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sábado, 28 de maio de 2011

6º DOMINGO DA PÁSCOA - O Espírito Santo de Deus

 

 

HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

29 DE MAIO – 2011

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6º DOMINGO DA PÁSCOA

Comentários – Prof. Fernando

Introdução

 

O Espírito Santo de Deus

O Espírito Santo é aquele que habitando em nós, nos guia, nos ilumina, e nos protege. É  aquele  que fala através de nós na nossa missão de evangelizar, realiza milagres pelas nossas mãos, nos dá força para vencer os instintos da carne e viver segundo o Espírito.

O Espírito Santo está presente na Igreja, como que a água viva que alimenta todos os seus membros, orientando todas as suas ações, e corrigindo todos os seus passos. É Ele que fala aos cristãos através dos catequistas, seja nos encontros, seja nas homilias dos padres, seja nos conselhos dos confessores, etc.

No osso batismo, morremos para o pecado e recebemos o Espírito Santo para habitar em nós. É nosso dever, portanto, cultivar a sua presença, assim como respeitá-la, e recorrer a ela nas horas difíceis, e principalmente quando estamos levando o Cristo ao irmão seja pelo nosso exemplo, seja pela palavra. Pois não somos nós que falamos de Deus, mas sim, é o seu Espírito que  fala através da nossa boca.  Porém, é indispensável que falemos não só através dos nossos lábios, mas com o nosso corpo todo, ou melhor, com todo o nosso ser, corpo e mente sintonizados no Espírito Santo Paráclito. E uma vez ligados sem reservas a Ele, teremos a força necessária para negarmos a nós mesmos, para dizer não aos nossos instintos que nos acorrentam ao pecado da carne, e viver plenamente da graça, e acompanhados do Espírito de verdade, a nos guiar 24 horas sem cessar.

E pelo poder do  Espírito Santo, poderemos até realizar milagres como o fizeram os apóstolos.  Pois uma das atividades do Espírito de Deus, é de revelar e confirmar a mensagem de Deus ao homem, através de demonstrações do seu poder na nossa pessoa.

Já os  profetas, eram "movidos pelo Espírito Santo" para falar, foram orientados ou levados pelo Espírito Santo para dizerem exatamente o que Deus queria que fosse dito ao povo de Deus. O Espírito Santo participou ativamente na revelação da vontade de Deus naquela época. Davi disse:  "O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua".  Portanto, o Espírito Santo falou pelos profetas, e fala através dos catequistas no mundo de hoje. Porém, precisamos ser dignos de sua presença em nós, evitando o pecado e nos aproximando diariamente da Eucaristia.

A importância do Espírito Santo é tão grande que todos os pecados são perdoados. Menos os pecados contra Ele.

O Espírito Santo é  uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, "e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado".

Um só Deus em três pessoas não é uma realidade incompreensível à nossa inteligência humana, porém aceitável e compreendida pelos olhos da fé. É por isso que o cientista é niilista, incrédulo e não admite a idéia de milagres.
          O objetivo ou missão do Espírito Santo em toda a ação litúrgica é colocar-se em comunhão com Cristo para formar seu corpo. O Espírito Santo pode ser comparado com a seiva da videira do Pai que produz seus frutos nos ramos, que somos todos nós. "Eu sou a videira vós sois os ramos". Se nós como ramos nos desligarmos da videira, estaremos perdidos, nada somos, nada poderemos fazer em prol do Reino dos Céus, até que voltemos à casa do Pai pelo sacramento da confissão.

A força e a graça do Espírito Santo tem o poder de nos justificar, isto é, purificar-nos de nossos pecados e comunicar-nos "a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo" e pelo batismo. É Ele, portanto que nos torna anunciadores da palavra de Deus. O que falamos não somos nós que dizemos, mas sim, O Espírito de verdade que nos assiste em nossa tarefa missionária.

Fiquemos, portanto na companhia da Terceira pessoa da Santíssima Trindade, e será fácil levar Jesus aos nossos irmãos.

Sal.
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Espírito Santo já foi enviado do céu e permanece dentro de nós.

                                              Jesus falava aos seus discípulos e lhes acenava com a vinda do Espírito Santo, o Espírito da verdade. E demonstrava que o Espírito não é conhecido pelo mundo, isto é, pelas pessoas que não amam a Deus e não guardam os seus mandamentos. Jesus garantia, então, aos seus discípulos: "Vós o conheceis, (o Espírito da verdade), porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós." Podemos assim entender, que até àquele momento o Espírito Santo estava apenas perto dos discípulos, porque estava em Jesus Cristo. Mais uma vez Ele lhes garantia que não os deixaria órfãos e que viria a eles. No dia de Pentecostes Jesus cumpriu esta promessa. Hoje, nós podemos perceber que o Espírito Santo já foi enviado do céu e permanece dentro de nós.

                                  O Pai está em nós, o Filho está em nós e o Espírito Santo confirma em nós o Amor entre o Pai e o Filho. Portanto, o nosso poder é muito maior ainda do que o dos Apóstolos antes de Pentecostes. Há em nós o poder do Amor de Deus que é o dínamo que impulsiona as nossas ações conforme o pensamento do Pai. "Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós!" Não podemos mais perder tempo; o Espírito da verdade está, isto é, mora dentro de nós para nos instruir na verdade que são os mandamentos da Lei de Deus. Sabemos que amamos a Deus se observamos os Seus mandamentos. Isto faz toda a diferença na nossa vida. Meu irmão , minha irmã, reflitamos: – O Espírito da verdade mora no seu coração? – Você já sente a Sua manifestação? – Qual é a verdade? – Como se expressa a verdade do Espírito através de você? – Você tem ações concretas de amor ao próximo?

Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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Da lei ao Espírito do amor

A moral não está em moda em nossos dias. Todo mundo parece saber perfeitamente o que precisa fazer a cada instante, e ninguém suporta a imposição de normas ou obrigações. Infelizmente, há muitos que continuam vendo a fé cristã como uma coleção de normas, mandamentos e obrigações que se devem cumprir escrupulosamente. Essa seria a condição para se obter a salvação. Aquele que cumpre as regras, muitas de tipo ritual, tal como ir à Missa todos os domingos, confessar-se uma vez por ano etc., ou as de cumprimento externo, tais como casar-se na Igreja, para garantir a salvação. Talvez por isso muitos cristãos que terminam indo à Missa em cima da hora ficam no fundo da igreja sem participar para valer e, como já estão próximos da porta, vão embora assim que o presidente da assembleia dá a bênção, ou até mesmo antes.

Jesus, no evangelho de hoje, coloca a questão exatamente de modo inverso. A obrigação dos mandamentos, como tal, não tem sentido algum se não for entendida no contexto de uma relação pessoal com o próprio Jesus: "Se me amais, guardareis meus mandamentos". Não se trata, pois, de cumprir os mandamentos de uma maneira automática ou cega, com o objetivo de alcançar a salvação. O primeiro passo é encontrar-se com Jesus, descobrir quem é e o que significa em nossa vida. Dessa relação pessoal surge o amor e o seguimento. Os mandamentos são simples conseqüência dessa vida de seguimento. Mas, antes de tudo, é o amor que em nenhuma situação se pode impor como obrigação.

Será que os que seguem a Jesus e o amam compreenderam como uma obrigação sem sentido o chamado da Igreja para que se reunissem uma vez por semana, ouvissem junto à Palavra e compartilhassem o Pão e o Vinho na mesa da Eucaristia? Mais do que uma obrigação é uma alegria e um direito: o de me reunir com os meus irmãos e irmãs e, juntos, darmos graças a Deus por tudo aquilo que ele nos oferece.

Ser cristão, fazer parte da Igreja Católica não é cumprir uma série de normas e de mandamentos de forma automática: é fazer parte de uma família que se estende além do sangue e da cultura; é ter acolhido no coração uma tradição que vem de séculos; é ter escutado a pregação de Felipe e recebido o Espírito Santo dos apóstolos. Ser cristão é fazer de Jesus o centro da própria vida, e amá-lo é devotar amor aos meus irmãos com a força de seu exemplo e de seu Espírito. Nesse domingo é preciso contemplar Jesus, torná-lo presente no nosso íntimo e fitá-lo nos olhos. Ele é a única razão que temos para continuarmos nos confessando cristãos, cumprindo com aquilo que nos pede o Evangelho e a Igreja. Amar um irmão ou uma irmã levou-me, alguma vez, em uma situação concreta a quebrar uma norma da Igreja? Por quê? O que é mais importante: amar ou cumprir os mandamentos? Será que os mandamentos não são quase sempre a expressão real desse amor que deve caracterizar minha vida como cristão?

Victor Hugo Oliveira

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Anunciar

"Anunciai com gritos de alegria, proclamai até os extremos da terra:

o Senhor libertou o seu ovo, aleluia!" (cf. Is. 48,20).

A liturgia de hoje nos apresenta um discurso de despedido de Jesus. Poderíamos dizer que Jesus pronunciou este discurso em forma de testamento. Foi pronunciado na última Ceia. O conteúdo é repleto de emoção, teologicamente mais profundo, onde se misturam certeza e esperança, amor e fé, vida terrena e vida eterna, destino humano e destino divino.

A exegese do texto de hoje (cf. Jo 14,15-21) nos mostra a glorificação de Jesus e anuncia a vinda de um outro Paráclito, isto é, de alguém da parte de Deus para fazer os apóstolos compreenderem os passos e os ensinamentos do Messias, testemunhá-los diante das comunidades, distinguirem entre verdade e erro, e vencerem todas as dificuldades que são apresentadas.

E Jesus dá um grande presente aos seus convidados e a todos nós: promete continuar presente entre os apóstolos, amá-los como o Pai o ama e, um dia, fazê-los participantes da mesma glorificação, da vida eterna.

E o que Jesus pede em contrapartida de tudo isso que nos oferece? Nos pede a sua fidelidade aos seus mandamentos. Fidelidade ao amor que pode ser sintetizado em uma única frase: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo!".

E quem vai caminhar conosco para velar por esta fidelidade é o Paráclito, o Santo Espírito.

Assim, os homens e as mulheres, que são possuídos por Deus, que tem o Espírito Santo que vem ao seu socorro, devem testemunhar que o Cristo é o Filho de Deus vindo a este mundo para nos salvar, para nos justificar, para nos santificar. Jesus está vivo no meio dos seus, porque os homens são templo e morada de Deus.

Amar a Deus e guardar os seus mandamentos é a mesma coisa! E Jesus hoje ressalta exatamente isso: amar e ser amado. Isso porque quem ama a Deus "guarda a sua palavra" e o Pai vai amar esta pessoa. Assim a história de cada batizado é uma história de amor. Amor que vem de Deus. Por isso não se ama a Deus se não se observa os mandamentos.

Assim por amor Cristo anuncia que Deus vai nos conceder um advogado. Mas um advogado? Para que? Para nos defender dos inimigos e do mal. O fruto desse amor de Deus aos apóstolos fiéis é o Espírito Santo, que ele Enviará, a pedido de Jesus, para ser o Paráclito dos crentes, dos discípulos fiéis.

Paráclito significa ADVOGADO, PROTETOR, DEFENSOR. Mais do que isso o Paráclito pode ser a TESTEMUNHA,o garante, aquele que ajuda, que protege, que defende, que inspira, que testemunha a favor.

O mundo estava prestes a julgar Jesus. Era preciso de que os apóstolos ficassem firmes na sua fé ao verem levar o Mestre do Tribunal para a Morte. O Paráclito não virá para defender Jesus, mas para fazer com que os apóstolos compreendam os passos de Jesus e não se escandalizem com a sua paixão e morte.

