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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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sábado, 6 de agosto de 2011

JESUS ANDA SOBRE AS ÁGUAS

 

 

HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

7 DE AGOSTO – 2011

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SEJAM BEM VINDOS AOS BLOGS DOS

INTERNAUTAS MISSIONÁRIOS

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Fiéis à Doutrina da Igreja Católica, porque somos católicos.

Respeitamos todas as religiões.  Cristãs e não cristãs.

Comentários – Prof. Fernando

Introdução

 

            No Evangelho de domingo passado Jesus multiplicou os pães e os peixes e matou a fome de uma multidão.

 Quantos irmãos famintos perambulantes pelas ruas que nos estendem as mãos ou nos pedem uma moedinha para comprar um pão. Quantas pessoas famintas de amor, sedentas de uma palavra amiga, subnutridas de uma atenção, encontramos  no nosso dia a dia, e simplesmente as ignoramos com a desculpa de que estamos com muita pressa para administrar a nossa vida, ou mesmo porque estamos indo levar a palavra de Deus a outros  irmãos! 

Que Deus Pai nos perdoa por tantas  faltas de caridade as quais nem as percebemos, nem achamos que cometemos nenhum pecado, pois afinal, estávamos com pressa, para cuidar de um bem maior. Um bem maior?  Qual é mais importante? A caridade ou o seu carro? Ou a sua empresa? Ou o seu encontro?  E se fosse você ou alguém de sua família que estivesse morrendo de fome e pedindo um pedaço de pão? Coloque-se no lugar dela! Ou dele! 

Todos os mendigos que passamos por eles nas calçadas, são pessoas que  afundaram na vida, e isso aconteceu não por Deus é mau, mas sim para que possamos demonstrar a nossa caridade. Já pensou se não houvesse nenhum mendigo no mundo? Como poderíamos demonstrar  na PRÁTICA que somos caridosos?

E Jesus deu a mão a Pedro e o salvou do afogamento.  Caríssimos. Vamos dar a nossa mão aos nossos irmãos que estão afundando na vida. Aqueles que por possuírem uma inteligência não igual a sua, não conseguiram continuar em nenhum emprego, e chegaram ao ponto de tão grande  desânimo, e ficaram pelas calçadas humilhados a espera de que alguém lhes estenda a mão em forma de uma ajuda. Outros, sofrem da doença chamada preguiça, da qual não conseguiram se livrar. Não os culpe por isso, nem se baseiem nisso para negar-lhes um pouco de comida! Não façam isso, meu irmão, minha irmã! Pois um dia teremos de prestar contas pelas vezes em que não matamos a fome ou a sede de um irmão!...

Também existem aqueles que por várias razões ficaram na solidão, e carentes da sua atenção puxam conversa com você.  Pode ser um idoso, uma idosa, uma pessoa deficiente etc.  Fale com essas pessoas! Dê-lhes uma atenção sincera, sem fingimento. Encoraje-as! Busque um jeito de falar de Deus, do amor de Jesus para com os fracos e oprimidos.  Procure mostrar para elas que felizes serão os que sofrem...   Mais faça tudo isso sem "forçar a barra". Pois tais pessoas podem estar revoltadas até mesmo com Deus, por terem caído tanto nessa vida e se encontrar em tão grande sofrimento.  Acima de tudo, faça o que puder, mas não deixe de rezar por essas pessoas.  Nunca sinta ou veja o seu irmão carente como uma pedra em seu caminho, atrapalhando a sua corrida para o sucesso,  mas sim, como  uma bela oportunidade para você praticar a caridade, uma forma de você demonstrar o amor ao próximo recomendado por Jesus. Veja naquele irmão, naquela irmã carente a própria pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém, que assim seja. 

Tenha um bom e santo domingo. Demonstre ser cristão não só por palavras, mas acima de tudo por atos e atitudes.

Sal

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Introdução ao espírito da Celebração

Vivemos numa civilização do ruído. A sociedade começa a preocupar-se com este mal.

Para além dos ruídos necessários, de algum modo – dos meios de transporte, das máquinas – nós mesmos recorremos a outros, como se fossem uma droga: a TV e as aparelhagens sonoras, sem controle nem respeito pelos outros, as noites de discoteca, bombardeando o sistema nervoso, e muitos outros eventuais. É um dos meios mais perigosos para a saúde de poluição do ambiente.

A saúde das pessoas começa a ressentir-se. Estão na ordem do dia as dores de cabeça, as depressões e a irritabilidade entre as pessoas que podem ter aqui a sua origem.

Que nos diz o Senhor sobre este problema? Até que ponto pode ele afetar a nossa vida de relação com Deus?

A tempestade no Lago de Genesaré, a que se referem os Evangelhos é um fenômeno muito frequente e perigoso para as embarcações ainda hoje. O lago de 13 por 21 Km tomou este nome pelo seu formato de harpa (kinnéret).

23 «Subiu a um monte, para orar a sós». Jesus não teria necessidade de se retirar para se recolher em oração, como é sublinhado pelos evangelistas (cf. Mc. 1, 35; 6, 47; Lc. 5, 16; 6, 12); esta insistência acentua que o ensino de Jesus não consta só das suas palavras (cf. Mt. 6, 5-6), mas também do seu exemplo, pois nós bem precisamos de tempos de recolhimento para a oração.

25 «Na quarta vigília da noite». Uma referência à divisão romana da noite, adotada pelos judeus: do pôr ao nascer do Sol havia quatro vigílias que eram mais longas no Inverno e mais curtas no Verão.

24-33 O caminhar de Jesus sobre as águas do lago de Genesaré, após a 1ª multiplicação dos pães, é relatado também por Marcos e João. Em Mateus, com razão chamado «o Evangelho eclesiástico», pode ver-se mais claramente uma alusão à vida da Igreja. Como a barca dos Apóstolos, também a Igreja se vê perseguida, «açoitada pelas ondas e pelo vento contrário», mas Jesus, que vela por ela, vem em seu socorro, com palavras de ânimo – «não tenhais medo!» – (palavras tão repetidas por João Paulo II). No relato reflete a trajetória dos discípulos do Senhor ao longo dos tempos: sujeitos ao medo e à dúvida avançam, pelo caminho da súplica, até chegarem à segura confissão de fé: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus!». Só Mateus apresenta Pedro indo ao encontro de Cristo sobre o mar, evidenciando-se assim o seu importante papel na direção da barca da Igreja.

1ª leitura: 1Reis 19,9a.11-13a

Entre os profetas de Israel, Samuel e Elias têm um destaque todo especial pela firmeza com que eles assumiram a sua vocação.

No caso de Elias, ele é perseguido quando desmascara as aparências que encobrem uma política opressora. Ameaçado de morte, Elias foge para o monte Horeb, lugar da Aliança com Deus, para reencontrar a fonte original da sua missão.

A manifestação de Deus a Elias, nesta primeira leitura, acontece no momento em que o profeta está cansado e desanimado pela perseguição promovida contra ele a causa da sua pregação pela purificação da religião em Israel. Nessa experiência mística, Elias percebe que Deus não se manifesta no poder ("furacão.. "terremoto"... "fogo") mas na "brisa suave". Descobre, então, que, pela via da violência nada se consegue, nem mesmo em prol das causas justas. A força pode impor as idéias de um grupo, mas não pode garantir a convicção, a paz, o respeito e a justiça.

Isto o leva a tomar outro caminho para tornar realidade a vontade do Senhor. Sem abandonar a denuncia das injustiças e aberrações, opta por reunir um grupo de discípulos e providenciar um substituto dele para continuar a sua missão.

2ª leitura: Romanos 9,1-5

Não é uma contradição o fato de que Israel, o povo escolhido, portador da história da salvação, tenha rejeitado Jesus e se tenha excluído da salvação?

Paulo é judeu e o seu desabafo mostra uma "grande dor e contínuo sofrimento no coração" pelo destino do seu povo. A tristeza dele, como apóstolo, é constatar que, depois de tanto esforço, o Evangelho tenha penetrado mais entre os pagãos do que entre os judeus, sendo que eles tinham tudo para chegar ao conhecimento e aceitação de Cristo, como "a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas... os patriarcas e, ainda, o maior privilegio de todos: "Deles nasceu Cristo segundo a condição humana". No entanto, permanecem fora da comunidade cristã.

A solidariedade de Paulo pelo seu povo chega ao extremo de aceitar "ser amaldiçoado e separado de Cristo em favor dos meus irmãos de raça e sangue". Certamente, fala como o coração, impulsionado por um amor desinteressado. Está seguro de que nunca irá se separar de Cristo, mas quer expressar de uma forma pungente seu desejo de entrega pelo bem do seu povo.

Lendo estas palavras apaixonadas, não devemos esquecer que Paulo as escreve em quanto está sendo considerado um renegado, um apóstata e um traidor por seus irmãos. Mesmo assim ele mostra ter aprendido a perdoar, como ensinou o próprio Cristo, desejando ardentemente a salvação para aqueles que o perseguem.

Surge aqui uma questão importante para a Igreja. Durante muito tempo, por razões históricas houve um certo anti-semitismo dentro da Igreja (considerava-se o povo judeu responsável pela morte do Senhor). Depois do Concilio Vaticano II isto foi definitivamente superado.

Como negar-nos a reconhecer o valor deste que Povo de Deus da Antiga Aliança, com o qual partilhamos grande parte da Bíblia? Como não lamentar com São Paulo que a fé em Cristo não tenha ainda penetrado entre eles? Pelo menos a caridade e a oração devem servir de vínculos com o povo do qual nasceu o Salvador.

Evangelho: Mateus 14, 22-33

A leitura do evangelho apresenta a figura de Pedro, como símbolo da comunidade que, nas grandes crises, duvida da presença do Senhor e, por isso, pede um sinal e, mesmo vendo sinais, continua com a fé paralisada pelo medo e, então, faz o seu pedido de socorro.

Jesus já tinha se apresentado na sua condição divina, ao responder: "Sou eu" (como quando Deus falou a Moises: "Eu sou"). Mas Pedro quer comprovar esta palavra de Jesus («Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.»). A fé de Pedro busca apoio num milagre e não na Palavra do Senhor. Uma fé, por tanto, muito imperfeita, porque a verdadeira fé se distingue pela abertura total a Deus e a confiança absoluta em sua Palavra e não como consequência de algo extraordinário ou milagroso.

O Senhor aceita o pedido de Pedro («Venha.») e Pedro começa a caminhar em direção a Jesus, mas, no meio da tempestade, fica inseguro e à medida que começa a duvidar no mesmo instante, começa a afundar. Na vida de fé é sempre assim: a partir do momento em que a gente dúvida, deixa de caminhar em direção a Jesus, muito embora o caminhar da fé não esteja livre de dúvidas. Nesse caso, o único grito apropriado é o de Pedro: «Senhor, salva-me.». Se não tivermos a fé perfeita de Abraão ou de Nossa Senhora, o jeito é recorrer a Jesus, o Salvador, para superar a nossa condição humana de fragilidade e incerteza.

Mesmo assim, como evitar a reclamação de Jesus: «Homem fraco na fé, por que você duvidou?».

Palavra de Deus na vida

O pensamento bíblico herdou das antigas tradições semíticas a idéia de que as águas, com seus monstros marinhos, representam o mal. Neste sentido, o poder de Cristo sobre as águas impressionou os primeiros cristãos, que viram no relato da tempestade acalmada (Mateus 08,23-27) e no caminhar do Senhor sobre as águas (evangelho de hoje) a manifestação do poder divino de Jesus.

A narração da «tempestade acalmada» lembra-nos a imagem da comunidade cristã, representada pela barca, que se adentra em meio à noite no mar agitado da vida. Não há perigo de a barca afundar, mas os tripulantes (que somos nós), muitas vezes por medo, mais do que por falta de capacidade, deixamo-nos tomar pelo pânico e não conseguimos distinguir claramente o rosto de Cristo caminhando em nossa direção em meio à tempestade. Precisamos manter a certeza de que o nosso Mestre está sempre presente mesmo que não o sintamos.

A narração do evangelho vem mostra-nos que a comunidade cristã está exposta permanentemente à ação dos ventos contrários que ameaçam destruí-la; no entanto, o perigo maior não vem de fora, mas de dentro dela. As decisões tomadas por medo podem nos levar a ver fantasmas ameaçadores onde deveríamos ver a presença vitoriosa do Senhor e podemos perder o rumo se ficarmos jogando na retranca, permitindo que seja o temor que nos leva a tomar as decisões e não a fé em Jesus.

A ousadia pode, até, nos levar a enfrentar os momentos adversos, mas só a fé serena no Senhor é que nos dará forças para não afundar em nossos medos e incertezas. Como percebeu o profeta Elias, só uma fé serena e segura nos permitirá "caminhar sobre a água", muitas vezes aprendendo a conviver com aqueles nossos problemas que parecem insolúveis. Descobriremos, assim, o rosto autêntico do Senhor como brisa suave a empurrar a nossa barca para a margem segura.

A Palavra do Senhor se for realmente escutada, acalma os nossos temores («Coragem! Sou eu. Não tenham medo.»). Se, porém, resolvermos arriscar enfrentando os problemas, não podemos vacilar porque, no momento em que duvidarmos, ficaremos ao sabor dos «ventos contrários» e, perdendo a confiança, nos soltaremos da mão do Senhor. Nesse momento de dúvida, começaremos a afundar.

Pensando bem...

+ Caminhando sobre as águas, Cristo convence Pedro de possuir o poder para vencer o mal (simbolizado pelas águas sobre as que Pedro caminha). Além disso, ensina-lhe que essa vitória não vem de um poder mágico, mas depende unicamente da fé. E esse poder é oferecido aos apóstolos sob a condição de aderir a Cristo e confiar n'Ele por uma fé inquebrantável.

+ Neste dia do padre, tenhamos presente que ele também não está livre de passar por "tempestades". Rezemos para que, nesses momentos, não afunde no mar do desânimo e sinta a presença de Cristo que vem ao seu encontro com aquelas palavras de esperança: "Coragem! Sou eu! Não tenhas medo!". Quando Ele entra na barca, o vento e as ondas se acalmam... e volta a paz.

padre C. Madrigal

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Pedimos a Deus provas de coisas que só dependem da nossa fé para acontecerem.

                
                                             Os discípulos de Jesus estavam enfrentando problemas por causa da ventania que soprava sobre o seu barco e era agitado pelas ondas do mar. Jesus havia subido ao monte para orar a sós com o Pai quando percebeu que eles estavam passando por dificuldades. Aproximou-se então deles andando sobre as águas a fim de salvá-los. Eles, porém, assustados, não reconheceram a Jesus e Pedro pediu-Lhe então uma prova. "Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água". Pedro foi, mas ficou com medo e não conseguiu ir adiante. Isto também acontece conosco! Pedimos a Deus provas de coisas que só dependem da nossa fé para acontecerem.

                       Queremos, mas não confiamos no poder de Deus; desejamos, mas não temos paciência para enfrentar as dificuldades próprias das coisas que queremos conquistar. Somos débeis, indecisos e, na verdade, somos homens e mulheres fracos na fé. Duvidamos das promessas do Senhor e somos condicionados a confiar na nossa própria fraqueza que não nos deixa caminhar sobre as dificuldades. Testamos a Deus, mas confiamos em nós. Todavia, sabedores de que não temos capacidade, nós naufragamos, desistimos da luta. Contudo, o Senhor nos espera de mãos estendidas para nos ajudar. Jesus conhece as nossas fraquezas, por isso, Ele nos perdoa quando tentamos testá-Lo e O colocamos à prova. A única coisa que nós precisamos fazer é reconhecer que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus e pode nos tirar de qualquer sufoco sem que seja preciso nos arriscar para avaliar a Sua força. Reflitamos – Você já percebeu que Jesus sabe das suas dificuldades e que Ele se aproxima de você de várias maneiras – Como você tem acolhido a aproximação de Deus na sua vida? – Você também tem testado o poder de Deus na sua vida? – Como Ele tem se manifestado? Você tem medo de Deus? Por que?

Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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Homilia do Mons. José Maria – XIX Domingo do Tempo Comum – Ano A

"Salva-me, Senhor!"

O Evangelho (Mt 14,22-33) nos mostra Jesus enviando os discípulos em missão na outra margem do lago e, cansado, retira-se da multidão… vai ao monte, para orar a sós. Enquanto isso os apóstolos navegam, de noite, preocupados, na barca agitada pelos ventos contrários. Jesus interrompe o descanso e vai ao encontro deles, caminhando sobre o mar. Eles o confundem: É  um fantasma…" .Jesus se identifica: "Coragem! SOU EU, não tenham medo".Pedro o desafia: "Se és Tu, manda-me caminhar sobre as águas". Jesus aceita: "Vem!"

Pedro vai ao encontro de Jesus; mas, assustado pelo vento, começa a duvidar e afundar.Então grita por socorro: "Salva-me, Senhor!". Jesus estende a mão e depois o questiona: "Por que duvidaste, homem de pouca fé?" Jesus entra na barca e a tempestade se acalma. Então todos se prostraram em adoração diante de Jesus, dizendo: "Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus"

O texto bíblico quer nos mostrar que a pouca fé do cristão torna-o medroso nos perigos, abatido nas dificuldades e, por isso, corre o risco de naufragar. Mas, ali onde a fé é viva,onde não se duvida do poder de Jesus e da sua presença contínua na Igreja, não há perigo de naufrágio, porque a mão do Senhor estende-se invisivelmente para salvar a barca da Igreja e cada cristão em particular.

Se a nossa vida se passar no cumprimento fiel do que Deus quer de nós, nunca nos faltará a ajuda divina. Na fraqueza, na fadiga, nas situações de maior dificuldade, Jesus irá se aproximar de nós, de modo inesperado, e nos dirá: "Sou Eu, não temeis". Ele nunca abandona os seus amigos, e muito menos quando o vento das tentações, do cansaço ou das dificuldades nos é contrário. Ensina Santa Teresa: "Se tiverdes confiança n'Ele e ânimo animosos, que Sua Majestade é muito amigo disso, não tenhais medo de que vos falte coisa alguma".

Quando Pedro começou a afundar-se, para voltar à superfície, teve que segurar a mão forte do Senhor, seu Amigo e seu Deus. Não era muito, mas era o esforço que Deus lhe pedia; é a colaboração da boa vontade que o Senhor sempre nos pede.

Esse pequeno esforço que o Senhor pede aos seus discípulos de todos os tempos para tirá-los de uma má situação, pode ser muito diverso: intensificar a oração; cortar decididamente com uma ocasião próxima de pecar; obedecer com prontidão e docilidade de coração aos conselhos recebidos na confissão e na conversa com o diretor espiritual… Não nos esqueçamos nunca da advertência de São João Crisóstomo: "Quando falta a nossa cooperação, cessa também a ajuda divina". Ainda que seja o Senhor quem nos tira da água.

Temos de aprender a nunca desconfiar de Deus, que não se apresenta apenas nos acontecimentos favoráveis, mas também nas tormentas dos sofrimentos físicos e morais da vida: "Tende confiança, sou Eu, não temais!". Deus nunca chega tarde em nosso auxílio, e sempre nos ajuda nas nossas necessidades.

E se alguma vez sentimos que nos falta apoio, que submergimos, repitamos aquela súplica de Pedro:"Senhor, salva-me!" Não duvidemos do seu amor, nem da sua mão misericordiosa, não esqueçamos que "Deus não manda impossíveis, mas ao mandar pede que faças o que possas e peças o que não possas, e ajude para que possas" (Santo Agostinho).

Que enorme segurança nos dá o Senhor! Ensina S. João Crisóstomo: "Ele garantiu-me a sua proteção; não é nas minhas forças que eu me apoio. Tenho nas minhas mãos a sua palavra escrita.Este é o meu báculo. Esta é a minha segurança, este é o meu porto tranqüilo. Ainda que o mundo inteiro se perturbe, eu leio esta palavra escrita que trago comigo, porque ela é o meu muro e minha defesa. O que é que ela me diz? Eu estarei convosco até o fim do mundo."

Junto de Cristo, ganham-se todas as batalhas, desde que tenhamos uma confiança seus limites na sua ajuda:"Cristo está comigo, que posso temer? Que venham assaltar-me as ondas do mar e a ira dos poderosos; tudo isso não pesa mais do que uma teia de aranha"(S. João Crisóstomo). Não larguemos a sua mão; Ele não larga a nossa!

Nesse dia do Padre rezemos para que todos os padres tenham uma verdadeira confiança no Cristo que nos chamou. Que escutemos sempre as palavras do Senhor: "Coragem! Sou Eu. Não tenhas medo!"

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – XIX Domingo do Tempo Comum – Ano A

Silêncio eloquente

Esforço, suor, dor nas pernas, sol quente, cansaço. São palavras que expressam o final de um caminhar que chega ao cume de uma alta montanha e que tem como resultado o sabor da vitória e da alegria. Lembro-me daquele rapaz cheio de energia, mas pouco animado a escalar: a marcha custava-lhe muito e o desejo de que chegasse logo ao fim daquilo que ele julgava um grande sacrifício era colossal. Finalmente, passadas as cinco horas previstas, tudo era alegria e o nosso jovem tinha uma expressão de vitória no rosto. Maravilhado com a vista que a natureza lhe proporcionava, brotava de todo o seu ser um estremecimento cheio de agradecimento. Tudo era grandeza ao seu redor e ele sentiu-se realmente localizado na criação: era um ser quase insignificante, mas era o único capaz de apreciar e explicar algo daquilo que ele admirava.

Há muita poesia acerca das montanhas. Lembrava-me disso porque o Evangelho de hoje narra que Jesus "subiu à montanha para orar na solidão" (cfr. Mt 14,23). Ele ficou rezando lá naquela montanha até à quarta vigília, ou seja, até às três horas da madrugada, aproximadamente. Que medo! Ficar sozinho numa montanha até a essas altas horas deve ser terrível: o silêncio acompanhado de pequenas interrupções dos habitantes naturais daquele espaço, a escuridão iluminada apenas pela tênue luz duma noite pouco estrelada, a solidão que parece fazer-se acompanhada pela sensação de que a qualquer momento alguém poderia aparecer e fazer-nos dano. Enfim, a noite é misteriosa, mas numa montanha ela pode ser verdadeiramente pavorosa.

Além do mais, Jesus ficou rezando durante umas oito horas porque – diz o Evangelho – Jesus começou a rezar quando chegou a noite e ficou rezando até às três. Muita oração! Quando procuramos estar atentos à grande atividade de Jesus durante o dia junto aos sedentos da Palavra de Deus, junto aos enfermos e aos atormentados por maus espíritos, junto aos fariseus e junto às pessoas de má vida, ficamos admirados de que ele ainda tenha forças para estar durante tantas horas acordado em oração vigilante ao seu Pai do céu. Dá vontade de ficar detrás de uma daquelas grandes árvores e espiar a oração de Jesus com grande curiosidade. Certamente, ao estar lá ou no caso de que pudéssemos obter alguma resposta a respeito daqueles acontecimentos misteriosos, não duvidaríamos em perguntar até mesmo àquelas montanhas e árvores que testemunharam aqueles momentos intensos de diálogo entre o Pai, Jesus e o Espírito Santo.

