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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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domingo, 28 de agosto de 2011

RENUNCIE A SI MESMO E SIGA-ME



HOMILIAS PARA O
 PRÓXIMO DOMINGO
28 DE AGOSTO – 2011
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SEJAM BEM VINDOS
AOS BLOGS E SITE DOS INTERNAUTAS MISSIONÁRIOS
Fiéis à Doutrina da Igreja Católica, porque somos católicos.
Respeitamos todas as religiões.  Cristãs e não cristãs.
RENUNCIE A SI MESMO E SIGA-ME

Introdução

A minh'alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!
A sede e a fome de Deus está gravada no nosso cérebro. Pois a inclinação para Deus é uma coisa instintiva.
          O ser humano por mais perverso que seja, nem tudo está perdido. Há sempre uma pequena chama de luz, uma pequena chance, um pequeno pedacinho de fé dentro dele. Porque  o ser humano foi criado por Deus e para Deus. O ser humano é uma obra de Deus.  Nós viemos de Deus e o certo seria voltarmos um dia para Deus.
          Meu Senhor, e meu Deus! A minha alma está faminta de vossa presença. Vinde Cristo Jesus habitar em mim, e aqui permaneça fortalecendo-me com o vosso infinito poder para que  eu tenha condições de vencer as tentações, corrigir os meus erros, e me  afastar de tudo aquilo que tem me afastado de vós, ou que possa me afastar da vossa amizade. Pai supremo e bondoso! Todo o meu ser está carente da vossa infinita misericórdia, da vossa paz, do vosso amor. Vem ficar comigo Jesus, e não permita que que vos expulse com o meu egoísmo, e com a satisfação da minha vontade.
          Na verdade, Deus não cessa  de nos atrair para Ele diariamente, como um poderoso ímã. Ao contrário do que muitos pensam, a iniciativa é sempre de Deus. Ele nos reconduz a conversão, a volta, a reconciliação. À s vezes “escreve certo com letras tortas”, ou seja, nos chama de forma forte, através de uma tragédia, de uma desgraça, de um forte solavanco, um grande puxão de orelha. Em seguida, como uma brisa suave nos consola,como uma mãe que nos toma no colo, ouve o nosso choro, nossos clamores e não nos deixa sozinho, mesmo que não estejamos acompanhados de mais ninguém. Porque Deus é Pai, que nos ama com amor de mãe. Deus, é imprevisível,  sempre nos surpreende, e quer a nossa felicidade, a nossa salvação eterna. Por isso que dizemos que Deus é amor. Amor puro e desinteressado.  Ele, ao contrário de nós, nos dá tudo sem exigir nada em troca.
            Paulo, o inspiradíssimo, hoje nos fala nos exorta, a nos oferecer a Deus como um  sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. E isto é fazer a vontade do Pai em vez de fazer a nossa vontade egoísta, corrompida, agarrada a esta vida terrena.
Caríssimos interpretando as palavras de Deus na boca de Paulo, o que nós precisamos fazer é  valorizar mais a nossa espiritualidade, transformando-a em ação concreta, tanto na vivência da palavra que ensinamos, como da graça de Deus, como também no empenho de levarmos esta palavra ao mundo.
Não podemos ficar acomodados com as coisas desse mundo: O conforto, o dinheiro, o prazer,  mas sim, temos de voltar as nossas energias para a outra parte da nossa vida, enquanto estamos lúcidos,  pois ela é certeira ou inevitável. É indispensável que mudemos a nossa maneira de valorizar. Mudando a nossa escala de valores, fazendo com que ela seja baseada na Escala de Valores que nos foi deixada pelo Filho de Deus. Assim estaremos enxergando com clareza o que é da vontade de Deus e o que não é. Agindo assim, estaremos fazendo o que é bom para o futuro da nossa alma, e o que é do agrado do Pai. Trilhando esses caminhos, estaremos  portanto, nos aproximando a cada dia da perfeição, pelo aprimoramento da nossa espiritualidade.
Vamos usar os bens materiais sem nos apegar a eles pois os quais não nos traz a  felicidade que buscamos. Somente em Deus o ser humano  encontra a verdadeira felicidade. Somente em Deus matamos a nossa sede!
Sal.
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No pensamento de Deus está tanto a luta como a vitória“O que pode dizer aquele que não experimentou?”
                              Neste Evangelho Jesus nos dá a instrução a fim de que sejamos seus seguidores: renunciar a nós mesmos e tomar a nossa cruz. Isto significa, abdicar dos nossos planos  humanos, assumir os encargos de nossa responsabilidade e não tentar escapar das dificuldades para facilitar a experiência em uma “boa vida”. Em nenhum momento na Sua Palavra, Jesus nos promete uma existência sem aflições nem dores.  Pelo contrário, apesar da nossa natureza humana recusar o sofrimento e a dificuldade como foi o caso de São Pedro, Jesus nos adverte de que qualquer pensamento contrário vem do maligno, somente com o intuito, de nos enganar e iludir .
                            No pensamento de Deus está tanto a luta como a vitória“O que pode dizer aquele que não experimentou?” Deus é maior que todos os nossos problemas. Quem pretende à força, pela sua própria capacidade, salvar a sua vida fugindo das ocasiões de aprendizado, terá uma existência apagada e medíocre e nunca provará do sabor de uma vitória. Quando perdemos a nossa “vida cômoda”, para seguirmos a Jesus e ao Seu Evangelho, aí sim, é que a encontraremos e veremos realizados todos os nossos anseios interiores.   – Reflita, sobre isso hoje, para que, quando chegar a dificuldade você esteja,  mais confiante e submisso (a) à vontade de Deus. – Diante do que Jesus fala, quem poderá se dizer cristão, hoje? Você pode?- Como os homens estão vivendo hoje na sua maioria? – O que significa “ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?” Você já pensou nisso?
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina

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O seguimento de Jesus

"Tende compaixão de mim, Senhor, clamo por vós o dia inteiro; Senhor, sois bom e clemente, cheio de misericórdia para aqueles que vos invocam"(cf. Sl. 85,3.5).
Refletimos neste domingo o chamado para ser profeta. Nos dias de hoje muitos querem ser profeta. Mas ser profeta não é fácil, e tampouco vivenciar o seguimento do profeta. A primeira leitura tirada do profeta Jeremias(cf. Jr 20,7-9) nos fala da atitude e da caminhada que deve pautar a vida daqueles que são enviados por Deus para alertar ao povo da necessidade de retornar aos caminhos da salvação.
Já desde o início, Jeremias não gostou da vocação profética(cf. 1,6). Seu temperamento sensível não era o de um lutador contra os abusos religiosos e sociais de seu tempo e, sobretudo, não servia para proclamar as catástrofes que viriam sobre Judá. Aliás, a catástrofe se fez esperar, o escárnio e a perseguição do profeta porém, não! Assim o profeta chega a amaldiçoar sua própria existência.
A vida do profeta deve ser uma vida de sedução. Na linguagem de hoje, pós-moderna, Jeremias diria que “entrou numa fria”. Jeremias, ao falar da sua vida, diz que desde o início de seu ministério profético tudo foi um tanto “recalcitrante”. Até quis fazer um momento de greve, mas a voz de Deus ecoou mais forte como um fogo abrasador no seu peito, não conseguindo fugir da vontade do Senhor. Aqui reside a novidade da mensagem do profeta. Quando ele tem uma mensagem desagradável e sempre de novo deve incomodar e ferir os ouvidos, Deus não o deixa em paz.
Meus irmãos,
O Evangelho deste domingo apresenta o seguimento de Jesus: assumir a sua cruz(cf. Mt 16,21-27). Pedro deu aquele testemunho sobre o Senhorio de Nosso Senhor Jesus Cristo, como o Filho do Deus vivo. Tratava-se de uma visão petrina de um Messias triunfante e dominador e não do Servo Sofredor, do irmão que veio não para ser servido, mas para servir.
Jesus hoje anuncia a paixão, a morte e a ressurreição, fato que os discípulos não imaginavam, pois se Jesus era o Filho de Deus não poderia morrer. Para eles a morte ficava como uma demonstração de que Jesus era igual aos outros profetas.  Só que para os discípulos seria difícil compreender que a Morte violenta estava nos planos de Deus e que a ressurreição ao terceiro dia, inaugurando uma nova era de redenção, só seria aceita depois de contemplada a sua cabal realização.
O Evangelho coloca que o cristão não é melhor do que o Mestre. E ninguém poderá querer ser melhor do que o Mestre sem segui-Lo, sem sofrer como Ele sofreu, porque o discípulo precisa sofrer para purificar-se, tendo em vista que da Cruz de cada dia e do sofrimento da purificação se eleva o crescimento da nossa fé e da nossa ação evangelizadora.
Meus amigos,
Uma das lições do Evangelho de hoje(cf. Mt 16,21-27) é provocadora: Jesus caminha consciente para a morte. Jesus na leitura de Mateus prefigura o teatro da sua condenação: o sinédrio com os seus membros: anciãos, doutores da lei e sumos sacerdotes.
A segunda lição da leitura central de hoje é Jesus chamar a Pedro de Satanás. Aquele que está diante do tribunal acusa, ou seja, o adversário. Em linguagem mais coloquial é aquele que se cruza no nosso caminho, nos causa dificuldade ou nos impede de agir. Satanás é aquele que se opõe aos planos de Deus. É nesse sentido que Jesus chama Pedro de satanás. De qualquer maneira, há semelhança entre Pedro e o tentador no início da vida pública de Jesus. Lá Satanás quis desviá-lo de sua missão e levá-lo para o caminho da vaidade humana. Agora, sem maldade, Pedro, está pensando em dissuadir Jesus de caminhar até Jerusalém, ao encontro da Paixão, Morte e Ressurreição. Por isso, Jesus o repele com a mesma veemência com que repeliu o demônio.
Uma terceira lição que podemos tirar do Evangelho é que podemos ser satanás para nós mesmos. Ao chamar Pedro de “pedra de tropeço” e de “pedra de escândalo” Jesus quer alertar que na caminhada de cristãos, de membros ativos da Igreja fundada sobre a rocha que é Pedro, muitos caminhos obscuros serão colocados na direção dos crentes. Aí nascem as tentações de nos desviar do bem, vários pretextos para nos afastar dos caminhos de Deus e da sua vontade salvadora. O ponto central do Evangelho de hoje é esse: Ser satanás para nós mesmos é ir contra o projeto do Senhor. Seguir a Jesus Cristo é renunciar a tudo e segui-Lo, se preciso for até morrendo no martírio para que esse seguimento se efetive e brilhe a luz admirável da nova vida em Cristo Senhor.
Meus irmãos,
A parte segunda do Evangelho – vv. 24-27 – se dirige aos discípulos de todos os tempos. Não apenas a estrada de Jesus é tortuosa e difícil, mas a todos aqueles e aquelas que querem Segui-Lo e testemunhá-Lo. Crer em Cristo é muito abrangente, significa também sofrer por Ele. Há um sofrimento do qual nenhum discípulo pode escapar e para o qual nenhuma medicina humana serve: a renúncia aos próprios interesses. Toda renúncia tem como conseqüência à dor, mas nem toda renúncia é perda, é ganho.
A primeira tentação que o demônio tentou apresentar a Jesus foi o ter e o poder, o desejo do aplauso, o desejo do poder, sem limites. Esse é o caminho do mundo. O caminho de Deus, entretanto, é outro é o da solidariedade, da partilha, do acolhimento, da renúncia, enfim, da caridade e do AMOR.
Amigos,
Na segunda leitura(cf. Rm 12,1-2) encontramos uma iluminação proveniente do Evangelho de hoje: oferecer-se como hóstia viva a Deus, então, não é desprezar-se, mas o culto razoável, o cultivo coerente e conseqüente da vontade de Deus: sermos plenamente seus, seu povo, seus filhos, seus profetas, não conformando-nos a este mundo, mas procurando conformidade com a vontade de Deus. Uma bela exortação para que seja a nossa meta na semana que se inicia: A palavra do Senhor tornou-se para mim motivo de injúria, porque Jesus foi morto por causa desse sonho! E a quem o quer seguir, ele diz: “renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!(cf. Mt 16, 24)”.
Enquanto o mundo gira a Cruz permanece de pé!
Com a Cruz permanecendo em pé no mundo queremos rezar por todos os nossos irmãos leigos e leigos que fazem acontecer a Igreja na ponta das redes de comunidade. Entre os leigos e leigos queremos, de maneira especial, agradecer a Deus o trabalho silencioso e persistente de nossos catequistas, que são os principais colaboradores dos párocos, fazendo a presença amorosa de formadores de nossas novas gerações. Que Deus abençoe sempre os que dilatam o Seu Evangelho e que nunca falte a assistência da Trindade Santíssima. Amém!
padre Wagner Augusto Portugal
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TOME SUA CRUZ E SIGA-ME

