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Fiéis à Doutrina da Igreja Católica, porque somos católicos.

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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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domingo, 5 de dezembro de 2010

CONVERTAM-SE. ENDIREITEM VOSSSAS VIDAS

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HOMILIAS PARA O

2 º DOMINGO DO ADVENTO

05 DE DEZEMBRO – 2010

05 DE DEZEMBRO – 2010

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Comentários do Prof. Fernando

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VAMOS INDIREITAR OS NOSSOS CAMINHOS PORQUE AÍ VEM O SENHOR

Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo.

Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!'

São palavras do profeta Izaías quando anunciou o profeta João Batista. Endireitar os nossos caminhos é torná-los sem curvas.

Observando a natureza, compostas de elevações e depressões, o profeta comparou a nossa vida com uma estrada por entre as montanhas, e por isso, cheia de curvas. As colinas representam aqueles que possuem muito dinheiro e os vales são os pobres com muito poucos recursos para sua subsistência. Aplainar os caminhos ou veredas da nossa existência seria fazer com que os ricos partilhassem com os pobres um pouco do muito que possuem. Os caminhos tortos significam: As curvas para a direita representando as coisas certas ou corretas que fazemos. Já as curvas para a esquerda, seriam os nossos passos errados, os nossos pecados. Um caminho reto seria trilhar o caminho da justiça, seria “andar na linha” como costumamos dizer.

Endireitar os nossos caminhos, portanto, seria buscar a conversão. Seria uma mudança de vida, abandonando os caminhos tortos e procurar ter uma vida reta e justa.

Hoje mesmo os noticiários vão nos mostrar coisas apavorantes: Invasões de residências. Estupros, assassinatos, arrastões etc. E pensar que tudo isso poderia ter sido evitado!

Como? Tirando o dinheiro dos ricos e distribuindo para os pobres? Nivelando a sociedade? Não! O Socialismo já mostrou que isso não funciona. Uma sociedade igualitária é impossível, tendo em vista as diferenças individuais.

Então, o que fazer? Se de um lado observamos a concentração da riqueza nas mãos de alguns, e o aumento da pobreza da maioria, acrescentado pela propaganda que estimula o consumo desenfreado? E este estado de coisas leva a revolta do pobre e a busca pelos bens materiais a qualquer preço.

O que também observamos é que há uns tempos atrás, o povo tinha mais consciência dos valores morais. Roubar, matar, eram coisas inaceitáveis, isso era pecado. Hoje, com a globalização, o nosso jovem aprendeu que honestidade e justiça são valores do passado, que para ser feliz temos de ser espertos e violentos. E isso nos vem de lá de cima, daqueles que deveriam dar o exemplo. O que ocorre é que os espertos que não fazem quase nenhum esforço, são os que ganham os maiores salários. Enquanto que os honestos, mal ganha para o seu sustento. Diante disso, o jovem começa a imitar, ou seja, ganhar também no mole. Quando o jovem vai ao cinema, o que ele assiste? Verdadeiras aulas de violência e pornografia. Na tela, pessoas que seguiram caminhos tortos, e que se deram muito bem na vida. Amor? Agora virou apenas prazer. Bondade? Agora é tratar bem somente para quem concorda e colabora com nossos planos. Justiça? É a nossa justiça. Com as nossas próprias mãos. E assim, quem pode mais chora menos. É a lei do mais forte. Essa é a mensagem estampada nos filmes que se resvala por toda a sociedade, a partir dos mais influentes.

Assim, uma sociedade que incentiva a natalidade, que inverte a escala de valores, que mostra a violência e a pornografia como os principais meios de diversão, não pode reclamar da violência. De nada adianta cerca elétrica, câmeras 24 horas, cães ferozes, carros blindados como tanques de guerra, segurança na porta das nossas casas, porque todo esse poder tecnológico, todo esse aparato de segurança está sendo ultrapassado, como mostram os noticiários.

Caríssimos. Nós chegamos a esse ponto porque abandonamos ou ignoramos os ensinamentos daquele que disse: “A mim foi dado todo o poder no céu e na Terra”, “ Amem uns aos outros como eu vos amei”, “Trate os outros como você gostaria de ser tratado”, “Não vos preocupeis com o dia de amanhã” .

A partir do momento em que o ser humano descarta o poder de Deus, e o substitui pelo poder da tecnologia, do dinheiro, o poder político, ele passa a viver pela sua própria conta. A partir do momento que ensinamos aos nossos jovens que para ser feliz temos de ser espertos e que amar uns aos outros é coisa da Idade Média, o resultado é isso que estamos vendo e vivendo. Uma sociedade virando um inferno em vida. Se continuarmos assim vai chegar a hora em que não poderemos mais viajar, nem mesmo sair de nossas casas, onde vivemos trancafiados a sete chaves.

