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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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sábado, 1 de outubro de 2011

MATARAM O FILHO DO DONO DA VINHA


Tudo posso naquele que me dá força.
HOMILIAS PARA O
 PRÓXIMO DOMINGO
02 DE OUTUBRO – 2011
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OS LAVRADORES MAUS
Introdução

Mt 21,33-43

            Nesta parábola, o dono da vinha é Deus, e aqueles que foram mortos pela violência injusta dos trabalhadores, são: os profetas e o próprio Jesus, o Filho de Deus.
            “ Eu afirmo a vocês que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado para as pessoas que produzem os frutos do Reino.”   Jesus está dirigindo-se aos líderes judaicos que mataram os profetas e iriam matar o próprio Filho de Deus.
            Hoje, vivemos um quadro semelhante àquela realidade retratada ou descrita por Jesus, em forma de parábola. Se perguntarmos. Porque o mundo de hoje sofre? É porque uma grande parcela da humanidade rejeitou o Filho de Deus e os seus enviados. O mundo de hoje inverteu os valores do Evangelho.
            Jesus disse: Ame a Deus sobre todas as coisas...  Porque isto nos basta, fazendo isso teremos todo o restante que necessitamos de acréscimo...
            O mundo nos diz: Ignore a Deus e ame as coisas materiais ( o dinheiro, o conforto, o prazer total e irrestrito,)  mas na verdade continuaremos sempre insatisfeitos.
            Jesus disse: “Amem uns aos outros como eu vos amei...”  Porque assim teremos a paz...
            Os filmes nos dizem: Mate uns aos outros... E fazendo isso teremos insônia, cadeia, sofrimentos, dor na consciência e precisamos andar de escoltas, pois muitos não descansarão até que nos matem...
            Jesus disse: “Trate os outros como você gostaria de ser tratado...”   Agindo assim, vamos evitar encrencas e  infelicidade...
            A televisão diz: Trate os outros como você não gostaria de ser tratado.  Não seja bobo! Seja violento, esperto, ganancioso, o pior que poderá lhe acontecer é ser morto ou ir para a cadeia...
            Jesus aconselhou para que não fôssemos egoístas, senão seremos infelizes. Recomendou para que fôssemos altruístas, dedicando a nossa vida par ajudar os necessitados, ajudando e praticando a caridade...
            As novelas nos ensinam que: O altruísta não passa de  um otário. O certo é defender sempre o nosso lado, sempre tirar vantagens, e que o pior que poderá nos acontecer, é viver no vazio da solidão...
            Jesus disse: Siga-me. Eu sou o caminho, a verdade e a vida” .  Jesus é o caminho da vida eterna, devemos seguir a verdade para o nosso próprio bem, ouvindo Jesus e praticando os seus ensinamentos, teremos uma vida melhor, com mais qualidade de vida, na paz, na proteção divina, e depois teremos a vida plena eternamente.
            A mídia nos diz: Vem para cá. Aqui é o descaminho, a mentira e a morte.
É o descaminho porque: pode nos levar a cadeia, como é o caso dos pedófilos internautas;
 É o descaminho porque: Nos leva para o precipício;
É o descaminho porque:  nos leva para o sofrimento;
É o descaminho porque: nos leva para a dor;
É o descaminho porque: Nos leva para a solidão;
É o descaminho porque: Nos deixa doentes...
Todo aquele mundo virtual, tem muita coisa boa, mas está recheado de coisas ruins, de mentiras, enganações, de falsa felicidade...
Nos leva a morte, porque aprendemos nos filmes: como roubar carros, abrindo-os em frações de segundos, a abrir cofres, como ser um trombadinha, como trair os esposos e as esposas, a matar das mais variadas formas, a esconder o cadáver, a mentir, entre tantas outras coisas mais...
            Infelizmente a mídia no mais das vezes, mente. Apresentando-nos uma felicidade mentirosa, mostrando aos jovens que ao contrário disso, é velharia... Então os jovens seguem tudo aquilo para alcançar a tão sonhada felicidade. E o que acontece? Ao contrário do que buscam, ficam infelizes de fato com as conseqüências. Quando descobrem que foram enganados, já tarde demais.
            Todo esse estado de coisas modernas, apresentada pela realidade virtual está transformando a nossa realidade em um verdadeiro inferno, pois os honestos têm de viver presos em grades, enquanto lá fora os malvados estão soltos. A nossa vida está sendo transformada em um inferno em vida.
            É por isso que o mundo de hoje sofre. Porque recusamos a Deus, e todos os seus enviados, inclusive o seu próprio Filho.
Sal.
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Jesus Cristo, a pedra angular, é o alicerce para a obra de Deus no mundo.

                                           Deus criou o mundo e entregou-o aos homens para que eles o edificassem, nele trabalhassem e dessem bons frutos na qualidade de vida humana e espiritual. Os homens, porém, quiseram afastar-se de Deus e não deram mais atenção aos Seus ensinamentos. O pecado rompeu o relacionamento do homem com Deus e danificou a sua obra. Porém, mesmo assim o Senhor continuou mandando os seus emissários, os profetas, para que este homem voltasse atrás na sua soberba e auto-suficiência.
                                        Todavia, os homens continuaram dando as costas para Deus não aceitando a sua intervenção. Por fim, veio Jesus, o Filho de Deus que se fez homem para dar dignidade ao ser humano, mas que foi rejeitado e morto pelos homens. Os judeus não aceitaram a salvação de Jesus e assim como eles, muitos ainda hoje não O acolheram e continuam na ignorância. Somos os vinhateiros de hoje, aqueles a quem o proprietário entregou a sua vinha, no entanto, não temos cumprido com a nossa missão de colaboradores de Deus na construção do mundo.
                                Por qualquer coisa nós nos desviamos da obra de Deus, atropelamos os planos divinos e confundimos o Seu mistério de amor pela humanidade. Temos uma Pedra, Jesus Cristo, que é o alicerce para a obra de Deus no mundo e a rejeitamos preferindo as nossas próprias convicções. Por isso, não conseguimos sucesso na nossa missão. Todavia, precisamos ter consciência de que o que nos foi entregue hoje, amanhã poderá nos ser tirado. O Senhor quer receber de nós a colheita e, se não estamos plantando, nada teremos para entregar ao Senhor que vem. Reflitamos: – Se lhe pedissem hoje contas a você qual seria a colheita que você teria para entregar ao proprietário? – O que você entende por pedra angular? Quem é Jesus na sua vida?
Amém,
Abraços carinhosos de
Maria Regina.
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Homilia do Mons. José Maria – XXVII Domingo do Tempo Comum – Ano A
A Vinha: Frutos e Missão.
O Profeta Isaías (Is 5, 1-7) mostra como Deus manifestou o seu amor, os seus cuidados pela vinha, por Israel, o povo eleito e a falta de correspondência a esse amor.Descreve Israel como uma plantação de Deus, tratada com todos os cuidados possíveis: “Vou cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu: um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar: esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas azedas. O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz?” (Is 5, 1-4)
A Palestina era um lugar rico em vinhedos, e os Profetas recorreram com freqüência a essa imagem, tão conhecida por todos, para falar do Povo eleito. Israel era a vinha de Deus, a obra do Senhor, a alegria do seu coração. O próprio Senhor, como se lê em Mt 21, 33-43, referindo-se ao Profeta Isaías, revela-nos a paciência de Deus, que manda os seus mensageiros, um após outro, em busca de frutos. Por fim, envia o seu Filho amado, o próprio Jesus, que os vinhateiros acabarão por matar: “E, lançando-lhe as mãos, puseram-no fora da vinha e mataram-no.” É uma referência clara à crucifixão, que teve lugar fora dos muros de Jerusalém.
A Vinha é certamente Israel, que não correspondeu aos cuidados divinos; mas é também a Igreja, bem como cada um de nós: “Cristo é a verdadeira videira, que dá vida e fecundidade aos ramos, quer dizer, a nós que pela Igreja permanecemos nEle e sem Ele nada podemos fazer” (Jo 15, 1-5).
Meditemos hoje se o Senhor pode encontrar frutos abundantes na nossa vida; abundantes porque é muito o que nos foi dado. Frutos de caridade, de trabalho bem feito, de apostolado com os amigos e familiares; jaculatórias, atos de amor de Deus e de desagravo ao longo do dia, ações de graças, contrariedades acolhidas com paz, pequenos sacrifícios praticados discretamente e com toda a naturalidade. Examinemos também se, ao mesmo tempo, não produzimos essas uvas amargas que são os pecados, a tibieza, a mediocridade espiritual, a desordem, as faltas de que não pedimos perdão ao Senhor…
A Vinha foi cercada, fez nela um lagar… A cerca, o lagar e a torre significam que Deus não economizou nada para cultivar e embelezar a sua vinha.
Esperava uvas boas e produziu uvas azedas. O pecado é o fruto amargo das nossas vidas. A experiência das fraquezas pessoais ressalta com demasiada evidência na história da humanidade e na de cada homem. “Ninguém se vê inteiramente livre da sua fraqueza, solidão ou servidão. Antes pelo contrário, todos precisam de Cristo modelo, mestre, libertador, salvador e vivificador” (Ad Gentes, 8). Os nossos pecados estão inteiramente relacionados com essa morte do Filho amado, de Jesus.
Para produzirmos os frutos de vida que Deus espera diariamente de cada um de nós, temos em primeiro lugar de pedir ao Senhor e fomentar uma santa aversão por todas as faltas – mesmo veniais- que ofendem a Deus. Os descuidos na caridade, os juízos negativos sobre esta ou aquela pessoa, as impaciências, os agravos não esquecidos, a dispersão dos sentidos internos e externos, o trabalho mal feito…, “ fazem muito mal à alma. Por isso, diz o Senhor no Cântico dos Cânticos: caçai as pequenas raposas que destroem a vinha” (Caminho, 329). É necessário que nos empenhemos continuamente em afastar tudo aquilo que não é grato ao Senhor. A alma que detesta o pecado venial deliberado, pouco a pouco vai crescendo em delicadeza e em finura no trato com o Mestre.
São Paulo (Fl 4, 6-9) lembra que na nossa fraqueza é preciso que nos apoiemos na oração. Devemos pedir a graça da fidelidade para que possamos dar muitos frutos, guardando nossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus.
Somos todos nós, membros do Povo de Deus, a Igreja, que tem a missão de produzir seus frutos, para não frustrar as esperanças do Senhor na hora da colheita.
Que frutos estamos produzindo para a realidade do Reino de Deus? Nesse Mês Missionário, somos convidados a renovar com Deus a Aliança. Se hoje não somos missionários, não é esse um sinal de que estamos sendo maus vinhateiros?
“Ao chamar os seus para que O sigam, Jesus lhes dá uma missão precisa: anunciar o Evangelho do Reino a todas as nações (cf. Mt 28, 19 ; Lc 24, 46-48). Por isso, todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de sua missão, ao mesmo tempo que o vincula como amigo e irmão. Cumprir essa missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a extensão testemunhal da Vocação mesma” (Aparecida, 144).
Nesta perspectiva consideremos e meditemos nas palavras de S. Paulo: “Irmãos ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso,tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor; é o que deveis ter no pensamento” (Fl. 4,8).
Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – XXVII Domingo do Tempo Comum – Ano A
Agraciados e desgraçados
A palavra “agraciado” soa bem aos nossos ouvidos, não posso afirmar a mesma coisa do seu antônimo. Mas não se erra ao afirmar-se que des-graçado significa sem-graça. Os lavradores da parábola que nós escutamos eram agraciados: eram dignos da estima do seu senhor que lhes confiara a sua vinha. Mas caíram na desgraça: perderam a vinha e morreram por causa da própria ambição. Grande contradição a da vida daqueles homens: querendo a herança, perderam a vida, perderam até mesmo a possibilidade de ambicionar a herança.
Aqueles lavradores tinham uma ambição desleal. Eles eram invejosos. Não estou falando mal deles, simplesmente tento glosar o que eles mesmos disseram: “eis o herdeiro! Matemo-lo e teremos a sua herança” (Mt 21,38). É fato que os lavradores não suspeitavam duma coisa: o filho queria fazer deles participantes da sua herança. Mas, pobres coitados! Os lavradores, que poderiam ser uns ricos herdeiros por graça do seu senhor, acabariam sendo homicidas e exterminados sem piedade. Eram uns homens miseráveis porque eram egoístas e invejosos. Temos que ter cuidado: poderíamos ser uns desgraçados, inclusive ambicionando coisas boas.
Mais ainda, provavelmente, se tivessem ficado com a herança teriam se matado entre eles, cada um defendendo os próprios “direitos”. Como a estória daqueles três “amigos” que eram assaltantes. Conta-se que na hora de dividir o produto do roubo resolveram “comemorar”. Sendo assim, um deles foi comprar uma garrafa de whisky para fazer a festa. Este, muito esperto, resolve ficar com tudo só para ele e coloca veneno na garrafa para que os outros morram. Enquanto isso os outros dois “amigos” planejam o seguinte: ficar com tudo para eles. Quando chega o que fora comprar o whisky, os outros dois o matam e, para comemorar tomam o whisky… Péssimo resultado! Morreram todos! É fato: quem não sabe partilhar não serve para ter.
A parábola que o Senhor Jesus nos contou no dia de hoje é um resumo de toda a história da salvação com os seus progressos e os seus regressos. Da parte de Deus, ele sempre a fez progredir. No que diz respeito ao ser humano, havia progresso quando ele correspondia à vontade de Deus; regresso, quando as pessoas se rebelavam contra o querer de Deus. Finalmente, “Deus enviou o seu próprio Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção” (Gl 4,4-5). Desta maneira, o homem pôde corresponder perfeitamente à vontade do Pai. Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, viveu intensamente a vontade do seu Pai do céu.
“Hão de respeitar o meu filho” (Mt 21,37). Mas não! Mas será que hoje em dia se respeita o Filho de Deus que morreu e ressuscitou pela nossa salvação? A ingratidão é uma coisa penosa, machuca o coração e fere os sentimentos mais profundos. Às vezes, a ingratidão é mais dolorosa que um ato de violência física. O Coração do nosso Pai do céu é alvo de constantes ingratidões. Deus nos oferece a felicidade e nós pensamos que as suas exigências santas são como uma espécie de moral de escravos ou de infelizes. Deus oferece o que é bom, o que constrói o ser humano, mas nós continuamos com a “cabeça dura” e o “nariz empinado” querendo construir a própria felicidade à margem de Deus. Dá a impressão que às vezes o homem quer colocar-se no lugar de Deus. O certo é que há várias tentativas de construir um espaço sem Deus, sem religião, sem valores; enfim, um mundo que se encaminharia à destruição por mãos do próprio homem. A pessoa humana é um ser maravilhoso, mas pode transformar-se num pobre desgraçado.
Não estou sendo pessimista se afirmo que se a vinha não está nas mãos de Deus, as uvas apodrecerão os dentes de quem as comer. Isto é, qualquer felicidade que deixa a Deus de fora é uma fantasia. Como poderia ser verdadeiramente feliz alguém que renuncia a algo que lhe é tão próprio como a dimensão religiosa da vida? Como pode alcançar a felicidade alguém que era escravo, foi libertado, mas não quer viver segundo aquilo que é tão próprio do seu ser: a liberdade? Como pode ser feliz alguém que opta por desprezar aquele que quer fazê-lo feliz dando-lhe a herança dos filhos?
Pe. Françoá Costa
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Domingo, 02-Outubro-2011                             Gilberto Silva             
Mt 21,33-43
Ao meu filho eles vão respeitar.”
Caríssimos irmãos e irmãs,
Damos continuidade à parábola do domingo anterior sobre os dois irmãos na vinha, onde a indocilidade daqueles filhos que se identificam com o povo de Israel tanto na desobediência quanto no egoísmo, e que os afastam da bondade e da misericórdia do Pai.
Jesus nos apresenta hoje, novamente a vinha (o povo de Deus, o mundo) para nos indicar o caminho do Reino de Deus. Deus é o dono da vinha que não mede nenhum esforço para cultivá-la, embelezá-la para que os rendeiros (vinhateiros) possam desfrutá-la e colher os seus frutos.
É Deus colocando nas mãos dos sacerdotes e anciãos, o povo de Israel para que com responsabilidade governem e tomem conta de cada um dos irmãos.
Quando é chegado o tempo da colheita, eis que Deus envia os seus emissários, ou seja, os profetas, para reclamar o que Lhe é devido: Os frutos, os  seus filhos benditos.
Porém, estes emissários são espancados, maltratados e humilhados pelos rendeiros/vinhateiros, que chegam ao ponto de os matarem. Deus por fim, envia o seu próprio Filho amado, “acreditando” que por Ele teriam mais respeito, afinal os servos/emissários já tinham sido mortos.
Esta parábola deixa bastante clara os repetidos apelos de Deus Pai para com o seu povo no envio de profetas através de toda a sua história e finalmente no envio do próprio Filho para que o povo se arrependa dos seus pecados e voltem para junto de Deus.
Jesus sabe que os fariseus estão tramando a sua morte como também tem conhecimento que terão sucesso nos seus planos, afinal Ele veio ao mundo para dar sua vida em resgate de muitos.
Deus pacientemente vai enviando os seus emissários, pois sabe o quão o seu povo escolhido é rebelde, sempre na expectativa de que em uma dessas oportunidades, eles venham a se arrepender.
Assim como na parábola em que o filho é jogado para fora da vinha é espancado e assassinado, o mesmo acontece com Jesus, que é levado para fora da cidade de Jerusalém, espancado, humilhado e crucificado.
Observa-se que os líderes (sacerdotes e anciãos) sem o autoconhecimento fazem o seu próprio julgamento, quando Jesus os interpela sobre a volta do dono da vinha, os fariseus condenam a si mesmos a perder seus lugares junto ao Reino de Deus.
Jesus os adverte sobre um melhor conhecimento das sagradas escrituras, pois no Salmo 118 se faz referência a Jesus, como da rejeição sobre Ele pelo seu povo, como também da morte e ressurreição dos mortos.
A pedra angular (Jesus) foi rejeitada, pois achavam que era inadequada para a construção, entretanto como vimos em Atos dos Apóstolos 4,11 ela se torna a principal peça para a edificação do Reino de Deus.
Irmãos e irmãs, o Reino de Deus sempre existiu desde Adão até os dias de hoje. Sempre centrado no povo de Israel junto ao povo judeu. Mas, através de Jesus este foi expandido a todas as nações para que produzam os frutos que Deus Pai espera. Afinal pela morte de Jesus, do grão de trigo, o fruto se multiplicará  tanto quanto na fé como na comunidade dos cristãos dos que doam a suas vidas pelos irmãos, a serviço de Deus. Será que estamos produzindo frutos a partir das nossas casas e nos locais de trabalhos?
O nosso coração está preparado para receber os emissários de Deus, nossos santos padres?
Deus nos preparou com carinho fazendo-nos à Sua imagem e semelhança, tal qual a vinha, portanto produzamos os frutos que Ele espera de nós.
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo.

