quarta-feira, 2 de maio de 2012
Comentários-Prof.Fernando
Jo 15,1-8: Permanecei em mim e eu permanecerei
em vós - o ramo não pode dar fruto se não permanecer
na videira assim: se vós não
permanecerdes em mim - quem permanece
em mim e eu nele, produz muito fruto – quem não permanecer será cortado e secará - se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós...
Quem sai aos seus não degenera, diz o provérbio popular.
Porque um mesmo sangue corre em suas veias. A mesma seiva da planta corre no tronco
e nos ramos. Nem é preciso fazer um teste de DNA.
·
A imagem da videira e dos ramos fala dessa íntima união e comunhão
numa só vida. O testemunho de mulheres e homens “místicos” é contado em seus
escritos onde falam do inefável mundo divino que, no entanto, chegam a “experimentar”,
ver e sentir...
·
Esse é um velho sonho do ser humano desde os tempos mais antigos.
A imagem da Torre de Babel também o expressa: o desejo de tocar o Céu, de “subir”
até o mundo divino.
Duas relações humanas : Tempo e Eternidade
·
Um mesmo impulso, oriundo das raízes da alma, faz o Homem experimentar
duas relações inevitáveis. De um lado, ele se pergunta sobre o que (ou como) fazer
para ver a Deus (invisível) com quem deseja conviver. É a dimensão de Eternidade que, no entanto em muitas
culturas levou produzir esculturas representando os deuses. De outro lado o
Homem vive no Tempo, aquele que flui
entre o nascimento e a morte. Por causa do Tempo ele também procura respostas
para conviver bem com os semelhantes.
·
Como resposta ao primeiro questionamento inventou-se o culto. Para
o segundo (âmbito das relações interpessoais, de famílias, clãs e tribos, seja
em vilas pequenas ou grandes cidades) inventou-se a lei e o direito. A primeira
questão está na base da religião e move as pessoas em busca da Fé. A segunda gera
a economia, suas técnicas e tecnologias
em vista da produção e do consumo dos alimentos e bens, com apoio nas
ideologias que explicam a organização da sociedade e o sistema de poder político.
Mas essas duas dimensões estão entrelaçadas a ponto de se constituírem seja teocracias (=sociedades organizadas pelo
controle religioso), seja – modernamente – sociedades secularizadas (em que não se dá importância à religiosidade).
Visão bíblica: 2 dimensões e 2 tipos básicos
·
A originalidade bíblica da tradição judaico-cristã, consiste na conjugação
e conexão entre as duas dimensões. Ou seja: não é possível cultuar a Deus, nem dirigir-se
a ele (em relação filial ou de oração) se também não se cultiva a compaixão (em
relação fraternal pela qual uns cuidam dos outros).
·
Para cada dimensão encontramos um tipo básico. Cada qual sinaliza
uma dimensão mais do que a outra, embora seja inevitável a conjugação e conexão
de ambas. Existem funções e grupos dedicados àquela utopia de poder ver a face
de Deus. Eles se expressam sob sinais do celibato (para dedicar-se à oração
mística ou à pregação) e da organização de comunidades que, em geral, vivem mosteiros
onde se trabalha para a sobrevivência do grupo. São símbolos da cidade Celeste.
Outros grupos se dedicam prioritariamente à utopia da paz na terra, em funções
que se expressam no sexo (e na criação de filhos) e na organização econômica e
política da Cidade terrestre (seja no grupo familiar seja em instituições maiores
até chegar ao povo ou nação).
·
Mas os primeiros, ainda que enfatizando a Eternidade, não
dispensam a convivência comunitária e a ação caritativa. E o segundo tipo, mesmo
enfatizando a vida no Tempo presente, também não deixa de praticar as formas
simbólicas da religião, especialmente as que acompanham o curso da existência
do nascimento à morte, por meio de ritos e celebrações (batizados, casamentos,
funerais, e outros)
A Fé como relacionamento pessoal
·
Todas os tipos e formas de vida, entretanto, podem reduzir-se apenas
a comportamentos e costumes (estudados pelas ciências, sobretudo sociologia e antropologia)
pois fazem parte da Cultura, ao lado das línguas, das artes ou da culinária. Embora
aí atuem Crenças e Religiões, nelas pode não haver a Fé. A Fé não se reduz a
crenças ou doutrinas, nem a mitos e interpretações.
·
A Fé é uma relação que permeia todas as outras relações, os modos
de viver e as várias dimensões da vida, como a seiva corre em todas as áreas da
planta. No texto de João 15,1-8, o verbo permanecer
aparece 8 vezes. Sua tradução não se restringe ao que está no dicionário: “continuar sendo, ficar junto de, morar com,
passar o tempo com, deixar-se ficar num lugar por algum tempo”. Na
linguagem bíblica “permanecer” exprime a união entre Deus e aquele que tem fé e
observa seus mandamentos.
·
A Fé é um dom que recebemos. Por isso se define agnósticos como pessoas às quais não foi concedido o dom de
poder crer (cf. comentário ao 3° dom.da Páscoa). A Fé não se confunde com ideias
nem com teorias, doutrinas ou ensinamentos. A Fé é a atitude de confiança e se
volta para Deus numa relação pessoal. Muitas vezes, infelizmente, a educação da
catequese se reduz ao catecismo com suas frases e doutrinas para decorar sem
que se aprenda a orar e conversar com Deus. É claro que os estágios de oração mais
“altos” (a contemplação de Deus) também são dons concedidos a alguns mas não a
todos. É um dom que têm as mulheres e homens que apelidamos de místicos, capazes de verdadeiras
revelações, “visões intelectuais” e estados de intensa emoção. Mas esse é um caminho
que não se pode “exercitar” mas apenas preparar com humildade, como atestam os
próprios místicos em seus escritos. Por exemplo, Teresa d’Ávila (1515-1582) conta
em sua autobiografia “como o Senhor
começou a despertar sua alma e dar-lhe a luz em trevas tão grandes” (Livro da Vida, cap.9) quando já ela já
tinha passado por cerca de 25 anos de constante “luta de discórdia entre conversar
com Deus e com a sociedade do mundo” (cf. J.M.Cohen na Introd. in Livro da Vida, S.P.,
Penguin - Cia.das Letras, 2010)
·
Só pela Fé podemos recitar o Credo dizendo “creio”. Pela Fé
podemos entender que um mesmo parentesco nos une em humanidade. E que todo
homem tem a mesma seiva de raiz divina, dessa fonte de vida que chamamos de
Criador, ou Deus, ou Pai, ou com muitos outros nomes. Mas só permanecendo na videira podemos continuar
vivos e compreender – em qualquer tipo de vida, profissão e atividade, o cap.25
de Mateus: quando fizestes isso /
deixastes de fazer a um destes pequeninos foi a mim que o fizestes/ deixastes
de fazer...
·
Permanecer ... Não é resultado de um esforço
mas é uma súplica na oração. Não podemos controlar as experiências místicas de
união com Deus, mas podemos aceitar a inspiração do Espírto que nos leva ao
acolhimento dos pequeninos.
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
(*) Prof.filos./pedag./teol. (USU) mestre (educação/ teologia/ t.moral) fesomor2@gmail.com :administração
univers./ consultoria
domingo, 29 de abril de 2012
JESUS O BOM PASTOR 4º DOMINGO DA PÁSCOA
29 DE ABRIL DOMINGO
QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA
Comentários-Prof.Fernando
Jesus, o bom pastor
Jo 10,11-18
Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Um empregado trabalha somente por dinheiro; ele não é pastor, e as ovelhas não são dele. Por isso, quando vê um lobo chegando, ele abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e espalha as ovelhas. O empregado foge porque trabalha somente por dinheiro e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas. Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor.
- O Pai me ama porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer.
Jo 10,11-18
Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Um empregado trabalha somente por dinheiro; ele não é pastor, e as ovelhas não são dele. Por isso, quando vê um lobo chegando, ele abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e espalha as ovelhas. O empregado foge porque trabalha somente por dinheiro e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas. Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor.
- O Pai me ama porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer.
Introdução
Jesus é o Bom Pastor e nós somos o rebanho, que apesar das
nossas fraquezas, conseguimos fazer coisas maravilhosas, pois encontramos no
Bom Pastor, as forças necessárias de que precisamos para seguir firme na
caminhada, com o objetivo de levar conosco, os nossos irmãos, ovelhas
desgarradas, rumo à casa do Pai, morada eterna.
Jesus é o Bom Pastor que nos acolhe com imensa ternura, quando
decidimos seguir os seus passos, quando decidimos deixar que Ele governe a
nossa vida.
Prezados irmãos, aqui estamos reunidos para celebrar a grande
alegria de sermos considerados filhos de Deus, aqui estamos para nos abastecer
dessa fonte de água viva que é a sua graça santificante, e fazemos isso em
união com toda a comunidade. Estamos aqui para ouvir a voz do Pastor que nos
fala pelas leituras, pela boca do celebrante que nos explica a palavra, e palas
pessoas dos nossos irmãos, que juntamente conosco, unidos numa só fé, assim como nós também testemunhamos, nos dá
exemplo vivo de fé e coragem nessa caminhada.
O mesmo Pastor que hoje nos fala, também escuta a nossa prece,
nossos pedidos feitos em comum acordo, em comunidade, em grupo de oração. Isso
é a Igreja viva que se reúne para pedir perdão, agradecer e suplicar a ajuda
do Pai para vencer as dificuldades dessa
jornada rumo ao Céu.
Dessa forma, a Terra está repleta do amor de Deus, da presença
de Deus, do seu poder infinito expressado pela natureza transbordante que nos
circunda, pelo vento que nos acaricia, pela água que nos lava, alimenta as
plantas fonte de nossos alimentos, e que nos mata a sede. Porém, a nossa sede
maior é a sede de Deus. Mesmo aqueles que se julgam auto-suficientes, pelo
poder e pelo dinheiro, eles não estão totalmente satisfeitos, pois lhes falta o
melhor. Falta-lhes Deus! E se têm muitos que não nos conhecem é
porque não conheceram o Pai.
Então compete a nós, levar até eles o essencial, o invisível, o
indispensável para se ter a plenitude.
Assim como o pastor conduz o rebanho ao curral com proteção,
Jesus que é o nosso eterno Pastor nos conduz às alegrias celestes. E se existem
muitos que não experimentam as alegrias terrenas dessa santa caminhada, é
porque não deixaram ou ainda não decidiram em aceitar o convite de Jesus, o Bom
Pastor. Então, vamos trabalhar!
Sal.
Jesus é o
bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas
Newton
Jesus é o
bom pastor e nós somos as suas ovelhas, e é n’Ele que devemos depositar toda a
nossa esperança, e esperança de salvação, pois em nenhum outro há salvação,
conforme nos afirma o apóstolo Paulo: “Em
nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos
homens, pelo qual possamos ser salvos”.
Não há
dúvida, em Jesus Cristo encontramos o verdadeiro abrigo. Como as ovelhas que
buscam proteção e se sentem seguras ao entrarem nos átrios do seu do seu
pastor, assim somos todos nós quando também buscamos proteção ao adentrar uma
igreja. Como uma pequena ovelha, nós nos deixamos cair nos braços de Jesus, e
não tememos mal nenhum. Pode vir o lobo feroz, o inimigo de nossas almas, pode
uivar, pode salivar de raiva, que não estamos nem um pouco preocupados, pois
Ele o bom pastor, nos pega no colo, nos protege e nos livra de todo o mal.
Jesus jamais
nos abandona, pois é Ele o bom pastor que nos conhece e nos ama com amor
eterno, e todos aqueles que estão em Jesus o conhecem, já tiveram algum tipo de
experiência com Ele, e sabem que podem contar com Ele sempre que precisarem.
Prova maior de amor Jesus nos deu ao morrer na cruz por nós, mesmo sendo nós
ainda pecadores.
Jesus deu a
sua vida, não somente pelas suas ovelhas, mas também por aquelas que não são do
seu aprisco, pois é a intenção do Pai que está nos céus que haja um só rebanho
e um só pastor, e, que ninguém se perca. O apóstolo Paulo em 1 Timóteo 2;3-4
nos diz: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer
que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”, por isto
que Ele se interessa também por outras ovelhas que não são do seu aprisco.
Por isto,
como o salmista devemos dar graças ao Senhor nosso Deus, “porque Ele é bom!”/
“Eterna é a sua misericórdia!”/ ”É melhor buscar refúgio no Senhor,/ do que pôr
no ser humano a esperança:/é melhor buscar refúgio no Senhor,/ do que contar
com os poderosos deste mundo! E como o salmista devemos dar graças, porque o
Deus nos enviou Jesus,para nos pastorear, e, nos trazer a salvação.
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"Dou a Vida pelas Ovelhas..." –
Diac. José da Cruz
29
de abril
Confesso que ás vezes como católico, sinto uma “pontinha” de ciúmes
dos dirigentes das Igrejas Históricas, que são denominados de “Pastores”, que a
meu ver é um título mais profundo e sublime do que “Padre”, que por sua vez
significa “Pai”.Entretanto, ambos estão corretos e de acordo com o evangelho,
pois a palavra “Padre”, embora signifique “Pai” é compreendida no sentido de
ser aquele que cuida, toma conta, zela, dirige, mantém, e não aquele que
“gera”, embora ainda haja o argumento de que, no batismo a igreja filhos e
filhas de Deus, entretanto, o Batismo é realizado em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, portanto, a palavra pastorear é uma ação mais humana e esta é,
a meu ver, uma das mais belas alegorias aplicadas a Jesus, pelo evangelista.
No antigo Testamento, a maioria dos pastores não eram donos do
rebanho mais trabalhavam para alguém que era o verdadeiro proprietário. Em
Ezequiel 34, Deus censura os maus pastores e garante que ele mesmo irá cuidar
do seu rebanho “Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei
repouso, buscarei a ovelha que estiver perdida, curarei a ferida, reconduzirei
a que estiver desgarrada”
Em Jesus Cristo essa profecia se cumpre, e quando ele se apresenta
como o Bom Pastor, está dizendo á todos aqueles a quem confiou as ovelhas :
“Vejam, é assim que eu quero que tratem as minhas ovelhas”. Portanto, nenhum
dirigente de uma Igreja Cristã, poderá ter dúvidas sobre como tratar as
ovelhas, a consciência de que elas não são suas, não fazem parte de sua
propriedade, deve estar sempre presente na missão de um verdadeiro pastor. As
ovelhas pertencem a Deus, devem ser conduzidas até sua casa, e cabe ao pastor
apenas mostrar o caminho.
Há neste evangelho um versículo que ensina, de modo muito claro,
como age o verdadeiro pastor, e aqui a reflexão se torna mais ampla, porque o
recado não é direcionado apenas aos dirigentes, mas a qualquer cristão que
tenha na comunidade alguma responsabilidade pastoral. Na nossa compreensão do
dia a dia, alguém que é BOM, é aquela pessoa quietinha, que não tem boca pra
nada, que não reclama, não critica, só faz o bem, é muito boazinha. Mas o
conceito de BOM, nesse evangelho, sendo aplicado a Pastor, quer antes de tudo
nos mostrar que Jesus, enquanto modelo perfeito de homem, no seu jeito de amar,
vai além dos limites.
Podemos entender melhor esse pensamento na comparação entre o
Pastor e o mercenário, que também é um pastor porém, profissional contratado,
uma espécie de “Tarefeiro”, que pastoreava o rebanho apenas pelo salário, tendo
certas obrigações e deveres constantes do contrato, por exemplo, diante de
algum perigo que rondasse as ovelhas,. ele teria que defendê-las porém, desde
que a sua vida não estivesse sendo colocada em risco, diante de um Leão faminto
e feroz, ele podia abandonar o rebanho á sua própria sorte, pois não tinha como
enfrentar um leão, ou seja, na defesa da vida das ovelhas há um limite. Então
não vamos fazer mau juízo do mercenário.
Entretanto, é bom fazer uma pergunta fundamental: quem é que irá
contratar um profissional, que trabalhe apenas pelo salário, que apenas faça
aquilo que é necessário, ou que apenas cumpra o contrato? Se fosse em um time
profissional, seria aquele jogador que só entrou para ganhar o “bicho”, nunca
vai “suar” a camisa, aliás, nem a camisa do time ele vai vestir. É aquele
agente de pastoral, ou participante de um movimento, que sempre diz de peito
estufado “A minha parte eu sempre faço!”. Esse é o mercenário, que sempre faz o
que tem que fazer, e que é sua obrigação.
Jesus Cristo, o único e verdadeiro Pastor, apresenta-se como BOM
nesse sentido, de que as ovelhas, cada uma delas em particular, são o alvo de
sua atenção, de modo que o seu interesse está voltado totalmente para elas, a
vida do rebanho todo e de cada ovelha, é mais preciosa do que a sua própria
Vida, e se vier uma matilhas de Lobos ferozes, ou um bando de leões famintos,
ele nunca “dá no pé”, mas fica e enfrenta, ainda que esse ato, marcado de um
amor extremoso e infinito, represente a perda da sua vida.
Há uma tentação muito grande, de nesse Domingo do Bom Pastor,
olharmos para os nossos dirigentes e pastores, ministros ordenados e servos de
Deus, colocados pela Instituição á frente da comunidade, paróquia ou Diocese,
criticar duramente sua conduta e condená-los ao inferno ainda em vida, mas
pensemos um pouco naquelas ovelhas, numerosas ou não, ou quem sabe apenas uma
ovelha, que Deus colocou sob os nossos cuidados, na vida comunitária ou
familiar, se a nossa relação com elas, não se modelar em Jesus, o Bom Pastor,
nosso pecado será tão grave como o das lideranças, e também iremos um dia
prestar conta dessas ovelhas diante do único e verdadeiro DONO do rebanho.
(Domingo do Bom Pastor – João 10, 11-18)
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“CONHEÇO AS MINHAS
OVELHAS E ELAS ME CONHECEM”... – Olívia Coutinho
Dia 29 de Abril de
2012
Evangelho Jo 10,11-18
IV domingo da Páscoa!
