagável...
Entretanto
há algo que podemos fazer, que está ao nosso alcance, e que faz com que Deus se
sinta correspondido em seu amor... “Amais-vos uns aos outros, assim como eu vos
amei”. O “ASSIM COMO...” não é uma exigência que o nosso amor seja perfeito
como o dele, mas se refere a gratuidade e incondicionalidade, se amarmos desse
jeito as pessoas, já está de muito bom tamanho.
Amar
assim é ir além da "FILIA", é meio caminho andado para o AMOR ágape.
Permanecer em Cristo e no seu amor, é viver de tal forma a comunhão com ele,
que o nosso jeito de ser, de viver e de amar, acaba refletindo para o próximo,
o próprio Cristo. E assim, em nosso amor tão frágil, as pessoas descobrirão a
fonte do verdadeiro amor, que é Jesus Cristo, foi isso que aconteceu com João,
e que revolucionou a sua vida, ele olhou para Jesus, e descobriu nele o Amor de
Deus, por isso deu com a boca no trombone e saiu falando aos quatro cantos, QUE
O NOSSO DEUS É AMOR! ( VI Domingo da Páscoa – João 15, 9-17).
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Domingo
"Não somos nós que
escolhemos a Deus, mas somos Seus escolhidos para produzir frutos que
permaneçam." – Maria Regina
Ser
feliz é o único compromisso que temos com Aquele que nos criou. Tudo o que Deus
quer é a felicidade do homem. Somos felizes quando vivemos com amor e alegria
os mandamentos do Senhor que estão impressos no nosso coração. Eles são como a
receita que o Pai nos dá para que tenhamos uma vida feliz. Jesus mesmo é quem
nos orienta: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor,
assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”.
Assim, Ele
declara com todas as letras o Seu grande amor por cada um de nós e nivela este
amor com o amor que Ele próprio recebe do Pai. Assim sendo, nós nunca poderemos
dar desculpas de que não produzimos frutos de amor porque não temos amor em
nós. O Espírito Santo é o nosso motivador. É Ele também o Amor com que o Pai
nos ama. Se, permanecemos no poder do Espírito Santo permanecemos no amor de
Deus e cumprimos os Seus mandamentos.
Os mandamentos de
Deus revelam o Seu grande amor por nós, portanto o Senhor nos dá tudo de que
precisamos para que possamos produzir frutos de amor. Pensamos que fazemos
opção e escolhemos amar a Deus, no entanto, não somos nós que escolhemos a
Deus, mas somos Seus escolhidos para produzir frutos que permaneçam.
Se deixarmos de
olhar para as pessoas e conseguirmos acolher o infinito amor do Pai, por meio
de Jesus Cristo e manifestado pelo poder do Espírito nós daremos frutos
abundantes de amor, de justiça e de perdão poderemos testemunhar para o mundo a
esperança de uma vida nova. Reflita – Você tem apreendido o Amor de Jesus? –
Você tem produzidos frutos que permaneçam? – quais os frutos que você tem
produzido dentro da sua casa: – alegria, compreensão, perdão, harmonia? – A seu
ver quais os frutos que precisam ser semeados no mundo, hoje? – Você é
servo ou amigo de Jesus? – Você tem Jesus como seu amigo ou
acha que Ele está distante de você?
amém
abraço
carinhoso
Maria Regina
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“COMO MEU PAI ME AMOU, ASSIM TAMBÉM EU VOS AMEI”. – Olívia Coutinho
Dia 13 de Maio de 2012
Evangelho 15,9-17
VI DOMINGO DA PÁSCOA
Um coração humano, quando tocado pelo
amor divino, torna fonte de luz no mundo, a tirar da escuridão, muitos corações
sombrios!
Quem se abre ao amor de Deus, tem a sua vida transformada!
O amor é a fonte de água viva, que irriga todo o nosso ser, com uma
alegria contagiante!
Quem ama, mesmo sem perceber, deixa
transparecer essa alegria que transborda do coração!
A alegria do cristão, não se resume em um sentimento superficial,
inconsistente, pelo contrário, é uma alegria duradora, consistente de origem
divina, que brota do coração, pela força do Espírito Santo!
Somos chamados a viver uma intimidade profunda com Deus, fazendo a
experiência de Jesus em nossa vida, para assim, entrarmos na profundidade do
amor do Pai!
No evangelho de hoje, Jesus, em mais um de seus discursos de
despedida, por ocasião de sua partida para o Pai, faz chegar ao coração dos
discípulos, uma grande consolação, enchendo-os de esperança! E essa
consolação e esperança chegam até a nós, firmando em nossos corações a mais
bela certeza: fomos criados por amor e para o amor!
Jesus nos ensina algo muito valioso para nossa vivencia do dia a
dia, Ele nos faz um apelo, que permaneçamos no seu amor. Permanecer no
amor de Jesus, é observar os seus mandamentos, é estar o tempo todo em
sintonia com Ele, é dar testemunho Dele, onde quer que estejamos.
O mundo carece de amor, e nós, permanecendo no amor de Jesus,
tornamos portadores e anunciadores do amor que pode mudar o mundo,
transformando as trevas em luz.
O amor incondicional do Pai, que se revela em Jesus, merece de nós,
uma resposta de amor que só poderemos dar, se O enxergarmos no rosto do nosso
irmão!
Não podemos esquecer nunca, que o amor desejado por Jesus, deve ser
uma relação em cadeia: amar e ser amado, Jesus ama o Pai e nos ama, como o Pai
o ama! E nós somos chamados a amar o irmão, como Ele nos
ama!
A prática do amor, trazida por Jesus, nos leva
a verdade que nos torna livres, portadores de uma alegria interior, capaz de
transformar a realidade em que vivemos!
Quando Jesus insiste para permanecermos no seu amor, é porque de
fato, o amor realiza-nos, fortalece-nos, é o caminho para a eternidade!
Podemos cantar, falar muito sobre o amor de Deus, mas só
iremos compreendê-lo verdadeiramente, se colocarmos em pratica este amor!
O amor de Deus vai se manifestando em nós, a medida de nossa
obediência aos seus mandamentos, que tem como chave, o mandamento primeiro:
Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a te mesmo. Quem cumprir
verdadeiramente este mandamento, com certeza, cumprirá todos os outros.
A sede de um povo é conhecer o Pai, e Jesus veio matar esta sede,
pois quem vê Jesus, vê a face humana do Pai!
O amor do Pai é derramado em nós, pelo Espírito Santo, portanto,
vamos vivenciá-lo, permanecendo no amor do Filho!
Fortalecidos pelo Pai, guiados pelo Filho, e iluminados pelo
Espírito Santo, viveremos aqui na terra, as alegrias do céu!
FIQUE NA
PAZ DE JESUS! - Olívia
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Domingo,
13 de maio de 2012
6º Domingo do Páscoa
Nossa Senhora de Fátima (Memória
facultiva).
Outros
Santos do Dia:Ano de Verona
(bispo), Erconvaldo de Londres (monge, bispo), Eutímio, o Iluminador (abade),
Glicéria de Trajanópolis (virgem, mártir), Inês de Poitiers (abadessa), João, o
Silencioso (eremita da Palestina), Mervina de Rumsey (abadessa), Múcio de
Bizâncio (mártir), Natal de Milão (bispo), Onésimo de Soissons (bispo), Pedro
Regalado (franciscano), Servato de Tongres (bispo), Valeriano de Auxerre
(bispo).
Primeira leitura:Atos dos Apóstolos 10, 25-26.34-35.44-48
O dom
do Espírito Santo também foi derramado sobre os pagãos.
Salmo responsorial: 97, 1-4
O
Senhor fez conhecer a salvação e revelou sua justiça às nações.
Segunda leitura: 1João
4,7-10
Deus é
amor.
Evangelho: João
15, 9-17
Ninguém
tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos
A imagem da videira e dos ramos é empregada
por Jesus para fazer referencia à necessidade da comunidade cristã de estar com
Jesus, especialmente nos momentoso de crise e de perseguição. Este texto é um
chamado urgente à comunidade do discípulo amado, para que se mantenha firme no
projeto alternativo iniciado por Jesus, tal como os ramos devem estar unidos à
videira com a finalidade de permanecer vivos e fecundos.
Na passagem encontramos uma das expressões
mais frequentes no evangelho de João: “Eu sou”. Esta expressão tem uma
característica peculiar no texto lido: a expressão eu
sou refere-se a Jesus
(Eu sou a Videira), mas que se torna extensiva aos discípulos por meio da
terminologia “eu sou/vós
sois” (vós sois os ramos), isto indica a relação viva
entre Jesus e seus seguidores, entre Deus e seu Povo, a exemplo do Antigo
Testamento, onde Israel era chamada a vinha de Deus (cf. Is 5, 1-7).
Seguindo este esquema proposto pelo Antigo
Testamento, Jesus é a Vida e seus seguidores, o novo Israel. A união íntima de
Jesus com o pai o converte em uma videira fecunda, viva e radiante, diferente
de Israel que muitas vezes se separou de Deus, perdendo sua identidade como
povo eleito. A comunidade de discípulos se converte então em Novo Israel, são
os novos ramos da videira, chamados à fidelidade, para que não sejam separados
de Jesus e não sequem e sejam consumidos no fogo.
A permanência na videira e a fecundidade
dos ramos/crentes, dependem totalmente da união à videira; dependem da
fidelidade a Jesus. Sem Jesus, a comunidade de discípulos se torna estéril. Os
discípulos, separados dele, não podem fazer nada, não têm razão de ser no
mundo. Separados da fonte da vida, somente servem para alimentar o fogo. Porém,
se unidos ao Senhor, darão fruto e terão como premio a salvação.
João fala dos frutos dessa permanência fiel
a Jesus em sua primeira carta, afirmando que o amor e a fé são consequências da
pertença à vida verdadeira. O crente que diz amar deve expressar o amor em suas
obras com espírito de verdade; deve amar com sinceridade, transparência, boa
vontade e com um coração humilde no qual transpareça a bondade e a misericórdia
de Deus para com seus filhos. Os frutos do vínculo íntimo com Jesus são
expressos na disposição de cada um dos crentes em guardar e viver os
mandamentos e fazer o que é agradável a Deus.
É urgente para a Igreja de hoje, com suas
luzes e sombras, apegar-se muito mais ao que é a Vida Verdadeira, com a
finalidade de dar os frutos próprios de sua vocação: crer fielmente em Jesus
ressuscitado e amar apaixonadamente a humanidade. Estes dois traços da Igreja
são fundamentais para que realmente seja ela testemunha da vontade mais íntima
de Deus, que consiste em aproximar cada vez mais a humanidade, por meio do amor
incondicional aos demais, da salvação e da libertação.
A Igreja liberta e salva do egoísmo e da
morte, diz ao mundo que se pode acreditar no mandamento do amor. Quando a
Igreja prioriza o amor, evidenciado em suas obras, demonstra fidelidade ao seu
Mestre e, por ele, tem sentido sua presença no mundo. Se não ama, se não se
solidariza com a causa dos fracos, significa que se afastou de seu Senhor e,
como consequência disso, será “jogada fora como o ramo e secará”.
- - - -
A primeira
leitura fala do
famoso episodio da visita de Pedro a Cornélio (At 10), e reflete simbolicamente
um momento importante do crescimento do “movimento de Jesus”: sua transformação
em uma comunidade aberta, transformação que a levará mais além do judaísmo no
qual nasceu. Deixará de identificar-se com uma religião étnica, uma religião
casada com uma etnia e sua cultura, religião étnica que se considerava eleita,
e que olhava a todas as demais por cima do ombro considerando-os “gentios”,
afastados da proteção de Deus. É um tema muito importante e relativamente novo,
mas desatendido pela teologia tradicional; para uma homilia pode valer a pena,
mais que insistir no tema eterno do amor...
A passagem se presta, além disso, para toda
uma lição de teologia. É bom recomendar aos ouvintes que não fiquem coma a
referencia entrecortada vinda da leitura (uma seleção de uns quantos
versículos), mas que a leiam em casa devagar, sem mais: “o capitulo 10” do
Livro dos Atos e que tirem suas conclusões. Também se pode recomendar aos
grupos de estudo da comunidade paroquial que o tomem para seu estudo.
Nem Pedro nem seus companheiros de
comunidade se chamavam “cristãos”... eram simplesmente judeus convertidos pela
experiência de Jesus. E observavam todas as leis do judaísmo. Uma delas era a
de não se misturar com “os gentios”. E eram leis sagradas, normalmente
observadas por todos e cujo cumprimento implicava incorrer em “impureza” e
obrigava a práticas complicadas de purificação.
Pedro, porém, dá vários saltos para frente.
Em primeiro lugar, não considera profana e impura nenhuma pessoa, apesar de ser
um mandamento da lei; é como a anulação de uma condenação de impureza que
pesava sobre as “outras” religiões desde o ponto de vista do judaísmo. E em
segundo lugar, “cai na conta” de que Deus não pode fazer acepção de pessoas:
seja por sua religião, nem por causa da etnia ou sua cultura-religião. O Deus
de Jesus Cristo aceita quem pratica a justiça, seja da nação que seja. Pedro
consegue dar um salto muito grande na aceitação das pessoas.
A respeito do primeiro ponto, da
valorização negativa das demais religiões, na historia subsequente não se
valorizará tanto esse ponto: chega-se a pensar que as outras religiões
seriam... não somente inúteis, mas falsas, negativas e até diabólicas. Por
exemplo: o primeiro catecismo escrito na América Latina, por Pedro de Córdoba,
superior da comunidade dominicana de Antonio Montesinos, declara em sua
primeira página: “Sabei e tende por certo que nenhum dos deuses que adorais é
Deus nem doador de vida; todos são diabos infernais”.
Com respeito ao segundo ponto: a “não
aceitação de pessoas por parte de Deus no que se refere às culturas e
religiões”, ou à igualdade básica de todos os seres humanos diante de Deus,
incluindo suas culturas e religiões, hoje continuamos em retrocesso com relação
a Pedro: a proposta oficial da Igreja católica diz que as “outras” religiões
“estão em situação salvífica gravemente deficitária” (Dominus Iesus, 22).
Paradoxalmente, a posição de Pedro nos Atos
é mais adequada à mentalidade de hoje, do que a nossa teologia oficial atual.
Por isso o confronto com a Palavra de Deus pode ser traduzida concretamente à
nossa maneira de pensar a respeito das outras religiões. No parágrafo
subsequente proporcionamos algumas questões pedagógicas a respeito do tema.
O evangelho de João é o do mandamento novo,
o mandamento do amor. Poucas palavras saturam tanto na linguagem cotidiana como
a palavra “amor”. Nós a escutamos nas canções da moda, na apresentadora
superficial de um programa de televisão, na linguagem política, na referencia
ao sexo, na telenovela... Usa-se em todos os âmbitos e em cada um deles tem um
significado diferente. Porém, a palavra é a mesma!
O amor, em sentido cristão, não é sinônimo
de amor “cor de rosa”, sensual, prazeroso, adocicado e sensível da linguagem
cotidiana ou pós-moderna. O amor de Jesus não é o que busca o prazer, o
“sentir”, ou a felicidade fácil, mas vai ao encontro da vida e da felicidade
daqueles que amamos. Nada é mais libertador do que o amor; nada faz crer tanto
aos demais como o amor, nada é mais forte que o amor. E esse amor o aprendemos
do próprio Jesus que, com seu exemplo, nos ensina que “a medida do amor é amar
sem medida”.
Aqui o amor é fruto da união, da
“permanência” naquele que é o amor verdadeiro. E esse amor supõe a exigência –
mandamento – que nasce do próprio amor e, portanto, é livre para amar até o
extremo, capaz de dar a vida para engendrar mais vida. O amor assim entendido é
sempre o “amor maior”, como o que conduziu Jesus a aceitar a doação de si,
mesmo que violentado. A esse amor somos convidados: a amar “como” ele, movidos
por uma estreita relação com o Pai e com o Filho. Esse amor não terá a
fugacidade da brisa, mas como o ramo permanecerá unido à planta para dar fruto.