É preciso que os apóstolos tenham a serena coragem de enfrentar todas as tribulações em nome e na força do Cristo.

Jesus, também, é nosso Paráclito, porque Ele nos defende, lavando-nos com seu sangue redentor. Por isso Jesus diz que não nos deixará órfãos. Mas Jesus nos anuncia que Ele ficará conosco todos os dias até a consumação dos tempos.

Jesus chama pelo Paráclito que ele anuncia   que é o Espírito da Verdade. A Verdade irrenunciável como anuncia Bento XVI. A Verdade que é o próprio Cristo. A Verdade se que sobrepõe ao erro e ao pecado, na luta quotidiana contra o mal e o erro. A Verdade que é esperança cristã. A Verdade que só pode ser assimilada, vivida e festejada com o auxílio do Santo Espírito.

Assim, a segunda leitura (1Pd 3,15-18) nos conscientiza de que estamos em processo com o mundo. O mundo pede contas de nós, mas é a Deus que devemos prestar contas. O mundo pode matar, como matou Jesus. Mas no Espírito que fez viver o Cristo viveremos. Assim vive e reza a esperança cristã. O cristão difere do pagão por sua esperança, diz São Pedro. Em Cristo, ele enxergou a força da vida e do amor. Por isso, ele pode responder por sua fé, com segurança, diante de Deus e dos homens. E não receia o sofrimento: também Cristo o conheceu.

A esperança cristã que foi confirmada na primeira leitura (cf. At. 8,5-8.14-17) quando o diácono Filipe batizou novos cristãos na Samaria. Depois, vieram os Apóstolos Pedro e João de Jerusalém para confirmar os batizados, impondo-lhes as mãos, para que recebessem o Espírito Santo. Assim, os apóstolos, predecessores dos Bispos, completaram e confirmaram o batismo. A perseguição a Estevão torna-se instrumento da expansão da fé cristã. Filipe, do grupo de Estevão, torna-se apóstolo da Samaria. A sua pregação é confirmada por milagres e traz grande alegria. Os apóstolos Pedro e João vêem de Jerusalém para invocar pó Espírito Santo sobre os recém-convertidos da Samaria, sinal da unidade das Igrejas.

O que pede o mundo hoje ao cristão? O mundo nos exige que devemos responder hoje não com divisões, com ódios ou com disputas. Devemos ser movidos pelo amor de Deus em favor do homem. O motor de todo verdadeiro progresso é o amor e somente o amor. Sem amor o próprio progresso pode ser voltar contra o homem e destruí-lo ou aliená-lo. Procura-se um amor que salve o homem todo: a sua dignidade, a sua liberdade, a sua necessidade de Deus, seu destino ultraterreno. Um amor concreto, que se interesse pelos que estão perto e a quem se pode prestar algum auxílio. Um amor que vai até onde nenhum outro pode ir.

Vivamos, pois, com grande entusiasmo a nossa vocação de batizados e de crismados. Jesus que nos chama a santidade caminha conosco. Não nos deixa órfãos! Envia o Santo Espírito para permanecer e nos velar para que nunca traiamos a verdade que é sintetizada no amor e no perdão, na acolhida e na misericórdia. Amém!

padre Wagner Augusto Portugal

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A despedida

A Igreja celebra nos próximos dias duas grandes festas: Ascensão e Pentecostes.

As leituras bíblicas refletem sobre os dois fatos:

1) a Ascensão: com o discurso da Despedida;

2) o Pentecostes: com a promessa do Espírito Santo e a Imposição das mãos dos apóstolos.

A liturgia nos mostra que Deus está presente na sua Igreja, pelo Espírito Santo, mesmo depois da volta de Jesus ao Pai.

A 1ª leitura narra o início da missão evangelizadora da Igreja, fora de Jerusalém. (At. 8,5-8.14-17)

Os apóstolos Pedro e João são enviados à Samaria, para completar a Iniciação cristã realizada pelo diácono Felipe conferindo o Dom do Espírito Santo aos recém-batizados, através do gesto da imposição das mãos.

Essa passagem constitui o "Pentecostes samaritano", assim como na casa do centurião romano tem lugar o pentecostes "pagão". O episódio lembra duas verdades:

a) o batismo é completado pela unção com o óleo do crisma   e pela imposição das mãos do bispo, no sacramento da confirmação. É o momento em que recebemos a Plenitude do Espírito Santo;

b) para uma comunidade se constituir de fato como Igreja, não basta uma aceitação isolada e independente da Palavra, mas é convidada a viver a sua fé em comunhão com toda a Igreja.

Na 2ª leitura, são Pedro exorta os cristãos à fidelidade aos compromissos assumidos com Cristo no batismo. (1Pd. 3,15-18)

O Evangelho faz parte do discurso da despedida de Jesus. É o testamento que o mestre deixa à Comunidade antes de partir. (Jo 14,15-21) Os discípulos se mostram abalados e tristes... Jesus os anima, declarando que não os deixará órfãos no mundo.

Ele vai ao Pai, mas vai encontrar um modo de continuar presente e de acompanhar a caminhada dos seus discípulos. É uma alusão à sua volta invisível, mas real, mediante o Espírito Santo, que o substituirá junto aos discípulos e permanecerá sempre com eles e com toda a Igreja.

É a possibilidade de viver em intensa comunhão com o Pai e o Filho, pelo Espírito da Verdade, que nos é dado como dom da Páscoa.

Para isso, é preciso um amor autêntico, que se manifesta na observância dos mandamentos: "Quem me ama... guarda os meus mandamentos..."

Só quem vive esse amor está apto a receber o Espírito Santo.

O amor supera o medo, a separação e a morte...

Jesus fala de "Os meus mandamentos...". Não se trata dos 10 mandamentos, pois já existiam no Antigo Testamento... Pouco antes, Jesus resumira toda a Lei e os profetas em "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como ele nos amou" Conseqüências desse amor vivenciado dos Mandamentos:

- merece receber o Espírito Santo: "Ele vos dará o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber".

- É alguém amado pelo Pai...: "Ele será amado pelo Pai..."

- Torna-se capaz de perceber a manifestação de Cristo: "Eu o amarei e me revelarei a ele..."

- Sobretudo, torna-se MORADA DE DEUS: "Viremos a ele e faremos nele morada..."

A comunidade cristã será então a presença de Deus no mundo:

Ela e cada membro dela se converterão em morada de Deus, o espaço onde Deus vem ao encontro dos homens. Na comunidade dos discípulos e através dela, realiza-se a ação salvadora de Deus no mundo. Esse "caminho" proposto por Jesus para muitos parece um caminho de fracasso, que não conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao êxito social, nem ao bem estar material. Parece não dar sabor à vida dos homens do nosso tempo.

No entanto, Jesus garante que é nessa identificação com Cristo e nesse "caminho" do amor e da entrega, que se encontra a felicidade plena e a vida definitiva. Jesus promete aos discípulos o envio de um "defensor", de um "intercessor", que irá animar a comunidade cristã e conduzi-la ao longo da sua história.

A comunidade cristã, identificada com Jesus e com o Pai, animada pelo Espírito, é o "Templo de Deus", o lugar onde Deus habita no meio dos homens. Através dela, o Deus libertador continua a concretizar o seu plano de salvação.

Procuremos viver intensamente essa presença de Cristo, no meio de nós, agora na eucaristia e depois no amor vivenciado com os irmãos! E o Espírito Santo não pode continuar o "ilustre desconhecido"!

padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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O amor do Pai

O Evangelho de João abre janelas para a contemplação do mistério da encarnação do Verbo, através das palavras de Jesus, desabrochadas e vividas em suas comunidades. Somos estimulados a permanecer no amor de Jesus. Compreendemos que o amor dele por nós é o mesmo amor do Pai por ele.

A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho. É o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer no amor de Jesus é entrar em comunhão com esta dinâmica de amor e vida entre o Pai e o Filho, inserindo-se na comunidade de discípulos. É irradiar envolvendo a outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo. Jesus permanece no amor do Pai, e isto significa que ele observa e cumpre o que o Pai mandou. Não se trata de uma obediência cega, de um inferior a um superior, mas de uma união amorosa de vontades.

O amor vivido em nossas comunidades é fruto da nossa permanência em Jesus. Este amor, que é o amor de Jesus, é transbordante. As comunidades, em sua missão, comunicam este amor ao mundo, gerando vida e alegria. Na primeira leitura, vemos como o Espírito Santo de amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se no coração dos pagãos na Samaria.

Pedro, pioneiro apóstolo dos gentios, dá testemunho de que o Deus de amor não faz discriminação entre as pessoas. "Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença." A Primeira Carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos, ele usa cinqüenta e duas vezes as palavras amar ou amor. Deus é amor.

Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo-poderoso na criação do universo, ele é todo amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em todos os tempos e em todos os povos.

padre Jaldemir Vitório

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A fé é tudo

A fé recebida no batismo se confirma na integração comunitária. Os sucessores dos apóstolos impõem as mãos e ungem a cabeça dos batizados que, conscientes, reafirmam sua pertença a Cristo e à Igreja. Não são grupos autônomos, estanques, separados, que se formam no seguimento espontâneo de Jesus. São grupos integrados numa unidade universal em torno da sede de Pedro e dos sucessores dos apóstolos. O Espírito Santo se manifesta nessa unidade de Igreja e na missionariedade dos que são confirmados, que partilham com todos o dom que receberam e a alegria que experimentam no Espírito.

O Espírito dá vida, desperta entusiasmo, incentiva a solidariedade. Ele deu vida ao corpo de Jesus e o ressuscitou, e o mantém agora sempre vivo em seus membros. Ele é o Espírito da verdade, nosso defensor. Jesus deve partir. É uma exigência da encarnação. Não pode permanecer sempre entre nós em sua humanidade visível. Ele vai, mas não nos deixa órfãos, não nos deixa abandonados. Um outro defensor vem, o Espírito Santo de Deus, que permanece em cada um de nós segundo o ritmo de nossa vida. Ele é a vida da comunidade dos seguidores de Jesus.

Jesus vai subir ao céu em sua ascensão e enviará o Espírito Santo sobre todo o universo. Vivemos com Ele o tempo de sua encarnação na terra de Israel. Na fé, nós o vimos ressuscitado. E enquanto esperamos sua vinda definitiva, expandimos o Amor que foi derramado em nossos corações, em ações concretas. A Igreja que ama o Senhor e quer fazer a sua vontade penetra todas as camadas da vida humana para lhes dar sabor. Tudo o que essa Igreja faz aponta para o que é primordial: a expansão do Espírito de Amor. O Espírito se deixa ver nos gestos concretos de amor fraterno solidário que os discípulos de Jesus introduzem gratuitamente nos relacionamentos humanos.

At. 8,5-8.14-17 – A primeira comunidade continua a se expandir. Ao Batismo inicial segue-se a confirmação com a presença dos apóstolos. O Espírito Santo se manifesta na comunidade. Filipe, um dos sete, não restringe sua atividade ao serviço da mesa. Sua ação social é acompanhada do anúncio da Palavra e de boas obras em favor dos doentes e oprimidos.

1Pd. 3,15-18 – Jesus sofreu a morte na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito. O sopro do Espírito da boca de Deus, que dá vida ao primeiro ser humano e a todos os demais, dá vida também ao corpo inerte de Jesus e o ressuscita. Santificamos Jesus em nossos corações deixando que o Espírito Santo se manifeste na mansidão, no respeito e na boa consciência no relacionamento mútuo. Nesta maneira de proceder, damos com segurança a razão da nossa esperança.

