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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Comentários do Prof. Fernando


Introdução geral às Leituras da 26ªsemana T.Comum - 26 set. a 02 outubro)

e COMENTÁRIO à 1ª LEITURA (e à 2ªleitura) do 25º DOMINGO do T.Comum

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· para ver todas as leituras numa só Página siga o “Link” clicando sobre cada um das datas

· para ver cada leitura numa página: .“serviços/liturgia diária em: http://www.cnbb.org.br/site/#

26/09 26ºDOMINGO do Tempo Comum Am 6,1.4-7 Sl 146 1Tm 6,11-16 Lc 16,19-31

27/09 SEGUNDA Jó 1,6-22 Sl 17 Lc 9,46-50 S. Vicente de Paulo

28/09 TERÇA Jó 3,1-3.11-17.20-23 Sl 88 Lc 9,51-56 terça da 26ª

29/09 QUARTA Dn7,9-14(ouAp 12,7-12) Sl 138 Jo 1,47-51 Sts. Miguel, Rafael, Gabriel

30/09 QUINTA Jó 19,21-27 Sl 27 Lc 10,1-12 S. Jerônimo

01/10 SEXTA Jó 38,1.12-21.40,3-5 Sl 139 Lc 10,13-16 Sta.Teresinha do menino Jesus

02/10 SÁBADO Ex 23,20-23 Sl 91 Mt 18,1-5.10 Stos. Anjos da guarda

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Exceto nos dias 29/9 e 1/10 (festa e memória: Santos Anjos Miguel, Rafael, e anjos da guarda),

as Leituras da 26ª semana do Tempo Comum são do livro de Jó ; o evangelho : Lucas 9 e 10.

1) livro de Jó: Mesmo que a tradições judaica e cristã classifiquem o livro de Jó entre os Escritos de sabedoria, esse poema constitui um livro original e único na bíblia. Verdadeira obra prima da literatura universal, o seu tema, por assim dizer, é a questão do sofrimento e da morte. O sofrimento do inocente e o confronto com a morte. Jó é o personagem que ficou conhecido como “o justo sofredor”. Parece abandonado até por Deus, além de perder toda a família e passar, de muito rico e saudável, a muito pobre e doente. No longo diálogo poético da parte central, surgem três amigos que procuram justificar o sofrimento de Jó baseados na tese comumente aceita em sua época que dizia: Deus é justo e, se Jó está sofrendo tantas desgraças, é por conta de seus pecados. Frente a essa “doutrina da retribuição

Jó protesta sua inocência, sem deixar de demonstrar sua dor, gemidos e gritos dentro da noite de sua alma. Nós o vemos manifestar sua revolta mas sempre o ouvimos revelando acima de tudo uma tal conformidade que sua história tornou popular a expressão “paciência de Jó”. “O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor” (cap 1, v21). A angústia do sofrimento, sobretudo do inocente, é tema que não apresenta nenhuma teoria satisfatória sobre a origem do mal e do sofrimento humano. Do prólogo ao Discurso final de Jahwé, muitas questões são lançadas mas não as respostas. No último ato o personagem principal é o próprio D’ us. Falando “do meio da tempestade” – expressão típica das teofanias (manifestações divinas, como no Sinai - Ex 19,16). Aí se encontra um poema grandioso sobre o Criador, aquele que fez os mares e toda a natureza. O autor quer motivar a Confiança como se nos dissesse: Ok, vocês são realmente impotentes mas estão nas mãos de D’ us. Nas adversidades ele está presente e não deixará vocês serem destruídos.

Na cena final Jó retoma a palavra caindo na conta, por assim dizer, de que a Sabedoria está muito além das explicações ditas “racionais” e nos leva a pensar que D’ us é D’ us e que seus mistérios transbordam nosso cálculo estreito e análises parciais. É preciso fazer a experiência da fé. Por isso ele termina com as palavras típicas dos místicos:

“Eu te conhecia pelo que escutei mas, agora, meus olhos te viram” (cap42,v.5). Sobre essa experiência comenta VELASCO (V;.J.M., A experiência cristã de Deus, SP, 2001) : “a instalação numa tradição religiosa e o fato de haver sido socializado nela conduza a situações em que a pessoa ‘sabe de Deus por ter ouvido”, crê, se cabe falar assim, ‘por procuração’, com uma fé que se reduz a aceitar os diferentes elementos (culturais, doutrinais, institucionais) dessa tradição. Para sair dessa situação de fé herdade, possuída, ‘inercial’, (...) é indispensável que o sujeito desperte para a experiência da fé, (...) deslocando-se no movimento de confiança absoluta. (...) Nesses momentos, provocados por experiências muito diferentes, o homem faz a experiência de fé e prorrompe em expressões como a de Jó: ‘conhecia-te de ouvido, mas agora viram-te meus olhos’. Nesse caso a visão consiste, não tanto em ver Deus, como em reconhecer pessoalmente que Ele é o invisível, o Mistério a quem não cabe pedir contas – como,a partir de sua religião anterior, ele havia pretendido”.

· - Na segunda, dia 27 a liturgia nos apresenta o início da estória de Jó.

· - Na terça, dia 28, aparece toda a dor e revolta de Jó com seu sofrimento: teria sido melhor não ter nascido!!!

· - Na quinta, dia 30, em vez de admitir as teses tradicionais (que “explicavam” a dor humana como um castigo de pecados passados – a “doutrina da retribuição” )Jó apresenta, não mais o grito de sofrimento e desespero como na leitura anterior (cf. terça-feira) mas, uma oração de fé e confiança: eu sei que meu redentor está vivo!!!

· - Finalmente, na sexta, dia 1 de outubro, o trecho do livro de Jó é tirado do grande discurso do Senhor (cap.38ª41) que é uma espécie de conclusão desse grande drama. Se pudéssemos resumir esse grande poema em poucas palavras talvez seria o caso de dizer: Deus é Deus e não cabem em nosso entendimento a explicação de todos os mistérios da vida e do mundo.

2) Lucas: no trecho final do cap.9

· na segunda-feira, conclui-se a parte terceira referente às atividades de Jesus na Galiléia. Jesus indicando novamente que os considerados “menores” aos olhos do mundo são os maiores no Reino. Deus pode agir em pessoas e lugares inesperados.

· - No cap.9,50 (terça-feira) começa a 4ª.parte de Lucas : a grande viagem rumo a Jerusalém e à consumação da obra de Jesus em sua paixão e ressurreição. Diante da rejeição dos samaritanos os discípulos querem punição. Deus, ao contrário, está sempre deseja misericórdia. Não acontece também conosco? quando rejeitamos os demais –– e quando pensamos que deveriam ser “como nós”, porque somos crentes e fiéis, seguidores de Jesus, etc. etc. (quase só faltaria acrescentar como aquele arrogante fariseu em sua famosa oração: ‘graças vos dou porque não sou como os outro homens’ )...

· - Na quinta-feira, o cap.10 começa com a indicação dos discípulos enviados em missão: em número de 70 ou 72, conforme alguns manuscritos. O texto lembra Gênesis 10 em que também são 70, na versão hebraica (ou 72, na versão grega) da bíblia o número das nações pagãs. De qualquer modo, Lucas está apontando para uma missão de evangelização que não se restringe somente aos 12 apóstolos mas a todos os discípulos. E dá várias recomendações aos anunciadores da Boa Nova do evangelho: derramar paz por onde passam, com tudo aquilo que a expressão hebraica incluía nessa bênção: saúde, prosperidade, felicidade, etc. ; curar os doentes; mostrar a proximidade do Reino. Esse talvez seja um bom texto para nos ajudar num exame de consciência a respeito de nossas catequeses e de nossos modos de comunicação em nossas comunidades cristãs ou com todas as pessoas a quem anunciamos o Reino, com gestos, atitudes ou palavras.

· - Na sexta, o Mestre lembra que escutar ou desprezar a mensagem do Evangelho tem suas conseqüências graves para a vida dos que atendem ou não à pregação dos discípulos. Estes são, por assim dizer, os reveladores de Jesus, que é o revelador do Pai. Não se trata, portanto, de uma mensagem qualquer. na vida dos ouvintesdar ouvidos à mensagem

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3) as LEITURAS do DOMINGO, 26 de setembro de 2010

1ª. leitura = Amós 6,1.4-7 O profeta Amós, chamado de “paladino da Justiça” é o mais preocupado com as injustiças sociais. Numa série de 3 discursos (iniciados em 5,7 até 6,14 ele proclama três “Ais”. A palavra, que era um grito de lamentação próprio dos funerais tornou-se (talvez até devido a Amós) expressão de maldição de desprezo ou proclamação de amargura pelo que (ou por quem) já deveria estar morto. Jesus empregará também esses “Ai de vós” em várias ocasiões mostrando sua condenação ao comportamento mau.

Na leitura de hoje é o começo do discursos do primeiro “Ai” que condena terríveis injustiças sociais de seu tempo (há cerca de 750 anos a.C.). Amós tinha se acostumado a observar o mercado e o comércio de seu tempo era por assim dizer um “economista” da época. Além disso especializou-se em analisar o comércio e relações internacionais de sua época. Baseando suas reflexões sobretudo no Êxodo foi ao mesmo tempo um defensor da legítima tradição de Israel e também o primeiro a compreender o papel das várias nações nos planos de Deus interpretando que, de forma misteriosa, Deus estava sempre agindo no mundo real e concreto da vida econômica e social. Talvez por essa sua trajetória intelectual e espiritual tinha uma compreensão de Jahwé como o Deus que amava preferentemente os pobres, o Senhor que libertou seu povo da escravidão para conduzi-lo a uma terra de paz e prosperidade. Amós não condena nem a política nem o comércio mas grita contra a humilhação imposta aos pobres. Impostos, expulsão de pequenos proprietários de suas terras enquanto as famílias nobres se entregam ao luxo e à opulência. O texto prepara a parábola de Jesus no evangelho de hoje: “Ai dos que vivem despreocupadamente (...) dormem em camas de marfim e em seus divãs, comem (...) bebem (...) e se perfumam com os mais finos óleos,sem se preocupar com a ruína de José (do reino)

2ª. leitura = 1ª.carta a Timóteo 6,11-16 Aqui o autor encerra a lista de recomendações sobre os “deveres domésticos” que ao longo da carta não são dirigidos apenas às famílias mas aos diáconos e a todos os ministérios e, enfim, a toda a assembleia da comunidade cristã. No contexto desse capítulo, no verso anterior (v.10) é citado um provérbio conhecido à época: a raiz de todos os males é o amor do dinheiro. A Timóteo, no entanto, o autor incentiva às virtudes começando (verso 11) pela exortação: tu, como homem de Deus, foge dessas coisas, procurando a justiça, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão.

