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HOMILIAS PARA O

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

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Ao invadir o espaço alheio para divulgar o seu trabalho ,você demonstra que a sua  proposta
não é baseada na verdadeira seriedade. E apesar de ser uma  proposta aceitável, ela acaba por assustar os leitores ou possíveis clientes.    Pense nisto!
Imagine que um grupo de pessoas habilmente espertas e treinadas que abrissem portões e portas de sua residência, e de repente com largos sorrisos no meio de sua sala eles oferecessem a você uma grande oportunidade de ganhar muito dinheiro, ou qualquer outro produto. Como você se sentiria?  Confortável, seguro, ao ponto de fechar negócio com aqueles invasores?
Prezados invasores. Infelizmente essa tecnologia esperta de divulgar o vosso produto fará efeito contrário!
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Bons negócios. Abraços.

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DOMINGO DIA 24

NATIVIDADE DE JOÃO BATISTA
Introdução
         Hoje celebramos a solenidade do nascimento daquele que foi, segundo as palavras do próprio Jesus, o maior de todos os mortais nascido de uma mulher: João Batista.
         São João é celebrado e comemorado pelos brasileiros  nas festas  juninas, onde  nós nos alegramos na certeza de que Deus  é bondoso e misericordioso com todos os pobres.
         Infelizmente,  temos a lamentar  mais uma vez,  a triste realidade que vem acontecendo nas festas juninas no Nordeste brasileiro.  Região tradicionalmente de povo humilde e devoto, sofrido pelas agruras das secas continuadas, é o lugar onde as comemorações juninas são mais fortes que o carnaval no sul do Brasil.  É uma estrondosa festa, onde todos são envolvidos naquela alegria contagiante. Porém,  com o passar dos tempos, com a influência da mídia, e com a destruição dos valores, as comemorações de São João  Batista no Nordeste brasileiro tomou um rumo inesperado, lamentável, tomou  uma  outra  figura, tomou  uma outra direção. Os jovens daquela região, sedentos de diversão, transformaram a solenidade ou comemoração  das festas juninas, em motivos de pura diversão, onde rola muita bebida, sexo irresponsável, e muito outros tipos de libertinagens, lamentáveis, para um povo de uma região que era tão devota e amada por Deus. 
         Isso tudo somado com a falta de padres naquela região, contribui para que as festividades juninas fiquem  cada ano menos santas e mais mundanas.   
Caríssimos! Que podemos fazer além de rezar por essa triste realidade? Será que não podemos interferir  de alguma maneira, e mostrar àqueles jovens que eles estão profanando, ou misturando as coisas?  Reconhecemos que os jovens precisam de diversão, mais não por causa disso que podem  transformar as Festas de São João em um imenso bordel público de promiscuidade!  Isso é um grande sacrilégio! Será que alguém pode fazer alguma coisa?
         João Batista, foi grande diante do Senhor, e cheio do Espírito Santo desde o seu  período intra-uterino, e todos os amigos da família se alegraram com o seu nascimento.
         É assim que Deus age. Anteriormente ao nosso nascimento, Ele  já nos escolhe para a nossa missão. Assim, já nascemos prontos, pela mão do Pai. Só resta descobrirmos qual a nossa missão. De que maneira vamos anunciar o Reino de Deus pelo mundo afora.  Porque o Espírito Santo age em nós, e nos proporciona a disposição de amar a Deus, mesmo sem tê-Lo visto.  Assim como Zacarias acreditou no anúncio de Deus que sua esposa teria um filho, por que Sacarias sabia que para Deus nada é impossível, nós também venceremos todas as dificuldades, todas as barreiras, que possamos enfrentar na tarefa de da evangelização, pois Aquele que tudo pode estará sempre do nosso lado nos guiando, nos inspirando, nos protegendo, e colocando em nossas bocas a palavra certa, na hora certa para as pessoas certas.
         A figura de João Batista grande profeta, contemporâneo de Jesus  Cristo, homem corajoso e destemido, que veio preparar a vinda do Messias, é aquele de deve ser imitados por todos nós.
         Salviano.       

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DOMINGO

Lucas 1,57-66.80
Deus pensa em tudo para nós. Até o nosso nome é sugerido por Deus para designar a nossa missão.
Maria Regina


                                  João Batista foi predestinado por Deus desde a sua concepção e fatos extraordinários aconteceram com seus pais, que já idosos experimentaram a manifestação do poder do alto. Conforme fora prometido a Zacarias, quando se completou o tempo da gravidez, Isabel deu à luz um filho, na sua velhice. A criança havia recebido o Espírito Santo ainda no ventre de sua mãe. As pessoas se surpreendiam com a misericórdia de Deus para com aquele casal e a expectativa era grande até mesmo em relação ao nome que eles poriam na criança. Todos estavam alegres, Zacarias, seu pai, agora já podendo falar, louvava ao Senhor pelo grande feito.
                     Porém ninguém imaginava que as profecias se realizariam através daquela criança que viera ao mundo preparar o caminho do Salvador. Plano de Deus! Deus pensa em tudo para nós. Até o nosso nome é sugerido por Deus para designar a nossa missão. Deus tem um plano também para você: no dia em que você nasceu todos ficaram alegres pela sua chegada, mas somente o Senhor sabia realmente qual seria a sua missão aqui na terra.
                      Com certeza você também é alguém como João Batista muito importante para o reino de Deus! Você já pensou nisso? REFLITA – Pergunte ao Senhor qual é a sua parte no plano Dele? Anote tudo no seu caderno. – Comece a louvar agora, então porque o plano de Deus já está se realizando através de você!
amém
abraço carinhoso

Maria Regina

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NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

 Diac. José da Cruz


24/06/2012
1ª Leitura Isaias 49, 1-6
Salmo  138 (139) “Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso”
2ª Leitura Atos 13, 22-26
Evangelho Lucas 1, 57-66.80”

                                           “COMPLETOU-SE O TEMPO...”
Nossa vida de fé é marcada por muitas promessas, a primeira delas no Batismo, quando pais e padrinhos, falando por nós prometem e se comprometem em professar uma fé viva, capaz de um testemunho autêntico diante do filho ou do afilhado, e na unção crismal prometemos acolher em nossa vida o dom do Espírito Santo e deixarmo-nos conduzir por ele.
O “amém” ao receber a Eucaristia não deixa de ser também uma promessa, de viver sempre em comunhão com Jesus, e nos sacramentos da ordem ou do Matrimônio, prometemos viver um amor total de entrega e doação à Santa Igreja, ou um ao outro, na vida conjugal. Fazemos muitas promessas diante de Deus, antes de receber o sinal sacramental e sabemos muito bem, que por causa dos nossos pecados, muitas vezes quebramos promessas sagradas, quando acontecem as separações, o abandono da comunidade ou de uma vocação religiosa.
Não é de hoje que o homem não cumpre suas promessas diante de Deus, à Bíblia está repleta de relatos onde as pessoas, e próprio povo descumpriu algo prometido diante de Deus. Entretanto, não encontramos uma só palavra ou frase, no antigo ou no novo testamento, onde afirme que Deus deixou de cumprir alguma de suas promessas, feitas para o homem.
A natividade de João Batista, único santo que no calendário da Igreja, tem comemorado o seu nascimento, se reveste de fundamental importância na história da salvação, justamente por ser um elemento divisor entre o tempo chamado das promessas, e o tempo do cumprimento das mesmas.
Há na religiosidade do povo brasileiro uma prática que a modernidade não conseguiu matar: a de fazer promessas! Todas as promessas são feitas para Deus, mas com a intercessão dos santos. A história da Salvação teve início com uma promessa, feita pelo próprio Deus. Ele prometeu através de líderes como Moisés, dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, dos profetas e demais homens e mulheres de Deus.
“Terminou para Isabel o tempo da gravidez e ela deu a luz um filho...”. Este não é um nascimento qualquer de um israelita, Lucas faz questão de salientar que se completou o tempo de gestação, o tempo de espera, e o útero de Isabel, antes estéril e incapaz de gerar vida, tocado por Deus torna-se fértil, simbolizando de repente o coração de todo um povo, cansado de sofrer, de andar por caminhos errados, por atalhos que só levavam à morte, guiados por falsos líderes, toda a esperança que este povo guardava no coração nas promessas de Deus, irrompe agora como um lençol d’água que fura a rocha e flui à flor da terra, para saciar os sedentos de esperança e de vida nova.
João Batista é a resposta de Deus aos anseios do povo, após um silêncio de quase três séculos! Inspirados por Deus, todos os profetas haviam falado deste tempo novo, para consolar e fortalecer um povo desiludido, desmotivado, esmorecido e sem esperança, certamente esses profetas foram tidos como loucos, sonhadores, fantasiosos, mas muitos guardaram no coração essas promessas, e souberam transmiti-las de geração em geração, sem deixar morrer a esperança, o próprio Zacarias, sacerdote do templo e pai de João Batista, faz parte deste povo que espera, seu nome significa “Deus se recordou”.
A sua súbita mudez, longe de ser um castigo, é prenúncio do tempo feliz que com ele irá se iniciar, e ao apresentar a criança no templo, para ser circuncidado como era costume, ele confirma o nome de “João” que significa “Aquele que anuncia” e recuperando a voz, glorifica a Deus que visitou o seu povo.
Que significado tem, para nós cristãos, a celebração do nascimento de João Batista neste 24 de Junho? Se ficarmos apenas na popularidade e nos festejos joaninos típicos desta data, iremos nos divertir muito, mas certamente não iremos aprender nenhuma lição.
O nosso povo, tanto quanto aquele povo de Israel, em meio aos sofrimentos físicos e morais, também têm guardado no coração essa esperança, de que um dia o bem supremo irá triunfar sobre as forças do mal, é verdade que conforme os dias vão passando, as vezes o desânimo vai tomando conta do coração de muitos que perderam a crença em Deus, no amor e na própria vida, são certas promessas mirabolantes que nunca se realizam, são líderes charlatães que iludem, enganam, roubam. São lideranças religiosas que não cumprem e nem honram seu papel de ministros de Deus, criando uma religião fantasiosa, que explora e cria tantas ilusões.
João vislumbra algo que ninguém tinha ainda vislumbrado: que o reino já estava no meio dos homens, na pessoa e na missão de Jesus de Nazaré. Anuncia a necessidade de uma mudança de mentalidade e de coração, para acolher este reino novo, que não se fundamenta em mentiras e fantasias, mas na Verdade que é Jesus Cristo, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Olhando para a origem de João, seu nascimento e a missão de precursor do Messias, que Deus lhe confiou, podemos refletir sobre tais acontecimentos à luz do evangelho, e mais do que refletir, já está na hora de vivermos esse evangelho, que fala de um tempo novo, de um reino que já está entre nós e que consegue restituir ao coração humano toda essa Esperança que é Jesus de Nazaré, pois como João Batista, todos nós nascemos para ser os portadores e anunciadores dessa Boa Nova, ao homem descrente deste terceiro milênio.


