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sábado, 15 de outubro de 2011

DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR


29º DOMINGO Tempo Comum  Ano A – 16     de outubro
Comentários–Prof. Fernando


DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

Introdução
Então o que o senhor acha: é ou não é contra a nossa Lei pagar impostos ao Imperador romano? 
Então Jesus disse: - Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus. 
            Conheci um professor socialista que combatia a ditadura, e até acreditava em Cristo  mais do jeito dele. Para ele, Cristo amarelou, “sartou de banda”, quando deu esta resposta aos fariseus. Ele disse: entendo que Jesus não poderia se arriscar antes da sua hora. Mas seria maravilhoso se ele desse uma resposta anti-imperialista, e quando os soldados viessem prendê-lo, era só fazer um gesto e todos eles ficariam com dor de barriga, ou virassem estátuas, ou mudassem de idéia e se ajoelhassem diante da sua pessoa, ou, simplesmente Ele impedia de alguma maneira que fosse preso.
Veja: Jesus não “amarelou”. Ele não se acovardou.  Ele foi essencialmente justo. Pois o que é justiça? É dar a cada um o que lhe pertence ou o que ele merece. Você trabalhou o mês inteiro, sem faltar, sem estragar a matéria prima da fábrica, então você merece o seu salário integral no fim do mês. O seu colega faltou várias vezes, estragou o material, desperdiçou água, etc. Então é justo que o patrão desconte do seu salário, o prejuízo que teve por culpa daquele empregado.
De quem era a moeda? De Cesar. Então nada mais certo ou justo do que dar a César o que é de César. E dar a Deus o que é de Deus.
Resta-nos pois entender o que devemos dar a Deus. Ele que já tem tudo. Parece uma tarefa impossível. Porém o próprio  Filho de Deus nos deixou bem claro que quando fazemos o bem ou damos alguma coisa ao irmão necessitado, é a Cristo que estamos fazendo ou dando. Por outro lado, os mandamentos foram resumidos por Jesus em apenas dois: Amar a Deus e ao próximo. Isto significa que se nós dizemos a Deus que o amamos e odiamos ou maltratamos o nosso irmão, estamos sendo injustos, e não merecemos nenhuma promessa do Pai.  Do mesmo modo, não devemos segurar ou reter Deus somente para nós. Temos de levar Deus até o irmão, através da evangelização ou do nosso testemunho. E isso significa produzir frutos, e está encaixado no primeiro mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas...       
Os  fariseus "armaram uma" para pegar Jesus. Qualquer resposta do Mestre, o incriminaria, porém, isso aconteceria  se Jesus fosse uma pessoa comum. Mas não o era. Ele logo percebeu que era uma armadilha para pegá-lo, um laço como ele disse. Só pela cara daqueles fingidos ao dirigir as primeiras palavras a Jesus, já dava para perceber que estavam agindo de má fé. Se Jesus dissesse que era injusto pagar imposto ao Imperador de Roma, os mandatários romanos  ali presentes, logo o enquadrariam  como subversivo ou revoltoso, e o jogariam contra o poder romano (que dominava a Palestina no tempo de Jesus), e Ele logo seria preso, e o seu plano de amor para conosco estaria terminado sem mesmo ter começado. Se Jesus dissesse que era justo pagar o imposto a César, imperador de Roma que ora dominava e oprimia aquele povo, este mesmo povo se voltaria contra Jesus chamando-o de traidor, e o exterminaria antes da hora. Para os fariseus, era a pegada perfeita que deixaria Jesus sem saída. Mas não sabiam que estavam brincando com o próprio Deus. E Jesus, simplesmente como em todas as vezes que tentaram pegá-lo, deu uma saída de Mestre!
Para o partido dos Zelotes e todos aqueles que faziam resistência ao domínio romano, a atitude de Jesus foi de uma covardia muito grande. Para eles, Jesus tremeu nas bases e ficou com medo, não foi autêntico, não foi um patriota. Para os representantes do domínio romano na palestina, Jesus acabara de demonstrar que Ele não representava nenhum perigo à presença romana naquele lugar, e assim, deixaram-no livre para ir e vir, e falar ao povo.
Para nós, hoje, podemos interpretar a atitude de Jesus da seguinte maneira. Ele não tomou nenhum partido porque O SEU REINO NÃO ERA DESSE MUNDO e porque ainda não havia chegada a sua hora. Porque com certeza, iriam pegá-lo, acabar com Ele, e o Plano de Deus estaria estragado. Por outro lado, apesar de alguns socialistas e antiimperialistas terem ficado decepcionados com o Jesus histórico,é bom lembrar que Ele não se envolvia em questões políticas, como estavam esperando alguns, que Jesus teria vindo para libertá-los do poder romano. Jesus veio nos libertar, sim, mais do pecado. Deixando-nos a Igreja e todos os sacramentos ideais ou necessários para a nossa salvação.
Nós também somos assim como os anti-imperialistas pensaram de Jesus. Queremos um Jesus, um Deus que resolva os nossos problemas pessoais, não nos importando com aqueles que possam ser prejudicados. Deus é pai de todos nós. Não importando o partido político, o time preferido, se somos ricos, ou se somos pobres. Deus não toma partido nem tampouco discrimina ninguém. Pelo contrário, está sempre nos convidando a mudar de vida e a segui-lo.  Com isso não queremos dizer que não nos importamos se o nosso país esteja sendo explorado e dominado por outro. Nenhum cidadão patriota gosta disso. O que precisamos entender aqui, é a posição de Jesus, Deus de todos, e não só dos judeus, dos corintianos, dos são-paulinos, dos palmeirenses, etc.
Outro dia, um aluno me pediu para rezar para o time dele ganhar o campeonato paulista.  Era jogo de decisão e todos por aqui estavam muito tensos. Expliquei para ele que todos os torcedores tanto de um time como do outro, eram filhos amados de Deus. Pense comigo. Você tem irmão? Ele respondeu que tinha uma irmã. Veja. Como você se sentiria se Seu pai desse uma forcinha para que sua irmã ganhasse algum jogo contra você? Uma fera! Respondeu ele. Viu? Nesse caso, Deus simplesmente deixa acontecer, e que ganhe o melhor time, caso não haja “marmelada”. Olha só o que o garoto me disse: "Mas Deus vai assistir o jogo, né?"  Disse-lhe que Deus Vê tudo. Até a nossa conversa. Confesso que perdi a oportunidade de dar uma resposta melhor àquele menino.
 Sal
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Na vida temos  carências e necessidades humanos, porém nosso ser espiritual independe  do quanto possuímos materialmente – Maria Regina.



                                      Os fariseus e os herodianos armavam arapucas para apanharem Jesus em contradição, porém Ele não se deixava conduzir por sugestões que advinham da cabeça dos homens. Assim sendo, sabiamente Ele percebia a maldade dos seus corações e a hipocrisia que orientava os seus questionamentos. Eles agradavam a Jesus com palavras, e, ao mesmo tempo, preparavam-Lhe armadilhas. A figura e a inscrição da moeda que pagava o imposto eram de César, imperador dos romanos e nada tinham a ver com o que Jesus ensinava sobre o caminho de Deus.
                                        Jesus sabia dar o “seu ao seu dono”, isto é, Ele distinguia a realidade material da espiritual. Muitas vezes nós nos confundimos quando tratamos de assuntos financeiros e materiais atrelados às coisas de Deus. Muitos pregam a recompensa da prosperidade e da fartura embaralhada com o serviço ao reino de Deus. A Cezar, isto é, ao mundo material, pertencem as nossas necessidades físicas que são temporais e passageiras. A Deus, no entanto, compete a parte que permanece nos sustentando eternamente. Na vida nós temos as nossas carências e necessidade de sobrevivência material próprias da nossa situação humana.
                                     Confiando na providência de Deus nós também suprimos estas realidades, porém o nosso ser espiritual não depende do quanto nós possuímos materialmente.
                                 Por isso, Jesus nos propõe a cumprirmos com as nossas obrigações básicas que são inerentes ao nosso ser material. Ao mesmo tempo, Ele nos ensina a como, amparados pela força do Espírito, nós podemos prosseguir na nossa busca da santidade que nunca nos será tirada. Reflitamos:Você tem dado a Cezar o que é de Cezar e a Deus o que é de Deus? – Você tem cumprido com as suas obrigações sociais e espirituais? – Como você administra as suas posses materiais e espirituais? – Você acha que é merecedor de benesses por trabalhar na vinha do Senhor? – Você tem algum interesso no trabalho do reino?
Amém
Abraço carinhoso

Maria Regina
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Domingo, 16 de Outubro de 2011.
Evangelho –   Mt 22,15-21

             Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus.
 Foi com estas palavras que Jesus saiu da emboscada  dos fariseus e alguns membro do partido do Rei Herodes.
Na tentativa de pegar Jesus para condená-lo os fariseus que não aceitavam a dominação romana e os membros dos partidos de Herodes que concordavam com a dominação  investiram sarcasticamente para ver a posição do mestre. Se  Jesus condenasse a tributação dos romanos agradaria os fariseus, mas contrariava os membros do partido de Herodes, o jeito foi encará-los e mostrar a verdadeira realidade.
Hipócritas!  Jesus os chama de falsos, porque sabe que querem provas para combatê-lo. Querem encontrar uma brecha para colocar a avaliação e afirmar que Aquele homem não é Filho de Deus.  Querem pegar no pulo para levar ao tribunal e divulgar para o povo que Jesus era uma chantagista, um fanfarrão. Querem afirmar que Jesus não era o libertador, que não passava de um aproveitador. Entretanto, Jesus desmascara-os e pede para ser justo com o povo.
 Jesus não pede para negar o imposto a César, Imperador Romano. Deve pagar sim a tributação, mas com uma condição: o imposto recolhido deve voltar para o povo, deve trazer benefício e comodidade para o povo governado. A política é um bem comum como os grandes pensadores do passado argumentavam. A governança é necessária para haver o equilíbrio entre as ações do homem. Contudo, o povo governado deve sentir-se bem. O povo, que garante o poder político de uma classe, deve ser revestido de ações de melhorias e não tão somente exploração.
Neste momento Jesus dá um basta nos seus opositores. Tanto os fariseus como os partidários do rei Herodes exploravam o povo. Cobravam do povo  também tributações pesadas. Acontece que o povo vivia na miséria. A fome e a pobreza reinavam  na sociedade da redondeza de Jerusalém. Logo, eles, também, são tão covardes quanto os romanos. Pois, tratavam o povo como cachorro. Deixavam para o povo as migalhas. Consumiam o suor do povo para garantir seus sustentos e luxos.
Escravizavam os pobres para construir privilégios evasivos. Ao usar o poder para fins próprios retiram-se do povo a finalidade da política. Garantem-se como um corruptor encastelado absorvendo os serviços alheios. Criam-se na verdade um mundo para ser gozado por um pequeno grupo à custa do sangue de outros. Todavia, disseminam-se no ser do pequeno o remorso de uma cultura de troca: aquele que mais ajudar o seu senhor, mais próximo do céu estará. Para chegar à salvação o pequeno que fora alienado pelo opressor passará a acreditar no seu senhor, e, o privilégio da usura passará a ser a chave da recompensa no céu. E na imaginação dos pequenos o senhor usurpador é o pequeno deus terreno que dará passaporte para alcançar o Deus supremo e poderoso. Enfim, por isso Jesus os chama de hipócritas, falos, corruptos, levianos, traidores, aproveitadores, fingidos e cínicos.
Caros leitores, Jesus pregava com maestria a justiça e a partilha. Queria que não houvesse a exploração do homem pelo homem. Sonhava com a paz e com a igualdade. Nas pregações falava diretamente para o povo pobre. Estimulava-os para a libertação. Reiterava a solidariedade entre os filhos de Deus. Jesus foi um irmão fiel e lutador. Tanto é que os seguidores aumentavam significativamente. Ele atraia legiões de pessoas através da fala e da prática.
Mas algo incomodava o Irmão Fiel e Lutador. O que deixava Jesus aborrecido, descrito nos Evangelhos, eram as práticas maldosas dos governantes e dos sacerdotes. Ao invés de ajudar o povo a conquistar a dignidade, a independência e o amor; faziam ao contrário, desprezavam, infernizavam, consumiam, retiravam o prazer de viver do povo. E o objetivo dessa prática era clara: fazer o povo refém de práticas paternalistas e não permitir que fosse libertados. Além de cometerem absurdos pecados contra o povo enfraquecido, queriam pegar Jesus nas palavras.
Lógico que não conseguiram. A metodologia aplicada não foi suficiente para deixar de ouvir  maneiras de atuar  de um bom governante. A saber: o governante justo e compassível é Deus.Ele é a salvação de todos. Ele sabe governar como ninguém. A justiça aplicada por Deus acolhe todos sem distinção. Anima os corações do povo para viver na paz e na fé. A cobrança feita por Deus é a dignidade e o tratamento igual para todos. O respeito  e a comunhão são valores imprescindível de um cristão que deseja alcançar um lugar ao lado do Pai nos céus.
Ao observar atentamente as palavras do Santo Evangelho enxergamos muitas coisas que ainda não estão no agrade de Deus. São atitudes maléficas que empobrece o povo.
Pois, os aproveitadores  agem com segunda intenção de modo escancarado;  aniquilam os infelizes subjugados  com ações que privilegiam certas classes;  cobram do povo além do necessário com a promessa de reverter com boa escola, saúde, transporte, segurança, habitação;  enganam o povo com quinquilharias e restos de centavos recebidos no final do mês nas casas lotéricas. Enfim, alucina-se o povo para retirar o fruto do trabalho que seria o sustento de cada um, ou seja, retira-se da boca o alimento do faminto para acumular bens e riquezas.
Portanto, dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus. Seja justo para que a justiça prevaleça. Não faça a justiça do modo que lhe convém, mas faça a justiça de Deus. Pois assim estará caminhando como Jesus tanto queria. Viva o amor e a paz no Cristo que doou a sua vida para o bem-estar dos irmãos. Assim fica somente com aquilo que lhe pertença e não se esqueça de dividir com àquele que mais precisa da sua ajuda.
Que este Deus poderoso e humilde possa fortalecer o coração do homem que pensa em subtrair além do necessário ao pilhar o povo sofredor num coração de carne, amável e compassivo, cheio de esperança e bondade. Que assim seja, amém!