Bem. Até aqui pareceu que estamos culpando os ricos, os políticos e os produtores de cinema por tudo isso que estamos sofrendo nos dias atuais. Na verdade não existe um culpado ou um grupo de culpados especificamente. É tamanha a complexidade das causas que não podemos apontar esse nem aquele como culpado. Pois o monstro da nossa insegurança parece uma enorme bola de neve que não pára mais de crescer. Ricos? Sempre houve e sempre existirão. Eles são úteis na geração de empregos e para acionar o progresso.

Os políticos? Quem os coloca no poder? Somos nós mesmos através do voto. E aí eles aproveitam dessa oportunidade.

Os produtores de filmes nem sempre estão intencionados em fazer a cabeça da juventude, mas sim em ganhar dinheiro, por isso produz aquilo que têm certeza que será consumido pela massa.

--E a polícia? (Você pensou.)

--Quase que diariamente um policial é morto em combate, dando a sua vida pelas nossas vidas. São verdadeiros heróis. Principalmente se considerarmos o seu salário.

--Ah é? Então quem são os culpados?

--Somos todos nós.

--Ah, não! Sempre dou esmola e não cometo nenhuma violência!

Meu caro leitor: A partir do momento que eu critico a violência e não estou fazendo nada em prol da paz, eu também sou culpado pelo que está aí. Pelo mesmo modo, se falo mal dos jovens dizendo que eles são transviados (como nos anos 60), que estão sem Deus, eu devo me perguntar: E eu? Eu tenho feito alguma coisa para levar Deus a eles?

Prezados irmãos: É aqui que entramos em cena. Nós catequistas temos de arrumar um jeito de nos multiplicar. Um modo de multiplicar o nosso trabalho atingindo mais pessoas com a nossa missão de evangelizar. Parece-me que estou me repetindo de novo. Mais isso é necessário! Muito importante! No nosso trabalho missionário, precisamos achar um modo de atingir as camadas sociais mais humildes, a periferia das cidades, o jovem do campo, mesclando recreação com a palavra de Deus. Jesus deu preferência aos pobres. Então porque ficamos acomodados nos centros, ou na orla da praia? Hein?!, Hein?!

Sal.

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Os sinais do Natal deveriam dizer pra nós com força: é tempo de preparar o interior para acolher o Salvador do mundo”.

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No domingo passado, refletíamos sobre o risco real de não nos darmos conta da vinda de Jesus Cristo por causa das preocupações deste mundo. E por isso, hoje, nos perguntamos: de que modo este tempo de Advento nos adverte para a chegada do Messias?Ligamos a TV ou checamos o nosso e-mail e vemos um exagero de propagandas de produtos em promoção; junto a isso, um sem fim de anúncio de programas televisivos “especiais” de fim de ano. Muitas luzes brancas ou coloridas piscam enfeitando ruas, igrejas, lojas. Nas casas, árvores de natal, presépios, guirlandas. Começam as festas com a brincadeira de amigo oculto e distribuição de presentes.

São sinais que deveriam dizer pra nós com força: é tempo de preparar o interior para acolher o Salvador do mundo. Convertam-se!Mudem de mentalidade! Mas parece que tais sinais nos estimulam a fazer exatamente o contrário: preocupem-se só com os prazeres materiais, comprem, bebam, esqueçam quem na realidade deve ser lembrado.

O cristão autêntico vive neste mundo, e, apesar das dificuldades, deve considerar estes sinais precursores para que aqueçam o nosso coração para esperar, desejar e acolher aquele que está para chegar. Assim, ninguém poderá dizer: “ah, eu não sabia que o Natal estava próximo.A liturgia de hoje apresenta um precursor, aquele por excelência: João. Aparece no deserto vestindo pele de camelo e cinturão de couro.Ao mostrar João vestido dessa forma, Mateus quer nos dizer que ele é profeta ao modo de Elias; tal profeta conduziu o povo de volta ao Deus verdadeiro. Além da roupa simples, se alimenta de gafanhotos (alimento próprio dos beduínos pobres) e de mel. Esta fuga de popularidade é explicada pelo fato de que “aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias”; ele não quer chamar a atenção, nem está preocupado com o próprio prestígio, interesse ou sucesso, mas encaminha tudo exclusivamente a Jesus.