Quando o amor permanece e nas relações mútuas entre os discípulos é sinal
evidente da estreita união dos seguidores de Jesus com seu Senhor, como é sinal
também da relação entre o Senhor e o Pai. Isto gera uma união plena entre todos
da “família”, enche de alegria a todos os membros numa pertença mutua, contando
sempre com a iniciativa primeira de Deus.
Oração: Ó
Deus, nosso Pai, que em Jesus de Nazaré, nosso irmão, fizeste renascer nossa
esperança de um novo céu e uma nova terra. Nós te pedimos que nos tornes
apaixonados seguidores da causa de Jesus, de modo que saibamos transmitir a
nossos irmãos, coma palavra e com obras, as razões da esperança que nos
sustenta. Nós te pedimos, inspirados no próprio Jesus, filho teu e irmão nosso.
Amém.
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Ao celebrarmos um dia tão importante para
cada um de nós, eu me permito acrescentar umas palavrinhas nas Palavras de
Jesus:
"amai-vos uns aos outros como eu vos
amei, um amor de Mãe!"
Parabéns
para você mãe!!!
Evangelhos
Dominicais Comentados
13/maio/2012 -- 6o Domingo da Páscoa
Evangelho: (Jo 15, 9-17)
Disse Jesus: “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei.
Permanecei no meu
Ainda estamos no tempo pascal, período em que a Liturgia nos
apresenta uma série de relatos sobre a Ressurreição de Jesus, como forma de
ressaltar a vitória do amor sobre a morte.
O evangelho de hoje é marcado pela ternura de Jesus para com
seus discípulos e com todos os seus seguidores. Jesus fala de forma carinhosa,
pede união, manda permanecer no amor. Manda guardar e viver seus mandamentos.
Este Evangelho é marcado por uma série de orientações que devem
levar-nos a meditar profundamente. Parece que Jesus quis dizer, de uma só vez,
tudo o que Ele pensava, tudo aquilo que a humanidade deveria ouvir e guardar.
Jesus quer mostrar que nossa obrigação como cristãos resume-se
em fazer tudo o que Ele fez. Jesus ama o Pai, com todas as suas forças, desde
sempre. Jesus permanece no amor a Deus.
Permanecer no amor de Deus é guardar os seus mandamentos. Viver
no amor de Jesus é a maior e única alegria que podemos ter nesta vida. Uma
coisa é certa, se vivermos esse amor aqui, agora, vamos também viver esse
imenso amor na eternidade.
A lei de Jesus é clara, simples e sem complicações; basta amar.
Quem cumpre essa lei está em dia com Deus. Quem não ama não pode dizer que é
cristão. Em sua
Primeira Carta, São João chama de mentiroso quem diz que ama
a Deus, mas não ama ao próximo.
A intensidade do amor é proporcional. Jesus faz questão de
afirmar que nos ama com o mesmo amor que o Pai tem por Ele. Nem mais, nem
menos, esse é o maior grau de amor que existe. É o Amor Amizade, o amor
gratuito.
Essa gratuidade é ressaltada por Jesus quando nos chama de
amigos. O cristão de verdade conhece Jesus na intimidade, sabe tudo sobre ele,
por isso, é o seu grande amigo. Jesus também nos conhece na intimidade, sabe
das nossas limitações, das nossas falhas e, mesmo assim, quer ser nosso amigo.
Como é bom ser chamado de amigo. A amizade faz crescer,
aproxima, leva à partilha, à divisão dos bens e à multiplicação do pão. O amor
rompe barreiras, derruba as cercas que isolam e excluem.
Quem faz por medo ou por obrigação é o servo. O amigo faz tudo
por amor. Amizade sincera é sinônimo de amor. Amor não é uma coisa distante ou
fora do nosso alcance. O amor é construído com as pequenas coisas do dia-a-dia.
Construir o amor é descer do pedestal, nivelar-se, tornar-se
humilde, tolerante e paciente. Esses são alguns dos ingredientes que compõem o
amor.
A mensagem de Jesus no evangelho de hoje é tão rica que teríamos
assunto para conversar o dia todo, porém para encerrar vamos relembrar só mais
algumas das suas palavras: “Não foram vocês que me escolheram, eu escolhi
vocês”.
Pelo privilégio de termos sido escolhidos, como gesto concreto,
vamos permanecer unidos à Videira e produzir muitos frutos. Só assim teremos a
certeza da Glória Eterna, pois o cristão unido a Jesus jamais será lançado ao
fogo.
(3094)
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Homenagem ao dia das mães - Olívia
MINHA MÃE!
Neste dia dedicado
as mães, quero dar asas meus pensamentos, deixar meu coração falar de um
tesouro que eu acredito ter lá no céu, rogando a Deus por mim!
Ela era o sol das minhas manhãs, a
estrela de maior brilho, a flor mais bela do meu jardim!
Tinha ternura no
olhar, doçura nas palavras, simplicidade de uma criança e sabedoria de uma
mestra!
Minha mãe só sabia
amar! Seus olhos brilhavam de alegria quando recebia meus singelos gestos de
carinho, o coração recortado no papel de pão, a flor do mato que eu trazia de
longe, e que já chegava murcha em suas mãos! Os versinhos que eu declamava pra
ela, nas festinhas pras mães, lá na minha escolinha!
Minha mãe tinha uma
alegria estampada no olhar, aprendi com ela, que a alegria é sinal do nosso
agradecimento pela vida, que não podemos deixar que as pedras do caminho
ofusquem nossos olhos diante das maravilhas que Deus nos oferece a cada dia e
que podemos extrair coisas boas, até mesmo das nossas dores! Aprendi também,
que a vida é como um jardim: florida, que o amor é o alimento da nossa alma e
que devemos amar sem medida, sem esperar algo em troca...
Ela foi o anjo que
sempre me amparou, que me deixou ser criança, correr, subir em arvore, rolar na
terra... Era uma mulher que unia a fé com a vida, falava-me de
Deu não somente com palavras, mas principalmente com atitudes.
Minha Mãe, via nos
pobres, o próprio CRISTO CRUCIFICADO! As portas lá de casa
ficavam sempre abertas, para acolher aquela gente sofrida, que vinha de longe
buscar ajuda. Todos sabiam,
que, de lá de casa, ninguém saía com as mãos e o coração vazio!
Ainda me lembro do
DEME, da TUCA, da TIADORA, do PAULINHO, um menino pobrezinho que não saia lá de
casa, só pra ter onde comer! Mamãe tratava todos
como se fossem da família, tinha paciência de ouvir as queixas daquelas
pessoas, que além de coisas materiais, buscavam nela força, ânimo e carinho. Ela fazia tudo por amor, sem saber, que ao mesmo
tempo, ela passava para os
filhos, grandes ensinamentos! Eu era bem menina, mas observava tudo, via a
alegria de cada pobre, que saia lá
de casa, com um sorriso nos lábios e com seus cestos cheios de alimentos!
Um dia, Deus levou
minha mãe deste mundo! Mas não deixou desamparado nenhum dos seus filhinhos! Além de cobri-los com suas Bênçãos, Deus trocou o meu
coração de menina, por um coração de mãe, assim, eu aprendi a amá-los com
amor de mãe!
Vivi com minha mãe
apenas quinze anos, mas seus ensinamentos foram suficientes para construir em mim,
pilares que irão me sustentar por toda minha vida!
Maria Olívia
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Mãe, todo meu amor! – Claudinei
M. Oliveira
Domingo, 13 de Maio de 2012.
Mãe, palavra que mexe com qualquer pessoa, porque reproduz vivacidade gloriosa
por todo espaço; mãe é algo talentosa, cuidadosa e amável porque representa
simplesmente a maternidade fiel da vida; mãe traduz o mais puro amor de um ser
para com outro, porque gerou em seu ventre, no aconchego, seu rebento da paz e
da alegria.
Neste domingo especial, dia do Senhor, mas também dia dedicado às mães do mundo
reporta as maravilhas da criação. O dom de gerar vidas expressadas no seio
materno da mulher é uma dádiva milagrosa. Deus colocou a luz na vida da mulher
para que a humanidade pudesse crescer tanto em número quanto no seguimento
do Santo Evangelho. A mulher traz na áurea a majestade da fertilidade do
amor na geração de filhos para o mundo. A mulher tornou-se MÃE para cumprir sua
missão voltada para o Pai Celeste.
Mãe educa, acaricia, dá conselho, reza, pede e chora. Mãe é um universo de
felicidade e de amor. Mãe ultrapassava o ser do ser. Mãe é ultra-mulher, mãe é
simplesmente MÃE, amável e querida. Mãe é inesquecível. Mãe é eternidade.
Maria foi a Mãe caridosa. Cuidou de seu filho com unhas e dentes dos
malfeitores. Ela deu condições plausíveis para a criação de Jesus. Amamentou o
necessário para Jesus crescer saudável e feliz. Toda a educação de Jesus foi
revelada por sua Mãe que não tinha tempo ruim para levar o menino ao Templo.
Deu ensinamentos verdadeiros. Mãe é assim, dá sua vida para ver seu filho
bem...
O exemplo de Maria deveria ser copiado por todas as mães que queiram construir
uma família de unidade em volta do Santo Evangelho. Não ter tempo ruim para dar
lições relevantes do amor, para crescer no amor e viver no amor. Observar
atentamente os passos de Maria para dar segurança e direcionamento para os
filhos, não deixá-los abandonados, não deixá-los cair nas tentações ilusórias
do mundo, não deixá-los rumar para o mundo do crime.
Mãe é aquela que levanta a noite e vai rezar para seu filho; a mãe que faz esta
gentileza superou o estágio de mulher, pois com seu afago transmite
ternura salutar infinitamente valioso. Assim, ela é uma MÃE que
cuida....
Mãe, levanta cedo, prepara tudo para seu filho com dedicação e ainda trabalha
para dar mais conforto e comodidade. Claro que muitas vezes sente dores do
puxado serviço, mas sendo mãe não reclama, tem vergonha de fraquejar, de
redimir-se e de ser mal interpretada.
Mãe é a graça de misericórdia de Deus...
Mãe é a vicissitude da gratuidade Divina...
Mãe é o encanto da Natureza perfeita...
Mãe alegra-se com o nascimento de seu filho...
Mãe encanta-se com o reconhecimento de seus filhos...
Mãe, é mãe, simplesmente mãe eterna e generosa.
Que Deus abençoe todas as mães no mais lindo amor de Nossa Mãe Maria.
Claudinei
M. Oliveira.
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Como o Pai me amou, assim também
eu vos amei.
Para bem
compreender esta Palavra de Deus que acabamos de escutar, é necessário recordar
o Evangelho de domingo passado. Estamos ainda no capítulo 15 de São João: aí
Jesus revelou-se como a videira verdadeira, cujo agricultor é o Pai e cujos
ramos somos nós. Eis: estamos enxertados no Cristo morto e ressuscitado; somos
ramos seus, vivendo da sua seiva que é o Espírito Santo, “Senhor que dá a
vida”, Espírito de amor derramado em nossos corações (cf. Rm. 5,5). Porque
temos o Espírito do Cristo, vivemos do Cristo e, no Espírito, o próprio Cristo
Jesus habita em nós e nos vivifica. Recordando essas coisas, podemos
compreender o que o Senhor nos fala neste hoje. Vejamos.
“Como o Pai
me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”. De que amor o
Senhor nos fala aqui? De um sentimento, de um afeto, de uma simpatia, de uma
amizade? Não! De que amor? Escutemos São Paulo: “O amor de Deus foi derramado
nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm. 5,5). O amor de que
fala Jesus é o amor-caridade, o amor de Deus, o amor que é fruto da presença do
Espírito de amor, o Espírito Santo. Coloquem isso na cabeça e no coração: na
Escritura, falar de amor, de glória, de presença e de poder de Deus é falar do
Espírito Santo! Pois, podemos agora compreender a profunda afirmação de Jesus:
“Como o Pai me amou, assim também eu vos amei”. Como o Pai amou o Filho? No
Espírito de amor! Desde a eternidade, o Santo Espírito é o laço, o vínculo de
amor que une o Pai e o Filho numa única e indissolúvel divindade. Na sua vida
humana, Jesus foi sempre amado pelo Pai no Santo Espírito. Basta recordar
quando o Pai derrama sobre ele o Espírito, no Jordão, exclamando: “Este é o meu
Filho amado, em quem eu me comprazo” (Mt. 3,17). Eis: o Pai declara o seu
infinito amor pelo Filho, derramando sobre ele, feito homem, seu Espírito de amor.
Jesus é o Filho amado porque nele repousa o Amor-Deus Espírito Santo! Pois bem,
escutemos: “Como o Pai me amou no Espírito, eu também vos amei! Dei-vos o meu
Espírito de Amor, que agora habita em vós! Permanecei no meu amor, isto é,
deixai-vos guiar pelo meu Espírito, vivei no meu Espírito!” Vede, irmãos, como
agora tudo tem sentido, como as palavras de Jesus são profundas! Vede como tudo
isso é verdadeiro! Escutai ainda uma palavra da Escritura: “Nisto reconhecemos
que permanecemos nele e ele em nós: ele nos deu o seu Espírito!” (1Jo 4,13).
E qual é o
sinal de que temos e vivemos no Espírito? Que frutos esse Espírito de Amor,
permanecendo em nós, nos dá? O primeiro é cumprir os mandamentos: “Se
guardardes os meus mandamentos, é porque permanecereis no meu amor”. É
experimentando o amor de Jesus, vivendo na doçura do seu Espírito, que podemos
compreender a sabedoria dos preceitos do Evangelho e teremos a força e a doçura
para cumpri-los. Como o mundo não conhece nem tem o Espírito Santo de amor, não
pode compreender nem gostar dos preceitos do Senhor! Por isso esse tão grande
choque entre o que a Igreja propõe em nome de Cristo para a nossa vida moral e
aquilo que o mundo propõe! Aborto, eutanásia, uso de preservativos, divórcio,
relações pré-matrimoniais, relações homossexuais, riqueza, prazer, etc. Há um
abismo entre o sentir do mundo e o sentir do cristão. Somente o cristão,
sustentado pelo Santo Espírito de Amor, pode compreender que os mandamentos do
Senhor não são pesados, mesmo quando nos parecem difíceis! É o Espírito de
Jesus que, habitando em nós, faz-nos permanecer em Jesus e ter prazer e força
no cumprimento da sua santa vontade.
Mas, há
ainda outro fruto, outro sinal da presença do Espírito em nós: a alegria
interior, mesmo em meio a dificuldades, lutas e provações da vida. Escutai: “Eu
vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja
plena”. Onde o Espírito de Jesus ressuscitado está presente, a alegria triunfa,
porque a morte, a treva, o pecado foram vencidos. Por isso mesmo, o cristão,
ainda que entre provações e dificuldades, poderá sempre manter uma profunda
alegria interior – a alegria pascal, fruto da presença do Santo Espírito!
Ainda um
último sinal dessa doce presença do Espírito do Ressuscitado em nós: o amor
fraterno. “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos
amei!” Jesus nos amou até entregar toda a sua vida por nós, como remissão pelos
nossos pecados. Pois bem, ao nos dar o seu Espírito de amor, ele nos dá as
condições e a graça para amar assim, como ele. Isso é tão forte, que a segunda
leitura de hoje nos desafia: “Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus,
porque Deus é amor. Todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus”. Ainda
uma vez mais, meus caros, é no Espírito de Amor que podemos nascer de Deus no
Batismo, é no Espírito de Amor que podemos conhecer a Deus como Pai e a Jesus
como o Filho amado! É o Espírito de Amor que nos reúne, apesar de sermos tão
diferentes! Recordai-vos, caríssimos, da primeira leitura: como o Espírito,
descendo sobre a família de Cornélio, que era toda pagã, fez com que Pedro, o
Chefe da Igreja, aceitasse os primeiros pagãos na Comunidade cristã! Só no dom
do Espírito o nosso coração pode ser aberto a todos, como o coração de Cristo!