Revestidos
das alegrias deste tempo Pascal, e agradecidos pela vida nova que nasce da
entrega de Jesus, continuemos a nossa caminhada de fé, com o firme propósito
de fazer acontecer a ressurreição a cada dia de nossa vida!
Fazer a experiência do amor de Deus, é deixar-se conduzir pelo Bom
pastor!
O
Pai, no seu infinito amor, nos entregou aos cuidados do Filho, o Pastor
Zeloso, que nos acolheu com o mesmo amor, nos colocando acima de sua
própria vida.
Quando
ouvimos falar da figura do Bom Pastor, logo nos vem a imagem de um
protetor, daquele que cuida, que afaga, que conduz, que carrega no colo!
Quantas vezes nos sentimos como uma
ovelha fragil, totalmente depedente do Pastor!
A
figura do Bom Pastor é uma das imagens mais bela e conhecida das pregações de
Jesus.
Como
o Bom Pastor, Jesus nos apresenta como a única porta que nos conduz ao coração
misericordioso do Pai!
Saber que temos um protetor, alguém que cuida de nós, que nos
conhece pelo nome, que vela pelo nosso sono, que é nosso refugio nos momentos
mais difíceis, é a certeza de que nunca estaremos sós!
O
amor do Pastor pelo seu rebanho, é um amor “ciumento” um amor que o levou
ao extremo: a dar a vida pelo resgate das ovelhas que se
dispersaram, caindo nas mãos dos mercenários. ”Dou-lhes a vida eterna e
elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão”Jo 10,28. Eis
aí, a comunicação do amor de Deus, por meio de Jesus a toda
humanidade, é seu amor que nos redime, que nos trás a vida nova!
No
evangelho de hoje, Jesus nos revela a sua intimidade com o Pai e a sua
fidelidade e disposição em levar em frente a missão que a Ele foi designada.
Ao
se colocar como o Bom Pastor, Jesus deixa claro que Ele é um Pastor totalmente
diferente daqueles que se diziam pastores, mas que deixavam que as ovelhas se
perdessem. Ao contrário destes pastores, Jesus não quer perder nenhuma das
ovelhas que o Pai confiou aos seus cuidados, e se por ventura, alguma
delas, desvia do caminho, seduzida pelos falsos pastores, Ele não desiste de
esperar pelo seu retorno, está sempre de braços abertos, pronto
para acolhe-la novamente, pois para Jesus, não existe caminho sem volta e
nem ponto final para uma historia de amor!
Ao
entregar sua vida pelas ovelhas que o Pai lhe confiara, Jesus nos deu a maior
prova de amor que o mundo conheceu. E diante desta tão grande prova de amor,
podemos nos questionar: Como tem sido a nossa resposta a este amor tão grande?
O que temos feito da nossa vida, que custou a vida de Jesus?
Escutar
e colocar em prática os ensinamentos de Jesus, é dar continuidade a
presença viva do Bom Pastor, num mundo cheios de falsos
pastores, que tentam a tudo custo, enganar as ovelhas que ainda não
aderiram ao rebanho do Bom Pastor.
A
todos nós, que confiamos em Jesus, fica o desafio: ser perseverante na fé, para
que a voz dos falsos pastores, nunca sobreponha a voz do único e
verdadeiro Pastor: JESUS.
Jesus
é a fonte de água viva que sacia nossa sede, a Luz que nos ilumina, o Pão que
nos sustenta, o Pastor que nos conduz ao Pai!
FIQUE NA PAZ DE JESUS! –
Olívia
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Evangelhos
Dominicais Comentados
29/abril/2012 -- 4o
Domingo da Páscoa
Evangelho: (Jo 10, 11-18)
COMENTÁRIO
A
liturgia de hoje nos apresenta uma imagem de Jesus como o Bom Pastor. Aquele
que dá a vida por suas ovelhas. O pastor e seu rebanho eram realidades comuns
na vida do povo, no tempo de Jesus.
Este
relato nos mostra a intimidade, o afeto entre o pastor e as ovelhas. Percebemos
que existe entre eles um amor e uma confiança muito grande. Jesus nos diz que
as ovelhas não seguem um estranho.
Seguem
só o seu pastor, porque conhecem a sua voz. Conhecer, na Bíblia, tem um
significado muito profundo, conhecer significa amar. Quem conhece confia e,
verdadeiramente, ama.
Jesus
deixa bem clara a diferença entre o bom e o falso pastor. Este último vem só
para roubar, destruir e matar. Por isso é comparado ao ladrão. O Bom Pastor,
pelo contrário, preocupa-se com a vida. Vem para que todos tenham vida plena e
em abundância.
O
pastor é o líder e, cada um de nós, de um modo ou de outro, exercemos cargo de
liderança. Seja no trabalho, na família ou na comunidade. De forma permanente
ou em certas ocasiões, nós somos os líderes. Na parábola do bom pastor Jesus
alerta sobre como estão sendo vividas as relações de liderança.
Quando
a liderança deixa de ser serviço para tornar-se poder, ela oprime e destrói. A
liderança torna-se ladra e salteadora. O líder não pode ser autoritário.
Liderar é conduzir para o caminho certo.
Quando
exercemos algum cargo de liderança, sobretudo nas funções públicas e na
comunidade da igreja, precisamos estar próximos das pessoas. É fundamental
conhecer suas necessidades, compreendê-las, amá-las e partilhar com elas a
vida.
A
vida deve ser entendida no sentido amplo. O amor e a partilha devem estar
presentes na vida comunitária, na vida religiosa, na vida familiar e também na
vida profissional.
Em
qualquer caso, o autoritarismo, a negligência e o abandono, são nocivos e levam
à morte. Matam a religiosidade e a comunidade, matam a família. As ovelhas
conhecem a voz do seu pastor, confiam e deixam-se levar. Sabem que serão
conduzidas, em segurança, para verdes pastagens e água abundante.
Quantos
se apresentam como pastores, falam até em nome de Cristo e, no entanto,
defendem a violência. Não estão preocupados com a paz, com a liberdade, com a
dignidade e, muito menos com o abandono que se encontram as crianças, doentes e
idosos. Não têm a menor preocupação com o desemprego que ameaça suas ovelhas.
Cuidado
com os falsos pastores. Eles têm voz muito parecida com a do verdadeiro pastor.
Fazem uso dos meios de comunicação. Sobem em palanques, fazem discursos
inflamados e estão presentes no rádio, na tevê, nos jornais e revistas.
Estão
presentes no nosso dia-a-dia disfarçados de bons pastores. É preciso estar
atentos e abrir bem os ouvidos, para não sermos enganados. Não podemos seguir a
qualquer um, vamos seguir o Bom Pastor!
Como
reconhecê-lo? O Bom Pastor não é reconhecido por falar manso e de forma
poética, Ele é reconhecido pelas verdades que diz; são palavras nem sempre
doces, porém verdadeiras.
(3869)
jorge.lorente@miliciadaimaculada.org.br –
29/abril/2012
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O bom
pastor dá a vida por suas ovelhas - Padre Queiroz
Hoje, o
quarto domingo da Páscoa, chamado o Domingo do Bom Pastor, nós celebramos o Dia
Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas. No Evangelho, Jesus
se apresenta como o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. A parábola está
dividida em três partes, e continua amanhã e depois.
A
comparação é muito viva, porque seus ouvintes eram, na maioria, pastores. Jesus
é o nosso Bom Pastor e nós somos as suas ovelhas. Ele cuida de nós com carinho,
inclusive carregando nas costas as ovelhas que se afastam do rebanho (Lc
15,1-10). Deus ama você por inteiro, isto é, com as suas falhas e tudo. Por
isso que ele vai atrás de você, quando você peca. Não só vai atrás mas, com
carinho põe você nas costas e traz de volta para o rebanho. Como é bom sabermos
disso! Faz-nos felizes e alegres, em meio às lutas da vida.
“O
mercenário, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as
ataca e devora. Pois ele é apenas mercenário e não se importa com as ovelhas.”
Nós cristãos nos preocupamos com as ovelhas desgarradas, que estão à mercê dos
mercenários, pessoas que têm outros interesses que não são o bem das ovelhas.
Queremos trazer todas para o rebanho do Bom Pastor, pois assim elas estarão
protegidas e se salvarão.
Redil é o
curral de ovelhas. Ele geralmente é grande e cabem muitos rebanhos, que passam
a noite juntos para se defenderem dos animais predadores. Quando começa o dia,
é só o pastor chamar que as suas ovelhas vêm.
“Conheço
as minhas ovelhas e elas me conhecem.” Deus nos deu um dom, chamado “sensus
fidelium”. A tradução literal é: O sentido dos fiéis. São Clemente traduzia
esse dom chamando-o de “nariz católico”: Os cristãos têm um “faro” pelo qual
percebem se uma pessoa está falando em nome da Igreja de Jesus Cristo, ou não.
“Tenho
ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir.”
“Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram
como ovelhas que não têm pastor” (Mc 6,34). Era por isso que Jesus não parava,
vivia pregando a Palavra de Deus, curando os doentes e fazendo todo tipo de bem
ao povo. Ele sabia que o povo está sujeito a milhares de mercenários e de
lobos, que não se interessam pelas ovelhas e querem apenas aproveitar-se delas.
Nesta
parábola do Bom Pastor, Jesus vê a sociedade divida em quatro grupos: 1) As
ovelhas, isto é, o povo em geral. 2) Os lobos são os exploradores do povo. 3)
Os mercenários são aqueles que só cumprem o que está mandado, pensando não no
povo, mas no seu salário ou nos seus interesses. 4) E felizmente existem os
bons pastores que continuam o trabalho de Jesus, cuidando bem das ovelhas e
indo atrás das ovelhas afastadas. Pena que estes são poucos! “A colheita é
grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que
envie trabalhadores para sua colheita!” (Mt 9,37-38). O desejo de Jesus é que
haja “um só rebanho e um só pastor”. Este é também o nosso desejo e a nossa
luta.
Certa
vez, Jesus estava andando com os Apóstolos e anoiteceu. Noite muito escura, de
modo que não podiam mais andar. Pedro foi até uma casa e bateu. Veio o dono da
casa e ele lhe disse: “A gente queria um pouso. É possível?” O homem falou:
“Sim. Nós damos um jeito”. Pedro ficou meio sem graça e disse: “Acontece que eu
não estou sozinho. Há mais doze ali na estrada”. O homem assustou-se, mas
pensou um pouco, conversou com a esposa e respondeu: “Mande-os entrar aqui. A
gente dá um jeito”. Pedro chamou o grupo, eles entraram e lavaram os pés
enquanto a dona da casa preparava algo para comerem. Eles comeram e foram
dormir. No outro dia, agradeceram e foram embora.
Muitos
anos se passaram e aquele dono da casa morreu. Quando foi chegando à porta do
céu, encontrou doze parentes seus que estavam tristes, porque S. Pedro não os
havia deixado entrar. Disse-lhes que o lugar deles era o inferno. Então falaram
para o homem que acabava de chegar: “A gente estava esperando você, porque
sabíamos que você vinha logo. Converse lá, dê um jeito”.
O homem
aproximou-se da porta, S. Pedro olhou a ficha dele e disse: “Sua ficha é
pesada. Seu lugar seria o inferno. Mas você acolhia os peregrinos. E, como
Jesus disse: ‘Eu era peregrino e me acolheste, por isso venha para o Reino’,
você está admitido. Pode entrar”.
Nesta
hora o homem falou: “Mas eu não estou sozinho. Tenho mais doze ali atrás!”
Pedro olhou bem para ele e se lembrou da hospedagem lá na terra. Emocionado,
usou a mesma frase que o homem havia usado para ele: “Pode chamar todos eles; a
gente dá um jeito”. Assim todos entraram no céu e fizeram a festa, a festa que
não tem mais fim.
Os
peregrinos são como ovelhas desgarradas. Precisamos acolhê-los.
Neste Dia
Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, peçamos a Maria
Santíssima, a Mãe da Igreja, que interceda por nós junto do seu Filho, para que
tenhamos muitas e santas vocações!
O bom
pastor dá a vida por suas ovelhas.
Padre
Queiroz
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"Jesus
nos diz que vai chegar a hora em que haverá um só rebanho e um só pastor."
- Maria Regina
Jesus Cristo é o Modelo do Bom Pastor! Ele mesmo nos diz isto e nos ensina que
"o bom pastor dá a vida por suas ovelhas". Aqui na terra nós todos
também somos chamados a pastorear as ovelhas do rebanho do Senhor. A nós,
homens e mulheres, pais, mães, educadores, religiosos, governantes e todos os
que estamos à frente de algum empreendimento e que conduzimos os filhos de
Deus, Ele nos confiou a missão de zelar pelo Seu rebanho.
Precisamos, então, trabalhar para que isto aconteça, porque essa é a vontade do
Pai e ter em mente que o bom pastor não abandona as ovelhas que lhe são
entregues. Na nossa vida, nas mais diversas situações nós temos alguém que o
Senhor nos confia para pastorear. Temos que estar vigilantes e intuir se elas
realmente estão reconhecendo a nossa voz de pastor e se estamos dando a nossa
vida por elas. Dar a vida é dispensar cuidado, zelo, atenção, amor, para
exortar, direcionar, mas principalmente dar testemunho de vida.
Esta é, portanto, uma reflexão que nós precisamos fazer! Nós, porém, somos
apenas os representantes e auxiliares do Pastor Maior. Quando nos propomos a
pastorear o rebanho do aprisco de Jesus nós precisamos ter um espírito de
unidade com ovelhas de outros rebanhos. O próprio Jesus nos diz que vai chegar
a hora em que haverá um só rebanho e um só pastor.
A Igreja de Jesus
Cristo é uma só e mesmo que os Seus membros estejam temporariamente afastados,
nós sabemos que um dia, todos nós viveremos a Unidade do Espírito Santo.
Reflita – Você já assumiu a sua missão de pastor de alguém? – Em quem você se
espelha? – Você pode dar a vida por suas ovelhas? – – Quando o lobo chegar o
que você fará? Você conhece a voz das suas ovelhas? Você conhece a sua própria
voz? – A que conclusão você chega?
amém
abraço
carinhoso da professora
Maria
Regina
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“Jesus, o Verdadeiro Pastor”- Claudinei M. Oliveira.
Domingo, 29 de Abril de 2012.
Evangelho: Jo 10, 11-18
Damos graças ao Nosso Bom Deus por nós
terdes dado este lindo domingo para agradecermos e bendizermos o Santo Nome da
Libertação. Nosso Deus que muito nos quer bem, nos mostra a gratidão e o zelo
pelo seu povo. Para tanto, não deixou faltar nada para que as ovelhas sentissem
acolhidas e apascentadas no redil Sagrado do Templo.
Ao dizer “Eu sou o Bom Pastor”,
Jesus se põe em pé de igualdade com o Deus libertador do Êxodo que assim se deu
a conhecer a Moisés: “Eu sou aquele que sou” (Ex 3,14), e
assim quer ser lembrado de geração em geração para sempre. Jesus bom pastor é,
portanto, a memória e a presença viva do Deus que conduz o povo para fora das
garras dos malvados opressores que oprimem e diminuem a vida. Com Ele acontece
o êxodo definitivo: com Ele iniciamos o novo e definitivo êxodo rumo à vida em
plenitude que Deus quer para todos. Logo, Jesus dá a vida por suas ovelhas,
entrega-se totalmente para que a vida floresça e encante todo o universo. Ele é
a referência para que sigamos com orgulho seus passos.
Todavia, enquanto os mercenários
tiram a vida e a liberdade do povo; tratam com algoz o povo de Deus,
mutilam severamente muitos cristãos que relutam para manter-se vivo, Jesus,
nosso irmão e pastor, entrega-se holisticamente para os carnífices na intenção
de aliviar as dores da exploração.Jesus liberta, abre caminhos para
uma nova vida cheia de espiritualidade e energia para crescer junto do Pai.
Quem não ama o povo até
dar a vida por ele não é pastor, mas quem vê o lobo
estraçalhar o povo e salva a própria pele, ou pior, tira
vantagem disso,não merece o nome nem a função de pastor. O povo não o
ouve e nem o segue. O amor de Jesus transcendeu toda a esfera da imaginação
humana, foi ultra-maior, agiu na essência de quem realmente AMA. Não
deixou que os manipuladores dominassem os pobres filhos de Deus. Jesus
colocou-se na frente das feras para que o povo passasse sem ser machucado. Ele
machucou, foi retalhado, mas honrou seu serviço.
Jesus foi um pastor fiel e amoroso para
com todos. Não mimou somente as ovelhas já convertidas e apascentadas, mas
lutou para que as ovelhas distantes do redil pudessem abrir o coração e entrar
no caminho certo. Estas ovelhas merecem mais atenção e cordialidade, elas
estavam sem rumo e direção, estavam se perdendo para o mal, mas o Grande Pastor
enxergou e com maestria as cativou para seu rebanho.
Neste domingo do Bom Pastor também
celebramos o dia das pastorais. São muitas as pastorais que voltam seus
serviços para o bem do povo. Podemos citar algumas: pastoral da criança, da
saúde, dos enfermos, do dízimo, da mulher, da sobriedade, da liturgia, da
catequese, dos jovens, enfim, são muitas as pastorais que levam vidas para
muitas pessoas que estão mortas para Deus, porém, com suas pedagogias e
atenção, dão vidas novas para muitos. Elas fazem o serviço do Bom Pastor. Vão
atrás de cristãos que desiludiram da igreja, perderam a esperança de se
reencontrar-se, exauriram-se a fé no Deus. A Luz de Cristo não Brilha mais para
estas pessoas. Então cabe às pastorais motivá-las, enobrecê-las e fazê-las
enxergar o brilho lindo da Luz de Cristo. Mostrar para estas pessoas que o Deus
ainda continua na expectativa de tê-lo junto de si. Este Deus não desanima nuca
e coloca pessoas do bem na frente das pastorais para animar a fé do povo
cansado.
Assim, nas pastorais somos convocados a
exalar o odor do amor nas práticas para o bem. Ter o carinho necessário para
acolher cada vez mais irmãos perdidos e convencê-los de que vale a pena
mudar-se de vida.