Evangelho = Lucas 16,19-31 [ algumas reflexões são de S. Leiva OP, in homiletica . org ]

Não sabemos como é a vida depois da morte. Isso não é revelado na bíblia e nem Jesus em sua humanidade poderia sabê-lo como se tivesse uma “informação privilegiada”. Atualmente há uma verdadeira onda nos meios de comunicação e quase virou moda especular sobre essa questão com descrição em detalhes do além.

Anos atrás Hollywood produziu um de seus sucessos cinematográficos com o filme “Ghost” (no Brasil com o subtítulo “do outro lado da vida”, 1990) que ganhou a simpatia e afeição do público em todo o mundo, por seu roteiro e seus ótimos atores: Whoopi Goldberg e o par romântico Demi Moore e Patrick Swayze. Esse filme romântico satisfaz um conhecido traço da cultura americana marcada por uma extraordinária curiosidade e interesse por amáveis e bonzinhos seres fantásticos como extra-terrestres, fantasmas ou bruxas. Até a festa do dia das bruxas, o “Halloween” é muito querida pelas crianças e pelas famílias talvez tanto quanto o “Dia de ação de graças”, o “Independence Day” ou o Natal. Na literatura ou nos filmes a cultura de massa também não deixa de utilizar uma boa briga de socos, barulhentos tiroteios e aprecia as estórias de vampiros, mortos-vivos ou monstros. Esses seres também povoam um filme-catástrofe, o tradicional gênero policial e os de suspense sendo muito comum aqueles que têm como cenário pequenas cidades do interior aparentemente inocentes. Poderíamos acrescentar ainda os filmes de exorcistas, possessões e outros do gênero “demoníaco’... A cultura de massa americana consegue fazer qualquer tema virar um livro best-seller ou um fenômeno de bilheteria bilionária.

. A atração provocada por esses temas, especialmente os que têm alguma relação com o “além-túmulo”, também ocorre em nosso país. Deve-se provavelmente, em parte à influência cultural americana que corre o mundo como a coca-cola ou o fast-food, mas em parte também por traços culturais nativos. Qualquer um pode constatar recente e crescente divulgação pelos meios de comunicação de massa de idéias de modernos “profetas” que trazem uma “revelação” mais atraente que a multimilenar história da Religião hebraica ou os dois milênios de cristianismo em suas várias tradições, ritos e inculturações históricas.

É bom lembrar que praticamente todos esses movimentos merecem nosso respeito especialmente quando nascem de religiões, como, entre nós, as de origem africana. Muitos também seguem o que se chama também de “filosofia de vida” (concepções e práticas voltadas para a busca da paz interior, a meditação, o aperfeiçoamento do ser humano e incentivo à solidariedade) muitas vezes acompanhada até de ritos ou reuniões de tipo cultual, razão pela qual podemos às vezes chamar uma dessas “filosofias” de semi-religiosas. Em geral são grupos de pessoas ou organizações sociais de origem asiática ou oriental em geral, derivada de tradições milenares ou mesmo de fundação mais recente, do séc. 19 oU 20.

No fundo a maioria das pessoas (nós incluídos, quem sabe....) talvez acolham determinadas ideias, práticas ou crenças – seja sob a forma de Religião ou de uma “filosofia de vida” – porque estão inconformadas com a morte. E todos fazem a mesma pergunta: o que acontecerá após a morte? Se a terra não é para nós um lar definitivo, como viver sem ter a resposta?

A parábola do rico – despreocupado com os mais necessitados – e o pobre Lázaro não traz uma solução para a questão da vida após a morte. É típico do estilo bíblico-literário chamado “Parábola” possuir uma questão central, uma “mensagem” nuclear de tal modo que não podemos encontrar em cada pedaço da estória contada uma respectiva revelação ou definição cobrindo muitas questões e outras perguntas conexas.

Toda parábola tem nesse ponto central o eixo em torno do qual gira a estória contada. Isso os impede interpretar isoladamente cada pedaço ou detalhe. O texto da Parábola de hoje situa-se num contexto referente ao uso das riquezas, dentro do esquema organizado por Lucas. Sem dúvida, o interesse dos evangelistas, como o de Jesus (e certamente também o nosso), implica um grito de inconformismo diante da injustiça.

Para Jesus – como para nós – não é aceitável que Deus receba igualmente o rico (ele não tinha um pingo de compaixão) e o pobre, humilhado e faminto, que vivia exatamente à frente da porta de seu palácio. Clamamos por Justiça, assim como as pessoas a qu acima nos referimos procurando uma “explicação” satisfatória para o que vai acontecer após a morte dos dois personagens.

Nossa fé proclama que Deus não age por vingança nem deseja a morte do homem mau. No Credo afirmamos que somos criados à imagem e semelhança do Pai. A nós foi confiada a administração do mundo e da história e, assim, somos responsáveis pela superação das dificuldades terrenas. Não podemos viver isolados dentro de nossas “roupas finas” nem desconhecer o que se passa à volta, apenas embriagados por nossas festas diárias. Cabe-nos tomar conhecimento de que Lázaro está à nossa porta, tendo apenas a atenção dos cachorros de rua que só querem lamber suas feridas.

As imagens usadas nesse texto (seja pela composição literária de Lucas seja porque escolhidas pelo próprio Jesus, contador dessa estória) não correspondem propriamente aos conceitos (posteriormente fixados nas doutrinas cristãs) de “céu” e “inferno”. As imagens são tiradas da cultura conhecida por Jesus e seus ouvintes.

O “seio de Abraão” (para onde os anjos levaram o pobre Lázaro após sua morte) é expressão do lugar de honra na “festa messiânica” (cf. Is 25,6; Lc 13,28-29; 14,15; 22,16.18 e 30). Esse festim é uma das comparações mais usadas por Jesus para o “Reino de Deus” por ele anunciado. A “morada dos mortos” era a representação comum entre os judeus que indicava o lugar oposto ao festim dos Patriarcas. Alis ficavam os que morriam longe da justiça de Deus. No “diálogo” com Abraão, o rico escuta a terrível afirmação de que, após a morte, não há mais chance para reverter as duas situações: a “consolação” para o pobre e o “sofrimento” para quem já teve a felicidade vivida de forma egoísta e separada (verso 25).

No “ápice” da parábola, portanto, não há uma preocupação com qualquer doutrina sobre como será o prêmio ou o castigo eternos. É certo que a imagem do “abismo” que separa os dois “lugares” não encontra paralelo em nenhum outro lugar bíblico ou nas crenças judaicas deixando claro que depois da morte o destino do rico e do Lázaro estão definitivamente fixados.

Mas o “ápice” ou núcleo central da parábola encontra-se na conclusão. Jesus, como sempre, está preocupado com a importância da conversão e da fé a fim de que seus ouvintes cheguem ao “Reino” e não escolham sua “condenação”. Tal era também a preocupação dos Profetas até o último deles, João Batista que insistia na conversão sendo o batismo um rito próprio para significar uma mudança de atitudes.

Em outras palavras (terríveis e definitivas palavras) a Parábola aponta para a necessidade de ouvir a Lei e os Profetas pois, fora disso, nem mesmo uma comunicação trazida por um falecido nos convenceria. Tal a importância dessa Parábola para alcançarmos o “Reino” e escaparmos da “condenação”. Em outras palavras (terríveis e definitivas palavras...), se não ouvimos “A Lei e os Profetas”, nem a comunicação de um morto nos convenceria à mudança de vida, à conversão.

Essa a importância da parábola (versos 30e31): o “sinal” para a fé não são milagres sensacionais mas a Escritura (indicada nos termos judaicos de “A Lei e os Profetas”, cf. Lc 22, versos 27 e também v.44) isto é, a coerência com a Palavra revelada. Não temos outra revelação. E não temos outro caminho senão continuar, em nós, o mistério da Encarnação. Se Deus se fez homem para se tornar presente entre nós, nós também podemos “vizibilizar” Deus para o mundo quando fazemos o Bem, isto é, olhamos para Lázaro vamos cuidar dele começando por suas feridas.

Ao contrário, fechados em nossa elegância, de púrpura ou linho, só sabemos gastar dinheiro nos bailes de “cada dia” (verso 19) e temos os olhos fechados para descobrir Lázaro à nossa porta. Nesse caso somos nós mesmos que nos fechamos as portas do Reino. Não será por vingança de Deus nem por uma espécie de “karma” do passado. Essa atitude de fechamento nos salões do próprio palácio terá suas conseqüências. Mas foi nossa escolha. Ou nossa omissão.

É interessante notar que o rico da estória nem é descrito como um homem “mau” (ao contrário, chega até a se preocupar – um pouco tarde, é verdade – com seus cinco irmãos que continuavam “desligados” do amor. Seu pecado foi nem notar a existência do pobre Lázaro que, afinal, estava tão perto.

