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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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sábado, 30 de abril de 2011

2º Domingo da páscoa - Jesus ressuscitado aparece aos apóstolos.




HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

O1 DE MAIO – 2011

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2º Domingo da páscoa - Jesus ressuscitado aparece aos apóstolos. 

Comentários – Prof. Fernando

Introdução

Seu corpo glorioso atravessava paredes e portas. Então, sem menos esperar, O ressuscitado estava  diante dos discípulos, que fecharam tudo por medo dos judeus, assim eles levam um belo susto! É um fantasma, é um espírito!  E Tomé não estava lá.

Tomé  representa todos os descrentes dos nossos dias, os quais precisam de provas para crer. São Tomés todos aqueles que dispensam o poder de Deus, e recorrem ao poder do dinheiro. Ou que se apóiam no poder das armas.  Assim como nenhum desses poderes são devidamente eficazes, os Tomés de hoje vivem na incerteza, na dúvida, na insegurança, e por tanto, na infelicidade, apesar de toda riqueza acumulada. Pois eles estão depositando toda sua confiança em deuses materiais, perecíveis, sujeitos aos ataques dos predadores sociais, de forma que quanto mais se tem, mais se quer, quanto mais acumula riqueza, mais se acumulam os problemas, principalmente aqueles decorrentes dos riscos  formados, gerados e inerentes na própria riqueza. Pois o maior medo do rico, é o medo de ficar pobre, e o segundo é o medo de ser seqüestrado.   

            "no primeiro dia da semana" significa que começou um tempo novo, o tempo da Páscoa definitiva. Aqui começa um novo tempo, o tempo do homem novo, que nasce junto com o renascimento de Cristo.

            Caríssimos :Vamos despertar do sono da indiferença e partir para a ressurreição pessoal a serviço do amor de Cristo, a serviço do Reino de Deus. Despertar da indiferença  ou ressuscitar com Jesus, é se esforçar por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e  fazer triunfar o amor, a fraternidade, se entregando  ou entregando sua vida a Deus, e amando o irmão com gestos concretos em vez de teóricos ou simplesmente por palavras. Ressuscitar é  construir uma vida nova e plena, é caminhar pelo mundo fazendo o bem e libertando os oprimidos, deixando de lado os velhos esquemas do egoísmo, do orgulho, do comodismo.

Jesus não teve medo da morte. Ele a enfrentou com bravura total de quem sabe que no terceiro dia a venceria, e foi isto que aconteceu. Assim, a ressurreição de Jesus significa, também, que o medo, a morte, o sofrimento, a injustiça, deixam de ser fantasmas em nossas vidas, pois acreditamos no poder do ressuscitado. Quem acredita plenamente, não precisa de Planos de saúde nem seguros de vida. Pois sabemos que Deus tem o poder de assegurar a vida plena  para nós. Essa segurança oferecida pelos poderes do mundo não podem nos proteger plenamente. Uma prova disto são os assaltos às residências repletas de todos os dispositivos eletrônicos modernos de proteção.  Só aquele que realmente tem fé  pode enfrentar o mundo atual com  serenidade. Eu digo que sou cristão, rezo e bato no peito afirmando que tenho fé, mas lá no fundo não passo de um "Tomé". Porque muito embora eu me apresento à sociedade como uma pessoa de fé, na hora do perigo eu deixo-me dominar pelo medo.

Prezados irmãos: Nós não somos como Tomé. Nós acreditamos na ressurreição sem ter visto as marcas dos pregos nas mãos de Jesus. Nós, catequistas que devemos dar o exemplo de uma grande fé, não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e que caminha ao nosso lado na hora do perigo, na hora do sucesso, das nossas conquistas, até o nosso último suspiro, encaminhado a nossa alma para junto Dele, e assim esperamos  merecer. E como evangelizadores que somos,  a nossa missão é testemunhar e anunciar essa realidade. No entanto, o nosso testemunho será sem efeito, se ele não for comprovado pelo amor e pela doação,  pelas marcas de uma vida nova na presença de Jesus.

Portanto, ressuscitar para nós significa mudar a nossa caminhada, a nossa vida, as nossas preferências, o nosso modo de valorizar, e de acolher o nosso irmão. Significa despojarmos do homem velho, da Mulher velha, e optar  por um processo de conversão que nunca se acaba. Que deve ser diário,  revestindo-nos  mais profundamente  da imagem de Cristo, de forma a que nos identifiquemos com Ele pelo amor e pela entrega da vida.

E pensar que todos ou quase  todos aqueles que no dia de hoje praticaram o mal foram batizados, e a maioria até fizeram a primeira comunhão, nós ficamos muito tristes, por saber que para eles a morte não foi vencida pela vida como em Cristo, mas pelo contrário, suas vidas e as de outras pessoas atingidas pelo seu egoísmo, foram derrotadas pela morte. Pelo pecado, pela ação de satanás.

Seria importante se nos perguntássemos neste instante: A minha vida tem sido uma caminhada coerente com esta dinâmica de vida nova que começou no dia em que fui batizado?  Será que estou me esforçando  por me despojar do  homem velho, egoísta e escravo do pecado, e por tentar ser a cada dia um  homem novo, que se identifica com Cristo e que viveu e vive no amor, no serviço, na doação aos irmãos?

Jesus aparece bruscamente no lugar onde os discípulos estavam e os cumprimenta  dizendo : 'A paz esteja convosco'.  Era o cumprimento da hora. Hoje Jesus teria dito: Olá, E aí? Boa noite, como vão? Beleza?  Eu diria: Lembram de mim?
Notando que os seus amigos estavam assustados, Jesus depois destas palavras,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: "A paz esteja convosco", e se apressou em fazer logo aquilo  que Ele havia planejado,fazer. A primeira ordenação Sacerdotal. Aliás, a ordenação dos primeiros padres, os discípulos, foi feita em três seções.

A primeira  foi quando Jesus disse: Ide pelo mundo, anunciai o que eu vos ensinei, e batizem em nome do Pai, do Filho e do  Espírito Santo...

A segunda vez foi na última ceia após transformar o pão em seu corpo e o vinho em seu sangue, Jesus disse aos apóstolos: Fazei isso em memória de mim...

A terceira seção foi naquele dia em que Jesus ressuscitado apareceu aos discípulos naquele lugar que estava todo fechado, e disse: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio' E para respeitar a tradição cultural daquele povo na qual acreditava que o vento era a ação do espírito de Deus, ele acrescentou, soprando  sobre eles, como no Gênesis, o sopro no barro é a linguagem simbólica que significa sopro de vida. E Jesus ressuscitado  disse: 'Recebei o Espírito Santo.A quem perdoardes os pecados  eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes,eles lhes serão retidos'.

Caro leitor, prezada leitora. Já ouvi da boca de pessoas das quais nunca esperava ouvir dizer, que Jesus não fez nenhuma ordenação sacerdotal, assim como também já ouvi dizer que o padre é um homem qualquer, isso para negar o seu poder de perdoar os pecados, poder este que lhe foi dado pelo próprio Filho de Deus, como vimos no Evangelho de hoje.

Talvez tais pessoas queiram dizer  que quem recebeu este poder foram aqueles discípulos, e não o padre da sua paróquia ou os padres de hoje. É importante ler de novo as palavras de Jesus que disse após consagrar as primeiras hóstias na Última Ceia. "Fazei isso em memória de mim" e, em outra vez, Ele disse: "Eis que estarei convosco até o fim dos tempos."  Evidentemente, aqueles discípulos por mais santos que fossem não iram viver até o fim dos tempos. Portanto, ao pronunciar aquelas palavras, Jesus estava instituindo outra coisa: a continuidade dos poderes dos primeiros padres, em forma de herança continuada, desde que houvesse  a bênção de ordenação pelo bispo, que também é sucessor de Pedro. 

 Jesus veio do Pai e após cumprir a sua missão, estava pronto para voltar ao Pai. Mais o seu trabalho não poderia ser interrompido de forma alguma. Então, o que Ele fez naquela noite, foi entregar nas mãos dos primeiros padres, a missão de continuarem a sua obra, o seu projeto planejado pelo Pai.

            Desta forma, os padres de hoje receberam também no momento da ordenação, o poder de perdoar, igual ao poder delegado aos discípulos. Tudo é uma questão de lógica uma  questão de fé.

            O poder de perdoar continuará com o sacerdote por toda a sua vida. Mesmo que ele tenha largado a batina, ou  que tenha sofrido uma crise de fé, ou cometido algum pecado. Porque, na verdade, é Cristo quem perdoa na pessoa do padre. Ele é apenas instrumento de Jesus Cristo. O poder de perdoar, assim como o poder de consagrar, são marcas indeléveis, ou seja, que nunca se apagam.

            Já conheci padres que deixaram de ser padres, padre que se casou, padre que largou a vida religiosa e entrou na política, padre que foi arrastado pelo demônio vestido de mulher, assim como também conheci padres que eram verdadeiros santos, mas infelizmente conheci um padre que teve uma crise de fé, e parecia um Tomé.  

            Prezados irmãos. Não sejamos incrédulos como Tomé, mas acreditemos. Não sejamos  indiferentes diante da ressurreição de Cristo. Não sejamos aquele cristão pessimista  para quem a morte significa fracasso e que se recusa a aceitar que a vida nova passe pela humilhação da cruz!

Pelo contrário, seremos atentos, seremos como  o cristão  ideal  que está em sintonia total com Jesus, que segue os seus ensinamentos, que procura imitá-lo, que  acredita  que o Cristo vive no meio de nós. Assim seremos o Homem Novo, o homem recriado por Jesus.

Transformemos a nossa mentalidade de forma que estejamos convencidos que a Ressurreição de Jesus nos prova, que a vida plena, a vida integral, a transfiguração total da nossa realidade finita e das nossas capacidades limitadas passa pelo amor sem reserva que nos faz vencer o nosso egoísmo nos entregando a Jesus sem reservas, e fazendo o bem ao nosso irmão. Será que eu tenho consciência disso? É nessa direção que estou conduzindo a caminhada da minha vida? É uma boa pergunta. Não é mesmo?

Embebidos de  Cristo como uma esponja se embebe de água, seremos uma nova criatura: e assim, estamos, portanto, a ressuscitar, até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total, e quando ultrapassarmos a barreira da morte física,  começaremos, pois, a nova fase eterna na infinita morada.

Irmãos e irmãs: Que a  estrada da nossa vida seja florida e perfumada pelo amor de Jesus! Pois somos felizes porque cremos em Jesus sem nunca tê-lo visto.

Sal.

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"Feliz é aquele que crê sem ter sido preciso passar pela dor".

 


                                               Duas vezes Jesus apareceu aos discípulos quando eles estavam reunidos, em comunidade. Nas duas vezes o Senhor ressuscitado ofereceu a eles a Sua paz e soprou sobre eles o Espírito Santo, dando-lhes poder para perdoar ou reter os pecados. O Espírito Santo é quem age em nós e nos traz a paz de Jesus. É Ele quem nos motiva ao perdão, à reconciliação e nos ilumina para que acreditemos que Jesus ressuscitou. "Não sejas incrédulo, mas fiel", disse Jesus a Tomé. Jesus veio nos trazer a paz, veio nos dar o Seu Espírito Santo, faz-se presente na Eucaristia para alimentar a nossa fé, porém nós muitas vezes, como Tomé só acreditamos quando participamos e também tocamos as feridas de Jesus através do sofrimento e da dor.