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“Nascimento de João Batista” -  Claudinei M. Oliveira.

Domingo, 24 de Junho de 2012.
Evangelho: Lc  1,57-66.80

            “houve um homem enviado por Deus: o seu nome era João. Veio dar testemunho da luz e preparar para o Senhor um povo bem-disposto a recebê-lo”. (Jo 1,6s; Lc 1,17.
            Estamos celebrando a grande festa do nascimento do anunciador de Jesus, filho de Isabel e Zacarias, seu nome é João Batista. Este menino veio com a missão de preparar messianicamente os corações do homem para receber de braços aberto o Messias-libertador, o Cordeiro de Deus que tinha como função de tirar o pecado do mundo que corroia a unidade dos filhos de Deus. João Batista cumpriu a missão determinantemente, com afinco e segurança, pois foi preparado pelo Senhor para tal tarefa bem antes de seu nascimento.
            Na leitura de Isaias o profeta  fala para todos ouvirem que “o Senhor chamou antes de nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome”. Deste mesmo modo aconteceu com João Batista. Quando sua tia Maria, grávida de Jesus foi ao encontro de Prima Isabel, grávida de João Batista, foi um encontro  de apresentação  dos dois maiores anunciadores do Reino, tanto que mexeram de alegria no ventre de suas mães.
O Senhor já tinha traçado a vida de João antes mesmo do seu nascimento. João era o servo amante da graça do Senhor que não mediria esforços para levar para os descuidados o caminho da eterna salvação e apresentar o Messias.
Para confirmar as virtudes dadas a João que viria depois, Isaias escreveu relevantemente sobre sua atuação diante do povo de Israel: “não basta serem meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até os confins da terra”.
O anúncio da Palavra de Deus não tem limites e nem fronteiras. O profeta é aquele que reúne o povo do Senhor, reconduz para lugar seguro, dá toda a providência para o acolhimento agradável, instrui os ensinamentos corretos e almeja a libertação. O profeta faz isto porque recebeu do Senhor a luz para guiar o rebanho para a salvação. E aquele que ganhou a confiança do Senhor, recebeu a luz, seja a luz do batismo, não poderá negar o serviço de bem estar para o Reino.
Isaias, profeta preparado desde seu nascimento levou os designos do amor unitário para o povo que tanto precisava, pois se encontrava dividido, ausente do propósito inicial de uma nação temente a Deus, coube ao profeta lutar para disseminar os ensinamentos não tão somente para aquele povo, mas para os quatro cantos do mundo.
A palavra de Deus não pode ser retida a um grupo fechado, isolado, mas para todos. Afinal todos são filhos de Deus e todos merecem a certeza de estarem seguindo o caminho da verdade plenamente.
No salmo 138  enaltece a graça do Senhor de ter concebido  em sua glória e, mesmo antes de seu nascimento já teceste conhecimento plausível no Senhor. Para mostrar a gratidão pelo Senhor, dar graças de modo admirável, pois sabeis toda sua força, todos seus gestos e todos seus pensamentos e termina rendendo ao Senhor no caminho que conheceis.
Desse modo, o profeta-anunciador nasce preparado para aderir ao serviço da evangelização. O Senhor delega tal atitude desmistificadora ao Reino para alguns que não vão amedrontar da sua missão, como aconteceu com Isaias, com o salmista, com Paulo, com João Batista e tantos outros que  mergulharam na ação libertadora.
 Para o Senhor nada é impossível, tudo pode acontecer na vontade do Pai. Veja que Isabel era estéril, não poderia ter mais filho, e Zacarias era idoso e não falava. Neste contexto e até impensável para os humanos, nasce no seio desta família o menino abençoado, lutador, destemido que andou por toda a  região anunciando a vinda do Messias e batizando para a conversão.
Tanto que nos Atos dos Apóstolos,  Paulo escreveu a missão de João Batista que pregou o batismo de conversão para todo o povo de Israel. Que significa o batismo de conversão? Significa  mudança de atitude, acreditar que o Messias estaria por aparecer, lutar por um mundo novo sem ódio, rancor, desgraça e desunião; o batismo de conversão seria adesão ao projeto que deveria ser colocado à todos: projeto de um reino de vida, amor e testemunho na crença do Pai que acolherá na eternidade.
Dentro na humildade serena João pregava para todos, segundo Paulo: “eu não sou aqueles que pensais que eu seja! Mas vede, depois de mim vem aquele do qual nem mereço desamarrar as sandálias”. Jesus seria aquele que veria com toda a força do Pai com o propósito de batizar não somente com água, mas com o fogo do Espírito Santo. Assim, a ligação da divindade seria perfeita.
Pergunta-se para encontrar resposta que justifica a missão de trabalhar para o Senhor: quem são  os profetas de hoje que anunciam a Palavra da Verdade? Onde se encontra o novo João missionário? Quem nasceu para levar a luz para o povo que vive na escuridão?
Claro que se encontram muitos profetas destemidos que levam a palavra de Deus hoje. São pessoas que dedicam sua vida para anunciar o Reino com veemência. Estas pessoas são  os padres, irmãos e irmãs  consagrados (as) a vida religiosa, bispos e monsenhores. Sentiram chamados para o serviço e vivem na obediência, na castidade e na pobreza. Não tem nada de bens materiais a não ser a dignidade e o amor de fazer crescer na sociedade o prazer para a palavra de Deus.
São estes missionários de hoje que abrem a boca para desalienar, muitos coitados, convencidos pelo poder operante de que vale a pena continuar ausente de Deus. Como Zacarias que perdeu a voz para não falar para os fiéis do templo a ação do Senhor, o povo cala-se para enaltecer o poderio econômico, a corrupção  no meandro político e as mazelas sociais que matam inocentes.
Este povo calado e vendado tem que ser guiado por pessoas conhecedoras do Santo Evangelho para tomar rumo da libertação. Não pode continuar distante da vida em abundância pregado no projeto de Jesus.
Portanto, na festa do nascimento de João Batista, aprenda-se a viver a dignidade do Messias que morreu pelo pecado do homem, mas deixou o legado do ensinamento a ser seguido. Amém. Bom domingo do Senhor.
Claudinei M. Oliveira

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Evangelhos Dominicais Comentados

24junho/2012  -  12o Domingo do Tempo Comum

Evangelho: (Mc 4, 35-41)

À tarde daquele dia, Jesus disse aos seus discípulos: “Vamos para o outro lado do mar”. Eles despediram a multidão e levaram Jesus no barco em que estava. Havia ainda outros barcos com ele. Nisto levantou-se uma grande tempestade que lançava as ondas dentro do barco, de sorte que ele já se enchia de água. Jesus estava na popa, deitado num travesseiro. Eles o acordaram e disseram: “Mestre, não te importas que vamos morrer?” Jesus acordou, repreendeu o vento e disse ao mar: “Silêncio! Calma!” O vento parou e se fez grande calma. E Jesus disse aos discípulos: “Por que estais com tanto medo? Ainda não tendes fé?”  Tomados de grande medo, diziam uns aos outros: “Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?”

COMENTÁRIO

O evangelho deste domingo nos chama à realidade. É uma forte sacudida em nossa fé. Na verdade, usando uma linguagem bem popular, este evangelho é um belo "puxão de orelhas" para cada um de nós.

Marcos faz questão de dizer que Jesus está deitado, porém junto, no mesmo barco e bem ao lado dos seus discípulos. Vem a tempestade, e com ela vem também o medo dos ventos fortes e das ondas que ameaçam naufragar a embarcação e afogar toda tripulação.

Este evangelho tem tudo a ver com o nosso dia-a-dia. A cena é de desespero geral. Cada um gritava mais que o outro e, pelas palavras que usaram, tinham a certeza que Jesus não estava nem aí com tudo aquilo que estava acontecendo.

"Mestre, estamos afundando e o Senhor não se importa?!" Esse desabafo é a grande prova de que os apóstolos ainda não conheciam Jesus verdadeiramente. Até aquele instante, pouco ou nada haviam entendido de tudo que Ele dissera, de tudo que ensinara.

Certamente não tinham ainda a menor noção de quem era Aquele que ali estava. Simplesmente porque quem conhece Jesus, não se desespera, não sente medo. Acredita que não morre jamais aquele está ao lado do Mestre, mesmo que aparentemente o Salvador esteja “dormindo!”



Foi muito alto o preço da salvação, por isso Jesus não "cochila" um só instante. Permanece em vigília durante as vinte e quatro horas do dia. Ama e cuida das suas ovelhas. Para preservá-las de todo mal, não desvia sua atenção um só segundo.

Por outro lado, quer também provas concretas de que acreditamos nisso. Continuamente nos apresenta oportunidades para que possamos demonstrar nossa fé. Deixa acontecer tempestades e espera que as adversidades e as turbulências nos façam crescer.

O Mestre está sempre ao nosso lado e confia em nós. Precisamos também acreditar, pois o nosso dia-a-dia é um mar bravio, cheio de ondas perigosíssimas prestes a nos envolver e afogar. Quem não estiver no mesmo barco de Jesus, afunda e perece.

Estar no mesmo barco de Jesus significa caminhar com Ele, lutar com todas suas forças, e acreditar que juntos, podemos silenciar o vento e a maré da desigualdade, da injustiça e da exclusão. Jesus tem toda razão ao chamar-nos de medrosos e descrentes. Quem tem fé, vê no Mestre a segurança necessária para a travessia.

Coragem!!! Quem navega com Jesus tem poder para acalmar os ventos e acabar com as ondas. Sabe que a onda do desemprego é superada através da partilha, da divisão de renda e de alimentos. As ondas de invasões de terras deixarão de existir quando o muito que sobra, para poucos, for distribuído entre os milhares que nada têm.

É bom lembrar que Jesus não está dormindo e que estamos sendo observados, permanentemente, por Aquele a quem até o vento e o mar obedecem.

(2906)


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Evangelhos Comentados

Natividade de São João Batista

Lc 1, 57-66.80


Hoje celebramos a solenidade do nascimento de João Batista, que foi, segundo as palavras do próprio Jesus, o maior entre todos os mortais nascidos de uma mulher.

João Batista é o grande profeta, contemporâneo de Jesus  Cristo, homem corajoso e destemido, que veio preparar a vinda do Messias, é aquele de deve ser imitados por todos nós.

João Batista foi predestinado por Deus desde a sua concepção. João veio ao mundo para preparar o caminho do Salvador. Para tornar realidade o Plano de Deus fatos extraordinários aconteceram com seus pais, que já idosos experimentaram a manifestação do poder do alto.