-- 
Claudinei M. de Oliveira
Tenha a Paz de Cristo em seu Coração!
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                                                          "De quem é essa imagem? "                                                  
Apoiados no ensinamento do Platonismo, de que o homem é alma e corpo, este evangelho ficaria fácil de ser interpretado, pois bastaria dizer que o homem não pode ser nenhum alienado em relação as estruturas do mundo e suas instituições, e também não pode ser materialista, divide seus compromissos e obrigações em duas partes iguais, uma para Deus e outra para Cesar e está resolvido. A primeira vista parece ser isso mesmo, o Cristão deve ter os pés no chão da história, mas o olhar voltado para Deus, seria um casamento entre a Fé e a razão. Vamos crer, celebrar, participar da comunidade, mas também cumprir nossos deveres de cidadãos, inclusive pagar nossos impostos submetendo-nos a ordem estabelecida. Mas não é isso !
Os Fariseus tentaram surpreender Jesus mais, como se diz popularmente, mais uma vez foram buscar "sarna" para se coçar, Jesus respondeu de maneira coerente, exatamente o que deveria ser respondido, mas os "Sabichões" nada entenderam. A questão não é simplesmente, se devemos pagar os tributos ou não, às vezes, com tanta roubalheira em nosso País, dá mesmo vontade de sonegar, mas nosso cristianismo não seria autêntico, se nos faltasse a ética cristã. O que está em jogo nessa conversa de Jesus com os fariseus, é algo muito mais profundo : quem é o Ser Humano? Há algo nele que o torne diferente?
 A cunhagem de uma moeda não lhe dá só um valor numérico, mas uma identidade, e aqui é bom lembrar que a imagem de Cesar Augusto era sagrada e havia o culto ao imperador. Aqui começamos a perceber que a discussão não se restringe apenas ao valor da moeda em si, mas sim a ideologia que está por trás disso.
Muito interessante porque diante de uma pergunta, " Se era lícito ou não, o pagamento de imposto ao Império Romano", Jesus respondeu com outra pergunta "De quem é a imagem que está na moeda?". Só poderia ser de Cesar... parece até que Jesus foi irônico, mas aqui está o "xis" da questão, o Fio da meada....O homem não foi criado a imagem e semelhança de Cesar, mas a imagem e semelhança de Deus. O homem não vale por aquilo que ele possui ou consome, mas por aquilo que ele é : Filho de Deus.
Nada portanto nesta vida, nem naquele tempo e nem hoje, pode substituir no mais íntimo do ser humano essa imagem de Deus, e quanto mais humano é o homem em sua essência, mais vai se divinizando. O Imperador Romano vai pelo caminho contrário, e o homem da pós modernidade também.... Quando pretende ou tenta ocupar o lugar que pertence só a Deus.  Iniciando esse processo de Divinizar-se a partir do TER e PODER, o resultado é inverso pois homem se desumaniza tornando-se irracional, perde a noção do certo e errado, não sabe mais discernir e só faz aquilo que lhe convém, isso é, que favoreça  o seu Poder, e isso leva á degradação total, deixando de ser imagem e semelhança de Deus, para ser a imagem e expressão do Mal.
Jesus Cristo resgatou essa imagem que o Ser humano havia perdido, tornando-se Senhor e sub-julgando todas as coisas, tronos e potestades, portanto, dar a Deus o que é de Deus, não é dar a metade, mas o nosso TUDO, é ele que nos libertou, salvou e resgatou, não os poderes do mundo ou as instituições. Em resumo, a Deus tudo, e ao tal do "Cesar" NADA, porque o homem que ocupa na vida do outro o  lugar que pertence a Deus, nada Vale...
 E a Fariseuzada, que se julgava muito esperta, teve que ir embora, com o rabo entre as pernas....mais uma vez.    (Evangelho Mateus 22, 15-21   XXIX Domingo do Tempo Comum)
José da Cruz é Diácono Permanente da
Paroquia Nossa Senhora Consolata - Votorantim
E-mail  cruzsm@uol.com.br
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Anunciai entre os povos que o senhor reina
I. Introdução geral
A liturgia de hoje ressalta que a história da humanidade está nas mãos de Deus. Interpretada à luz da fé, a história ganha seu verdadeiro significado: a salvação do ser humano.
Até mesmo as ações das pessoas que não têm fé podem ser vistas como colaborações inconscientes ao projeto de Deus. É isso que nos mostra a primeira leitura: o imperador Ciro, mesmo sem o saber, fez a vontade de Deus. Situações políticas totalmente seculares podem ser usadas pelo SENHOR como instrumentos para a salvação do ser humano.
Na segunda leitura, vemos que Paulo e os tessalonicenses são fiéis na difusão do evangelho. Tal fato deveria nos animar bastante, porque sabemos que, no início da Igreja, os cristãos sofriam várias perseguições. Isso significa que Deus pode servir-se até mesmo de situações adversas para realizar a salvação, porque ele é o Senhor da história.
No evangelho, Jesus traça uma linha divisória: a autoridade política tem seu campo próprio, a ordem e o bem público. Dentro desse campo, a autoridade política deve ser respeitada. Mas a autoridade política não tem o poder de exigir o que somente a Deus é devido.
II. Comentário dos textos bíblicos
1.  Evangelho (Mt. 22,15-21): Dai a Deus o que é de Deus
O evangelho de hoje nos põe diante de um dilema no qual muitas vezes travamos: como conciliar em nosso cotidiano duas realidades por vezes antagônicas, a autoridade política e a religiosa? Nesse caso, Jesus nos aponta o caminho a seguir.
A pergunta feita a Jesus certamente é bem maliciosa. Os judeus estavam sob o domínio romano, e o pagamento do tributo era prova de sujeição ao imperador. Se Jesus respondesse que o povo deveria pagar o imposto, perderia sua popularidade, seria acusado de trair sua nação e perderia qualquer pretensão messiânica. Caso respondesse que não deveria pagar o imposto, seria acusado de rebelião contra o império e seria preso. Fosse qual fosse a resposta, Jesus estaria em perigo. Mas ele ultrapassa a questão do lícito ou ilícito e conduz seus interlocutores a uma reflexão mais profunda: a autoridade política não pode tomar o lugar de Deus.
Para Israel, só Deus podia reinar sobre o povo, mediante um representante tirado de uma das tribos. Por isso, a sujeição ao imperador romano era sinal de idolatria. Além disso, essa situação se agravou quando o imperador se autoproclamou divino.
Quando Jesus pergunta de quem é a figura e a inscrição na moeda, entra no âmago da questão. Os judeus usavam a moeda romana e, por isso, não tinham por que se opor ao pagamento do imposto. Mas ele acrescenta que se deve dar a Deus o que é de Deus, reafirmando a soberania do SENHOR sobre Israel e as nações. No grego, a palavra “dar” também significa “devolver”. E, já que a imagem de Deus está gravada em nós, devemos “devolver” nossa vida em adoração a ele, cumprindo a sua soberana vontade. Assim, a prática de devolver a Deus o que é de Deus destrói toda idolatria.
A autoridade política deve ser respeitada, porque está a serviço do bem comum, mas nunca terá o poder de exigir o que é devido somente a Deus, cuja imagem está impressa em nós.
2.  I leitura (Is. 45,1.4-6): Eu sou o Senhor e não há outro
O texto bíblico começa com a afirmação de que Ciro, o rei persa que dominava sobre os judeus, tinha sido escolhido por Deus para executar a tarefa de fazer o povo exilado voltar à terra de Israel. É uma afirmação muito estranha na Bíblia, porque o termo “ungido” (messias ou cristo) era reservado apenas para três categorias em Israel: reis, sacerdotes e profetas. Afirmar isso de um rei estrangeiro, que servia a outros deuses, é algo único na Bíblia.
Para entender esse versículo, é necessário imaginar o que as pessoas da época poderiam estar pensando. Quando souberam do decreto do imperador que os liberava para voltar a Israel, os judeus poderiam pensar: “Que feliz coincidência e que sorte nós tivemos, a política do imperador vai nos favorecer”. O profeta entrou em ação para dizer que as coisas não eram bem assim como estariam pensando, deixando claro que não se tratava de sorte ou coincidência. Deus é sumamente fiel e ama os filhos de Israel; ele os tirou da escravidão do Egito, levou-os para a terra prometida e para lá os faz retornar. Ciro não passa de um instrumento de Deus para executar uma tarefa. O imperador não é uma divindade, ao contrário, é como uma criança conduzida por um adulto para fazer algo que ela nem tem consciência do que seja. Ciro é tomado pela mão e levado pelo SENHOR para libertar os judeus.
Assim, o texto bíblico orientou as pessoas antigamente e nos orienta hoje para a consciência de que nenhuma autoridade é eterna ou absoluta: há um único Deus e tudo está submetido a ele e ao seu plano. Nada nem ninguém podem impedir a realização do projeto divino. O livre-arbítrio humano pode apenas escolher entre colaborar ou não com Deus. A história da humanidade está imersa no projeto de Deus como peixes num aquário, que podem nadar de um lado a outro, mas sempre estão dentro do mesmo recipiente. Mesmo quando se tenta impedir que o projeto divino se realize, Deus é suficientemente criativo para do mal fazer um bem. Prova disso é que a morte de Jesus na cruz se tornou vida plena para quem o segue.
3.  II leitura (1Ts. 1,1-5b): O evangelho foi anunciado entre vós
Paulo escreve uma carta à Igreja que se encontrava em Tessalônica, cidade pagã cujos habitantes estavam a serviço de vários ídolos. Os cristãos dessa cidade, ao contrário, são assembléia santa, são eleitos de Deus e congregados em Jesus Cristo.
O apóstolo sempre se lembra da “ação da fé” dos tessalonicenses. Essa expressão pode parecer estranha aos ouvidos atuais, porque hoje comumente se compreende fé como se tratasse de um sentimento. Mas, nos idiomas antigos, fé é um modo de viver, é a vida em ação colaborando com Deus. Colaborar significa “trabalhar com”. Assim a fé é mais que um sentimento: é uma tarefa, um ofício, um trabalho, uma missão. O plano de Deus se realiza independentemente da fé do ser humano; mas os que vivem a fé assumem consciente e livremente esse plano como um objetivo de vida a ser realizado e trabalham com Deus na efetivação desse projeto, até que chegue à plenitude.
III. Pistas para reflexão
Chegamos à segunda metade do mês missionário, e alguns eventos já devem ter sido realizados na comunidade. Mas alguns cristãos ainda não se envolveram na proclamação do reino de Deus. Alguns estão em situação semelhante à de Ciro: embora suas ações sejam boas, eles não as realizam como fruto de uma opção consciente e comprometida com o reino de Deus. Outras pessoas são como os judeus exilados: não conseguem ver a mão de Deus por trás dos acontecimentos históricos. Quando muito, pensam que os desastres são castigos, e esta é a leitura mais errada que se pode fazer dos eventos históricos.
Ainda podemos considerar algumas pessoas semelhantes aos fariseus do evangelho: confundem autoridade humana com autoridade divina, pensam que o fato de não cometer escândalos é suficiente para alguém ser considerado amigo de Deus.
Contudo, a Igreja necessita de pessoas como os tessalonicenses, cuja fé é mais que um sentimento ou religiosidade desencarnada. A Igreja necessita de cristãos de quem se possa dizer: “Lembro-me sempre da ação de vossa fé” (cf. 1Ts. 1,3).
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
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Dar a Cesar o que é de Cesar
Hoje é o domingo do dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. A fé cristã não está desvinculada da vida. César organiza a sociedade, cuida da escola, providencia os cuidados a serem prestados aos doentes, aos migrantes. È sua específica missão. Os discípulos de Cristo, a Igreja vive no mundo. Não faz “política” no sentido superficial do termo. Não quer lugares de honra em palanques mundanos, mas através da mensagem do Evangelho que anuncia ela quer colocar um vigor que vem de Deus no campo de César.
Vamos nos servir de comentários do Missal Dominical da Paulus para exprimir aqui o que parece fundamental no texto de Mateus. Os comentários falam da tarefa do cristão no mundo:
“A palavra de Jesus leva nossa reflexão a um dos problemas mais importantes e cruciais dos cristãos de hoje. O homem moderno tem a profunda convicção de lhe caber uma tarefa histórica a desempenhar na terra, tarefa proporcional à sua possibilidade cada vez maior, e que implica num real domínio sobre o universo. O fim é este: a promoção da comunidade humana no seio de uma cidade cada vez mais fraterna. Esta tomada de consciência é acompanhada às vezes de uma critica amarga da religião considerada a responsável pela secular alienação dos homens. Muitos assumem perante a religião uma atitude de desconsideração, como se ela não tivesse nenhuma contribuição a oferecer. A fé cristã, vivida integralmente, longe de sugerir demissão e evasão frente as tarefas terrestres do homem, ajuda os que crêem a assumir suas responsabilidades na conquista de objetivos que se impõem à consciência moderna. Os apelos do mundo atual encontram um eco cada vez mais profundo em vastas camadas do povo cristão, e felizmente não são raros os cristãos coerentes que assumem os papéis de promoção, libertação e construção de uma cidade terrestre mais justa e mais humana.
O Vaticano II dedicou uma parte importante de seus trabalhos à análise das preocupações do homem no século XX, problemas em aparência mais profanos do que religiosos, de tal modo que as reticências e ausências do cristão de ontem em relação ao seu compromisso com o mundo, deveriam ser superadas. Entretanto, permanece uma pergunta: a construção da cidade terrestre é uma tarefa importante, mas não será ela caduca? Construindo a cidade dos homens contribui-se ou não para a edificação do reino de Deus? Não serão dois reinos diversos? A esperança cristã não se realiza, certamente, em plenitude, senão no mundo futuro. Contudo, ela manifesta desde já sua eficácia: é uma força imensa no mundo, é um fermento que o faz levedar, é um sal que dá sentido e sabor ao esforço humano de libertação, ao empenho temporal. Não é alienação, não é um álibi. Não existem duas esperanças: uma terrena e outra celeste; a esperança é uma só; diz respeito à realidade futura, mas através do empenho cristão, a antecipa na realidade terrestre” (p.834).
Estamos todos empenhados no sentido de que os leigos cristãos se façam presentes no mundo através de sua vida coerente, da tomada de posições claras a respeito de tudo aquilo que avilta e degrada o ser humano. Os políticos cristãos ganham distância de toda sorte de corrupção e fazem ouvir sua voz quando o ser humano é espezinhado. Os professores cristãos não são meros transmissores de conteúdos mas testemunhas do mundo novo do Evangelho. Os bancos cuidarão do lucro, sem esquecer que o dinheiro serve para tornar mais digna a vida dos cidadãos.
Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus...
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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Dai a Deus o que é de Deus
Ao fim de sua pregação, Jesus entrou abertamente em conflito com as autoridades judaicas (cf. os evangelhos dos dois domingos anteriores). Por isso, quiseram armar-lhe uma cilada, para que o pegassem em alguma palavra contrária à Lei. Pensaram ter encontrado tal oportunidade na questão do imposto a pagar ao imperador romano, o César (evangelho). Se Jesus aprovasse pagar o tributo ao dominador estrangeiro, ele negaria a grandeza do povo messiânico. Se ele se declarasse contra, ele incitaria à rebeldia contra o dono do país...
A resposta de Jesus tomou-se provérbio: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Alguns interpretam essa frase como uma divisão de tarefas: o César para o domínio deste mundo (a cidade terrestre), Deus para o domínio sobrenatural (a cidade celeste): é a teoria dos “dois reinos”, que permitiu muitas vezes ao César soltar seus demônios, enquanto os responsáveis da Igreja se ocupavam com coisas piedosas, dizendo-se apolíticos!
De fato, há diversas maneiras de interpretar a controvertida frase: 1) “Os padres devem ficar na sacristia” (negócio é negócio, a Igreja à parte); 2) “O que é bom para César é bom para Deus”; 3) “Dai a César o que lhe pertence em justiça (mas não o que não lhe pertence); e a Deus também”; 4) “Dai a César o que é de César, dando primeiro a Deus o que é de Deus”, ou seja: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça” (Mt. 6,33), e então sabereis atender com justiça as exigências da ordem política. Esta última interpretação nos parece mais conforme o espírito do evangelho. Jesus admite as exigências da ordem política, mas relativiza-as, subordinando-as às exigências de Deus.
Seja como for, o que era de César, no caso aqui narrado, era uma moeda, instrumento do poder econômico do Império Romano e, além do mais, preço do reconhecimento civil da comunidade judaica, com os privilégios que isso implicava. Tratando-se disso, os interrogadores tinham de tirar as conseqüências: quem quer usufruir do Império tem de alimentar-lhe o tesouro... Mas isso não é o mais importante; o peso recai sobre a última parte da frase: “Dai a Deus o que é de Deus”. Jesus parece estar dizendo aos seus interlocutores: “Importunais-me com questões de César - bom, sede conseqüentes nessas questões - mas o que eu devo lembrar-vos é das questões de Deus”.
As questões de Deus (que não são necessariamente as da “religião”) devem constituir nossa “pré-ocupação”, antes de qualquer outra coisa (cf. Mt. 6, 24ss; 8° dom. do T.C.). Sem darmos a Deus o que é de Deus (isto é, tudo), nada podemos fazer de verdadeiramente valioso. A 1ª leitura nos narra até um caso em que Deus se serviu de um “César”, o imperador Ciro, da Pérsia, para realizar seu plano de salvação para o povo israelita. Pois Ciro, na sua perspicácia de déspota iluminado, achou melhor que os israelitas exilados cuidassem de sua própria terra em vez de viver num gueto lá na Babilônia. Pôs fim ao exílio babilônico. Assim, a sabedoria administrativa de um rei pagão serviu para realizar a bondade de Deus. O caso não é imaginário. Quando Deus tem a última palavra, as coisas de César podem servir-lhe. Por isso importa colocar César e seus projetos no bom rumo... A frase de Jesus não nos ensina indiferença para com aquilo que o César faz, antes pelo contrário; ensina-nos a submeter os negócios do César (e a ocupação mundana em geral) ao critério da justiça de Deus; pois este é, em última análise, o único Rei (SI 96[95], salmo responsorial).
Nestes últimos domingos do ano litúrgico, a 2ª leitura é tomada das Cartas aos Tessalonicenses, fortemente marcadas pela questão da proximidade da Parusia. Ouvimos hoje a abertura da 1Ts: uma saudação, que louva nos tessalonicenses a sua fé atuante, sua caridade abundante e sua esperança perseverante. Uma saudação que deveria poder repetir-se para o povo das nossas igrejas! Os fiéis são chamados irmãos de Deus!
A oração do dia e a oração sobre as oferendas inserem-se bem no tema central: estar à disposição do supremo Senhor. Na mesma linha, pode-se rezar o prefácio I dos domingos do tempo comum (o povo que pertence a Deus).
Johan Konings "Liturgia dominical"
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1. O tema da liturgia da Palavra de hoje é extremamente atual e de grande importância na vida da comunidade. Seja a primeira leitura que o Evangelho falam do delicado problema entre a política e a religião, entre poder político e poder religioso. Tema importante visto que acabamos de sair de um processo eleitoral que em muitas maneiras nos envolveu e que tantos sofrimentos provocou dentro da comunidade. Quantos questionamentos entre os cristãos: é licito que a Igreja se meta na política? Qual seria a atitude de Jesus perante este problema? E também o que nos ensina a Palavra de Deus sobre este tema delicado do relacionamento entre poder político e poder religioso? As leituras de hoje sem duvida nos ajudam a entrar no problema purificando as nossas idéias humanas e, de certa forma, interesseiras.
2. “Isto diz o Senhor sobre Ciro, seu ungido: ‘Tomei-o pela mão para submeter os povos ao seu domínio, dobrar o orgulho dos reis” (Is. 45, 1).
A primeira leitura nos apresenta o caso de um rei, Ciro que foi suscitado por JHWH não para ferir o povo de Israel, com já no passado tinha acontecido com os reis Senaquerib e Nabucodonosor, mas para libertá-lo. Além disso, este rei Ciro é chamado pelo profeta de ‘ungido’, da mesma forma que será chamado o futuro Messias, Jesus, o ungido de Deus, o libertador da humanidade. A Palavra de Deus nos convida, assim, a olhar neste rei, não apenas para o seu alcance histórico imediato, como libertador do povo de Israel que naquela época – o sexto século antes de Cristo – se encontrava no cativeiro do exílio em Babilônia, mas naquilo que esta libertação pode representar dentro o quadro do plano de Deus. Desta maneira, um evento político bem determinado, com um líder político especifico, é colocado pela mesmo Palavra de Deus como símbolo de libertação que antecipa a libertação definitiva do Filho de Deus, Jesus Cristo.
Que ensinamentos podem trazer desta pagina? Em primeiro lugar a Palavra de Deus nos ensina a considerar a historia humana como o espaço da intervenção libertadora de Deus. Se o mundo existe, se a humanidade existe é porque Deus quis com um ato criativo livre. Esta criatividade não é um ato definitivo colocado no inicio dos tempos e depois largado ao arbítrio de quem quiser. Deus é presente na historia dos homens e das mulheres e se serve de qualquer coisa para manifestara sua presença. A política, neste sentido, não foge ao plano de Deus, seja no mal como no bem. No mal quando Deus utiliza, por assim dizer, políticos, reis cruéis para castigar o seu povo rebelde. No bem quando decide de libertar Israel das amarras do poder autoritário e tirano. Foi assim na época de Moisés, quando Deus ouviu o grito desesperado do povo, e foi assim na época do Exílio em Babilônia, quando JHWH enviou o rei Ciro, como acabamos e ouvir. Deus nos acompanha na historia cotidiana: nos deixa livres, mas coloca a nossa disposição os instrumentos para sairmos das situações de opressão. Com Jesus, Deus ofereceu tudo aquilo que tinha a disposição para realizar a salvação da humanidade. O problema é saber se temos consciência disso e se estamos utilizando estes meios de salvação que nos são oferecidos gratuitamente.
3. “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt. 22, 21).
Numa leitura superficial este versículo aparenta dar razão àquelas pessoas que sustentam que a Igreja não deve se meter em política e que a religião não tem nada a ver com a política. Na realidade é preciso considerar o versículo no contexto cultural semítico no qual foi pronunciado. De fato, ambiente semítico numa frase composta de duas proposições, o conteúdo daquilo que se entende dizer é colocado na segunda parte. Assim, na colocação de Jesus não devemos nos perguntar o que devemos a César, mas sim o que devemos a Deus. Então, podemos nos perguntar: o que devemos a Deus? A reposta imediata é: tudo! É Ele o Senhor do universo, tudo é dele e tudo devemos dar de volta a Ele. A vida que vivemos, o alimento de cada dia, o ar que respiramos: tudo é de Deus, fruto da sua grande bondade. E ali vem o problema. Se devemos dar tudo a Deus, então, vamos dar o que a César? O enigma virou em favor de Deus. Aquilo que a uma leitura superficial parecia apontar por uma igual divisão dos bens, nesta perspectiva tipicamente bíblica, a balança pende totalmente para o lado de Deus. Então, mais uma vez, nos perguntamos: se tudo é de Deus e tudo devemos a Ele, vamos dar o que a César? A tentação imediata seria aquela de dizer: nada! Na realidade não é assim, pelo menos não parece ser assim aquilo que Jesus quis dizer. Se devemos dar tudo a Deus, porque tudo é dele, a César, que é o símbolo do Estado, devemos dar Deus. É este o sentido profundo do Evangelho de hoje. Nós cristãos não podemos entrar no mundo, no Estado, na política, de mãos vazias, mas sim com aquele estilo de vida que o Senhor nos ensinou. É por essa razão que a Igreja católica toda vez que tem uma eleição política nos orienta a doar o jeito de Deus votar, para o mundo. E assim, se vivemos em um mundo corrupto, um mundo feito de injustiças, um mundo que considera as pessoas como uma coisa material, á qual podemos até atribuir um preço – pois é esta a terrível realidade escondida na mesquinha moda da compra de voto -, nós entramos neste mundo perdido com alógica de Deus, que nos ensina que cada um de nós e único e irepetivel, pois fomos criados a imagem e semelhança de Deus.
4. “Mestre, sabemos que es verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus” (Mt. 22, 16).
Estas palavras, pronunciadas pelos fariseus com o objetivo de colocar uma armadilha para Jesus, revelam na realidade o sentido verdadeiro da presença de Jesus no mundo. O problema é que talvez, também nós como os fariseus do Evangelho de hoje, não levamos muito a serio a sua proposta, ficando assim, presos nas nossas idéias preconceituosas. Pedimos, então, ao Divino Espírito Santo que nos ilumine, que provoque o desejo de uma vida sempre mais parecida como aquela de Jesus. Procuremos ao longo desta semana buscar a palavra de Jesus para entrarmos no Caminho que Ele mesmo percorreu: o caminho do amor e da justiça.
padre Paolo Cugini
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“Devolva a César o que é de César” e “devolva a Deus o que é de Deus”
1ª LEITURA - Is. 45,1.4-6
Estamos diante de um oráculo de investidura real referente a Ciro, rei da Pérsia entre 557 e 529. Foi através de um edito de Ciro, em 538, que os judeus puderam voltar do exílio para Jerusalém. Isto é visto pelo “segundo Isaías” como uma ação direta da vontade de Deus. Assim o profeta aplica a Ciro o que se dizia apenas dos reis de Israel: Chama-o de Ungido de Javé, pois Deus se serviu dele para libertar o povo e fazer justiça às nações. Para isto “tomou-o pela mão e abriu-lhe portas e portões. Chamou-o pelo nome e lhe deu um título honroso e o poder real”. Mas Deus fez tudo isto a um pagão em atenção a Jacó, seu servo e a Israel, seu eleito. Deus é o Senhor da história e o soberano das nações, por isto ele pode fazer uso dos reis pagãos para mostrar sua justiça e sua bondade a seu povo, libertando-o da opressão do exílio. O texto insiste no fato de ser Deus o Senhor da história, apesar de Ciro o ignorar. Deus está concedendo a Ciro o poder real exatamente para que do Oriente ao Ocidente todos possam saber que não há Deus fora de Javé.
2ª LEITURA - 1Ts. 1,1-5b
A 1Ts é o primeiro livro do Novo Testamento. Foi escrito de Corinto no ano 51 por Paulo com a colaboração de Silvano (= Silas) e Timóteo. Os cristãos de Tessalônica eram empobrecidos e explorados, mas eram chamados de “Igreja” por ser já uma comunidade bem organizada com objetivos bem definidos em torno da salvação trazida por Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. “A graça e a paz” que Paulo deseja à Igreja de Deus é exatamente a plenitude desta presença de Deus, que dá vida nova a esse povo, que estava à margem do império de César. César não é Deus, César não é o Senhor. Deus é o Pai, é o Senhor, é Jesus, e eles estão vivos na comunidade.
Agradecimento e convicção de Paulo
Depois da saudação inicial, Paulo, como vai ser seu costume, agradece a Deus pela comunidade e reza por ela. Aqui ele agradece por 3 coisas: pela fé que é adesão à pessoa de Jesus morto e ressuscitado, pelo amor - caridade que é a fé na prática, ou seja, um modo novo na convivência fraterna e pela esperança que é a nova mística, que abre os horizontes da comunidade, e a impulsiona para a realização plena do projeto de Deus. Por fim, Paulo mostra a sua certeza de que os tessalonicenses “são do número dos escolhidos”, pois acreditaram na Palavra que foi pregada “com a força do Espírito Santo e com toda a convicção”. Realmente o Espírito é a mola mestra da Evangelização.
Evangelho – Mt. 22,15-21
O centro do Evangelho de hoje está na pergunta: É lícito ou não pagar o imposto a César? Quem faz esta pergunta são os discípulos dos fariseus e alguns do partido de Herodes. A pergunta é maldosa. Os fariseus são os mandatários. É uma cilada que eles armam para apanhar Jesus. Jesus vem desmascarando a justiça deles e eles querem eliminar Jesus de todo o jeito. Os do partido de Herodes apóiam o domínio de César. Os fariseus ficam em cima do muro tirando vantagem da situação; acham que basta cumprir a lei para serem fiéis a Deus e fecham os olhos diante de sua cumplicidade na exploração do povo.
Eles se aproximam bajulando Jesus, elogiando-lhe sua retidão e seu julgamento. Depois lançam-lhe a pergunta maldosa: É lícito ou não pagar o imposto ao imperador? Se Jesus respondesse “sim”, Jesus estaria contra o povo que está sendo explorado pela dominação romana e pede libertação. Se respondesse “não” estaria se revoltando contra o Imperador e seria réu de condenação. Qualquer uma das respostas, portanto, agradava aos fariseus e herodianos e seria pretexto para prender Jesus.
Jesus percebe logo sua maldade e hipocrisia, a trama que armam contra ele. A primeira resposta de Jesus desmascara seus interlocutores: “Hipócritas! por que me preparam uma armadilha?”( no original = por que me tentam?) Eles estão fazendo o mesmo papel do diabo nas tentações de Jesus. Seduzidos pelo poder, querem eliminar o Mestre da Justiça (cf. 4,1ss). De quem sustenta uma comunidade injusta não se pode esperar outra coisa.
Depois, Jesus lhes pede para mostrarem uma moeda do imposto e eles caem na armadilha, que eles mesmos montaram, pois reconhecem que aquela moeda pertence ao Imperador, pois traz a sua imagem e ainda com títulos divinos, o que é contrário ao primeiro mandamento (cf. Ex. 20,4; Dt. 6,4). Se eles possuíam uma moeda é porque estavam comprometidos com o sistema e dele se beneficiavam. À pergunta deles se é lícito pagar o imposto a César, Jesus responde mandando devolver a moeda, que traz a imagem de César, pois pertence a César. Jesus diz duas coisas: “Devolva a César o que é de César” e “devolva a Deus o que é de Deus”. O povo não pertence a César, por isto deve devolver-lhe a moeda, libertando-se de sua dependência econômica. O povo pertence a Deus, pois o ser humano é imagem de Deus (Gn. 1,22). Fariseus e herodianos legitimavam a dominação romana, pois disto tiravam vantagem. Jesus desautoriza esta dominação. Fariseus e herodianos devem devolver a César o que traz a sua imagem e lhe pertence. O povo deve, portanto, reconquistar a sua liberdade de filhos de Deus.
Dom Emanuel Messias de Oliveira
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A região da Judéia foi conquistada em 63 a.C. por Roma, e desde então o pagamento de tributos era feito ao imperador romano. O imposto era o maior sinal de dominação, e esse fato gerava muita polêmica entre os partidários de Herodes (governador) e os fariseus (Templo) que acreditavam que pagar tributos ao imperador romano era o mesmo que reconhecer César como senhor e dono do povo, uma autoridade que tinha poder sobre tudo e sobre todos.
A pergunta dos fariseus dirigida a Jesus é uma armadilha: no caso de Ele admitir o pagamento, poderia ser considerado colaborador do império romano; caso contrário poderia ser denunciado às autoridades por subversão.
Jesus, porém, responde com sabedoria. Ele não aprova a dominação do imperador sobre o povo, mas reconhece a competência e os direitos do governo quando diz: “devolvam a César o que é de César”, mas deixa claro também que os direitos de Deus são superiores e devem ser respeitados, “devolvam a Deus o que é de Deus”.
Ao imperador pertencem as moedas do imposto onde a sua imagem é impressa, porém, até mesmo ele deve submeter-se às leis de Deus, cuidando com justiça de seu povo. Só Deus pode ser considerado Senhor das pessoas e do mundo, e ninguém mais, pois em cada um foi estampada a Sua imagem dando liberdade e vida a cada um.
Para Jesus o importante é que o homem reconheça a Deus como único Senhor. É a Deus que ele deve submeter-se, pois só Ele é o Senhor absoluto de tudo e de todos, e só Ele governa o seu povo com justiça e liberdade.
Jesus também ensina que o dinheiro é necessário na vida das pessoas, mas o Reino de Deus e uma vida feliz só se adquirem com o amor e a graça do Pai.
Coisas lícitas e ilícitas
Os fariseus buscavam, sem trégua, desacreditar Jesus diante do povo ou colocá-lo numa situação complicada, de modo a terminar encarcerado pelas tropas romanas. Uma declaração comprometedora saída de sua boca seria uma boa cilada. Por isso, enviaram para armar-lhe ciladas alguns de seus discípulos acompanhados de judeus partidários de Herodes, simpatizantes do poder romano. É bom recordar o ódio que os fariseus nutriam por estes dominadores estrangeiros.
Os emissários agiram com extrema esperteza: trataram Jesus de maneira cortês, louvando-lhe os ensinamentos e a coragem, vendo que não se deixava amedrontar por ninguém. Além disso, apresentaram-se como judeus piedosos, cheios de escrúpulos de consciência.
Propuseram ao Mestre a questão da liceidade ou não de pagar o tributo a César. Jesus, porém, deu-se conta da hipocrisia deles travestida de piedade. Por isso, ofereceu-lhes uma resposta que os deixou confundidos.
Em última análise, a resposta do Mestre serve ainda hoje para discernirmos o lícito e o ilícito. Qualquer coisa é lícita, desde que compatível com o projeto de Deus. O que fere este projeto é ilícito e deve ser rejeitado por quem aderiu ao Reino e procura pautar-se por ele.
Tomando Deus como ponto de referência, é possível determinar, em cada caso concreto, o que é ou não é permitido. Bastava, pois, que os emissários dos fariseus aplicassem este critério à questão do tributo a ser pago ao imperador romano.
Oração
Pai, por reconhecer-te como centro de minha vida, ensina-me a submeter tudo a ti, e a rejeitar o que pretende polarizar minhas atenções.
padre Jaldemir Vitório
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Ciro foi rei da Pérsia e conquistou a Babilônia, onde o povo de Deus estava exilado. O profeta Isaías diz que Ciro foi um instrumento nas mãos de Deus para o bem e a libertação dos judeus. Este rei permitiu que os exilados voltassem para a sua terra. Assim, os que voltaram para a Judéia podiam também reconstruir o Templo de Deus, que tinha sido destruído pelo rei da Babilônia. Aos olhos do mundo, Ciro é um rei poderoso, que domina e faz o que quer. Aos olhos da fé, ele está a serviço de Deus. Embora ele não conheça o Deus de Israel, é sob a inspiração do único Deus que o rei Ciro se move. Há um só Senhor de todo o universo e todos os reis da terra estão debaixo de seu poder. Parecem ser independentes, mas, por trás deles, está a mão de Deus.
Mt. 22,15-21 - Quando Jesus disse "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" , Ele se referia à moeda com que se pagava o imposto ao imperador romano. Jesus, porém, podia estar falando de um outro esquema de vida, diferente do que se vivia então sob os domínios romanos. De fato, Ele não queria se envolver nas questões do imposto porque tudo era resultado de um sistema injusto. Afastar-se do esquema do imperador e pensar um mundo diferente, com os valores de Deus, isto sim era necessário.
Por outro lado, César, o imperador, também pertence a Deus porque Deus é o Senhor dos senhores deste mundo. Eles deverão prestar contas a Deus do que fazem por aqui. Se dou a César o que é dele, César também deve dar a Deus o que Deus espera dele. Assim o rei Ciro, da Pérsia, conquistador poderoso, se movia debaixo das mãos de Deus sem o saber. Os governantes que estão a serviço do povo devem obediência a Deus. Suas leis devem favorecer a vida e o bem-estar da população e só serão verdadeiramente justas se estiverem de acordo com a Lei de Deus. Uma lei não é justa pelo fato de ser lei. Os cristãos, que à semelhança dos irmãos de Tessalônica vivem uma fé atuante, uma caridade esforçada e uma esperança firme, agem junto aos legisladores para que suas decisões sejam verdadeiramente benéficas ao povo e não resultado de interesses ou de modismos de ocasião. A verdadeira "saúde pública" defende a vida em todas as suas dimensões sem sacrificar a vida dos outros.
"Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", foi a resposta de Jesus quando lhe perguntaram se os judeus deviam pagar imposto ao imperador romano. Os romanos tinham invadido a Terra de Israel, dominavam tudo e faziam o povo pagar pesados impostos. A pergunta era uma cilada. Se Jesus dissesse "sim", estaria se colocando contra os seus compatriotas judeus. Se dissesse "não", estaria fazendo subversão contra as autoridades romanas.
Sl. 95 (96) - O Salmista chama todas as nações a adorar o único Senhor do mundo, dar-lhe glória e oferecer-lhe sacrifícios porque este Senhor reina e julga os povos com justiça.
1Ts. 1,1-5b - Assim como Deus chamou o rei Ciro e lhe deu uma missão neste mundo, assim também escolheu os cristãos de Tessalônica, na Grécia, que deram testemunho da grandeza de Deus numa fé atuante, numa caridade esforçada e numa firme esperança.
cônego Celso Pedro da Silva
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Devolver a Deus o que é de Deus é libertar seu povo
Por cerca de três anos Jesus exerceu seu ministério na Galiléia e nas regiões gentílicas vizinhas. No momento oportuno, Jesus decide ir a Jerusalém por ocasião da festa da Páscoa dos judeus, onde se dá o confronto com sistema do Templo, que o levará à morte. Após expulsar aqueles que comerciavam no Templo, denunciando que este Templo se tornara um covil de ladrões, dirige aos chefes dos sacerdotes e aos proprietários de terras as duras parábolas dos vinhateiros homicidas e a do banquete nupcial. Estas parábolas retratam o distanciamento destes chefes de Israel em relação a Deus. O clima é de um conflito com chefes dos sacerdotes, fariseus, e anciãos, que se amplia cada vez mais. Jesus é assediado pelos chefes religiosos, que vêem nele um líder que ameaça o seu prestígio e poder. Não tendo o direito, sob a dominação romana, de condenar ninguém, eles procuram motivo para que Jesus seja condenado pelo próprio império romano. Estamos diante de uma trama para apanhar Jesus em alguma palavra. Aos chefes religiosos juntam-se os herodianos. Estes eram adeptos da realeza, os aliados mais próximos e servis de Herodes, preposto de César. Dirigem-se a Jesus com um acúmulo de elogios que já deixam transparecer a falsidade. São palavras cheias de malícia. Pretendem remover qualquer inibição ou bloqueio de Jesus afim de que ele fale realmente o que pensa! Perguntam se devem pagar o imposto a César. Esperavam uma resposta negativa, um ato de insubordinação, o que lhe mereceria a condenação por parte dos prepostos do império romano. A imposição de pesados impostos à Judéia já fora causa de uma revolta liderada por Judas, o Galileu, cerca de vinte e cinco anos antes. Jesus, realmente, diz o que pensa: chama-os de hipócritas e denuncia sua maldade em procurar armar-lhe ciladas. Mais adiante (Mt. 23,01-32) ele voltará a denunciar detalhadamente a hipocrisia destes chefes religiosos da Judéia. Jesus pede que lhe mostrem a moeda do imposto. Este devia ser pago em moeda romana, o denário. As moedas, correntes no comércio, eram os "out-doors" de propaganda do império, cunhadas com imagens e inscrições que exaltavam o imperador. De maneira pedagógica Jesus pergunta aos seus questionadores de quem é a figura e a inscrição na moeda. Diante da moeda cunhada com a cabeça de César e com a inscrição: "Filho Augusto e Divino", Jesus devolve a pergunta: "De quem é esta figura e a inscrição?". Com a confirmação de que é de César Jesus conclui: "Devolvei, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus". À questão sobre o "pagar" Jesus responde com o "devolver". A sutil resposta de Jesus, em primeiro lugar, separando Cesar de Deus, remove o caráter divino do imperador. César é diferente de Deus. César é a ambição do dinheiro e do poder. Deus é misericórdia, amor e vida. Libertar-se do dinheiro e comprometer-se com Deus, é o projeto de Jesus. Por outro lado Jesus, com sua resposta, devolve a questão aos seus provocadores. Cabe a eles julgarem o que é de César e o que é de Deus. Sem dúvida poderão perceber que devolver a César o que é de César é erradicar de suas mentes toda ambição de riqueza e a idolatria do dinheiro. Devolver a Deus o que é de Deus é libertar seu povo e promover-lhe a vida, o que é a verdadeira expressão do amor de Deus.
José Raimundo Oliva
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Recordamo-nos sem cessar da vossa fé, da caridade e da esperança. 
Domingo, 16 de outubro de 2011

