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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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sábado, 21 de maio de 2011

5º DOMINGO DA PÁSCOA - EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

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HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

22 DE MAIO – 2011

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Comentários – Prof. Fernando

 

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  5º DOMINGO DA PÁSCOA - EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

 

Introdução

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Jo 14,1-12

Hoje, Jesus teria dito: Não esquenta. Confia em mim e em Deus! Mas naquele tempo, a fala foi outra: "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também."  

Podemos exagerar nos conceitos e exercícios de santidade e perfeição, os quais são estados ideais da nossa espiritualidade. Porque por mais que os busquemos, jamais os alcançaremos em sua plenitude, tendo em vista a nossa natureza corrompida, a nossa tendência para o mal. Assim, o estado de graça que conseguimos após uma absolvição, é como estar transportando ouro em pó ou água em um vazo de barro, que a qualquer momento poderemos tropeçar, e quebrá-lo, derramando tudo.

Mas não é por causa dessa nossa fraqueza que vamos deixar de nos esforçar para estar cada vez mais próximos destas duas virtudes. Assim como a Igreja pode ser considerada santa e pecadora, Santa por ser iluminada pelo Espírito Santo, e pecadora por ser composta de seres humanos, "vasos de barros", sujeitos a quedas. Nós também podemos ser santos e pecadores. Porque diante de Deus o que conta mais é o nosso esforço para fugir do mal e buscar o bem, buscar a santidade, e perfeição e a santidade apesar de inalcançáveis totalmente. O que nunca poderemos ser é imperfeitos e santos, pois o próprio pecado é uma imperfeição.

Precisamos sorrir. E muitos cristãos, na busca acirrada pela perfeição, podem se fechar em seu mundo, para se afastar da realidade pecaminosa, e assim se afastar do irmão e até de Deus. E nesta atitude alucinante, pode também se esquecer do sorriso, o qual é o cartão de visita do rosto do cristão que está feliz por está com Deus, por confiar no amor de Jesus, por estar tentando diariamente se aproximar da santidade e da perfeição. Quando Jesus disse: "Sede perfeitos como o Pai do Céu é perfeito", foi uma declaração de um estado ideal que deveríamos buscar diariamente, pois Ele sabia como ninguém, que jamais um ser humano seria capaz de ser perfeito como o Pai.  Lembremos aqui, que nunca seremos dignos de  receber a hóstia consagrada, ou seja, comungar, assim como não seremos dignos da vida eterna. Sendo que a nossa salvação realizar-se á pela graça de Deus. O que não significa também que podemos relaxar na busca permanente da perfeição.

Jesus garante hoje que na casa do Pai há muitas moradas. E que Ele vai preparar um lugar para nós, ou será que Jesus estava se referindo somente aos discípulos?  Me ajuda aqui! Alguém poderia me tirar esta pequena dúvida?

É claro que Jesus também está falando hoje para nós. Os discípulos não foram escolhidos para proclamar o Reino de Deus ao mundo? Nós  também o fomos. Somos seus substitutos.

Em seguida Jesus garante também que Ele é o único caminho para se chegar a morada eterna. 'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.  Na nossa vida há vários  aminhos, sendo que são dois os principais: o da direita e o da esquerda.

Se viramos pela esquerda, encontraremos com certeza, muitas pedras de tropeços,  ilusões, enganações, dores, sofrimentos, medos, tristeza, etc.  Mais se virarmos para o caminho da direita, teremos sofrimentos como todo mundo sim, porém contamos com a forças e a graça divina para suportarmos tudo, e ainda sorrir. O caminho da direita é o caminho que Jesus nos ensinou quando esteve na Terra. É o caminho onde não existe a mentira, somente a verdade. É através dele que chegaremos um dia na Casa do Pai.

Não adianta pegar outra trilha, ou atalho, pois nenhum outro caminho nos levará a Deus. Porque que foi o próprio Jesus quem afirmou: "Ninguém vai ao Pai senão por mim."
E Jesus tinha plena autoridade para afirmar e garantir essas verdades, pois Ele é o próprio Deus. "Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.  Quem me viu, viu o Pai.

"...eu estou no Pai e o Pai está em mim"!  Isso equivale a dizer que Jesus não era somente homem, nem apenas o Filho de Deus. Mas sim o próprio Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.  Nunca vamos entender com a nossa mente de cientistas, nem com o nosso raciocínio humano, mas sim com os olhos da fé. Porque ter fé é enxergar além das coisas visíveis.  É ver o que os incrédulos não vêem.

"As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai, que, permanecendo em mim, realiza as suas obras."  Os apóstolos, aqueles que  iniciaram a Igreja após a ressurreição de Cristo, fizeram muitos milagres, com o poder recebido de Jesus. Nós também poderemos realizar milagres, para que quem nos ouve possam acreditar nas nossas palavras que não são nossa, mais sim do Espírito de Deus.

"Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço,
e fará ainda maiores do que estas."

            Só não conseguiremos, se a nossa espiritualidade e a nossa fé forem  muito pequenas!

            Fé,  é  caminhada, é compromisso, é partilha, é ver além do horizonte, lém das coisas vizíveis aos olhos físicos. Porém, ter uma fé só de emoções, não  produz frutos, não sobrevive aos vendavais da vida, pois  não tem raizes  que a sustente. E  isso acontece quando não estamos unidos a Jesus. E  sem Ele, caimos no vazio, pois Ele é o único alimento que nos sustenta durante nossa  caminhada terrestre!

            O Evangelho de hoje, nos mostra  a paciência de Jesus com os seus Apóstolos, quando através do diálogo, Jesus  procurava prepará-los para enfrentara realidade da vida, e para eles não tropeçassem nas pedras do caminho, mas sim, desfrutassem da verdadeira alegria de ter vida em abundância.

Sal.

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O caminho é Jesus, a verdade é Jesus, a vida é Jesus".

                                           Jesus promete nos levar a um lugar perto Dele e nos revela que quem O vê, também vê o Pai. Portanto, Jesus nos acena com um lugar perto de Deus, na intimidade com o Pai, na vivência do Seu Amor. Muitas vezes nós nos atordoamos e, também como Filipe, perguntamos: "Aonde será este lugar?" "Qual será o caminho que devemos percorrer para chegar lá"? O próprio Senhor se intitula: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!" Mas será que nós só iremos chegar a este lugar prometido só depois da nossa morte? Jesus nos fala de caminho, verdade e vida, por conseguinte Ele nos transmite algo que se identifica com a nossa existência atual, com a nossa história e com as experiências vividas aqui na terra.

                                       Caminhamos aqui em busca da verdade para a nossa vida, procuramos a felicidade, desejamos encher o nosso coração de paz, de alegria. Temos sede de santidade e de justiça e o viver com Jesus nos proporciona tudo isto. Aqui na terra nós começamos a palmilhar verdadeiramente este Caminho para uma Vida nova.  Devemos nos regozijar com as promessas que o Senhor nos faz através do Seu Evangelho. Crer, confiar e depender de Jesus é o Caminho para realizarmos aqui na terra, obras maiores que as Suas, conforme o que Ele nos prometeu. Meu irmão,minha irmã, reflitamos:Você acredita que, confiando em Jesus poderá fazer obras maiores do que as Dele? – Você já assumiu Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida? – Jesus Cristo já tem influência na sua vida ao ponto de fazer você desistir de alguns planos antigos? Pense nisto!

Amém

Abraço carinhoso de

Maria Regina

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22 de maio

5º DOMINGO DA PÁSCOA

EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA - Rita Leite

Os discípulos estavam perturbados, após Jesus ter falado de sua volta ao Pai. Jesus os tranqüiliza dizendo: "Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, credes também em mim. Na casa de meu pai há muitas moradas." Jesus lhes garante que estará sempre presente não só nos momentos de alegria como também nas provações e nas dificuldades. E que no momento certo voltará para levá-los consigo afim de que onde ele estiver eles estivessem também.

Estas palavras de Jesus enchem nosso coração de alegria e esperança. Pois cremos na ressurreição. Sabemos que Jesus preparou um lugar no céu para os seus amados. E que pela infinita misericórdia de Deus um dia estaremos gozando as alegrias celestes na presença dele.

Jesus vai a nossa frente e nos conduz para a casa do Pai. Por Ele chegaremos à morada eterna, pois só ele é o caminho que nos levará para o céu. Crer em Jesus e segui-lo eis a condição para entrar na morada eterna. Nossa fé na ressurreição nos dá a coragem de viver como Jesus manda, amando e perdoando fazendo o bem aqui na terra enquanto não chega nossa hora de nos encontrarmos com Deus no céu. Para quem tem fé a morte não é o fim, mas sim o inicio de uma vida nova na eternidade com Deus.

Hoje Jesus nos chama para prosseguir este caminho com ele, sabemos que no caminho há cruzes, mas a ressurreição já é nossa certeza de vitória. Caminhemos para Deus com a força do espírito Santo que nos anima.

Nem sempre é fácil seguir este caminho, pois é um caminho estreito e cheio de provações e renuncias, mas no final com certeza valerá à pena. Jesus nos guia nos dá a direção certa a seguir. Em certos momentos em nossas vidas tomamos caminhos errados, caminhos que nos levam para longe de Deus, nos levam para a morte. Por isso Ele nos diz eu sou o caminho que você deve seguir para ter vida plena, sou a verdade que nunca falha, minha palavra é verdadeira, pois não há mentira em minha boca. Eu sou a vida que dá sentido a tua vida.

            Que as perturbações do dia a dia não nos impeçam de seguir os ensinamentos de Jesus. Coloque tua esperança em Deus e toda perturbação sairá de ti. Em Cristo está a nossa paz. Entreguemos nosso caminho a Deus e deixemos nos guiar por ele confiantes que já temos um lugar preparado no céu para cada um de nós.

Conhecer o Pai é conhecer Jesus e obedecer aos seus ensinamentos. Crer nas obras que ele realizou e ainda realiza. Somos chamados a seguir seu exemplo. Sabemos qual é a vontade de Deus para nós, cabe a nós aceitarmos ou não.

Em Jesus temos a perfeita imagem do Pai. Através das obras da salvação realizada em Jesus, Deus Pai se revelou inteiramente a nós. Amou-nos tanto que entregou seu filho único para que todo que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna. (Jo3, 16).

O convite está feito, é Jesus quem nos convida a percorrer o caminho da salvação praticando as obras frutos do amor e acreditando que Deus pode realizar obras grandiosas em nossas vidas e na vida de nossos irmãos, a única exigência é que tenhamos fé, o que pedirmos em nome de Jesus, ele fará se for de sua vontade.

Abraço fraterno

Em Cristo

Rita leite

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Homilia de Mons. José Maria Pereira – V Domingo de Páscoa – Ano A

O Caminho e a Oração

Hoje e sempre encontramos multidões que têm  fome e sede de Deus.Continuam a ser atuais as palavras de Santo Agostinho no início de suas Confissões: "Criaste-nos,Senhor, para Ti e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em Ti."O coração da pessoa humana foi feito para procurar e amar a Deus. E o senhor facilita esse encontro, pois ele também procura cada pessoa através de inúmeras graças, de atenções cheias de delicadeza e de amor. A sua sede de salvar os homens é tal que declara: " Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6). Tal declaração tem a sua origem na pergunta de Tomé o qual, ao não compreender tudo o que Jesus afirmara acerca de Seu regresso ao Pai, lhe perguntara: "Senhor, não sabemos para onde vais. Como é que sabemos o caminho?" (Jo 14,5). O apóstolo pensava num caminho material, mas Jesus indica-lhe um espiritual, tão sublime que se identifica com a Sua Pessoa: "Eu sou o caminho"; e não lhe mostra apenas o caminho, mas também a meta- " a verdade e a vida"- à qual conduz e que é também Ele mesmo. Jesus é o caminho que conduz ao Pai: "Ninguém vai ao Pai senão por Mim" (Jo 14,6); é a verdade que O revela: "Quem Me viu, viu o Pai" (Jo 14,9); é a vida que comunica aos homens a vida divina: "Assim como o Pai  tem a vida em Si mesmo" , assim a tem o Filho e dá-a "àquele que quer" (Jo 5, 26. 21). "Eu estou no Pai e o Pai está em Mim"(Jo 14,11). Sobre esta fé em Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, caminho que conduz ao Pai e igual em tudo ao Pai, fundamenta-se a vida do cristão e a de toda a Igreja.

Jesus, com a sua resposta, está "como que a dizer: Por onde queres ir? Eu sou o caminho. Para onde queres ir? Eu sou a Verdade. Onde queres permanecer? Eu sou a Vida. Todo o homem consegue compreender a Verdade e a Vida; mas nem todos encontram o Caminho. Os sábios do mundo compreendem que Deus é vida eterna e verdade cognoscível; mas o Verbo de Deus, que é Verdade e Vida junto ao Pai, fez-Se caminho ao assumir a natureza humana.Caminha contemplando a Sua humildade e chegarás até Deus" (Santo Agostinho).