O Evangelho deste Domingo reflete um momento crítico da vida do Senhor Jesus. Ele sabe que será massacrado por seus inimigos, sabe que a vinda do Reino de Deus passaria pelo desastre da cruz. Agora, anuncia isso aos apóstolos: iria sofrer e morrer para ressuscitar. Pedro não compreende como isso possa ser possível, não aceita tal caminho para o Mestre: “Deus não permita tal coisa, Senhor!” Eis que drama, caríssimos: a atitude de Pedro é a de muitos de nós: não compreendemos o caminho do Senhor, seu sofrimento e sua cruz.
Esse caminho do Senhor está presente na nossa vida; e nós não somos capazes de acolhê-lo, de perceber aí o misterioso desígnio de Deus. Nossa lógica, infelizmente, é tão mundana, tão terra-terra, tão presa à humana racionalidade. A dura reprimenda do Senhor a Pedro vale também para nós: “Tu és para mim pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens”. Não nos iludamos: trata-se de duas lógicas sem acordo: não se pode abraçar a sede louca do mundo de se dar bem a qualquer custo, de possuir tudo, de viver sempre no sucesso e no acordo com todos e, ao mesmo tempo, ser fiel ao Evangelho, tão radical, tão contra a corrente. Vale para nós – valerá sempre – o desafio de Jesus: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida?” Caros, olhem o Cristo, pensem no seu caminho e escutem a palavra do Senhor a nós, seus discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la!” Renunciar-se, tomar a cruz por causa de Jesus... por causa dele! Não há, não pode haver outro caminho para um cristão! Qualquer outra possibilidade é ilusão humana!
Caros meus, estejamos atentos, que o Deus de Jesus – e o próprio Jesus é Deus! – nos coloca em crise. Nosso Deus não é um Deus fácil, manipulável, domesticável: ele seduz, atrai, e sua sedução no coloca em crise porque nos faz pensas as coisas de Deus, não as dos homens e isso nos faz nadar contra a corrente. Por mais que quiséssemos, já não seria possível esquecê-lo, fazer de conta que não o encontramos um dia! É o drama do profeta Jeremias na primeira leitura deste hoje: “Tu me seduziste, Senhor!” É o que afirma o coração do Salmista: "Sois vós, ó Senhor, o meu Deus: a minha alma tem sede de vós, como terra sedenta e sem água! Vosso amor vale mais do que a vida!”
Que fazer meus caros? Por um lado, experimentamos a sede de Deus, a vontade louca de seguir de todo o coração o nosso Senhor Jesus, por outro lado, os apelos de um mundo soberbo e satisfeito consigo mesmo, atanazam o nosso coração... que fazer? Como abraçar sinceramente a lógica do Evangelho? Há só um modo de seguir adiante, de ser cristão de verdade: o caminho da conversão. Não é um caminho fácil: é difícil, doloroso, mas libertador. São Paulo, na segunda leitura de hoje, exorta-nos a tal caminho: “Eu vos exorto, irmãos, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual” Compreendem irmãos? Compreendem irmãs? Seguir o Cristo é entrar no seu caminho, é, em união com ele, fazer-se sacrifício agradável a Deus, deixando-se guiar e queimar pelo Espírito do Cristo crucificado e ressuscitado. E o Apóstolo nos previne claramente: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”. Não tomar a forma do mundo, não viver como o mundo, com sua maneira de pensar e de avaliar as coisas. Só assim poderemos compreender a vontade de Deus – e ela passa pela cruz e ressurreição do Senhor!
Caríssimos, pensemos bem! Os cristãos não são mais perseguidos por soldados, já não são crucificados, jogados às feras ou queimados vivos. Hoje, o mundo nos combate invadindo nossa casa e nosso coração com tanta superficialidade e tanto paganismo, acirrando nossos instintos e explorando nossas fraquezas; hoje o mundo nos ataca nos ridicularizando, fazendo crer que o cristianismo é algo do passado, opressor e castrador... Quantos cristãos – até padres, freiras e teólogos – enganam-se e enganam pensando que se pode dialogar com o mundo... O mundo crucificou Jesus; o mundo crucifica o Evangelho; o mundo nos crucificará se formos fiéis ao Senhor. Estamos dispostos a pagar o preço? “O que poderá alguém dar em troca de sua vida?”
A única atitude realmente evangélica diante do mundo é o anúncio inteiro do Cristo, com todas as suas exigências - sem disfarçar, sem esconder, sem se envergonhar... E isso com paciência, com amor, com todo respeito.
Levantemo-nos, meus caros! Sigamos o Senhor até a cruz, para estar com ele na ressurreição. Amém
dom Henrique Soares da Costa
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22º Domingo do Tempo Comum, A.
"Se alguém Me quiser seguir, renegue-se a si mesmo, pegue na sua cruz e siga-Me"

Com olhos muito humanos, não vamos entender o que é de Deus e o que devemos realizar com Deus. Muitas vezes a caminhada se confunde com o caminho, porém faz-se necessário compreender aquelas vezes em que estes caminhos não se confundem. O Senhor nos chama a sermos missionário em qualquer lugar, sob qualquer situação e está á uma das belezas de ser movido pelo amor de Deus.

Este amor transborda e por não caber em si, vai em busca de nova dimensões. Por isso o Senhor te alerta ao mesmo tempo que convoca: largue tudo e me siga. Largue velhos laços, deixe velhos costumes que te impedem de caminhar conforme os ensinamentos do Céu. Ser de Deus requer reconhecer coisas e pessoas que nos afastam do caminho. Entretanto, não basta reconhecer. É preciso saber lidar com isso. Saber lidar com o valor de cada um, sem desmecermos o nosso próprio valor e sentimento.

Seguir a Jesus é pertencer - em vida - ao Céu. É viver a experiência de expandir o amor para que o mesmo contamine nossos próximos, criando um ambiente de paz, segurança e conforto. Por esta razão, em Igreja, nos encontramos em Família. Pois é neste lugar que residem estas qualidades. Assim, a renúncia que nos pedem, não pode significar deixar de viver, mas sim, deixar de pecar.

O exercício é contrário. É outro. Jesus veio libertar almas e espíritos, modos de pensar. Roma não era meta de Cristo. Muitos não compreenderam. A salvação material não é meta, nem deve ser. Contudo, não pode deixar de estar associada a pessoas que conseguem lidar melhor com situações quando enxergam a ótica da vida em Cristo. Entretanto, não é promessa que haja e nem que ocorra com todas as pessoas. Com isso, nossa fé não deve estar pautada neste tipo de visão "encantada" da Salvação. O nosso desafio é ser Rebanho do Senhor, ser Evangelizador de outros homens, é a beleza de aceitar a nossos desafios sem esmorecer.

A cruz não é nem pode ser sinal de derrota. A Cruz é o desafio diário de aceitar nossas realidades, limitações e mesmo diante de todas as dificuldades, caminharmos rumo à Eternidade. Para tal, é preciso que tomemos - cada um - as nossas cruzes. O Senhor nosso Deus não nos deixará cair, Ele será nosso Sirineu ao longo de toda jornada. Basta acatar o chamado que há.

O domingo, neste tempo litúrgico, nos permite atualizar no "hoje" as vontades do Senhor em nossas vidas. Aceitar a vontade do Pai é questão de perceber-se filhos e filhas do Criador. É notar o que muitas vezes insistimos em ocultar: Deus é nosso início e fim. Fim último, desejo de morada eterna.

Abramos as portas dos nossos corações às vontades dos Céus. Atualizemos neles os desígnios do Pai em nossas vidas para que possamos segui-los em verdade. Deixemos que nossas vidas se transformem em canal que transmita a luz dos céus. Assim, que a sombra não se propague e que mesmo se acaso propagar-se, seja sinal da mesma luz a romper o escuro, a desfazer a penumbra. É a salvação que nos aborda e nos chama a caminhar com Ele.

Feliz Dia do Catequista a todos os meus queridos Catequistas do Brasil e dos Países de Língua Portuguesa!