Jesus não temia o silêncio nas montanhas porque a ausência de palavras daquela noite estava preenchida pelo diálogo com quem ele tanto amava: o seu Pai. Curiosamente, até para rezar se promove o ruído hoje em dia. Quando se faz um momento de silêncio parece ser um convite quase imediato a tocar uma música ou a ler alguma coisa ou… sei lá. Teme-se o silêncio! Por quê? Talvez porque os nossos silêncios sejam meros silêncios, quiçá porque estejamos sem a palavra interior que nos faz dialogar com o Pai ou quem sabe por que nem descobrimos que o silêncio existe para que falemos. Contradição?! Não. Existe um verbo interior e um verbo exterior. Antes que falemos (verbo exterior, palavra exterior) já tínhamos essas noções na nossa mente (como palavras interiores). Quando falamos sem consideração é exatamente por isso: porque não consideramos de verdade a nossa palavra interior. Então é quando saem as abobrinhas, as bobagens e a estultícia.

O silêncio é para que aprofundemos na palavra interior que levamos, para que falemos com Deus sobre essas coisas que estão no nosso coração, para que resolvamos as nossas dificuldades à luz da Palavra que sempre existiu no coração do Pai, o seu Filho que se fez carne.

A experiência da "solidão" acompanhada por Jesus é maravilhosa. As pessoas que cultivam uma autêntica vida interior sentem uma necessidade imperiosa de momentos de silêncio, de consideração e, em definitiva, de oração, que bem pode ser definida como um "falar com Deus". E por que Jesus rezava tanto e durante tantas horas? Ora, simplesmente por que ele ama o Pai e gosta de estar muitas horas com a Pessoa amada. Não é esta uma luz para que descubramos o porquê do tédio que às vezes experimentamos na oração, o porquê da pressa para terminar a nossa meditação da Palavra de Deus, o porquê de tantas orações vocais sem a consideração do que estamos dizendo a Deus, o porquê rezamos pouco? Será que amamos de verdade o nosso Pai do céu? Esses momentos de oração durante o dia, constantes ainda que poucos, nos ajudarão a ser "contemplativos no meio do mundo", isto é, no nosso trabalho, na nossa família, nas relações sociais do dia a dia.

Pe. Françoá Costa

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – XIX Domingo do Tempo Comum – Ano A

1Rs 19,9.11-13
Sl 85
Rm 9,1-5
Mt 14,22-23

A Escritura deste Domingo fala-nos de um Deus que é grande demais, misterioso demais, inesperado e surpreendente demais para que possamos enquadrá-lo na nossa lógica e no nosso modo de pensar. Eis, caríssimos! Uma grande tentação para o homem é achar que pode compreender o Senhor, enquadrar seu modo de agir e dirigir o mundo com a nossa pobre e limitada lógica… Mas, o Deus verdadeiro, o Deus que se revelou a Israel e mostrou plenamente o seu Rosto em Jesus Cristo, não é assim! Ele é Misterioso, é Santo, é livre como o vento do deserto!

Pensemos nesta misteriosa e encantadora primeira leitura, do Livro dos Reis. Elias, em crise, fugindo de Jezabel, caminha para o Horeb; ele quer encontrar suas origens, as fontes da fé de Israel. Recordem que o Horeb é o mesmo monte Sinai, a Montanha de Deus. Elias tem razão: nos momentos de dúvida, de crise, de escuridão, é indispensável voltar às origens, às raízes de nossa fé; é indispensável recordar o momento e a ocasião do nosso primeiro encontro com o Senhor e nele reencontrar as forças, a inspiração e a coragem para continuar. Pois bem, Elias volta ao Horeb procurando Deus. Lembrem que no caminho ele chegou a desanimar e pedir a morte: "Agora basta, Senhor! Retira-me a vida, pois não sou melhor que meus pais!" (1Rs 19,4). No entanto, o Senhor o forçou a continuar o caminho: "Levanta-te e come, pois tens ainda um longo caminho" (1Rs 19,7). Pois bem, Elias caminhou, teimou em procurar o seu Deus, mesmo com o coração cansado e em trevas; assim, chegou ao Monte de Deus! Mas, também aí, no seu Monte, Deus surpreende Elias – Deus sempre nos surpreende! O Profeta espera o Senhor e o Senhor se revela, vai passar… Mas, não como Elias o esperava: não no vento impetuoso que força tudo e destrói tudo quanto encontra pela frente, não no terremoto que coloca tudo abaixo, não no fogo que tudo devora… Eis: três fenômenos que significam força, que causam temor, que fazem o homem abater-se… E o Senhor não estava aí. Muito tempo antes, quando foi entregar a Moisés as tábuas da Lei, Deus se manifestara no fogo, no vento e no terremoto: "Houve trovões, relâmpagos e uma espessa nuvem sobre a montanha… E o povo estava com medo e pô-se a tremer… Toda a montanha do Sinai fumegava, porque o Senhor desceu sobre ela no fogo… e toda a montanha tremia violentamente" (Ex 19,16.18). Mas, agora, o Senhor não está no vento impetuoso nem no terremoto nem no fogo… Elias teve de reconhecê-lo, de descobrir sua Presença no murmúrio da brisa suave! – Ah, Senhor! Como teus caminhos são imprevisíveis! Quem pode te reconhecer senão quem a ti se converte? Quem pode continuar contigo se pensar em dobrar-te à própria lógica e à própria medida? Tu és livre demais, grande demais, surpreendente demais! Não há Deus além de ti; tu, que convertes e educas o nosso coração! Elias te reconheceu e cobriu o rosto com o manto, saiu ao teu encontro e te viu pelas costas… Pobres dos homens deste século XXI, que tão cheios de si mesmos, querem te enquadrar à própria medida e, por isso, não te vêem, não te reconhecem, não experimentam a alegria e a doçura da tua Presença!

E, no entanto, meus irmãos, as surpresas de Deus não param por aí! O mais surpreendente ainda estava por vir. Não havia chegado ainda a plenitude do tempo! Pois bem! Na plenitude do tempo, veio a plenitude da graça: Deus enviou o seu Filho ao mundo; ele veio pessoalmente! Não mais no vento, não mais no fogo, não mais no terremoto, não mais pelos profetas! Ele veio pessoalmente, ele, em Jesus: "Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma coisa só" (Jo 14,9; 12,45). Por isso mesmo, São Paulo afirma hoje claramente que "Cristo, o qual está acima de todos, é Deus bendito para sempre!" É por essa fé que somos cristãos, meus irmãos! Jesus é Deus, o Deus Santo, o Deus Forte, o Deus Imortal, o Deus de nossos Pais! Nele o Pai criou todas as coisas, por Ele o Pai tirou Abraão de Ur dos Caldeus, por Ele o Pai abriu o Mar Vermelho, por Ele, deu o Maná ao seu povo, sobre Ele fez os profetas falarem e, na plenitude dos tempos no-lo enviou a nós! Surpreendente, o nosso Deus; surpreendente como vem a nós!

Lá vamos nós, lá vai a Igreja, no meio da noite deste mundo, navegando com dificuldade porque a barca da vida é agitada pelos ventos… e Jesus vem ao nosso encontro, caminhando sobre as águas! Em Jesus, Deus vem vindo ao nosso encontro, em Jesus, vem em nosso socorro… E, infelizmente, confundimo-lo com um fantasma, etéreo, irreal. E ele no diz mais uma vez: "Coragem! Sou eu! Não tenhais medo!" Atenção para esta frase do Senhor: "Coragem, EU SOU! Não tenhais medo!" EU SOU! É o nome do próprio Deus como se revelou no deserto! Deus de Moisés, de Elias, Deus feito pessoalmente presente para nós em Jesus Cristo!

Então, caríssimos, digamos como Pedro: "Senhor, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre á água!" Ir ao encontro de Jesus, caminhando sobre as águas do mar da vida! Todos temos de pedir isso, de fazer isso! Peçamos sim, como Pedro, mas não façamos como Pedro que, desviando o olhar de Jesus, colocando a atenção mais na profundeza do mar e na força do vento que no poder amoroso e fiel do Senhor, começou a afundar! Assim acontecerá conosco, acontecerá com a Igreja, se medrosos, olharmos mais para o mar e a noite que para o Senhor que vem a nós com amor onipotente! E Deus é tão bom que, ainda que às vezes, façamos a tolice de Pedro, podemos ainda como Pedro gritar de todo o coração: "Senhor, salva-me!" Salva-nos, Senhor, porque somos de pouca fé! Salva tua Igreja, salva cada um de nós das imensas águas do mar da vida, do sombrio e escuro mar encrespado na noite opaca de nossa existência! Tu, que durante a noite oravas e vias o barco navegando com dificuldade, do teu céu, olha para nós e vem ao nosso encontro! E tu vens! Sabemos que vens na graça da Palavra, no dom da Eucaristia e de tantos outros modos discretos… Cristo-Deus, ajuda-nos a reconhecer-te, a caminhar ao teu encontro, vencendo as águas do mar da vida! Amém.

D. Henrique Soares da Costa

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A pouca fé do cristão torna-o medroso nos perigos, abatido nas dificuldades e, por isso, corre o risco de naufragar.

Mons. José Maria Pereira

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A experiência da "solidão" acompanhada por Jesus é maravilhosa.

 Pe. Françoá Costa

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Ah, Senhor! Como teus caminhos são imprevisíveis! Quem pode te reconhecer senão quem a ti se converte?

Salva-nos, Senhor, porque somos de pouca fé! Salva tua Igreja, salva cada um de nós das imensas águas do mar da vida, do sombrio e escuro mar encrespado na noite opaca de nossa existência! Tu, que durante a noite oravas e vias o barco navegando com dificuldade, do teu céu, olha para nós e vem ao nosso encontro! E tu vens! Sabemos que vens na graça da Palavra, no dom da Eucaristia e de tantos outros modos discretos… Cristo-Deus, ajuda-nos a reconhecer-te, a caminhar ao teu encontro, vencendo as águas do mar da vida! Amém.

D. Henrique Soares da Costa

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Às vezes nos apavoramos tanto com o barulho e o tamanho das dificuldades, que nos esquecemos da poderosa e generosa força de Deus pronta para nos ajudar e nos salvar! É por isso que muitos afundam nas águas da vida.

Sal.

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Jesus  caminhando sobre as águas

 

A Escritura deste domingo fala-nos de um Deus que é grande demais, misterioso demais, inesperado e surpreendente demais para que possamos enquadrá-lo na nossa lógica e no nosso modo de pensar. Eis, caríssimos! Uma grande tentação para o homem é achar que pode compreender o Senhor, enquadrar seu modo de agir e dirigir o mundo com a nossa pobre e limitada lógica... Mas, o Deus verdadeiro, o Deus que se revelou a Israel e mostrou plenamente o seu Rosto em Jesus Cristo, não é assim! Ele é Misterioso, é Santo, é livre como o vento do deserto!

Pensemos nesta misteriosa e encantadora primeira leitura, do Livro dos Reis. Elias, em crise, fugindo de Jezabel, caminha para o Horeb; ele quer encontrar suas origens, as fontes da fé de Israel. Recordem que o Horeb é o mesmo monte Sinai, a Montanha de Deus. Elias tem razão: nos momentos de dúvida, de crise, de escuridão, é indispensável voltar às origens, às raízes de nossa fé; é indispensável recordar o momento e a ocasião do nosso primeiro encontro com o Senhor e nele reencontrar as forças, a inspiração e a coragem para continuar. Pois bem, Elias volta ao Horeb procurando Deus. Lembrem que no caminho ele chegou a desanimar e pedir a morte: "Agora basta, Senhor! Retira-me a vida, pois não sou melhor que meus pais!" (1Rs. 19,4). No entanto, o Senhor o forçou a continuar o caminho: "Levanta-te e come, pois tens ainda um longo caminho" (1Rs. 19,7). Pois bem, Elias caminhou, teimou em procurar o seu Deus, mesmo com o coração cansado e em trevas; assim, chegou ao Monte de Deus! Mas, também aí, no seu Monte, Deus surpreende Elias – Deus sempre nos surpreende! O Profeta espera o Senhor e o Senhor se revela, vai passar... Mas, não como Elias o esperava: não no vento impetuoso que força tudo e destrói tudo quanto encontra pela frente, não no terremoto que coloca tudo abaixo, não no fogo que tudo devora... Eis: três fenômenos que significam força, que causam temor, que fazem o homem abater-se... E o Senhor não estava aí. Muito tempo antes, quando foi entregar a Moisés as tábuas da Lei, Deus se manifestara no fogo, no vento e no terremoto: "Houve trovões, relâmpagos e uma espessa nuvem sobre a montanha... E o povo estava com medo e pô-se a tremer... Toda a montanha do Sinai fumegava, porque o Senhor desceu sobre ela no fogo... e toda a montanha tremia violentamente" (Ex. 19,16.18). Mas, agora, o Senhor não está no vento impetuoso nem no terremoto nem no fogo... Elias teve de reconhecê-lo, de descobrir sua Presença no murmúrio da brisa suave! – Ah, Senhor! Como teus caminhos são imprevisíveis! Quem pode te reconhecer senão quem a ti se converte? Quem pode continuar contigo se pensar em dobrar-te à própria lógica e à própria medida? Tu és livre demais, grande demais, surpreendente demais! Não há Deus além de ti; tu, que convertes e educas o nosso coração! Elias te reconheceu e cobriu o rosto com o manto, saiu ao teu encontro e te viu pelas costas... Pobres dos homens deste século XXI, que tão cheios de si mesmos, querem te enquadrar à própria medida e, por isso, não te vêem, não te reconhecem, não experimentam a alegria e a doçura da tua Presença!

E, no entanto, meus irmãos, as surpresas de Deus não param por aí! O mais surpreendente ainda estava por vir. Não havia chegado ainda a plenitude do tempo! Pois bem! Na plenitude do tempo, veio a plenitude da graça: Deus enviou o seu Filho ao mundo; ele veio pessoalmente! Não mais no vento, não mais no fogo, não mais no terremoto, não mais pelos profetas! Ele veio pessoalmente, ele, em Jesus: "Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma coisa só" (Jo 14,9; 12,45). Por isso mesmo, São Paulo afirma hoje claramente que "Cristo, o qual está acima de todos, é Deus bendito para sempre!" É por essa fé que somos cristãos, meus irmãos! Jesus é Deus, o Deus Santo, o Deus Forte, o Deus Imortal, o Deus de nossos Pais! Nele o Pai criou todas as coisas, por Ele o Pai tirou Abraão de Ur dos Caldeus, por Ele o Pai abriu o Mar Vermelho, por Ele, deu o Maná ao seu povo, sobre Ele fez os profetas falarem e, na plenitude dos tempos no-lo enviou a nós! Surpreendente, o nosso Deus; surpreendente como vem a nós!

Lá vamos nós, lã vai a Igreja, no meio da noite deste mundo, navegando com dificuldade porque a barca da vida é agitada pelos ventos... e Jesus vem ao nosso encontro, caminhando sobre as águas! Em Jesus, Deus vem vindo ao nosso encontro, em Jesus, vem em nosso socorro... E, infelizmente, confundimo-lo com um fantasma, etéreo, irreal. E ele no diz mais uma vez: "Coragem! Sou eu! Não tenhais medo!" Atenção para esta frase do Senhor: "Coragem, EU SOU! Não tenhais medo!" EU SOU! É o nome do próprio Deus como se revelou no deserto! Deus de Moisés, de Elias, Deus feito pessoalmente presente para nós em Jesus Cristo!

Então digamos como Pedro: "Senhor, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre á água!" Ir ao encontro de Jesus, caminhando sobre as águas do mar da vida! Todos temos de pedir isso, de fazer isso! Peçamos sim, como Pedro, mas não façamos como Pedro que, desviando o olhar de Jesus, colocando a atenção mais na profundeza do mar e na força do vento que no poder amoroso e fiel do Senhor, começou a afundar! Assim acontecerá conosco, acontecerá com a Igreja, se medrosos, olharmos mais para o mar e a noite que para o Senhor que vem a nós com amor onipotente! E Deus é tão bom que, ainda que às vezes, façamos a tolice de Pedro, podemos ainda como Pedro gritar de todo o coração: "Senhor, salva-me!" Salva-nos, Senhor, porque somos de pouca fé! Salva tua Igreja, salva cada um de nós das imensas águas do mar da vida, do sombrio e escuro mar encrespado na noite opaca de nossa existência! Tu, que durante a noite oravas e vias o barco navegando com dificuldade, do teu céu, olha para nós e vem ao nosso encontro! E tu vens! Sabemos que vens na graça da Palavra, no dom da Eucaristia e de tantos outros modos discretos... Cristo-Deus ajuda-nos a reconhecer-te, a caminhar ao teu encontro, vencendo as águas do mar da vida!

dom Henrique Soares da Costa

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Chamados no mar de injustiças e contradições humanas

Estamos iniciando o mês de agosto. A tradição popular identifica o mês de agosto como mês do desgosto, do azar, do cachorro doido, dos ventos, etc. Neste mês, a igreja propõe para as comunidades a reflexão em torno ao tema da vocação: Cada domingo é dedicado, respectivamente, a uma delas: sacerdócio, pai, religiosa e leiga.

Vocação vem do latim: vocare – chamar. Muitos, pensando na profissão, dizem que não têm vocação para isso ou aquilo. Outros pensam que somente padres e religiosos (as) é que têm vocação. As duas afirmativas procedem. Faremos bem algo quando temos vocação para tal. Muitos até exercem uma profissão sem o devido sacerdócio, isto é, a dedicação. Imagine se um médico não está disponível quando um doente precisar dele. Vocação tem muito a ver com a intensidade e paixão no fazer e consequente felicidade. Quando o teólogo alemão completou bodas de vida sacerdotal, perguntaram-lhe pelo segredo da felicidade, e ele respondeu sabiamente: "Se você quer ser feliz por um dia: vá pescar; se quer ser feliz por um mês: case-se; se quer ser feliz por toda a vida: faça tudo com intensidade a cada minuto de sua vida". Neste primeiro domingo de agosto, dediquemo-nos a refletir sobre a vocação sacerdotal. No último dia 4, celebramos o patrono dos padres, São João Maria Vianey, homem dedicado ao sacerdócio, que, no seu tempo, soube responder com eficácia ao chamado de Deus. Nas leituras de hoje, veremos que Deus chama o profeta Elias; Jesus convoca Pedro para caminhar sobre as águas do mar; Paulo fala, com tristeza, da não correspondência de seus compatriotas, os israelitas, ao chamado de Deus.

1ª leitura (1 Reis 19,9ª 11-13a)

Deus chama na brisa leve e convoca o profeta para uma missão conflituosa.

Elias, o grande profeta do povo judeu, é relembrado anualmente no jantar da ceia pascal. Os judeus deixam à mesa uma cadeira vazia para Elias e o recebem nas casas com uma taça de vinho. O livro de Malaquias atesta a promessa divina da volta de Elias, antes do Dia do Senhor, de modo que ele possa fazer voltar o coração dos pais para os filhos (Ml. 3,23-24). Não por menos, muitos cristãos acreditam que Jesus, o Messias, morreu invocando Elias (Mt. 27,47.49). A trajetória profética de Elias foi marcada, sobretudo, pela saída do palácio do rei. Com ele, se o rei precisasse ouvir o conselho de um profeta, teria que ir aonde povo estava, pois ali se encontrava o profeta. Elias multiplicou a farinha e o óleo de uma pobre viúva (1Rs. 17,7-16); ressuscitou o filho de outra, em Serepta (1Rs. 17,17-24); provocou seca; fez descer fogo do céu; predisse a chegada da chuva; degolou 450 profetas de Baal, após o sacrifício no monte Carmelo (1Rs. 18). Por tudo isso, Elias foi chamado de "homem de Deus" pelas pobres viúvas, mas, de assassino, pela rainha de Israel, Jezabel. Elias restaurou, em Israel, a fé em Javé, o Deus libertador. Tendo realizado todos esses feitos e vendo a perseguição bater às suas portas, Elias teve medo e fugiu para o monte Sinai. Qual outro Moisés que, após matar o soldado egípcio que matara o seu irmão de sangue, defendendo os direitos de seu povo, fugiu da casa do Faraó, onde teria sido criado (Ex. 2,11-3,22). Chegando ao monte Sinai, após quarenta dias e quarenta noites, fato simbólico que relembra a peregrinação do povo no deserto, Elias entra numa gruta. Deus lhe pede que saia e revela-se para ele em uma brisa suave (v. 12). Neste mesmo lugar, Deus havia se manifestado por meio de trovões, luzes, terremotos. Com Elias é diferente. Deus fala por meio de uma brisa suave. Muitos interpretam esse fato vocacional na vida de Elias como um chamado à serenidade, própria de Deus e do seu escolhido. Mesmo que essa afirmativa seja verdadeira, não é bem assim a missão dada a Elias, que os versículos posteriores retratam: Elias teria que descer do monte e retomar o caminho, ungir Hazael como rei de Aram; Jeú, rei de Israel e Eliseu, profeta em seu lugar. E o que é mais drástico: todos os três deveriam provocar uma matança geral, resguardando sete mil homens fiéis, que não aderiram a Baal (v. 18).

A vocação de Elias é marcada por: contato próximo de Deus; falar em nome de Deus; medo ao assumir a missão e suas consequências inevitáveis; denunciar as injustiças sociais; defender os pobres; purificar a religião por um estado que governa em nome de Deus e, se preciso for, matar os opositores de Javé. Aos nossos ouvidos pode soar estranho esse último ponto de sua vocação. Não podemos simplesmente, de forma anacrônica, justificar essas suas atitudes em nossos dias. Assim viveu Israel, nos primórdios de sua fé. A vocação sacerdotal, sobre a qual estamos refletindo, neste domingo, tem muito de Elias. Deus o chama ao sacerdócio, isto é, ao serviço de ser 'ponte' entre o povo de Israel e Deus. Elias tem medo, pois a sua missão não é fácil. O idílico do chamado na brisa leve vai muito além, no enfretamento aos desafios hodiernos de uma religião comprometida com a justiça social. O sacerdote, se não for, como Elias, um homem de oração e de serviço, não poderá corresponder ao chamado de Deus.

Evangelho (Mt. 14,22-33)

Segura nas mãos e vai... na fé

O evangelho de hoje, dando continuidade ao do domingo anterior, o da multiplicação dos pães, mostra Jesus subindo ao monte para rezar. No fim da tarde, ele volta caminhando sobre o mar. Os discípulos, com medo, pensam que se tratava de um fantasma. Jesus se apresenta e os convoca a ter fé. Pedro dialoga com ele e sai caminhando sobre o mar. Quando duvida, começa a se afogar, mas Jesus o acolhe pela mão. Os discípulos manifestam a fé em Jesus como Filho de Deus. Esse é o conteúdo do evangelho que ouvimos. Em que ele ilumina o tema de nossa reflexão, a vocação sacerdotal? Vejamos. Jesus caminha firme sobre o mar. Ele poderia realizar tal proeza, pois era o Filho de Deus. O mar é o lugar do medo, do não dominado, do mal, do não conhecimento humano, de onde vinha o leviatã, o demônio. O medo que vem do mar é contrastado, no evangelho, como o medo dos discípulos. Para o mar, Jesus havia enviado uma legião de porcos – animais impuros como o mar -, e possuídos de demônios, assim como a legião de romanos (Mt. 8,28-34). Pedro, a pedra, representa aquele que tem pouca fé e vacila no caminho. A mão de Deus, Jesus, o segura nas dificuldades e amaina o vento forte que vem do mar. A barca é o lugar seguro, apesar do mar violento e perigoso. Aqui vale lembrar a música: "Se as águas do mar da vida quiserem te afundar, segura nas mãos de Deus, e vai"... O sacerdote, assim como todo cristão, é chamado a enfrentar as dificuldades do 'mar da vida', a ter fé, apesar do medo. Caminhar sempre, professar a sua fé em Jesus, o Filho de Deus. E, assim como Jesus, buscar força na oração nos 'montes' da vida. Para o povo da Bíblia, o monte era o lugar da proximidade com Deus. O padre, fraco na fé, como Pedro, humano como outro humano qualquer, celebra 'in persona Christi' os sacramentos. Testemunhando, no altar e na vida, a paixão, morte e ressurreição de Jesus, o Filho de Deus.