29º Domingo do Tempo Comum
Santa Hedviges, religiosa (Memória facultativa)
Santa Margarida Maria Alacoque, virgem (Memória facultativa).
Outros Santos do Dia: Albino de Quimper (bispo), Ambrósio de Cahors (bispo), Anastácio de Cluny (monge), Balderico de Montfauçon (abade), Balduíno de Laon (mártir), Bercário de Moûtier-en-Der (abade), Bertrando de Comminges (bispo), Bolônia de Bolonha (virgem, mártir), Clara de Kilkeary (virgem), Dulcídio de Agen (bispo), Eremberta de Wierre (abadessa), Florentino de Trèves (bispo), Galo de Helpétie (abade), Geraldo Magela (religioso redentorista), Lulo de Mainz (monge, bispo), Magnoboldo de Angers (bispo), Martiniano, Saturiano (e seus dois irmãos) e Máxima (virgem) (mártires da África), Momolino de Noyon (monge, bispo), Saturnino, Nereu e seus 365 Companheiros (mártires), Vital de Moirmoutier (eremita).
Primeira leitura : Isaías 45,1.4-6
Tomei Ciro pela mão direita, para que submeta os povos ao seu domínio. 
Salmo responsorial: Sl 95 (96), 1.2a.3. 4-5. 7-8. 8-10a e c (R/. 7b)
Ó família das nações, dai ao Senhor poder e glória! 
Segunda leitura: 1 Tessalonicenses 1,1-5
Recordamo-nos sem cessar da vossa fé, da caridade e da esperança. 
Evangelho: Mateus 22, 15-21
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Estamos diante de um texto que se encontra no Segundo Isaias, ou no "Livro da Consolação" do povo de Israel. Este dado, aparentemente simples, permite entrar no texto a partir de uma chave de interpretação especial. Isaias, o profeta do juízo e do castigo, sempre tem no final uma palavra de ânimo, de esperança, de consolo, sobretudo nestes tempos em que o sistema globalizante procura eliminar as propostas alternativas da sociedade.
Javé fala a Ciro, pessoa que não conhece a Deus, e lhe encomenda uma missão. Isto é: o fato de não conhecer a Deus não é uma limitação para ser chamado a anunciar sua palavra de consolo. O monopólio da eleição de Deus por parte de um só povo, entre todos os povos da humanidade, se desfaz diante do relato do profeta. Constatamos que um "não judeu" pode servir também de mediação adequada para a atuação de Deus.
Em Paulo, a realidade que Isaías apresenta como aliança é eleição em comunidade (temos presente a obra de sua fé, os trabalhos e sobretudo a tenacidade de sua esperança). São as palavras de Paulo e a comunidade que se reúne em Tessalonica, que viveu sob a ação do Espírito Santo.
O evangelho de Mateus, o mais comentado na historia da igreja e também o evangelho do qual se tem as interpretações mais dogmáticas e espiritualizantes. É o marco de um texto polêmico em um contexto social no qual se divinizava o Imperador. O evangelho de Mateus é a primeira síntese da tradição judaica e cristã depois da destruição do templo de Jerusalém na guerra de 66-74 d. C. O texto lido faz parte de uma serie de controvérsias entre Jesus e os fariseus (e outros grupos) sobre temas como o tributo, a ressurreição dos mortos, o mandamento maior, o filho de Davi... Todas essas controvérsias têm, como pano de fundo, o confronto de Jesus com a lei romana.
Sob o tema do tributo, encontramos uma realidade sofrida das comunidades cristãs (nas quais o evangelho foi escrito), sob o domínio do império romano. O povo de Israel, que séculos antes havia sonhado uma sociedade como confederação de tribos, na qual o único Senhor fosse Deus, o Deus da libertação, vive agora as conseqüências de uma monarquia que explora o pobre para sustentar sua estrutura. Os mais pobres são os mais afetados pela política fiscal, pois a taxação recaia diretamente sobre os trabalhadores do campo, lavradores ou arrendatários. Porém, indo um pouco mais além do tributo, fixemo-nos na figura do Imperador.