                                    Nós podemos imaginar que a experiência de Tomé foi dolorosa: ele precisou tocar as chagas de Jesus com a sua própria mão. Às vezes nós também, como Tomé, só acreditamos no que nós tocamos e vemos. Queremos provas e tentamos a Deus com a nossa pouca fé e, por isso, precisamos, experimentar o sofrimento, a doença, o fracasso para enxergarmos a Luz que não víamos antes. Feliz é aquele que crê sem ter sido preciso passar pela dor. Deus transforma a nossa dor em amor e cada um de nós é uma pessoa única que tem uma experiência diferente com o amor de Deus.Meu irmão , minha irmã, reflitamos:Você também precisa tocar nas feridas de Jesus para acreditar?  Você precisou passar por alguma experiência forte para crer em Jesus?  Você quer se apossar da paz e do Espírito que Jesus sopra hoje?  Será que você quer ser um novo Tomé?

Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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"Anunciadores da Boa Nova de Jesus". – Maria Regina

                                             A fé em Jesus Cristo, a certeza de que Ele age e tem influência nas nossas ações, nos nossos sentimentos e no nosso testemunho de vida será como uma bandeira para que as pessoas a quem nós encontramos também tenham o desejo de experimentar a salvação.  Maria Madalena anunciou a ressurreição de Jesus a Pedro e João, eles não acreditaram. Os discípulos de Emaús também saíram anunciando o encontro que tiveram com Cristo, mas os outros não lhes deram crédito. Só acreditaram quando Jesus apareceu aos onze.

                                  Não é fácil também para nós acolher o mandado de Jesus: "Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda a criatura," enquanto  não tivermos também um encontro pessoal, glorioso com a Sua Pessoa. Por isso, Jesus vem a nós a cada dia  e quer se deixar encontrar na Eucaristia, na Palavra, na Oração. Todos nós poderemos ter esta experiência de fé com Jesus vivo e, assim, crendo, assumir o papel de anunciadores do Evangelho. A fé abre os nossos olhos e ouvidos para enxergar e escutar a Jesus que está muito próximo de nós, nos traz a paz e sopra sobre nós o Seu Espírito Santo. Somente pelo poder do Espírito nós também nos tornamos anunciadores da Boa Nova de Jesus. 

                                       Obedecendo a sua ordem nós também nos tornamos Seus discípulos (as) e seguidores.  Peçamos a Jesus ressuscitado que abra os nossos olhos e os nossos ouvidos do coração a fim de que tenhamos esta experiência forte  com Ele. Que nós tenhamos o propósito de acreditar que Ele está vivo, muito perto de nós e  que assim como aconteceu com outros nós possamos também "ir pelo mundo inteiro e anunciar o Evangelho a toda criatura"!Meu irmão,minha irmã: Faça hoje a sua profissão de Fé no Cristo morto e ressuscitado. – Reze com muita atenção o Creio em Deus Pai e vá se apossando da realidade mais concreta para o cristão: JESUS ESTÁ VIVO , AQUI!

Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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Homilia de Mons. José Maria Pereira – II Domingo de Páscoa – Ano A

A FÉ DE TOMÉ

Cristo ressuscitado é a razão de ser de nossa existência. Celebrar essa história é motivo de grande alegria para os cristãos.

O evangelho ( Jo 20, 19-31) inicia falando do primeiro dia da semana, isto é o Dia por excelência, pois foi o dia da Ressurreição do Senhor.

"Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana" ( Jo 20,19) Jesus veio confortar os amigos mais íntimos: A paz esteja convosco, disse-lhes. Depois mostrou-lhes as mãos e o lado. Nesta ocasião, Tomé não estava com os demais Apóstolos; não pôde, pois, ver o Senhor nem ouvir as suas palavras consoladoras.

Imagino os Apóstolos cheios de júbilo procurando Tomé para contar-lhe que tinham visto o Senhor! Mal o encontraram, disseram-lhe: Vimos o Senhor! Tomé continuava profundamente abalado com a crucifixão e a morte do Mestre; quer ver para crer! Acredito que os Apóstolos devem ter-lhe repetido, de mil maneiras diferentes, a mesma verdade que era agora a sua alegria e a sua certeza: Vimos o Senhor!

Hoje nós temos que fazer o mesmo! Para muitos homens e para muitas mulheres, é como se Cristo estivesse morto, porque pouco significa para eles e quase não conta nas suas vidas. A nossa fé em Cristo ressuscitado anima-nos a ir ao encontro dessas pessoas e a dizer-lhes de mil maneiras diferentes que Cristo vive, que estamos unidos a Ele pela fé e permanecemos com Ele todos os dias, que Ele orienta e dá sentido à nossa vida.

Desta maneira, cumprindo essa exigência da fé que é difundi-la com o exemplo e a palavra, contribuímos pessoalmente para a edificação da Igreja, como aqueles primeiros cristãos de que falam os Atos dos Apóstolos: "Cada vez mais aumentava o número dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor" (At. 5,14).

Oito dias depois Jesus apareceu aos Apóstolos novamente e agora Tomé também estava; Jesus disse: "A paz esteja convosco. Depois disse a Tomé: Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos…, não sejas incrédulo, mas fiel (Jo 20,26-27).

A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites: Meu Senhor e meu Deus! A fé do Apóstolo brota não tanto da evidência de Jesus, mas de uma dor imensa. O que o levou à adoração e ao retorno ao apostolado não são tanto as provas como o amor. Diz à Tradição que o Apóstolo Tomé morreu mártir pela fé no seu Senhor; consumiu a vida a seu serviço.

As dúvidas de Tomé viriam a servir para confirmar a fé dos que mais tarde haviam de crer n'Ele. Comenta São Gregório Magno: "Porventura pensais que foi um simples acaso que aquele discípulo escolhido estivesse ausente, e que depois, ao voltar, ouvisse relatar a aparição e, ao ouvir, duvidasse, e, duvidando, apalpasse, e, apalpando acreditasse? Não foi por acaso, mas por disposição divina que isso aconteceu. A divina clemência agiu de modo admirável quando este discípulo que duvidava tocou as feridas das carnes do seu Mestre, pois assim curava em nós as chagas da incredulidade… Foi assim, duvidando e tocando, que o discípulo se tornou testemunha da verdadeira ressurreição".

Peçamos ao Senhor que aumente em nós a fé, pois se a nossa fé for firme, também haverá muitos que se apoiarão nela.

A virtude da fé é a que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e a que nos permite julgar retamente todas as coisas. Somente com a luz da fé e a meditação da palavra divina é que é possível reconhecer Deus sempre e por toda a parte, esse Deus em quem vivemos e nos movemos e existimos (At 17,28).

Meu Senhor e meu Deus! Estas palavras têm servido de jaculatória a muitos cristãos, e como ato de fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, quando se passa diante de um sacrário ou no momento da Consagração da Missa.

A Ressurreição do Senhor é um apelo para que manifestemos com a nossa vida que Ele vive. As obras do cristão devem ser fruto e manifestação de sua fé em Cristo. Hoje também o Senhor quer que o mundo, a rua, o trabalho, as famílias sejam veículo para a transmissão da fé.

A fé em Cristo era a força que congregava os primitivos cristãos numa coesão perfeita de sentimentos e de vida: "A multidão dos que abraçavam a fé tinha um só coração e uma só alma" (At. 4,32). Era uma fé tão arraigada que os levava a renunciarem, voluntariamente, aos próprios bens para colocá-los à disposição dos mais necessitados, considerados verdadeiramente irmãos em Cristo. É esta fé que hoje é tão escassa; para muitos que dizem ser crente, a fé não exerce influência alguma nos seus costumes nem na sua vida. Um cristianismo assim, não convence nem converte o mundo. É preciso voltar a acomodar a própria fé ao exemplo da Igreja primitiva; é preciso pedir a Deus uma fé profunda, pois que, no poder da fé, está a certeza da vitória dos cristãos. "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé! Quem é que vence o mundo senão Aquele que crê que Jesus é Filho de Deus?" ( 1 Jo 5,4-5).

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – II Domingo de Páscoa – Ano A

At 2,42-47
Sl 117
1Pd 1,3-9
Jo 20,19-31

Estamos ainda em pleno dia da Páscoa, "o Dia que o Senhor fez para nós" – é esta a Oitava da Santa Páscoa.

Se no dia mesmo da Ressurreição, a liturgia centrava nossa atenção no próprio Senhor ressuscitado, vencedor da morte, hoje, neste Domingo da Oitava, a atenção concentra-se nos efeitos dessa vitória formidável para nós e para toda a humanidade.

Eis! O Senhor Jesus, morto como homem, morto na sua natureza humana, foi ressuscitado pelo Pai, que derramou sobre ele o Espírito Santo, Senhor que dá a Vida. E agora, cheio do Espírito, Jesus nos dá esse Dom divino, esse fruto da sua Ressurreição.

Primeiro dá-lo aos seus apóstolos "ao anoitecer daquele dia, o primeiro depois do sábado". Passou o sábado dos judeus, passou a Lei de Moisés, passou a antiga criação. E Jesus ressuscitado sopra sobre os Apóstolos o Espírito Santo, recebido do Pai na Ressurreição: "Como o Pai me enviou na potência do Espírito, também eu vos envio agora na força desse mesmo Espírito! Recebei, pois, o Espírito Santo, dado para gerar o mundo novo, o homem novo, o homem segundo a minha imagem, o homem reconciliado, na paz com Deus! Paz a vós! Os pecados serão perdoados nesse dom do meu Espírito!" Assim começa o cristianismo, assim ganha vida a Igreja: no Espírito do Ressuscitado!

Os Apóstolos agora, recebendo o Espírito, recebem a vida nova do Cristo, a vida que dura para a eternidade. Esse mesmo Espírito, nós o recebemos nas águas do Batismo e na comunhão com o Sangue do Senhor na Eucaristia. Por isso mesmo, a oração da Missa hodierna nos pede a graça de compreender melhor, isto é, de viver intensamente na vida "o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o Sangue que nos redimiu". Em outras palavras: pela participação aos santos sacramentos, sobretudo o Batismo e a Eucaristia, nós recebemos continuamente o Espírito do Ressuscitado e, assim, recebemos a sua nova vida, a vida que nos renova já aqui, neste mundo, e nos dá a Vida eterna. Por isso a segunda leitura de hoje nos diz que o Pai, "em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível", reservada a nós nos céus! A Ressurreição de Cristo é garantia da nossa, o seu Espírito, que nós recebemos, é semente e garantia de vida eterna e, por isso, é causa de alegria e força para nós, cristãos. Nós recebemos a vida eterna, nós cremos na Vida eterna, nós já vivemos tendo em nós as sementes da Vida eterna!

Mas, estejamos atentos: esta nossa fé na Ressurreição tem conseqüências concretas para nós: "Os que haviam se convertido eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum…" Eis: a fé na Ressurreição do Senhor, a vida vivida na Vida nova que Cristo nos concedeu, faz-nos existir de um modo novo, iluminados por uma nova regra de vida (o ensinamento dos apóstolos e seus sucessores), sustentados pela fração do Pão eucarístico e testemunhas de uma vida de comunhão, de amor fraterno, de mansidão, de coração aberto para Deus e os irmãos.

Mais uma coisa: estejamos atentos para um fato importantíssimo: a Ressurreição do Senhor não é uma fábula, não é um mito, não é uma parábola. O Senhor realmente venceu a morte, realmente entrou no Cenáculo e realmente Tomé, admirado e envergonhado, feliz pelo Senhor e triste por sua incredulidade, tocou as mãos e o lado do Senhor vivo, ressuscitado! Por isso, o cristão não se apavora diante dos reveses da vida, dos compromissos e renúncias pelo testemunho de Cristo e nem mesmo diante da morte: "Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação".