A Religião e muitas outras doutrinas e filosofias até podem nos trazer algum consolo diante da morte. Mas só a fé (feita de confiança e esperança) pode abrir nosso olhar para o amor. É durante nosso tempo de vida que podemos ter um novo olhar pelo qual aprenderemos a nos voltar para os mais feridos à volta ou cuidar dos pobres à nossa porta. É bom lembrar que não estamos restritos a dar esmola ao mendigo. E que não é só dinheiro e riqueza que podemos compartilhar com Lázaro. Cada um tem riquezas de conhecimento, profissão, experiência, responsabilidades sociais e políticas dentro de grupos ou instituições. Alguns profissionais cuidam expressamente de Lázaro curando até suas feridas: médicos, enfermeiros, psicólogos mas também produtores ou comerciantes de alimentos cuidam mais diretamente da saúde dos outros. Todos, no entanto devem “erguer o olhar” para além das janelas da própria casa e abrir os portões para encontrar o outro: pais ou filhos, colegas de trabalho, operários ou engenheiros, chefes ou auxiliares, ministros religiosos ou vizinhos na comunidade, cientistas ou estudantes...

Nenhum espírito humano – nem dos líderes ou celebridades desse mundo nem dentre os que já morreram – será capaz de nos trazer essa luz para nosso olhar. Somente o Espírito santo do Deus – que é amor – e que foi derramado em nosso coração, consegue nos mover (o olhar e as ações) de modo a compartilharmos nossa riqueza com Lázaro. O nome, aliás, significa “Deus salva”.

( prof.FernandoSM, Rio, fesomor2@gmail.com )

domingo, 19 de setembro de 2010

NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO - O ADMINISTRADOR ESPERTO

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HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO

19 DE SETEMBRO DE 2010

Ano C

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MUITO OBRIGADO A TODOS PELOS ELOGIOS, INCENTIVOS E SUGESTÕES. REZEM POR NÓS. PARA QUE O ESPÍRITO SANTO NOS PROTEJA DE TODO O MAL, PRINCIPALMETE DAS TENTAÇÕES, E NOS ILUMINE CADA DIA MAIS. AMÉM.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO DESTE DOMINGO



Comentários do Prof. Fernando

INTRODUÇÃO

A PAZ DE CRISTO – O MOMENTO POLÍTICO 2010

Prezado leitor. No atual momento em que estamos vivendo, (setembro de 2010), os noticiários falam de um Brasil bem administrado, que acabou de superar uma crise internacional, um Brasil com uma economia quase chegando ao equilíbrio, e apesar de mostrar muitos crimes, falam também de um Brasil auto-suficiente em petróleo, já pertencente ao grupo dos países exportadores. Isso sem falar no sucesso do etanol e dos nossos carros totalmente flexíveis. Que maravilha! Estamos orgulhosos de ser brasileiros!

Porém, neste mesmo momento de expectativas pelas próximas eleições, é importante lembrar o que os noticiários também falaram dias atrás sobre umas leis que estariam sendo tramitadas. Leis que, se ouvimos ou se entendemos direito, elas seriam a favor do aborto e do casamento de pessoas do mesmo sexo, e que enquadrariam de discriminadores, a todos que fizesse qualquer comentário a respeito dessas leis. Como católicos estamos preocupados. Já imaginou um sacerdote ser preso por se recusar celebrar um casamento?

Entendemos que em uma eleição, assim como qualquer disputa, seja de futebol, como de qualquer modalidade esportiva, os participantes precisam obedecer a todo o regulamento e deve vencer o melhor.

Não estamos aqui para atacar ou defender este ou aquele partido, nem para julgar ninguém de qualquer raça, cor, credo religioso, preferência sexual, etc. Isto porque se somos cristãos, somos seguidores daquele que não discriminou ninguém e nos ensinou que não devemos julgar para não sermos julgados.

Porém, imploramos aos legisladores desta referidas leis que pensem nas suas conseqüências, que revejam isso e publiquem a revisão enquanto é tempo. De preferência antes das eleições, que façam uma avaliação do futuro dos nossos jovens tendo em vista os passos que eles estão dando agora.

Nosso objetivo é promover a salvação e a paz de Cristo a todos os irmãos: Aos brasileiros, independente de suas origens, de suas escalas de valores, de suas preferências, de seus poderes políticos, econômicos e sociais.

Porque nós acreditamos que somos todos irmãos, somos todos filhos de um mesmo Deus, embora o queiramos ou não.

A PAZ DE CRISTO.

Sal.

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Domingo, 19 de setembro de 2010

O ADMINISTRADOR ESPERTO

“Achar que o mundo não tem um criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia.” (Benjamin Franklin)

Criatividade em vista do bem

Lc 16,1-13

Seja um bom administrador

ENTENDENDO O EVANGELHO

Vamos caminhando e procurando entender o evangelho de Lucas. Cada domingo é uma nova descoberta que fazemos. Assim como os outros redatores deste site o meu objetivo é fazer com que você leitor, compreenda o sentido real do evangelho.

A parábola de hoje reflete sobre o “ecônomo prudente”. Muitas vezes é visível no evangelho de Lucas a distinção entre ricos e pobres. O contexto sócio-econômico da época é marcado por uma realidade de divisão de classes.

O admisntrador tem ação de um fraudador. Ele, com receio da crueldade do patrão para com si, procura utilizar a sua sabedoria para enganar o patrão. O administrador tenta realizar o seu gesto de hospitalidade. Quando ele chama os devedores, que podem ser mais de dois, ele quer que estes prestem constas de suas dívidas, mas sem rigor.

Jesus elogia as astucia desonesta do administrador. Ele se tornou um ser esperto e fez isso não com bons objetivos, mas com intenções negativas. Entretanto, o administrador não usa o dinheiro como um fim, mas como um meio. Ou seja, ele quer escapar dos castigos que o mestre irá lhe impor. Ao fazer isso o administrador trás para perto de si as pessoas mais pobres e faz amigos.

Jesus observa que esta personagem tem, não só uma astúcia pessoal, mas a coragem de um homem de conseguiu fraudar o sistema de endividamento e de pagamento. Este homem supera os padrões econômicos da sociedade. Criar uma relação para a alternativa legal.

“Os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz”! O dinheiro é uma armadilha dupla. Pois, ele nos faz acreditar que vamos garantir a felicidade, mas chega um dia em que vamos retirar tudo o que nos faz felizes.

VIVENDO O EVANGELHO

Olá vivo leitor. Uma vez mais nos encontramos nas páginas da web para compartilharmos pensamentos.

A parábola que nos é apresentada faz nos observar os administradores astutos que existem. O ser humano, como é sabido, é o único animal racional, capaz de usar a sua inteligência. Porém, com toda essa capacidade nem sempre ele usa sua inteligência para o bem.

É interessante perceber como as pessoas arquitetam planos para fraudar uns aos outros. Há pessoas que passar dias tramando ações para matar o seu semelhante. Fato observável nos casos de assassinatos que vemos quase todos os dias na mídia.

Estamos em período eleitoral e nossos administradores estão apresentando suas propostas. Mas será que eles serão como o administrador do evangelho ou não se deixarão enganar-se pelo dinheiro? Escolha bem. E lembrem-se os filhos das trevas são bem mais espertos que os filhos da luz.

E você. E um filho da treva ou da luz? Serve a um ou a dois senhores? Tudo isso é necessário para vermos se em nossos pequenos atos estamos sendo fiéis as nossas propostas.

Não coisas outro mundo saber o que é bom ou o que é mal. Basta parar e pensar.

Você é melhor do que pensa ser!

SEJA SIMPLESMENTE FELIZ!

Professor Isaías da Costa

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Os bens que Deus confia a nossa administração não devem ser gastos de maneira egoística!Mas devem ser usados conforme à vontade de Deus.

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Estranhamente, no Evangelho de hoje, Jesus se utiliza de uma pessoa corrupta para ensinar algo útil para nossa vida de cristãos. Mas como é possível ser elogiado um homem que se apropria indevidamente de bens alheios e faz amigos à custa do patrão?

“Havia um homem rico que tinha um administrador, e este foi acusado...”: é assim que começa a parábola do Evangelho deste domingo, o relato de um administrador que, durante anos, cometia fraudes contra o seu patrão, até que não conseguiu mais. É uma história que se repete desde há muito tempo até hoje, semelhante a tantas histórias dos nossos dias que continuamente lemos nos cotidianos e escutamos nos telejornais: histórias de fraudes e furtos, arquitetadas com perfeição, por pessoas, talvez muito notáveis, que roubam grandes quantias de dinheiro, prejudicando grandes e pequenos.

Não é uma novidade, e digamos logo, nem mesmo é raro: está cada vez mais comum ouvir e ver casos assim; mas sempre chega o momento da verdade, quando descobertas as fraudes, começa a caça ao ladrão, que obviamente, nunca está sozinho e faz de tudo pra escapar. Desonestidade, engano, fraude: é a lógica do “mundo”, a lógica dos espertalhões que não têm escrúpulos em enriquecer às custas dos principalmente mais pobres.

A parábola fala precisamente de um homem rico que soube que seu empregado estava lhe roubando, e, por isso, ele exige uma prestação de contas antes de demitir tal empregado; este, por sua vez, com muita esperteza, raciocina: ‘vou ser demitido, não tenho como me defender. Como vou me sustentar? Não posso encarar um trabalho braçal e tenho vergonha de pedir esmolas. Já sei o que vou fazer. Vou diminuir as dívidas que as pessoas têm com meu patrão; assim, elas ficam me devendo este favor e por isso, vão me ajudar com algo enquanto eu estiver desempregado’.Muito espertinho o empregado!

Na época, a cobrança de juros era proibida pela Lei, assim, para obter o máximo dos outros, os vendedores diminuíam medidas para ganhar mais, aumentavam pesos quando vendiam, adulteravam balanças, compravam os pobres com um par de sandálias (ou hoje com uma prótese dentária ou um exame de vista), nada diferente do que existe por aí em todos os âmbitos da sociedade. Então, aquele empregado resolve reduzir as contas devidas ao seu valor real, perdendo os juros para o patrão e fazendo amigos para si mesmo. Usou o presente para providenciar o futuro Jesus com esta parábola constata: “realmente, os filhos 'deste mundo' são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. Somo filhos da luz, seguimos a luz do mundo que é Jesus; mas, muitas vezes, como cristãos, nos faltam a prontidão e o zelo daquele administrador da parábola em vez de ficarmos nos lamentando e reclamando.

