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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


VEJA AQUI AS LEITURAS DE HOJE





domingo, 3 de outubro de 2010

SE TIVERES FÉ COMO UM GRÃO DE MOSTARDA... AUMENTA A NOSSA FÉ!

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27º DOMINGO do TEMPO COMUM

Aumenta a nossa fé!

HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO

03 DE OUTUBRO DE 2010

Ano C

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Comentários do Prof. Fernando (Leituras da semana 3 a 9 de outubro de 2010)

SEJAM BEM VINDOS AOS BLOGS DOS

INTERNAUTAS MISSIONÁRIOS

Fiéis à Doutrina da Igreja Católica, porque somos católicos.

Respeitamos todas as religiões.

AUMENTA A NOSSA FÉ

As leituras desse domingo nos mostram a importância e a necessidade da fé, e da confiança total em Deus. A primeira leitura nos mostra o profeta Habacuc que praticamente exige de Deus a solução para o problema da violência e do pecado. Quantos de nós já não culpou a Deus pela causa do mal no mundo? Quantos já não disseram: Se Deus existe, por que tanta violência?

Resposta: acontece que Deus respeita a nossa liberdade, a qual nos foi presenteada por Ele. Se algumas pessoas escolhem o caminho do mal, Deus não aparece na frente delas para impedir. Só que essas pessoas têm que assumir as conseqüências. O pior de tudo, é que pessoas inocentes que não escolheram este caminho, sofrem também. Quando Jesus disse que quem não crer já está condenado, ficou bem claro que Deus não nos condena não nos castiga, mas sim, nós é que arrumamos para a nossa cabeça, ao escolher viver por nossa conta, longe do Plano de Deus, dispensando a proteção de Deus na nossa vida. O castigo é o resultado das conseqüências dos nossos atos. Um grande exemplo disso é O EFEITO ESTUFA. Quem é o culpado? Deus? Não! O culpado é o próprio homem! Na segunda leitura Paulo nos encoraja a ter uma fé firme.Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez mas de fortaleza, de amor e sobriedade. Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor

Quando Jesus disse que se tivéssemos fé poderíamos fazer tudo o que Ele fez, Ele estava se referindo também às suas curas, que poderiam ser feitas pela imposição das nossas mãos, como fala Paulo. Podemos impor as nossas mãos na cabeça de algum irmão doente e ele ficará curado. Isso só depende da nossa fé, e da nossa aproximação e amizade com Deus, o estado de graça acompanhado de muita oração. Podemos levantar as nossas mãos para o alto invocando o poder e a ajuda de Deus Pai por Jesus, e em seguida direcioná-las para o lado do nosso vizinho que nos incomoda. E se tivermos fé de verdade, tudo irá acontecer conforme o nosso pedido. “...a tua fé te salvou”.

Através do Evangelho, Jesus nos fala do que somos capazes de fazer se realmente tivermos fé. A fé é tão importante que o próprio Jesus disse que quem crer será salvo. Portanto, já houve quem questionasse esta afirmação do Mestre, afirmando: Se a fé é um dom de Deus, como posso ser condenado se eu não tiver fé? Neste caso eu não tenho a menor culpa.

Acontece que entendemos fé do nosso modo. Deus chama a todos nós à conversão. Jesus veio ao mundo e nos deixou tudo o que precisamos para nos salvar através da Igreja. Porém, como Jesus sempre dizia, “quem tiver ouvidos para ouvir ouça”, a fé se resulta na nossa resposta positiva que damos ao chamado de Jesus. É claro que todos tinham e têm ouvidos para ouvir, porém, poucos são aqueles que ouvem que prestam atenção, e que dizem sim às palavras de Jesus.

Caríssimos irmãos. Também nós vamos pedir diariamente a Jesus que aumente a nossa fé. Rezar diariamente o creio. Ler os evangelhos, prestar bastante atenção nos milagres de Cristo, pois eles são a prova de que Jesus era o próprio Deus. “Quem me viu, viu o Pai”. Vamos dizer sim ao chamado de Deus por Jesus, e a nossa vida se transformará. E com a nossa vida transformada, vamos em seguida poder transformar o mundo para melhor.

Porém, para conseguir isto, precisamos começar pela transformação da nossa pessoa. Confissão, eucaristia, muita oração para permanecer na amizade com Deus. Então, só depois de nos purificar e tentar viver na presença de Deus, é que podemos começar o nosso trabalho de salvação do mundo. Amém.

Sal .

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Domingo, 03 de outubro de 2010

"Nunca desvalorize ninguém...Guarde cada pessoa perto do seu coração, porque um dia você pode acordar e perceber que perdeu um diamante enquanto estava muito ocupado colecionando pedras."

Lc 17,5-10

- Aumente a nossa fé.

A fé é um poder avassalador, não importa quão fraca pareça. Dada a oportunidade que irá assumir e dirigir nossas vidas, confortando-nos quando estamos desanimados e desafiando-nos quando estamos satisfeitos. A segunda parábola é, à primeira vista difícil de conciliar com a afirmação de Jesus de que os seus apóstolos são amigos, não servos do Evangelho de S. João. Talvez ele está sendo irônico aqui: você não pode ganhar o meu amor, já é dado a você. Responda ao meu amor com o amor de sua preferência, mas não corro por aí tentando me impressionar com a forma como você é diligente.

Se eles tinham uma fé verdadeira, eles seriam tão confiante e alegre, que não precisariam estar olhando constantemente para a aprovação e confirmação de seu valor. Sua confiança viria do amor de Deus que eles vivenciam na medida em que eles já não precisam de ser acariciado e mimado como se a aprovação de emprego era tudo que importava na vida. Isso não significa que um deve ser descuidado com a qualidade de seu trabalho, mas isso não significa que a aprovação só em última análise, satisfazer vem da experiência certeza da presença amorosa de Deus.

Há aqui uma lição para todos aqueles que são especialmente necessitadas, como os doentes ou deficientes. Eles certamente merecem nossa atenção, amor e cuidados pessoais, mas também, como os "servos inúteis", às vezes pode ser mais exigente e ingrato que garante sua condição.

São Bento, que era um observador sábio de fraquezas humanas, oferece bons conselhos a este respeito: "Deixe o urso ... doente em mente que eles são servidos fora de honra para Deus e deixá-los não por sua angústia exigências excessivas seus irmãos que servi-los. " A chave é estar em contato com Deus e então não será necessário o papel de vítima, quer seja um "pouco apreciado" servo ou um paciente infeliz.

Os cuidadores são muitas vezes obrigados a ter quase heróica paciência no seu trabalho. Muitas vezes penso que eles deveriam tentar compreender que seus pacientes irritados são provavelmente zangado com Deus e não com eles. Esses pacientes ainda estão lutando para aceitar o que aconteceu a eles e não devemos tomar a sua resistência também pessoalmente. Afinal, é preciso tempo para perceber que o amor de Deus às vezes é expresso de formas que não entendemos.

E nunca se esqueça! SEJA SIMPLESMENTE FELIZ.

Professor Isaías da Costa

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AUMENTA A NOSSA FÉ – PADRE VICENTE

Estimado leitor, o santo Evangelho desse domingo nos diz que os Apóstolos disseram a Jesus “Aumenta a nossa fé”. Eles tiveram essa intuição que sua fé estava fraca foi diante a convivência com Jesus. Foi vendo o que Jesus falava e fazia que eles foram percebendo que algumas coisas precisavam mudar em suas vidas. Suas escolhas claudicavam diante de certas situações. Mas foi observando como Jesus comportava diante do ser humano e diante de Deus que foram vendo como suas escolhas estavam aquém, ou melhor, suas escolhas ainda não eram tenazmente como as de Jesus.

Sabemos queridos irmãos e irmãs que o homem e mulher foram chamados para viver um relacionamento de amor com seu criador e seus semelhantes. Mas, por parte do homem, houve uma recusa a essa proposta de Deus. O homem fechou-se à graça. Fechou-se em si mesmo e acabou por produzir uma desarmonia no relacionamento com as pessoas. Esse fechamento foi criando raízes profundas no ser humano que é preciso muita fé para arrancá-la.

Quando se vê as agressões à dignidade da pessoa humana, a adulteração da própria harmonia da natureza, os egoísmos ferozes que se tornam causas de opressão de multidões é aí que temos de pedir a Jesus para aumentar a nossa fé, isto é, pedir a firmeza nas decisões tomadas. Uma ajuda para mudarmos a trazer esse mundo novamente como era no início. Para que isso aconteça temos de ter muita fé.

Temos de tomar a firme decisão de agir sem se cansar. Sem parar. Devemos levar em conta que Deus age é por meio dos seres humanos, não por atos mágicos. Não separar a fé da vida. O Concílio vaticano II diz que “este divórcio entre a fé professada e a vida cotidiana de muitos deve ser enumerado entre os erros mais graves de nosso tempo”, (GS 43).

Peço licença querido leitor, mas como padre tenho de lembrá-lo que dia 03 de outubro é um dia importante para o povo brasileiro. É dia de eleição, dia de votar com consciência. Quero deixar o número 521 do documento de Puebla para você refletir e quem sabe ler seja no sábado e no domingo nas celebrações. Diz o referido documento: “Devemos distinguir dois conceitos de política e de compromisso político: Primeiro, a política em seu sentido mais amplo que visa o bem comum, no âmbito nacional e no âmbito internacional. Corres­ponde-lhe precisar os valores fundamentais de toda a comunidade - a concórdia interna e a segurança externa - conciliando a igualdade com a liberdade, a autoridade pública com a legítima autonomia e participação das pessoas e grupos, a soberania na­cional com a convivência e solidariedade internacional. Define também os meios e a ética das relações sociais. Neste sentido amplo, a política interes­sa à Igreja e, portanto, a seus pastores, ministros da unidade. É uma forma de dar culto ao único Deus, dessacralizando e ao mesmo tempo consa­grando o mundo a Ele”.

Diz mais estimado leitor no número 515 “A Igreja - falando ainda em geral, sem distinguir o papel que compete a seus diversos membros ­sente como seu dever e direito estar presente neste campo da realidade: porque o cristianismo deve evangelizar a totalidade da existência humana. In­clusive a dimensão política. Por isso ela critica aqueles que tendem a reduzir o espaço da fé à vida pessoal ou familiar, excluindo a ordem profissio­nal, econômica, social e política, como se o peca­do, o amor, a oração e o perdão não tivessem im­portância aí.

Meus irmãos o segredo para permanecer firme na fé, é o serviço, o envolvimento com a Igreja, o envolvimento com a missão de Cristo na Terra.

pe Vicente Paulo Braga, fam

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Temos deveres para com Deus. Mas também devemos estar conscientes de que ele nunca nos pede nada de arbitrário ou absurdo.

A Palavra de Deus que hoje nos é dirigida fala de dois temas: a fé e a atitude correta que o homem deve assumir perante Deus. A palavra nos leva a reconhecermos nossa pequenez e a acolher com gratidão os dons que Deus nos concede.Na primeira parte do Evangelho, vemos um pedido por parte dos apóstolos ao Senhor: “aumenta a nossa fé!”.

Não sabemos precisamente o que tenha feito os apóstolos pedirem ao Senhor para que aumentasse a fé deles; podemos imaginar que seja algo ligado ao perdão ilimitado. Por ser uma tarefa muito difícil, principalmente quando se tem que perdoar o próximo que nos magoa constantemente, as vezes , a paciência e o amor querem fraquejar.Por isso , é necessário muita fé.

Os apóstolos e nós, hoje , nos damos conta como é fraca a nossa fé em Deus.Mas, como eles , não abandonamos a luta nem diminuímos os nossos trabalhos, mas pedimos ao Senhor uma fé mais firme. E é o que devemos fazer mesmo! Só Deus pode vir em nosso auxílio. Jesus não responde diretamente ao pedido dos apóstolos. Mas, com a sua resposta, ressalta a importância da fé.

