quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Comentários – Prof. Fernando
Comentários – Prof. Fernando – 24ºdomingo Comum - 11 SETEMBRO 2011
1ª leit.: Eclesiástico (Sirácida) 27,30-28,7 O rancor e a raiva são coisas detestáveis - Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados?
Salmo: Sl 103 - O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso - Não guarda eternamente o seu rancor não nos trata como exigem nossas faltas nem nos pune em proporção às nossas culpas.
2ª leit.: Romanos 14,7-9 . pertencemos ao Senhor - Cristo morreu e ressuscitou
Evang.: Mateus 18,21-35 Senhor, quantas vezes devo perdoar? - Empregado perverso eu te perdoei toda a tua dívida porque tu me suplicaste - Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?
rompendo a corrente do ódio
No tempo de Jesus os rabinos condenavam a vingança e o rancor (como os sábios antigos dos quais é boa expressão esse livrinho de onde foi tirada a primeira leitura. A sabedoria de Israel exigia a paz e o perdão, ao menos entre os membros do mesmo povo. Contudo, cada Escola rabínica discutia sobre o número de vezes (um limite) para se perdoar. Os mais tolerantes consideravam que o limite máximo era de quatro vezes.
É nesse contexto cultural e religioso que Pedro fez sua pergunta. O Mestre assim respondeu: “Não apenas sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Essa expressão traduzida para nosso modo de falar seria: “sempre”, “não há limites”.
Os sábios da Bíblia sempre condenaram a raiva e a vingança como incompatíveis com a misericórdia e a paciência infinita de Deus (o Salmo de hoje é disso ótima expressão). A sabedoria oriental em geral (mesmo em culturas e religiões fora da Bíblia) ,aponta para a inutilidade ou para o desgaste do ódio e do rancor. Às vezes se propõe evitar a ira pelo simples fato de que ela nem atinge o outro, mas faz mal a quem cultiva sentimentos de ódio.
A partir do evangelho anunciado por Jesus, o Cristianismo marcou 2 mil anos de História mesmo que às vezes tenha traído o ideal do Mestre. Essa marca maior lé em favor do perdão da paz e da reconciliação. Talvez os cristãos não foram (ou não somos) bons seguidores de Cristo a ponto de eliminar do mundo guerras e contendas.
A paz e o perdão continuam sendo um ideal a ser buscado sempre. A lógica divina está bem clara na parábola contada por Jesus. Se Deus nos perdoa, por que não fazer o mesmo com os outros? Em outro momento Jesus nos lembra que seremos medidos com a medida que usarmos para “medir” os outros. Duas sugestões, para concluir:
1-Em primeiro lugar devemos saber que perdoar não é ser ingênuo nem desconhecer o perigo ou as ameaças dos “inimigos”. Amar os inimigos não os torna necessariamente amigos… Como diz Paulo, trata-se de vencer o mal com o bem. Ou como insistia o Mestre: fazer sempre o bem, como o Pai que faz chover sobre justos e injustos. Sentir dificuldade em perdoar é nossa experiência mais comum. Não é fácil para quem sofreu uma injustiça, quem foi desprezado, abandonado ou traído por pessoa de sua confiança e amizade... simplesmente.perdoar... Sejamos realistas e aceitemos que rancor e vingança brotam espontaneamente como sentimentos em nós. Precisamos renovar nossa vontade de mudar nosso coração e só mesmo Deus pode curar certas feridas e nos transformar.
2-por isso, outra conclusão importante refere-se à oração. E, se é difícil conviver com quem nos ofendeu (talvez seja prudente ou necessário tomar uma certa distância) , mas podemos ao menos pensar nessas pessoas e interceder por elas. Vamos ler o que escreveu o teólogo Dietrich Bonhoeffer (pastor assassinado em 1945 porque pregava contra o nazismo):
Quando eu rezo por um irmão, eu não posso – a despeito de todas as misérias que ele me faça – nem condená-lo nem odiá-lo. Por mais odioso ou insuportável que seja para mim seu rosto, ele – durante minha oração de intercessão – toma o aspecto de irmão, pelo qual o Cristo morreu: o aspecto do pecador que recebeu a graça. (...) não existe mais a antipatia, a tensão ou a discordância pessoal (...). A intercessão é um banho de purificação no qual cada dia devem mergulhar fiéis e comunidade. (...) A intercessão não é outra coisa senão o ato pelo qual nos apresentamos a Deus nosso irmão (...) Nessa perspectiva tudo que o torna para mim odioso desaparece e eu o vejo em sua indigência (...) sua miséria e seu pecado pesam como se fossem meus de tal modo que nada mais posso fazer senão rezar. (...) Interceder significa colocar nosso irmão sob o benefício do mesmo direito que recebemos: o direito de nos apresentar diante do Cristo para ter parte na sua misericórdia.
(Prof. FernandoSM. – USU, Rio de Janeiro – fesomor2@gmail.com )
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