                      Gilberto Silva
       (33}-8828-5673-(33)-3279-8709
"Meu Senhor e meu Deus, refúgio e fortaleza"
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Vamos  trabalhar na vinha?
A Palavra de Deus deste XXVII domingo comum recorda-nos uma história de amor, misteriosa, triste e destinada a nos fazer pensar... É a história do Povo de Israel. Não sua história simplesmente na forma de crônica, de rosário de fatos, um após o outro, no correr do tempo. Aqui a história é apresentada em forma de parábola, uma parábola do amor de Deus, o Amado, por sua vinha; uma parábola de decepção, de vinhateiros assassinos, de um Filho querido jogado fora da vinha...
Na primeira leitura, de Isaías, Deus se queixa de sua vinha pela boca de seu profeta: “Um amigo meu plantou videiras escolhidas... esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens”. Eis a história de Israel, a vinha amada: o Senhor plantou seu povo: esperou bons frutos, mas vieram frutos azedos: “A vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá é sua amada plantação; eu esperava deles frutos de justiça – e eis a injustiça; esperava obras de bondade – e eis a iniqüidade”. Ante tal infidelidade, o Senhor diz pelo profeta: “Vou desmanchar a cerca, e ela será devastada, vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. Vou deixá-la inculta e selvagem...” Eis o triste resumo da história do Povo de Deus da antiga aliança. Tão amado, tão preferido, Israel não foi fiel à aliança, Israel não deu os frutos de amor, de sensibilidade para com seu Deus, de total dedicação a ele que o Senhor esperava.
Essa atitude do primeiro povo chegou ao extremo na atitude dos chefes judeus da época de Jesus: misteriosamente, eles rejeitaram Jesus, expulsaram-no da vinha de Deus e mataram-no. O fato é que Israel foi se fechando para aliança com o seu Deus e, quando o Messias veio, o Povo amado não teve a capacidade para reconhecê-lo e acolhê-lo... Recordemos como Jesus fala de seu próprio destino na parábola de hoje: o proprietário que planta a vinha é o Pai do céu, a vinha amada é a casa de Israel – essa vinha que, já vimos, deu frutos azedos; os vinhateiros são os chefes do povo, aos quais Deus confiou sua vinha; o Senhor enviou seus empregados para receber os frutos: são os profetas e todos aqueles que advertiram o povo de Deus para que se convertesse. Os vinhateiros espancaram e mataram esses enviados. O Pai, então, enviou o Filho, o Amado, o Herdeiro. “Vinde, vamos matá-lo!” – eis a terrível palavra dos vinhateiros, a sentença dos chefes judeus! E tomam o Filho amado, expulsam-no como um maldito e matam-no! Diante disso, a conclusão do Evangelho é tremenda, é misteriosa: a vinha será tirada e dada a outros. A eleição de Israel passará para um novo Povo, a Igreja; Jesus, a pedra rejeitada, será a pedra angular de uma nova construção – o Novo Povo de Deus, a Igreja do Novo Testamento, nascida do seu sangue.
Que história impressionante: um povo tão amado, um povo singular. Um povo de santos... e que perdeu a oportunidade de reconhecer e acolher o Messias tão esperado e tão desejado! Um povo que deveria ser ministro da salvação de toda a humanidade e não soube compreender sua missão... Ao mesmo tempo, nosso misterioso nascimento: somos a Igreja, resto de Israel, do qual Deus fez, em Cristo, um Novo Povo, para testemunhar o Senhor e levar seu nome aos confins da terra. Somos um povo, caríssimos: mais que brasileiros, somos Igreja; mais que tudo, somos o Povo de Deus da nova aliança, somos a vinha do Senhor, enxertada no verdadeiro tronco, que é Jesus, a verdadeira videira! Sem merecer, por graça de Deus, eis o que somos!
A Escritura nos diz que todas essas coisas aconteceram para nos servir de exemplo (cf. 1Cor. 10,6)... Não somos melhores que os judeus, não devemos desprezá-los nem condená-los! É verdade que jamais a aliança passará para um terceiro povo, jamais a Igreja perderá sua condição de Novo Povo de Deus. Compreendamos: a verdadeira vinha nova é o próprio Cristo: "Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o agricultor" (Jo 15,1). Vinha bendita, verdadeira cepa da antiga vinha, Israel! Jesus é a videira, nós, os ramos: "Eu sou a videira e vós os ramos" (Jo 15,5). Ele é o tronco bendito e nós, sua Igreja, os ramos que não se podem separar dele! É por isso que jamais essa Igreja, nova vinha unida ao tronco, poderá perder a condição de videira escolhida, amada e eleita. Mas, atenção: os ramos, individualmente, podem ser arrancados: "Todo ramo que em mim não produz fruto o Pai corta" (Jo 15,2). Eis, meus caros: devemos, sim, perguntar pela nossa fidelidade a Deus que, em Jesus, nos fez ramos da sua nova vinha! Que frutos, caríssimos, estamos dando? Uvas doces? Uvas azedas? Uvas nenhumas? Quais são nossos frutos? São nossas obras, são nossas atitudes, é nosso modo de viver? O Senhor espera de nós uma vida segundo a sua vontade, segundo aquilo que o Senhor Jesus nos mostrou e viveu; o Senhor espera de nós um testemunho de amor profundo a ele, para que o mundo descubra e corresponda ao seu amor! Na segunda leitura deste hoje, o Apóstolo nos exorta: "Irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes. Assim o Deus da paz estará convosco". Eis aqui um belo programa de frutos dados por um ramo enxertado em Cristo!
Igreja de Deus, aqui reunida para a Eucaristia, é a vinha amada do Senhor! Vinha por vezes ameaçada de devastação, seja pela perseguição do mundo que não crê, seja pelos seus próprios pecados, que azedam os frutos que deveriam ser doces! Convertei-vos, Igreja de Deus em Cristo; convertei-vos e dai frutos em vossa vida!
Quanto a vós, Senhor Deus, Senhor da vinha, “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai! Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao Rebento que firmastes!” Olhai, Pai Santo, a face do vosso Filho Jesus, morto e ressuscitado, que oferecemos em sacrifício eucarístico: tende piedade de nós; dai-nos força, vida e paz!
dom Henrique Soares da Costa
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Trabalhar na vinha do senhor
O tema da vinha é predominante na liturgia de hoje. Trata-se de parábola comum ao Antigo e ao Novo Testamentos da qual primeiro os profetas e, depois, Jesus se serviram para falar do amor de Deus e da ingratidão do ser humano. Na primeira leitura, Isaías descreve a história de Israel como a história da vinha que o Senhor plantou e à qual deu condições para que produzisse bons frutos. O evangelho resume a metáfora de Isaías e a desenvolve, falando de outros imensos benefícios feitos por Deus, primeiramente o envio dos profetas e, enfim, o envio do Filho como prova suprema de amor. A segunda leitura pode ser tomada como um convite à gratidão para com Deus e como compromisso de nossa parte para darmos abundantes frutos de boas obras.
Evangelho (Mt. 21,33-43)
Entregarão os frutos no tempo certo
Numa releitura do texto de Isaías, o evangelho de hoje vem acentuar a importância dos líderes religiosos no exercício de sua missão na comunidade: cuidar da vinha.
O cultivo da vinha exige muita dedicação, porque ela representa frequentemente os escolhidos de Deus, que são muito valiosos para ele. O dono da vinha esteve distante até o tempo em que ela deveria dar frutos e a confiou a “empregados”. Jesus está dizendo a seus interlocutores que eles são apenas servos de Deus, que a função deles é entregar os frutos para o verdadeiro dono, mas eles quiseram fazer as coisas do jeito deles.
Os servos quiseram a parte que pertencia a Deus. Mas somente o Senhor tem a última palavra na condução do povo. E somente a Deus pertence o louvor, não aos líderes religiosos. Então a liderança religiosa já não estará com aquele grupo; caberá a quem fizer a vinha produzir frutos para Deus.
Essa realidade criticada pelo evangelho está presente na Igreja em todos os tempos, porque o ser humano é sempre tentado a usurpar o lugar de Deus. Para aprendermos a assumir nosso papel na liderança da comunidade, basta olhar para Jesus, que não se apegou a seu ser igual a Deus, mas assumiu a condição de servo (cf. Fl. 2,6-7). E ele é o herdeiro da vinha. Por isso, Jesus é o caminho a ser seguido não somente pelos líderes religiosos, mas por todos os cristãos que queiram realizar na sua vida a vocação humana e cristã: ser para Deus. Se realizarmos essa vocação, certamente a vinha do Senhor dará muitos frutos no seu tempo.
1ª leitura (Is. 5,1-7)
Esperava que produzisse uvas boas
O poeta canta em versos a história de amor entre seu Amigo e a vinha. Primeiramente destaca o cuidado que seu Amigo teve para com ela: preparou a terra, plantou mudas selecionadas; deu-lhe proteção permanente com vigias, construindo uma torre; evitou que as uvas se estragassem, fazendo um tanque de amassar uvas. Esses cuidados fizeram dela uma “vinha preciosa” (Jr. 2,21). Contudo a vinha não correspondeu às expectativas de seu proprietário. Para Isaías, a vinha é Israel e Judá, a totalidade do povo de Deus. Que expectativas não foram correspondidas? O exercício da justiça e do direito.
O poeta afirma que seu Amigo, o proprietário da vinha, identificado com o Senhor dos exércitos, convoca os moradores de Jerusalém para julgar a vinha. O proprietário faz duas perguntas: a primeira sobre as próprias atividades, e a segunda sobre a produção da vinha. No final, o proprietário dá uma sentença, anunciando o que fará. E suas atividades para com a vinha serão o oposto dos cuidados iniciais. O ápice é o v. 7, no qual estão em contraste as expectativas de Deus e a resposta negativa do povo.
A vinha não produz os frutos esperados, o povo não realiza obras que agradam a Deus, especificamente a justiça e o direito. Essas palavras da primeira leitura são bem atuais; hoje elas se dirigem a nós que somos povo de Deus em Jesus Cristo.
2ª leitura (Fl. 4,6-9)
Ocupai-vos com tudo o que é bom
O texto da segunda leitura traça um itinerário para que o cristão possa ter uma práxis que seja fruto de seu relacionamento com Deus.
Primeiramente diz: “Não vos preocupeis com coisa alguma”. Isso não significa ser irresponsáveis nas tarefas, nas atribuições, nas profissões, nos relacionamentos familiares etc., e sim que as preocupações com o cotidiano não devem tomar demasiado espaço em nossa vida. Quanto mais se confia em Deus, tanto mais os pensamentos ficam livres de aflições e ansiedades (cf. Mt. 6,25 e 1Tm. 5,8).
Se alguma situação se torna muito difícil para nós, então devemos nos reportar a Deus com orações e súplicas. A palavra “súplica”, no idioma em que o texto foi escrito, denota o sentido de algo do qual necessitamos muito, de alguma coisa vital para nós. Mas as orações e súplicas devem estar unidas à ação de graças, porque devemos agradecer a Deus antes mesmo de receber a resposta dos nossos pedidos. Talvez Deus não realize exatamente o que esperamos, mas sabemos que ele sempre responde às nossas orações e por isso devemos agradecer imediatamente.
Em seguida, após depositarmos nossas dificuldades nas mãos de Deus, então já não estaremos tão estressados como antes e poderemos saborear “a paz que supera todo entendimento” (v. 7). Sentimos paz não porque a situação foi resolvida, mas porque ela já não nos sufoca – afinal, somos a vinha bem cuidada de Deus.
E como nossa mente já não está sobrecarregada com preocupações e ansiedades, então podemos nos ocupar com o que é essencial (v. 8): levar uma vida exemplar no mundo (dar testemunho), sendo verdadeiros, sabendo respeitar a dignidade do outro, sendo amáveis, sendo puros, enfim, praticando as virtudes.
Paulo termina dizendo que esse comportamento os filipenses aprenderam observando o modo como ele, Paulo, se comportava. Quem dera as pessoas pudessem também aprender essas coisas pelo testemunho dos cristãos. Então o mundo inteiro seria uma vinha que produz frutos agradáveis para Deus.
Pistas para reflexão
Também para os membros da Igreja valem as palavras de Isaías e de Jesus; por isso a homilia deve evitar estabelecer contraposição entre Israel e Igreja, para não deixar os cristãos numa posição muito confortável. Se a vinha, que é a vida de cada fiel na Igreja, não der frutos, Jesus dirá hoje as mesmas palavras que dirigiu aos líderes religiosos da sua época.
Estamos iniciando o mês missionário, e todo batizado deve ser “vinha do Senhor”, dar frutos e evitar o comodismo que freia a missão. Esta não deve ser entendida como atividade individual e fruto de recursos e capacidades humanas, mas sempre como colaboração com a obra missionária de Cristo, pois ele é a origem e fonte de toda atividade missionária na Igreja.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
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Normas práticas para a vida cristã
Queremos hoje nos deter nos versículos da carta aos Filipenses propostos à nossa reflexão no domingo de hoje. O apóstolo enumera algumas normas práticas para a vida dos discípulos de Jesus.
Quanta loucura nossa vida... quantas preocupações, muitas vezes legítimas, outras supérfluas. Chegamos a não dormir, a ficar estressados, a ter a sensação de não estarmos cumprindo com nossas obrigações. E há necessidades: o pão para a mesa, o casamento a ser revigorado, os filhos a serem acompanhados, a santidade de vida as ser buscada. “Irmãos não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças”. Importante a última observação do apóstolo: orações acompanhada de ação de graças.
Os que se entregam ao Senhor, os que de manhã, ao meio dia, e à noite colocam suas coisas nas mãos do Senhor, suplicam o perdão de suas faltas e esperam a luminosidade de suas visitas misteriosas  se revestem de uma grande paz. Paulo fala dessa paz  que se adquire, que se vive em Cristo Jesus. “ E a paz de Deus que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus”.
“Quanto ao mais ocupai-vos com  tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor”. Cada um e cada uma tem suas ocupações. Há os casados: haverão de se ocupar da construção de seu casamento, na conversa simples de todos os dias, se entregarão ao trabalho profissional, se ocuparão de investimentos que solidifiquem suas família com os filhos. Colocarão a grandeza e beleza de seu ser casal cristão a serviço da Igreja e do mundo. Há os que são solteiros ou filhos: cuidarão de crescer na linha da maturidade humana; cumprirão com seus deveres de todos os dias e inventarão atividades que possam transformar a face da terra e revigorar a Igreja.  Todos haverão de deixar de lado a atividades fúteis, vazias, aquelas que são marcadas pela mentira, pela falta de respeito e de justiça. Os seguidores de Cristo fazem como que um buquê de prioridades em seu agir no mundo e durante o tempo da vida.
Reforçam tudo o que dissemos as palavras pronunciadas ou cantadas como aclamação ao  Evangelho: “Eu vos escolhi do meio do mundo, a fim de que deis um fruto que dure”.
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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A vinha de Deus
Um dos textos mais populares da literatura profética era o cântico da vinha, alegoria do profeta Isaías sobre a ingratidão da vinha escolhida por Deus, rodeada por ele com todos os cuidados possíveis e que, contudo, não produziu frutos. A vinha é Israel que, em vez de produzir a justiça - o bem que Deus deseja para todos -, institucionalizou o derramamento de sangue e a opressão. Esta é a 1ª leitura de hoje. Faz pensar na América Latina: era um continente paradisíaco (até hoje alguma coisa disso sobrou); foi dado aos cristãos da Europa, incentivados por indulgências e privilégios pontifícios para “propagar a fé”... Mas o fruto foi a violência institucionalizada.
Se alguém achar essa exegese atualizada demais, olhemos para a exegese atualizada do Cântico da Vinha que Jesus propõe (evangelho). Jesus não acusa a vinha, como Isaías, mas aos agricultores. Se o “senhor da vinha” nunca viu os frutos, não é porque a vinha não os produzia, mas porque os arrendatários os desviavam... Inclusive, maltratavam os emissários que o dono mandava (os profetas), e quando mandou seu próprio filho, o herdeiro, quiseram assegurar para si a herança da vinha, matando o herdeiro. Jesus, enviado junto ao povo de Israel para reclamar frutos de justiça, foi “jogado fora da vinha” (o calvário, fora dos muros de Jerusalém) e morto. O resultado foi que a vinha lhes foi tirada e confiada a quem entregasse a produção: os pagãos, que acolheram a pregação dos apóstolos antes dos judeus. E o texto acrescenta que isso realizou uma lógica que já estava nas Escrituras: a pedra jogada fora pelos construtores tornou-se pedra angular do edifício (SI 118/117,22s). Esta é a lógica da morte e ressurreição de Jesus, na qual está fundado o novo povo de Deus (cf. At. 2,33; 1Pd. 2,7).
Assim, esta parábola contém duas lições: 1) Deus esperava justiça de Israel, mas precisou colocar novos administradores para colher o fruto de sua vinha. Ora, o “fruto de justiça” é a fé que atua na caridade, pois justiça é aquilo que é conforme à vontade de Deus, e esta é, antes de tudo, que escutemos Jesus e ponhamos em prática o que ele ensina (cf. Mt. 17,5 e par.). O “fruto da justiça” inclui tudo o que a obediência à palavra de Cristo produz: amor sem fingimento, fraterna união, mútua doação etc. 2) A grandeza da obra de Deus: não há mal que por bem não venha. A rejeição de Cristo foi a prova da injustiça dos arrendatários, a abolição de seus privilégios, a transferência da vinha para os gentios que se converteram e produziram fruto: a Ressurreição do Cristo num povo novo.
Não leiamos esta parábola com olhos triunfalistas, considerando-nos os “bons”. A história se repete. A Nova Aliança, em que o antigo povo de Deus, ingrato, abre o lugar para o novo povo universal de Deus, é uma realidade escatológica, isto é, já iniciada, mas ainda não definitivamente estabelecida. Em outros termos, a qualquer momento podemos cair fora! Quando nos apropriamos dos frutos, fazendo do povo de Deus nosso negócio (pense na cristandade que sangrou a América Latina...), então, já não somos administradores da vinha. Para entender bem o evangelho de Mt, devemos sempre pensar que os fariseus somos nós mesmos! E seremos o novo povo de Deus, edificado no Cristo ressuscitado, apenas se entregarmos a Deus os frutos da justiça.
A 2ª leitura nos mostra o que são os frutos de justiça: tudo quanto for verdadeiro, nobre, reto, puro, amável, honrado, tudo o que for virtuoso e digno de louvor... Paulo não oferece um elenco de boas ações, de coisinhas para fazer. Ele tem confiança na consciência do bem que Deus nos deu. Sejamos gente, em nome de Cristo Jesus: então produziremos frutos de justiça! E o Deus da Paz (o dom messiânico por excelência) estará conosco.
A liturgia eucarística é marcada pela idéia da unidade de novo povo de Deus (sobretudo canto da comunhão, opção II). Na mesma linha, pode-se rezar o prefácio dos domingos do tempo comum VIII. A oração final expressa o fundamento desta trindade: a Eucaristia nos deve transformar naquele que recebemos. Recorrendo aos sinais eucarísticos, podemos dizer: somos o corpo de Cristo, a vinha do Pai.
Johan Konings "Liturgia dominical"
1. Ao longo da vida o Senhor nos oferece ocasiões para crescermos em sabedoria e graça e nem sempre sabemos desfrutá-las. Aprendemos a viver visando o lucro, o sucesso, o interesse pessoal, por isso não conseguimos enxergar tudo aquilo que de bom Deus proporciona por nós. Deus faz de tudo para que as pessoas possam viver de uma forma digna, conforme o projeto que Ele mesmo pensou, mas a ganância do mundo, a cobiça da vida atrapalha de um jeito a alma que consideramos negativo tudo aquilo que Deus prepara para nós. Esta é em síntese a historia da humanidade, que de uma certa forma é a nossa historia.
2. “Por isso eu vos digo, o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt. 21,43).
Deus não fica esperando o tempo todo um povo que não dá ousadia por Ele: este é o sentido do versículo. O Reino de Deus deve produzir frutos, pelo contrario não serve ao objetivo pelo qual foi pensado. O problema que ao longo da historia da salvação quem tomou conta do Reino foi um povo que não prestou, um grupo de pessoas, a clássica panelinha da vez que em vez de acolher a Palavra de Deus para se converter e melhorar o próprio estilo de vida, a utilizaram para julgar os outros (cf. Rm. 1-2). Furto do Reino de Deus devem ser atitudes que brotam do mesmo Deus e não atitudes que saem dum coração preso ao próprio egoísmo. Por isso não basta a Palavra de Deus, mas necessitas o esforço pessoal para que a Palavra possa encontrar espaço, o terreno propicio para poder brotar os frutos desejados. Para atualizar aquilo que estamos comentando. A Igreja acabou de viver o mês da Bíblia. Então a que adianta este mês, a que adianta os círculos bíblicos, as celebrações bonitas se não se traduzem em ações concretas ditadas pela Palavra de Deus meditada? Chega de encontros, de reflexões bíblicas só para acalmar a consciência ou, pior ainda, para se sentir melhor dos que os outros! É esta a grande responsabilidade dos católicos, das comunidades cristãs. Pode acontecer conosco aquilo que aconteceu com o povo hebraico comentado no versículo sobre citado, ou seja, de sermos cortados. Em toda missa a comunidade, junto a cada cristão, deveria se questionar sobre a maneira de utilizar os dom que recebeu de Deus. Somente com esta capacidade critica é possível ir para frente no Reino de Deus. É isso que faltou aos fariseus e aos escribas, fechados no orgulho e na ufania, se achando os donos da Palavra e não os servos dela. Este versículo que estamos comentando, que encerra o Evangelho de hoje, apesar de ser muito forte, é extremamente realista, daquele realismo sadio que ajuda a alma a se colocar no próprio lugar, que nos ajuda a não nos empossarmos daquilo que não é nosso, mas que é simplesmente nos oferecido para nos salvar.
3. “Certo proprietário plantou uma vinha... Depois arrendou-a aos vinhateiros e viajou para o estrangeiro” (Mt. 21,33).