Fiquem com Deus,

Catequista Bruno Velasco

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O sentido da cruz e do sofrimento
Na modernidade, o discurso do sofrimento não atrai ninguém. Tomar a cruz e seguir Jesus é tornar-se um inconformado com as injustiças sociais. Vejamos como as leituras de hoje, no dia da vocação do leigo, podem nos iluminar em uma nova trajetória de fé.
1ª leitura (Jr. 20,7-9): O sofrimento advindo da sedução sagrada
“Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir.” Essas palavras de rara beleza poética fazem parte do colossal testemunho de fé, da confissão do profeta sofredor, Jeremias. Homem de profunda piedade, ele era sensível ao sofrimento e à crise. Optou por não se casar para dedicar-se ao profetismo, entre os anos 626 e 587 a.C. Jeremias atuou na cidade de Jerusalém. Segundo os apócrifos Vida dos profetas 2,1-6, ele era de Anatot e morreu em Táfnis, no Egito (Jr. 43,7s), apedrejado por seu povo (cf. Faria, 2006, p. 63). Jeremias passou grande parte de sua ação profética denunciando tribunais injustos, sacerdotes que usam a religião em proveito próprio, escravidão etc. Como diz a leitura de hoje, suas palavras eram somente “violência e opressão” (v. 8). Ele também tinha clareza de que o sofrimento de seus compatriotas no exílio na Babilônia era algo justo. Deus os castigava por causa de seus inúmeros pecados. Imagine quanta incompreensão vivera Jeremias. A leitura de hoje nos mostra a sua grande decepção. Ele acusa Deus de seduzi-lo no serviço profético. E diz com todas as letras: “estou cansado de suportar, não posso mais” (v. 9). Jeremias sabe que Deus mudara a sua vida. Quis casar e não o fez por causa da missão. Ele reclama e protesta contra Deus, como se este fosse responsável pela sua desgraça, pois ninguém queria ouvi-lo e até zombavam dele. No mais profundo sofrimento, Jeremias diz: “Maldito o dia em que eu nasci” (Jr 20,14); “Ai de mim, de minha mãe, porque tu me geraste” (Jr 15,10). O sofrimento do profeta interioriza as suas relações com Deus, que se torna seu íntimo. A sedução divina tomou conta de Jeremias. O seu sofrimento foi salvador, mesmo que ele o tenha proposto para o seu povo e o vivido na pele. Não que o tenha querido. Ele veio como consequência de sua ação profética.
Evangelho (Mt. 16,21-27): Tomar a cruz e seguir Jesus
Após Jesus demonstrar aos discípulos  que deveria ir a Jerusalém para sofrer, morrer e ressuscitar, Pedro toma a palavra e pede a Deus que não permita que isso aconteça. Ao que Jesus lhe chama de pedra de tropeço. Quem era Pedro para impedir a realização do projeto de Deus? Ele só podia ser um satanás na vida de Jesus. A palavra “satanás” naquele contexto significava adversário. Pedro é a pedra em que Jesus não queria tropeçar na sua marcha, de bem-aventurado rumo à realização de sua missão até as últimas consequências. Não é que o poeta também tinha razão: “havia uma pedra no meio do caminho”... de modo que Pedro, tendo recebido as chaves do Reino dos Céus, não está isento das fragilidades humanas e das dificuldades de se pôr em sintonia com o projeto de Deus. Deve ter cuidado para manter bem a caminhada para o Reino e não servir de pedra de tropeço.
Em seguida, Jesus convoca seus discípulos a tomar, cada um, a sua cruz, segui-lo, negar a si mesmo e perder a vida por causa dele. Ao longo de séculos, certas interpretações dessa passagem bíblica deram rumo à vida de muitos cristãos. Martírio, sofrimento, flagelação do corpo e tantos outros exemplos, às vezes buscados por vontade própria, poderão ilustrar o corolário de ações de cristãos para encontrar a salvação.
A cruz era um dos instrumentos usados pelos romanos para matar escravos e condenados por rebeldia pelo império, os quais, nus, agonizavam na cruz. Morrer crucificado era o “suplício mais cruel e terrível”, segundo o historiador da Antiguidade Flávio Josefo. E, o que é pior, antes de ser crucificado, o condenado podia ser torturado e até mesmo crucificado de cabeça para baixo ou empalado no poste da cruz, de forma obscena. Os judeus sabiam muito bem o que era a crucifixão, pois muitos deles morreram assim. O judeu seguidor de Jesus, com certeza, foi tomado de espanto com essa proposta de seu mestre: tomar a cruz, de livre e espontânea vontade, e segui-lo, sabendo que iria morrer de forma cruel. A lembrança desse ensinamento motivou muitos cristãos a aceitar o martírio como caminho de testemunho da ressurreição de Jesus e consequente salvação no reino escatológico. Com o fim do martírio naquele contexto, quando o império romano acabou aderindo ao cristianismo como religião do Estado, viu-se fortalecida a teologia do sofrimento pessoal, que acabou em resignação. Essa visão ainda perdura em nossos dias.
Jesus, ao repassar tal ensinamento, estaria aludindo à consequência lógica da adesão ao reino de justiça que ele pregava. Quem se punha contra o império acabaria na cruz. Não havia outro caminho que não fosse o de perder a própria vida. Ele não propôs sofrimento pelo sofrimento. Isso é masoquismo! Masoquismo e resignação, sofrer calado, não têm espaços no reino.
2ª leitura (Rm 12,1-2): Tomar a cruz é tornar-se presença
visível de Jesus e não se conformar com o mundo
Nessa pequena leitura de hoje, Paulo segue o pensamento das leituras anteriores. O cristão é convidado por ele a oferecer o seu corpo como hóstia viva, santa e agradável a Deus, como culto espiritual. Para além dos sacrifícios ritualistas judaicos, a comunidade cristã torna-se uma presença visível de Jesus ressuscitado. Ademais, o cristão não deve se conformar com este mundo, mas transformá-lo. Tomar a cruz e seguir Jesus, como atestou o evangelho de hoje, tem aqui a conotação de não se deixar iludir pelo poder, pela pompa, pelo dinheiro e seus esquemas injustos, mas solidarizar-se com os pobres e lutar contra a exclusão. Nada de sofrimento pelo sofrimento.
Pistas para reflexão
1. Celebrando, neste domingo de agosto, a vocação do leigo, do catequista, na comunidade, reforçar o papel do leigo no serviço à comunidade de fé mediante seu testemunho na transmissão da fé e na participação na vida da comunidade.
2. Refletir sofre a mentalidade ainda reinante entre os cristãos segundo a qual tomar a cruz e seguir Jesus é sinônimo de sofrimento pelo sofrimento e resignação.
3. Demonstrar que tomar a cruz de Jesus é tornar-se um profeta que não se acomoda diante das injustiças.
frei Jacir de Freitas Faria, ofm
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Seduzidos pelo Senhor
Os poucos versículos do livro de Jeremias lidos na liturgia deste domingo são ardorosos. Sim, a palavra é esta mesma.  Há fogo nessas linhas e nessa fala. “Seduziste-me, Senhor e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder”. Jeremias se dá conta da presença e da ação do Senhor em sua vida querendo que ele seja seu porta-voz.
Vendo as dificuldades o profeta desanima, mas o Senhor não desiste.
Jeremias fala de uma verdadeira sedução. O profeta se sente desencorajado. Como que meio envergonhado, meio perdido no meio da oposição que lhe é feita  Jeremias escreve: “Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dele”. Os profetas de ontem e de hoje sabem que nem sempre é cômodo dizer o que lhes pede o  Senhor. As pessoas não querem mudar. Acostumam-se com a vidinha de todos os dias, talvez não tão pecaminosa, mas medíocre, ritualista, vazia. Não querem mudar.  Há também os grandes prejudicadores do povo que ontem como hoje eliminam os profetas. Jeremias desabafa: Não quer mais falarem nome dele.  Quer fugir. No momento em que fala de seu desalento  faz uma outra experiência: “Senti então dentro de mim um fogo ardente a penetrar-me o corpo  todo: desfaleci sem forças para suportar”. Que fogo é esse? De onde este ardor?  Trata-se  de uma fortíssima experiência da proximidade de Deus. O Senhor, quando encontra  sinceridade de vida, quando as portas da intimidade, mesmo com receios e medos se abre ele passa a tomar conta da pessoa.  “Seduziste-me,  Senhor, e eu deixei-me seduzir”. Paulo, na epístola proclamada hoje, pede que seus leitores busquem viver com mais intensidade a busca da vontade de Deus. “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus...”. Essa é a preocupação dos discípulos: saber qual a vontade de Deus no casamento, na família, na hora de escolher os políticos, no encontro com o sofrimento. Paulo fala que será preciso  saber o que  é bom, o que agrada o Senhor e o que é perfeito.
Felizes aqueles cristãos que  vivem realmente no seguimento do Mestre. Jesus nos adverte a respeito de alguns aspectos de seu seguimento. Os que desejam seguir o  Senhor  não poderão ter sua agenda intocável. Haverá momentos  em que será preciso renunciar aos interesses pequenos: esquecer o ego e dar o perdão, não desesperar no momento do desemprego, acolher as doenças e o negativo da vida. Os que pensam salvar sua vida realizando tudo o que lhes apetece fazer  talvez estejam perdendo a vida. “De que adianta o homem salvar o mundo inteiro se vier a perder a própria alma?”
Jeremias foi seduzido pelo Senhor. Paulo lembra a necessidade de transformar a mente e o coração. Jesus leva os seus queridos a fazerem com ele a experiência da cruz que liberta.
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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O seguimento de Jesus
Hoje em dia, há muitos que bancam o profeta. Mas ser profeta não é fácil, e tampouco seguir um profeta. Jeremias descreve sua vida de profeta como uma sedução (1ª leitura). “Entrei numa fria”, dir-se-ia hoje. Desde o começo, foi um tanto recalcitrante (Jr. 1,6). Até quis fazer greve (Jr. 20,9), mas a voz de Deus era como um fogo ardente no seu peito. Não conseguia reprimi-la... Tal é a sorte do profeta. Quando ele tem uma mensagem desagradável e sempre de novo deve ferir os ouvidos, Deus não o deixa em paz.
Também Jesus sabia que este era seu caminho (evangelho). Sabia que sua visão de Deus e do mundo não concordava com aquilo que o povo, sobretudo os chefes esperavam. Pois é grande a diferença entre uma religião que serve para comprar o céu e uma fé que incansavelmente procura a vontade de Deus (seu incansável amor)! Quem não se quer converter da falsa segurança não pode tolerar a presença do incômodo profeta de Nazaré.
Simão Pedro, o mesmo que, pouco antes, proclamara a fé em Jesus como Messias e, por isso, se tornou o responsável dos seus irmãos, ainda não entendia a sorte do profeta. Pensava ainda em termos de sucesso, não em termos de cruz. Afinal, é agradável termos igrejas cheias, obras funcionando bem, entrevistas na TV etc. Mas quem acha isso mais importante do que a fidelidade à Palavra de Deus - mensagem amarga, que deve ser proclamada até o fim - não é digno de Jesus Cristo. É um adversário dele (o que, em hebraico, se chama “Satanás”). Para seguir Jesus, é preciso sentir o que Deus sente e não o que os homens acham...
Então Jesus fala do seguimento. Seguir a Jesus é renunciar a si mesmo, isto é, aos próprios conceitos feitos e acabados. É assumir sua cruz, a condenação humana, a degradação total... Diante da exigência da missão profética, querer salvar-se é perder-se (deixar de se realizar na missão de Deus). E perder-se (aos olhos dos homens) é realizar-se como enviado, como “filho” de Deus. A fidelidade à mensagem de Deus nos situa diante de uma escolha: garantir o sucesso humano (ganhar o mundo todo) ou ganhar “sua alma”, isto é, o cerne interior da existência. Devemos escolher entre uma realização superficial e a realização radical de nossa vida. Ora, que podemos dar em troca dessa realização radical, aquela que será sancionada pelo próprio Jesus, a partir de sua glória, na base daquilo que tivermos praticado?(24)
Há quem entenda a predição da Paixão de Jesus (evangelho) como sinal de que ele sofreu por querê-lo e o quis porque tinha que “pagar com seu sangue” em nosso lugar. Tal conceito é simplório. Certamente, Jesus sofreu porque o quis; porém, não porque gostava de sofrer (não era doente), mas porque a fidelidade à palavra do Pai o levou a isso. Se os homens se tivessem convertido à sua palavra, ele não teria sofrido (cf. Mt. 26,39-42 e par.)! Mas ele teve que enfrentar até o fim o orgulho congênito do ser humano.
A 2ª leitura, início das exortações finais de Rm. (muito ricas, por sinal), recebe uma luz particular do evangelho de hoje: oferecer-se como hóstia viva a Deus não é desprezar-se, mas é “culto razoável”, cultivo coerente e conseqüente da vontade de Deus: sermos plenamente seus: seu povo, seus filhos, seus profetas, não conformando-nos a este mundo, mas procurando conformidade com a vontade de Deus. É uma bela exortação para encenar a liturgia de hoje. Chamamos ainda atenção para a mensagem das orações: Deus alimenta com seu amor (sacramentado na Eucaristia) o que é bom em nós, nossa doação, nosso amor (oração do dia, oração final).
(24).Este evangelho não apregoa o desprezo da vida (corporal) em favor de um espiritualismo mórbido (“salvar a alma”). Alma, na linguagem bíblica, é sinônimo de vida total. Designa o princípio e o cerne da vida. Salvar sua alma é realizar sua vida, e realizá-la autenticamente. Ora, quem descobre a visão de Deus sobre a realidade (a estrutura sócio-econômica, a estrutura religiosa, o abuso ecológico, o esbanjamento dos bens vitais, o cinismo da guerra, a usurpação dos direitos humanos, a ludibriação da verdade - tudo o que está em desacordo com Deus) fica assombrado pela mensagem de Deus; só consegue “desfazer-se” dela proclamando-a.., e correndo o risco da rejeição. A não ser que sufoque sua própria alma no suicídio espiritual.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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RENUNIE A TUDO, TOME SUA CRUZ E SIGA-ME
1. O outro dia falando com um meu amigo, me disse que gostou de ver numa Igreja Jesus de braços aberto, ressuscitado. Até aqui tudo bem. Só que ele acrescentou algo que me deixou pensativo. Disse, de fato, que nas igrejas o crucifixo deveria ser escondido, para podemos anunciar um Jesus alegre. A proposta pode ser interessante e até seduzinte, mas esconde um dato inquietante, ou seja, a vontade de camuflar o Evangelho, de calá-lo. A cruz dói, machuca. O fato que cristo foi crucificado significa que algo não deu certo, não nele, mas na humanidade que o crucificou. E se a humanidade errou, crucifixo pendurado na parede é uma constante lembrança deste erro, que é o nosso. Este discurso serve para introduzir o dialogo entre Jesus e Pedro do Evangelho de hoje, um dialogo rico de indicações para nós cristãos que queremos seguir Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida.
2. “Vai para longe, satanás! Tu es para mim uma pedra de tropeço porque não pensas coisas de Deus, mas sim, as coisas dos homens” (Mt. 16,23).
Este versículo de Jesus revela que o mistério da morte, do sofrimento, da paixão e da cruz de Jesus está dentro do plano de Deus, plano anunciado pelos profetas e realizado na historia através da existência de Jesus. Por isso o cristão se identifica como aquele que escuta a Palavra de Deus, e não questiona, mas deve busca simplesmente de se tornar dócil á Ela. O mistério da cruz esconde o mesmo mistério de Deus, o mistério do seu amor. A reação de Pedro perante a explanação deste mistério é compreensível, pois é humana, enquanto expressa a preocupação de um amigo que não quer que o próprio parceiro sofra. E compreensível mas não é conforme o pensamento de Deus, que não se deixa mergulhar nos eventos do presente, mas olha no futuro e nas profundezas da humanidade. Entrar no pensamento de Deus, nas coisas de Deus é o caminho que a humanidade, a Igreja deve realizar. Claramente este caminho não é fácil, porque depara e, ao mesmo momento se defronta com toda uma serie de elementos terrenos, que constituem a tradição humana. Em quanto o homem pensa e age conforme os instintos de sobrevivência que o levam a fugir dos sofrimentos, das situações perigosas, pelo contrario Deus pensa no horizonte da vida eterna, que amiúde passa também por caminhos tortuosos, imprevisíveis, como por exemplo, a cruz de Cristo. É dentro este mistério que Jesus no Evangelho quer nos conduzir.
3. “Se alguém quer me seguir renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt. 16,24-25).
As palavras de Jesus são radicais: não deixa espaço a mal entendidos. Se quisermos seguir a Jesus no Caminho da vida precisamos nos afastar dos nossos caminhos, que a luz do Evangelho, são caminhos de morte. Renunciar a si mesmo, como exigência fundamental do Evangelho, significa isso mesmo, abandonar os próprios projetos humanos, pois são sempre baseados sobre o próprio egoísmo. Renunciar a si mesmo significa renunciar as nossas estratégias de salvação, ou seja, aqueles mecanismos que ativamos para tirar a nossa vida dos perigos, tirar nosso corpo fora das situações constrangedoras, para nos preservarmos. Seguir a Jesus significa aprender a colocar toda a confiança nele, na sua proposta que nos leva no meio da disputa entre o bem e o mal. Seguir a Jesus significa aprender a viver no meio do fogo sem se queimar, viver no meio dos perigos sem nos machucar. Seguir Jesus significa aceitar de sermos insultados, pois sabemos que toda vez que fomos insultados por causa do evangelho, somos bem-aventurados. Quem desejar uma vida tranqüila, sem problema, distante das preocupações, não é feito pelo Reino dos céus. Alem disso, é bom salientar que a renuncia a si mesmo não é só uma decisão que uma pessoa toma uma vez para sempre, mas sim uma luta constante. Aprendemos a renunciar aos desejos do mundo, somente se tivermos a inteligência de preencher a nossa alma cotidianamente com os sonhos de Deus, que encontramos na Sua Palavra, participando das liturgias e da vida da comunidade.
4. “Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida?” (Mt. 16,26).
É este o grande questionamento que Jesus dirige hoje para cada um de nós! Que adianta ganhar o mundo se depois perdemos a vida. Que adianta sermos considerados não sei o que pelo mundo e depois termo uma alma vazia. Estas de Jesus são perguntas cujo objetivo é nos alertar sobre o rumo que a nossa vida está tomando. A cada momento devemos nos perguntar se aquilo que estamos fazendo é no rumo da vida ou da morte, se os nossos planos são conforme o evangelho ou a mentalidade do mundo. Neste período eleitoral aonde muita gente endoida atrás de favores de candidatos, ou fica estressado pelo medo de perder as eleições, Jesus entra com este questionamento fortíssimo que tira do serio qualquer pessoa. Tudo aquilo que o mundo oferece não é nada mais que vaidade, pois não permanece no tempo, mas é destinado a perecer. Só Deus permanece para sempre. Só os Seus caminhos são caminhos de Vida verdadeira, que dura no tempo. Este é o grande desafio da vida cristã: resistir as aparências do mundo, agüentar a impressão, que em alguns momentos é fortíssima, de que a verdade está naquilo que o mundo fala. Mais uma vez: somente um constante contato com a vida de Deus, nos ajuda a desmascarar estas fantasias.
5. “Seduziste-me Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder” (Jr. 20,7).
È isso que deve acontecer conosco: deixarmos que o Senhor nos seduza com o seu amor; deixar que nos atraia com os laços da Sua Palavra; fazer com que o Seu poder entre em nós e derrube as nossas resistências, o nosso egoísmo, o nosso orgulho. Viver a experiência cristã não como um dever ou uma obrigação, mas sim como uma historia de amor, que envolve todos os nossos sentidos, a nossa pessoa sem deixar nada fora. Que esta Eucaristia nos encontre desta forma, nos seduza para podermos viver a semana toda com o fogo na alma do amor de Deus.
padre Paolo Cugini
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Ser cristão: questão de sacrifício ou de amor?
Há diferentes maneiras de pensarmos a vida. Quando escolhemos uma profissão podemos pensar em todas às quais renunciamos ou nos fixar naquela que escolhemos. De acordo com o primeiro ponto de vista, ao escolhermos uma profissão nós nos empobrecemos. A partir do segundo, aquela profissão escolhida nos enriquece e é isso que, de fato, temos. Podemos pensar o mesmo de qualquer relação humana. Ter um amigo é ter tudo, dizem alguns. É o melhor tesouro, dizem outros. Mas é igualmente verdade que, como não podemos ser amigos de todo mundo, possuir um significa renunciar a muitos outros. É que, simplesmente, não podemos ter tudo. Essa condição faz parte de nossas limitações como seres humanos.
Seguir Jesus significa renunciar a muitas coisas. Assim nos diz Jesus no Evangelho. Estar com Jesus significa negarmos a nós mesmos, é tornar Jesus o centro de nossa vida, pegar o que é nosso e segui-lo. Podemos voltar a nossa atenção àquilo que deixamos para trás, para as renúncias impostas a nós mesmos, para os mandamentos a que precisamos obedecer. Não são poucos. Tudo isso pode ter algo de cruz. É certo.
Mas talvez seja melhor voltarmos a nossa atenção para aspectos mais positivos. Como diz o profeta Jeremias na primeira leitura: "Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir". Quando ocorre esse processo de sedução, a pessoa seduzida já não se ocupa mais com o que ficou para trás. Só tem olhos para aquilo que está adiante, para o objeto que a seduz. Viver desta maneira a nossa fé nos levaria a descobrir não as renúncias, mas a alegria de nos encontrarmos com Jesus; não os mandamentos, mas a maravilhosa oportunidade de tomarmos parte numa comunidade de fiéis que a cada domingo celebra com alegria a sua fé. Isto é, veríamos muitos mais aspectos positivos do que negativos de nossa fé.
É a diferença entre ir forçado ou ir por amor. Quando nos obrigam a ir a algum lugar, quando vemos que outros apenas cumprem com a própria fé como se esta fosse uma obrigação pesada, é claro que descobriremos apenas os aspectos negativos dessa realidade. Se, desde pequeno, os meus pais me obrigaram a comer muito doce, é quase certo que ficarei enjoado. Mas quando é a própria realidade que me atrai, então, eu não me preocupo com o que ficou para trás, pois sinto-me atraído por tudo o que vejo de positivo naquilo que me seduziu. Quando perceberemos que o Evangelho é uma questão de amor?
Quando vou à Missa aos domingos, faço-o por obrigação, como um fardo pesado? Os mandamentos da vida cristã são para mim a expressão de meu amor por Jesus? Como cristão eu estou mais atento às renúncias ou à satisfação do encontro com Jesus e os irmãos?
Victor Hugo Oliveira
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SIGA-ME
Após questionar seus discípulos a respeito do que pensavam sobre Ele, e ouvir a confissão de fé de Pedro, Jesus começa a prepará-los para viverem a difícil passagem de sua paixão e morte, revelando o que vai acontecer quando retornarem a Jerusalém, capital dos judeus, onde se concentra o poder econômico, político, social e religioso.
Os apóstolos não entendem bem essa linguagem, e Pedro que a pouco acabara de professar sua fé, devido ao grande sentimento de carinho por Jesus, não aceita as consequências que estão por vir, e deseja que Jesus seja feito à imagem e semelhança de seus caprichos procurando afastá-lo do caminho da cruz, sem compreender o que ela representa para toda a humanidade.
A atitude de Jesus com Pedro mostra que Ele não é como a humanidade quer, ao contrário, quer que a humanidade seja como ele é. Por isso, repreende a Pedro com severidade, porque ele não raciocina na lógica de Deus, mas é levado por opiniões e interesses humanos. Jesus, dirigindo-se a todos os seus discípulos, ensina as exigências para quem quer segui-Lo: negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz, perder a própria vida para encontrá-la em plenitude.
Os primeiros cristãos utilizavam muito a expressão “tomar a cruz” para mostrar a sua união com Jesus em sua morte e ressurreição. Deram, portanto, a essa expressão um sentido pleno, relacionando-a ao mistério da Páscoa de Jesus.
O anúncio da cruz, da mortificação e do sacrifício como um bem, é difícil de ser compreendido pela lógica humana. A fé, entretanto, permite ver que o caminho da santidade passa pela cruz e todo o apostolado deve se fundamentar nela.
Muitos pensam que os critérios para seguir a Cristo são flexíveis, mas nesse evangelho Jesus deixa bem claro que segui-Lo exige adesão pessoal que implica em renúncia, aceitação e compromisso. À semelhança de Jesus, a orientação fundamental do cristão é encontrar vida na doação da própria vida em prol dos irmãos.
Jesus vinha exercendo seu ministério na Galiléia, onde se misturavam gentios e colônias judaicas, e nas regiões gentílicas vizinhas. Agora, tendo chegado bem ao norte, em Cesaréia de Filipe, como que dando por encerrado seu ministério nestas regiões, Jesus toma a decisão de voltar ao sul e, atravessando a Galiléia, seguir o caminho de Jerusalém. Nesta nova etapa de seu ministério, Jesus decide fazer seu anúncio libertador e vivificante diretamente entre as multidões de fieis do judaísmo que acorriam a Jerusalém, para atenderem ao preceito religioso de cumprir o dever de celebrar a Páscoa. Esta era a principal festa religiosa da tradição de Israel, e era a ocasião de todos os fieis, particularmente os que moravam em regiões mais distantes, trouxessem suas ofertas e dízimos anuais ao Templo. Jesus tinha consciência de que os chefes das sinagogas e do Templo de Jerusalém tinham a intenção de, em algum momento oportuno, matá-lo. A pregação e a prática libertadora de Jesus suscitara o ódio destes chefes, que tinham garantidos sua autoridade e seu poder a partir da Lei opressora, elaborada ao longo da tradição de Israel. Agora, a ida a Jerusalém poderia ser fatal. Contudo Jesus não renuncia ao propósito de anunciar ao mundo, sem restrições, o projeto de Pai, de libertar o mundo de toda opressão e promover a vida plena para todos. Jesus, então, fala aos discípulos sobre as provações que o aguardam em Jerusalém. Ë o chamado "anúncio da Paixão". Este "anúncio" pode ter dois sentidos. Na perspectiva messiânica é o sofrimento necessário redentor, de acordo com a tradição do Primeiro Testamento. Porém pode significar a comum prática repressora dos poderosos deste mundo que não toleram e procuram destruir todo aquele que promove a libertação do povo oprimido, tal como foi Jesus em toda sua vida. Mateus, em seu evangelho, faz um contraste. Pedro, ao identificar Jesus com o Cristo, tinha uma revelação de Deus, era proclamado como pedra da Igreja, a as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela (cf. 7 ago.). Agora, ao rejeitar o confronto de Jesus em Jerusalém, não tem a compreensão das coisas de Deus, é pedra de tropeço, e satanás. Jesus convida os discípulos a consagrarem sua vida à causa da justiça e da vida. Seduzidos pelo chamado de Jesus (primeira leitura), empenham-se em renovar as estruturas deste mundo conformando-o a tudo que é bom, justo, e agradável a Deus (segunda leitura).
Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo
padre Jaldemir Vitório
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TOME SUA CRUZ E SIGA-ME