Por isso, Jesus com base nessa verdade, dá três orientações com relação ao uso do dinheiro. Primeiramente, que devemos usar o

dinheiro em favor do nosso próximo. Os bens que Deus confia a nossa administração não devem ser gastos de maneira egoística em vista de uma “boa vida”, mas devem ser usados conforme à vontade de Deus. Ou seja, sendo uma bênção para o outro. Jesus fala de dinheiro, mas aí devemos incluir tudo o que é bem terreno: as nossas capacidades, talentos, educação recebida etc. Tudo deve ser administrado fielmente e não pode ser esbanjado para engrandecer a nós mesmos e para o bem da nossa pessoa. A maneira como nos relacionarmos com o dinheiro contará muito para o nosso bem espiritual. Em segundo lugar, ele nos ensinou que em tudo o que fizermos devemos ter bem claro na mente a honestidade: quem é fiel, quem é honesto no pouco, será no grande. Quem é desonesto nas pequenas coisas, também o será nas grandes; não podemos nos enganar e pensar que nas grandes coisas nos comportaremos de modo diferente. É como quando conseguimos um emprego de vendedor numa loja. Somente, se o patrão estiver seguro da nossa honestidade nas pequenas coisas, ele nos eleva de cargo. Até mesmo nas mínimas coisas da nossa vida, devemos ser honestos , principalmente com Deus.

Por fim , Jesus nos alerta o para o perigo do dinheiro atrapalhar a nossa relação com Deus.Pois, estando envolvidos somente com lucro, corremos o risco de o colocarmos no lugar de Deus, já que não se pode servir ao mesmo tempo a dois senhores.Às vezes, pensamos que ser cristãos significa ser ingênuos; que o cristão deve rejeitar as espertezas do mundo, deve opor-se aos compromissos do mundo e às astúcias da sociedade, deve evitar a ambigüidade e a vida dupla dos prepotentes: numa palavra deve ser simples. É! Mas devemos entender que não podemos ser ingênuos.

Jesus não elogia quem age de maneira desonesta, mas ele nos convida a usarmos da esperteza como aquele empregado desonesto que viu que aqueles bens estavam prestes a acabar e se tocou com eles poderia buscar valores mais duradouros, como os amigos que fazemos quando praticamos o amor ao próximo.

Não podemos servir absolutamente a dois senhores, devemos escolher: ou Cristo ou o dinheiro; e é uma escolha radical, uma escolha

urgente, ontem e hoje mais do que ontem, exatamente porque no nosso tempo, prevalece a cultura do ter e a mentalidade que vale mais quem tem. Portanto, não podemos nos intitularmos cristãos e seguir a lógica do mundo, não podemos nos considerar discípulos de Cristo e viver de um egoísmo ávido e insaciável. O ser discípulo de Cristo, não admite compromissos nem acomodações; e se, como filhos da luz, escolhemos segui-lo, como Ele devemos fazer-nos dom de amor ao próximo, aquele próximo que um dia nos acolherá nas Moradas eternas.

Amém

Abraço carinhoso da prof ª

Maria Regina

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NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO

O ADMINISTRADOR ESPERTO

A liturgia do XXV Domingo do Tempo Comum sugere-nos uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida.

De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do “Reino”.

Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar sempre mais as suas riquezas, que apenas pensam em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em claro aos olhos de Deus.

O Evangelho apresenta a parábola do administrador astuto. Nela, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo eram caducos e precários e que os usou para assegurar valores mais duradouros e consistentes… Jesus avisa os seus discípulos para fazerem o mesmo.

Na segunda leitura, o autor da Primeira Carta a Timóteo convida os crentes a fazerem do seu diálogo com Deus uma oração universal, onde caibam as preocupações e as angústias de todos os nossos irmãos, sem exceção. O tema não se liga, diretamente, com a questão da riqueza (que é o tema fundamental da liturgia deste domingo); mas o convite a não ficar fechado em si próprio e se preocupar com as dores e esperanças de todos os irmãos, situa-nos no mesmo campo: o discípulo é convidado a sair do seu egoísmo para assumir os valores duradouros do amor, da partilha, da fraternidade.

Primeira Leitura - Leitura da Profecia de Amós (Am 8,4-7)

4Ouvi isto, vós, que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; 5vós que andais dizendo: “Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, 6dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?”
7Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”.
Palavra do Senhor

Salmo Responsorial - Salmo 112

Louvai, servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre.

Louvai o Senhor, que exalta os humildes

O Senhor domina sobre todos os povos,
a sua glória está acima dos céus.
Quem se compara ao Senhor nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas
e Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra.

Louvai o Senhor, que exalta os humildes

Levanta do pó o indigente
e tira o pobre da miséria,
para o fazer sentar com os grandes,
com os grandes do seu povo.

Louvai o Senhor, que exalta os humildes

Segunda Leitura - Primeira Carta de São Paulo apóstolo a Timóteo (1Tm 2,1-8)

Caríssimo: 1Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; 2pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranqüila e serena, com toda piedade e dignidade.

3Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; 4ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6que se entregou em resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, 7e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e - falo a verdade, não minto - mestre das nações pagãs na fé e na verdade. 8Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões.
Palavra do Senhor

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 16,1-13)

Naquele tempo, Jesus dizia aos discípulos: 1“Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’.

3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da administração’.

5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinqüenta!’

7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve oitenta’.
8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. 9E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas.

10Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso?

13Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Palavra da Salvação

Comentário - Os Pobres serão nossos advogados no dia do Juízo?

Que poderemos alegar ante nosso Deus no dia em que nos receba na morada eterna? Quem nos defenderá ante seu justo julgamento, quem advogará por nós?

A valente denúncia de Amós

É uma constante na história da humanidade. Há gente que engana aos demais em proveito próprio. Cobram além da conta. Não conhecem nem de longe a gratuidade: tudo é objeto de venda. Põem preços abusivos. Utilizam balanças com armadilhas. Pisoteiam os pobres. Há gente sem escrúpulos que com obsessão de acumular dinheiro para satisfazer sua avareza ou seus caprichos, assaltam a quem encontram, ainda que seja de uma forma limpa. Que razão tinha e segue tendo o profeta Amós! Aquele profeta que se atreveu a denunciar fatos semelhantes na sociedade israelita do século VIII. A razão de tudo isso é o seguinte: que há um deus sem nome que atrai muito, muito: é o deus dinheiro! Jesus chamou-o "Mamón".

A corrupção econômica

Quem adora ao deus Mamón só pensa em saciar sua cobiça: nesta sociedade em que estamos tudo tem que ser pago! Cobram até o ar que respiramos! Aí está o taxista que pede uma quantidade exorbitante por um serviço a um estrangeiro, o restaurante que engana a seus ocasionais clientes com alimentos de baixa qualidade, a instituição pública que gasta mal o dinheiro obtido com os impostos dos cidadãos, os turvos negócios imobiliários, a utilização de informação privilegiada para privar outros de igualdade de oportunidades... sempre levando em conta unicamente o interesse próprio. Enquanto pagam-se quantidades gigantescas pelos serviços de um futebolista, no entanto, o serviço intelectual ou espiritual à sociedade fica comparativamente muito desvalorizado. Às vezes não há escrúpulos em realizar gastos milionários para o marketing, a vaidade e ostentação e o dinheiro dado aos pobres se controla até nos centavos.

Em que país não há queixas de corrupção, de malversação de fundos, de roubos e enganos? Em que país se está satisfeito com a administração?

Administração injusta globalizada

Jesus, em sua parábola apresenta-nos a figura de um administrador injusto. A sombra desse homem é muito influente. A administração injusta está globalizada na macro-escala e na micro-escala. Tentamos lutar contra a corrupção, mas a corrupção esta aí, oculta ou com a cara descoberta, sempre que o deus Mamón encontre aqui na terra adoradores.

As palavras de Jesus não põem em guarda sobre como é difícil é viver como filhos da luz numa situação global de má administração. Nossa missão não é fácil porque "os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz". Quem se alimenta de enganos e fraudes, quem vive na desonestidade permanente, sabe encontrar saídas astutas para qualquer situação complicada; saberá a quem recorrer e corromperá a quem seja necessário, para não ser condenado e fará que se condenem inocentes sem o menor escrúpulo. Estas pessoas corruptas sabem também como se aproveitar da boa disposição de quem atua, animado pela bondade e retidão de sua boa consciência.

Essa é a linguagem da parábola que descreve uma situação concreta de desonestidade por parte de um administrador de quem se condena a atuação e se exalta a sagacidade na hora de evitar problemas, ganhando assim a estima de seus clientes, ainda que às custas de seu amo. Os "astutos" sabem sempre como se arranjar para sair de qualquer problema, porque sabem captar rapidamente a simpatia de outros para conseguir vantagens, enquanto os honestos e os pacíficos atuam com uma singeleza e desenvoltura que se confunde com a ingenuidade. E em certos momentos, assim é. Jesus nos quer "singelos como pombas, mas astutos como serpentes"; Jesus nos quer bons, mas não estúpidos ante as injustiças. Saibamos quais são nossos direitos, reivindicados também pela moral.

Qual religião? Deus ou o Dinheiro?

Adorar ao deus dinheiro é a idolatria de nosso tempo. Esta religião tem sua moral perversa, sua liturgia da exibição e do glamour, sua propaganda. Esta religião encontra às vezes cúmplices na religião do Deus verdadeiro. Também a figura de Judas é influente. Para isso se faz necessária uma teologia que o justifique, uma aparência que o solape.