D. Henrique Soares da Costa

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Homilia do Padre Françoá Costa – II Domingo de Páscoa – Ano A

Meu Senhor e meu Deus!

Trata-se de uma bela profissão de fé e de um ato de adoração magnífico. Quão necessário é esse reconhecimento de Deus na própria vida e na sociedade atual! Na cultura do progresso e da técnica, da informação e das facilidades comunicativas, da exaltação do poder do homem e da cultura do mínimo esforço, o cristão tem que saber propor a aceitação de Deus, a profissão de fé na Trindade Santíssima e amor que provém de um coração renovado pela graça do Cristo Ressuscitado.

A Igreja deve continuar com o seu grito sem ruídos espaventosos a favor da primazia de Deus e dos valores espirituais em meio ao materialismo, hedonismo e relativismo reinantes. O cristão deve fazer ressoar esse grito em qualquer lugar onde se encontre, já que todo cristão é Igreja. Ainda que percebamos que há momentos em que o mal parece dominar a situação, é preciso manter a fé de que o bem sempre tem a última palavra e que nós, filhos e filhas de Deus, somos a voz de Jesus Cristo no meio do mundo.

Ninguém pode manter-se afastado dessa responsabilidade! Ninguém pode desinteressar pela salvação dos demais! Um cristão egoísta, preocupado somente consigo mesmo, e com horizontes que se restringem ao seu microcosmo, está perdendo tempo. Nós fomos feitos servos uns dos outros. A primeira leitura de hoje mostra como os primeiros cristãos viviam: na escuta da Palavra de Deus, na participação da Eucaristia, na oração constante, unidos, desprendidos dos bens materiais, no louvor de Deus e na caridade fraterna. Imitemos os nossos antepassados porque o resultado não decepciona: "O Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação" (At 2,47). Os primeiros cristãos tinham dificuldades? Claro que sim. E não eram poucas: perseguições, divisões, egoísmos, misérias humanas em definitiva. No entanto, o frescor de um ideal que enchia as suas vidas os fazia seguir adiante com a esperança de chegar à santidade, à entrega cada vez mais plena ao Senhor Jesus. Assim sendo, podiam dizer com a consciência em paz: Meu Senhor e meu Deus! Nós também, com essa luta constante por ser santos podemos dizer que Jesus é nosso Deus e Senhor.

A Igreja não arrebanha mais gente e as multidões não vêm correndo às nossas paróquias porque nem sempre vivemos esse estilo de vida evangélica dos primeiros cristãos. Sem dúvida, na sociedade atual, entre os valores que mais se admirariam nos cristãos estariam a generosidade e o consequente desprendimento dos bens materiais. Atualmente, há uma preocupação geral pelo bem estar, pelo acúmulo de posses e de bens de consumo que causam admiração num coração magnânimo. A preocupação por ganhar dinheiro numa sociedade cada vez mais competitiva tem conduzido a muitas pessoas ao sacrifício de tantas realidades importantes que deveriam ocupar um lugar mais destacado na vida cotidiana: estar em família, cuidar dos mais necessitados, cultivar os bens do espírito e da cultura, saber descansar de maneira inteligente e serviçal. Alegremo-nos: Deus fez o Domingo! Talvez é esse o momento de lembrarmos que há um mandamento que reza que devemos "guardar domingos e festas".

Temos que descobrir o valor da harmonia na própria vida. Saber conjugar o trabalho e o lazer, a família e os amigos, a gravidade e a diversão, o calar-se e o expressar-se, faz a vida mais agradável e ajuda a evitar as enfermidades que se encontram entre as que mais êxito tem nos nossos tempos: o estresse e a depressão. O coração do ser humano é tão grande que não pode contentar-se somente com o material, por mais abundante que seja. Toda pessoa necessita da adoração a Deus, de relacionar com um ser transcendente, de abrir-se ao mistério de Cristo morto e ressuscitado para a nossa salvação, ou seja, para a nossa felicidade temporal e eterna.

Pe. Françoá Costa

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"A paz esteja convosco" – Claudinei Oliveira

 

Domingo, 01 de Maio de 2011.

 

Evangelho – Jo 20,19-31

 

 

            Neste Segundo Domingo da Páscoa, domingo da Divina Misericórdia e beatificação do querido Papa João Paulo Segundo, Jesus retorna na tarde de Domingo  na comunidade reunida de seus discípulos que encontravam em oração e os cumprimentou  com a "A paz esteja convosco". Saudação invocando o Santo Espírito para fazer presente na caminhada de levar o grande projeto do Reino do Pai. É o encontro da força provedora da Criação com seus agregados fiéis com intuito de abastecê-los na continuidade de salvar os perdidos e/ou não convertidos para a Glória de Deus.

 

            O Mestre Jesus Ressuscitou da morte para a vida plena e deseja que sua comunidade não padeça e não enfraqueça diante de tanto pressão para desconsiderar os ensinamentos da verdade que liberta. Assim, o libertar de Jesus é desvelar o caminho reto e seguro para guiar os passos daqueles que almejam um dia estar perto da Vossa Graça.

 

            Dei a minha vida pela causa do Reino de Meu Pai, fiz com afinco e determinação a minha missão e agora deixo em vossas mãos para prosseguir anunciando o que tem de melhor para nosso povo. Ajudai-o e não o deixai perder-se pelo caminhar errado ou sugerido pelos interesseiros de que a vida terrena é plena na escravidão e no desamor. Isso não pode acontecer com o povo que lutei para reconhecer o Deus de nossos antepassados.

 

            São palavras criadas por nós que Jesus poderia ter sido expressada  aos discípulos. Com medo das autoridades locais reuniram num lugar fechado para não chamar a atenção. Jesus apresenta-se para motivá-los   a não ter medo. Deveriam enfrentar prontamente os opositores para rechaçar a morte gloriosa do filho de Deus. Sim, Jesus morreu a morte de Cruz, mas ressuscitou como havia prometido o Pai. Logo não precisam ter medo de falar de Deus.

            Na verdade a saudação da paz esteja convosco é o anuncio de que estou contigo e darei toda a força para vencer o mal. O combate deve prosseguir para livrar os homens que ainda vivem no pecado. Mas qual é o pecado do homem que precisa ser removido? Lógico, o  pecado da omissão do chamado de Deus para o trabalho na messe. O pecado de não aceitar Jesus como o Messias que é o verdadeiro filho do Altíssimo. O pecado do egoísmo, do comodismo, da vingança, do desprezo das coisas de Deus, do ódio que destrói a essência do homem, das virtudes maléficas arrasadouras, ou seja, o pecado de não anunciar a Palavra.

 

            Os discípulos em comunidade devem alegrar-se por receber a força do Cristo Ressuscitado como ficou expresso na presença e nas palavras: "assim como o Pai me enviou eu também envio vocês".  O Pai enviou Jesus   para o meio dos pobres, agora Jesus envia sua comunidade para profetizar entre os pobres. Isto é, levai a alegria para todos os povos e motivai-os para crer, mesmo distante de minha presença. É a crença da FÈ. Contudo, se permanecer fechado ou isolado  em comunidade, estará cometendo o pecado em si, pois tem a força movedora do Santo Espírito  contigo e não agis corretamente.  O sopro de Jesus desperta a comunidade para o serviço: recebam o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados. O convite foi para a comunidade abrir-se  e acolher os enfraquecidos na fé para aumentar a crença na vida nova.

 

            A comunidade renovou seu poder. Agora o Ressuscitado animou a busca de nova vida onde todos devem participar. Encouraçados da fé, do Espírito e do Mestre nada poderão deter o avanço da unidade em comunhão.

 

            Olhamos para nossa comunidade. Estamos prontos para agir a fim de levar novas vidas? Ou melhor, estamos unidos em prol deste Deus que liberta e quer o bem de todos? Para aqueles que comungam a vida em comunidade em torno da Mesa da Palavra e Eucaristia, notam o quanto ainda estamos distantes do projeto de Deus. São tantas desavenças e maus tratos para com o povo de Deus que parece que o Deus verdadeiro ainda não brotou nos corações dos homens  contemporâneos. Ainda são muitas as comunidades que lutam para haver harmonia entre seus membros. Disputam entre si espaços para aparecer. Matam com palavras irmãos em nome de "Deus". Aniquilam aqueles que estão em sua volta para sobrepor idéias interesseiras. Vejam irmãos, não buscamos está visão  e ainda não entendemos o Cristo Ressuscitado.

 

            Na verdade somos os tomés da vida. Na segunda aparição aos discípulos reunidos lá estava Tomé. E qual foi a dúvida? 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não creditarei'. Quão grande era o remorso de ter perdido o amigo e  mestre. Jesus que caminhava com seus discípulos  ensinado, colocando serviço e afirmando ser filho de Deus e de repente  foi morto para salvar os pecados do homem! Não daria para acreditar. Ou seja: Jesus nos abandonou e agora aparece Esse ai e diz ser o Cristo Ressuscitado! Mas Jesus não perdeu tempo e logo disse a Tomé: 'Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel'. Jesus repreendeu seu discípulo. Homem de pouca fé. Bastai sair perto de ti e logo duvidas de mim! Acontece que Tomé faz a maior profissão de fé: 'Meu Senhor e meu Deus!' És tu mesmo presente no meio de nós. E Jesus lhe disse: 'Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!'  Precisou sim de Jesus chamar a atenção de Tomé para crer na sua pessoa. Hoje não temos o Cristo em carne e osso para cobrar de nós nossa expressão de fé. Mas temos a história revelada do pai e a Sagrada Escritura para embasarmos e crer que Jesus morreu por nós, voltou até nós, cumprimentou com a paz esteja convosco  e animou-nos na construção de um Projeto de Vida Nova. Somos os bem-aventurados.

 

            Buscar este Deus que continua presente no meio de nós através de seu filho muito bem amado é ter a expressão da fé acima de tudo. É ser bem-aventurado por pertencer a uma comunidade que recebeu o Espírito Santo. Agora está completo. Cheio do Espírito de Deus e unidos para celebrar a páscoa da Ressurreição do Senhor. Não temos como duvidar da presença constante do libertador. Logo as bem-aventuranças do ressuscitado está  ao alcance de todos. Diante de nossos olhos da fé. Cremos neste milagre divino e façamos presente este Deus em nossas vidas.

 

            Portanto, irmãos na fé deste Deus amável, aproveitamos este domingo de descanso para  reunir em comunidade e repartir as alegrias e os mistérios de Deus. Voltemos para a paz de Cristo  que está em nosso meio e comungamos a fé  entre os irmão. Amém.

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Claudinei M. de Oliveira

 

Tenha a Paz de Cristo em seu Coração!

 

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"Nascer para uma esperança viva"

 

1. Efusão do Espírito

Após a Ressurreição, Jesus vai ao encontro dos discípulos reunidos no cenáculo. Havia medo, tristeza e desesperança. De repente, Jesus está ali, vivo. Depois de termos contemplado a Ressurreição, passamos agora a ver a vida da comunidade dos ressuscitados. Reunidos, acolhem Jesus.

João evangelista não faz uma narrativa cronológica, mas nos ensina a compreender a Ressurreição e sua relação com a comunidade. João coloca o dia da Ressurreição no primeiro dia da semana. É o primeiro dia do novo mundo. Nele se dá a efusão do Espírito.

Isso não contradiz o que dizem os outros textos sobre a vinda do Espírito cinquenta dias após a Ressurreição. João fala do mistério como um todo e não narra fatos em sequência histórica. É a inauguração do tempo novo de Deus.