Por isso , João é o precursor definido pelo profeta Isaías como “a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”.João Batista tem uma voz forte, clara e decidida porque sabe muito bem quem está para chegar, ele faz de tudo para que as pessoas se preparem de modo justo para esta chegada. Ele convida a conversão: “convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo”. A conversão é simbolizada aqui pelo tempo no deserto, tempo de prova, tempo de transformação, assim como o povo liberto do Egito foi conduzido por Deus até a terra prometida, alcançando-a finalmente pela travessia no Jordão.Quem escuta João, se batiza no Jordão, confessando os próprios pecados. Podemos chegar a ser tão orgulhosos que ouvindo a mensagem de Jesus, fingimos acreditar ser pecadores, e, consequentemente, fingimos acreditar ser perdoados.

“Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão”. Eles cumpriam a lei, mas desprezavam os fracos, condenando-os ao castigo divino. João deixa bem claro que quem não produz frutos bons será cortado e jogado no fogo. Estes frutos bons são fáceis de entender, é simplesmente o modo como tratamos uns aos outros: com amor .“Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu”. Acolher é uma parte do amor, quem sabe, a mais difícil.Quantas vezes na nossa família não nos suportamos, discutimos, ofendemos com palavrões o próximo ou mesmo com o desprezo.Como Cristo acolheu a nós: a ovelha perdida, o bom ladrão, com o amor misericordioso, assim devemos acolher o próximo. Para isto, somos , batizados com o fofo e com o Espírito Santo na totalidade de seu amor e de seus dons.

Amém

Abraço carinhoso de

Maria Regina

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2º Domingo do Advento

Domingo, 5 de Dezembro de 2010
Evangelho (Mateus 3,1-12)

João Batista insiste em nos preparar para receber Jesus.

Hoje ouvimos novamente a voz impaciente de João Batista, exortando-nos para que possamos ser dignos de receber o Senhor como Ele continua a entrar em nosso mundo.

Caminhos tortuosos devem ser transformados em linha reta; maus hábitos precisam ser corrigidos, a conversão deve continuar. Esta mensagem vem diretamente de Deus e é por isso que João proclama-o no deserto, um lugar que sempre esteve associado com o mistério divino e liberdade. (Veja como isso é retratado na relação entre Acabe e Elias: 1 Reis 18:07 ss). O controle humano não tem lugar no deserto simbólico da liberdade divina.

Vida e Implicações
Deus quer muito vir até nós. Nós também queremos recebê-lo. No entanto, é geralmente apenas em nossos próprios termos. Queremos permanecer ligados aos hábitos e atitudes, que são indignos de nós e danosos para os outros. Como Santo Agostinho, estamos inclinados a dizer: "Transforma-me, Senhor... mas não agora." Tal hesitação é mais lamentável, porque uma recepção incondicional do Senhor pode proporcionar felicidade e da paz muito mais do que todos os objetos do nosso apego pecaminoso.

Remorso e arrependimento.

Depois de pecar, somos chamados para o arrependimento, e temos de ter cuidado para não confundir isso com remorso. Remorso é apenas um lamento temporário sobre o nosso comportamento indigno. Isso geralmente dura um tempo muito curto e depois voltamos para os nossos velhos hábitos. Pelo contrário, o arrependimento significa que temos encontrado algo melhor e mais promissor do que o nosso pecado. Esta descoberta é o amor e a bondade de Deus. Se pudéssemos perceber o quanto Deus nos ama, nós seríamos capazes de resistir a qualquer tentação. Nós fazemos esta descoberta principalmente através da oração fervorosa e um profundo desejo de se tornarem pessoas melhores.

Evangelho de hoje nos impele a abrir espaço em nossos corações para o amor de Deus, não como um fato teórico ou na palavra de alguém, mas em nossa própria experiência. A Eucaristia nos recorda a cada domingo que Deus nos ama e deu seu único Filho para morrer por nós. Isto significa que são muito preciosos aos olhos de Deus. Isto também significa que Deus está mais do que pronto para entrar em nossos corações e nos levar ao verdadeiro arrependimento.

Somos chamados a pôr de lado o comportamento egoísta e defensivo para que o amor de Deus pode nos dar a liberdade de ser o que Deus quer que sejamos - confiante e responsável seres humanos. Nesse sentido, somos lembrados das palavras do livro do Apocalipse! "Escute Eu estou em pé à porta e bato; se você ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e comerei com você, e você comigo "(3:20). Esta disposição do Senhor para se tornar nosso melhor amigo é verdadeiro em todos os momentos, mas nunca mais do que no tempo do Advento.

Deus te ama.