O Plano de Deus é perfeito, Ele pensa em tudo e tem uma tarefa para cada um de nós. Até o nosso nome é sugerido por Deus para designar a nossa missão. Quando nascemos todos ficaram alegres por nossa chegada, mas somente o Senhor sabia realmente qual seria nossa missão aqui na terra.

O nome Zacarias significa “Deus se recordou”. Deus lembrou-se de seu fiel servidor do templo. O fato de Zacarias ter ficado mudo, longe de ser um castigo, é prenúncio da felicidade que irá experimentar com a chegada dessa criança predestinada por Deus.

João é o seu nome! Esse nome também é muito significativo. João significa “Aquele que anuncia” e realmente João não fez outra coisa em sua vida a não ser anunciar a vinda do Salvador.

Mesmo antes de nascer, ainda no ventre de sua mãe, João estremeceu e anunciou a presença do Messias, quando da visita de Nossa Senhora à sua mãe Isabel.

A natividade de João Batista, único santo que no calendário da Igreja tem comemorado também o seu nascimento, se reveste de fundamental importância na história da salvação, justamente por ser um elemento divisor entre a Antiga e Nova Aliança.

Este Evangelho termina dizendo que João vivia nos lugares desertos e depois se apresentou publicamente em Israel. Onde quer que estivesse sua palavra de ordem era a renúncia ao pecado. João não se intimidou e enfrentou também os poderosos.

Suas palavras atingiam também os donos do poder. As verdades que pregava custaram-lhe a liberdade e, até mesmo sua vida. No entanto, mesmo na prisão, jamais deixou de anunciar e denunciar. Viveu com intensidade sua missão de profeta.

O mundo precisa de profetas. Como dissemos, Deus tem um plano para cada um de nós. Certamente Ele espera ver-nos anunciando e denunciando, que nos coloquemos a serviço, que levemos aos povos a Boa Nova da salvação e, acima de tudo, que sejamos capazes de diminuir para que seu Filho possa aparecer. 




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JOÃO BATISTA:  O PROFETA DE TODOS OS TEMPOS! -Olívia Coutinho

Dia 24 de Junho de 2012

Solenidade da natividade de São João Batista

Evangelho de Lc 1,57-66.80

Neste domingo, a Igreja reveste-se de júbilo para celebrar a solenidade da natividade de São João Batista, o único santo, além da Virgem Maria, cujo nascimento é celebrado.  
Segundo os evangelhos, João Batista é o maior dos profetas, sua vida foi marcada de grandes contrastes: vivendo o silencio do deserto, movendo multidões. O próprio Cristo o reconheceu, como sendo ele, o maior dentre os nascidos de mulher, (Lc 7,28).  
Devido a sua especial importância na história do Povo de Deus, a liturgia de hoje, própria desta solenidade, nos apresenta o nascimento e a missão profética deste grande homem que ajudou e  ainda continua ajudando as comunidades  a trilharem os caminhos de Jesus.
Com o nascimento de João Batista, é iniciada uma nova etapa na realização do projeto libertador e vivificante de Deus, já iniciado com a concepção de Maria.
João Batista desempenhou um papel importantíssimo na história da salvação, ele veio dar testemunho da luz, abrir caminho para o encontro da humanidade com o Divino, encontro que ele teve, quando  ainda estava  no ventre de sua mãe Isabel.
São João Batista, o santo mais popular de toda história, experimentou durante a sua vida terrena, a força dos dois lados do coração humano, a força do amor, capaz de arrastar multidões, e a força do ódio que o levou a morte. Tiraram a vida do profeta, mas não calaram a sua voz, voz, que continua a ressoar nos ouvidos de cada geração: “Convertei-vos e crede no evangelho”. “Eis o cordeiro de Deus”...
São João Batista foi um grande exemplo de quem viveu exclusivamente a vontade de Deus, não se acomodando nas tradições do seu povo, nem de sua  Família, pelo contrário, ele buscou algo novo, fazendo-se  anunciador de tempo novo que traria para humanidade um novo sentido.
Assim como João Batista, nós também viemos a este mundo com uma missão: realizar a vontade de Deus, na vivencia do amor! Para isso, é importante cultivarmos em nossos corações uma constante disposição de nos renovarmos a cada dia, mediante a Palavra de Deus.
Colocar Jesus, como o centro da nossa vida, é pensar, é viver, é falar é mover-se em função do amor!
A festa de hoje, nos convida a refletirmos sobre a importância do profetismo.  O mundo requer urgentemente de pessoas que façam a diferença, homens e mulheres que assim como João Batista, apontem algo de novo, renovador no sentido de  suscitar no coração dos homens uma esperança, que para muitos já se perdeu, profetas que não se calam diante as injustiças que desfilam diariamente diante dos nossos olhos, que estão dispostos a dar a vida, se preciso for, para defender a causa do Reino.
O evangelho de hoje narra o acontecimento que marcou  a passagem do tempo de espera para o tempo da realização das promessas do Senhor.
Na maternidade da anciã Isabel, nos é revelado o poder grandioso de Deus.
Podemos dizer que o ventre, antes sem vida de Isabel, representa  a humanidade sem vida, que recebe  a intervenção amorosa de Deus e passa a gerar vidas.

FIQUE NA PAZ DE JESUS! - Olívia

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-Misionários Claretianos

Domingo, 24 de junho de 2012
Natividade de S. João Batista (Solenidade)

Outros Santos do Dia: Alena de Bruxelas (virgem, mártir), Anfíbalo de Verulam (mártir), Bartolomeu de Farne (eremita), Henrique de Auxérre (monge), Ivan da Boêmia (eremita), João de Tuy (eremita), Simplício de Autun (bispo), Teodulfo de Lobbes (monge, bispo).

Primeira leitura: 
Isaías 49, 1-6.
Eu te farei luz das nações.
Salmo responsorial: 138, 1-3. 13-14ab. 14c-15 (R./ 14a).
Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes!
Segunda leitura: Atos dos Apóstolos 13, 22-26.
Antes que Jesus chegasse, João pregou um batismo de conversão.
Evangelho: Lucas 1, 57-66.80.
João é o seu nome.

João Batista foi a figura contemporânea a Jesus que mais recebeu atenção. Nem sequer figuras tão proeminentes na historia do cristianismo como Paulo e Pedro receberam tanta atenção. Os quatro evangelhos colocam o início da atividade evangelizadora de Jesus em relação com o batismo de João. Flavio Josefo, um historiador judeu de final do século I, dedica mais páginas ao Batista do que a outras personagens da época, considerando-o como o profeta mais importante de seu tempo.
A atividade de João Batista acontece no deserto, como a de outros movimentos contestatórios, em contraposição à ânsia de poder das autoridades do Templo e dos despóticos romanos. Da mesma forma que outros movimentos, João exerce um ministério relacionado com a penitência e a ascese. Sua pregação é caracterizada por um apelo à conversão, ao arrependimento, ao retorno aos caminhos de Deus.
Não duvida em chamar seus compatriotas de “raças de víboras”, um apelativo tão forte que ainda hoje nos custa assimilar. Denuncia, sem titubeios, o servilismo da dinastia herodiana diante dos invasores romanos. Critica duramente a falta de respeito entre os príncipes irmãos Filipe e Antipas que rivalizam pela mesma mulher e misturam os assuntos do estado com os problemas conjugais. Faz do batismo um símbolo dessa mudança de vida, à qual o povo de Deus é constantemente chamado por meio dos profetas.
O evangelho apresenta o Nascimento de João, rodeado de sinais extraordinários. O pai Zacarias recebe o encargo de cuidá-lo em uma revelação no Templo, enquanto exerce os serviços sacerdotais. O texto assinala a vocação profética de João e o motivo de seu nome: Deus terá piedade de seu povo e lhe enviará um mensageiro que o conduza pelo caminho que leva ao encontro com Deus.

A missão do Batista servirá de marco à ação evangelizadora de Jesus que retomará o chamado à conversão e preparará uma comunidade para a irrupção definitiva do Reino. Assim se configura e perfila a autêntica vocação de João, que denuncia as contradições de seu tempo e anuncia a esperança de um ungido de Deus que terá de transformar radicalmente a situação do povo.
É preciso descobrir a nossa missão em relação ao à presença do Reino Deus em nossas vidas.
Neste domingo celebramos a festa de São João Batista, o precursor. Ele é o precursor, por sua vida e missão e por anunciar e pregar a chegada dos tempos messiânicos, que vão se cumprindo em Jesus.
No evangelho Lucas centra a narrativa do Batista em quatro momentos importantes de sua vida: o relato de seu nascimento (vv. 57-58), a circuncisão, a imposição do nome e a manifestação de sua parentela e vizinhos da região (vv. 59-66).
No nascimento de João se cumpre o que foi anunciado a Zacarias e a promessa se torna realidade. A esterilidade dos pais é vencida pelo nascimento de um filho e se torna fonte de alegria, júbilo e regozijo, que envolve e contagia a vizinhos e parentes, como já o havia predito o mensageiro de Deus.
Na narrativa do nascimento, Lucas mescla aspectos importantes: o da misericórdia de Deus, que se manifesta em favor do povo, ao tirar a vergonha que pesava sobre Isabel por causa da esterilidade, precisamente sobre a esposa de um sacerdote encarregado do serviço litúrgico no templo de Jerusalém, e por outra parte, o significado do nome João (“Deus mostrou seu favor”). O nome João evidencia a presença da misericórdia divina, que recai, sobre uma pessoa em particular, neste caso Isabel, mas que representa a totalidade do povo.
Logo depois do relato do nascimento de João segue o de sua circuncisão, imposição do nome e sua manifestação pública. Pela circuncisão, João fica deliberadamente marcado com o “sinal da aliança”, sinal visível da incorporação ao povo de Israel. Essa marca na própria carne faz de João partícipe da benção prometida pelo Senhor a seu povo eleito e o capacita para celebrar a páscoa como festa da comunidade e confirma suas esperanças de partilhar com todos os seus antepassados a restauração futura e definitiva.