Jesus aparece e mostra as mãos e o lado aberto pela lança. O Ressuscitado é o mesmo que fora crucificado. Ele permanece sempre em sua entrega ao Pai pelo mundo.

Os discípulos, que recebem o sopro do Espírito Santo, são as novas criaturas, redimidas. A comunidade dos discípulos, sempre que reunida; constitui o Cenáculo onde o Ressuscitado se manifesta e dá seu Espírito. O Espírito forma a comunidade para que ela constitua sempre o lugar privilegiado para a escuta, da Palavra, a comunhão fraterna, a eucaristia (fração do pão) e a oração.

Por isso os mártires dirão: "Não podemos viver sem o domingo". Ele é o dia de o Senhor se manifestar na comunidade. A força da Ressurreição não está somente em Jesus que vence a morte, mas está também na comunidade. A comunidade vive na esperança, "pois sem O ver ainda, nele acreditais" (1Pd. 1,8). A esperança é a certeza de que se realizam as promessas futuras.

2. Como o Pai me enviou, Eu vos envio

Naquela noite Jesus apareceu aos discípulos, pôs-se no meio deles e disse: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (v. 21). "E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, eles Ihes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles Ihes serão retidos" (Jo 20,22-23).

A comunidade recebe o Espírito para o anúncio da reconciliação. Para enviá-los, Jesus soprou sobre eles, como, Deus soprara sobre o homem que fizera do barro, tornando-o alma vivente (Gn. 2,7). Soprando sobre os renascidos, dá-lhes o. Espírito que Ihes mantém viva a fé na esperança.

O discípulo é associado à missão do Ressuscitado na força do Espírito. Quem recebe o discípulo, recebe a Cristo. "Quem vos recebe, a mim recebe e recebe Aquele que me enviou" (Lc. 10,16). Recebe também toda economia da salvação, isto é, tudo o que Deus fez para nos salvar.

Cada celebração da comunidade é presença do Ressuscitado, efusão do Espírito, e envio à missão. Ela será também o local, onde vigilantes esperamos sua vinda gloriosa.

3. A comunidade vive a fé no Ressuscitado

A comunidade é o Cenáculo onde o Cristo pode vir e fazer-se presente. A manifestação do Ressuscitado provoca a fé nos discípulos. A profissão de fé de Tomé é a maior: "Meu Senhor e Meu Deus" (v. 28)! É a primeira vez que Jesus é chamado de Deus, fora do prólogo do Evangelho de João.

A comunidade reunida é o lugar próprio para o acolhimento do Ressuscitado na fé. Crer em Jesus é um dom do Espírito. Os discípulos, que não viram Jesus, creem porque aceitaram os sinais que Ele fez para que acreditassem. Todos os que creem, sem ter visto, são felizes, isto é, realizam em si a plenitude da fé, na esperança. A celebração pascal acende nossa fé em Cristo e em sua manifestação na comunidade.

"Como crianças recém-nascidas, desejai o puro leite espiritual para crescerdes na salvação, aleluia!" (cf. 1Pd. 2,2).

Somos convidados nestes domingos seguintes ao Domingo da Páscoa a conviver com a primeira comunidade cristã. As primeiras leituras são uma seqüência de Leituras dos Atos dos Apóstolos com o Evangelho de são João. As segundas leituras são tiradas das Cartas de Pedro. Assim, neste domingo, o tema da fé batismal, permeia toda a celebração. Os fiéis são "como crianças recém-nascidas"  e reza-se por um mais profundo entendimento do mistério da ressurreição e do batismo.

Neste tempo, não existe, necessariamente, uma estreita coerência temática entre as três leituras. Porém, todas elas nos fazem participar do espírito do mistério pascal.

Assim, na primeira leitura deste domingo (cf. At. 2,42-47), os Atos dos Apóstolos nos apresenta como deve ser a comunidade dos cristãos batizados, que deve ter como centro a comunhão fraterna, repartindo tudo em comum, a exemplo de Cristo. Comunhão que deve ser testemunho, vivência para os que não crêem. Logo depois da Páscoa os cristãos davam demonstração de como deveria ser a sua vida: um convite permanente para restabelecermos a pureza cristã  das origens. Assim, com o Salmo Responsorial, podemos cantar as alegrais da criação e do Senhor: dai graças ao Senhor, porque ele é bom! eterna é a sua misericórdia!

Nos primórdios da Igreja os fiéis tinham tudo em comum. A primeira leitura descreve a vida da comunidade apostólica em Jerusalém. A leitura de hoje se completa em At. 4,32-35, que consiste em ter tudo em comum. O ensino dos apóstolos e o culto realizavam-se no templo. A alegria e a magnanimidade do grupo eram contagiosas; aí está o sucesso missionário.

A segunda Leitura, retirada de Pedro (cf. Pd. 1,3-9), é uma espécie de homilia batismal. Na perspectiva de seu autor, a volta gloriosa do Senhor estava próxima; os cristãos deviam passar por um tempo de prova, como ouro na fornalha, para depois brilhar com Cristo na sua glória. Neste horizonte, a fé batismal se concebe como antecipação da plena revelação escatológica: é amar e crer naquele que ainda não vimos, o coração já repleto de alegria com vistas à salvação que se aproxima e que já é alcançada na medida em que a fé nos coloca em verdadeira união com Cristo.

A primeira carta de Pedro é uma carta de consolação aos cristãos oriundos do paganismo – Ásia Menor – ameaçados pela perseguição. A introdução tem um estilo de um hino. As graças recebidas são penhor dos dons definitivos – a esperança cristã. No batismo somos adotados como filhos: isto também é fundamento de uma esperança ainda maior. Esta esperança é viva, porque é baseada no Cristo Ressuscitado. Produz alegria e firmeza.

Estamos celebrando os 50 dias do mistério pascal. Este tempo é chamado de um grande domingo, ou seja, um grande Dia do Senhor. Assim, como na Eucaristia, tudo é iniciado com o Ato Penitencial, a liturgia de hoje é iniciada com a reconciliação e a pacificação. Jesus se encontra com seus apóstolos, que se tinham comportado covardemente durante a Paixão e Morte. Mas Jesus, manso e misericordioso, não se mostra decepcionado e nem os repreende. Jesus vem e deseja a paz. a paz esteja convosco! (cf. Jo 20,19). Paz que é sinônimo de amor e de misericórdia! Paz que é sinônimo de perdão e de acolhida do diferente. Paz que tudo supera e que tudo ama! E Jesus dá aos seus discípulos o poder divino de perdoar os pecados, assim transmitindo a graça de Deus e a santificação do povo de Deus. O próprio Cristo dá este poder aos seus apóstolos: "A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhe serão retidos".

O Evangelho de hoje – Jo 20,19-31 nos demonstra que são felizes os que crêem sem terem visto. O cenário deste acontecimento foi no oitavo dia após a Páscoa. Tomé, duvidoso e incrédulo, embora zeloso apóstolo de Jesus, representa muitos cristãos que, distanciados da Páscoa no tempo, devem viver perto dela pela fé e fazer da Ressurreição o fundamento de sua vida.  Tudo isso para que nós e todo o povo, de ontem, de hoje e de sempre, sejamos testemunhas autênticas do Senhor Ressuscitado, para que "creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais a vida em seu nome" (cf. Jo 20,31).

Crer em Deus, o Deus da vida, que irrompeu a morte e nos deu a possibilidade de sermos elevados à condição de filhos e filhas de Deus.

Oh dúvida providencial a de Tomé. E não foi só Tomé que demorou a acreditar na Ressurreição. A dúvida de Tomé é positiva. É sempre parte do caminho andado na procura da verdade. Por isso mesmo, Jesus não repreendeu Tomé. Ajudou-o a superar a dúvida e o levou a uma perfeita profissão de fé: "Meu Senhor e Meu Deus!" (cf. Jo 20,28).  Esses dois títulos juntos, de Senhor e Deus meu, na antiga aliança era designação de Javé, o nosso Deus!  Tomé não só passou a acreditar que Jesus ressuscitara, porque aí estava e ele podia por o dedo nas chagas, mas também viu nele o Cristo de Deus. A Palavra Senhor, para designar Jesus, só aparece depois da Ressurreição nos Escritos Sagrados. Assim somos convidados a ver, com Tomé, com novos olhos e um novo jeito o Senhor, ouvindo a sua voz e tendo a sua presença em nosso meio pela fé que celebramos, fé eucarística, porque o Senhor esteja convosco - ele está no meio de nós!

O poder das chaves que é confiado por Cristo aos discípulos é o poder de morte e de vida, de ressurreição e de condenação eterna. Jesus reparte hoje com seus seguidores o poder de santificar, de salvar, o poder de arrancar alguém do pecado e da morte eterna. Isso porque a criatura humana sozinha é incapaz de salvar-se e de salvar quem quer que seja. Mas na forca do Espírito Santo, dado por Cristo ressuscitado, prolongamos o poder redentor de Jesus na história humana. Jesus dá aos seus discípulos os meios de serem suas testemunhas, isto é, de afirmarem sua divindade e a sua missão, repartindo o perdão, a benção, a graça. Ligado a esse poder está o envio por partes de Cristo. Ele foi enviado pelo Pai e por sua vez está enviando a nós para a missão, para a evangelização.Envio que é comunidade. Envio que é convivência. Envio que benção. Envio que é partilha. Envio que é santidade. Envido que é perdão. Envio que é amor pleno. Como o Pai enviou Jesus hoje é Ele que nos envia para a missão.

E Jesus nos envia com o seu espírito de conciliação, de misericórdia, de caridade, de aceitar o diferente, de sempre perdoar os "tomés" que surgirem no nosso horizonte.

Aí está, queridos amigos, o Jesus humilde que reparte tudo conosco, até os seus poderes. Isso porque somente quem é humilde sabe repartir. Porque só o humilde acolhe e tem misericórdia. Jesus perdoa a traição de seus apóstolos nos ensinando que essa deve ser a nossa atitude, o perdão sempre.

Jesus é o grande sinal de Deus entre os homens. Por isso a fé da comunidade apostólica é a nossa. Através da comunidade apostólica, da primeira leitura, nós somos partícipes da fé, antecipação da comunhão eterna com Cristo e nossa salvação. Por isso, este domingo, antigamente chamado de domingo "in albis", no tempo em que os batizados da noite pascal depunham as vestes brancas do batismo, encerrando a oitava da Páscoa nos convida a todos para que sejamos testemunhas do Ressuscitado renovando o nosso compromisso de batizados, crismados e de homens e mulheres que buscam na Eucaristia  o alimento que dá combustível a nossa fé, fé apostólica, fé nossa de cada dia, porque a Páscoa não é só hoje, a páscoa é todo dia e se eu levar o Cristo em minha vida tudo será um eterno aleluia! Amém! Aleluia!

padre Wagner Augusto Portugal

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Do medo à paz, da dúvida à fé

 

O Evangelho deste II Domingo de Páscoa nos informa que "ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana", os discípulos se encontravam num lugar a portas fechadas por MEDO dos judeus.

Quem nunca sentiu um medinho ou um medão na vida? Todos nós sem exceção temos medo de algumas coisas. Pode ser o medo de cair, de andar de avião, de dirigir, de uma bala perdida, de ser assaltado, de perder algo, de ser traído, de mudar, do escuro, de feitiço, de ventania, relâmpago e trovão, da morte, de terroristas, de envelhecer, do fracasso, de ouvir a verdade, de adoecer, da solidão, da rejeição, da indiferença, da arrogância, do preconceito, da ignorância, da corrupção, da inveja, do futuro, da responsabilidade, de falar em público, de ter que lidar com gente de má índole, de casar, de que o casamento não dê certo, de errar, de enchentes, de tremores de terra, de perder o emprego, de rã, de aranha, de rato, de guerra, e, enfim, medo de ter medo.