2ª leitura (Rm. 9,1-5)

Quem nos separará do amor de Deus

Paulo, que de perseguidor dos cristãos, por causa da vocação – chamado de Deus que lhe aparece na pessoa do ressuscitado -, transformou-se em um homem de muita fé, contrário a Pedro do evangelho de hoje. A preocupação de Paulo, sobretudo no trecho que hoje ouvimos da Carta aos romanos, reside no fato de os seus parentes na carne, os israelitas, não demonstrarem fé em Cristo, descendente dos patriarcas e Deus bendito pelos séculos. Paulo tem consciência de que Deus escolhe Israel como seu povo e com ele fez uma aliança eterna. Paulo tem esperança de que os seus compatriotas iriam compreender o mistério da revelação de Deus em Jesus. Os judeus tinham Paulo como inimigo e traidor deles (At.21,28). Paulo manifesta sua fé na divindade de Jesus. Essa questão percorreria longos séculos de discussão entre os cristãos, até o consenso final, no Concílio de Calcedônia, em 451, em que a igreja criou o dogma de fé na Trindade. Essa decisão, no entanto, provocou o surgimento de outra religião, o islamismo, que não aceitou a divindade de Jesus (Cf. FARIA, Jacir de Freitas, Apócrifos aberrantes, complementares e cristianismos alternativos – Poder e heresias! 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2010, p.147). Como Paulo, o sacerdote e os cristãos são chamados a testemunhar a fé em Cristo, Deus bendito pelos séculos.

Pistas para reflexão

Refletir e celebrar com a comunidade o valor do sacerdote, sua dimensão de serviço profético e animação da fé.

Não se esquecer de comentar os vários contra testemunhos de padres. Fazer uma leitura positiva, como momento de graça e de renovação da vocação sacerdotal. Pedir a oração da comunidade para o clero.

Perguntar como Deus se nos revela hoje, chamando-nos para uma missão no mundo marcado pelo consumismo e pela alienação. Perguntar pela vocação de cada um e o medo que nos impossibilita de realizá-la.

frei Jacir de Freitas Faria, ofm

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O Deus da brisa mansa

Certo dia, frustrado com a incredulidade que ele encontrava na sua luta contra os ídolos em favor do Deus único, Elias fugiu das mãos de Jezabel para a montanha de seu Deus, quase que para provocá-lo a mostrar novamente sua força e a esmagar aqueles que passaram os seus profetas ao fio da espada (1Rs. 19,9-10). Deus o mandou esperar no cume da montanha. Passou um vento violento, mas Deus não estava no vento violento; houve um terremoto, mas Deus não estava no terremoto; houve fogo, mas Deus não estava no fogo. Depois, ouviu-se o murmúrio de uma brisa ligeira, então, Elias cobriu o rosto e escutou a voz de Deus (1ª leitura).

Deus não está necessariamente nas coisas grandiosas ou violentas. Apesar da violência dos homens, Deus está naquilo que significa paz e refrigério. Dentro da brisa mansa, ele confia a Elias uma nova missão. A religiosidade mágica facilmente acredita que Deus se manifesta na tempestade. Mas ele se manifesta acalmando a tempestade. Assim, ele se manifestou em Cristo, diante dos apóstolos, que estavam lutando contra o vento no barco do lago de Genesaré (Mt. 14,22-33).

Por trás dessa narração está um mundo de mitologia. O mar era o domínio de Leviatã, o monstro marinho, uma vez considerado como um deus, mas, mais tarde, desmitologizado até anjo ou diabo. A tempestade era a força do inimigo, acreditavam os supersticiosos pescadores galileus. Ora, depois da multiplicação dos pães (cf. dom. passado) Jesus tinha deixado seus discípulos atravessarem sozinhos o lago de Genesaré.

Ei-los agora confrontados com essas forças, às quais eles atribuíam uma origem maliciosa (evangelho). Aí Jesus inventa dar um passeio andando sobre as ondas. Simão Pedro (só o evangelho de Mateus conta este detalhe) se sente logo animado e quer, sobre as ondas, ir ao encontro de Jesus. Mas de repente vê novamente diante de si o vento e as águas e perde a confiança em si, mas não em Jesus, pois grita "Senhor, salva-me" (cf. tb. salmo responsorial). O que Jesus faz, não sem lhe censurar a falta de fé. E então, com um gesto que revela toda sua majestade, Jesus acalma as ondas. Agora, os discípulos reconhecem-no como o Senhor, o Filho de Deus, e adoram-no.

O Deus que se manifesta em Jesus Cristo não é de tempestade, não é um Leviatã, mas um Deus rico em misericórdia e fidelidade (cf. aquela outra manifestação na montanha, Ex. 34,5-6). O que não quer dizer: um Deus de moleza - pois ele tem mais força que a tempestade. Mas ele quer que não tenhamos medo. Não é um Deus que reina na base do medo, mas da confiança, da fé. Ora - e esta é a segunda consideração -, a fé deve ser mais do que um momento passageiro de entusiasmo. Se for só isso, logo de novo vamos, como Pedro, ver surgir o Leviatã de todos os lados. Fé de fogo de palha é pouca fé para Cristo (23). É o que aconteceu com Pedro. "Se és tu, manda-me vir..." (a frase condicional mostra que ele ainda duvidava se era Jesus, manifestando-se como Filho de Deus, ou um fantasma, algum Leviatã; cf. Mt. 14,26).

Na 2ª leitura inicia a segunda grande parte de Rm: nos caps. 9-11, Paulo confessa sua paixão para o povo de Israel, do qual ele é membro - embora tenha de combater o legalismo farisaico. Ele mesmo gostaria de ser condenado se, com isso, os seus irmãos judaicos tivessem a salvação (Rm.9,3). Palavra forte, mas não mero exagero: Paulo sabia que seria impossível que eles estivessem pura e simplesmente perdidos. O plano de salvação, mesmo aberto aos gentios, vale também para os judeus. Como? Isso veremos nos próximos domingos. De toda maneira, tanta confiança tem Paulo no plano de Deus que pode dizer: se Israel for totalmente rejeitado, então, eu também!

Acreditamos num Deus que salva (salmo responsorial), que ouve o nosso clamor (canto da entrada), um Deus da mansidão (1ª leitura). Assim, ele se dá a conhecer em Cristo (evangelho). Para nos inteirarmos disso, precisamos de fé, não passageira, mas constante (evangelho, oração final).

Johan Konings "Liturgia dominical"

Evangelho: Mt. 14,22–33

1. O trecho de hoje pertence à parte narrativa do 4º livrinho de Mateus (13,53 a 17,27): o seguimento do Mestre da Justiça.

2. No trecho do domingo passado vimos Jesus inaugurando com os pobres e explora dos uma nova humanidade, onde o comércio é substituído pela partilha dos bens da criação (comércio x partilha). A partilha é o grande milagre capaz de saciar a todos. E a abundância do que sobra será capaz de matar a fome de tantos outros.

3. O texto de hoje inicia com uma afirmação estranha: Jesus obriga os discípulos a entrar na barca e seguir, à sua frente, para o outro lado do mar (v. 22). Três coisas chamam atenção:

3.1. Jesus obriga os discípulos a embarcar (é a única vez que o verbo obrigar aparece em Mateus). Jesus, no episódio anterior, mostrou que a partilha é a regra de ouro para o mundo do novo. O ideal da partilha é confiado, agora, aos que O seguem. Ele os obriga a continuar o que acabou de fazer.

3.2. Os discípulos têm que atravessar o mar. O texto sintetiza bem a situação de uma comunidade em missão, em meio a dificuldades e tentativas de implantar o projeto de Deus.

3.3. Os discípulos são mandados à outra margem do lago, em território pagão, para semear as sementes do mundo novo: é o aspecto universal da missão da comunidade cristã.

4. Jesus passa a noite em oração (v. 23): no texto de hoje (como no domingo passado) temos novamente Jesus subindo ao monte para rezar. No evangelho de Mateus só há duas menções de Jesus rezando sozinho (cf. 26,36ss). A barca, já longe da terra, era batida pelas ondas, pois "o vento era contrário" (v. 24). O vento contrário são as resistências ao projeto de Deus. A fragilidade da barca, a noite, o vento contrário dão a dimensão exata da fragilidade, da obscuridade e dos desafios enfrentados pelas comunidades cristãs, sementes do Reino da Justiça. O mar fala da dimensão itinerante do cristianismo, abrindo caminhos desconhecidos.

5. Jesus vai ao encontro dos discípulos de madrugada, andando sobre o mar (v. 25). Andar sobre o mar é prerrogativa divina (cf. Jó 9,8; 38,16). E a menção à madrugada pode ser entendida como referência à manhã da ressurreição. Em Mateus Jesus é o Deus conosco (cf.1,23) para sempre (cf.28,20). A memória disso o torna presente, sobretudo nas horas difíceis da "travessia".

6. Contudo, há sempre o risco de não captar sua presença nos acontecimentos considerando-o um fantasma (v. 26). Jesus se dá a conhecer como Deus presente que liberta das dificuldades: "sou eu!" (v. 27: em grego "ego eimi", que recorda a revelação do Nome divino em Ex. 3,14). O contato com sua Palavra dá coragem e afasta o temor. A expressão "coragem!" possui no NT, duas conotações:

1. Tomar coragem depois de algo que assustou e fez desfalecer (9,2.22; Mc. 10,49);

2. Abastecer-se de coragem em vista dos desafios futuros ou das perseguições (cf. Jo 16,33; At. 23,11). O encorajamento de Jesus tem essas duas dimensões.

7. Os vv. 28-31 são breve cena dentro do conjunto maior. Aparece Pedro desejando andar sobre as águas (= participar da condição divina de Jesus). A cena mostra que Pedro reconhece Jesus como Senhor que tem poder de superar os desafios (v.28), mas revela também a insegurança e inconstância dos que, desejando superar os obstáculos, se detêm mais nas dificuldades do que na força dAquele que enviou e chama "Vem!"

8. Demonstra também que nem Pedro nem os cristãos superaram ainda a compreensão de que – ao participar da vida e do projeto de Jesus – devem enfrentar desafios e obstáculos e não querer que Jesus resolva tudo com um milagre. O cristão é chamado a viver o projeto de Deus em meio a uma sociedade que rejeita esse projeto e que põe obstáculos e dificuldades.

9. A repreensão "Homem fraco na fé, por que você duvidou?" (v. 31) vale para todos. A dúvida é o oposto ao risco ante os desafios. Não é o risco que faz afundar, mas a dúvida paralisante: "quem enfrenta desafios arrisca errar; quem não arrisca, erra sempre!"

10. Os vv. 32-33 salientam dois aspectos importantes:

1. Ao subir na barca, o vento cessou, ou seja, a comunidade reconhece que Jesus caminha com ela e conta com sua força. A memória da presença do Deus conosco é determinante para atravessar qualquer tempestade;

2. Essa memória leva ao reconhecimento de quem é Jesus: ajoelharam-se diante dele, dizendo: "de fato, tu és o Filho de Deus!"

1ª leitura: 1Rs. 19,9a.11–13a

11. Com o massacre dos 450 profetas de Baal (1Rs.18) Elias livrara o Reino de Israel da catástrofe nacional e da idolatria que sustentava e fomentava a exploração do povo sob o reinado de Acab. Contudo, esse episódio fez explodir a fúria de Jesabel, (esposa do rei e patrocinadora do culto a Baal), que decreta a morte de Elias.

12. O profeta foge rumo ao sul, atravessando o Reino de Judá e entrando no deserto. Deseja morrer, mas Javé o nutre com misterioso alimento, atraindo-o ao monte Horeb (= Sinai), lugar da Aliança de Deus com seu povo.

13. A situação e experiência de Elias são semelhantes às de Moisés, depois que o povo pecou (cf. Ex. 32-33). Ambos experimentam Deus em momentos de profundas crises no seio do povo. A ambos Deus se mostra próximo e íntimo, dialogando com eles.

14. A forma de Elias experimentar Deus é diferente da de Moisés (cf. Ex. 33,18-23).

- Javé não está no furacão que racha as montanhas e quebra os rochedos, nem no terremoto ou no fogo, elementos ordinários das teofanias do Êxodo (cf. também 2Sm. 22,7-16; Is. 29, 6; Sl. 50,3; 97,3-5), mas no murmúrio de uma brisa suave, quase imperceptível.

15. Uma experiência nova que Elias faz de Deus não mais nos fenômenos espetaculares da natureza. Por quê? Qual o sentido dessa nova experiência? Segundo as narrativas mitológicas de Ugarit, Baal era o deus da tempestade, senhor do trovão e do raio diante dos quais a terra entrava em pânico (terremoto) A vitória de Javé sobre Baal (cap.18) não quer afirmar que ele toma o lugar do deus da tempestade.

16. É uma experiência totalmente diferente, "outra": Deus se manifesta nas coisas mais imperceptíveis, como a brisa da manhã. Não é mais a majestade que apavora e espanta, mas que cativa e transmite serenidade. Esta é a novidade da experiência de Deus. Só Javé é capaz de "fazer sair" da caverna para a comunhão e compromisso com ele. Só Javé pode ser considerado Deus.

17. Vento e fogo estão associados à vida de Elias, homem impetuoso e fogoso por caráter. Sua missão (antes e depois dessa experiência) o demonstra: era um demolidor. Contudo, encontra Deus na solidão da montanha e no silêncio da brisa mansa (longe do tumulto). Ouvindo o vento suave ele percebe a presença de Javé e cobre o rosto com o manto.

18. Esse texto, ao invés de erroneamente apoiar certa fuga aos compromissos e lutas próprias do cristão, deve servir como "refontização" (beber da fonte cristalina) em vista da luta pela justiça desejada por Deus. É a mística dos que enfrentam a idolatria (e… quantas idolatrias e baals não têm hoje em dia… talvez, mais do que antes!), particularmente a dos poderes absolutistas e tiranos dos governantes sobre os órfãos, as viúvas, os estrangeiros, os desqualificados, os pobres de Deus.

2ª leitura: Rm. 9,1–5

19. Os capítulos 9 a 11 de Romanos tratam da fidelidade de Deus e da incredulidade de Israel. A grande angústia de Paulo foi a rejeição que seus irmãos de carne e osso, de raça, opuseram ao anúncio do Evangelho. De fato, desde a sua conversão até a estada em Roma, Paulo se esforçou por anunciar o projeto de Deus aos de sua raça. Em troca recebeu rejeições, acusações e perseguição sistemática.

20. Estando em Corinto, ele escreve aos Romanos fazendo-os partilhar de sua angústia e dor. A rejeição do evangelho por parte dos parentes de Paulo "segundo a carne" criava obstáculos à própria evangelização no meio dos pagãos.

21. Paulo inicia sua argumentação com plena consciência de estar dizendo a verdade em Cristo, apelando para o testemunho do Espírito Santo (v. 1). Ele não entende o porquê da rejeição. E sua dor é tamanha (v. 2) que, para conduzí-los a Cristo, desejaria ser amaldiçoado por Cristo (v.3), isto é, privado da comunhão com Jesus (cf. também Gl 1,9). É possível ver nesse gesto de Paulo a repetição do pedido de Moisés, que põe em jogo a própria vida para salvar o povo: "agora, ou perdoas seu pecado,… ou risca-me do teu registro" (Ex. 32,32).

22. A seguir Paulo elenca oito privilégios dos israelitas como prova do amor de Deus: "a adoção filial, a glória, as alianças, a lei, o culto e as promessas; a eles pertencem os patriarcas e deles é o Cristo segundo a carne" (v.4-5a). Nota-se um crescendo da fidelidade de Deus, que vai da adoção de Israel como povo eleito até o fato de Cristo ter nascido no meio deles.

23. Paulo constata que o projeto de Deus sofre resistências exatamente por parte dos que receberam as maiores provas da fidelidade de Deus. Contudo, sua preocupação não é a de estimular a polêmica, pelo contrário, aceita inclusive ser amaldiçoado por Cristo para que o impasse seja superado. Sua vida não conta quando se trata de encontrar formas a fim de que o projeto de Deus seja aceito por todos. Ele crê firmemente que Deus não abandonou seu povo, pois a fidelidade divina permanece inalterada.

24. E o que dizer, hoje, quando o projeto de Deus encontra tantas resistências até no seio das próprias comunidades cristãs, nas legislações que não levam em conta o bem comum, a justiça, a igualdade, a solidariedade, a paz social? Não é um escândalo que cristãos rejeitem Cristo nos necessitados? Não é escandaloso quando nos dividimos em tantas Igrejas, sendo Cristo um só? Quem é capaz de ter os sentimentos de Paulo?

R e f l e t i n d o

1. O Deus da brisa mansa… No monte, na brisa suave Deus fala a Elias. Deus não se encontra no raio, trovão, na tempestade… no barulho, na agitação… mas sim no silêncio da oração no monte. Elias foge para muito longe, passa pelo deserto… e Deus o leva para o monte. … Jesus sobe ao monte para orar a sós. É preciso encontrar Deus, experimentar Deus, sentir Deus, conviver a sós com Deus para re-encontrar o sentido e o valor da existência e da vida. É preciso silenciar o coração para ouvir Deus. Deus não está na agitação, mas na calma e na tranqüilidade.

2. Elias, fogoso e impetuoso, descobre o Senhor numa brisa tênue, num sussurro que mal se ouve. Primeiro, teve de afastar-se da cidade, atravessar o deserto, subir à solidão da montanha. Depois, teve de descobrir a ausência de Deus nos elementos barulhentos. Finalmente, calado o tumulto, cessadas todas as vozes, surge a presença que surpreende: "Então, Elias ouviu uma voz: o que fazes aqui, Elias?" (1 Rs 19,13).

3. Na 1ª. leitura, Elias, fugindo de Jezabel, desanimado e cansado de lutar contra tanta incredulidade face a tantas "mostras" da bondade do Deus verdadeiro, e, desejando a morte para si mesmo, Deus o leva ao monte Horeb onde tinha se manifestado a Moisés (o monte do encontro com o Deus da Aliança). Elias procura e espera por Deus, e esse Deus não se faz presente nos ventos e terremotos e fogo. Apresenta-se-lhe numa brisa e lhe diz para retomar o caminho. … Encontra-se com Deus… Deus o reanima… e o reenvia novamente em missão.

4. No evangelho vemos que, – depois da multiplicação dos pães, Jesus manda os discípulos sozinhos atravessarem o mar. Ele fica na montanha para rezar. No meio da noite defrontam-se os discípulos com a tempestade e ficam apavorados. Jesus vai até eles andando sobre as águas da tempestade. E os convida à confiança: "coragem! Sou eu. Não tenhais medo!" A presença do Senhor acalma a tempestade, restabelece o equilíbrio e a serenidade, renova a confiança.

5. Deus é precedido pela tempestade, mas domina-a. É na calmaria que ele dirige a palavra a Elias. É na calmaria que, dominadas as ondas do mar, Jesus fala aos discípulos e dissipa-lhes o pânico. A mensagem parece chamar a atenção para o ponto central: acreditar na presença confortadora do Senhor. Ele está presente. Ele vence as dificuldades e obstáculos.

6. Simão Pedro se entusiasma e quer, sobre as ondas, ir ao encontro de Jesus. Mas, de repente, vê novamente diante de si o vento e as ondas … e perde a confiança e começa a afundar. Desesperado grita ao Mestre: "salva-me!". Aí vemos o incrível: Jesus estende a mão e o segura. Novamente a "presença" de Jesus salva. Ele quer que não tenhamos medo. Não é um Deus que reina na base do medo, mas da confiança, da fé. A fé deve ser mais que um momento passageiro de entusiasmo. … Se for só isso, logo de novo, vamos como Pedro, começar a afundar.

7. A vida se faz de alternâncias, mas a fé no Senhor não deve faltar nunca. No evangelho, depois de Jesus ter abençoado, partido e distribuído os pães entre a multidão e os discípulos, ele os envia a atravessar o mar (= missão nova e dificuldades à vista). Os textos de hoje alertam para não esquecer nunca da presença do Senhor: confiança e fé que garantem a vida diante das dificuldades.

8. A alternância entre a multiplicação, a saciedade, a fartura, o conforto, o prazer, a satisfação e as dificuldades, os obstáculos, as contrariedades, os problemas, as limitações, os desafios nos alertam para a realidade da vida. A vida é para ser vivida, apesar das dificuldades e com os problemas. Estes nunca podem levar ao desânimo. O trabalho e o esforço diário é que constroem a vida e constroem o Reino de Deus. Nada de valor se conquista sem sacrifício.

9. Entre a memória da bênção, do partir e do distribuir os pães e a confissão de fé no Senhor Jesus, os discípulos atravessam o mar sacudido por uma tempestade (as adversidades da vida). Um ambiente propício ao sentimento de medo. E é exatamente dentro dessa experiência de medo dos discípulos, no mar bravio, é que eles descobrem a presença do Senhor. Mas não é de imediato. Antes pensam em fantasma. Só depois brota a fé. Assim é a vida: como Elias teve de esperar e permanecer firme frente ao vento, ao terremoto, ao fogo; como os discípulos tiveram de permanecer na barca mesmo em meio às ondas da tempestade, assim acontece conosco ao sobrevivermos firmes e fiéis (= com fé) até que nossa fé reconheça que o Senhor Jesus está presente e nos dá a certeza da paz (shalom). Jesus é a própria manifestação da presença e da bondade divinas. O evangelho realça esta verdade: assim que subiram à barca, o vento se acalmou". Cessa o medo, dando lugar à coragem própria de quem é forte na fé e não duvida da presença de Deus que salva a vida mesmo em meio às tempestades da vida.

10. Atravessar o mar! … Ir pelo mundo construindo o projeto e o Reino de Deus. Como Deus fez com Elias, que estava cansado e desanimado perante tantas dificuldades e obstáculos, alimentando-o, encontrando-se com ele na brisa, e o enviando de novo em missão, também faz conosco. Não nos devem assustar os problemas. O que nos deve guiar é a certeza de que estamos com Jesus: Aquele que venceu a morte, Aquele que ressuscitou, Aquele que se faz presente sempre. Esta é a garantia da nossa fé. Esta é a garantia da nossa existência e da nossa história.

11. No meio das tempestades da vida, como aconteceu com os apóstolos, também nós não percebemos de imediato a presença de Deus. Para eles era um fantasma. Para nós é… o vazio, o desalento, a descrença, a desesperança. Acontece que é preciso deixar de lado e para trás as luzes do mundo que obnubilam nossa visão para enxergar – na fé na Palavra de Deus – a presença do Ressuscitado.