A Palavra de
Deus hoje escutada já nos aponta para Pentecostes, daqui a quinze dias...
Prestai atenção como o fruto da morte e ressurreição de Jesus é o Dom do seu
Espírito, que permanece conosco e torna Jesus presente a nós, vivo e
vivificante! Estejamos atentos, meus caros: todos temos o mesmo Espírito de
amor e no amor que é esse Espírito devemos viver e dar frutos que permaneçam. A
Igreja não é uma comunidade de amiguinhos simpáticos entre si; não é a reunião
de pessoas interessantes e bem relacionadas! Nada disso! Somos a comunidade
reunida em nome de Cristo morto e ressuscitado, nascidos no batismo no seu
Espírito Santo, Espírito que nos faz amar a Jesus e, por Jesus, amarmo-nos uns
aos outros. Assim sendo, sejamos dóceis ao Espírito, permaneçamos em Cristo e arrisquemos
viver de amor. Que no-lo conceda Aquele que, à direita do Pai, deu-nos o
Espírito e intercede por nós.
dom
Henrique Soares da Costa
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Teologia
do amor de Deus, no dia das mães!
Hoje, dia
das mães, é dia de falar do amor; amor de Deus e amor de mãe. As leituras de
hoje nos oferecem pistas para a vivência do amor fraterno, divino, maternal e
solidário. O amor existe somente em função do outro. Pedro, judeu e seguidor de
Jesus, entende que o amor salvífico de Deus é também para os pagãos. Já Jesus
declara amor pelo seu Pai, Deus, que nos criou e nos convoca a amar uns aos
outros, sendo ele o amor. Tudo isso veremos nas leituras de hoje.
Amor não é
questão abstrata, mas experiência de vida que vem de Deus, de Jesus e de nossas
mães. O amor de Deus por nós se concretizou na presença de seu Filho encarnado.
Já “o amor de mãe envolve muitos sentimentos. A mãe está no filho que chora,
ri, briga, apanha, vence, sonha, perde, frustra-se... A mãe está em todas as
fases de sua vida. Ser mãe é viver a vida em etapas, nas etapas da vida do
filho. O filho é quase uma extensão da mãe” (cf. FARIA, Jacir de Freitas.
História de Maria, mãe e apóstola do seu filho, nos evangelhos apócrifos. 2.
ed. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 11).
1ª leitura
(At. 10,25-26.34-35.44-48)
Pedro toma
consciência de que a salvação é para todos
Lucas,
relatando, nos Atos dos Apóstolos, a visita de Pedro ao centurião da corte
itálica, em Cesareia, descreve um passo decisivo na conversão de Pedro, que
defendia zelosamente a adaptação dos valores da fé judaica ao cristianismo.
Pedro sustentava que o não judeu, ao abraçar a fé cristã, teria de fazer a
circuncisão. Cornélio, o pagão que se tornara um temente a Deus, simpatizante
do judaísmo, homem de oração e de esmola, pediu a Pedro que fosse à sua casa. O
encontro dos dois foi marcado pela prostração de Cornélio diante de Pedro,
gesto que evidenciou, na pessoa de Pedro, a presença de Deus. Pedro refuta tal
atitude, afirmando que ele era apenas um homem. Cornélio e sua casa,
representantes da gentilidade, encontram-se com Pedro. Nesse momento, ocorre a
declaração pública de Pedro de sua conversão: “Dou-me conta, em verdade, de que
Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer nação, quem o teme e
pratica a justiça lhe é agradável” (v. 34-35). Numa via de mão dupla, a família
de Cornélio se deixa catequizar por Pedro e o catequista Pedro se deixa
catequizar pelos seus catequizandos.
A visão que
Pedro teve em Jope (At. 10,9-16) e o encontro com Cornélio selaram, definitivamente,
a sua mudança de posição. Nesse contexto de aproximação dos gentios e mudança
de mentalidade de Pedro, o Espírito Santo desce sobre todos os presentes, na
maioria não judeus. Estes começam a falar em línguas e a louvar a Deus. Pedro,
não tendo dúvida dos fatos, pede que pagãos sejam batizados em nome de Jesus.
Os fatos
ocorridos acima demonstram a sabedoria dos apóstolos em levar a fé em Jesus a
todos os povos. Para além das mesquinharias exclusivistas, o cristianismo de
Jesus ressuscitado ganhou novos adeptos e se expandiu mundo afora. Caso Pedro
tivesse se mantido nos preconceitos de raça, religião e pureza ritual de seu
povo, o cristianismo teria se tornado uma entre as tantas religiões que já
sucumbiram na história da humanidade.
Evangelho (Jo
15,9-17)
Jesus nos
escolheu para nele permanecer no amor
O evangelho
de hoje é a continuidade do domingo anterior, a parábola da videira e seus
ramos. Amar é a chave de interpretação de Jo 15,9-17. Jesus ama sua comunidade,
assim como Deus o amou. A comunidade é chamada a permanecer no amor, guardar os
mandamentos, amar uns aos outros. Jesus deu a vida por amor, e isso devia ser o
combustível a mover a comunidade. Nada menos que nove vezes aparecem amar e
amor no texto, o que prova a centralidade dessa temática.
O verbo
“amar” e seu substantivo “amor” são largamente utilizados no cotidiano de nossa
vida. Muitas vezes, eles chegam a ser banalizados. Quantos casais iniciam sua
vida conjugal chamando o(a) parceiro(a) de “meu amor”, bem como de seu correlato,
“meu bem”. Amor/amar é um bem precioso que poucos de nós conseguimos vivenciar
de forma eficaz. Nas relações dos casais, o que vemos muitas vezes,
infelizmente, é que, com o passar dos anos, a máxima “meu bem” se transforma em
“bem longe”. “Meu amor” em “meu pesadelo”. Toda relação, se não for refeita
sempre, acabará perdendo o seu encantamento. Amar é um caminho sempre aberto,
apesar de a estrada ser sempre a mesma; por mais batida que ela seja, precisa
ser reaberta sempre. A arte de amar no casamento consiste em acreditar sempre,
perdoar sempre, encantar-se sempre com o projeto de vida selado. De um casal é
dito também que eles são cônjuges, termo que deriva de canga, instrumento
utilizado no mundo agrário para atrelar os bois no serviço do arado. Em outras
palavras: quando duas pessoas resolvem unir-se em matrimônio, elas colocam
sobre o pescoço uma canga. É como se dissessem: vamos caminhar juntos no mesmo
projeto, apesar das nossas diferenças. O amor é exigente.
Fazendo uso
do simbolismo do casamento, entendamos o que Jesus, no evangelho de hoje, tem a
nos dizer sobre o amor eterno estabelecido entre ele, o Pai e a comunidade.
Vários pontos são estabelecidos nessa relação amorosa: a) observar os
mandamentos de Deus que Jesus mesmo havia seguido. Esses mandamentos são todos
aqueles que possibilitam uma relação justa entre as pessoas, concretizada em
obras libertadoras. Ninguém é escravo de ninguém. Deus não nos criou para
sermos explorados. É assim na relação matrimonial e na sociedade. Quando o
parceiro oprime e trai o outro, o amor deixa de existir; b) viver na alegria.
Solidariedade e respeito na vida comunitária nos dão frutos de alegria; c)
observar o mandamento. Antes, no texto, “mandamento” foi usado no plural, agora
é expresso no singular para ressaltar a sua importância: amar uns aos outros. A
consequência dessa opção nos leva a sacrificar, a dar a vida por quem amamos.
Ademais, tornamo-nos amigos, confidentes e parceiros em um único projeto. A
morte de Jesus na cruz foi o testemunho claro dessa sua fala. A comunidade que
nasce dessa relação amorosa com Jesus não se torna a sua serva, agindo por
comandos e ordens, mas é amiga e colaboradora no projeto do reino. A vida
familiar também é assim: um projeto de vida comunitário. Jesus escolhe a comunidade
para ser sua amiga e parceira (v. 16).
Duas
conclusões se impõem com base na relação entre Jesus e a comunidade: produção
de frutos e recebimento de Deus de todos os pedidos feitos. “Amai-vos uns aos
outros”, essa é chave de leitura da vida amorosa, ensinada por Jesus.
2ª leitura
(1Jo 4,7-10)
Deus nos
amou, enviando seu Filho e nos convidando a viver o amor solidário
A primeira
carta de João nos apresenta, na leitura de hoje, uma raridade teológica do amor
divino. Ela se liga ao evangelho e ao dia das mães. Mãe é sinal de amor. Deus é
amor e, também, pai e mãe de todos nós. Ele nos deu a vida e um Filho que, qual
uma mãe, doou a sua vida por todos nós. Tudo em nossa vida depende do amor. Sem
amor, sem Deus, sem mãe, nenhum de nós existiria. Mãe e Deus não se dão a
conhecer teoricamente, mas pela prática do amor. “Amar é entregar-se, como a
mãe, em tantas noites mal dormidas, para acalentar o filho e fazê-lo crescer.
Ser mãe não é padecer no paraíso, mas é amar e aceitar os limites da vida. É
viver no paraíso da vida, aqui e ainda não, no mistério de Deus que se encarnou
no meio de nós no seio de uma mulher, Maria-Mãe, que reverenciamos neste mês de
maio. Ser mãe é não ter armas para atirar contra o filho, pois o amor a desarma
sempre. Mãe é aquela que impõe limites ao filho, pois a sua experiência lhe
ensinou que o mundo tem limites. O filho precisa aprender a lição cedo, pois
senão o mundo o devorará violentamente. E quantas mães sofrem por saber que,
apesar de terem ensinado essa lição ao filho, a droga do mundo o tragou?” (cf.
Faria, Jacir de Freitas. História de Maria, mãe e apóstola do seu filho, nos
evangelhos apócrifos. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 12).
Ser como
Deus, que nos carrega na palma de sua mão materna, é vivenciar o amor solidário
com o outro, nas suas angústias e nas lutas por melhores dias, por justiça
social. Portanto, sigamos o eterno conselho da comunidade joanina: “amemo-nos
uns aos outros, pois o amor é de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e
conhece a Deus” (v. 7).
Pistas para
reflexão
– Demonstrar
as dificuldades da Igreja, que ainda hoje se vê mergulhada em preconceitos,
moralismo e regras, o que impede a expansão das propostas do reino. Ligar essa
questão com a catequese que Pedro realizou na casa de Cornélio, a qual
possibilitou a todos o entendimento e o crescimento na nova religião abraçada
por eles. Nessa mesma linha, perguntar pelo modo como a catequese é aplicada na
comunidade.
– Perguntar
pela experiência de amor vivida pela comunidade e pelo exemplo das mães. Fazer
uma correlação entre o amor de Deus, o da comunidade e o das mães.
– Demonstrar
que o amor solidário/social exige de nós compartilhar com os que nada têm e
lutar pelo fim das injustiças sociais.
padre
Jacir de Freitas Faria, ofm
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O
trecho do Evangelho de João escolhido para este domingo pertence aos
acontecimentos que marcam a despedida de Jesus durante a Ceia (13,1-17,26). É
na ótica do testamento que se poderá entender melhor o presente texto. O
testamento de Jesus a seus discípulos abraça temas diversos. O texto de hoje dá
sequência ao do domingo passado. Ali a ênfase era colocada no permanecer em
Jesus, como os ramos (comunidade de iguais) estão unidos à videira; aqui, a
ênfase recai sobre o resultado do permanecer, que é o amor (que se traduz em
frutos, isto é, missão). De fato, nos versículos de hoje, insiste-se fortemente
nas palavras amar, amor (nove vezes), que são o fruto de quem permanece unido a
Cristo. No discurso de despedida de Jesus (13,1-17,26), é revelado à comunidade
o segredo do sucesso na missão. Para dar frutos duradouros, a comunidade
precisa ir (v. 16), ou seja, sair para a missão.
Os vv. 9-10 falam do amor que circula entre o Pai, Jesus e a comunidade
cristã, criando comunidade de amor. Jesus afirma: “Como o Pai me amou, assim
também eu amei vocês” (v. 9). O amor do Pai para com o Filho se resume na
comunicação do Espírito (cf. 1,32-33), e o amor de Jesus para os cristãos
também se sintetiza na efusão do Espírito sobre a comunidade que crê (cf.
7,39). Cria-se, dessa forma, laço estreito e forte entre a Trindade e a
comunidade cristã, na qual a própria vida trinitária circula e se torna visível
no relacionamento fraterno e solidário entre as pessoas. Esse clima é a síntese
dos mandamentos, de forma que cumpri-los é conservar-se no amor (v. 10).
Conservar-se no amor, portanto, não é situação passiva, mas dinamismo que gera
comunidade fraterna. De fato, Jesus não se dirige a pessoas individualmente;
dirige-se à comunidade cristã como um todo. Por isso, permanecer nele e no Pai
não significa isolar-se no verticalismo, mas expandir-se, criando laços entre
as pessoas. O amor a Jesus e ao Pai leva a gerar comunidade de irmãos.
A
única coisa importante
Aprendemos,
desde pequenos, que o Deus grande e belo nos ama a tal ponto que nos deu seu
Filho dileto como prova, manifestação, sacramento, sinal de seu amor. Não
estamos perdidos em nossa fragilidade. O Senhor nos ama e nos quer até o fim.
Quando olhamos o peito traspassado do Senhor temos a certeza de que o Altíssimo
nos tem em elevada conta. João é mestre em nos levara esta intimidade amorosa
do Senhor.
Foi deste
modo, foi assim que Deus agiu: enviou seu Filho único ao mundo para que
tenhamos vida. Vida e amor. Amor e vida. Entrega irrestrita. Fazer a
amorosa vontade daquele que nos tirou das trevas e nos transferiu para sua luz
admirável. E que fique bem claro: não fomos nós que amamos a Deus, mas
ele que nos quis primeiro.
E sempre
ressoa aos nossos ouvidos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros,
assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida
pelos amigos”. Somos envolvidos nesse clima de doação, de entrega, de bem
querer ilimitado. Pecadores, nos lançamos aos pés do pai do pródigo que
faz festa. Para que não nos sentíssimos isolados ele, Jesus,
inventa esse expediente de ouvirmos hoje os textos que falam dele e nosso
coração vai se aquecendo. Cansados da caminhada temos um alimento sólido
no pão da vida, que é corpo daquele que amamos. E esse pão vital nos ensina a
sermos pão para os outros. Tudo isso é caridade que vem de Deus.
Antes de
tudo temos essa consciência de que fomos amados por primeiro. Amados de graça,
precisamos amar os outros: procurar os que estão isolados, fazer-se
perto dos que moram à nossa volta, esquecer as ofensas, carregar os fardos dos
que não suportam mais o peso que arrastam, não dizer nada que desabone o irmão,
deixar intacta sua hora, caminhar mil passos com ele se ele nos pedir uns
poucos metros de caminhada, cuidar de defender os direitos dos pequenos,
acolher as viúvas, os peregrinos e os órfãos, não medir o amor que tem
medida ilimitada, fazer-se presente amorosamente na vida do esposo, da esposa,
dos filhos, dos pais, organizar a agenda de tal forma que se busque
atingir com nossa palavra e nosso testemunho a vida das pessoas que nos cercam
ou que nos chamam com seus gritos.
São Cirilo
de Alexandria, comentando as palavras do evangelho, assim se exprime: “A lei
mandava amar o amor como a si mesmo. Nosso Senhor Jesus Cristo, porém, amou-nos
mais do que a si mesmo. Se não nos houvesse amado assim, não teria descido de
sua natureza de Deus , de sua igualdade com o Pai até nossa miséria; não
teria suportado por nós morte tão cruel, as bofetadas dos judeus, as zombarias
e injúrias, em uma palavra, tudo o que sofreu e que não acabaríamos de
enumerar. Se não nos houvesse amado mais do que a si mesmo, também não teria querido
de rico tornar-se pobre. Inaudita e nova é portanto, a medida deste amor”
(Lecionário monástico III, p. 387).
frei Almir Ribeiro Guimarães
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O
amor maior
“Deus é
amor” não é uma sentença metafísica. É uma expressão abreviada, que quer
abrir nossos olhos para a presença de Deus na realidade do amor, e isso, sob
dois aspectos: o amor que se revela na doação de Cristo por nós (o
amor como dom) e o amor que nós devemos praticar para com os filhos
de Deus (o amor como missão), sendo que o primeiro é modelo e
fundamento do segundo. Assim, “amor” não significa, antes de tudo, que nós
amamos a Deus, mas que Deus nos amou primeiro, dando seu Filho por nós
(1Jo 4,10 - 2ª leitura).