O medo sempre existiu e é um sentimento que proporciona um estado de alerta e que provoca reações físicas como descarga de adrenalina, aceleração cardíaca, suor, entre outros. Deve ser considerado como algo normal na nossa vida, e de modo equilibrado necessitamos dele.

O problema é quando o medo vira doença, e o mundo está ficando assim. A resposta anterior ao medo é conhecida por ansiedade. Na ansiedade, a pessoa teme antecipadamente o encontro com a situação ou objeto que lhe causa medo. Sendo assim, é possível se traçar uma escala de graus de medo, no qual, o máximo seria o pavor, o pânico, sofrimento psíquico.

Mas o medo faz parte do cotidiano de todos nós. Não há quem escape do medo, nem mesmo Jesus. Fazendo-se homem em tudo, menos no pecado, ele experimentou no jardim do Getsêmani um ataque de pânico tão grande que chegou a suar sangue (hematridose: a emoção, o medo, o terror, o susto, a angústia, a tensão é tão extrema que produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele).

Jesus passou por tudo isso, primeiramente para nos mostrar que não devemos ter vergonha de ter medo, o que piora ainda mais a situação; depois, para nos ensinar que nunca devemos fugir do medo, mas olhá-lo com consciência e enfrentá-lo. Cada um conhece os seus medos. Todo mundo tem medo de alguma coisa. O medo não pode simplesmente desaparecer, mas também não podemos deixar que ele nos domine. E a primeira reação que nos vem à mente é fugir. Entretanto, Jesus não fugiu da cruz, foi reconhecendo a sua fraqueza humana de medo, de angústia, de pavor, que obteve de Deus a paz para abraçar o seu destino com toda serenidade.

É preciso permitir-se sentir medo. E, no final de contas, compreender que o que importa não é o fato de não sentir medo, mas de deixar que ele nos leve a Deus. É o medo, que, no fundo, nos convence que só podemos nos sustentar em Deus. Nós, os continuadores da missão de Jesus, não devemos nos fechar no medo diante das provações, dos desafios, das perseguições do mundo, mas devemos nos abrir ao dom que o Ressuscitado vem nos trazer: "A paz esteja convosco!" Não é uma saudação, mas é a PAZ que Ele tinha prometido quando eles se encontravam aflitos por causa de Sua partida.

Jesus Ressuscitado não liberta os discípulos das aflições do mundo, mas lhes oferece segurança e serena confiança. É uma paz diferente da que o mundo oferece. É uma paz que resiste aos problemas, às provações, vence o medo. É a paz messiânica, o cumprimento das promessas de Deus, uma força para fazermos as coisas mesmo com medo, é a vitória sobre o pecado e sobre a morte, a reconciliação com Deus, tudo isto como fruto de sua paixão e morte de cruz.

Jesus mostra suas chagas nas mãos e no lado, comprovando assim que Ele é verdadeiramente aquele que foi crucificado. Não precisa ter medo, ele não é um fantasma. Os discípulos devem ver que Ele efetivamente passou pela morte, e venceu-a. Mostrando as feridas, Jesus quer também evidenciar que a paz que Ele dá vem da cruz. Jesus torna-se para sempre o fundamento seguro da paz. E novamente, ele concede a paz aos seus discípulos e associa este gesto a sua missão. Somente se estes forem repletos de sua paz, poderão cumprir a missão a eles confiada, vencendo a rejeição e o ódio que deverão enfrentar. Para esta missão, Jesus sopra nos discípulos o Espírito Santo. Este gesto recorda o sopro de Deus que dá a vida ao homem. É sinal de uma nova criação: "Recebei o Espírito Santo!"

Aqui se trata da transmissão do Espírito Santo para uma missão particular. Enquanto no Pentecostes é a descida do Espírito Santo sobre todo o povo de Deus, aqui, Jesus concede o poder de perdoar ou não perdoar os pecados a um grupo específico de pessoas. É Deus quem tem o poder de perdoar os pecados. Jesus concede este poder e o transmite à sua Igreja através dos discípulos. Convém lembrar que trata-se aqui do "sacramento da reconciliação" praticado em diversas formas no curso da história da Igreja.

O "reter os pecados" não é uma condenação, mas é um renovado apelo à conversão.

Num segundo momento do relato, nos deparamos com Tomé, chamado Dídimo (= gêmeo). Este não estava presente quando Jesus apareceu por primeira vez ao grupo. Estes lhe relatam: "Vimos o Senhor!". Mas Tomé não acreditara no que eles tinham dito, ele mesmo quer comprovar.

É muito importante esta parte do Evangelho para nós, leitores de hoje, pois, de fato, não vimos Jesus Ressuscitado. E neste ponto, somos irmãos gêmeos de Tomé. Frequentemente, na nossa vida, os outros nos contam o que fazem de bom ou o que viram de bom e muitas vezes não acreditamos. Por que acontece isto? Quando temos uma facilidade impressionante para acreditarmos em difamações muitas sem pé nem cabeça.

Pois é, as coisas boas sempre queremos comprová-las para confiar. Tomé escuta dos outros que Jesus está vivo. E se não for verdade? Se fosse uma ilusão pelo desejo ardente de ver Jesus? Ele é prudente. Pensa aí se nenhum dos discípulos tivesse tocado nem tivesse dito que viu Jesus depois da sua morte. Acreditaríamos? Parte daí o interesse para buscar provas. Jesus não vê em Tomé uma pessoa totalmente descrente, mas um homem que na sua dúvida, busca a VERDADE. E Jesus ajuda Tomé. Ele tem compaixão de Tomé porque sabe que este ainda não tem a paz que vem da fé, por isso o satisfaz plenamente: "põe, Tomé, o teu dedo nas minhas chagas".

Bom pra nós que hoje sabemos que os apóstolos viram e tocaram as feridas das mãos e do lado de Jesus; portanto, Ele ressuscitou verdadeiramente! E Ele nos deixa um recado precioso: "Bem aventurados aqueles acreditarem sem me terem visto!" De fato, os últimos dois versículos do Evangelho afirmam que este foi escrito para que creiamos que Jesus é o Messias e para que, acreditando, tenhamos vida por meio Dele!

1. Permito que o medo me feche, me paralise e me impeça de crescer? Me abro aos outros?

2. Procuro receber a paz que Jesus quer me dar?

3. Reconheço que o mesmo Jesus crucificado é o mesmo Ressuscitado?

4. Imploro a ação do Espírito Santo na minha vida?

5. Sinto-me enviado por Jesus?

6. Me abro ao perdão? Tenho dificuldade em perdoar o próximo?

7. O que há de Tomé em meu coração neste momento da minha vida: desânimo, falta de fé, dúvida, soberba?

8. Como me esforço para dizer como Tomé: "Meu Senhor e Meu Deus"? Sou consciente e aceito que a fé diz respeito a coisas que não posso ver, pegar etc?

padre Carlos Henrique de Jesus Nascimento

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A comunidade

A liturgia desse domingo, vivendo ainda a alegria pascal, apresenta a nova comunidade (a Igreja), que nasce da cruz e Ressurreição com a missão de revelar aos homens a Vida Nova que brota da Ressurreição. As leituras ilustram essa realidade...

A 1ª leitura descreve a comunidade cristã de Jerusalém (At. 2,42-47) É uma "comunidade de irmãos", perseverantes:

- no ensino dos apóstolos: catequese;

- na partilha dos bens: caridade;

- nas celebrações: liturgia;

- orações no Templo e

- Eucaristia nas casas: "fração do pão".

- uma comunidade que dá testemunho, provocando admiração e simpatia do povo e atraindo novos membros.

Essa comunidade ideal, descrita por são Lucas, quer recordar o essencial daquilo que toda comunidade deve ser: um modelo à Igreja de Jerusalém e às igrejas de todas as épocas.

Uma comunidade de irmãos, reunida ao redor de Cristo, animada pelo Espírito, que tem a missão de testemunhar na história a Salvação. Em nossa comunidade, estão presentes hoje esses elementos?

A 2ª leitura lembra que pelo Batismo nos identificamos com Cristo. Essa identificação com ele nos coloca em obediência ao Pai e na entrega aos nossos irmãos. É o caminho que conduz à Ressurreição (1Pd. 1,3-9)

Salmo: "Porque eterna é a sua misericórdia..."

O Evangelho nos apresenta a comunidade dos apóstolos. Jesus vivo e ressuscitado é o CENTRO da comunidade cristã. Ao redor dele, a Comunidade se estrutura e se anima a vencer o "medo" e a hostilidade do mundo (Jo 20,19-31)

Os apóstolos estão trancados... apavorados... sem paz...

CRISTO: rompe as barreiras e aparece no 1º dia da semana...

Oferece a Paz... o perdão ... torna-os Mensageiros do perdão...

O Espírito Santo: "Sopra": lembra o sopro criador de Deus. Envia em missão: "Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio..."

Exige: fé para Tomé que quer ver para crer: "Não sejas incrédulo, mas fiel... Felizes os que crêem sem terem visto..."

Portas trancadas: Cristo abre as portas daquela comunidade e os envia ao mundo. A presença de Jesus ressuscitado é fonte de coragem e de paz. E o Espírito Santo dará a força para cumprir sua missão.  

A Paz: Jesus oferece três vezes a Paz: "Shallon" (= Paz total). Dá a Paz aos apóstolos e depois os envia como mensageiros da paz. Essa Paz, muitas vezes, só é possível pelo caminho do perdão.

Por isso, Cristo oferece o sacramento do perdão: confissão: "Aqueles a quem perdoardes os pecados..." Pecadores, uma vez perdoados, são enviados a perdoar em nome de Deus. Você já fez a sua confissão Pascal nesse ano?

Tomé: afastado da comunidade, quer provas, segurança: "Ver para crer..."

Jesus: comprova sua "Divina Misericórdia", cujo dia hoje celebramos: aceita o desafio e vai ao encontro do apóstolo incrédulo...

Tomé, voltando à comunidade, encontra o Cristo Ressuscitado e faz sua profissão de fé: "Meu Senhor e meu Deus".

É na comunidade que encontramos as provas que Jesus está vivo.

Quem não participa da comunidade não ouve a saudação de Paz, não prova a alegria da Páscoa do Senhor, nem recebe o dom do Espírito Santo.

Quem não se encontra com a comunidade não se encontra também com o Cristo Ressuscitado.

A Tomé e a todos nós, Cristo continua repetindo: "Felizes os que acreditam mesmo sem terem visto..."

Tudo acontece no 1º dia da semana: é uma alusão ao domingo, dia em que a comunidade é convocada a celebrar a Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus Ressuscitado.

- Cada domingo deve ser uma pequena Páscoa... em que renovamos o nosso batismo, a caminho da vida Plena. O "nosso domingo" é de fato "O Dia do Senhor?"

A liturgia nos questiona:

- A nossa comunidade é o local do nosso encontro com o Ressuscitado?

- Na comunidade, somos unidos e perseverantes no estudo da Palavra de Deus, na partilha dos bens e nas celebrações?

- Vivemos a alegria, a fraternidade, o perdão, a paz, que o Cristo ressuscitado veio trazer, ou ainda trancados vivemos o clima de medo?