O dinheiro não é idolatrado quando se acolhe como um instrumento que tem por finalidade o bem do próximo e a atenção aos mais pobres e indigentes, que serão sempre nossos amigos, agora e na vida eterna. O Juiz nos dirá naquele dia: "Tive fome e deste-me de comer". Se aqui atendemos aos mais pobres e lutamos por seus direitos e denunciamos toda injustiça e roubo, em seu favor, os teremos como advogados no dia do Julgamento.

Faz alguns anos trocamos de moeda: da peseta para o euro. Agora encontramos pesetas e nem lhes fazemos caso. Não nos servem! Este exemplo basta-nos para sublinhar que na realidade o único valor do dinheiro consiste em sua utilidade; e que este pode ser racionalmente orientado para o bem do próximo e não somente para nosso bem-estar.

Quem adora a Mamón se verá um dia com as mãos vazias e terá de confrontar-se com a acusação de milhares e milhões de seres humanos pobres que denunciarão sua conduta. Quem adora ao Deus-Amor fará de seus bens e seus dinheiros, instrumentos de amor, de solidariedade. Não enganará ninguém. No dia do Julgamento verá como uma multidão imensa advogara por ele ou ela.

Pe. José Cristo Rey García Paredes

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SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO

Os líderes judaicos haviam desfigurado tanto o judaísmo de Moisés que chegaram a construir sua própria escala de valores a qual era tão absurda, tão egoísta e hipócrita que irritava muito a pessoa de Jesus.

A decla­ração de Jesus de que uma pessoa não podia servir a Deus e ao dinheiro provocou discussão e zombaria por parte dos fariseus na platéia. Eles eram conhecidos como os "que gostavam do dinheiro" e obviamente achavam que podiam combinar o culto de Deus e a busca das riquezas. Jesus acusou-os de tentar provar sua justiça aos olhos dos homens, talvez dando esmolas. Desprezavam Jesus por­que seu ensinamento sobre o assunto era rigoroso e "irreal" demais; Jesus contestou afirmando que a escala de valores deles era desprezível aos olhos de Deus.

Os três vv. seguintes parecem quebrar a fluên­cia do texto. São ditos sobre a Lei, compilados de diversos lugares nas fontes de Lucas (Me 10,1 1- 12; Mt 11,12-13; 5,18-32; 19,9). Por que o evangelista inseriu aqui esses ditos, antes de voltar ao tema da riqueza? A ligação encontra-se no desa­fio a todo ensinamento moral de Jesus sugerido na reação sarcástica dos fariseus. A Lei de Moisés é a norma; Jesus não tem de apresentar sua própria lei e responde que a lei e os profetas têm sido a norma e, mesmo agora que ele está proclamando o Reina­do de Deus, continuam em vigor. Mas o ensinamento do Reino revela inferências do ensinamento tradi­cional que não eram reconhecidas.

O caminho para o Reino está aberto também aos fariseus, mas não será a fuga da observância indicada pelo desprezo deles. A Lei tem validade permanente, mas Jesus tem autoridade para inter­pretá-la corretamente.

Prezados irmãos. O que o evangelho hoje está dizendo para nós? Para mim, para você, para os ricos, para os pobres...

Não creio que Jesus estava crucificando os ricos. Ele sempre usava um palavreado forte, extremista, como cortar a mão direita que te leva ao pecado. É claro que Jesus disse essa verdade, motivado pela maneira de pensar dos fariseus em relação ao dinheiro e a Deus. É claro, também como sabemos que é muito difícil servir a Deus e ao dinheiro. Porque para um desses lados vamos pender ou inclinar, como disse o próprio Mestre. Mas assim como Ele disse que para Deus nada é impossível, nunca podemos afirmar que quem tem dinheiro está condenado. Mais é bom tomarmos cuidado, porque realmente fica muito complicado ou difícil ser rico e engajado na fé, na liderança de comunidades etc. Conheci alguns jovens muito ricos participando e liderando movimento de jovens, alguns eram muito caridosos, mais todos eles vez por outra deixavam escapar o seu olhar de superioridade, e de “eu me basto a mim mesmo pelo dinheiro que possuo”, revelado na arrogância muitas vezes difícil de disfarçar.

Tirando isso, eram bons meninos, cujos pais ajudavam muito financeiramente a paróquia, e faziam questão de fazerem isso de forma anônima.

Seja rico, mas seja caridoso, e acima de tudo ajude a Igreja. Assim seja.

Sal.

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A HISTÓRIA DO GERENTE AS­TUTO

Neste evangelho Jesus volta ao tema da riqueza. É mais uma parábola. A história do gerente as­tuto tem sido um problema para os intérpretes. Jesus incentiva a desonestidade? Como o mostra o v. 8, ele está antes comparando a habilidade astuta dos que pertencem a este mundo com a apatia dos honestos? O ponto de comparação não é se o gerente é moral ou imoral em seus atos.

O gerente foi descuidado na gestão dos bens do empregador. Diante da ameaça de expulsão, sabe que não conseguirá recomendação para um empre­go semelhante. Não tem a força física necessária para o trabalho braçal e mendigar seria vergonhoso demais. Enquanto há tempo, ele usa sua posição a fim de fazer amigos para o triste futuro. Reduz a dívida de todos os devedores do seu senhor (só são descritos os dois primeiros casos), esperando que eles se lembrem. Parece que o gerente agiu de ma­neira irresponsável com os bens do patrão. A acu­sação contra ele, entretanto, não era a desonestidade, mas o desperdício e a má administração; e em seus preparativos para o futuro talvez ele também não tenha sido desonesto. Com freqüência, o pagamento dos intendentes era tirado dos juros cobrados nos empréstimos. Neste caso, as quantias que deduziu dos débitos individuais podem ter sido juros (exorbi­tantes) originalmente destinados a ele. A usura era contra a Lei (Ex 22,24). Rasurando esse encargo extra, podemos ver o gerente reformando sua vida e realizando um ato de justiça!

Entretanto, o ensinamento de Jesus é um apelo para "os que pertencem à luz" serem tão empreen­dedores na busca do Reino quanto este gerente foi ao tentar arrumar um lugar para si neste mundo. Em seguida, Jesus apresenta um corolário sobre o uso da riqueza mundana em preparação para a eternidade. O gerente astuto usou seu dinheiro para preparar uma morada terrena, mas, embora possa ser associada ao mal (é chamada literalmente de "Dinheiro enganador" ), a riqueza terrena pode ser posta a serviço do Reino de Deus. Pode ser dada como esmola aos pobres e humildes para que seus benfeitores partilhem com eles um lugar no Reino

Há uma conclusão sobre o serviço dirigida aos seguidores de Jesus. Como neste mundo, assim tam­bém no Reino: a honestidade nas pequenas coisas leva a uma confiança maior. Isso se refere às rea­lidades espirituais, mas também diz respeito ao serviço material. A comunidade de Jesus terá de lidar com problemas de intendência espiri­tual e material. Há sempre o perigo de subordinar o espiritual ao material sem perceber que um novo senhor assumiu.

As paróquias têm de ser administradas por pessoas que entendem alguma coisa de contabilidade, mas acima de tudo honestas. Infelizmente, como acontece às vezes com os corais, onde as pessoas de lindas vozes nem sempre são cristãos praticantes, também nem sempre os contadores são pessoas engajadas na fé.

Conheci uma comunidade cujo Santo padroeiro é muito visitado em seu dia de festa, e essa romaria rende muito dinheiro. Acontece que a referida paróquia simplesmente se transformou economicamente em uma empresa, na qual os mais chegados usufruíam de polpudas somas. Isso acabou rapidinho graça a Deus, com a intervenção do Sr. Bispo.

Não podemos esquecer que somos filhos da luz e precisamos tomar cuidado na administração das coisas de Deus, pois como disse Jesus, “...os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. Isso quer dizer, que são mais espertos ao lidar com a riqueza em relação ao seu semelhante. Repetindo, na administração do dinheiro da paróquia é necessário que haja alguém que entenda de economia, mas que seja acima de tudo, uma pessoa de confiança. Não nos esqueçamos que vamos presta conta da administração dos bens materiais e do dinheiro pertencente a Deus.

Sal.

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VÓS NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO.

Domingo, 19 de setembro de 2010

25º Domingo do Tempo Comum

Santos do Dia: São Januário, Bispo e Mártir (Memória facultativa), Alonso de Orozco (presbítero), Emília de Rodat (fundadora), Félix e Constância (mártires de Nocera), Januário (bispo e mártir), Maria de Cervellon (virgem, fundadora), Pelé, Nilo e Elias (mártires de Tiro), Pomposa de Córdova (virgem, mártir), Sabático, Dorimedonte e Trófimo (mártires de Antioquia), Sósio de Campania (mártir), Susana de Eleuterópolis (virgem, mártir), Teodoro de Cantuária (bispo).

Primeira leitura: Amós 8, 4-7
Contra aqueles que dominam os pobres com dinheiro.
Salmo responsorial: 112, 1-2.4-6.8
Louvai o Senhor, que eleva os pobres!
Segunda leitura: 1 Timóteo 2, 1-8
Recomendo que se façam orações a Deus por todos os homens. Deus quer que todos sejam salvos.
Evangelho: Lucas 16, 1-13
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

O profeta Amós nos situa no contexto da quarta visão e sua interpretação, que vai contra os defraudadores e exploradores. O profeta, em todo o livro, nos apresenta cinco visões sobre o destino do povo de Israel (7, 1—9,10). A mensagem de Amós era dirigida principalmente ao reino do norte, Israel, porém também menciona Judá (o reino do sul) e as nações vizinhas de Israel (seus inimigos): Siria, Filistéia, Tiro, Edom, Amon, Moab. A razão do juízo: a cobiça dos ricos.

Amós grita e denuncia: Escutem isto os que pisoteiam o pobre e querem arruinar os humildes da terra (v. 4). O profeta, ao proferir seus juízos e lançar suas ameaças, explica os motivos pelos quais o povo será castigado e corrigido. Denuncias contras as casas ostentosas, fruto da opressão dos pobres e débeis. E isto por não cumprir com a justiça no trabalho e no comercio. Enganam e roubam nas balanças fraudulentas, nos preços e salários.