Somente se tivermos uma autêntica confiança em Deus, acontecerá aquilo que para a razão humana é impossível. Esta impossibilidade é exemplificada através da imagem do “transportar montanhas” (aqui uma amoreira). Não há limites para o poder de Deus. Mesmo que Deus nos peça coisas aparentemente impossíveis, ele pode nos tornar capazes de realizá-las. E mesmo que esta fé seja microscópica como uma

pequena semente de mostarda, se for verdadeira fé, Deus fará com que ela desenvolva. (contraste entre a pequenez da semente de mostarda de 2mm de diâmetro e a altura dessa árvores de até 5 metro s de altura.)

Na segunda leitura, vemos o profeta Habacuc que discute com Deus:Como fazer pra acreditar em Deus se as coisas estão indo mal? E Deus responde?”o justo viverá por sua fé.Talvez estejamos na mesma situação de Habacuc?Quanta violência, injustiças, tragédias , e quanta falta de fé.E preciso termos fé, é necessário confiar.

Em tudo aquilo que Jesus faz, ele encoraja os apóstolos a crerem. Ele diz a Pedro: “eu orei por ti para que tua fé não desfaleça Desta forma, o Senhor cumpre o pedido feito por seus apóstolos de aumentar a fé deles. Também nós devemos contar com a oração de Jesus e pedir esta forma de relação fundamental com Deus: a confiança nele.

Com a parábola do servo, Jesus nos indica um outro aspecto essencial da nossa relação com Deus. Esta parábola não pretende mostrar o comportamento de Deus com relação ao homem, mas quer indicar qual a justa atitude em que nos encontramos perante ele. Jesus não quer passar a idéia de um Deus como um patrão que manda, é servido sem agradecer, e alimenta os seus servos só com o resto!

Não! O que importa aqui é: qual a justa visão que os apóstolos devem ter de sua relação com Deus: os servos devem fazer tudo aquilo que o seu patrão ordena. Observando estas ordens, fazem somente o seu dever e não merecem nada por isso. Devem aceitar esta realidade.

Reconhecer a nossa relação de dependência a Deus significa entender que não somos independentes.Ninguém veio à existência sozinha.Também não somos autônomos,não podemos viver a nossa vida a nosso bel prazer sem prestamos contas a Deus. Temos deveres para com Deus. Mas também devemos estar conscientes de que ele nunca nos pede nada de arbitrário ou absurdo .

O dever é aquele de nos comportarmos como administradores fiéis:da nossa vida, das nossas capacidades , dos nossos dons.

Nunca devemos pensar que cumprindo a vontade do Senhor temos direitos e privilégios perante Deus. Devemos ser conscientes que o que fazemos não é outra coisa que o nosso dever.

As vezes, podemos pensar que o fato de rezarmos , de fazermos caridade, de cumprir a vontade de Deus represente um favor a ele e que por isso , ele deve ser grato a nós.Há muita gente que pensa assim. Pois, saibamos que Deus se alegra pelo nosso esforço. Mas, ele não precisa disso.De jeito nenhum.Nós é que precisamos dele sempre.De nossa relação com Deus devemos excluir qualquer pretensão.

Assim , com humildade e modéstia, a nossa condição perante Deus é fazer tudo aquilo que é nosso dever, e por isso, o Evangelho nos chama de simples servos, não de “servos inúteis”. A palavra grega utilizada aqui por inútil indica a falta de mérito, a humildade,a pequenez ,e não a inutilidade:a idéia de não servir para nada. Não somos servos inúteis, pois trabalhamos no arado de Deus, mas nem por isso deixamos de ser somente simples servos que devem cumprir a sua missão com amor.

Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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SE TIVERES FÉ COMO UM GRÃO DE MOSTARDA...

AUMENTA A NOSSA FÉ!

Na Palavra de Deus deste XXVII Domingo do Tempo Comum que nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correta que o homem deve assumir face a Deus.

As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o “Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.

Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado… Deus, em resposta, confirma a sua intenção de atuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projeto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o “tempo de Deus”.

O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projeto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem… A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.

A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.

Primeira Leitura - Leitura da profecia de Habacuc (Hab 1, 2-3; 2, 2-4)

2Até quando, Senhor, implorarei sem que escuteis? Até quando vos clamarei: Violência!, sem que venhais em socorro? 3Por que me mostrais o espetáculo da iniqüidade, e contemplais vós mesmo essa desgraça? Só vejo diante de mim opressão e violência, nada mais que discórdias e contendas.

2E o Senhor respondeu-me assim: Escreve esta visão, grava-a em tabuinhas, para que ela possa ser lida facilmente; 3porque há ainda uma visão para um termo fixado, ela se aproxima rapidamente de seu termo e não falhará. Mas, se tardar, espera-a, porque ela se realizará com toda a certeza e não falhará. 4Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade.
Palavra do Senhor

Salmo Responsorial - Salmo 94

Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor,
aclamemos o Rochedo de nossa salvação;
apresentemo-nos diante dele com louvores,
e cantemos-lhe alegres cânticos.

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, inclinemo-nos em adoração,
de joelhos diante do Senhor que nos criou.
Ele é nosso Deus; nós somos o povo de que ele é o pastor,
as ovelhas que as suas mãos conduzem.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Não vos torneis endurecidos como em Meribá,
como no dia de Massá no deserto,
onde vossos pais me provocaram e me tentaram,
apesar de terem visto as minhas obras.

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações

Segunda Leitura - Primeira Carta de São Paulo a Timóteo (2Tm 1, 6-8.13-14)

6. Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos.
7. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria.
8. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus.
13. Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo.
14. Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós.

Palavra do Senhor

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 17, 5-10)

5 Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.
6 Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
7 Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás?
9 Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado?
10 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
Palavra da Salvação

Comentário - Quando ao final se diz: Deus meu!

Encontramos-nos em tempos que se caracterizam em pôr em dúvida tudo o que antes foram certezas. A fé em Deus está se reduzindo a níveis inesperados. Antes confiávamos mais na Providência de Deus, orávamos com muita mais confiança, esperávamos seus milagres, fazíamos procissões, rogávamos para pedir-lhe a chuva, a cura de uma doença.... Agora nos retraímos, cada vez mais. Sentimos certa vergonha ante a oração de súplica. Chegamos a pensar que é ingênuo pedir: pois o que tem que ser será e nada estranho sucederá. A única coisa que necessitaríamos seriam decisões políticas mais adequadas para resolver os problemas. Poucos pensam que a solução para o aquecimento global do planeta ou a sua crescente desertificação seja a oração. O que pedimos são decisões políticas, econômicas, mais inteligentes!

Parece que este mundo esta escapando das mãos de Deus. A prosperidade nos torna muito mais arrogantes, auto-suficientes e descrentes. O mundo religioso, baseado na transcendência, está se tornando sem transcendência para a sociedade. Queremos construir a cidade aqui embaixo - a Jerusalém da terra - não sentimos necessidade de esperar e acolher a cidade que vem do céu - a nova Jerusalém.

Que está ocorrendo?A alma religiosa que cada um leva dentro de si parece não se sentir enamorada dos deuses que até agora tinha adorado e procuram outros deuses que, ao menos, dê sentido e ilusão aos poucos anos que vivemos sobre o planeta. Há deuses na política, na economia, no desporto, que monopolizam toda nossa capacidade de adoração, de entrega... que monopolizam nosso tempo.

Claro que hoje nos pedem fé! Mas trata-se de uma fé nas próprias possibilidades, na política que votamos, na sorte anônima.... Mas e a fé em Deus?Cansamos-nos Dele, de clamar e não receber resposta, de orar e descobrir que nada muda? As palavras do profeta Habacuc poderiam ser as nossas: Até quando clamarei, Senhor, sem que me escutes?

Deus nos escuta?
E se nos escuta, o que pode fazer por nós?
Não é este mundo como um avião que voa pelo espaço, porém entregue à sua sorte, sem piloto?

Oxalá escute hoje sua voz!

O salmo 94 convida-nos a pôr o ouvido atento e deixar-nos surpreender pela Palavra. Deus fala!Mas, onde? Quando? Como? Investigamos tudo, e devemos ver quantos meios a sociedade secular põe nestas investigações. Após 10 anos segue-se investigando a morte de Lady Di, investigam-se as vidas privadas e pretende-se surpreender as pessoas famosas, investigam-se crimes e fatos do passado. Encontramos-nos na sociedade da investigação. A investigação se tornou espetáculo.

Também se está investigando no mundo do espírito, da espiritualidade. Podemos ver a quantidade de literatura esotérica que é vendida, quantos esforços se fazem para encontrar caminhos de serenidade, anti-stress, felicidade, êxtase. A única questão é se a investigação está ocorrendo pelo caminho adequado. Se não estaremos deixando de lado, as pistas mais certeiras.

O certo que é que muitos abandonam os caminhos trilhados, o ritual sem sentido, a reza cansativa, as práticas que tratam de cumprir normas, mas que não geram experiência transcendente. Estamos cada vez mais decepcionados com os vendedores do divino, os quais montam barracas de feria religiosas, identificando Deus com qualquer guloseima, com ritos - os quais nem eles crêem -, em rezas que repetem obsessivamente sem se comoverem, em uma moral que se mostra muito exigente. Pior ainda, quando se identifica Deus com as próprias idéias ou ambições...

As palavras do profeta Habacuc são impressionantes pela confiança absoluta que transmitem: Escreve a visão... a visão espera seu momento, aproxima-se seu termino e não falhará. Se demora... espera! Nosso Deus mantém sua Aliança com a terra e com a humanidade.Sua aliança é de amor, de comunhão. Estamos unidos e re-unidos a Ele e Ele conosco. E se isso é assim, porque não lhe expressar nossos desejos e nossos desejos de mudança, de transformação, de milagre? Renunciamos às pessoas que amamos os nossos desejos impossíveis, os sonhos que sonhamos? Se estivermos em Aliança com nosso Deus, porque vamos renunciar a pedir-lhe milagres, e incluí-lo cada vez mais em nossa vida social, econômica, na evolução da natureza e da história?

Se tiveres fé...

Temos de nos convencer de que nosso Deus não pode ser silenciado por uma sociedade arrogante e auto-suficiente, que algumas nuvens não são capazes de tornar opaca sua Luz infinita. Não se deve dar nada por perdido. Podemos fazer muito para melhorar nosso mundo, mas é muitíssimo o que está já fazendo o Espírito Santo no coração de cada ser humano, na natureza, para que tudo melhore. É Ele o Realizador, o “Aperfeiçoador” da obra redentora e misteriosa de Jesus.

É normal que tenhamos crises de fé; que nossa confiança se encontre em determinados momentos em baixa. Quem pode presumir de não ter dúvidas e vacilações e desconfianças? Mas, quando se superam, que felicidade e paz nos embargam! Nada, nem ninguém contra nós! Se Deus está a nosso favor nosso, quem será contra nós?

A fé contagia. A fé autêntica não se impõe, seduz. Se a fé não seduz, será autêntica fé? A vida de fé é uma maratona. Se ganha sofrendo muito, esperando muito. Deve-se ter visão ampla. Jesus pede-nos para ter fé, confiança. Uma fé fecunda!

Não deixemos que se esfrie o coração religioso da humanidade. Investiguemos com paixão as pegadas de Deus em nosso tempo. Sigamos buscando apaixonadamente o nosso Deus. Fora com a preguiça que nos faz procurar no passado soluções que o futuro nos exige! Se de verdade cremos, busquemos.

Quanto mal nos faz os crentes "congelados", para quem tudo é sabido, para quem o evangelho é um código de leis, e a Palavra de Deus só é aquela que sai da boca de um mandatário! Como nos faz bem aqueles crentes que se maravilham ante a presença de Deus em nossa terra, tão freqüente, tão inesperada, tão fascinante... Onde estão parece que tudo se ilumina e só nos surgem uma exclamação: DEUS MEU!