Uma vida pautada na discórdia e na
desgraça não vale a pena. O homem foi feito para viver em harmonia entre todos.
A discórdia distância o homem da felicidade e também da comunidade. Empobrece a
essência do Ser no Cristo, preserva o mal e passa a atenuar maldade em tudo que
vai fazer. Nada para o homem discordiosos presta, a não ser fazer o mal. Logo,
Deus não existe e pode ser entrave na sua vida. Estas pessoas fazem certas
afirmações que chocam os tementes a Deus, ou seja, afirmam: esta vida é
uma desgraça só, não existe nada superior do que o homem e acreditar em
Deus é idiotice pura!São ovelhas arredias que precisam de um pastor que
tenha um jeitinho todo especial para chegar e convencer de que a vida no
Cristo é uma vida renovada. Prova disso foi à entrega de Cristo na Cruz para
dar a sua vida e para salvar a minha, a sua e a nossa vida.
Tanto que os discípulos foram
interrogados pelos homens da Lei por terem curado um enfermo. Isto não
poderia ter acontecido no entender dos anciãos e doutores da Lei. Mas Pedro
fala abertamente que foi a fé no Cristo Ressuscitado que o enfermo voltou a
viver às glorias de Deus, pois Jesus é a pedra que vós, os
construtores, desprezastes e que se tornou a pedra angular. Em nenhum
outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens
pelo qual possamos salvar. Agora podemos perguntar: quem é o
verdadeiro pastor que salva e dá vida para todos? Somente Jesus pode ser
chamado de pastor, pois levou a mensagem de mudança, instituiu a igreja
peregrina e Santa e animou uma comunidade de discípulo para dar
continuidade no Projeto de Libertação. Não adianta o homem querer diminuir a
força de Deus, pois Ele é maior, Ele é a pedra perfeita que se encaixa em todos
os espaços para o bem servir.
Como cantamos no salmo de hoje (Salmo
117) é melhor buscar refúgio no Senhor do que pôr no ser humano a
esperança e do que contar com os poderosos. Somente o Senhor é a
fortaleza que nos protege e nos guarda. Mas se preferirmos encostar-se aos
humanos e nos poderosos a solicitude, o amor de Deus não será contemplado. O
homem transpira cobiça, mas Deus transpira o amor. Portanto, estar com Deus é a
melhor opção.
Portanto, é preciso conhecer o Filho do
Homem para poder chegar até ao Pai. Ele foi generoso com todos e cuidou com
muito carinho para que ninguém se perdesse. Como disse na Leitura da Primeira
Carta de São João desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se
manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifesta, seremos
semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. Sejamos caros
irmãos verdadeiros pastores que apascentam ovelhas desgarradas para o Reino.
Assim seja, amém!
Claudinei M. Oliveira.
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Jesus
é o Bom Pastor – Don. Henrique Soares
Este quarto
domingo da Páscoa é conhecido como domingo do Bom Pastor, pois nele se lê
sempre um trecho do capítulo 10 de são João, onde Jesus se revela como o Bom
Pastor. Mas, o que isso tem a ver com o tempo litúrgico que ora estamos
vivendo? A resposta, curta e graciosa, encontra-se na antífona de comunhão que
o missal romano traz: “Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida pelas ovelhas e
quis morrer pelo rebanho!” Aqui está tudo!
“Eu sou o
bom pastor” – disse Jesus. O adjetivo grego usado para “bom” significa mais que
bom: é belo, perfeito, pleno, bom. Jesus é, portanto, o pastor por excelência,
aquele pastor que o próprio Deus sempre foi. Pela boca de Ezequiel profeta,
Deus tinha prometido que ele próprio apascentaria o seu rebanho: “Eu mesmo
cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu
mesmo lhe darei repouso” (34,11.15). Pois bem: Jesus apresenta-se como o
próprio Deus pastor do seu povo!
Mas, por que
ele é o belo, o perfeito, o pleno Pastor? Escutemo-lo: O bom pastor dá a vida
por suas ovelhas. É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida, para
depois recebê-la novamente. Ninguém tira a minha vida; eu a dou por mim mesmo!
Tenho o poder de entregá-la e o poder de retomá-la novamente; esse é o preceito
que recebi do meu Pai”.
São palavras
de intensidade inexaurível, essas! Jesus é o pastor perfeito porque é capaz de
dar a vida pelas ovelhas: ele as conhece, ou seja, é íntimo delas, as ama, e
está disposto a dar-se totalmente pelo rebanho, por nós! E, mesmo na dor, faz
isso livremente, em obediência amorosa à vontade do Pai por nós! Por amor,
morre pelo rebanho; por amor ressuscita para nos ressuscitar! Nós jamais
poderemos compreender totalmente este mistério! Jesus diz que conhece suas
ovelhas como o Pai o conhece e ele conhece o Pai! É impossível penetrar em tão
grande mistério! Conhecer, na Bíblia, quer dizer, ter uma intimidade profunda,
uma total comunhão de vida. A comunhão de vida entre o Pai e o Filho é total, é
plena. Pois bem, Jesus diz que essa mesma comunhão ele tem com suas ovelhas. E
é verdade! No batismo, deu-nos o seu Espírito Santo, que é sua própria vida de
ressurreição; na eucaristia, dá-se totalmente a nós, morto e ressuscitado,
pleno desse mesmo Espírito, como vida da nossa vida! De tal modo é a união, de
tal grandeza é a comunhão, de tal profundidade é a intimidade, que ele está em
nós e nós estamos mergulhados, enxertados e incorporados nele! De tal modo, que
somos uma só coisa com ele, seja na vida seja na morte! De tal sorte ele nos
deu o seu Espírito de Filho, que são João afirma na segunda leitura de hoje:
“Somos chamados filhos de Deus. E nós o somos!”
Compreendamos:
somos filhos de verdade, não só figurativamente! Somos filhos porque temos em
nós a mesma vida, o mesmo Espírito Santo que agora plenifica o Filho
ressuscitado! E são João continua, provocante: “Se o mundo não nos conhece, é
porque não conheceu o Pai!” Ou seja: se, para o mundo, nós somos apenas uns
tolos, uns nada, se o mundo não consegue compreender essa maravilhosa realidade
– que somos filhos de Deus – é porque também não experimentou, não conheceu que
Deus é o Pai de Jesus, o Filho eterno, o Bom Pastor, que nos faz filhos como
ele é o Filho único, agora tornado primogênito de muitos irmãos! Mas, a Palavra
de Deus nos consola e anima: “Quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque o veremos tal como ele é!” Este é o destino da humanidade, este é o
nosso destino: ser como Jesus ressuscitado, trazer sua imagem bendita,
participar eternamente da sua glória! Para isso Deus nos criou desde o
princípio! Não chegar a ser como Jesus ressuscitado, não ressuscitar com ele –
nesta vida já pelos sacramentos, e na outra, na plenitude da glória – é
frustrar-se. E isso vale para todo ser humano, pois “em nenhum outro há salvação,
pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos
ser salvos!” Por isso mesmo, Jesus afirma hoje, pensando nos não-cristãos:
“Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também a elas devo
conduzir; elas escutarão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor!”
Voltemos o
nosso olhar para Aquele que foi entregue por nós e por nós ressuscitou. Olhemos
seu lado aberto, suas mãos chagadas. Quanto nos ama, quanto se deu a nós!
Agora, escutemo-lo dizer: ”Eu sou o bom pastor! Eu conheço as minhas ovelhas!
Eu dou a minha vida pelas ovelhas!” Num mundo de tantas vozes, sigamos a voz de
Jesus! Num mundo de tantas pastagens venenosas, deixemos que o Senhor nos
conduza às pastagens verdadeiras, que nos dão vida plena e sacia nosso coração!
Num mundo que nos tenta seduzir com tantos amores, amemos de todo coração
Aquele que nos amou e por nós se entregou ao Pai!
Hoje é
também jornada mundial de oração pelas vocações sacerdotais e religiosas.
Peçamos ao Senhor, Bom Pastor, que dê à Igreja e ao mundo pastores segundo o
seu coração, pastores que, nele e com ele, estejam dispostos a fazer da vida
uma total entrega pelo rebanho; pastores que tenham sempre presente qual a
única e imprescindível condição para pastorear o rebanho do Bom Pastor: “Simão,
tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,15s). Eis a condição: amar o
Pastor! Quem não é apaixonado por Jesus não pode ser pastor do seu rebanho! Não
se trata de competência, de eficiência, de vedetismo ou brilhantismo; trata-se
de amor! Se tu amas, então apascenta! Como dizia santo Agostinho, “apascentar é
ofício de quem ama”.
Que o Senhor
nos dê os pastores que sejam viva imagem dele; que Cristo nos faça verdadeiras
ovelhas do seu rebanho.
dom
Henrique Soares da Costa
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O modelo de pastor
Estamos
habituados a repetir a expressão “Bom Pastor”, aludindo sempre ao trecho do
evangelho a ser lido hoje. O adjetivo bom é muito pouco para o que Jesus quer
dizer. Ele não é apenas um pastor bom, ele é o verdadeiro, o autêntico pastor,
o modelo de pastor.
Ezequiel
(cap. 34) já falara dos dirigentes do povo como pastores, para os quais só
interessavam a carne e a lã das ovelhas, que não cuidavam da fraca e da doente
e ainda permitiam que as mais fortes afastassem do cocho as mais fracas com os
chifres ou com as ancas. No lugar deles, Deus, o dono das ovelhas, iria ele
mesmo ser o pastor.
Jesus se
apresenta como verdadeiro pastor em oposição ao assalariado, a quem,
naturalmente, o que interessa é garantir o seu salário, as ovelhas que se
danem. O autêntico pastor arrisca a vida pelas ovelhas.
Pouco antes
ele havia dito que os outros dirigentes do judaísmo só vieram para roubar,
sacrificar, destruir, enquanto ele veio para que todos tenham vida e vida
plena. O verdadeiro pastor dá a vida para que as ovelhas tenham vida.
1ª leitura
(At. 4,8-12)
Só a fé na
ressurreição de Jesus, na sua vida nova, a certeza de que Deus está do lado
dele e aprovou sua morte dão a Pedro, que tremeu diante de uma empregada, a
coragem de dizer o que diz agora diretamente aos chefes.
Reúnem-se
todas as autoridades judaicas: Anás, Caifás e toda a família de sumos
sacerdotes, os anciãos, os grandes proprietários membros do Sinédrio, como
também escribas que faziam parte desse conselho. Interrogam Pedro e João para
saber com que autoridade, em nome de quem, eles fizeram o paralítico se
levantar.
A resposta
de Pedro é o texto da primeira leitura de hoje. O mesmo que negara ser
discípulo diante de uma funcionária de um desses chefes agora fala abertamente
a todos eles. Eles mesmos o reconhecem na continuação do episódio. Onde ele
encontrou tamanha força?
“Estamos
sendo acusados de fazer o bem”, diz Pedro. Isso mostra que esses chefes
preferem que o povo continue sofrendo, contanto que eles não percam a sua
autoridade. Não querem que os paralíticos se levantem.
Pedro os
acusa diretamente: foram eles mesmos que, como maus pedreiros, descartaram
aquela pedra que Deus, o verdadeiro mestre de obras, colocou como pedra
principal.
“Pedra
angular”, o termo hebraico que se encontra no Salmo 118(117), pode significar
tanto a pedra da quina do alicerce, que apoia duas paredes, como a pedra que
fecha um arco e lhe dá estabilidade.
O rejeitado
pelas autoridades religiosas deste mundo, o que foi descartado por aqueles que
se julgavam os donos da situação, tornou-se único caminho de salvação para a
humanidade. Outro caminho não há a não ser o que passa pela cruz.
2ª leitura
(1Jo 3,1-2)
O autor
tinha dito no final do trecho anterior que “todo aquele que pratica a justiça nasceu
de Deus”. Agora ele passa a falar da grandeza de sermos filhos de Deus. O
prólogo do evangelho já colocava no seu centro (vv. 12-13) o pensamento de que
Cristo nos deu o poder de nos tornarmos filhos de Deus.
Só que, na
rede de comunidades do Discípulo Amado, algumas estavam dizendo que quem já é
filho de Deus nada mais tem a esperar depois da morte, já está glorificado com
Cristo. Não separavam o “já” do “ainda não”.
Sim, é um
grande dom do amor do Pai, já somos filhos de Deus não só de nome, mas de
verdade. É por isso que o mundo não nos entende nem reconhece a nós nem ao Pai.
Mas o que
temos como um botão de rosa ainda não desabrochou. Isso só vai acontecer quando
o Cristo vier. Só então seremos plenamente semelhantes a ele, porque o
estaremos vendo ou sentindo como ele é de verdade.
Evangelho
(Jo 10,11-18)
O pastor,
para um povo de origem nômade, é figura de grande importância. A comparação do
pastor na Bíblia foi usada primeiramente para falar dos governantes, quase
sempre para criticar a corrupção e o descaso com o povo.
O capítulo
34 de Ezequiel é clássico nesse sentido. Os governantes ou pastores só estavam
interessados no que podiam aproveitar das ovelhas, a carne e a lã.
Das ovelhas
mesmo não cuidavam, não curavam a ferida, não procuravam a que se perdera, não
enfaixavam a que quebrou a perna, não cuidavam de alimentar as fracas e magras
e ainda permitiam que as mais fortes afastassem as mais fracas do cocho,
impedindo que elas se alimentassem. Ao final, o próprio Deus será o verdadeiro
pastor, ele que é o dono das ovelhas.
O capítulo
10 do Evangelho de João está ainda no contexto da cura do cego de nascença e do
conflito a propósito disso entre Jesus e os chefes judeus. O cego de nascença
representa bem quem nasceu naquele sistema que um grupo de fariseus, na época
em que o evangelho foi escrito, estava impondo a todos. Eles eram os guias, e o
restante do povo era cego e devia continuar como cego. Jesus, porém, abre-lhe
os olhos.
Jesus havia
dito um pouco antes: “Aqueles que vieram antes de mim vieram para roubar,
sacrificar, destruir; eu vim para que todos tenham a vida e vida plena”. Aí
está o grande contraste entre os falsos e o verdadeiro pastor.
A
conhecidíssima expressão “Bom Pastor” pode prestar-se à confusão, pode levar a
pensar em Jesus somente como um Pastor bom. É muito mais: o adjetivo grego
utilizado pelo evangelista, kalós, não significa bom, e sim correto, legítimo,
verdadeiro, autêntico. Com esse sentido, ele aparece em várias palavras do
nosso vocabulário, como em “caligrafia”, escrita correta, dentro dos padrões,
elegante, e em “califasia”, pronúncia correta, elegante.
Jesus é o
autêntico Pastor, modelo dos pastores. No evangelho, ele é posto em contraste
com o assalariado ou mercenário, aquele que só pensa em receber seu salário. Os
que vieram antes de Jesus (depois, não se sabe) só vieram para cuidar dos
próprios interesses “roubar, sacrificar, destruir”. Intencionalmente, o
evangelista usa o verbo “sacrificar” e não “matar”, como muitas vezes se
traduz, para lembrar justamente o sacrifício das ovelhas no Templo.
O Verdadeiro
Pastor faz o contrário: sacrifica a própria vida para que as ovelhas tenham
vida. O mercenário, o assalariado, o mero funcionário, não é o lobo que ataca e
dispersa as ovelhas, mas tem medo dele; está ali, ele pensa, para cuidar de si
e não das ovelhas; ele não é capaz de se arriscar, de se sacrificar, mas foge,
e o lobo fica livre para agir.
O Verdadeiro
Pastor conhece as ovelhas e é conhecido por elas. Não apenas conhece cada uma
pelo nome, como já foi dito no início do capítulo, mas tem íntima relação com o
conjunto das ovelhas. Elas têm experiência do seu amor, que o levou a dar a
vida por elas e a comunicar-lhes o espírito desse amor. Sua intimidade é
grande, à semelhança da intimidade entre Jesus e o Pai.
Jesus diz
ter outras ovelhas que não são “deste aprisco”, costuma-se traduzir. O
evangelho utiliza aqui a mesma palavra (aule) empregada para falar do átrio ou
recinto do sumo sacerdote. O átrio, o recinto, a área, o espaço, o “aprisco” do
sumo sacerdote é o ambiente da religião judaica, de onde vieram os primeiros
discípulos. Mas Jesus tem outros, de fora, das nações; ele é o “Salvador do
mundo”, já disseram os samaritanos (Jo 4,42).
Todos hão de
seguir a voz do Pastor, e único será o rebanho, como único é o pastor. As
dificuldades porventura existentes devem ser superadas. Isso vai acontecer na
“hora” de Jesus, quando sua mãe, representando as ovelhas deste aprisco, e o
Discípulo, representando as que “não são”, vão se acolher como mãe e filho.
O Pai ama Jesus
porque ele dá a vida para que tenha vida novamente; ele o faz livremente,
ninguém lhe tira a vida. Amor sob coação não é amor. O Pai o ama porque ele nos
ama. Era isso o que o Pai queria. O mandamento do Pai era que Jesus amasse até
o fim. O mandamento de Jesus é que nós façamos o mesmo.
Dicas para
reflexão
– Pedro, que
tremeu diante de uma empregada, agora, na segurança de que Jesus está vivo e
está com ele, tem toda a tranquilidade para falar claro e acusar os próprios
patrões daquela empregada. Isso é testemunhar a ressurreição do Senhor.
– Aquela
pedra, que os que se consideravam construtores do mundo descartaram, foi
escolhida por Deus para ser a pedra principal, seja do alicerce, seja do
acabamento. Acreditamos nisso?
– Jesus não
é um pastor bonzinho. É o único e autêntico capaz de livremente entregar a
sua vida
pelas ovelhas. Não há como fugir disso aí.
– Os falsos
pastores só pensam no seu interesse. Em vez de se sacrificarem pelo povo,
tendem a sacrificar o povo em seu proveito próprio.