Roma carregava sobre si a influencia do mundo religioso do Egito e da Grécia. A relação dos romanos com estes deuses faz parte da estrutura ordinária e cotidiana da vida social: entendia-se o Imperador como um deus, Roma era uma teocracia. As comunidades cristãs, que haviam optado por outra forma de entender a relação com Deus, com o Deus de Jesus, com o Abba, não podiam entender como o imperador podia se apresentar como um deus, e se enfrentam com a religião oficial optando pelo caminho alternativo, que neste caso é a proposta de vida em pequenas comunidades de irmãos e irmãs.
Diante dessa realidade, a comunidade cristã busca, na experiência vivida com o mestre, e diante desse cenário, a frase: "Dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus". Portanto, já nos albores da reflexão da Comunidade, está a consciência de que o imperador não é Deus e nunca o será, porque Deus é amor, justiça, igualdade… valores ausentes em qualquer império, de qualquer época. Com o correr do tempo, o que é alternativo se transforma em oficial e se faz necessário compreender o caminho da criatividade, da renovação, do alternativo. Na atualidade não há imperadores que se apresentem como deuses, porém nos encontramos com certas estruturas religiosas monárquicas e imperiais que, longe de refletir a vivencia da comunhão entre irmãos e irmãs, pretendem impor a exploração dos pobres no melhor estilo do Império. Por isso, ao ler este texto a partir da mentalidade de hoje, temos que dizer com voz profética: "À estrutura oficial religiosa o que é dela" e "a Deus o que é de Deus", ou seja, "a Deus Pai e ao seu Reino toda a nossa entrega e fidelidade".
O evangelho de Mateus, com sua força eclesiológica renovadora, nos impulsiona a trabalhar incansavelmente por uma igreja mais próxima da proposta de Jesus, mais centrada nas pessoas, nas relações entre irmãos e menos pendente da norma e da estrutura, cuja atenção não pode ser colocada acima da justiça e da defesa dos pequenos, os prediletos de Deus.
Oração
Ó Deus, nosso Pai: ajuda-nos a entregar-nos a ti, de todo coração, e servir-te com fidelidade no próximo, de modo que vivamos como verdadeiros filhos teus e como irmãos de todas as pessoas. Por Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.
Missionários Claretianos
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DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
Os  fariseus "armaram uma" para pegar Jesus. Qualquer resposta do Mestre, o incriminaria, porém se Jesus fosse uma pessoa comum. Mas não o era. Logo percebeu que era uma armadilha para pegá-lo, um laço como ele disse. Só pela cara de fingidos. Ao dirigir as primeiras palavras a Jesus, já dava para entender que estavam agindo de má fé. Se Jesus dissesse que era injusto pagar imposto ao Imperador de Roma, os mandatários romanos  ali presentes, logo o enquadrariam  como revoltoso, e o jogariam contra o poder romano (que dominava a Palestina no tempo de Jesus), e Ele logo seria preso, e o seu plano de amor para conosco estaria terminado sem mesmo ter começado. Se Jesus dissesse que era justo pagar o imposto a César, imperador de Roma que ora dominava e oprimia aquele povo, este mesmo povo se voltaria contra Jesus chamando-o de traidor, e o exterminaria antes da hora. Para os fariseus, era a pegada perfeita que deixaria Jesus sem saída. Mas não sabiam que estavam brincando com o próprio Deus. E Jesus, simplesmente como em todas as vezes que tentaram pegá-lo, dá uma saída de Mestre!
"Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário...  ... De quem é esta imagem e a inscrição? De César... ... Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus."
Para o partido dos Zelotes e todos aqueles que faziam resistência ao domínio romano, a atitude de Jesus foi de uma covardia muito grande. Para eles, Jesus "amarelou", como dizemos atualmente no Brasil, quando alguém fica com medo e muda de idéia. Para os representantes do domínio romano na palestina, Jesus acabara de demonstrar que Ele não representava nenhum perigo à presença de Roma naquele lugar, e assim, deixa-o livre para ir e vir, e falar ao povo. Para nós, hoje, podemos interpretar a atitude de Jesus da seguinte maneira. Ele não tomou nenhum partido por que não era chegada a sua hora. Porque com certeza, iriam pegá-lo. Por outro lado, apesar de alguns socialistas e antiimperialistas terem ficado decepcionados com o Jesus histórico, o reino de Jesus não era deste mundo. Ele não se envolvia em questões políticas, como estavam esperando alguns, que Jesus teria vindo para libertá-los do poder romano. 
Nós também somos assim. Queremos um Jesus, um Deus que resolva os nossos problemas, não nos importando com aqueles que forem prejudicados. Deus é pai de todos nós. Não importando o partido político, o time preferido, se somos ricos, ou se somos pobres. Deus não toma partido nem tampouco discrimina ninguém. Pelo contrário, está sempre nos convidando a mudar de vida e a segui-lo.
Outro dia, um aluno me pediu para rezar para o time dele ganhar o campeonato paulista.  Era jogo de decisão e todos por aqui estavam muito tensos. Expliquei para ele que todos os torcedores tanto de um time como do outro, eram filhos amados de Deus. Pense comigo. Você tem irmão? Ele respondeu que tinha uma irmã. Veja. Como você se sentiria se Seu pai desse uma forcinha para que sua irmã ganhasse algum jogo contra você? Uma fera! Respondeu ele. Viu? Nesse caso, Deus simplesmente deixa acontecer, e que ganhe o melhor time, caso não haja marmelada. Olha só o que o garoto me disse: "Mas Deus vai assistir o jogo, né?"  Disse-lhe que Deus Vê tudo. Até a nossa conversa. Confesso que perdi a oportunidade de dar uma resposta melhor àquele menino.