O rito da circuncisão comportava igualmente a obrigação de uma escrupulosa observância da lei de Moisés. A incorporação do precursor do Messias ao povo de Israel é muito importante para Lucas, não somente porque prefigura a incorporação do próprio Jesus a esse mesmo povo, mas também porque Lucas se esforça por demonstrar que o cristianismo é uma derivação lógica do judaísmo. Por isso tem que ficar bem claro que os pilares desse novo modo de vida são de raízes profundamente judaicas.
A atribuição do nome “João” rompe radicalmente a tradição familiar. Como de costume, os vizinhos e parentes dão por certo que o menino se chamaria com o nome do pai. O acordo entre a mãe e o pai para escolha de um nome que não era familiar aparece como um sinal onde se reflete o favor de Deus. A misericórdia divina se manifesta em um casal idoso, de vida exemplar, e alcança a totalidade de Israel. Zacarias recupera a fala e os vizinhos se interrogam sobre o futuro do menino.
Por último, temos a manifestação pública de João, o qual pretende deixar bem clara a efusão da misericórdia de Deus. A alegria que causa a notícia de seu nascimento é fruto de uma primeira manifestação no entorno da família e na vizinhança, porém, imediatamente começa a correr o rumor desse acontecimento por todas as montanhas da Judéia. O júbilo é uma experiência de todos. Fica assim preparado, narrativamente, o futuro do protagonista, que se resume em um versículo (1,80) que funciona como um estribilho: “Viveu no deserto até o dia em que se apresentou a Israel”. Dessa maneira o deserto nos prepara para a próxima aparição de João no evangelho, trinta anos depois (Lc 3,1-3).
A primeira leitura de Isaias fala também do ministério profético diante das nações, preparando os caminhos de Deus. A leitura dos Atos é um fragmento resumido mas explícito sobre João Batista.
A figura de João calou profundamente no imaginário cristão e na simpatia do povo de Deus: parente de Jesus, asceta e místico, profeta valente e denuncia, prega com ardor a conversão... João conquistou um lugar privilegiado no universo cristão. Talvez por isso sua festa tenha sido colocada no solstício de verão boreal: na “noite mais curta do ano” no hemisfério norte (noite de São João, noite do fogo e de vigília em torno da fogueira...), ou a mais longa do ano no hemisfério sul, ou um dia insignificante na zona equatorial e tropical.

Esse acontecimento astronômico era conhecido e celebrado na antiguidade antes do cristianismo. Talvez o estabelecimento da celebração de João nessa festa obedeça à tentativa de cristianizar uma festa pagã (como aconteceu com o nascimento de Jesus. O objetivo era cristianizar a festa astronômica do solstício de inverno boreal, data também celebrada por religiões pagãs à chegada do cristianismo).
O evangelho de Lucas convida a refletir sobre a misericórdia, a compaixão e a generosidade divina, que caracterizam este novo período da historia da salvação, que começa a manifestar-se com o nascimento de João Batista. Misericórdia sem limites e sem medida, que engrandece e liberta, que é sinal de vida porque resgata anciãos da morte por causa da esterilidade.
Além disso, o evangelho salienta a forma como estamos vivendo a experiência da misericórdia divina: na acolhida, na solidariedade para com os excluídos... Convida também a todos aqueles que desejam um mundo novo “segundo o coração de Deus” a se comprometerem na construção do mesmo.
Oração
Ó Deus, Pai de misericórdia, que quiseste preparar os caminhos de Jesus com o envio de João Batista como seu “precursor”, faze que sejamos “precursores” do teu Filho para que aplainemos os caminhos e eliminemos os obstáculos ao crescimento do amor e da unidade. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.