– A eucaristia
celebra sempre o sacrifício do Verdadeiro Pastor em prol das ovelhas, para que
tenham vida e vida plena. Ele se dá em pedaços e deixa beber o seu sangue para
chegarmos à comunhão, à plenitude de vida, assim na terra como no céu.
padre
José Luiz Gonzaga do Prado
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Aquele que é o pastor bom
Este é o
domingo do Bom Pastor, o domingo das vocações sacerdotais e religiosas.
Continuamos a viver as alegrias do tempo pascal. Há muitos títulos dados a
Jesus. Ele é porta, caminho, verdade e vida. Uma das maneiras mais densas,
profundas e encantadoras de designar Jesus é, sem dúvida, de designá-lo de
pastor, mais precisamente de bom pastor. No evangelho hoje proclamado
Jesus afirma belamente: “Eu sou o bom pastor”.
Pastor,
palavra rica de significados, imagem pontilhada de cores de ternura. Os urbanos
não conseguem apreciar essa imagem. Os que moram no campo conhecem seu encanto.
Pastor, homem forte, disposto, vigilante, aquele que se levanta cedo, que dá de
comer aos cordeiros e ovelhas. Abre os portões, vê saírem as ovelhas
sadias e os cordeiros vigorosos. Há também animais doentes, lerdos, com
as pernas machucadas. O pastor pensa em todas as ovelhas. Torna as vigorosas
mais fortes. Conforta as frágeis e as raquíticas. “O bom pastor dá a vida pelas
ovelhas”.
Há pastores
que são pagos, mercenários, exploradores. Não amam as ovelhas que não são suas.
Não permitem que surjam laços de amor entre seu interior e o coração das
ovelhas. “ O mercenário que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo
chegar, abandona as ovelhas e foge e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele é
apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas”.
Há uma
cumplicidade amorosa entre o bom pastor e as ovelhas. Eles se conhecem. As
ovelhas conhecem o tom amoroso da voz do pastor e o pastor sabe quando as
ovelhas choram ou exprimem alegria. Os dois se conhecem.
Continuamos
nós, ovelhas de seu rebanho, sendo alimentados pelo Bom Pastor, pelo Cristo
ressuscitado. Ele nos perdoa os pecados, alimenta a fé, corrige os desvios.
Tudo é possível por causa do amor extremado do pastor: “Eu dou minha vida
pelas ovelhas (…) Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo…”.
Que bela a
missão dos padres, desses pastores de nossas igrejas e capelas, desses
homens que são confidentes de Deus e que amam os seus com exclusividade
preciosa. Que bom ver esses homens se gastando para que os seus
tenham sempre à disposição a mesa da Palavra e do Pão da vida, esses homens
que sofrem por ver que muitos caem em valas com espinhos, esses que inventam
meios e modos de chegar até o fundo coração das pessoas para que elas se
convertam ao Pastor.
Há muitas
ovelhas que ainda precisam ouvir a voz do Pastor através de seus
pastores.
frei Almir Ribeiro Guimarães
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O Bom Pastor dá sua vida
O tema
central da liturgia de hoje (evangelho) é a alegoria do Bom Pastor. Na primeira
parte da alegoria, João comparou Jesus com a porta do redil, porta pela qual
entra o pastor e pela qual sai o rebanho conduzido pelo pastor. Quem
não entra pela porta que é Jesus não é pastor, mas assaltante. Na segunda
parte, lida hoje, Cristo é o próprio pastor, em oposição
aos mercenários: imagens tomadas de Ez. 34. Os mercenários não dão sua
vida pelo rebanho. Jesus, sim. Todo mundo entende esta comparação. O
sentido é obvio: Jesus deu, na cruz, sua vida por nós. Para Jo, porém, ela
esconde um sentido mais profundo: a vida que Jesus dá não é apenas a vida
física que ele perde em nosso favor, mas a vida de Deus que ele nos
comunica (exatamente ao perder sua vida física por nós). Esta idéia constitui a
ligação com a imagem precedente (a porta): em Jo 10,10b, Jesus diz que ele veio
para “dar a vida”, e dá-la em abundância; e continua, em 10,11, apontando sua
própria vida como sendo esta vida em abundância que ele dá. Nos v. 17-18
aparece, então, que ele dá essa vida com soberania divina (ele tem o poder de
retomá-la; ninguém lha rouba): doando-se por nós, nos faz participar da vida
divina, porque entramos na comunhão do amor de Jesus e daquele que o enviou
(estas idéias são elaboradas em Jo 14-17, esp. 15,10.13; 17, 2.3.26 etc.).
A vida que
Jesus nos dá é o amor do Pai, que nos faz viver verdadeiramente e nos torna
seus filhos. Já agora temos certa experiência disso, a saber, na prática deste
amor que nos foi dado. Mas essa experiência é ainda inicial; manifestar-se-á
plenamente quando o Cristo for completamente manifestado na sua glória: então,
seremos semelhantes a ele. Desde já, nossa participação desta vida divina nos
coloca numa situação à parte: na comunidade do amor fraterno, que o mundo não
quer conhecer e, por isso, rejeita (1Jo 3,lc). É a “diferença cristã” (2ª
leitura).
Porém, a
diferença cristã não é fechada, mas aberta. É uma identidade não auto-suficiente,
mas comunicativa. Jo insiste várias vezes neste ponto: Jesus é a vítima de
expiação dos pecados não só de nós, mas do mundo inteiro (1Jo 2,2); Jesus tem
ainda outras ovelhas, que não são “deste redil” (10 10,16). O amor, que é a
vida divina comunicada pelo Pai na doação do Filho, verifica-se na comunidade
dos fiéis batizados, confessantes e unidos. Mas não se restringe a essa
comunidade. Não só porque existem outras comunidades, mas porque a salvação é
para todos.
A atuação
dos primeiros cristãos em Jerusalém (1ª leitura) deve ser entendida neste mesmo
sentido. Formam uma comunidade que, sociologicamente falando, pode ser
caracterizada como seita. Porém, não é uma seita auto-suficiente, mas
transbordante de seu próprio princípio vital, o “nome” de Jesus Cristo (= toda
a realidade que ele representa). Quando um aleijado, na porta do templo, dirige
a Pedro seu pedido de ajuda, este comunica-lhe o “nome” de Jesus (At. 3,6). Daí
se desenvolve todo um testemunho (narrado na liturgia de domingo passado).
Este testemunho leva à intervenção das autoridades, sempre desconfiadas dos
pequenos grupos testemunhantes. Pedro e João são presos e levados diante do
Sinédrio, que pergunta em que nome eles agem assim. “No nome de Jesus Cristo
Nazareno, crucificado por vós, mas ressuscitado por Deus… Em nenhum outro nome
há salvação, pois nenhum outro nome foi dado sob o céu por quem possamos ser
salvos” (At. 4,10-12; cf. Jo 17,3: “A vida eterna é esta: que te conheçam … e
àquele que tu enviaste”). É essa a conclusão do sinal do aleijado da Porta
Formosa: a cura que lhe ocorreu significava a “vida” em Jesus Cristo. Esta deve
também ser a conclusão de todo agir cristão no mundo: dar a vida de Cristo ao
mundo, pelo testemunho do amor. Tal testemunho convida a participar do amor do
qual Jesus nos fez participar, dando sua vida “por seus amigos”. Isto é
pastoral.
Johan
Konings "Liturgia dominical"
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Jesus já se
auto-proclamara a porta do redil das ovelhas, pela qual entra o pastor. Agora
se declara como o bom pastor. É ele quem conduz para a vida plena. A imagem do
pastor e das ovelhas é comum nos textos dos profetas no Primeiro Testamento,
sendo o povo de Israel as ovelhas de Javé. O mercenário, alusão aos fariseus e
chefes religiosos de Jerusalém que rejeitaram Jesus (cf. primeira leitura), não
se importa com as ovelhas. O que lhe importa é o dinheiro que o beneficia em S.
Filipe e S. Tiago, Apóstolos sua função de pastor. Jesus é o bom pastor que dá
a vida por suas ovelhas. Toda sua vida foi dom e comunicação do amor que
vivifica. Neste dom não há temor nem fuga diante da morte. Em Jesus habita o
Pai, e o amor que o une ao Pai é uma fonte de vida que transborda para todos, homens
e mulheres que vivem no mundo. Como bom pastor, ele conhece suas ovelhas e elas
o conhecem. O conhecimento é fruto do convívio e do diálogo, e gera o amor.
Para Jesus
não existe massa humana amorfa. Ele mantém uma relação pessoal e amorosa com
cada um. Chama cada um pelo nome e para cada um fala ao coração. A relação de
conhecimento e amor entre Jesus e suas ovelhas é da mesma natureza que a
relação entre Jesus e o Pai. Pelo conhecimento e pelo amor a Jesus nos
inserimos na vida divina trinitária com o dinamismo da união entre o Pai e o
Filho, no Amor. As relações de conhecimento e amor de Jesus não se restringem a
um único rebanho, a um único grupo de eleitos. O dom da vida de Jesus tem um
alcance universal. João, já no prólogo de seu Evangelho, caracteriza a dimensão
universal deste dom: Jesus é a luz verdadeira que ilumina todo ser humano, e a
todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,9.12).
O vínculo de
unidade em torno de Jesus é amor que liberta, promove a justiça e gera a vida,
e não é restrito a nenhuma profissão de fé particular. Deus é a plenitude do
amor e da vida. A vida de Jesus está, por sua natureza divina, toda perdida e
reencontrada nesta plenitude. Presente entre nós, ele quer que sejamos
mergulhados em sua vida divina. Entregando nossa vida a Jesus, em comunhão de
conhecimento e amor, fazendo a vontade do Pai, nos tornamos filhos de Deus
(segunda leitura) e participamos da vida eterna.
padre
Jaldemir Vitório
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A dimensão universal do dom de Jesus
Jesus já
havia proclamado: "Eu sou a porta do redil das ovelhas" (cf. 30
abr.). Agora se identifica com o bom pastor. Com estas proclamações, Jesus
afirma-se como o modelo para os que têm a responsabilidade de estar à frente
das comunidades.
Qualquer
imagem é limitada para exprimir a realidade da missão de Jesus, que ultrapassa
as nossas comuns experiências de vida. Em contraste à imagem do bom pastor é
apresentada a imagem do "assalariado" (misthôtós). Esta imagem, que
pode comportar certa ambiguidade, indica a situação de alguém que se coloca a
serviço de outrem em troca de um salário, situação esta questionável do ponto
de vista socioeconômico e dos direitos humanos. O termo pejorativo
"mercenário" se aplica àquele que só se importa com o dinheiro que
vai receber; na história é comum a formação de exércitos de mercenários para
fazer a guerra, o que acontece, hoje, com os exércitos que estão sendo enviados
para fazer a guerra no Oriente. Isto não significa que os assalariados, em
geral, sejam mercenários, pois, diante da necessidade da sua sobrevivência,
comumente eles se dedicam ao cumprimento dos deveres impostos pelos patrões.
Com a imagem
do assalariado mercenário é feita uma alusão aos chefes das sinagogas e do
Templo de Jerusalém que rejeitam Jesus e oprimem o povo, cuidando apenas do
dinheiro que sua função proporciona. Na primeira leitura, Pedro, que havia sido
encarcerado, ao ser trazido diante dos membros do Sinédrio, do sumo sacerdote,
de anciãos e escribas, destemidamente, acusa-os de terem rejeitado Jesus e de o
terem crucificado.
Esta imagem
do mercenário é, também, uma advertência contra aqueles que, na comunidade,
assumem posições de liderança por interesses pessoais, por vaidade, ou por
desejo de poder. Na hora das dificuldades são omissos em seus compromissos com
a comunidade.
A imagem do
"bom pastor", na parábola, se aplica àquele que cuida das ovelhas
fazendo a vontade do Pai em comunhão de amor. Jesus é o bom pastor. É ele quem
comunica a vida plena. Em Jesus habita o Pai, e o amor que o une ao Pai é uma
fonte de vida que transborda para todos os homens e mulheres que vivem no
mundo. É por este amor que somos filhos de Deus, participantes da vida divina e
eterna (segunda leitura).
Como bom
pastor, Jesus conhece suas ovelhas e elas o conhecem. O conhecer as ovelhas, e
ser conhecido por elas, é uma qualidade fundamental do pastor, sendo fruto do
convívio e do diálogo, fortalecendo o amor. O conhecer leva à proximidade, à
solidariedade, à comunhão. Ao dedicar sua vida a suas ovelhas, o pastor está
comunicando vida a elas. E foi esta a missão que Jesus recebeu do Pai: como
pastor, dar sua vida divina pelas ovelhas de todos os redis, sem fronteiras,
sem eleições particulares e sem limites. João, já no prólogo de seu evangelho,
caracteriza esta dimensão universal do dom de Jesus: Jesus é a luz verdadeira
que ilumina todo homem, e a todos que o receberam deu o poder de se tornarem
filhos de Deus (Jo 1,9.12).
Para Jesus
não existe massa humana amorfa. Jesus mantém uma relação pessoal e amorosa com
cada um. Chama a cada um pelo nome e a cada um fala ao coração. A relação de
conhecimento e amor entre Jesus e suas ovelhas é de mesma natureza que a
relação entre Jesus e o Pai. Pelo conhecimento e pelo amor a Jesus e ao nosso
próximo, inserimo-nos na vida divina trinitária, em comunhão de vida com o Pai
e o Filho, no Amor.
José
Raimundo Oliva
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O 4º domingo
da Páscoa é considerado o “domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a
liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo
João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema
central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
O Evangelho
apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e
desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As
ovelhas sabem que podem confiar n’Ele de forma incondicional, pois Ele não
busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer
ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz
e segui-l’O no caminho do amor e da entrega.
A primeira
leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que “não existe debaixo do céu
outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (neste “domingo do
Bom Pastor” dizer que Jesus é o “único salvador” equivale a dizer que Ele é o
único pastor que nos conduz em direção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para
não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras
sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na segunda
leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de
Deus pelo homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está
apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de
fragilidade. O objetivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos
“semelhantes” a Ele.
1ª leitura –
At. 4,8-12 - AMBIENTE
O testemunho
sobre Jesus e sobre a libertação que Ele veio oferecer aos homens, manifestado
nos gestos (cura do paralítico, à entrada do Templo de Jerusalém – cf. At.
3,1-11) e nas palavras de Pedro (discurso à multidão, à entrada do Templo – cf.
At. 3,12-26), provoca a imediata reação das autoridades judaicas e a
consequente prisão de Pedro e de João. É a reação lógica dos que pretendem
perpetuar os sistemas de escravidão e de opressão.
Assim, Pedro
e João são presos e conduzidos diante do Sinédrio – a autoridade que
superintendia à organização da vida religiosa, jurídica e econômica dos judeus.
Presidido pelo sumo-sacerdote em funções, o Sinédrio era constituído por 70
membros, oriundos das principais famílias do país. Na época de Jesus, o
Sinédrio era, ao que parece, dominado pelo grupo dos saduceus, os quais negavam
a ressurreição. No Sinédrio havia, também, um grupo significativo de fariseus,
os quais aceitavam a ressurreição… No entanto, os dois grupos vão pôr de lado
as suas divergências particulares para fazerem causa comum contra os discípulos
de Jesus. A pergunta posta aos apóstolos pelos membros do Sinédrio é: “com que
poder ou em nome de quem fizestes isto?” (At. 4,7). O texto que a nossa
primeira leitura nos apresenta é a resposta de Pedro à questão que lhe foi
posta.
É mais do
que provável que o episódio assente, em geral, em bases históricas… O
testemunho sobre esse Messias crucificado pouco antes pelas autoridades
constituídas devia aparecer como uma provocação e provocar uma natural reação
dos líderes judaicos. No entanto, o episódio, tal como nos é apresentado,
sofreu retoques de Lucas, empenhado em demonstrar que a reação negativa do
“mundo” não pode nem deve calar o testemunho dos discípulos de Jesus.
MENSAGEM
O texto que
nos é proposto é, sobretudo, uma catequese destinada aos crentes,
mostrando-lhes como se deve concretizar o testemunho dos discípulos,
encarregados por Jesus de levar a sua proposta libertadora a todos os homens.
Antes de
mais, Lucas observa que Pedro está “cheio do Espírito Santo” (v. 8). Os
cristãos não estão sozinhos e abandonados quando enfrentam o mundo para lhes
anunciar a salvação. É o Espírito que conduz os discípulos na sua missão e que
orienta o seu testemunho. Cumpre-se, assim, a promessa que Jesus havia feito
aos discípulos: “quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às
autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa, pois
o Espírito Santo vos ensinará, no momento próprio, o que haveis de dizer” (Lc.
12,11-12).
“Cheio do
Espírito Santo”, Pedro – aqui no papel de paradigma do discípulo que testemunha
Jesus e o seu projeto diante do mundo – transforma-se de réu em acusador… Os
dirigentes judaicos, barricados atrás dos seus preconceitos e interesses
pessoais, catalogaram a proposta de Jesus como uma proposta contrária aos
desígnios de Deus e assassinaram Jesus; mas a ressurreição demonstrou que Jesus
veio de Deus e que o projeto que Ele apresentou tem o selo de garantia de Deus.
Citando um salmo (cf. Sl. 118,2), Pedro compara a insensatez dos dirigentes
judaicos à cegueira de um construtor que rejeita como imprestável uma pedra que
vem depois a ser aproveitada por outro construtor como pedra principal num
outro edifício (v. 11). Jesus é a pedra base desse projeto de vida nova e plena
que Deus quer apresentar aos homens. A prova é esse paralítico, que adquiriu a
mobilidade pela ação de Jesus (“é por Ele que este homem se encontra
perfeitamente curado na vossa presença” – v. 10).
Na
realidade, Jesus é a fonte única de onde brota a salvação – não só a libertação
dos males físicos, mas a salvação entendida como totalidade, como vida
definitiva, como realização plena do homem. Jesus (o nome hebraico “Jesus”
significa “Jahwéh salva”) é o único canal através do qual a salvação de Deus
atinge os homens (v. 12). Com esta afirmação solene e radical, Lucas convida os
cristãos a serem testemunhas da salvação, propondo aos homens Jesus Cristo e
levando os homens a aderirem, de forma total e incondicional, ao projeto de
vida que Cristo veio oferecer.