Padre José Cristo Rey García Paredes

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27º Domingo do Tempo Comum – C

Por: Padre Wagner Augusto Portugal


“Senhor, tudo está em vosso poder e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo!”(cf. Est. 1,9.10s)


Meus queridos Irmãos e Irmãs,

Duas palavras hoje nos convidam para a reflexão em torno de toda a liturgia: a FÉ e a FIDELIDADE. Quando Habacuc, na primeira leitura, diante da desordem em Judá, nos últimos anos antes do exílio, grita a Deus com impaciência, quase com desespero, Deus anuncia que ele tratará o mal por um remédio mais tremendo ainda: os babilônicos. À objeção de Habacuc contra esta solução, o Senhor Deus responde: “Eu sei que o faço; não preciso prestar contas; mas os justos se salvarão por sua fidelidade”.

Na primeira leitura(cf. Hab 1,2-3; 2,2-4) o profeta pede explicação a deus – Este trecho é um diálogo entre Deus e o profeta. O profeta se queixa, porque a impiedade está vencendo. O direito e o próprio justo são pisados ao pé. Resposta: vem coisa pior ainda! Deus não precisa prestar contas para o homem. Este é que lhe deve obediência, também nas horas negras.

Caros fiéis,

A segunda leitura(cf. 2Tm 1,6-8.13-14) São Paulo nos adverte que não devemos nos envergonhar do Evangelho e guardar o bem depositado. Esta exortação paulina aos pastores, que precisam lembrar-se de que está servindo ao Cristo aniquilado. O “bom depósito” é a plena verdade do Evangelho. Repletos dela, poderão distribui-la aos outros. O cristão é responsável não só por sua própria fé, como também pela fé do irmão.

Meus irmãos,

A fé não se mede pelo tamanho, mas muito mais pela qualidade e pelo compromisso de evangelização, de nova e eterna evangelização aonde somos chamados a resgatar a pessoa humana na sua integralidade. Assim, hoje, Jesus no Evangelho(cf. Lc. 17,5-10), capítulo 17 de São Lucas, nos fala da fé, razão propulsora da misericórdia. Jesus não diz o que é a fé, mas apresenta qualidades da fé, que nos ajudam a examinar a fé que temos e que professamos.

A fé é uma experiência pessoal que nós vamos evoluindo para se transformar numa experiência comunitária ou eclesial que nos enche de encantamento na busca do rosto de Deus.

A fé pessoal tem que se transformar em fé eclesial ou religiosa. Confiamos, mesmo contra todas as nossas tendências e pecados, na misericórdia de Deus que nos embala pela força do Santo Espírito na vivência da fé pela Palavra de Deus e pela celebração dos sacramentos e sacramentais.

Vivemos um grande momento de crise de fé e de grande secularismo. A humanidade está vivendo uma grande crise de relacionamento. À raiz dessa crise está o amor-tecimento da fé em Deus criador e provedor. A fé cristã vê a força de Deus encarnada em Jesus Cristo, Palavra viva de Deus no meio de nós, conosco fazendo comum unidade.

Irmãos e Irmãs,

Jesus apresenta o Deus misericordioso, que abraça o filho pródigo, sem pedir satisfações nem impor condições. Assim deve ser a nossa práxis cristã. Jesus nos ensina que o perdão não tem limites e isso a homens cuja generosidade maior havia chegado até a lei do talião, isto é, “elas por elas”.

Os apóstolos pedem a Jesus que aumente a sua fé. As exigências de Jesus são difíceis para aqueles que foram escolhidos para o Colégio Apostólico. Jesus chama os discípulos a dar um passo adiante, com novo modo de pensar e de se comportar. A fé pode até ser pequena como um grão de mostarda, mas terá a força de fazer coisas extraordinárias, até mesmo contra as chamadas leis da natureza, como plantar uma árvore sobre as ondas do mar. A fé põe a criatura em comunhão com Deus e a faz participar de sua força criadora e salvadora.

Meus amigos,

A fé necessita de duas qualidades: a primeira a fé deve ser DINÂMICA. A fé não é sinônimo de resignação. A fé nada tem a ver com o quietismo. A fé é coragem e decisão, ação e iniciativa. A fé é tão ativa que é capaz de mudar a ordem da criação. A fé pode ser o impossível, porque Jesus nos ensinou que: “Comigo tudo podeis”(cf Jo 15,5). A fé é dinâmica e opera sempre, em dias de bonança e em dias de martírio ou de dificuldades. A fé tem a força de nos fazer caminhar também por cima das coisas negativas como o pecado, a dúvida, a confusão e a violência injusta.

Tudo dentro do contexto de perseguições a que estariam submetidos os cristãos, particularmente os apóstolos, pela tortura, pela calúnia e pela intransigência dos judeus e do poder romano.

A segunda qualidade da fé: a HUMILDADE. Fé humilde que deve ser generosa e gratuita. A criatura diante do Criador deve ser disponível, sem cálculos, sem pretensões, sem contrato.

Neste contexto muitos cristãos procuram a fé em troca de uma recompensa. Essa era a mentalidade dos judeus e até nos apóstolos no início da pregação. Mas Jesus fala da gratuidade. Jesus é duro e direto: depois de um dia de trabalho ou de vida inteira consagrada às coisas de Deus, devemos dizer: “Somos servos inúteis. Fizemos apenas o que devíamos fazer”. Quando os discípulos pedem a Jesus que “aumente a sua fé” Jesus confirma a necessidade da fé. Mas uma fé profundamente dinâmica na dimensão para Deus e na dimensão para o próximo: uma fé humilde diante de Deus e diante de nossas pretensões.

Meus caros amigos,

Na segunda Leitura São Paulo admoesta seu amigo Timóteo a manter plena fidelidade ao Senhor. Pois também o ministro da fé deve firmar-se na fidelidade, para poder firmar seus irmãos na fé. Não se envergonhar, observar a doutrina sadia recebida do Apóstolo, guardar o “bom depósito”, ou seja, o bem a ele confiado, o Evangelho. Nas circunstâncias daquele tempo e de todos os tempos, ontem, hoje e amanhã, isso só é possível com a força do Santo Espírito.

O seguidor de Jesus Cristo vive num contexto e num mundo secularizado do qual Deus está ausente, que vive e se organiza sem ele. Com a sua fé, o cristão tem neste mundo a tarefa de destruir as falsas seguranças propondo-lhe as questões fundamentais e oferecendo a todos a sua grande esperança. A fé cristã é posta diante de um desafio: tornar-se propugnadora de problemas que nenhum laboratório, experiência ou computador eletrônico podem resolver, e que, no entanto, decidem o destino do homem e do mundo.

Assim, a Comunidade eclesial, neste dia do Senhor, é convidada com insistência a dar graças a Deus e unir à oferta de Cristo todas essas experiências de páscoa. Por elas os cristãos fazem uso dos bens materiais sem, no entanto, a elas estarem escravizados. A confiança em Cristo liberta o coração do homem para Deus e para os irmãos. Por isso rezemos com insistência: “Senhor, aumentai a nossa fé!”.

Padre Wagner Augusto Portugal

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Domingo, 3 de outubro de 2010

27º Domingo do Tempo Comum

Santos do Dia: Bem-aventurados André de Soveral, Ambrósio Fracisco Ferro, presbíteros, e Companheiros, mártires (Memória); Cândida e Cândido (mártires de Roma), Dionísio, Fausto, Caio, Pedro, Paulo (mártires de Alexandria), Evaldo e Evaldo (monges beneditinos, mártires), Froilan de Lião (bispo), Geraldo de Brogne (abade), Grodegango de Metz (bispo), Mena de Poussay (virgem), Romana de Beauvais (virgem, mártir).

Primeira leitura: Habacuc 1,2-3; 2,2-4
O justo viverá por sua fé.
Salmo responsorial: 94, 1-2.6-9
Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
Segunda leitura: 2Timóteo 1, 6-8.13-14
Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor.
Evangelho: Lucas 17, 5-10
Se vós tivésseis fé!

O profeta Habacuc nos coloca no contexto do diálogo entre o profeta e Deus, onde o primeiro toma a iniciativa e pergunta a Deus onde está a raiz do mal e do sofrimento que o rodeia. A injustiça, a violência e a desigualdade parecem converter-se na única forma de viver da sociedade em muitos momentos, não somente na história do povo de Deus, mas também na história da humanidade.

A queixa do profeta é clara: não há justiça; vive-se na violação sistemática dos direitos humanos básicos provocados pela anomia e confusão de seu tempo. Contudo, a resposta do Senhor, diante da injustiça, está na resistência pacífica e na esperança do ser humano nele. Na segunda carta a Timóteo o autor nos apresenta a origem do ser apóstolo do Senhor: do plano divino da salvação de Deus.

Os crentes hoje somos convidados a tomar consciência de que temos recebido do Senhor o dom da fé, da fortaleza e da caridade; portanto, este dom recebido demanda uma resposta oportuna. Diante da situação tão complexa, adversa e confusa de nossa situação mundial, os carismas do Espírito do ressuscitado servem para nos orientar à comunidade humana com valentia e dar testemunho da libertação e salvação do Senhor. Os referidos dons, recebidos da graça de Deus, são também tarefa humana e necessitam ser cultivados e incrementados constantemente para evitar cair no absurdo e na desesperança.


No texto de Lucas vemos os discípulos, conscientes de sua pouca fé, de sua incapacidade para dar sua adesão plena a Jesus e à sua mensagem. Por isso lhe pedem que aumente sua fé. Jesus constata na realidade que possuem uma fé menor que um grão de mostarda, semente do tamanho de uma cabeça de alfinete.

Não dão a mínima, pois com tão pequena quantidade de fé bastaria para fazer o impossível: arrancar pelas raízes, com uma única ordem, a uma amoreira e atirá-la ao mar. Este mínimo de fé é suficiente para colocar à disposição do discípulo o poder de Deus. A amoreira, como a figueira, são símbolos da fecundidade em Israel.

A figueira com muitas folhas, de bela aparência, porém sem figos, é símbolo da esterilidade da instituição judaica, que não dá sua adesão a Jesus. Os discípulos têm fé, porém pouca. Com fé, como um grão de mostarda, estariam em condições de “arrancar a amoreira (símbolo de Israel) e atirá-la ao mar”.

Com esta linguagem figurada, Jesus indica qual é a tarefa do discípulo: romper com a instituição judaica, baseada no cumprimento da lei e eliminar o sistema de injustiça que representa essa instituição com seu templo-cova de bandidos à frente. Com um mínimo de fé bastaria para mudar o sistema.

Olho ao meu redor e penso que algo não funciona. Tantos cristãos, tantos católicos, tantos colégios religiosos... E me pergunto: Quantos crentes? Os cristãos têm fé. Os sacerdotes e religiosos, os bispos possuem fé? Nós temos fé? Ou temos uma seria descrença, um longo e complicado credo que recitamos de memória e que pouco diz respeito à vida?


As palavras de Jesus continuam ressoando hoje: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda....”. Ou o que dá no mesmo: se seguísseis o meu caminho, se vivêsseis segundo o evangelho, teríeis a força de Deus para mudar o sistema.


Sigo olhando ao meu redor e vejo uma igreja apegada a seus privilégios, que se atrela aos poderes fáticos, que muitos países dependem economicamente do estado, capaz de dar força ao poder político e vencer, identificada com freqüência com a direita ou o centro, defensora extrema de seu estatuto de religião verdadeira e prioritária.


Volto-me para o evangelho e releio suas páginas: “Vende tudo o que tens e reparte-o aos pobres, que Deus será tua riqueza, e depois segue-me” (Lc 18,22). “As raposas têm tocas e os pássaros ninhos, porém este homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9,58). “Não andeis agoniados pensando com o que ireis comer, nem pelo corpo, pensando com que vestir” (Lc 12,22). “Os reis das nações as dominam e os que exercem o poder se fazem chamar benfeitores. Porém, entre vós nada disso deve acontecer; ao contrário, os maior entre vós iguale-se ao mais jovem e que dirige ao que serve” (Lc 22,25-26).