Na vinha o dono coloca os vinhateiros para trabalhar, para que a vinha possa dar uva. Isso quer dizer, interpretando a parábola, que a Igreja é nos doada para trabalhar e não para mandar. O batismo que recebemos é participação da morte de Cristo, do seu do sofrimento como sinal do seu amor para o Pai. Isso quer dizer que devemos apreender a viver a Igreja com disponibilidade a servir de uma forma gratuita, com muita dedicação, para que a graça de Deus que recebemos nos sacramentos possa brotar frutos de conversão. É interessante, também, na historia narrada da parábola, que o dono entrega a vinha aos vinhateiros e depois viaja. Isso é sinal de confiança e, ao mesmo tempo, sinal de um compromisso que exige responsabilidade. O dono da vinha entrega tudo nas mãos dos vinhateiros e isso exige não apenas confiança da parte do dono, mas também compromisso do lado dos vinhateiros. Se A vinha é a Igreja, o Reino de Deus isso quer dizer que devemos aprender a viver a nossa pertença a Igreja com mais responsabilidade, devolvendo com um compromisso sempre mais fiel á confiança que Deus tem para nós. Além do mais, a maneira de Jesus agir para conosco, parafraseando a parábola, deveria ser aprendida por todos aqueles que assumem tarefas de confiança dentro da Igreja. Para que o reino do Céu possa crescer precisa de pessoas que saibam acreditar nos outros, que tenham a mesma postura de confiança que o dono da vinha teve na historia da parábola. Ajudamos os outros a crescer humanamente, espiritualmente e eclesialmente não segurando-os, não ficando o tempo todo manando neles, mas sobretudo confiando nas suas capacidades. Jesus fez e continua fazendo isso conosco: seria bom aprendermos a fazer isso também nós com as pessoas que o Senhor coloca ao nosso lado. Somente pessoas interiormente livres conseguem viver com liberdade os relacionamentos pessoais e a não querer que todos façam do jeito que ele pensar. Quantas vezes a Igreja, nos trabalhos que desenvolve, se torna espaço para descarregar as próprias frustrações pessoais em vez de ser o terreno propicio do desenvolvimento da liberdade dos outros? Isso, infelizmente, se torna amiúde bem visível toda vez que alguém assume uma tarefa dentro da Igreja, seja ele quem for, clérigo o leigo. Mais uma vez é bom salientar que a parábola narrada no Evangelho de hoje nos ensina que a vinha do Senhor, o seu reino, Jesus a doou para trabalhar, para servir com humildade, assim como também Ele mesmo fez, que veio para servir e não para ser servido.
4. “Irmãos, não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças” (Fil. 4,6).
Na Igreja, que é vinha do Senhor, deveríamos aprender a viver assim, em tranqüilidade, sem nos inquietar com nada e com ninguém, em paz com Deus e com os irmãos. Só que para vivermos assim, precisamos entregar tudo nas mãos de Deus, aprender a viver a nossa vida como algo que está totalmente nas mãos de Deus, que seja Ele mesmo a tomar conta de tudo, da nossa vida e da nossa caminhada. É este o caminho da total espiritualização da existência cristã, o caminho feito de ações e de orações interligadas entre elas, caminho na luz de Deus que permite vislumbrá-lo a cada momento e em todo lado da nossa existência. Jesus sem duvida viveu deste jeito a própria existência terrena, com o rosto constantemente dirigido ao Pai, na busca constante da sua vontade, entregando a Ele completamente a sua causa. Pedimos a Deus que nos ensine a viver com sempre mais espiritualidade a nossa experiência de fé.
padre Paolo Cugini
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"O Reino de Deus será tirado de vocês e será entregue a um povo,
que produzirá seus frutos"
1ª leitura: Is. 5,1-7
O poema da vinha do Senhor conta a decepção que Deus teve com o seu povo. Como o agricultor, Deus plantou uma vinha que é o povo de Israel e tomou todos os cuidados necessários, para que sua vinha produzisse uvas saborosas. Na hora da colheita só encontrou uvas azedas. O profeta, que fala em nome de Deus, convida os ouvintes a serem juízes entre o agricultor e a vinha; convida-os a responder a esta pergunta carregada de ternura e dedicação e ao mesmo tempo de ressentimento. O que poderia ainda ter sido feito por minha vinha e eu não o fiz? Eu contava com uvas gostosas, mas por que ela produziu uvas azedas? Os ouvintes, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá, parecem responder: Na verdade o Senhor fez tudo! O Senhor só poderia esperar uvas saborosas! Os ouvintes, implicitamente, aprovam a decisão do Senhor da vinha. Que decisão ele tomará? Ele vai proceder exatamente ao contrário do que fez anteriormente. Vai deixar a vinha totalmente desprotegida, vai derrubar a sua cerca e vai entregá-la à devastação. Não vai cuidar dela mais. Inclusive, vai proibir às nuvens que a molhem com chuva. É aqui que começamos a descobrir que o agricultor é o próprio Deus. O verso seguinte de fato diz: "Pois a vinha do Senhor Todo Poderoso é a casa de Israel, e os cidadãos de Judá são sua plantação querida". Com todo zelo de agricultor, com todo o carinho de urna mãe, Deus liberta seu povo da escravidão egípcia e o planta na Terra Prometida, para produzir uma sociedade justa e fraterna. Deus não tinha mais nada a fazer senão esperar os frutos desejados. Mas, ao invés de reinar o direito, "domina a violação do direito", ao invés da justiça esperada, "só se ouvem os gritos dos injustiçados".
Em sua decisão o agricultor disse que vai deixar sua vinha "ser devastada e calcada aos pés". É uma referência à invasão do exército assírio que devastará o país de Israel, que é a vinha do Senhor. Israel não deu os frutos desejados do direito e da justiça, cerca protetora; agora não poderá reclamar da ruína. 
2ª leitura: Fl. 4,6-9
Qual o significado desse v 6? “Não se angustiem com nada: sempre em orações e súplicas com ação de graças apresentem suas necessidades a Deus”. O que angustiava a comunidade? Entre outras coisas temos uma referência no v 2, onde duas líderes da comunidade, Evódia e Síntique, estavam brigadas. Paulo pede que elas façam as pazes. Parece que o v 6 nos remete a um contexto de celebração comunitária, onde as necessidades devem ser apresentadas a Deus juntamente com orações, súplicas e agradecimentos. O momento da celebração eucarística traz para todos essa serenidade de espírito, essa tranquilidade de que todos precisamos para a boa convivência, para pedir e para agradecer a Deus. A celebração é uma espécie de oásis diante das angústias e dos conflitos em que vivemos. Como consequência de nossa celebração - nossas orações, súplicas e ação de graças - nos encheremos da paz de Deus em Cristo Jesus.
Finalmente, Paulo aponta o ideal do comportamento do cristão. O cristão deve estar sempre voltado para o que é virtude, o que merece louvor. Termina colocando-se como exemplo. Os filipenses devem se espelhar nas palavras e no comportamento de Paulo; assim o Deus da paz estará com a comunidade.
Evangelho: Mt. 21,33-43
Esta parábola, dirigida aos chefes do povo de Deus, se inspira no canto da vinha (Is 5, 1-7 – 1ª Leitura). O proprietário é Deus, a vinha é o povo e os vinhateiros são os chefes do povo, representados aqui pelos sumo-sacerdotes e anciãos. Como em Isaías, Deus cercou a vinha de todos os cuidados possíveis, ela tem tudo para produzir seus frutos de justiça e direito. Esses cuidados de proprietário pela sua vinha sintetizam todo o zelo de Deus ao longo da história do seu povo.
"Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos". Lembremos que os vinhateiros são os chefes do povo. E quem são os empregados? São os mensageiros - os profetas - que Deus vai enviando ao seu povo ao longo da história. Mas o que os vinhateiros fazem com os empregados? Não os acolhem. Pelo contrário vão sendo cada vez mais agressivos com eles: agarram, espancam, apedrejam e matam. O proprietário, paciente e incansavelmente, manda outros empregados. Mas a crueldade se repete. O proprietário, ainda esperançoso, envia seu próprio Filho, pensando que ao Filho eles respeitariam. É Deus esgotando todo o seu amor por nós, arriscando o que tinha de mais precioso. É a última tentativa de Deus, mas é também a última chance dos vinhateiros. E o que acontece? Deus sentiu de perto a trama da maldade humana nos representantes do povo. Perpetuam a injustiça, pisam no direito e eliminam os portadores destes ideais. Não respeitaram nem mesmo o Filho de Deus, mas ambicionaram sua herança; aqui está o sentido da ambição e poder sobre o povo. "Agarraram o Filho, jogaram-no fora da vinha e o mataram". Jesus, de fato, foi morto fora dos muros da cidade.
A essa altura Jesus lança para eles uma pergunta provocadora: "Quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?" Eles responderam ingenuamente sobre o próprio destino: "com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão o fruto no tempo certo".
Jesus, primeiro, cita o SI. 118,22s, mostrando-se como a pedra angular sem a qual nenhuma construção se sustenta. Jesus é, portanto, a sustentação do povo de Deus, que vai produzir frutos de justiça e direito. Em segundo lugar, Jesus decreta a sentença contra os chefes do povo: "O Reino de Deus será tirado de vocês e será entregue a um povo, que produzirá seus frutos".
Os vinhateiros de hoje estão produzindo os frutos de justiça e de direito?
dom Emanuel Messias de Oliveira
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O Evangelho apresenta Jesus em Jerusalém, centro do poder político, econômico e ideológico da época.
Ele está diante das maiores autoridades, e conta a parábola da plantação de uvas na qual deixa clara a participação dessas autoridades presentes em Seu destino: ser condenado e entregue à morte em Jerusalém, por aqueles que querem ser os donos da vinha, donos do povo, em vez de produzir frutos para Deus.
A Palestina era um lugar rico em vinhedos e os profetas do Antigo Testamento recorriam com frequência a essa imagem familiar para falar do povo escolhido por Deus, aqueles que são testemunho vivo da presença constante do Pai entre eles.
Cada elemento da parábola tem um significado: Deus é o proprietário; a vinha é Israel (o povo de Deus); os empregados são os profetas; os lavradores vinhateiros são os chefes religiosos e políticos, os judeus, os pagãos e os pecadores; o filho é Jesus, o herdeiro da vinha.
Na parábola, Jesus conta que Deus, o dono da vinha castigará os arrendatários pelo descaso, pelo sofrimento causado e pela morte dos seus empregados, que eram os profetas que vieram falar em nome d’Ele. Na verdade o dono da vinha esperava que pelo menos seu filho fosse melhor recebido, mas o mataram fora da cidade, como realmente aconteceu. Aqui Jesus está falando da sua própria morte, como vai acontecer, e os sumos sacerdotes reconhecem nesta parábola que Ele está se referindo a eles, autoridades de Jerusalém, como os arrendatários que matam o filho do dono, e só não O prendem naquele momento porque têm medo da multidão.
Aqueles que aceitam e ouvem a mensagem procuram também viver como mensageiros da justiça e da paz, produzem bons frutos e são acolhidos por Deus que lhes promete um lugar no Reino dos céus.
A conclusão da parábola é evidente. Jesus cita o salmo 118,22s: ”A pedra que os construtores rejeitaram (ou seja, Ele próprio) tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos”. A pedra angular era a que sustentava, no alto, o arco de entrada de toda construção. Sem ela o arco não se sustenta e cai, e não é possível construir coisa alguma. Jesus é essa pedra. Ele é a sustentação do povo de Deus cuja função é produzir na sociedade frutos de justiça e de direito.
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O Deus de Jesus é o Deus acolhedor
Esta parábola, desenvolvida no estilo narrativo, como algumas outras semelhantes de Mateus, parte de uma imagem que implica em uma relação de poder comum nas sociedades. Aqui temos o conflito entre o proprietário e os arrendatários. Desta relação de poder emergem detalhes de violência envolvendo ambas as partes. A sua interpretação deve ser cuidadosa, evitando-se uma imagem final de um deus violento e vingativo, a qual é muito característica do Primeiro Testamento. O Deus de Jesus é o Deus acolhedor que transforma os corações pelo amor.
Conforme a narrativa de Mateus, no dia seguinte ao da denúncia do Templo de Jerusalém como tendo se tornado um covil de ladrões, Jesus volta aí, enfrentando a hostilidade dos chefes dos sacerdotes e anciãos do povo que questionavam sua autoridade. Lhes apresenta, então, a parábola dos dois filhos, um faz a vontade do pai e outro não, seguida desta parábola envolvendo a vinha arrendada, que é uma denúncia do governo teocrático do Templo de Jerusalém, que, em nome de Deus discriminava e oprimia o povo, em vez de promover-lhe a vida, e planejava a morte do próprio Jesus. A vinha, na tradição profética de Israel, representa o povo. Na primeira leitura o profeta Isaías fala da vinha, que é a casa de Israel. Quem cuida da vinha é o próprio Deus. A vinha, embora bem cuidada, não deu frutos. Esperava-se que frutificasse o direito e a justiça, mas só se viu a tirania e o clamor do oprimido. Nesta parábola de Mateus, Deus é o proprietário da vinha, que representa o povo, a qual é entregue aos cuidados de agricultores arrendatários, como uma alusão aos dirigentes religiosos de Jerusalém. A estes cabia conduzir o povo de Deus fazendo frutificar a justiça e o direito. Mas tal não aconteceu. Quando o Filho de Deus vem para colher estes frutos, não só não os encontra como será morto por estes dirigentes. A sentença final significa uma reviravolta: o Reino de Deus será tirado destes dirigentes e entregue a um povo que produza frutos. Jesus lançou as sementes de uma nova vinha. É um povo entre o qual vigora "tudo que é verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável ou honroso, com tudo o que é virtude ou louvável" (segunda leitura).
O amor e a justiça unem a todos na paz e seus frutos permanecem para sempre.
José Raimundo Oliva
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Nós somos a vinha do senhor
A liturgia deste domingo continua o tema da vinha, um poema composto pelo profeta Isaías, em que é descrito o amor de Deus e a resposta do povo. A 1ª leitura nos ajuda a entender que se trata de fazer obras boas em favor do próximo, a justiça social. No Evangelho, Jesus retoma o poema de Isaías que se assemelha à 1ª leitura. Na época da colheita, o dono não entrega os frutos, maltrata os enviados, substitui os empregados, mata pessoas. A parábola ilustra a recusa de Israel em aceitar o projeto de salvação que Deus oferece aos homens através de Jesus Cristo. O dono é o Senhor que manifestou muito amor pela vinha. Os vinhateiros, são os chefes de Israel. Os enviados, são os profetas, o próprio Cristo (o Filho de Deus). Resultado: Jesus anuncia que “a vinha” vai ser retirada e confiada a trabalhadores que produzem e entregam a Deus os frutos colhidos, pois os frutos expressam a gratidão ao desvelo de Deus para com a sua vinha. Hoje, a Palavra nos diz que somos os trabalhadores da vinha que devemos produzir os frutos para não decepcionar as esperanças do Senhor na hora da colheita. A responsabilidade pelo zelo da vinha não está restrita a alguns, deve ser uma preocupação do cristão, pois em Jesus Cristo todos se tornam membros do povo eleito.
Nesse sentido, todo cristão deve sentir-se inserido nesta vinha do Senhor e motivado a produzir muitos e bons frutos de justiça, paz e mansidão. É preciso semear não apenas com palavras e sim, com testemunho, que é o que realmente fica. “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim”, diz São Paulo na 2ª leitura de hoje. Quais são os frutos que produzem hoje as nossas comunidades?
Produzem justiça, amor, paz, serenidade? Produzem felicidade para todas as pessoas ou se restringem a mostrar solenes liturgias, feitas de palavras e gestos desligados da vida? Preocupam-se em saber qual a vontade do único e legítimo Senhor da vinha?
A liturgia do 27º domingo do tempo comum utiliza a imagem da “vinha de Deus” para falar desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.
Na primeira leitura, o profeta Isaías dá conta do amor e da solicitude de Deus pela sua “vinha”. Esse amor e essa solicitude não podem, no entanto, ter como contrapartida frutos de egoísmo e de injustiça… O Povo de Jahwéh tem de deixar-se transformar pelo amor sempre fiel de Deus e produzir os frutos bons que Deus aprecia – a justiça, o direito, o respeito pelos mandamentos, a fidelidade à Aliança.
No Evangelho, Jesus retoma a imagem da “vinha”. Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da “vinha de Deus” e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a “vinha” vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera.
Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos da cidade grega de Filipos – e todos os que fazem parte da “vinha de Deus” – a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os frutos que Deus espera da sua “vinha”.
1ª leitura: Is. 5,1-7
Ambiente
Isaías, filho de Amós, exerceu o seu ministério profético em Jerusalém, no reino de Judá, durante a segunda metade do séc. VIII a.C. (de acordo com os seus oráculos, o profeta foi chamado por Deus ao ministério profético por volta de 740-739 a.C.; e os seus oráculos vão até perto de 700 a.C.). A sua pregação abarca, portanto, um arco de tempo relativamente longo e abrange vários reinados. Isaías – como os outros profetas – não fala de realidades abstratas e intangíveis. A sua pregação refere-se a acontecimentos concretos e toca a realidade da vida, dos problemas, das inquietações, das esperanças dos homens do seu tempo. Para perceber a sua mensagem temos, portanto, de situá-la na época e na realidade histórica que o profeta conhece e sobre a qual é chamado por Deus a pronunciar-se.
A primeira fase do ministério de Isaías desenrola-se durante o reinado de Jotam (740-734 a.C.). É uma época de relativa tranquilidade política, em que Judá se mantém afastado da cena internacional e das jogadas políticas das super-potências. Tudo parece correr bem, num clima de paz generalizada.
No entanto, o olhar crítico do profeta detecta uma realidade distinta. Internamente, a sociedade de Judá está marcada por grandes injustiças e arbitrariedades… Os poderosos exploram os mais débeis, os juízes deixam-se corromper, os latifundiários deixam-se dominar pela cobiça e inventam esquemas legais para se apropriar dos bens dos mais pobres, os governantes oprimem os súbditos, as senhoras finas de Jerusalém vivem no luxo e na futilidade, num desrespeito absoluto pelas necessidades e carências dos mais pobres.
Em termos religiosos, o culto floresce numa abundância inaudita de práticas de piedade e de abundantes e solenes manifestações religiosas; no entanto, todo esse fausto cultual é incoerente e mentiroso, pois não resulta de uma verdadeira adesão a Jahwéh, mas de uma tentativa de acalmar as consciências e de “comprar” Deus.
Para o profeta, Jerusalém deixou de ser a esposa fiel, para converter-se numa prostituta (cf. Is. 1,21-26); ou, dito de outra forma, a “vinha” cuidada por Deus só produz frutos amargos e não os frutos bons (de justiça e de amor) pedidos a quem vive envolvido no ambiente da Aliança.
A mensagem de Isaías neste período encontra-se nos capítulos 1-5 do seu livro. O texto que hoje nos é proposto é um dos textos mais emblemáticos deste período. O “cântico da vinha” poderia ser, inicialmente, um “cântico de vindima” ou um “cântico de trabalho”, que um poeta popular entoa diante do seu círculo de amigos ou de companheiros de trabalho. Mas, como acontece tantas vezes com as formas de expressão da cultura popular, rapidamente as palavras adquirem um duplo sentido e passam a evocar outra realidade. Na cultura judaica, a “vinha” é um símbolo do amor (cf. Cant. 1,6.14; 2,15; 8,12). O “cântico da vinha” passa então a ser, na boca do poeta popular, uma “cantiga de amor”, que descreve os esforços do jovem apaixonado para conquistar a sua amada.
Isaías vai utilizar esta “cantiga de amor” como recurso para transmitir a mensagem que Deus lhe confiou.
Mensagem
A canção que o profeta canta é bonita e o tema é sugestivo. O profeta/poeta brinca com as sonoridades e com o ritmo, alterna os sons doces das canções de amor com os sons ásperos das canções de trabalho. Os interlocutores do profeta/poeta estão atentos e fascinados e escutam com prazer a descrição das quase patéticas tentativas do poeta para conquistar a sua amada. Ouvem-no falar dos seus trabalhos para construir a sua vinha, dos seus cuidados com ela, das suas ilusões, dos seus sonhos; sorriem perante as alusões ao “lagar” (o lugar onde será feito o vinho do amor) e à torre (de onde o amado vigiará, para que ninguém entre na sua “vinha” e colha os frutos do seu amor). Aprovam quando ele, depois de tantos cuidados, fica à espera dos “frutos saborosos” do amor que cultivou. Ficam revoltados quando, depois de todo o empenho do amado, a “vinha” só lhe ofereceu frutos azedos. O auditório simpatiza com o poeta, identifica-se com ele, partilha a sua desilusão…
De repente, o poeta transforma o cântico em queixa e reclama justiça. Interpela diretamente os seus interlocutores e exige deles um veredicto. Tem o público na mão: todos concordam que o profeta/poeta tem razão e que tem todo o direito em tirar a vedação que protegia a vinha, em não voltar a cuidar dela, em dar ordens às nuvens para que não a fecundem com a chuva…
Quando o seu público já pronunciou mentalmente um veredicto favorável ao profeta/poeta, este lança-lhe à cara a acusação que vinha preparando: “a vinha do Senhor do universo é a casa de Israel e os homens de Judá são a plantação escolhida. Ele esperava retidão e só há sangue derramado; esperava justiça e só há gritos de horror” (v. 7).
A imagem da “vinha” aplicada ao Povo de Deus encontra-se frequentemente na Bíblia (cf. Is. 3,14; 27,2-5; Jr. 2,21; 12,10; Ez. 17,6; Os. 10,1; Sal. 80,9-17). Os profetas e catequistas de Israel viram na imagem da “vinha” um símbolo privilegiado para expressar essa história de amor que Deus quis escrever com o seu Povo, isto é, a Aliança.
Nesta “parábola”, Deus é o “vinhateiro” e Israel é a “vinha”. Foi Deus quem trouxe de longe (do Egito) essas videiras escolhidas, que as plantou numa terra fértil (a terra de Canaan), que removeu dessa terra as pedras (os outros povos que aí habitavam) que podiam estorvar a fecundidade da “vinha”, que cuidou e, sobretudo, que amou a sua “vinha”.
Como é que Israel respondeu aos esforços de Deus? Que frutos produziu a “vinha” de Jahwéh? O profeta/poeta responde: Deus esperava que Israel vivesse no direito e na justiça (“mishpat” e “zedaqa”) cumprindo fielmente as exigências da Aliança; esperava uma vida de coerência com os mandamentos; esperava que Israel respeitasse os direitos dos mais débeis… Na realidade, o Povo atua em sentido exatamente contrário àquilo que Deus esperava: os poderosos cometem injustiças e arbitrariedades, os juízes são corruptos e não fazem justiça ao pobre, os grandes praticam violências e derramam o sangue do inocente, os órfãos e as viúvas vêem espezinhados os seus direitos sem que ninguém os defenda.
Na verdade, sugere o profeta, Deus não pode pactuar com este esquema e prepara-Se para abandonar essa “vinha” ingrata, essa amada infiel. Atente-se nesta “lição” fundamental: o amor de Deus pretende criar no coração do seu Povo uma dinâmica que leve ao amor ao irmão. Deus ama-nos, para que nos deixemos transformar pelo amor e amemos os outros.
Atualização
A “parábola da vinha” é uma história de amor. Fala-nos do amor de um Deus que liberta o seu Povo da escravidão, que o conduz para a liberdade, que estabelece com ele laços de família, que lhe oferece indicações seguras para caminhar em direção à justiça, à harmonia, à felicidade, que o protege nos caminhos da história… É preciso termos consciência de que esta história de amor não terminou e que o mesmo Deus continua a derramar sobre nós, todos os dias, o seu amor, a sua bondade, a sua misericórdia. Tenho consciência desse fato? Tenho o coração aberto aos seus dons? Encontro tempo e disponibilidade para Lhe agradecer e para O louvar?