Em At 6, 1-7 temos a escolha dos diáconos para ajudarem os Apóstolos no atendimento da comunidade que crescia cada dia, pois a Palavra de Deus ia se espalhando cada vez mais. Disseram os Apóstolos: "Quanto a nós entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra" (At 6,4).

Assim como o Mestre passava longas horas em oração individual, também o apóstolo reconhece a necessidade de alcançar forças novas na oração pessoal, feita em íntima união com Cristo, pois só assim será eficaz o seu ministério e poderá levar ao mundo a palavra e o amor do Senhor.

Já dizia o Beato João Paulo II: "A oração é para mim a primeira tarefa e como o primeiro anúncio; é a primeira condição de meu serviço à Igreja e ao mundo."

São Josemaria Escrivá ensinou: "… a nossa vida de apostolo vale o que valer a nossa oração" (caminho, nº 108). E, continua São Josemaria: " Se não és homem de oração, não acredito na retidão de tuas intenções quando dizes que trabalhas por Cristo" (Caminho, nº 109)

O apostolado é fruto do amor a Cristo. Ele é a luz com que iluminamos, a verdade que devemos ensinar, a Vida que comunicamos. E isto só será possível se formos homens e mulheres unidos a Deus pela oração.

A oração nunca deixa de dar os seus frutos. Dela tiraremos a coragem necessária para enfrentar as dificuldades com a dignidade dos filhos de Deus, bem como para perseverar no convívio com os amigos que desejamos levar a Deus. Por isso a nossa amizade com Cristo há de ser cada dia mais profunda e sincera. Sem oração, o cristão seria como uma planta sem raízes; acabaria por secar, e não  teria assim a menor possibilidade de dar fruto. A oração é o suporte de toda a nossa vida e a condição de todo o apostolado. "Persevera na oração.- Persevera, ainda que o teu esforço pareça estéril.- A oração é sempre fecunda" (Caminho, nº 101)

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – V Domingo de Páscoa – Ano A

Circuminsessio

Que palavra é essa? É simples. É o sinônimo de "perichoresis". O quê? Ficará mais simples se eu utilizar as palavras de Jesus que escutamos neste domingo: "Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede ao menos por causa destas obras" (Jo 14,11). Agora ficou claro. Não? Então vamos deixar por um momento a palavra grega e analisemos a latina: "circuminsessio". "Circum" significa "o que está em volta", "sessio" significa "sentar-se". Uma variante desta expressão é "cicumincessio"; neste caso, "cessio" estaria relacionada com "incessum" que significa "avançado". Tem, por tanto, um significado mais dinâmico. Esse dinamismo se encontra presente na palavra grega, "perichoresis", que conserva o significado de "recirculação" entre as Pessoas divinas.

São Gregório Nazianzeno utilizou a palavra "perichoreo" para explicar a mútua presença da natureza divina e da natureza humana, compenetradas e sem confusão, em Cristo. São Máximo o Confessor utilizou essa mesma palavra para expressar a união das duas naturezas, mas com relação às ações do Verbo encarnado. A partir do assim chamado "Pseudo-Cirilo" começou a usar-se o vocábulo para a doutrina trinitária, desta maneira se afirma a multiplicidade das Pessoas em Deus permanecendo sempre a unidade divina. Os Doutores medievais utilizaram a palavra grega traduzindo-a por circumincessio ou circuminsessio.

Perichoresis ou circumisessio é a in-existência ou presença de cada uma das pessoas da Santíssima Trindade nas outras duas. A doutrina cristã afirma que há um só Deus em três Pessoas verdadeiramente distintas. O Pai não é o Filho, nem o Filho é o Pai; o Pai não é o Espírito Santo, o Filho não é o Espírito Santo; o Espírito Santo não é nem o Pai nem o Filho. Não obstante, como existe um só Deus, é importante falar desse mútuo "permanecer em" das três Pessoas divinas para evitar qualquer divisão na essência divina e, em consequência, para evitar falar de três deuses.

A doutrina da circuminsessio afirma que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai, que onde está o Pai aí também está o Filho. E o mesmo se diga do Espírito Santo em relação ao Pai e ao Filho.

Observemos também que Jesus nos convida a descobrir essa mútua presencia entre Ele e o Pai através das suas obras. As ações de Jesus mostram que ele faz em todo momento a vontade daquele que o enviou, que ele espera sempre o tempo que o Pai determinou para realizar as coisas, que ele está –de maneira semelhante a como estava Adão antes do pecado– em total dependência do Pai. Ele, ao contrário do primeiro homem, não se rebelou contra Deus, não o desobedeceu. Jesus sempre amou o Pai e fez em tudo a sua vontade. Essa maneira de fazer e de ensinar-nos, leva à compreensão da presença do Pai nele, e à inversa.

A nossa maneira de atuar também mostra que em nós residem o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Que ninguém se assuste se nesse momento eu utilizo a palavra "perichoresis" ou "circuminsessio" não somente no sentido cristológico ou trinitário, mas também em perspectiva antropológica. Há uma presença de Deus no homem, e à inversa: há uma presença do homem em Deus. Esse é o "divinum comercium", o comércio divino entre Deus e o homem, e que os Padres da Igreja gostavam de expressá-lo dessa maneira: o Filho de Deus se fez homem para que o filho do homem se fizesse filho de Deus.

É importante que a nossa maneira de atuar, como no caso de Jesus, manifeste que Deus encontrou uma casa no nosso coração, que as três Pessoas divinas habitam na nossa vida em graça, que nós estamos presentes em Deus e que Deus está presente em nós. Agora mesmo, nesse exato momento, a humanidade que se encontra na Pessoa de Jesus, no céu, é a nossa humanidade. A humanidade gloriosa de Cristo manifesta como deve ser o homem segundo o plano de Deus porque Deus o criou para a incorruptibilidade, para a santidade e para a imortalidade. A nossa humanidade está na intimidade de Deus e Deus está no mais íntimo do nosso ser quando vivemos em graça.

A vida cristã é consequência da in-habitação trinitária em nós. Assim fica mais fácil entender a Escritura quando afirma que nós somos templos do Espirito Santo. Não poderia ser diferente uma vez que Deus mora em nós. Ou seja, o que acontece nas profundezas da comunhão trinitária, acontece, a outro nível, entre Deus e nós. As relações entre o homem e Deus tem que ser a imagem das relações que há entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo.

Pe. Françoá Costa

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – V Domingo de Páscoa – Ano A

At 6,1-7
Sl 32
1Pd 2,4-9
Jo 14,1-12

Neste Domingo quinto do Tempo da Páscoa, elevemos o olhar ao Ressuscitado; deixemo-nos tomar por sua palavra: "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também!" Estejamos atentos: estas não são palavras ditas ao vento, para ninguém! São palavras, é exortação a nós, cristãos de agora; palavras para cada um de nós e para nós todos, palavras verdadeiramente provocantes! No mundo complexo, numa realidade plena de desafios, na nossa vida pessoal tantas vezes sofrida, tantas vezes ferida, cheia de tantas contradições e desafios, o Senhor nos olha, estende-nos as mãos, abre-nos o coração e nos enche de serenidade e confiança: "Não se perturbe o vosso coração!"

Pensemos nos desafios dos tempos atuais: o desafio de crer e testemunhar o Senhor em situações tão cheias de promessas, mas também tão confusas. Pois bem, o Senhor insiste: "Tendes fé em Deus, tende fé em mim também!" Ter fé em Cristo! Eis o desafio para nós! Ontem, como hoje, é necessário proclamar nossa fé nele, nossa entrega a ele, nossa certeza de que ele pode dar um sentido à nossa existência. E por quê? Não seria loucura, alienação, infantilidade, confiar assim, de modo tão absoluto, em um alguém? Por que apostar toda a vida em Jesus e somente em Jesus? Por que não um pouquinho de Buda, um pouquinho de Maomé, um pouquinho de Dalai Lama, um pouquinho de esoterismo, um pouquinho mais de consumismo e outro tantinho de rédea solta aos nossos instintos? Por que somente Cristo? Por que absolutizar Jesus? Eis a resposta, que ele mesmo nos dá; eis a resposta surpreendente! Escutemo-la: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim!" É precisamente neste mundo de tantos desafios e de tantos caminhos, que o Senhor Jesus nos diz: Eu sou o Caminho! Nestes tempos de tantas verdades, ele nos proclama: Eu sou a Verdade! Neste mundo que nos tenta, oferecendo vida onde não há vida verdadeira, Jesus anuncia: Eu sou a Vida! De fato, ele não é simplesmente um profeta, um sábio, não é alguém a quem podemos admirar e seguir ao lado de outros personagens igualmente ilustres! Jesus se nos apresenta como aquele que vem de Deus e é o único que nos pode revelar de modo pleno, de modo claro e conclusivo o caminho para Deus! Mais ainda: Aquele que é nosso Caminho é também nossa única Verdade e nossa única e verdadeira Vida!

Caríssimos, é diante dele que temos sempre que nos decidir, que somos chamados a dar um rumo à nossa existência e à existência da sociedade, da família, das relações sociais, do mundo. O Santo Padre Bento XVI dizia, pouco antes de sua eleição, que o mundo tem tantas e tantas medidas para avaliar o bem e o mal, o certo e o errado… E ele advertia: nossa medida é Cristo! Eis! Ele é nossa medida porque é o único Caminho, a única Verdade, a única Vida! O que o Sucessor de Pedro quis dizer, o próprio Apóstolo Pedro nos afirma na segunda leitura da Missa de hoje: "Aproximai-vos do Senhor, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus! Com efeito, nas Escrituras se lê: 'Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e magnífica; quem nela confiar, não será confundido!' Mas, para os que não crêem, 'a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular pedra de tropeço e rocha que faz cair'". Não há como escapar: diante de Cristo, é necessária uma escolha, uma decisão! Aqui não se tem nada a ver com ser conservador ou progressista, otimista ou pessimista! Aqui tem-se a ver com a experiência tremenda de Deus que entregou seu Filho ao mundo para ser nossa Vida e Caminho e os homens a rejeitaram. Ora, é diante do Cristo, Caminho, Verdade e Vida que nossa existência será julgada, que o mundo será examinado! E, no entanto, ele será sempre sinal de contradição e pedra de tropeço… Vimos, agora mesmo, por ocasião da eleição do novo Papa, tantas idéias disparatadas – algumas, para nossa tristeza, apresentadas até mesmo por padres ou religiosos… Alguns se iludem, pensando numa Igreja que faça o jogo da moda, que diga amém a um modo de pensar, agir e viver estranho ao Evangelho! Que engano tão danado! A renovação da Igreja está em voltar sempre a Cristo e nele se reencontrar sempre, retomando o vigor, como de uma fonte puríssima! O verdadeiro serviço à humanidade e ao mundo é apresentar o Cristo e nele colocar toda a esperança!

"Não se perturbe o vosso coração!" – Já nos inícios da Igreja havia tensões, desafios, dificuldades externas e internas. Pois bem, já ali o Senhor dizia aos cristãos: "Não se perturbe o vosso coração!" Já ali lhes garantia a grandeza do amor do Pai: "na casa do meu Pai há muitas moradas!" E já ali, entre as consolações de Deus e as provações da vida, "a Palavra do Senhor se espalhava". Portanto, não temamos em colocar toda a nossa confiança no Senhor; não hesitemos em procurar de todo o coração seguir os passos do Senhor Jesus! A oração inicial da Missa de hoje exprimiu muito bem o que espera o cristão, ao colocar no Senhor a sua existência. Recordemo-la: "Ó Deus, Pai de bondade, concedei aos que crêem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna!" – Eis o que buscamos, o que esperamos, o que temos a certeza de alcançar: a liberdade verdadeira e a herança eterna! Amém.

D. Henrique Soares da Costa

 

Somos uma raça escolhida, nação santa, povo de Deus

 

O tempo da Páscoa já está avançado e convém que nós, cristãos, tenhamos uma ideia clara de nossa identidade mais profunda. As vezes, de tanto caminhar e trabalhar dias a fio, nos esquecemos de que fomos escolhidos como porta-estandartes de uma bandeira que não é apenas nossa, mas de toda a humanidade. Em Cristo Jesus ressuscitado, somos todos sacerdotes que oferecemos a Deus o sacrifício espiritual que traz a salvação ao mundo. É desta forma que construímos o Reino de Deus. Porque os sacrifícios que oferecemos não são como os da Antiga Aliança - holocaustos de carneiros e touros - mas a entrega das nossas vidas ao serviço do Reino de Deus, visto que estamos comprometidos em formar já aqui a família de Deus onde reina a verdade, o amor e a justiça.