Uma nota,
ainda, para registrar a forma corajosa e desassombrada como Pedro dá testemunho
de Jesus, mesmo num ambiente hostil e adverso. Lucas sugere que é desta forma
que os discípulos hão-de anunciar Jesus e o seu projeto de salvação. Nada nem
ninguém deverá parar e calar os discípulos, chamados a colaborar com Jesus no
anúncio da salvação.
Em resumo:
os discípulos receberam a missão de apresentar, ao mundo e aos homens, Jesus
Cristo, o único Salvador. É o Espírito que os anima nessa missão e que lhes dá
a coragem para enfrentar a oposição dessas forças da opressão que recusam a
proposta libertadora de Jesus.
ATUALIZAÇÃO
• A
catequese que Lucas nos propõe neste trecho do livro dos Atos dos Apóstolos,
apresenta Jesus como o único Salvador, já que “não existe debaixo do céu outro
nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos”. Lucas avisa-nos, desta
forma, para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos,
por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação. Por
vezes, o caminho de salvação que Jesus nos propõe, está em flagrante
contradição com os caminhos de “salvação” que nos são propostos pelos líderes
políticos, pelos líderes ideológicos, pelos líderes da moda e da opinião
pública; e nós temos que fazer escolhas coerentes com a nossa fé e com o nosso
compromisso cristão. Na hora de optarmos, não esqueçamos que a proposta de
Jesus tem o selo de garantia de Deus; não esqueçamos que o caminho proposto por
Jesus (e que, tantas vezes, à luz da lógica humana, parece um caminho de
fracasso e de derrota) é o caminho que nos conduz ao encontro da vida plena e
definitiva, ao encontro do Homem Novo.
• Depois de
dois mil anos de cristianismo, parece que nem sempre se nota a presença efetiva
de Cristo nesses caminhos em que se constrói a história do mundo e dos homens.
O verniz cristão de que revestimos a nossa civilização ocidental não tem
impedido a corrida aos armamentos, os genocídios, os atos bárbaros de
terrorismo, as guerras religiosas, o capitalismo selvagem… Os critérios que
presidem à construção do mundo estão, demasiadas vezes, longe dos valores do
Evangelho. Porque é que isto acontece? Podemos dizer que Cristo é, para os
cristãos, a referência fundamental? Nós cristãos fizemos d’Ele, efetivamente, a
“pedra angular” sobre a qual construímos a nossa vida e a história do nosso
tempo?
• Através do
exemplo de Pedro, Lucas sugere que o testemunho dos discípulos deve ser
desassombrado, mesmo em condições hostis e adversas. A preocupação dos
discípulos não deve ser apresentar um testemunho politicamente correto, que não
incomode os poderes instituídos e não traga perseguições à comunidade do Reino;
mas deve ser um discurso corajoso e coerente, que tem como preocupação
fundamental apresentar com fidelidade a proposta de salvação que Jesus veio
fazer.
• Os
discípulos de Jesus não estão sozinhos, entregues a si próprios, nessa luta
contra as forças que oprimem e escravizam os homens. O Espírito de Jesus
ressuscitado está com eles, ajudando-os, animando-os, protegendo-os em cada
instante desse caminho que Deus lhes mandou percorrer. Nos momentos de crise,
de desânimo, de frustração, os discípulos devem tomar consciência da presença
amorosa de Deus a seu lado e retomar a esperança.
• Os líderes
judaicos são, mais uma vez, apresentados como modelos de cegueira e de
fechamento face aos desafios de Deus. São “maus pastores”, preocupados com os
seus interesses pessoais e corporativos, que impedem que o seu Povo adira às
propostas de salvação que Deus faz. O seu exemplo mostra-nos como a
auto-suficiência, os preconceitos, o comodismo, levam o homem a fechar-se aos
desafios de Deus e a recusar os dons de Deus. Eles são, portanto, modelos a não
seguir.
2ª leitura –
1 Jo 3,1-2 - AMBIENTE
A primeira
Carta de João é, como já dissemos nos domingos anteriores, um escrito polêmico,
dirigido a comunidades cristãs nascidas no mundo joânico (trata-se, certamente,
de comunidades cristãs de várias cidades situadas à volta de Éfeso, na parte
ocidental da Ásia Menor). Estamos numa época em que as heresias começavam a
perturbar a vida dessas comunidades, lançando a confusão entre os crentes e
ameaçando subverter a identidade cristã. As principais questões postas pelos
hereges eram de ordem cristológica e ética. Em termos de doutrina cristológica,
negavam que o Filho de Deus tivesse encarnado através de Maria e que tivesse
morrido na cruz; na sua perspectiva, o Cristo celeste apenas veio sobre o homem
Jesus na altura do batismo, abandonando-o outra vez antes da paixão… Portanto,
a humanidade de Jesus é um fato irrelevante; o que interessa é a mensagem do
Cristo celeste, que Se serviu do homem Jesus para aparecer na terra. Do ponto
de vista ético e moral, estes hereges não cumprem os mandamentos e desprezam
especialmente o mandamento do amor ao irmão. Neste contexto, o autor da carta
vai apresentar aos crentes as grandes coordenadas da vida cristã autêntica.
O texto que
nos é proposto integra a segunda parte da carta (cf. 1 Jo 2,28-4,6). Aí, o
autor lembra aos crentes que são filhos de Deus e exorta-os a viver no dia a
dia de forma coerente com essa filiação. O contexto é sempre o da polêmica
contra os “filhos do mal” que não fazem as obras de Deus, porque não vivem de
acordo com os mandamentos.
MENSAGEM
Em jeito de
introdução à segunda parte da carta, o autor recorda aos cristãos que Deus os
constituiu seus “filhos”. O fundamento para essa filiação reside no grande amor
de Deus pelos homens (v. 1a). O título de “filhos de Deus” que os crentes
ostentam não é um título pomposo, mas externo e sem conteúdo; é um título
apropriado, que define a situação daqueles que são amados por Deus com um amor
“admirável” e que receberam de Deus a vida nova. Evidentemente, a condição de
“filhos” implica estar em comunhão com Deus e viver de forma coerente com as suas
propostas. Os “filhos de Deus” realizam as obras de Deus (um pouco mais à
frente, num desenvolvimento que não aparece na leitura que a liturgia de hoje
propõe, o autor da carta contrapõe aos “filhos de Deus” os “filhos do diabo” –
que são aqueles que rejeitam a vida nova de Deus, não praticam “a justiça, nem
amam o seu irmão” – cf. 1Jo 3,7-10).
A condição
de “filhos de Deus”, que fazem as obras de Deus, coloca os crentes numa posição
singular diante do “mundo”. Por isso, o “mundo” irá ignorar ou mesmo perseguir
os “filhos de Deus”, recusando a proposta de vida que eles testemunham. Não é
nada de novo nem de surpreendente: o “mundo” também recusou Cristo e a sua
proposta de salvação (v. 1b).
Apesar de
serem já, desde o dia do batismo (o dia em que aceitaram essa vida nova que
Deus oferece aos homens), “filhos de Deus”, os crentes continuam a caminho da
sua realização definitiva, do dia em que a fragilidade e a finitude humanas
serão definitivamente superadas. Então, manifestar-se-á nos crentes a vida plena
e definitiva, o Homem Novo plenamente realizado. Nesse dia, os crentes estarão
em total comunhão com Deus e serão, então, “semelhantes a Ele” (v. 2). A
filiação divina é uma realidade que atinge o crente ao longo da sua
peregrinação por esta terra e que implica uma vida de coerência com as obras e
as propostas de Deus; mas só no céu, após a libertação da condição de
debilidade que faz parte da fragilidade humana, o crente conhecerá a sua
realização plena.
ATUALIZAÇÃO
• Antes de
mais, o nosso texto recorda-nos que Deus nos ama com um amor “admirável” – amor
que se traduz no dom dessa vida nova que faz de nós “filhos de Deus”. Neste
domingo do Bom Pastor, o autor da primeira carta de João convida-nos a
contemplar a bondade, a ternura, a misericórdia, o amor de um Deus apostado em
levar o homem a superar a sua condição de debilidade, a fim de chegar à vida
nova e eterna, à plenitudização das suas capacidades, até se tornar
“semelhante” ao próprio Deus. Todos os homens e mulheres caminham pela vida à
procura da felicidade e da vida verdadeira… O autor desta carta garante-nos:
para alcançar a meta da vida definitiva, é preciso escutar o chamamento de
Deus, acolher o seu dom, viver de acordo com essa vida nova que Deus nos
oferece. É aí – e não noutras propostas efémeras, parciais, superficiais – que
está o segredo da realização plena do homem.
• Como é que
os “filhos de Deus” devem responder a este desafio que Deus lhes faz? No texto
que nos é hoje proposto, este problema não é desenvolvido; contudo, a questão é
abordada e refletida noutras passagens da Primeira Carta de João. Para o autor
da carta, o “filho de Deus” é aquele que responde ao amor de Deus vivendo de
forma coerente com as propostas de Deus (cf. 1Jo 5,1-3) – isto é, no respeito
pelos mandamentos de Deus. De forma especial, recomenda-se aos crentes que
vivam no amor aos irmãos, a exemplo de Jesus Cristo.
• O autor da
carta avisa também os cristãos para o inevitável choque com a incompreensão do
“mundo”… Viver como “filho de Deus” implica fazer opções que, muitas vezes,
estão em contradição com os valores que o mundo considera prioritários; por
isso, os discípulos são objeto do desprezo, da irrisão, dos ataques daqueles
que não estão dispostos a conduzir a sua vida de acordo com os valores de Deus.
Jesus Cristo conheceu e enfrentou a mesma realidade; mas a sua história mostra
que viver como “filho de Deus” não é um caminho de fracasso, mas um caminho de
vida plena e eterna. Os cristãos não devem, por isso, ter medo de percorrer o
mesmo caminho.
Evangelho – Jo
10,11-18 – AMBIENTE
O capítulo
10 do 4º Evangelho é dedicado à catequese do “Bom Pastor”. O autor utiliza esta
imagem para propor uma catequese sobre a missão de Jesus: a obra do “Messias”
consiste em conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas
de onde brota a vida em plenitude.
A imagem do
“Bom Pastor” não foi inventada pelo autor do 4º Evangelho. Literariamente
falando, este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do
Antigo Testamento. Em especial, este discurso tem presente Ez. 34 (onde se
encontra a chave para compreender a metáfora do “pastor” e do “rebanho”).
Falando aos exilados da Babilônia, Ezequiel constata que os líderes de Israel
foram, ao longo da história, maus “pastores”, que conduziram o Povo por
caminhos de morte e de desgraça; mas – diz Ezequiel – o próprio Deus vai agora
assumir a condução do seu Povo; Ele porá à frente do seu Povo um “Bom Pastor”
(o “Messias”), que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida. A catequese
que o 4º Evangelho nos oferece sobre o “Bom Pastor” sugere que a promessa de
Deus – veiculada por Ezequiel – se cumpre em Jesus.
O contexto
em que João coloca o “discurso do Bom Pastor” (cf. Jo 10) é um contexto de
polêmica entre Jesus e alguns líderes judaicos, principalmente fariseus (cf. Jo
9,40; 10,19-21.24.31-39). Depois de ver a pressão que os líderes judaicos
colocaram sobre o cego de nascença para que ele não abraçasse a luz (cf. Jo
9,1-41), Jesus denuncia a forma como esses líderes tratam o Povo: eles estão
apenas interessados em proteger os seus interesses pessoais e usam o Povo em
benefício próprios; são, pois, “ladrões e salteadores” (Jo 10,1.8.10), que se
apossam de algo que não lhes pertence e roubam ao seu Povo qualquer
possibilidade de vida e de libertação.
MENSAGEM
O nosso
texto começa com uma afirmação lapidar, posta na boca de Jesus: “Eu sou o Bom
Pastor”. O adjetivo “bom” deve, neste contexto, entender-se no sentido de
“modelo”, de “ideal”: “Eu sou o modelo de pastor, o pastor ideal”. E Jesus
explica, logo de seguida, que o “pastor modelo” é aquele que é capaz de se
entregar a si mesmo para dar a vida às suas ovelhas (v. 11).
Depois da
afirmação geral, Jesus põe em paralelo duas figuras de pastor: o “pastor
mercenário” e o “verdadeiro pastor” (vs. 12-13).
Aquilo que
distingue o “verdadeiro pastor” do “pastor mercenário” é a diferente atitude
diante do “lobo”. O “lobo” representa, nesta “parábola”, tudo aquilo que põe em
perigo a vida das ovelhas: os interesses dos poderosos, a opressão, a
injustiça, a violência, o ódio do mundo.
O “pastor
mercenário” é o pastor contratado por dinheiro. O rebanho não é dele e ele não
ama as ovelhas que lhe foram confiadas. Limita-se a cumprir o seu contrato,
fugindo de tudo aquilo que o pode pôr em perigo a ele próprio e aos seus
interesses pessoais. Limita-se a cumprir determinadas obrigações, sem que o seu
coração esteja com o rebanho. Ele tem uma função de enquadrar o rebanho e de o
dirigir, mas a sua acção é sempre ditada por uma lógica de egoísmo e de
interesse. Por isso, quando sente que há perigo, abandona o rebanho à sua
sorte, a fim de salvaguardar os seus interesses egoístas e a sua posição.
O verdadeiro
pastor é aquele que presta o seu serviço por amor e não por dinheiro. Ele não
está apenas interessado em cumprir o contrato, mas em fazer com que as ovelhas
tenham vida e se sintam felizes. A sua prioridade é o bem das ovelhas que lhe
foram confiadas. Por isso, ele arrisca tudo em benefício do rebanho e está,
até, disposto a dar a própria vida por essas ovelhas que ama. Nele as ovelhas
podem confiar, pois sabem que ele não defende interesses pessoais mas os
interesses do seu rebanho.
Ora, Jesus é
o modelo do verdadeiro pastor (vs. 14-15). Ele conhece cada uma das suas
ovelhas, tem com cada uma relação pessoal e única, ama cada uma, conhece os
seus sofrimentos, dramas, sonhos e esperanças. Esta relação que Jesus, o
verdadeiro pastor, tem com as suas ovelhas é tão especial, que Ele até a
compara à relação de amor e de intimidade que tem com o próprio Deus, seu Pai.
É este amor, pessoal e íntimo, que leva Jesus a pôr a própria vida ao serviço
das suas ovelhas, e até a oferecer a própria vida para que todas elas tenham
vida e vida em abundância. Quando as ovelhas estão em perigo, Ele não as
abandona, mas é capaz de dar a vida por elas. Nenhum risco, dificuldade ou
sofrimento O faz desanimar. A sua atitude de defesa intransigente do rebanho é
ditada por um amor sem limites, que vai até ao dom da vida.
Depois de
definir desta forma a sua missão e a sua atitude para com o rebanho, Jesus
explica quem são as suas ovelhas e quem pode fazer parte do seu rebanho. Ao
dizer “tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as
reunir” (v. 16a), Jesus deixa claro que a sua missão não se encerra nas
fronteiras limitadas do Povo judeu, mas é uma missão universal, que se destina
a dar vida a todos os povos da terra. A comunidade de Jesus não está encerrada
numa determinada instituição nacional ou cultural. O que é decisivo, para
integrar a comunidade de Jesus, é acolher a sua proposta, aderir ao projeto que
Ele apresenta, segui-l’O. Nascerá, então, uma comunidade única, cuja referência
é Jesus e que caminhará com Jesus ao encontro da vida eterna e verdadeira
(“elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor” – v. 16b).
Finalmente,
Jesus explica que a sua missão se insere no projeto do Pai para dar vida aos
homens (vs. 17-18). Jesus assume esse projeto do Pai e dedica toda a sua vida
terrena a cumprir essa missão que o Pai lhe confiou. O que O move não é o seu
interesse pessoal, mas o cumprimento da vontade do Pai. Ao cumprir o projeto de
amor do Pai em favor dos homens, Ele está a realizar a sua condição de Filho.
Ao dar a sua
vida, Jesus está consciente de que não perde nada. Quem gasta a vida ao serviço
do projeto de Deus, não perde a vida, mas está a construir para si e para o
mundo a vida eterna e verdadeira. O seu dom não termina em fracasso, mas em
glorificação. Para quem ama, não há morte, pois o amor gera vida verdadeira e
definitiva.
A entrega de
Jesus não é um acidente ou uma inevitável fatalidade, mas um gesto livre de
alguém que ama o Pai e ama os homens e escolhe o amor até às últimas
conseqüências. O dom de Jesus é um dom livre, gratuito e generoso. Na decisão
de Jesus em oferecer livremente a vida por amor, manifesta-se o seu amor pelo
Pai e pelos homens.
ATUALIZAÇÃO
• Todos nós
temos as nossas figuras de referência, os nossos heróis, os nossos mestres, os
nossos modelos. É a uma figura desse tipo que, utilizando a imagem do Evangelho
do 4º Domingo da Páscoa, poderíamos chamar o nosso “pastor”… É Ele que nos
aponta caminhos, que nos dá segurança, que está ao nosso lado nos momentos de
fragilidade, que condiciona as nossas opções, que é para nós uma espécie de
modelo de vida. O Evangelho deste domingo diz-nos que, para o cristão, o
“Pastor” por excelência é Cristo. É n’Ele que devemos confiar, é à volta d’Ele
que nos devemos juntar, são as suas indicações e propostas que devemos seguir.
O nosso “Pastor” é, de fato, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam
e que são as referências fundamentais à volta das quais construímos a nossa
existência? O que é que nos conduz e condiciona as nossas opções: Jesus Cristo?
As diretrizes do chefe do departamento? A conta bancária? A voz da opinião
pública? A perspectiva do presidente do partido? O comodismo e a instalação? O
êxito e o triunfo profissional a qualquer custo? O herói mais giro da
telenovela? O programa de maior audiência da estação televisiva de maior
audiência?