SEJA SIMPLESMENTE FELIZ

Professor Isaías da Costa

isaiasdacosta@hotmail.com

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa – II Domingo do Advento (Ano A)

Is 11,1-10
Sl 71
Rm 15,4-9
Mt 3,1-12

A liturgia do Tempo do Advento não somente nos faz recordar as promessas de Deus sobre o Messias, mas também nos vai mostrando os traços da missão desse Salvador tão prometido e tão esperado.

O profeta Isaías usa uma imagem impressionante: do velho tronco de Jessé, isto é, da dinastia já antiga de Davi, nascerá uma hastesinha, modesta, frágil, pequena: um rebento! Querem coisa mais frágil, mais débil? Qualquer criancinha pode, travessa, quebrar, estiolar uma haste… E, no entanto, sobre este rebento tão frágil repousará o Espírito do Senhor. Esta haste é o ungido pelo Espírito, é o Messias, o Cristo de Deus, brotado da Casa de Davi! João, o Batista, dirá no Evangelho de hoje que “ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”, isto é, com o fogo do Espírito! Só ele pode fazer isso, porque somente ele é pleno do Espírito: “Espírito de sabedoria e discernimento, Espírito de conselho e fortaleza, Espírito de ciência e temor de Deus”. Como é Santo o Messias prometido pela boca dos profetas! Porque pleno do Espírito, ele é justo: ele não julgará pelas aparências nem decidirá somente por ouvir dizer, mas trará a justiça para os humildes e uma ordem justa para os pacíficos”. Eis: ele vem para quem tem um coração pobre, para os que têm consciência que, sozinhos, não poderão nunca levar o peso da vida. Somente os pobres poderão acolhê-lo, reconhecê-lo, alegrar-se com sua chegada: sua justiça é justiça para quem chorou, para quem sentiu fraqueza física, moral, psíquica, econômica ou existencial… “Com justiça ele governe o vosso povo; com equidade ele julgue os vossos pobres. No seus dias a justiça florirá e grande paz até que a lua perca o brilho! Libertará o indigente que suplica, e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. Terá pena do humilde e do infeliz, e a vida dos humildes salvará. Todos os povos serão nele abençoados, todas as gentes cantarão o seu louvor!” Que Rei bendito! Que santo Messias! Que esperança para o nosso coração cansado, para o nosso mundo desiludido! Porque ele vem curar os corações, vem trazer o perdão de Deus, aqueles que o acolherem conhecerão a paz verdadeira: “O lobo e o cordeiro viverão juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los. A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente. Não haverá danos nem mortes… porque a terra estará repleta da ciência do senhor quanto as águas que cobrem o mar…” Que sonho: uma humanidade reconciliada, um mundo de paz, um homem uma criação em harmonia… Eis o sonho do Messias, eis o dom que ele traz! São Paulo diz, na Carta aos Romanos, que Cristo realiza este sonho prometido. A primeira reconciliação que ele trouxe foi unir num só povo, numa só humanidade, o que antes era dividido: judeus e pagãos. Quem o acolhe agora é parte de um novo povo – a Igreja!

Mas, esta paz precisa ainda aparecer claramente no mundo! E aqui, não nos iludamos: o mundo não conhecerá a paz de verdade, o coração humano não conhecerá o sossego enquanto não acolher de verdade o Cristo do Pai, o Senhor Jesus! O sonho que Deus sonhou para nós e para toda a humanidade ao enviar Jesus, não poderá ser sonhado e realizado sem o nosso “sim”. E o trágico é que o mundo vai dizendo “não”. Este Natal de 2004 encontrará o mundo mais pagão que o de 2003… Que pena!

Nós, cristãos, temos, no entanto, uma missão neste mundo, nesta situação atual. Escutemos o profeta: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo! Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira que v ai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão! O machado está na raiz da árvore e toda aquela que não produzir fruto será cortada e lançada ao fogo!” Caros irmãos, o Advento, tempo de alegre expectativa, é também tempo de juízo. O mundo precisa do nosso testemunho, da nossa palavra de esperança, do nosso modo de viver inspirado no Evangelho! Chega de um bando de cristãos vivendo como todo mundo vive, pecando como todo mundo peca, medíocres como todo mundo é medíocre! Se não dermos frutos, seremos cortados! Vivemos num mundo que não somente é descrente como também zomba da fé: as porcarias das novelas, a corrupção dos governantes, a imoralidade sexual, e dissolução das famílias, a imoralidade da ciência prepotente que se julga senhora do bem e do mal, as calúnias e mentiras contra a Igreja, o modo de viver de quem não tem esperança… E muitos de nós, que nos dizemos crentes, não notamos isso, vivemos numa boa entre os pagãos e como os pagãos… E ainda nos dizemos cristãos!