Jô. 14,15-21 – O Senhor anuncia sua partida, afirmando, porém, que não nos deixará órfãos.

Se Ele é um defensor de nossa causa, outro defensor virá, e é o Espírito da verdade. Jesus insiste em que acolhamos e guardemos os seus mandamentos como sinal do amor que temos por Ele, pois quem ama Jesus é amado pelo Pai e Jesus se manifesta a ele no Espírito Santo. Nossa integração no mistério da Trindade já começou. Um dia tudo será claro e patente, e, n'Ele, saberemos o que somos.

cônego Celso Pedro da Silva

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Comunhão com Jesus e o Pai, no Espírito

João, com seu harmonioso estilo literário, reapresenta, ao longo do discurso de despedida de Jesus na última ceia, os principais temas da revelação: o amor do Pai e de Jesus; os mandamentos de Jesus e o novo mandamento do amor; o crer em Deus e em Jesus, Caminho, Verdade e Vida; o conhecer Jesus e o Pai; permanecer em Jesus; o dom do Espírito de Amor e o dom da vida eterna na comunhão com Jesus e o Pai, no Espírito. No evangelho de hoje, trecho deste discurso, é retomado o tema dos mandamentos de Jesus e sua observância, e o dom do Espírito. Os mandamentos de Jesus se expressam em formas diversas: guardar a sua palavra, ter fé e praticar o que ele viveu, crer nele e ter a vida eterna, praticar a verdade, acolher seu testemunho, trabalhar pelo alimento que permanece para a vida eterna, servi-lo e seguir seu exemplo de serviço. Todos seus mandamentos convergem para o seu novo mandamento: "Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros" (Jo 13,34.35; 15,12 - cf. 27 maio). A culminância dos mandamentos é o amor divino de Jesus a ser vivido pelos discípulos, em comunhão de vida eterna com o Pai. Associado a este amor está o dom do Paráclito, o Espírito da Verdade. O Pai dará este Espírito, ele permanece junto de nós e está em nós. Futuro e presente se unem, no dom do Espírito. O Paráclito, palavra de origem grega, significa consolador ou defensor. O termo grego, em suas variantes, é abundantemente usado nos textos paulinos, com o sentido de consolo. É também usado algumas vezes em Lucas, e uma única vez nos sinóticos, na bem-aventurança dos que choram (Mt 5,4). Com a sentença: "Ainda um pouco de tempo e o mundo não mais me verá; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis", Jesus afirma sua permanência na vida divina e eterna e o dom desta vida àqueles que cumprem seu mandamento de amor. A expressão "porque eu vivo" se diferencia da tradição sacrifical judaica-cristã segundo a qual Jesus morto na cruz transforma-se em um cadáver a ser reanimado novamente por sua ressurreição, tornado então Filho de Deus, como prêmio de seu auto-sacrifício. O Espírito que nos é dado nos revela a presença de Jesus entre nós: "Não vos deixarei órfãos: eu voltarei a vós... Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai, e vós em mim, e eu em vós ". A volta de Jesus, ele no Pai, os discípulos nele e ele nos discípulos, significa a comunhão de vida eterna com Deus já neste mundo, a partir da comunhão de amor. Na primeira leitura, a imposição das mãos para a comunicação do Espírito é apresentada como complemente ao "batismo de Jesus". Contudo, em sentido oposto, mais adiante, em Atos (10,44-48), quando Pedro, na Samaria, ainda falava, o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a Palavra. Então Pedro declara: "Poderia alguém recusar a água do batismo para estes que receberam o Espírito Santo, assim como nós?". E determinou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Na segunda leitura, a comunidades que sofrem perseguições, é dado um estímulo a serem testemunhas de sua esperança, a partir do testemunho de Jesus, "morto, sim, na carne, mas vivificado no Espírito". O Espírito é a garantia da permanência na vida divina, no sofrimento ou na morte física.

José Raimundo Oliva

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Acreditar

Quem ainda nunca sentiu o fascínio que é montar um móvel comprado na IKEA (passe a publicidade)? Começa logo na escolha das inúmeras possibilidades de combinações e a promessa de cada um poder ser um verdadeiro carpinteiro e decorador. Depois é a aventura de seguir, passo a passo, as instruções do manual como se fosse um livro mágico que, de placas e parafusos caóticos, convida a criar a obra prima que poderemos apresentar aos amigos (ou obriga a telefonar a quem entenda porque a mesa se transformou em estante!). Alguém já lhe chamou o "lego" dos adultos, capaz de devolver uma certa nostalgia perdida de cada um dar um toque pessoal até àquilo que reveste a sua casa. Os materiais podem não ser muito duráveis, mas isso também tem o aliciante de uma renovação de tempos a tempos.

Maravilha-me o tempo pascal porque ele nos remete sempre aos tempos iniciais da Igreja e da criação das primeiras comunidades. De como com aqueles materiais frágeis dos discípulos e até dos seus erros e pecados Deus foi consolidando comunidades irradiadoras da Boa Nova. Foram também as circunstâncias que criaram possibilidades de novos serviços e até as perseguições ajudaram a não enclausurar o evangelho. E, tudo isto, sem um manual de instruções! Ou melhor, descobrindo que o verdadeiro manual de instruções se chama Espírito Santo. Os materiais eram e são simples: a vida vivida com autenticidade, os mandamentos de Jesus acolhidos e cumpridos, o respeito e a liberdade perante a tradição, o amor a consolidar tudo. E o Espírito da verdade a habitar conosco e em nós.

Por isso, pior que o erro e o engano é aprisionar a liberdade de escolher, é aguentar uma "meia-vida" porque "tem de ser" e não aceitar que se errou e é possível uma transformação. São Pedro seria, na lógica de muitas organizações, uma improvável escolha para a missão de "confirmar os irmãos na fé". Claro que o Espírito da verdade o ajudou a trazer ao de cima do coração e da boca o que nele era essencial: "Senhor, sabes tudo, bem sabes que te amo!". Nele se confirma a sábia frase que o filme "Encontrarás dragões" (sobre a guerra civil espanhola e os primeiros anos da vida de são Josemaria Escrivá) apresenta nos seus cartazes: "Todos os santos têm um passado". Falta acrescentar a segunda parte: "E todos os pecadores, um futuro"!

Acreditar que o Espírito Santo é "manual de instruções" para a Igreja e para a vida de cada cristão é assumir a sua escuta como tarefa quotidiana e encarar os erros como novas possibilidades de construção. Não somos "pau para toda a colher", não temos os dons todos nem somos capazes de tudo. Mas aquilo que damos com alegria Deus sabe multiplicar. E, como diz um amigo meu:" Sei que, ainda que erre no meu caminho, Deus não desistirá de me chamar à vida em plenitude!"

padre Vítor Gonçalves

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A presença de Deus na Igreja

 

A liturgia do 6º Domingo da Páscoa convida-nos a descobrir a presença – discreta, mas eficaz e tranquilizadora – de Deus na caminhada histórica da Igreja. A promessa de Jesus – "não vos deixarei órfãos" – pode ser uma boa síntese do tema.

O Evangelho apresenta-nos parte do "testamento" de Jesus, na ceia de despedida, em Quinta-feira Santa. Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o "Paráclito": Ele conduzirá a comunidade cristã em direção à verdade; e levá-la-á a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a "morada de Deus" no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer aos homens.

A primeira leitura mostra exatamente a comunidade cristã a dar testemunho da Boa Nova de Jesus e a ser uma presença libertadora e salvadora na vida dos homens. Avisa, no entanto, que o Espírito só se manifestará e só actuará quando a comunidade aceitar viver a sua fé integrada numa família universal de irmãos, reunidos à volta do Pai e de Jesus.

A segunda leitura exorta os crentes – confrontados com a hostilidade do mundo – a terem confiança, a darem um testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos perseguidores. Cristo, que fez da sua vida um dom de amor a todos, deve ser o modelo que os cristãos têm sempre diante dos olhos.

1ª leitura – Atos 8,5-8.14-17 - AMBIENTE

Durante os primeiros anos, o cristianismo praticamente não saiu de Jerusalém: os primeiros sete capítulos do livro dos Atos dos Apóstolos apresentam-nos a Igreja de Jerusalém e o testemunho dado pelos primeiros cristãos no espaço restrito da cidade.

Por volta do ano 35, no entanto, desencadeou-se uma perseguição contra os membros da comunidade cristã de Jerusalém. Pode supor-se, com grande probabilidade, que esta perseguição (desencadeada após a morte de Estevão) não afetou de igual forma todos os membros da comunidade (os apóstolos continuam em Jerusalém), mas dirigiu-se, de forma especial, contra os judeo-helenistas do círculo de Estevão (os cristãos "hebreus", que mantêm uma fidelidade relativa à Lei e ao judaísmo, ficam – até nova ordem – ao abrigo da perseguição). Estes, contudo, não se conformaram com uma morte inútil: deixaram Jerusalém e espalharam-se pelas outras regiões da Palestina. Tratou-se de um facto providencial (porque não ver nele a ação do Espírito?), que permitiu a difusão do Evangelho pelas outras regiões palestinas.

A primeira leitura deste domingo fala-nos de Filipe – um dos sete diáconos, do mesmo grupo do mártir Estevão (cf. At 6,1-7) – que, deixando Jerusalém foi anunciar o Evangelho aos habitantes da região central da Palestina, a Samaria.

É curioso que a difusão do Evangelho fora de Jerusalém ocorra, precisamente, na Samaria. A Samaria era, para os judeus, uma terra praticamente pagã. Os judeus desprezavam os samaritanos por serem uma mistura de sangue israelita com estrangeiros e consideravam-nos hereges em relação à pureza da fé jahwista. O anúncio do Evangelho aos samaritanos mostra que a Igreja não tem fronteiras e anuncia o passo seguinte: a evangelização do mundo pagão.

MENSAGEM

O nosso texto divide-se em duas partes.

Na primeira parte (vers. 5-8), temos um sumário que resume a atividade missionária de Filipe entre os samaritanos. Filipe pregava "o Messias" – isto é, apresentava aos samaritanos Jesus Cristo e a sua proposta de salvação e de libertação. Diante da interpelação que o Evangelho constituía, os samaritanos "aderiam unanimemente às palavras de Filipe". Dessa adesão, nascia a comunidade do "Reino", isto é, começava a aparecer uma comunidade de homens livres, iluminados pela luz libertadora de Jesus, e que possuíam a vida nova de Deus (Lucas descreve esta realidade nova de homens livres e cheios de vida nova, dizendo que os espíritos impuros abandonavam os possessos e que os coxos e paralíticos eram curados). Desta nova realidade brotava uma profunda alegria: a alegria é um dos traços característicos que, na obra de Lucas, acompanha a erupção da comunidade do "Messias".

Na segunda parte (vs. 14-17), Lucas refere a chegada à Samaria dos apóstolos Pedro e João. Quando a comunidade cristã de Jerusalém soube que a Samaria tinha já acolhido a mensagem de Jesus, despachou para lá Pedro e João em visita de inspeção. Lucas não diz qual a reação de Pedro e João ao constatarem o avanço do Evangelho; apenas refere que os samaritanos, apesar de batizados, ainda não tinham recebido o Espírito Santo. Que significa isto? Provavelmente, significa que a adesão dos samaritanos ao Evangelho era superficial (talvez mais motivada pelos gestos espetaculares que acompanhavam a pregação de Filipe, do que por uma convicção bem fundada) e que não havia ainda, entre eles, uma verdadeira consciência de pertencer a essa grande família de Jesus que é a Igreja universal. Logo que chegaram – refere Lucas – Pedro e João impuseram as mãos aos samaritanos, a fim de que também eles recebessem o Espírito. O Espírito aparece, aqui, como o selo que comprova a pertença dos samaritanos – depois de unidos à Igreja universal e em comunhão com ela – à Igreja de Jesus Cristo.