Isso é o que nós, cristãos, somos pelo nosso Batismo. O desafio está em chegar a ser, na vida real, aquilo que já somos na presença de Deus. Nosso chamado consiste em levar à prática diária desse amor com o qual Deus nos amou em Jesus e nos transformou em povo eleito e nação consagrada. Para alcançarmos nosso objetivo, o evangelho de hoje nos mostra o caminho: o mesmo Jesus que disse a respeito de si mesmo que "Ele era o Caminho, a Verdade e a Vida". Os apóstolos custaram a compreender que seguir Jesus era muito mais importante que aprender algumas verdades; que não se tratava de teologia, mas de se encontrarem com Jesus e permitir que este fosse o guia que os levaria até o Reino do Pai. Não havia mais outro caminho a não ser seguir suas pegadas. Hoje devemos dizer o mesmo: seguir os passos de Jesus, comportarmo-nos como ele, amando nossos irmãos e irmãs, até dar-lhe tudo como ele fez.

Fazer isso na vida diária nem sempre é fácil. Hoje enfrentamos problemas e situações que não têm nada a ver com as enfrentadas por Jesus ou os apóstolos. Mas este é justamente o nosso desafio: encontrar soluções criativas, de acordo com o Reino, para os problemas que surgem. Tal como fizeram os apóstolos na igreja primitiva, ao perceberem que um grupo da comunidade, as viúvas dos gregos, não recebia a atenção merecida. Solucionaram imediatamente o problema criando um grupo que deveria atendê-las: os diáconos. Desta forma devemos seguir Jesus, ou seja, oferecendo soluções aos problemas com os quais nos deparamos, perguntando sempre: o que Jesus faria em uma situação como esta? E deixarmo-nos levar pelo Espírito até que encontremos as formas e os modos concretos que nos levem a expressar da maneira mais eficaz possível o amor pelos irmãos e irmãs, especialmente pelos mais necessitados.

Há pessoas em nossa paróquia, comunidade ou família que estão sem atendimento e que sofrem sem que ninguém lhes dê atenção ou ajuda? O que podemos fazer para nos aproximarmos deles, para aliviar seus sofrimentos? Não é essa a melhor maneira de seguir Jesus, Caminho, Verdade e Vida? 

Victor Hugo Oliveira

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O acesso ao Pai passa por Jesus.

 

"Cantai ao Senhor um canto novo, porque ele fez maravilhas;

e revelou sua justiça diante das nações, aleluia!" (cf. Sl. 97,1s)

Depois de termos contemplado no domingo passado Jesus como a porta que dá acesso ao Reino dos Céus à liturgia deste domingo nos convida a ver em Jesus como o Caminho, a Verdade e a Vida.

O acesso ao Pai passa por Jesus. Assim, o sentido destes três termos que constituem a unidade – o Caminho da Verdade e da Vida - é apresentado através de uma pequena encenação. Jesus inicia sua despedida dizendo que é uma viagem necessária, para lhes preparar um lugar, e que eles conhecem o caminho. Tomé responde que não. Jesus explica que ele mesmo é o caminho da Verdade e da Vida, o caminho pelo qual se chega ao Pai.

Toda pessoa piedosa sonha ou deseja, ou melhor, quer ver e conhecer a Deus. Mas, nos anuncia João no prólogo de seu Evangelho, que ninguém jamais o viu... (cf. Jo 1,18). Agora, Jesus explica a Filipe, que lhe pede para mostrar-lhe o Pai, e a resposta de Jesus é a seguinte: "Quem me vê, vê o Pai!". Em outras palavras: em Jesus, o Cristo contemplamos Deus. Nosso perguntar encontra Nele resposta, nosso espírito, verdade; nossa angústia, a fonte da vida. Neste sentido, ele mesmo é o caminho que nos conduz ao Pai e, ao mesmo tempo, a Verdade e a Vida que se tornam acessíveis para nós.

Jesus hoje nos ensina que Ele e o Pai são um só. Jesus nos ensina que Ele voltará para junto do Pai; que as criaturas humanas têm um destino eterno; Jesus nos ensina que Ele é o único caminho de acesso a Deus, e que os apóstolos, em conhecendo esse caminho, deviam encher-se de fé e de confiança na sua misericórdia.

O homem e a mulher vivem sempre apreensivos. A apreensão faz parte da natureza humana e não poderia ser diferente com os apóstolos. Todos nós queremos ver ao Pai, sentindo um desejo, menor ou mais intenso, de ver o rosto de Deus. E na procura de Deus, precisamos de pontos de referência para não nos perder. Jesus se coloca como ponto de referência, seja para vencer a angústia pelo que pode acontecer, seja para encontrar a Casa do Pai e fazer comunhão com Ele.

O Evangelho de hoje (cf. Jo 14,1-12) é o Testamento de Jesus. Por isso os ensinamentos são repletos de emoção, conselho e de encantamento espiritual.

E o testamento de Jesus nos deixa verdades acerca de nossa fé: Jesus é igual ao Pai; toda a obra de Jesus é divina e salvadora; a criatura humana tem um destino e um horizonte eterno; esse horizonte e destino são garantidos por Jesus aos que tiverem fé nele; Jesus é o caminho que une a terra ao Céu e por esse caminho a criatura humana pode chegar a Deus; por Jesus conhecemos toda a verdade em torno de Deus; a vida não se esgota aqui na terra e Jesus reparte com o homem o poder de salvar.

Estas são as verdades fundamentais do cristianismo, por isso não podemos deixar o nosso coração se perturbar por coisas pequenas diante da normalidade da vida.

Jesus confia no homem e na mulher e o cobre com seu manto protetor! Por isso o próprio Cristo anunciou aos seus: "Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos tempos"(cf. Mt 28,20). Jesus não só assumiu a condição humana nos anos de sua vida terrena, mas para todo o sempre. Jesus é o nosso companheiro de caminhada, de trajetória e por isso nos encoraja.

Jesus no Evangelho de hoje anima e consola os seus discípulos. Por isso nada deve perturbar o coração do discípulo fiel. Isso porque na hora de nossa morte, Jesus virá ao nosso encontro pessoalmente. Vê-lo-emos face a face. Será pela mão de Jesus que entraremos no céu. Ele virá para nos julgar com misericórdia e justiça, conforme professamos em nosso Credo.

A misericórdia de Cristo é a misericórdia que vem ao nosso socorro e que em cada sacrifício Eucarístico repetidos com fé: "ajudados pela Vossa Misericórdia, sejamos protegidos de todos os perigos, enquanto aguardamos a vinda do Cristo Salvador", depois da recitação da Oração que o Senhor nos ensinou.

A primeira leitura de hoje (cf. At. 6,1-7) nos fala dos diáconos no contexto da expansão da Igreja entre os helenistas. Continuam os Atos dos Apóstolos a narração dos primórdios da Igreja. O seu vertiginoso crescimento traz problemas. Além dos convertidos do judaísmo tradicional, ascendem a Igreja também os convertidos do judaísmo helênico, ou seja, daqueles que vêem das cidades comerciais da Grécia, da Armênia, da Síria, etc, ou pagãos convertidos anteriormente ao judaísmo, como os prosélitos. A organização da assistência às viúvas deste grupo provocou um novo serviço na comunidade: os diáconos, os que são servidores da caridade e que assumem o ministério da caridade entre os mais pobres da comunidade.

A segunda leitura hodierna (cf. 1Pd. 2,4-9) apresenta a Igreja – como templo de pedras vivas, da qual Jesus Cristo é a pedra angular. A presente leitura é rica de imagens, que se determinam mutuamente. Cristo é a pedra viva, rejeitada pelos sumos sacerdotes e pelos mestres da lei; pedra morta, mas ressuscitada por Deus. Quem a Jesus se une na construção do Seu Reino é pedra viva também. Cristo é o sacrifício espiritual; quem adora a ele, o é também. Por isso somos santificados com ele pelo sacerdócio real que recebemos pelo batismo.

Cristo é a verdade, na confusão ruidosa das mil "verdades"que só duram um dia. Jesus permanece como o termo último de todas as verdades. Cristo é a vida: todos os esforços do homem para vencer as barreiras da morte só conseguem retardar de um momento o terrível encontro. Só Cristo destrói essa barreira e nos abre as portas para uma vida sem fim, em plenitude total.

Jesus ao se proclamar como o Caminho único de se chegar ao Pai lembra que é possível chegar ao Pai somente por meio dele. Assim a segunda leitura, continuação da Carta de Pedro canta a dignidade do povo constituído em Cristo, construído com pedras vivas sobre a pedra rejeitada pelos construtores, que se tornou à pedra angular. Nem mesmo os conflitos da comunidade iniciante dos Atos pode nos abalar. Devemos dar louvor ao Deus bom e fiel, ou seja, a providência de Deus para todos os seus. Ele vem em nosso auxílio e em nosso refúgio. Com Jesus estamos no Pai, somos conduzidos ao Pai, participando de sua vida e do seu amor. Que Deus nos ajude e nos conduza todos ao único caminho, sempre lembrando do chamado da Igreja que peregrina no Brasil - pelos nossos Pastores - aonde somos convidados a Ver Jesus, único Caminho, Verdade e Vida.

padre Wagner Augusto Portugal

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"Caminho, Verdade e Vida"

No evangelho dos domingos passados, vimos a preocupação de Jesus em formar uma comunidade, que continuasse a sua obra. Nós estamos aqui, porque pertencemos a essa comunidade. O que é mesmo uma comunidade cristã?

As leituras bíblicas de hoje nos dão uma resposta:

A 1ª leitura mostra o 1º conflito na comunidade de Jerusalém e como resolveram o problema. (At. 6,1-7)

Os cristãos de origem grega queixam-se que as suas viúvas não estão recebendo a mesma atenção do que as viúvas judaicas... Os apóstolos propõem a escolha de sete homens honrados, ficando eles mais livres para a oração e para o serviço da palavra. Nascia assim o 1º ministério na igreja: o diaconato. (domingo dos ministérios).  O episódio nos mostra que a igreja é:

- uma comunidade que sempre teve, tem e terá conflitos... mas deve enfrentar as situações novas e difíceis com sentido eclesial de unidade na pluralidade;

- uma comunidade hierárquica: ela recorre aos apóstolos, reza invocando o Espírito Santo e busca uma solução para o problema. Partilham as responsabilidades...

A comunidade escolhe, os apóstolos confirmam impondo as mãos...

Uma comunidade de servidores. Escolhe sete homens "cheios do Espírito Santo", para o serviço das mesas. Assim a igreja apostólica, guiada pelo espírito de Cristo ressuscitado, vai desenvolvendo os ministérios para realizar a sua tríplice missão: o serviço da palavra, do culto e da caridade.

Na 2ª leitura, Pedro compara a igreja a um edifício espiritual, no qual Cristo é a "Pedra angular" e os cristãos "Pedras vivas".

O antigo templo de Jerusalém construído com pedras materiais será substituído por esse novo templo formado de pedras vivas. (1Pd. 2,4-9)

No evangelho, a igreja aparece como um povo peregrino que caminha para Deus, guiado por Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida. (Jo. 14,1-12)

O texto faz parte do "discurso da despedida", na última ceia.

Lidas neste tempo litúrgico de Páscoa, as palavras do Senhor nos orientam para a ascensão ao Pai e são como seu testamento espiritual.

"Não vos preocupeis... vou preparar um lugar para vós... depois voltarei

 e vos levarei comigo... Eu sou o caminho, a verdade e a vida..."

Jesus é o caminho porque é o único "mediador" da Salvação; é a verdade porque é o "revelador" do projeto de Deus; é a vida porque é o "Salvador", que nos dá a vida de Deus que ele possui. Por isso: "Ninguém pode chegar ao Pai senão por mim".

Resumindo, a igreja é:

- é um povo organizado, em que os membros têm diferentes tarefas, tais como o serviço da caridade, da palavra e do culto;

- é um edifício espiritual, em que Cristo é a pedra fundamental e nós pedras vivas;

- é um povo peregrino que caminha para Deus, sob a guia de Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida.

Que casa é esta, onde Jesus preparou muitas moradas?

O Paraíso, onde teremos antecipadamente uma cadeira numerada? Não, a casa do Pai é a comunidade dos seguidores de Jesus (Igreja), onde Cristo é a "pedra angular" e nós devemos ser "pedras Vivas". É a comunidade cristã, onde há "muitos lugares", muitos serviços, muitas funções a serem desempenhadas...

