quinta-feira, 26 de abril de 2012
Comentários-Prof.Fernando
(mercenários, pastores e ovelhas)
RESUMO do Evang.: Jo 10,11-18
Eu sou o
bom pastor. O bom pastor dá a vida
por suas ovelhas. O mercenário, que não
é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e
foge, e o lobo as ataca e dispersa
Eu sou o
bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas
me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha
vida pelas ovelhas.
A alegoria do pastor, das ovelhas e do mercenário
· Na Palestina antiga todos sabiam
como era um pastor de ovelhas ou cabritos. Havia poucas áreas de pastagem que
serviam para vários rebanhos recolhidos à noite num cercado também comum sob a
guarda de um “mercenário” contratado
para defender os rebanhos de lobos e ladrões. Como não lhe pertenciam as
ovelhas ele muitas vezes se descuidava e os inimigos entravam para roubar e
matar. Só de manhã cada pastor podia ser reconhecido por sua voz ou grito habitual,
pois suas ovelhas o reconheciam e
acompanhavam de novo.
A parábola de Ezequiel e a novidade da Encarnação
·
A
imagem do Bom Pastor foi apresentada anteriormente pelo profeta Ezequiel (caps.
34 e 37) à qual o Mestre de Nazaré acrescenta: o Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas (versos 11 e 15). Ora,
na atividade econômica do pastoreio é o rebanho que sustenta o pastor como
fonte de lucro da produção da lã e de alimentação. Parece absurdo, mas aí está
o forte da comparação: há um Pastor “diferente”.
Já era conhecida a imagem aplicada ao Rei: aquele que cuida da justiça como o
pastor protege ovelhas. Também o era a imagem de Deus como pastor de Israel
(ver, por ex.,Gn49,24;Salmos 23, 78, 80; Is40,11; Jer31,10)
·
Porém,
a imagem criada por Jesus de Nazaré (dar a vida em vez de ser sustentado pelo seu
rabanho) é outro modo de falar da Encarnação e do Mistério da páscoa. Deus se
fez carne e sente na pele, como suas criaturas, o que é estar no mundo. Até o
ponto de morrer por amor.
O Bom Pastor e os que têm autoridade
·
O
tema nos leva também a pensar em primeiro
lugar nos ministros (até são chamados de “pastores” nas diversas confissões de
origem cristã) e nos vários tipos de Serviço (pastores, bispos, patriarcas, sacerdotes,
diáconos, e os “consagrados” chamados monges, frades, religiosas, etc). Por
isso o domingo do Bom Pastor, no âmbito católico, foi escolhido como Dia Mundial de Oração pelas Vocações (sacerdotais
e religiosas). Em segundo lugar
pensamos também nos líderes, ministros de culto, mestres e guias espirituais de
outras religiões (rabinos, monges, brâmanes, imãs, muftis, derviches, mães-de-santo,
gurus, lamas, etc.). Em terceiro
lugar, por extensão, pensamos também nos políticos e governantes (têm autoridade
pública para organizar a Cidade), nos empresários
(gestores da produção de alimentos e bens).
·
A
respeito de todos eles julgamos que deveriam ser como o “Bom Pastor”, isto é, dedicar a vida ao serviço dos fiéis de sua espiritualidade ou credo, ou a serviço
da comunidade política e sócio-econômica. Todos deveriam ser um reflexo da
Bondade e do Amor de Deus.
·
Em
nossa cultura brasileira predominam as confissões e
igrejas de origem cristã. Aqui ouvimos muitas críticas a vários comunicadores e
pregadores que conhecem bem os recursos da TV e de outros meios de comunicação
de massa. Talvez seja bastante atual
o texto do filósofo e teólogo Santo Agostinho (cf. Tratado 46, In
Jo.Ev.) ao comentar o cap. 10 do evangelho de João: Os
mercenários são necessários. Em que sentido? É que há muitos na igreja que
procuram vantagens materiais, e, contudo, pregam a Cristo (...) Mas as ovelhas
seguem não ao mercenário, mas a voz do pastor, que se faz ouvir por meio do
mercenário. O próprio Senhor mostra como são os mercenários: ‘Os escribas e
fariseus – disse ele – sentaram-se sobre a cátedra de Moisés. Fazei o que eles
dizem não o que eles fazem’ (Mt 23,2).O que mais Ele queria dizer senão que
prestássemos atenção à voz do Pastor, mesmo que ouvida através dos mercenários?
(...) por meio deles é Deus que ensina, mas se eles pretenderem vos ensinar
suas próprias coisas, não lhes deis ouvidos e não os imiteis.
Pastor de pastores (e de todos)
Mais do que nos irritar
com os falsos profetas (notar sua presença já é meio caminho andado) é melhor crer
no Bom Pastor, seja como modelo quando somos responsáveis por outros (então,
temos que dar a vida pelo bem e pela justiça), seja como “ovelhas” que não
cuidam mas são cuidadas. Para quem crê, essa relação de confiança pode ser resumida:
(extrato J.A.Pagola)
1. o bom Pastor
preocupa-se com suas ovelhas. Não as abandona – nunca - nem as esquece.
2. parece não se
preocupar consigo mesmo, sempre atento aos demais (sobretudo os mais frágeis e
enfermos: ele se importa mais com os os mais desamparados).
3. a grande
característica: dá a vida por suas ovelhas, não foge, mas dá sua vida para
salvar o rebanho. e no perigo mas dá sua vida para salvar o rebanho.
4. para as
primeiras gerações cristãs o Bom Pastor logo se tornou mensagem de consolo e
confiança: aplicando ao ressuscitado o salmo 22: o Senhor é meu pastor, nada me
falta.
5. frequentemente
temos uma relação com um Jesus mal conhecido, de uma forma mais doutrinal do
que numa experiência mais profunda de confiança.
6. frequentemente
esquecemos de que podemos recorrer a ele quando estamos cansados, ou nos
sentimos sem forças, ou então, estamos perdidos e desorientados
É tempo de páscoa:
passamos, pouco a pouco, do medo – comum em discípulos que duvidam – para a
confiança na mensagem do Mestre: “A paz esteja
convosco!”.
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(*) Prof.filos./pedag./teol. (USU) mestre (educação/ teologia/ t.moral) fesomor2@gmail.com :administração
univers./ consultoria
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