A mensagem é a seguinte: para que uma comunidade se constitua como Igreja, não basta uma aceitação superficial da Palavra, nem manifestações humanas (por muito impressionantes que sejam). Ao mesmo tempo, é preciso que qualquer comunidade cristã tenha consciência de que não é uma célula autónoma, mas que é convidada a viver a sua fé integrada na Igreja universal, em comunhão com a Igreja universal. Toda a comunidade que quer fazer parte da família de Jesus deve, portanto, acolher a autoridade e buscar o reconhecimento dos pastores da Igreja universal. Só então se manifestará nela o Espírito, a vida de Deus.

ATUALIZAÇÃO

• Uma comunidade cristã é uma comunidade onde se manifesta a comunhão com Jesus e a comunhão com todos os outros irmãos que partilham a mesma fé. É na comunhão com os irmãos, é no amor partilhado, é na consciência de que fazemos parte de uma imensa família que caminha animada pela mesma fé, que se manifesta a vida do Espírito. Cada crente precisa de desenvolver a consciência de que não é um caso isolado, independente, autônomo: afirmações como "eu cá tenho a minha fé" não fazem sentido, se traduzem a vontade de percorrer um caminho à margem da comunidade, sem aceitar confrontar-se com os irmãos… Cada comunidade precisa de desenvolver a consciência de que não é um grupo autônomo e sem ligações, mas uma parcela de uma Igreja universal, chamada a viver na comunhão, na partilha, na solidariedade com todos irmãos que, em qualquer canto do mundo, partilham a mesma fé.

• Constitui, para nós, um tremendo desafio a ação evangelizadora de Filipe… Apesar dos riscos corridos em Jerusalém, Filipe não desistiu, não sentiu que já tinha feito o possível, não se acomodou; mas simplesmente partiu para outras paragens a dar testemunho de Jesus. É o mesmo entusiasmo que nos anima, quando temos de dar testemunho do Evangelho de Jesus?

• O nosso texto deixa claro, ainda, que "Deus escreve direito por linhas tortas": de uma situação má (perseguição aos crentes), nasce a possibilidade de levar a Boa Nova da libertação a outras comunidades. Às vezes, Deus tem que usar métodos drásticos para nos obrigar a sair do nosso cantinho cômodo e levar-nos ao compromisso. Muitas vezes, os aparentes dramas da nossa vida fazem parte dos projetos de Deus. É necessário aprender a olhar para os acontecimentos da vida com os olhos da fé e aprender a confiar nesse Deus que, do mal, tira o bem.

 

2ª leitura – 1 Pedro 3,15-18 - AMBIENTE

A primeira carta de Pedro tem-nos acompanhado nos últimos domingos… Por isso, já sabemos que se trata de um texto exortativo, enviado às comunidades cristãs estabelecidas em certas zonas rurais da Ásia Menor. Os cristãos que compõem essas comunidades pertencem majoritariamente às classes menos favorecidas. Apresentam, portanto, um quadro de fragilidade, que os torna bastante vulneráveis às perseguições que se aproximam.

O objetivo do autor é animar esses cristãos e exortá-los à fidelidade aos compromissos que assumiram com Cristo, no dia do seu batismo. Para isso, o autor lembra-lhes o exemplo de Cristo, que percorreu um caminho de cruz, antes de chegar à ressurreição.

MENSAGEM

O nosso texto, sempre em tom exortativo, mostra qual deve ser a atitude dos crentes, confrontados com a hostilidade do mundo. Como é que os cristãos devem reagir, diante das provocações e das injustiças?

Os cristãos devem, antes de mais, reconhecer nos seus corações a "santidade" de Cristo, que é "o Senhor" (o "Kyrios" – isto é, o próprio Deus, Senhor do mundo e da história). Desse reconhecimento da santidade e da soberania absoluta de Cristo, brota a confiança e a esperança; e, dessa forma, os crentes nada temerão e poderão enfrentar a injustiça e a perseguição (v. 15a).

Os cristãos devem, também, estar sempre dispostos a apresentar as razões da sua fé e da sua esperança – isto é, a dar testemunho daquilo em que acreditam (v. 15b). No entanto, devem fazê-lo sem agressividade, com delicadeza, com modéstia, com respeito, com boa consciência, mostrando o seu amor por todos, mesmo pelos seus perseguidores. Dessa forma, os perseguidores ficarão desarmados e sem argumentos; e todos perceberão mais facilmente de que lado está a verdade e a justiça (v. 16).

Os cristãos devem, ainda, em qualquer circunstância – mesmo diante do ódio e da hostilidade dos perseguidores – preferir fazer o bem do que fazer o mal (v. 17).

O autor da carta remata a sua exortação, apresentando aos crentes a razão fundamental pela qual os crentes devem agir desta forma tão "ilógica": o próprio "Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados – o justo pelos injustos – para nos conduzir a Deus" (v. 18a). Ora, se Cristo propiciou, mesmo aos injustos, a salvação, também os cristãos devem dar a vida e fazer o bem, mesmo quando são perseguidos e sofrem.

Aliás, esse caminho de dom da vida não é um caminho de fracasso e de morte: Cristo, que morreu pelos injustos, voltou à vida pelo Espírito; por isso, os cristãos que fizerem da vida um dom – como Cristo – também ressuscitarão.

ATUALIZAÇÃO

• Mais uma vez (tem sido um tema que tem aparecido, volta não volta, na liturgia deste tempo pascal), põe-se-nos o problema do sentido de uma vida feita dom e entrega aos outros, até à morte (sobretudo se esses "outros" são os nossos perseguidores e detratores). É possível "dar o braço a torcer" e triunfar? O amor e o dom da vida não serão esquemas de fragilidade, que não conduzem senão ao fracasso? Esta história de o amor ser o caminho para a felicidade e para a vida plena não será uma desculpa dos fracos? Não – responde a Palavra de Deus que nos é proposta. Reparemos no exemplo de Cristo: Ele deu a vida pelos pecadores e pelos injustos e encontrou, no final do caminho, a ressurreição, a vida plena.

• Diante das dificuldades, das propostas contrárias aos valores cristãos, é em Cristo – o Senhor da vida, do mundo e da história – que colocamos a nossa confiança e a nossa esperança? Ou é noutros esquemas mais materiais, mais imediatos, mais lógicos, do ponto de vista humano?

• Diante dos ataques – às vezes incoerentes e irracionais – daqueles que não concordam com os valores de Jesus, como nos comportamos? Com a mesma agressividade com que nos tratam? Com a mesma intolerância dos nossos adversários? Tratando-os com a lógica do "olho por olho, dente por dente"? Como é que Jesus tratou aqueles que o condenaram e mataram?

 

Evangelho – João 14,15-21 - AMBIENTE

Continuamos no mesmo contexto em que nos colocava o Evangelho do passado domingo. A decisão de matar Jesus já está tomada pelas autoridades judaicas e Jesus sabe-o. A morte na cruz é mais do que uma probabilidade: é o cenário imediato.

Nessa noite de quinta-feira do ano trinta, na véspera da sua morte na cruz, Jesus reuniu-Se com os seus discípulos numa "ceia". No decurso da "ceia", Jesus despediu-Se dos discípulos e fez-lhes as últimas recomendações. As palavras de Jesus soam a "testamento final": Ele sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos vão continuar no mundo. Jesus fala-lhes, então, do caminho que percorreu (e que ainda tem de percorrer, até à consumação da sua missão e até chegar ao Pai); e convida os discípulos a seguir o mesmo caminho de entrega a Deus e de amor radical aos irmãos. É seguindo esse "caminho" que eles se tornarão Homens Novos e que chegarão a ser "família de Deus" (cf. Jo 14,1-12).

Os discípulos, no entanto, estão inquietos e desconcertados. Será possível percorrer esse "caminho" se Jesus não caminhar ao lado deles? Como é que eles manterão a comunhão com Jesus e como receberão d'Ele a força para doar, dia a dia, a própria vida?

MENSAGEM

No entanto, Jesus garante aos discípulos que não os deixará sós no mundo. Ele vai para o Pai; mas vai encontrar forma de continuar presente e de acompanhar, a par e passo, a caminhada dos seus discípulos.

É preciso, no entanto, que os discípulos continuem a seguir Jesus, a manifestar a sua adesão a Ele, a amá-l'O (o amor será o culminar dessa caminhada de adesão e de seguimento). A consequência desse amor é o cumprir os mandamentos que Jesus deixou. Nesse caso, os mandamentos deixam de ser normas externas que é preciso cumprir, para se tornarem a expressão clara do amor dos discípulos e da sua sintonia com Jesus (vers. 15).

Como é que Jesus vai estar presente ao lado dos discípulos, dando-lhes a coragem para percorrer "o caminho" do amor e do dom da vida?

Jesus fala no envio do "Paráclito", que estará sempre com os discípulos (vers. 16). A palavra grega "paráklêtos", utilizada por João, pertence ao vocabulário jurídico e designa, nesse contexto, aquele que ajuda ou defende o acusado. Pode, portanto, traduzir-se como "advogado", "auxiliar", "defensor". A partir daqui, pode deduzir-se, também, quer o sentido de "consolador", quer o sentido de "intercessor". No Novo Testamento, a palavra só aparece em João, onde é usada quer para designar o Espírito (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,7), quer o próprio Jesus (que no céu, cumpre uma missão de intercessão - cf. 1 Jo 2,1).

O "Paráclito" que Jesus vai enviar é o Espírito Santo – apresentado aqui como o "Espírito da Verdade" (v. 17). Enquanto esteve com os discípulos, Jesus ensinou-os, protegeu-os, defendeu-os; mas, a partir de agora, será o Espírito que ensinará e cuidará da comunidade de Jesus. O Espírito desempenhará, neste contexto, um duplo papel: em termos internos, conservará a memória da pessoa e dos ensinamentos de Jesus, ajudando os discípulos a interpretar esses ensinamentos à luz dos novos desafios; por outro, dará segurança aos discípulos, guiá-los-á e defendê-los-á quando eles tiverem de enfrentar a oposição e a hostilidade do mundo. Em qualquer dos casos, o Espírito conduzirá essa comunidade em marcha pela história, ao encontro da verdade, da liberdade plena, da vida definitiva.

Depois de garantir aos discípulos o envio do "Paráclito", Jesus reafirma aos discípulos que não os deixará "órfãos" no mundo. A palavra utilizada ("órfãos") é muito significativa: no Antigo Testamento, o "órfão" é o protótipo do desvalido, do desamparado, do que está totalmente à mercê dos poderosos e que é a vítima de todas as injustiças. Jesus é claro: os seus discípulos não vão ficar indefesos, pois Ele vai estar ao lado deles.

É verdade que Ele vai deixar o mundo, vai para o Pai. O "mundo" deixará de vê-l'O, pois Ele não estará fisicamente presente. No entanto, os discípulos poderão "vê-l'O" ("contemplá-l'O"): eles continuarão em comunhão de vida com Jesus e receberão o Espírito que lhes transmitirá, dia a dia, a vida de Jesus ressuscitado (vs. 18-19).