Pobres, livres, sem segurança, sem poder, como Jesus. Somente têm fé quem adere a este estilo de vida evangélico. Quem não adere, pode possuir crenças que para quase nada servem. E assim não se pode mudar nem o sistema religioso nem sequer o mundano. Talvez tenhamos que reconhecer que somos “servos inúteis”, pois não andamos conforme a nossa fé, e sim no cumprimento das obras da lei, como os fariseus.

Comentário crítico


A palavra “fé” é polissêmica, tem significados múltiplos, que dependem do contexto de seu uso. No texto do evangelho de hoje fica claro que aparece como sinônimo de coragem, decisão, convicção e entrega e “essa fé” é a que move montanhas ou translada amoreiras, não necessariamente com uma eficácia “sobrenatural”, mas às vezes simplesmente psicológica.


Não se deve confundir esse significado da palavra “fé” com aquele outro que nos foi inculcado pelo catecismo infantil: “Fé é crer no que não se vê”, significado dominante no imaginário cristão tradicional. Confundir estes significados da palavra nos leva a pensar que Deus nos estaria pedindo como prova máxima em nossa vida, seria uma espécie de “fideismo”, um crer ou dar por certo prioritariamente o que diz nossa religião (doutrina, catecismo, magistério).

Obviamente, esta confusão, tão freqüente, é uma distorção do cristianismo e da própria religião, no que tem de mais básico. Deus pode brincar de esconder com a humanidade? É que, supostamente, a “prova máxima” exigida por Deus ao ser humano nesta vida, seria acreditar em sua existência, uma existência deliberadamente auto-ocultada para provar-nos?

Essa é, definitivamente, a síntese da concepção cristã da existência, a que vivemos durante quase dois milênios. E ainda está presente no imaginário de muitas pessoas, pessoas que se manifestem como cristãs, e pessoas que não agüentaram a sensação de incredulidade que esta visão clássica lhes suscita.


É hora de matizar bem o sentido das palavras chaves do evangelho e que a Bíblia em geral nos apresenta. Não podemos ler os textos entendendo-os como se entendia em pleno velho paradigma que tudo era entendido como obra de Deus que teria decidido criar o ser humano nesta vida pedindo-lhe caprichosamente para “crer no que não se vê”.

Este “grande relato cristão”, inclusive essa imagem de Deus, não resistem à qualidade crítica de nossa visão de hoje. Não podemos crer em um Deus assim. E não podemos crer (é impossível acreditar, ininteligível e, inclusive, inverossímil), não podemos aceitar uma tal cosmovisão cristã. Deus não age de esconde-esconde, nem nos obriga a brincar esse jogo.

É do agrado de Deus que levemos a serio a nossa vida, e que busquemos com afinco a verdade, e que nos apoiemos na ciência, e façamos continuamente hipóteses (previsões até que encontremos outras melhores e mais plausíveis), sem aceitar pensar que no centro do significado de nossa existencia humana fossemos chamados simplesmente a “crer no que não se vê”, cega e infantilmente.


A atitude de fé à qual Jesus nos chama hoje é a da coragem de combater a obscuridade, a valentia de buscar a verdade e a voltar a assumir, “visto o que podemos ver”, uma decisão interpretativa sobre o mundo e o que não se pode ver. Tudo que é contrario a isso não passa de uma atitude infantil, cega, covarde, alienante.

Quando nos recomenda uma atitude de fé, o que Jesus nos pede é uma atitude de fé corajosa e valente, ou o atrevimento de tomar uma decisão interpretativa da existência, a partir do pouco ou muito que dão de si nossas atuais condições de conhecimento.

Missionários Claretianos

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AUMENTA A NOSSA FÉ! (Três homilias)

Homilia do Padre Françoá Costa – XXVII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Tesouro da fé

Há poucas palavras de apenas duas letras que contenham tanta densidade como essa: Fé. Os apóstolos, ao compreender algo dessa realidade, pediram ao Senhor: “aumenta-nos a fé!” (Lc 17,5). O Catecismo da Igreja Católica diz que a fé é uma resposta a Deus (cfr. Cat. 26). Trata-se de uma resposta afirmativa: dizemos “sim” ao seu plano de salvação e começamos a viver de fé (cfr. Rm 1,17). Toda a Igreja vive de fé e o Catecismo o expressa na sua estrutura: na primeira parte trata a fé professada: o Credo; na segunda, a fé celebrada: a liturgia; na terceira, a fé vivida: a moral católica; a quarta e última, a fé interiorizada na oração cristã, cujo resumo se encontra no Pai-nosso.

Pelo menos, desde S. Agostinho, é comum falar de três aspectos da fé. O primeiro deles é o subjetivo (credere in Deum), a entrega pessoal a Deus que cada um faz ao acreditar nele e nas suas promessas. Não se trata de ter fé como se tem um carro ou uma casa. Não! A fé impregna toda a nossa existência e, a partir do encontro com Deus, nós, fiéis de Cristo, não podemos explicar a nós mesmos sem a fé. Crer em Deus marca um antes e um depois na nossa vida: as nossas relações familiares, laborais, sociais, econômicas, políticas, etc., recebem um novo sentido, uma nova visão; simplesmente, vemos à maneira de Deus. Nós, crentes em Deus, não podemos permitir uma espécie de divórcio entre a fé e a vida, entre as convicções religiosas e as científicas, entre a maneira de atuar na presença de Deus e a de atuar, por exemplo, na política. Nós, os filhos de Deus, vivemos a unidade de vida. Cremos em Deus e lutamos pelo bem da humanidade e de cada pessoa que temos ao nosso lado, conscientes de que podemos e devemos oferecer aos nossos amigos o nosso tesouro, o que mais vale: a fé em Deus, a amizade com Cristo, o sentido para a vida e… para a morte.

O segundo aspecto da fé é o objetivo (Credere Deum). Qual é o objeto da nossa fé? “Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus” (Hb 12,1). Como é importante manter o olhar fixo naquele que é fonte e meta, o único Salvador e Senhor do gênero humano: Jesus Cristo! Cremos em Deus, mas esse único Deus é três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. Cremos que Deus fez-se homem para a nossa salvação: o Filho único do Pai eterno fez-se carne, pela ação do Espírito Santo, nas entranhas puríssimas da Virgem Maria. A nova criação é a humanidade de Jesus e todos os que querem fazer parte dessa nova realidade têm que entrar em Cristo. Não podemos sequer ofuscar as verdades da nossa fé. São Paulo era tão consciente disso que deixou escrito que “ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema” (Gl 1,8).

Além do mais, ainda que sejamos compreensivos com aqueles que nunca creram, que são ateus, não podemos deixar de sentir um grande pesar por essas pessoas e pedir para elas o dom da fé. Em 1942 fundou-se em Inglaterra o Clube Socrático da Universidade de Oxford. Lewis, famoso literata, era o presidente do Clube. Em determinado momento um conferencista relativista terminava a sua intervenção afirmando: “O mundo não existe, Inglaterra não existe, Oxford não existe e estou seguro de que eu não existo!” Lewis, que era um mestre em respostas rápidas, disse-lhe: “E como vou dirigir-me a um homem que não está aqui?” O absurdo é ridículo! De fato, a Sagrada Escritura chega a afirmar que quem não acredita em Deus é insensato, isto é, falta-lhe o bom senso (cfr. Sl 13,1).

O terceiro aspecto é o motivo pelo qual cremos: a autoridade de Deus que se revela (Credere Deo). Não acreditamos porque estudamos muito ou temos muitos argumentos racionais, nem mesmo porque nos sentimos bem, nem muito menos porque a família sempre foi católica. Esses motivos são insuficientes. Cremos por Jesus Cristo nosso Senhor! O Amém da nossa fé está fundado em Deus que não se engana, nem pode enganar-se. A certeza da fé é mais segura que qualquer certeza científica. É interessante como algumas verdades científicas, certas noutros tempos, foram já totalmente descartadas. A ciência progride continuamente, Jesus Cristo, ao contrário, “é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8). É verdade, pode crescer a nossa compreensão do mistério de Cristo, mas ele é sempre o mesmo.

Os apóstolos realmente souberam apreciar o grande dom da fé e por isso não somente pedem-no, mas suplicam um aumento desse dom. Fé! Fé! Fé! Peçamos insistentemente ao Senhor que aumente a nossa fé e não descuidemos esse tesouro, por exemplo, lendo coisas perigosas, cheias de falácias; não nos deixemos levar da malsã curiosidade em escutar teorias de supostos teólogos que – em lugar de servir à fé e explicá-la – minam os seus fundamentos e arrancam as raízes da salvação do coração das pessoas. Atentar contra a fé dos outros, máxime quando se trata de pessoas simples, é uma impiedade tão grande que Jesus advertiu utilizando uma expressão que soa dura aos nossos ouvidos: “se alguém fizer cair em pecado um desses pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar” (Mt 18,6).

Pe. Françoá Costa

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Homilia do Mons. José Maria – XXVII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Aumentar a FÉ!

No Evangelho, em Lc 17, 5-10, surge a súplica dos Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!” E Jesus disse-lhes: “se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria”. É uma linguagem figurada que exprime a onipotência da fé. Jesus não pede muito; pede apenas um pouquinho de fé, como o minúsculo grão de mostarda, bem menor do que a cabeça de um alfinete; mas, se for sincera, viva, convicta, a fé será capaz de coisas muito maiores, inconcebíveis à compreensão humana. Jesus quer educar os seus discípulos numa fé sem incerteza nem vacilações, numa fé que, apoiada na força de Deus, tudo crê, tudo espera, a tudo se atreve, e persevera invencível, mesmo nas dificuldades mais árduas e difíceis.

Precisamos de uma fé firme, que nos leve a alcançar metas que estão acima das nossas forças, que aplaine os obstáculos e supere os “impossíveis” na nossa tarefa apostólica. É esta a virtude que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e nos permite julgar retamente todas as coisas. Só pela luz da fé e pela meditação da palavra de Deus é que se pode sempre e por toda a parte divisar Deus “em quem vivemos e nos movemos e somos” (At 17, 28), procurar a sua vontade em todos os acontecimentos, ver Cristo em todos os homens, sejam próximos ou estranhos, e julgar com retidão sobre o verdadeiro significado e valor das coisas temporais, em si mesmas e em relação ao fim do homem.

Devemos pedir ao Senhor uma fé firme que reanime o nosso amor e nos faça superar as nossas fraquezas, a fim de sermos testemunhas vivas no lugar em que se desenvolve a nossa vida.

Que força comunica a fé! Com ela superamos os obstáculos de um ambiente adverso e as dificuldades pessoais, que com muita freqüência são mais difíceis de vencer.

Houve ocasiões em que Jesus chamou aos Apóstolos “homens de pouca fé” (Mt 8, 26; 6, 30), pois não se encontravam à altura das circunstâncias. O Messias estava com eles, e no entanto tremiam de medo diante de uma tempestade no mar (Mt 8, 26), ou preocupavam-se excessivamente com o futuro, quando fora o próprio Cristo quem os chamara para que O seguissem. “Senhor, aumenta-nos a fé, pediram a Jesus. O Senhor atendeu a esse pedido, pois todos eles acabaram por dar a vida em testemunho supremo da sua firme adesão a Cristo e aos seus ensinamentos.

Nós também nos sentimos por vezes carentes de fé diante das dificuldades, da carência de meios, como os Apóstolos… Precisamos de mais fé! E ela aumenta com a petição assídua, com a correspondência às graças que recebemos, com atos de fé. “Falta-nos fé. No dia em que vivermos esta virtude – confiando em Deus e na sua Mãe –, seremos valentes e leais. Deus, que é o Deus de sempre, fará milagres por nossas mãos. Dá-me, ó Jesus, essa fé, que de verdade desejo! Minha Mãe e Senhora minha, Maria Santíssima, faz que eu creia!” (São Josemaria Escrivá, Forja, nº. 235).

Senhor, aumenta-nos a fé! Que boa jaculatória para que a repitamos ao Senhor muitas vezes!