Ainda hoje há muitas moradas nessa casa do Pai... E muitos lugares de trabalho preparados por Jesus, continuam desocupados... E "nessa casa", há vagas!...

Por que será? Desinteresse? Falta de oportunidade?

Cristo continua presente ainda hoje através da sua igreja.

Nela, somos, de fato, "pedras vivas", atuantes... desempenhando nossa função?

Somos uma comunidade organizada, que partilha responsabilidades,  que procura ser uma resposta atual ao homem de hoje: com um conselho que planeja, revê, anima e dá oportunidade a todos, com pastorais atuantes, com movimentos que vivem uma espiritualidade própria, mas em comunhão com a comunidade... com ministérios que animam os diversos setores...

Cristo garante: "Estou convosco... Eu sou o caminho, a verdade e a vida..." Caminho que devemos percorrer com os irmãos; verdade que devemos proclamar ao mundo carente da Luz divina; vida que devemos defender e cuidar...

- Que tipo de igreja estou ajudando a construir na minha comunidade?

- Ou fico apenas olhando de longe, criticando... e não assumindo o meu lugar?

padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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Após a ceia e o lava-pés, e depois da saída de Judas, Jesus estabelece um diálogo de intimidade com seus discípulos. Ele lhes dirige palavras de esclarecimento, que também lhes proporcionam confiança e segurança. São palavras que penetram fundo no coração e fortalecem nossa fé. Fortaleceram, da mesma forma, a fé dos discípulos, mais tarde, quando começaram a perceber que Jesus continuava vivo entre eles. São palavras que alimentam nossa oração e nossa prática de vida.

O amor de Deus e de Jesus para conosco está aí vivamente expresso. Crer em Deus e crer em Jesus é fonte de paz para o coração e para a comunidade. O ir e vir de Jesus não é um percurso entre a terra e o céu. É o percurso da fé, neste mundo, no seguimento de Jesus, que é o caminho, a verdade e a vida que levam ao Pai. E esta fé comprometida com as obras de Jesus, na fraternidade, na misericórdia e na justiça, abre espaço para a morada do Pai e de Jesus em cada um.

Pelo amor, na partilha e na solidariedade, vivido na missão e nas comunidades, os discípulos são levados por Jesus à comunhão na casa do Pai.

padre Jaldemir Vitório

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A comunidade cristã inicial, formada pelos primeiros batizados, vive cheia de entusiasmo uma novidade de vida. Todos se querem bem, dividem entre si o que possuem, rezam juntos. São, porém, gente de carne e osso, com as limitações e as necessidades humanas. A convivência do dia a dia vai se tornando pesada.

O entusiasmo arrefece. Querem estar juntos e sentem as ausências, mas, quando perto, se atritam. A Igreja de Jesus, como Ele próprio, é encarnada. Uma só Igreja com uma natureza divina e outra humana. O humano tem suas exigências de estrutura e organização. A Igreja vai se organizando segundo as necessidades que aparecem ao longo dos tempos, sem se fixar em nenhuma delas porque são mutáveis.

As estruturas criadas são de serviço e respondem às necessidades de cada momento. No entanto, a fraqueza humana também aqui se manifesta e, precisando de segurança, tenta fixar estruturas humanas temporárias e dar-lhes natureza divina. Fixam-se num tempo e tornam a Igreja incapaz de dar novas respostas a novas perguntas. O pecado passa a residir nas estruturas criadas por necessidade humana.

A comunidade cristã é feita em primeiro lugar de pedras vivas que necessitam, sem dúvida, de pedras mortas para se abrigarem. Cristo é a pedra principal, a pedra angular de apoio de todo o edifício. Todos nós, unidos a Ele e entre nós, formamos o seu corpo místico visível neste mundo.

Nós nos encontramos e nos abrigamos em casas de pedra, na esperança, porém, daquela morada que se encontra na casa do Pai, que Cristo foi preparar para cada um de nós. A garantia da casa do futuro já nos é dada na vida terrena de Cristo porque quem o vê, vê o Pai, e, ao mesmo tempo, ele vai para o Pai. O mistério não precisa ser entendido. Precisa ser experimentado e vivido. Nele mergulhamos agora, na casa de pedra, para um dia mergulharmos em Deus e vivermos extasiados no meio das relações da Trindade. Nossa casa na eternidade é o seio da Trindade.

At. 6,1-7 – A comunidade de Jesus cresce e se expande. As dificuldades de relacionamento se fazem sentir. É preciso um mínimo de organização. Os apóstolos sabem quais são suas tarefas e escolhem sete membros da comunidade para coordenarem a distribuição dos recursos aos necessitados. Esses homens não apenas organizam o serviço social, mas também pregam a Palavra e batizam.

1Pd. 2,4-9 – Pedro diz que Jesus é a pedra principal de uma construção e que, no entanto, foi rejeitada pelos construtores. Ele a chama de pedra viva e honrosa diante de Deus. E diz também que nós somos as pedras vivas que formam o grande edifício do Corpo visível de Cristo neste mundo. A comunidade de Jesus é visível neste mundo com suas pessoas e suas instituições. A casa do povo de Deus neste mundo é sinal da casa futura que o Senhor foi preparar para nós.

Jo 14,1-12 – O que será de nós ao deixarmos esta casa e este corpo? Não nos preocupemos. Jesus disse: "Na casa do meu Pai há muitas moradas". Ele foi à frente preparar um lugar para todos nós. Acreditamos n'Ele e n'Ele temos a nossa esperança. Somos por isso capazes de fazer grandes obras neste mundo, que anunciem a grande obra do mundo futuro.

cônego Celso Pedro da Silva

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Crer em Jesus e segui-lo

Nos evangelhos sinóticos, Mateus, Marcos, Lucas, a última ceia de Jesus com os discípulos é resumida apenas nas narrativas do anúncio da traição de Judas e da benção do pão e a ação de graças sobre o cálice. O evangelista João narra esta ceia com cenas e longos diálogos que revelam a grande sublimidade deste último encontro com Jesus.

Toda ceia caracteriza-se como um momento de prazer de alimentar-se partilhado, na alegria e íntima comunhão de vida. O evangelho de João apresenta, não só o fim do ministério de Jesus, mas também o seu início, nas bodas de Cana, neste clima de alegria. Cinco dias antes desta última ceia, Jesus também participara da alegre ceia na casa de Lázaro, sendo ungido com perfume por Maria, a casa toda sendo tomada pelo odor agradável. Nesta última ceia, Jesus faz o seu gesto simples, até surpreendente, de lavar os pés dos discípulos. Em seguida Jesus menciona a expectativa de que seja traído. Esta menção cria um momento que causa certa perturbação nos corações dos discípulos. Jesus, então, procura tranqüilizá-los. Jesus está presente não só nos momentos de alegria, mas também nas provações.

Ele é o caminho que nos conduz à casa do Pai. Basta segui-lo, fieis à verdade e empenhados em servir, para que a vida desabroche plenamente, aberta ao eterno. Ele próprio, à frente de seus discípulos, vai para a casa do Pai. No antigo Êxodo, o povo hebreu oprimido, saiu do Egito, conduzido por Moisés. Agora Jesus conduz a saída de seu povo libertando-o da opressão das sinagogas e do Templo de Israel, para entrar na casa do Pai. O próprio Jesus é o caminho para a casa do Pai. Ele revela-nos o Pai, através de suas obras de amor e libertação. Crer em Jesus e segui-lo significa comprometer-se com as obras de Jesus, na fraternidade, na misericórdia e na justiça, com o que se abre o espaço para a morada do Pai e de Jesus em cada um, na comunidade.

Aos discípulos cabe dar continuidade a estas obras, em comunidades organizadas (primeira leitura), testemunhando e proclamando o amor libertador de Jesus.

José Raimundo Oliva

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À procura da palavra

"Quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará ainda maiores do que estas." – Jo. 14,12

Os milagres próximos

Voltaram os jacarandás a encher de flores lilases o céu sobre as nossas cabeças. Será que outras cidades têm o privilégio desta "visita" a anunciar o verão? Lisboa parece pintada por Van Gog ali no Parque Eduardo VII, na avenida D. Carlos, na 5 de Outubro e noutras ruas e pequenos pátios. Parar para os contemplar é obrigatório! É um pequeno milagre oferecido de graça por entre a azáfama e o coração apertado.

Não é fácil falar de milagres. Há quem contemple tudo como milagre, descobrindo em cada coisa a maravilha da existência, e também quem o não faça, recusando qualquer dimensão sobrenatural naquilo que nos rodeia. À procura de milagres "salta-se" de igreja em igreja, de culto em culto. É verdade que o próprio Jesus, que realizou alguns milagres, recusou o título de "milagreiro", tão do agrado de quantos vivem a relação com Deus na esperança destes "rebuçados" que vêm ao encontro dos seus desejos. Especialmente na cruz, tentado a uma saída espetacular e convincente, Jesus revela o milagre na fidelidade, no amor até ao fim. O seu caminho provoca-nos e interpela-nos.

Fui há dias ver o filme "Lourdes" de Jessica Hauser que, como o título indica, decorre à volta do santuário de Nossa Senhora de Lourdes e de um grupo de peregrinos nos quais se destaca Christine, uma jovem mulher com esclerose múltipla, presa a uma cadeira de rodas. É um filme denso, cuja realizadora diz não acreditar em milagres, mas ao mesmo tempo aberto ao mistério. Questiona uma certa linguagem "espiritual" à volta do sofrimento e do próprio Deus, cheia de "respostas feitas" ou de afirmações que não recolhem a dor de quem sofre. Tem presente o dilema de Epicuro sobre a bondade e onipotência de Deus aqui simplificado: se é bom não é onipotente pois então acabaria com o mal; se é onipotente não é bom, pela mesma razão. Abre-se à possibilidade de diálogo e de debate. Diálogo sobre os milagres e sobre Deus, sobre a fé e a graça, o sofrimento e a felicidade. Mas ninguém conte com um filme fácil!

A dúvida de Tomé e a pergunta de Filipe a Jesus são registro da procura constante que é o acreditar em Jesus. "Saber o caminho" e "ver o Pai" coincidem em Jesus. É Ele o maior milagre. A sua pessoa. A vida de comunhão que tem com o Pai e partilha conosco. Tudo o que diz e faz aponta para essa vida abundante. Vida que é criativa como mostra a "invenção" dos diáconos e dos muitos serviços da comunidade cristã na sua presença no mundo; vida que substitui os sacrifícios da antiga aliança pelo dom de cada um; vida que nos transforma e nos faz realizar obras maiores que as suas. Estamos atentos a estes milagres tão próximos de nós?

padre Vítor Gonçalves

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A Igreja é Deus no mundo

A liturgia deste domingo convida-nos a refletir sobre a igreja – a comunidade que nasce de Jesus e cujos membros continuam o "caminho" de Jesus, dando testemunho do projeto de Deus no mundo, na entrega a Deus e no amor aos homens.

O evangelho define a igreja: é a comunidade dos discípulos que seguem o "caminho" de Jesus – "caminho" de obediência ao Pai e de dom da vida aos irmãos. Os que acolhem esta proposta e aceitam viver nesta dinâmica tornam-se Homens Novos, que possuem a vida em plenitude e que integram a família de Deus – a família do Pai, do Filho e do Espírito.

A primeira leitura apresenta-nos alguns traços que caracterizam a "família de Deus" (Igreja): é uma comunidade santa, embora formada por homens pecadores; é uma comunidade estruturada hierarquicamente, mas onde o serviço da autoridade é exercido no diálogo com os irmãos; é uma comunidade de servidores, que recebem dons de Deus e que põem esses dons ao serviço dos irmãos; e é uma comunidade animada pelo Espírito, que vive do Espírito e que recebe do Espírito a força de ser testemunha de Jesus na história.

A segunda leitura também se refere à Igreja: chama-lhe "templo espiritual", do qual Cristo é a "pedra angular" e os cristãos "pedras vivas". Essa Igreja é formada por um "povo sacerdotal", cuja missão é oferecer a Deus o verdadeiro culto: uma vida vivida na obediência aos planos do Pai e no amor incondicional aos irmãos.

1ª leitura – Atos 6,1-7 – AMBIENTE

A primeira leitura deste domingo pertence, ainda, à secção que apresenta o testemunho da Igreja de Jerusalém. No entanto, vão aparecer-nos pela primeira vez esses "helenistas" que irão ter um papel fundamental na ulterior expansão do cristianismo.

O nosso texto dá conta de um clima de alguma tensão entre os "hebreus" e os "helenistas". Quem são estes grupos?

Trata-se, sempre, de membros da comunidade cristã de Jerusalém. Os "hebreus" são cristãos de origem judaica, originários da Palestina, que falam o aramaico, que lêem a Escritura em hebraico e que teriam sido convertidos pela pregação de Jesus e dos apóstolos. Continuam, no entanto, muito apegados às suas tradições e têm, normalmente, um alto apreço pela Lei e pelas interpretações dos rabis.