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Além da Virgem Maria Mãe de Deus, Nossa Senhora, de nenhum outro santo a Igreja celebra o nascimento, a não ser São João, chamado Batista, batizador. Dele, Jesus fez o maior elogio jamais feito pelo Salvador a alguém: “Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior que João, o Batista” (Mt. 11,11). Por isso, caríssimos, a hodierna solenidade!
Que lições, que meditações, que exemplos poderíamos colher nesta Festa, tendo escutado a Palavra que nos foi anunciada? Sugiro-vos três, que alimentem o coração, afervorem o desejo de colocar-se ao serviço do Senhor e nos conduzam à herança eterna.
Primeiro. A primeira leitura da Liturgia nos fez escutar a profecia de Isaías, colocando as palavras do profeta na boca de João Batista: “O Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome... fez de mim uma flecha aguçada e disse-me ‘Tu és meu servo, em quem serei glorificado’” E o salmo de meditação fez eco a tão bela idéia: “Senhor, vós me sondais e conheceis. Fostes vós que me formastes as entranhas/ e no seio de minha mãe vós me tecestes./ Até o mais íntimo me conheceis;/ nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis,/ quando eu era modelado ocultamente,/ era formado nas entranhas subterrâneas!” O que aparece aqui, caríssimos em Cristo, é que viemos a este mundo não por acaso, não sem um propósito. Somos todos fruto de um sonho de Deus, fomos todos misteriosamente chamados à vida: o Senhor pensou em nós, nos chamou, nos plasmou – e aqui estamos! O nascimento que hoje celebramos, do filho de Zacarias e Isabel, foi fruto do desígnio amoroso do Pai, que pelo Filho Jesus e para o Filho Jesus, na força do Espírito Santo, plasmou João. Por isso seu nome é tão verdadeiro: “Iohanah”, em hebraico: Deus dá a graça! Ele mesmo, João, já é uma graça de Deus para seus pais e para todos os que esperavam a salvação de Israel.
Hoje, quando um mundo insensível e descrente já não reconhece que a vida é um mistério de amor, é um chamado de Deus, quantos são abortados, quantos deixados de modo indigno e imoral no frio congelamento dos laboratórios de procriação artificial: lá esquecidos, lá manipulados em inaceitáveis experiências pseudo-científicas! Nós, que ouvimos a Palavra de Deus; nós, que nos alegramos com este nascimento, nunca esqueçamos: toda vida humana é sagrada do primeiro ao último instante do nosso caminho terreno. É imoral, perverso e desumano um governo que reduz a questão do aborto a problema de “política pública”. Um dia esses senhores irão prestar contas a Deus. Será mesmo que Deus aceitará este argumento, que não passa de disfarce para matar? Que o Senhor nos ajude a defender a vida, a gritar por ela! Que o Senhor também nos dê a sabedoria para descobrir e experimentar que a nossa vida – por quanto pobre e pequena – também e preciosa! Que hoje eu me pergunte: Qual o propósito da minha existência? Já o descobri? Já me conformei a ele? Vosso sou, Senhor, de vós nasci e para vós nasci! Que quereis fazer de mim?
Segundo. Ainda que a vida nossa seja fruto do amor do Senhor, isso não significa facilidades. João deveria preparar o caminho do Messias, do Cristo de Deus. E isto iria custar-lhe: “Eu disse: ‘Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus me dará recompensa’” O grande desafio da nossa vida de crentes é viver na presença de Deus, é ser fiel à sua santa vontade e à missão que ele nos confiou. Ser fiel à missão custou a João: a dureza do deserto, as incompreensões dos inimigos, a trama de Herodíades, a dificuldade de perceber a vontade Deus (basta recordar João perguntando a Jesus: “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?”- Mt. 11,3) e, finalmente, o aparente abandono, o aparente absurdo do silêncio de Deus, na solidão e na morte naquele cárcere. O que manteve João fiel até o fim? A confiança no Senhor, a capacidade de deixar-se guiar por Deus, sem querer ele mesmo controlar sua vida! Grande João! Fiel João! Pobre de Deus, João! Que exemplo para nós, tanta vez tentados a fazer da vida o que bem queremos, como se nascêssemos de nós mesmos e vivêssemos para nós mesmos! “Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor! (Rm. 14,8)”
Terceiro. Certa vez São Paulo escreveu: “Nenhum de nós vive para si...” (Rm. 14,7) Desde o ventre materno, o Senhor chamou João para ser o que prepara o caminho, o que vem antes, o “pré-cursor” Toda a sua existência foi “precursar”! No terceiro evangelho isso aparece de modo comovente: anuncia-se o nascimento de João e depois o de Jesus; narra-se a natividade de João e a seguir a do Messias; apresenta-se o ministério de João e, após sua prisão, o do Salvador; finalmente, narra-se a morte de João, prenúncio da morte do nosso Senhor! Eis! Não é fácil não viver para si, não é fácil deixar que Outro seja o centro! E, no entanto, como diz a segunda leitura, “João declarou: ‘Eu não sou aquele que pensais que eu seja! Depois de mim vem Aquele, do qual nem mereço desamarrar as sandálias’”; “É necessário que ele cresça e eu diminua!” Santo profeta João Batista: sendo humilde, foi o maior dos nascidos de mulher; sendo totalmente preso à sua missão de modo fiel e constante, foi livre de verdade; sendo todo esquecido de si e lembrado de Deus, foi maduro e feliz! Por isso mesmo, seu nome foi verdadeiro e traduziu perfeitamente seu ser e sua missão: João, Iohanah: Deus dá a graça. E a graça que, para seus pais, foi João no seu nascimento, nas verdade era outra graça: a graça que Deus dá é Jesus, o Messias; graça que João anunciou com seu nascimento, com sua vida, com sua pregação e com sua morte!
Que este grande profeta, o maior do Antigo Testamento, do céu interceda por nós, nascidos do Novo Testamento e, por isso, maiores que João, o Grande Precursor! Amém.
dom Henrique Soares da Costa
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Ele se chamará João, isto é, “Deus se mostrou misericordioso”
Celebrando hoje a natividade de João Batista, a Igreja relembra a importância dessa personagem para o cristianismo. O nascimento de João Batista foi testemunhado pela tradição como um evento importante (Lc. 1,5-25.57-80). Seu pai, Zacarias, estando a exercer suas funções sacerdotais no templo, recebe de um anjo o anúncio de que a sua mulher, Isabel, idosa e estéril, conceberia e daria à luz um filho, a quem ele poria o nome de João. Deus promete alegria com o nascimento de João, pois o menino seria um consagrado – um nazireu, daí a proibição de lhe dar vinho ou bebida embriagante; estaria sempre cheio do Espírito Santo; converteria os filhos de Israel e teria o espírito e o poder de Elias, o profeta que subiu ao céu em um carro de fogo e que, segundo a tradição, voltaria antes da visita de Deus (Eclo. 48,9-11). Zacarias, tendo duvidado de tudo isso, tornou-se, naquele instante, mudo e surdo. João nasceu em um lugarejo chamado Ain Karim, naquele tempo distante oito quilômetros de Jerusalém, hoje bairro dessa cidade.
As leituras deste domingo nos ajudam a compreender o papel de João e sua relação com o ministério de Jesus, seu primo. Aliás, a natividade de João Batista só pode ser entendida no ciclo dos evangelhos da infância de Jesus. As histórias são parecidas: um anjo também aparece a Maria, que não era estéril, mas virgem; assim como Zacarias, Maria duvida; Deus promete o seu Espírito; tal como Zacarias, Maria teria a obrigação de pôr determinado nome em seu filho.
Evangelho (Lc. 1,57-66.80): João, profeta e precursor
O evangelho se inicia dizendo que chegara o tempo de Isabel dar à luz. Parentes e vizinhos se alegram ao ouvirem dizer que Deus a havia cumulado de misericórdia. Para Deus nada é impossível (Lc. 1,36-37). Em tempos bíblicos, a esterilidade era considerada desonra e castigo (Gn. 30,23; 1Sm. 1,5-8; 2Sm. 6,23). Várias mulheres estéreis dão à luz para demonstrar que Deus “abriu a sua madre”, de modo que ela voltasse a ser fecunda, assim como a terra que faz germinar a semente. Isabel é uma dessas mulheres, tal como Sara, a esposa de Abraão (Gn. 21,6), que riu ao receber o anúncio divino e gerou um filho, Isaac, cujo nome significa “aquele que ri”. 
Oito dias após o seu nascimento, João teria de ser circuncidado. A comunidade de Lucas valoriza muito o rito da circuncisão de João. Em relação a Jesus, diz-se apenas que foi circuncidado e recebeu o nome de Jesus (Lc. 1,21), pois o mais importante seria ressaltar o seu nascimento em Belém (Lc. 2,1-20). Já em relação a João, é relatada a dificuldade em decidir pelo nome do menino. Muitos queriam que ele recebesse o nome do pai, Zacarias – “Deus se lembrou” – pois este já era velho e não haveria motivo de confusão das pessoas. Nesse momento, sem saber que o anjo já havia revelado o nome do menino a seu marido, Isabel toma a palavra e diz que o seu filho se chamaria João, Yohanan, que significa “Deus (Y de Yahweh) tem misericórdia” (hanan). A bem da verdade, Deus teve misericórdia com o velho casal e lhe deu um dom, um presente, chamado João. 
O nome significava a essência e a missão da pessoa. Ele até podia mudar. Abrão (pai elevado) torna-se Abraão (pai de muitos). Não por menos, ao nome de João foi acrescentado Batista, aquele que batiza. João batizou Jesus, que mais tarde também se chamaria Cristo, o ungido. João foi testemunha da misericórdia de Deus, ao chamar o seu povo para a conversão, de modo que Deus pudesse agir com misericórdia. Misericórdia não teve, no entanto, o impiedoso Herodes Antipas, que mandou decapitá-lo (Mc. 6,17-29). 
O episódio do nome termina com Zacarias dando a palavra final, escrevendo em uma tabuleta: “Seu nome é João”. Logo em seguida, ele voltou a falar e todos se maravilhavam com o ocorrido. Da boca de Zacarias veio o anúncio da ação de Deus em João – o protegido, símbolo da gratuidade de Deus para com seu povo – por meio de um canto de ação de graças chamado Benedictus (v. 68-79). Como a jovem Maria, que, inspirando-se no canto de Ana (1Sm 2,1-10), louva a Deus, o velho Zacarias rende louvores a Deus pelo nascimento de seu filho e acrescenta: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo; pois irás à frente do Senhor, para preparar-lhe os caminhos, para transmitir ao seu povo o conhecimento da salvação, pela remissão de seus pecados” (vv. 76-77). O último versículo do evangelho de hoje – fazendo forte alusão a outro menino, Jesus – diz que o menino crescia e se fortalecia em espírito. Além disso, ele moraria no deserto até o dia em que se manifestaria a Israel (v. 80). 
Essa manifestação, como cumprimento da profecia, aconteceu por volta do ano 20 E.C., no movimento que ele mesmo começou no deserto da Judéia, à beira do rio Jordão. João anunciava o batismo e a conversão dos pecados para obter o perdão. O batismo na água punha as pessoas em relação direta com Deus. Já não eram necessárias as práticas rituais do templo de Jerusalém. Assim, os batistas se tornaram perigosos para a ordem judaica estabelecida desde o Templo. João conclamava o povo a ir ao deserto, o que, simbolicamente, retomava a figura de Moisés e o êxodo. E do deserto, de novo, o povo entraria na terra da promessa, perdoado e batizado, para destruir o império romano. Assim, o movimento de João Batista tornou-se perigoso também para o império romano. A destruição romana viria pelas mãos de Deus, aquele que vem. Herodes Antipas, prevendo uma rebelião de João contra Roma, mandou decapitá-lo. João foi um crítico do poder e por isso foi assassinado, não necessariamente por questões morais, relativas à sua crítica ao relacionamento amoroso de Herodes Antipas e Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe (Mc. 6,17-29).
1ª leitura (Is. 49,1-6): João é a luz que aponta a luz definitiva, Jesus