Sal
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 “DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR, E A DEUS O QUE É DE DEUS.”  Nancy
Apanhar Jesus em alguma palavra... Essa era a intenção daqueles fariseus e herodianos enviados pelas autoridades até Jesus.
O que faltou às autoridades para chegarem, eles mesmos, até o Mestre? Coragem suficiente? Autoridade e poder? Ou eles buscavam outras fontes, através de ciladas, ou complôs – termo usado nesta atualidade para situações de emboscada, semelhantes a esta cena do evangelho de hoje?
 “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus!” Nada mais perfeito, principalmente quando ouvimos a resposta de Jesus, plena de sabedoria e de confiança no Pai Celestial.
Este evangelho de Marcos narra mais uma entre as demais outras armadas dos sacerdotes, doutores da Lei e anciãos contra Jesus. O que queriam afinal com aquela pergunta sobre os tributos a César, já que a resposta era tão conhecida por todos?
Bem sabemos. E Jesus também sabia, antecipadamente: pretendiam colocá-Lo em contradição e denunciá-LO como conivente com as autoridades constituídas, que exploravam o povo com altos tributos para manter o império romano. Queriam, na verdade, encontrar motivos para condená-Lo e matá-Lo, “limpando assim o caminho”, como popularmente se fala. Queriam sim acabar com a liderança DAQUELE que, com autoridade e poder, curava, expulsava demônios, libertava, perdoava, aconselhava, se doava, amava sem reservas... Sem contar que, aclamado entre as multidões, sobressaia com o título “O Rei dos Judeus.”
Queridos irmãos, retomando a resposta de Jesus aos fariseus e aos herodianos naquele tempo, quando da pergunta: “De quem é a figura e a inscrição que está nessa moeda?”, reflitamos.
“Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus!” – eis a resposta. Resposta que deve permanecer viva em nossas mentes e corações para que, como cristãos, cumpramos com o dízimo, devolvendo para Deus uma parcela de tudo o que ELE nos deu, e continua nos dando.
Neste momento, deixemos que a pergunta dos fariseus e herodianos, feita a Jesus, penetre em nosso ser: “De quem é a figura e a inscrição que está nessa moeda?”. E aproveitemos parafrasear: De quem é a figura e a inscrição que habitam o nosso coração?”
Creio que a nossa resposta está pautada em Deus Pai, através do Seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo. E como cristãos que somos, assumimos um compromisso similar aos evangelizadores e missionários do Senhor, devolvendo a Ele não apenas os devidos recursos financeiros para obras de caridade, mas também obras e postura condizentes à vida terrena de Jesus Cristo para a construção do Reino de Deus aqui na Terra.
Oremos: Maria Santíssima, mãe de Jesus e nossa Mãe, sede nossa intercessora junto ao seu amado Filho Jesus Cristo, para que não imitemos os fariseus e herodianos, tramando contra os nossos irmãos, sejam amigos ou adversários. Amém!