A fé é um dom de Deus que a nossa pequenez nem sempre consegue sustentar. Por vezes, é tão pequena como um grãozinho de mostarda. Não nos surpreendamos com a nossa debilidade, pois Deus conta com ela. Imitemos os Apóstolos quando compreenderam que tudo aquilo que viam e ouviam excedia a sua capacidade. Peçamos a Cristo, através de Nossa Senhora e com a humildade dos discípulos, que nos aumente a fé, para que, como eles, possamos ser fiéis até o fim dos nossos dias e levemos muitas pessoas até Ele, como fizeram aqueles que O seguiam de perto em todos os tempos.

Diante das provações, dos desafios, o Senhor nos fala pelo Profeta Habacuc: “… o justo viverá por sua fé” (Hab 2, 4). Este ensinamento tanto é para o israelita, como para o cristão de todos os tempos; é válido em qualquer circunstância da vida dos indivíduos, dos povos ou da Igreja. Mesmo que tudo aconteça como se Deus não existisse ou não visse, é necessário permanecer firmes na fé. Deus não pode demorar a Sua intervenção e intervirá, certamente, em favor dos que acreditam nEle e nEle depositam a sua confiança. “Deus concorre em tudo para o bem dos que O amam” (Rm 8, 28).

Mons. José Maria Pereira

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa – XXVII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Hab 1,2-3; 2,2-4
Sl 94
2Tm 1,6-8.13-14
Lc 17,5-10

Hoje, a Palavra de Deus nos coloca diante de um tema inquietante, o tema da fé. E o coloca com toda a dureza, nas palavras do profeta Habacuc. Ele viveu no final do século VII, início do século VI antes de Cristo. Reinava em Judá um rei iníqüo, Joaquim; o povo já não cultivava amor pelo Senhor; imperava a injustiça, a impiedade, a imoralidade, a violência do grande contra o pequeno… Diante desta situação tão triste, o profeta anunciava que os babilônios viriam e levariam o povo para o exílio. Seria a correção de Deus. Mas, aí, o profeta entra em crise: está certo que Judá merecia castigo; mas, por que Deus iria usar para castigar exatamente os babilônios, que eram um povo mais pecador que os judeus? O profeta angustia-se com esta incompreensível lógica do Senhor e, com dor e sinceridade sofrida, apresenta o seu protesto: “Senhor, até quando clamarei, sem me atenderes? Até quando devo gritar a ti: ‘Violência!’, sem me socorreres? Por que me fazes ver iniqüidades, quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotência estão à minha frente”. “Senhor, tu poderias resolver tudo! Tu poderias corrigir o teu povo de um modo mais lógico, mais compreensível! Por que, Senhor, ages deste modo?”

Crer não é compreender tudo. O profeta, que fala em nome de Deus, nem mesmo ele compreende totalmente o agir de Deus, e se angustia, e pergunta, e chora: “Senhor, por que ages assim? Por que teus caminhos nos escapam deste modo?” A verdade é que a fé não é uma realidade quieta e pacífica! O próprio Jesus adverte que somente os violentos conquistam o Reino dos céus (cf. Mt 11,12s); somente aqueles que lutam, que teimam em acreditar! A fé é uma realidade que sangra, sangra na dor de tantas perguntas sem resposta, sangra pelo sofrimento do inocente, pela vitória dos maus, pelo mal presente em tantas dimensões da nossa vida… E Deus parece calar-se! Um filósofo ateu do século passado chegou a dizer, escandalizado com o sofrimento no mundo: “Se Deus existe, o mundo é sua reserva de caça!” Jó, usou palavras parecidas: “Também hoje minha queixa é uma revolta, porque sua mão agrava os meus gemidos. Ele cobriu-me o rosto com a escuridão” (23,2.17). E, pesaroso, se queixa de Deus: “Clamo por ti, e não me respondes; insisto, e não te importas comigo. Tu te tornaste o meu carrasco e me atacas com teu braço musculoso!” (30,20s). Por que, Senhor? Por que te calas? Por que teus caminhos nos são escondidos? Por que parece que não te importas conosco? – Eis a dor que sangra das feridas dos crentes! A resposta de Deus a Habacuc não explica, mas convida a crer novamente, a abandonar-se novamente, a teimar na perseverança: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé!” Deus é assim: nunca nos explica, mas nos convida sempre à confiança renovada, ao abandono nas suas mãos. Quem não é correto, quem não se entrega nas mãos do Senhor, perderá a fé, morrerá na sua amizade com Deus… mas o justo, o amigo de Deus, viverá, permanecerá firme pela sua fé total e confiante. O justo vive da fé! É isto que é tão difícil para o homem de hoje, que tudo deseja enquadrar na sua razão e, quando não enquadra, se revolta e dá as costas a Deus e, assim, termina morrendo… porque viver sem Deus é a pior das mortes, o maior dos absurdos! O justo vive da fé, vive na fé, vive abandonado nas mãos do Senhor, como dizem as palavras da Antífona de Entrada, que o missal coloca para a liturgia de hoje: “Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra, e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo!” (Est 13,9.10-11).

Nunca esqueçamos: Deus não nos explica seu modo de agir! Se o compreendêssemos, compreenderíamos o próprio Deus e, aí, já não seria o Deus verdadeiro, mas apenas um idolozinho! Contudo, isso não significa que Deus não liga para nossa dor e para o nosso destino. Pelo contrário! Ele veio a nós, fez-se um de nós, viveu nossa vida, suportou nossas dores, experimentou nossa morte! Deus próximo, Deus de amor, Deus solidário! Por isso, podemos olhar para ele e, suplicantes, estender-lhe as mãos, como os discípulos do Evangelho, que pediam: “Aumenta a nossa fé!” E Jesus responde – a eles e a nós – “Se vós tivésseis fé (em mim), mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’ e ela vos obedeceria”. Ou seja: se crermos de verdade naquele amor que se manifestou até a cruz, se crermos – aconteça o que acontecer – que Deus nos ama a ponto de entregar o seu Filho, teremos a força de enfrentar todas as noites com a sua luz, todos os pecados com a sua graça, todas as mortes com a sua vida! Mas, se não crermos, pereceremos… O que o Senhor espera dos seus servos é esta fé total, incondicional, pobre e amorosa! É o que o Senhor espera de nós. Mas, o que fazemos? Queremos recompensas, provas, certezas lógicas! E, os mais cultos, vamos atrás de filosofias e sabedorias humanas… e os mais incultos e tolos, vamos atrás de seitas, de descarregos, de exorcismos feitos por missionários de araques e pastores de si próprios, falsos profetas de um deus falso, feito de dízimos, moedas e gritarias…

O justo vive da fé! Como nos exorta a segunda leitura, reavivemos a chama do dom de Deus que recebemos! “Deus não nos deu um espírito de timidez, de frouxidão, de covardia e incerteza, mas de fortaleza, de amor e sobriedade”. Não nos envergonhemos do testemunho de nosso Senhor! Guardemos aquilo que aprendemos de nossos antepassados, conservemos o “preciosos depósito” da nossa fé católica e apostólica, “com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”. Não corramos atrás das ilusões, fruto das invenções humanas! É isto que o Senhor espera de nós, é este o nosso dever, é esta a nossa vocação, é esta a nossa glória. E, após termos agido assim, não achemos que temos algum direito diante de Deus. Humildemente, digamos: “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”.

Que o Senhor nos dê esta graça: a graça de viver e morrer na fé. Que o Senhor nos conceda a recompensa dosa servos bons e fiéis! Amém!

Dom Henrique Soares da Costa

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AUMENTA A NOSSA FÉ!

Evangelho (Lucas 17,5-10)

Domingo, 3 de Outubro de 2010

27º Domingo do Tempo Comum

Somos servos servidores

A fé é um poder avassalador, não importa quão fraca pareça. Dada a oportunidade que irá assumir e dirigir nossas vidas, confortando-nos quando estamos desanimados e desafiando-nos quando estamos satisfeitos. A segunda parábola é, à primeira vista difícil de conciliar com a afirmação de Jesus de que os seus apóstolos são amigos, não servos do Evangelho de S. João. Talvez ele está sendo irônico aqui: você não pode ganhar o meu amor, já é dado a você. Responda ao meu amor com o amor de sua preferência, mas não corro por aí tentando me impressionar com a forma como você é diligente.

Se eles tinham uma fé verdadeira, eles seriam tão confiante e alegre, que não precisariam estar olhando constantemente para a aprovação e confirmação de seu valor. Sua confiança viria do amor de Deus que eles vivenciam na medida em que eles já não precisam de ser acariciado e mimado como se a aprovação de emprego era tudo que importava na vida. Isso não significa que um deve ser descuidado com a qualidade de seu trabalho, mas isso não significa que a aprovação só em última análise, satisfazer vem da experiência certeza da presença amorosa de Deus.

Há aqui uma lição para todos aqueles que são especialmente necessitadas, como os doentes ou deficientes. Eles certamente merecem nossa atenção, amor e cuidados pessoais, mas também, como os "servos inúteis", às vezes pode ser mais exigente e ingrato que garante sua condição.

São Bento, que era um observador sábio de fraquezas humanas, oferece bons conselhos a este respeito: "Deixe o urso ... doente em mente que eles são servidos fora de honra para Deus e deixá-los não por sua angústia exigências excessivas seus irmãos que servi-los. " A chave é estar em contato com Deus e então não será necessário o papel de vítima, quer seja um "pouco apreciado" servo ou um paciente infeliz.

Os cuidadores são muitas vezes obrigados a ter quase heróica paciência no seu trabalho. Muitas vezes penso que eles deveriam tentar compreender que seus pacientes irritados são provavelmente zangado com Deus e não com eles. Esses pacientes ainda estão lutando para aceitar o que aconteceu a eles e não devemos tomar a sua resistência também pessoalmente. Afinal, é preciso tempo para perceber que o amor de Deus às vezes é expresso de formas que não entendemos.

E nunca se esqueça! SEJA SIMPLESMENTE FELIZ.

Professor Isaías da Costa

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A FORÇA DA FÉ

Quando os discípulos pediram a Jesus para aumentar-lhes a fé, queriam que ela se tornasse mais autêntica e existencial. Quando isto acontecesse, eles estariam aptos para testemunhá-la com a vida, de acordo com o que acreditavam. Não é questão de aumento quantitativo da fé. Mesmo que seja mínima, mas autêntica, ela tem o formidável poder de fazer coisas impossíveis.
Esta é a mensagem da parábola da árvore transplantada para o mar. Uma fé minúscula seria suficiente para ordenar a uma árvore arrancar-se e plantar-se no mar. Essa ordem será imediatamente executada, quando resultar da confiança inabalável em Deus.
A profundidade da fé manifesta-se na maior ou menor capacidade de realizar as obras dela decorrentes. E as obras decorrentes da fé são as do amor. Quanto mais temos fé, mais somos misericordiosos com o próximo, cultivamos uma disposição contínua para perdoar, buscamos, em tudo, ser fraternos e solidários com os outros, empenhamo-nos pela causa da justiça.
As obras da fé são, em última análise, o dever fundamental da comunidade cristã. Realizá-las é obrigação. Quem as pratica, sabe que faz o que Deus quer. Portanto, tem consciência de ser um simples servo inútil, cuja única grandeza consiste em fazer o que é seu dever.

Prece
Espírito de fé operosa, robustece minha fé pequena, capacitando-me para realizar as obras do amor e da misericórdia.

Pe. Jaldemir Vitório

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SE TIVERES FÉ COMO UM GRÃO DE MOSTARDA...

Na Palavra de Deus deste XXVII Domingo do Tempo Comum que nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correta que o homem deve assumir face a Deus.

As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o “Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.

Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado… Deus, em resposta, confirma a sua intenção de atuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projeto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o “tempo de Deus”.

O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projeto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem… A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.

A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.