Este amor,
manifestado na doação do Filho de Deus, é o maior: “Ninguém em amor maior
do que aquele que dá sua vida por seus amigos” (Jo 15,13) (evangelho).
“Amigos”, nestas palavras de Jesus, deve ser entendido no sentido de “aqueles
que ele ama”, pois o modelo de nosso amor é o que amou primeiro. O amor do
Cristo é que nos tornou seus amigos. Amigos em vez de servos. Cristo não nos
amou porque éramos amáveis, mas seu amor nos tornou amáveis (cf. Rm. 5,7-11).
Assim, deve ser também o nosso amor pelos irmãos. Um pouco como aquela mulher
que tem um marido não muito brilhante, porém muito amável a seus olhos, porque
ela o escolheu (cf. 15,16).
O amor de
Cristo por nós existe numa comunhão total, expressa, em Jo 15,15, em termos de
“revelação”: Jesus nos revelou tudo aquilo que ele mesmo ouviu do Pai (cf. Jo
1,18). É a plena clareza da amizade, não a manipulação que caracteriza a
relação servil. Quando Jesus nos envia para produzir fruto, para expandir seu
amor, não devemos considerar isso como uma carga, mas como comunhão,
participação de sua missão que o Pai lhe confiou em união de amor.
Podemos
ainda perguntar por que este tipo de amor é o maior. A comparação sugere que
existem outros amores, menores. É o maior, porque ele não é condicionado por
outra coisa, por privilégios, proveitos, compensações – afetivas e outras –
etc. É o maior, porque é gratuito e, nesta gratuidade, vai até o limite: a
doação total e gratuita de si mesmo em favor do amado. É o amor até o fim de
que falou João no início da narração da Ceia (13,1).
Jesus nos
confia a missão de repartir (e multiplicar) seu amor “para que sua alegria
esteja em nós e nossa alegria seja levada à perfeição” (15,11). Isso, porque
amar-nos até o fim é sua alegria, pois é a realização de seu ser, de sua
comunhão com o Pai. É evidente que só seremos capazes de encontrar nossa plena
alegria neste amor doado até o fim, na medida em que comungarmos com Cristo e
assumirmos seu amor total como sendo a verdadeira vida. Quem se procura a
si mesmo, não pode conhecer a alegria cristã.
O amor de
Deus, manifestado em Cristo, toma a iniciativa e vai à procura de todos quantos
possam ser amados. Ora, procurando amar a todos, Deus “escolhe” cada um que ele
quer amar, e ama-o com amor de predileção (para Deus, isso não faz nenhum
problema, pois ele não é limitado material e afetivamente). Deus ama o Filho.
Este nos revela o amor do Pai amando-nos até o fim. E nós somos chamados a
fazer o mesmo, para a multidão dos que podem ser nossos irmãos e filhos de Deus
(e isso, não o podem somente os que não querem). Esta é a dinâmica do amor
universal de Deus. Não ama “em geral”. Ama a cada um como amigo. Daí a
necessidade de que estes amigos sejam unidos entre si por este mesmo amor. Este
amor que forma comunidade é destinado a todos os que não se opuserem a que Deus
os ame assim.
Disso temos
um exemplo eloqüente na 1ª leitura. Deus não conhece acepção de pessoas, nem se
deixa influenciar por divergências de sistema religioso. O que ele quer mesmo é
congregar todos os seus filhos num mesmo amor pessoal. Pedro, chefe da
comunidade cristã, é escolhido para ser o instrumento desta missão, superando,
inclusive, os tabus do sistema judaico, em que ele foi criado (At. 10,9-16).
Ora, quando ele vai ao encontro de seu campo de missão, já encontra os
destinatários animados pelo Espírito de Deus. Como poderia recusar-lhes o
batismo?
Johan
Konings "Liturgia dominical"
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Naquele
tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Como meu Pai me amou, assim também eu
vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis
no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu
amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa
alegria seja plena. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim
como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos
amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo
servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos,
porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me
escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que
produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu
nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.
Desenvolvimento
do Evangelho
Esta cena do
Evangelho acontece na última Ceia, quando Jesus celebra com os seus discípulos
a partilha do Pão.
Nesta
passagem do Evangelho Jesus cita duas vezes a frase: ‘Amem-se uns aos outros’,
e esta ordem implica seguir seus ensinamentos com dedicação, verdadeiramente.
Jesus
explica esse Amor aos discípulos começando pelo Amor do Pai por Ele que o
oferece aos seus discípulos, pois o Amor de Deus atinge o homem através d’Ele.
E continua dizendo que, do mesmo modo que Ele, Jesus, responde ao Amor do Pai
com a obediência, os discípulos são convidados a amarem o Pai e ao próximo,
como sinal de obediência a Deus também.
A alegria de
Jesus está na união dos discípulos a Deus através do Amor extremo, sem limites,
como é o Seu Amor pelo Pai e pelos seus amigos. “Amando-se uns aos outros os
discípulos imitam o amor de Jesus que eles também recebem”.
Jesus chama
seus seguidores de amigos e não de escravos, e anseia por uma comunidade de
iguais que possam também dar a vida pelos outros. A amizade é um dom, e ela não
nasce de uma obediência a uma lei, mas é fruto da alegria de testemunhar o Amor
de Deus no próximo, livremente.
É preciso
permanecer em Jesus, no Amor que Ele dá a cada um! Permanecer n’Ele é
frutificar o amor, fazer com que ele se torne cada vez mais amplo e não somente
dentro de uma família ou de uma comunidade, mas levado a todos os homens.
Jesus faz
uma promessa para aqueles que permanecerem Nele: “O que pedirem ao Pai em
oração, em Meu Nome, Ele atenderá”. E dá uma ordem dizendo: “Amem-se uns aos
outros”, pois esta é a condição para alcançarem a graça.
O Evangelho
de João abre janelas para a contemplação do mistério da encarnação do Verbo,
através das palavras de Jesus, desabrochadas e vividas em suas comunidades.
Somos estimulados a permanecer no amor de Jesus. Compreendemos que o amor dele
por nós é o mesmo amor do Pai por ele. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o
Filho. É o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer no amor de Jesus é
entrar em comunhão com esta dinâmica de amor e vida entre o Pai e o Filho,
inserindo-se na comunidade de discípulos. É irradiar envolvendo a outros,
ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo. Jesus permanece no
amor do Pai, e isto significa que ele observa e cumpre o que o Pai mandou. Não
se trata de uma obediência cega, de um inferior a um superior, mas de uma união
amorosa de vontades. O amor vivido em nossas comunidades é fruto da nossa
permanência em Jesus. Este amor, que é o amor de Jesus, é transbordante.
As
comunidades, em sua missão, comunicam este amor ao mundo, gerando vida e
alegria. Na primeira leitura, vemos como o Espírito Santo de amor desconheceu
as fronteiras do judaísmo e infundiu-se no coração dos pagãos na Samaria.
Pedro, pioneiro apóstolo dos gentios, dá testemunho de que o Deus de amor não
faz discriminação entre as pessoas. "Pelo contrário, ele aceita quem o
teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença." A
primeira carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus
cinco capítulos, ele usa cinqüenta e duas vezes as palavras amar ou amor. Deus
é amor. Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às
multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo-poderoso na criação do universo,
ele é todo amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em todos os
tempos e em todos os povos.
padre
Jaldemir Vitório
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Permanecer
no amor
Cada frase
de João é densa de conteúdo. Seu evangelho, a cada passo, abre janelas para uma
contemplação da revelação de Deus na encarnação de seu Filho, Jesus. João
apresenta-nos as palavras de Jesus, desabrochadas e vividas na vida de suas
comunidades.
A partir da
imagem na qual os galhos devem permanecer unidos à videira, Jesus convidara os
discípulos a permanecerem nele a fim de que dessem muito fruto. Agora os
discípulos são estimulados a permanecerem no seu amor. Compreendemos que o amor
de Jesus por nós é o mesmo amor do Pai por ele, em uma plenitude transbordante.
A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho, que é o amor apropriado ao
Espírito Santo. Permanecer no amor de Jesus é inserir-se nesta comunhão de amor
e vida entre o Pai e o Filho. Partindo de uma adesão pessoal, o permanecer no
amor de Jesus significa inserir-se na comunidade de discípulos e irradiar-se,
envolvendo a outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo.
Eram
tradicionais, na religião de Israel, os mandamentos de Moisés, elaborados no
decorrer da história de Israel e do judaísmo. Os mandamentos de Jesus estão
contidos nas bem-aventuranças registradas nos evangelhos de Mateus e Lucas, as
quais ultrapassam aqueles mandamentos antigos. E, agora, Jesus revela o
mandamento maior: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei"
(cf. Jo 13,34).
O atributo
de "poder" aplicado a Deus no Primeiro Testamento é associado a
características tais como disputa, inimigo, guerra, destruição e morte, com o
título "Deus dos exércitos". O Deus de Amor, revelado por Jesus, não
comporta nenhuma destas características. É o Deus da misericórdia e da
compaixão, que entra em comunhão de vida plena com seus filhos, homens e
mulheres, em Jesus. E os discípulos são chamados a dar frutos que permanecem
para sempre, rompendo quaisquer barreiras de exclusivismos e exclusões,
favorecendo o desabrochar da vida e instaurando a paz.
Na primeira
leitura vemos como o Espírito Santo de Amor desconheceu as fronteiras do
judaísmo e infundiu-se nos corações dos pagãos na Samaria. Pedro dá testemunho
de que o Deus de Amor não faz discriminação entre as pessoas, revelando-se a
todos os povos e nações: "Ele aceita quem o teme e pratica a justiça,
qualquer que seja a nação a que pertença".
A primeira
carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos
ele usa cinquenta e duas vezes as palavras amar ou amor. "Deus é amor, e
quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1Jo
4,16). Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às
multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo poderoso na criação do
universo, ele é todo Amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em
todos os tempos e em todos os povos.
José
Raimundo Oliva
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A liturgia
do 6º domingo da Páscoa convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na
pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus e dia a dia tornado presente na vida
dos homens por ação dos discípulos de Jesus.
A segunda
leitura apresenta uma das mais profundas e completas definições de Deus: “Deus
é amor”. A vinda de Jesus ao encontro dos homens e a sua morte na cruz revelam
a grandeza do amor de Deus pelos homens. Ser “filho de Deus” e “conhecer a
Deus” é deixar-se envolver por este dinamismo de amor e amar os irmãos.
No
Evangelho, Jesus define as coordenadas do “caminho” que os seus discípulos
devem percorrer, ao longo da sua marcha pela história… Eles são os “amigos” a
quem Jesus revelou o amor do Pai; a sua missão é testemunhar o amor de Deus no
meio dos homens. Através desse testemunho, concretiza-se o projeto salvador de
Deus e nasce o Homem Novo.
A primeira
leitura afirma que essa salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo, e
levada ao mundo pelos discípulos, se destina a todos os homens e mulheres, sem
exceção. Para Deus, o que é decisivo não é a pertença a uma raça ou a um
determinado grupo social, mas sim a disponibilidade para acolher a oferta que
Ele faz.
1ª leitura –
At. 10,25-26.34-35.44-48 – AMBIENTE
O episódio
do livro dos Atos dos Apóstolos que a leitura de hoje nos propõe faz parte de
uma secção (cf. 9,32-11,18) cujo protagonista é Pedro. O tema central desta
secção é a chegada do cristianismo aos pagãos.
A cena
situa-nos em Cesareia, a grande cidade da costa palestina onde residia,
habitualmente, o procurador romano da Judéia. No centro da cena está Cornélio,
um centurião romano, que era “piedoso e temente a Deus”. O episódio refere-se à
visita que Pedro faz a Cornélio, durante a qual lhe anuncia Jesus. Como
resultado desse anúncio, dá-se a conversão de Cornélio e de toda a sua família.
Este
episódio tem uma especial importância no esquema imaginado por Lucas para a
expansão da Igreja… Cornélio é o primeiro pagão oficialmente admitido na
comunidade de Jesus (em At. 8,26-40 fala-se de um etíope que foi batizado por
Filipe; mas esse etíope era já “prosélito” – isto é, simpatizante do judaísmo).
Em relação ao pagão Cornélio, não há indicação de que ele estivesse ligado à
religião judaica. A sua conversão marca uma viragem decisiva na proclamação do
Evangelho que, a partir deste momento, se abre também aos pagãos.
Para os
primeiros cristãos (oriundos do mundo judaico), não era claro que os pagãos
tivessem acesso à salvação e que pudessem entrar na Igreja de Jesus. O pagão
era um ser impuro, em casa de quem o bom judeu estava proibido de entrar, a fim
de não se contaminar. Quereria Deus que a salvação fosse também anunciada aos
pagãos?
Para Lucas,
é perfeitamente claro que Deus também quer oferecer a salvação aos pagãos. Para
deixar isso bem claro, Lucas põe Deus a dirigir toda a trama… É Deus que, numa
visão, pede a Cornélio que mande chamar Pedro (cf. Act 10,1-8); e é Deus que
arrebata Pedro “em êxtase” e o prepara para ir ao encontro de Cornélio (cf. Act
10,9-23). A conversão de Cornélio será, basicamente, histórica; as “visões” e
os detalhes são, provavelmente, o cenário que Lucas monta para apresentar a sua
catequese. Fundamentalmente, Lucas está interessado em deixar claro que Deus
quer que a sua proposta de salvação chegue a todos os homens, sem exceção.
MENSAGEM
Depois de
descrever a recepção de Pedro em casa de Cornélio, Lucas põe na boca de Pedro
um discurso (do qual, no entanto, a leitura que nos é proposta só apresenta um
pequeno extrato) onde ecoa o kerigma primitivo. Nesse discurso, Pedro anuncia
Jesus (v. 38a), a sua atividade (“andou de lugar em lugar fazendo o bem e
curando todos os que eram oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com Ele” –
v. 38b), a sua morte (v. 39b), a sua ressurreição (v. 40) e a dimensão
salvífica da ação de Jesus (v. 43b). É este o anúncio que Jesus encarregou os
primeiros discípulos de testemunharem ao mundo inteiro.
O nosso
texto acentua, especialmente, o fato de a mensagem da salvação se destinar a
todas as nações, sem distinção de pessoas, de raças ou de povos. Logo no início
do discurso, Pedro reconhece que “Deus não faz acepção de pessoas; em qualquer
nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável” (vs. 34-35).
Portanto, o anúncio sobre Jesus deve chegar a todos os cantos da terra.
Depois do
anúncio feito por Pedro, há a efusão do Espírito “sobre quantos ouviam a
Palavra” (v. 44), sem distinção de judeus ou pagãos (v. 45). O resultado do dom
do Espírito é descrito com os mesmos elementos que apareceram no relato do dia
do Pentecostes: todos “falavam línguas” e “glorificavam a Deus” (v. 46). É a
confirmação direta de que Deus oferece a salvação a todos os homens e mulheres,
sem qualquer exceção. Pedro é o primeiro a tirar daí as devidas conclusões e a
batizar Cornélio e toda a sua família.