Nesse dia (o dia em que Jesus for para o Pai e os discípulos receberem o Espírito), a comunidade descobrirá – por acção do Espírito – que faz parte da família de Deus (vers. 20-21). Jesus identifica-Se com o Pai, por ter o mesmo Espírito; os discípulos identificam-se com Jesus, por acção do Espírito. A comunidade cristã está unida com o Pai, através de Jesus, numa experiência de unidade e de comunhão de vida entre Deus e o homem. Nesse dia, a comunidade será a presença de Deus no mundo: ela e cada membro dela convertem-se em morada de Deus, o espaço onde Deus vem ao encontro dos homens. Na comunidade dos discípulos e através dela, realiza-se a acção salvadora de Deus no mundo.

ATUALIZAÇÃO

• A paixão de Jesus continua a acontecer, todos os dias, na vida de cada um de nós e na vida de tantos irmãos nossos. Sentimo-nos impotentes face à guerra e ao terrorismo; não conseguimos prever e evitar as catástrofes naturais; sofremos por causa da injustiça e da opressão; vemos o mundo construir-se de acordo com critérios de egoísmo e de materialismo; não podemos evitar a doença e a morte… Acreditamos no "Reino de Deus", mas ele parece nunca mais chegar, e caminhamos, desanimados e frustrados, para um futuro que não sabemos aonde conduzirá a humanidade. No entanto, nós os crentes temos razões para ter esperança: Jesus garantiu-nos que não nos deixaria órfãos e que estaria sempre a nosso lado. Na minha leitura do mundo e da história, o que é que prevalece: o pessimismo de quem se sente só e perdido no meio de forças de morte, ou a esperança de quem está seguro de que Jesus ressuscitado continua presente, a acompanhar a caminhada da sua comunidade pela história?

• O "caminho" que Jesus propõe aos seus discípulos (o "caminho" do amor, do serviço, do dom da vida) parece, à luz dos critérios com que a maior parte dos homens do nosso tempo avaliam estas coisas, um caminho de fracasso, que não conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao êxito social, nem ao bem estar material – afinal, tudo o que parece dar verdadeiro sabor à vida dos homens do nosso tempo. No entanto, Jesus garantiu-nos que era no caminho do amor e da entrega que encontraríamos a vida nova e definitiva. Na minha leitura da vida e dos seus valores, o que é que prevalece: o pessimismo de alguém que se sente fraco, indefeso, humilde e que vai passar ao lado das grandes experiências que fazem felizes os grandes do mundo, ou a esperança de alguém que se identifica com Jesus e sabe que é nesse "caminho" de amor e de dom da vida que se encontra a felicidade plena e a vida definitiva?

• Jesus garantiu aos seus discípulos o envio de um "defensor", de um "consolador", que havia de animar a comunidade cristã e conduzi-la ao longo da sua marcha pela história. Nós acreditamos, portanto, que o Espírito está presente, animando-nos, conduzindo-nos, criando vida nova, dando esperança aos crentes em caminhada. Quais são as manifestações do Espírito que eu vejo na vida das pessoas, nos acontecimentos da história, na vida da Igreja?

• A comunidade cristã, identificada com Jesus e com o Pai, animada pelo Espírito, é o "templo de Deus", o lugar onde Deus habita no meio dos homens. Através dela, o Deus libertador continua a concretizar o seu projeto de salvação. A Igreja é, hoje, o lugar onde os homens encontram Deus? Ela dá testemunho (em gestos de amor, de serviço, de humanidade, de liberdade, de compreensão, de perdão, de tolerância, de solidariedade para com os pobres) do Deus que quer oferecer aos homens a salvação? O que é que nos falta – a nós, "família de Deus" – para sermos verdadeiros sinais de Deus no meio dos homens?

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho - www.ecclesia.pt

Não vos deixarei órfãos

Nestes dias pascais em honra do Ressuscitado, contemplamos e experimentamos nos santos mistérios não somente a sua ressurreição e ascensão, como também dom do seu Espírito Santo em pentecostes. Pois bem, caríssimos irmãos e irmãs, a Palavra de Deus que escutamos nesta liturgia do VI domingo da Páscoa coloca-nos precisamente neste clima. Com um coração fiel e recolhido, contemplemos o mistério que o Evangelho de hoje nos revela! Meditemos nas palavras do Senhor Jesus: "Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós! Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis!" São palavras estupendas, cheias de promessa e de vitória... Mas, será que são verdadeiras? Como pode ser verdade tudo isso? Uma coisa é certa: o Senhor não mente jamais! E ele nos garante: Eu virei a vós! Eu vivo! Vós vivereis! Mas, como se dá tal experiência? Como podemos realmente experimentar tal realidade estupenda em nossa vida e na vida da Igreja? Eis a resposta, única possível: somente no Espírito Santo que o Ressuscitado nos deu ao derramá-lo sobre nós após a ressurreição. Vejamos: "Eu virei a vós!" Na potência do Santo Espírito, Cristo realmente permanece no coração de sua Igreja, primeiro pela Palavra, pregada na potência do Espírito, como Filipe, na primeira leitura, que, anunciando o Cristo, realizava curas e exorcismos e, sobretudo, tocava os corações!

Uma Palavra que realmente toca os corações e coloca os ouvintes diante do Cristo vivo e atuante. Mas, conjuntamente com a Palavra, os sacramentos, sobretudo o batismo e a eucaristia. Em cada sacramento é o próprio Espírito do Ressuscitado quem age, conformando-nos ao Cristo Jesus, unindo-nos a ele, fazendo-nos experimentar sua vida e sua força. Pelo batismo, mergulhados no Espírito do Ressuscitado, realmente nascemos para uma nova vida, como nova criatura; pela Eucaristia, seu Corpo e Sangue plenos do Espírito, entramos na comunhão mais plena que se possa ter neste mundo com o Senhor: ele em nós e nós nele, num só Espírito Santo que ele nos doa!

"Vós me vereis!" Porque o Santo Espírito do Senhor Jesus habita em nossos corações, nós experimentamos Jesus em nós como uma Presença real e atuante e, com toda a certeza, proclamamos que Jesus é o Senhor, como diz são Paulo: "Ninguém pode dizer: 'Jesus é Senhor' a não ser no Espírito Santo" (1Cor. 12,3). Porque vivemos no Espírito, experimentamos todos os dias Jesus como Alguém vivo e presente na nossa vida, em outras palavras: vemos Jesus; vemo-lo de verdade!

"Eu vivo!" Sabemos que o Senhor está vivo: "morto na sua existência humana, recebeu nova vida pelo Espírito Santo". Sabemos com toda a certeza da fé que Cristo é o Vivente para sempre, o Vencedor da Morte!

"Vós vivereis". O Senhor Jesus não somente está vivo, totalmente transfigurado pela ação potente do Espírito que o Pai derramou sobre ele... Vivo na potência do Espírito, ele nos dá esse mesmo Espírito em cada sacramento. Assim, sobretudo no Batismo e na Eucaristia, tornam-se verdadeiras as palavras do Senhor: "Vós vivereis!", isto é: recebendo meu Espírito, nele vivendo, tereis a minha vida mesma! Vivereis porque meu Espírito "permanece junto de vós e estará dentro de vós!"

Então, palavras de profunda intensidade e de profunda verdade! Num mundo da propaganda, da ilusão, dos simples sentimentalismos, essas palavras do Senhor são uma concreta e impressionante realidade. Mas, escutemos ainda o Senhor: "Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós!" É na oração, na prática piedosa dos sacramentos, na celebração ungida e piedosa da Eucaristia que experimentamos essas coisas! Aqui não é só a inteligência, aqui não basta a razão, aqui não são suficientes os nossos esforços! É na fé profunda de uma vida de união com o Senhor, na força do Espírito Santo que experimentamos isso que Jesus disse: ele está no Pai, no Espírito ele e o Pai são uma só coisa. Mas, tem mais: experimentamos que nós estamos nele, nele enxertados como os ramos na videira, nele incorporados como os membros do corpo unidos à Cabeça! Repito: é nos sacramentos que essa experiência maravilhosa torna-se realidade concreta. Um cristianismo que tivesse somente a Palavra de Deus, sem valorizar os sete sacramentos – sobretudo o Batismo e a Eucaristia -, seria um cristianismos mutilado, deficiente, anêmico, não condizente com a fé do Novo Testamento e a Tradição constante da Igreja! Irmãos e irmãs, atenção para a nossa vida sacramental!

Ora, é esta comunhão misteriosa e real com o Senhor no Espírito, que nos faz amar Jesus e viver Jesus com toda seriedade de nossa vida. É cristão de modo pleno quem experimenta o Senhor Jesus vivo e íntimo em sua vida e celebra tal união, tal cumplicidade de amor, nos sacramentos! Aí sim, as exigências do Senhor, seus mandamentos, não nos parecem pesados, não nos são pesados, não são um fardo exterior que suportamos porque é o jeito. Quem vive a experiência desse Jesus presente e doce no Espírito derramado em nós, experimenta que cumprir os preceitos do Senhor é uma exigência doce, porque é exigência de amor e, portanto, libertadora, pois nos tira de nós mesmos e nos faz respirar um ar novo, o ar do Espírito do Ressuscitado, o Homem Novo!

Mas, quem pode fazer tal experiência? Somente quem vive de modo dócil ao Espírito Consolador, que nos consola mesmo nos desafios mais duros. Somente viverá o cristianismo com um dom e não como um peso quem vive na consolação do Espírito, que é também Espírito de Verdade, pois nos faz mergulhar na gozo da Verdade que é Jesus. Ora, o mundo jamais poderá experimentar esse Espírito! Jamais poderá experimentar o Evangelho como consolação, jamais poderá experimentar e ver que Jesus está vivo e é doce e suave vida para a nossa vida! Por isso mesmo, o mundo jamais poderá compreender as exigências do Evangelho: aborto, casamento gay, assassinato de embriões com fins pseudo-científicos, assassinato de embriões anencéfalos, eutanásia... Como o mundo poderá compreender as exigências do Evangelho se não conhece o Cristo? "O mundo não mais me verá!" Nunca nos esqueçamos disso!

É essa experiência viva de Jesus no Espírito que nos dá a força cheia de entusiasmo na pregação como Filipe, na primeira leitura. Dá-nos também a coragem e o discernimento para dar ao mundo "a razão da nossa esperança", santificando o Senhor Jesus em nossos corações, isto é, pregando Jesus primeiro com a coerência da nossa fé na vida concreta e, depois, com respeito pelos que não crêem como nós, mas com a firmeza de quem sabe no que acredita! Dá-nos, enfim, a graça de participar da cruz do Senhor, ele que "morreu uma vez por todas, por causa dos nossos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus". Assim, com ele morreremos para uma vida velha e ressuscitaremos no Espírito para uma vida nova. Eis! Esta será sempre a grande novidade cristã, o centro, o núcleo de a nossa identidade e nossa força! Nunca esqueçamos disso! Vamos! Sigamos o Senhor! Abramo-nos ao seu Espírito!

dom Henrique Soares da Costa

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...rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor...

 

O tema central do Evangelho deste domingo é a promessa do envio do Defensor, o Espírito da Verdade. Aos que amam Jesus e observam seus mandamentos é dito que, mediante a intervenção do Filho, o Pai dará outro Defensor "para que permaneça convosco para sempre". O termo Paráclito significa literalmente "chamado para junto de alguém". 

A menção ao Defensor e sua definição como o "Espírito da Verdade" ocorrem somente nos escritos de são João. Essa definição remete à proclamação "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", que qualifica o Espírito de Jesus-verdade, evocando não apenas a sua revelação mas também a discriminação que esta opera entre os homens segundo a sua resposta.

Com efeito, a figura do "Espírito da verdade' é, por sua vez, especificada pelo contraste - na acolhida que se faz a ele - entre o "mundo" e os fiéis; aqueles que rejeitam crer no Filho não podem receber aquele que desconhecem.  Mas, aos discípulos Jesus diz: "Vós o conheceis porque ele permanece junto de vós e estará em vós."