12. Como a Pedro, também a nós é dirigido a advertência de Jesus: "homem fraco na fé, por que duvidaste?" A confissão da fé: "verdadeiramente és o Filho de Deus" precisa ser mais freqüente na nossa vida, para que quando houver momentos de dificuldades, possamos estar mais fortalecidos. Este é um dos grandes objetivos da celebração dominical da Memória do Senhor Jesus que nos renova, nos fortalece e nos re-envia em missão.

13. Quantas vezes esbravejamos e questionamos Deus a respeito da nossa vida. Estamos por demais cansados e esgotados pelos problemas da vida. É hora de voltar e olhar para Elias. Ele também já estava exausto e pediu a morte. E o que Deus fez? Alimentou-o com um alimento misterioso. Fortaleceu-o e mandou-o caminhar em frente. E Deus o levou para um encontro com ele no alto da montanha, longe do barulho e do tumulto.

14. Também nós precisamos parar para nos encontrar – na calma e na tranqüilidade (pois é só aí que o Senhor se manifesta) – com o Deus da nossa vida que nos quer falar, que tem algo a nos dizer. Façamos silêncio e o deixemos falar para que nosso coração possa ouví-lo e interiorizar sua Palavra, sua mensagem, sua indicação de rumo a seguir.

15. Subir a montanha … afastar-se das vozes, das correrias, do tumulto, das preocupações, dos problemas, dos negócios, dos projetos, das ansiedades, das necessidades criadas, do telefone, do celular, do computador … e de tantas outras coisas que pré – enchem a nossa vida. Afastar, deixar de lado, deixar ao pé da montanha e subir sozinho para estar com Deus, para ouvir Deus, para sentir Deus, para acalmar o coração no coração de Deus, para rezar. Esta é a grande descoberta: estar com Deus refaz a nossa vida, garante uma vida mais plena e mais feliz, restaura a serenidade e a paz de viver. Estar com Deus nos faz descobrir que estamos conosco, que nos descobrimos, que nos conhecemos e nos aceitamos como somos e "como" queremos viver esta vida que Deus nos colocou nas mãos.

16. Encontrar-nos com Deus é encontrar-nos com sua Palavra para descobrir o Deus misericordioso sempre presente e sempre pronto a nos estender a mão. Nossa vida – nossa travessia do mar – é cheia de desafios. Deparamo-nos com dúvidas, limitações, medos, dificuldades, obstáculos, perseguições… Conhecer Jesus, estar com Jesus, confiar em Jesus e em sua Palavra é que não nos deixa afundar. Com Jesus a travessia pode não ser sem sobressaltos, mas estará segura a chegada ao porto porque temos quem garante não só a travessia, mas a vida, a nossa vida!

17. Olhando ao nosso derredor, vemos crescer o individualismo, crescer a ganância desenfreada, crescer a corrupção… Os costumes e os valores antigos não "valem" mais. A ética não existe. O respeito, o bom senso, a honestidade, a verdade, o bem, o direito, o justo parecem esquecidos para sempre. Numa sociedade globalizada o que vale é ter dinheiro e poder desfrutar sem medidas: o que vale é a satisfação pessoal e o prazer. O resto não importa. Os outros não importam.

Perante todo esse barulho: - nós queremos ouvir Jesus Cristo a nos dizer a sua proposta de Reino de Deus; - nós queremos estar com ele para aquietar o coração e nos comprometer com o seu projeto; - nós queremos ouvir sua Palavra para redescobrir o eixo da criação. Redescobrir o jardim projetado e querido pelo Pai; - nós queremos redescobrir os valores para ajudar a reconstruir esse jardim.

- Quem garante? Ele garante e nele nós confiamos! Mais do que nós estarmos com Ele, Ele está conosco, porque foi Ele quem por primeiro nos amou!

18. INTERESSANTE NOTAR QUE os textos de hoje nos remetem à reflexão do 16º Domingo Comum do dia 17.07.2011. (aqui estão alguns pensamentos)

18.1. Celebração dominical é o momento para ouvir Deus mais do que lugar para nossos inumeráveis pedidos. Para ouvir é preciso silenciar a nossa voz, silenciar o nosso coração. É preciso fazer silêncio para ouvir Deus!

18.2. Nossa celebração deve levar-nos a Deus e não levar nossos problemas e preocupações de tal forma que fiquemos atordoados e não tenhamos tempo de ouvir se Deus tem alguma coisa a nos dizer. Viemos para celebrar o Mistério pascal do Cristo morto-ressuscitado-vivo!

18.3. Momento de celebração é momento de preencher o coração da harmonia e da paz de Deus, pois já vivemos a semana inteira na correria, no estress, no meio do barulho ensurdecedor! Temos direito e necessidade de um momento de "paz verdadeira e intensa", restauradora de nosso coração para a semana que começa. Só o Espírito, que age na brisa, restaura, recompõe, reconforta, reanima, recoloca nossa alma na paz do Senhor para voltarmos a caminhar nos caminhos do Senhor.

18.4. E hoje aqui nesta igreja… eu também vim para ouvir Deus!

18.5. E você que também veio para orar… Lembre-se de que Deus falou a Elias na brisa. Ele também quer falar comigo e com você na brisa da tarde ou na brisa da manhã.

- Ajude a criar um clima de calma e tranqüilidade em nossa igreja, para que nosso coração possa ouvir Deus.

- Não faça barulho, não deixe as crianças correrem pela igreja, não converse para não atrapalhar quem precisa desse momento sagrado de encontro para restaurar seu coração marcado pelas agruras da vida.

- não se esqueça de que há pessoas que trazem o coração marcado por dores tão profundas que necessitam do bálsamo que só Deus, o nosso Pai, pode dar.

- É um momento único e que não voltará mais.

- Respeitemos esse momento de Deus tão especial para mim e para você e para todos.

No silêncio e na paz desse templo queremos ouvir o que Deus tem a nos dizer!

E o Senhor passou na brisa da tarde!

prof. Ângelo Vitório Zambon

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Não tenhas medo

1. A nossa vida se decide na nossa confiança em Deus. A vida, a final de conta, é um problema de fé. Agimos conforme aquilo que acreditamos. Se tivermos a humildade de entrarmos em nós mesmos para analisarmos a fonte dos nossos atos, das nossas decisões, descobriremos a origem que impulsiona o nosso agir. Por isso é importante saber em que Deus acreditamos, e aonde o buscamos. As leituras de hoje nos ajudam bastante a esclarecer este assunto e é por esta razão que agora tentaremos aprofundá-las.

2. "Depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isso, Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta" (1Rs 19, 12-13).

Estes dois versículos fazem parte da narração do ciclo de Elias. O profeta, nas horas triste da persecução, se refugiou no deserto em busca de uma resposta de Deus. E Deus se apresentou. O interessante da narração é como Deus apareceu. Ele, de fato, não se manifestou em nenhuma das forças naturais que chamassem atenção, como o vento, o terremoto, o fogo, mas sim no murmúrio de uma leve brisa. Quer dizer isso? Em primeiro lugar, podemos dizer que esta manifestação de deus nos ensina a nos despir das nossas falsas idéias de Deus. Deus não está aonde a gente acha que seja: Deus é imprevisível. Isso requer, então, atenção, desejo de encontrá-lo, busca constante. A vida de fé é caracterizada por este caminho em busca de Deus, que nos convida a sair do comodismo das nossas opiniões mais ou menos erradas sobre Deus, para buscar o Deus verdadeiro, o Deus que se manifesta na historia através da sua Palavra. É só este Deus que nos salva e nos conduz no caminho de uma vida autentica. Em secundo lugar, a maneira de Deus se manifestar por Elias revela um dato importante, ou seja, que o encontro com Ele exige silêncio, atenção, desejo de encontrá-lo. Não podemos pensar de encontrar Deus na bagunça da nossa vida desordenada, feita de barulho, confusão. Deus se manifesta no silencio da montanha e no murmúrio de uma leve brisa que, para captá-lo precisa de um esforço pessoal, além de um clima especial de silêncio. Em ultimo lugar a experiência de Elias nos ensina que Deus para se manifestar ao homem não precisa das grandezas, das aparências. Aquilo que aconteceu com Elias é um traço típico do Deus da Bíblia, que escolhe aquilo que é humilde, silencioso, escondido, que não aparece para se manifestar à humanidade. É a lógica de Deus que confunde os nosso pensamentos humanos e nos provoca para irmos a sua procura não conforme os critérios humanos,mas para nos deixarmos conduzir, para aprendermos a ser dóceis a Ele, à sua Palavra.

3. "Jesus subiu ao monte para orar a sós. A noite chegou e Jesus continuava ali, sozinho" (Mt. 11,23).

A mesma experiência de Elias a encontramos na vida de Jesus, com uma diferença. De fato, enquanto por Elias tratou-se de uma experiência toda especial, na vida de Jesus, o encontro com o seu Pai no silencio da noite é algo de natural, corriqueiro. Jesus é acostumado a rezar e noite, a se entregar na oração de noite, mergulhando no silencio. Acho este dato importantíssimo. Depois de um dia pesado – Jesus tinha acabado de realizar a multiplicação dos pães – Jesus busca logo o dialogo silencioso com o Pai, apontando para nós o caminho da oração autentica. Não podemos pensar de encontrar o Deus verdadeiro dedicando para ele poucos minutos dos nossos dias e, sobretudo, poucas orações repetidas de pressa. O relacionamento com Deus exige tempo e exige, sobretudo o desejo de encontrá-lo, de fazer a sua vontade. É isso que é visível na vida de Jesus, que constitui por nós um exemplo. Jesus em cada momento da sua vida nunca fez nada sozinho, mas sempre procurou a idéia do Pai, a sua vontade, a sua opinião. A oração de Jesus não é uma rotina, um dever para ser cumprido, mas sim um desejo profundo da alma, uma necessidade existencial. Na maneira de Jesus rezar, encontramos o caminho que devemos percorrer se quisermos aprender o justo relacionamento com Deus. Seguindo Jesus devemos aprender a buscar a Deus sempre, a buscá-lo com todas as nossas forças, para fazer de tudo para que Ele entre na nossa vida em qualquer momento. É este o grande ensinamento de Jesus: não somos sozinhos para enfrentar os problemas da nossa vida, mas temos um Deus que é um Pai para nós e, por isso, devemos nos acostumar a dialogar com Ele, a escutá-lo, a render sempre mais pessoal o nosso relacionamento para com Ele. Só desta maneira sairemos daquela religiosidade superficial que nos deixa sentados nesta vidinha amorfa, insossa, para caminharmos na busca de uma vida mais autentica, mais criativa, numa palavra, mais conforme ao ensinamento de Jesus.

4. "Coragem sou eu não tenham medo" (Mt. 14,27).

A imagem central do Evangelho de hoje é extremamente rica de conteúdos pela nossa vida de fé. Perante uma situação de perigo representada pelo barco agitado por causa das ondas e do vento contrario, a narração mostra duas maneiras diferentes de agir. De um lado os discípulos apavorados também pela presença de Jesus que caminha sobre as águas, do outro o mesmo Jesus que perante esta situação permanece tranqüilo e caminha sobre as águas. A água do mar, no imaginário bíblico é o símbolo do caos, daquilo que é desconhecido e que inquieta. Isso vale ainda mais quando as águas são agitadas por causa do vento. Caminhando sobre elas Jesus mostra que existe uma maneira para dominá-las, para não deixar que o caos, as intempéries da vida atrapalhem a existência. Jesus entra no mar de madrugada, ás três horas da manhã, depois de ter passado horas dialogando com o Pai. O relacionamento profundo com Deus ajuda a ver as coisas de uma forma diferente d como o mundo a enxerga e, sobretudo, a não deixar que nada perturbe e desoriente o sentido da vida. Podemos viver no mundo, no meio das situações mais difíceis e complicadas sem deixar que estas mexem conosco, somente se tivermos um relacionamento profundo e autentico com o Senhor. Parece-me ser este o grande ensinamento do Evangelho de hoje. O grito do medo dos discípulos é o grito do medo de todo um povo que vive no mar da vida com auto-suficiência, se achando o dono da própria vida, vivendo o próprio relacionamento com Deus como algo de secundário, não importante. Somos e vivemos na medida que abrimos a nossa existência ao Senhor da vida e da historia: somente assim poderemos enfrentar as ondas do mar da vida com coragem, na certeza que que confia em Deus nunca ficará desamparado.

padre Paolo Cugini

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Viver é confiar

O Evangelho nos apresenta, hoje, o tema da fé. E o faz de uma maneira bastante visual, com um exemplo que todos podemos entender. Crer é parecido, de alguma maneira, a sair da segurança de um barco durante uma tempestade e lançar-se às águas. É isto que Jesus pede que Pedro faça. De alguma forma o desafia a confiar nele. No entanto, Pedro vacila porque se sente inseguro. É possível que nós, em muitas ocasiões, nos sintamos inseguros como Pedro e, assim, busquemos por uma segurança que – como ele – não encontraremos.

Muitas vezes desejaríamos que a fé fosse o resultado de uma demonstração científica. Ou, talvez, que um milagre ou algo extraordinário provocasse a nossa fé. No fundo, Supõe-se que a fé nos coloque em relação com Deus.· E Deus é considerado, nesses casos, como um ser distante, poderoso e, até mesmo, perigoso para a vida das pessoas. Como não nos sentimos seguros diante dele, queremos provas convincentes.

Na realidade, a fé é a atitude básica sobre a qual é estabelecida qualquer relação. Um exemplo bem claro disso encontra-se na relação de amor de um casal. Nenhum dos dois jamais poderá dizer que está certo do amor do outro ou da outra. Ele ou ela apenas tem sinais: sorrisos, palavras, carícias, telefonemas... Mas nada mais. Esses indícios confirmam o amor, mas nunca são provas concludentes. No final, cada um ou cada uma deve dar um passo à frente e confiar. E acreditar no outro.

Com Deus acontece exatamente o mesmo. Não há outro caminho senão confiarmos nele. Porque não temos e não teremos jamais provas cabais de sua existência. Apenas obteremos testemunhos. Um testemunho maior: Jesus, que passou a vida fazendo o bem, curando os enfermos e amando a todos que encontrava pelo caminho, precisamente em nome de Deus, nos disse que o seu amor era fruto do amor de Deus e que devemos confiar nele. E temos muitos outros testemunhos. Os homens e mulheres que o seguiram confiaram nele e viveram amando e realizando o bem. Mas não temos provas desse amor. Devemos confiar. No evangelho de hoje, Jesus nos convida a nos lançarmos na água, a viver sem medo e a confiar no amor de Deus. Convida-nos a acreditar nele e confiar que com Ele podemos evitar os perigos da vida. Porque o seu amor está sempre conosco.

Sou capaz de confiar nas pessoas com as quais vivo? Ou talvez tenha se instalado em meu coração uma desconfiança extrema? A fé consiste em acreditar que Deus está ordenando a vida e a história para o bem. Acredito e confio dessa maneira em Deus? Colaboro com Ele para que seu plano de salvação vá adiante?

Victor Hugo Oliveira

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Jesus mais uma vez se manifesta aos seus discípulos.

Depois de multiplicar os pães e os peixes, Ele despede a multidão e sobe sozinho ao monte para rezar.

Despedir os discípulos significa não dar a eles a oportunidade de sentirem 'orgulho' pelo que fizeram, ajudando na partilha dos pães. Jesus, manso e humilde de coração, quer que seus discípulos não caiam

nesta tentação e, por isso, ordena que sigam à frente, velejando pelo mar de Genesaré, em direção a outra margem, para a terra dos pagãos, para talvez ensinarem a outros o ato da partilha e da solidariedade que aprenderam.

O fato de sair de um lugar seguro, rumo ao desconhecido, para levar os ensinamentos de Jesus, muitas vezes causa medo, e esse deslocamento é semelhante à travessia dos discípulos pelo mar de Genesaré.

As forças contrárias, que dificultam a trajetória, representam a resistência ao projeto de Deus. A fragilidade da barca à noite, e o vento contrário dão a dimensão exata dos desafios enfrentados pelas comunidades cristãs.

O mar fala da dimensão do cristianismo que se abre, rompendo caminhos desconhecidos.

O contato com a Palavra de Deus dá coragem e afasta o temor, e o milagre acontece no caminho, em meio aos desafios.

O cristão participa do plano de Deus mesmo diante das oposições e perseguições da sociedade que rejeita o projeto. E não é o risco que faz afundar o projeto, mas a dúvida que paralisa: "Quem enfrenta os desafios arrisca errar, mas quem não arrisca erra sempre."

Já era alta madrugada quando Jesus vai até os discípulos, andando sobre a água, numa possibilidade que só pertencia a Deus. Os discípulos acreditam estar vendo um fantasma, e Jesus se apresenta reafirmando

a sua identidade.

A figura de Pedro sobressai neste episódio, ele que será o líder dos discípulos e da comunidade cristã.

Nesse momento, assim como na prisão, julgamento e crucificação de Jesus, ele vacila em sua fé, representando a comunidade que, nas crises e atribulações duvidam da presença de Jesus em seu meio e, por isso, pede um sinal. E, mesmo diante das evidências, continua com medo e tem sua fé abalada e enfraquecida. Pedro tira o seu foco da pessoa de Jesus e, quando isso acontece ele afunda. O mundo aqui representado pelo vento o surpreende como as tentações e, quando isso acontece, o foco passa a ser o desejo, o medo, a ganância, o orgulho, a inveja que chamam a atenção para uma nova luz que não ilumina, mas ofusca o entendimento.

Quando Jesus entra na barca, a tempestade se acalma, e os discípulos se sentem seguros para continuar a caminhada. Na vida é a mesma coisa, quando há a presença de Jesus, as tempestades se acalmam para

continuarem enfrentando com serenidade, coragem e fé todos os riscos.

O cristão, quando está focado no Senhor, não vacila diante das dificuldades que o mundo impõe.

Em meio às tempestades

A cena evangélica desenrola-se em meio aos ventos, tempestades e ondas encapeladas, que põem em risco a vida dos discípulos, enquanto atravessam o mar da Galiléia. Além disso, é noite! A natureza toda parece ter-se colocado contra o pequeno grupo. O quê fazer neste contexto desesperador, quando todos já haviam sido tomados pelo medo?

A salvação aparece com a chegada de Jesus. Embora a tempestade continue, ele lhes recomenda a não temer, mas confiar. Quando o Mestre está com eles, podem estar seguros de que não perecerão.

A ousadia de Pedro, querendo por à prova o Mestre, acabou em fracasso. Amedrontado pelo vento furioso, começou a afundar. Sua falta de fé levou-o a duvidar da presença do Senhor. Donde o risco de quase ter sido tragado pelas ondas. Só se salvou porque recorreu a Jesus.

Este fato ilustra a vida da comunidade cristã, atribulada por perseguições, verdadeiras tempestades que devem enfrentar. Quando tudo parece concorrer para fazer a comunidade sucumbir, é preciso reconhecer a presença salvadora do Mestre. Até mesmo as lideranças, representadas por Pedro, correm o risco de perder a fé. Atitude arriscada, que pode levar a todos de roldão. Só é possível salvar-se, recorrendo a Jesus: "Senhor, salva-nos!"

padre Jaldemir Vitório

 

Presença transformadora de Jesus

Com a expressão introdutória, "logo em seguida", Mateus articula esta narrativa da travessia do mar atormentado pelas ondas com vento contrário, com a narrativa da partilha dos pães entre Jesus, os discípulos, e a multidão. Esta multidão empolga-se com o anúncio de Jesus e com a sua prática a favor delas. Inclinam-se a interpretá-lo como o messias prometido, segundo a tradição do judaísmo. Este messias esperado seria um libertador nacionalista para restabelecer a glória do antigo Israel, conforme suas antigas tradições, o qual elevaria o povo judeu a um reino de poder e domínio sobre as demais nações. O evangelho de João, na narrativa paralela a esta, esclarece que a multidão queria fazer Jesus de rei. Nem os discípulos nem a multidão percebem a dimensão libertadora e transformadora de Jesus com seu testemunho de uma nova prática de fraternidade, serviço, solidariedade, partilha, amor e misericórdia, com acolhimento a todos, descartando a reivindicação de "povo eleito". Jesus procura libertar o povo da opressão interna do próprio judaísmo, onde as elites religiosas humilham, oprimem, e exploram o povo, o que o descaracteriza como um messias no sentido tradicional. Jesus prefere despedir as multidões sozinho e manda aos discípulos que tomem um barco em retorno ao outro lado do mar, isto é, a região de Genesaré, onde se situava Cafarnaúm. Despedida as multidões, Jesus retira-se para orar. O evangelho de Mateus só narra dois momentos de oração de Jesus: este momento, após a partilha dos pães, e a oração de Jesus no monte das oliveiras, antes de sua prisão. Contudo Lucas, em seu evangelho, registra vários momentos de oração de Jesus. O mar é o imprevisível que ameaça a missão. Os discípulos se atemorizam diante das dificuldades do mar agitado e sentem-se só, com medo. Embora Jesus se aproxime, eles não o compreendem logo. Em vez de sua presença real, a presença de Jesus fica mais como um ato de imaginação. Jesus andando sobre as águas se associa ao Espírito de Deus que pairava sobre as águas na criação. Esta narrativa tem um estilo de teofania, que se caracteriza por manifestações divinas excepcionais, articuladas com manifestações milagrosas da natureza (o vento e o mar acalmados) e tem certa semelhança com a teofania da passagem de Deus diante de Elias no monte Sinai. O temor dos discípulos e o confundir Jesus com um fantasma, indicam a incompreensão da proposta de Jesus. A fala de Jesus: "...sou eu..." lembra a revelação do nome de Deus a Moisés: Deus é o que é, o que existe e o que está presente em nossas vidas. A vacilação de Pedro ao andar sobre as águas, entre a fé e a dúvida, induz as comunidades a compreenderem a importância de uma fé firme e decidida. Contudo, não há nada a temer. Jesus sobe na barca e o próprio vento cessa.

A narrativa encerra-se com a confissão de fé a partir da palavra e presença transformadora de Jesus.

José Raimundo Oliva

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Estamos em meio às tempestades da vida

A cena evangélica desenrola-se em meio aos ventos, tempestades e ondas encapeladas, que põem em risco a vida dos discípulos, enquanto atravessam o mar da Galiléia. Além disso, é noite! A natureza toda parece ter-se colocado contra o pequeno grupo. O quê fazer neste contexto desesperador, quando todos já haviam sido tomados pelo medo?

A salvação aparece com a chegada de Jesus. Embora a tempestade continue, ele lhes recomenda a não temer, mas confiar. Quando o Mestre está com eles, podem estar seguros de que não perecerão. A ousadia de Pedro, querendo por à prova o Mestre, acabou em fracasso. Amedrontado pelo vento furioso, começou a afundar. Sua falta de fé levou-o a duvidar da presença do Senhor. Donde o risco de quase ter sido tragado pelas ondas. Só se salvou porque recorreu a Jesus. Este fato ilustra a vida da comunidade cristã, atribulada por perseguições, verdadeiras tempestades que devem enfrentar. Quando tudo parece concorrer para fazer a comunidade sucumbir, é preciso reconhecer a presença salvadora do Mestre. Até mesmo as lideranças, representadas por Pedro, correm o risco de perder a fé. Atitude arriscada, que pode levar a todos de roldão. Só é possível salvar-se, recorrendo a Jesus: \"Senhor, salva-nos!\" 

A liturgia do 19º domingo do tempo comum tem como tema fundamental a revelação de Deus. Fala-nos de um Deus apostado em percorrer, de braço dado com os homens, os caminhos da história.