Os primeiros
cristãos, oriundos do mundo judaico e marcados pela mentalidade judaica,
consideravam que a salvação era, sobretudo, um dom de Deus para os judeus; os
pagãos poderiam eventualmente ter acesso à salvação, desde que se convertessem
ao judaísmo, aceitassem a Lei de Moisés e a circuncisão. O Espírito Santo veio,
contudo, mostrar que a salvação oferecida por Deus, trazida por Cristo e
testemunhada pelos discípulos, não é patrimônio ou monopólio dos judeus ou dos
cristãos oriundos do judaísmo, mas um dom oferecido a todos os homens e
mulheres que têm o coração aberto às propostas de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• O nosso
texto pretende deixar claro que a salvação oferecida por Deus através de Jesus
Cristo é um dom destinado a todos os homens e mulheres. Para Deus, o que é
decisivo não é a pertença a uma raça ou a um determinado grupo social, mas sim
a disponibilidade para acolher a oferta que Ele faz. A salvação só não chega
àqueles que se fecham no orgulho e na auto-suficiência, recusando os dons de
Deus. O batismo foi, para todos nós, o momento do nosso “sim” a Deus e à
salvação que Ele oferece; mas é preciso que, em cada instante, renovemos esse
primeiro “sim” e que vivamos numa permanente disponibilidade para acolher Deus,
as suas propostas, os seus dons.
• Para nós,
a ideia de que Deus não exclui ninguém da salvação e não faz acepção de pessoas
parece um dado perfeitamente lógico e evidente. No entanto, a lógica
universalista de Deus deve convidar-nos a refletir acerca da forma como, na
prática, acolhemos os irmãos que caminham ao nosso lado… O Deus que ama todos
os homens, sem exceção, convida-nos a acolher todos os irmãos – mesmo os
“diferentes”, mesmo os incômodos – com bondade, com compreensão, com amor; o
Deus que derrama sobre todos a sua salvação convida-nos a não discriminar “bons”
e “maus”, “santos” e “pecadores” (frequentemente, os nossos juízos acerca da
“bondade” ou da “maldade” dos outros falham redondamente); o Deus que convida
cada homem e cada mulher a integrar a comunidade da salvação diz-nos que temos
de acolher e amar todos, independentemente da sua raça, da cor da sua pele, da
sua origem, da sua preparação cultural, do seu lugar na escala social. Não
apenas em teoria, mas sobretudo nos nossos gestos concretos, somos chamados a
anunciar esse mundo de Deus, sem exclusão, sem marginalização, sem
intolerância, sem preconceitos.
• Quando
Pedro chega a casa de Cornélio, este veio-lhe ao encontro e prostrou-se a seus
pés… Mas Pedro disse-lhe imediatamente: «levanta-te, que eu também sou um
simples homem» (vs. 25-26). A atitude humilde de Pedro faz-nos pensar como são
ridículas e desprovidas de sentido certas tentativas de afirmação pessoal
diante dos irmãos, certas poses de superioridade, a busca de privilégios e de
honras, as lutas pelos primeiros lugares… Aqueles a quem, numa comunidade, foi
confiada a responsabilidade de presidir, de coordenar, de organizar, de animar,
devem sentir-se “simples homens”, humildes instrumentos de Deus. A sua missão é
testemunhar Jesus e não procurar privilégios ou a adoração dos irmãos.
2ª leitura –
1Jo 4,7-10 - AMBIENTE
A Primeira
Carta de João é, como vimos nos domingos anteriores, um escrito destinado às
igrejas joânicas da Ásia Menor, afetadas pelos ensinamentos de certas seitas
heréticas. Essas seitas (que negavam elementos fundamentais da proposta cristã
a propósito da encarnação de Cristo e do “mandamento do amor”) traziam os
cristãos confusos e baralhados, sem saberem o caminho da verdadeira fé. Nesse
contexto, o autor da carta vai apresentar uma espécie de síntese da doutrina
cristã, detendo-se especialmente a esclarecer as questões mais polêmicas.
Uma dessas
questões polêmicas (e à qual o autor da primeira carta de João dá grande
importância) é a questão do amor ao próximo. Os hereges pré-gnósticos afirmavam
que o essencial da fé residia na vida de comunhão com Deus e negligenciavam as
realidades do mundo. Achavam que se podia descobrir “a luz” e estar próximo de
Deus, mesmo odiando o próximo (cf. 1Jo 2,9). Ora, de acordo com o autor da
Primeira Carta de João, o amor ao próximo é uma exigência central da
experiência cristã. A essência de Deus é amor; e ninguém pode dizer que está em
comunhão com Ele se não se deixou contagiar e embeber pelo amor.
O texto que
nos é proposto pertence à terceira parte da carta (cf. 1Jo 4,7-5,12). Aí, o
autor estabelece como critério da vida cristã autêntica a relação entre o amor
a Deus e o amor aos irmãos. É nessa dupla dimensão que os cristãos devem
encontrar a sua identidade.
MENSAGEM
Como cenário
de fundo da reflexão que o autor da Primeira Carta de João apresenta, está a
convicção de que “Deus é amor”. A expressão sugere que a característica mais
marcante do ser de Deus é o amor; a atividade mais específica de Deus é amar. A
prova indesmentível de que Deus é amor é o fato de Ele ter enviado o seu único
Filho ao encontro dos homens, para os libertar do egoísmo, do sofrimento e da
morte (v. 9). Jesus Cristo, o Filho, cumprindo o plano do Pai, mostrou em
gestos concretos, visíveis, palpáveis, o amor de Deus pelos homens, sobretudo
pelos mais pobres, pelos excluídos, pelos marginalizados… Lutou até à morte
para libertar os homens da escravidão, da opressão, do egoísmo, do sofrimento;
aceitou morrer para nos indicar que o caminho da vida eterna e verdadeira é o
caminho do dom da vida, da entrega a Deus e aos irmãos, do amor que se dá
completamente sem guardar nada para si. Mais ainda: esse amor derrama-se sobre
o homem mesmo quando ele segue caminhos errados e recusa Deus e as suas
propostas. O amor de Deus é um amor incondicional, gratuito, desinteressado,
que não exige nada em troca (v. 10).
Os crentes
são “filhos de Deus”. É a vida de Deus que circula neles e que deve
transparecer nos seus gestos… Ora, se Deus é amor (e amor total, incondicional,
radical), o amor deve ser uma realidade sempre presente na vida dos “filhos de
Deus. Quem “conhece” Deus – isto é, quem vive numa relação próxima e íntima com
Deus – tem de manifestar em gestos concretos essa vida de amor que lhe enche o
coração (v. 8). Os que “nasceram de Deus” devem, pois, amar os irmãos com o
mesmo amor incondicional, desinteressado e gratuito que caracteriza o ser de
Deus (v. 7). O amor aos irmãos não é, pois, algo de acessório, de secundário,
para o crente; mas é algo de essencial, de obrigatório. Ser “filho de Deus” e
viver em comunhão com Deus exige que o amor transpareça nos gestos de todos os
dias e nas relações que estabelecemos uns com os outros.
ATUALIZAÇÃO
• “Deus é
amor”. O autor da Primeira Carta de João não chegou a esta definição de Deus
através de raciocínios acadêmicos e abstratos, mas através da constatação do
modo de atuar de Deus em relação aos homens. Sobretudo, ele “viu” o que
aconteceu com Jesus e como Jesus mostrou, em gestos concretos, esse incrível
amor de Deus pela humanidade. João convida-nos a contemplar Jesus e a tirar
conclusões sobre o amor de Deus; convida-nos, também, a reparar nessas mil e
uma pequenas coisas que trazem à nossa existência momentos únicos de alegria,
de felicidade, de paz e a perceber nelas sinais concretos do amor de Deus, da
sua presença ao nosso lado, da sua preocupação conosco. A certeza de que “Deus
é amor” e que Ele nos ama com um amor sem limites é o melhor caminho para
derrubar as barreiras de indiferença, de egoísmo, de auto-suficiência, de
orgulho que tantas vezes nos impedem de viver em comunhão com Deus.
• O que é
“nascer de Deus” ou ser “filho de Deus”? É ter sido batizado e ter passado, por
um ato institucional, a pertencer à Igreja? “Nascer de Deus” é receber vida de
Deus e deixar que a vida de Deus circule em nós e se transforme em gestos. Não
somos “filhos de Deus” porque um dia fomos batizados; mas somos “filhos de
Deus” porque um dia optamos por Deus, porque continuamos dia a dia a acolher
essa vida que Ele nos oferece, porque vivemos em comunhão com Ele e porque
damos testemunho desse Deus que é amor através dos nossos gestos.
• Se somos
“filhos” desse Deus que é amor, “amemo-nos uns aos outros” com um amor igual ao
de Deus – amor incondicional, gratuito, desinteressado. Um crente não pode
passar a vida a olhar para o céu, ignorando as dores, as necessidades e as
lutas dos irmãos que caminham pela vida ao seu lado… Também não pode fechar-se
no seu egoísmo e comodismo e ignorar os dramas dos pobres, dos oprimidos, dos
marginalizados… Não pode, tampouco, ser seletivo e amar só alguns, excluindo os
outros… A vida de Deus que enche os corações dos crentes deve manifestar-se em
gestos concretos de solidariedade, de serviço, de dom, em benefício de todos os
irmãos.
Evangelho –
Jo 15,9-17 - AMBIENTE
O Evangelho
deste domingo situa-nos, outra vez, em Jerusalém, numa noite de Quinta-feira do
mês de nisan do ano trinta. A festa da Páscoa está muito próxima e a cidade
está cheia de forasteiros. Jesus também está na cidade com o seu grupo de
discípulos.
Há já alguns
dias que as autoridades judaicas tinham decidido eliminar Jesus (cf. Jo
11,45-57). A morte na cruz é agora mais do que uma probabilidade: é o cenário
imediato; e Jesus está plenamente consciente disso. Os discípulos também já
perceberam que estão num momento decisivo e que, nas próximas horas, Jesus lhes
vai ser tirado. Estão apreensivos e com medo. Será que a aventura com Jesus
chegou ao fim?
É neste
contexto que podemos situar a última ceia de Jesus com os discípulos. Trata-se
de uma “ceia de despedida” e tudo o que aí é dito por Jesus soa a “testamento
final”… Jesus sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos ficarão no
mundo, continuando e testemunhando o projeto do “Reino”. Nesse momento de
despedida, as palavras de Jesus recordam aos discípulos o essencial da mensagem
e apresentam-lhes as grandes coordenadas desse projeto que eles devem continuar
a concretizar no mundo.
No texto que
nos é proposto, Jesus procura apontar à sua comunidade (de ontem, mas também de
hoje e de sempre) o verdadeiro “caminho do discípulo” – o caminho da união a
Jesus e ao Pai. Na perícope anterior (cf. Jo 15,1-8), Jesus tinha usado, para
tratar este tema, a imagem dos ramos (discípulos) que hão-de dar fruto (missão)
pela sua união com a videira (Jesus), plantada pelo agricultor (Deus); agora,
Jesus fala dos discípulos como “os amigos” que Ele escolheu para colaborarem
com Ele na missão.
MENSAGEM
Neste
discurso de despedida de Jesus aos discípulos, João propõe-nos uma catequese
onde são apresentadas as principais coordenadas desse “caminho” que os
discípulos devem percorrer, após a partida de Jesus deste mundo. João refere-se,
de forma especial, à relação de Jesus com os discípulos e à missão que os
discípulos serão chamados a desempenhar no mundo.
1. A relação
do Pai com Jesus é o modelo da relação de Jesus com os discípulos. O Pai amou
Jesus e demonstrou-Lhe sempre o seu amor; e Jesus correspondeu ao amor do Pai,
cumprindo os seus mandamentos… Da mesma forma, Jesus amou os discípulos e
demonstrou-lhes sempre o seu amor; e os discípulos devem corresponder ao amor
de Jesus, cumprindo os seus mandamentos (vs. 9-10).
2. Quais são
esses mandamentos do Pai que Jesus procurou cumprir com total fidelidade e
obediência? João refere-se aqui, evidentemente, ao cumprimento do projeto de
salvação que Deus tinha para os homens e que confiou a Jesus. Jesus, com
absoluta fidelidade, cumpriu os “mandamentos” do Pai e apresentou aos homens
uma proposta de salvação… Libertou os homens da opressão da Lei, lutou contra
as estruturas que escravizavam os homens e os mantinham prisioneiros das
trevas; ensinou os homens a viver no amor – no amor que se faz serviço, doação,
entrega até às últimas consequências. Apresentou-lhes, dessa forma, um caminho
de liberdade e de vida plena. Da ação de Jesus nasceu o Homem Novo, livre do
egoísmo e do pecado, capaz de estabelecer novas relações com os outros homens e
com Deus.
Os
discípulos são o fruto da obra de Jesus. Eles formam uma comunidade de homens
livres, que acolheram e assimilaram a proposta salvadora que o Pai lhes
apresentou em Jesus. Eles nasceram do amor do Pai, amor que se fez presente na
ação, nos gestos, nas palavras de Jesus.
3. Agora os
discípulos, nascidos da ação de Jesus, estão vinculados a Jesus. Devem,
portanto, cumprir os “mandamentos” de Jesus como Jesus cumpriu os “mandamentos”
do Pai. Eles devem, como Jesus, ser testemunhas da salvação de Deus e levar a
libertação aos irmãos. Essa proposta que Jesus faz aos discípulos é uma
proposta que conduz à vida, à realização plena, à alegria (v. 11).
4. A
proposta de salvação que Jesus faz aos homens e da qual nascerá o Homem Novo
resume-se no amor (“é este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como
Eu vos amei” – v. 12). Jesus amou totalmente, até às últimas consequências, até
ao dom da vida (v. 13). Como Jesus, através do amor, manifestou aos homens a
salvação de Deus, assim também devem fazer os discípulos. Eles devem amar-se
uns aos outros com um amor que é serviço simples e humilde, doação total,
entrega radical. Desse amor nasce a comunidade do Reino, a comunidade do mundo
novo, que testemunha, através do amor, a salvação de Deus. Deus faz-Se presente
no mundo e age para libertar os homens através desse amor desinteressado,
gratuito, total, que tem a marca de Jesus e que os discípulos são chamados a
testemunhar.
5. Como é a
relação entre Jesus e esta comunidade de Homens Novos que aprenderam com Jesus
a viver no amor e que são as testemunhas no mundo da salvação de Deus?
Esta
comunidade de homens novos, que ama sem medida e que aceita fazer da própria
vida um dom total aos irmãos, é a comunidade dos “amigos” de Jesus (v. 14). A
relação que Jesus tem com os membros dessa comunidade não é uma relação de
“senhor” e de “servos”, mas uma relação de “amigos”, pois o amor colocou Jesus
e os discípulos ao mesmo nível. Jesus continua a ser o centro do grupo, mas não
se põe acima do grupo.
Estes
“amigos” colaboram todos numa tarefa comum. Têm todos a mesma missão
(testemunhar, através do amor, a salvação de Deus) e são todos responsáveis
para que a missão se concretize. Os discípulos não são servos a soldo de um
senhor, mas amigos que, voluntariamente e cheios de alegria e entusiasmo,
colaboram na tarefa.
Entre esses
“amigos”, há total comunicação e confiança (o “servo” não conhece os planos do
“senhor”; mas o “amigo” partilha com o outro “amigo” os seus planos e
projetos). Aos seus “amigos”, Jesus comunicou-lhes o projeto de salvação que o
Pai tinha para os homens e também a forma de realizar esse projeto (através do
amor, da entrega, do dom da vida). Jesus revela Deus aos “amigos”, não através
de enunciados sobre o ser de Deus, mas mostrando, com a sua pessoa e a sua
atividade, que o Pai é amor sem limites e trabalha em favor do homem.
6. Os
discípulos (os “amigos”) são os eleitos de Jesus, aqueles que Ele escolheu,
chamou e enviou ao mundo a dar fruto (v. 16a). Tal não significa que Jesus
chame uns e rejeite outros; significa que a iniciativa não é dos discípulos e
que a sua aproximação à comunidade do Reino é apenas uma resposta ao desafio
que Jesus apresenta.