A primeira leitura de hoje é tirada do livro do profeta Isaías, ou melhor, do Segundo Isaías,  que escreve no fim do exílio babilônico (587-536 a.E.C.), propondo aos deportados um projeto de vida nova, baseado em uma releitura, no presente, dos valores antigos. Israel se tornaria luz para os estrangeiros. Chamemos esse projeto de “Luz das Nações” (Is 49,6), o qual teve o seu apogeu entre os anos 520 e 445 a.E.C. 
A nossa primeira leitura fala também de um servo escolhido por Deus, desde o ventre materno, para ser luz e guia do povo de Israel e de todas as nações. E é nesse sentido que podemos aplicar o espírito do texto a João, de quem celebramos o nascimento. Ele foi escolhido para ser luz e apontar para todos a luz definitiva, o salvador e Messias Jesus.
2ª leitura (At. 13,22-26): João é o precursor do Messias
Nesta leitura, Paulo, pregando aos judeus, relembra a figura de João Batista como proclamador de um batismo de arrependimento, em preparação à vinda do Messias. Paulo lembra que João não se deixou confundir com o Messias. Afirmava que depois dele viria “aquele de quem não sou digno de desatar a correia das sandálias” (v. 25; Jo 1,27). João aqui é o precursor do Messias.
PISTAS PARA REFLEXÃO
– Demonstrar que o nascimento de João Batista significa novo tempo de fecundidade para a comunidade de Lucas e para nós hoje. Não há mais como ficarmos estéreis, surdos e mudos. Chegou o tempo do anúncio da palavra de misericórdia e de libertação de Deus.
– Deixar claro que, ainda hoje, “os caminhos do Senhor devem ser abertos” por todos nós, quais outros “Joões Batistas” que nascem para anunciar a vida nova. Para que isso se concretize, só nos resta a constante conversão, o rompimento com o erro, de modo que possamos renascer e aderir ao projeto de Jesus.  
– “João” somos todos nós quando nascemos para o reino. Somente assim tem sentido celebrar a Natividade de João, o nascimento de uma Igreja voltada para a justiça social.
Pe. Jacir de Freitas Faria, ofm
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Aquele que preparou os caminhos do senhor
Todos aprendemos a ter um carinho especial e delicada devoção por  João, o Batizador, o Batista, o filho da velhice de Isabel e de Zacarias.  Quando chega sua festa tantos fatos e tantos acontecimento de sua vida chegam para povoar de jubilo nosso coração. Ele é aquele que prepara os caminhos do Senhor e, feita sua missão, desaparece. Era tão grande aos olhos dos seus contemporâneos que chegou a ser confundido com o Messias.  Precisou  dizer com força:  “Não sou o Messias.  Depois de mim vem alguém mais importante. Dele nem sou capaz de desatar as sandálias de seus pés”.
A Igreja aplica a João Batista  a passagem de Isaías proclamada na liturgia de hoje: “O Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe  ele tinha em mente o meu nome”.  João é chamado por Deus.  A Escritura sempre nos coloca diante do mistério da vocação.  Ele seria o preparador dos caminhos.  Um dia, ainda no seio de sua mãe, o menino saltou de alegria quando  Maria, grávida do Menino Luz, foi visitar a prima Isabel.
“Fez de minha palavra uma espada afiada, protegeu-me à sombra de  sua mão e fez de mim uma flecha aguçada, escondida em sua aljava…”.  O homem do deserto, o homem do silêncio, o profeta da conversão, o homem da limpidez e do discurso contundente. Toda a figura do Batista exala  transparência, força e apelo à mudança.  Sua missão foi a de preparar os corações das pessoas para acolher a Cristo.
“Antes que ele (o Messias) chegasse  João pregou um batismo de conversão para todo o povo de Israel.  Estando para terminar sua missão  João declarou: ‘Eu não sou aquele que pensais que eu seja. Mas vede, depois de mim vem aquele do qual nem mereço desamarrar as sandálias’” (Atos).
Santo Agostinho escreve belamente a respeito do nascimento do  Precursor: “João apareceu como ponto de encontro  entre os dois  Testamentos, o antigo e o novo. O próprio Senhor o chama de limite quando diz: A lei e os profetas até  João Batista  (Lc. 16,16).  Ele representa o antigo e anuncia o novo. Porque representa o Antigo Testamento, nasce de pais idosos; porque anuncia o novo é declarado profeta ainda estando nas entranhas da mãe. Na verdade, antes mesmo de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Maria. Antes de nascer já é designado, revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele”.
E Lucas, por ocasião do nascimento do Batista, coloca na boca dos circunstantes  uma questão:  “O que será desse Menino?”  Ora, a Igreja, os cristãos, temos a missão de ser como João, ou seja, através de nossa palavra e de nosso testemunho de vida, preparar os caminhos do Senhor.  Para isso existimos. Somos, como João, preparadores dos caminhos do Messias.
frei Almir Ribeiro Guimarães
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“João é seu nome”
A festa da natividade de João Batista assemelha-se às festas da infância de Jesus. O espírito é nitidamente “lucano”: evoca a manifestação da graça e bondade de Deus. O lema é a frase de Zacarias: “João é seu nome” (evangelho). Esta frase é uma mensagem da gratuidade e bondade de Deus. O próprio nome Yohanan significa “Deus se mostrou misericordioso”. João é um dom gratuito de Deus. Isto mostra-se de diversas maneiras: a idade avançada de seus pais, o fato de ninguém na família se chamar assim, o fato de Deus “soltar a língua” de Zacarias para que ele possa dizer: “João é seu nome”.
Ora, quando se trata de Deus, “gratuidade” significa: não ser condicionado por cálculos humanos. João, criança que encarna a gratuita bondade de Deus, pertence completamente a Deus. É “profeta do Altíssimo” (Lc. 1,76). Seu modo de viver lembra Elias, o profeta que vivia no deserto, impelido pelo Espírito (cf. Lc. 1,80). Aliás, em Lc. 1,17 o anjo anuncia que João andará no espírito de Elias, o mais típico “homem de Deus” no A.T.
A pertença a Deus faz de João uma nova realização do “Servo de Deus” (1ª leitura), um homem cuja palavra é como uma espada afiada, incômoda para quem não quer saber de Deus em sua vida. A história de João prova isso. Hoje agradecemos a Deus um “homem difícil”. Pois são muitas vezes as pessoas difíceis que mais nos ajudam na vida. Suas palavras incômodas nos fazem ver com maior clareza nossa situação. Neste sentido, João é uma luz (Is. 49,6 fala de “luz das nações”), embora ele não seja a luz definitiva, mas antes, a testemunha da luz (10 1,6-8; 5,33-35); ou, já que falamos em termos figurativos, ele é como a lua que desaparece quando cresce a luz do sol (cf. Jo. 3,30).
João é luz, ou testemunha da luz, sobretudo por ter apontado Cristo no meio da humanidade. O querigma apostólico, o anúncio de Cristo, começa com João (cf. At. 10,37). Para isso, há uma razão teológica: João encarna, por assim dizer, Elias, que era esperado voltar antes da “visita” de Deus (Eclo. 28,10; Jesus identifica João com Elias; cf. Me. 9,11-13; Mt. 17,10-13; 11,14; Lc. 7,26-27). Mas há também uma razão histórica: Jesus iniciou, de fato, sua pregação do Reino no ambiente “pré-aquecido” pela pregação do Batista.
Isto contém uma profunda lição. Mesmo no ponto culminante de seu agir salvífico, Deus não despreza a preparação humana. Deus não dispensa “o maior dos profetas”, embora o menor no Reino dos Céus seja maior do que ele (Lc. 7,28). João encarna, por assim dizer, a plenitude do A.T. e de qualquer outra preparação para o Evangelho.
À primeira vista, falta na liturgia de hoje o “Benedictus”, o canto de ação de graças de Zacarias quando do nascimento de João (Lc. 1,68-79), cortado fora da perícope evangélica (talvez porque a liturgia foi composta por monges, que rezam esse cântico cada manhã no divino ofício e acharam que ele sobrecarregaria a missa). Ora, nada impede de usá-lo como salmo responsorial ou como canto da comunhão (que cita um versículo dele como antífona).
Quanto à atualidade que vivemos, a presente festa oferece uma ocasião para iluminar os profetas de hoje, essas pessoas “difíceis”, cujo nascimento foi uma graça que agradecemos a Deus.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela.
No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe, porém, disse: “Não! Ele vai chamar-se João”. Os outros disseram: “Não existe nenhum parente teu com esse nome!”
Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. E todos ficaram admirados. No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus.
Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: “O que virá a ser este menino?” De fato, a mão do Senhor estava com ele.
E o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até ao dia em que se apresentou publicamente a Israel.
Comentário sobre o Evangelho
Natividade significa natal, nascimento. João Batista é o único Santo que, juntamente com a Virgem Maria, tem seu nascimento celebrado pela Liturgia.
O nascimento de João Batista, filho de uma mulher estéril e de anciãos, não é pura casualidade biológica, mas a atuação de Deus naquilo que parece impossível aos olhos dos homens, favorecendo, muitas vezes, os menos privilegiados.
Com o nascimento de João, cumpre-se a mensagem do anjo e o fim da espera da salvação, e isso é motivo de muita alegria para os que estão próximos da família.
Por tradição, no oitavo dia após o nascimento (segundo o livro de Gênesis 17,12), todo menino era circuncidado e recebia um nome que, habitualmente, vinha da família do pai. João, no entanto, não recebeu um nome de família, mas sim, um nome que significa “Deus tem piedade”, confirmando o tempo de graça e de misericórdia que vai começar, pois João será aquele que vai preparar o caminho para o Senhor.
Zacarias que esteve mudo por nove meses, neste momento, volta a falar, causando admiração e temor naqueles que estavam presentes, e começa a louvar a Deus com o cântico Benetictus, reconhecendo a visita de Deus que indica a chegada o Messias que estava por vir.
João Batista cresce e, no deserto de Judá prepara a sua missão, perto do Mar Morto. Ele foi o último dos profetas, o elo entre os dois Testamentos, fazendo a ponte entre o tempo das Leis e Profetas para a chegada do Reino de Deus através de Jesus. Ele é visto como o novo Elias, aquele que ilumina o caminho ao encontro da luz maior que é Jesus Cristo.
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Sob a proteção do senhor
O texto evangélico sublinha a intensa manifestação divina nos fatos ligados ao nascimento de João Batista, a quem seria confiada a tarefa de preparar os caminhos do Messias Jesus. E isto, a tal ponto que, por toda a redondeza, espalhou-se um temor divino, levando o povo a se perguntar: “O que será que esse menino vai ser?”.
A mudez inexplicada de seu pai Zacarias foi um evidente indício de que algo maravilhoso estava acontecendo. Ele só voltou a falar quando cumpriu a ordem divina de dar ao filho o nome de João, que significa “Deus é favorável”, embora sua parentela julgasse que o mais normal seria chamá-lo de Zacarias, como o pai.
O parto de Isabel também foi interpretado como “demonstração de uma grande misericórdia do Senhor” para com ela. De fato, sem a ajuda divina jamais poderia conceber e dar à luz, dado a sua idade avançada e sua esterilidade.
A proteção divina dispensada a João Batista enquadrava-se no projeto de Deus de confiar-lhe a tarefa de preparar o povo para acolher o Messias, predispondo-o à conversão. A gravidade desta tarefa exigia que fosse “robustecido” pelo próprio Espírito, de modo a capacitar-se para o cumprimento do desígnio divino.
João Batista soube corresponder à ação do Espírito. Sua vida haveria de ser um testemunho fulgurante de temor a Deus, de cujos caminhos jamais se desviou, mesmo devendo padecer o martírio.
padre Jaldemir Vitório