A primeira leitura convida os crentes a regressarem às origens da sua fé e do seu compromisso, a fazerem uma peregrinação ao encontro do Deus da comunhão e da Aliança; e garante que o crente não encontra esse Deus nas manifestações espetaculares, mas na humildade, na simplicidade, na interioridade.

O Evangelho apresenta-nos uma reflexão sobre a caminhada histórica dos discípulos, enviados à "outra margem" a propor aos homens o banquete do Reino. Nessa "viagem", a comunidade do Reino não está sozinha, à mercê das forças da morte: em Jesus, o Deus do amor e da comunhão vem ao encontro dos discípulos, estende-lhes a mão, dá-lhes a força para vencer a adversidade, a desilusão, a hostilidade do mundo. Os discípulos são convidados a reconhecê-l'O, a acolhê-l'O e a aceitá-l'O como "o Senhor".

A segunda leitura sugere que esse Deus, apostado em vir ao encontro dos homens e em revelar-lhes o seu rosto de amor e de bondade, tem uma proposta de salvação que oferece a todos. Convida-nos a estarmos atentos às manifestações desse Deus e a não perdermos as oportunidades de salvação que Ele nos oferece.

1ª Leitura – 1 Reis 19,9a.11-13ª - AMBIENTE

A nossa leitura situa-nos no Reino do Norte (Israel), durante o reinado de Acab (873-853 a.C.). No país multiplicam-se os lugares sagrados onde se adoram deuses estrangeiros. De acordo com 1Re. 16,31-33, o próprio rei – influenciado por Jezabel, a sua esposa fenícia – erige altares a Baal e Asserá e presta culto a esses deuses. Por detrás deste quadro está, provavelmente, a tentativa de Acab em abrir Israel a outras nações, a fim de facilitar o intercâmbio cultural e comercial. Mas essas razões políticas não são entendidas nem aceites pelos círculos religiosos de Israel.

Contra estes desvios à fé tradicional, levanta-se o profeta Elias. Ele aparece como o representante desses israelitas fiéis, que recusam a substituição de Jahwéh por deuses estranhos ao universo religioso de Israel. Num episódio dramático cuja memória é conservada no primeiro livro dos Reis, o próprio Elias desafia os profetas de Baal para um duelo religioso, que termina com o massacre de quatrocentos profetas de Baal, no monte Carmelo (cf. 1Re. 18). Esse episódio é, certamente, uma representação teológica dessa luta sem tréguas que se trava entre os fiéis a Jahwéh e os que abrem o coração às influências culturais e religiosas de outros povos.

O texto que nos é proposto como primeira leitura aparece, precisamente, na seqüência do massacre do Carmelo. Jezabel, informada da morte dos profetas de Baal, promete matar Elias; e o profeta foge para o sul, a fim de salvar a vida. Atravessa o Reino do Sul (Judá), passa por Beer-Sheva e dirige-se para o deserto, em direção ao monte Horeb/Sinai (cf. 1Re 19,1-8). É aí que o nosso texto nos situa.

MENSAGEM

A peregrinação de Elias ao Sinai/Horeb é uma espécie de regresso aos inícios. Com Elias, é todo o Israel – esse Israel infiel à aliança, que se deixou seduzir pelos cultos cananeus – que regressa às suas origens, ao lugar do seu compromisso inicial com Deus. Israel precisa de se encontrar de novo com Jahwéh e redescobrir a sua vocação de Povo da Aliança.

A cena descrita pelo texto que nos é proposto contém uma clara alusão à revelação de Deus a Moisés (cf. Ex. 19,16-17; 33,18-23; 34,5-8): assim como Deus Se revelou a Moisés no Sinai/Horeb, assim também Se revela a Elias no mesmo lugar. Dessas revelações resulta, para um e para outro, um compromisso com a Aliança… Depois de receber a revelação de Jahwéh, Moisés torna-se o instrumento através do qual Deus propõe ao Povo uma Aliança; e Elias, depois de receber a revelação de Jahwéh, torna-se o instrumento através do qual Deus relança uma Aliança ameaçada de ruptura, devido à infidelidade do Povo.

Há, no entanto, uma diferença significativa… A Moisés, Deus revelou-Se no meio de fenômenos naturais aterrorizadores ("trovões e relâmpagos", uma "pesada nuvem", o "fumo" que envolvia toda a montanha, o "fogo", o terremoto que fazia a montanha tremer – Ex. 19,16-17). A Elias, Deus não Se revelou nos elementos típicos das manifestações teofânicas (o vento forte que "fendia as montanhas e quebrava os rochedos", o terremoto, o fogo); mas revelou-Se na "brisa ligeira". Diante da manifestação de Deus, Elias cumpriu o ritual adequado: "cobriu o rosto com o manto", já que o homem não pode contemplar face a face o mistério de Deus.

A intenção dos autores deuteronomistas não parece ser polemizar contra a catequese tradicional das manifestações de Deus… Parece ser, antes, distanciar Jahwéh de Baal, considerado na mitologia cananéia o deus do trovão e da tempestade, que fazia a terra tremer com a sua voz poderosa. A intenção fundamental do autor seria mostrar que Jahwéh não Se manifesta em fenômenos assombrosos e espetaculares, mas sim na intimidade, na tranqüilidade, no silêncio que ecoa no coração de quem procura a comunhão com Deus.

O encontro com esse Deus que Se manifesta no silêncio, na intimidade, na simplicidade, na humildade, na interioridade do coração do homem leva à ação (num desenvolvimento que o texto que nos é hoje proposto pela liturgia não apresenta, Jahwéh confia a Elias uma missão profética – cf. 1Re. 19,15-18): o encontro com Deus conduz sempre o homem a um empenho concreto e a um compromisso com o mundo.

Com Elias, Israel é convidado a voltar aos inícios, a redescobrir as suas raízes de Povo de Deus, a reencontrar o rosto de Jahwéh (que é muito diferente dos rostos desses deuses que, todos os dias, seduzem o Povo e o afastam dos seus compromissos), a renovar a sua Aliança com Ele, a escutar a voz de Deus que ecoa no coração de cada membro da comunidade, a aceitar dar testemunho de Deus e dos seus projetos no meio do mundo.

ATUALIZAÇÃO

• Quem é Deus? Como é Deus? É possível provar, sem margem para dúvidas, a existência de Deus? Estas e outras perguntas já as fizemos, certamente, a nós próprios ou a alguém. Todos nós somos pessoas a quem Deus inquieta: há um "qualquer coisa" no coração do homem que o projeta para o transcendente, que o leva a interrogar-se sobre Deus e a tentar descobrir o seu rosto… No entanto, Deus não é evidente. Se confiarmos apenas nos nossos sentidos, Deus não existe: não conseguimos vê-l'O com os nossos olhos, sentir o seu cheiro ou tocá-l'O com as nossas mãos. Mais ainda: nenhum instrumento científico, nenhum microscópio eletrônico, nenhum radar espacial detectou jamais qualquer sinal sensível de Deus. Talvez por isso o soviético Yuri Gagarin, o primeiro homem do espaço, mal pôs os pés na terra apressou-se a afirmar que não tinha encontrado na estratosfera qualquer marca de Deus… O texto que nos é proposto convida todos aqueles que estão interessados em Deus, a descobri-l'O no silêncio, na simplicidade, na intimidade… É preciso calar o ruído excessivo, moderar a atividade desenfreada, encontrar tempo e disponibilidade para consultar o coração, para interrogar a Palavra de Deus, para perceber a sua presença e as suas indicações nos sinais (quase sempre discretos) que Ele deixa na nossa história e na vida do mundo… Tenho consciência de que preciso encontrar tempo para "buscar Deus"? De acordo com a minha experiência de procura, onde é que eu O encontro mais facilmente: na agitação e nos gestos espetaculares, ou no silêncio, na humildade e na simplicidade?

• Hoje como ontem, há outros deuses, outras propostas de felicidade, que nos procuram seduzir e atrair… Há deuses que gritam alto (em todos os canais de televisão?) a sua capacidade de nos oferecer uma felicidade imediata; há deuses que, como um terremoto, fazem tremer as nossas convicções e lançam por terra os valores que consideramos mais sagrados; há deuses que, com a força da tempestade, nos arrastam para atitudes de egoísmo, de prepotência, de injustiça, de comodismo, de ódio… O nosso texto convida-nos a uma peregrinação ao encontro das nossas raízes, dos nossos compromissos batismais… Temos, permanentemente, de partir ao encontro do Deus que fez conosco uma Aliança e que nos chama todos os dias à comunhão com Ele… Aceito percorrer este caminho de conversão? Encontro tempo para redescobrir o Deus da Aliança com quem me comprometi no dia do meu batismo? Quais são os falsos deuses que, às vezes, me afastam da comunhão com o verdadeiro Deus?

• Na história de Elias (e na história de qualquer profeta), a descoberta de Deus leva ao compromisso, à ação, ao testemunho… Depois de encontrar o Deus da Aliança, aceito comprometer-me com Ele? Estou disposto a cumprir a missão que Ele me confia no mundo? Estou disponível para O testemunhar no meio dos meus irmãos?

2ª Leitura – Rm. 9,1-5 - AMBIENTE

Depois de apresentar, nos primeiros oito capítulos da carta aos Romanos, uma catequese sobre a salvação (apesar do pecado que submerge todos os homens e desfia o mundo Deus, na sua bondade, oferece gratuitamente a todos os homens, através de Jesus Cristo, a salvação), Paulo vai referir-se, agora, a um problema particular, mas que o preocupa a ele e a todos os cristãos: que acontecerá a Israel que, apesar de ser o Povo eleito de Deus e o Povo da Promessa, recusou essa salvação que Cristo veio oferecer? Israel ficará, devido a essa recusa, definitivamente à margem da salvação? Na verdade, Deus jurou ao seu Povo, em vários momentos da história, libertá-lo e salvá-lo; ora, se Israel ficar excluído da salvação, podemos dizer que Deus falhou? Podemos continuar a confiar na sua Palavra? É a estas questões que, genericamente, Paulo procura responder nos capítulos 9-11 da carta aos Romanos.

O texto que nos é proposto como segunda leitura deste domingo é a introdução a esta questão.

MENSAGEM

Pelo texto perpassa a grande tristeza e dor que a questão levanta no coração de Paulo. O problema da salvação de Israel incomoda-o tanto que ele até aceitaria tornar-se "anátema" (no Antigo Testamento, o que era "anátema" devia ser totalmente destruído; no Novo Testamento, "anátema" equivale a "maldito" e implicava, quer a exclusão da comunidade do Povo de Deus, quer a maldição divina) e ser separado de Cristo, se isso servisse para que o Povo judeu aceitasse a salvação que Deus lhe oferece. Trata-se de expressões que são para levar a sério? Digamos, apenas, que são afirmações excessivas, mas que dão bem a idéia do sofrimento de Paulo e da sua preocupação com a sorte do seu Povo.

Na verdade, Israel foi adotado por Deus, é o Povo da Aliança, da Lei, do culto, das Promessas, dos antepassados que escutaram Deus e viveram em comunhão com Ele… Israel é, até, o Povo do qual nasceu Cristo; ora, esse Cristo que "está acima de todas as coisas" deixará o seu Povo "segundo a carne" entregue à morte?

A leitura que nos é hoje proposta não vai mais além; mas, no conjunto da sua reflexão sobre esta questão (cf. Rm. 9,1-11,36), Paulo mostrará que Deus é eternamente fiel às suas promessas e que nunca falha… Ele tem os seus planos; e a desobediência atual de Israel deverá fazer parte dos planos de Deus. Paulo acabará, no final da secção, por manifestar a sua convicção de que a misericórdia de Deus se derramará também sobre Israel.

ATUALIZAÇÃO

• Uma das coisas que impressiona, neste texto, é a forma como Paulo sente a infelicidade do seu Povo. A obstinação de Israel em recusar a salvação fá-lo sentir "uma grande tristeza e uma dor contínua" no coração. Todos nós conhecemos irmãos – mesmo batizadas – que recusam a salvação que Deus oferece ou que, pelo menos, vivem numa absoluta indiferença face à vida plena que Deus lhes quer dar. Como nos sentimos diante deles? Ficamos indiferentes e achamos que não é nada conosco? Deixamo-nos contaminar por essa indiferença e escolhemos, como eles, caminhos de egoísmo e de auto-suficiência? Ou sentimos que é nossa responsabilidade continuar a testemunhar diante deles os valores em que acreditamos e que conduzem à vida plena e verdadeira?

• Este texto propõe-nos também uma reflexão sobre as oportunidades perdidas… Israel, apesar de todas as manifestações da bondade e do amor de Deus que conheceu ao longo da sua caminhada pela história, acabou por se instalar numa auto-suficiência que não lhe permitiu acompanhar o ritmo de Deus, nem descobrir os novos desafios que o projeto da salvação de Deus faz, em cada fase, aos homens. O exemplo de Israel faz-nos pensar no nosso compromisso com Deus… Em primeiro lugar, mostra-nos a importância de não nos instalarmos num esquema de vivência medíocre da fé e sugere que o "sim" a Deus do dia do nosso batismo precisa de ser renovado em cada dia da nossa vida… Em segundo lugar, sugere que o cristão não pode instalar-se nas suas certezas e auto-suficiências, mas tem de estar atento aos desafios, sempre renovados, de Deus… Em terceiro lugar, sugere que o ter o nome inscrito no livro de registros da nossa paróquia não é um certificado de garantia de salvação (a salvação passa sempre pela adesão sempre renovada aos dons de Deus).

Evangelho – Mt. 14,22-33 - AMBIENTE

No passado domingo, Jesus foi-nos apresentado como o novo Moisés, que conduz "ao deserto" um povo de coração escravo. Aí, liberta-o da opressão do egoísmo, ao mostrar-lhe que os bens são um dom de Deus, destinados a ser partilhados com todos os homens. Nasce, assim, a comunidade do Reino – isto é, essa comunidade fraterna de amor e de partilha, que se senta à mesa de Deus e que d'Ele recebe vida em abundância (cf. Mt 14,13-21).

O texto do Evangelho que hoje nos é proposto vem na seqüência desse episódio. Mateus começa por observar que, depois desses sucessos, Jesus "obrigou os discípulos a subir para o barco e a esperá-l'O na outra margem, enquanto Ele despedia a multidão" (Mt. 14,22). Esta nota pode indicar que Jesus quis arrefecer o entusiasmo excessivo dos discípulos (o autor do quarto Evangelho, a propósito do mesmo episódio, refere que Jesus Se retirou sozinho para o monte, pois sabia que "viriam arrebatá-l'O para O fazerem rei" – Jo 6,15).

O episódio situa-nos na área do lago de Tiberíades ou da Genesaré, esse lago de água doce com 21 quilômetros de comprimento e 12 de largura situado na Galileia e que é o grande reservatório de água doce da Palestina.

Para os judeus, o mar – e o lago de Tiberíades ou de Genesaré é considerado, para todos os efeitos, um "mar" – era o lugar onde habitavam os monstros, os demônios e todas as forças que se opunham à vida e à felicidade do homem. Na perspectiva da teologia judaica, no mar o homem estava à mercê das forças demoníacas; e só o poder de Deus podia salvá-lo…

Recordemos, ainda, que o nosso texto está incluído numa secção (cf. Mt. 13,1-17,27) do Evangelho segundo Mateus, a que poderíamos chamar "instrução sobre o Reino". Aí, Mateus põe Jesus a dirigir-Se sobretudo aos discípulos e a instruí-los sobre os valores e os mistérios do Reino. É neste contexto de catequese sobre o Reino que devemos situar o episódio que hoje nos é proposto.

Lembremos, finalmente, que o Evangelho segundo Mateus – escrito durante a década de 80 – se destina a uma comunidade cristã que já esqueceu o seu entusiasmo inicial por Jesus e pelo seu Evangelho e que vive uma fé cômoda, instalada, pouco exigente. Para os crentes, avizinham-se grandes contrariedades e perseguições… A comunidade só poderá subsistir se confiar em Jesus, na sua presença, na sua proteção.

MENSAGEM

Depois de despedir a multidão e de obrigar os discípulos a embarcar para a outra margem, Jesus "subiu a um monte para orar, a sós". Mateus só se refere à oração de Jesus por duas vezes: aqui e no episódio do Getsêmani (cf. Mt. 26,36): em ambos os casos, a oração precede um momento de prova para os discípulos.

Enquanto Jesus está em diálogo com o Pai, os discípulos estão sozinhos, em viagem pelo lago. Essa viagem, no entanto, não é fácil nem serena… É de noite; o barco é açoitado pelas ondas e navega dificilmente, com vento contrário. Os discípulos estão inquietos e preocupados, pois Jesus não está com eles…

O quadro refere-se, certamente, à situação da comunidade a que Mateus destina o seu Evangelho (e que não será muito diferente da situação de qualquer comunidade cristã, em qualquer tempo e lugar). A "noite" representa as trevas, a escuridão, a confusão, a insegurança em que tantas vezes "navegam" através da história os discípulos de Jesus, sem saberem exatamente que caminhos percorrer nem para onde ir… As "ondas" que açoitam o barco representam a hostilidade do mundo, que bate continuamente contra o barco em que viajam os discípulos… Os "ventos contrários" representam a oposição, a resistência do mundo ao projeto de Jesus – esse projeto que os discípulos testemunham… Quantas vezes, na sua viagem pela história, os discípulos de Jesus se sentem perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos, incapazes de enfrentar as tempestades que as forças da morte e da opressão (o "mar") lançam contra eles…

É aí, precisamente, que Jesus manifesta a sua presença. Ele vai ao encontro dos discípulos "caminhando sobre o mar" (v. 26). No contexto da catequese judaica, só Deus "caminha sobre o mar" (Job. 9,8b; 38,16; Sl. 77,20); só Ele faz "tremer as águas e agitarem-se os abismos" (Sl. 77,17); só Ele acalma as ondas e as tempestades (cf. Sl. 107,25-30). Jesus é, portanto, o Deus que vela pelo seu Povo e que não deixa que as forças da morte (o "mar") o destruam. A expressão "sou Eu" reproduz a fórmula de identificação com que Deus se apresenta aos homens no Antigo Testamento (cf. Ex. 3,14; Is. 43,3.10-11); e a exortação "tende confiança, não temais" transmite aos discípulos a certeza de que nada têm a temer porque Jesus, o Deus que vence as forças da morte e da opressão acompanha a par e passo a sua caminhada histórica e dá-lhes a força para vencer a adversidade, a solidão e a hostilidade do mundo.

Depois, Mateus narra uma cena exclusiva, que não é apresentada por nenhum outro evangelista: a do diálogo entre Pedro e Jesus (vs. 28-33). Tudo começa com o pedido de Pedro: "se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas". Pedro sai do barco e vai, de fato, ao encontro de Jesus; mas, assustando-se com a violência do vento, começa a afundar-se e pede a Jesus que o salve. Assim acontece, embora Jesus censure a sua pouca fé e as suas dúvidas.

Pedro é, aqui, o porta-voz e o representante dessa comunidade dos discípulos que vai no barco (a Igreja). O episódio reflete a fragilidade da fé dos discípulos, sempre que têm de enfrentar as forças da opressão, do egoísmo, da injustiça. Jesus comunicou aos seus o poder de vencerem todos os poderes deste mundo que se opõem à vida, à libertação, à realização, à felicidade dos homens. No entanto, enquanto enfrentam as ondas do mundo hostil e os ventos soprados pelas forças da morte, os discípulos debatem-se entre a confiança em Jesus e o medo. Mateus refere-se, desta forma, à experiência de muitos discípulos (da sua comunidade e das comunidades cristãs de todos os tempos e lugares) que seguem a Jesus de forma decidida, mas que se deixam abalar quando chegam as perseguições, os sofrimentos, as dificuldades… Então, começam a afundar-se e a ser submergidos pelo "mar" da morte, da frustração, do desânimo, da desilusão… No entanto, Jesus lá está para lhes estender a mão e para os sustentar.

Finalmente, a desconfiança dos discípulos transforma-se em fé firme: "Tu és verdadeiramente o Filho de Deus" (v. 33). É para aqui que converge todo o relato. Esta confissão reflete a fé dos verdadeiros discípulos, que vêem em Jesus o Deus que vence o "mar", o Senhor da vida e da história que acompanha a caminhada dos seus, que lhes dá a força para vencer as forças da opressão e da morte, que lhes estende a mão quando eles estão desanimados e com medo e que não os deixa afundar.

Quando é que os discípulos fizeram a descoberta de que Jesus era o Deus vencedor do pecado e da morte? Naturalmente, após a Páscoa, quando perceberam plenamente o mistério de Jesus (perceberam que Ele não era "um fantasma"), sentiram a sua presença no meio da comunidade reunida, experimentaram a sua ajuda nos momentos difíceis da caminhada, sentiram que Ele lhes transmitia a força de enfrentar as adversidades e a hostilidade do mundo, sentiram que Ele estava lá, estendendo-lhes a mão, nos momentos de fraqueza, de dificuldade, de falta de fé. É esta mesma experiência que Mateus nos convida também a fazer.

ATUALIZAÇÃO

• O Evangelho deste domingo é, antes de mais, uma catequese sobre a caminhada histórica da comunidade de Jesus, enviada à "outra margem", a convidar todos os homens para o banquete do Reino e a oferecer-lhes o alimento com que Deus mata a fome de vida e de felicidade dos seus filhos. Estamos dispostos a embarcar na aventura de propor a todos os homens o banquete do Reino? Temos consciência de que nos foi confiada a missão de saciar a fome do mundo? Aqueles que são deixados à margem dessa mesa onde se jogam os interesses e os destinos do mundo, que têm fome e sede de vida, de amor, de esperança, encontram em nós uma proposta credível e coerente que aponta no sentido de uma realidade de plenitude, de realização, de vida plena?

• A caminhada histórica dos discípulos e o seu testemunho do banquete do Reino não é um caminho fácil, feito no meio de aclamações das multidões e dos aplausos unânimes dos homens. A comunidade (o "barco") dos discípulos tem de abrir caminho através de um mar de dificuldades, continuamente batido pela hostilidade dos adversários do Reino e pela recusa do mundo em acolher os projetos de Jesus. Todos os dias o mundo nos mostra – com um sorriso irônico – que os valores em que acreditamos e que procuramos testemunhar estão ultrapassados. Todos os dias o mundo insiste em provar-nos – às vezes com agressividade, outras vezes com comiseração – que só seremos competitivos e vencedores quando usarmos as armas da arrogância, do poder, do orgulho, da prepotência, da ganância… Como nos colocamos face a isto? É possível desempenharmos o nosso papel no mundo, com rigor e competência, sem perdermos as nossas referências cristãs e sem trairmos o Reino?

• Para que seja possível viver de forma coerente e corajosa na dinâmica do Reino, os discípulos têm de estar conscientes da presença de Jesus, o Senhor da vida e da história, que as forças do mal nunca conseguirão vencer nem domesticar. Ele diz aos discípulos, tantas vezes desanimados e assustados face às dificuldades e às perseguições: "tende confiança. Sou Eu. Não temais". Os discípulos sabem, assim, que não há qualquer razão para se deixarem afundar no desespero e na desilusão. Mesmo quando a sua fé vacila, eles sabem que a mão de Jesus está lá, estendida, para que eles não sejam submergidos pelas forças do egoísmo, da injustiça, da morte. Nada nem ninguém poderá roubar a vida àqueles que lutam para instaurar o Reino. Jesus, vivo e ressuscitado, não deixa nunca que sejamos vencidos.