Renunciamos a nós mesmos e decidimos seguir Jesus e estar com Ele onde Ele estiver aqui nesta terra, para estarmos com Ele lá no céu. Para isso, decidimos também tomar a cruz e carregá-la com coragem. Nossas decisões, porém, sofrem a marca da limitação humana. Necessitamos ter diante dos olhos o exemplo do Senhor que vai à nossa frente, que está sempre se entregando por nós na cruz e continua ressuscitando. Não podemos parar no caminho nem desanimar.
Voltar sempre ao Evangelho é condição para que Cristo viva em nós, se não o esquema do mundo nos engana e nos domina com facilidade. Alguém disse que “a coragem nem sempre ruge. Muitas vezes a coragem é a voz silenciosa no fim do dia que diz: ‘Vou tentar de novo amanhã’”. Dizer isso não é resultado da nossa força de vontade. É resultado do impulso do Espírito, do fogo que se reacende dentro de nós. Nosso trabalho consiste em manter vivas as motivações, renovar as utopias, sonhar com o impossível. É bom examinar os valores que povoam a nossa mente.
Mt. 16,21-27 – Jesus anuncia a seus discípulos que deve ir a Jerusalém e lá sofrer nas mãos das autoridades, ser morto, mas ressuscitará no terceiro dia. Evidentemente ninguém entendeu ou quis entender o que Jesus estava dizendo. Pedro então tomou a iniciativa de chamar a atenção de Jesus e censurá-lo, desejando que isso nunca acontecesse. Jesus reage com vigor e chama Pedro de satanás querendo com isso dizer que ele estava pensando com critérios humanos e não com os critérios de Deus. Jesus exorta os que o ouvem a renunciarem a si mesmos, tomarem a cruz e segui-lo com decisão. A vida vale mais do que o mundo inteiro, mas se a perdermos por causa de Cristo, nós a encontraremos. O evangelista São Mateus acrescenta ainda palavras de Jesus para dizer que ninguém ficará sem recompensa pelo esforço feito em carregar a cruz.
Jr. 20,7-9 – Jeremias se encantou com o seu Deus. Deixou tudo para servi-lo e anunciar de forma profética a Palavra de Deus. Deus o seduziu e ele se deixou seduzir. O resultado foi uma grande decepção. Zombaram de Jeremias e o perseguiram. O sofrimento do profeta foi tão grande que ele quis desistir. Mas, no meio do desânimo, sentiu um fogo ardente penetrar o seu corpo. Não foi o fogo da dor e do desânimo. Foi a presença do amor de Deus dando-lhe coragem e impulsionando-o a continuar, apesar do sofrimento e das contradições.
Sl. 62 (63) – Deus é o nosso socorro. N’Ele nos agarramos. Seu amor vale mais do que a vida.
Rm. 12,1-2 – Nosso culto espiritual é a oferta do nosso corpo em sacrifício vivo agradável a Deus, assim como Jesus Cristo que aceitou sofrer fisicamente e ter o seu corpo morto na cruz. Também a nossa mente, isto é, a nossa maneira de pensar e de julgar, deve ser agradável a Deus. Para tanto nossos valores não serão os do mundo.
Não podemos assimilar o esquema da sociedade em que vivemos, mas devemos aceitar uma transformação do espírito pela ação do Espírito Santo. Guiados apenas pela mente erramos e a incerteza nos domina. Com o espírito informado pelo Espírito Santo, não erramos porque tudo terá a marca do Amor. Não se deixar esquematizar pelo mundo envolvente e se deixar transformar pelo Espírito é o caminho do discernimento.
cônego Celso Pedro da Silva
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O seguimento de Jesus significa renunciar aos projetos pessoais
A introdução, "A partir de então", relaciona-se com a estada de Jesus com seus discípulos na região gentílica de Cesaréia de Filipe, ao norte da Galiléia e à profissão de fé de Pedro. Eles vão iniciar a viagem em direção ao sul com destino a Jerusalém. Na Galiléia os escribas e os fariseus das sinagogas de Cafarnaum e de mais algumas cidades entraram em conflito com Jesus e até já desejavam sua morte. Indo a Jerusalém, a sede do poder religioso do judaísmo, Jesus pressente o desfecho violento. É o momento de advertir os discípulos sobre o que os espera lá. Os discípulos não contavam com o arriscar a vida, pois esperavam que Jesus assumisse o papel de um messias poderoso que lhes conferiria uma boa e vantajosa posição no sistema. Já se sabia que os líderes religiosos, fariseus, herodianos, sacerdotes, estavam articulando a morte de Jesus. A novidade, agora, é a iminência da morte em Jerusalém, para onde Jesus caminha. Pedro havia professado sua fé em que Jesus era o tradicional messias poderoso, esperado por Israel. Nos evangelhos de Marcos e Lucas Pedro é repreendido por Jesus por tal compreensão. Em Mateus, que transfere o messianismo terreno de Jesus para um messianismo celestial, Pedro é elogiado. Agora, em uma narrativa que se encontra nos três evangelhos sinóticos, quando Jesus fala dos sofrimentos que deve enfrentar em Jerusalém da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, até a morte, Pedro o rejeita com veemência. Jesus, por sua vez o repreende austeramente, e as censuras de Jesus contradizem os elogios mencionados por Mateus anteriormente: se Pedro tinha acolhido a revelação messiânica do céu, agora só tem em mente as coisas dos homens; se era pedra fundamento da construção da Igreja, agora é pedra de tropeço; e se as portas do Inferno nunca prevalecerão contra a Igreja, Pedro, agora, faz o jogo de satanás. A ordem de Jesus a Pedro, "Volte para trás de mim", tem o sentido do retorno de Pedro ao chamado inicial que lhe foi feito: "Vinde após mim, e vos farei pescadores de homens" (Mt. 4,19). Jesus exige uma firme compreensão de sua missão libertadora e misericordiosa, rejeitando qualquer ideologia de poder, comparada a um espírito mau. Tal contradição presente no texto de Mateus sugere que os elogios a Pedro, por sua compreensão messiânica triunfalista sobre Jesus, expressem um empenho tardio na exaltação da instituição eclesial embrionária. O seguimento de Jesus significa renunciar aos projetos pessoais de realização aos olhos da sociedade estruturada pelos poderosos, e tomar a cruz. A cruz era o instrumento de suplício e morte imposto pelos romanos àqueles que ameaçavam a ordem do império. Eram os subversivos. Durante a revolta judaica no ano 6 d.C. os romanos crucificaram 500 revoltosos, contornando Jerusalém. Tomar a sua cruz, o que é diferente de "tomar o poder", não tem nada de messiânico. Tomar a cruz e perder sua vida é deixar-se seduzir pelo chamado de Jesus e renovar as estruturas desta sociedade conformando-a a tudo que é bom e agradável a Deus. Aqueles que são seduzidos pelo mundo dos ricos ambiciosos, pensando assim salvar suas vidas, são aprisionados pelas malhas do poder. Seguir Jesus e tomar sua cruz significa rejeitar os critérios de sucesso deste mundo e comprometer-se com a construção do mundo novo de fraternidade, justiça e paz, sem temer as adversidades que surgirão.
José Raimundo Oliva
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COMO SEGUIR JESUS?