O profeta profere também sentenças contra um culto exterior que quer encobrir toda essa injustiça com sacrifícios, oferendas e cantos que assim não são gratos a Deus. Ao tema da fraude, tão presente nesta quarta visão, segue-se o juramento divino e o castigo.


Paulo exorta a que se ore por todo o mundo e, de maneira especial, pelos encarregados de dirigir política e religiosamente o povo, porque a intenção de Deus é salvar a todo o ser humano, e que este chegue ao conhecimento pleno da verdade. Essa verdade foi revelada por seu filho Jesus , onde ele mesmo se apresentou como o Caminho, a Verdade e a Vida.

E a verdade que nos fará livres. Paulo coloca Jesus como o único mediador entre Deus e o ser humano: porque há um só Deus e também um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. É a universidade de Cristo no acontecimento salvífico da humanidade que com sua morte se entregou a si mesmo como resgate por todos.


Esta parábola – nem sempre bem interpretada – é dirigida aos fariseus que são amigos do dinheiro, seu verdadeiro Deus. Representa, como todas as outras, um caso extremo: um homem que está a ponto de ser despedido de seu trabalho e que necessita urgentemente para garantir o futuro, antes de ficar sem emprego. Para isso monta uma estratégia.

Acusado de desperdiçar os bens de seu dono (16,1), causa pela qual vai ser despedido do trabalho, decide abaixar a quantidade da divida de cada um dos credores de seu patrão, renunciando à comissão que lhe pertence como administrador.

É sabido que os administradores não recebiam na Palestina um salário, mas uma comissão que era cobrada, colocando com freqüência interesses exorbitantes aos credores. A atuação de administrador deve ser entendida assim: o que devia cem barris de azeite tinha emprestado cinqüenta e nada mais, os outros cinqüenta eram a comissão correspondente que o administrador renunciava com a vantagem de conseguir amigos para o futuro. Renunciando à comissão, o administrador não lesa em nada os interesses do seu patrão. Daí que o patrão o felicite por saber garantir o futuro dando o “dinheiro injusto” a seus credores.


O patrão louva a estratégia daquele “administrador do injusto”, qualificativo que se dá no evangelho de Lucas ao dinheiro, pois, enquanto acumulado, procede de injustiça ou leva a ela.


Para Lucas, tudo dinheiro é injusto. No entanto, se não o usa, desprendendo-se dele, para “ganhar amigos”, faz um bom investimento, não em termos financeiros, nem bancários, mas em termos humanos e cristãos. O dinheiro injusto, como encarnação da escala de valores da sociedade civil, serve de pedra de toque para ensaiar a disponibilidade do discípulo para que coloque a serviço dos demais o que de fato não é seu, mas que se apropriou em detrimento dos despossuídos e marginalizados.


O dinheiro injusto é qualificado na conclusão da parábola como “o nada” e “o alheio”, enquanto oposto ao que “vale de verdade, o importante, o vosso”. E “o que vale de verdade” não é o dom do dinheiro, mas o Espírito de Deus que comunica vida aos seus (“quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedem”, cf. Lc 11, 13). Isso sim, para receber o Espírito (que é comunicação da vida de Deus que fortalece o homem) se requer o desprendimento e a generosidade para com os demais (11, 34-36).


A parábola termina com esta frase lapidar: “Não podem servir a Deus e ao dinheiro”. A pedra de toque de nosso amor a Deus é a renuncia ao dinheiro. O amor ao dinheiro é uma idolatria. É preciso optar entre dois senhores: não há meio termo. O campo de treinamento desta opção é o mundo, a sociedade, onde os discípulos de Jesus tem que partilhar o que possuem com os que nada tem, com os oprimidos os despossuídos, os deserdados da terra.


O afã do dinheiro é a fronteira que divide o mundo em dois; é a barreira que nos separa dos outros e faz com que o mundo esteja organizado em classes antagônicas: ricos e pobres, opressores e oprimidos; a ânsia do dinheiro é o inimigo número um que impossibilita o mundo ser uma família unida onde todos se sentem à mesa da vida. Por isso o discípulo, para garantir o futuro, deve estar disposto no presente a renunciar ao dinheiro que leva à injustiça e torna impossível a fraternidade.

Missionários Claretianos

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Homilia do Padre Françoá Costa – XXV Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Prudência

Ao escutar o Evangelho de hoje, pode-se perguntar: e “porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz” (Lc 16,8) se o Senhor nos mandou ser “prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16)? Ao citar essa passagem, outra pergunta se impõe à nossa consideração: por que as serpentes servem como modelo de prudência? Quiçá porque, como se diz, elas não se expõem para atacar. Já no livro do Gênesis se dizia que “a serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado” (Gn 3,1). Neste capítulo também se pode ver a maneira espertalhona que a serpente, símbolo do diabo nesse caso, teve para levar os nossos primeiros pais ao pecado que nos trouxe a ruína espiritual. Mas, cuidado, prudência e astúcia são duas realidades distintas, ainda que, à primeira vista, poderíamos confundi-las. A astúcia, na verdade, é uma falsa prudência, porque está penetrada de simulação e interesse. A prudência, ao contrário, é uma virtude que – segundo a maneira de pensar de Santo Tomás de Aquino – nos dá uma visão clara das coisas, fazendo com que valorizemos mais a verdade que nelas há que as nossas tendências apetitivas. Um exemplo das mais variadas manifestações da virtude da prudência é – como dizia um santo – não expor-se como católico quando está de moda ser católico e, ao contrário, manifestar-se católico quando todos se acovardam. Pensemos, por um momento, em qual dessas duas situações nos encontramos.

A prudência é uma virtude cardeal, ou seja, uma das quatro virtudes ao redor das quais giram os demais valores que constroem uma vida humana na verdade e na bondade e com uma unidade sem fissuras. Somente a pessoa prudente pode ser ao mesmo tempo forte, temperada e justa. Isso é assim porque a prudência nos ajuda a aplicar o conhecimento do bem que temos às nossas ações concretas. A primazia da prudência entre as virtudes cardeais é porque – como disse Josef Pieper – a realização do bem exige um conhecimento da verdade.

Recta ratio agibilium – a definição é de Aristóteles –, a prudência é a reta razão do agir, isto é, o conhecimento certo sobre a realidade que estamos dispostos a pôr em prática. Como se pode ver, essa virtude nos afasta de uma espécie de “moral do dever”, que não é a moral cristã. A questão não o que “eu devo” fazer em cada momento, isso é secundário, mas “fazer aquilo que está de acordo com o meu ser humano e cristão, ou seja, fazer aquilo que está de acordo com a verdade conhecida”. Isso exige – como dizia Santo Tomás de Aquino, aprender da própria experiência (memoria do passado); pedir conselho; pensar com calma (reflexão); decidir-se (a indecisão, além de gerar perda de tempo, nos leva a cometer muitas imprudências. Tendo os elementos necessários, se decide, sem ficar dando voltas e mais voltas ao tema); perceber as circunstâncias nas quais nos encontramos (circunspecção) para ver se é conveniente ou não atuar dessa maneira ou de outra; cautela (segundo o Aurélio, é o cuidado por evitar um mal, mas é algo mais: significa conjugar a bondade com a prudência); disposição e prontidão para resolver aqui e agora as situações urgentes (sagacidade); capacidade de tomar providências (prever um pouco o que poderia acontecer e agir em consequência, por exemplo, se eu sei que tenho uma prova no final do mês posso começar a tomar providência estudando).

Como é importante conjugar a prudência com a bondade e a simplicidade. Sem elas, a prudência se transformaria em astucia e já não seria uma disposição boa. Por outro lado, bondade sem prudência é “ser bonzinho” no sentido de “tolo” e simplicidade sem prudência é “ser simples” no sentido pejorativo da palavra. Um cristão tem que fazer de tudo para não ser tolo nem simplório.

Nossa Senhora é chamada na Ladainha de Virgo prudentissima, Virgem prudentíssima. Entre os vários aspectos que se poderiam destacar na prudência de Nossa Senhora, chama a nossa atenção o fato de que o adjetivo “prudentíssima” qualifica o substantivo “Virgem”. Com certeza, “prudentíssima” poderia qualificar substantivos como “Mãe”, “Rainha”, etc. Eu acho que não seria um exagero pregar sobre a virtude da santa pureza, pensando nos adjetivos que a Virgem Maria recebe na Ladainha, e um das qualidades da pureza de Nossa Senhora é a prudência. Será que isso não nos está dizendo algo importante para nós que vivemos num mundo tão hedonista e tão erotizado? Prudência na vivência de todas as virtudes, uma das quais, a pureza.

Pe. Françoá Costa

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa – XXV Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Am 8,4-7
Sl 112
1Tm 2,1-8
Lc 16,1-13

O sentido do Evangelho de hoje encontra-se numa constatação e num conselho de Jesus. Primeiro, a constatação: “Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz”. Depois, o conselho, que, na verdade, é uma exortação: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas”. Que significam estas palavras?

A constatação de Jesus é tristemente real: os pecadores são mais espertos e mais dispostos para o mal, que os cristãos para o bem. Pecadores entusiasmados com o pecado, apóstolos do pecado, divulgadores do pecado… Cristãos sem entusiasmo pelo Evangelho, sem ânimo para a virtude, sem criatividade para crescer no caminho de Deus! Pecadores motivados, cristãos cansados e preguiçosos! Que vergonha! Hoje, como ontem, a constatação de Jesus é verdadeira. Olhemo-nos, olhemos uns para os outros, olhemos para esta Comunidade que, dominicalmente, se reúne para escutar a Palavra e nutrir-se do Corpo do Senhor… Somos dignos da Eucaristia? Sê-lo-emos se nos tornamos testemunhas entusiasmadas e convictas daquele que aqui escutamos, daquele por quem aqui somos alimentados!