• A oração de Jesus (que em Mateus antecede os momentos de prova) convida-nos a manter um diálogo íntimo com o Pai. É nesse diálogo que os discípulos colherão o discernimento para perceberem os caminhos de Deus, a força para seguir Jesus, a coragem para enfrentar a hostilidade do mundo.

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

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"Considerai, Senhor, vossa aliança, e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa, e não desprezeis o clamor de quem vos busca." (cf. Sl. 73,20.19.22s)

Estamos celebrando neste domingo a vitória de Cristo sobre o mundo. Não podemos ter medo de vivenciar o seguimento cristão e cada um de nós é convidado a deixar a vivência pastoral pessoal e anunciar o evento evangelizador. Abandonar o comodismo e vivenciar o anúncio da mensagem evangélica que é sempre atual, questionadora, e, mais do que tudo isso, parte de uma mudança radical da vida da própria pessoa. Por isso, todos nós somos convidados a enxergar Deus nas coisas pequenas e simples da vida quotidiana. Apesar da violência humana, Deus está naquilo que significa paz e refrigério.

Deus não está na tempestade (1Rs. 19,9a.11-13a). Elias venceu os sacerdotes de Baal no monte Carmelo, invocado sobre eles o fogo do céu. Mas Deus lhe faz experimentar que o zelo não é sempre vitorioso e sua vocação não é a violência contra os homens, mas o serviço paciente.

Elias, perseguido por Jezabel, fica sem força e foge até o Horeb. E aí Deus lhe fala, porém, não nos elementos violentos – tempestade, terremoto, fogo, mas na brisa mansa. Dentro da brisa mansa, Ele confia a Elias uma nova missão, que é manifestada pela tempestade. A religiosidade mágica facilmente acredita que Deus se manifesta na tempestade. Mas Javé se manifesta acalmando a tempestade. Assim, ele se manifestou em Cristo, aos olhos dos Apóstolos, que estavam lutando contra o vento, no barco do lago de Genesaré.

Por detrás de tudo isso, está a mitologia: o mar era o domínio de Leviatã, o monstro marinho, uma vez considerado como um deus, mais tarde, desmistificado até anjo ou diabo. A tempestade era a força do inimigo, acreditavam ainda os supersticiosos pescadores galileus.

Irmãos e Irmãs, Jesus se escondera no deserto, logo que soube da morte de João Batista. Havia perigo para o Divino Salvador. A multidão correu ao deserto atrás dele. Jesus teve compaixão dos peregrinos e multiplicou o pão. O povo, feliz e entusiasmado com a multiplicação dos pães, entusiasmou-se e quis proclamá-lo Rei. O momento era conflitante e profundamente delicado. Não era chegada a hora do Filho do Homem, porque Ele não viera para um reinado terreno. As coisas de Deus não podem ser confundidas com as coisas da política partidária dos homens. Por isso, coube ao próprio Jesus dispensar a multidão.

No Evangelho deste domingo (cf. Mt. 14,22-33) Jesus chegou aos discípulos que estavam na barca, depois que Ele despediu a multidão e foi rezar, andando sobre as águas. Isso foi uma demonstração aos seus mais próximos da grandiosidade de sua missão, que era exercida a mandado do Pai dos Céus. Jesus que andou sobre as águas é maior do que a maldade e tem o poder de "fazer da fossa surgir à vida" (cf. Jn. 2,7). Basta uma ordem dele e o peixe deixou Jonas em terra firme (cf. Jn. 2,11), podendo cumprir a vontade de Deus de purificar os ninivitas.

Há um plano de salvação por parte do Pai dos Céus. Jesus foi mandado ao mundo para dar pleno cumprimento deste projeto de salvação, conforme nos ensina São João 4,34. Entretanto, as forças do mal podem agir e reagir. Mesmo assim, o plano será cumprido na sua integralidade. Nenhuma porta do inferno levará vantagem, tendo em vista que Deus está conduzindo a sua Igreja pelos caminhos da História. É grandiosamente imenso o contraste entre o medo de um fantasma diabólico e a confiança de Pedro ao ouvir a voz de Jesus, que vinha caminhando sobre as ondas. Para Jesus é mais importante a confiança de Pedro do que o medo. No meio das dificuldades quotidianas da vida, é importante a comunidade substituir o medo pela partilha. Pedro, que teve a coragem de atirar-se às ondas encrespadas, ficou com medo do vento.

Jesus multiplica o pão, o que foi motivo de grande contentamento e de admiração por parte do povo presente. A cena de Pedro o demonstra. A fé verdadeira pressupõe a humilde confiança e a humildade confiante, sem nenhuma exigência de milagres ou comprovações.

Os apóstolos, reverentes, de joelhos comprovam o Senhorio de Jesus e a confiança daqueles que devem anunciar o seu projeto de Salvação: "Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!" (cf. Mt. 14,33). A humildade de fazer a genuflexão, como se fosse para beijar os pés de Jesus, ou para adorá-Lo, é uma manifestação de quem reconhece ser Jesus, o dono da vida e do nosso destino. Essa deve ser a atitude do cristão, no seu comportamento diário, de não procurar milagres, mas ter uma fé autêntica, abalizada nas Sagradas Escrituras, levando adiante aquilo que o próprio Jesus disse: "Não tenha medo, creia, e venha ao Seguimento do Senhor!".

Paulo, na segunda leitura (cf. Rm. 9,1-5), confessa sua paixão para com o povo de Israel, do qual ele é membro. O apóstolo mesmo gostaria de ser condenado se, com isso, os seus irmãos judeus tivessem a salvação, conforme nos ensina Rm. 9,3. Palavra forte, mas que não era mero exagero: Paulo sabia que seria impossível que eles estivessem pura e simplesmente perdidos. O plano de salvação vale para os judeus também, mesmo se aparentemente tenha sido passado adiante aos gentios. Com isso, podemos concluir da confiança que Paulo tem no plano de Deus, que ele pode dizer a nós hoje: se Israel for totalmente rejeitado, então, eu também! O Evangelho salva todo o que crê: primeiro o judeu, depois o grego (cf. Rm. 1,16). Os judeus têm sido privilegiados (cf. Rm. 3,1). Eles têm até o Messias. E, contudo, parece que não se verifica sua salvação, pois não tem a fé no Evangelho de Cristo. Caros fiéis, Ser cristão é ser voltado para a acolhida e para o entendimento do Deus da brisa mansa, que anda sobre as águas e leva para o mundo o testemunho inequívoco da necessidade de depositar nas mãos de Deus a confiança de nossa vida de fé. Vida de fé que o Pai das Bem-Aventuranças do céu abençoa e encaminha os pais da terra que tem o grave dever de nos fazer mais santos e imaculados, como o Senhor Deus fez ao enviar a Salvação por Jesus Cristo ao gênero humano!

padre Wagner Augusto Portugal

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Fé-ação tem que estar em sintonia, senão

O apóstolo são Pedro sempre falava em nome do grupo, as vezes dava testemunhos belíssimo, outras vezes enfiava os pés pelas mãos. Nesse evangelho, mais uma vez Pedro é censurado por Jesus, pela sua pouca Fé. Lembrei-me da minha infância, quando certa vez brincávamos de circo e eu cismei de equilibrar-me em uma corda grossa, atravessando de uma árvore a outra, claro que levei um "tombaço" e passei alguns dias com dor intensa em uma das pernas, mas por causa do medo, preferi nada dizer a meus pais.

Mas alguém da nossa turma tinha essa habilidade, e depois ele nos disse que aprendera com um artista de circo de verdade, "O segredo é você olhar á frente e não para baixo onde está o perigo". Pedro não se equilibrava sobre uma corda, mas andava sobre as águas, o que é humanamente impossível...

Enquanto Pedro olhava á frente, onde estava Jesus, caminhava, mas quando prestou mais atenção na ventania, daí começou a afundar. Eu acho que Pedro, sendo pescador, sabia nadar, mas o pavor era tanto que estava paralisado e não conseguia reagir.

Na vida em comunidade é exatamente assim: quando caminhamos olhando o Ressuscitado que vai á nossa frente, orientando-nos e incentivando "Vamos, caminha, não desanime, você vai conseguir, eu estou com você..." Caminhamos porque cremos Nele, caminhamos porque Ele está á nossa frente, ensinando a rota, apontando-nos a meta, corrigindo-nos quando saímos fora do percurso, vejam bem que os ventos contrários não param de soprar, as Forças do Mal nunca deixarão de investir sobre a comunidade, mas com os olhos fixos em Jesus a gente vai caminhando.

Quando, porém, por alguma razão desviamos nossa atenção de Jesus e perdemos o foco do nosso cristianismo, imediatamente sentimos a força do mal tentando nos destruir e virar o barco da nossa comunidade.

Isso ocorre quando achamos que certas situações que enfrentamos hoje, não têm mais jeito de se mudar, tem gente que não acredita que a Família tem jeito, tem gente achando que a juventude não tem mais jeito, tem gente achando que nem a Igreja tem mais jeito, e assim vai a esteira de pessimismo e lamentação: Vida conjugal, casamento, política, economia, está tudo irremediavelmente perdido, o Domínio da Força do Mal é uma triste realidade, não vamos conseguir reverter esse "jogo", vamos continuar combatendo, só para cumprir tabela, mas o mundo não tem mais jeito não...Nossos vícios e fraquezas, aqueles pecados que vira e mexe cometemos, achamos que é mais forte que nós! Quando esse pensamento nos domina, então começamos a fundar, como Pedro, e quando achamos que a Vaca já vai indo realmente para o Brejo, clamamos por Jesus, sua mão forte, generosa, cheia de ternura, nos segura firmemente e nos arranca das Forças do Mal, quando damos por nós, estamos novamente a caminho, buscando a Santidade, lutando prá valer, combatendo o bom combate, onde arranjamos força? No Cristo Jesus, na Eucaristia que nos abastece, na Palavra que nos liberta e nos encoraja.

Comunidade é o lugar do desafio, mas também é o lugar onde, na travessia dessa Vida, temos o Senhor junto a nós, e de joelhos dobrados o adoramos, Ele é o nosso Senhor, nosso Deus, aquele que nos conduzirá ao Porto Seguro da Vida Eterna, e os Ventos contrários terão de se dobrar diante Dele... Afinal, o Mal não tem nenhuma chance contra a Igreja de Cristo, e se alguém estiver em dúvida, devemos lembrar que a Igreja de Cristo, Una, Santa Católica, já está no Terceiro Milênio de sua História. Cadê os Reinos e Impérios que investiram contra ela? Não vejo ninguém...

diácono José da Cruz

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Domingo 07/08/2011                 Gilberto  Silva

 

Mt 14,22-33

 

"Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!"

 

 

Caríssimos irmãos e irmãs,

 

 

Este fato ocorrido logo após a multiplicação dos pães e peixes nos recomenda agarrarmos com firmeza em Jesus Cristo em todos os momentos das nossas vidas, independentemente do que está acontecendo em nossa peregrinação terrestre.

O Salvador ainda sente a perda humana de João Batista e ao despedir a multidão que o acompanhava, sobe à montanha, como tantas vezes fez também Moisés para uma conversa íntima com Deus.

Jesus começa a orar às 3 horas da manhã e termina este diálogo com o Pai às 6 horas, onde com certeza foi acalentado pela perda do primo querido como também na assistência prestada junto ao seu povo.

Complementando este cenário noturno, as ondas e os ventos faziam grandes estragos junto aos discípulos. O Mestre ao caminhar sobre as águas deixa-os ainda mais assustados, pois pensavam tratar-se de um fantasma.

Nós também temos os nossos medos, principalmente quando as tempestades e ventanias açoitam nossas famílias, saúde e trabalhos, não é mesmo? Principalmente quando não experimentamos a presença de Cristo nas nossas vidas.

Pedro queria confiar no Mestre, porém a dúvida no seu interior o faz afundar. Todas as vezes que permitimos ao inimigo plantar em nossos corações dúvidas sobre a presença do Filho do Homem , com certeza iremos afundar assim como o apóstolo Pedro.

As tempestades e ventos são instrumentos de Deus e fazem parte natureza. Elas lapidam nãos só as montanhas, rochas, rios e mares como também as trnsforma em lindas obras geográficas e arquitetônicas. E quando estes ventos e tempestades sopram sobre nós, ajudam a realizar uma obra muito bem acabada, que é a nossa fé.

As nuvens negras e tempestuosas agitam vez ou outra os nossos trabalhos, finanças, saúde, amor, família e até mesmo nossa espiritualidade. Entretanto, como digo, molda também nosso caráter e num todo, tanto a nossa vida no aspecto humano quanto no espírito. Nos prova se somos ou não merecedores do Reino.

Assim como o fogo prova o ferro transformando-o numa peça bem acabada, estes momentos nos fazem crescer, basta segurarmos com confiança na mão de Jesus.

Caríssimos irmãos e irmã jamais venham permitir que o inimigo retire de cada um de nós esta confiança em Jesus. Ela se renova todos os dias quando degustamos as palavras do santo evangelho e no Pão da Vida na sagrada comunhão eucarística. Se porventura, vir a sentir-se triste, cansado, amedrontado com os ventos da vida e afundando tal qual Pedro (pedra), faça como ele e dê umgrite com força e fé: "Senhor, salva-me".

 

 

Gilberto Silva


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Domingo, 7 de agosto de 2011

19º Domingo do Tempo Comum

Santos do Dia: Alberto de Trapani (carmelita), Carpóforo, Exanto, Cássio, Severino, Segundo, Licínio (mártires de Como), Caetano (presbítero), Cláudia (mãe do papa São Lino, citada pelo Apóstolo Paulo em 2Tm 4,21), Domício, o Persa e Companheiros (mártires), Donatiano de Châlons-sur-Marne (bispo), Donato de Besançon (monge, bispo), Donato d'Arezzo (bispo, mártir), Hilário (monge, mártir), Fausto de Milão (mártir), Pedro, Juliana e Companheiros (mártires), Sixto II (Papa) e Companheiros (mártires), Victrício de Rouen (bispo).

Primeira leitura: Reis 19,9a.11-13a
Permanece sobre o monte na presença do Senhor.
Salmo responsorial: Salmo 84(85),9ab-10.11-12.13-14 (R.8)
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!
Segunda leitura: Romanos 9,1-5
Eu desejaria ser segregado em favor de meus irmãos.
Evangelho: Mateus 14,22-33
Manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.

Entre os primeiros profetas de Israel, surgem duas figuras que brilham com luz própria: Samuel e Elias. A tradição bíblica concedeu-lhes um lugar de destaque, não somente pelo momento crítico em que atuaram, mas, sobretudo pela radicalidade com que assumiram a causa de Javé. A teofania do monte Horeb constitui o centro do que se chamou o "ciclo de Elias", isto é, a coleção de relatos em que ele atua como protagonista (1Rs 17, 1-2Rs 2, 1-12).

Nessa época havia uma grande confusão e a fidelidade a Javé e às suas leis estava em certa crise porque o rei havia introduzido cultos a deuses estrangeiros (1Rs 16,31-32). Os novos deuses legitimavam a violencia, a intolerancia e a exploração como meios para garantir o poder. Elias levanta sua voz contra esses atropelos e vê na seca que açoita o país as conseqüências do castigo divino. Elias, então, em meio às perseguições e ameaças, começa uma campanha de purificação da religião israelita. Contudo, suas iniciativas produzem efeito contrario e se torna mais aguda a opressão, a violência e a perseguição.

Cansado e desanimado, Elias se dirige a Horeb, onde descobre que Deus não se manifesta nos elementos telúricos - na tormenta ou no fogo abrasador -, mas na brisa fresca e suave que lhe acaricia o rosto e o convida a tomar outro caminho para corresponder à vontade do Senhor.

Depois do massacre do monte Carmelo (1Rs 18,20-40), Elias, sem abandonar a denuncia das injustiças (1Rs 21,1-29) e aberrações (1Rs 1,1-18), opta por animar a um grupo de discípulos para que continuem a missão (2Rs 2, 1-12). Elias descobriu assim que pela via da violência não se consegue nada, nem sequer ser a favor da causa dos justos. A força da espada pode impor o parecer de um grupo de pessoas, porém não pode garantir a paz, o respeito e a justiça.

O evangelho mostra outra tentação na qual podem cair os seguidores de Jesus quando não estão seguros dos fundamentos de sua própria fé. A cena da "tormenta acalmada" evoca a imagem de uma comunidade cristã, representada pela barca, que adentra no meio da noite em um mar tormentoso. A barca não está em perigo de afundar, porém os tripulantes, levados mais pelo medo do que pela pericia, se abandonam ao sentimento de pânico. Tal estado de animo os leva a ver Jesus que se aproxima no meio da tormenta, como um fantasma saído da imaginação.

É tão grande o desconcerto que não atinam em reconhecer nele o mestre que os orientou no caminho de Jerusalém. A voz de Jesus acalma os temores, porém Pedro, levado pela temeridade, se lança e desafia os elementos adversos. Pedro duvida e afunda, porque não acredita que Jesus possa impor-se sobre os "ventos contrários", as forças adversas que se opõem à missão da comunidade.

O episódio do evangelho mostra como a comunidade pode perder o horizonte quando permite que seja o temor aos elementos adversos o motivador de tomada de decisão no que tange à fé em Jesus. A temeridade pode levar a desafiar os elementos adversos, porém somente a fé serena no Senhor nos dá a força necessária para superar os temores e inseguranças. A exemplo de Elias, a comunidade descobre o autêntico rosto de Jesus no meio da calma, quando o impetuoso vento contrário cede e aparece uma brisa suave que empurra as velas para a outra margem.

Nossas comunidades estão expostas à permanente ação de ventos contrários que ameaçam destruí-las, contudo, o perigo maior não está do lado de fora, mas dentro da comunidade. As decisões tomadas por medo ou pânico diante das forças adversas podem levar a ver ameaçadores fantasmas onde deveríamos reconhecer a presença vitoriosa do ressuscitado. Unicamente a serenidade de uma fé no Senhor ressuscitado nos permite colocar nosso pé descalço sobre o mar impetuoso. O evangelho nos convida a enfrentar todas aquelas realidades que ameaçam a barca, animados por uma fé segura e exigente, que nos impulsiona como suave brisa para a margem do Reino.

Oração

Ó Deus, nosso Pai, infunde em nós o sentimento de filhos, o amor e a confiança em ti, para que sejamos, em todo momento e circunstancia, sinais de tua presença no meio da humanidade. Amém.

 

Missionários Claretianos

 

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O socorro de Jesus sempre nos chega a tempo, precisamos estar confiantes de que Sua ajuda é certa – Maria Regina

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DOMINGO 07/08/2011 (Repetição do Evangelho do dia 1, segunda)

Mt 14,22-33

SOU EU, PEDRO!

 Qual o objetivo de Jesus em caminhar sobre as águas do Lago de Genesaré? Assustar os discípulos? Mostrar o seu poder? Exibir-se para ganhar alguns elogios? Como meditamos no Evangelho de ontem, Jesus jamais realizou milagres sem algum objetivo que fosse muito claro aos discípulos daquele tempo, e a nós, os discípulos de hoje.

Jesus anuncia a sua presença, para que não fiquem assustados, pensando ser um fantasma. Mas, mesmo assim, não acreditam! E, representada por Pedro, a aflição de todos ganha espaço. Pedro desafia o Mestre: "se és tu, manda-me ir ao teu encontro!". Jesus quer mostrar a Pedro que todos os discípulos serão continuadores de seu projeto, e realizarão as mesmas obras que ele, basta ter fé.

Ter fé é crer no impossível! Aquilo que nos parece absurdo, sem prova alguma, sem a mínima evidência de possibilidade é o campo mais propício ao fortalecimento de nossa fé. Pedro creu, num primeiro instante, mas começou a titubear. O medo e a incerteza o levaram para o fundo das águas, e somente a mão do Mestre pôde protegê-lo do afogamento iminente. Assim somos nós!

Cremos em Jesus e na sua mensagem de amor. A Ressurreição e a Eucaristia são duas verdades inegáveis para um cristão, mas, mesmo assim, temos medo e duvidamos, começamos a nos afundar num mar de dúvidas humanas. É claro que isso não é pecado nem falta de compromisso. Isso é a nossa humanidade. Somos fracos, duvidamos!

A nossa maior certeza é de que não podemos sair sozinhos das profundezas. Jesus quer nos dar a mão e nos tirar de lá. Ele é verdadeiramente o Filho de Deus, diz-nos o Evangelista. É nele que pusemos a nossa confiança, então é nele que nos apoiaremos! Não permitamos que as águas nos matem afogados, lutemos contra o afogamento. Jesus estará conosco!

 Fr. José Luís Queimado, CSsR (jlqueimado@ig.com.br)

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Senhor, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água - Padre Queiroz

Este Evangelho narra a belíssima cena de Pedro caminhando sobre as águas, ao encontro de Jesus. E narra também a chegada deles a Genesaré, onde os doentes vinham e apenas tocavam na barra da veste de Jesus e ficavam curados.

O texto começa descrevendo o que aconteceu logo após a multiplicação dos pães: "Depois que a multidão comera até saciar-se, Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar". Nós precisamos atravessar o mar da vida e ir para o outro lado, isto é, para uma mudança de nós mesmos e da sociedade ao nosso redor, rumo ao Reino de Deus.

"Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós." Precisamos rezar, conversar com Deus, sozinhos, em família e em Comunidade. Para isso, precisamos "despedir as multidões", isto é, fazer uma ruptura com o nosso ativismo, interrompendo os trabalhos, os quais não acabam nunca.

"A barca, já longe da praia, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário." O vento forte e o mar agitado simbolizam as dificuldades que o mundo e a vida nos oferecem. A noite escura são as nossas limitações pessoais. A nossa vida na terra é semelhante aos discípulos na barca, atravessando o mar revolto.

Muitos querem ficar na terra firme da praia. Estes estão mais seguros. Entretanto, eles não atravessam o mar, rumo a uma vida nova e a um mundo novo, ao Reino de Deus. É difícil a travessia, porque o vento muitas vezes é contrário e surgem tempestades, mas Jesus tem poder sobre a natureza, e nós também, pela fé, podemos ter. Deus está acima das turbulências da vida. Ele é o Senhor de tudo.

"Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar." Deus está acima das turbulências da vida, e Ele não nos abandona; a noite passa e o dia aparece.

"Os discípulos disseram: É um fantasma. E gritaram de medo." Deus está sempre junto conosco, mas a falta de discernimento nos leva a confundi-lo com fantasmas. Quanta gente se afunda, sem recorrer a Deus que está ao seu lado!

"Jesus, porém, logo lhes disse: Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!" A frase é dirigida também a nós, discípulos e discípulas de hoje.

"Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus". Todos nós, neste mundo, estamos na mesma situação de Pedro. No dia do batismo, pulamos na água, ao encontro de Cristo. É uma caminhada arriscada, que exige de nós desinstalação. O nosso testemunho começa a mexer na sociedade, e vêm as perseguições (vento, ondas). Como Pedro, sentimo-nos sozinhos, longe de Jesus e da barca, e sem corrimão. Perdemos os apoios humanos – dinheiro, autoridade, amigos, saúde... – e ficamos confusos. Nesta hora, se nos falta a fé, começamos a afundar, ou apelamos para falsos corrimões: dinheiro, bebida, vícios.... Quantos se desviam da caminhada cristã! O povo hebreu construiu o bezerro de ouro no deserto por esse motivo.