Na pessoa de Jesus, o Espírito estava junto dos discípulos, e eles podiam, portanto, reconhecê-lo; ele "permanecia" sobre Jesus de Nazaré, cujas palavras eram "espírito e vida" (Jo 6,53). Mas o Espírito não se achava ainda agindo neles. "Agora, ele estará em vós"; este anuncio exprime o cumprimento da profecia relativa à Aliança última: "Eu porei meu Espírito em vós." Depois da glorificação do Filho, o Espírito estará no interior dos fiéis como um rio de água viva em cada um deles. "Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora,  quem me ama,  será amado por  meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele".

Peçamos a Deus para estarmos abertos ao Espírito da Verdade. Seguindo os impulsos do Espírito Santo saibamos acolher os ensinamentos de Jesus e transformá-los em vida. A "experiência decisiva" do Espírito Santificador mude os corações dos fiéis e a prática das comunidades!

frei Aloísio Antônio de Oliveira OFV Conv.

 

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Neste domingo, mais uma vez refletimos sob a égide da narrativa do evangelista João, que nos apresenta, com todo seu carisma e um estilo literário harmonioso, o discurso de despedida de Jesus. Deve-se ressalta o cuidado do evangelista em nos pontar os principais temas da revelação: o amor do Pai e de Jesus; os mandamentos de Jesus e o novo mandamento do amor; o crer em Deus e em Jesus, Caminho, Verdade e Vida; o conhecer Jesus e o Pai; permanecer em Jesus; o dom do Espírito de Amor e o dom da vida eterna na comunhão com Jesus e o Pai, no Espírito.

No evangelho de hoje, em uma parte do trecho deste discurso, é retomado o tema dos mandamentos de Jesus e sua observância, e o dom do Espírito. Os mandamentos de Jesus se expressam em formas diversas: guardar a sua palavra, ter fé e praticar o que ele viveu, crer nele e ter a vida eterna, praticar a verdade, acolher seu testemunho, trabalhar pelo alimento que permanece para a vida eterna, servi-lo e seguir seu exemplo de serviço.

Todos seus mandamentos convergem para o seu novo mandamento: "Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros" (vejam: Jo 13,34.35; 15,12 – na liturgia do dia. 27 p.p).

A culminância dos mandamentos é o amor divino de Jesus a ser vivido pelos discípulos, em comunhão de vida eterna com o Pai. Associado a este amor está o dom do Paráclito, o Espírito da Verdade. O Pai dará este Espírito, ele permanece junto de nós e está em nós. Futuro e presente se unem, no dom do Espírito.

O Paráclito, palavra de origem grega, significa consolador ou defensor. O termo grego, em suas variantes, é abundantemente usado nos textos paulinos, com o sentido de consolo. É também usado algumas vezes em Lucas, e uma única vez nos sinóticos, na bem-aventurança dos que choram (observem Mt 5,4).

Importante frisar que: com a sentença: "Ainda um pouco de tempo e o mundo não mais me verá; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis", Jesus afirma sua permanência na vida divina e eterna e o dom desta vida àqueles que cumprem seu mandamento de amor.

A expressão "porque eu vivo" se diferencia da tradição sacrifical judaica-cristã segundo a qual Jesus morto na cruz transforma-se em um cadáver a ser reanimado novamente por sua ressurreição, tornado então Filho de Deus, como prêmio de seu auto-sacrifício.

Nesse sentido, o Espírito que nos é dado nos revela a presença de Jesus entre nós: "Não vos deixarei órfãos: eu voltarei a vós... Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai, e vós em mim, e eu em vós " – Jesus pré-anuncia o dia de Pentecostes que vivenciaremos no dia 12/06. A volta de Jesus, ele no Pai, os discípulos nele e ele nos discípulos, significa a comunhão de vida eterna com Deus já neste mundo, a partir da comunhão de amor.

Esse Espírito, soprado por Jesus sobre os apóstolos, nos será dado pela imposição das mãos, conforme nos ensina a primeira leitura, onde, para sua comunicação, Ele é apresentado como complemento ao "batismo de Jesus". Em sentido oposto, conforme estuda-se em Atos 10,44-48 (é preciso darmos continuidade à primeira leitura de hoje), quando Pedro, na Samaria, ainda falava, o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a Palavra. Então Pedro declara: "Poderia alguém recusar a água do batismo para estes que receberam o Espírito Santo, assim como nós?". Desta forma, Pedro determinou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo.

Contudo, sobre esse mesmo Espírito aprendemos, conforme a segunda leitura, que às comunidades que sofrem perseguições, é dado um estímulo a serem testemunhas de sua esperança, a partir do testemunho de Jesus, "morto, sim, na carne, mas vivificado no Espírito". Portanto, irmãos e irmãs, de acordo com a liturgia de hoje, aprendemos que o Espírito Santo de Deus é a garantia de nossa permanência na vida divina, seja no sofrimento ou na morte física.

Paz a todos vós que sois de Cristo!

diácono Miguel A. Teodoro

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Dar os motivos de nossa esperança

"Estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo

aquele que vo-la pedir".

Vivemos um tempo de pluralismo cultural e religioso. Respiramos o ar do diálogo e buscamos entendimento entre as gerações e compreensão nos conflitos. No campo religioso cultivamos uma postura de acolhimento das diferenças e de tentativa de um sadio ecumenismo. Isso  não quer dizer que devamos nivelar tudo.

Pedro, em sua Carta, pede que os discípulos de  Jesus anunciem suas cores e cultivem uma identidade interior. Estaremos sempre prontos a dar  quem quiser as razões de nossa fé.

Muitos de nós nascemos numa família cristã católica. Nossos pais  tiveram a delicadeza de nos apontar na direção da fé cristã. Aprendemos a rezar, contemplamos os passos da via sacra, fizemos a primeira comunhão, sentimo-nos membros de uma comunidade de bairro ou de uma paróquia. Alguns sacerdotes ou agentes de pastoral foram depositando sementes de esperança em nosso interior. De outro lado, muitos filhos de famílias católicas nem sempre tornaram sua fé própria, pessoal e no torvelinho da vida não chegaram a ter uma identidade verdadeiramente cristã. Vacilaram. Ou se tornaram pessoas praticantes sem convicções profundas, ou então abandonaram  todo tipo de prática cristã e deixaram de exprimir a fé.

Outros, atentos às visitas de Deus, acolheram em suas vidas o mistério do Cristo vivo e ressuscitado. Passaram a cultivar  um relacionamento pessoal com o Senhor ressuscitado. Aos poucos foram se deixando impregnar da força da Palavra do Evangelho. Alguns passaram a fazer a experiência da comunidade e da fraternidade. Não são apenas "religiosos", mas discípulos que fazem questão de viver o "vede como eles se amam".  Esses passaram a ter um relacionamento todo particular com  Cristo na ceia do altar. Não recebem apenas a hóstia, mas se fazem constante oferenda com Aquele que continua se entregando na Eucaristia. Não faltam  à missa. Estão plenamente convencidos de que precisam alimentar uma vida de oração pessoal e comunitária. Procuram eles adotar um relacionamento com Cristo na linha do discipulado, e não apenas uma convivência "formal". Sabem eles que não podem descansar enquanto o Evangelho não ganhar corpo no mundo e por isso se colocam à disposição do Senhor e repetem com Paulo: "Ai de mim se não evangelizar!". Eis algumas razões de nossa fé.

Pedro pede que os cristãos apresentem razões de sua fé com "mansidão e respeito e com boa consciência". E ainda Pedro: "Se em alguma coisa fordes difamados, ficarão com vergonha aqueles que ultrajam o vosso bom procedimento em Cristo".

Cada um de nós deverá poder,com palavras simples, dar aos que perguntarem as razões de sua fé.

frei Almir Ribeiro Guimaeães

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O Espírito plenifica nosso batismo

O presente domingo continua, no evangelho, a meditação das palavras de despedida de Jesus (Jo 14,15-21). Esta meditação introduz - duas semanas antes de Pentecostes - o tema do Espírito Santo, que João chama "o Paráclito", ou seja, o "assistente judicial" no processo do cristão com o mundo, pois o "mundo" (termo com o qual João indica os que recusaram o Cristo) indiciou o Cristo e seus discípulos diante do tribunal (perseguições etc.). Nesta situação, precisamos do Advogado que vem de Deus mesmo e que toma o lugar do Cristo (por isso, Jesus diz: um outro Paráclito; Jo 14,16), já que seu testemunho vem da mesma fonte, que é o Pai. Graças a esse Paráclito, a despedida de Jesus não nos coloca numa situação de órfãos (v. 18). Jesus anuncia para breve seu desaparecimento deste mundo; o mundo não mais o verá. Mas os fiéis o verão, pois eles estão nele, como ele está neles. Tudo isso, com a condição de guardar sua palavra, observar seu mandamento de amor: na prática da caridade, ele fica presente no meio de nós e seu Espírito nos assiste. E o próprio Pai nos ama.

Na linha dos domingos anteriores, a 1ª leitura descreve a expansão da Igreja: agora, na Samaria. Também aí aparece o papel do Espírito Santo na comunidade cristã. Quando os apóstolos em Jerusalém ouviram que a Samaria tinha aceito a palavra de Deus, mandaram Pedro e João para impor as mãos a esses batizados, para que eles recebessem o Espírito Santo (At. 8,14s). Tal prática não era necessária: há casos em que Deus derrama o Espírito mesmo antes do batismo (At 10,44ss). Mas, de toda maneira, a presente narração nos mostra que a vida cristã não é completa sem a efusão do Espírito Santo, que os apóstolos impetravam pela imposição das mãos. Pensando no evangelho, podemos descrever esse Espírito como a inabitação de Deus e Jesus Cristo nos fiéis. Assim, o batismo não é uma mera associação de pessoas em redor do rótulo "Jesus Cristo", mas realmente participação de sua vida e continuação de sua missão neste mundo. Também o Espírito une a todos; é o Espírito da unidade; por isso, os apóstolos de Jerusalém vão impor as mãos aos batizados da Samaria. Um resquício disto é, ainda hoje, a visita do bispo diocesano nas paróquias para conferir o sacramento da crisma, que é prefigurado nesta leitura de At. 8. Podemos dizer, também, que, se a Páscoa foi o tempo liturgicamente propício para o batismo, a festa de Pentecostes, que se aproxima, é o momento propício para a crisma.

Assim, a presente liturgia nos introduz na esfera de Pentecostes, aprofundando o significado da Ressurreição. Pois, se a Ressurreição é a vida de Cristo na glória, ele não a vive para si. Ele "ressuscitou por nós" (Oração eucarística IV). A realização da ressurreição em nós, a presença vital do Cristo em nós, de tal modo que sejamos Cristo no mundo de hoje, o Espírito de Deus é que a opera: a força de seu sopro de vida, a luz de sua sabedoria, o misterioso impulso de sua palavra, o ardor de seu amor. Para completar a celebração da Ressurreição, devemos abrir-nos agora para que este Espírito penetre em nós.

A 2ª leitura nos conscientiza de que estamos em processo com o mundo (cf evangelho). O mundo pede contas de nós, mas é a Deus que devemos prestar contas. O mundo pode matar, como matou Jesus. Mas no Espírito que fez viver o Cristo viveremos. Esta leitura traz algo da teologia do martírio (melhor padecer fazendo o bem do que fazendo o mal). Não devemos interpretá-la num sentido fatalista ("Deus o quer assim"...), mas num sentido de firmeza, porque o cristão sabe que Cristo é mais decisivo para ele que os tribunais do mundo.