• Reparemos
na forma como Cristo desempenha a sua missão de “Pastor”: Ele não atua por
interesse (como acontece com outros pastores, que apenas procuram explorar o
rebanho e usá-lo em benefício próprio), mas por amor; Ele não foge quando as
ovelhas estão em perigo, mas defende-as, preocupa-Se com elas e até é capaz de
dar a vida por elas; Ele mantém com cada uma das ovelhas uma relação única,
especial, pessoal, conhece os seus sofrimentos, dramas, sonhos e esperanças. As
“qualidades” de Cristo, o Bom Pastor, aqui enumeradas, devem fazer-nos perceber
que podemos confiar integral e incondicionalmente n’Ele e entregar, sem receio,
a nossa vida nas suas mãos. Por outro lado, este “jeito” de atuar de Cristo
deve ser uma referência para aqueles que têm responsabilidades na condução e
animação do Povo de Deus: aqueles que receberam de Deus a missão de presidir a
um grupo, de animar uma comunidade, exercem a sua missão no dom total, no amor
incondicional, no serviço desinteressado, a exemplo de Cristo?
• No
“rebanho” de Jesus, não se entra por convite especial, nem há um número
restrito de vagas a partir do qual mais ninguém pode entrar… A proposta de
salvação que Jesus faz destina-se a todos os homens e mulheres, sem exceção. O
que é decisivo para entrar a fazer parte do rebanho de Deus é “escutar a voz” de
Cristo, aceitar as suas indicações, tornar-se seu discípulo… Isso significa,
concretamente, seguir Jesus, aderir ao projeto de salvação que Ele veio
apresentar, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos
projetos de Deus e na doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso
“Pastor” (Cristo) no caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos
que esse caminho é apenas um caminho de derrota e de fracasso, que não leva
aonde nós pretendemos ir?
• O nosso
texto acentua a identificação total de Jesus com a vontade do Pai e a sua
disponibilidade para colocar toda a sua vida ao serviço do projecto de Deus.
Garante-nos também que é dessa entrega livre, consciente, assumida, que resulta
vida eterna, verdadeira e definitiva. O exemplo de Cristo convida-nos a aderir,
com a mesma liberdade mas também com a mesma disponibilidade, às propostas de
Deus e ao cumprimento do projeto de Deus para nós e para o mundo. Esse caminho
é, garantidamente, um caminho de vida eterna e de realização plena do homem.
• Nas nossas
comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam. Podemos aceitar,
sem problemas, que elas receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos
seus limites e imperfeições; mas convém igualmente ter presente que o nosso
único “Pastor”, aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições,
é Cristo. Os outros “pastores” têm uma missão válida, se a receberam de Cristo;
e a sua atuação nunca pode ser diferente do jeito de atuar de Cristo.
• Para que
distingamos a “voz” de Jesus de outros apelos, de propostas enganadoras, de
“cantos de sereia” que não conduzem à vida plena, é preciso um permanente
diálogo íntimo com “o Pastor”, um confronto permanente com a sua Palavra e a
participação ativa nos sacramentos onde se nos comunica essa vida que “o
Pastor” nos oferece.
P.
Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
1. O
contexto do capítulo 10 de João é o da festa da Dedicação do templo. Os
exilados que voltaram da Babilônia comemoraram esse acontecimento no ano 515
a.C. e Judas Macabeu criou a festa da Dedicação no ano 164 a.C.
2. Nessa
ocasião lia-se o capítulo 34 de Ezequiel (denúncia dos maus pastores de
Israel), que serve de pano de fundo para o capítulo 10 de João: este texto é
fortemente polêmico em relação às instituições que massacravam o povo,
sustentadas pelas lideranças político-religiosas do tempo.
3. Assim
podemos concluir:
- o templo é
o curral de onde Jesus tira as ovelhas (povo),
- pois aí
mandavam lideranças injustas e exploradoras (mercenários)
- que
mantinham a população submissa em nome de Deus.
4. Capítulo
9: o cego de nascença. O cego do capítulo 9 de João é:
- o tipo de
pessoa que ouve a voz de Jesus e o segue,
- deixando o
curral (ele na verdade, foi expulso pelas lideranças do povo).
5. Assim,
Jesus é a porta que conduz para fora das instituições que não promovem a vida.
Por ele as ovelhas saem e encontram pastagens e vida em abundância (cf. 10,10).
Jesus é porta também em outro sentido: ele é o que introduz o ser humano na
vida de Deus. Entrando por Jesus-porta, as ovelhas encontram com o Pai e seu
projeto (cf. 14,6: “eu sou o Caminho”).
6. Ao dizer
“Eu sou o Bom Pastor”, Jesus se põe em pé de igualdade com o Deus libertador do
Êxodo que assim se deu a conhecer a Moisés: “Eu sou aquele que sou” (Ex. 3,14),
e assim quer ser lembrado de geração em geração.
6. Jesus bom
pastor é, portanto, a memória e a presença viva do Deus que conduz o povo para
fora das garras de tudo o que oprime e diminui a vida. Com ele acontece o êxodo
definitivo: com ele iniciamos o novo e definitivo êxodo rumo à vida em
plenitude que Deus quer para todos.
7. Versículos
11-13: contrapõem o pastor – que é Jesus – aos mercenários que são as
lideranças político-religiosas do tempo e de todas as épocas. Jesus é muito
severo: chama de ladrões e assaltantes os que vieram antes dele (v. 8). Por que
o mercenário é ladrão e assaltante do povo? Porque os seus objetivos contrastam
com os de Jesus:
- Jesus dá a
vida por suas ovelhas;
- os
mercenários tiram a vida e a liberdade do povo;
- quem não
ama o povo até dar a vida por ele não é pastor;
- quem vê o
lobo estraçalhar o povo e salva a própria pele, ou pior, tira vantagem disso,
não merece o nome nem a função de pastor. O povo não o ouve nem o segue (v. 8).
8. Diante de
Jesus, não há meio-termo:
- ou estamos
a serviço do povo até o fim, dando a vida por ele e assim nos assemelhamos com
Jesus;
- ou somos
mercenários e exploradores, ladrões e assaltantes, coniventes com as situações
e as estruturas que geram a morte da nossa gente.
9.
Versículos 14-16: desenvolvem a relação pastor-ovelha. A relação pastor-ovelha
é sintetizada no conhecimento mútuo. Conhecer Jesus e ser conhecido por ele.
Conhecer, que na Bíblia, se traduz em experiência e presença ao mesmo tempo.
Conhecê-lo, portanto, é experimentá-lo como presença que liberta e dá a vida. O
v. 16 alarga os horizontes a dimensões universais (como é próprio do evangelho
de João): “tenho outras ovelhas que não são deste redil. Também a elas eu devo
conduzir; ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor”.
10. Os
versículos finais (17-18) falam da relação existente entre Jesus e o Pai. A
vida de Jesus foi uma contínua manifestação da vontade e do amor de Deus para
com a humanidade. A suprema prova desse amor se deu na “hora” de Jesus (sua
paixão, morte e glorificação), quando entregou a vida para retomá-la na
ressurreição.
11. “Assim
como Jesus, quem dá a si mesmo até a morte – por amor – não o faz para
recuperar a vida como prêmio para este sacrifício (mérito), mas com a certeza
de poder tomá-la de novo pela força do próprio amor” (J.Mateos-J.Barreto).
1ª leitura:
At. 4,8–12
12. O texto
de hoje faz parte do discurso de Pedro diante do Sinédrio, o supremo tribunal
da época, o mesmo que condenou Jesus à morte. Os discípulos estão diante dos
mesmos conflitos enfrentados por Jesus. Para o autor dos Atos a prática de
Jesus se prolonga na de seus seguidores. Como Jesus foi preso, e na manhã
seguinte, apresentado ao tribunal (cf. Lc. 22,66), também os discípulos (Pedro
e João) passaram uma noite na cadeia e na manhã seguinte comparecem diante do
Sinédrio.
13. A
leitura do texto apresenta o discurso de Pedro, “cheio do Espírito Santo”, às
lideranças político-religiosas do tempo. Esse detalhe é importante, pois em
Lucas 12,11-12, Jesus havia dito aos discípulos que o Espírito Santo falaria
por eles nos momentos mais difíceis: “quando introduzirem vocês diante das
sinagogas, magistrados e autoridades, não fiquem preocupados como ou com que
vocês se defenderão, ou o que dirão, pois, nessa hora, o Espírito Santo
ensinará o que vocês devem dizer”.
14. Pedro
começa desmascarando a falsidade do Sinédrio: “Hoje estamos sendo interrogados
em julgamento por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado”
(v. 9). Pode alguém ser levado ao tribunal pelo fato de fazer o bem: ter
restituído a saúde a um coxo de nascença? Aí reside a hipocrisia do Sinédrio:
em vez de se preocupar com a liberdade, justiça e vida do povo, seus membros
estão envolvidos com a opressão, a injustiça e morte do povo.
15. Os
membros do Sinédrio perguntam: em nome de quem, isto é, com que autoridade os
discípulos fizeram o coxo andar (v. 7). Isso prova que o Sinédrio não está
interessado na vida do povo, e sim na sua submissão. Por quê? E por temem o
poder que comunica vida ao povo?
16. A
resposta de Pedro contém um anúncio e uma denúncia.
Anúncio: o
novo poder que comunica vida é o nome de Jesus Cristo, de Nazaré, morto e
ressuscitado, pois nenhuma libertação é possível fora dele: em nenhum outro há
salvação , pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual
possamos ser salvos” (v. 12).
Denúncia: a
acusação é tão forte quanto o anúncio: “vocês crucificaram Jesus de Nazaré …
ele é a pedra que vocês, os construtores, desprezaram, e que se tornou a pedra
angular” (vv. 10.11).
17. Os
dirigentes do povo, particularmente os doutores da Lei, gostavam de ser
chamados de “os construtores da Lei”. Cabia a eles a responsabilidade na
construção de uma sociedade baseada na vida para todos, mas agiam justamente ao
contrário. Sobre eles, portanto, pesa o julgamento de Deus.
18. De réu,
Pedro se torna acusador da perversão do Sinédrio que destrói o povo. Ele cita o
salmo 118, 22 e Isaías 28,16: “Eu vou assentar no monte Sião uma pedra, pedra
escolhida, angular, preciosa e bem firmada; quem nela confiar não será
abalado”.
19. O salmo
118,22 referia-se ao templo, destruído e reconstruído. Pedro afirma que essa
pedra angular, rejeitada, mas escolhida é Jesus Cristo morto e ressuscitado. E
quem não se apóia nela para construir a vida do povo e suas relações é um
mercenário que explora o povo (expressão deste domingo). Essas pessoas condenam
a si próprias, pois, no dizer de Jo 3,18, “quem acredita nele não está
condenado; quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do
Filho único de Deus”.
2ª leitura:
1Jo 3,1–2
20. Os
versículos de hoje fazem parte de uma seção maior – de 2,29 a 4,6 -, cujo tema
é viver como filhos de Deus. Como fazer isso?
20.1. Os
dissidentes carismáticos (adeptos da gnose) afirmavam que era mediante um
conhecimento religioso especial e pessoal.
20.2. O
autor da carta prova o contrário. Viver como filhos de Deus implica a prática
da justiça: “todo aquele que pratica a justiça, nasceu de Deus” (2,29). A
prática da justiça mostra que Deus é justo e nos torna seus filhos. Portanto,
ser filho de Deus é estar em sintonia com o projeto do Pai.
21. A grande
força que sustenta a caminhada da comunidade cristã, apoiando e encorajando a
luta pela implantação do projeto de Deus é o amor do Pai, salienta o texto.
22. O
conflito está bem presente no texto. João o tematiza empregando a expressão “o
mundo” = os que não aderiram ao projeto de Deus. O “mundo” (descompromissado
com a vontade divina) não reconhece, isto é, hostiliza, calunia, difama e
persegue os que desejam implantar na terra a justiça (cf. 3,1).
23. Os
cristãos, porém, têm condições de superar as dificuldades e conflitos da
caminhada. Sua força está em serem filhos de Deus. Por ora não é possível ver
claro o que vamos ser, porque a manifestação de Cristo ainda não é plena. Mas,
quando se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos como ele é
(3,2).
24. Somos
filhos de Deus agora (3,1-3). Afirmar a realidade presente do amor de Deus ao
fazer dos cristãos “filhos de Deus” tem três conseqüências:
1. os
cristãos não pertencem ao mundo, que deixou de receber Jesus (Jo
15,18-19;17,14-16);
2. os
cristãos levarão uma vida de santidade como Cristo (Jo 17,17-19);
3. os
cristãos confiam em uma salvação ainda maior no futuro (Jo 17,24).
25. Seremos
semelhantes a ele… Este era um tema comum na religião helenística: que “o
semelhante conhece o semelhante”; o ser humano que conhece a Deus é divinizado.
Para a tradição joanina esta experiência é mediada por Jesus. Jesus possuía o
nome divino e igualdade com Deus (17,11-12). Ele compartilhou este nome com os
discípulos (17,6.26). Eles participaram do destino de Jesus nas mãos do mundo
(Jo 15,21) e testemunharão sua glória preexistente (17,24). (Novo Comentário
Bíblico SJ)
R e f l e t
i n d o
1. O bom
Pastor dá a vida pelas ovelhas. Cristo é o próprio pastor, em oposição aos
mercenários (imagens tomadas de Ez. 34). Os mercenários não dão sua vida pelo
rebanho. Jesus, sim. Todo mundo entende essa comparação. O sentido é óbvio:
Jesus deu, -na cruz-, sua vida por nós.
2. Para
João, porém, ela esconde um sentido mais profundo: a vida que Jesus dá não é
apenas a vida física que ele perde em nosso favor, mas a vida de Deus que ele
nos comunica (exatamente ao perder sua vida física por nós).
2.1. Esta
idéia constitui a ligação com a imagem precedente (a porta): em Jo 10,10b, Jesus
diz que ele veio para “dar a vida” e dá-la em abundância; e continua, em 10,11,
apontando sua própria vida como sendo esta vida em abundância que ele dá.
2.2. Nos vv.
17-18 aparece, então, que ele dá essa vida com soberania divina (ele tem o
poder de retomá-la; ninguém lha rouba): doando-se por nós, nos faz participar
da vida divina, porque entramos na comunhão do amor de Jesus e daquele que o
enviou (estas idéias são elaboradas em Jo 14-17, esp. 15,10.13; 17,2.3.26).
3. A vida
que Jesus nos dá é o amor do Pai, que nos faz viver verdadeiramente e nos torna
seus filhos. Agora já temos certa experiência disso, a saber, na prática deste
amor que nos foi dado. Mas essa experiência é ainda inicial; manifestar-se-á
plenamente quando o Cristo for completamente manifestado na sua glória: então,
seremos semelhantes a ele.
4. Desde já,
nossa participação desta vida divina nos coloca numa situação à parte: na
comunidade do amor fraterno, que o mundo não quer conhecer e, por isso, rejeita
(1Jo 3,1c). É a “diferença cristã”! (2ª leitura)
5. Porém,
esta diferença cristã não é fechada, exclusivista mas aberta. É uma identidade
não autossuficiente, mas comunicativa. João insiste várias vezes neste ponto:
-Jesus é a vítima de expiação pelos pecados não só de nós, mas do mundo inteiro
(1 Jo 2,2); Jesus tem ainda outras ovelhas, que não são “deste redil” (Jo
10,16). O amor, que é a vida divina comunicada pelo Pai na doação do Filho –
verifica-se na comunidade dos fieis batizados, confessantes e unidos (esta é a
grande diferença!). Mas não se restringe a essa comunidade. Não só porque
existem outras comunidades, mas porque a salvação é para todos.
6. A atuação
dos primeiros cristãos (1ª leitura) deve ser entendida nesse sentido. Formam
uma comunidade que, – sociologicamente falando – pode ser caracterizada como
seita. Porém, não é uma seita autossuficiente, mas transbordante de seu próprio
princípio vital, o “nome de Jesus Cristo” (= toda a realidade que ele
representa).
7. Quando um
aleijado, na porta do templo, dirige a Pedro seu pedido de ajuda, este
comunica-lhe o “nome de Jesus” (At. 3,6). Daí se desenvolve todo um testemunho
(ver domingo passado) . Este testemunho leva à intervenção das autoridades,
sempre desconfiadas dos pequenos grupos testemunhantes. Pedro e João são presos
e levados diante do Sinédrio, que pergunta em nome de quem eles agem assim. “No
nome de Jesus Cristo Nazareno, crucificado por vós, mas ressuscitado por Deus…
Em nenhum outro nome há salvação, pois nenhum outro nome foi dado sob o céu por
quem possamos ser salvos” (At. 4,10-12; cf. Jo 17,3: “a vida eterna é esta: que
te conheçam … e àquele que tu enviaste”).
8. É essa a
conclusão do “sinal” do aleijado da Porta Formosa: a cura que lhe ocorreu
significava a “vida” em Jesus Cristo. Esta deve ser também a conclusão de todo
agir cristão no mundo: dar a vida de Cristo ao mundo, pelo testemunho do amor.
Tal testemunho convida a participar do amor do qual Jesus nos fez participar,
dando sua vida “por seus amigos”. Isto é pastoral!
9. O
evangelho traz as palavras de Jesus sobre o “Bom Pastor” e a 1ª leitura nos
mostra o primeiro pastor da jovem comunidade cristã, Pedro, defendendo o
rebanho perante o supremo conselho dos judeus em Jerusalém. Dois exemplos de
pastores que põem em jogo sua vida em prol das ovelhas. Por isso, também, este
é o domingo das vocações “pastorais”.
10. Para
assimilar melhor a mensagem é preciso entender o que significa a imagem do
“pastor” nas estepes da Judéia. O povo de Judá era um povo de pastores de
ovelhas e cabras (Davi era pastor quando foi chamada para ser rei). Ora, havia
pastores proprietários, para quem o rebanho era seu sustento, e assalariados,
que não se importavam muito com o rebanho… Todo judeu conhecia a história de
Davi, que enfrentara um leão para defender o rebanho (1Sm. 17,34). E conheciam
também as advertências proféticas contra os maus pastores de Israel (reis e
chefes) que se engordavam às custas das ovelhas (Ez. 34,2).