É a hora da oração. "Senhor, salva-me! Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: homem fraco na fé, por que duvidaste?" O nosso corrimão na caminhada da vida é a oração, porque, se pedimos, Deus vem com certeza, e com ele tudo se torna fácil.

Jesus deixou todos os recursos à nossa disposição, a fim de nos lançarmos com coragem no mar. Não podemos ficar eternamente na praia, "vendo a banda passar", pois o fermento foi feito para ser misturado na massa, o sal para ser misturado na comida e a luz para ser colocada num lugar alto, onde não existe luz.

Humanamente é arriscado, mas a nossa segurança está em Deus que tudo pode. Na Bíblia, ter fé é sinônimo de ter coragem; e medo é sinônimo de falta de fé.

"Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!" Valeu a lição. É vendo a presença de Deus em nossa vida que vamos crescendo na fé. O mesmo Pedro que cometeu tantas fraquezas na fé, morreu mártir por Cristo!

Aqueles cristãos e aquelas cristãs que dedicam umas horas do fim de semana ao trabalho na Comunidade, por exemplo, como vicentinos, legião de Maria, apostolado da oração, pastoral da criança, pastoral da juventude, equipe de liturgia..., estão se atirando no mar.

Também aqueles e aquelas que se envolvem na política, porque "a política é a ferramenta mais poderosa de transformação social" (Papa Paulo VI), e nós queremos uma sociedade transformada, renovada. Este mar, o da política, é revolto, mas Cristo nos chama para entrar nele também. Ficar na praia é que não podemos.

O que faz a diferença entre o cristão medroso e o cristão que se atira no mar é o tamanho da fé que ele ou ela tem.

Na nossa caminhada de cristãos, Deus vai aos poucos tirando os nossos corrimões, para que confiemos mais nele e peçamos a sua ajuda. Somos chamados a seguir Jesus, aplicando a fé na realidade e colocando-nos do lado dos necessitados. Se fizermos assim, e começarmos a afundar, Cristo com certeza atenderá a nossa oração e estenderá a mão.

Hoje celebramos a festa de S. João Maria Vianei, o padroeiro dos sacerdotes. Ele era francês e faleceu dia 04/08/1859, portanto, há exatamente 150 anos. Por isso estamos no Ano Sacerdotal.

João Vianei era da roça, de uma família profundamente católica. Sua inteligência era tão curta que ele não conseguia nem acompanhar os estudos numa sala de aula. Devido à sua santidade e ao seu desejo de ser padre, o pároco o acolheu na casa paroquial e lhe ensinou o principal dos estudos humanos e teológicos. Foi ordenado sacerdote e nomeado pároco de uma pequena cidade, chamada Ars. A cidade foi totalmente transformada após a chegada do Pe. João Vianei. Aquele povo, antes violento, cheio de vícios e afastado da Igreja, transformou-se em uma Comunidade santa. Gente de longe ia até Ars, a fim de se confessar ou pedir orientação ao Pe. Vianei. Ele estava sempre disponível para substituir os párocos vizinhos, quando precisavam viajar ou descansar. Pe. João faleceu com 73 anos de idade, logo após terminar de rezar com o povo o terço das onze horas.

Maria Santíssima e S. João Maria Vianei enfrentaram com coragem a travessia do mar de suas vidas, baseados na fé e no amor. Peçamos a eles que nos ajudem.

Senhor, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.

 Padre Queiroz

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Fé Ação tem que estar em sintonia, senão

07 de Agosto -  19º Domingo do Tempo Comum

Evangelho Mateus 14, 22-33

 

O apóstolo São Pedro sempre falava em nome do grupo, as vezes dava testemunhos belíssimo, outras vezes enfiava os pés pelas mãos. Nesse evangelho, mais uma vez Pedro é censurado por Jesus, pela sua pouca Fé. Lembrei-me da minha infância, quando certa vez brincávamos de circo e eu cismei de equilibrar-me em uma corda grossa, atravessando de uma árvore a outra, claro que levei um "tombaço" e passei alguns dias com dor intensa em uma das pernas, mas por causa do medo, preferi nada dizer a meus pais.

Mas alguém da nossa turma tinha essa habilidade, e depois ele nos disse que aprendera com um artista de circo de verdade, "O Segredo é você olhar á frente e não para baixo onde está o perigo". Pedro não se equilibrava sobre uma corda, mas andava sobre as águas, o que é humanamente impossível...

Enquanto Pedro olhava á frente, onde estava Jesus, caminhava, mas quando prestou mais atenção na ventania, daí começou a afundar. Eu acho que Pedro, sendo pescador, sabia nadar, mas o pavor era tanto que estava paralisado e não conseguia reagir.

Na vida em comunidade é exatamente assim: quando caminhamos olhando o Ressuscitado que vai á nossa frente, orientando-nos e incentivando "Vamos, caminha, não desanime, você vai conseguir, eu estou com você..." Caminhamos porque cremos Nele, caminhamos porque Ele está á nossa frente, ensinando a rota, apontando-nos a meta, corrigindo-nos quando saímos fora do percurso, vejam bem que os ventos contrários não param de soprar, as Forças do Mal nunca deixarão de investir sobre a comunidade, mas com os olhos fixos em Jesus a gente vai caminhando.

Quando, porém, por alguma razão desviamos nossa atenção de Jesus e perdemos o foco do nosso cristianismo, imediatamente sentimos a força do mal tentando nos destruir e virar o barco da nossa comunidade.

Isso ocorre quando achamos que certas situações que enfrentamos hoje, não têm mais jeito de se mudar, tem gente que não acredita que a Família tem jeito, tem gente achando que a juventude não tem mais jeito, tem gente achando que nem a Igreja tem mais jeito, e assim vai a esteira de pessimismo e lamentação: Vida conjugal, casamento, política, economia, está tudo irremediavelmente perdido, o Domínio da Força do Mal é  uma triste realidade, não vamos conseguir reverter esse "jogo", vamos continuar combatendo, só para cumprir tabela, mas o mundo não tem mais jeito não...Nossos vícios e fraquezas, aqueles pecados que vira e mexe cometemos, achamos que é mais forte que nós! Quando esse pensamento nos domina, então começamos a fundar, como Pedro, e quando achamos que a Vaca já vai indo realmente para o Brejo, clamamos por Jesus, sua mão forte, generosa, cheia de ternura, nos segura firmemente e nos arranca das Forças do Mal, quando damos por nós, estamos novamente a caminho, buscando a Santidade, lutando prá valer, combatendo o bom combate, onde arranjamos força? No Cristo Jesus, na Eucaristia que nos abastece, na Palavra que nos liberta e nos encoraja.

Comunidade é o lugar do desafio, mas também é o lugar onde, na travessia dessa Vida, temos o Senhor junto a nós, e de joelhos dobrados o adoramos, Ele é o nosso Senhor, nosso Deus, aquele que nos conduzirá ao Porto Seguro da Vida Eterna, e os Ventos contrários terão de se dobrar diante Dele... Afinal, o Mal não tem nenhuma chance contra a Igreja de Cristo, e se alguém estiver em dúvida, devemos lembrar que a Igreja de Cristo, Una, Santa Católica, já está no Terceiro Milênio de sua História. Cadê os Reinos e Impérios que investiram contra ela?  Não vejo ninguém...

Dac. José da Cruz

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Sem fé não há salvação

Prezados irmãos. Para nos salvar precisamos ter fé. Pedro duvidou só por um milésimo de segundo, e quase não se salvou da força das águas. Quase afundou.  Se Jesus não o salvasse...

Veja o texto maravilhoso do PE. Wagner

 

 

FÉ E SALVAÇÃO

 

Tenho um amigo que não acredita em Deus. Como posso provar a ele que Deus existe?

Para crer em Deus, não é preciso provar que ele existe. Você, por exemplo, acredita em Deus, mas provavelmente nunca procurou provar a existência dele. É como a realidade do mundo. Você está convencido da existência das coisas. Mas donde vem esta convicção? Foi preciso provar que existe a casa onde Você mora, a mesa onde come, as pessoas com que convive? Não. Tudo isso está aí e faz parte de sua vida. Você sabe que existem porque sente a sua presença. O mesmo vale de Deus. Ou ele está presente ou não. Se não está, não adianta querer provar a sua existência. Mas, se está presente, não pode deixar de manifestar-se de alguma maneira. O importante é saber percebê-lo, reconhecer a sua presença. S. Paulo diz que "ele não está longe de nós, pois nele vivemos, nos movemos e existimos". Mesmo assim Deus é para muitos um desconhecido, porque sua presença é diferente: "é preciso procurá-lo, como que tateando no escuro, para conseguir encontrá-lo" (At 17,27s). Muitas vezes uma pessoa está perto de nós e não reparamos a sua presença, porque nossa atenção está concentrada noutra coisa. Podemos estar tão absorvidos pelas coisas deste mundo, que não somos capazes de reconhecer a presença de Deus. Para descobri-lo, para encontrar-se com ele, é preciso olhar na direção certa, quer dizer, olhar com os olhos do coração. É sobretudo no fundo do coração, que Deus se manifesta. Experimentamos que não somos donos de nossa vida. Sentimos a nossa limitação. Podemos fazer muitas coisas, mas em última análise o nosso destino, a nossa felicidade, não depende só de nós. Estamos envolvidos por uma força mais poderosa, que governa todo o universo. Estamos nas suas mãos. Mas não é uma potência cega ou malvada ou opressora. É alguém que nos respeita e nos ama, que nos orienta para o bem, e nos promete segurança e plenitude de vida. Crer em Deus não é afirmar simplesmente que existe um ser supremo e invisível para além deste mundo. Significa reconhecer a sua presença benfazeja no horizonte de nossa vida; significa confiar na bondade desse Outro que é maior do que nós, aceitar a sua orientação e o seu amor. Não é preciso refletir muito para descobrir o Deus verdadeiro no fundo de nosso coração. Muita gente faz espontaneamente esta experiência, mesmo sem chamar de Deus aquilo que dá sentido e esperança à sua vida. Pode ser que o seu amigo seja uma dessas pessoas. Mas este encontro com Deus pode ser também bloqueado, quando alguém desvia os olhos dele e recusa a oferta do seu amor.

João A. Mac Dowell S.J.

 

O que é mais importante na vida de uma pessoa: crer em Deus ou praticar o bem?

O Evangelho responde que para salvar-se são necessárias as duas coisas: é preciso crer e amar. Em primeiro lugar, amar. Quando perguntaram a Jesus qual é o maior mandamento da Lei, ele respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua inteligência e com todas as tuas forças. Este é o maior e o primeiro mandamento. Mas o segundo é tão importante como o primeiro: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (cfr. Mt 22,34-40). Este ensinamento de Jesus fica ainda mais claro na sua parábola sobre o Juizo final. O Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, etc. E remata com estas palavras: Cada vez que fizestes isso ao menor desses meus irmãos, foi a mim que o fizestes. (cfr. Mt 25,34-40). Portanto, para Jesus, a salvação depende do amor a ele, manifestado concretamente nos gestos de ajuda aos irmãos e irmãs. É um ensinamento muito bonito, mas também muito exigente. Quem é capaz de amar gratuitamente os outros, como Jesus nos amou? Como mostra a Bíblia e nós experimentamos cada dia, nosso amor está sempre misturado com egoísmo. Não conseguimos cumprir o mandamento do amor. Se depender só de nós, ninguém poderá salvar-se. É aqui que entra a segunda resposta do Evangelho, a necessidade da fé. Ter fé significa acreditar no amor de Deus, revelado em Jesus Cristo, que nos perdoa e nos salva gratuitamente, apesar de nosso pecado. Essa fé é condição indispensável para a salvação, porque é por meio dela que a nossa falta de amor é superada pelo Espírito Santo que recebemos do Pai por meio do seu Filho, Jesus. Quem pretende realizar-se sozinho, com suas próprias forças, não é capaz de amar, porque procura em primeiro lugar o seu interesse. Esta auto-suficiência é o pecado radical, o contrário da fé e do amor. Mas quem confia na bondade de Deus, crendo que ele cuida de nós como filhos queridos, não precisa mais preocupar-se consigo mesmo. Torna-se então capaz de ocupar-se e interessar-se verdadeiramente pelos outros: começa a amar com o amor de Cristo, fruto do Espírito Santo presente no seu coração. Portanto, a condição fundamental para salvar-se é amar. Mas este amor verdadeiro só é possível para quem tem fé, para quem acredita que Deus nos ama com um amor sem limites.

João A. Mac Dowell S.J.

 

Jesus diz no Evangelho: A tua fé te salvou. Se para salvar-se é preciso ter fé, uma pessoa que

não acredita em Deus, mesmo quando vive honestamente, está perdida para sempre?

Resposta: O Deus que Jesus nos revelou deseja a salvação de todos os seres humanos. Oferece a todos a oportunidade de encontrar nele a sua felicidade. Mas é preciso que cada um aceite pessoalmente o convite de Deus. Este sim a Deus é a fé. Por isso, a fé é necessária para a salvação. Quem não acredita em Deus, quem recusa o seu amor, realmente não pode salvar-se, pois é claro que não pode viver feliz junto dele. Mas é preciso entender bem o que significa não acreditar em Deus: devemos distinguir entre o verdadeiro ateu e uma pessoa que diz que não acredita em Deus, mas no fundo do seu coração tem uma espécie de fé. Quem nega a existência de Deus e, ao mesmo tempo, vive como se Deus não existisse, é um verdadeiro ateu e não pode salvar-se. Buscando simplesmente o seu interesse e capricho, sem obedecer à própria consciência nem respeitar os outros, se coloca no lugar de Deus, não reconhecendo nada acima de si mesmo. Mas há pessoas que negam a existência de Deus, porque têm uma idéia errada dele. Na sua educação ou na sua vida, às vezes até por culpa de nós, cristãos, ficaram com uma imagem deformada de Deus. Pensam, por exemplo, num ser que só estaria interessado em proibir e castigar, ou argumentam que, se Deus existisse, não poderia permitir tanta maldade e sofrimento no mundo. Mas um Deus tirano ou indiferente ao sofrimento de suas criaturas não é o Deus verdadeiro. O que elas recusam é um falso Deus, que nós também devemos rejeitar. Se essas pessoas, que pensam que Deus não existe, procuram viver honestamente, em paz com todos, elas estão de fato obedecendo a Deus. Elas já o encontraram e o acolheram no fundo de seu coração, mas não sabem que se trata de Deus, porque o que chamam de Deus é outra coisa que não podem aceitar. A atitude de quem reconhece as suas faltas e limitações, mas sem perder a esperança, se esforça por crescer na bondade e no amor, mesmo sem reconhecer expressamente que é Deus que o ajuda, é já uma fé inicial, que basta para a salvação. Uma pessoa assim não pretende ser o centro do mundo, nem está fechada no seu egoísmo. Pode salvar-se, porque vive de acordo com o Espírito de Jesus, mesmo sem saber que ele está presente, orientando-a para Deus, que é amor.

João A. Mac Dowell S.J.

 

Ouvi dizer num grupo bíblico que não é preciso ser católico para se salvar. Então que adianta seguir todas os ensinamentos e normas da Igreja?

É verdade que quem não é católico também pode salvar-se. Não só os cristãos separados da Igreja, mas também os membros de religiões não-cristãs e até pessoas que não acreditam em Deus, como diz expressamente o Concílio Vaticano II: "A divina Providência não nega os auxílios necessários para a salvação aos que sem culpa de sua parte não chegaram ainda a um reconhecimento expresso de Deus e, apesar disso, se esforçam, ajudados pela graça divina, a conseguir uma vida reta" (LG n.16). Portanto, qualquer pessoa, mesmo sem ser cristão, pode salvar-se. Mas sob algumas condições. A primeira, como ouvimos, é procurar viver honestamente, ajudado pela graça de Deus. A segunda, mencionada também pelo Concílio, é que não tenha chegado a reconhecer a Deus, sem culpa de sua parte. Há, de fato, pessoas que, por diversos motivos, apesar de ter boa vontade, pensam que Deus não existe. Outras não acreditam em Jesus Cristo e na Igreja Católica. E, mesmo assim, podem salvar-se, se não têm culpa disso. Mas, para mim e para Você, a coisa é diferente. Nós recebemos o anúncio do Evangelho e não teríamos desculpa de não ser católicos. Não podemos salvar-nos fora da Igreja. Seria, porém, um grande erro considerar a nossa pertença à comunidade eclesial como uma obrigação pesada, uma carga inútil. Ao contrário, a nossa fé é uma graça enorme, o maior presente que recebemos na vida. É verdade que quem não encontrou expressamente Deus ou Jesus Cristo dispõe mesmo assim da ajuda indispensável para fazer o bem e salvar-se. Mas estas pessoas andam no escuro e descobrem o caminho da salvação com muita dificuldade. Não têm uma confirmação clara nem da utilidade de seus esforços, nem do perdão de suas faltas. Não sabem que Deus é amor e bondade sem limites, como Jesus nos revelou. Nós, porém, quando participamos na vida da Igreja, encontramos na Palavra de Deus, que é Cristo, a luz que orienta a nossa caminhada. Os sacramentos do batismo, da eucaristia, da reconciliação e todos os outros nos transmitem a força do Espírito Santo, para vivermos a vida nova de filhos de Deus. Neles experimentamos a presença salvadora de Deus no meio de seu povo e entramos em comunhão com ele por meio de Jesus. Com o testemunho da sua fé e seu apoio fraterno a comunidade nos encoraja, para não cedermos às tentações e enganos do mal. É preciso, portanto, agradecer cada dia o privilégio incomparável de ser católico, filho da Igreja, esposa de Cristo e nossa mãe.

João A. Mac Dowell S.J.

 

Estou muito triste porque meu filho não vai mais à igreja. Ele continua a ser um rapaz direito. Mas, sem praticar a religião, como poderá salvar-se?

Compreendo a preocupação da senhora. A participação na vida da Igreja é muito importante para manter viva a nossa fé. Sem esse apoio facilmente nos desviamos do caminho do bem. Mas, graças a Deus, o seu filho ainda procura viver segundo os ensinamentos de Jesus. O afastamento da Igreja pode ter muitas causas. Neste caso não houve, parece, um rompimento completo com Deus. Às vezes, a pressão do ambiente contrário à prática religiosa ou o desejo natural de independência, sobretudo nessa idade, levam o jovem a rejeitar valores que tinha assimilado na infância. Só Deus sabe até que ponto se trata de decisões claras e livres. Mas só quando a pessoa age livremente, há também responsabilidade e culpa. Em todo caso, é preciso distinguir entre fé em Deus, em Jesus Cristo e na Igreja. Naturalmente, o principal é a fé em Deus, ao menos, uma fé implícita, que leva a buscar sinceramente a verdade e o bem. Sem essa atitude fundamental diante da vida, ninguém pode crescer como ser humano nem ser feliz. O segundo passo é a fé em Jesus Cristo. Deus é o princípio e o fim. Jesus é o caminho, a verdade e a vida, i.e. o único caminho que conduz à vida verdadeira. "Ninguém pode chegar até o Pai, senão por mim", disse ele (Jo 14,6). Quer dizer que só seguindo o ensinamento de Jesus, podemos salvar-nos. É o seu amor, fiel até a morte, que nos liberta do pecado. Mas alguém pode crer em Deus e, no entanto, não reconhecer em Jesus o Salvador. Por exemplo, por falta de informação ou por uma apresentação distorcida da figura de Jesus. Segue o caminho do Evangelho, guiado pelo Espírito de amor, que atua no seu coração, sem perceber que é o caminho de Jesus. Por isso, a fé em Deus é o essencial, a base de tudo. O encontro com Jesus Cristo é uma riqueza nova. Sem fé na sua pessoa, nosso caminho para Deus torna-se problemático. Mas, quem acredita em Jesus deve aceitar também a Igreja, a quem ele confiou a missão de anunciar o seu Evangelho. A Igreja é o terceiro passo. Segundo a vontade de Jesus, é junto com nossos irmãos e irmãs que devemos segui-lo no caminho da salvação. Mas, por vários motivos, alguém pode não reconhecer na Igreja a comunidade dos discípulos de Jesus. Se isto acontece sem culpa sua, pode permanecer fiel a Jesus e a Deus, mesmo afastado da Igreja. Perde muito, mas não tudo. São portanto três círculos concêntricos: Deus, Cristo e a Igreja. O ideal é viver em plenitude estas três dimensões de nossa fé. Mas não estão no mesmo nível: primeiro vem a fé em Deus, depois em Cristo, e finalmente na Igreja.

João A. Mac Dowell S.J.

 

Sou católica. Penso que tenho fé. Mas não consigo aceitar algumas coisas que a Igreja ensina: p.ex. que é preciso se confessar para receber o perdão de Deus. O que o Sr. me aconselha?

Vamos deixar para outra vez a resposta à sua dúvida sobre a necessidade da confissão. Agora gostaria de mostrar como a sra. deve lidar, em geral, com as dúvidas que podem surgir sobre os ensinamentos da Igreja. Para isso é preciso entender bem o que significa ter fé. Ter fé é confiar em Deus, como se confia numa pessoa. Por exemplo, confio num amigo, quer dizer, estou seguro de que ele quer o meu bem. Por isso, quando dois esposos se amam de verdade, o marido acredita na promessa de amor e fidelidade de sua mulher, confia a ela os seus bens e de certo modo a sua própria vida e vice-versa. Um não pode ser feliz sem o outro. É verdade que os seres humanos sempre podem falhar, traindo a nossa confiança. Deus, ao contrário, é absolutamente fiel no seu amor por nós. Por isso, a fé, propriamente dita, é sempre fé em Deus. Mesmo quando eu creio em Jesus Cristo é porque reconheço que aquele homem, filho de Maria, é também o Filho de Deus, igual a seu Pai. Porque Jesus Cristo é uma pessoa divina, eu posso confiar inteiramente nele. É a fé na sua pessoa que garante a verdade das suas palavras, dos ensinamentos que ele nos deixou no Evangelho. Primeiro vem o "crer em": creio em Jesus Cristo, confio nele. Depois é que vem o "crer que": creio que o que ele disse é verdadeiro. Acredito que é verdade, porque foi ele que disse. Jesus Cristo confiou a sua mensagem aos seus discípulos dizendo: Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas. Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos (Cfr. Mc 16,15; Mt 28,20). É por causa dessas palavras de Jesus que nós acreditamos nas verdades que nos transmite a Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus. No Credo dizemos: Creio na santa Igreja católica. Falando com exatidão, não cremos na Igreja, como em Deus e em Jesus Cristo, porque a Igreja não é uma pessoa divina. Cremos que a Igreja diz a verdade porque Jesus prometeu estar com ela e guiá-la por meio de seu Espírito Santo. É aqui que vem a resposta à sua dificuldade. Se a sra. crê que a Igreja católica é a Igreja de Jesus Cristo, então deve aceitar o que ela ensina oficialmente em nome dele. É possível que não entenda bem alguma verdade de fé transmitida pela Igreja. Mas se confia em Jesus Cristo, que garante a fidelidade da Igreja, não poderá recusar o que a Igreja propõe, apesar das suas dúvidas. Ao contrário, vai rezar e estudar até resolver a dúvida e conhecer melhor o que Jesus revelou sobre Deus e sobre o homem para a nossa salvação.