Leituras Primeira Leitura - Leitura da profecia de Habacuc (Hab 1, 2-3; 2, 2-4)

Com freqüência encontramos pessoas que nos questionam acerca da relação entre Deus, a sua justiça e a situação do mundo: se Deus existe, como é que Ele pode pactuar com a injustiça e a opressão? Se Deus existe, porque é que há crianças morrendo de câncer ou de fome? Se Deus existe, porque é que os bons sofrem e os maus são compensados com glória, honras e triunfos? Estas são as questões que, hoje, mais obstaculizam a crença em Deus… A nossa resposta tem de ser o reconhecimento humilde de que os projetos de Deus ultrapassam infinitamente a nossa pequenez e finitude e que nós nunca conseguiremos explicar e abarcar os esquemas de Deus… Precisamos aprender a confiar em Deus, a nos entregar nas suas mãos, a sentir que Ele é um Pai que nos ama e que, aconteça o que acontecer, está escrevendo a história por caminhos direitos (embora os caminhos pelos quais Deus conduz o mundo nos pareçam, tantas vezes, estranhos, misteriosos, enigmáticos, incompreensíveis). Devemos confiar na bondade e na magnanimidade desse Deus que nos ama como filhos e que tudo fará, sempre, para nos oferecer vida e felicidade.

2Até quando, Senhor, implorarei sem que escuteis? Até quando vos clamarei: Violência!, sem que venhais em socorro? 3Por que me mostrais o espetáculo da iniqüidade, e contemplais vós mesmo essa desgraça? Só vejo diante de mim opressão e violência, nada mais que discórdias e contendas.

2E o Senhor respondeu-me assim: Escreve esta visão, grava-a em tabuinhas, para que ela possa ser lida facilmente; 3porque há ainda uma visão para um termo fixado, ela se aproxima rapidamente de seu termo e não falhará. Mas, se tardar, espera-a, porque ela se realizará com toda a certeza e não falhará. 4Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade.
Palavra do Senhor

Salmo Responsorial - Salmo 94 Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor,
aclamemos o Rochedo de nossa salvação;
apresentemo-nos diante dele com louvores,
e cantemos-lhe alegres cânticos.

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Vinde, inclinemo-nos em adoração,
de joelhos diante do Senhor que nos criou.
Ele é nosso Deus; nós somos o povo de que ele é o pastor,
as ovelhas que as suas mãos conduzem.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Não vos torneis endurecidos como em Meribá,
como no dia de Massá no deserto,
onde vossos pais me provocaram e me tentaram,
apesar de terem visto as minhas obras.

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

Segunda Leitura - Primeira Carta de São Paulo a Timóteo (2Tm 1, 6-8.13-14)

A interpelação do autor da segunda Carta a Timóteo dirige-se, antes de mais, a todos aqueles que um dia aceitaram o batismo e optaram por Cristo… Na verdade, o mundo que nos rodeia apresenta imensos desafios que, muitas vezes, nos desmobilizam do serviço do Evangelho e dos valores de Jesus. É por isso que é preciso redescobrir os fundamentos do nosso compromisso. Quais são os interesses que influenciam a minha vida e que condicionam as minhas opções: os meus gostos pessoais, as indicações da moda, as sugestões da sociedade, ou as exigências e os valores do Evangelho de Jesus?

6. Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos.
7. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de sabedoria.
8. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus.
13. Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo.
14. Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós. Palavra do Senhor

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 17, 5-10)

Nós, homens, somos, com freqüência, muito ciosos dos nossos direitos, dos nossos créditos, daquilo que nos devem pelas nossas boas ações. Quando transportamos isto para a relação com Deus, construímos um deus que não é mais do que um contabilista, que escreve nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de nos pagar religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos… Na realidade - diz-nos o Evangelho de hoje - não podemos exigir nada de Deus: existimos para cumprir, humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e para O louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve estar sempre.

5 Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.
6 Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
7 Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás?
9 Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado?
10 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
Palavra da Salvação

Comentário

Quando ao final se diz: Deus meu!

Duvidas, do que antes parecia certeza!

Encontramos-nos em tempos que se caracterizam em pôr em dúvida tudo o que antes foram certezas. A fé em Deus está se reduzindo a níveis inesperados. Antes confiávamos mais na Providência de Deus, orávamos com muita mais confiança, esperávamos seus milagres, fazíamos procissões, rogávamos para pedir-lhe a chuva, a cura de uma doença.... Agora nos retraímos, cada vez mais. Sentimos certa vergonha ante a oração de súplica. Chegamos a pensar que é ingênuo pedir: pois o que tem que ser será e nada estranho sucederá. A única coisa que necessitaríamos seriam decisões políticas mais adequadas para resolver os problemas. Poucos pensam que a solução para o aquecimento global do planeta ou a sua crescente desertificação seja a oração. O que pedimos são decisões políticas, econômicas, mais inteligentes!

Parece que este mundo esta escapando das mãos de Deus. A prosperidade nos torna muito mais arrogantes, auto-suficientes e descrentes. O mundo religioso, baseado na transcendência, está se tornando sem transcendência para a sociedade. Queremos construir a cidade aqui embaixo - a Jerusalém da terra - não sentimos necessidade de esperar e acolher a cidade que vem do céu - a nova Jerusalém.

Que está ocorrendo? A alma religiosa que cada um leva dentro de si parece não se sentir enamorada dos deuses que até agora tinha adorado e procuram outros deuses que, ao menos, dê sentido e ilusão aos poucos anos que vivemos sobre o planeta. Há deuses na política, na economia, no desporto, que monopolizam toda nossa capacidade de adoração, de entrega... que monopolizam nosso tempo.

Claro que hoje nos pedem fé! Mas trata-se de uma fé nas próprias possibilidades, na política que votamos, na sorte anônima.... Mas e a fé em Deus? Cansamos-nos Dele, de clamar e não receber resposta, de orar e descobrir que nada muda? As palavras do profeta Habacuc poderiam ser as nossas: Até quando clamarei, Senhor, sem que me escutes?

Deus nos escuta?
E se nos escuta, o que pode fazer por nós?
Não é este mundo como um avião que voa pelo espaço, porém entregue à sua sorte, sem piloto?


Oxalá escute hoje sua voz!

O salmo 94 convida-nos a pôr o ouvido atento e deixar-nos surpreender pela Palavra. Deus fala! Mas, onde? Quando? Como? Investigamos tudo, e devemos ver quantos meios a sociedade secular põe nestas investigações. Após 10 anos segue-se investigando a morte de Lady Di, investigam-se as vidas privadas e pretende-se surpreender as pessoas famosas, investigam-se crimes e fatos do passado. Encontramos-nos na sociedade da investigação. A investigação se tornou espetáculo.

Também se está investigando no mundo do espírito, da espiritualidade. Podemos ver a quantidade de literatura esotérica que é vendida, quantos esforços se fazem para encontrar caminhos de serenidade, anti-stress, felicidade, êxtase. A única questão é se a investigação está ocorrendo pelo caminho adequado. Se não estaremos deixando de lado, as pistas mais certeiras.

O certo que é que muitos abandonam os caminhos trilhados, o ritual sem sentido, a reza cansativa, as práticas que tratam de cumprir normas, mas que não geram experiência transcendente. Estamos cada vez mais decepcionados com os vendedores do divino, os quais montam barracas de feria religiosas, identificando Deus com qualquer guloseima, com ritos - os quais nem eles crêem -, em rezas que repetem obsessivamente sem se comoverem, em uma moral que se mostra muito exigente. Pior ainda, quando se identifica Deus com as próprias idéias ou ambições...

As palavras do profeta Habacuc são impressionantes pela confiança absoluta que transmitem: Escreve a visão... a visão espera seu momento, aproxima-se seu termino e não falhará. Se demora... espera! Nosso Deus mantém sua Aliança com a terra e com a humanidade. Sua aliança é de amor, de comunhão. Estamos unidos e re-unidos a Ele e Ele conosco. E se isso é assim, porque não lhe expressar nossos desejos e nossos desejos de mudança, de transformação, de milagre? Renunciamos às pessoas que amamos os nossos desejos impossíveis, os sonhos que sonhamos? Se estivermos em Aliança com nosso Deus, porque vamos renunciar a pedir-lhe milagres, e incluí-lo cada vez mais em nossa vida social, econômica, na evolução da natureza e da história?

Se tiveres fé...

Temos de nos convencer de que nosso Deus não pode ser silenciado por uma sociedade arrogante e auto-suficiente, que algumas nuvens não são capazes de tornar opaca sua Luz infinita. Não se deve dar nada por perdido. Podemos fazer muito para melhorar nosso mundo, mas é muitíssimo o que está já fazendo o Espírito Santo no coração de cada ser humano, na natureza, para que tudo melhore. É Ele o Realizador, o “Aperfeiçoador” da obra redentora e misteriosa de Jesus.

É normal que tenhamos crises de fé; que nossa confiança se encontre em determinados momentos em baixa. Quem pode presumir de não ter dúvidas e vacilações e desconfianças? Mas, quando se superam, que felicidade e paz nos embargam! Nada, nem ninguém contra nós! Se Deus está a nosso favor nosso, quem será contra nós?

A fé contagia. A fé autêntica não se impõe, seduz. Se a fé não seduz, será autêntica fé? A vida de fé é uma maratona. Se ganha sofrendo muito, esperando muito. Deve-se ter visão ampla. Jesus pede-nos para ter fé, confiança. Uma fé fecunda!

Não deixemos que se esfrie o coração religioso da humanidade. Investiguemos com paixão as pegadas de Deus em nosso tempo. Sigamos buscando apaixonadamente o nosso Deus. Fora com a preguiça que nos faz procurar no passado soluções que o futuro nos exige! Se de verdade cremos, busquemos.

Quanto mal nos faz os crentes "congelados", para quem tudo é sabido, para quem o evangelho é um código de leis, e a Palavra de Deus só é aquela que sai da boca de um mandatário! Como nos faz bem aqueles crentes que se maravilham ante a presença de Deus em nossa terra, tão freqüente, tão inesperada, tão fascinante... Onde estão parece que tudo se ilumina e só nos surgem uma exclamação: DEUS MEU!

José Cristo Rey Garcia Paredes.

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A FÉ É INSTINTIVA

O desejo de Deus está inscrito na mente do ser humano; Porque o ser humano foi criado por Deus e para Deus; Deus não cessa de nos atrair para si como um ímã; Somente em Deus o ser humano encontra a verdadeira felicidade; A felicidade é a coisa que mais procuramos em toda a nossa existência;.

EXPLICAÇÃO

O desejo de Deus está inscrito na nossa mente, porque é com o cérebro que acreditamos, amamos e cremos. Quando lemos que Deus está em nosso coração, devemos interpretar, ou entender que Deus está em nossa mente. Durante muito tempo acreditou-se que nós amávamos com o coração, pelo aumento dos batimentos cardíacos por causa do amor. Por exemplo, quando a moça estava esperando o namorado, e o seu coração batia forte, e ela concluia que o amava com o coração. Como as emoções de amor ocorridas no nosso cérebro aceleravam as batidas cardíacas, pensou-se durante muito tempo que o amor ocorria no coração, assim como o ato de crer. Hoje, sabemos , que a função principal do coração não é amar, mais sim, bombear o sangue .

O desejo ou inclinação para Deus está escrito, gravado em nossa mente, em nosso cérebro desde que nascemos pelo próprio Deus que nos criou. Viemos de Deus, e devemos voltar um dia para Deus, e esse é o desejo de Deus. Lamentável seria se voltássemos para o inferno!

E Deus não pára de nos atrair para Ele todo dia como um gigantesco ímã, mesmo que nos afastemos dele. Por exemplo, Ele está atraindo você neste instante através desta leitura. Você não teria achado e entrado neste blog se Deus assim não o tivesse permitido, se não o tivesse atraído. Você concorda? Então continue esta leitura.

Deus nos atrai e somente em Deus encontramos a verdadeira felicidade. A aparente felicidade que o mundo nos dá é incompleta, falsa, imperfeita, além de passageira. Só existem momentos felicidade ou de alegria nesta vida terrena. Por isso não se iluda!