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Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era João. Ele veio para dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Ele dizia: “Este é aquele de quem eu disse – O que vem depois de mim passou adiante de mim, porque existia antes de mim”. Quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntarem quem ele era, ele confessou: Eu não sou o Cristo nem Elias nem o Profeta. “Eu sou uma voz que clama no deserto – endireitai o caminho do Senhor. Eu batizo com água. No meio de vocês está alguém que vocês não conhecem, aquele que vem depois de mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da sandália” (cf. Jo 1,6-8.15.19-27).
João nasceu nos dias de Herodes, rei da Judeia. Seu pai, sacerdote da classe de Abias, se chamava Zacarias. Sua mãe era Isabel, prima de Nossa Senhora. Zacarias e Isabel eram idosos e não tinham filhos. Um dia, quando Zacarias estava de serviço no Templo, o anjo Gabriel, que assiste diante do trono de Deus, foi enviado para lhe dar a boa notícia do nascimento de um filho. Zacarias se assustou quando viu o anjo de pé, à direita do altar do incenso. O anjo, porém, o tranquilizou dizendo que sua prece tinha sido atendida. Sua esposa lhe daria um filho e o nome do menino devia ser João, que significa “Deus é favorável”. O anjo acrescentou ainda que Zacarias iria ter muita alegria com o nascimento do menino, e com ele muita gente também.
Zacarias pediu então ao anjo um sinal. O pedido ocultava uma dúvida, e o sinal dado foi ao mesmo tempo uma punição. Zacarias ficou mudo até o dia do nascimento do menino. No Templo, o povo que rezava percebeu que ele tinha tido uma visão.
Zacarias voltou para casa e Isabel concebeu. Seis meses depois, o mesmo anjo Gabriel anunciou a Maria o nascimento do Salvador. Contou-lhe também que Isabel estava no sexto mês de gravidez. Maria e José puseram-se então a caminho e foram até a casa de Zacarias, em Ein Karen, nas montanhas de Judá, e lá ficaram até o nascimento de São João Batista. No dia da circuncisão de João, oito dias depois do nascimento, Zacarias escreveu numa tabuinha que o nome do menino seria João, e voltou a falar. O ambiente estava cheio da alegria do Espírito Santo. Todos perguntavam: “O que vai ser esse menino”. De fato, a mão do Senhor estava com ele.
O anjo já tinha dito a respeito do menino: Ele será grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida embriagante, ficará cheio do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe, fará voltar muitos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. Andará com o espírito e o poder de Elias para converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à prudência dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto. Seu pai, Zacarias, inspirado pelo Espírito, chamou o recém-nascido de Profeta do Altíssimo e precursor do Senhor (cf. Lc. 1,67-79).
O maior elogio de João será feito pelo próprio Jesus. Perguntando às pessoas que o ouviam o que foram ver no deserto, Jesus mesmo responde: “Um caniço agitado pelo vento? Um homem vestido de roupas finas? Um profeta? Eu afirmo que sim, e mais do que um profeta. Entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João” (cf. Mt. 11). João, no entanto, dizia de si mesmo: “Eu não sou o Cristo. A minha alegria é ser o amigo do esposo. É preciso que ele cresça e eu diminua” (cf. Jo 3,27-30).
cônego Celso Pedro da Silva
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Relação entre as missões proféticas de João e de Jesus
Os evangelhos, na medida em que procuram resgatar e interpretar memórias da vida de Jesus, apresentam semelhanças com as antigas biografias de profetas e de filósofos. O evangelho de Marcos, o mais antigo dentre os canônicos, apresenta a história de Jesus começando com o batismo de João e terminando, após a crucifixão de Jesus, com o encontro do túmulo vazio pelas mulheres. Um anexo tardio apresentará narrativas de aparições, extraídas dos outros evangelhos. O evangelho de Mateus, escrito cerca de uma década depois de Marcos, amplia a história de Jesus, apresentando, de início, narrativas relativas à concepção, nascimento e infância de Jesus, bem como, na parte final, narrativas de aparições do Ressuscitado, após o encontro do túmulo vazio. Este esquema é também adotado por Lucas.
Contudo, Lucas, de maneira original, começa seu evangelho com os anúncios das concepções de João, feitos a Zacarias, esposo de Isabel, e de Jesus, feito a Maria, apresentando, em seguida, as narrativas do nascimento dos dois. Com esta aproximação dos dois meninos, desde suas origens, Lucas procura acentuar, de maneira convincente, a íntima relação entre as missões proféticas de João e de Jesus. Esta relação é reafirmada pelos quatro evangelistas, no encontro de Jesus com João Batista, com a recepção de seu batismo, seguindo-se o início do ministério de Jesus, cujo anúncio da chegada do Reino e apelo à conversão assemelham-se aos do Batista. No segundo Testamento, depois do nome de Pedro, o nome de João Batista é o que mais aparece nos textos, ultrapassando muito as demais ocorrências dos nomes dos próprios apóstolos.
Zacarias era sacerdote do Templo de Jerusalém. João, filho único, deveria receber o nome do pai, bem como manter a sua linhagem sacerdotal hereditária. Contudo, conforme o anúncio do anjo, o nome que lhe dão é João. Um nome diferente que já prenuncia a ruptura com o sacerdócio e com o Templo de Jerusalém. João atuará como profeta, nas regiões desérticas da Judéia, longe de Jerusalém. Chamado desde o seio materno para sua missão profética, João foi associado ao servo do livro de Isaías (primeira leitura). Ele abre os horizontes para a missão universal de Jesus, sem fronteiras nacionalistas ou raciais. João se caracteriza pelo seu batismo de conversão (segunda leitura). É a conversão à justiça, pelo que o pecado é superado. Jesus, assumindo em si todos os valores humanos, proclama a conversão à justiça como o caminho para ingresso no Reino de Deus, já presente entre nós. É o mundo novo, revestido de imortalidade e eternidade, no amor e na misericórdia.
José Raimundo Oliva