Johan Konings "Liturgia dominical"

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"Se me amais, guardareis os meus mandamentos!"

A princípio, parece triste o evangelho de hoje. O momento da despedida é sempre muito difícil e os discípulos de Jesus estão entristecidos, porque o Mestre está prestes a deixá-los. 

Na verdade Jesus está se despedindo, pois se aproxima o momento de sua paixão e morte. Seus discípulos estão inconformados e se perguntam como será possível permanecerem unidos e continuar amando o Mestre, se ele vai embora. Não entendiam como amar Jesus à distância. 

Mas Jesus tenta consolá-los e fala de paz e de alegria. Garante que não os deixará órfãos. Por isso mesmo, vai enviar o Espírito Santo para todos que o amam e observam seus mandamentos.

Jesus promete enviar o Espírito da Verdade, que vai dar continuidade à sua obra de libertação e de vida. Só o Espírito é capaz de manter viva a chama do amor na comunidade. 

O Espírito Santo age na vida do cristão. Jesus o proclamou Espírito da verdade, porque nos leva a reconhecer que Deus é Pai, Misericórdia, Bondade e Amor. O Espírito Santo liberta. A sua presença traz serenidade, alegria e esperança. O Espírito traz autenticidade ao cristão.

O verdadeiro cristão tem tudo para ser alegre. Na Igreja não há lugar para tristeza, cansaço, medo e desânimo. A comunidade unida pelo Espírito não se deixa abater pela perseguição, desavenças e dificuldades diárias. A alegria da ressurreição é bem maior do que tudo isso.

Eu vos enviarei o Paráclito, disse Jesus. Paráclito quer dizer "advogado, o intercessor que está sempre ao lado do necessitado, é aquele que consola e que defende". De fato, o Espírito Santo é aquele que intercede por nós, é o próprio Deus agindo em nossos corações. 

A missão do Espírito é a de consolar e santificar os cristãos, como também, perdoar os pecados, iluminar e guiar na difícil caminhada da fé. A proximidade do Espírito Santo clareia o caminho, fortalece os nossos passos vacilantes, conforta e refaz o coração e a vida.

Animados pelo Espírito, os apóstolos transformaram-se e partiram em missão. O medo deu lugar à coragem, o desânimo transformou-se em dinamismo e alegria. Guiados, deixaram-se levar e, pelos caminhos da fé, gritaram com todas as suas forças a Boa Nova da Salvação.

O seguidor do Mestre deve imitar esses homens, assumir a evangelização e viver a presença do Espírito Santo. É ele quem nos consola, anima, orienta e nos ajuda a viver a verdadeira fé em Jesus. 

Humildemente vamos invocar sua presença em nossas vidas através desta súplica: Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho!

Inspirai-me sempre sobre o que devo pensar, como devo dizer... o que devo calar, o que devo escrever...

como devo agir e o que devo fazer para obter a vossa glória, o bem das almas e a minha própria salvação!

Jorge Lorente

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O Espírito da verdade

No antigo testamento, quando Deus convida o seu povo a entrar em aliança com Ele, exigia que amasse e que aderisse a Ele com toda a vida.

Agora, Jesus está pronunciando um discurso no contexto da cena pascal, onde renova a aliança no seu sangue, realizando uma comunhão íntima com seus discípulos. Ele se apresenta como aquele que deve ser amado, do mesmo modo como antes Deus exigia. Exatamente porque os discípulos amavam a Cristo, eles observam também os seus mandamentos. A vida deles será conforme suas palavras: uma vida de total doação segundo a sua vontade.

Contudo, permanecer nessa aliança, observando o mandamento do Senhor, não é fruto de puro esforço humano. O discípulo tem necessidade do Espírito. Por isso, Jesus rezará ao Pai, o qual dará o seu Espírito Santo. É o Paráclito, isto é, o advogado, porque nos defende dos ataques do maligno. O mundo não pode entender a verdade de Cristo, o escândalo da cruz, porque ouve um outro espírito, o pai da mentira, o diabo, e lhe agrada ouvir quem o convida a levar uma vida sem cruz.

Os cristãos conhecem o Espírito Santo, porque experimentam todos os dias a sua ação na própria vida e na vida da comunidade cristã, não somente aparecendo aos discípulos após a ressurreição, mas, sobretudo, habitando perenemente no espírito deles (v. 18).

Os discípulos têm os olhos do coração através dos quais, diferentemente do mundo, poderão ver Jesus ressuscitado, que continuamente lhes dá a vida eterna (v. 19).

Nesse dia, quando Jesus virá espiritualmente, receberão como dom o duplo conhecimento da íntima união de Jesus com o Pai e de Jesus com eles (v. 20).

O amor a Jesus consiste em aceitar e observar as suas palavras, os seus mandamentos. Desse modo, a sua promessa pode se concretizar (v. 21).

padre José Manuel

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Domingo, 29/05/2011

Jo 14,15-21

...rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor...

O tema central do Evangelho deste domingo é a promessa do envio do Defensor, o Espírito da Verdade. Aos que amam Jesus e observam seus mandamentos é dito que, mediante a intervenção do Filho, o Pai dará outro Defensor "para que permaneça convosco para sempre". O termo Paráclito significa literalmente "chamado para junto de alguém".

 A menção ao Defensor e sua definição como o "Espírito da Verdade" ocorrem somente nos escritos de S. João. Essa definição remete à proclamação "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", que qualifica o Espírito de Jesus-verdade, evocando não apenas a sua revelação mas também a discriminação que esta opera entre os homens segundo a sua resposta.

 Com efeito, a figura do "Espírito da verdade' é, por sua vez, especificada pelo contraste - na acolhida que se faz a ele - entre o "mundo" e os fiéis; aqueles que rejeitam crer no Filho não podem receber aquele que desconhecem.  Mas, aos discípulos Jesus diz: "Vós o conheceis porque ele permanece junto de vós e estará em vós."

 Na pessoa de Jesus, o Espírito estava junto dos discípulos, e eles podiam, portanto, reconhecê-lo; ele "permanecia" sobre Jesus de Nazaré, cujas palavras eram "espírito e vida" (Jo 6,53). Mas o Espírito não se achava ainda agindo neles. "    Agora, ele estará em vós"; este anuncio exprime o cumprimento da profecia relativa à Aliança última: "Eu porei meu Espírito em vós." Depois da glorificação do Filho, o Espírito estará no interior dos fiéis como um rio de água viva em cada um deles. "Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora,  quem me ama,  será amado por  meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele".

 Peçamos a Deus para estarmos abertos ao Espírito da Verdade. Seguindo os impulsos do Espírito Santo saibamos acolher os ensinamentos de Jesus e transformá-los em vida. A "experiência decisiva" do Espírito Santificador mude os corações dos fiéis e a prática das comunidades!

 Frei Aloísio de Oliveira, OFM Conv

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Domingo, 29 de maio de 2011

6º Domingo da Páscoa



Santos do Dia: Conon e seu filho (mártires de Icônio), Cirilo de Cesaréia (mártir), Eleutério de Rocca d'Arce (peregrino), Geraldo de Mâcon (monge, bispo), Guilherme, Estêvão, Raimundo e Companheiro (mártires de Tolosa), João de Atarés (eremita), Maximino de Trèves (bispo), Máximo de Verona (bispo), Restituto de Roma (mártir), Sisínio, Martírio e Alexandre (mártires de Trento), Teodósia de Constantinopla (virgem, mártir), Voto e Félix (eremitas de Zaragoza).

Primeira leitura: Atos dos Apóstolos 8, 5-8,14-17.
Impuseram-lhes as mãos, e eles receberam o Espírito Santo.
Salmo responsorial: 65, 1-7. 16-20.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, cantai salmos a seu nome glorioso!
Segunda leitura: 1 Pedro 3, 15-18.
Sofreu a morte na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito.
Evangelho: João 14, 15-21.
Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Defensor.

A primeira leitura, tomada do livro dos Atos, apresenta Felipe pregando aos samaritanos na capital da Samaria. É uma noticia inusitada se levamos em conta a inimizade tradicional entre judeus e samaritanos, tão presente nos evangelhos, em passagens como a parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37), ou a conversa de Jesus com a samaritana (Jn 4,1-42) ou em outras passagens mais breves (Mt 10,5; Lc 9,51-56; 17,16; Jn 8,48).

Os judeus consideravam os samaritanos como hereges e estrangeiros (Cfr. 2Re 17,24-41), pois ainda que adorem o único Deus e vivam de acordo com sua lei, não querem render culto em Jerusalém, nem aceitam nenhuma revelação nem outras normas que as contidas no Pentateuco.

Os samaritanos pagavam aos judeus com a mesma moeda. Foram atacados nos períodos de seu poderio e haviam chegado a destruir seu templo no monte Garizim. Por tudo isto, parece surpreendente encontrar Felipe pregando a eles, em sua própria capital e com tanto êxito, como testemunha a passagem lida, até concluir com um final feliz: que sua cidade, a dos samaritanos, "se encheu de alegria".

Esta obra evangelizadora que rompe fronteiras nacionais, que supera ódios e rivalidades ancestrais, provocando a unidade e a concordia dos cristãos é obra do Espírito Santo, como comprovam os apóstolos Pedro e João, que com sua presença na Samaria, confirmam o trabalho de Felipe. Trata-se de uma espécie de Pentecostes, da vinda do Espírito Santo sobre estes novos cristãos procedentes de um grupo tão desprezado pelos judeus. Para o Espírito divino, não há barreiras nem fronteiras. É o Espírito de unidade e de paz.

A segunda leitura segue sendo, como nos domingos anteriores, uma passagem da primeira carta de Pedro. Escutamos uma exortação que, com freqüência, é repetida e lembrada: que os cristãos devemos estar dispostos a dar razão de nossa esperança a todo o que a pede. Por que cremos, por que esperamos, por que nos empenhamos em confiar na bondade de Deus em meio aos sofrimentos da existência, de injustiças e opressões da historia?

Porque temos experimentado o amor do Pai e porque Jesus Cristo padeceu por nós e por todos, para dar-nos a possibilidade de chegar à plenitude de nossa existência em Deus.

Por esta razão, o apóstolo nos exorta a que mostremos paciência nos sofrimentos, contemplando aquele que é modelo perfeito para nós, Jesus Cristo, o justo, o inocente, que no meio do suplicio orava por seus verdugos e os perdoava. A breve leitura termina com a menção do Espírito Santo por cujo poder Jesus foi ressuscitado dentre os mortos.

Faltando quinze dias para terminar o tempo pascal, a Igreja começa a preparar-nos para a grande celebração de encerramento: o Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos. A manifestação pública da Igreja, a sua inauguração.

Na leitura do evangelho de João, tomada dos discursos de despedida de Jesus, encontramos nos capítulos 13 a 17 do seu evangelho, o Senhor que promete a seus discípulos o envio do "Paráclito", um defensor ou consolador, que não é outro senão o Espírito mesmo de Deus, sua força e sua energia, Espírito de verdade porque procede de Deus que é a verdade em plenitude, não um conceito, nem uma fórmula, mas o mesmo ser divino que deu a existência a tudo quanto existe e que conduz a historia humana à sua plenitude.

Os grandes personagens da historia permanecem na lembrança graças aos que os mantém vivos nela, talvez pelos benefícios de suas obras a favor da humanidade. Cristo permanece em sua Igreja de uma maneira pessoal e efetiva: por meio do Espírito divino que envia sobre os apóstolos e que não deixa de alentar os cristãos ao longo dos séculos. Por isso, pode-se dizer que nos os deixará sozinhos, que voltará com eles, que pelo Espírito estabelecerá uma comunhão de amor entre o Pai, os fiéis e ele mesmo.