O objetivo
desse chamamento é a missão (“escolhi-vos e destinei-vos para que vades e deis
fruto” – v. 16b). Jesus não quer constituir uma comunidade fechada, isolada,
voltada para si própria, mas uma comunidade que vá ao encontro do mundo, que
continue a sua obra, que testemunhe o amor, que leve a todos os homens o
projeto libertador e salvador de Deus. O resultado da ação dos discípulos de
Jesus será o nascimento do Homem Novo – isto é, de homens adultos, livres,
responsáveis, animados pelo Espírito, que reproduzem os gestos de amor de Jesus
no meio do mundo. Dessa forma, concretizar-se-á o projeto salvador de Deus.
Esse “fruto” deve permanecer – quer dizer, deve tornar-se uma realidade
efetivamente presente no mundo, capaz de transformar o mundo e a vida dos
homens. Quanto mais forte for a intensidade do vínculo que une os discípulos a
Jesus, mais frutos nascerão da ação dos discípulos.
Nessa ação,
os discípulos não estarão sozinhos. O amor do Pai e a união com Jesus
sustentarão os discípulos que, no meio do mundo, se empenham em realizar o
projeto de salvar o homem (16c).
7. O nosso
texto termina com uma nova referência ao mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos
outros” (v. 17). O amor partilhado é a condição para estar vinculado a Jesus e
para dar fruto. Se este mandamento se cumpre, Jesus estará sempre presente ao
lado dos seus discípulos; e, essa presença impulsionará a comunidade e
sustentá-la-á na sua atividade em favor do homem.
ATUALIZAÇÃO
• As
palavras de Jesus aos discípulos na “ceia de despedida” deixam claro, antes de
mais, que os discípulos não estão sozinhos e perdidos no mundo, mas que o
próprio Jesus estará sempre com eles, oferecendo-lhes em cada instante a sua
vida. Este é o primeiro grande ensinamento do nosso texto: a comunidade de
Jesus continuará, ao longo da sua marcha pela história, a receber vida de Jesus
e a ser acompanhada por Jesus. Nos momentos de crise, de desilusão, de
frustração, de perseguição, não podemos esquecer que Jesus continua ao nosso
lado, dando-nos coragem e esperança, lutando conosco para vencer as forças da
opressão e da morte.
• Os
discípulos são os “amigos” de Jesus. Jesus escolheu-os, chamou-os, partilhou
com eles o conhecimento e o projeto do Pai, associou-os à sua missão;
estabeleceu com eles uma relação de confiança, de proximidade, de intimidade,
de comunhão. Este tipo de relação que Jesus quis estabelecer com os discípulos
não exclui, no entanto, que Ele continue a ser o centro e a referência, à volta
da qual se constrói a comunidade dos discípulos. Jesus é, de fato, o centro à
volta do qual se articula a vida das nossas comunidades? Que lugar é que Ele
ocupa na nossa vida? Como é que no dia a dia desenvolvemos e aprofundamos o
nosso encontro e a nossa comunhão com Ele?
• Fazer
parte da comunidade dos “amigos” de Jesus não é ficar “a olhar para o céu”,
contemplando e admirando Jesus; mas é aceitar o convite que Jesus faz no
sentido de colaborar na missão que o Pai Lhe confiou e que consiste em
testemunhar no mundo o projeto salvador de Deus para os homens. Compete-nos a
nós, os “amigos” de Jesus, mostrar em gestos concretos que Deus ama cada homem
e cada mulher – e de forma especial os pobres, os marginalizados, os débeis, os
pequenos, os oprimidos; compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, eliminar o
sofrimento, o egoísmo, a miséria, a injustiça, tudo o que oprime e escraviza os
irmãos e desfeita o mundo; compete-nos a nós, os “amigos” de Jesus, sermos
arautos da justiça, da paz, da reconciliação, do amor; compete-nos a nós,
“amigos” de Jesus, denunciarmos os pseudo-valores que oprimem e escravizam os
homens… Nós, os “amigos” de Jesus, temos de ser testemunhas desse mundo novo
que Deus quer oferecer aos homens e que Jesus anunciou na sua pessoa, nas suas
palavras e nos seus gestos. Estamos, de fato, disponíveis para colaborar com
Jesus nessa missão?
• Sobretudo,
os “amigos” de Jesus devem amar como Ele amou. Jesus cumpriu os “mandamentos”
do Pai – isto é, o projeto de Deus para salvar e libertar os homens – fazendo
da sua vida um dom total de amor, sem limites nem condições; a cruz é a
expressão máxima dessa vida vivida exclusivamente para os outros. É esse o
caminho que Jesus propõe aos seus discípulos (“é este o meu mandamento: que vos
ameis uns aos outros como Eu vos amei”). É aqui que reside a “identidade” dos
discípulos de Jesus… Os cristãos são aqueles que testemunham diante do mundo,
com palavras e com gestos, que o mundo novo que Deus quer oferecer aos homens,
se constrói através do amor. O que é que condiciona a nossa vida, as nossas
opções, as nossas tomadas de posição: o amor, ou o egoísmo? As nossas
comunidades são, realmente, cartazes vivos que anunciam o amor, ou são espaços
de conflito, de divisão, de luta pelos próprios interesses, de realização de
projetos egoístas?
P.
Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Quem não
ama, não conhece a Deus, pois Deus é Amor ! Não fomos nós, mas foi ele que nos
amou primeiro!
1. O texto
de hoje (em continuidade com o domingo passado) pertence aos acontecimentos que
marcam a despedida de Jesus na ultima Ceia (13,1-17,26). E é sob a ótica de um
testamento que se entende melhor o texto. Domingo passado a ênfase era sobre
“permanecer” em Jesus, como os ramos na videira. Hoje, a ênfase recai sobre o
resultado do permanecer, que é o amor (que se traduz em frutos = missão).
2. De fato,
nos versículos de hoje, insiste-se fortemente nas palavras amar, amor (9
vezes), que são o fruto de quem permanece unido a Cristo. No discurso de
despedida de Jesus, é revelado à comunidade o segredo do sucesso na missão.
Para dar frutos duradouros a comunidade precisa ir (v.16), ou seja, sair para a
missão.
3. Os vv.
9-10 falam do amor que circula entre o Pai, Jesus e a comunidade cristã,
criando comunidade de amor. Jesus afirma: “como o Pai me amou, assim também eu
amei vocês” (v.9). O amor do Pai para com o Filho se resume na comunicação do
Espírito (cf. 1,32s), e o amor de Jesus para os cristãos também se sintetiza na
efusão do Espírito sobre a comunidade que crê (cf. 7,39).
4. Cria-se,
dessa forma, laço estreito e forte entre a Trindade e a comunidade, na qual a
própria vida trinitária circula e se visualiza no relacionamento fraterno e
solidário entre as pessoas. Esse clima é a síntese dos mandamentos, de forma
que cumpri-los é conservar-se no amor (v. 10).
5.
Conservar-se no amor, portanto, não é uma situação passiva, mas dinamismo que
gera comunidade fraterna. De fato, Jesus se dirige não a pessoas
individualmente, mas à comunidade cristã como um todo. Por isso, permanecer
nele e no Pai não significa isolar-se no verticalismo, mas expandir-se, criando
laços entre as pessoas. O amor a Jesus e ao Pai leva a gerar comunidade de
irmãos.
6. Jesus
cumpriu os mandamentos do Pai (v.10). Eles sintetizam o projeto de Deus e a
atividade do Filho em favor da vida e liberdade. Portanto, obedecer aos
mandamentos de Jesus é atuar no seu projeto, e atuar seu projeto. Aqui
enfatiza-se a dinâmica do amor: “se obedecerem aos meus mandamentos,
permanecerão no meu amor” (v. 10a). Por isso podemos afirmar que não permanece
no amor de Jesus quem não luta para que todos tenham vida em abundância (cf. 10,10b).
7. O amor
romântico e estático é engano; não provém de Deus e não constrói comunidade.
Permanecer no amor de Jesus, é consequentemente assumir sua prática
libertadora, particularmente o serviço que conduz à doação de vida (cf. 13,1).
Deus está conosco quando nosso amor se traduz em obras que refletem o projeto
de Deus.
8. Entendido
e praticado assim, o amor produz alegria de Jesus que se torna alegria plena da
comunidade (v. 11). No evangelho de João a alegria está sempre relacionada a
algo de novo que nasce. É a satisfação de ver que o projeto de vida e liberdade
cria raízes e dá frutos nas comunidades cristãs. O amor ativo e solidário é
capaz de provocar essa alegria, nascida das conquistas de grupos que lutam por
vida e liberdade.
9. O
fundamento da missão é o amor: “este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros
assim como eu os amei” (v. 12).
9.1. É ele
quem dá identidade às comunidades.
9.2. É ele
quem cria o mundo novo (oposto à sociedade que devora as pessoas).
9.3. A prova
cabal (de não compactuar com a sociedade que matou Jesus e continua ceifando
vidas) é o amor que conduz à doação: “ninguém tem maior amor do que aquele que
dá a vida pelos amigos” (v.13).
9.4. O gesto
de Jesus torna-se quadro de referência para o agir cristão: ele deu a vida por
nós.
9.5. Todo o
que arrisca, gasta ou perde a vida em favor do projeto de Deus, alcançou o grau
máximo do amor.
9.6. Parece
estar aqui a prova de quando o amor é verdadeiro ou não. É verdadeiro todo amor
capaz de dar a vida.
10. A adesão
a Jesus, – a ponto de por em jogo a vida como oferta de amor, – faz com que os
cristãos vivam a mais profunda relação pessoal com o Senhor, tornando-se amigos
dele (v. 15). Em 13,13s Jesus se autodenomina o Mestre e o Senhor que está a
serviço. Agora ele chama seus discípulos de amigos e, mais tarde, de irmãos
(20,17). Isso porque o clima que aí reina é o da confiança mútua: as pessoas
acreditam em Deus, e Jesus lhes confia o projeto de vida. Estas são as duas
características da amizade: confiança absoluta e disponibilidade em dar a vida.
11. Ao
atingir esse grau de intimidade com Jesus, a comunidade não se relaciona mais
como mestre-discípulo, e sim de amigo-para-amigo: aí está a comunhão plena.
Supera-se também a relação patrão-servo. De fato, os amigos de Jesus não são
empregados dele na missão: são seus colaboradores: “eu os escolhi e os destinei
para ir e dar fruto, e fruto que permaneça” (v. 16a). Ir e produzir fruto
duradouro é tarefa comum de Cristo e dos cristãos. A finalidade da escolha é a
missão, que é parte essencial da amizade. Fazendo as mesmas coisas que ele fez,
ninguém ficará frustrado ao pedir – em nome dele – alguma coisa ao Pai (v.
16b).
(Veremos
logo a seguir a 2ª. leitura porque está em sintonia perfeita com o evangelho).
2ª leitura:
1Jo 4,7–10
12. Contexto
da 1ª carta de João: dirigida aos cristãos da Ásia Menor que passavam por grave
crise provocada por um grupo de carismáticos. Eles propunham uma doutrina
gnóstica = o homem se salva graças a um conhecimento religioso especial e
pessoal. Negavam que Jesus era o Messias, gloriavam-se de conhecer a Deus e
estar em íntima comunhão com ele, diziam-se iluminados, livres do pecado e das
baixezas do mundo, e não davam importância ao amor ao próximo.
13. A 1ª
carta de João divide-se em três partes:
1. caminhar
na luz – 1,5 – 2,28
2. viver
como filhos de Deus – 2,29 – 4,6
3. o amor e
a fé – 4,7 – 5,21
14. O trecho
de hoje pertence à terceira parte. Está em perfeita sintonia com o evangelho.
De fato, em apenas 4 versículos, o autor emprega 10 vezes a palavra ágape (=
amor solidário). Isso nos leva a concluir:
- é da
prática do amor que dependem o cristianismo, a religião e o mundo novo.
- Amar ou
não amar, eis a questão!
- Sem o amor
nada existe. Nem o próprio Deus, que é Amor (v.8).
15. Contra a
opinião errônea de alguns que se diziam “conhecedores” de Deus e não praticavam
o amor fraterno, João afirma:
1. o amor
vem de Deus;
2. só quem
ama é que se pode considerar filho de Deus:
3. só quem
ama é que conhece a Deus, isto é, só amando é que
se pode
fazer a experiência de Deus.
16. Era
muito cômodo para esses grupos dissidentes, sustentar o conhecimento teórico de
Deus, pois assim se isentavam de compromissos com as pessoas e comunidades.
João garante que ninguém poderá amar a Deus sem amar o povo, sem solidarizar-se
com seus problemas e angústias (cf. v. 8).
17. Para
provar que o amor é compromisso solidário, João apresenta a prova da
Encarnação: Deus envia seu Filho único ao mundo, para que, por meio dele,
tenhamos vida (v. 9). A Encarnação-Redenção prova, sem sombra de dúvida, que
amar é doar-se para que todos tenham vida.
18. O v. 10
prova que o amor não é teoria. O autor está para definir o que é Amor: “nisto
consiste o amor”. Esperaríamos uma bela conceituação poética e abstrata. Mas
ele não diz o que é o amor, e sim o que ele fez. Ou melhor: diz o que é o amor
através daquilo que realizou em favor das pessoas: “não fomos nós que amamos a
Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou seu Filho como vítima de reparação
pelos nossos pecados”.
19. Na ótica
divina, amor se traduz em fatos concretos, geradores de vida nova e plena. Se
foi Deus quem começou a amar, nossa vida de amor nada mais é do que resposta à
iniciativa dele. Amando, experimentamos quem ele é !
1ª leitura:
At. 10,25-26.34-35.44-48
20. Lucas,
no capítulo 10 dos Atos, descreve o Pentecostes dos pagãos, conferindo-lhe
importância igual ou até maior que o fato de Pentecostes (cap. 2) e a conversão
de Saulo (cap. 9).
Com isso
pretende sublinhar aspectos básicos:
1. o amor de
Deus não discrimina;
2. o Espírito
é o verdadeiro motor da missão da Igreja (levando-a em direção aos pagãos);
3. a missão
depende essencialmente da obediência ao Espírito;
4. ser
Igreja é não discriminar, e sim unir todos em torno do essencial.
21. Um
pagão. Cornélio era chefe de cem soldados (= centurião), e pagão residente em
Cesareia. Apesar de ser “piedoso e temente a Deus” (10,2) era considerado
inimigo nacional. Os judeus deviam abster-se de qualquer contato com os pagãos,
sobretudo nas refeições em comum, por causa da pureza ritual. Pedro caracteriza
muito bem este conflito: sob a ótica judaica, os pagãos são “coisa profana e
impura” (v. 14).
22. O amor
de Deus, porém, não discrimina, aceitando quem o teme e pratica a justiça (v.
35). Cornélio já está em comunhão com o projeto de Deus. Lucas focaliza duas
características desse pagão: é solidário com as pessoas (dá muitas esmolas ao
povo) e vive em sintonia com Deus (ora a Deus constantemente). O temor de Deus
se traduzia na oração, e a prática da justiça na solidariedade com o povo
oprimido. Isso é suficiente para agradar a Deus!
23. Quem age
assim já está dentro do projeto divino: o Espírito já está agindo e supera a
barreira de judeus e pagãos. O Espírito caminha à frente dos missionários. A
conversão de Cornélio não é mérito de Pedro, é fruto do Espírito. Portanto, a
missão depende da obediência ao Espírito. Com isso Lucas ilumina duas questões
dos primeiros cristãos:
1. é
legítima a missão junto aos pagãos? Quem a garante?
2. os pagãos
que se tornam cristãos precisam ser circuncidados (… ou circuncisão é pura
questão cultural)?
24. O texto
vem justamente esclarecer que é legitima a missão junto aos pagãos, pois é o
Espírito de Jesus, que leva à comunhão com Deus e à prática da justiça. É isso
que Pedro constata ao chegar à casa de Cornélio (v. 25 ss.), quebrando as
barreiras porque o Espírito o precedera na missão.
25.
Interessante! Cornélio e sua família recebem o Espírito Santo antes de serem
batizados, ou seja, ao ouvir o anúncio da Palavra (vv. 44-46), ao aderir ao
evangelho que lhes é anunciado. O rito do batismo é consequência dessa adesão,
selando o compromisso com o projeto de Deus.