Os "helenistas" são cristãos de origem judaica, também, mas originários da "diáspora" israelita – isto é, das comunidades judaicas espalhadas por todo o império romano e, até, por fora dele. Falam o grego e lêem as Escrituras em grego. Residem em Jerusalém temporariamente. O seu contacto com outras realidades culturais torna-os, ordinariamente, mais tolerantes e abertos à novidade.

Com dois grupos tão diversos – quer do ponto de vista cultural, quer do ponto de vista religioso, quer do ponto de vista social – a integrar a mesma comunidade, era natural que, mais tarde ou mais cedo, surgissem tensões e conflitos. Aparentemente, aquilo que provoca a questão evocada no nosso texto é um problema de ordem material: na distribuição dos alimentos aos membros necessitados da comunidade, as viúvas helenistas sentiam-se prejudicadas. O fato provocou queixas, levando à intervenção dos líderes da comunidade. De qualquer forma, Lucas não entra em demasiados pormenores sobre a questão.

MENSAGEM

Na realidade, Lucas não está interessado em fornecer-nos pormenores de ordem histórica, mas antes em fornecer-nos um quadro teológico que nos permita conhecer o rosto da Igreja e entender a forma como ela se apresenta ao mundo. Nesta perspectiva, há quatro ideias fundamentais que o nosso texto nos propõe.

A primeira resulta do próprio fato relatado… A Igreja aparece, nesta história, não como um quadro ideal de perfeição, mas como uma comunidade bem real e bem normal, formada por homens e mulheres, onde as tensões, os preconceitos, as rivalidades, as invejas e os ciúmes marcam a experiência diária de caminhada. Isto não deve assustar-nos ou decepcionar-nos: resulta das limitações e finitude que também fazem parte da nossa existência histórica. A igreja não é uma comunidade de homens e mulheres perfeitos; mas é uma comunidade que está – ou tem de estar – em contínuo processo de conversão, ao longo de cada passo da sua caminhada na história.

A segunda diz respeito à estrutura hierárquica e ao modo de exercer (na Igreja) o serviço da autoridade. Não há dúvida que Lucas conhecia, já, uma estrutura hierárquica em que os Doze desempenhavam o serviço da orientação e da direção da comunidade. Por isso, eles aparecem na nossa história como as referências fundamentais, a quem os membros da comunidade recorrem, a fim de resolver a questão das diferenças entre os vários grupos. De qualquer forma, fica a impressão, pelo desenrolar da ação, que os Doze não estão interessados em esquemas de poder absoluto; antes, procuram envolver a comunidade no processo, fazendo com que todos participem na procura de soluções para os problemas comuns.

A terceira revela a igreja como uma comunidade de serviço. Fala-se na escolha de sete homens "cheios do Espírito Santo", cuja missão é o serviço das mesas. Na verdade, estes "sete" aparecem, noutros episódios, mais ligados ao serviço da Palavra do que ao serviço das mesas (é possível que estes "sete" – todos com nomes gregos – sejam os dirigentes da comunidade cristã judeo-helenística e que Lucas tenha fundido duas tradições diversas: a dos pregadores e dirigentes do grupo helenista, com a dos escolhidos para uma função propriamente diaconal, de serviço e ministério assistencial). De qualquer forma, nada invalida esta verdade fundamental: a comunidade cristã é uma realidade que tem no centro da sua dinâmica o serviço – seja o serviço da Palavra, seja o serviço de assistência aos irmãos mais pobres. É impensável uma comunidade cristã onde não esteja bem viva esta dimensão diaconal.

A quarta tem a ver com o papel relevante que o Espírito desempenha nas "crises" de crescimento que fazem parte da caminhada comunitária. O Espírito aparece ligado, seja à vocação (dos que são chamados a exercer a diaconia – cf. At. 6,3), seja à missão (o gesto de impor as mãos pode significar, quer a escolha para um serviço comunitário, quer a invocação do Espírito para que eles possam concretizar a missão que lhes foi confiada). De qualquer forma, a Igreja é a comunidade do Espírito, criada, animada e dinamizada pelo Espírito.
O nosso texto termina com um pequeno sumário (cf. At. 6,7) cujo objetivo é assinalar o avanço irresistível da Boa Nova, por ação dos discípulos de Jesus, animados pelo Espírito.

ATUALIZAÇÃO

• É difícil encontrarmos, no nosso tempo, uma realidade que suscite tantas paixões e ódios como a Igreja: uns defendem-na intransigentemente, justificando até as falhas mais injustificáveis, outros atacam-na cegamente, culpando-a de todos os males do mundo.

Uns e outros deviam ter presente que se trata de uma comunidade que vem de Jesus e é animada pelo Espírito, mas formada por homens; que ela é a testemunha no mundo do plano de salvação de Deus, mas é também (dada a sua faceta humana) uma realidade "a fazer-se", em contínuo processo de conversão. Os homens do nosso tempo devem exigir que a Igreja seja fiel à sua missão no mundo; mas devem também compreender as suas falhas, dificuldades e infidelidades.

• A comunidade cristã referida no nosso texto leva-nos a uma época muito recuada, em que as estruturas não estavam ainda definidas e organizadas; mas, no quadro que Lucas nos propõe, há já irmãos investidos do serviço da autoridade (os doze), que são ponto de referência quando surgem questões e problemas. Os doze, no entanto, não reservam para si toda a autoridade, nem aceitam ser os únicos protagonistas no processo de condução da comunidade… De acordo com o quadro que nos é apresentado, eles convocam a comunidade, convidam-na a escolher as pessoas a quem devem ser confiados certos serviços, envolvem-na na busca do caminho. Infelizmente, ao longo dos séculos esquecemos, muitas vezes, esta dinâmica: a Igreja foi muitas vezes apresentada como uma sociedade de desiguais, onde uns mandam e outros obedecem em silêncio. É preciso redescobrir o valor do diálogo e da participação, na Igreja. Não se trata de discutir se a igreja deve ou não ser uma sociedade democrática; trata-se de termos consciência de que somos uma família onde todos temos voz, porque em todos habita o mesmo Espírito; trata-se de potenciar mecanismos de escuta, de diálogo e de participação, a fim de que a Igreja seja uma família, onde todos participam na descoberta dos caminhos do Espírito.

• Desde o início, a Igreja aparece como uma comunidade de serviço: os membros da comunidade cristã são convidados a seguir Jesus, que fez da sua vida uma entrega total ao serviço de Deus, ao serviço do Reino e ao serviço dos homens. Quando Deus concede determinados dons e confia determinadas missões, não se trata de privilégios que conferem à pessoa mais dignidade ou mais importância: trata-se de dons que devem ser postos ao serviço da comunidade, em ordem à construção da comunidade. As missões que nos são confiadas no âmbito comunitário não podem ser utilizados para promoção pessoal ou para concretizar sonhos egoístas; mas devem ser missões que desempenhamos com verdadeiro espírito de serviço, em benefício dos irmãos.

 

2ª leitura: 1 Pedro 2,4-9 – AMBIENTE

Há já algumas semanas que a Primeira Carta de Pedro acompanha a nossa caminhada litúrgica. Já sabemos, portanto, que ela se destina a comunidades cristãs de certas zonas rurais da Ásia Menor; essas comunidades são maioritariamente formadas por cristãos de classes sociais baixas, vulneráveis à hostilidade do mundo que os rodeia, para quem se aproximam tempos muito difíceis (por causa das perseguições que se adivinham). Estamos no final do século I (talvez no final da década de 80).

O autor recorda aos destinatários da carta o exemplo de Cristo, que passou pela cruz, antes de chegar à ressurreição. Toda a carta é um convite à esperança: apesar dos sofrimentos do tempo presente, os crentes não devem desanimar, pois estão destinados a triunfar com Cristo. Pede-se-lhes que enfrentem corajosamente as adversidades e que viam com fidelidade o seu compromisso batismal.

O texto que nos é proposto faz parte de uma secção parenético-doutrinal (cf. 1Pe. 2,1-10), que tem como finalidade exortar os cristãos a crescer na fé, de forma a chegarem à salvação.

MENSAGEM

A imagem determinante deste texto é a da "pedra" (vs. 4.5.6.7.8), que é usada, sobretudo, referida a Cristo.

A imagem leva-nos a Is. 28,16, onde se refere ao novo Templo que o próprio Jahwéh, no futuro, vai construir e que será um sinal da intervenção de Deus em favor do seu Povo. Isaías anuncia que Deus vai colocar em Sião uma pedra, provada, angular, de alicerce, que terá uma inscrição: "quem nela se apoia, não vacila". A imagem (retomada pelo Sl. 118,22) adquire, no judaísmo tardio, uma conotação messiânica: o "Messias" será essa pedra, sobre a qual Deus vai construir a sua intervenção salvadora na história, em favor do seu povo.

O autor da Primeira Carta de Pedro aplica esta imagem a Cristo. Cristo é essa pedra escolhida, preciosa, viva (alusão à ressurreição, significa, também, que é dela que brota vida para o povo de Deus), sobre a qual Deus fundamenta a sua intervenção salvadora em favor dos homens.

Os cristãos são convidados a aproximar-se de Cristo (isto é, a aderir à sua proposta, a segui-l'O no caminho do dom da vida, a cimentarem a sua comunhão com Ele) e a entrar na construção do edifício de Cristo – um edifício espiritual, cujo fim é "oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus" (v. 5). No antigo Templo de Jerusalém – construído com pedras materiais – ofereciam-se sacrifícios de animais para expressar a comunhão do Povo com Jahwéh; mas, no novo Templo (que tem Cristo como pedra angular e os cristãos como pedras vivas, ligadas a Cristo), oferecer-se-ão sacrifícios espirituais: uma vida santa, vivida na entrega a Deus e no dom aos irmãos. Os membros desta "construção" serão um povo de sacerdotes, que diariamente oferecerão a Deus aquilo que têm de mais precioso: a sua vida e o seu amor.

Esta "construção" será rejeitada pelos homens (alude-se, aqui, à paixão e morte de Jesus; alude-se, também, às dificuldades que os crentes em geral e os destinatários da carta em particular encontram na vivência e no testemunho da sua fé); mas, para Deus, esta comunidade/Templo será uma "geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus para anunciar os louvores" (vers. 9). A citação leva-nos a Ex. 19,5-6, onde se refere à comunidade da "aliança": o seu uso neste contexto significa que, agora, apesar da rejeição do mundo, os cristãos são a comunidade da "nova aliança", o povo que Deus libertou, que Deus conduziu da escravidão para a liberdade e a quem Deus encarregou de testemunhar diante do mundo o seu projeto de salvação.

ATUALIZAÇÃO

• Depois de dois mil anos de cristianismo, parece que nem sempre se nota a presença efetiva de Cristo nesses caminhos em que se constrói a história do mundo e dos homens. O verniz cristão de que revestimos a nossa civilização ocidental não tem impedido a corrida aos armamentos, os genocídios, os atos bárbaros de terrorismo, as guerras religiosas, o capitalismo selvagem… Os critérios que presidem à construção do mundo estão, demasiadas vezes, longe dos valores do Evangelho. Porque é que isto acontece? Podemos dizer que Cristo é, para os cristãos, a referência fundamental? Nós cristãos fizemos d'Ele, efetivamente, a "pedra angular" sobre a qual construímos a nossa vida e a história do nosso tempo?

• Os cristãos são "pedras vivas" de um "templo espiritual" do qual Cristo é a "pedra angular". A imagem traduz a realidade de uma comunidade que se junta à volta de Cristo, que vive em união com Ele, que comunga do seu destino, que assume totalmente o seu projeto. A esta comunidade chama-se Igreja… Sinto-me pedra integrante deste "edifício"? Procuro, todos os dias, limar as arestas que me impedem de aderir – de forma mais plena – a Cristo? Procuro, todos os dias, revitalizar o "cimento" que me une às outras pedras do edifício – os meus irmãos?

• As "pedras vivas" do Templo do Senhor formam um Povo de sacerdotes, cuja missão é viver uma vida coerente com os compromissos assumidos no dia do Batismo – isto é, viver (como Cristo) na entrega a Deus e no amor aos irmãos. Quais são os "sacrifícios" que eu procuro entregar a Deus, todos os dias? A minha "oferta" a Deus é um conjunto de ritos desligados da vida (por mais sagrados que sejam) ou é a vivência do amor, nos gestos simples do dia a dia?

