Comentários – Prof. Fernando 17 de abril = Domingo da Quaresma 2011
Da Leitura de Mt 21, 1-11 (Procissão) As multidões gritavam: Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus! Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou e diziam: Quem é este homem?
Da 1ª.Leitura Is 50,4-7
para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida...para prestar atenção como um discípulo o Senhor abriu-me os ouvidos ... não desviei o rosto de bofetões e cusparadas
Do Salmo Sl 22
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? Riem de mim os que me vêem... Numerosos cães me rodeiam furiosos... furaram minhas mãos e pés... entre si repartem minhas vestes
Da 2ª.Leitura Fl 2,6-11
Jesus Cristo, de condição divina...ele esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de escravo tornando-se igual aos homens... humilhou-se fez-se obediente até a morte e morte de cruz.
INTRODUÇÃO – A SEMANA SANTA
O "Domingo de Ramos" abre a "Semana Santa" que é a celebração mais importante do culto cristão, recordando a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo.
A Paixão começa na Quinta-feira quando recordamos o Sinal da entrega de Cristo em dois gestos interligados:
1) o Serviço ("lavar os pés" dos discípulos em vez de "ser servido" como Mestre).
2) a entrega (Eucaristia) é o dar-se de corpo e alma, como se diz, chegando a se tornar alimento a ser consumido pelos outros. Afinal, maior não tem senão aquele que entrega a vida pelos amigos –Jo15,13)
Essa entrega do Filho de Deus feito Homem, fez daquela "Última Ceia" uma Páscoa que não é mais apenas a memória da saída do Egito e passagem para a Terra Prometida mas da Passagem do Filho do Homem retomando o convívio com o Pai e uma vida que não mais lhe será tirada (Ressurreição) garantia de nossa própria esperança de vencer a morte.
Na Sexta-feira a Paixão de Jesus atinge seu clímax na morte de cruz.
A partir da "Vigília do Sábado Santo", iniciado com a bênção da Água e do Fogo, entramos na alegria da Ressurreição do "Domingo de Páscoa. O primeiro dia da semana, quando o túmulo foi encontrado vazio, passou a chamar-se no cristianismo "Domingo" (do latim dia do Senhor).
"DOMINGO DE RAMOS" – Da ENTRADA NA CIDADE à A PAIXÃO, segundo MATEUS
Agitando ramos pelas ruas, o povo aplaude Jesus em sua entrada na tradicional capital do reino judaico. O que faziam era uma espécie de passeata política: sabemos que a multidão esperava era um a entronização do rei (messias) que viria restaurar a nação, então sob a ocupação romana. Na verdade eles continuavam perguntando conforme conta Mateus (21,10 na procissão dos Ramos): Quem é este homem?
A leitura da Paixão segundo Mateus mostra o outro lado da medalha. O mesmo povo que aclamou o suposto futuro rei dos judeus será manipulado para pedir a morte de Jesus. Orientada pelos seus próprios chefes religiosos e políticos (que precisam bajular Pilatos pois só ele detinha o poder de sentença final) a multidão prefere seguir os políticos mentirosos e hipócritas, tantas vezes acusados pelo Mestre por causa da falsidade de comportamento e dos "pesados fardos" jogados sobre os ombros dos outros. Afinal essa é a "hora do poder das trevas". Muitos queriam vingar-se do Nazareno que condenava a dominação religiosa, econômica e social das massas.
Na Sexta-feira, a leitura da Paixão seguirá o texto de João, que poderíamos considerar mais "existencial" e intimista. Ali, Jesus revela o seu sofrimento, de inocente injustiçado. Ali, Jesus só tem o conforto da presença de sua mãe e de poucos amigos e amigas. Ali, o carinho expresso na última ceia se cobre de sangue do justo injustamente torturado e assassinado.
Mas, no domingo de Ramos, a leitura da Paixão segue o texto de outro evangelista (nesse ano de 2011: a narração segundo Mateus).
Parece que a história de cada Homem se dá entre três relações fundamentais:
Primeiramente, fomos inseridos logo ao nascer numa cultura, numa comunidade cujos costumes e língua pátria aprendemos. É o universo das relações sociais e políticas dentro de uma "nação".
Também desde a infância, procuramos uma identidade pessoal e vamos construindo uma personalidade e, embora continuemos na interação social de uma Educação, buscamos mais liberdade e autonomia pessoal.
Transpassando esses dois mundos, o social e o pessoal, podemos dizer que cada um se defronta inevitavelmente com o mistério maior a que chamamos "Deus", que Santo Agostinho dizia constituir o núcleo "mais íntimo que nosso próprio íntimo". Era esse (nível) Deus que Jesus buscava no silêncio, retirando-se para a montanha, na experiência a que chamamos "oração".
Os sofrimentos de Jesus na Paixão foram mais profundos do que pretende representar a piedade tradicional (vias-sacras ou procissão do Senhor morto). Nem a violência apresentada no cinema (nem as cenas mais realistas do filme de Mel Gibson) dá conta do sofrimento íntimo de Jesus. Hoje meditamos sobre o que teria sentido Jesus, abandonado pelo seu próprio povo e pelas multidões no meio das quais fez curas e sobre as quais chorava vendo que "eram como ovelhas sem pastor". A perseguição política e o sentimento de abandono daquela que deveria ser a "Cidade Santa" levam Jesus a gritar o Salmo que é a melhor expressão da sensação de se sentir esquecido pelo próprio Deus: Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?.
Mais do que qualquer comentário, a seguinte seleção, feita sobre a leitura da Paixão, talvez possa conduzir hoje a nossa meditação e a nossa oração :
Do Evangelho Mt 26,14 até 27,66
31Jesus disse-lhes: Esta noite todos vós vos escandalizareis por minha causa como está escrito: 'Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão'
50Jesus respondeu- lhe: Amigo, a que vieste?
55 Viestes com espadas e varapaus para Me prender como se fosse um salteador!
Eu estava sentado no templo a ensinar todos os dias e não Me prendestes...
56 …Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
75Pedro lembrou-se das palavras de Jesus: Antes do galo cantar, tu Me negarás três vezes. E, saindo, chorou amargamente
20os sumos sacerdotes e anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás 21...Eles gritaram "Barrabás".
22...Todos gritaram "Seja crucificado!"
23...Eles gritaram com mais força "Seja crucificado"
25O povo respondeu: "Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos".
29Então se ajoelharam diante de Jesus e zombavam dizendo: "Salve, rei dos judeus!"
39 Os que passavam o insultavam balançando a cabeça
40 "Se és o Filho de Deus desce da cruz!"
41Do mesmo modo os sumos Sacerdotes, Mestres da Lei e Anciãos
também zombavam...
44Do mesmo modo os dois ladrões que foram crucificados com Jesus também o insultavam.
46Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito:
"Eli, Eli, lamá sabactâni?" que quer dizer
"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"
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( Prof. FernandoSM. – Rio de Janeiro – fesomor2@gmail.com )
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