O encontro com o amor de Deus tem de significar uma efetiva transformação do nosso coração e tem de nos levar ao amor ao irmão. Quem trata os irmãos com arrogância, quem assume atitudes duras, agressivas e intolerantes, quem pratica a injustiça e espezinha os direitos dos mais débeis, quem é insensível aos dramas dos irmãos, certamente ainda não fez a experiência do amor de Deus. Às vezes encontramos nas nossas comunidades cristãs ou religiosas pessoas muito válidas do ponto de vista da organização e da animação, que se consideram a si próprias colunas da comunidade, que têm uma fé inabalável, mas que são insensíveis, amargas, agressivas, intolerantes… Será possível ser sinal de Deus e testemunhar o Deus que ama os homens, sem nos deixarmos conduzir pela tolerância, pela misericórdia, pela bondade, pela compreensão?
O nosso texto identifica os “frutos bons” que Deus espera da sua “vinha” com o direito e a justiça e afirma que Deus não tolera uma “vinha” que produza “sangue derramado” e “gritos de horror”. Nos nossos dias, o “sangue derramado” das vítimas da violência, do terrorismo, das guerras religiosas, dos sistemas que geram morte e sofrimento continua a tingir a nossa história; os “gritos de horror” de tantos homens e mulheres privados dos direitos mais elementares, torturados, marginalizados, excluídos, impedidos de ter acesso a uma vida minimamente humana, continuam a escutar-se na Europa, na Ásia, na África, nas Américas… Qual o nosso papel, no meio de tudo isto? Podemos calar-nos, num silêncio cúmplice e alienado, diante do drama de tantos irmãos condenados à morte? O que podemos fazer para que a “vinha” de Deus produza outros frutos?
2ª leitura: Filip. 4,6-9 - Ambiente
Continuamos a ler a carta enviada pelo apóstolo Paulo aos cristãos da cidade grega de Filipos. Quando escreve aos seus amigos filipenses, Paulo está na prisão (em Éfeso?), sem saber o que o futuro imediato lhe reserva. Entretanto, recebeu ajuda dos filipenses (uma soma em dinheiro e a visita de Epafrodito, um membro da comunidade, encarregado pelos filipenses de cuidar de Paulo e de prover às suas necessidades) e está sensibilizado pela bondade e pela preocupação que os filipenses manifestam para com a sua pessoa. A Carta aos Filipenses é, sobretudo, uma carta dirigida a amigos muito queridos, na qual Paulo manifesta o seu apreço por essa comunidade que o ama, que o ajuda e que se preocupa com ele. Enviando de volta Epafrodito – que estivera gravemente doente – Paulo agradece, dá notícias, informa a comunidade sobre a sua própria sorte e exorta os filipenses à fidelidade ao Evangelho. O texto que hoje nos é proposto pertence à parte final da carta. Apresenta um conjunto de recomendações, destinadas a recordar aos filipenses algumas obrigações que resultam do seu compromisso com Cristo e com o Evangelho.
Mensagem
Os primeiros dois versículos do nosso texto (vs. 6-7) fazem parte de uma passagem mais longa, na qual Paulo recomenda aos cristãos de Filipos que vivam na alegria (vs. 4-7). Esta “alegria” não tem nada a ver com gargalhadas histéricas ou com otimismo inconscientes; mas é a “alegria” que resulta de uma vida de comunhão com o Senhor, com tudo o que isso significa em termos de garantia de vida verdadeira e eterna. O cristão vive na alegria, pois a comunhão com Cristo garante-lhe o acesso próximo (“o Senhor está próximo”) à vida definitiva. Daí resulta a serenidade, a paz, a tranquilidade, que permitem ao crente enfrentar a vida sem medo e sentir-se seguro nos braços amorosos de Deus Pai (v. 6a). Ao crente resta cultivar a comunhão com Deus, entregando-Lhe diariamente a sua vida “com orações, súplicas e ações de graças” (v. 6b).
Depois (v. 8), Paulo recomenda aos filipenses um conjunto de seis “qualidades” que eles devem cultivar e apreciar: a verdade, a nobreza, a justiça, a pureza, a amabilidade e a boa reputação. Tudo isto é “virtude”, tudo isto é digno de louvor. Há quem veja neste versículo a “magna carta do humanismo cristão”. Estes valores não são exclusivos do cristianismo: são valores sãos e louváveis, que constam também do ideal pagão (eram valores igualmente propostos pelos moralistas gregos da época). No entanto, a comunidade cristã deve estar aberta ao acolhimento de todos os verdadeiros valores humanos. Os cristãos devem ser, antes de mais, arautos e testemunhas dos verdadeiros valores humanos.
Finalmente, Paulo convida os filipenses a porem em prática estas recomendações segundo o exemplo que receberam do próprio Paulo (v. 9). O cristão tem de viver os valores humanos em confronto constante com o Evangelho e na fidelidade ao Evangelho.
Atualização
As palavras de Paulo aos filipenses definem alguns dos elementos concretos que devem marcar a caminhada do Povo de Deus. Em primeiro lugar, Paulo convida os crentes a não viverem inquietos e preocupados. Os cristãos estão “enxertados” em Cristo e têm a garantia de com Ele ressuscitar para a vida definitiva. Eles sabem que as dificuldades, os dramas, as perseguições, as incompreensões são apenas acidentes de percurso, que não conseguirão arredá-los da vida verdadeira. Os cristãos não são pessoas fracassadas, alienadas, falhadas, mas pessoas com um objetivo final bem definido e bem sugestivo. O caminho de Cristo é um caminho de dom e de entrega da vida; mas não é um caminho de tristeza e de frustração. Porquê, então, a tristeza, a inquietação, o desânimo com que, tantas vezes, enfrentamos as vicissitudes e as dificuldades da nossa caminhada? Porque é que, tantas vezes, saímos das nossas celebrações eucarísticas cabisbaixos, intranqüilos, de semblantes tristonhos e ar irritado? Os irmãos que nos rodeiam e que nos olham nos olhos recebem de nós um testemunho de paz, de serenidade, de tranquilidade?
Em segundo lugar, Paulo convida os crentes a terem em conta, na sua vida, esses valores humanos que todos os homens apreciam e amam: a verdade, a justiça, a honradez, a amabilidade, a tolerância, a integridade… Um cristão tem de ser, antes de mais, uma pessoa íntegra, verdadeira, leal, honesta, responsável, coerente. Ouvimos, algumas vezes, dizer que “os que vão à igreja são piores do que os outros”. Em parte, a expressão serve, sobretudo, a muitos dos chamados “cristãos não praticantes” para justificar o fato de não irem à igreja; mas não traduzirá, algumas vezes, o mau testemunho que alguns cristãos dão quanto à vivência dos valores humanos? Quem contata as recepções das nossas igrejas, encontra sempre simpatia, compreensão, amabilidade, verdade, coerência?
A forma como Paulo propõe aos seus cristãos os mesmos valores que constavam das listas de valores dos moralistas gregos da sua época, deve convidar-nos a refletir sobre a nossa relação com os valores do mundo que nos rodeia e sobre a forma como os aceitamos e integramos na nossa vida. Não podemos esconder-nos atrás da nossa muralha fortificada e rejeitar, em bloco, tudo aquilo que o mundo de hoje nos proporciona, como se fosse algo de mau e pecaminoso. O mundo em que vivemos tem valores muito bonitos e sugestivos, que nos ajudam a crescer de uma forma sã e equilibrada e a integrar uma realidade rica em desafios e esperanças. O que é necessário é saber discernir, de entre todos os valores que o mundo nos apresenta, aquilo que nos torna mais livres e mais felizes e aquilo que nos torna mais escravos e infelizes, aquilo que não belisca a nossa fé e aquilo que ameaça a essência do Evangelho…
Evangelho: Mt. 21,33-43 - Ambiente
Estamos em Jerusalém, pouco tempo após a entrada triunfal de Jesus na cidade (cf. Mt. 21,1-11). De hora para hora, cresce a tensão entre Jesus e os seus adversários. Os líderes judaicos pressionam Jesus, num esquema que apresenta foros de processo organizado. Adivinha-se, no horizonte próximo de Jesus, a prisão, o julgamento, a condenação à morte. Jesus está plenamente consciente do destino que lhe está reservado, mas enfrenta os dirigentes e condena implacavelmente a sua recusa em acolher o Reino.
O texto que nos é proposto faz parte de um bloco de três parábolas (cf. Mt. 21,28-32. 33-43; 22,1-14), destinadas a ilustrar a recusa de Israel em aceitar o projeto de salvação que Deus oferece aos homens através de Jesus. Com elas, Jesus convida os seus opositores – os líderes religiosos judaicos – a reconhecerem que se fecharam num esquema de auto-suficiência, de orgulho, de arrogância, de preconceitos, que não os deixa abrir o coração e a vida aos desafios de Deus. O nosso texto é a segunda dessas três parábolas.
A história que nos vai ser narrada compreende-se melhor à luz da situação socioeconômica da Galileia do tempo de Jesus… A terra estava, quase sempre, nas mãos de grandes latifundiários que viviam nas cidades. Esses latifundiários utilizavam vários sistemas para a exploração das suas terras; mas uma das formas preferidas de exploração da terra (precisamente porque, para o latifundiário não implicava muito trabalho) consistia em arrendar as várias parcelas do latifúndio, em troca de uma parte substancial dos produtos recolhidos. Os que arrendavam as terras eram, geralmente, camponeses que tinham perdido as suas próprias terras devido à pressão fiscal ou às más colheitas. Estes camponeses viviam numa situação periclitante: depois de descontados os gastos com a exploração, os impostos pagos e a parte que pertencia ao latifundiário, mal ficavam com o indispensável para se sustentar a si e à sua família. Em anos agrícolas maus, este esquema significava a miséria absoluta… Este quadro provocava conflitos sociais frequentes e o aparecimento de movimentos campesinos que lutavam contra os latifundiários ou contra a carga excessiva de impostos.
É neste cenário que Jesus vai colocar a parábola que hoje nos apresenta.
Mensagem
A parábola contada por Jesus coloca-nos no mesmo ponto de partida da parábola da “vinha” de Is. 5,1-7: um “senhor” plantou uma “vinha”, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre. A partir daqui, no entanto, a parábola de Jesus afasta-se um pouco da parábola de Isaías… Na versão de Jesus, o proprietário não explorou diretamente a “vinha”, mas confiou-a a uns “vinhateiros” que deviam dar-lhe, cada ano, uma determinada percentagem dos frutos produzidos. No entanto, quando os “servos” do “senhor” apareceram para recolher a parte que pertencia ao seu amo, foram maltratados e assassinados pelos “vinhateiros”; e o próprio filho do dono da “vinha”, enviado pelo pai para chamar os “vinhateiros” à responsabilidade e ao respeito pelos compromissos, foi assassinado. A “vinha” de que Jesus aqui fala é Israel – o Povo de Deus. O dono da “vinha” é Deus. Os “vinhateiros” são os líderes religiosos judaicos – os encarregados de trabalhar a “vinha” e de fazer com que ela produzisse frutos. Os “servos” enviados pelo “senhor” são, evidentemente, os profetas que os líderes da nação, tantas vezes, perseguiram, apedrejaram e mataram. O “filho” morto “fora da vinha” é Jesus, assassinado fora dos muros de Jerusalém. É um quadro de uma gravidade extrema. Os “vinhateiros” não só não entregaram ao “senhor” os frutos que lhe deviam, mas fecharam todos os caminhos de diálogo e recusaram todas as possibilidades de encontro e de entendimento com o “senhor”: maltrataram e apedrejaram os servos enviados pelo “senhor” e assassinaram-lhe o filho.
Diante deste quadro, Jesus interpela diretamente os seus ouvintes: “quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?”
A comunidade cristã primitiva encontrou facilmente resposta para esta questão. Na perspectiva dos primeiros catequistas cristãos, a resposta de Deus à recusa de Israel foi dada em dois movimentos. Em primeiro lugar, Deus ressuscitou o “filho” que os “vinhateiros” mataram, glorificou-o e constituiu-o “pedra angular” de uma nova construção; em segundo lugar, Deus decidiu retirar a “vinha” das mãos desses “vinhateiros” maus e ingratos e confiá-la a outros “vinhateiros” – a um povo que fizesse a “vinha” produzir bons frutos e que entregasse ao “senhor” os frutos a que ele tem direito.
Entretanto, a Mateus não interessa tanto a questão do filho – ressuscitado, exaltado e colocado como pedra angular da nova construção – quanto a questão da entrega da “vinha” a outro povo. Ao sublinhar este aspecto, Mateus tem em vista uma dupla finalidade…
Em primeiro lugar, ele explica dessa forma porque é que, na maioria das comunidades cristãs, os judeus – os primeiros trabalhadores da “vinha” de Deus – eram uma minoria: eles recusaram-se a oferecer frutos bons ao “senhor” da “vinha” e recusaram sempre as tentativas do “senhor” no sentido de uma aproximação e de um compromisso. Logicamente, o “senhor” escolheu outros “vinhateiros”. O que é decisivo, para a escolha de Deus, não é que os novos trabalhadores da “vinha” sejam judeus ou não judeus; o que é decisivo é que eles estejam dispostos a oferecer ao “senhor” os frutos que lhe são devidos e a acolher o “filho” que o “senhor” enviou ao seu encontro.
Em segundo lugar, Mateus exorta a sua comunidade a produzir frutos verdadeiros que agradem ao “senhor” da “vinha”. Estamos no final do séc. I (década de 80); passou já o entusiasmo inicial e os crentes da comunidade de Mateus instalaram-se num cristianismo fácil, sem exigência, descomprometido, instalado. O catequista Mateus aproveita a oportunidade para exortar os irmãos da comunidade a que despertem, a que saiam do comodismo, a que se empenhem a que dêem frutos próprios do Reino, a que vivam com radicalidade as propostas de Jesus.
Atualização
O problema fundamental posto por este texto é o da coerência com que vivemos o nosso compromisso com Deus e com o Reino. Deus não obriga ninguém a aceitar a sua proposta de salvação e a envolver-se com o Reino; mas uma vez que aceitamos trabalhar na sua “vinha”, temos de produzir frutos de amor, de serviço, de doação, de justiça, de paz, de tolerância, de partilha… O nosso Deus não está disposto a pactuar com situações dúbias, descaracterizadas, amorfas, incoerentes, mentirosas; mas exige coerência, verdade e compromisso. A parábola convida-nos, antes de mais nada, a não nos deixarmos cair em esquemas de comodismo, de instalação, de facilidade, de “deixa andar”, mas a levarmos a sério o nosso compromisso com Deus e com o Reino e a darmos frutos conseqüentes. O meu compromisso com o Reino é sincero e empenhado? Quais são os frutos que eu produzo? Quando se trata de fazer opções, ganha o meu comodismo e instalação, ou a minha vontade de servir a construção do Reino?
O que é que é decisivo para definir a pertença de alguém ao Reino? É ter uma “tradição familiar” cristã? É o ter entrado, por um ato formal (Batismo) na Igreja? É o ter feito votos de pobreza, castidade e obediência numa determinada congregação religiosa? É o cumprir determinados atos de piedade? É o participar nos ritos? Nada disso é decisivo. O que é decisivo é o “produzir frutos” de amor e de justiça, que pomos ao serviço de Deus e dos nossos irmãos. Como é que eu entendo e vivo a minha caminhada de fé?
A parábola fala de trabalhadores da “vinha” de Deus que rejeitam o “filho” de forma absoluta e radical. É provável que nenhum de nós, por um ato de vontade consciente, se coloque numa atitude semelhante e rejeite Jesus. No entanto, prescindir dos valores de Jesus e deixar que sejam o egoísmo, o comodismo, o orgulho, a arrogância, o dinheiro, o poder, a fama, a condicionar as nossas opções é, na mesma, rejeitar Jesus, colocá-lO à margem da nossa existência. Como é que, no dia a dia, acolhemos e inserimos na nossa vida os valores de Jesus? As propostas de Jesus são, para nós, valores consistentes, que procuramos integrar na nossa existência e que servem de alicerce à construção da nossa vida, ou são valores dos quais nos descartamos com facilidade, sob pressão de interesses egoístas e comodistas?
As nossas comunidades cristãs e religiosas são constituídas por homens e mulheres que se comprometeram com o Reino e que trabalham na “vinha” do Senhor. Deviam, portanto, produzir frutos bons e testemunhar diante do mundo, em gestos de amor, de acolhimento, de compreensão, de misericórdia, de partilha, de serviço, a realidade do Reino que Jesus Cristo veio propor. É isso que acontece, ou limitamo-nos a ter muitos grupos paroquiais, a preparar organogramas impressionantes da dinâmica comunitária, a construir espaços físicos amplos e confortáveis, a recitar a liturgia das horas, a produzir liturgias solenes, faustosas, imponentes… e completamente desligadas da vida?
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Em primeiro lugar, o trabalho da vinha!
Olá, missionário! Olá, missionária!!! Hoje, de modo todo especial nós queremos dedicar toda a nossa atenção, a nossa alegria e as nossas orações para você que está consciente da sua missão.
Estamos iniciando o mês de outubro, o mês das missões. Todos nós somos chamados à missão, por isso este mês é todinho dedicado a você que é batizado e que está comprometido com a evangelização. Parabéns a você, fiel servidor.
No entanto, nem sempre os servidores são fiéis: Hoje nos deparamos com um senhor que plantou uma vinha, cercou todinha, construiu uma área para industrializar a uva e, até mesmo uma torre de vigia ele fez. Pensou nos mínimos detalhes para que nada desse errado.
Certamente foi grande o investimento. Fez tudo com muito carinho, entregou o projeto aos arrendatários e viajou. Tinha certeza que ao retornar receberia o lucro esperado. Esperava muitos frutos. Mas, não foi bem isso que aconteceu.
Justamente aquelas pessoas que foram merecedoras de sua confiança, as mesmas, que receberam tudo prontinho, o traíram. Foram ainda injustas e violentas com os representantes do senhor. Espancaram, apedrejaram e até mesmo mataram.
É provável que tenham agido dessa forma para não terem que dividir a colheita. Talvez a intenção fosse guardar tudo para si. Existe, porém, outra possibilidade, pode ser que não tivessem nenhum fruto para entregar. Pode ser que não plantaram nada. Esqueceram-se de que a natureza é generosa, porém justa; quem nada planta... nada colhe.
Entretanto, nada justifica a atitude perversa e violenta dessas pessoas. Seja por um ou por outro motivo, nas duas situações está presente a traição. A ganância, o desejo de não querer dividir com justiça, demonstra desonestidade. A falta de frutos deixa transparecerem a preguiça e o comodismo.
Muito atual essa parábola, tem tudo a ver com o nosso dia-a-dia. O Senhor colocou tudo sobre a face da terra, fez tudo com tanto carinho, pensou nos mínimos detalhes. Como se diz popularmente entregou-nos tudo “de mãos beijadas”, gratuitamente.
Investiu alto e aguarda o retorno de seu investimento. Diariamente nos deparamos com seus representantes a procura dos frutos das nossas obras. Fingimos nada ver nem ouvir. Somos capazes até mesmo de espancá-los, para nada entregar, nada dividir. Repare que não partilhamos nada, nem frutos, nem terra.
Não dividimos teto, saúde, nem alimento. Nem mesmo o trabalho é compartilhado. O egoísmo não nos permite conjugar o verbo dividir. Diante de tanta insensatez, o Senhor mandou seu próprio Filho e nós o matamos.
É hora de rever nosso comportamento e assumir a missão. Lembre-se que somos os atuais arrendatários e teremos que prestar contas ao “Dono da vinha”. Nunca é demais lembrar que nossos atos estão sendo vigiados. Alguém, lá da “torre” tudo vê, tudo acompanha.
Jorge Lorente
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“O Reino vos será tirado”
Uma história em parábola
O ano litúrgico é uma grande escola para conhecermos Jesus, sua missão e os caminhos pelos quais corresponder ao Deus que se nos revelou. As celebrações têm um aspecto espetacular, isto é, são um espelho para nos vermos e ajustar nossos caminhos. Os primeiros cristãos, principalmente os de origem judaica, e eram muitos, colocavam-se diante do problema: Se Deus escolheu um povo para ser o depositário das promessas, das alianças, por que agora os pagãos entram em pé de igualdade na comunidade cristã? Jesus ensina que o Reino é aberto a todos os povos e igualmente aos judeus. Os judeus não perdem seu passado. Paulo é claro; “A eles pertence a adoção filial, a glória… e dos quais descende Cristo segundo a carne” (Rm. 9,1-5). E diz também: “Israel ficou endurecido” (Rm. 11,7).
Os judeus não foram recusados. Ao tronco da oliveira doméstica foi enxertada a oliveira selvagem. Se esta floresceu, quanto mais florescerá o ramo natural (16-36). O ensinamento de Jesus não se dirige ao povo, mas aos chefes que eram os responsáveis a quem Deus confiou este povo. Nesta parábola podem, sobretudo, os que têm alguma responsabilidade sobre o povo, seja religiosa, civil ou social, fazer um exame de consciência, pois a eles ela se dirige.
Deus quer os frutos
A profecia de Isaias mostra o desencanto de Deus contra a falta de correspondência a seu plano. A parábola ensina que a vinha é o povo. Deus cuidou dela com tanto carinho e, quando veio buscar os frutos, só encontrou uvas azedas que são o sangue derramado e a injustiça. O texto da parábola é uma síntese da história do povo e de suas contínuas recusas. Ela é feita para os chefes do povo, que, tendo a responsabilidade sobre ele não o levou a produzir frutos para Deus. Os profetas foram mortos por cobrarem esses frutos. Deus mandou Jesus, o Filho, que veio anunciar a vontade de Deus. Também Ele foi morto e fora da vinha, isto é, fora das portas da cidade. Ele, que foi recusado, tornou a pedra angular do novo edifício. É Ele quem deu a Deus os resultados da vinha. O povo produzirá frutos. A vinha não é devastada, mas tem outro responsável que a faz produzir frutos para Deus.
O Reino vos será tirado
Deus fez muito por seu povo e agora faz por nós que recebemos a herança de Deus. Deus é fiel. Se formos infiéis, Ele pode confiar a outros o cuidado de sua plantação. Deus se comprometeu em fazer sua parte. Mas, se a Igreja e a sociedade, nas pessoas de seus responsáveis, a quem Deus seu povo e seu Reino, repetirem o que fizeram os chefes dos judeus, seremos todos excluídos. Muitas vezes nos questionamos sobre a fuga de tantos da Igreja. Temos as seitas, o ateísmo, o laicismo e outros nomes. Será que não estamos obstruindo o plano de Deus com leis, costumes, políticas religiosas, filosofias que pouco tem a ver com o Evangelho? A vinha será dada a outros que possam produzir para Deus. Daremos um testemunho melhor se formos mais coerentes. O que podemos fazer para corresponder aos compromissos que Deus fez para conosco? O que esta Palavra nos questiona? Paulo dizendo: “Praticai o que aprendestes e recebestes de mim ou que de mim vistes e ouvistes” (Fl. 4,9). Quando nos reunimos, é preciso ouvir o que Deus tem a nos dizer. A celebração não é só uma oração, mas um questionamento e uma missão.