• Neste texto há ainda um convite a não ter medo da incompreensão do mundo. O próprio Cristo foi rejeitado pelos homens; mas a sua fidelidade aos projetos do Pai fizeram d'Ele a "pedra angular" da construção de Deus. É esse exemplo que devemos ter diante dos olhos, quando doer mais a incompreensão do mundo.

 

Evangelho – Jo. 14,1-12 - AMBIENTE

Estamos na fase final da caminhada histórica do "Messias". Até este momento, Jesus cumpriu a sua missão em confronto aberto com os dirigentes judeus. Precisamente o último e mais importante dos seus "sinais" – a ressurreição de Lázaro – levou o Sinédrio a decidir matá-l'O (cf. Jo. 11,45-54). Jesus está consciente de que a morte está no seu horizonte próximo.

O ambiente em que este trecho nos coloca é o de uma ceia de despedida. Nessa ceia (realizada na quinta-feira à noite, pouco tempo antes da prisão, na véspera da morte), estão Jesus e os discípulos. No decurso da ceia, Jesus despede-Se dos discípulos e faz-lhes as suas últimas recomendações. As palavras de Jesus soam a "testamento" final: Ele sabe que vai partir para o Pai e que os discípulos vão continuar no mundo.

Os discípulos, da sua parte, já perceberam que o ambiente é de despedida e que, daí a poucas horas, o seu "mestre" lhes vai ser tirado. Estão inquietos e preocupados. A aventura que eles começaram com Jesus, na Galileia, terá chegado ao fim? Essa relação que eles construíram com o "mestre" irá morrer? Os discípulos não sabem o que vai acontecer nem que caminho vão, a partir daí, percorrer. Sobretudo, não sabem como é que manterão, após a partida de Jesus, a sua relação com Ele e com o Pai.

É neste contexto que podemos situar as palavras de Jesus que o Evangelho de hoje nos apresenta.

MENSAGEM

A catequese desenvolvida pelo autor do quarto evangelho, neste diálogo de Jesus com os discípulos, é de uma impressionante densidade teológica. Fundamentalmente, trata-se de uma catequese sobre "o caminho": o "caminho" que Jesus percorreu e que é o mesmo "caminho" que os discípulos são convidados a percorrer. Vamos tentar esmiuçar o conteúdo e pôr em relevo os pontos fundamentais.
O plano de salvação de Deus passa por estabelecer com os homens uma relação de comunhão, de familiaridade, de amor. Por isso, Jesus veio ao mundo: para tornar os homens "filhos de Deus" ("aos que O receberam, aos que crêem n'Ele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" – Jo. 1,12).

Como é que Jesus concretizou esse projeto? Ele "montou a sua tenda no meio dos homens" (Jo. 1,14) e ofereceu aos homens um "caminho" de vida em plenitude: mostrou aos homens, na sua própria pessoa, como é que eles podem ser Homens Novos – isto é, homens que vivem na obediência total aos planos do Pai e no amor aos irmãos. Viver desse jeito é viver numa dinâmica divina, entrar na intimidade do Pai, tornar-se "filho de Deus".

Na ceia de despedida a que o nosso texto se refere, Jesus sente que está a começar o último ato da missão que o Pai lhe confiou (criar o homem novo). Falta oferecer aos discípulos a última lição – a lição do amor que se dá até a morte; falta também o dom do Espírito, que capacitará os homens para viverem como Jesus, na obediência a Deus e na entrega aos homens. Para que esse último ato se cumpra, Jesus tem de passar pela morte: tem de "ir para o Pai". Ao dizer "vou preparar-vos um lugar" (vers. 2b), Jesus sugere que tem de ir ao encontro do Pai, para que os homens possam (pela lição do amor e pelo dom do Espírito) fazer parte da família de Deus.

Nessa família, há lugar para todos os homens ("na casa de meu Pai há muitas moradas" – v. 2a): basta que sigam "o caminho" de Jesus – isto é, que escutem as suas propostas e que aceitem viver como Homens Novos, no amor e no dom da vida. A "casa do Pai" é a comunidade dos seguidores de Jesus (a igreja).

Qual é o "caminho" para chegar a fazer parte dessa família de Deus? – perguntam os discípulos (eles foram testemunhas da vida que Jesus levou e, portanto, conhecem de cor o "mapa" desse "caminho"; mas continuam a recusar-se a acreditar que o dom da vida seja um caminho obrigatório para fazer parte da família de Deus – vs. 4-5).

A resposta é simples… O "caminho" é Jesus (vers. 6): é a sua vida, os seus gestos de amor e de bondade, a sua morte (dom da vida por amor) que mostram aos homens o itinerário que eles devem percorrer. Ao aceitarem percorrer esse "caminho" de identificação com Jesus, os homens estão a ir ao encontro da verdade e da vida em plenitude. Quem aceita percorrer esse "caminho" de amor, de entrega, de dom da vida, chega até ao Pai e torna-se – como Jesus – "filho de Deus".
Mais: ao identificarem-se com Jesus, os discípulos estabelecem uma relação íntima e familiar com o Pai, porque o Pai e Jesus são um só (vs. 7-12). O Pai está presente em Jesus. Quem adere a Jesus e estabelece com Ele laços de amor, já faz parte da família do Pai, porque Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens: as obras de Jesus são as obras do Pai; o seu amor é o amor do Pai; a vida que Ele oferece é a vida que o Pai dá aos homens.

Em conclusão: os discípulos de Jesus têm de percorrer um "caminho", até chegarem a ser família de Deus. Esse "caminho" foi traçado por Jesus, na obediência a Deus e no amor aos homens. É no final desse "caminho" que os discípulos – tornados homens novos – encontrarão o Pai e serão integrados na família de Deus.

No entanto, Jesus não é somente o modelo do "caminho"; ao mesmo tempo, Ele oferece como dom a força, a energia (o Espírito) para que o homem possa percorrer "o caminho". É o Espírito do Senhor ressuscitado que renova e transforma o homem, no sentido de o levar, cada dia, a tornar-se homem novo, que vive na obediência a Deus e no amor aos irmãos. Desta dinâmica, nasce a comunidade de Homens Novos, a família de Deus, a igreja.

ATUALIZAÇÃO

• A igreja é essa comunidade de homens novos, que se identifica com Jesus que, animada pelo Espírito, segue "o caminho" de Jesus (caminho de obediência aos planos do Pai e de dom da vida aos irmãos), que procura dar testemunho de Jesus no meio dos homens e que é a "família de Deus". No dia do nosso batismo, fomos integrados nesta família… A nossa vida tem sido coerente com os compromissos que, então, assumimos? Sentimo-nos "família de Deus", ou deixamos que o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência falem mais alto e escolhemos caminhar à margem desta família? É verdade que esta família tem falhas, e é verdade que nem sempre encontramos nela humanidade e amor. Que fazemos, então: afastamo-nos, ou esforçamo-nos para que ela viva de forma mais coerente e verdadeira?

• Falar do "caminho" de Jesus é falar de uma vida dada a Deus e gasta em favor dos irmãos, numa doação total e radical, até à morte. Os discípulos são convidados a percorrer, com Jesus, esse mesmo "caminho". Paradoxalmente, dessa entrega (dessa morte para si mesmo) nasce o homem novo, o homem na plenitude das suas possibilidades, o homem que desenvolveu até ao extremo todas as suas potencialidades. É esse "caminho" que eu tenho vindo a percorrer? A minha vida tem sido uma entrega a Deus e doação aos meus irmãos? Tenho procurado despir-me do egoísmo e do orgulho que impedem o homem novo de aparecer?

• A comunhão do crente com o Pai e com Jesus não resulta de momentos mágicos nos quais, através da recitação de certas fórmulas ou do cumprimento de certos ritos, a vida de Deus bombardeia e inunda incondicionalmente o crente; mas a intimidade e a comunhão com Jesus e com o Pai estabelecem-se percorrendo o caminho do amor e da entrega, em doação total a Deus e aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus e com o Pai, tem de sair do egoísmo e a fazer da sua vida um dom a Deus e aos homens.

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho - www.ecclesia.pt

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Neste domingo quinto do Tempo da Páscoa, elevemos o olhar ao Ressuscitado; deixemo-nos tomar por sua palavra: "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também!" Estejamos atentos: estas não são palavras ditas ao vento, para ninguém! São palavras, é exortação a nós, cristãos de agora; palavras para cada um de nós e para nós todos, palavras verdadeiramente provocantes!

No mundo complexo, numa realidade plena de desafios, na nossa vida pessoal tantas vezes sofrida, tantas vezes ferida, cheia de tantas contradições e desafios, o Senhor nos olha, estende-nos as mãos, abre-nos o coração e nos enche de serenidade e confiança: "Não se perturbe o vosso coração!"

Pensemos nos desafios dos tempos atuais: o desafio de crer e testemunhar o Senhor em situações tão cheias de promessas, mas também tão confusas. Pois bem, o Senhor insiste: "Tendes fé em Deus, tende fé em mim também!" Ter fé em Cristo! Eis o desafio para nós! Ontem, como hoje, é necessário proclamar nossa fé nele, nossa entrega a ele, nossa certeza de que ele pode dar um sentido à nossa existência. E por quê? Não seria loucura, alienação, infantilidade, confiar assim, de modo tão absoluto, em um alguém? Por que apostar toda a vida em Jesus e somente em Jesus? Por que não um pouquinho de Buda, um pouquinho de Maomé, um pouquinho de Dalai Lama, um pouquinho de esoterismo, um pouquinho mais de consumismo e outro tantinho de rédea solta aos nossos instintos? Por que somente Cristo? Por que absolutizar Jesus? Eis a resposta, que ele mesmo nos dá; eis a resposta surpreendente! Escutemo-la: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim!" É precisamente neste mundo de tantos desafios e de tantos caminhos, que o Senhor Jesus nos diz: Eu sou o Caminho! Nestes tempos de tantas verdades, ele nos proclama: Eu sou a Verdade! Neste mundo que nos tenta, oferecendo vida onde não há vida verdadeira, Jesus anuncia: Eu sou a Vida! De fato, ele não é simplesmente um profeta, um sábio, não é alguém a quem podemos admirar e seguir ao lado de outros personagens igualmente ilustres! Jesus se nos apresenta como aquele que vem de Deus e é o único que nos pode revelar de modo pleno, de modo claro e conclusivo o caminho para Deus! Mais ainda: Aquele que é nosso Caminho é também nossa única Verdade e nossa única e verdadeira Vida!

É diante dele que temos sempre que nos decidir, que somos chamados a dar um rumo à nossa existência e à existência da sociedade, da família, das relações sociais, do mundo. Bento XVI dizia, pouco antes de sua eleição, que o mundo tem tantas e tantas medidas para avaliar o bem e o mal, o certo e o errado... E ele advertia: nossa medida é Cristo! Eis! Ele é nossa medida porque é o único Caminho, a única Verdade, a única Vida! O que o Sucessor de Pedro quis dizer, o próprio Apóstolo Pedro nos afirma na segunda leitura da Missa de hoje: "Aproximai-vos do Senhor, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus! Com efeito, nas Escrituras se lê: 'Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e magnífica; quem nela confiar, não será confundido!' Mas, para os que não crêem, 'a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular pedra de tropeço e rocha que faz cair'". Não há como escapar: diante de Cristo, é necessária uma escolha, uma decisão! Aqui não se tem nada a ver com ser conservador ou progressista, otimista ou pessimista! Aqui tem-se a ver com a experiência tremenda de Deus que entregou seu Filho ao mundo para ser nossa Vida e Caminho e os homens a rejeitaram. Ora, é diante do Cristo, Caminho, Verdade e Vida que nossa existência será julgada, que o mundo será examinado! E, no entanto, ele será sempre sinal de contradição e pedra de tropeço... Vimos, agora mesmo, por ocasião da eleição do novo Papa, tantas idéias disparatadas – algumas, para nossa tristeza, apresentadas até mesmo por padres ou religiosos... Alguns se iludem, pensando numa Igreja que faça o jogo da moda, que diga amém a um modo de pensar, agir e viver estranho ao Evangelho! Que engano tão danado! A renovação da Igreja está em voltar sempre a Cristo e nele se reencontrar sempre, retomando o vigor, como de uma fonte puríssima! O verdadeiro serviço à humanidade e ao mundo é apresentar o Cristo e nele colocar toda a esperança!

"Não se perturbe o vosso coração!"

