Comentários do Prof. Fernando – 2 de janeiro Domingo da Epifania
e semana de 2 a 8 de janeiro de 2011
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
02/01 DOMINGO (EPIFANIA /antes 6dejaneiro = Dia de Reis)
Is 60,1-6 Sl 72 Ef 3,2-6 Mt 2,1-12
Do Salmo 72:
Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora
virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando a glória do Senhor.
A festa da Epifania era anteriormente comemorada no dia 6 de janeiro que ficou conhecido como “Dia de Reis”. Na maior parte das regiões brasileiras apresentam-se em muitas cidades cortejos de caráter religioso e folclórico chamados de Folias de Reis (ou: Reis, Reisados e outros nomes). Com origens na colonização portuguesa fixaram uma uma tradição de contar em cânticos a história do Natal referindo-se particularmente à visita dos Reis magos ao Menino Jesus. Em grupos os participantes percorrem ruas e bairros e às vezes são expressamente convidados para visitar determinadas casas. Em melodias típicas, acompanhados por vários instrumentos que podem ser violão ou viola, cavaquinho e outros de percussão, louvam o Menino e os Reis.
O Salmo 72 se refere a textos de Isaías 45 e 60 onde se proclama que o futuro Messias acabará reconhecido pelos povos vizinhos de Israel e também pelos que vêm de longe. É a afirmação da universalidade da salvação que será oferecida a todos os povos e não só aos filhos da promessa abraâmica ou seguidores da Lei mosaica.
O Salmo e a leitura de Isaias trazem nomes de nações de todos os quadrantes (SabḠpor exemplo, representa o sul, Társis os do ocidente, Madian lembra o povo onde Moisés se refugiou logo no início de sua missão). A enumeração não é exaustiva mas representa a totalidade dos povos estrangeiros. O salmo 72 aponta nitidamente para a grande mensagem bíblica que é o tema freqüente dos profetas e o evangelho coloca no cântico do Magnificat proclamado por Maria: os reis e os poderosos com suas riquezas virão adorar o Senhor e Ele liberta o pobre e o humilde e todos que não têm prestígio na sociedade. Esse, de novo, o núcleo da mensagem da Epifania. A manifestação (é a tradução do termo grego epifania) ou a apresentação de Jesus Cristo a todas as nações e culturas não significa que todos passem a ser membros de uma religião, como se interpretava por exemplo ao tempo da expansão da Europa para as Américas ou para o Oriente até a China e o Japão. Nesse período da história o Cristianismo visava batizar todos em todas as culturas o que foi uma das razões para a expansão da modernidade européia, para a constituição da cultura chamada Ocidental e para a colonização e dominação das civilizações das Américas, da África e do Oriente. A mensagem central da Bíblia, tal como aparece principalmente nos Profetas e nos Evangelhos e outros escritos do novo Testamento, é o anúncio do amor de Deus a cada ser humano começando pelos mais abandonados.
Como nos mostra Paulo na leitura de hoje, aos Efésios, os pagãos são admitidos à mesma herança e associados à mesma promessa. O Evangelho, ele acrescenta, é o instrumento dessa universalização do amor que Deus tem a todo ser humano, lá onde se encontra, na sua história, na sua cultura, no seu lugar geográfico.
Como as figuras dos magos que vieram adorar o Messias e reconheceram o lugar onde Deus nasceu para nós, possamos também nós, sair do conforto do ambiente que conhecemos, seja em termos culturais, religiosos e regionais, para adorar o verdadeiro Deus reconhecendo o Mistério de sua Encarnação. E tenhamos abertos os olhos e ouvidos para reconhecer Jesus no outro, sobretudo em suas necessidades. Afinal toda a pregação do Mestre de Nazaré indicava a importância de ir além até da religião para fazer a vontade do Pai. Muitas são as parábolas que culminam em Mateus 25 onde está claro o critério do juízo final. A Epifania ou a comunicação de Jesus Cristo a todo o mundo e a todos os povos e culturas será feita por nós como aos Reis foi feita por Maria, José, pelos pastores. Mas antes, é preciso que essa Epifania ou apresentação do Cristo, aconteça em nós. Essa a conversão que procuramos realizar no tempo do Advento e cujo Mistério procuramos celebrar no Natal.
Se pudermos seguir essa estrela ou distinguir essa luz, como aconteceu com os magos (“Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram.”) certamente teremos parte nessa mesma alegria, num feliz ano novo. Essa a mensagem da liturgia para nós nesse dia de Reis, nessa festa da Epifania que anuncia a boa nova para todos. Também para nós.
Leituras: http://www.cnbb.org.br/liturgia/ (todas numa só Página: mouse+ctrl+Enter numa data)
Leituras da primeira semana de 2011
03/01 seg 1Jo 3,22-4,6 Sl 2 Mt 4,12-17.23-25
04/01 ter 1Jo 4,7-10 Sl 72 Mc 6,34-44
05/01 qua 1Jo 4,11-18 Sl 72 Mc 6,45-52
06/01 qui 1Jo 4,19-5,4 Sl 72 Lc 4,14-22ª
07/01 sex 1Jo 5,5-13 Sl 147B Lc 5,12-16
08/01 sáb 1Jo 5,14-21 Sl 149 Jo 3,22-30
As Leituras dessa primeira semana de 2011 são uma uma espécie de ressonância da Epifania celebrada no domingo.
Percorre praticamente toda a primeira carta de João a qual não faz outra coisa senão mostrar que aquele que nos amou primeiro pede que nós façamos o mesmo para com os outros.
Nas leituras do Evangelho, extraídas tanto de Mateus como de Lucas, Marcos e João, vemos a primeira apresentação ou epifania de Jesus, isto é uma espécie de introdução ao trabalho de divulgação da boa nova feita pelo Mestre de Zararé ao seu próprio povo.
Como foi dito ao final do comentário da festa da Epifania: o anúncio do evangelho deve começar pela comunicação do Mistério do Deus revelado aos membros da própria religião. Essa a primeira e necessária evangelização e é por isso que temos a Liturgia dominical e diária a nos ajudar.
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
( Prof. FernandoSM. – Univ.SU, Rio – fesomor2@gmail.com )
Nenhum comentário:
Postar um comentário