1. Os cristãos vindos do judaísmo tinham dificuldades de aceitar os vindos do paganismo em pé de igualdade. Paulo ensina que, Jesus foi recusado pelos chefes do povo. Deus abriu a fé aos povos, mas não fechou a eles. A parábola se dirige aos chefes. Agora a parábola é uma chamada aos que dirigem o povo.
2. A parábola, como o texto de Isaias e salmo 79, comparam o povo à vinha. Deus pediu os frutos do povo e os chefes mataram os profetas e também a Jesus. Ele e agora o novo chefe, pedra de alicerce que dará os frutos a Deus.
3. Deus nos confiou esta vinha. Se não formos fiéis, Ele dará a outros. Os chefes da Igreja e da sociedade, se não derem os frutos a Deus, haverá a mesma exclusão. Vemos as saídas da Igreja. Não será por isso? E preciso dar os frutos a Deus
História bem contada
A parábola narrada por Jesus é a história do povo de Deus. Ele e Isaias, como também o salmo, chamam o povo de “a vinha, a plantação do Senhor”. No dizer de Isaías, Deus escolheu este povo, como se escolhe uma boa muda para plantar. Depois regou, adubou e entregou aos meeiros para cuidar. Na hora de colher não deu fruto.
Jesus diz a razão porque o dono não recebeu os frutos. O dono mandou os empregados buscar a parte dele. Mas os meeiros bateram e mataram os empregados. Depois mandou o filho. Pegaram o filho e o mataram fora da vinha.
Quem eram os empregados? Os donos do povo, as autoridades religiosas e civis. Então a plantação vai ser tirada deles e dada a outros que possam entregar os frutos. Assim aconteceu com o povo. Deus cuidou tanto dele. Mas mataram os profetas e matam o Filho, Jesus.
Assim acontece: o Reino vai ser tirado deles e dado a outros povos produzam os frutos e entregá-los a Deus.
Assim, acontece com a Igreja e com a sociedade: Se não promovemos o povo e usamos o povo para nosso proveito, o Reino passa para outros. Será que não é essa a causa de tanta gente abandonar a Igreja? As autoridades tanto civis como religiosas devem se examinar.
padre Luiz Carlos de Oliveira
Primeira leitura: Isaías 5,1-7
O “cântico da vinha”, uma das mais belas passagens de toda a Sagrada Escritura, foi escolhido para hoje em função do Evangelho da parábola dos vinhateiros homicidas. É frequente, na Sagrada Escritura, o uso da imagem da vinha para designar o povo de Deus: Jr. 2,21; Ez. 15,1-8; 17,3-10; 19,10-14; Jl. 1,7; Sl. 79/80,9-17. Este texto põe em contraste a amorosíssima solicitude de Yahwéh para com o seu povo e a ingrata correspondência deste, o que lhe acarretará tremendas consequências: o amor de Deus, assim como o amor dos pais, não pode ser impunemente desprezado, pois é um amor criador de tudo o que somos e temos. Nos vv. 1-4, o profeta expõe a parábola, sob a forma de um amoroso idílio; nos vv. 5-6 é introduzido Deus a vituperar a negra ingratidão do seu povo, que não corresponde, ao não dar mais que uvas amargas; no v. 7 o Profeta explica a parábola.
2 A “torre” e o “lagar” não tem nenhum simbolismo especial. A torre servia para um guarda defender a vinha dos ladrões, chacais e raposas. O lagar era escavado no chão, nalgum sitio rochoso da zona da vinha.
Segunda Leitura: Filipenses 4, 6-9
No capítulo 4 «a carta atinge o ponto culminante do desenvolvimento do pensamento» (H. Schlier). «Em todas as circunstâncias…, orações com súplicas e ações de graças» (v. 6). A oração não é apenas para alguns momentos particulares da vida, ou do dia; a oração deve ser constante (cf. 1Ts. 1,2; 5,17; Lc. 18,1); e não se trata de uma vaga união a Deus, mas de uma oração concreta com súplicas e ações de graças. Para quem vive em união com Deus, não há lugar para andar aflito. Pouco antes, no v. 4, após um insistente apelo à alegria (4,4; 2,18; 3,1) – uma «alegria no Senhor», que é algo de fundamental na vida cristã – são Paulo adverte: «não vos inquieteis com coisa alguma» (v. 6); e, como consequência natural, «a paz de Deus» vos guardará, o que dito como uma bênção (v. 7). Esta «paz de Deus, que está acima de toda a inteligência» é «incompreensível: quem a recebe não a explica com reflexões racionais… Não há paz sem batalha, interna e externa; mas na batalha interna, por exemplo, na renúncia, na necessidade mais tremenda, na solidão, na dor, vem sobre nós a paz de Deus, a paz mandada por Deus, a paz que é o próprio Deus, como amor e bondade que Ele é» (H. Schlier).
8-9 «Tudo o que é virtude…» Temos aqui a canonização das virtudes morais naturais, ou humanas. O cristianismo assume e eleva à ordem sobrenatural os valores humanos. O Concílio encarece estas virtudes aos presbíteros, citando esta passagem (PO 3). São Paulo usa aqui – a única vez – o mesmo vocábulo da filosofia ética grega: «aretê». E O Apóstolo não receia apresentar-se como modelo a seguir: «o que aprendestes, recebestes e vistes em mim».
Evangelho: Mateus 21, 33-43
A parábola de hoje está na sequência da lida há oito dias, a dos dois filhos. O «proprietário» é Deus; a «vinha» é o povo de Israel; «uns agricultores» representam os chefes e orientadores do povo: «príncipes dos sacerdotes a anciãos do povo». «Os criados» são os profetas; estes foram, em geral, mal recebidos e maltratados pelos responsáveis do povo (cf. Mt. 23, 37; At. 7,42; Hb. 11,36-38). «Por fim, mandou-lhes o próprio filho». Fica aqui patente a natureza divina de Jesus, que não é mais um enviado de Deus, entre outros, mas é «o seu próprio Filho».
39 «Lançaram-no fora da vinha e mataram-no»: uma alusão à crucifixão de Jesus, que se veio a fazer fora dos muros de Jerusalém.
41 «Arrendará a vinha a outros vinhateiros»: assim, a Igreja é designada como o novo «Israel de Deus» (cf. Gl. 6,16).
Sugestões para a homilia
a. Das muitas imagens usadas pelos autores sagrados para falar do antigo Povo de Israel e da Igreja, a vinha é muito rica e sugestiva. Dela são hoje apresentados dois textos clássicos.
Tudo o que se relaciona com a vinha é especialmente delicado: a escolha do terreno, a plantação das cepas, a enxertia, o amparo da vinha e a colheita. Iguais atitudes devemos ter pela Igreja, que é a realização histórica de um mistério ou plano que Deus foi revelando ao longo da história. A Igreja foi prefigurada, preparada, fundada, manifestada e será um dia consumada na eternidade (LG 2).
A imagem da vinha aparece no salmista ao falar da saída do Povo de Israel do Egito como «videira que o Senhor transplantou» para a nova terra; aparece na luta de Elias com Nabot; e aparece no hino da liturgia da tarde de Sexta-feira santa.
É esse carinho pela Igreja que a 1ª leitura e o Evangelho nos querem transmitir: é a vinha do Senhor. Vinha, vinho e sangue de Jesus são palavras que se atraem na revelação bíblica e na piedade cristã.
A meditação sobre a Igreja como comunidade objetiva e mistério de salvação é muito oportuna. Numa cultura individualista e subjetivista, sente-se fatalmente uma desafeição das pessoas pela Igreja, apresentando como suficiente a consciência individual.
b. A Igreja é um dom de Deus, um dom para nos libertar dos labirintos dos sentimentos religiosos e guiar-nos no caminho da salvação, e para ajudar a sociedade civil. A esses dois aspectos se referem as duas grandes constituições conciliares sobre a Igreja: uma sobre a Igreja em si mesma, apresentada como obra da Trindade (LG.1-5); outra sobre a Igreja no mundo atual apresentada como sua colaboradora (GS. 1-3).
A Igreja ajudada a estabelecer com Deus relações robustas, seguras e frutuosas: é o caminho traçado pelo próprio Deus, é a nova vinha do Senhor. Sem a Igreja, essas relações tornar-se-iam nebulosas, geradoras de angústia, anárquicas, como vemos acontecer nos que se afastaram da Igreja. Os catequistas e educadores da fé têm aqui um momento para refletirem na sua ação catequética.
A Igreja ajuda o próprio mundo, cujas alegrias e esperanças deve fazer suas (GS 1). As realidades do mundo – família, cultura, trabalho, atividade econômica e política – sem a luz do Evangelho correm o perigo de entrar em anarquia, e por isso devem merecer dos cristãos apoio e ajuda específicos (GS 33-53). A resposta de Paulo aos Filipenses que, cheios de fervor escatológico, se interrogavam sobre o seu contributo na sociedade do tempo, pode ser um bom resumo da atitude cristã na sociedade civil: incutir na sociedade «tudo o que for verdadeiro, justo, amável, de boa reputação», numa palavra, os valores fundamentais da verdade e da justiça. Uma sociedade pode ser pobre, mas, se for construída sobre critérios de verdade e de justiça, será sempre uma sociedade humana e de paz.
Nesta sua relação com o mundo, a Igreja deve ser de serviço, de ajuda, sal e fermento, e não de proprietária: é que o mundo será sempre mundo, com valores e estruturas terrenas, frágeis, imperfeitas, evolutivas, e o sal e o fermento cristãos nunca lhe retirarão essa fragilidade. A Igreja deve contribuir para o progresso pois ele pode ajudar muito para o reino de Deus, mas o progresso nunca se confunde com o reino de Deus (GS. 39)
Na oração da anáfora eucarística rezaremos «pela Igreja dispersa pelo mundo para que se mantenha unida ao Papa e aos seus Bispos»; e, logo depois do Pai Nosso, pediremos para o mundo «a paz em nossos dias», paz que é fruto da justiça e da verdade.
Fernando Silva - Geraldo Morujão
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“A parábola da vinha”
A parábola era tão clara que os chefes dos fariseus entenderam a quem se referia. Deus (o proprietário) mandou seus servos (profetas) e sempre renovou por meio deles as exigências de sua Aliança.
Diante dessa recusa, Deus abrirá as portas a um novo povo: pecadores, cobradores de impostos, pagãos. Portanto, esta parábola é uma síntese da história da salvação: Deus deu provas de extrema dedicação a seu povo.
A parábola da vinha tem todas as características de uma alegoria. Cada elemento tem um significado: Deus é o proprietário; a vinha é Israel; os servos são os profetas; os administradores são os judeus infiéis; os outros vinhateiros são os pagãos e os pecadores; o filho é Jesus.
Esta parábola mostra ainda uma violência constante e crescente contra os que Deus enviou como seus mensageiros, uns foram espancados, outros mortos, outros ainda apedrejados.
A parábola deste dia tem seu paralelismo nos outros dois evangelhos sinóticos (Marcos e Lucas), e seu sentido é polêmico.
Primeiro, quer ser uma condenação dos que, pela violência, queriam vencer os pequenos e pobres, julgando-se os mais fiéis administradores (doutores da lei, escribas, fariseus, zelotas); depois, mostrando que o Reino de Deus não virá pela violência.
O sentido da parábola é claro: os judeus não aceitaram Jesus, que apresenta uma explicação pela morte na cruz.
Todo o progresso que não alimenta o plano salvífico de Deus é fruto de destruição, que condena a existência humana e esvazia o sentido da vida.
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A vinha que Deus plantou
Um dia, no discurso da Última Ceia, na vigília de sua Morte, Jesus disse: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor ...Vós sois os ramos" (Jo. 15,1.5). Esse simbolismo vale não apenas para a vinha singular, que é Cristo, brotada das mãos do Divino Agricultor, mas vale também para toda a vinha do Povo de Deus, que o Senhor plantou com o maior carinho dentro da caminhada da História da salvação. Ele arrancou do Egito essa vinha e a transplantou para uma terra privilegiada. E ela cresceu, e estendeu seus ramos até o mar e seus rebentos até o rio ( cfr SI. 79). Isaías canta em grandes louvores os cuidados de Deus para com essa vinha. Fez tudo por ela! Pôde até perguntar: "Que mais podia fazer por minha vinha, que não o tenha feito (Is. 5,5)? Lamentavelmente ela foi ingrata. Em vez de uvas boas que dela se poderiam esperar, só produziu uvas azedas.
O simbolismo da vinha era muito usado pelos profetas e sábios do Antigo Testamento. Nem podia ser diversamente, vivendo como viviam numa terra singularmente caracterizada pelo cultivo da videira. Jesus - o maior de todos os profetas e o mais sábio de todos os sábios - não podia fugir a essa norma. E a imagem da vinha aparece freqüentemente no Evangelho. Sem falar que o próprio Evangelho é o vinho novo, fervilhante de vida, que Ele vai colocar nos odres novos dos corações renovados pela sua pregação.
Hoje lemos em São Mateus a dramática parábola dos vinhateiros criminosos, que maltrataram e mataram os enviados do dono da vinha que a tinha arrendado para eles. Os três sinópticos trazem a parábola. Está chegando a hora da prisão e morte de Cristo. Jesus o sabe. E a parábola mostra como Ele está a par de O Divino Mestre começa contando que o dono de um campo plantou uma vinha e a rodeou de todos os cuidados, para que ela pudesse crescer em segurança e a seu tempo dar frutos, que seriam transformados em vinho no lagar construído junto à própria vinha. Esse proprietário teve que viajar, e arrendou a vinha para vinhateiros que, no devido tempo, lhe entregariam os lucros obtidos com a produção.
Quando chegou a época, o proprietário mandou emissários seus para receber o que lhe era devido.
Mas os vinhateiros prenderam a uns, apedrejaram a outros e mataram a alguns. Um segundo grupo de emissários, mandados em seguida, foram tratados da mesma maneira. O dono pensou então: vou mandar meu próprio filho. A ele certamente o respeitarão. Mas foi pior. Os vinhateiros, malvados se alvoroçaram completamente: "É o herdeiro. vamos, matemo-lo. E ficaremos donos da herança" (Mt. 21,38); E assim fizeram. Arrastaram-no para fora da vinha e o mataram. É fácil ver aqui a alusão ao fato que Jesus foi crucificado fora dos muros de Jerusalém. Como é fácil ver a seqüência dos anunciadores da mensagem de Deus de acordo com as palavras , da carta aos hebreus: "muitas vezes e de muitas maneiras Deus falou a nossos pais por meio dos profetas; por último nos falou em seu Filho a quem constituiu herdeiro de tudo" (Hb. l 1.2).
A conclusão da parábola, o próprio Jesus a faz dizer pelos seus ouvintes, entre os quais predominavam na ocasião fariseus e príncipes dos sacerdotes. Perguntou-lhes o Mestre que é que o dono da vinha iria fazer com esses vinhateiros criminosos. A resposta foi que iria liquidar esses malfeitores e arrendaria a vinha para outros vinhateiros que lhe pagassem o fruto no tempo devido.
E Jesus então conclui com uma proclamação que é o coroamento glorioso de todo o drama dos sofrimentos por que iria passar: "Não lestes acaso na Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular? Eis a obra do Senhor. Ela é admirável aos nossos olhos? Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será retirado e será dado a um povo que o faça frutificar" (Ibid., 42-43).
O Israel étnico, que prepara a chegada do Messias, cede lugar ao Israel universal, que é o novo povo de Deus! qualificado na carta aos gálatas.
padre Lucas de Paula Almeida, CM
A Vinha do Senhor...
Estamos no mês de Outubro, dedicado ao ROSÁRIO e às MISSÕES, com o Tema: "MISSÃO na Ecologia".
A Liturgia continua o tema da VINHA, que representa Israel, o povo eleito, precursor da Igreja, o novo Povo de Deus.
Na 1ª Leitura, Isaías, com o "Cântico da Vinha", narra a História do amor de Deus e a infidelidade do seu Povo. (Is. 5,1-7)
É um lindo poema composto pelo profeta, talvez a partir de uma canção de vindima.
Através do profeta (o trovador), Deus (o Amigo) julga seu povo (a vinha), descrevendo o amor de Deus e a resposta do Povo.
Um agricultor escolheu o terreno mais adequado, escolheu cepas da melhor qualidade, tomou todos os cuidados necessários.
O sonho dele era a colheita dos FRUTOS do seu trabalho...
Mas a decepção foi grande: só deu uvas azedas...
"Que mais poderia eu ter feito por minha vinha e não fiz?"
Reação: Seu amor se transforma em ódio: derruba o muro de proteção, permite que os transeuntes a pisem livremente e que o inço tome conta...
Os Frutos, que o Senhor esperava, eram "o direito e a justiça", respeito pelos Mandamentos e fidelidade à Aliança. Ao invés, viu "sangue derramado" e "gritos de horror": infidelidade, injustiça, corrupção, violência...Muitas manifestações religiosas solenes, sem uma verdadeira adesão a Deus.
Daí o castigo de Deus: a invasão dos assírios e depois dos babilônios, que destruíram a vinha e deportaram os israelitas como escravos.
Hoje há ainda "sangue derramado" e Gritos de horror"?
Na 2ª Leitura, Paulo apresenta virtudes concretas, que os cristãos devem cultivar na própria Vinha. São esses os frutos que Deus espera da sua "Vinha". (Fl. 4,6-9)
No Evangelho, Jesus retoma e desenvolve o poema da VINHA. (Mt. 21,33-43)
Um Senhor planta uma vinha com todo o cuidado e tecnologia necessária e a confia a uns vinhateiros, conhecedores da profissão.
- Chega o tempo da vindima, manda buscar a colheita e vem a surpresa.
Não entregam os frutos e maltratam os enviados...
Não respeitam nem o próprio filho do dono. Chegam a matá-lo.
A "Vinha" não será destruída, mas os trabalhadores serão substituídos...
A parábola é uma releitura da História da Salvação: ilustra a recusa de ISRAEL ao projeto de salvação de Deus.
A Vinha é o Povo de Deus (Israel).
O Dono é Deus, que manifestou muito amor pela sua vinha.
Os vinhateiros são os líderes do povo judeu...
Os enviados são os profetas... o próprio Cristo "morto fora da vinha".
Resultado: A "vinha" será retirada e confiada a outros trabalhadores, que ofereçam ao "Senhor" os frutos devidos e acolham o "Filho" enviado.
Reação do Povo: tentam prender Jesus, pois percebem que a Parábola se refere a eles...
Quem são esses "outros", aos quais é entregue a Vinha?
Somos todos nós, membros do novo Povo de Deus, a Igreja, que tem a missão de produzir seus frutos, para não frustrar as esperanças do Senhor na hora da colheita.
Que tipo de frutos está faltando?
Os homens do tempo de Isaías e também de Jesus eram muito piedosos,
zelosos nas práticas religiosas, no respeito do sábado...
Mas não foi da falta disso que Deus se queixou...
Isaías resume a queixa de Deus nas palavras do dono da vinha: "Esperei deles justiça, e houve sangue derramado;
Esperei retidão de conduta e o que ouço são os gritos de socorro de gente que foi explorada e maltratada..."
Será que isso acontecia só no passado?
Ainda hoje devemos testemunhar diante do mundo, em gestos de amor, de acolhimento, de compreensão, de misericórdia, de partilha, de serviço, a realidade do Reino, que Jesus veio propor.
Não podemos reduzir tudo a apenas umas práticas religiosas?
Os guardas da vinha quiseram até se transformar em "Donos"...
Esse perigo não pode estar presente ainda hoje em nossas comunidades? Não somos "donos", mas apenas administradores...
Deus nunca desiste de sua obra de amor e salvação!
Uma Verdade consoladora, mas também um Alerta:
Diante do fracasso com alguns... Deus não desiste...
Mas Ele recomeça com outros...
Será que Deus está satisfeito dos frutos que estamos produzindo? 
Missão na ecologia!...
Nesse Mês missionário, somos convidados a renovar com Deus a Aliança.
Que frutos estamos produzindo para a realização do Reino de Deus?
Se hoje não somos missionários, não é esse um sinal de que estamos sendo maus vinhateiros.
Não significa um desprezo para com a Vinha do Senhor?
Nesse caso: "O Reino também nos será tirado e entregue a outros que produzam frutos".
padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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A vinha do Senhor
No domingo anterior éramos mais uma vez convidados a converter nossa idéia de Deus. A religião, apenas formal e exterior não é sinal de cumprimento da vontade de Deus. Cada um é responsável pelas suas escolhas e sempre pode reconstruir a vida. Portanto somos convidados a dar nosso “sim” a Deus na verdade de nossa vida concreta. Fé e coerência de vida e não hipocrisia de uma crença que não produz mudanças de opções.
A liturgia de hoje nos fala da vinha do Senhor, e de modo especial o Evangelho nos aponta o plano da Salvação. Trata-se da abertura aos pagãos, e todos os povos, raças e culturas. É no fundo a Vinha de Deus, onde novos trabalhadores são convocados.
A primeira leitura (Is. 5,1-7) nos apresenta o canto da vinha. Muitas vezes, no Antigo Testamento, encontramos o Povo de Israel sendo comparado a uma vinha. Ocorre que as videiras são plantas delicadas e necessitam de muitos cuidados. Vemos isto no texto de hoje, como o dono gostava de sua plantação, podemos dizer que estava apaixonado por ela, pois era o assunto principal de suas conversas. Também pudera, preparou bem o terreno, escolheu terra boa na colina, providenciou mudas ótimas, tratou e cuidou muito. Desejava uma boa colheita, mas o que ocorreu? A vinha produziu apenas “uvas azedas” (segundo a tradução da Bíblia de Jerusalém), isto é, uvas que não prestam para nada, e menos ainda para o vinho. É claro que o dono sente-se como o amante traído. E manda arrancar e destruir sua vinha.