11. O pastor
“certo” é Jesus, diz Jo 10,11. Ele conduz as ovelhas com segurança, dando a
vida por elas, pois são pedaços do seu coração, à diferença dos assalariados,
que fogem quando se apresenta um perigo… Jesus é o pastor de verdade, o
Messias, o novo Davi e muito mais! Ele dá a vida pelas ovelhas. O caminho pelo
qual ele conduziu as ovelhas foi o do amor até o fim. Ele deu o exemplo. Sua
vida certamente não esteve em contradição com sua “pastoral”, como acontece com
outros…
12. O que é
pastoral?
Não é chefia
e organização. É conduzir, – no amor demonstrado por Jesus, aqueles que viram
nele resplandecer a vida e a salvação. Os que escutam sua voz. Pastoral é
evangelização continuada, é fidelidade à boa-nova proclamada. Assim como a
pastoral de Jesus, talvez exija fidelidade até a morte… os pastores precisam se
identificar com Jesus, que dá a vida pelos seus!
13. Quem são
as ovelhas?
São os que
seguem a voz do pastor. Mas não só os que participam da Igreja de modo
organizado. A organização da comunidade não é o último critério para a missão
pastoral. Diante dos discípulos (de origem judaica) diz Jesus: “tenho ainda
outras ovelhas, que não são deste redil”. A pastoral tem uma dimensão
missionária que ultrapassa os integrados e organizados.
14. E quem
são os pastores?
Há pastores
constituídos, os que participam do sacramento da ordem (bispos, sacerdotes, diáconos).
Mas como o Espírito sopra onde quer, cada um pode ser “um pouco pastor” do seu
irmão. O que importa é que os pastores assumam o empenho em prol das ovelhas (e
não de si mesmos)… empenho da própria vida na linha de Jesus e de seu
testemunho de amor até o fim.
Que sejam
“bons pastores”, amando a Cristo e a seus irmãos de modo radical, dando a vida
por eles.
Que não usem
as ovelhas para se promoverem… para ambições pessoais, eclesiásticas ou
políticas.
Que não
sejam falsos (mas da verdade de Jesus). Que não sejam enganadores ou
traiçoeiros.
Que
transmitam aos filhos de Deus (e seus irmãos) o “amor e o carinho” do Deus e
Pai misericordioso.
Implicâncias
práticas, que (talvez) podem ser vistas, na vida da comunidade.
15. O quarto
domingo da páscoa é dedicado ao bom pastor: ponto de partida e de confronto
para os pastores e para todos os que participam das pastorais da comunidade. O
bom Pastor (de quem é o redil) questiona os que se colocam como seus
seguidores.
16. Por isso
é oportuno (… e necessário… e indispensável!) perguntar:
- Quais as
motivações e quais interesses tem as pessoas que se dispõem a participar de uma
pastoral?
- Querem
aparecer? Querem ganhar um status social?
- Querem ser
“apontadas” como as “fazedoras” das tarefas da comunidade?
- Querem
desfilar pela nave da igreja como se fossem “donas” do recinto? Ou para dizer
que são mais que as outras? Usam vestimentas diferentes e desfilam para serem
vistas e apontadas?
- Andam de
lá para cá (ou saracoteiam) sem necessidade “atrapalhando” quem quer e precisa
rezar!
- Falam alto
e em demasia “atrapalhando” quem está doído, machucado e necessitado do bálsamo
do Senhor Jesus para curar suas feridas! Incomodam, com seu andar e falar, quem
precisa de um momento de silêncio para encontrar Deus em seu coração e sarar a
ferida da perda de um ente querido!
- É incrível
como as pessoas que ficam no presbitério ( – que deveriam estar a serviço da
celebração) conversam, andam e se movimentam em demasia e sem necessidade
atrapalhando (mais do que ajudando) a atenção do povo de Deus.
17.
Celebração eucarística. Participar da pastoral da liturgia é ajudar a criar um
ambiente acolhedor e condições propícias para que cada filho de Deus – possa
ter uma ocasião privilegiada de se encontrar com o Pai,
- possa se
sentir acolhido e aconchegado pela misericórdia divina,
- possa se
sentir envolvido pela luz e pela graça do Espírito Santo,
- possa
participar do memorial da Ceia de ação de graças de Jesus Cristo morto e
ressuscitado.
18.
Discrição – ser discreto – é algo que falta e que precisa acontecer o quanto
antes nas nossas comunidades e nas nossas celebrações.
19. As
pastorais nascem das necessidades urgentes das pessoas da comunidade. Não se
pode esquecer disso nunca! As pessoas em primeiro lugar (= os outros!).
Em primeiro lugar é preciso aprender a ver – pensar – estar atento ao outro e
não a si mesmo.
20. O que
pode desvirtuar uma pastoral? … o que desvirtua a sua pastoral?
- Quais os
sinais concretos (= visíveis) de que sigo o Pastor (não é qualquer pastor!)?
- Talvez não
haja um “espírito mercenário” na minha ação pastoral? Não tenho eu uma segunda
intenção? Não busco eu, como remuneração da minha ação pastoral, o aparecer, o
desfilar pela nave da igreja como se fosse dono do recinto, o mostrar-me
“superior” por uma função, o usar uma vestimenta que me diferencia dos demais,
o falar alto, o abanar a mão e cumprimentar de longe para dizer que estou lá. …
e outras mais!
prof.
Ângelo Vitório Zambon
============================
Neste IV
domingo da Páscoa podemos ver que Jesus ressuscitado é nossa salvação e nosso
bom pastor e, por meio dele, Deus demonstra o amor com que trata cada um de
nós.
Jesus afirma
que é a “porta do redil das ovelhas” e, hoje, de modo especial, ele se
identifica com o bom pastor. Deste modo, Jesus afirma-se como o modelo para os
que têm a responsabilidade de estar à frente das comunidades.
Qualquer
imagem é limitada para exprimir a realidade da missão de Jesus, que ultrapassa
as nossas comuns experiências de vida. Em contraste à imagem do bom pastor é
apresentada a imagem de um “empregado” “assalariado” que, no evangelho joanino,
é denominado de “mercenário”. Esta imagem, que pode comportar certa
ambiguidade, indica a situação de alguém que se coloca a serviço de outrem em
troca de dinheiro, situação esta questionável do ponto de vista socioeconômico
e dos direitos humanos.
O termo
pejorativo "mercenário" se aplica àquele que só se importa com o
dinheiro que vai receber; na história é comum a formação de exércitos de
mercenários para fazer a guerra, o que acontece, hoje, com os exércitos que
estão sendo enviados para fazer a guerra no Oriente. Isto não significa que os
assalariados, em geral, sejam mercenários, pois, diante da necessidade da sua
sobrevivência, comumente eles se dedicam ao cumprimento dos deveres impostos
pelos patrões.
O
evangelista aproveita-se da imagem do assalariado mercenário para fazer uma
alusão aos chefes das sinagogas e do Templo de Jerusalém. Chefes que rejeitaram
Jesus e o oprimiram, bem como, oprimiam o povo, cuidando apenas do dinheiro que
sua função proporciona.
Para
facilitar nossa compreensão a liturgia é enriquecida com a primeira leitura,
onde vemos o apóstolo Pedro, que havia sido encarcerado, ao ser trazido diante
dos membros do Sinédrio, do sumo sacerdote, de anciãos e escribas,
destemidamente, acusa-os de terem rejeitado Jesus e de o terem crucificado.
Esta imagem
do mercenário é, também, uma advertência contra aqueles que, na comunidade,
assumem posições de liderança por interesses pessoais, por vaidade, ou por
desejo de poder. Na hora das dificuldades são omissos em seus compromissos com
a comunidade.
Em contrapartida,
a imagem do "bom pastor", na parábola, se aplica àquele que cuida das
ovelhas fazendo a vontade do Pai em comunhão de amor. Jesus é o bom pastor. É
ele quem comunica a vida plena. Em Jesus habita o Pai, e o amor que o une ao
Pai é uma fonte de vida que transborda para todos os homens e mulheres que
vivem no mundo. É nesse sentido que somos orientados por João, na segunda
leitura, em sua primeira carta, que nos esclarece que por este amor somos
filhos de Deus, participantes da vida divina e eterna.
Como bom
pastor, Jesus conhece suas ovelhas e elas o conhecem. O conhecer as ovelhas, e
ser conhecido por elas, é uma qualidade fundamental do pastor, sendo fruto do
convívio e do diálogo, fortalecendo o amor. O conhecer leva à proximidade, à
solidariedade, à comunhão.
Ao dedicar
sua vida a suas ovelhas, o pastor está comunicando vida a elas. E foi esta a
missão que Jesus recebeu do Pai: como pastor, dar sua vida divina pelas ovelhas
de todos os redis, sem fronteiras, sem eleições particulares e sem limites.
Novamente, voltando a João, já no prólogo de seu evangelho, percebemos que ele
dá características desta dimensão universal do dom de Jesus: Jesus é a luz
verdadeira que ilumina todo homem, e a todos que o receberam deu o poder de se
tornarem filhos de Deus. Veja o prólogo do evangelho de João, lá no capítulo 1,
versículos de 9 a 12.
Para Jesus
não existe massa humana amorfa. Jesus mantém uma relação pessoal e amorosa com
cada um. Chama a cada um pelo nome e a cada um fala ao coração. A relação de
conhecimento e amor entre Jesus e suas ovelhas é de mesma natureza que a
relação entre Jesus e o Pai. Pelo conhecimento e pelo amor a Jesus e ao nosso
próximo, inserimo-nos na vida divina trinitária, em comunhão de vida com o Pai
e o Filho, no Espírito de amor.
diácono
Miguel A. Teodoro
============================
O Bom Pastor
“Minhas
ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem”
No domingo
passado refletimos sobre o encontro de Jesus Ressuscitado com os discípulos. A
saudação – A Paz esteja Convosco! Para os discípulos de Emaús, um estranho
companheiro de viagem que foi reconhecido no momento da partilha do pão.
Aprendemos que a fé na ressurreição nos conduz ao encontro de Jesus presente
nos irmãos. No 4º Domingo da Páscoa que hoje celebramos sempre proclamamos o
Evangelho do Bom Pastor. Disse Jesus: “Eu sou o Bom Pastor. Conheço as minhas
ovelhas e elas me conhecem... Eu dou minha vida pelas ovelhas (João 10,11-18)”
O Bom Pastor entra sempre pela porta principal e chama as ovelhas pelo nome e
elas o seguem. O mercenário (ladrão) pelo contrário, pula o muro para evitar o
guarda e as ovelhas não o seguem. O falso pastor só vem para roubar, matar e
destruir. Esta passagem bíblica é uma catequese sobre a missão de Jesus –
conduzir as pessoas às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde
brota a vida em plenitude (João 10). Jesus deu o exemplo. Sua vida certamente
não esteve em contradição com sua prática de pastoral. O caminho pelo qual
conduziu as ovelhas foi o caminho do amor até o fim. O texto apresenta a
figura do Bom Pastor e a imagem da porta. O próprio Jesus se apresenta como o
Bom Pastor que da a vida pelas suas ovelhas.
A imagem da
porta significa passagem segura, proteção e aconchego. Jesus é a porta do
aprisco, a única porta segura. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém
vai ao Pai senão por mim (João 14,6)”. Eu sou a porta. Quem entrar por mim será
salvo (João 10,9 a)”. Jesus continua: “Tenho ainda outras ovelhas que não são
deste redil, também a essas devo conduzir e também elas escutarão a minha voz e
haverá um só rebanho e um só pastor (V.16)”. Portanto, eu acredito na unidade
dos cristãos, no diálogo ecumênico. Para tornar realidade este desejo de Jesus,
precisamos abrir o coração e promover o ecumenismo, considerando que somos
todos filhos de Deus e seguidores de Jesus. A liturgia de hoje nos ensina que a
liderança de Jesus o Bom pastor deve servir de exemplo para as lideranças
eclesiásticas e civis. O mundo moderno precisa cada vez mais de lideranças
comprometidas com o bem comum. Também não podemos ignorar o alerta do
evangelista sobre a existência de falsos pastores. Agora que já sabemos qual o
caminho, onde está a verdade e onde se situa o projeto de vida, ninguém poderá
nos arrancar dos braços fortes de Jesus, o Bom Pastor. Pense nisto e tenha uma
semana abençoada.
Pedro
Scherer
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“...eu
sou a porta das ovelhas. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá
e encontrará pastagem.”
Jesus é a porta, a passagem única para chegarmos ao Pai. Somente através dele
conseguiremos um dia alcançar a verdadeira paz e a alegria eterna. Jesus
é o Bom Pastor e suas ovelhas escutam a sua voz.
Mais infelizmente uma grande parcela do mundo de hoje não quer escutar a vóz de
Deus através de Seu Filho Jesus. Muitos viraram as costas, muitos o ignoram, e
seguem os seus caminhos rumo à morte do corpo e da alma. Estamos
diante de uma verdadeira inversão da escala de valores. Dos valores pregados
por Jesus Cristo. Ele nos disse para amar a Deus e ao próximo. O mundo de
hoje, aconselhado pelo demônio, em vez de amar a Deus sobre todas as coisas,
ignoram a Deus e se apegam às coisas materiais. A frase de Jesus: amai-vos
uns aos outros, foi substituída por : matai-vos uns aos outros.
O conselho do Mestre: Trate os outros como você gostaria de ser tratado,
foi invertido para: Trate os outros como você não gostaria de ser tratado.
Não seja bobo, e sim esperto! O negócio é levar vantagem!
E dessa forma, assistimos estatelados os noticiários de T.V. mostrando
diariamente os pais sendo assassinados pelos filhos. E pais enterrando os
filhos mortos pela violência urbana.
A inversão dos valores está em todas as modalidades. Em vez de vermos na
televisão notícias da beatificação do Papa, vemos eventos sociais, casamentos
de personalidades consideradas por uns de muito importantes.
João Paulo II que foi beatificado
diante de mais um milhão de pessoas, foi um verdadeiro Bom Pastor, um
santo homem, e um Santo Papa, um dos substitutos do primeiro Papa
ao qual Jesus disse: Pedro, apascenta minhas ovelhas.
E João Paulo II fez isso e muito mais. Por isso 800 padres e cem
cardeais concelebraram a missa. Dez mil brasileiros estavam presentes à
cerimônia.
João
Paulo II foi beatificado em uma cerimônia emocionante. Agora ele é o
beato João Paulo II, mas para a multidão já é santo. Karol Woitila foi
beatificado diante de mais de um milhão de pessoas de várias partes do mundo em
um ritual solene, com a proclamação em latim.
Mas, infelizmente, este grande e santo evento foi praticamente ignorado pela
mídia dos nossos tempos que não quer ouvir a voz do Pastor, que nos fala de
Deus.
O Evangelho deste domingo apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de
forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, ao ponto de dar a vida por
elas. E uma parte das ovelhas sabem que podem confiar n’Ele de forma
incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho
universal.Porém, infelizmente, a outra parte do rebanho, prefere o prazer, a
violência como solução dos problemas, e assim cava a sua própria sepultura.
O
rebanho que fala o Evangelho de hoje representa a humanidade toda. Assim como o
rebanho das ovelhas tem suas fragilidades, o lobo, o alimento, a água, também
nós somos presas dos assaltantes, somos indefesos diante das fatalidades,
principalmente agora com o efeito estufa gerando tempestades elétricas e
deslizamentos de encostas, etc, e outros problemas que estão por vir.
Dessa forma, somente o Bom Pastor, que é Jesus, pode nos livrar de tantas
desventuras do mundo de hoje, o qual está seguindo uma estrada tortuosa rumo ao
abismo.
Caríssimos:
e nós catequistas até que ponto somos responsáveis pelas desgraças sociais do
mundo de hoje? Estamos levando a mensagem de Jesus aos nossos irmãos?
Estamos vivendo de verdade o que transmitimos a eles? Estamos sendo palavra
viva através do nosso comportamento? Da nossa vivência.
Outro dia um jovem seminarista, estava se lamentando para os amigos na
porta da igreja: Estou perto do diaconato, e sinto que terei de desistir do
seminário. Não estou conseguindo controlar, vencer as tentações da carne. É
como um fogo ardente que explode em meu corpo de dentro para fora, e por mais
que me apego com Jesus e Maria, volta e meia volto a cair em pecado...
Prezado irmão. Se isso está acontecendo com você, saiba que além da graça de
Deus e a força da Virgem Maria, existem remédios que acalmam a desordem sexual,
reduzindo o apetite exagerado e incontrolável. Fale com seu médico. Na
homeopatia, por exemplo, existem alguns medicamentos que reduzem o apetite
sexual. Um deles é o STAPHYSAGRIA 3CH.
Diante das decepções do mundo de hoje, de um lado a descrença, a indiferença de
muitos, de outro lado, alguns daqueles que deveriam dar o exemplo de santidade
e foram escolhidos para anunciar o Reino de Deus, são arrastados pelas
torrentes de corpos desnudos, de convites ao prazer, de sugestões para o
conforto, etc, poderíamos perguntar: porque
Deus, o que tudo pode, não chama “eficazmente”? Por que não derruba do cavalo a
tantos “saulos” com os quais poderia contar?
Prezados irmão. Esta é uma pergunta típica do incrédulo! Porque na verdade, nosso Deus através do Cristo ressuscitado, nos chama todos os dias a mudar de vida, à conversão. O problema é que os atrativos do mundo de hoje estão falando mais alto que a voz, ou as vozes daqueles que são escolhidos para evangelizar, e que são portadores do chamado de Deus. Nós que somos vocacionados, escolhidos, temos de fazer muito esforço para fechar os olhos às tentações do mundo e com a graça de Deus conseguir estar unidos a Cristo Jesus, para poder levá-lo eficazmente aos irmãos.