26. O amor
de Deus, portanto, não tem preferências e não discrimina. E a Igreja? Por ser
semente do Reino, também não deve ter preferências e não deve discriminar, mas
sim, unir em torno do que é essencial.
27. Tarefa
árdua para Pedro e para a Igreja de hoje: ambos carregados de preconceitos ou
receios ou bloqueios. Pensemos. Pedro ficou alguns dias na casa de Cornélio
(v.48b) onde e quando teve que superar preconceitos de raça, religião e pureza
ritual. Ele deve “engolir” o que considerava “profano e impuro”, mas que Deus
purificou (v. 15) pela prática da justiça. O pedido para Pedro ficar hospedado
foi motivado pelo desejo de continuar a catequese… e a catequese deve ser
isenta de preconceitos, pois o amor de Deus não pode discriminar (… e o amor
dos cristãos, pode?).
R e f l e t
i n d o
1. Deus é
amor! Não é uma definição filosófica. É a expressão da mais profunda
experiência de Jesus. A experiência de Deus – que Jesus teve – foi uma
experiência de amor. Essa experiência, ele a fez transbordar – sobretudo pelo
dom da própria vida – sobre os discípulos, que a proclamaram para toda a
comunidade: “Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu
amor. Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”
(Jo 15, 9.12).
2. Amar é
participar do mistério de Deus (Deus é Amor!) que se manifesta em Jesus. Amar,
recebendo e dando amor. Pois o amor é dom que recebemos do Pai, no Filho, e
missão que consiste em partilhá-lo com os irmãos. Nisso está nossa alegria
(15,11).
3.
Aprofundemos mais esse dom gratuito do amor de Deus por nós. “Ninguém tem maior
amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (15,13). Amigos, não no
sentido de parceiros (= com interesses comuns, comparsas de máfia, companheiros
interesseiros), mas no sentido de amados – amados por serem filhos de Deus. O
amor que se tem mostra-se no dom da própria vida. Isso se verifica em Jesus.
Nele, “Deus nos amou primeiro” (1Jo 4,10). Não tínhamos nada a lhe oferecer,
mas seu amor nos tornou amáveis. (… será que nos podemos dizer amáveis … será
que os outros nos podem dizer que somos, de fato, amáveis?).
4. “Ninguém
tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”. Amigos = aqueles
que ele ama, pois o modelo do nosso amor só pode ser o do amor que nos amou
primeiro. É o amor de Cristo que nos tornou seus amigos, amigos não servos.
Cristo não nos amou porque éramos amáveis, mas seu amor nos tornou amáveis (cf.
Rm. 5,7-11). Ele nos amou primeiro, não deve ser esquecido nunca.
5. Assim
deve ser nosso amor pelos irmãos. Um pouco como aquela mulher que tem um marido
não muito brilhante, porém, muito amável a seus olhos, porque ela o escolheu
(cf. Jo 15,16: não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi).
6. Deus é
amor” é uma expressão abreviada, que quer abrir nossos olhos para a presença de
Deus na realidade do amor. E isso sob dois aspectos:
- o amor que
se revela na doação de Cristo por nós = o amor como dom!
- e o amor
ue nós devemos praticar para com os filhos de Deus = o amor como missão!
Não podemos
esquecer que o primeiro é modelo e fundamento para o segundo. Assim “amor” não
significa, antes de tudo, que nós amamos a Deus, mas que ” Deus nos amou
primeiro”, dando seu Filho por nós (1Jo 4,10).
7. Amor é
comunhão plena. O amor de Cristo por nós existe numa comunhão total, expressa
em Jo 1,18: “Ninguém jamais viu a Deus: o Filho unigênito, que está no seio do
Pai, este o deu a conhecer”. E em Jo 15,15 temos: “não vos chamo servos, porque
o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas vos chamo amigos, porque tudo o
que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”.
8. Jesus nos
revelou tudo aquilo que ele ouviu do Pai. É a plena clareza da amizade, não a
manipulação que caracteriza a relação servil. Quando Jesus nos envia a produzir
frutos, – para expandir seu amor, – não devemos considerar isso como uma carga,
mas como comunhão, participação da sua vida e da missão que o Pai lhe confiou
em união de amor.
9. Jesus nos
confia a missão de repartir e multiplicar esse seu amor “para que sua alegria
esteja em nós e nossa alegria seja completa” (15,11). Isso porque amar-nos até
o fim é sua alegria, pois é a realização do seu Ser, de sua comunhão com o Pai e
o Espírito Santo. Amor é plenitude.
10. E nós
quando seremos felizes? É evidente que só seremos capazes de encontrar nossa
plena alegria neste amor doado até o fim, na medida em que comungarmos com
Cristo e assumirmos seu amor total como sendo a verdadeira vida. Comungar e
assumir! Quem se procura a si mesmo, não pode conhecer a alegria cristã.
11. Amor é
comunhão! Não vem de um lado só. Assim como o amor de Deus veio até nós em um
irmão, – Jesus, – assim ele frutifica nos irmãos e irmãs que amamos. Deus, –
fonte inesgotável de amor, – não precisa de compensação pessoal por seu amor.
Ele se alegra com os frutos que nosso amor produz (= quando comunicamos e
disseminamos o amor em torno de nós – Jo 15,8).
12. Amar é
participar do mistério de Deus que se manifesta em Jesus Cristo. Amar –
recebendo e dando amor. Pois o amor é dom que recebemos do Pai, no Filho. E
amar é missão que consiste em partilhá-lo com os outros. E, segundo o Mestre e
Senhor, é total e plenamente gratuito!
13. É um
amor maior! Maior, por que? A comparação sugere que existem outros amores
menores. É o maior, porque ele não é condicionado por outra coisa, por
privilégios, proveitos, retribuições, compensações – afetivas ou outras – etc.
É maior, porque é gratuito, e nesta gratuidade, vai até o limite: a doação
total e gratuita de si mesmo em favor do amado. É o amor até o fim de que falou
João no início da narração da Ceia (13,1). Maior porque gratuito, e gratuito
porque até o limite de doação total.
14. O amor é
a última palavra de Deus, (e a primeira também!) e tem a forma de Jesus. Mas
qual Jesus? O Jesus que conheceu o conflito, a dor, a rejeição, a injustiça,
mas que venceu o ódio, sendo fiel até a morte… morte que é consequência de um
amor mostrado e demonstrado com intensidade a cada um e a todos… e amor deixado
como legado aos seus seguidores. O amor de Deus é um desafio para fazer surgir
” amor ” lá onde a natureza só conhece luta, divisão, violência e morte.
15. Um amor
universal. O amor de Deus toma a iniciativa e vai à procura de todos. E,
procurando amar a todos, Deus escolhe cada um que ele quer amar, e ama-o com
amor de predileção (… isto, para Deus, não tem nenhum problema, pois ele não é
limitado material e afetivamente).
16. Deus ama
o Filho. Este nos revela o amor do Pai, amando-nos até o fim. E nós somos
chamados a fazer o mesmo para com aqueles com quem cruzarmos as estradas da
vida (… e isso, só não o podem os que não quiserem). Esta é a dinâmica do amor
universal de Deus. Não ama “em geral” ( = de qualquer jeito). Ama a cada um
como amigo. Daí a necessidade de que esses amigos sejam unidos entre si por
este mesmo amor. É isto que se diz “comunidade”. É isto que forma a comunidade
dos que não só não se opuseram a que Deus os amas-se, mas que se dispuseram a
amar do jeito dele!.
17. Para
isto: ouvir a Palavra e praticá-la (Mt. 7,24.26). Viver da sabedoria do
evangelho: amor ao próximo … e para nós, cristãos, a exigência de que o amor
fraterno seja multiplicado no mínimo por três, pois somos amados por um
tríplice amor: o do Pai, o do Filho e o do Espírito Santo. (ex P. Paulo Botas,
Deus conosco).
18. João, na
sua 1ª. carta, relativiza toda mediação religiosa normativa e ritualística:
“amados, amemos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. Todo aquele que ama é
filho de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conheceu a Deus, já que Deus é
amor (1Jo 4,7s). O amor cristão critica todas as formas discriminatórias,
recusa a distinção entre puros e impuros, acolhe leprosos, publicanos e
prostitutas, e nos revela que o outro (quem quer que seja), é o meu próximo
(Lc. 10,29 ss.). Paulo é enfático: “já não se distinguem judeu e grego, escravo
e livre, homem e mulher, pois em Cristo Jesus sois todos um só” (Gl 3,28). (ex
Paulo Botas, Deus conosco)
19. Somos
convocados a amar. Um amor total de entrega e doação a Deus em gesto de
gratidão pelo Seu amor. Uma vivência de amor fraterno, generoso, solidário a
quem estiver à nossa frente (= o outro, o próximo). Amar não é questão
abstrata, de sentimento ou sentimentalismo, mas experiência, vivência concreta
de gestos “manifestados” de amor, de participação de vida com o outro: a vida
de Deus ou a vida do próximo.
20. O mundo
em que vivo. O mundo atual vive uma crise de ética, onde se destaca o
individualismo, o egocentrismo. Amar é alargar o projeto de Deus no mundo. Os
apóstolos decidem levar aos outros o amor por eles “experienciado” com Jesus: ”
dou-me conta de que Deus não faz acepção de pessoas, mas que, em qualquer
nação, quem o teme e pratica a justiça (= o ama) lhe é agradável” (At. 10,34).
O cristianismo vem, assim, alargar as fronteiras e horizontes da humanidade:
para além das mesquinharias exclusivistas, egoísticas e egocêntricas existe um
“amor” que gera vida e alegria e que se destina a todos (… e não só a alguns!).
Um mundo de amor. Uma humanidade feliz. Uma humanidade de homens amados e
mulheres amadas (amados e amadas por Deus, e amados e amadas entre si). Uma
humanidade justa. Uma humanidade solidária. Uma humanidade fraterna, de filhos
de Deus (… e de irmãos!). Uma humanidade “do jeito” que foi pensada por Deus.
prof.
Ângelo Vitório Zambon
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1. A
liturgia da Palavra deste sexto Domingo do tempo pascal, nos convida a amar os
irmãos e as irmãs, nos lembrando que Jesus chamou de amigos os discípulos. Amor
e amizade são, talvez, as palavras mais escutadas e mais abusadas na nossa
realidade. Quem domina, de fato, os nossos relacionamentos corriqueiros, são
sentimentos de rivalidade, inveja, ciúme. Somos mergulhados em um mundo de ódio
e egoísmo, aonde as palavras de amor e amizade perdem sentido. Todos os dias
lidamos com a desconfiança daqueles que se dizem nossos amigos, mas que depois
na “hora h”, são os primeiro a nos virar as costas. E o amor: o que é isso?
Traições, adultérios, violências são aquilo que nós experimentamos na nossa
vida cotidiana. Como conciliar, então, esta realidade de morte na qual somos
mergulhados e a exigência de Jesus?
2. “ Este é
o meu mandamento: amai-vos um aos outros assim como eu vos amei”(Jo 15,12).
Não tem como
fugir: Jesus pediu isso mesmo, amar os irmãos e as irmãs. A essência do
cristianismo não é dada pela participação de ritos, mas pela vivencia do amor.
Em outras palavras, somos cristãos se amamos os irmãos e as irmãs. O amor é o
centro da nossa caminhada e toda a vida sacramental e espiritual visa isso
mesmo: fazer de nós pessoas capazes de amar. O problema nessa altura é o
seguinte: a final de conta é o que o amor? Quer dizer amar os outros?
Se
depararmos com atenção no versículo do Evangelho de João citado acima, descobriremos
que Jesus não pediu de nos amarmos de qualquer jeito, mas “assim como eu vos
amei”.
A segunda
leitura que hoje ouvimos frisa a mesma idéia: “Foi assim que o amor de Deus se
manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que tenhamos
vida por meio dele” (1 Jo 4, 9). Isso quer dizer que, se quisermos entender o
que significa no plano de Deus amar, devemos olhar para Jesus, pois é nele que
o amor de Deus se manifestou. Então, como é que Jesus manifestou o amor de
Deus? Doando a sua vida para nós, morrendo por nós gratuitamente. Amar como
Jesus amou significa doar a própria vida para os irmãos e as irmãs, que o
Senhor coloca no nosso caminho. É este “como” como espanta. Como podemos, de
fato, nós seres mortais, amar do jeito que Jesus, o Filho de Deus, amou? Não é
exigir demais? Sem duvida nenhuma o homem sozinho não consegue amar do jeito
que Jesus amou. A desobediência de Adão e Eva, afetou de tal forma a humanidade
que a estragou, rendendo-a incapaz de realizar a própria vocação ao amor. Este
é o grande paradoxo da nossa vida: fomos chamados por Deus a amar, mas, por
causa do pecado, não conseguimos realizar esta vocação original. Como sair
dessa situação?
3.“Não fomos
nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como
vitima de reparação pelos nossos pecados” (Jô 4,10).
Este
versículo nos revela que Deus mesmo criou as condições para que possamos
realizar a nossa vocação ao amor: acolher Jesus. E acolher Jesus não é aquele
negocio estranho que os nossos irmãos evangélicos pregam, ou seja erguer a mão.
Acolher Jesus significa fazer uma opção para Ele, se decidir para Ele. Esta
decisão é confirmada na hora da Eucaristia. No corpo de Cristo, de fato,
recebemos o mesmo Cristo, a sua vida, o seu jeito de ser, de amar, pensar,
agir. Dizendo Amem na hora de comungar, estamos expressando para Deus o desejo
que a vida de Cristo, que estamos recebendo na Eucaristia, se realize na nossa.
Com Cristo presente espiritualmente em nós, podemos nos esforçarmos para mudarmos
qualitativamente os nossos relacionamentos, para que se tornem mais humanos,
mais fraternos, mais autênticos.
4. Existe um
critério para descobrirmos se a Eucaristia está fazendo efeito na nossa vida,
ou seja se estamos amando do jeito que Jesus amava?
Conforme as
leituras de hoje, podemos encontra este critério nestas palavras de Lucas: “De
fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo
contrario, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a
nação a que pertença” (Atos 10, 34-35).
Enquanto o
ódio me fecha o coração, o amor que recebo de Jesus, o abre. Deus aceita a
todos e a todas, pois Ele não faz distinção entre as pessoas. Se quisermos
avaliar a medida do nosso seguimento a Jesus, da autenticidade da nossa adesão
a Ele, devemos dirigir o nosso olhar nessa direção, para nos perguntarmos: será
que somos pessoas que aceitam todo mundo sem distinção, ou colocamos uma serie
de exigências para as pessoas se aproximarem de nós?
As vezes,
dialogando com os jovem, fico abismado: com que facilidade e com que
superficialidade, cortam a vida dos colegas! Que detalhes banais são observados
para discriminar o fulano ou a fulana! E com que dureza! Para não falar do
jeito dos adultos se relacionarem, que é uma outra pagina extremamente
dolorosa.
Acolher o
amor de Jesus derramado em nós na Eucaristia, significa esforçar-se para
realizar uma nova humanidade, novos relacionamentos. A conversão a qual Jesus
nos convida, é a confiança que, apesar das aparências, amar os irmãos e as
irmãs do jeito que Ele nos amou, é possível. Realizar um mundo diferente mais
justo, mais fraterno e solidário, com Jesus é possível: basta acolhe-lo.
5. “Vós sois
meus amigos” (Jo 15, 14). O Evangelho é uma palavra extremamente simples,
escrito com palavras simples: amor, amizade, gratuidade. A vida eterna passa
através deste vocabulário simples que, para realizá-lo, exige simplicidade.