O profeta Jeremias, num momento de crise pessoal, confessa ter sido seduzido por Deus: “Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir...”. Sua opção pela justiça de Deus custou-lhe muito sofrimento. Teve que suportar zombarias por todo lado. Sentiu que a Palavra do Senhor tornara-se para ele “fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro”. “Mas a voz de Deus era como um fogo ardente no seu peito. Não conseguia reprimi-la... Tal é a sorte do profeta. Paulo, ressalta o comportamento no dia a dia do cristão. A vida cristã se caracteriza por uma contínua busca da vontade de Deus, uma cotidiana adesão ao seu projeto, como uma resposta total e fiel ao chamado, à vocação, às orientações de sua Palavra e da Boa-Nova de Jesus. Jesus explica aos seus discípulos qual é o rumo de seu messianismo. Pensa no Servo Sofredor de Deus, que liberta o mundo por sua dedicação até a morte... Mas ninguém é obrigado a segui-lo. “Se alguém quiser me seguir”, diz Jesus. Portanto, trata-se de uma escolha pessoal. Optar por segui-lo significa a mesma sorte e o mesmo destino que ele: renunciar a si mesmo e tomar a cruz... O resultado final de tal opção é: ‘encontrar a vida’. O destino do cristão, discípulo de Jesus, não pode ser diferente do destino do mestre. O evangelho de hoje é claro. “Para estar com ele são exigidas duas condições: Renunciar a si mesmo é deixar de lado toda ambição pessoal. Carregar a própria cruz é enfrentar, com as mesmas disposições de Jesus, o sofrimento, perseguição e morte por causa da justiça que provoca o surgimento do Reino... Tomando consciência disso, vamos rever nossa escala de valores e critérios de decisão. A mania do sucesso, o prazer de dominar, de aparecer, de mandar... já não valem. Vale agora o amor fiel, que assume a cruz, até o fim”.
A liturgia do 22º domingo do tempo comum convida-nos a descobrir a “loucura da cruz”: o acesso a essa vida verdadeira e plena que Deus nos quer oferecer passa pelo caminho do amor e do dom da vida (cruz).
Na primeira leitura, um profeta de Israel (Jeremias) descreve a sua experiência de “cruz”. Seduzido por Jahwéh, Jeremias colocou toda a sua vida ao serviço de Deus e dos seus projetos. Nesse “caminho”, ele teve que enfrentar os poderosos e pôr em causa a lógica do mundo; por isso, conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição… É essa a experiência de todos aqueles que acolhem a Palavra de Jahwéh no seu coração e vivem em coerência com os valores de Deus.
A segunda leitura convida os cristãos a oferecerem toda a sua existência de cada dia a Deus. Paulo garante que é esse o sacrifício que Deus prefere. O que é que significa oferecer a Deus toda a existência? Significa, de acordo com Paulo, não nos conformarmos com a lógica do mundo, aprendermos a discernir os planos de Deus e a viver em consequência.
No Evangelho, Jesus avisa os discípulos de que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos e êxitos humanos, mas passa pelo amor e pelo dom da vida (até a morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.
1ª leitura: Jer. 20,7-9 - Ambiente
Jeremias nasceu em Anatot (a norte de Jerusalém), por volta de 650 a.C. Ainda novo (por volta de 627/626 a.C.), sentiu que Deus o chamava a ser profeta. A atividade profética de Jeremias prolongou-se até depois da destruição de Jerusalém pelos babilônios (586 a.C.). O cenário da atividade do profeta foi, em geral, o reino de Judá (e, sobretudo, a cidade de Jerusalém). Jeremias viveu numa época histórica bastante conturbada. Foi um período de grande instabilidade, de injustiças sociais gritantes, de infidelidade religiosa. Quer Joaquim (609-597 a.C.) quer Sedecias (597-586 a.C.) foram reis fracos, incapazes de responder com êxito às exigências da conjuntura internacional e de manter uma política de neutralidade em relação às grandes potências da época (sobretudo o Egito e a Babilônia). Jeremias – convencido de que Judá estava a ser infiel a Deus ao deixar de confiar em Jahwéh e ao colocar a sua segurança e a sua esperança nas mãos dos povos estrangeiros – criticou duramente os líderes do Povo e anunciou uma invasão estrangeira, destinada a castigar os pecados de Judá.
A pregação de Jeremias não foi, no entanto, apreciada pelo Povo e pelos líderes. Considerado um “profeta da desgraça”, Jeremias apenas conseguiu criar o vazio à sua volta e viu os amigos, os familiares, os conhecidos voltarem-lhe as costas. Conheceu a solidão, o abandono, a maledicência… Acusado de traição e encarcerado (cf. Jer. 37,11-16), o profeta chegou a correr perigo de vida (cf. Jer. 38,11-13).
Jeremias é o paradigma dos profetas que sofreram por causa da sua missão. De natureza sensível e cordial, homem de paz, Jeremias não foi feito para o confronto, para a violência das palavras ou dos gestos; mas Jahwéh chamou-o para “arrancar e destruir, para exterminar e demolir” (Jer. 1,10), para predizer desgraças e anunciar destruição e morte (cf. Jer. 20,8). Como consequência, foi continuamente objeto de desprezo e de irrisão e todos o maldiziam e se afastavam mal ele abria a boca. E esse homem bom, sensível e delicado sofria terrivelmente pelo abandono e pela solidão a que a missão profética o condenava.
Jeremias estava, verdadeiramente, apaixonado pela Palavra de Jahwéh e sabia que não teria descanso se não a proclamasse com fidelidade. Mas, nos momentos mais negros de solidão e de frustração, o profeta deixou, algumas vezes, que a amargura que lhe ia no coração lhe subisse à boca e se transformasse em palavras. Então, dirigia-se a Deus e censurava-O asperamente por causa dos problemas que a missão lhe trazia.
No Livro de Jeremias aparecem, a par e passo, queixas e lamentos do profeta, condenado a essa vida de aparente fracasso. Alguns desses textos são conhecidos como “confissões de Jeremias” e são verdadeiros desabafos em que o profeta expõe a Jahwéh, com sinceridade e rebeldia, a sua desilusão, a sua amargura e a sua frustração (cf. Jr. 11, 18-23; 12,1-6; 15,10.15-20; 17,14-18; 18,18-23; 20,7-18). O texto que hoje nos é proposto faz parte de uma dessas “confissões”.
Mensagem
O texto apresenta-nos uma desconcertante oração de Jeremias num momento dramático de desilusão e de desânimo (quando, preso pelos ministros de Sedecias e atirado para uma cisterna, se afundava no lodo? – cf. Jr. 38,4-6).
Esta estranha oração adota a forma de denúncia ou de acusação do profeta ao seu Deus. Essa acusação é formulada através da imagem da “sedução”: é como se Jahwéh tivesse namorado o profeta até ao ponto de o seduzir (o verbo “pth”, aqui utilizado, aparece em Ex 22,15 para falar da sedução de uma jovem solteira). Deus insinuou-Se na vida do profeta, pressionou-o, subjugou-o, dominou-o e o profeta não soube como resistir às investidas de Deus (o verbo “ykl”, utilizado no vers. 7 para definir a forma como Deus atuou em relação ao profeta, significa “exercer o poder”, “prevalecer sobre alguém”, “dominar”). O profeta, embalado pelas promessas desse Deus sedutor, incapaz de resistir ao seu “charme” e aos seus jogos de sedução, pressionado, dominado, violentado, entregou-se completamente nas suas mãos e dedicou toda a vida ao seu serviço.
O que é que o profeta ganhou com essa entrega? Nada. Esse Deus que o seduziu, que o forçou a dedicar a vida ao serviço profético, abandonou-o miseravelmente e deixou-o entregue aos insultos e às zombarias dos seus adversários. O profeta está desiludido e decepcionado… Essa desilusão irrompe em resolução firme de resistir à voz do sedutor: “não voltarei a falar nele, não falarei mais em seu nome” (v. 9). Conseguirá o profeta levar até ao fim o seu propósito?
Não. O amor por Deus e pela sua Palavra está tão vivo no coração do profeta que é inútil resistir: “procurava contê-lo, mas não podia” (v. 9). A Palavra de Deus é um fogo devorador, que consome o coração do profeta e que não o deixa demitir-se da missão e esconder-se numa vida cômoda e instalada. Ao profeta resta, portanto, continuar ao serviço da Palavra, enfrentando o seu destino de solidão e de sofrimento, na esperança de, ao longo da caminhada, reencontrar esse amor de Deus que um dia o seduziu e ao qual o profeta nunca saberá renunciar.
Atualização
A história de Jeremias é, em termos gerais, a história de todos aqueles que Deus chama a ser profetas. Ser sinal de Deus e dos seus valores significa enfrentar a injustiça, a opressão, o pecado e, portanto, pôr em causa os interesses egoístas e os esquemas sobre os quais, tantas vezes, se constrói a história do mundo; por isso, o “caminho profético” é um caminho onde se lida, permanentemente, com a incompreensão, com a solidão, com o risco. Deus nunca prometeu a nenhum profeta um caminho fácil de glórias e de triunfos humanos. Temos consciência disso e estamos dispostos a seguir esse caminho?
No batismo, fomos ungidos como “profetas”, à imagem de Cristo. Estamos conscientes dessa vocação a que Deus, a todos, nos convocou? Temos a noção de que somos a “boca” através da qual a Palavra de Deus ressoa no mundo e se dirige aos homens?
Neste texto – e, em geral, em toda a vida de Jeremias – impressiona-nos o espaço fundamental que a Palavra de Deus ocupa na vida do profeta. Ela tomou conta do seu coração e dominou-o totalmente. É uma “paixão” que – apesar de ter trazido ao profeta uma história pessoal de sofrimento e de risco – não pode ser calada e sufocada. Que espaço ocupa a Palavra de Deus ocupa na minha vida? Amo, de forma apaixonada, a Palavra de Deus? Estou disposto a correr todos os riscos para que a Palavra de Deus alcance a vida dos meus irmãos e renove o mundo?
O lamento de Jeremias não deve escandalizar-nos; mas deve ser entendido no contexto de uma situação trágica de sofrimento intolerável. É o grito de um coração humano dolorido, marcado pela incompreensão dos que o rodeiam, pelo abandono, pela solidão e pelo aparente fracasso da missão a que devotou a sua vida. É o mesmo lamento de tantos homens e mulheres, em tantos momentos dramáticos de solidão, de sofrimento, de incompreensão, de dor. É a expressão da nossa finitude, da nossa fragilidade, das nossas limitações, da nossa humanidade. É precisamente nessas situações que nos dirigimos a Deus (às vezes até com expressões menos próprias) e Lhe dizemos a falta que Ele nos faz e o quanto a nossa vida é vazia e sem sentido se Ele não nos estender a sua mão. Esses momentos não são, propriamente, momentos negativos da nossa caminhada de fé e de relação com Deus; mas são momentos (talvez necessários) de crescimento e de amadurecimento, em que experimentamos a nossa fragilidade e descobrimos que, sem Deus e sem o seu amor, a nossa vida não faz sentido.
2ª leitura: Rm. 12,1-2 - Ambiente
Depois de apresentar a sua catequese sobre o projeto de salvação que Deus tem para todos os homens (cf. Rm. 1,18-11,36), Paulo vai descer a considerações de caráter mais prático, destinadas a mostrar como deve viver aquele que é chamado à salvação.
Essas indicações práticas aparecem na segunda parte da Carta aos Romanos (cf. Rm. 12,1-15,13). Aí Paulo apresenta um longo discurso exortativo, no qual convida os romanos (e os crentes em geral) a comportar-se de acordo com as exigências da sua condição de batizados. Aderir a Cristo e acolher a salvação que Ele veio oferecer não significa ficar no simples campo das verdades teóricas e abstratas (por muito bonitas e profundas que elas possam ser), mas exige um comportamento coerente com os valores de Jesus e com a vida nova que Ele oferece. A adesão a Jesus implica assumir atitudes, nos vários momentos e situações da vida diária, que sejam a expressão existencial desse dinamismo de vida nova que resulta do batismo.
O texto que hoje nos é proposto é a introdução à segunda parte da Carta e a esta reflexão prática sobre as exigências do caminho cristão. Apresentam-se como uma espécie de ponte entre a parte teórica (primeira parte da carta) e a parte prática (segunda parte da carta).
Mensagem
A bondade e o amor de Deus (de que Paulo tratou abundantemente nos capítulos anteriores) convida a uma resposta do homem. Como é que deve ser essa resposta?
Paulo convida os crentes a oferecerem-se a si mesmos (literalmente “os vossos corpos”. “Corpo” não designa, aqui, essa entidade distinta da alma, mas a pessoa na sua totalidade, enquanto ser em relação. É o homem enquanto ser que se relaciona com Deus, com os outros homens e com o mundo). Os cristãos são aqueles que se entregam completamente nas mãos de Deus e que, em todos os instantes da sua existência, vivem para Deus. Essa oferta será um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. É esse “culto espiritual” (pode traduzir-se também como “culto lógico” ou “culto razoável”) que Deus espera do homem. O adjetivo utilizado por Paulo para referir-se ao culto é utilizado em contextos análogos, tanto por autores judeus como por autores gregos, para marcar a diferença entre um culto formal e exterior, que não compromete o homem e o culto verdadeiro, que brota do coração e que compromete o homem inteiro (cf. Am. 5,21-25; Os 6,6; Jo 4,23-24). Os crentes devem, portanto, oferecer inteiramente as suas vidas a Deus; e é esse o culto que Deus espera desses sobre quem derrama a sua misericórdia e a quem oferece a salvação.
Na perspectiva de Paulo, o que é que significa o homem oferecer inteiramente a sua vida a Deus?
Significa, em primeiro lugar, não se conformar com “este mundo” – isto é, manter uma distância crítica em relação aos esquemas do mundo e aos valores sobre os quais este mundo de egoísmo e de pecado se constrói. Significa, em segundo lugar, uma mudança de coração, de mentalidade e de inteligência, que possibilite ao homem discernir qual é a vontade de Deus, a fim de poder percorrer, com fidelidade, os seus caminhos.
O “culto espiritual” de que Paulo fala é, portanto, a entrega a Deus da totalidade da vida do homem. Na sua relação com Deus, com os outros homens e com o mundo, o cristão deve renunciar aos caminhos do egoísmo, do orgulho, da auto-suficiência, da injustiça e do pecado; e deve procurar conhecer os projetos de Deus, acolhê-los no coração e viver em coerência total com as suas propostas.
Atualização
Como é que o crente deve responder aos dons de Deus? Com atos rituais solenes e formais, com orações ou gestos tradicionais repetidos de forma mecânica, com a oferta de uma “esmola” para os cofres da Igreja, com uma peregrinação a um santuário? Paulo responde: o culto que Deus quer é a nossa vida, vivida no amor, no serviço, na doação, na entrega a Deus e aos irmãos. Respondemos ao amor de Deus entregando-nos nas suas mãos, tentando perceber as suas propostas, vivendo na fidelidade aos seus projetos. Como é o culto que eu procuro prestar a Deus: é um somatório de gestos mecânicos, rituais e externos, ou é uma vida de entrega e de amor a Deus e aos homens meus irmãos?
“Não vos conformeis com este mundo” – pede Paulo. O cristão é alguém que não pactua com um mundo que se constrói à margem ou contra os valores de Deus. O cristão não pode pactuar com a violência como meio para resolver os problemas, nem com a lógica materialista do sucesso a qualquer custo, nem com as leis do neo-liberalismo que deixam atrás uma multidão de vencidos e de sofredores, nem com as exigências de uma globalização que favorece alguns privilegiados mas aumenta as bolsas de miséria e de exclusão, nem com a forma de organização de uma sociedade que condena à solidão os velhos e os doentes… Eu sou um comodista, egoisticamente instalado no meu cantinho a devorar a minha pequena fatia de felicidade, ou sou alguém que não se conforma e que luta para que os projetos de Deus se concretizem?
“Transformai-vos pela renovação espiritual da vossa mente” – diz Paulo. Estou instalado nos meus preconceitos, nas minhas certezas e seguranças, nos meus princípios imutáveis, ou estou sempre numa permanente escuta de Deus, dos seus caminhos, dos seus projetos e propostas?
Evangelho: Mt. 16,21-27
O episódio que o Evangelho de hoje nos propõe vem na sequência daquele que lemos e refletimos no passado domingo. Então (cf. Mt. 16,13-20), a comunidade dos discípulos expressava a sua fé em Jesus como o “Messias, Filho de Deus” (é sobre essa fé – diz Jesus – que a Igreja será edificada); agora, Jesus vai explicar a esse grupo de discípulos o sentido autêntico do seu messianismo e da sua filiação divina.
Continuamos, ainda, no âmbito da “instrução sobre o Reino” (cf. Mt. 13,1-17,27); no entanto, iniciamos, com este episódio, uma secção onde se privilegia a catequese sobre esse destino de cruz que aparece no horizonte próximo de Jesus (cf. Mt. 16,21-17,27).
Nesta fase, as multidões ficaram para trás e os líderes já decidiram rejeitar Jesus. Quem continua a acompanhar Jesus, de forma indefectível, é o grupo dos discípulos. Eles acreditam que Jesus é o “Messias, Filho de Deus” e querem partilhar o seu destino de glória e de triunfo. Jesus vai, no entanto, explicar-lhes que o seu messianismo não passa por triunfos e êxitos humanos, mas pela cruz (cf. Mt. 16,21-17,21); e vai avisá-los de que viver como discípulo é seguir esse caminho da entrega e do dom da vida (cf. Mt. 17,22-27).
Mateus escreve o seu Evangelho para comunidades cristãs do final do séc. I (anos 80/90). São comunidades instaladas, que já esqueceram o fervor inicial e que se acomodaram num cristianismo morno e pouco exigente. Com a aproximação de tempos difíceis (no horizonte próximo estão já as grandes perseguições do final do séc. I), é conveniente que os crentes recordem que o caminho cristão não é um caminho fácil, percorrido no meio de êxitos e de aplausos, mas é um caminho difícil, que exige diariamente a entrega e o dom da vida.
Mensagem
O nosso texto pode, claramente, dividir-se em duas partes. Na primeira (vs. 21-23), Jesus anuncia aos discípulos a sua paixão; na segunda (vs. 24-28), Jesus apresenta uma instrução sobre o significado e as exigências de ser seu discípulo.
A primeira parte começa com o anúncio de Jesus de que o caminho para a ressurreição passa pelo sofrimento e pela morte na cruz. Não é uma previsão arriscada: depois do confronto de Jesus com os líderes judeus e depois que estes rejeitaram de forma absoluta a proposta do Reino, é evidente que o judaísmo medita a eliminação física de Jesus. Jesus tem consciência disso; no entanto, não se demite do projeto do Reino e anuncia que pretende continuar a apresentar, até ao fim, os planos do Pai.
Pedro não está de acordo com este final e opõe-se, decididamente, a que Jesus caminhe em direção ao seu destino de cruz. A oposição de Pedro (e dos discípulos, pois Pedro continua a ser o porta-voz da comunidade) significa que a sua compreensão do mistério de Jesus ainda é muito imperfeita. Para ele, a missão do “Messias, Filho de Deus” é uma missão gloriosa e vencedora; e, na lógica de Pedro – que é a lógica do mundo – a vitória não pode estar na cruz e no dom da vida.
Jesus dirige-Se a Pedro com alguma dureza, pois é preciso que os discípulos corrijam a sua perspectiva de Jesus e do plano do Pai que Ele vem realizar. O plano de Deus não passa por triunfos humanos, nem por esquemas de poder e de domínio; mas o plano do Pai passa pelo dom da vida e pelo amor até às últimas consequências (de que a cruz é a expressão mais radical). Ao pedir a Jesus que não embarque nos projetos do Pai, Pedro está a repetir essas tentações que Jesus experimentou no início do seu ministério (cf. Mt. 4,3-10); por isso, Mateus coloca na boca de Jesus a mesma resposta que, então, Ele deu ao diabo: “Retira-te, Satanás”. As palavras de Pedro – como as do diabo anteriormente – pretendem desviar Jesus do cumprimento dos planos do Pai; e Jesus não está disposto a transigir com qualquer proposta que O impeça de concretizar, com amor e fidelidade, os projetos de Deus. Na segunda parte, Jesus apresenta uma instrução sobre as atitudes próprias do discípulo. Quem quiser ser discípulo de Jesus, tem de “renunciar a si mesmo”, “tomar a cruz” e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega e de dom da vida.
O que é que significa, exatamente, renunciar a si mesmo? Significa renunciar ao seu egoísmo e auto-suficiência, para fazer da vida um dom a Deus e aos outros. O cristão não pode viver fechado em si próprio, preocupado apenas em concretizar os seus sonhos pessoais, os seus projetos de riqueza, de segurança, de bem-estar, de domínio, de êxito, de triunfo… O cristão deve fazer da sua vida um dom generoso a Deus e aos irmãos. Só assim ele poderá ser discípulo de Jesus e integrar a comunidade do Reino.
O que é que significa “tomar a cruz” de Jesus e segui-l’O? A cruz é a expressão de um amor total, radical, que se dá até à morte. Significa a entrega da própria vida por amor. “Tomar a cruz” é ser capaz de gastar a vida – de forma total e completa – por amor a Deus e para que os irmãos sejam mais felizes. No final desta instrução, Jesus explica aos discípulos as razões pelas quais eles devem abraçar a “lógica da cruz” (vs. 25-27). Em primeiro lugar, Jesus convida-os a entender que oferecer a vida por amor não é perdê-la, mas ganhá-la. Quem é capaz de dar a vida a Deus e aos irmãos não fracassou; mas ganhou a vida eterna, a vida verdadeira que Deus oferece a quem vive de acordo com as suas propostas (v. 25).
Em segundo lugar, os discípulos são convidados a perceber que a vida que gozam neste mundo não é a vida definitiva. Não devem, pois, preocupar-se em preservá-la a qualquer custo: devem é procurar encontrar, já nesta terra, essa vida definitiva que passa pelo amor total e pelo dom a Deus e aos outros. É essa a grande meta que todos devem procurar alcançar (v. 26). Em terceiro lugar, os discípulos devem pensar no seu encontro final com Deus: nessa altura, Deus dar-lhes-á a recompensa pelas opções que fizeram… Esta alusão ao momento do juízo não é rara em Mateus: ele recorre, com alguma frequência, a esta motivação para fundamentar as exigências éticas da vida cristã.
Atualização
Na reflexão, considerar os seguintes dados:
Frente a frente, o Evangelho deste domingo coloca a lógica dos homens (Pedro) e a lógica de Deus (Jesus). A lógica dos homens aposta no poder, no domínio, no triunfo, no êxito; garante-nos que a vida só tem sentido se estivermos do lado dos vencedores, se tivermos dinheiro em abundância, se formos reconhecidos e incensados pelas multidões, se tivermos acesso às festas onde se reúne a alta sociedade, se tivermos lugar no conselho de administração da empresa. A lógica de Deus aposta na entrega da vida a Deus e aos irmãos; garante-nos que a vida só faz sentido se assumirmos os valores do Reino e vivermos no amor, na partilha, no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade. Na minha vida de cada dia, estas duas perspectivas confrontam-se, a par e passo… Qual é a minha escolha? Na minha perspectiva, qual destas duas propostas apresenta um caminho de felicidade seguro e duradouro?
Jesus tornou-Se um de nós para concretizar os planos do Pai e propor aos homens – através do amor, do serviço, do dom da vida – o caminho da salvação, da vida verdadeira. Neste texto (como, aliás, em muitos outros), fica claramente expressa a fidelidade radical de Jesus a esse projeto. Por isso, Ele não aceita que nada nem ninguém O afaste do caminho do dom da vida: dar ouvidos à lógica do mundo e esquecer os planos de Deus é, para Jesus, uma tentação diabólica que Ele rejeita duramente. Que significado e que lugar ocupam na minha vida os projetos de Deus? Esforço-me por descobrir a vontade de Deus a meu respeito e a respeito do mundo? Estou atento a esses “sinais dos tempos” através dos quais Deus me interpela? Sou capaz de acolher e de viver com fidelidade e radicalidade as propostas de Deus, mesmo quando elas são exigentes e vão contra os meus interesses e projetos pessoais?
Quem são os verdadeiros discípulos de Jesus? Muitos de nós receberam uma catequese que insistia em ritos, em fórmulas, em práticas de piedade, em determinadas obrigações legais, mas que deixou para segundo plano o essencial: o seguimento de Jesus. A identidade cristã constrói-se à volta de Jesus e da sua proposta de vida. Que nenhum de nós tenha dúvidas: ser cristão é bem mais do que ser batizado, ter casado na igreja, organizar a festa do santo padroeiro da paróquia, ou dar-se bem com o padre… Ser cristão é, essencialmente, seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. O cristão é aquele que faz de Jesus a referência fundamental à volta da qual constrói toda a sua existência; e é aquele que renuncia a si mesmo e que toma a mesma cruz de Jesus.
O que é “renunciar a si mesmo”? É não deixar que o egoísmo, o orgulho, o comodismo, a auto-suficiência dominem a vida. O seguidor de Jesus não vive fechado no seu cantinho, a olhar para si mesmo, indiferente aos dramas que se passam à sua volta, insensível às necessidades dos irmãos, alheado das lutas e reivindicações dos outros homens; mas vive para Deus e na solidariedade, na partilha e no serviço aos irmãos.
O que é “tomar a cruz”? É amar até às últimas consequências, até à morte. O seguidor de Jesus é aquele que está disposto a dar a vida para que os seus irmãos sejam mais livres e mais felizes. Por isso, o cristão não tem medo de lutar contra a injustiça, a exploração, a miséria, o pecado, mesmo que isso signifique enfrentar a morte, a tortura, as represálias dos poderosos.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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TOME SUA CRUZ E SIGA-ME

Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”
O que significa renuncie-se a si mesmo? Significa não ser egoísta priorizando a sua vontade, mais sim a vontade do Pai. Significa dizer não para o seu corpo para poder receber o corpo e o sangue de Cristo menos indignamente. É entregar a sua vida para seguir e mostrar aos demais, o verdadeiro caminho verdade e vida. É a vida do sacerdote. Ele renuncia a si mesmo, doando-se pela causa do reino de Deus, e grande será sua recompensa no céu.
E o que significa tomar uma cruz e seguir Jesus? Nossa vida é rodeada de cruzes, as quais nem sempre as tomamos, nem sempre as assumimos, nem sempre aceitamos. É um paraplégico ou deficiente visual na nossa família, é o barulho e outros incômodos dos nossos vizinhos, é um filho ou filha que aprontou alguma, ou alguma pessoa no trabalho ou da família que nos maltrata, etc. São várias cruzes que temos de carregar, para poder seguir Jesus. Até mesmo carregamos tais cruzes, mais reclamando, xingando blasfemando. Sim. É blasfêmia maldizer as nossas cruzes, por que elas fazem parte do nosso viver. São permitidas por Deus por que precisamos delas, pode ser para nos purificar, para nos completar, ou para baixar a nossa crista de arrogância, ou mesmo porque as merecemos, pelo mau uso que fizemos da nossa liberdade. Em vez de xingar ou amaldiçoar as suas cruzes, reze com força e peça a Deus o perdão dos seus pecados, para que você possa merecer a redução do peso delas. Ah! Não se esqueça de oferecer todo dia o sofrimento decorrente das suas cruzes, em perdão dos seus pecados. Não existe um viver sem cruzes. Todos as temos. E só Jesus pode nos ajudar a atenuar o peso delas. Sabe como? Procurando fixar a nossa mente mais nas coisas agradáveis da nossa vida para esquecer um pouco as nossas cruzes. Se ficarmos só pensando no sofrimento das nossas cruzes ficarmos por demais infelizes. Lembre-se do que Jesus disse: “Meu fardo é leve...” Já reparou que ao contrário de um velório, em uma festa a gente foge quase que totalmente das nossas cruzes? Divertimos, sorrimos, dançamos, e nem pensamos nas cruzes. Nos dias de Natal e Ano Novo também. Comemos, bebemos, nos abraçamos, e não pensamos em coisas ruins. Depois voltamos a “vaca fria” do nosso dia a dia para nos atormentar com o nosso pensamento dominante estacionado no peso das nossas cruzes. Prezados irmãos: Vamos pedir a Deus paciência e forças para carregar as nossas cruzes. Releia esta meditação quando as suas cruzes parecerem pesadas demais.
As leituras deste domingo nos levam a refletir sobre quem é Jesus na nossa vida e sobre a importância de nos doar a serviço da Igreja fundada pelo próprio Jesus Cristo.  Hoje o Evangelho nos convida a pensar no fato de doarmos de verdade a nossa vida a serviço Do Reino, seja sendo um sacerdote, seja sendo uma freira, seja sendo um ou uma catequista, seja participando de qualquer pastoral da nossa paróquia, para contribuir pela salvação da humanidade, incluindo a nossa própria salvação. Pois teremos cem vezes mais nesta vida e ainda a vida eterna.
"Quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la."
Caríssimos. Não é só o sacerdote que tem o privilégio de negar a si mesmo, pegar a sua cruz e seguir Jesus doando-se pela causa do Reino. Você hoje também está sendo convidada, convidado a fazer o mesmo ou semelhante ao padre.  Você está sendo convidado por Jesus a  doar sua vida ou parte dela pela salvação da humanidade. Veja. Não precisa você largar tudo agora neste instante, sua família, seu emprego, seus bens, e se aventurar pela África  num projeto missionário. Nem tanto ao mar nem tanto a terra.  Você pode doar-se pela causa do reino e ao mesmo tempo cuidar da sua vida, da sua família, pois Jesus lhe dará condições de realizar tudo isso.
            Então? O que está esperando? Uma carta do Papa? Uma comitiva especial da Diocese convidando você a participar da catequese ou de qualquer pastoral da sua paróquia?
Grande abraço, e mãos a obra!