O texto destina-se ao povo de Israel que escolhido por Deus, trazido com amor e prodígios do Egito, estabelecido na terra prometida deveria produzir bons frutos. Mas o profeta constata, em nome de Deus, que não estão produzindo nada a não ser injustiça e iniquidade! Esperava Javé a fidelidade a Aliança, o amor ao pobre, ao órfão e a viúva. Mas só produzem uma religião exterior, de ritualismos e futilidades! No texto encontramos duas atitudes diferentes, Deus age com amor e cuidado de seu povo e a resposta deste mesmo povo é superficial, de uma religião apenas de lábios, espetáculos e louvores! O que Deus esperava era bem diferente disto.
Assim a vinha será devastada por povos estrangeiros que deportarão o povo para o cativeiro da Babilônia.
O Evangelho (Mt. 21,33-43) traz a comparação da vinha, mas totalmente diferente, esta vinha dá frutos mas os empregados não querem entregar ao dono. O final é também diferente, a vinha não será destruída mas entregue a outros!
No tempo de Jesus quase todas as famílias tinham plantação de uvas, também haviam grandes agricultores com imensos parreirais. Assim era comum, o dono alugar seu parreiral, fazia o contrato e depois dividia a renda.
Não nos esqueçamos que Jesus está indo ao encontro da morte, pois já entrou em Jerusalém solenemente. Esta parábola é endereçada de modo especial aos dirigentes do povo de Israel. Não é difícil compreendê-la, pois nos aponta um resumo da história da Salvação. A vinha é o povo da Antiga Aliança, um povo escolhido e amado. Deus cercou de carinho e de presença libertadora a vida de seu povo. O patrão é Deus, que dá o encargo aos dirigentes do Povo de conduzi-los e de dar frutos. Chegou o “ tempo dos frutos” e o texto grego, usa o vocábulo “kairós”, o que dá a entender que é o tempo de Deus, pois em grego o tempo humano é “cronós”. Como, negam-se a entregar o ganho da vinha ou os frutos de uma religião de justiça e de equidade, Deus envia os profetas para alertar sobre a conduta de seu povo. Sabemos o quanto os profetas sofreram e foram perseguidos ou mortos. Por fim Deus envia o seu próprio Filho, Jesus, a seu povo, e este também não o recebe e o mata fora da vinha. Trata-se do filho único, pois se existissem outros, eles seriam os herdeiros da vinha. Lembremo-nos que Jesus morreu fora dos muros de Jerusalém, para indicar que estava expulso do povo de Deus.
Então, Jesus leva o povo a pensar, e pergunta qual seria o destino destes vinhateiros homicidas. A resposta é aos moldes antigos a destruição dos vinhateiros.
A conclusão de Cristo é outra, o arrendar a vinha para outros que produzam frutos.E mais, dirá que a pedra rejeitada será a pedra angular da construção de uma nova vinha ou de um novo povo. Pedra rejeitada era a que era jogada fora como imprópria para a construção, assim se aplica isto a vida do Senhor que foi rejeitado e brutalmente morto,  mas que se tornou  a pedra fundamental, pois venceu a morte e Ressuscitou!  Trata-se da vitória do Senhor, sempre nos apontando que Deus pode tirar o bem do mal que o homem faz!
Assim, o Povo da Antiga Aliança, dará lugar a um novo Povo. Trata-se da abertura aos pagãos, pois o Reino de Deus é para todos sem exclusão de ninguém!
Existe o perigo de pensarmos nesta parábola só a nível de passado. Mas ainda hoje existem as pessoas que fazem da vinha de Deus, da Igreja, um monopólio de seus interesses mesquinhos, achando que a vinha é deles. A Igreja é de Deus, não propriedade pessoal de cada um, e muito menos lugar de oprimir e massacrar os irmãos. Assim muitos dirigentes espirituais, devem pensar se conduzem o povo conforme a vontade de Deus, ou segundo seus interesses pessoais de glória e sucesso! Se assim fazem de trabalhadores, passam a querer ser senhores da vinha, e aí encontramos a mentira! Tais pessoas não procurarão a vontade de Deus, mas imporão aos outros seus caprichos e seu egoísmo!
Com respeito aos frutos, Deus espera de sua Igreja não apenas liturgias solenes e louvores, mas ações em favor dos irmãos! Frutos de justiça e equidade, numa palavra uma fé que possa levar a transformação de nossa sociedade. Um mundo de mais amor, partilha, solidariedade, verdade, participação, enfim de fraternidade. Aqui fica uma séria pergunta não estamos dando “uvas azedas” de agressão, ódio, rivalidade, inveja, intolerância etc.? Estas “uvas azedas” podem ser nossas atitudes pessoais, mais muito mais nossos posicionamentos comunitários!
Olhando a história de nossa Igreja, encontramos comunidades muito florescentes, na antiguidade e que desapareceram totalmente, podemos dizer que são “Igrejas mortas”. As antigas comunidades da Ásia Menor e da África foram muito influentes e várias quase desapareceram totalmente. Eram dioceses com seu pastor próprio. Hoje resta um costume em nossa Igreja que aponta esta triste realidade: todo bispo é nomeado para pastorear um povo, mas como os bispos auxiliares não tem povo próprio, sempre recebem o título de uma Igreja morta, uma diocese podemos dizer “finada”! É o bispo titular de: Hierpiniana, de Mades, de Megalópolis Proconsular, etc...
E, se deixando de lado dioceses olharmos paróquias? Quantas, de modo especial na Europa e também no Brasil, se transformaram em museus de visitação? São belas, mas não tem comunidade viva nenhuma! Belas paredes, ótimas obras de arte, mas tudo pedra!  De fato não são Igreja, não são vinha do Senhor. Foram, mas não são mais! Não seria por causa dos frutos que não conseguiram produzir?
Como no final da parábola a Vinha foi dada a outros, e isto não aconteceu por vingança do dono, mas para que outros pudessem dar os frutos esperados, isto pode ocorrer com todos nós, pessoal ou comunitariamente. O dono a entregou a outros por amor!
Pois bem, que esta semana, cada um de nós faça um grande exame de consciência pessoal sobre os frutos que está dando. Mas que principalmente cada comunidade cristã se pergunte seriamente sobre sua fidelidade ao dono da vinha.  E que nossas uvas sejam doces e não azedas!
E se o Senhor da vinha tirar os arrendatários que dão “uvas azedas” não tenhamos medo, pois será para o bem de toda a Vinha do Senhor, que é a Igreja. E do que parece fracasso brotará vida plena.
padre Antonio Heggendorn
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Trabalhar na vinha
No seguimento da parábola que Jesus contara às principais autoridades religiosas de Jerusalém sobre o valor do sim e do não dos dois filhos, agora Jesus apresenta uma segunda história. Rapidamente nos apercebemos de dois movimentos nela presentes. Por um lado, os vinhateiros a quem o chefe de família tinha confiado a sua vinha matam, batem, apedrejam, congeminam, cobiçam. Por outro lado, o chefe da família que confiara aos vinhateiros a sua vinha, envia vários servos para recolher os seus frutos, ao ponto de mandar o seu próprio filho. Os primeiros maltratam a todos, ao ponto de matarem o próprio filho do chefe de família.
Esta história é dirigida por Jesus, em primeiro lugar, às autoridades religiosas, aqueles que tinham a missão de aproximar o Povo a Deus. As palavras de Jesus confirmam as palavras do profeta Isaías que escutamos: “A vinha do Senhor do universo é a casa de Israel. Esperou dela a justiça, e eis que só há injustiça; esperou a retidão e eis que só há lamentações.”
Como compreender então que se estivesse instalado no meio dos guardiões da fé de Israel, as autoridades religiosas, a injustiça e a lamentação, o pecado e a morte? As palavras do evangelista devem ser compreendidas:
1) no seguimento da história e das vicissitudes do Povo de Deus as autoridades religiosas mais centradas na defesa dos seus interesses e na preservação das suas concepções de Deus afastavam-se da vontade de Deus ao ponto de não compreenderem e não acolherem a vinda do seu filho, o Messias esperado, Jesus Cristo;
2) no confronto vivido entre os seguidores de Jesus e primeiras comunidades cristãs com a sinagoga e aqueles que não acreditavam em Jesus surgiram em ambas as facções tendências de preservação da sua unidade e exclusão daqueles que a colocassem em risco;
3) Jesus nunca pretendeu uma divisão entre judeus e os seus seguidores, a proposta de Jesus é de radicalidade na entrega autêntica e essa é central na vida do crente.
Estes motivos ajudam-nos a compreender o valor das palavras de Jesus que essencialmente nos interpelam acerca do nosso entendimento e vivência da fé. De que nos serve a religião, as nossas práticas religiosas, a nossa fé? É disso que o texto nos fala!
Os vinhateiros servem-se da vinha, servem-se da fé, da religião para seu interesse, sua proteção, seu sustento, sua segurança! Estão interessados na herança, vivem do consumo. Não hesitam em excluir, maltratar, matar mesmo para alcançarem os seus esquemas de interesse. Alguns não o fazem por maldade, mas por cegueira, por teimosia. Pela cegueira, pois a vinha é muito maior que um enorme terreno. Pela cegueira, pois o fruto é muito mais que milhares de toneladas de uvas ou milhares de litros de bom vinho. Pela cegueira, pois a herança é bem maior que todos os bens da terra havidos e sonhados.
As autoridades, os vinhateiros, e quantas vezes nós distanciamos o nosso culto da vida, afastamos a nossa espiritualidade da realidade concreta da nossa existência. O culto que Jesus nos propõe é aquele agradável que centrado no encontro de coração com Ele se torna ação orante. Um encontro entre a oração e a vida, um encontro entre a palavra e ação que em Jesus Cristo se torna pleno e que nos animam a segui-lo e a perpetuar nas nossas famílias e empenhos o seu dinamismo de entrega e encanto.
O Senhor Deus ofereceu-nos na criação um espaço enorme para vivermos, crescermos e sonharmos! O Senhor Deus deu frutos bons e genuínos da sua misericórdia. Mas a grandeza desse terreno imenso, a maravilha desses frutos de misericórdia apenas infimamente desvelam o infinito do seu Reino de Deus. Apenas momentaneamente expressam a eternidade e bondade do seu Filho amado: Jesus Cristo. O Reino de Deus é a autêntica vinha e o seu Filho o seu verdadeiro fruto e suprema herança.
Qual é então o nosso fruto? Qual é a nossa herança? O nosso fruto e a nossa herança é aquilo que de melhor podemos esperar e aquilo nos sacia o desejo de vida. É a possibilidade que temos de participarmos no movimento de Jesus. É a capacidade que Ele nos dá de ter já vida dele e de com Ele vivermos sempre motivados e enviados a construir em nós e nos outros monumentos de perdão e reconciliação. É a fonte inesgotável e totalmente saciante da força e animo que Deus nos dá em cada momento que nos dispomos a recebê-lo.
Qual de nós vendo alguém roubar-nos as nossas propriedades, esfolar os nossos mandatários, matar os nossos amigos, enviaria o seu Filho? Qual de nós? Mas Deus fê-lo. Não obstante a infidelidade e a dureza de coração do seu Povo envio o Seu Filho muito amado. Qual de nós enviaria o seu Filho?
Jesus hoje não nos pede que entreguemos os nossos filhos. Pede-nos algo mais exigente e decisivo! Que nos dispúnhamos nós mesmos, a nossa vida, a nossa confiança, a receber dele os seus frutos e a sua herança. De modo que nele possamos sempre e em cada momento, no meio das nossas fragilidades, ser como Ele: disponíveis e criativos na nossa família; empenhados e realizados no nosso trabalho. O Senhor Jesus pede-nos a fidelidade nas pequenas coisas do dia-a-dia. Fidelidade conquistada no coração, no Tu a Tu com Ele, no diálogo orante e pessoal com Ele que se torna em herança e em fruto para aqueles que convivem conosco. Um fruto e uma herança que o mundo precisa e anseia. Um fruto e uma herança que se concretiza nos milagres de perdão, serviço e comunhão que podemos realizar em casa momento: no acolhimento do nosso familiar que chega a casa depois dum dia de trabalho; no ser o primeiro a levantar-se para lavar a louça; em dar o primeiro passo para a reconciliação…
Jesus nunca tira, nunca derruba, não destrói, antes oferece, fundamenta, constrói, assim também cada um de nós faça de cada dia um nova oportunidade por sendo alcançado por Jesus empenhar-se cada dia na construção duma vinha, dum mundo, duma família mais como a de Deus. É verdade que existem dificuldades, contrariedades, sofrimentos. E haverão sempre. O importante é desenrolarmos todas cordas que nos prendem e nos impossibilitam de como o chefe da família enviar sempre perdão, enviar sempre consolação, enviar sempre o melhor de nós para aquele que se aproxima de nós.
Aquele chefe de família, imagem de Deus nosso Pai, nunca se cansou de enviar mensageiros, inclusive mandou o seu próprio Filho, o melhor que tinha para aqueles que do mesmo modo amava. Deus envia-nos constantemente a força do seu reino. Deus quer enviar-nos também a nós como seus mensageiros, como geradores de frutos próprios do seu Reino.
Cristão é aquele que é enviado. “Cristu” verbo grego que significado exatamente ungido, enviado não em nome próprio, não por si mesmo, mas pelo Senhor Deus que nos quer como seus fiéis portadores dos seus frutos de misericórdia, verdade e encanto próprios do seu Reino.
Seguindo o caminho onde o Senhor nos enviar que nada nos inquiete, pois, em tudo, pela oração e pela prece, apresentamo-nos diante de Deus em ação de graça. Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os nossos corações e os nossos pensamentos em Cristo Jesus.
Queridos amigos: a qualidade da nossa vida depende em primeiro lugar daquilo que aprendemos, daquilo que recebemos, daquilo que ouvimos, daquilo que vimos do Senhor Jesus. Se o praticarmos a paz estará conosco. Não nos iludamos com frágeis, vistosas, enormes, projetadas construções! Por muito bela que seja a casa, por melhor que seja o material nela usada, por tudo aquilo que possamos imaginar… se faltar a pedra angular a casa treme, cai, … o Senhor Jesus é a Pedra angular construamos a nossa vida, os nossos projetos, a nossa família, a nossa comunidade alicerçados nele e tudo será mais encantador, mais autentico, mais feliz, mais frutuoso.
Essa felicidade, esse encanto, esse vinha inesgotável de realização não se encontra senão no encontro pessoal, autêntico e fiel com o Senhor Jesus. Não depende em primeiro lugar de cultos, de promessas, de pensamentos, teorias, ou doutrinas, funda-se no encontro com o olhar terno de Deus, funda-se no perscrutar das maravilhas da sua Palavra, funda-se no encontro de coração a coração. Um encontro que se transforma para o mundo num culto autentico e gerador de comunhão.
frei Bernardo
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Mataram o filho do dono da vinha
A parábola era tão clara que os chefes dos fariseus entenderam a quem se referia. Deus – o proprietário – mandou seus servos – profetas – e sempre renovou por meio deles as exigências de sua Aliança.
Diante dessa recusa, Deus abrirá as portas a um novo povo: pecadores, cobradores de impostos, pagãos. Portanto, esta parábola é um síntese da história da salvação: Deus deu provas de extrema dedicação a seu povo.
A parábola da vinha tem todas as características de uma alegoria. Cada elemento tem um significado: Deus é o proprietário; a vinha é Israel; os servos são os profetas; os administradores são os judeus infiéis; os outros vinhateiros são os pagãos e os pecadores; o filho é Jesus.
Esta parábola mostra ainda uma violência constante e crescente contra os que Deus enviou como seus mensageiros, uns foram espancados, outros mortos, outros ainda apedrejados.
A parábola deste domingo tem seu paralelismo nos outros dois evangelhos sinóticos – Marcos e Lucas - e seu sentido é polêmico.
Primeiro, quer ser uma condenação dos que, pela violência, queriam vencer os pequenos e pobres, julgando-se os mais fiéis administradores – doutores da lei, escribas, fariseus, zelotas - depois, mostrando que o Reino de Deus não virá pela violência.
O sentido da parábola é claro: os judeus não aceitaram Jesus, que apresenta uma explicação pela sua morte na cruz.
Todo o progresso que não alimenta o plano salvífico de Deus é fruto de destruição, que condena a existência humana e esvazia o sentido da vida.
diácono Miguel A. Teodoro
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02 de Outubro
Evangelho Mateus 21, 33-43  -  XXVII Domingo do Tempo Comum
                                                            OS FRUTOS DA VINHA!" – Diac. José da Cruz
Recorro a lembranças da minha adolescência ao iniciar esta reflexão, tínhamos no fundo do quintal um belo caramanchão de maracujá que meu pai zelava com carinho, lembro que as flores muito bonitas e perfumosas, pareciam os cravos com que Jesus foi crucificado. Na época dos frutos nos deliciávamos com o suco que era uma gostosura e isso sem contar com a sombra fresca em dia de muito calor, onde tínhamos um velho banco de madeira sendo o local preferido para um descanso ou uma leitura.
Lendo esse evangelho e lembrando-se do meu pai, nas manhãs de verão, escavocando, podando, fazendo limpeza nas folhas do maracujeiro, reflito que é isso que Deus espera de cada um a quem, através do seu Filho, confiou a missão de cuidar do seu reino no meio dos homens. A liderança religiosa daquele tempo se esquivava dessa missão, e ainda aproveitava-se dela, para levar vantagem, isso é como se tivéssemos no quintal um maracujeiro, que nos desse flores, folhas, sombra e frutos, sem que lhe déssemos qualquer atenção. Benefício sem dar nada em troca chama-se exploração.
É um pouco isso que acontece nos chamados crimes ambientais, onde o homem explora a natureza, tira dela todo lucro possível, e nada faz para restaurar a perda, daquilo que consumiu. Jesus confiou à igreja a missão de anunciar, e ser expressão do Reino de Deus, ele a arrendou, para que todos os batizados tomassem conta dela, cuidassem com carinho e produzisse os frutos que o mundo precisa.
A comunidade é essa vinha, como igreja ela é sinal e expressão do reino de Deus, a parábola fala que os vinhateiros homicidas, não só negaram dar os frutos aos enviados pelo proprietário, como também foram violentos para com eles, e quando acolheram acolherem o Filho, o fizeram com a intenção de matá-lo para se apossar da sua herança. “Em nossas comunidades cristãs, não espancamos ninguém, e muito menos matamos quem quer que seja” devem estar pensando os leitores, míngüem na comunidade quer apossar-se de algo que pertence a outro. Será que não?
Mas dá para se pensar que, matar alguém, nem sempre significa por um fim a sua vida biológica, podemos matar de muitas formas, desprezo, indiferença, preconceito, divisões, intrigas, calúnias, falta de paciência, compreensão, moralismo exagerado com os que erram. Deus confiou-nos a Igreja para que, como aquele maracujeiro do fundo do meu quintal, ela produza frutos doces, dê sombra, acolhendo e abrigando as pessoas, exale o perfume do amor verdadeiro, da retidão e da justiça, para que a comunidade seja um Oasis no meio desse imenso deserto quente e íngreme, que às vezes é a vida das pessoas, por conta de tantos fatores sociais, econômicos e familiares.
Nesse sentido, olhando por esse ângulo, a palavra de Deus nos questiona se em nossas comunidades as pessoas saem saciadas e felizes. Será que, pertencer a comunidade ou ir a nossas celebrações, é para as pessoas motivo de alegria e prazer? E trazendo a reflexão em nível pessoal, será que nós próprios somos uma videira viçosa, onde as pessoas encontram abrigo e refúgio? Nossos frutos são saborosos, as pessoas comentam sobre a doçura deles, ou trazem um azedume que gera maledicência e até reclamação?
Matar o Filho do Dono da vinha, é não anunciá-lo, não testemunhá-lo, esquecer seus ensinamentos e colocar em nossa vida outros valores e tendências ditadas pelo egoísmo. Na sexta feira santa da paixão, uma grande multidão sempre lota as igrejas e acompanha o Cristo morto, a gente se pergunta por que, e nesse evangelho encontramos a resposta, às vezes somos também meio homicidas e anunciamos um Cristo morto, em nome da modernidade, da ciência, da tecnologia, um Cristo morto pelo relativismo, em lugar de ser simples arrendatários muitas vezes nos achamos donos da vinha que é a Igreja, é como se o cristianismo fosse apenas uma filosofia de vida, um pensamento e uma ideologia muito bonita, mas que logo é sufocada pelas ideologias que o mundo nos propõe.
O proprietário enviou servos para buscarem os frutos que lhe pertencem, enviou seu próprio Filho que veio para ser acolhido e nos ensinar como produzir os frutos. Estamos em um aprendizado constante com a sua palavra e a eucaristia, temos aulas práticas e o manual de como cuidar da Vinha, que é a Palavra de Deus. Esforcemo-nos para corresponder, e não deixemos que as pragas do pecado destruam ou torne inexpressiva a Vinha do Senhor, pois disso, nós todos, enquanto povo de Deus, iremos um dia prestar contas ao proprietário, que nos confiou sua vinha, seu reino, plantado por Jesus no meio dos homens.
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Os lavradores mataram os servos e o Filho do dono da vinha.