Pedimos ao Espírito Santo que abrande os nossos corações, derrete a nossa
soberbia, molde a nossa humanidade para que Jesus Cristo encontre espaço em nós
e, assim, realizar conosco o sonho de Deus: o seu Reino de amor.
padre
Paolo Cugini
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“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros
como eu vos amo”
O Tempo
Pascal está terminando. Chegamos no 6º Domingo da Páscoa caminhando com Jesus
Ressuscitado e refletindo sobre a Palavra de Deus. No 2º Domingo (15)
refletimos sobre as aparições de Jesus com o tema: Jesus está vivo na
comunidade. No 3º Domingo (22) “O encontro com o Ressuscitado”. Na passagem de
Emaús Jesus caminha com os discípulos e na partilha do pão eles reconheceram
Jesus. No 4º Domingo (29) Jesus se apresenta como o Bom Pastor. Concluímos que
Jesus é o modelo de pastor e guia a ser seguido pelas lideranças de hoje e que
o mundo moderno precisa cada vez mais de pastores comprometidos e capazes de
entregar a própria vida para salvar as ovelhas. No 5º Domingo (06 de maio) o
tema foi: A videira e os ramos. “Eu sou a videira, vos os ramos. Quem
permanecer em mim e eu nele produz fruto; porque sem mim nada podeis fazer”
(João 15,5). Aprendemos que é preciso estar em permanente sintonia com Jesus.
A liturgia
deste 6º Domingo da Páscoa convida-nos a contemplar o amor de Deus revelado na
pessoa de Jesus que nos confia à missão de repartir e de multiplicar seu amor.
Em outras palavras – é preciso globalizar o amor a Deus e aos irmãos para que o
mundo seja melhor. O amor é um dos temas preferidos da sociedade atual como
destacam as novelas, músicas e poemas, mesmo que seja mais na fala do que na
prática. O mais importante é recuperar o sentido profundo do amor cristão. O
Evangelho relata que Jesus vai alem dos critérios do Antigo Testamento: amarás
o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). O Novo mandamento de Jesus consiste
no “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (João 15). O texto de hoje tem
como cenário a última ceia (5ª Feira Santa) em clima de despedida Jesus deixa
as suas recomendações para os discípulos: “Amai-vos uns aos outros como eu vos
amo”. Que amor é este? Amar a ponto de entregar a própria vida não é um amor
qualquer. Trata-se de um amor doação total, um amor sem limites. Mais que um sentimento,
um compromisso; mais que uma simples emoção, um projeto de vida. É assim o amor
cristão. A Palavra de Deus ensina que a comunidade é lugar por excelência de
vivenciar o mandamento do amor deixado por Jesus; que o amor é a forma mais
nobre de relação entre as pessoas, conseqüentemente deve animar nossas
atividades de pastorais. Observamos que algumas pessoas iniciam e terminam uma
relação de amor com certa facilidade. A exigência maior está em permanecer no
amor durante uma vida inteira. Isto só é possível se você amar a Deus e fizer
de Jesus o centro de sua vida. Pense nisto e tenha uma semana com Jesus no
coração.
Pedro
Scherer
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AMEM UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI
O Evangelho de São João, para este domingo, apresenta-nos o mandamento
novo de Jesus: «Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros». Não é fácil
cumprir este mandamento que Jesus nos manda viver.
A nossa vida está tão repleta
de tantas coisas complexas demais que se torna, por vezes, impossível
corresponder ao mandato de Cristo. Todos temos experiências de relações com
outras pessoas que nos marcaram profundamente para o bem e para o mal.
No entanto, cada um deve em
primeiro lugar ser capaz de acolher todos aqueles que Deus colocou na sua vida
e amá-los profundamente.
Dessa forma, já viveremos o
mandamento novo que Jesus nos ensina. Os contextos mais difíceis do mundo são o
melhor lugar para viver o amor. Primeiro que tudo, devem estar no nosso coração
todos os que a vida nos ofereceu como membros de família, do trabalho, da opção
e de todas as caminhadas que realizamos.
Logo depois, somos desafiados
a viver o amor para com todos aqueles que se cruzam conosco no dia a dia.
Penso que o amor começa em
casa,assim como a tolerância , a paciência, a caridade,filhas do
amor.Primeiro está a família, depois a cidade. É fácil fingir amar as pessoas
que estão longe; mas é muito menos fácil amar aqueles que vivem conosco ou que
estão muito perto de nós.
Para se amar alguém, é
preciso estar perto dessa pessoa. Todas as pessoas precisam de amor. Todos nós
precisamos de saber que temos importância para os outros e que temos um valor
inestimável aos olhos de Deus.
Cristo disse: «Que vos ameis
uns aos outros assim como Eu vos amei». E disse também: «Aquilo que fizerdes ao
mais pequeno dos Meus irmãos, a Mim o fazeis». É a Ele que amamos em cada
pobre, e todos os seres humanos são pobres de alguma coisa. Disse Ele: «Tive
fome e destes-Me de comer, estava nu e vestistes-Me».
Queridos irmãos e irmãs , devemos nos esforçarmos , para que o nosso dia
apesar de tanta pressa, de tantos compromissos, apesar de tantos problemas e
decepções , que esse dia seja vivido na presença de Jesus Cristo .
A esta forma de vida não se
chama ingenuidade ou inocência doentia, mas disponibilidade para a vivência da
felicidade pessoal e dos outros. Não devemos aceitar todas as patetices e
asneiradas dos homens, mas somos chamados a acolher, compreender e perdoar.
O amor que Jesus nos manda
viver como elemento essencial do seu Reino passa pela entrega ao serviço dos
outros e pelo acolher a todos como irmãos.
O reino de Jesus Cristo, está
identificado pela fraternidade. Até podemos definir a religião cristã como uma
fraternidade. Ninguém se pode dizer cristão se não vive a dinâmica da amizade e
da abertura aos outros como irmãos como valor fundamental da sua vida diária.
Talvez seja esta visão do cristianismo que nos leva a concluir que esta
religião é difícil de se viver.
No entanto, não devemos
deixar que este pensamento nos atrofie a coragem ou a entrega à descoberta do
essencial para a felicidade.
A descoberta do amor é um bem
crucial para a realização de cada um como ser humano e como pessoa. Por isso,
desistir de o procurar será como que dizer não à vida e ao que ela tem de mais
belo. Deus, pela pessoa de Jesus convoca-nos para o ideal do amor e cada um de
nós deve procurar corresponder na medida do possível a esse chamamento
freqüente de Deus.
Para finalizar, uso palavras
que foram ditas por Santo Agostinho: Aquele que ama o seu próximo com um
amor puro e espiritual, quem amará nele senão Deus? É este amor que o Senhor
quer separar da afeição puramente natural, ao acrescentar: "Como eu vos
amei". Que é que Ele amou em nós, senão Deus? Não Deus como nós o
possuímos já, mas tal como Ele quer que o possuamos quando "Deus for tudo
em todos". O médico ama os doentes por causa da saúde que quer dar-lhes,
não por causa da doença. "Assim como vos amei, amai-vos uns aos
outros". Foi para isso que Ele nos amou: para que, por nossa vez, nos
amássemos uns aos outros.
Amém.
Abraço carinhoso.
Maria Regina
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Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Rita
Leite
27 de
maio
Evangelho
de Jesus Cristo 15,12-17
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Jesus dá um novo
mandamento aos seus discípulos. Este
mandamento novo veio superar todos os outros, já não vale mais amar os amigos e
odiar os inimigos. Amar como Jesus amou eis nosso maior desafio. Jesus nos amou
ao extremo. Na ultima ceia lavou os pés de seus discípulos e nos deu o exemplo
do amor incondicional, quando lavou os pés daquele que o trairia.
Jesus faz de nós seus amigos e doa sua vida por amor aos amigos.
Seu amor gratuito nos ensina como devemos amar. Pois sabemos que amar aquelas
pessoas simpáticas e legais é muito fácil, difícil é amar aquelas que nos
perseguem, nos incomodam, fala mal de nós. Aí sim está nosso desafio.
Você acha difícil amar aqueles que causam tanto mal a sociedade?
Aqueles que causam tanta dor? Não é difícil. É impossível para nós. Só em Jesus
e através de Jesus conseguiremos não sentir ódio por tais pessoas. Sabemos que
falar assim é muito bonito, mas que na pratica é impossível não sentir revolta
quando nos causam tanta dor. Somos humanos e incapazes de amar e perdoar pelas
nossas próprias forças por isso é que nosso amigo fiel não nos deixa só, ama em
nós e por nós.
Amar como Jesus amou, portanto quem se diz cristão seguidor de Jesus
Cristo não deve ter em seu coração sentimentos de ódio e de vingança. Não
podemos nunca aceitar a pena de morte, o aborto a eutanásia. Abramos nosso
coração ao amor, não só aos nossos amigos mais queridos, mas a
todos. Valorizemos nossas amizades. Somente o amor pode mudar o mundo.
Jesus se fez nosso melhor e maior amigo. Amigo que se doou numa cruz, mesmo
sabendo que seus amigos o abandonariam, seu amor venceu a morte. Jesus quer se
nosso amigo, Ele nos escolheu. Que presente maravilhoso ser amigo (a) de Jesus,
quem não quer tê-lo como amigo? Amigo fiel verdadeiro que está ao nosso lado em
todos os momentos de nossas vidas.
As amizades construídas a partir da fé em Jesus é uma amizade
sólida, madura que supera todas as diferenças. Por isso é preciso amar perdoar
e celebrar uma amizade saudável fundamentada em cristo. Santa Catarina de sena
diz: "A amizade cuja fonte é Deus, nunca se esgota". Escolhidos como
amigos de Jesus somos enviados para dar frutos bons que geram vida.
Unidos na oração e alimentados pela palavra e pela Eucaristia vamos
transbordando esse amor gratuito de Deus por nós e fazendo do mundo uma só
família, filhos do mesmo Pai e irmãos de Jesus.
Seremos conhecidos como discípulos de Jesus se entre nós existir amor,
perdão, compreensão, partilha dos bens, solidariedade, pois ele nos diz: se
vocês se amarem nisso todos reconhecerão que são meus discípulos.
Abraço
fraterno
Em Cristo
nosso amigo fiel
Rita
Leite
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AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI
Após tantos domingos
celebrando a páscoa, a ressurreição do Senhor, chegamos ao centro da vida
cristã: o
amor. Hoje as três leituras estão centradas sobre o mesmo tema: amor. Aí é
onde reside a nossa fé em Deus. Ser cristão não é questão de recitar o credo
nem de compreender perfeitamente cada uma de suas expressões. Também não é
questão de participar na liturgia da Igreja nem de cantar salmos todo o dia nem
de fazer muita penitência e sacrifícios. Não é questão de entregar nossa alma e
vontade a Deus e nos fazer seus escravos. Não é questão de ser mais ou menos
pobres. Nem sequer é questão de rezar muitas horas ou de fazer os exercícios
inacianos.
Tudo isso pode ajudar. Mas não é o centro. A chave, o centro, o mais importante
está bem claro na segunda leitura: “Amemo-nos uns a outros já que o amor é de
Deus”. E poderíamos acrescentar, citando também João: “Porque Deus é amor”. E não há outra
forma de conhecer Deus, de viver Deus, de seguir Jesus, do que amando. E amando
como Deus, que acolhe a todos e não faz distinções.
O nosso é puro agradecimento
Há uma questão que não devemos esquecer sobre o amor: é que ele nos amou
primeiro. Não devemos esquecer nunca. O nosso é amor de resposta, por assim
dizer. Não temos mais que voltar os olhos a ele para nos dar conta. O nosso não
é mais que agradecimento, ação de graças. É o mínimo que pode fazer uma pessoa
educada ante ao que lhe estende a mão na dificuldade.
Deus é o que se aproximou a nós. Encarnou-se. Fez-se como nós. Fez-se um de
nós. Compartilhou nossos caminhos e nosso pão e nosso vinho. O peixe assado e o
suor do cansaço no trabalho. O gozo da fraternidade e o desprezo dos que não
quiseram escutar sua palavra próxima, reconciliadora, salvadora. Ele é nossa
imagem de Deus, nossa forma de conhecer a Deus. Seu rosto é o rosto de Deus
para nós. Não há outro meio nem outro caminho.
O mandamento do amor
É o que nos diz o Evangelho deste domingo. É um texto que se abre com uma
afirmação na qual Jesus dá depoimento do que tem sido sua vida: “Como o Pai me amou,
assim eu vos amei” e que termina com um mandato, o único mandato, a única ordem, a
regra das regras, a que contêm todas e, no entanto, nos abre à maior das
liberdades: “Isto
vos mando: que vos ameis uns a outros”. Não faz falta mais.
Agora podemos jogar um olhar ao nosso arredor. Sair à rua e contemplar-nos a
nós mesmos em nossas relações com os demais, com os familiares e vizinhos, com
os amigos, com os colegas de trabalho... Podemos recordar nossos comentários
sobre os políticos, sobre as personagens que vemos na televisão. E olhar se nós
somos capazes de “amar
primeiro”. Porque aí está a jogada, chave de nosso ser cristão. Seguir a Jesus
não é só “amar”. É algo mais. É “amar primeiro”. Aí é onde
experimentaremos o gozo e a alegria de ser como Jesus e, por tanto, como Deus.
Assim começaremos a construir o Reino, esse espaço de fraternidade e gozo e paz
que, às vezes, só algumas vezes, somos capazes de experimentar em nossa vida.
Nesse esforço estaremos contribuindo para que tenhamos um mundo melhor (não se
trata de pensar no outro mundo senão neste, aqui e agora). E iremos fazendo
realidade o sonho de Deus para nós, o sonho que nosso Criador sonhou para suas
criaturas e que se frustrou no Calvário e que, a trancos e barrancos, Deus
conseguiu sacar adiante ressuscitando a Jesus dentre os mortos.
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”Amai-vos uns aos outros” – Nancy
Quão
profundo é difícil é o cumprimento a esse mandamento: "amai-vos uns aos
outros, assim como eu vos amei." Aliás, o mandamento que embasa toda a
trajetória e todo o trabalho missionário de Jesus Cristo, o filho do Pai,
enviado ao mundo para nos redimir dos pecados e para nos salvar.
Jesus
era realmente o Messias, porque amava indistintamente, sem reservas,
incondicionalmente. Um amor que, embora conhecendo, reconhecendo e vivenciando
a inimizade, o ressentimento, o ódio, a dor, não se dobrava a esses
acontecimentos indesejáveis. E sempre pregava e praticava o amor acima de tudo,
pois era humano e, acima de tudo, divino!
Há uma
mensagem de reflexão intitulada "O mestre e o escorpião" que pode
ilustrar muito bem a natureza de Jesus Cristo: um pai misericordioso e amoroso
que nos carrega no colo, que coloca o nosso fardo sobre as suas costas, que nos
ajuda a encontrar caminhos, que nos inspira a acreditar no amanhã...
Um mestre oriental viu um escorpião que
se afogava e decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião lhe picou.
Como reação à dor, o mestre soltou-o e o animal caiu na água e, de novo, estava
se afogando. O mestre tentou tirá-lo outra vez, e novamente o escorpião o
picou.
Alguém que tinha observado tudo se
aproximou do mestre, e disse: - Perdão, mas você é muito teimoso! Não entende
que cada vez que tentar tirá-lo da água, ele o picará?
O mestre respondeu: - A natureza do escorpião é picar e isso não muda a
minha natureza, que é ajudar. Então, com a ajuda de um ramo, o mestre retirou o
escorpião da água e salvou-lhe a vida.
Esta
simples mensagem nos traz uma grandiosa lição de aprendizagem que nos faz
perceber como as pessoas também podem reagir como os escorpiões: ferindo,
machucando, causando dor, sofrimento, desprazer. Tão diferentes do Mestre
Jesus, modelo de humanidade e divindade.
Pensemos
irmãos e irmãs, em como reagimos com o nosso próximo no dia a dia: somos
similares a Jesus Cristo ou aos escorpiões? Cumprimos o mandamento cristão que
nos aconselha: "Amai-vos uns aos outros", buscando a paz e a justiça
social?
Que Maria
Santíssima interceda por cada um de nós, junto ao seu filho Jesus, para nos
espelhemos no modelo de bondade do nosso Mestre, farto em mansidão, amor, zelo,
solidariedade, fraternidade. Amém!
Abraços
fraternos.
Nancy -
professora
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