Da constatação triste do Senhor, brota sua exortação grave: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas”. Palavras estranhas; à primeira vista, escandalosas… Que significam? Jesus chama o dinheiro de “injusto”. Isto porque o dinheiro, a riqueza, os bens materiais e os bens da inteligência, do sucesso, da fama, ainda que adquiridos com honestidade, são sempre traiçoeiros, sempre perigosos, sempre na iminência de escravizar nosso coração e nos fazer seus prisioneiros. Dinheiro injusto porque sempre nos tenta à injustiça de dar-lhe a honra que é devida somente a Deus e de buscar nele a segurança que somente o Senhor nos pode garantir. Por isso, Jesus chama os bens deste mundo de “dinheiro injusto”… Sempre injusto, porque sempre traiçoeiro, sempre traiçoeiro, porque sempre sedutor! Constantemente corremos o risco de nos embebedar com ele, fazendo dele o fim de nossa existência, nossa segurança e nosso deus… Mas, os bens materiais, em geral, e o dinheiro, em particular, não são maus de modo absolutos… Eles podem ser usados para o bem. Por isso Jesus nos exorta a fazer amigos com eles… Fazemos amigos com nossos bens materiais ou espirituais quando os colocamos não somente ao nosso serviço, mas também ao serviço do crescimento dos irmãos, sobretudo dos mais necessitados. Aí, o dinheiro se torna motivo de libertação, de alegria e de vida para os outros… Aí, então, tornamo-nos amigos dos pobres, que nos receberão de braços abertos na Casa do Pai! Bendito dinheiro, quando nos faz amigos dos pobres e, por meio deles, amigos de Deus! Que o digam os cristãos que foram ricos e se fizeram amigos de Deus porque foram amigos dos pobres! Que o digam Santa Brígida da Suécia, Santo Henrique da Baviera, São Luís de França, os Santos Isabel e Estevão, reis da Hungria, Santa Isabel de Portugal… e tantos outros, que souberam colocar seus bens a serviço de Deus e dos irmãos! Uma coisa é certa: é impossível ser amigo de Deus não sendo amigo dos pobres. Sobre isso o Senhor nos adverte duramente na primeira leitura: ai dos que celebram as festas religiosas dos sábados e das luas novas em honra do Senhor com o pensamento de, no dia seguinte, roubar, explorar o pobre e pisar o fraco! Maldita prática religiosa, esta! A queixa do Senhor é profunda, sua sentença é terrível. Ouçamos o que ele diz, e tremamos: “Por causa da soberba de Jacó, o Senhor jurou: ‘Nunca mais esquecerei o que eles fizeram!’” A verdade é que não podemos usar nossos bens como se Deus não existisse e não nos mostrasse os irmãos necessitados, como também não podemos adorar a Deus como se não tivéssemos dinheiro e outros bens materiais ou da inteligência, bens que devem ser colocados debaixo do senhorio de Cristo! Não se pode separar nossa relação com Deus do modo como usamos os nossos bens! Ou as duas vão juntas, ou a nossa religião é falsa! Por isso, perguntemo-nos hoje: como uso os bens materiais, como uso meus talentos, como uso minha inteligência? Somente para mim? Ou sei colocar-me a serviço, fazendo de minha vida uma partilha, tornando outros felizes e o nome de Deus honrado?

Os bens deste mundo são pouco, em relação com os bens eternos que o Senhor nos promete para sempre. Pois bem, escutemos o que diz o nosso Salvador: “Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes. Se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso?” Em outras palavras, para que ninguém tenha a desculpa de dizer que não compreendeu o que o Senhor quis dizer: Quem é fiel nas coisas pequenas deste mundo, será fiel nas coisas grandes que o Pai dará no céu. Se vós não sois fiéis no uso dos bens desta vida, como Deus vos confiará a vida eterna, que é o verdadeiro bem? E se não sois fiéis nos bens que não são vossos para sempre, como Deus vos confiará aquilo que é o verdadeiro bem, a vida eterna, que será vossa para sempre?

Olhemos nós, que o modo de nos relacionarmos com o dinheiro e demais bens diz muito do que nós somos, afinal o nosso tesouro está onde está nosso coração! Dizei-me onde anda o vosso coração, o vosso apego, a vossa preocupação, e eu vos direi qual é o tesouro da vossa vida! Tristes de nós quando o nosso tesouro não for unicamente Deus! Tristes de nós quando, por amor ao que passa, perdemos a Deus, o único Bem que não passa! Uma coisa é certa: a advertência duríssima de Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores. Vós não podereis servir a Deus e ao dinheiro!”

Que nos converta a misericórdia de Deus, que sendo tão bom, “quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. A ele a glória para sempre. Amém.

Dom Henrique Soares da Costa

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Domingo do Tempo Comum (Ano C)

O Administrador Desonesto

Em Lc 16, 1 – 13 o Senhor convida-nos a uma reflexão sobre o uso correto das riquezas: “Não podes servir a Deus e ao dinheiro”. Os cristãos são chamados a investir com sabedoria os bens materiais para adquirirem um tesouro nos céus.

Quem não tem esperança, coloca seu apoio sobre os bens materiais. Na virtude da esperança, as pessoas são chamadas a viverem como senhores e senhoras da criação, sem se deixarem escravizar por ela. Por uma inversão de valores, as pessoas caem na tentação de substituir a Deus, que é o Sumo Bem, pelos bens passageiros.

O Senhor, nessa parábola, mostra que o administrador pôs-se a refletir sobre o que o esperava: “Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da administração” (Lc 16, 3 – 4). Chamou os devedores do seu patrão e fez com eles um acordo que os favorecia…

O dono teve notícia do que o administrador tinha feito e louvou-o pela sua astúcia. E Jesus, talvez com um pouco de tristeza, acrescentou: “os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. O Senhor não louva a imoralidade desse homem que, no pouco tempo que lhe restava, preparou uns amigos que depois o recebessem e ajudassem. “Por que o Senhor narrou esta parábola? – pergunta Santo Agostinho –. Não porque aquele servo fosse um exemplo a ser imitado, mas porque foi prevenido em relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa determinação”; louvou-lhe o empenho, a decisão, a astúcia, a capacidade de sobrepor-se e resolver uma situação difícil, sem deixar-se levar pelo desânimo.

Podemos observar, com freqüência, como é grande o esforço e os inúmeros sacrifícios que muitas pessoas fazem para conseguir mais dinheiro, para subir na escala social…

E nós, cristãos, devemos pôr ao menos esse mesmo empenho em servir a Deus, multiplicando os meios humanos para fazê-los render em favor dos mais necessitados. O interesse que os outros têm nos seus afazeres terrenos, devemos nós tê-lo em ganhar o Céu, em lutar contra o que nos separa de Cristo.

“Que empenho põem os homens nos seus assuntos terrenos!: sonhos de honras, ambição de riquezas, preocupações de sensualidade. – Eles e elas, ricos e pobres, jovens, velhos e até crianças; todos a mesma coisa!

Quando tu e eu pusermos o mesmo empenho nos assuntos da nossa alma, teremos uma fé viva e operante; e não haverá obstáculo que não vençamos nos nossos empreendimentos apostólicos” (São Josemaria Escrivá, Caminho, nº. 317).

Ao terminar a parábola, o Senhor recorda-nos: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 13). Temos apenas um Senhor, e devemos servi-Lo com todo o nosso coração, com os talentos que Ele mesmo nos deu, empregando nesse serviço todos os meios lícitos, a vida inteira. Temos de orientar para Deus, sem exceção, todos os atos de nossa vida: o trabalho, os negócios, o descanso… O cristão não tem um tempo para Deus e outro para os assuntos deste mundo: estes devem converter-se em serviço a Deus pela retidão de intenção. “É uma questão de segundos… Pensa antes de começar qualquer trabalho: que Deus quer de mim neste assunto? E, com a graça divina, faze-o” (Caminho, nº. 778).

A parábola do administrador infiel é uma imagem da vida do homem. Tudo o que temos é dom de Deus, e nós somos os seus administradores, que tarde ou cedo teremos de Lhe prestar contas.

Trata-se, pois, de um chamamento ao esforço e à vigilância tendo em vista o último dia, quando se haverá de dizer a cada um: “Presta contas da tua administração!” (Lc 16, 2).

O uso do dinheiro exige uma grande honestidade, tanto nos negócios mais importantes, como nos mais insignificantes, porque “quem é fiel no pouco é também fiel no muito” (Lc 16, 10).

“Já o disse Mestre: oxalá nós, os filhos da luz, ponhamos, em fazer o bem, pelo menos o mesmo empenho e a obstinação com que se dedicam às suas ações os filhos das trevas! Não te queixes: trabalha antes para afogar o mal em abundância de bem (São Josemaria Escrivá, forja, nº. 848).

Mons. José Maria Pereira

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O ADMINISTRADOR ESPERTO – DEUS OU O DINHEIRO?

A liturgia do XXV Domingo do Tempo Comum sugere-nos uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida.

De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do “Reino”.

Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar sempre mais as suas riquezas, que apenas pensam em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. A exploração e a injustiça não passam em claro aos olhos de Deus.

O Evangelho apresenta a parábola do administrador astuto. Nela, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo eram caducos e precários e que os usou para assegurar valores mais duradouros e consistentes… Jesus avisa os seus discípulos para fazerem o mesmo.

Na segunda leitura, o autor da Primeira Carta a Timóteo convida os crentes a fazerem do seu diálogo com Deus uma oração universal, onde caibam as preocupações e as angústias de todos os nossos irmãos, sem exceção. O tema não se liga, diretamente, com a questão da riqueza (que é o tema fundamental da liturgia deste domingo); mas o convite a não ficar fechado em si próprio e se preocupar com as dores e esperanças de todos os irmãos, situa-nos no mesmo campo: o discípulo é convidado a sair do seu egoísmo para assumir os valores duradouros do amor, da partilha, da fraternidade.