A felicidade é a coisa que nós buscamos desesperadamente desde a hora que acordamos até a hora que deitamos. Tudo o que fazemos, só tem um objetivo: Atingir ou conseguir a felicidade. É claro que às vezes buscamos a felicidade no lugar, na coisa, ou na pessoa errada. Mas não paramos um minuto de buscá-la em toda a nossa vida. Viver sem problemas, nada de sofrimento, muito dinheiro, conseguir tudo que queremos, principalmente muito afeto da pessoa amada, prazer, e só alegrias. É isso que chamamos de felicidade.

A NOSSA FÉ É ALGO INSTINTIVO.

O ser humano é um é um Homo sapiens, porque, ao contrário do animal, nós somos capazes de acumular, ou gravar no cérebro, novos conhecimentos e novas experiências.

Hoje somos Audio-visivos , porque só ouvimos e vemos (televisão e internet)

O ser humano é um ser psico-social, isto é, ele é capaz de inter-agir e conviver com outros, seus semelhantes.

O homem e a mulher (ser humano) são seres psico-biológicos, por ser compostos de corpo mente e alma que interagem um com os outros, e que recebeu o nome de psicosomática.

O ser humano é também um ser psico-religioso por causa da sua inclinação para Deus. Por causa do instinto religioso que existe em cada ser humano. Da mesma forma que comemos, da mesma forma que fazemos excreções, da mesma forma que dormimos, bebemos água, nós temos a tendência ou inclinação natural para UMA ENERGIA PODEROSÍSSIMA E INVISÍVEL que percebemos existir, e que chamamos de DEUS. Em outros povos recebe nomes diferentes: Alá, Jeová, Javé, e até de Papai do Céu. E nós praticamos ou demonstramos esta atração para Deus através de: crenças, orações, sacrifícios, holocaustos, totemismo, animismo etc.

Apesar da atuação de satanás na nossa vida, o ser humano sempre buscou, busca e buscará a aproximação com Deus. Isto porque o homem é um ser religioso, ou psico-religioso. Portanto, a fé é instintiva.

A fé da humanidade não está enfraquecendo, como pensam alguns.O que está enfraquecendo é a coragem ou vontade de se praticar ou demonstrar esta fé, isto por causa dos meios de comunicações que conseguem fazer uma verdadeira lavagem cerebral em nossa mente, varrendo os valores morais e no seu lugar colocando sexo, drogas, violência, e apego cada vez maior aos bens materiais como se fôssemos viver para sempre aqui na Terra.

Quem não gosta de ver um filme cujo personagem foge com uma ou duas malas cheias de dólares, ou barras de ouro? Nos transporemos da poltrona para o lugar dele, seja bandido ou mocinho, e torcemos para que ninguém lhe tire aquela “grana” que representa o poder de adquirir quase tudo na terra. Isso tudo distrai até o melhor cristão. E até nos esquecemos que são coisas passageiras, e que o melhor mesmo são os tesouros guardados no céu. Esquecemos por algum tempo que nada disso nos satisfaz plenamente.

A fé é instintiva. Se matarmos todos os bispos , todos os padres, e todos os diáconos e catequistas, com certeza o ser humano vai adorar paus e pedras, como o fazia quando a humanidade estava engatinhando na fé, e como ainda o fazem os nativos das tribos da África, da Ásia e os Aborígenes da Austrália, onde a vida é primitiva, e onde não tem missionários para lhes apresentar Jesus. Todas as tribos do planeta têm as suas manifestações religiosas. Por que a fé é instintiva.

Fonte: Catecismo da Igreja Católica

Sal.

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A FÉ, A SEMENTE DE MOSTARDA E O SERVIÇO

As leituras de hoje nos chamam a atenção para a fé. “Aumenta-nos a fé!”, disseram os apóstolos a Jesus. Por que os discípulos pedem para aumentar a fé deles? Qual é a relação entre as duas parábolas do evangelho de hoje, semente de mostarda e servo inútil, e a fé? O que é a fé? A carta aos Hebreus define fé como “firme fundamento das coisas que se esperam, uma posse antecipada, um meio de demonstrar as realidades que não se veem”. E ainda acrescenta: “foi por meio dela que os antigos deram seus testemunhos” (Hb 11,1-2). Mesmo não tendo visto Jesus ressuscitado, eu acredito, tenho fé, certeza de que ele ressuscitou. Por isso, eu tenho fé. Não preciso manifestar fé em uma árvore, pois já sei que ela existe. Ninguém precisa me transmitir esse ensinamento. Podemos correr o risco de banalizar a fé, quando a colocamos na dimensão da incerteza. Os discípulos acreditavam nas palavras e promessas do Reino que Jesus anunciava, mas também disseram: aumenta-nos a fé.

Neste domingo, dia em que o país irá às urnas para escolher presidente, senadores, governadores e deputados, perguntemo-nos: Qual é a contribuição do cristão neste ato cívico? Temos fé em nossos políticos? As suas promessas se tornam realidades? Por enquanto, permaneçamos com essas inquietações.

1º leitura (Hab 1,2-3; 2,2-4)

A fé salva e a fidelidade me faz justo seguidor da Lei

Habacuque, quem nos apresenta neste domingo uma profecia, foi um profeta realista, contestador, lamentador e esperançoso. Como Jó, ele foi o “homem da crise”. Ele atuou entre 605 e 600 a.C., período em que Judá viveu sob a dominação do império neobabilônico, pagando-lhe tributos. O rei Joaquim, aliado de um outro opressor, o Egito, foi colocado no trono pelo Faraó para governar Judá. A tirania de Joaquim foi tamanha que a injustiça aumentou no país. Pouco tempo depois, os babilônios, com Nabucodonosor, invadiram o país, destruíram Jerusalém e levaram as lideranças do povo para um exílio, que duraria cinco décadas, na Babilônia.

Habacuque, que num primeiro momento acreditou na reforma de Josias, percebe que não mais seria possível esperar por uma solução baseada na Lei. Ele perde a esperança na reforma deuteronomista, mas crê que Deus vencerá (2,1-3; 3,15.19). Esta descoberta lhe restituiu a esperança. Habacuque manteve-se firme nas seguintes denúncias: a não observância da Lei (1,4); os juízes corruptos (1,4); o roubo (2,9-10); a política injusta (2,12-14); a idolatria (2,18-20); os impérios egípcio (1,2) e babilônico (1,12-17); e o cinismo do conquistador (ou qualquer pessoa) que embriaga o seu próximo para lhe contemplar a nudez (2,15).

A primeira leitura é um lamento do profeta pela situação do povo e um questionamento a Deus, pedindo-lhe que os ouça: “Até quando, Senhor, pedirei socorro e não ouvirás” (1,2). A resposta de Deus vem em dois momentos. Ele diz que o opressor, a Babilônia, virá para destruir o país (1,5). Esse será o castigo para o povo de Judá. O profeta Jeremias dirá o mesmo. Habacuque se assusta com essa resposta de Deus (1,12-17). E Deus novamente responde, dizendo que ele sabe o que faz e não engana (2,2-4). E acrescenta: “o justo viverá pela sua fidelidade”. Habacuque chama o povo a ter confiança na justiça humana e na força libertadora do Senhor. A salvação virá pela fé e não pela observância da Lei (2,4). É o que São Paulo, mais tarde, irá aprofundar na sua teologia da “justificação pela fé” (Rm 1,17; Gl 3,11), tendo como base esse texto de Habacuque. A tradução da Bíblia hebraica para o grego, chamada de Setenta, traduziu o termo hebraico ‘emunah por fé, em vez de fidelidade, como está no texto de Habacuque. Fidelidade está relacionada com o justo que segue a Torá.

Outro fator que chama a atenção no texto de Habacuque é que Deus vai castigar o povo por causa de seus governantes iníquos. Relembrar isso em dia de eleição é muito propício. Em tempos modernos, não precisamos chegar a tanto, como foi o caso de Judá. Por outro lado, se a nossa lei punisse, de fato, os políticos corruptos, com certeza, nosso país seria diferente em questões sociais. Outro dado, muitos de nossos políticos não se envergonham de manifestar em público a sua fé. Neste ano, um deles chegou a rezar agradecendo a Deus pelo dinheiro conseguido com as suas falcatruas. Ele ficou conhecido como o político da oração.

A fé que nos salva é aquela que me faz justo seguidor da justiça pregada pela Palavra de Deus. Esta sim, o resto é pura enganação. Fiquemos atentos, sobretudo para o grande mercado da fé que assola o nosso país.

2. Evangelho (Lc. 17,5-10): “Senhor, aumenta a nossa fé!”

No evangelho de hoje, nos encontramos todos com uma inquietante pergunta: Senhor, aumenta-nos a fé! Jesus responde com duas parábolas. Vejamo-las.

a) “A fé pode até ser do tamanho de uma semente de mostarda” (vv. 5-6). Essa passagem também pode ser lida em Mt. 17,20-21; 21,21; Mc. 9,24; 11,23. Os apóstolos pedem a Jesus que aumente a fé deles. A interpretação desse texto nos ensina que a fé, por menor que seja, assim como uma pequenina semente de mostarda, pode realizar maravilhas, até mesmo exigir que uma amoreira se replante no mar. Viver a fé em tempos modernos é um desafio para todos nós. Somos senhores de muitos poderes e de nós mesmos. A fé é muito mais que uma boa obra ou uma dimensão psicológica de nossa existência. Ela é um colocar em Deus, que é amor que nos redime e nos impulsiona a viver na integridade das relações. Fé não é questão de quantidade, mas de qualidade.

b) “A fé é um serviço” (vv. 7-10). Na sequência da fé comparada à semente de mostarda, Jesus, fazendo uso de uma situação não muito peculiar aos apóstolos, a de um patrão que tem um empregado que o serve sem se perguntar o porquê de sua atitude, ensina que é simplesmente fazer o que se tem que fazer. Quem tem fé faz. Isso basta. As obras são consequências de nossa fé em Deus que tudo pode. E se Deus tudo pode, eu também posso, com a minha fé, realizar grandes obras. O serviço é uma dimensão da fé.

Amanhã, dia quatro de outubro, a Igreja faz a memória de São Francisco de Assis, o santo da paz e do bem, o defensor da ecologia e inventor do presépio. No final de sua vida, quando tanto havia feito e vivenciado a fé em Deus, com todo o ardor próprio da Idade Média, Francisco de Assis disse: “Irmãos, vamos recomeçar novamente, porque pouco ou nada fizemos”. Essa espiritualidade é a do serviço e da fraternidade universal. Por menor que seja, ela será sempre um serviço à justiça e ao bem comum, realizado de forma gratuita e não por dinheiro, como pensavam alguns.

2º leitura (2Tm. 1,6-8.13-14): Timóteo, viva a sua fé!

A segunda leitura tem uma orientação clara: Paulo, apóstolo propagador da fé em Jesus, com quem ele nem mesmo convivera, mas fora um perseguidor aguerrido de seus seguidores, exorta ao seu discípulo, Timóteo, a viver a fé por causa de sua consagração a serviço da Igreja, na coordenação da comunidade. Timóteo é convocado a cooperar com os dons do Espírito Santo. Ele não pode transmitir medo, mas reavivar sempre a sua fé. O cristão deve alimentar sempre a sua fé para não desanimar. Da mesma forma, ele deve dar testemunho de Jesus Cristo e guardar o depósito da fé, eis a sua missão. Paulo também não se intimida em demonstrar com palavras as suas atitudes de fé.

Na prisão, Paulo lhe diz: “Toma por modelo as sãs palavras que de mim ouviste, com fé e com amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, por meio do Espírito Santo que habita em nós” (vv. 13-14). O cristão precisa ser corajoso, não olhar interesses pessoais. “Não se envergonhe de dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro” (v. 8), afirma, categoricamente, Paulo a Timóteo. A prisão não desmerece Paulo, pelo contrário, ela o credencia como discípulo de Cristo Jesus.