Podemos, com sinceridade, dizer, que Jesus é nosso "Deus e Senhor"?

padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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Crer sem ver

A bem-aventurança de crer no Senhor Ressuscitado, sem tê-lo visto, diz respeito a todos os cristãos. Neste caso, o pré-requisito para se tornar bem-aventurado consiste em dar crédito ao testemunho de quem "viu" o Senhor, e anunciou que ele está vivo. A tradição cristã, ao longo dos séculos, foi se formando a partir do testemunho dos primeiros cristãos. Estes saíram pelo mundo inteiro para anunciar que o Senhor ressuscitou, testemunhando o fato, não só com palavras, mas também com a vida. O testemunho de fé - palavra e vida - da comunidade é a única forma de ter acesso ao Senhor. Só por este caminho é que se chega a Jesus.

Como conseqüência, cada cristão deve estar convicto de que é mediação da experiência do Ressuscitado, para todas as pessoas com quem se defronta. Quando o cristão, realmente, assimila a dinâmica da ressurreição, e a deixa transformar sua vida, torna-se uma prova convincente de que o Senhor está vivo, e sua presença tem a força de mudar, radicalmente, a vida de quem o acolhe. Este é o testemunho que atrairá muitas pessoas para a fé.

Assim, embora não vejamos Jesus ressuscitado com os nossos olhos, é possível acolhê-lo na fé, e testemunhar que ele, de fato, está no meio de nós.

Oração

Espírito de fé tira de mim tudo o que me impede de acolher, com docilidade, a presença do Ressuscitado em minha vida e na de minha comunidade.

padre Jaldemir Vitório

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São chamados

Os que foram batizados na Páscoa são introduzidos na comunidade dos seguidores de Jesus. Os que são batizados hoje estão entrando numa corrente de pessoas que vêm desde o primeiro grupo apostólico e ficaram firmes em torno de Pedro e Maria, a mãe de Jesus. Eles não estão inaugurando a Igreja. Eles entram numa corrente viva já existente, recebem o que lhes é transmitido e passam adiante, dando continuidade ao anúncio missionário.

São chamados a assumir e manter as características que marcaram a vida de seus primeiros irmãos e irmãs, que viviam em comunidade, ouviam os ensinamentos, celebravam a Eucaristia e rezavam juntos. Eram alegres e bem vistos pelos outros.

Os primeiros viram o Senhor ou conviveram com os apóstolos. Nós não vimos e, no entanto, cremos. Por isso somos felizes e fazemos parte dos bem-aventurados. Os primeiros nos deixaram por escrito suas dúvidas e sua fé. No testemunho deles e no chamado pessoal de Cristo, nós acreditamos e continuamos o que eles começaram. Procuramos manter a unidade, viver na santidade, estar presentes em todo o mundo e ser abertos a todos, sem desfazer os laços que nos ligam uns com os outros e com os primeiros apóstolos. Somos membros da Igreja una, santa, católica e apostólica.

No meio das imperfeições, das limitações, das provações, retomamos com coragem o caminho, confiando mais na graça de Deus do que em nós mesmos para podermos alcançar a salvação que esperamos. Na sua misericórdia, Deus nos enche de bênçãos e nos concede exemplos e companheiros de caminhada que nos estimulam a perseverar até o fim. Assim, o Bem-Aventurado Papa João Paulo II, entusiasmado discípulo de Jesus, que amou a Igreja e toda a humanidade, se torna hoje oficialmente exemplo e intercessor daqueles que acreditaram sem ter visto.

At. 2,42-47 – A partir da pregação dos apóstolos vão se formando por toda parte as comunidades da Igreja. Os que delas participam ouvem com atenção o ensinamento apostólico, vivem como amigos e irmãos, celebram a Eucaristia e rezam juntos. Entre eles não havia necessitados, porque todos partilhavam o que tinham. Eram alegres e simples e estimados por todos. Os da primeira hora viram o Senhor e tudo o que aconteceu com Ele. Os que vieram depois acreditaram no testemunho de fé dos primeiros.

1Pd. 1,3-9 – São Pedro elogia os cristãos que não viram Jesus e, no entanto, o amam e n'Ele creem. Isso é para nós fonte de alegria. Nascemos de novo e vivemos com alegria a fé, a esperança e a caridade. As provações não nos abalam. Ao contrário, fortificam-nos. Tudo é misericórdia da parte de Deus para conosco.

Jo 20,19-31 – O Senhor ressuscitado é todo misericórdia e bondade para com Tomé, que queria uma prova da ressurreição. Tomé viu e acreditou. Jesus lhe disse na ocasião: "Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto". Também nós queremos ver para crer, e Deus, na sua bondade, nos concede ver na luz da fé. Nossa inteligência nos ajuda a ver e interpretar o que acontece em torno de nós. A fé, porém, nos faz ver o que a inteligência não alcança.

cônego Celso Pedro da Silva

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Jesus aparece entre os discípulos reunidos

João inicia esta narrativa de aparição do ressuscitado tomando a mesma fonte da narrativa de Lucas: Jesus aparece entre os discípulos reunidos, anuncia-lhes a paz e mostra-lhes as chagas. Em João os discípulos estão com as portas trancadas com medo dos judeus. Este detalhe exprime a situação da comunidade de João, excluída pelos judeus, os quais, inclusive, denunciavam os cristãos aos romanos. Porém o ressuscitado liberta a comunidade do medo e lhes traz a alegria. Em João, Jesus mostra as chagas das mãos e a do lado. É a confirmação de sua identificação com Jesus de Nazaré que foi crucificado. Agora, conforme anunciara nos discursos de despedida, Jesus comunica aos discípulos a Paz e o Espírito, com seu sopro amoroso sobre eles. Em Lucas há apenas a comunicação da Paz, pois o dom do Espírito, como línguas de fogo sobre cada um, no estilo de teofania do Primeiro Testamento, é transferido para o episódio de Pentecostes, em Atos. Os discípulos são enviados em missão, com o conforto do Espírito. Suas comunidades são responsáveis pela prática da misericórdia no acolhimento dos pecadores convidados à conversão. Tomé, ausente por ocasião da aparição de Jesus, ao reencontrar os demais discípulos poderia ter acreditado no testemunho deles, afirmando sua fé sem ver o ressuscitado. Mas assim não foi. Tomé quer ver e tocar. Oito dias depois, Jesus volta ao meio deles, agora com a presença de Tomé. Vendo e ouvindo Jesus, sem tocá-lo, Tomé faz sua confissão de fé. Tomé, ao vacilar entre o ver e o crer, motivou o pronunciamento de Jesus sobre a bem-aventurança dos que crêem sem ver o ressuscitado. As narrativas de aparições do ressuscitado são um fator de convencimento da continuidade de Jesus em vida. Porém para crer na presença de Jesus entre nós não são necessárias aparições. Somos chamados à bem-aventurança dos que crêem sem verem (segunda leitura). É a fé das primeiras comunidades que viviam a partilha no amor (primeira leitura). A fé em Jesus de Nazaré, ressuscitado, que continua vivo entre nós, leva a reconhecer a presença de Jesus nos sinais do amor que se manifesta nas diversas comunidades, nas diversas culturas hoje. Assumir esta fé nos move à solidariedade global pela paz e pela vida, superando o Império da fome, da guerra, e da morte.

José Raimundo Oliva

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Duas aparições do Senhor

 

Ao longo da semana que aqui termina, a Igreja tem-nos convidado a reler os textos que falam da Ressurreição.

O Evangelho desta missa narra duas aparições do Senhor, a primeira na tarde do Domingo de Páscoa, a outra oito dias depois (Jo 20,19-31).

Revelando-se aos seus discípulos, o Senhor deseja-lhes a paz, derrama sobre eles o Espírito Santo, comunica-lhes a missão de perdoar pecados. É claro que estes três temas não estão juntos por acaso. A libertação do pecado prepara a paz, é dom do Espírito Santo. A paz de Deus é para reinar nas consciências, nas famílias, no trabalho, entre as nações.

Tomé, que não estava presente quando da primeira aparição, arma-se em espírito forte e declara que os seus companheiros estão loucos. Na segunda aparição, Jesus interpela Tomé com uma branda censura: "não sejas incrédulo, mas crente". A censura é branda porque Jesus bem sabe que às vezes é difícil acreditar. Mas é uma censura: Tomé devia saber que podia confiar na palavra dos amigos, Tomé devia lembrar-se da promessa de Jesus.

E o Senhor acrescenta uma palavra para nós: "Felizes os que vão acreditar sem terem visto". Julgo que não se trata dum convite a uma adesão cega. O homem deve procurar, refletir, examinar. Mas há uma altura em que os sinais são suficientemente fortes: a partir desse momento, feliz do que diz "sim".

Esta página era, primitivamente, a última do Evangelho segundo são João. Daí o remate: "Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos, para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu Nome." A conversão não se equipara a uma simples adesão a um corpo de conhecimentos, é uma decisão de "seguir Cristo" para onde quer que Ele vá; e, em troca, o homem recebe a Vida.

A primeira leitura, mais do que o retrato da comunidade de Jerusalém, é uma espécie de programa (At. 2,42-47). Uma comunidade cristã que procure ser válida deve viver na referência à Palavra, na comunhão fraterna, celebrando a Eucaristia, cuidando da oração, respirando alegria na simplicidade do coração, mantendo uma presença que possa suscitar "a simpatia de todo o povo".

Por outro lado, este texto levanta dificuldades que não podemos ignorar. Os cristãos de Jerusalém quiseram acabar com as desigualdades: venderam tudo o que possuíam e repartiram por igual. São Lucas, que redige os Atos dos Apóstolos, deixa transparecer um grande respeito por esta atitude. No entanto, ela significou a renúncia à criação de outros bens. Como supunham que o fim do mundo estava iminente, não se preocuparam com isso. Mas o mundo não acabou e eles caíram na miséria. As outras comunidades cristãs, nomeadamente as fundadas por são Paulo, mostraram também grande respeito por estes irmãos, recolheram esmolas para os socorrer, mas não lhes seguiram o exemplo. (cf. 1Cor. 16,1-4, 2Cor. 8,1-6). Compreenderam que importa viver na generosidade e no risco, mas que até a generosidade e o risco exigem um certo discernimento.

A segunda leitura é talvez uma homilia dirigida aos recém – batizados. Louvem a Deus, "que os fez renascer para uma esperança viva". Conservem a alegria, "sabendo que estão guardados pelo poder de Deus". Não ignorem que neste mundo há provações. Mas as provações purificam o homem, como o fogo purifica o ouro no cadinho.

padre João Resina

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"MEU SENHOR E MEU DEUS"! – Olívia Coutinho

 

1º de Maio de 2011

 

Evangelho - Jo 20,19-31

 

Segundo domingo da Páscoa! Ainda ressoa em nossos corações o anuncio Pascal: Jesus ressuscitou, Ele está no meio de nós!

Angustia, sofrimento, morte, era sempre noite na humanidade, até que, "na noite mais clara que o dia", a vida venceu a morte, abrindo a porta da eternidade!

O acontecimento mais belo que já se viu, tirou das trevas a humanidade, tornando o céu mais próximo da terra!

Agora não vivemos mais ao léu, nossa vida ganhou um novo sentido, temos em quem confiar e a quem seguir: JESUS DE NAZARÉ!

A vida divina entrou na vida humana e assim como o fermento que faz crescer a maça, a ação de Deus agindo em nós, faz crescer, com o nosso testemunho de fé, a adesão de muitos, ao Cristo Ressuscitado!

Assim como as sementes espalhadas pelo vento, germinam sobre a terra, a notícia da ressurreição se espalha até hoje por todo universo, fazendo chegar a tantos corações sombrios, o brilho do sol de um novo amanhecer!