Já nos inícios da Igreja havia tensões, desafios, dificuldades externas e internas. Pois bem, já ali o Senhor dizia aos cristãos: "Não se perturbe o vosso coração!" Já ali lhes garantia a grandeza do amor do Pai: "na casa do meu Pai há muitas moradas!" E já ali, entre as consolações de Deus e as provações da vida, "a Palavra do Senhor se espalhava". Portanto, não temamos em colocar toda a nossa confiança no Senhor; não hesitemos em procurar de todo o coração seguir os passos do Senhor Jesus! A oração inicial da Missa de hoje exprimiu muito bem o que espera o cristão, ao colocar no Senhor a sua existência. Recordemo-la: "Ó Deus, Pai de bondade, concedei aos que crêem no Cristo a liberdade verdadeira e a herança eterna!" – Eis o que buscamos, o que esperamos, o que temos a certeza de alcançar: a liberdade verdadeira e a herança eterna!

dom Henrique Soares da Costa

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Eu sou o caminho, a verdade e a vida

domingo 22/05/2011

Jo 14,1-12

 

Neste domingo a liturgia traz no Evangelho as palavras de Jesus em seu discurso após a Ceia. É a despedida dos discípulos. É a revelação de sua vida com o Pai. É o apelo para que eles creiam.

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim." A imagem do caminho é universal para indicar a orientação de uma existência ou determinar a escolha decisiva a ser feita. Ela é muito freqüente na Bíblia, em que "o caminho que conduz à vida" é oposto ao "caminho que conduz à morte". O caminho que conduz à vida é chamado "os caminhos ou o caminho do Senhor". Assim, o salmo 119 celebra a Lei revelada a Moisés como o caminho da vida, por excelência: "Com teus preceitos sou capaz de discernir e detestar todo caminho mau" (Sl 119,104 e passim), e o salmo 25 brada: "Faze-me conhecer os teus caminhos, Senhor!... Ensina-me tuas veredas (Sl 25,4.10). E o profeta Oséias ousa proclamar: "...os caminhos do Senhor são retos e os justos caminham por eles, mas neles tropeçam os pecadores" (Os 14,10). Ouso desta metáfora enraíza-se para Israel na lembrança do êxodo, quando o Senhor traçara sua rota no deserto rumo à Terra Prometida, pela nuvem durante o dia e pela coluna de fogo durante a noite (Ex 13,21). Jesus supõe que os seus discípulos tenham aprendido o caminho que leva ao Pai. Implicitamente ele os incentiva a seguir essa senda. Tomé, porém, declara não conhecer "o caminho". E Jesus lhe diz de alguma maneira: "Tomé, se crês que sou a verdade e a vida, estás certo de encontrar em mim o caminho que conduz ao Pai, que é o lugar para onde vou, o lugar onde estou". Note-se, de fato, que o v.6 diz: "Ninguém VEM ao Pai a não ser por mim", quando seria de se esperar: "Ninguém VAI ao Pai...". Portanto, Jesus, que se designava como "a Porta" que leva à Vida (Jo 10,9), fala aqui como Aquele que já se encontra aonde o discípulo quer chegar. "Se me conhecestes, conheceríeis também a meu Pai." "Conhecer", na Bíblia, não exprime simplesmente uma apreensão intelectual, mas uma experiência, uma relação íntima entre duas pessoas e pertence ao vocabulário da Aliança (c£ Os 13,14; Jr 24,7; 31,34). "Quem me vê, vê o Pai". "Ver" está em continuidade com referência a conhecer. O pedido de Filipe - "Mostra-nos o Pai" - parece corresponder à requisição de uma teofania, semelhante à súplica de Moisés ao Senhor: "Mostra-me tua glória! " (Ex 33,18). Ela exprime o profundo desejo de transcendência que habita o homem. A fala desse discípulo exprime a busca do Pai, o que é bom. Mas ele se expressa como se Jesus e o Pai fossem dois e como se Jesus fosse apenas um intermediário, e não um mediador no sentido pleno. E depois de Jesus dizer: "Desde agora começais a conhecê-lo e o vedes", o discípulo replica como alguém que ainda espera ver. Jesus já havia abordado 0 tema da visão do Pai no discurso sobre o pão da vida: "Está escrito nos profetas: `E todos serão ensinados por Deus'. Quem aprendeu com o Pai e recebeu o seu ensinamento vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai; só aquele que é de junto de Deus viu o Pai" (Jo 6,45-46).

Esta passagem esclarece o sentido de "ver" no trecho que estamos examinando. Ser ensinado por Deus ou receber o ensinamento do Pai é distinguido de "ver o Pai", que significa, pois um conhecimento face a face, pleno, exaustivo, aquele que só o Filho possui por estar junto de Deus. Em Jo 14, "ver" está num crescendo com relação a "conhecer" e é atribuído aos discípulos, àqueles que, ao longo da sua convivência com Jesus, podiam, simultaneamente, "ver" aquele cuja ação, que salva o mundo, era expressa pelo Filho em palavras e obras.

No evangelho de João, "ver o Filho" significa para além do ver sensível, que resulta da encarnação do Verbo - a compreensão de seu mistério pessoal. Aplicado ao Pai, "ver" não exprime uma percepção ótica, como se Deus pudesse ser objeto da nossa visão, mas uma apreensão na fé que tem a força de uma evidência. Igualmente, no Antigo Testamento, quando se fala que homens "viram" o Senhor, trata-se de uma experiência de revelação, a experiência de uma Presença indubitável e vivificadora. Por fim, Jesus explica que esta visão é possível porque o Pai habita nele. E isto explicita em que sentido Jesus é o caminho. Não o é como meio provisório até o encontro efetivo com o Pai, a realizar-se no porvir. Embora a meta seja mesmo o Pai, o discípulo só a alcança por sua adesão ao Filho, pois só Ele está onde o Pai está.

Peçamos a Deus que aumente nossa fé e que como fermento na massa, possamos continuar a obra de Jesus.

Frei Aloísio de Oliveira, OFM Conv

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EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA

(Jo 14, 1-6)

       Jesus diz aos discípulos: "Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, em mim também". Jesus dirige palavras de conforto, fé e confiança aos discípulos de que Ele estará sempre perto, que não os abandonará, e nos momentos de dificuldade Ele dará força e coragem par que eles não desanimem. Jesus dirige essas palavras aos seus discípulos, porque sabe que não tem mais muito tempo no meio deles.

        Assim como naquele tempo, hoje nós temos essa garantia de Jesus de que jamais seremos abandonados, ou que estaremos sós. É necessário, termos fé, confiança, e sermos perseverantes em nossas preces. Pelas nossas orações, muitas situações difíceis, complicadas, que às vezes achamos que não tem solução, são mudadas. Isso porque estamos em sintonia com Deus, e recebemos Dele a força e a coragem necessária para suportar e superar todo sofrimento, angústia, opressão, injustiça, a falta de emprego, a solidão, a doença, enfim situações que desanimam, e muitas vezes levam algumas pessoas a desistirem, de tudo.

         "Vou preparar um lugar para vós,... onde eu estiver vós estejais também. Eu sou o caminho a verdade e a vida".(Jo, 14, 2.6). Jesus é o caminho que nos leva ao Pai, é a porta pela qual entramos na casa do Pai. Jesus é Deus, é a vida. Não tenhamos dúvida, acreditemos e tenhamos fé em Jesus, e com Ele não desistimos nunca, não há outro caminho, que nos conduza, que nos leve a felicidade, que nos dê segurança e vida. "Não se perturbe o vosso coração", Jesus devolve a paz ao nosso coração, ao nosso lar, a nossa comunidade.

        Caminhar com Jesus, viver a verdade de acordo com o que Ele ensinou e viveu, sem pecado, é que dará vida a todos. E a certeza de que existe um lugar preparado, para cada um que acolhe, vive e pratica seus ensinamentos. Cada um com suas diferenças, com suas imperfeições, não importa, somos únicos e na casa do Pai há muitas moradas. O importante é estar com Jesus, fazer o bem, viver e falar sempre a verdade, comprometer-se com as obras de Jesus, por amor, em favor do próximo, e da vida, vivendo em comunhão com todos e com o Pai.

 Oração

 "Pai, meu coração anseia por estar em comunhão contigo, em tua casa, lugar que Jesus preparou para mim. Que eu persevere sempre no caminho que me leva a ti".

 

Elian

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"EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA"! - Olívia Coutinho

 

03  de Maio de 2011

 

Evangelho - Jo 14,6-14

 

É caminhando, que crescemos na fé!

É buscando Jesus, que encontramos a felicidade Plena! 

Hoje, a Igreja celebra a festa dos apóstolos Felipe e Tiago.

E nesta festa, jesus, mais uma vez, nos deixa claro  que Ele é o único caminho que nos leva ao Pai!

É no Cristo ressuscitado que está  o fundamento de nossa fé, a verdade que nos tras alegria e esperança!

Jesus é a revelação do Pai, e aos poucos vamos  compreendendo quem Ele é!

A fé no Cristo ressuscitado é um processo, vai crescendo  gradativamente e quando percebemos, já estamos tão envolvidos com Ele, que não vemos mais sentido na vida, longe Dele!

Um dia, alguém nos falou de Jesus, pode ter sido os nossos pais, avós, catequista... Mas a nossa opção por Ele, só acontece depois do nosso encontro pessoal com Ele!

Só quem faz a experiência de Jesus em sua  vida, pode  dizer que O conhece!

Mas não basta somente  conhecê-Lo, é preciso tornar seu discípulo, assumir  a  Sua causa, carregando sua bandeira caminhando neste chão duro, com o olhar voltado para o alto!

 A  f é,  é  caminhada, é compromisso, é partilha, é ver além do horizonte!

 Uma fé só de emoções, não  produz frutos, não sobrevive aos vendavais da vida, pois  não tem raizes  que a sustente!

É importante estarmos sempre unidos a Jesus, sem Ele, caimos no vazio, pois Ele é o único alimento que nos sustenta durante nossa  caminhada terrestre!

O Evangelho de hoje, nos mostra  a paciência de Jesus com os seus Apóstolos naqueles seus  diálogos  com eles! Jesus procurava formá-los, para que eles  tivessem idéias claras sobre sua pessoa, sua missão e o sentido da Sua presença no mundo! Era preciso prepará-los bem, para que  eles pudessem, apesar de suas fragilidades, passar adiante importantes ensinamentos!

 E é graças a esta paciência, a estes empenhos de Jesus, que nós desfrutamos hoje, das riquezas de seus ensinamentos!

A visão do Pai era a coisa mais desejada pelos discípulos! E bastaria somente que eles dessem um passo a mais na fé, para descobrirem na pessoa de Jesus, o rosto do Pai, ali, tão próximo deles.

Contemplar Jesus é a única forma de ver a face de Deus Pai! Não por meio de conhecimento intelectuais, mas pelo conhecimento e pela experiência das obras realizadas por Jesus, que são as obras do Pai!

As primeiras palavras do Evangelho de hoje, nos mostra a resposta de Jesus a uma pergunta  feita pelo  apóstolo Tomé: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim"!

Esta resposta de Jesus,  também é dirigida a todos nós, são palavras que nos torna claro qual é a vereda autêntica que nos leva a felicidade Plena!

A Luz verdadeira é aquela que nos conduz pelo caminho da salvação, só Cristo pode nos conduzir ao Pai, por isso, Ele é a luz do mundo e a fonte da vida!

Seguir esta luz, é caminhar para um Reino que não tem fim!

 

JESUS ONTEM, HOJE E SEMPRE!

 

Olívia Coutinho

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"Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida" – Claudinei M. Oliveira

 

Terça - feira, 03 de Maio de 2011.

 

Evangelho – Jo  14, 6-14

 

            O evangelista João coloca diante de nós a maior máxima de seu Evangelho, revelando o caminhar de Jesus e o caminhar da comunidade, na seguinte afirmação de Jesus: eu sou o Caminho, a Verdade e a vida. Ninguém vai para o Pai senão por mim.  Com estas palavras Jesus indica a sua missão de vida para todos. Não quer que sua comunidade se pereça e caia na desgraça. O que precisa é voltar para os ensinamentos deixados para crescer na fé.

 

Quando Jesus afirmou que: eu sou o caminho, quer dizer que é a estrada a percorrer para aproximar do Pai que está no céu; comunidade unida e fervorosa na pregação percorre caminhos seguros;  e, quando evocou a frase: eu sou a verdade, significa a fidelidade nos ensinamentos  verdadeiras,  fontes de inspiração para quem deseja conhecer na essência o Deus vivo e amoroso, que sempre prega a justiça e acolhe todos na verdade; mas quando afirmou que: era a vida, Jesus preconizou o valor a um bem que é a vida. Assim, a vida é dada por Deus e devemos cuidá-la para não manchar com vícios danosos. Atentar-se para preservar o dom da vida a fim de gerar vidas novas com propostas de felicidades. Pois a morte não deve existir para o cristão que honra o Caminho, a Verdade e a Vida.