Prezados irmão. Esta é uma pergunta típica do incrédulo! Porque na verdade, nosso Deus através do Cristo ressuscitado, nos chama todos os dias a mudar de vida, à conversão. O problema é que os atrativos do mundo de hoje estão falando mais alto que a voz, ou as vozes daqueles que são escolhidos para evangelizar, e que são portadores do chamado de Deus. Nós que somos vocacionados, escolhidos, temos de fazer muito esforço para fechar os olhos às tentações do mundo e com a graça de Deus conseguir estar unidos a Cristo Jesus, para poder levá-lo eficazmente aos irmãos.
Porque a vocação é um convite para
entrar de cabeça, para assumir o projeto de Deus de forma incondicional, mas
antes é preciso receber a Vida inesgotável. E Jesus é a fonte da Vida.
Para que dessa forma, a nossa voz seja ouvida pelo rebanho. E não devemos chamar
o rebanho de forma ameaçadora, mostrando um Deus que nos castiga, um Deus que
nos manda para o inferno, mas sim de forma sedutora, mostrando um Deus que nos
ama e que quer a nossa alegria seja plena, e que a nossa vida seja uma
vida em abundância. Vamos fazer como Jesus fez. Ele Seduz e promete a quem
dirige sua voz que "não perecerão para sempre!” Quem me segue não
andará nas trevas... Terás cem vezes mais nesta vida e ainda a vida eterna...
Quem bebe da fonte da água viva nunca mais terá sede ... ...não vos
preocupeis com o dia de amanhã... ...busque o Reino de Deus
em primeiro lugar e tudo o mais te será dado... Amém.
Caro leitor(a), Se você não
acredita nestas palavras, experimente e verás...
Bom domingo.
Sal.
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Jesus Cristo é o Modelo do Bom Pastor! Ele mesmo nos diz isto e nos ensina que “o bom pastor dá a vida por suas ovelhas”. Aqui na terra nós todos também somos chamados a pastorear as ovelhas do rebanho do Senhor. A nós, homens e mulheres, pais, mães, educadores, religiosos, governantes e todos os que estamos à frente de algum empreendimento e que conduzimos os filhos de Deus, Ele nos confiou a missão de zelar pelo Seu rebanho. Precisamos, então, trabalhar para que isto aconteça, porque essa é a vontade do Pai e ter em mente que o bom pastor não abandona as ovelhas que lhe são entregues. Na nossa vida, nas mais diversas situações nós temos alguém que o Senhor nos confia para pastorear. Temos que estar vigilantes e intuir se elas realmente estão reconhecendo a nossa voz de pastor e se estamos dando a nossa vida por elas.
Dar a vida é dispensar cuidado, zelo, atenção, amor, para exortar,
direcionar, mas principalmente dar testemunho de vida. Esta é, portanto, uma
reflexão que nós precisamos fazer! Nós, porém, somos apenas os representantes e
auxiliares do Pastor Maior. Quando nos propomos a pastorear o rebanho do
aprisco de Jesus nós precisamos ter um espírito de unidade com ovelhas de
outros rebanhos. O próprio Jesus nos diz que vai chegar a hora em que haverá um
só rebanho e um só pastor. A Igreja de Jesus Cristo é uma só e mesmo que os
Seus membros estejam temporariamente afastados, nós sabemos que um dia, todos
nós viveremos a Unidade do Espírito Santo.
Diante das Palavras de Jesus só precisamos fazer alguns questionamentos:
Se eu quero ser pastor, quero dirigir as “minhas” ovelhas, Jesus me
adverte: “O bom pastor dá a vida por suas ovelhas!” E agora? Como posso dar a
vida pelas minhas ovelhas? – Quando o lobo chegar o que eu farei? – Para ser
pastor Jesus me diz que preciso conhecer a voz das minhas ovelhas, e eu que não
conheço nem a minha própria voz? – A que conclusão eu chego? – Sou realmente um
pastor, ? – Como estão as minhas ovelhas? O que preciso fazer? – Peço ajuda ao
Bom Pastor!
Amém
Abraço
carinhoso
Maria
Regina
EU SOU O
BOM PASTOR
O IV
Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia
propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no
qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central
que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
A primeira leitura afirma que Jesus é o único salvador, já que “não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (neste “Domingo do Bom Pastor” dizer que Jesus é o “único salvador” equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objetivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos “semelhantes” a Ele.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n'Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz e segui-l'O no caminho do amor e da entrega.
A primeira leitura afirma que Jesus é o único salvador, já que “não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (neste “Domingo do Bom Pastor” dizer que Jesus é o “único salvador” equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objetivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos “semelhantes” a Ele.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n'Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz e segui-l'O no caminho do amor e da entrega.
Os
discípulos de Jesus não estão sozinhos, entregues a si próprios, nessa luta
contra as forças que oprimem e escravizam os homens. O
Espírito de Jesus ressuscitado está com eles, ajudando-os, animando-os, protegendo-os em cada
instante desse caminho que Deus lhes mandou percorrer. Nos momentos de crise,
de desânimo, de frustração, os discípulos devem tomar consciência da presença
amorosa de Deus a seu lado e retomar a esperança.
Naqueles dias,
8Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: “Chefes do povo e anciãos:
9hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado.
10Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, -aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos- que este homem está curado, diante de vós.
11Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular.
12Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos”.
Palavra do Senhor.
8Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: “Chefes do povo e anciãos:
9hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado.
10Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, -aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos- que este homem está curado, diante de vós.
11Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular.
12Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos”.
Palavra do Senhor.
A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se
pedra angular.
Dai
graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos homens.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos poderosos.
Resposta: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.
Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu Salvador.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Resposta: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.
Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças.
Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Resposta: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.
porque é eterna a sua misericórdia.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos homens.
Mais vale refugiar-se no Senhor,
do que fiar-se nos poderosos.
Resposta: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.
Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu Salvador.
A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular.
Tudo isto veio do Senhor:
é admirável aos nossos olhos.
Resposta: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.
Bendito o que vem em nome do Senhor,
da casa do Senhor nós vos bendizemos.
Vós sois o meu Deus: eu Vos darei graças.
Vós sois o meu Deus: eu Vos exaltarei.
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Resposta: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular.
Como é que os “filhos de Deus” devem
responder a este desafio que Deus lhes faz? No texto que nos é hoje proposto, este problema
não é desenvolvido; contudo, a questão é abordada e refletida noutras passagens
da primeira Carta de João. Para o autor da carta, o “filho de Deus” é aquele
que responde ao amor de Deus vivendo de forma coerente com as propostas de Deus
(cf. 1 Jo 5,1-3) -isto é, no respeito pelos mandamentos de Deus. De forma
especial, recomenda-se aos crentes que vivam no amor aos irmãos, a exemplo de
Jesus Cristo.
Caríssimos:
1Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai.
2Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.
Palavra do Senhor.
1Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai.
2Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.
Palavra do Senhor.
No “rebanho” de Jesus, não se entra por
convite especial, nem há um número restrito de vagas a partir do qual mais
ninguém pode entrar… A proposta de salvação que Jesus faz destina-se a todos os
homens e mulheres, sem exceção. O que é decisivo para entrar a fazer parte do
rebanho de Deus é “escutar a voz” de Cristo, aceitar as suas
indicações, tornar-se seu discípulo… Isso significa, concretamente, seguir
Jesus, aderir ao projeto de salvação que Ele veio apresentar, percorrer o mesmo
caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projetos de Deus e na doação
total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso
“Pastor” (Cristo) no caminho exigente do dom da vida, ou estamos convencidos
que esse caminho é apenas um caminho de derrota e de fracasso, que não leva
aonde nós pretendemos ir?
Naquele tempo, disse Jesus:
11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.
12O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa.
13Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas.
14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem,
15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas.
16Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
17É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente.
18Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai”.
Palavra da Salvação.
11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.
12O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa.
13Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas.
14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem,
15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas.
16Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
17É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente.
18Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai”.
Palavra da Salvação.
Vocação na “modernidade liquida”?
Neste dia nossa atenção esta focada no Bom Pastor, em Jesus. Ele nos
disse: "Eu tenho outras ovelhas que não são
deste redil; mais também estas tenho que trazer, e elas escutarão minha
voz" . Este
desejo se torna realidade para todos os cristãos; mas hoje fixamos nossa
atenção na necessidade de "colaboradores(as) especiais" do Bom
Pastor: as vocações especiais para o ministério
ordenado e a vida consagrada!
Não podemos pensar no tema da "vocação" como forma de vida e ministerial de um modo ingênuo, sem estar atento ao que está acontecendo, nos países de velha cristandade. Estamos entrando em um tempo caracterizado pela instabilidade da sociedade e de suas instituições: a "modernidade líquida" (Zygmunt Bauman). A era da modernidade sólida chegou ao seu fim. Os líquidos não têm forma e se transformam constantemente: eles fluem. Por isso a metáfora da liquidez é apropriada para entender o que está acontecendo nas instituições sociais, mas também em instituições tão veneráveis como o ministério ordenado e na vida religiosa. Os sólidos estão derretendo: estamos em um momento em que não valem as coisas de sempre, mais se pede mais flexibilidade, mais contextos de liberdade. "Flexibilidade" é a palavra que está na ordem do dia. A flexibilidade nós chega cheia de incertezas ante as novas vocações que se tornam temporais, precárias, episódicas, despojadas de perspectivas sólidas. A lealdade a uma congregação, a um ministério pode romper-se a qualquer momento.
A vinda da modernidade líquida impôs na reflexão sobre as vocações na forma de vida tão estruturada como a vida religiosa ou o ministério ordenado -com seus votos de estabilidade e definitivos-, com suas normas seculares, mudanças radicais que exigem repensar os velhos conceitos.
As gerações do final do século de XX (anos 1990-2000) tem sido talvez, as mais livres da história. São filhos e filhas de quem nos anos sessenta e setenta se opuseram revolucionariamente ao sistema então vigentes. As novas gerações não receberam de seus pais -os revolucionários dos anos 60 70- nenhum conselho, nem ordens; seus fracassos matrimoniais -bastante freqüentes- influenciaram na falta de contextos familiares fortes para eles e elas. Estas jovens mocidades apenas têm laços de trabalho: passam facilmente de um trabalho a outro. Não têm necessidade para economizar; é suficiente a economia feita por seus pais, dos quais herdaram casa e dinheiro. Os jovens desta geração não tiveram que lutar para sobreviver. Eles não tiveram os chefes dominantes. Nenhum encontrou dificuldade para ter experiências sexuais. Vivem em grupos de amigos, tem-se se divertido; não possuem ideologias fortes, nem mesmo crises religiosas.
É óbvio que esta situação é "líquida", flexível. Não se faz necessária nenhuma revolução. Haverá condições para grandes paixões? As paixões também entram em uma "modernidade líquida". Em um mundo assim, é possível a paixão que implica em uma vocação por toda vida?
Como conseqüência de tudo isto, a vida religiosa e o ministério perderam hoje importância social. Nada estranho, então, que alguns pensem que a sociedade poderia funcionar perfeitamente sem elas. Para muitos cidadãos a vida religiosa e o ministério ordenado deixaram de ser realidade sagrada, admirável; sendo, no máximo, uma ocupação, que pode ser reincidida pelas partes contratantes.
Ante uma situação assim, como falar da vocação? Talvez deveríamos recuperar o que significa “seguir o Bom Pastor”, “nascer do Espírito e da Água". A flexibilidade não tem que ver com o Espírito que não sabe de onde vem nem para onde vai? As chamadas de Jesus não podem ser entendidas melhor hoje no que nos tempos mais sólidos, e de estruturas demasiadamente fixas? A única questão é o que fazer para que levemos mais tempo na vida religiosa ou ministerial, que nos deixe perder a rigidez e a esclerose do coração, e voltemos a recuperar o coração de carne, a flexibilidade das grandes paixões e nos deixar nascer da água e do Espírito, mesmo que sejamos velhos.
As novas gerações precisam ser “consolidadas”, sentirem-se "orientadas", terem a experiência de serem "amadas". Não lhes bastam as estruturas. Necessitam de pessoas, "pais e mães no Espírito" ou talvez "Irmãos e irmãs no Espírito", dispostas a acompanhá-las na aventura de seguirem Jesus. Jesus também necessita desta geração "líquida". O Espírito sabe fazer da coisa líquida uma torrente, da coisa flexível uma arte de fidelidade.
Nas jovens gerações há lugar para a "mística", para a experiência do mistério, para a caminhada com Jesus. O Espírito está agindo. Nós precisamos nos liberar de nossos preconceitos e esquemas e nos conectar com Jesus que disse: "Deves nascer da água e do Espírito".
Não podemos pensar no tema da "vocação" como forma de vida e ministerial de um modo ingênuo, sem estar atento ao que está acontecendo, nos países de velha cristandade. Estamos entrando em um tempo caracterizado pela instabilidade da sociedade e de suas instituições: a "modernidade líquida" (Zygmunt Bauman). A era da modernidade sólida chegou ao seu fim. Os líquidos não têm forma e se transformam constantemente: eles fluem. Por isso a metáfora da liquidez é apropriada para entender o que está acontecendo nas instituições sociais, mas também em instituições tão veneráveis como o ministério ordenado e na vida religiosa. Os sólidos estão derretendo: estamos em um momento em que não valem as coisas de sempre, mais se pede mais flexibilidade, mais contextos de liberdade. "Flexibilidade" é a palavra que está na ordem do dia. A flexibilidade nós chega cheia de incertezas ante as novas vocações que se tornam temporais, precárias, episódicas, despojadas de perspectivas sólidas. A lealdade a uma congregação, a um ministério pode romper-se a qualquer momento.
A vinda da modernidade líquida impôs na reflexão sobre as vocações na forma de vida tão estruturada como a vida religiosa ou o ministério ordenado -com seus votos de estabilidade e definitivos-, com suas normas seculares, mudanças radicais que exigem repensar os velhos conceitos.
As gerações do final do século de XX (anos 1990-2000) tem sido talvez, as mais livres da história. São filhos e filhas de quem nos anos sessenta e setenta se opuseram revolucionariamente ao sistema então vigentes. As novas gerações não receberam de seus pais -os revolucionários dos anos 60 70- nenhum conselho, nem ordens; seus fracassos matrimoniais -bastante freqüentes- influenciaram na falta de contextos familiares fortes para eles e elas. Estas jovens mocidades apenas têm laços de trabalho: passam facilmente de um trabalho a outro. Não têm necessidade para economizar; é suficiente a economia feita por seus pais, dos quais herdaram casa e dinheiro. Os jovens desta geração não tiveram que lutar para sobreviver. Eles não tiveram os chefes dominantes. Nenhum encontrou dificuldade para ter experiências sexuais. Vivem em grupos de amigos, tem-se se divertido; não possuem ideologias fortes, nem mesmo crises religiosas.
É óbvio que esta situação é "líquida", flexível. Não se faz necessária nenhuma revolução. Haverá condições para grandes paixões? As paixões também entram em uma "modernidade líquida". Em um mundo assim, é possível a paixão que implica em uma vocação por toda vida?
Como conseqüência de tudo isto, a vida religiosa e o ministério perderam hoje importância social. Nada estranho, então, que alguns pensem que a sociedade poderia funcionar perfeitamente sem elas. Para muitos cidadãos a vida religiosa e o ministério ordenado deixaram de ser realidade sagrada, admirável; sendo, no máximo, uma ocupação, que pode ser reincidida pelas partes contratantes.
Ante uma situação assim, como falar da vocação? Talvez deveríamos recuperar o que significa “seguir o Bom Pastor”, “nascer do Espírito e da Água". A flexibilidade não tem que ver com o Espírito que não sabe de onde vem nem para onde vai? As chamadas de Jesus não podem ser entendidas melhor hoje no que nos tempos mais sólidos, e de estruturas demasiadamente fixas? A única questão é o que fazer para que levemos mais tempo na vida religiosa ou ministerial, que nos deixe perder a rigidez e a esclerose do coração, e voltemos a recuperar o coração de carne, a flexibilidade das grandes paixões e nos deixar nascer da água e do Espírito, mesmo que sejamos velhos.
As novas gerações precisam ser “consolidadas”, sentirem-se "orientadas", terem a experiência de serem "amadas". Não lhes bastam as estruturas. Necessitam de pessoas, "pais e mães no Espírito" ou talvez "Irmãos e irmãs no Espírito", dispostas a acompanhá-las na aventura de seguirem Jesus. Jesus também necessita desta geração "líquida". O Espírito sabe fazer da coisa líquida uma torrente, da coisa flexível uma arte de fidelidade.
Nas jovens gerações há lugar para a "mística", para a experiência do mistério, para a caminhada com Jesus. O Espírito está agindo. Nós precisamos nos liberar de nossos preconceitos e esquemas e nos conectar com Jesus que disse: "Deves nascer da água e do Espírito".
Resumo
do livro: “Modernidade Liquida”
Autor: BAUMAN, ZYGMUNT A era da modernidade sólida chegou a seu fim. Por que sólido? Porque os sólidos, ao contrário dos líquidos, conservam a sua forma persistem ao tempo: eles duram. Por outro lado os líquidos são informes e constantemente se transformam: fluem. Por isso a metáfora da liquidez é a apropriada para temer a natureza da fase atual da modernidade. O colapso dos sólidos é a característica permanente desta fase. Os sólidos que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade líquida, eles são os laços entre as escolhas individuais e as ações coletivas. É o momento do desregramento, da flexibilização, da liberalização de todos o mercados. E quando a coisa pública já não existe como sólido, o peso da construção de regras e a responsabilidade do fracasso caem totais e infelizmente nos ombros do indivíduo. A vinda da modernidade líquida impôs à condição humana mudanças radicais que exigem repensar os velhos conceitos. Zygmunt Bauman examina ao redor da sociologia cinco conceitos básicos nos quais giram a narrativa da condição humana: emancipação, individualidade, tempo/espaço, trabalho e comunidade. Como zumbi, esses conceitos estão vivos hoje e mortos ao mesmo tempo. A pergunta é se sua ressurreição é possível; e, se não é, como preparar para eles um sepulcro e um funeral decente. |
José Cristo Rey
Garcia Paredes
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