A liturgia da “vinha de Deus” para falar desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.

Na primeira leitura, o profeta Isaías dá conta do amor e da solicitude de Deus pela sua “vinha”. Esse amor e essa solicitude não podem, no entanto, ter como contrapartida frutos de egoísmo e de injustiça… O Povo de Jahwéh tem de deixar-se transformar pelo amor sempre fiel de Deus e produzir os frutos bons que Deus aprecia - a justiça, o direito, o respeito pelos mandamentos, a fidelidade à Aliança.

Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos da cidade grega de Filipos - e todos os que fazem parte da “vinha de Deus” - a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os frutos que Deus espera da sua “vinha”.

No Evangelho, Jesus retoma a imagem da “vinha”. Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da “vinha de Deus” e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que lhe eram devidos. Jesus anuncia que a “vinha” vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que ele espera.
Primeira Leitura - Leitura do livro do profeta Isaías (Is 5, 1-7)
O encontro com o amor de Deus tem de significar uma efetiva transformação do nosso coração e tem de levar-nos ao amor, ao irmão... Quem trata os irmãos com arrogância, quem assume atitudes duras, agressivas e intolerantes, quem pratica a injustiça e espezinha os direitos dos mais débeis, quem é insensível aos dramas dos irmãos, certamente ainda não fez a experiência do amor de Deus.
Segunda Leitura - Carta de São Paulo apóstolo aos Filipenses (Fl 4, 6-9)
Os cristãos não são pessoas fracassadas, alienadas, falhadas, mas pessoas com um objetivo final bem definido e bem sugestivo. O caminho de Cristo é um caminho de dom e de entrega da vida; não é um caminho de tristeza e de frustração.
Por quê, então, a tristeza, a inquietação, o desânimo com que, tantas vezes, enfrentamos as vicissitudes e as dificuldades da nossa caminhada?
Porque é que, tantas vezes, saímos das nossas celebrações eucarísticas cabisbaixos, intranqüilos, de semblantes tristonhos e ar irritado?
Os irmãos que nos rodeiam e que nos olham nos olhos recebem de nós um testemunho de paz, de serenidade, de tranqüilidade?
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (Mt 21, 33-43)
A parábola fala de trabalhadores da “vinha” de Deus que rejeitam o “filho” de forma absoluta e radical. É provável que nenhum de nós, por um ato de vontade consciente, se coloque numa atitude semelhante e rejeite Jesus.
No entanto, fica a pergunta no ar: As propostas de Jesus são, para nós, valores consistentes, que procuramos integrar na nossa existência e que servem de alicerce à construção da nossa vida, ou são valores dos quais nos descartamos com facilidade, sob pressão de interesses egoístas e de acomodação?
 Quem são os amos da Vinha?
A tentação permanente de quem tem o “poder” é: apoderar-se do que não é seu! Isto se passa quase imperceptivelmente do serviço à posse. Os melhores servidores ou servidoras - se não prestarem atenção - acabam convertendo-se em proprietários ou proprietárias. E isso é muito perigoso!