As festividades do domingo da Páscoa nos encheram de emoção, nos envolvemos por inteiros no mistério da vida que a morte não venceu! Mas não podemos ficar só na emoção, no encantamento, agora a vida retoma seu curso normal, é hora de sairmos da emoção para a ação: assumindo o nosso compromisso Pascal: fazer chegar  a outros corações, a alegria da ressurreição!

As riquezas colhidas das leituras deste tempo Pascal, transformou  nosso coração em sementeiras de amor!  Queremos partilhar  a alegria que transborda no nosso coração, nos tornar anunciadores da notícia mais bela que já se ouviu, não somente  com palavras, mas principalmente com o nosso testemunho de vida!

Agora não somos mais os mesmos, assumimos um compromisso sério com Jesus: queremos viver como Ele viveu, amar como Ele amou!

"A liturgia de hoje, nos apresenta a comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja! A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição".

Assim que Jesus aparece para os discípulos, o medo que os mantinha presos, transforma em alegria! A paz e a alegria são dons do Cristo Ressuscitado e, ao mesmo tempo, condição para reconhecê-lo!

Jesus ao soprar sobre eles o Espírito Santo, expressa a idéia de criação renovada! O Espírito recria a comunidade dos apóstolos e descerra suas portas para a missão!

Eles só conseguiram tomar atitudes corajosas para anunciar Jesus, depois que receberam o Espírito Santo!

Tomé não crê no testemunho dos discípulos e pretende uma constatação pessoal, simbolizando a pessoa que precisa ver para crer!

 "Felizes os que crêem sem ter visto, pois confiam nas testemunhas da ressurreição de Cristo. As pessoas de todos os tempos e lugares encontram nas Escrituras o testemunho dos apóstolos. Mas isso não dispensa a necessidade de um encontro pessoal e íntimo com o Ressuscitado"!

O encontro com Jesus é sempre transformador! Foi o que aconteceu com Tomé, depois do seu vacilo na fé, ele se prostrou  diante do Ressuscitado e fez a bela profissão de fé, que hoje todos nós fazemos na Missa: "MEU SENHOR E MEU DEUS"!

 

A Páscoa não é um só dia! A Páscoa é quando acordamos para um novo dia e nos tornamos eternos alunos e aprendiz de Jesus!

 

Olívia Coutinho

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DOMINGO 1 de Maio de 2011

Evangelho - Jo 20,19-31

Oito dias depois, Jesus entrou...

Este Evangelho, do 2º Domingo da Páscoa, narra duas aparições de Jesus ressuscitado aos Apóstolos, no espaço de uma semana.

"Meu Senhor e meu Deus!" O encontro com Jesus transforma as pessoas; suscita ou recupera a fé, traz alegria, ânimo e coragem, esperança, caridade e as demais virtudes. E nós também hoje podemos nos encontrar com Jesus e ser transformados por ele, na Missa, visitando-o no sacrário, no encontro com o pobre, na reunião da Comunidade... O encontro com Jesus destrói o ódio, a tristeza, o desânimo, a preguiça, o medo, a mágoa e todos os vícios. É como abastecer um carro ou carregar um telefone celular. O encontro com Jesus pode curar doentes, como acontecia naquele tempo, e até ressuscitar mortos. Pode transformar pecadores em santos. Maria Madalena, que antes estava chorando, foi só encontrar-se com Jesus ressuscitado alegrou-se e até saiu correndo para dar o recado que Jesus pediu (Jo 20,11-18).

"A paz esteja convosco." Só neste trechinho do Evangelho Jesus nos transmite a sua paz três vezes! Sinal que ele veio para nos dar a paz. Ele a conquistou com a sua ressurreição e quer deixá-la em nosso meio.

"A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados." O primeiro passo para termos paz e ser perdoados por Deus.

"Como o Pai me enviou, também eu vos envio." Somos continuadores de Jesus no mundo, temos a mesma missão dele, cujo centro é transmitir a paz.

"Recebei o Espírito Santo." Jesus nos deu o meio principal para o continuarmos: o Espírito Santo.

"Tomé não estava com eles." Era Missa de Domingo, a segunda Missa da Igreja, e Tomé não foi! Resultado: a sua fé, que já era fraca, entrou em parafuso. Um dia, quando Jesus falava que sua partida estava próxima, mas todos iriam se encontrar na outra vida, "Tomé disse: 'Senhor, nós não sabemos para onde vais, como podemos conhecer o caminho?' Jesus respondeu: 'Eu sou o caminha, a verdade e a vida" (Jo 14,5-6). Isso mostra que a fé de Tomé já era fraca.

Como é importante participarmos do encontro semanal dos cristãos, a santa Missa! Ali entregamos a Deus a semana que passou e recebemos forças para não fraquejar na semana que começa. Sem a Missa, nós podemos nos afogar em um copo d'água.

Mas felizmente a Comunidade foi atrás de Tomé, no domingo seguinte ele foi à Missa e tudo se resolveu.

"Bem-aventurados os que creram sem terem visto!" Nós nunca vimos Jesus pessoalmente, mas temos fé graças ao Espírito Santo que ele nos deixou.

A fé é algo vivo; como qualquer coisa viva, ela não fica parada: ou cresce ou morre. E a fé só cresce se for alimentada. O primeiro alimento da fé é o amor a Deus e ao próximo. O segundo é a oração, pessoal ou comunitária, destacando-se a santa Missa. A vida em Comunidade é fundamental para se manter a fé. Ovelha separada do rebanho, o lobo pega.

O pecado obsurece a fé, pois ela está ligada à obediência aos mandamentos. Quem obedece a Deus cresce na fé; quem não obedece vai se tornando cada vez mais incrédulo, confuso e triste. Foi só Adão e Eva pecarem, esconderam-se de Deus. Quantos católicos partes para as seitas porque não praticavam os mandamentos!

A fé é condição para se recebermos as graças de Deus. Jesus, em seus milagres, sempre pedia antes uma profissão de fé (Cf Mc 9,14-29).

"Jesus realizou muitos outros sinais." Sinal é uma manifestação clara da presença do transcendente, que nos convida à fé. Deus continua realizando sinais no mundo, principalmente através dos cristãos. Primeiramente, Deus quer transformar a nossa vida em um sinal, como foi a de Jesus. E muitas atitudes que o cristão ou a cristã toma são sinais que convidam outros à fé, mesmo sem que o cristão saiba.

Certa vez, uma vaca caiu num buraco e não conseguiu sair. Ela era de um sitiante. Ele tentou ajudar a vaca a sair mas não conseguiu. Amarrou até uma corda na vaca, mas não deu certo.

Pediu então ajuda a três vizinhos. Estes vieram, cada um com uma corda.

Chegando ao local, começaram a discutir qual o melhor lado para puxar a vaca. Um achava que era para a direção sul, outro para a direção norte, outro para direção leste e o último para a o oeste. E não chegaram a um acordo. Então cada um amarrou a corda na vaca, do lado que achava melhor e começou a puxar. Um puxava para lá, outro para cá, mas sozinhos não davam conta de tirar a vaca do buraco.

Quando já estavam cansados, concluíram: é melhor puxar a vaca de um lado só, mesmo que a meu ver não seja o melhor lado. Pronto: todos puxaram numa corda só e a vaca saiu.

É preferível o bom, unido com os outros, ao ótimo, sozinho. A minha opinião eu acredito ser a melhor, mas eu a renuncio em favor do trabalho em equipe, em favor da vida em Comunidade. Viver em Comunidade é andar juntos, mesmo tendo de ceder um pouco nas próprias idéias. A nossa maior fora está na nossa união.

Jesus viveu e trabalhou sempre em grupo. Foi difícil para ele, teve até um traidor no grupo, mas venceu. E ele nos pede: "Como o Pai me enviou, eu vos envio".

Maria Santíssima foi uma mulher que teve grande fé. "Bem-aventurada aquela que acreditou", disse-lhe a prima Isabel. E a sua presença no meio dos Apóstolos, após a ressurreição de Jesus, lhes deu muita força. Peçamos a ela que esteja também entre nós.

Oito dias depois, Jesus entrou.

Padre Queiroz

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JESUS RESSUSCITADO APARECE AOS APÓSTOLOS

 

O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas conseqüências.

 

 Evangelho de Jesus Cristo, segundo João (Jo 20,19-23)

As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde… É Ele que nos faz vencer os medos, superar as covardias e fracassos, derrotar o ceticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.

A Respiração do mundo

Há diagnóstico cruéis que levam ao desespero. Basta uma avaria, para que um organismo em que muitas coisas funcionam, anuncie o mais obscuro dos futuros.

Assim são muitos dos diagnósticos que fazemos sobre a sociedade, sobre a política, sobre a Igreja, sobre nossos grupos: diagnósticos cruéis em que uma parte suplanta o todo!

Porém, nós não detectamos isto à primeira vista, nosso mundo não é tão ruim quanto parece. O pessimismo como norma é uma doença que leva à convicção que cada nova geração é pior que a anterior. Nos torna insensíveis ante as novas formas do bem. Nos faz crer que o mal que nos torna violentos, corruptos, irados, invejosos, dependentes... é invencível! Porém, está ferido de morte para o Espírito que nos foi dado!

Enquanto há esperança há vida. O Espírito Santo é a esperança, a respiração do mundo. O Espírito é o "Deus que guarda"; está em missão ativa desde o dia em que Jesus se espirou desde a Cruz, desde o dia de Pentecostes em que se derramou como línguas de fogo.

O Deus Pai que está no céu, o Deus Filho que também está no céu, não nos deixaram órfãos! Eles nos enviaram conjuntamente o Espírito, seu Alento, para que seja o Alento do mundo.

O Espírito enche de paz da terra, penetra até o mais íntimo do coração dos seres humanos. O Espírito Santo nos faz respirar, viver, sonhar, amar, criar. O Espírito na doença nos convida a crer na cura, no caos nos torna criadores.

Creio no Espírito Santo, Senhor e doador de vida! Esta confissão de fé não é uma mera fórmula teológica. É a fé em uma experiência permanente, histórica. Sem os olhos da fé, a historia é inquietante e deprimente. Abaixo do olhar do Espírito o diagnostico é definitivamente positivo.

Nós às vezes ansiamos pela chegada de um novo Pentecostes, quando levamos tantos séculos de Pentecostes permanente. É que damos demasiada importância ao mal. Jesus se foi, embora não parecesse politicamente correto, quando disse: "Porquanto os pobres sempre os tendes convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes" (Mt 26,11). Jesus nunca nos prometeu uma sociedade sem pobres, um mundo sem males, um corpo sem doenças; porém nos prometeu o Espírito Paráclito, que sempre estaria conosco e tornaria possível o sonho de Deus sobre a humanidade. Sim, nós damos demasiada importância ao mal, e muito pouco à presença vitoriosa do bem.

Pessoas negativas renunciam à bolsa de oxigênio para se afogar em seus pulmões sem alento. São incapazes de descobrir o Espírito que encoraja toda a criação e toda a humanidade.

As pessoas que receberam a chama do Espírito, o vento forte do Espírito,experimentam nele e no outro um florescimento incomum de carismas, de dons que tornam possível o impossível. Confiam nos ritmos de Deus. Celebram o fato de que durante muitos séculos há na humanidade uma fonte de Água Viva que tudo fecunda e faz cada vez mais próximo o Paraíso.

O Espírito Santo é a Respiração do mundo. Nós vivemos graças ao Espírito. E, quando uma pessoa, cheia com as estampas de Espírito, não perde o Espírito, ela o exala no outro.

O Abbá e Jesus querem nos conceder por este dia a graça de "respirar corretamente" e depois de estar cheio os pulmões de Espírito, a Igreja eterna se torne mais sorridente e empreenda o caminho de seus mais profundos sonhos.