 

Mas Tomé, sendo um discípulo que andava nas missões, surpreende Jesus com uma afirmação de não conhecer o caminho. Como pode um discípulo fazer tal afirmação? Como desconhecer o Caminho do filho do Homem?  Na verdade, para nós hoje, não estamos tão distante de Tomé. Ainda desconhecermos o Caminho que nos salva e dá coragem para enfrentar a realidade hostilizada.  Até freqüentamos a igreja, somos caridosos com os mais enfraquecidos, damos esmola para o pedinte; mas o coração ainda não abriu para o verdadeiro Caminhar com Jesus. São tantos homens e mulheres que doam suas vidas para Deus, mas somente da boca para fora. Porém, quando são chamados para  evocar a fidelidade de estar junto com Deus na caminhada, fazem de conta que não ouviram o chamado. Acabam se fechando em suas casas e deixam Jesus sozinho do lado de fora.

 

Outro exemplo de dúvida que nos alerta, aconteceu  com Filipe ao indagar Jesus: Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta! Quanta incredulidade. Quantas infâmias. Ainda não entendeu as palavras de Jesus?  Ainda não entenderam a verdade anunciada por Jesus. Jesus precisou responder rapidamente para não deixar mais confuso Felipe: Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. (...) As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Temos aqui presente o filho de Deus que se fez homem para realizar o grande Projeto de Deus. Ao comungar com a comunidade, Jesus motivava para crescer na fé e defender a vida. Fez-se pessoa e enfrentou todos os percalços da realidade com a comunidade. Ensinou prontamente como deveria projetar para a salvação. Para isso, basta acreditar na pessoa de Jesus para chegar ao pai.

 

Jesus partiu para outra vida como prometeu seu Pai. Mas deixou o legado do pedido. Significa que não abandonou seu povo e continua a ajudá-lo: veja o que disse ainda para Felipe: pois eu vou para o Pai, e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei. O comprometimento de Jesus com seu povo é maravilhoso. Mesmo não estando presente fisicamente continua a olhar para os pedidos de seus irmãos-filhos espiritualmente. Jamais abandonou seu povo. O pacto selado ainda no Antigo Testamento continua valendo até hoje. Por isso não devemos temer em pedir. Pedimos com fé, com amor, com dedicação. Mas que o pedido das graças não seja feita da boca para fora, mas partindo da fé, do coração e do caminhar com Jesus. Assim, na hora certa, ou no momento  oportuno, será atendido. Mas lembre-se que nosso tempo, não é o tempo do mistério de Deus. Ou seja, às vezes, nossos pedidos, aos olhos de Deus, não podem ser atendidos como gostaríamos que fossem. Pois temos que passar por algumas privações para amadurecer na fé do Cristo Ressuscitado.

 

Portanto, para que a vida aconteca em comunidade  e seja vida de verdadeira libertação, será necessário conhecer por dentro este Jesus que caminhou com os discípulos e deixou vários ensinamentos para nortear na presença do Pai. Que Deus abençoe a todos e sejam felizes. Amém!

Claudinei M. Oliveira

 

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Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida

Jesus é o Caminho que nos leva ao Pai, a Verdade que revela o  Pai e a Vida do Pai vivendo em nós.  

                                              Apesar de Jesus falar sempre em Nome do Pai e revelar a Sua Face no meio dos homens, os discípulos ainda se confundiam e pediam a Ele que lhes mostrasse o Pai.  Cristo veio a terra também  para nos dar conhecimento da pessoa de Deus Pai, e nos fazer perceber as Suas obras na nossa vida. Milhões de pessoas no mundo também ainda são confusas e não acreditam que Jesus é o Filho de Deus e enviado do Pai. No entanto, com palavras bem simples e claras Ele nos revela: "Quem me viu, viu o Pai." "Eu estou no Pai e o Pai está em mim!"  "É o Pai que, permanecendo em mim, realiza as Suas obras."  Assim sendo, nós, que cremos em Jesus Cristo e já tivemos uma experiência com Ele, podemos dizer com segurança que já conhecemos o Pai, pois Ele tem realizado grandes obras no nosso coração por meio de Jesus e pela força do Espírito Santo.

                                          Nós sabemos que Jesus está na nossa vida e que o poder do Seu Espírito age em nós, não obstante a nossa natureza corrompida e, às vezes, da nossa incredulidade. Não podemos separar o Pai do Filho. O amor entre Eles gera o Espírito Santo, por isso, Eles formam a Unidade do Amor. Esse amor mora em nós e é Ele quem nos faz desempenhar as obras que Jesus realizou no mundo e coisas ainda maiores que elas, pois foi assim que Ele nos prometeu. A Sua Palavra nos garante que tudo o que pedirmos ao Pai em Seu Nome nós o receberemos, porque esta é a Sua vontade. 

                                          Jesus é o Caminho que nos leva ao Pai, a Verdade que revela o  Pai e a Vida do Pai vivendo em nós.  É a Santíssima Trindade que mora no nosso coração que nos dá poder para  superar os nossos desafios  na busca do caminho, da verdade e da vida. Somos seus instrumentos aqui na terra para dar sinal ao mundo de que Jesus Cristo é o Único Caminho,  Verdade e   Vida! Meu irmão, minha irmã:  Você conhece o Pai?  Quem é o Caminho que nos leva ao Pai?Você acredita que este caminho está no seu coração? Você vive como se realmente você acreditasse nisso? Quais as obras que você tem realizado no mundo que se assemelham às obras de Jesus?

Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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Jesus disse: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

 

 

Evangelho - Jo 14,1-6

 

"...para onde eu vou, vós conheceis o caminho.Tomé disse a Jesus:Senhor, nós não sabemos para onde vais.Como podemos conhecer o caminho?Jesus respondeu:
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida .Ninguém vai ao Pai senão por mim.

            Jesus é o canal, o caminho que no conduz, que nos leva ao Pai, que nos leva à Vida Eterna. Não tem outro meio, não existe outro caminho para irmos ao Pai. Respeitamos a liberdade humana de criar outros caminhos, mas infelizmente, a verdade é esta. E ela foi dita por Jesus.

            Jesus praticamente está se despedindo dos discípulos  pois está chegando a sua hora de voltar para o Pai. Mais antes, ficará por perto a disposição dos apóstolos por mais um tempo após a ressurreição.

 

            É seguindo seus ensinamentos, e participando frequentemente da Eucaristia, que  nos preparamos para um dia trilhar o caminho da Casa do Pai.

 

CONCLUSÃO

 

Jesus está prestes a concluir a missão para a qual foi enviado pelo Pai e sabe que a sua presença histórica no meio dos homens está perto do fim. Por isso, ele inicia a preparação dos apóstolos para que reconheçam a sua nova forma de ser presença na vida das pessoas, assim como para receberem o Espírito Santo e serem conduzidos por ele na sua missão evangelizadora. Jesus inicia esta preparação mostrando aos discípulos que ele jamais os abandonará, mas irá preparar um lugar para onde ele mesmo conduzirá todas as pessoas que ele ama a fim de conviverem eternamente com ele. (CNBB)

 

Prezados irmãos, leiam a bela reflexão de José Cristo Rey Garcia Paredes, a respeito da importância da vida da graça, através da participação da Eucaristia.

É estranho que o momento em que muitos de seus discípulos romperam com Jesus foi precisamente aquele em que Jesus lhes anunciou que ia lhes entregar seu Corpo e seu Sangue como alimento e bebida de salvação. Apenas Jesus lhes comunicou, muitos deles o abandonaram. E aos poucos que ficaram Jesus perguntou: "Também vos quereis partir?"

Em nossas eucaristias temos uma sensação estranha. Chama a atenção, às vezes, o pequeno número de pessoas que participam na comunhão do Pão Eucarístico. Chama a atenção em outras ocasiões, como a maioria dos que estão no templo, se aproximam para comungar sem o devido recolhimento.

Em todo caso, o que afasta muitos crentes, não é precisamente a participação ou não da comunhão eucarística, mais o desacordo com os mandatos e prescrições da Igreja, ou a conduta e a doutrina de seus pastores. O silencioso abandono da Igreja se deve a desacordos fundamentais na fé e nos costumes. Porém, no Evangelho de hoje nos é dito que não foi quando Jesus falou de moral, ou de costumes, que os discípulos o abandonaram, mais justamente quando lhes falou da Eucaristia. Por essa linguagem acharam intolerável! A partir desta situação nos é formulada, neste domingo, a pergunta: o que há na Eucaristia de inaceitável, o que pode causar semelhante afastamento entre Jesus e sua comunidade?

A Eucaristia nos fala de forma peculiar que teve de ser Jesus nosso "Messias", do caminho que Ele escolheu para nos libertar de todos os nossos males. A verdade é que Jesus é salvador da forma mais inesperada e alternativa.

Espontaneamente nós esperamos outro tipo de salvação, outra caminho para resolver nossos problemas. O que salva é sempre - pelo menos assim nós pensamos em nosso subconsciente - é aquele que dispõe do poder, que é capaz de resolver os problemas, que mostra uma grande eficácia e se impõem sem dificuldades.

Até mesmo hoje, 21 séculos depois da vida de Jesus entre nós, podemos nos perguntar em que medida Jesus foi capaz e segue sendo salvador do mundo: o que foi redimido? Onde está a redenção? Onde nos redimimos? Que experiência de redenção em quem está padecendo da guerra de Israel e o Líbano, em quem perdeu seus seres queridos no acidente ferroviário de Palência, ou no avião destroçado por um raio na Ucrânia, ou nesse morrer silencioso de quem abandona seus países buscando uma vida mais digna... Onde está a redenção?

Jesus não prometeu a seus discípulos um caminho de êxitos. Implicou a Eucaristia em seu aparente fracasso: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tereis vida em vos". Comer a carne e beber o Sangue do Filho do homem não era - de modo algum - uma proposta absurda - canibal -, por parte de Jesus. O Mestre sabia explicar-se muito bem e não dava causa a uma interpretação dessas. Seus discípulos o entenderam muito bem. Jesus lhes mostrava que o caminho messiânico, não era o esplendoroso caminho do Filho de Davi, que restaura a monarquia e assume todos os poderes, mais o caminho humilde do Filho do Homem, que renuncia a violência, não tem onde reclinar a cabeça, que será executado, que entregará seu corpo e seu sangue. Comungar com este "Messias" é identificar-se com um projeto de vida e de missão, para a qual nós todos sentimos uma repulsa natural, por medo de nos comprometer com a causa do Reino. Quem quer empreender um caminho de fracasso, de diminuição? Quem deseja identificar-se com o grão de trigo que morre?

Comungar o pão e o vinho do Filho do Homem é abandonar-se.
E identificar-se com seu destino. Estais dispostos a beber do cálice que eu vou beber? Quem quiser me seguir, que se negue a si mesmo.

Quando a participação na Eucaristia expressa este aprofundamento, a eucaristia se torna perigosa, inquietante. Comungar se torna em algo assim como um "voto de martírio", um abandono sem calcular as conseqüências da vontade de Deus. Comungar é, então, crer que somente o grão de trigo caído na terra e morto dá fruto. Esse é um ato de fé no Messias da humildade, no grande herói do desapego, que foi Jesus. É confiar ...que o Filho do Homem, ao terceiro dia - não mais tarde - ressuscitará e que a salvação virá depois do trágico, porém breve, fracasso.

Não nos acostumar à Eucaristia! É um caso sério. É um acontecimento martirial com o qual tentamos entrar em contato intimo. Não seria espontâneo em mais de uma ocasião, evitar a comunhão e exclamar uma vez como exclamou Jesus: "se for possível, afaste de mim este cálice, este pão eucarístico"...?

É necessário levar muito mais seriamente a participação na Eucaristia. É o momento em que "damos a palavra", ratificamos a "Aliança". Fazer da Eucaristia um espetáculo... sem aliança, sem compreender o dom que recebemos e sem nos comprometer com o dom, é profanar o mais sacrossanto que nos é entregue.

Quando da Eucaristia se faz um espetáculo - e tantas vezes o temos feito para adornar nossas celebrações burguesas -, nos estranha que muitos tendem a participar delas como se de um espetáculo se tratasse? Quando da Eucaristia fazemos uma obrigação "numérica", nos fazemos que perca a "qualidade"? A superficialidade de alguns ministros na hora de conduzir a celebração, a atitude hierática teatral de alguns outros, não favorecem um tipo de celebração no qual o Mistério do Filho do Homem e de sua luta contra o Mal é escondida?

Não nos preocupa se são poucas ou muitas pessoas que participam da Eucaristia ou comungam. O que nos preocupa de verdade é se quem participa nela está disposto, como a casa de Josué, a viver a Aliança nova e eterna como sério compromisso de vida. Se quer seguir Jesus, a este Jesus, Filho do Homem, até ao final...

José Cristo Rey Garcia Paredes

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