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Nesta solenidade, a Palavra de Deus apresenta-nos a figura profética de João Baptista. Escolhido por Deus para ser profeta, ainda antes de nascer, ele é um “dom de Deus” ao seu Povo. Sublinhando a importância de João na história da salvação, a liturgia não deixa, contudo, de mostrar que João não é “a salvação”; ele veio, apenas, dirigir o olhar dos homens para Cristo e preparar o coração dos homens para acolher “a salvação” que estava para chegar.
A primeira leitura apresenta-nos uma misteriosa figura profética, eleita por Deus desde o seio materno, a fim de ser a “luz das nações” e levar a Palavra ao coração e à vida de todos os homens. Impressiona especialmente a centralidade que Deus assume na vida do profeta: toda a missão profética brota de Deus e sustenta-se de Deus.
Na segunda leitura, Paulo fala aos judeus de Antioquia do profeta João. Na perspectiva de Paulo, a missão de João consistiu em convidar os homens a uma mudança de vida e de mentalidade, numa espécie de primeiro passo para acolher o “Reino” que Jesus veio, depois, propor. Paulo deixa claro que João não é o Messias libertador, mas sim aquele que vem preparar o coração dos homens para acolher o Messias.
O Evangelho relata o nascimento de João. Na perspectiva de Lucas, os acontecimentos ligados ao seu nascimento mostram como o profeta João é um “dom de Deus”. Começa, nessa altura, a tornar-se claro para todos que Deus está por detrás da existência de João, e que a sua missão é ser um sinal de Deus no meio dos homens.
1ª leitura – Is. 49,1-6 - AMBIENTE
No livro do Deutero-Isaías (um profeta que exerce o seu ministério na fase final do exílio, em meados do séc. VI a.C.), encontramos quatro poemas de autor desconhecido, que nos apresentam uma misteriosa figura de um “servo” de Jahwéh. Trata-se de uma figura não identificada, que pode ser uma figura individual (como Jeremias, ou o próprio Deutero-Isaías) ou uma figura coletiva (representando, por exemplo, todos os profetas enviados por Deus ao seu Povo, ou o próprio Povo de Deus). De qualquer forma, os textos apresentam esta misteriosa figura profética como alguém a quem Deus chamou a testemunhar a Palavra. A missão desse “servo” tem caráter universal e realiza-se no sofrimento e no abandono à Palavra e aos projetos de Deus; mas o sofrimento desse “servo” não é em vão, e tem um significado expiatório e redentor. Do sofrimento que acompanha a missão do “servo”, resulta o perdão para o pecado do Povo. Deus aprecia o sacrifício do “servo”, recompensá-lo-á pela doação da vida, elevá-lo-á à vista de todos e fá-lo-á triunfar diante dos seus detratores e adversários. Embora se discuta a delimitação exata dos quatro cânticos do “servo de Jahwéh”, podemos aceitar que os textos em questão são Is 42,1-9, 49,1-13, 50,4-11 e 52,13-53,12.
O texto que hoje nos é proposto é parte do segundo cântico do “servo de Jahwéh”. É, portanto, essa figura misteriosa de “servo” de Deus, chamado à missão profética que aqui nos é apresentada.
MENSAGEM
O nosso texto apresenta-nos o relato da vocação do “servo de Jahwéh”. Como acontece noutros relatos de vocação, o “servo” manifesta a convicção de que foi chamado por Deus desde “o seio materno” (v. 1). Dessa forma, sugere-se que a vocação profética só pode ser entendida à luz da iniciativa divina que, desde o início da existência, “agarra” o homem e o destina para uma missão no mundo. A missão profética não é, portanto, uma iniciativa do homem ou o resultado dos méritos do homem, mas é algo que tem origem em Deus e que só se entende e faz sentido à luz de Deus. Esta certeza é o ponto de partida de toda a ação profética.
A missão a que o profeta é chamado por Deus tem a ver com a Palavra (v. 2). O profeta é o homem a quem Deus elegeu, a fim de que a sua Palavra chegue aos outros homens; através dele, Deus dirige-nos as suas propostas e propõe aos homens um caminho que os leva a viver em relação com Deus. Essa Palavra de Deus que sai da boca do profeta não é palavra humana, mas Palavra de Deus; é por isso que o profeta diz que Deus tornou a sua boca como “uma espada afiada”, ou uma “uma seta penetrante”. É possível que as imagens utilizadas aludam à força da Palavra de Deus, que penetra nos corações e que não pode ser detida.
Na concretização da missão, o profeta experimentou a perseguição, a incompreensão, o fracasso (“foi em vão que me fatiguei, inutilmente gastei as minhas forças” – v. 4ab). Significa isso que o profeta “andou a perder tempo” e que lamenta o seu empenhamento? Não; ele está consciente de que não perdeu nada, porque Deus não deixou de o proteger e de lhe dar a paga merecida (“o meu direito está nas mãos do Senhor, a minha recompensa está depositada no meu Deus” – v. 4cd). Repare-se como o que é decisivo para o profeta é o ter cumprido, com fidelidade, a missão que Deus lhe confiou e a consciência de que Deus não o abandonou: se o profeta age em nome de Deus e tem o apoio de Deus, tudo o resto é secundário.
Qual foi a missão que foi confiada ao profeta? Fundamentalmente, reconduzir Jacob a Jahwéh, reunir Israel a Deus (v. 5). Provavelmente, faz-se aqui alusão à missão confiada aos vários profetas que Deus enviou ao seu Povo, que procuraram – às vezes inutilmente – reconduzir o Povo de Deus à órbita da aliança.
No entanto, a missão alarga-se e universaliza-se (v. 6), agora que Israel se movimenta num cenário internacional (nesta fase, o Povo de Deus está exilado numa terra estrangeira). O que Deus vai realizar em favor de Israel será um acontecimento universal, visível para todas as nações. Da ação salvadora de Deus, brotará uma luz que iluminará todos os povos, que os fará descobrir Deus e aderir a Jahwéh.
ATUALIZAÇÃO
• A idéia fundamental que brota deste texto é a certeza de que é Deus quem está por detrás de toda a experiência profética… É Deus quem elege o profeta e quem lhe destina uma missão, desde o seio materno; é Deus quem coloca a sua Palavra na boca do profeta; é Deus quem protege o profeta e quem o recompensa… Seria impensável falarmos em profecia, sem falarmos de Deus. Tenho consciência desta centralidade de Deus na minha vida?
• A profecia não é uma realidade reservada a pessoas especiais, mas é uma missão que brota do meu compromisso batismal. Tenho consciência de que sou chamado a ser profeta – isto é, de que sou chamado a ser Palavra viva de Deus?
• Apesar do sofrimento, das perseguições, dos fracassos, a missão do profeta é ser “luz das nações”, para que a salvação de Deus “chegue aos confins da terra”. O meu programa de vida é, verdadeiramente, ser uma luz que ilumina o mundo e que dá esperança aos homens? Os pobres, os marginalizados, os excluídos, os humildes, os explorados, os injustiçados encontram em mim o testemunho da salvação de Deus que os liberta e que os salva?
• Para que a Palavra proclamada seja Palavra de Deus, é necessário que eu viva uma relação de comunhão e de intimidade com Deus: só nesse diálogo serei impregnado da vida de Deus, me aperceberei dos projetos de Deus e poderei anunciá-los aos homens. Vivo nesta relação próxima, dialogante, com Deus? Aquilo que transmito e proclamo são Palavras de Deus, ou são as minhas palavras, os meus esquemas, os meus interesses pessoais?
2ª leitura – Atos 13,22-26 - AMBIENTE
No ano 46, Paulo e Barnabé deixaram a comunidade cristã de Antioquia da Síria e partiram por mar para anunciar Jesus no mundo helênico. Depois de terem passado em Chipre, desembarcaram em Perge, na costa meridional da Ásia Menor. Depois, dirigiram-se por terra para as cidades do interior e chegaram a Antioquia da Pisídia. Num sábado, “entraram na sinagoga da cidade” (At. 13,14), a fim de participar na liturgia sinagogal. Convidado a falar, pelos chefes da sinagoga, Paulo aproveitou para anunciar Jesus à comunidade judaica aí reunida (cf. At. 13,16-41). O texto que nos é proposto como segunda leitura é um pequeno excerto do discurso que, nesse contexto, Paulo pronunciou.
Trata-se do primeiro discurso posto por Lucas na boca de Paulo; contém alguns dos temas que estarão presentes de agora em diante, na sua pregação aos pagãos.
MENSAGEM
O discurso posto por Lucas na boca de Paulo consta, sobretudo, de reflexões sobre o Antigo Testamento. Faz uma rápida síntese da “história da salvação”, indicando alguns dos seus fios condutores, para mostrar que tudo converge para Jesus e que tudo culmina em Jesus.
É neste contexto que nos aparece a referência a João Baptista. Ele é apresentado como aquele que veio preparar a vinda de Jesus, propondo um batismo de conversão (a expressão grega “batisma metanoías” faz alusão a uma transformação radical das mentalidades, a fim de que a proposta do “Reino” trazida por Jesus possa encontrar acolhimento no coração e na vida de todos os homens) a todo o povo de Israel (v. 24). João Baptista não é o Messias esperado, mas o profeta que anuncia aquele que virá a seguir e ao qual o próprio João não se sente sequer digno de “desatar as sandálias” (v. 25). A expressão denuncia essa consciência que o profeta tem de ser apenas um simples e frágil instrumento de Deus.
Repare-se, ainda, como João se esforça por não apontar para si mesmo, mas para Cristo. A missão do profeta não é dirigir o olhar do mundo na sua própria direção, mas sim o orientar o coração dos homens para o essencial, para Deus.
ATUALIZAÇÃO
• O profeta é alguém chamado a testemunhar Deus no meio dos homens, mesmo quando os homens preferem ignorar Deus e edificar a sua vida à margem de Deus. João Baptista, o profeta, assumiu plenamente a missão de testemunhar Deus: convocou os homens para o encontro com o Deus encarnado, convidou os homens a despirem o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, a violência, a ganância, e a preparar o coração para acolher a proposta de salvação que Deus veio fazer, em Jesus. Este programa não perdeu atualidade: o apelo à conversão, à revolução das mentalidades e das atitudes e o convite a acolher a libertação que Deus nos oferece continuam a fazer sentido e a ser o núcleo essencial do anúncio profético. É este o meu programa?
• O profeta é um instrumento simples, limitado e frágil, através de quem Deus age no mundo. Isto revela, por um lado, que Deus se manifesta na simplicidade e na fraqueza e que é aí que devemos procurá-l’O (Ele nunca está no poder, na riqueza, na força, na prepotência, na imposição); isto revela, por outro lado, que o profeta não tem de que se orgulhar ou envaidecer: não são as suas qualidades que são determinantes, mas sim a ação de Deus.
• O “caminho profético” não passa por concentrar em si próprio a atenção das multidões, exibir-se e receber a adoração das pessoas, ser admirado e aclamado, conseguir sucesso e aparecer nas revistas sociais, promover a imagem e tratar por tu os que mandam no mundo, exibir brilhantes qualidades e criar clubes de fãs. O profeta é o “servo” de Deus, que se esconde atrás do cenário enquanto aponta os focos para Deus e cuja função é fazer incidir em Deus os olhos dos homens… Não é o profeta que deve aparecer; mas, nele, é Deus que os homens devem encontrar.
AMBIENTE
O “Evangelho da Infância”, na versão de Lucas, põe em paralelo as figuras de João e de Jesus (ao anúncio do nascimento de João – cf. Lc. 1,5-25 – corresponde o anúncio do nascimento de Jesus – cf. Lc. 1,26-38; à história do nascimento de João – cf. Lc. 1,57-80 – corresponde a história do nascimento de Jesus – cf. Lc. 2,1-21). Este paralelismo serve para iluminar a relação existente entre os dois – uma relação que a reflexão eclesial foi aprofundando e ampliando desde as tradições mais antigas.
Na época em que Lucas escreve, as comunidades cristãs conhecem os discípulos de João, cuja atividade proselitista chegou à Ásia Menor (cf. At. 18,24-19,7). Provavelmente, havia quem confundia João com o Messias… Neste contexto, a comunidade lucana quis deixar claro o papel relevante de João na economia da salvação mas, ao mesmo tempo, afirmar a subordinação de João a Jesus… A superioridade de Jesus em relação a João está, aliás, bem patente na diferença entre o relato do anúncio do nascimento de João e o relato do anúncio do nascimento de Jesus; está também patente no encontro de Maria com Isabel, em que a própria mãe de João proclama Maria como a mãe do seu Senhor, reconhecendo a inferioridade do seu filho em relação a Jesus (cf. Lc. 1,39-45); está, ainda, patente no relevo dado pelo evangelista ao relato do nascimento de Jesus (que é longo, rico de pormenores e está carregado de teologia) em detrimento do relato do nascimento de João (que é contado em poucas linhas, sem grande riqueza de detalhes).
MENSAGEM
O relato começa com a descrição do quadro de alegria que acolheu o nascimento do filho de Zacarias e de Isabel (v. 57-58). A alegria – um dos elementos característicos da teologia de Lucas – significa que chegaram os tempos novos, os tempos do cumprimento das promessas de Deus, o tempo da misericórdia de Deus.
Por alturas da circuncisão (no oitavo dia depois do nascimento, data legal da circuncisão, segundo Gn. 17,12 e Lv. 12,3), põe-se a questão do nome que irá ser dado ao menino (no Antigo Testamento, o nome é dado à nascença – cf. Gn. 4,1; 21,3; 25,25-26; mas aqui aparece o costume helenista, assumido pelo judaísmo mais recente). Os vizinhos e parentes dão como adquirido que o menino se chamará como o pai. No entanto, Isabel e Zacarias escolhem um outro nome: João (sugerido pelo anjo, aquando do anúncio do nascimento do menino – cf. Lc. 1,13). O nome significa literalmente “o Senhor concede graça”: o menino é um “dom de Deus” e o primeiro sinal da graça que Deus vai derramar sobre os homens, através do Messias que está para chegar. Por outro lado, o acordo da mãe e do pai sobre um nome que não era familiar aparece como divinamente inspirado.
Diante do nascimento de João, Lucas nota o espanto e o temor de todos os presentes. O espanto (v. 63) é a reação habitual das multidões diante dos milagres (cf. Lc. 8,25.56; 9,43; 11,14; At. 3,10) e de outras manifestações divinas (cf. Lc. 24,12.41; At. 2,7); o “temor” (v. 65) define a atitude normal do homem diante do mistério, do transcendente, do divino (Lucas fará referência ao “temor” diante das revelações – cf. Lc 2,9; 9,34 – dos milagres – cf. Lc. 5,26; 7,16; 8,25.37; 24,5.37 – e de outras intervenções divinas – cf. At. 5,5.11; 19,17).
O quadro completa-se com a indicação de que, “de fato, a mão do Senhor estava com ele” (v. 66). A expressão inspira-se no Antigo Testamento, onde serve para exprimir a proteção de Deus sobre os seus fiéis (cf. Sl. 80,18; 139,5) e a sua ação sobre os profetas (cf. 1Re. 18,46; 2Re. 3,15; Ez. 1,3; 3,14.22; 8,1). Aqui, significa que João tem a proteção de Deus e que Deus age nele. Tudo isto define um quadro de intervenção e de presença de Deus, mostrando que toda a existência de João se compreende à luz da iniciativa divina.
No final da leitura (v. 80a), apresenta-se uma fórmula usada para resumir a infância de certas figuras que desempenharam papéis de referência na história do Povo de Deus (Sansão – cf. Jz. 13,24-25; Samuel – cf. 1Sm. 2,26). Há também uma referência à ida de João para o deserto (v. 80b); deserto é o lugar onde Israel fez a sua experiência de encontro com o Deus libertador, onde sentiu de forma especial o amor de Deus e onde o Povo assumiu o compromisso da aliança: é essa experiência que João vai fazer, para depois a apresentar ao seu Povo. Além disso, a referência ao deserto prepara a próxima aparição de João no Evangelho, cerca de trinta anos depois (cf. Lc. 3,1-3).
No relato transparece, de forma especial, a centralidade de Deus em todo o processo. João é um “dom de Deus”, vem com uma missão de Deus e é um sinal da presença de Deus no meio do seu Povo.
ATUALIZAÇÃO
• A história de João fala-nos, em primeiro lugar, de um Deus que ama os homens e que tem para lhes oferecer um projeto de salvação e de vida plena; é por isso que Ele inventa formas humanas de vir ao encontro dos homens, de lhes fazer chegar a sua Palavra e as suas propostas, de os questionar e interpelar com a Palavra profética… Ao celebrar esta solenidade, estamos a celebrar o Deus/amor, que se revela na figura do profeta João. Eu tenho sido sempre, para os meus irmãos, um “dom de Deus”, um sinal vivo e profético do Deus que os ama e que lhes oferece a salvação? Os “vizinhos e parentes” encontram em mim a manifestação de Deus?
• No relato do nascimento de João, transparece a centralidade de Deus na vida do profeta, desde o seio materno. O profeta é um homem de Deus, cuja vida tem origem em Deus, cuja vocação só faz sentido à luz de Deus, cujo alimento é o próprio Deus, cujas palavras são palavras de Deus. Tenho consciência de que Deus tem de estar no centro da minha vida e que a minha vocação profética só faz sentido se eu aceitar viver numa ligação “umbilical” com Deus?
• Embora os textos de hoje não refiram essa dimensão, convém, nesta solenidade, refletir acerca da forma como João Baptista viveu a sua missão profética. São particularmente questionantes o seu despojamento, a sua radicalidade, a sua entrega total à missão, a coragem com que ele enfrentou os poderosos, a sua capacidade de dar a vida para defender a verdade. Estas características fazem parte do “caminho profético”.
• No relato de Lucas, fica bem expressa a diferença entre João e Jesus… João não é a salvação; ele veio, apenas, dar testemunho da chegada iminente da salvação. O profeta precisa de ter consciência do seu papel e do seu lugar: ele não é “a luz”; a sua missão não é levar os homens a aderir à sua pessoa, mas à pessoa de Jesus. O profeta deve ter cuidado para não usurpar, nunca, o lugar de Deus.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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O filho de Zacarias e de Isabel – o que virá a ser este menino?
Aprendemos no domingo passado (17) com a parábola do grão de mostarda (a menor das sementes) que a proposta do Reino uma semente pequena e insignificante no começo, torna-se proposta universal, aberta a todas as nações e povos, que vão aderindo ao projeto de Deus, semeado por Jesus. Hoje, ao participar da Solenidade do nascimento de João Batista somos convidados a refletir sobre a vida e os passos deste profeta que aponta para Jesus dizendo: Eis o Cordeiro de Deus...! Este filho precioso de Zacarias e Isabel começou a crescer na presença de Deus, a crescer e se fortalecer no Espírito para ser o profeta do Altíssimo, para preparar o caminho para Israel. Assim o menino João começou o seu desenvolvimento físico e espiritual desde cedo. João batista desempenha um papel importante no projeto de Deus para a humanidade. Foi o precursor de Jesus. Preparou o caminho para a vinda de Jesus Cristo. No Rio Jordão, pregava e batizava seus milhares de seguidores dizendo: “Eu batizo vocês com água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu. Ele batizará vocês com o Espírito Santo” (Lc. 3,16). Isaias profetizou o nascimento de João (Is. 49). ”Escolhido por Deus desde a fragilidade do ventre materno, o servo é enviado para dar testemunho da Luz e preparar o caminho do Senhor”.
João Batista veio dar testemunho da verdadeira Luz que é Jesus. Vejamos: Com a gravidez de Isabel (considerada estéril e idosa), terminou o período de recordar as promessas. O tempo de Deus chegou. As promessas de Deus feitas a Zacarias se realizaram. No oitavo dia como de costume, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome de seu pai “Zacarias”, porem a mãe diz: “Não! Ele vai chamar-se João”. Os vizinhos e parentes insistem lembrando Isabel que não existe nenhum parente com este nome! Então fizeram sinais para o pai perguntando como ele queria que o menino se chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha e escreveu: “João é o seu nome”. No mesmo instante a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou e ele começa a louvar a Deus. Todos ficaram admirados e diziam: “O que virá a ser este menino?” Zacarias era sacerdote do Templo e seu filho único pelos costumes da época deveria receber o nome do pai para manter sua linhagem sacerdotal hereditária. Ao dar o nome de João ao menino, acontecia o prenúncio de ruptura com as estruturas religiosas do Templo de Jerusalém. Todos diziam: “O que virá a ser este menino longe da estrutura do Templo?”
As leituras da natividade de João Batista nos ensinam que a ação de Deus não conhece limites e, diante dela, toda inteligência e força humana se calam.
Pedro Scherer
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