Jesus exagera ao máximo essa possibilidade. Na parábola nos fala de "um proprietário" que plantou uma vinha e de alguns "lavradores" que trabalhavam na vinha. Estes, ao chegar o tempo da vindima (colheita das uvas), se apropriaram dela e começaram a impor seu poder, acabando com todos os que eram enviados a ela, até com o Filho do proprietário. Ao final estavam sós, impondo sua ditadura! ... Porém, fica no ar a grande pergunta: "quando voltar o dono da vinha, o que fará com aqueles lavradores?”

Todos nós somos Igreja! As mulheres e os varões! Os laicos e os ministros ordenados! Os seculares e os religiosos! Os jovens e as crianças, os adultos e os anciãos! Os casados e os celibatários! Os africanos, os asiáticos, os americanos e os europeus! Os grupos e os movimentos poderosos e também as comunidades pequenas sem muitos recursos! Todos nós somos Igreja,
todos somos a Vinha amada de Deus! Nada, ninguém, senão Jesus é o centro da Igreja. Nada, nenhum grupo, deveria usurpar aquilo que foi concedido a todos em herança. Somos Corpo e cada um de nós é o membro. Cada um tem sua função, mas ninguém, nenhum grupo, deve “suplantar" aos demais. É necessário criar espaços para que todo o corpo funcione evitando áreas de paralisia, ou áreas de competitividade que elimina o "outro."

Os do "ordeno e mando", os que sempre tem razão, quem impõem seu poder, que introduzem uma ditadura na Vinha do Senhor e querem monopolizar tudo, absorver tudo, dirigir tudo, não completam a vontade do Proprietário. São como os lavradores da parábola. Sempre me pergunto: como é possível que em uma grande comunidade de irmãos, todos ungidos pelo Espírito de Deus, tenha alguns que se sintam tão "privilegiados" que querem supor que eles ou elas tenham toda a razão e que os demais devam aplaudir e aceitar o que eles dizem? Como é possível tanta hipocrisia, como para condenar os que não pensam como eu ou como o meu grupo, sem descobrir minha fraqueza, meu pecado e minha mentira? Ouço muitos irmãos e irmãs, em muitas partes da Igreja, reclamar de pequenas ditaduras às que são submetidos e que fazem a vida eclesiástica muito difícil; se sentem estranhos na própria casa, espancados na Vinha.

Não se pode impunemente dizer "em nome de Deus!", "em nome de Jesus Cristo!" para impor o próprio ponto de vista, para condenar o oponente, para defender interesses muito particulares. Se alguma vez se diz, que seja com medo e tremor. É que o Espírito envia mensagens e mensageiros que nós não esperamos. 
O mesmo Filho de Deus chega a nós com formas inesperadas, com expressões novas. Quem é movido pelo Espírito de Deus a reconhecem e acolhem.

Abbá nosso, como é fácil nós apropriarmos de teus dons! E quando isso acontece, não damos glória a Ti, mas nós apropriamos de tua Gloria. Tu nos ama a todos "Vinha tua”, sem lavradores proprietários... Todos nós somos partícipes da comunhão no serviço. Livra a tua Igreja de toda a ditadura, dos maus pastores que utilizam teu santo nome para impor sua vontade. Purifica os poderes, santifica os poderes, humaniza os poderes... que teu Espírito nos conceda o crescimento.Dá viabilidade também aos 
"novos poderes carismáticos" com que agracias a tua vinha: que sejam acolhidas e acolhidos os teus enviados... Com elas e eles nos chega teu Filho Amado, o que unicamente proclamamos nosso Senhor!.
José Cristo Rey Garcia Paredes

Mataram o filho do dono da vinha

DOMINGO - Dia: 02/10/2011
Mt 21,33-43

No evangelho, de hoje Jesus se dirige aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo. A parábola da vinha é tão clara que eles entenderam que Jesus falava deles e pensaram em prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, que tinham em Jesus um profeta.

        Assim como o proprietário deixou a vinha aos cuidados dos vinhateiros e dela tomaram posse, assim agiram os chefes religiosos com o povo Deus, explorando, discriminando, oprimindo a todos para satisfazer as suas vaidades, os seus desejos de domínio e poder. Muitos profetas foram enviados na tentativa de resgatar, de aliviar o sofrimento do povo, mas não foram ouvidos, foram rejeitados e mortos. O Filho do Dono foi enviado, mas Ele era uma ameaça ao poder deles, e essa ameaça tinha que ser eliminada e por eles foi rejeitado e assassinado.

        Hoje, somos nós os encarregados de cuidar da vinha de Deus. Será que estamos cuidando bem da vinha que nos foi confiada? Estamos produzindo frutos? Ou estamos oprimindo, explorando, sendo injustos, traindo a confiança de quem deveríamos proteger e cuidar? Deus nos chama, e pede para nos convertermos, senão como poderemos fazer parte do Reino de Deus? Como colaboradores da missão de Jesus, recebemos de Deus talentos para produzirmos os frutos da justiça, da partilha, da fraternidade, do amor, da honestidade, nos libertando de nossas vaidades, ambições e orgulho. Se não produzirmos frutos de bondade, nossos talentos nos serão tomados e entregues a outros. Por nossos pecados, pela nossa falta de conversão, caminhamos em sentido contrário ao do Pai, mas Jesus veio para abrir nossos olhos e ouvidos com seus ensinamentos, com seu amor, com sua vida, e por Ele podemos, se assim quisermos voltar para o Pai. Jesus é a nossa salvação, e ele veio para que todos tenhamos vida.

  Oração
Pai, no teu imenso amor, jamais perdes a esperança de ver realizado o teu projeto de salvação. Que eu me deixe tocar por teus apelos e me converta sinceramente para ti. Não permitas jamais que eu me rebele contra o amor do Pai, que quer a minha salvação e espera de mim docilidade a seus apelos de conversão.

Um abraço a todos.
  
Elian
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MATARAM O FILHO DO DONO DA VINHA

A liturgia de hoje imagem da "vinha de Deus" para falar desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.


No Evangelho, Jesus retoma a imagem da "vinha". Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da "vinha de Deus" e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a "vinha" vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera.

Portadores da Salvação
Hoje as leituras novamente falam sobre as vinhas. É que Jesus era um homem do campo e, ainda que seu pai fosse um artesão, tinha vivido desde pequeno os trabalhos e esforços que necessitava o campo para dar seu fruto. No mundo agrícola Jesus encontra suas melhores comparações. Também se inspira nas histórias do Antigo Testamento. Sem dúvida Jesus conhecia o texto de Isaías que hoje se proclama na primeira leitura.

A história de amor entre o amigo e a vinha. Os cuidados contínuos para que aquela vinha desse os melhores frutos. Mas também a decepção porque à hora da colheita, a vinha, mal agradecida, não deu uvas senão agraço (uvas verdes). E, depois, a declaração final: 
a vinha é a casa de Israel. Deus desperdiçou seu amor. Deu-lhes uma terra, protegeu-os de seus inimigos, fez-lhes seu plantel preferido. Mas não responderam como Deus esperava. Não produziram direito senão assassinatos, justiça senão lamentos. 

Uma história algo diferente

Jesus também fala de uma vinha. A história tem um começo similar, mais em seguida há uma mudança importante. De alguma maneira o papel protagonista não o tem a mesma vinha como na leitura de Isaías senão os lavradores aos quais lhes foi encarregado cuidar da vinha. Na parábola de Jesus não se diz que a vinha não tenha dado frutos. Mais se supõe que os deu. A ênfase se põe na atitude dos lavradores que pretendem por todos os meios ficar como proprietários não só dos frutos mais também da vinha. A vinha é o Reino e Jesus declara ao final que tirará estes lavradores e entregará a vinha a um "povo que produza seus frutos". 

A mudança que faz Jesus não é acidental. Jesus está falando aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo. Sentiam-se provavelmente os donos da vinha. Eram os chefes religiosos e morais do povo. Eles sabiam que o mau comportamento do povo tinha provocado o castigo de Deus mais nunca a perda definitiva de seu favor. Eles seguiam sendo o povo eleito. 

A promessa é para todos 

Porém, Jesus faz uma proposta diferente. 
A promessa de Deus é para todos os povos. O Reino não conhece fronteiras. O povo eleito não se diferencia dos lavradores aos quais encarregará de cuidar da vinha e que devem entregar os frutos há seu tempo. O povo eleito é portador de uma promessa de salvação e de vida para todos os povos. Está claro que o povo eleito, a comunidade dos seguidores de Jesus, não são os proprietários da promessa. Nem sequer pode-se pensar que eles mesmos "são" a promessa. Precisamente Jesus diz aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo que se quiserem se tornar donos do que não é deles, se não entregam os frutos devidos há seu tempo, vai procurar outro povo que se encarregue da promessa. 

Mensageiros da boa nova 

As conseqüências são simples de entender. Hoje a Igreja é depositaria do Evangelho, da boa nova da salvação para todos, homens e mulheres. Mas não é a proprietária. A Igreja está ao serviço do Reino e não vice-versa. Deus convidou-nos a todos, bispos e laicos, sacerdote e religiosos, a trabalhar em sua vinha. 
Que significa trabalhar aqui? Levar a boa nova a todos os que nos rodeiam e convidar a todos a participar da alegria da salvação, curar feridas e reconciliar corações, promover a dignidade das pessoas e a justiça e se aproximar, sobretudo, dos que estão mais afastados e excluídos do banquete da vida. 

Hoje as palavras de Jesus já não se dirigem aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo. Hoje se dirigem a nós. E nos chama a sermos responsáveis. Se nos entrega o tesouro, devemos cuidar dele. Esse tesouro produz a paz – três vezes repete-se "paz" na segunda leitura – e a justiça. E esse tesouro não é para nós senão para o mundo. 
Nós somos depositários e portadores. Adiante!
Fernando Torres


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