ORAÇÃO:
Jesus. Perdoa os meus pecados e alivia o peso dos meus sofrimentos. Causados pelo peso das minhas cruzes. Perdoa-me porque às vezes me revolto com o aborrecimento advindo das minhas cruzes. Amém.
Sal
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Domingo, 28/08/2011                                Gilberto Silva
Evangelho Mt 16,21-27
“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo.”
Caríssimos irmãos e irmãs,
 Aquela cruz que Jesus carregou e foi martirizado é também um sacramento para nós católicos cristão como um sinal visível da sua presença todas as vezes que a contemplamos. Ao ver a cruz imediatamente associamos o sofrimento de Jesus por conta dos nossos pecados.
Esta mesma cruz serve para “testar” a nossa fé, fazendo-nos partícipes no sofrimento do Filho de Deus. Quando Jesus diz aos apóstolos que iria sofrer, ser castigado e morrer pelas mãos dos irmãos fariseus, sacerdotes e mestres da lei, Pedro o repreende: “ Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!” pensemos:
a) Será que Pedro pensou que Jesus por ser o Filho do Deus vivo estaria protegido dos sofrimentos humanos?
b) Porque Jesus sendo Deus, Ele estaria imune da dor e da morte?
c) Será que nós por participarmos da santa eucaristia e comungar o Seu Corpo e o Seu preciosíssimo Sangue estamos também libertos do pecado e do padecimento físico?
Caríssimos irmãos e irmãs, temos que ter em mente que as nossas cruzes além de testar a nossa fé também nos prova, como o fogo prova o ferro, a fim de transformar-nos em novas criaturas, lapidadas e modificadas pelo fogo do Espírito Santo e pelo amor inefável e transformador de Jesus. Que a cruz é também fonte de amor e de entrega por todos os seres vivos.
Muitas vezes nos perguntamos por que sofremos, porque fulano e sicrano padecem fisicamente, moralmente, financeiramente, espiritualmente e amorosamente, não é mesmo? Às vezes fazemos como Pedro, questionando a Deus o porquê de tantas coisas e os seus desígnios imprudentemente, quando na realidade deveríamos nos agarrar a Ele na fé, na confiança de que é o nosso porto seguro.
A morte de Jesus é um fato histórico e por que não dizer cósmico que mexeu e continuará mexendo como todo o mundo e especialmente a Sua ressurreição ao terceiro dia é o divisor que nos ensina que há uma vida nova após a morte onde toda a humanidade estará reunida pelo amor de Deus e pela entrega do seu Filho amado.
Jesus tinha o conhecimento que seus apóstolos ainda não estavam prontos ou preparados para os acontecimentos que seguiria mais adiante nesta caminhada a Jerusalém. Tudo estava preparado pelos seus algozes. Ele anuncia: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo.”
O segredo da felicidade não está em evitar a sua cruz e a dos outros, mas carregá-la e ajudar aos irmãos também com as deles, principalmente os mais debilitados e desafortunados. Lembre-se que a nossa cruz é leve, pois carregamos apenas os nossos pecados e a cruz que Cristo carregou teve e tem o peso de todos os pecados da humanidade para nossa redenção, pelo seu infinito amor e  sua obediência ao Pai.
Que a cruz de Cristo por seu amor a todos nós, seja também a nossa por amor a Jesus.
 Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
 Gilberto Silva
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Evangelho Mateus 25, 14-30
                                                       
A parábola nos apresenta dois tipos de pessoas: uma que investe o que recebeu de Deus, e uma outra que por medo e desconfiança, acaba enterrando na terra, por medo de perder.
Talentos aqui, são aqueles carismas pessoais que sentimos brotar dentro da comunidade, para entendermos a parábola, vou recordar alguns casos concretos que já presenciei. Primeiramente vou falar do Carlinhos, um adolescente que na comunidade sentiu o carisma de aprender tocar violão, e acabou se tornando um exímio instrumentista, ganhou tanto gosto pela coisa que fez um curso completo e depois de já estar dominando totalmente o seu talento, formou um grupo de garotos pobres do bairro, e começou e ensinar-lhes a tocarem violão. Como amava o que fazia, ensinava sempre com muito amor e seriedade, resultado, a garotada que se dedicou ao aprendizado, também foram crescendo e tomando gosto pela coisa, muitos deles até passaram a tocar em Bandas musicais, a partir do violão que aprenderam com o Carlinhos.
Resultado, antes do Carlinhos dar o seu carisma para a comunidade, encontrar um violeiro era muita dificuldade porém, depois que ele iniciou a sua caminhada e encontrou o seu carisma na música, a comunidade teve por muito tempo um bom número de violeiros, todos saídos do time do Carlinhos. Ele até dizia sorrindo, que naquele grupo tinha gente até melhor do que ele, para solar um violão ou acompanhar o ministério de canto. Com o tempo, o grupo foi se aprimorando com o Carlinhos, até que formaram na comunidade uma orquestra de violões
que chegou a se apresentar até em uma emissora de TV.
Conheci também uma jovem que começou a cantar salmos e o fazia maravilhosamente bem, e como era destaque naquilo que fazia, era muito solicitada nas celebrações do domingo, quando era o Padre que celebrava e era preciso caprichar na liturgia. Outras pessoas também jovens se admiravam da voz afinada e do desempenho da cantora salmista, nos ensaios tentavam aprender com ela, entretanto, embora aparentemente estivesse disposta a ensinar, a jovem sempre dizia que a arte de cantar é algo difícil de ser apreender, porque a pessoa já nasce com esse dom e quando aparecia alguém que poderia lhe fazer frente, ela logo dava um jeito de manter-se na escala da celebração principal, deixando a outra para a celebração do dia de semana. Tinha medo de perder o destaque....
Acontece que um dia o Padre celebrou no dia de semana e ficou conhecendo a outra salmista, admirando-se com a performance da mesma e convidando-a para a missa do domingo. E assim, a salmista estrela já não era a única a brilhar, surgira mais uma tão boa como a primeira, entretanto, sentindo-se rejeitada, a primeira salmista que se julgava um talento, começou a parar de cantar, a comunidade até sentiu falta, mas como ela tinha o nariz empinado, ninguém ousou convidá-la para voltar....Eis aí dois exemplos concretos da parábola dos talentos, nem precisa explicar qual dessas triplicou o talento recebido, e qual delas enterrou de maneira egoísta o talento que havia recebido....Não importa qual talento e quanto você recebeu, a pergunta mais importante é, você tem se arriscado empregando-o para servir a comunidade, ou tem medo de perder o seu espaço e não quer concorrentes por perto?
Diac.José da Cruz
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RENUNCIE A SI MESMO
"SE ALGUÉM QUER VIR APÓS MIM, RENUNCIE A SI MESMO, TOME SUA CRUZ E SIGA-ME" – Nancy

Mt 16,24-28



            Renunciar a si mesmo foi proposta de Jesus Cristo aos seus discípulos, naquele tempo, e continua sendo hoje a mesma proposta a todos nós que realmente queremos ser seus seguidores. Rememoremos: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me."
            O que Jesus quer nos dizer com essa renúncia de si mesmo? Ele nos pede para sermos alienados, omissos, desligados do mundo? Ou ele simplesmente pede que nos desapeguemos de tudo aquilo que nos faz a cada dia, mais materialistas, consumidores vorazes, comprometidos com o status social...
            Há três frases marcantes narradas pelo evangelista Mateus, neste evangelho do dia, que nos chamam a atenção:
·        renunciar a si mesmo;
·        tomar a sua cruz; e
·        seguir Jesus.
            Renunciar a si mesmo é viver em equilíbrio, sem mais e nem menos. É renunciar aos prazeres mundanos que nos levam ao pecado, à corrupção, à satisfação dos nossos desejos carnais ilimitados. Não quer isto dizer que não devemos participar de festas, reuniões sociais, horas de lazer! Significa vivenciar tudo isso, mas primeiramente abrindo mão da nossa vontade para fazer a vontade de Deus Pai.
            Tomar a sua cruz tem tudo a ver com a aceitação das vicissitudes de nossa vida, sem que com isso nos tornemos acomodados, passivos. Não, Jesus nos incita a buscar, a agir, a lutar por dias melhores e vencer os desafios, mas não nos aceita pessimistas, ave de mau agouro... Ele nos convida a tomar cada um a sua cruz, e carregando-a, caminhar. Não nos ensina a arrastar a cruz, o que a faria mais pesada. 
            Seguir Jesus é fazer a vontade do Pai, conhecendo as palavras do Mestre e colocando-as em prática em nosso dia a dia. Seguir Jesus é servir aos irmãos em suas necessidades físicas, biológicas, materiais, espirituais. É perceber o outro como o nosso próximo mais próximo.    
            Num dia de trabalho nós podemos cumprir toda a nossa agenda ou deixar uma parte dela para o dia seguinte porque não foi possível fazer tudo naquele dia. Porém, para sermos discípulos de Jesus não há cumprimento pela metade. Ou somos cumpridores de forma plena, ou não somos seguidores de Jesus.      
            Queridos irmãos: seguir Jesus é um convite a todos nós; não uma convocação. Portanto, é nossa opção segui-Lo ou não. E você, já fez a sua opção? Quer ser um seguidor de Jesus Cristo?
            Quiçá possamos dizer sim ao convite de Jesus assim como fez Maria, mãe do Mestre e Senhor. Pois "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me." Amém!
            Abraços fraternos.
            Nancy – professora
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22º DOMINGO  COMUM -ANO   A
                           
            A Liturgia da palavra deste 22º Domingo Comum - A, é um renovado convite a cada um de nós para tomarmos a nossa Cruz.
            Todo o empreendimento humano, de grande ou pequeno vulto, supõe habitualmente, uma entrega e uma doação totais.
            Só assim o homem consegue alguma coisa de útil e importante na sua vida.     
            Ao aceitar a Palavra de Deus, o homem, no íntimo mais profundo do seu ser, estabeleceu uma aliança com uma Pessoa – Jesus Cristo – e não com uma ideologia.
            O preço da fidelidade a esta aliança é a renúncia de si mesmo.
            «Quem quer ganhar a vida perdê-la-á».
            A Lei de Deus, transmitida aos homens, faculta a escolha livre e consciente do caminho a seguir.
            Não subjuga, liberta, ajudando a discernir o que é essencial do que é acidental, revelando a vontade do Pai e dando a conhecer a Pessoa do Filho – Jesus Cristo – com Quem nos comprometemos.
            A 1ª Leitura, do Livro do profeta Jeremias, diz-nos que o profeta Jeremias é acusado de sedutor, ou de «profeta de desgraças» por anunciar ao povo o ruir de infundadas esperanças do rei e seus conselheiros
            Segundo o profeta, o povo não resistiria ao forte poderio da Babilónia.
            Queira o rei ou não, a palavra cumprir-se-á, pois é a voz de Deus, é a verdade.
            - “Em todo o tempo sou objecto de escárnio, toda a gente faz troça de mim. Pois sempre que falo, eu tenho de bradar e proclamar «Violência e ruína».(1ª Leitura)
            Nós podemos  ver como o profeta Jeremias faz as suas confissões amarguradas e dolorosas, por causa da hostilidade que ele encontra no exercício do seu ministério, e sente-se profundamente abalado ao anunciar a triste mensagem.
            É essa a sua cruz.
            Havia no seu peito um fogo ardente.
            Ele esgotava-se para o dominar e não conseguia.
            Cristo caiu três vezes com a Sua cruz, mas sempre se levantou.
            Quantas vezes não caímos nós ?                       
            Com Jeremias também nós temos que proclamar como oSalmo Responsorial :
            - “A minha alma tem sede de Vós, meu Deus” !       
            Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Romanos e hoje também a todos os cristãos que a Eucaristia é para o cristão, o único sacrifício ao qual se junta o da própria vida empenhada na procura e realização da vontade de Deus.
            - “Recomendo-vos, pela misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós próprios como vítima viva, santa, agradável a Deus. Tal é o culto do espírito que deveis prestar”. (2ª leitura).
             Nem sempre é possível, porém, descobrir a vontade de Deus sem que primeiro se proceda a uma renovação na maneira de proceder :
- «Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para avaliardes qual seja a vontade de Deus – o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito».
            Nisto consiste o Levar a nossa cruz.
             Evangelho é de S. Mateus e diz-nos que os discípulos de Jesus, apesar de já O terem reconhecido como Messias, nem por isso se libertam duma falsa ideia segundo a qual Ele havia de triunfar de todos os obstáculos e livrar o povo não só do pecado mas também, o que era muito importante para eles, da ocupação romana.
            Jesus claramente se opõe a esta mentalidade, anunciando os Seus sofrimentos e morte próxima :
            «Se alguém Me quiser seguir, renegue-se a si mesmo, pegue na sua cruz e siga-Me». (Evangelho)..
             A renúncia à própria vida e o sofrimento, porém, não são vistos pelo Evangelho como uma necessidade à qual nos resignamos nem como uma heróica mas desesperada oblação à morte.
            São consideradas, antes, como o caminho para pôr em relevo o profundo valor do ser humano.
            As palavras de Jesus colocam-nos diante de dois modos diferentes de conceber a vida : um, que raciocina segundo a “carne e o sangue”, e outro que vê as coisas e os acontecimentos com os olhos de Deus.
            Há quem espere a salvação do sucesso terreno, das coisas, de,”ganhar o mundo inteiro”, e, portanto, organize a sua vida e as suas actividades neste sentido.
            E há quem espere a salvação das mãos de Deus e a ele se entregue totalmente, vivendo na fidelidade à sua palavra e ao seu chamamento, embora aos olhos do mundo esteja a “perder a sua vida” e a caminhar para o fracasso.
            As duas  mentalidades não dividem os homens em duas categorias opostas; podem conviver dentro da mesma pessoa.
            Em Pedro, por exemplo, que está pronto para confessar que Jesus é o Messias e Filho de Deus vivo, e que, imediatamente depois é apontado como “satanás”  porque procura afastar Jesus da sua missão e da vontade de Deus.
            Há também um outro modo de  trair a palavra de Jesus, que é o de aceitá-lo no plano meramente teórico ou de afirmação verbal e depois desmenti-la na prática da vida.
            Quantas vezes ouvimos e repetimos sem hesitação as tão exigentes e comprometedoras afirmações de Jesus :
            - “Se alguém quer vir após mim, tome a sua cruz...Quem quer salvar a sua vida perdê-la-á...De que serve ganhar o mundo inteiro?...”
             Às explosivas afirmações evangélicas, opomos continuamente as barreiras do nosso comodismo e da nossa falta de vontade de nos convertermos, esvaziamo-las  da sua realidade e reduzimo-las  a slogans, a maneiras de falar paradoxais e sem qualquer sentido prático.
             Seguir a Cristo é renunciar a si mesmo, e essa renúncia nos levará ao cumprimento do plano da História da Salvação.
                                    ....................................
            O Catecismo da Igreja Católica, falando da nossa participação no sacrifício de Cristo, diz :
            618. - A cruz é o único sacrifício de Cristo, “mediador único entre Deus e os homens”(Tim.2,5). Mas, porque, na sua pessoa divina encarnada, “Ele uniu-Se, de certo modo, a cada homem”(GS 22,2) “a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um modo só de Deus conhecido : (GS 22,5). Convida os discípulos a “tomarem a sua cruz e a segui-Lo”(Mt.16,24) porque, “sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigamos os seus passos”(1 Pe.2,21). De facto, Ele quer associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários. Isto realiza-se, em supremo grau, em relação a sua Mãe, associada, mais intimamente do que ninguém, ao mistério do seu sofrimento redentor. 