Fraternos abraços.
Nancy – professora
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DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

“DAÍ A DEUS O QUE É DE DEUS”- OLIVIA COUTINHO
 
Para as lideranças políticas e religiosas, Jesus era visto como uma grande ameaça!
A adesão do povo a Jesus  crescia dia pós dia, aumentando ainda mais a ira daqueles que detinham o  poder, oprimindo o povo.
Os sacerdotes e anciões viviam fechados em si mesmo, por isto não queriam se abrir à novidade que era Jesus!
Porém Jesus, não se intimidava diante deles!  Falava abertamente de suas propostas para as multidões que viam Nele, a única esperança de libertação.
Fariseus e herodianos  eram grupos rivais, eram as lideranças locais nos povoados da Galileia.
Ao se sentirem ameaçados pela presença de Jesus, abriram mão de suas diferenças, se unindo no mesmo propósito: matar Jesus. Mc 3, 6.
Para evitar um confronto direto com o povo, que lhes era submisso, eles preferiram encontrar uma forma de incitar o próprio povo contra Jesus, armando para Ele uma cilada.
 “As autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes, para apanharem Jesus em alguma palavra. Quando chegaram, disseram a Jesus: 'Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e não dás preferência a ninguém. Com efeito, tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus. Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?”
Podemos perceber que esta pergunta maliciosa, sob a aparência de fidelidade a Deus, era na verdade uma intenção de acusar Jesus. Se Ele dissesse: “deve pagar”, poderia ser acusado junto ao povo como amigo dos romanos. Se Jesus dissesse: “Não deve pagar”, poderia ser acusado junto às autoridades romanas como subversivo.
O plano parecia perfeito, Jesus não tinha saída!
Porém, na sua sabedoria Divina, Ele não perde tempo com discussões! Sua resposta se limitou apenas em dizer:
“Trazei-me uma moeda para que eu a veja. 'Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou:
'De quem é a figura e a inscrição que está nessa moeda? 'Eles responderam: 'É de César’. 'Então Jesus disse’:”Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
Na pratica, eles já reconheciam a autoridade de César, ou seja, já estavam dando a Cesar o que era de Cesar.  O que na verdade interessava mesmo a Jesus, era que eles deveriam dar a Deus o que era de Deus, isto é devolver a Deus o povo, que era manipulados por eles, Mt 23,13
 
Muitas vezes condenamos as atitudes dessas autoridades que tramaram contra Jesus, mas será que hoje, nós também não estamos tramando contra Ele, planejando algo contra o nosso irmão?
Será que acolhemos bem, um novo integrante que chega com idéias novas na nossa comunidade, ou na empresa que trabalhamos?
Ou será que por medo de que ele cresça e passe na nossa frente, até torcemos por um deslize seu e nos satisfazemos vendo-o desmoralizado diante de todos?  
O que estamos dando a Deus?
Estamos devolvendo a Ele os frutos produzidos através dos dons que Ele nos deu?
Temos partilhado a nossa vida com o irmão, nos interessados pelo bem comum?  
Ou será que só nos aproximamos de Jesus para satisfazer nossos  próprios interesses, sem nos interessar pelo bem do outro?
 
A VIDA É A MAIOR EXPRESSÃO DO AMOR DE DEUS!
NÃO CONDUZILA PARA O BEM, É NÃO DAR A DEUS O QUE É DE DEUS!
PRATICAR A JUSTIÇA, A HONESTIDADE, É VIVER A LEI DO AMOR!
É DAR A DEUS O QUE É DE DEUS!
 
Olívia Coutinho
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DAI A CÉSAR  O QUE É DE CÉSAR

A liturgia deste  Domingo  convida-nos a refletir acerca da forma como devemos equacionar a relação entre as realidades de Deus e as realidades do mundo. Diz-nos que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência; mas avisa-nos também que Deus nos convoca a um compromisso efetivo com a construção do mundo.

O Evangelho ensina que o homem, sem deixar de cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está inserido, pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.

A primeira leitura sugere que Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que atuam e intervêm na história são apenas os instrumentos de que Deus se serve para concretizar os seus projetos de salvação.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho e que, apesar das dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores e os esquemas de Deus. Eleita por Deus para ser sua testemunha no meio do mundo, vive ancorada numa fé ativa, numa caridade esforçada e numa esperança inabalável.

Tudo é de Deus
Neste mundo que se presume democrático e de direitos humanos, mesmo que a realidade seja às vezes muita menos lúcida que as grandes declarações, há quem prefira dizer certamente que todos somos iguais, mas uns mais que outros. É que, na prática, o urgente não deixa que nos fixemos no verdadeiramente importante. Explico-me, levados pela necessidade de sobreviver, terminamos respeitando os direitos não de todos senão em primeiro lugar e, sobretudo dos mais poderosos. É o que se chama o entendimento assimétrico. Ou a aplicação assimétrica dos direitos humanos, civis, etc. E fazemos isso pela simples razão de que é melhor estarmos de bem com os mais poderosos que com os que não têm nenhum peso na sociedade.

Isto foi sempre assim ao longo dos séculos. Basta ver a história dos grandes impérios. E também, por que não reconhecer, a história da igreja. As razões e as vozes dos poderosos sempre tiveram mais peso na hora de tomar as grandes decisões da história que as razões e as vozes dos marginalizados, dos pobres, dos oprimidos. Todos somos iguais, mais uns mais que outros. Todos temos voz, mais uns parecem ter um amplificador potentíssimo e outros parecem estar sempre afônicos. E a justiça não se aplica a todos por igual. Assim foi sempre e, dizem alguns, sempre será.