Leituras Primeira Leitura - Leitura da Profecia de Amós (Am 8,4-7)

Amós garante: Deus não esquece este quadro e não pactua com quem explora as necessidades dos outros, a miséria, o sofrimento, a ignorância. Na realidade, o nosso Deus não suporta a injustiça e a opressão. Ele não está do lado dos opressores, mas dos oprimidos; e qualquer crime contra o irmão é um crime contra Deus. Se há entre os cristãos quem explora estes esquemas desumanos de lucro, quem oprime e explora os pobres (embora ao domingo vá à missa, faça parte de Pastorais e dê quantias significativas para as obras da Igreja), convém que tenha isto em conta.

4Ouvi isto, vós, que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; 5vós que andais dizendo: “Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, 6dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?”
7Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”.
Palavra do Senhor

Salmo Responsorial - Salmo 112 Louvai o Senhor, que exalta os humildes

Louvai, servos do Senhor,
louvai o nome do Senhor.
Bendito seja o nome do Senhor,
agora e para sempre.

Louvai o Senhor, que exalta os humildes


O Senhor domina sobre todos os povos,
a sua glória está acima dos céus.
Quem se compara ao Senhor nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas
e Se inclina lá do alto a olhar o céu e a terra.

Louvai o Senhor, que exalta os humildes


Levanta do pó o indigente
e tira o pobre da miséria,
para o fazer sentar com os grandes,
com os grandes do seu povo.

Louvai o Senhor, que exalta os humildes

Segunda Leitura - Primeira Carta de São Paulo apóstolo a Timóteo (1Tm 2,1-8)

A oração só faz sentido se for a expressão de uma vida de comunhão - comunhão com Deus e comunhão com os irmãos. Portanto, não é impossível rezar e, ao mesmo tempo, cultivar sentimentos de ódio, de intolerância, de racismo, de divisão. Como me situo face a isto?

Caríssimo: 1Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; 2pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranqüila e serena, com toda piedade e dignidade.

3Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; 4ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, 6que se entregou em resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, 7e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e - falo a verdade, não minto - mestre das nações pagãs na fé e na verdade. 8Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões.
Palavra do Senhor

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 16,1-13)

Jesus avisa os discípulos de que a aposta obsessiva no “deus dinheiro” não é o caminho mais seguro para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade. É necessário - sugere Ele - que saibamos aquilo em que devemos apostar… O que é, para nós, mais importante: os valores do “Reino” ou o dinheiro? Na nossa atividade profissional, o que é que nos move: o dinheiro, ou o serviço que prestamos e a ajuda que damos aos nossos irmãos? O que é que nos torna mais livres, mais humanos e mais felizes: a escravidão dos bens ou o amor e a partilha?

Naquele tempo, Jesus dizia aos discípulos: 1“Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’.

3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da administração’.

5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinqüenta!’

7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve oitenta’.
8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. 9E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas.

10Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso?

13Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Palavra da Salvação

Comentário

Os Pobres serão nossos advogados no dia do Juízo?

Que poderemos alegar ante nosso Deus no dia em que nos receba na morada eterna? Quem nos defenderá ante seu justo julgamento, quem advogará por nós?

A valente denúncia de Amós

É uma constante na história da humanidade. Há gente que engana aos demais em proveito próprio. Cobram além da conta. Não conhecem nem de longe a gratuidade: tudo é objeto de venda. Põem preços abusivos. Utilizam balanças com armadilhas. Pisoteiam os pobres. Há gente sem escrúpulos que com obsessão de acumular dinheiro para satisfazer sua avareza ou seus caprichos, assaltam a quem encontram, ainda que seja de uma forma limpa. Que razão tinha e segue tendo o profeta Amós! Aquele profeta que se atreveu a denunciar fatos semelhantes na sociedade israelita do século VIII. A razão de tudo isso é o seguinte: que há um deus sem nome que atrai muito, muito: é o deus dinheiro! Jesus chamou-o "Mamón".

A corrupção econômica

Quem adora ao deus Mamón só pensa em saciar sua cobiça: nesta sociedade em que estamos tudo tem que ser pago! Cobram até o ar que respiramos! Aí está o taxista que pede uma quantidade exorbitante por um serviço a um estrangeiro, o restaurante que engana a seus ocasionais clientes com alimentos de baixa qualidade, a instituição pública que gasta mal o dinheiro obtido com os impostos dos cidadãos, os turvos negócios imobiliários, a utilização de informação privilegiada para privar outros de igualdade de oportunidades... sempre levando em conta unicamente o interesse próprio. Enquanto pagam-se quantidades gigantescas pelos serviços de um futebolista, no entanto, o serviço intelectual ou espiritual à sociedade fica comparativamente muito desvalorizado. Às vezes não há escrúpulos em realizar gastos milionários para o marketing, a vaidade e ostentação e o dinheiro dado aos pobres se controla até nos centavos.

Em que país não há queixas de corrupção, de malversação de fundos, de roubos e enganos? Em que país se está satisfeito com a administração?

Administração injusta globalizada

Jesus, em sua parábola apresenta-nos a figura de um administrador injusto. A sombra desse homem é muito influente. A administração injusta está globalizada na macro-escala e na micro-escala. Tentamos lutar contra a corrupção, mas a corrupção esta aí, oculta ou com a cara descoberta, sempre que o deus Mamón encontre aqui na terra adoradores.

As palavras de Jesus não põem em guarda sobre como é difícil é viver como filhos da luz numa situação global de má administração. Nossa missão não é fácil porque "os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz". Quem se alimenta de enganos e fraudes, quem vive na desonestidade permanente, sabe encontrar saídas astutas para qualquer situação complicada; saberá a quem recorrer e corromperá a quem seja necessário, para não ser condenado e fará que se condenem inocentes sem o menor escrúpulo. Estas pessoas corruptas sabem também como se aproveitar da boa disposição de quem atua, animado pela bondade e retidão de sua boa consciência.

Essa é a linguagem da parábola que descreve uma situação concreta de desonestidade por parte de um administrador de quem se condena a atuação e se exalta a sagacidade na hora de evitar problemas, ganhando assim a estima de seus clientes, ainda que às custas de seu amo. Os "astutos" sabem sempre como se arranjar para sair de qualquer problema, porque sabem captar rapidamente a simpatia de outros para conseguir vantagens, enquanto os honestos e os pacíficos atuam com uma singeleza e desenvoltura que se confunde com a ingenuidade. E em certos momentos, assim é. Jesus nos quer "singelos como pombas, mas astutos como serpentes"; Jesus nos quer bons, mas não estúpidos ante as injustiças. Saibamos quais são nossos direitos, reivindicados também pela moral.

Qual religião? Deus ou o Dinheiro?

Adorar ao deus dinheiro é a idolatria de nosso tempo. Esta religião tem sua moral perversa, sua liturgia da exibição e do glamour, sua propaganda. Esta religião encontra às vezes cúmplices na religião do Deus verdadeiro. Também a figura de Judas é influente. Para isso se faz necessária uma teologia que o justifique, uma aparência que o solape.

O dinheiro não é idolatrado quando se acolhe como um instrumento que tem por finalidade o bem do próximo e a atenção aos mais pobres e indigentes, que serão sempre nossos amigos, agora e na vida eterna. O Juiz nos dirá naquele dia: "Tive fome e deste-me de comer". Se aqui atendemos aos mais pobres e lutamos por seus direitos e denunciamos toda injustiça e roubo, em seu favor, os teremos como advogados no dia do Julgamento.

Faz alguns anos trocamos de moeda: da peseta para o euro. Agora encontramos pesetas e nem lhes fazemos caso. Não nos servem! Este exemplo basta-nos para sublinhar que na realidade o único valor do dinheiro consiste em sua utilidade; e que este pode ser racionalmente orientado para o bem do próximo e não somente para nosso bem-estar.

Quem adora a Mamón se verá um dia com as mãos vazias e terá de confrontar-se com a acusação de milhares e milhões de seres humanos pobres que denunciarão sua conduta. Quem adora ao Deus-Amor fará de seus bens e seus dinheiros, instrumentos de amor, de solidariedade. Não enganará ninguém. No dia do Julgamento verá como uma multidão imensa advogara por ele ou ela.

José Cristo Rey Garcia Paredes.

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UMA ESTRANHA COMPARAÇÃO

A parábola evangélica pode soar estranha aos nossos ouvidos. Partindo da esperteza de um administrador claramente desonesto, Jesus tira lições de vida para o discípulo do Reino. Afinal, a comparação tem sua razão de ser.
O administrador age como um capitalista de nossos tempos. Conhece a maneira de garantir sua fonte de lucro e, prevendo dificuldades futuras, toma as providências necessárias para evitar o fracasso. Suas estratégias são eficientes, por serem bem estudadas. Seria arriscado dar um passo em falso e colocar tudo a perder. Pouco lhe importa considerações de caráter ético. Se é preciso ser desonesto e cometer injustiça para atingir o objetivo, não lhe interessa! Os meios justificam-se pelo fim a ser alcançado.
Jesus quer inculcar nos discípulos esta mesma disposição, em se tratando de dispor-se para alcançar o Reino. Evidentemente, os elementos de desonestidade ficam fora de cogitação. O ponto focalizado, na atitude do administrador, é sua decisão inabalável, sua capacidade de encontrar a forma adequada de ver concretizado seu intento, a coragem de enfrentar os riscos, o otimismo que não permite pôr em dúvida o seu projeto.
Jesus constata que os filhos deste mundo são muito mais espertos do que os filhos da luz. Aqueles têm muito a ensinar a estes últimos, pois lhes falta determinação na busca de seus objetivos.

Prece
Espírito de determinação, afasta de mim toda tentação de acomodar-me, pouco me empenhando em vivenciar o que o Reino exige de mim.

Pe. Jaldemir Vitório

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FIM DAS HOMILIAS SOBRE O TEMA: VÓS NÃO PODEIS SERVIR A DEUS E AO DINHEIRO - O ADMINISTRADOR ESPERTO

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