João A. Mac Dowell S.J.

 

MANSÃO DOS MORTOS

Jesus na cruz disse a S.Dimas: Hoje estarás comigo no paraíso. Como essa afirmação se concilia com o Credo que diz que Jesus, após a morte, desceu à "mansão dos mortos" e ressuscitou ao terceiro dia, para mais tarde subir aos céus?

Resposta: Sua pergunta é muito boa. Parece que existe uma contradição entre as palavras de Jesus na cruz, dizendo que no próprio dia de sua morte entraria no paraíso e o que ensina a Igreja sobre a descida de Jesus à mansão dos mortos, a sua ressurreição três dias depois da morte e a sua ascenção ao céu 40 dias depois. São, assim, três pontos, que precisam de explicação. Hoje vamos nos contentar com o primeiro, mostrando que a descida de Jesus à mansão dos mortos não se opõe à sua entrada no paraíso no momento mesmo de sua morte. Qualquer um de nós pode, depois da morte, ir logo para o céu, se estiver purificado dos seus pecados, com o bom ladrão, conforme a promessa de Jesus. Muito mais o próprio Jesus. Embora o seu corpo tenha sido depositado no túmulo, a sua alma foi acolhida prontamente na glória de seu Pai, conforme as palavras, cheias de confiança, do próprio Jesus ao morrer: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. É certo, portanto, que Jesus, o Filho de Deus, no instante que deixou esta vida, entrou definitivamente, também como homem, na alegria da vida eterna, onde recebeu o ladrão arrependido. Mas, como pôde, então, "descer à mansão dos mortos"? As palavras "mansão" ou "morada" dos mortos são expressões figuradas para dizer que Jesus passou realmente pela morte, como todos os seres humanos. Ao deixar este mundo, ele foi para junto do seu Pai, mas não antes de ter descido até o fundo do abismo da morte. A expressão "desceu à mansão dos mortos" significa que o Filho de Deus, fazendo-se homem, quis ser inteiramente solidário conosco, assumindo não só um corpo e uma alma, mas também a morte, conseqüência última e mais terrível do pecado. Mas, com sua obediência até a morte, Jesus derrotou o pecado e a morte, rompendo as suas cadeias, que aprisionam toda a humanidade. Ele morreu de verdade: sentiu a solidão e a angústia de quem se encontra às portas da morte e foi invadido pela escuridão que envolve o espírito ao atravessá-las. Mas ele desceu à mansão dos mortos, como Salvador e fonte da vida eterna, para livrar todos nós das garras da morte. Por isso, não há contradição, para ele, entre descer à mansão dos mortos e estar no céu. As palavras antes e depois, subir e descer, mansão, abismo e prisão, servem para exprimir ao nosso modo uma realidade espiritual, que não podemos entender completamente. Depois da morte, não existe lugar nem tempo como nesta vida. O importante é estar com Deus ou sem Deus. Porque Jesus estava com Deus, ele pôde levar Deus ao reino dos mortos e assim livrar a humanidade da morte eterna.

João A. Mac Dowell S.J.

 

SENTIMENTO DE CULPA

Ouvi dizer que muitas pessoas vivem com um sentimento de culpa, porque tiveram uma educação autoritária. É verdade que para ser feliz é preciso livrar-se do sentimento de culpa?

Resposta: A sua pergunta está confundindo duas coisas diferentes. Certamente não é bom, nem sadio, viver com um sentimento de culpa. Às vezes uma pessoa pode sentir-se culpada, sem ter feito nada que mereça repreensão. Por exemplo, José tinha prometido levar seu amigo Pedro ao médico. Saíu de casa na hora combinada, mas o pneu do carro furou, e quando finalmente chegou, Pedro já tinha pegado um táxi, para não perder a consulta. José sabe que não cometeu nenhuma falta voluntária, mas ficou com uma sensação desagradável de culpa. Este sentimento não faz bem. Pior ainda é quando alguém tem a tendência a sentir-se continuamente culpado. Por seu temperamento ou por uma educação rigorosa está sempre se acusando de não fazer as coisas mais perfeitamente. Vê obrigação e responsabilidade onde não existe. Se ajuda um pobre, fica insatisfeito por não ter ajudado também os outros. Se é professora, sente-se culpada quando, apesar de seus esforços, os alunos são reprovados. Mas nem todo sentimento de culpa é negativo. Pelo contrário, o reconhecimento das nossas culpas é uma experiência humana fundamental, sem a qual não pode haver crescimento da personalidade. A consciência da própria culpa está ligada à experiência do dever e da liberdade. Sou culpado se livremente deixo de cumprir o meu dever. Em geral, todo mundo sabe o que é ter culpa. Quando alguém sofre uma injustiça, procura sempre um culpado. Quem ouve falar do assassinato de uma criança, fica naturalmente indignado contra o criminoso. É fácil apontar a culpa dos outros. Mais difícil é reconhecer a própria. Como diz Jesus, vemos logo o cisco no olho do nosso irmão, mas não reparamos na palha que está no nosso olho. O motivo é que reconhecer-se culpado é sempre humilhante. Significa que fomos fracos, incoerentes, infiéis aos nossos bons propósitos: não cumprimos a nossa obrigação e, por isso, merecemos a repreensão da nossa consciência e das outras pessoas. Por isso, hoje em dia muita gente tem a tendência a abafar a consciência da própria culpa. Não sentem mais remorsos por suas faltas. Se são violentos com sua mulher, ficam talvez chateados, porque não conseguem viver em paz. Consideram isso um prejuízo, um insucesso, talvez um erro, que deve ser corrigido no seu próprio interesse, mas não uma falta moral contra as suas obrigações e a sua consciência. Mas esta tentativa de livrar-se de qualquer sentimento de culpa é tão errada como a tendência a sentir-se culpado de tudo. Só quem se arrepende de sua falta, pedindo e recebendo o perdão, pode encontrar a verdadeira paz e felicidade.

João A. Mac Dowell S.J.

 

SIMPATIA E MACUMBA

Simpatia e macumba são a mesma coisa?

Resposta: É verdade que tanto a simpatia como a macumba exercem influência psicológica nas pessoas. E sem a adesão psicológica, não funcionam. Mas de resto parece-me que existe sim uma grande diferença entre uma coisa e outra. A simpatia se apresenta como algo a favor de quem a procura sem intenções maldosas contra outros. A simpatia é muito mais uma superstição que pode até da certo desde que a pessoa aceite ser influenciado. Em si não há maldade, nem má intenção nas simpatias. Já na macumba, pelo menos entendida como um ritual em que se busca desejar o mal para alguém ou influenciá-lo negativamente, existe a má intenção. Logo, trata-se de um ato duvidoso e moralmente comprometido. de outra parte, se não houver maldade, vingança, praga, desejos mesquinhos, também na macumba pode não haver mal. E sim o uso de um ritual em que se pode acreditar ou não. Para nós cristãos, a macumba tem um sentido negativo, vingativo, para essas coisas e purificar a fé buscando a prática de religião de modo consciente e esclarecido.

padre César Moreira C.Ss.R.

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JESUS ANDA SOBRE AS ÁGUAS


O Evangelho apresenta-nos uma reflexão sobre a caminhada histórica dos discípulos enviados à "outra margem" a propor aos homens o banquete do Reino. Nessa "viagem", a comunidade do Reino não está sozinha, à mercê das forças da morte: em Jesus, o Deus do amor e da comunhão vem ao encontro dos discípulos, estende-lhes a mão, dá-lhes a força para vencer a adversidade, a desilusão, a hostilidade do mundo. Os discípulos são convidados a reconhecê-lO, a acolhê-lO e a aceitá-lO como "o Senhor".

 

Faz pouco tempo me falaram de um jovem que se ia ser voluntário durante um mês em companhia de sua noiva. Ele escreveu uma carta a um amigo lhe dizendo que aquilo ia ser uma "prova de fogo". Para ele era um risco a convivência com sua noiva durante um mês. Que pensariam do casal? Outro jovem, mais jovem ainda, que conheci desejava ir como voluntário para um país em desenvolvimento. Seu pai não lhe deixou porque "e se lhe acontecesse algo?"

A realidade é que nossa capacidade de assumir riscos é a cada vez menor. Nosso mundo, nossa cultura, está obcecado pela segurança. Segurança em frente à ameaça terrorista. Segurança em frente aos perigos da natureza. Segurança nas relações interpessoais. Segurança em frente a todo o imaginável. Multiplicamos as medidas de proteção até limites inimagináveis. Até ouvi uns turistas que foram a uma zona de furacões queixarem-se que deveriam ter o seu dinheiro de devolvido por esta ocorrência.

Saia da barca!

O Evangelho de hoje é todo ao contrário. Jesus convida Pedro a sair da segurança da barca e adentrar no mar, no desconhecido, ali onde não tem a segurança da terra firme embaixo de seus pés. Jesus convida Pedro a arriscar-se, a saltar sem rede, a confiar simplesmente na presença e na força de Jesus.

Fora da barca está Jesus que oferece a Pedro, e a todos nós, uma forma diferente de viver: caminhar sobre as águas. Trata-se de sair das pequenas fronteiras que nos marcamos, do habitual, dos preconceitos, da forma comum de pensar e de nos abrir ao desconhecido, ao Pai de Jesus que envia sua chuva sobre todos, bons e maus, que é compassivo e misericordioso, que nos convoca e se compromete a fazer deste mundo seu Reino, sua família, sua casa, onde todos encontrem um lugar onde todos se sintam acolhidos.

Chamados a confiar em Jesus

Não é fácil sair do nosso, de nossa casa, do de sempre. Não é fácil assumir o risco de pôr os pés fora da terra firme, na qual nos sentimos seguros. Devemos confiar. No fundo é uma velha história. Já lho pediu Deus a Abraão, quando lhe disse: "Saia de tua terra e vai-te à terra que eu mostrar-te-ei". Por essa experiência passou o povo de Israel ao sair da terra segura do Egito (eram escravos mais tinham garantidos os alhos e as cebolas) e meter-se numa peregrinação pelo deserto que os levaria à terra prometida.

Hoje o Evangelho chama-nos a confiar em Jesus, a sair de nossa terra firme, deixar de lado nossos preconceitos e nos abrir à uma vida comprometida a formar com todos a família de Deus, a comunidade cristã. Hoje o Evangelho convida-nos a assumir riscos, a viver sem temor, a relacionar-nos com as mãos abertas em sinal de amizade. Sem duvidar, porque Jesus está conosco.

Assumir riscos é viver

Assumir riscos é parte da vida. O que só procura a segurança renuncia talvez da vida. Como me disse um sacerdote quando era seminarista e tinha partido muitos pratos quando preparava a mesa para a refeição, "só o que trabalha com pratos pode os quebrar". Assumir riscos é também assumir que nos podemos equivocar, que podemos cometer e cometeremos erros, mas é muito melhor do que ficar isolados no fundo da barca. Jesus não nos quer nesta situação e nos convida a sair, a caminhar sobre as águas, a pôr nossa confiança e segurança Nele e não em nossas idéias ou forças.

Assumir riscos não é só uma idéia bonita. Significa, por exemplo, assumir o risco de comprometer-se com o outro (a) a formar uma família e ser testemunha do amor de Deus ou dedicar nosso tempo livre a servir aos irmãos desde uma associação ou entrar na política para tentar melhorar nossa sociedade ou optar pela vida religiosa para sermos testemunhas do Evangelho de uma maneira diferente. Sempre com a confiança posta em Jesus que nos convida a sair da barca e ir para além de onde nossas forças e nossas prudências.

 

Fernando Torres  cmf

http://www.ciudadredonda.org/subsecc_ma_d.php?sscd=157&scd=1&id=2893

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Jesus anda sobre  as águas.

Pedro também desejou experimentar a sensação de andar sobre a superfície do mar sem afundar, e pediu a Jesus que também lhe desse este privilégio. Jesus apenas disse: " Vem".  E Pedro foi mais ao bater sobre seu corpo uma rajada de vento  mais forte, teve medo, duvidou que ele realmente pudesse estar fazendo aquela proeza igual ao Mestre, e começou a afundar nas águas. Ao gritar por socorro, ele fez uma oração direta, pois Jesus Cristo estava bem à sua frente com a mão estendida para socorrê-lo, porém disse: uma coisa que já disse para mim, para você, para muitos de nós. "Por que duvidastes?"  

Meu irmão, minha irmã. Jesus neste exato momento está com a sua mão direita estendida para você. É para você que vacilou um pouco na fé e está afundando no mar desta vida. Bateu um vento um pouco mais forte e você começou a afundar. Ainda não afundou. Ainda é tempo de se salvar, é só pegar na mão de Cristo que está estendida para você.

O vento que bateu em você,  pode ser o vento do desemprego, do divórcio, da prisão, ou de uma enchente inesperada que destruiu sua casa e tudo que você tinha.

No caso da enchente não fique aí parado(a) pensando que foi um castigo de Deus. Porque na verdade, Deus não nos castiga, mas sim nós é  que nos encrencamos, nos enroscamos nos cipós da floresta desta vida. Deus nunca nos abandona. Nós é que abandonamos Deus. Deus simplesmente permite os acontecimentos respeitando as leis da natureza que Ele criou.

Se o seu naufrágio foi por causa das enchentes, saiba que os principais culpados pelo efeito estufa são os estadunidenses e os chineses, que estão lançando na atmosfera, grandes quantidades de fumaça e outros poluentes, o que provoca o superaquecimento das águas dos oceanos, e consequentemente as chuvas torrenciais, e enchentes instantâneas. Deus não fez isso. Deus não está castigando você. Pelo contrário, Jesus neste momento está com a mão estendida para lhe socorrer.

Pedro antes de ser socorrido, fez uma oração. Por acaso você já rezou depois do ocorrido?  Ou está emburrado, decepcionado com Deus? Não! Não faça isso!  Nunca rompa com Deus! Seria a pior coisa que você faria em toda sua vida! Por que quando alguém se revolta com Deus e lhe vira as costas, sua vida vira um verdadeiro inferno. E repito, não se trata de castigo, não!  É porque sem nos segurar na mão de Jesus, nós afundamos mesmo. Longe dele não existe felicidade.

Então. Qual é? Qual foi? "Por que que tu tá nessa?" Já descobriu?  Por que duvidaste?

Mas você vai conseguir. Garanto. É só pegar na mão Dele!

Sal.

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Jesus anda sobre as águas.

Em tudo aquilo que faz, o Senhor nos ensina como viver aqui na terra.

Não há ninguém neste mundo que não seja viajante, ainda que nem todos desejem voltar à pátria.

Sofremos com as ondas e as tempestades que decorrem da viagem. Mas, pelo menos, permanecemos na barca. Pois, se há perigo até dentro da barca, fora da barca a morte é inevitável!

Aquele que nada em alto mar pode ter braços muito possantes; contudo, cedo ou tarde, vencido pela imensidão das águas, é por elas tragado, e desaparece.

Assim, é necessário permanecer na barca, isto é, ser transportado pelo lenho, para poder atravessar o mar. Esse lenho que transporta a nossa fraqueza é a cruz do Senhor, da qual trazemos o sinal, e que nos impede de ser tragado pelo mundo. Nós sofremos com a agitação das ondas, mas é o Senhor que nos transporta.

A barca que transporta os discípulos, isto é, a Igreja atravessa as águas, e as tempestades das provações assaltam-na. O vento contrário, ou seja, o demônio que faz oposição à Igreja, não se acalma. Ele se esforça por impedi-la de chegar ao repouso. Mas grande é aquele que intercede por nós.

Com efeito, na tumultuosa navegação em que pelejamos, ele transmite confiança, vem ao nosso encontro e nos reconforta, de medo que, abalados pela barca, nós nos deixemos abater e nos atiremos ao mar. Pois, mesmo se a barca é sacudida, é ainda assim, uma barca: só ela transporta os discípulos e recebe Cristo. Ela está em grande perigo sobre o mar, mas fora dela, logo pereceremos. Mantém-te firme na barca, e ora ao Senhor.

Todos os conselhos podem faltar; o leme torna-se insuficiente; as velas estendidas, mais perigosas que úteis. Quando todos os socorros e as forças humanas falharem, só resta aos marinheiros o propósito de orar e erguer os corações para Deus. Por acaso, aquele que conduz os navegantes até o porto, irá abandonar a Igreja e não a conduzirá ao repouso?

Padre Claudio

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Jesus anda sobre as águas.

 

Evangelho - Jo 6,16-21

Pedro também desejou experimentar a sensação de andar sobre a superfície do mar sem afundar, e pediu a Jesus que também lhe desse este privilégio. Jesus apenas disse: " Vem".  E Pedro foi mais ao bater sobre seu corpo uma rajada de vento  mais forte, teve medo, duvidou que ele realmente pudesse estar fazendo aquela proeza igual ao Mestre, e começou a afundar nas águas. Ao gritar por socorro, ele fez uma oração direta, pois Jesus Cristo estava bem à sua frente com a mão estendida para socorrê-lo, porém disse: uma coisa que já disse para mim, para você, para muitos de nós. "Por que duvidastes?"  

Meu irmão, minha irmã. Jesus neste exato momento está com a sua mão direita estendida para você. É para você que vacilou um pouco na fé e está afundando no mar desta vida. Bateu um vento um pouco mais forte e você começou a afundar. Ainda não afundou. Ainda é tempo de se salvar, é só pegar na mão de Cristo que está estendida para você.

O vento que bateu em você,  pode ser o vento do desemprego, do divórcio, da prisão, ou de uma enchente inesperada que destruiu sua casa e tudo que você tinha.

No caso da enchente não fique aí parado(a) pensando que foi um castigo de Deus. Porque na verdade, Deus não nos castiga, mas sim nós é  que nos encrencamos, nos enroscamos nos cipós da floresta desta vida. Deus nunca nos abandona. Nós é que abandonamos Deus. Deus simplesmente permite os acontecimentos respeitando as leis da natureza que Ele criou.

Se o seu naufrágio foi por causa das enchentes, saiba que os principais culpados pelo efeito estufa são os estadunidenses e os chineses, que estão lançando na atmosfera, grandes quantidades de fumaça e outros poluentes, o que provoca o superaquecimento das águas dos oceanos, e consequentemente as chuvas torrenciais, e enchentes instantâneas. Deus não fez isso. Deus não está castigando você. Pelo contrário, Jesus neste momento está com a mão estendida para lhe socorrer.

Pedro antes de ser socorrido, fez uma oração. Por acaso você já rezou depois do ocorrido?  Ou está emburrado, decepcionado com Deus? Não! Não faça isso!  Nunca rompa com Deus! Seria a pior coisa que você faria em toda sua vida! Por que quando alguém se revolta com Deus e lhe vira as costas, sua vida vira um verdadeiro inferno. E repito, não se trata de castigo, não!  É porque sem nos segurar na mão de Jesus, nós afundamos mesmo. Longe dele não existe felicidade.

Então. Qual é? Qual foi? "Por que que tu tá nessa?" Já descobriu?  Por que duvidaste?

Mas você vai conseguir. Garanto. É só pegar na mão Dele!

Sal.

CONCLUSÃO

Nós podemos nos encontrar com Jesus nas situações e nos momentos em que menos esperamos que isso possa acontecer e, quando isso acontece, podemos nos assustar e até mesmo nos sentir assombrados, com muito medo. Mas a nossa postura deve ser justamente o contrário disso tudo. Quando encontramos Jesus, ele sempre nos mostra algo de concreto para as nossas vidas e para onde devemos chegar, nos revela alguma coisa que nos ajuda na superação das dificuldades que encontramos, ele nos mostra que o seu amor e a sua presença não são algo abstrato nas nossas vidas, mas que a sua presença é sempre amor concreto de Deus, força de superação e conquista do novo que nos revela o Reino definitivo.

(CNBB)

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Jesus andando sobre as águas.

Evangelho - Mc 6,45-52

Viram Jesus andando sobre as águas.

 

Jesus, ao caminhar sobre as águas, mostra,  duas vezes aos seus discípulos que Ele  é o próprio Deus.

Primeiro, porque, segundo as Escrituras, somente Deus pode caminhar sobre o mar. Podemos ver isso no livro de Jó: Sozinho ele estende os céus e caminha sobre as alturas dos mares (Jó 9, 8) e no livro dos Salmos: No mar abriste o teu caminho, tua passagem nas águas profundas, e ninguém conseguiu conhecer os teus rastros (Sl 76, 20).

Segundo, somente alguém revestido de poderes divinos poderia caminhar sobre as águas sem afundar. 

Sabemos que um certo mágico famoso  da televisão fez isso, mas vestido com um colete que impedia a câmera de mostrar o gancho que se ligava ao cabo (invisível à filmagem com cobertura de plástico)  que conectado a outro cabo esticado horizontalmente sobre ele, o suspendia sobre a superfície de um lago raso. Um verdadeiro truque de filmagem. Se alguém tiver melhores detalhes sobre esse truque, me avise.

O que Jesus fez não foi nenhum truque de filmagem ou coisa parecida. Ele realmente e tão simplesmente andou sobre as águas, numa demonstração visível de que o poder de Deus estava com a sua pessoa...

E você, meu irmão! Minha irmã! Ainda está na dúvida de que Jesus era Deus? Pára, moço! Converta-se e não seja incrédulo! A vida é muito curta para se ficar perdendo tempo com dúvidas estéreis. 

A revelação da divindade de Jesus continua na mesma passagem deste e

Evangelho quando Ele fala aos discípulos: Coragem, sou eu! Não tenhais medo! Atribuindo para si o mesmo nome que Deus atribuiu a si na passagem da sarça ardente, quando revela o seu nome a Moisés.

            Nós às vezes dizemos que acreditamos em Deus, que não temos nenhuma dúvida do seu poder, assim como da pessoa de Jesus Cristo, mas quando "a coisa fica preta" nós "amarelamos" e em vez de demonstrar a nossa fé, ficamos com muito medo e nem pensamos em falar com Deus.

            Lembro-me neste instante de uma noite em que minha filha telefonou por volta de 21 e 30 h. dizendo que telefonemas anônimos avisaram que o Colégio seria invadido por homens armados...

            Vesti-me às pressas e saí correndo dirigindo sem mesmo me importar com os buracos, e rezando. Começava a rezar o  Pai Nosso, e muito preocupado, e quando dava por mim percebia que não tinha terminado a oração. Aí começava de novo, e novamente não terminava. Isso aconteceu o caminho todo. Mas graças a Deus, parece que foi um trote de alguém que tendo algo mais interessante para fazer, não estava a fim de assistir aula naquela noite.

            Prezados irmãos. Ter fé, acreditar no poder de Jesus, é abandonar-se em seus braços, como faz a criança nos braços da mãe, é confiar plenamente em sua proteção. É claro que não devemos expor as nossas vidas ao perigo, "cutucando leões com varas curtas" por aí.  Mas quando o perigo chegar, vamos ter medo, sim, mas vamos também e acima de tudo confiar em Deus, e rezar. O medo, que é uma reação normal de qualquer mortal, vai embotar a sua mente e terás reações imprevisíveis. Mas para evitar reações perigosas, prepare-se agora, prometendo a si mesmo que não vai reagir no caso de assalto, e que vai rezar e pedir a proteção de Deus, através de Jesus. Se não se lembrar as palavras, fala qualquer coisa, ou simplesmente comece a rezar o Pai Nosso.

            Garanto-lhe que tudo vai passar. Porque Jesus te ama!

Sal.

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