Comentários do Prof. Fernando – 27 de fevereiro = 8º Domingo do Tempo Comum
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Da 1ª leitura – Is 49,14-15
Acaso pode a mulher esquecer-se do filinho a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre?
Mesmo se ela se esquecer, eu não me esquecerei de ti.
Do Salmo de resposta – 62
Só ele é meu rochedo e salvação a fortaleza, onde encontro segurança
Da 2ª leitura -1Cor 4,1-5
servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus; o que se exige dos administradores é que sejam fiéis. Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por algum tribunal humano.
Nem eu me julgo a mim mesmo !!
Da leitura do Evangelhor Mt 6,24-34
Vós não valeis mais do que os pássaros?
Vosso Pai sabe que precisais de tudo isso.
Ao contrário: buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça
e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã.
Não parece fácil aceitar as propostas que começaram no cap.5 de Mateus, no discurso das Bem-aventuranças que, afinal anunciam como ser feliz. A Boa-Nova do Reino de Deus desdobra-se nesse capítulo 6 em frases que podem até parecer ridículas, ou, no mínimo, impossíveis de serem admitidas e vividas.por nós. O tema central de hoje é: em quem confiar? Onde guardar o que consideramos precioso em nossa vida? Qual caminho escolher para viver feliz? Como ficar tranquilo diante de tantas necessidades e desafios par viver?
Há pouco tempo conheci a frase terrível de um dos maiores cineastas do século 20 (Bergman cuja fala soava assim): somos mortos insepultos debaixo de um céu cruel e vazio. Os pagãos, desde a antiguidade, não podiam deixar os mortos sem sepultura pois acreditavam que, mesmo no inferno da morte, as sombras não tinham sossego enquanto os corpos ficassem insepultos. Bergman, cineasta moderno, Virgílio, poeta latino, expressam a mesma perspectiva da morte inevitável do ser humano.
Jesus, ao contrário, Jesus anuncia a Vida. Com a perspectiva de ultrapassar a morte.
O texto de hoje começa indicando que é preciso escolher. Ninguém pode "servir a dois senhores". Em outras palavras: A quem nos sujeitamos, estimamos, obedecemos, ou cresmos que nos dá proteção? "Senhor" significa o mestre que escolhemos para ser nosso "deus". A ele colocamos acima de todas as coisas, até de nós mesmos. Nele confiamos.
O "meio ambiente" do nosso Mundo parece nos propor só dois caminhos: ou seremos como os "famosos" (são tão conhecidos na Mídia que podem ganhar dinheiro só por aparecer em público e estão assim resolvidos quanto ao "comer, beber e vestir"); ou nos perdemos na massa dos "anônimos" (trabalhando como "todo mundo" pelo pão diário da sobrevivência).
O mundo antigo ou atual são diferentes apenas na ênfase dada ao modo de conseguir dinheiro ou tecnologia (antes mais limitado, hoje em evolução vertiginosa). Não mudou, porém, em todas as épocas, o mistério e o desafio da Vida.
É aí que Jesus insere a diferença. Todos somos mais ou menos arrastados pela "preocupação". O texto grego pode nos ajudar a compreender isso. Ele usa o verbo "merimnáo" cuja ideia é a de estar ansioso, apreensivo, preocupado, perturbado por causa daquilo que queremos conseguir. Sua raiz é a palavra "merímna", quer dizer: ansiedade, que, por sua vez, nasceu do termo "meridzo" = cortar ou dividir em pedaços. A preocupação realmente nos divide como se fôssemos implodir em mil pedacinhos.
Jesus diz que podemos concentrar todo nosso ser na unidade da confiança e do amor. Isso significa entregar-se nos braços do Pai. O Pai é presença. Seu tempo é o Presente. É o hoje, o cada dia, o quotidiano. Como o pão que nos alimenta tem de ser diário. Entretanto, o que nos preocupa (até chegando a nos considerar "mortos" antes da hora) é o inundar nosso pensamento de "futuro": o amanhã; a aposentadoria: o que será de nossos filhos...
O que nos "divide" e nos consome não é o hoje e o agora; não é Deus (Presença, Presente) nem seu reino de amor. Todas as outras propostas batidas, repetidas, iguais – diferntes apenas nas fórmulas, antigas ou atuais, de expressão da ansiedade pelo "amanhã" – e consistem bsicamente na mesma preocupação com duas coisas: a "comida" da sobrevivência e o "vestir" as roupas (tudo o mais que nos protege, dá segurança e aquilo que "garante" um "futuro" tranquilo.
É claro que nos cabe (desde o Gênesis se diz que a vida e a história humanas são nossa tarefa): criar riquezas e alimentos para todos os seres humanos. O grande problema é como realizar isso. Pela guerra? pelo "farinha pouca meu pirão primeiro? Pela ditadura – tipo Moubarak ou Fidel Castro? Só com planejamento econômico ou poder político? Temos de decidir, na democracia e na tecnologia, que soluções queremos dar aos nossos problemas. Mateus resume no verbo "zetéo" a proposta de procurar – antes de mais nada = "em primeiro lugar" – "o Reino de Deus e a sua Justiça". "Zetéo" significa o desejo e a busca interessada que procura os meios para conseguir um objetivo pretendido.
Jesus demonstrou até à morte, que se entregara nas mãos do Pai. Tinha certeza de que sua vida não terminava na morte. E nos indicou o caminho, não para nos acomodarmos esperando que do céu caia o alimento ou a roupa. As comparações que usa (passarinhos e flores trazem a força da poesia para mostrar um contraste: o homem angustiado e a calma da natureza simbolizada na alimentação dos pássaros e na roupagem dos lírio do campo. A mensagem não é deixar de trabalhar, nem viver de esmola. É vencer o medo do futuro colocando em primeiro lugar o tempo presente onde Deus está.
Confiar é viver de amar e para amar.
( Prof. FernandoSM. – Rio de Janeiro – fesomor2@gmail.com )
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