PISTAS PARA REFLEXÃO

1. Mostrar que o mundo é marcado por situações que não agradam a Deus e, tampouco, ao seu povo. Os que não crêem podem até dizer que as desigualdades são normais e que Deus não existe, mas a promessa da vinda de Jesus se realizará. Os maus serão extirpados e os bons, chamados de benditos do meu Pai.

2. A igreja, por ser a aglutinação daqueles que crêem, deve anunciar e propiciar o caminho da salvação para todos, lutando pela justiça social, pela paz e pela divisão fraternal dos bens. Fazer tudo isso é já ter a fé aumentada, assim como pediram os discípulos a Jesus.

3. A comunidade de fé tem um compromisso fundamental com a vida política do país. Escolher bem os governantes e, depois, cobrar deles atitudes coerentes com o prometido são o compromisso de fé que todos devemos assumir.

frei Jacir de Freitas Farias, ofm - www.paulus.com.br

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Hoje, a Palavra de Deus nos coloca diante de um tema inquietante, o tema da fé. E o coloca com toda a dureza, nas palavras do profeta Habacuc. Ele viveu no final do século VII, início do século VI antes de Cristo. Reinava em Judá um rei iníqüo, Joaquim; o povo já não cultivava amor pelo Senhor; imperava a injustiça, a impiedade, a imoralidade, a violência do grande contra o pequeno... Diante desta situação tão triste, o profeta anunciava que os babilônios viriam e levariam o povo para o exílio. Seria a correção de Deus. Mas, aí, o profeta entra em crise: está certo que Judá merecia castigo; mas, por que Deus iria usar para castigar exatamente os babilônios, que eram um povo mais pecador que os judeus? O profeta angustia-se com esta incompreensível lógica do Senhor e, com dor e sinceridade sofrida, apresenta o seu protesto: “Senhor, até quando clamarei, sem me atenderes? Até quando devo gritar a ti: ‘Violência!’, sem me socorreres? Por que me fazes ver iniqüidades, quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotência estão à minha frente”. “Senhor, tu poderias resolver tudo! Tu poderias corrigir o teu povo de um modo mais lógico, mais compreensível! Por que, Senhor, ages deste modo?”

Crer não é compreender tudo. O profeta, que fala em nome de Deus, nem mesmo ele compreende totalmente o agir de Deus, e se angustia, e pergunta, e chora: “Senhor, por que ages assim? Por que teus caminhos nos escapam deste modo?” A verdade é que a fé não é uma realidade quieta e pacífica! O próprio Jesus adverte que somente os violentos conquistam o Reino dos céus (cf. Mt 11,12s); somente aqueles que lutam, que teimam em acreditar! A fé é uma realidade que sangra, sangra na dor de tantas perguntas sem resposta, sangra pelo sofrimento do inocente, pela vitória dos maus, pelo mal presente em tantas dimensões da nossa vida... E Deus parece calar-se! Um filósofo ateu do século passado chegou a dizer, escandalizado com o sofrimento no mundo: “Se Deus existe, o mundo é sua reserva de caça!” Jó, usou palavras parecidas: “Também hoje minha queixa é uma revolta, porque sua mão agrava os meus gemidos. Ele cobriu-me o rosto com a escuridão" (23,2.17). E, pesaroso, se queixa de Deus: “Clamo por ti, e não me respondes; insisto, e não te importas comigo. Tu te tornaste o meu carrasco e me atacas com teu braço musculoso!” (30,20s). Por que, Senhor? Por que te calas? Por que teus caminhos nos são escondidos? Por que parece que não te importas conosco? – Eis a dor que sangra das feridas dos crentes! A resposta de Deus a Habacuc não explica, mas convida a crer novamente, a abandonar-se novamente, a teimar na perseverança: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé!" Deus é assim: nunca nos explica, mas nos convida sempre à confiança renovada, ao abandono nas suas mãos. Quem não é correto, quem não se entrega nas mãos do Senhor, perderá a fé, morrerá na sua amizade com Deus... mas o justo, o amigo de Deus, viverá, permanecerá firme pela sua fé total e confiante. O justo vive da fé! É isto que é tão difícil para o homem de hoje, que tudo deseja enquadrar na sua razão e, quando não enquadra, se revolta e dá as costas a Deus e, assim, termina morrendo... porque viver sem Deus é a pior das mortes, o maior dos absurdos! O justo vive da fé, vive na fé, vive abandonado nas mãos do Senhor, como dizem as palavras da Antífona de Entrada, que o missal coloca para a liturgia de hoje: “Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra, e tudo o que eles contêm; sois o Deus do universo!” (Est 13,9.10-11).

Nunca esqueçamos: Deus não nos explica seu modo de agir! Se o compreendêssemos, compreenderíamos o próprio Deus e, aí, já não seria o Deus verdadeiro, mas apenas um idolozinho! Contudo, isso não significa que Deus não liga para nossa dor e para o nosso destino. Pelo contrário! Ele veio a nós, fez-se um de nós, viveu nossa vida, suportou nossas dores, experimentou nossa morte! Deus próximo, Deus de amor, Deus solidário! Por isso, podemos olhar para ele e, suplicantes, estender-lhe as mãos, como os discípulos do Evangelho, que pediam: “Aumenta a nossa fé!” E Jesus responde – a eles e a nós – “Se vós tivésseis fé (em mim), mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’ e ela vos obedeceria”. Ou seja: se crermos de verdade naquele amor que se manifestou até a cruz, se crermos – aconteça o que acontecer – que Deus nos ama a ponto de entregar o seu Filho, teremos a força de enfrentar todas as noites com a sua luz, todos os pecados com a sua graça, todas as mortes com a sua vida! Mas, se não crermos, pereceremos... O que o Senhor espera dos seus servos é esta fé total, incondicional, pobre e amorosa! É o que o Senhor espera de nós. Mas, o que fazemos? Queremos recompensas, provas, certezas lógicas! E, os mais cultos, vamos atrás de filosofias e sabedorias humanas... e os mais incultos e tolos, vamos atrás de seitas, de descarregos, de exorcismos feitos por missionários de araques e pastores de si próprios, falsos profetas de um deus falso, feito de dízimos, moedas e gritarias...

O justo vive da fé! Como nos exorta a segunda leitura, reavivemos a chama do dom de Deus que recebemos! “Deus não nos deu um espírito de timidez, de frouxidão, de covardia e incerteza, mas de fortaleza, de amor e sobriedade”. Não nos envergonhemos do testemunho de nosso Senhor! Guardemos aquilo que aprendemos de nossos antepassados, conservemos o "preciosos depósito” da nossa fé católica e apostólica, “com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”. Não corramos atrás das ilusões, fruto das invenções humanas! É isto que o Senhor espera de nós, é este o nosso dever, é esta a nossa vocação, é esta a nossa glória. E, após termos agido assim, não achemos que temos algum direito diante de Deus. Humildemente, digamos: “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”.

Que o Senhor nos dê esta graça: a graça de viver e morrer na fé. Que o Senhor nos conceda a recompensa dosa servos bons e fiéis!

dom Henrique Soares da Costa - www.padrehenrique.com

padre Wagner Augusto Portugal - www.catequisar.com.br

Somos meros servos de Deus

A Palavra de Deus que hoje nos é dirigida fala de dois temas: a fé e a atitude correta que o homem deve assumir perante Deus. As leituras são um convite a reconhecermos nossa pequenez e a acolher com gratidão os dons que Deus nos concede.

Na primeira parte do Evangelho, vemos um pedido por parte dos apóstolos ao Senhor: “aumenta a nossa fé!”. Não sabemos precisamente o que tenha feito os apóstolos pedirem ao Senhor para que aumentasse a fé deles; podemos imaginar que seja algo ligado ao perdão ilimitado (texto imediatamente anterior): por ser uma tarefa muito difícil, principalmente quando se tem que perdoar o próximo que nos magoa constantemente; às vezes, a paciência e o amor querem fraquejar. Por isso, é necessária muita fé.

Os apóstolos e nós, hoje, nos damos conta como é fraca a nossa fé em Deus. Mas, como eles, não abandonamos a luta nem diminuímos os nossos trabalhos, mas pedimos ao Senhor uma fé mais firme. E é o que devemos fazer mesmo! Só Deus pode vir em nosso auxílio.

Jesus não responde diretamente ao pedido dos apóstolos. Mas, com a sua resposta, ressalta a importância da fé. Somente se tivermos uma autêntica confiança em Deus, acontecerá aquilo que para a razão humana é impossível. Esta impossibilidade é exemplificada através da imagem do “transportar montanhas” (aqui uma amoreira). Não há limites para o poder de Deus. Mesmo que Deus nos peça coisas aparentemente impossíveis, ele pode nos tornar capazes de realizá-las. E mesmo que esta fé seja microscópica como uma pequena semente de mostarda, se for verdadeira fé, Deus fará com que ela desenvolva. (contraste entre a pequenez da semente de mostarda de 2mm de diâmetro e a altura dessa árvore de até 5 metros de altura).

Na I leitura, vemos o profeta Habacuc que discute com Deus: como fazer pra acreditar em Deus se as coisas estão indo mal? E Deus responde: “o justo viverá por sua fé”. Talvez estejamos na mesma situação de Habacuc? Quanta violência, injustiças, tragédias, e quanta falta de fé. É preciso termos fé, é necessário confiar.

Em tudo aquilo que Jesus faz, ele encoraja os apóstolos a crerem. Ele diz a Pedro: “eu orei por ti para que tua fé não desfaleça” (Lc 22,32). Desta forma, o Senhor cumpre o pedido feito por seus apóstolos de aumentar a fé deles. Também nós devemos contar com a oração de Jesus e pedir esta forma de relação fundamental com Deus: a confiança nele.

Com a parábola do servo, Jesus nos indica um outro aspecto essencial da nossa relação com Deus. Esta parábola não pretende mostrar o comportamento de Deus com relação ao homem, mas quer indicar qual a justa atitude em que nos encontramos perante ele. Jesus não quer passar a ideia de um Deus como um patrão que manda, é servido sem agradecer, e alimenta os seus servos só com o resto! Não! O que importa aqui é: qual a justa visão que os apóstolos devem ter de sua relação com Deus: os servos devem fazer tudo aquilo que o seu patrão ordena. Observando estas ordens, fazem somente o seu dever e não merecem nada por isso. Devem aceitar esta realidade.

Reconhecer a nossa relação de dependência a Deus significa entender que não somos independentes. Ninguém veio à existência sozinho. Também não somos autônomos, não podemos viver a nossa vida a nosso bel prazer sem prestarmos contas a Deus. Temos deveres para com Deus. Mas também devemos estar conscientes de que ele nunca nos pede nada de arbitrário ou absurdo. O dever é aquele de nos comportarmos como administradores fiéis: da nossa vida, das nossas capacidades, dos nossos dons.

Nunca devemos pensar que cumprindo a vontade do Senhor temos direitos e privilégios perante Deus. Devemos ser conscientes que o que fazemos não é outra coisa que o nosso dever. Às vezes, podemos pensar que o fato de rezarmos, de fazermos caridade, de cumprir a vontade de Deus represente um favor a ele e que por isso, ele deve ser grato a nós. Há muita gente que pensa assim. Pois, saibamos que Deus se alegra pelo nosso esforço. Mas, ele não precisa disso. De jeito nenhum. Nós é que precisamos dele sempre. De nossa relação com Deus devemos excluir qualquer pretensão.

Assim, com humildade e modéstia, a nossa condição perante Deus é fazer tudo aquilo que é nosso dever, e por isso, o Evangelho nos chama de simples servos, não de “servos inúteis”. A palavra grega utilizada aqui traduzida por inútil indica a falta de mérito, a humildade, a pequenez, e não a inutilidade: a idéia de não servir para nada. Não somos servos inúteis, pois trabalhamos no arado de Deus, mas nem por isso deixamos de ser somente simples servos que devem cumprir a sua missão com amor.

padre Carlos Henrique de Jesus Nascimento - www.pecarlos.blogspot.com

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FIM DOS COMENTÁRIOS SOBRE A COMO UM GRÃO DE MOSTARDA

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