O "mundo", na linguagem de João, não pode receber o Espírito divino. O mundo da injustiça, da opressão contra os pobres, da idolatria do dinheiro e do poder, das vaidades das que tanto nos orgulhamos. Nesse mundo Deus não pode ter parte, porque Deus é amor, solidariedade, justiça, paz e fraternidade. O Espírito alenta os que se comprometem com estes valores, esses são os discípulos de Jesus.

Esta presença do Senhor ressuscitado em sua comunidade deve manifestar-se em um compromisso efetivo, em uma aliança firme, no cumprimento de seus mandamentos par parte dos discípulos, única forma de tornar efetivo e real o amor que se diz professar que Jesus é o Senhor. Não é um regresso ao legalismo judaico... No evangelho de João já sabemos que os mandamentos de Jesus se reduzem a um só, o do amor: amor a Deus, amor entre os irmãos. Amor que deve ser criativo, operativo, savífico.

Missionários Claretianos

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Jesus veio nos trazer o Espírito Santo, o Espírito de amor, o Consolador, Aquele que nos ensina todas as coisas  -Maria Regina.

                                                     Neste evangelho, Jesus mais uma vez nos mostra o seu amor, convidando-nos a conhecer sua missão em meio às alegrias e dificuldades. Jesus veio nos trazer o Espírito Santo, o Espírito de amor, o Consolador, Aquele que nos ensina todas as coisas.  Um dos maiores desejos do homem é que todas as coisas sejam, em todos os tempos, bem certinhas, sem imprevistos, e que tudo aconteça de uma forma sem muitas "surpresas desagradáveis". Entretanto, Jesus veio nos avisar de que o fogo que Ele trouxe para a terra é chama que queima, por isso, nos desestabiliza, e nos tira da passividade. A paz a que Jesus se refere aqui é aquela paz da acomodação e da aceitação passiva de todas as coisas e o conformismo com situações de pecado, de desgraça e tudo o mais.Na verdade a  paz de Jesus é fruto do compromisso com a verdade e com a justiça, na regeneração da vida.Essa é  a paz que temos que desejar.

                                 Seríamos então como robôs, marionetes e não usufruiríamos da liberdade, o dom mais precioso que Deus nos concedeu. Muitas pessoas ainda estão vivendo na frieza, na acomodação, na ignorância e no descaso. Muitos ainda estão achando que a Palavra de Deus é bonita, mas deixam-na de lado e, por isso, não a compreendem. Claro que numa casa, na mesma família existirão circunstâncias em que uns se voltarão contra os outros, principalmente em relação ao seguimento de Jesus Cristo. Uns contra, outros a favor, porém a diferença far-se-á na unidade que o Espírito Santo  o fogo que Jesus veio trazer a terra  promove apesar das nossas divergências.

                                           Jesus recebeu o Batismo do martírio, e estava ansioso em cumpri-lo, pois somente assim Ele poderia enviar para nós o fogo do Seu Espírito Santo que é a chama que nos impulsiona para viver o amor. Jesus cumpriu a Sua missão, padeceu, morreu, foi sepultado, mas foi ressuscitado e nos enviou o Espírito Santo fogo que se mantêm aceso dentro de cada um de nós para nos ajudar a viver as nossas diferenças. O fogo purificador de Jesus faz amadurecer os mensageiros, os discípulos, os profetas, os apóstolos. O destino deles, como o do mestre, é sair ao encontro da obscuridade com um clarão que põe às claras tudo o que a ordem atual esconde. O fogo põe as claras também as deficiências pessoais, as ambições subterrâneas, os desejos reprimidos. O fogo que se prova com a entrega total ao serviço do evangelho.

 Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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JESUS PROMETE O ESPÍRITO SANTO

 

Evangelho - Jo 15,26 - 16,4a

 

Prezados irmãos. Estamos chegando ao final do tempo pascal, e temos pela frente duas festas muito importantes:  a festa da Ascensão de Jesus, que iremos celebrar no próximo domingo, e a festa de Pentecostes, que iremos celebrar no domingo seguinte.

No Evangelho de hoje, Jesus está prometendo e envio do Espírito Santo, aquele que defenderá os apóstolos e seus seguidores que somos nós. É ele quem ilumina a nossa inteligência, e nos reveste de coragem nas perseguições.

Jesus  adverte os discípulos sobre as possíveis perseguições que poderão sofrer exatamente por denunciar as injustiças.

Não vamos ficar lembrando as coisas tristes do passado, dos missionários de Cristo que foram mortos no Brasil, e em toda a América Latrina, por denunciarem as injustiças dos poderes instituídos. Vamos sim, pedir a Deus pelas suas almas, pedir para nos proteger sempre de toda adversidade nos caminhos do nosso trabalho missionário enquanto  nos arrisquemos neste vale da lágrimas nos doando pela causa do Reino de Deus. Não podemos descuidar da oração diária, sem desculpas de que não temos tempo. Podemos rezar em qualquer momento e em qualquer lugar. Uns lugares são mais propícios que em outros. No ônibus, durante o tempo em que estamos em uma fila, caminhando, etc.  Temos de arrumar tempo para rezar sem Cessar.  Estar sempre com o pensamento sintonizado com Deus, para ouvir as suas inspirações a respeito do que vamos dizer aos nossos irmãos.   E essas inspirações às vezes vêm nas horas mais inesperadas.  Deus gosta muito de nos acordar de madrugada para nos dizer o que temos de dizer na nossa próxima tarefa missionária. Seja a próxima reflexão, a próxima palestra ou homilia.  Por isso é indispensável  estarmos sempre na amizade com Deus, ou seja, em Estado de Graça, em permanente oração, e firmes no cumprimento da vontade do Pai, que nos fornecida através dos ensinamentos de Jesus.

Sal.

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Vinde Espírito Santo de Deus

 

 

Evangelho - João 16, 5-11

 

                Mais uma vez Jesus fala de sua partida, os discípulos ficam em silêncio e entristecidos. A separação de alguém que se ama, é sempre triste e dolorosa, causa sofrimento. Porém, Jesus consola os discípulos, a sua volta  para o Pai é necessária, para que ele envie o Defensor. É o Espírito Santo que completará a obra de Jesus. O Espírito Santo é quem mostrará a todos a verdade para suas vidas. Ele auxiliará, orientará e guiará os discípulos, como o Mestre, pois Ele virá para ficar juntos aos discípulos, quando Jesus voltar para o Pai.  

         Então caberá aos discípulos denunciar o pecado, para os que não  aceitaram e acolheram Jesus. Denunciar a injustiça, pois Ele voltará para o para o Pai, e seus discípulos orientados pelo Espírito Santo anunciarão o Reino de justiça, da vitória da vida sobre a morte. E também o julgamento daqueles que não acolheram Jesus.

         Jesus voltou para o Pai, mas nos deixou a  certeza de que não estamos sozinhos. O Espírito Santo foi enviado para que todos conheçam a verdade a respeito de Jesus.  E o Espírito Santo nos protegerá, defenderá, consolará, agirá em nossas vidas, para que tenhamos força, coragem e fé para continuarmos a caminhada, para vencermos as injustiças do mundo, anunciando e testemunhando um mundo de paz, de justiça, da vitória da vida sobre a morte, sem exclusão... Acolhendo aqueles que hoje necessitam de nós, de nossa ajuda.

         Peçamos ao Pai, do dom do Espírito Santo, para que saibamos discernir, entre o que é certo e errado, para termos consciência de quando estamos agindo com injustiça, com preconceito, quando nossas atitudes estiverem gerando a morte, e não a vida. A missão de todos nós é anunciar o Reino de Justiça, de igualdade, de fraternidade, que restaura a vida. E o Espírito Santo nos conduzirá, pelo caminho da verdade e da vida, pois Ele nos une ao Pai e ao Filho, Jesus.

Um abraço a todos.

Elian.

 

Oração
Pai, concede-me o Espírito que me dá forças para enfrentar e vencer o mundo, e manter-me fiel ao teu Filho Jesus.

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SPÍRITO SANTO

 

O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas conseqüências.

 o A Respiração do mundo

Há diagnóstico cruéis que levam ao desespero. Basta uma avaria, para que um organismo em que muitas coisas funcionam, anuncie o mais obscuro dos futuros.

Assim são muitos dos diagnósticos que fazemos sobre a sociedade, sobre a política, sobre a Igreja, sobre nossos grupos: diagnósticos cruéis em que uma parte suplanta o todo!

Porém, nós não detectamos isto à primeira vista, nosso mundo não é tão ruim quanto parece. O pessimismo como norma é uma doença que leva à convicção que cada nova geração é pior que a anterior. Nos torna insensíveis ante as novas formas do bem. Nos faz crer que o mal que nos torna violentos, corruptos, irados, invejosos, dependentes... é invencível! Porém, está ferido de morte para o Espírito que nos foi dado!

Enquanto há esperança há vida. O Espírito Santo é a esperança, a respiração do mundo. O Espírito é o "Deus que guarda"; está em missão ativa desde o dia em que Jesus se espirou desde a Cruz, desde o dia de Pentecostes em que se derramou como línguas de fogo.

O Deus Pai que está no céu, o Deus Filho que também está no céu, não nos deixaram órfãos! Eles nos enviaram conjuntamente o Espírito, seu Alento, para que seja o Alento do mundo.

O Espírito enche de paz da terra, penetra até o mais íntimo do coração dos seres humanos. O Espírito Santo nos faz respirar, viver, sonhar, amar, criar. O Espírito na doença nos convida a crer na cura, no caos nos torna criadores.

Creio no Espírito Santo, Senhor e doador de vida! Esta confissão de fé não é uma mera fórmula teológica. É a fé em uma experiência permanente, histórica. Sem os olhos da fé, a historia é inquietante e deprimente. Abaixo do olhar do Espírito o diagnostico é definitivamente positivo.

Nós às vezes ansiamos pela chegada de um novo Pentecostes, quando levamos tantos séculos de Pentecostes permanente. É que damos demasiada importância ao mal. Jesus se foi, embora não parecesse politicamente correto, quando disse: "Porquanto os pobres sempre os tendes convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes" (Mt 26,11). Jesus nunca nos prometeu uma sociedade sem pobres, um mundo sem males, um corpo sem doenças; porém nos prometeu o Espírito Paráclito, que sempre estaria conosco e tornaria possível o sonho de Deus sobre a humanidade. Sim, nós damos demasiada importância ao mal, e muito pouco à presença vitoriosa do bem.

Pessoas negativas renunciam à bolsa de oxigênio para se afogar em seus pulmões sem alento. São incapazes de descobrir o Espírito que encoraja toda a criação e toda a humanidade.

As pessoas que receberam a chama do Espírito, o vento forte do Espírito,experimentam nele e no outro um florescimento incomum de carismas, de dons que tornam possível o impossível. Confiam nos ritmos de Deus. Celebram o fato de que durante muitos séculos há na humanidade uma fonte de Água Viva que tudo fecunda e faz cada vez mais próximo o Paraíso.

O Espírito Santo é a Respiração do mundo. Nós vivemos graças ao Espírito. E, quando uma pessoa, cheia com as estampas de Espírito, não perde o Espírito, ela o exala no outro.

O Abbá e Jesus querem nos conceder por este dia a graça de "respirar corretamente" e depois de estar cheio os pulmões de Espírito, a Igreja eterna se torne mais sorridente e empreenda o caminho de seus mais profundos sonhos.

José Cristo Rey Garcia Paredes

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