José Cristo Rey Garcia Paredes

 

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JESUS RESSUSCITADO APARECE AOS DISCÍPULOS

Jesus ressuscitou verdadeiramente?
Como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado?
Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação?


É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia do III Domingo da Páscoa procura responder.

A primeira leitura apresenta-nos, precisamente, o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro e João convidam os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz.

A segunda leitura lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu… Essa coerência deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.

O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro, à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial -no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço- que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Depois desse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres.

 

 Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 24,35-48)

Jesus ressuscitado reentrou no mundo de Deus; mas não desapareceu da nossa vida e não se alheou da vida da sua comunidade. Através da imagem do "comer em conjunto" (que, para o Povo bíblico, significa estabelecer laços estreitos, laços de comunhão, de familiaridade, de fraternidade), Lucas garante-nos que o Ressuscitado continua a "sentar-se à mesa" com os seus discípulos, a estabelecer laços com eles, a partilhar as suas inquietações, anseios, dificuldades e esperanças, sempre solidário com a sua comunidade. Podemos descobrir este Jesus ressuscitado que se senta à mesa com os homens sempre que a comunidade se reúne à mesa da Eucaristia, para partilhar esse pão que Jesus deixou e que nos faz tomar consciência da nossa comunhão com Ele e com os irmãos.

A inteligência do mal

Por mais inteligentes que sejamos, quase sempre ocultamos o mal. É muito difícil descobrir o que é real, porque o mal se camuflada, nos engana. Por isso, a realidade do mal, não nos aterroriza e nós coabitamos com ela como um monstro transfigurado, como um lobo em pele ovelha.

É estranho que as leituras (primeira e segunda) deste terceiro domingo de Páscoa nos fale do "pecado": a leitura dos Atos dos Apóstolos nos apresenta como "decidido" (matar o Autor da Vida) e a leitura da carta de João como "mentira". Estes dois textos nos indicam que a Ressurreição de Jesus é "apocalipse" ou "revelação": que nela nos é manifestado o que é o pecado, o mal e que conseqüências horríveis traz consigo. A ressurreição de Jesus abre nossos olhos para entender o que é verdade e o que é falso, para descobrir os efeitos horríveis e conseqüências do mal. Jesus ao ressuscitar nos deu as chaves para chegar a uma inteligência do mal. Porém também a ressurreição é a "vitória sobre o Mal".

O crime perfeito é aquele que apaga todas as impressões e elimina todas as pistas. A morte de Jesus parece ser um crime perfeito. Ninguém é culpado, porque é suficiente um genérico e inofensivo: "todos somos culpados". É um crime que segue um rito que incomoda qualquer pessoa. Deste modo entramos em um estado de banalidade ilimitada. Moralmente nós nos tornamos seres indiferentes que ainda não estiveram nem com o bem, nem com o mal. Não além do bem e do mal -como disse Nietszche-, mas aquém do bem e do mal!

O mal não é transparente, embora não cesse de existir. Aquele ou aqueles que estavam por trás do crime contra Jesus continuam aqui, eles estão entre nós, ou esta em nós. Aquele horrível segue presente na humanidade. E está crescendo. Mais cedo o ou mais tarde explodirá. Tem cúmplices em todos lugares. Nos tem enganado e nós não sabemos a que projeto horrível nós estamos dando nossa colaboração. Jesus disse isto dolorosamente ao Abbá da cruz: Eles não sabem que eles fazem! Eles não sabem que eles fazem! Não é uma desculpa simples; é um grito horroroso ante o mal: "eles não sabem o que eles estão fazendo". E pede ao Abbá que ponha remédio. Também Pedro expressa seu horror ao dizer aos judeus: "Matastes o autor da Vida!". Pode-se dizer algo mais horrível?

O teólogo protestante Karl Barth não exagerou quando descreveu o Pecado com três palavras:
deicídio, homicídio e suicídio. Quem se deixa dominar pelo Mal se torna instrumento de morte em todos os níveis. A pior coisa é não perceber isto! Isso é matar a vida, para o autor da Vida.

Mas ao mesmo tempo em que descobrimos este horror do Mal, nos é anunciada a vitória do mal e o pecado. Ante o mal e o pecado não estamos sem armas e sem proteção. O Ressuscitado se oferece para ser nosso escudo, nosso Defensor, nossa vida. Escutar sua Palavra e a dar boas-vindas é vida; comungar seu corpo e sangue é vida; confiar Nele é confiar na Vida; segui-lo é seguir a Vida. Quem vive em Cristo Jesus percebe a monstruosidade do mal, mas sente a paz, supera suas dúvidas, compreende o sentido do sofrimento, se torna testemunha da vida.

Quem é testemunha da Vida, de Jesus ressuscitado, recebe do Espírito uma especial sensibilidade para detectar as redes do mal. É-lhe revelado como o mal se camuflada e lhe é concedido o dom do "discernimento de espíritos". Não se confunde e se auto-engana. Dizia Jürgen Moltmann que o autentico critério evangélico seria este: "aquele que tu podes colocar na cruz de Cristo Jesus é cristão; o que ali resulta impróprio, inadequado não é cristão". A cruz de Jesus nos faz entender o que é mal e o que é bom. Se Jesus na cruz desculpa, não é correto, acusar os irmãos; se Jesus na cruz está desnudo, não será tão bom preocupar-se como que se veste as pessoas, mesmo nas situações mais solenes; se Jesus na cruz quiser ser sinal de reconciliação, não é cristão evitar caminhos de reconciliação, protestando contra a sociedade, sempre a acusando de não se dar conta dos seus males, exagerando na importância do mal... Nós, Igreja católica, deveríamos nos perguntar se tudo o que fazemos, se nossas estruturas e modos de agir, teriam a marca adequada na cruz de Jesus....

O Senhor da Cruz é o que ressuscitou. Abbá mostrava desta maneira sua complacência com o acontecimento da Cruz. Desvelado o mal, nos convida a vencer o Mal com a força do Bem, a ser testemunhos da vitória do Bem sobre o Mal e não valorizar o mal, porque este tem os dias contados.

Não se é testemunha do Ressuscitado com homilias pascais, por mais belas que sejam, mais quando:

1) não é dada importância ao mal, porque a Morte foi vencida;

2) quando se contempla como o Espírito ressuscita que está morto e age de um modo novo onde parecia estar ausente;

3) quando a sociedade nota que nós somos alegres e não amargos; quando parecemos membros do governo de Deus e não amargos membros da oposição;

4) quando todos nós estamos no Cenáculo não pare para fazer documentos públicos de condenação mútua, mas desfrutar do Senhor presente que nos faz superar todas as nossas dúvidas, hesitações.

Irmãos e irmãs, necessitamos da Páscoa, da experiência pascal. Ela nos dará a lucidez que nos concede a inteligência do mal, a convicção de que o Mal foi vencido definitivamente, mesmo que essa vitória ainda se mantenha oculta. É tempo de anistias e reconciliações. É tempo de nos reconhecer como irmãos, não como rivais. É tempo de humildade e de verdade. Que ninguém se sinta dono do Ressuscitado. E que o Ressuscitado seja de verdade, dono de sua Igreja e de seu mundo. Foi determinado a Ele todo o poder! Um testemunho não o poder. Somente o Abbá é a fonte de seu poder. Que a testemunha seja simplesmente testemunha e para Ele toda a glória!

José Cristo Rey Garcia Paredes

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II Domingo da Páscoa – Tomé não estava lá

A liturgia deste II Domingo da Páscoa apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.

Na primeira leitura temos, na "fotografia" da comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade fraterna, preocupada em conhecer Jesus e a sua proposta de salvação, que se reúne para louvar o seu Senhor na oração e na Eucaristia, que vive na partilha, na doação e no serviço e que testemunha - com gestos concretos - a salvação que Jesus veio propor aos homens e ao mundo.

No Evangelho sobressai a idéia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d'Ele que a comunidade se estrutura e é d'Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.

A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã que a identificação de cada crente com Cristo - nomeadamente com a sua entrega por amor ao Pai e aos homens - conduzirá à ressurreição. Por isso, os crentes são convidados a percorrer a vida com esperança (apesar das dificuldades, dos sofrimentos e da hostilidade do "mundo"), de olhos postos nesse horizonte onde se desenha a salvação definitiva.

 

O Evangelho de hoje não é um relato pascal a mais. Não se trata só de nos contar como Jesus apareceu, após morto, aos discípulos de diversas maneiras. O Evangelho de hoje nos mostra uma forma diferente de nos encontrar com Jesus ressuscitado, de chegar a sentir a esperança e a vida nova que sua Ressurreição representa para nós.

Tomé é a personagem que nos permite conhecer esse caminho novo, que marca as pistas para seguir-lo. É precisamente a incredulidade de Tomé que nos permite descobrir esse caminho novo e diverso, com uma luz diferente. É um caminho que nos permite descobrir o verdadeiro ser de Deus, manifestado em Jesus de Nazaré. É um caminho que nos tira das veredas habituais e rotineiras para que nos deslumbremos com outra possibilidade de viver, com outro estilo de vida. Ao modo de Deus.

As palavras de Tomé - "Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei" - dão motivo a Jesus no Evangelho para nos lançar um desafio:
"Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel". É o Ressuscitado que fala assim. Mas refere-se a seu corpo dolorido, torturado, que sangra. Refere-se a suas feridas abertas. Uma vez mais a cruz e o sofrimento cruzam-se no caminho do cristão que leva à ressurreição. Jesus Ressuscitado manifesta-se precisamente quando é colocada a mão nas feridas do Jesus morto, do Jesus  que recolheu em seu corpo torturado toda a dor do mundo e da história, daqueles aos que lhes tocou sempre a pior parte desta nossa história.

Tocar as feridas de nossos irmãos

Talvez esta seja a mensagem central do Evangelho deste segundo domingo de Páscoa. O Jesus Ressuscitado não é encontrado na paz das igrejas. Devemos sair ao fundo deste mundo. Devemos colocar as mãos nas feridas da história. Devemos nos aproximar dos que lhes tocou a pior parte, aos pobres, aos marginalizados de todo tipo, aos que sofrem por qualquer razão. Aí, tocando a cruz, controlando o asco que podemos sentir, é como nos encontramos com o Senhor Ressuscitado, com o Jesus ao qual o Pai devolveu a vida. Indo aos lugares mais escuros da história, onde o pecado, a dor e a morte estão demasiados presentes, onde não cabe a esperança, é como encontraremos ao que é a fonte de toda esperança, ao que nos faz olhar para além da morte, com uma perspectiva que não é a dos homens senão a perspectiva de Deus.

Tocando as feridas de nossos irmãos e irmãs, será o caminho para escutar dos lábios do mesmo Jesus a palavra que irá curar nosso coração: "A paz esteja convosco". No meio da dor de nossos irmãos, assumido como nossa, poderemos escutar a palavra de Pedro na segunda leitura. Saberemos que nascemos de novo para uma esperança viva, para uma herança incorruptível e nos sentiremos capazes de viver com alegria ainda que nos toque sofrer em provas diversas.

Escutar a Jesus, lá onde nos fala

Sentindo todos os homens e mulheres como irmãos e irmãs no coração, seremos capazes de recriar aquela comunidade primeira na qual, todos viviam unidos e tinham tudo em comum. Como nos diz a
Gaudium et Spes em seu primeiro parágrafo: "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo". E aí precisamente onde experimentamos a Jesus Ressuscitado e escutamos uma vez mais sua voz, que nos enche de esperança: "A paz esteja convosco"

Pe. Fernando Torres, cmf

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