Jesus, outra forma de ver as coisas

Mas Jesus veio pôr fogo no mundo e colocá-lo de pernas para o ar. No Evangelho deste domingo perguntam-lhe pelo imposto que deve ser pago, e termina se saindo com uma frase que talvez seus ouvintes não entendessem do todo - mais que outra coisa porque não há pior cego que o que não quer ver -. Jesus diz-lhes que se deve cumprir a justiça sempre. Por isso, deve ser dado a César o que é do César e a Deus o que é de Deus. Não se deram conta os que escutavam da profundidade que levavam aquelas palavras. Porque, há que seja de César e não seja de Deus? O Deus de que fala Jesus, não é o Pai de todos, o Pai amante e misericordioso que se desvela por seus filhos e filhas e que ama de uma maneira especial aos que mais sofrem, aos mais abandonados?

Devemos entender as palavras de Jesus no contexto de todo seu sermão. Não nos podemosfazer analises entre o que é exclusivamente de César e o que é só de Deus. Tudo o que afeta os seus filhos e filhas, preocupa imensamente a Deus, é de Deus no melhor dos sentidos. Nada fica excluído. Se o pagamento do imposto a César deixa aos filhos na miséria, Deus, o Pai, não fica indiferente.

Dar a Deus o que lhe corresponde não é lhe dar culto com muito incenso e abundantes cânticos. O culto, por mais solene e formoso que seja nunca dá a Deus o que é seu. Porque o seu, assim deixou dito e testemunhado por Jesus, não é receber “rendimentos” senão acolher a seus filhos e filhas, a sua família, lhes dar a dignidade que merecem e fazer o possível para que todos participem igualmente no banquete da vida. Isso é o que há que dar a Deus.

E isso, há que ser realistas, às vezes, demasiadas vezes, entra em contradição com o que é devido e justo dar a César segundo os critérios deste mundo, da justiça daqui. Neste caso, quando se produz o conflito, nos os seguidores de Jesus não temos dúvida: a prioridade está do lado de Deus, do lado dos filhos. Dito com outras palavras: a prioridade está no direito dos pobres, da defesa da dignidade dos oprimidos, do lado dos irmãos. Porque não outra coisa é dar a Deus o seu.

A verdadeira justiça

E aqui vemos algo que dissemos ao princípio deste comentário e que não deveríamos esquecer. Dizíamos que às vezes o urgente não nos deixa ver o importante. É que tão preocupados estamos em cumprir com o César - porque o castigo ou o prêmio é imediato - que nos esquecemos de fazer o que é verdadeiramente importante: cumprir com nossos irmãos, construir o Reino, reunir à família de Deus.

Fazendo essas coisas, talvez não vejamos os resultados a curto prazo, talvez inclusive tenhamos alguns inconvenientes em nossa vida. Mas ao longo prazo, seremos honestos seguidores de Jesus e faremos fraternidade para os demais e para nós, praticaremos justiça da boa. Não há outra forma de entrar no Reino. E, a verdade, é a única coisa que vale a pena fazer com nossa vida.

Fernando Torres

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Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

Introdução
A liturgia deste Domingo convida-nos a refletir acerca da forma como devemos equacionar a relação entre as realidades de Deus e as realidades do mundo. Diz-nos que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele que devemos subordinar toda a nossa existência; mas avisa-nos também que Deus nos convoca a um compromisso efetivo com a construção do mundo.

A primeira leitura sugere que Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que atuam e intervêm na história são apenas os instrumentos de que Deus se serve para concretizar os seus projetos de salvação.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho e que, apesar das dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores e os esquemas de Deus. Eleita por Deus para ser sua testemunha no meio do mundo, vive ancorada numa fé ativa, numa caridade esforçada e numa esperança inabalável.

O Evangelho ensina que o homem, sem deixar de cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está inserido, pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.
Normalmente, Deus não intervém na história através de manifestações impressionantes, espetaculares, caídas do céu, que se impõem como verdades infalíveis e que deixam os homens espantados… Deus atua no mundo com simplicidade e discrição, através de pessoas - muitas vezes pessoas limitadas, pecadoras, “normais” - a quem Ele chama e a quem Ele confia uma missão. O que é fundamental é que cada homem ou cada mulher que Deus chama esteja disponível para acolher esse chamamento e para aceitar ser instrumento de Deus na construção de um mundo novo.
Hoje, uma comunidade cristã que viva, com fidelidade e entusiasmo, a fé, a esperança e a caridade, não será notícia; em contrapartida, os meios de comunicação explorarão, com gosto, a vida de uma comunidade cristã marcada pelos escândalos, pelos dramas, pelas infidelidades… Tornamo-nos progressivamente insensíveis às coisas bonitas e boas e só nos deixamos impressionar pelo escandaloso, por aquilo que chama a atenção por razões negativas. A Segunda Leitura convida-nos, antes de mais, a repararmos nos testemunhos de fé, de amor e de esperança que encontramos à nossa volta e a vermos aí a presença e a ação de Deus no mundo.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (Mt 22,15-21)
Para o cristão, Deus é a referência fundamental e está sempre em primeiro lugar; mas isso não significa que o cristão viva à margem do mundo e se demita das suas responsabilidades na construção do mundo. O cristão deve ser um cidadão exemplar, que cumpre as suas responsabilidades e que colabora ativamente na construção da sociedade humana. Ele respeita as leis e cumpre pontualmente as suas obrigações tributárias, com coerência e lealdade. Não foge aos impostos, não aceita esquemas de corrupção, não infringe as regras legalmente definidas. Vive de olhos postos em Deus; mas não se escusa a lutar por um mundo melhor e por uma sociedade mais justa e mais fraterna.
Comentário
De quem é esta face e esta inscrição?
Todos os "césares" gostam de pôr a sua efígie e sua inscrição em todos os lugares; lhes encanta multiplicar suas fotografias e sua assinatura, de modo que todos "saibam” quão poderosos são. Também os aduladores de turno, se mobilizam para satisfazer essa vaidade dos poderosos e cuidam para que não falhe o protocolo e não falte o “culto devido”, a “obediência devida”. O poderoso se torna "efígie", aparece sempre bem composto, marca as distâncias, evoca os deveres, impõem sua presença.

É muito fácil que esse culto ao poderoso se converta em "religião", em liturgia "mundana" com exigências de liturgia "sagrada". De quem é essa efígie? É assim que aparece Deus? ou Deus aparece sempre de outras maneiras?

O poder que atua "em nome de Deus" não pode aspirar a mais. O poder sacralizado é imposto como algo divino. E esses são os poderes impostos! Formas de imposição econômica e política! Em um sistema injusto, de servidão, os poderes impostos multiplicam a injustiça e também a escravidão.

Quando em uma ocasião questionaram Jesus sobre o pagamento dos impostos no Templo, Ele explicou a Pedro que os “filhos” não deveriam paga-los, porque são livres. Deus não exige impostos a seus filhos e filhas. Tão pouco Jesus! Jesus não veio para ser servido, mas para servir.

Nas sociedades democráticas o sistema de impostos tendem a ser um sistema de solidariedade, de corresponsabilidade. As efígies das moedas correntes são, nesses casos, mais símbolo de unidade do que de imposição de um poder sacralizado. O sistema era - no tempo de Jesus - opressor. Ante a armadilha, Jesus pede que dêem o César tudo onde está estampada a efígie de César: que as moedas voltem para César!

Por outro lado, Deus não tem moedas, nem multiplica suas efígies. Deus não se identifica com nenhuma imagem terrena. Não aparece em primeira página. É extremamente discreto. Ele não vem nos sobrecarregar com impostos, mas impor um jugo suportável e uma carga leve. A Deus não preocupa sua "efígie", mas que respeitem suas imagens viventes que somos nos, os seres humanos.

Dar a Deus o que é de Deus, acima de tudo, é não prostrar-se ante nenhum ídolo (político ou religioso), é sentir-se "filho" e livre e não crer que se ganha pagando impostos. Dar a Deus o que é de Deus é saber que os impostos dos filhos e filhas são o amor, a generosidade, a hospitalidade.

"Do Senhor é a terra, tudo o que nela existe e todos os seus habitantes". A Jesus lhe foi dado todo o poder no céu e na terra. Por isso, nós somos de Deus, somos do Senhor, e de ninguém mais!

A autoridade política e a autoridade religiosa muitas vezes se imaginam tentadas: a tentação da “imagem”, quererem que todos, ao seu redor, mantenham a imagem. E quem não a mantém, discriminam e excluem. O culto da imagem tem há ver com os protocolos, formas de vestir, de se expressar, com os gestos.... Vaidade de vaidades!

A democratização parecia trazer consigo uma maior simplicidade, porém voltam os impérios com rosto pós-moderno e tecnológico.

Este domingo, nos convida a nos fazer a pergunta de Jesus: "de quem é essa imagem, de quem é essa inscrição?". Que decepção seria confundir o serviço a Deus, com o serviço para um poder que nada tem que ver com Ele. Dê a Deus o que é de Deus! e a césar, o que pertence ao César!

O Sínodo sobre a Eucaristia, que está acontecendo estes dias, pode receber uma advertência profética deste Evangelho, como acredito eu. "Dê à Eucaristia o que é da Eucaristia". Porque sem perceber, fazemos que a Eucaristia "de Jesus", se torne Eucaristia "do César", do que impõe suas normas. Uma Eucaristia não deve ser celebrada como um espetáculo do César e sim como uma manifestação discreta e estremecida pelo Amor de Deus Abbá que nos entrega seu Filho morto e Ressuscitado.

A Eucaristia não pode se converter na Mesa do César, onde sempre há primeiras posições e exclusões, mas na Mesa de Deus onde todos os filhos e filhas e especialmente os últimos, os que sofrem, os derrotados, tem uma posição preferencial. A Eucaristia é a Mesa da Palavra de Deus e não da palavra do César, na qual o Evangelho é substituído pela proclamação de outras convicções e assuntos.

Senhor Jesus, tu não aceitaste nunca uma imposição humana, imposição sobreposta como se fosse imposição divina. Tu te sentias filho e livre. Concedamos teu Espírito para que também nos aprendamos a distinguir, ser do Abbá, como Tu e a não nos deixar escravizar por poderes sacralizados.
José Cristo Rey Garcia Paredes