                                    
                                   Se alguém quiser seguir-Me, renegue-se ... Pegue na sua cruz e siga-Me...
           
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Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.Quem perder a sua vida por causa de mim vai salvá-la - Sal


O Evangelho de hoje nos mostra um significado fundamental para entendermos o mistério da cruz. Jesus diz: renuncie a si mesmo e tome a sua cruz. A cruz significa antes de tudo não ser mais nada para si e ser tudo para os outros. De fato, Jesus no alto da cruz já não tinha nada que fosse seu, a não ser a sua própria vida, e até ela nos é dada conforme ele mesmo nos diz: Ninguém tira a minha vida, eu a dou livremente. Mas esse fato é o coroamento de toda a vida de Jesus que não se apegou ciosamente à sua condição divina, mas se fez homem, obediente até a morte e morte de cruz, vivendo totalmente para servir ao seu Pai e aos seus irmãos e irmãs, numa total oblação. (CNBB)

A Cruz, caminho de salvação
Fonte:
Autores Católicos

          No tempo em que viveu Jesus, a cruz significava um castigo vergonhoso e humilhante, que se utilizava para fazer justiça aos que não eram cidadãos romanos por delitos ou crimes cometidos. A cruz aparece, pois, no contexto dessa época como uma forma humilhante de matar, porque o crucificado era pendurado num madeiro e morria por asfixia.

          A morte na cruz era uma forma de morrer cruel, vergonhosa e humilhante. Lentamente, a pessoa ia deixando a vida, entre a desidratação, o sangramento pelas feridas dos pregos e pela asfixia. Quando não queriam que o réu morresse tão rápido, não o crucificavam com pregos, o amarravam à cruz e simplesmente o deixavam pendurado para que este morresse depois de dois ou três dias. Mas quando queriam que a morte fosse mais cruel e de impacto, fincavam-no com pregos para que a pessoa sangrasse, igual quando se mata a um animal.

          Esta forma de morrer vergonhosa e humilhante se reservava para pessoas que eram muito odiadas. Portanto, se alguém dizia que teve um familiar que morreu numa cruz, as pessoas se perguntava que classe de criminosa seria o familiar dessa pessoa que foi executado numa cruz.

          A crucificação de Jesus foi pedida pelo povo judeu, incentivados pelos sacerdotes e fariseus, que viam em Cristo um inimigo e um perigo. Pediram para seu irmão judeu uma morte humilhante, a morte na cruz.

          A Palavra de Deus segundo São Mateus, capítulo 27, versículos 22 ao 26, conta como ocorreu o julgamento de Jesus: Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo?
Disseram todos: Seja crucificado.
Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele?
Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre
nós e sobre nossos filhos.
Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar,
e o entregou para ser crucificado.
(Mt 27, 22-26)
          Cristo Jesus morreu rapidamente, numas três horas, sangrando, desidratado e asfixiado, totalmente esgotado. Jesus levava uma tortura prévia na noite anterior, e tinha um sofrimento muito profundo a nível humano porque foi traído por seus discípulos. Isto é importante para poder adentrar-nos mais no mistério da cruz.

          Leiamos agora algo curioso que aparece na carta de São Paulo aos Gálatas, capítulo 6,versículos 11 ao 16. Diz São Paulo:
Vede com que grandes letras vos escrevo com minha própria mão.
Todos os que querem ostentar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos
por causa da cruz de Cristo.
Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.
Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado
para mim e eu para o mundo.
Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma,
mas sim o ser uma nova criatura.
E a todos quantos andarem conforme esta norma,
paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.
(Gálatas 6, 11-16)
          A circuncisão era um sinal de salvação para os judeus. A marca que ficava na pessoa era seu sinal de salvação.  Mas para São Paulo nenhum desses ritos são salvíficos. É mais, nenhum rito feito por obra do ser humano é salvífico em si mesmo, porque ninguém pode salvar-se a si mesmo; somente Deus pode salvar-nos. Então, Paulo nos diz que se queremos gloriar-nos e salvar-nos que seja por meio da cruz de Cristo.

          Em São Paulo ocorre uma transformação. Paulo se gloria da cruz de Cristo pela qual ele morreu ao mundo. Paulo não quer gloriar-se de nada senão da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pois por este meio o mundo morreu para ele. O que antes era um castigo vergonhoso se converte agora num timbre de glória, o sinal máximo de que estamos sendo salvados.

          A cruz de Cristo para os cristãos não significa simplesmente uma morte vergonhosa, pendurado em um madeiro. A morte de Jesus Cisto representa o pagamento ou resgate pelos pecados cometidos pela humanidade, porque não tinha maneira humana de pagar o que tínhamos feito de ofensas a Deus desde o princípio dos tempos até agora. Essa dívida somente podia ser paga com o sangue do Filho de Deus. A morte de Cristo é caminho de salvação pela forma em que morre, pendurado da cruz, pelas torturas e a forma desumana em que foi feita a justiça, pela intenção de Cristo de morrer por amor a nós e pela entrega que o Pai faz de Cristo pela salvação nossa.

          A morte de Cristo é o pagamento ou resgate por nossos pecados, o sacrifício supremo, a prova maior de amor, a oblação mais pura. Porque Cristo é Deus e homem, é de nossa parte imolação perfeita, a entrega total e o sacrifício máximo na qual o homem totalmente inocente, limpo e puro se oferece em sacrifício por todos. Jesus é o servo dolente de que fala o Profeta Isaías, que se oferece como sacrifício por tudo o que viveu em pecado a humanidade. Por isso a morte na cruz é o sinal máximo e a garantia suprema que temos de que estamos sendo salvados. Mesmo assim, livremente, qualquer um  pode condenar-se. Mas, estamos sendo salvados por Deus porque Ele não condena; cada pessoa se condena a si mesma.

         A cruz se converte então no sinal máximo de salvação, a maior prova de amor, o selo que Deus imprime na história da salvação para dizer que a humanidade em Seu Filho se salvou. A cruz é salvífica como sinal da morte de alguém que deu tudo por nossa salvação.

          Nós estamos sendo fincados na cruz de Cristo e mortos ao pecado e ao mundo. A identificação é mística e espiritual; tem que ver com nossa maneira de envolver-nos com o mistério. Ele está fincado e morto à vida neste mundo. Nós, Nele, deixamo-nos fincar na cruz e morremos ao pecado e ao mundo. Por isso, Nele seremos ressuscitados.

          Esta é a forma de introduzir-se neste mistério salvífico. Bem como Cristo morreu à vida terrena, nós morremos ao pecado e ao mundo, envolvidos e identificados Nele. A cruz é sinal de salvação e nos gloriamos da cruz de Cristo, pela qual fomos fincados e mortos ao pecado.
(Autores católicos)
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        No tempo em que viveu Jesus, a cruz significava um castigo vergonhoso e humilhante, que se utilizava para fazer justiça aos que não eram cidadãos romanos por delitos ou crimes cometidos. A cruz aparece, pois, no contexto dessa época como uma forma humilhante de matar, porque o crucificado era pendurado num madeiro e morria por asfixia.

          A morte na cruz era uma forma de morrer cruel, vergonhosa e humilhante. Lentamente, a pessoa ia deixando a vida, entre a desidratação, o sangramento pelas feridas dos pregos e pela asfixia. Quando não queriam que o réu morresse tão rápido, não o crucificavam com pregos, o amarravam à cruz e simplesmente o deixavam pendurado para que este morresse depois de dois ou três dias. Mas quando queriam que a morte fosse mais cruel e de impacto, fincavam-no com pregos para que a pessoa sangrasse, igual quando se mata a um animal.

          Esta forma de morrer vergonhosa e humilhante se reservava para pessoas que eram muito odiadas. Portanto, se alguém dizia que teve um familiar que morreu numa cruz, as pessoas se perguntava que classe de criminosa seria o familiar dessa pessoa que foi executado numa cruz.

          A crucificação de Jesus foi pedida pelo povo judeu, incentivados pelos sacerdotes e fariseus, que viam em Cristo um inimigo e um perigo. Pediram para seu irmão judeu uma morte humilhante, a morte na cruz.

          A Palavra de Deus segundo São Mateus, capítulo 27, versículos 22 ao 26, conta como ocorreu o julgamento de Jesus: Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo?
Disseram todos: Seja crucificado.
Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele?
Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre
nós e sobre nossos filhos.
Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar,
e o entregou para ser crucificado.
(Mt 27, 22-26)
          Cristo Jesus morreu rapidamente, numas três horas, sangrando, desidratado e asfixiado, totalmente esgotado. Jesus levava uma tortura prévia na noite anterior, e tinha um sofrimento muito profundo a nível humano porque foi traído por seus discípulos. Isto é importante para poder adentrar-nos mais no mistério da cruz.

          Leiamos agora algo curioso que aparece na carta de São Paulo aos Gálatas, capítulo 6,versículos 11 ao 16. Diz São Paulo:
Vede com que grandes letras vos escrevo com minha própria mão.
Todos os que querem ostentar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos
por causa da cruz de Cristo.
Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.
Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado
para mim e eu para o mundo.
Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma,
mas sim o ser uma nova criatura.
E a todos quantos andarem conforme esta norma,
paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.
(Gálatas 6, 11-16)
          A circuncisão era um sinal de salvação para os judeus. A marca que ficava na pessoa era seu sinal de salvação.  Mas para São Paulo nenhum desses ritos são salvíficos. É mais, nenhum rito feito por obra do ser humano é salvífico em si mesmo, porque ninguém pode salvar-se a si mesmo; somente Deus pode salvar-nos. Então, Paulo nos diz que se queremos gloriar-nos e salvar-nos que seja por meio da cruz de Cristo.

          Em São Paulo ocorre uma transformação. Paulo se gloria da cruz de Cristo pela qual ele morreu ao mundo. Paulo não quer gloriar-se de nada senão da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pois por este meio o mundo morreu para ele. O que antes era um castigo vergonhoso se converte agora num timbre de glória, o sinal máximo de que estamos sendo salvados.

          A cruz de Cristo para os cristãos não significa simplesmente uma morte vergonhosa, pendurado em um madeiro. A morte de Jesus Cisto representa o pagamento ou resgate pelos pecados cometidos pela humanidade, porque não tinha maneira humana de pagar o que tínhamos feito de ofensas a Deus desde o princípio dos tempos até agora. Essa dívida somente podia ser paga com o sangue do Filho de Deus. A morte de Cristo é caminho de salvação pela forma em que morre, pendurado da cruz, pelas torturas e a forma desumana em que foi feita a justiça, pela intenção de Cristo de morrer por amor a nós e pela entrega que o Pai faz de Cristo pela salvação nossa.

          A morte de Cristo é o pagamento ou resgate por nossos pecados, o sacrifício supremo, a prova maior de amor, a oblação mais pura. Porque Cristo é Deus e homem, é de nossa parte imolação perfeita, a entrega total e o sacrifício máximo na qual o homem totalmente inocente, limpo e puro se oferece em sacrifício por todos. Jesus é o servo dolente de que fala o Profeta Isaías, que se oferece como sacrifício por tudo o que viveu em pecado a humanidade. Por isso a morte na cruz é o sinal máximo e a garantia suprema que temos de que estamos sendo salvados. Mesmo assim, livremente, qualquer um  pode condenar-se. Mas, estamos sendo salvados por Deus porque Ele não condena; cada pessoa se condena a si mesma.

         A cruz se converte então no sinal máximo de salvação, a maior prova de amor, o selo que Deus imprime na história da salvação para dizer que a humanidade em Seu Filho se salvou. A cruz é salvífica como sinal da morte de alguém que deu tudo por nossa salvação.

          Nós estamos sendo fincados na cruz de Cristo e mortos ao pecado e ao mundo. A identificação é mística e espiritual; tem que ver com nossa maneira de envolver-nos com o mistério. Ele está fincado e morto à vida neste mundo. Nós, Nele, deixamo-nos fincar na cruz e morremos ao pecado e ao mundo. Por isso, Nele seremos ressuscitados.

          Esta é a forma de introduzir-se neste mistério salvífico. Bem como Cristo morreu à vida terrena, nós morremos ao pecado e ao mundo, envolvidos e identificados Nele. A cruz é sinal de salvação e nos gloriamos da cruz de Cristo, pela qual fomos fincados e mortos ao pecado.


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