O roxo desse tempo convida-nos à vigilância, a compreendermos que Aquele que vem com amor, que vem como Salvador, nós o podemos perder para sempre se não nos abrirmos para ele no aqui e no agora de nossa existência. Não brinquemos com a vida que temos: ela poderá ser plenificada pelo Santo Messias com a glória do céu; ou poderá ser perdida para sempre, longe do Cristo de Deus, num total absurdo, a que chamamos inferno! Não esqueçamos: o sonho de Deus é lindo: é de salvação e de paz! Levemo-lo a sério, vivamo-lo e sejamos suas testemunhas no mundo de hoje! Não relaxemos, não desanimemos, não nos cansemos de esperar. Como diz a profecia de Isaías, numa de suas passagens mais misteriosas: “Sentinela, que resta da noite? Sentinela, que resta da noite? A sentinela responde: ‘A manhã vem chagando, mas ainda é noite’. Se quereis perguntar, perguntai! Vinde de novo!” (Is 21,11s). Quanto restará da noite deste mundo? Não sabemos! Mas, a manhã, a aurora radiosa do dia do Messias virá! Nós somos as sentinelas que o Senhor colocou na noite deste mundo. Vigiemos! Ainda que tantas vezes nos perguntemos: Meu Deus, “quanto resta de noite?” O Senhor não nos impede de perguntar: “se quereis perguntar, perguntai…” Mas – atenção! – ele não aceita que percamos a esperança, que deixemos nosso posto de vigia: “Vinde de novo!” eis, novamente, o convite que ele nos faz: Vinde de novo! Recomeçai, retomai a esperança, vigiai: ainda é noite, mas a manhã luminosa vem chegando! Vem, Senhor Jesus! Vem, ó Santo Messias! Tem piedade de nós! Amém.

Dom Henrique Soares da Costa

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Homilia do Padre Françoá Costa – II Domingo do Advento (Ano A)

Mons. José Maria Pereira

O Advento é tempo de preparação para receber o Salvador. É tempo de conversão! Daí o convite de João Batista a todos: “Convertam-se por que o Reino do Céu está próximo!” (Mt 3,2). O tempo é agora: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (Mt 3,3).

João Batista prega a conversão. Esta significa colocar os passos nos passos de Jesus. E isto é um aspecto que caracteriza a vida cristã inteira. Quando acontece erro, um extravio, cumpre reconhecer o erro, dispondo-se a receber o dom de Deus, que perdoa sempre, que é infinitamente misericordioso e oferece a cura espiritual no Sacramento da Confissão.

Converter-se é renascer continuamente para a vida ressuscitada com Cristo. A existência do cristão deve ser uma conversão contínua. Não é somente purificar-se do estado de pecado, mas também progredir sempre. Ensina São Paulo: “Rogamos e vos exortamos no Senhor Jesus Cristo a que progridais sempre mais” (1Ts 4,1). O cristão convertido sabe que é um peregrino, como ser que vive debaixo da tenda em condição provisória, como pessoa que jaz sob a lei fundamental de uma mudança sempre mais profunda em busca de santificação pessoal.

João foi chamado o Profeta do Altíssimo por que sua a missão foi ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos, ensinando a ciência da Salvação a seu povo. João não desempenhará essa missão à procura de uma realização pessoal, mas concentrando-se em preparar para o Senhor um povo perfeito. Não se dedicará a ela por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso. E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.

Foram muitos os que conheceram Jesus graças ao trabalho apostólico do Batista. Os primeiros discípulos seguiram Jesus por indicação expressa dele e muitos outros se preparam interiormente para segui-Lo graças à sua pregação.

Diz João: “Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,3). Ele não é mais do que a voz, a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. O importante da nossa vida é Jesus.

João Batista indica-nos também o caminho que devemos seguir. Na ação apostólica pessoal – enquanto preparamos os nossos amigos para que encontrem o Senhor –, devemos procurar não ser o centro. O importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado. Uma preocupação de singularidade, a ânsia de sermos protagonistas, não deixaria lugar para Jesus. Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.

Hoje nós não podemos esquecer que somos testemunhas de Cristo. Nós somos testemunhas, mas que tipo de testemunhas? Como é o nosso testemunho cristão entre os nossos colegas, na família? Tem força suficiente para persuadir os que ainda não crêem em Jesus, os que não o amam, os que têm uma idéia falsa a seu respeito? São perguntas que poderiam ajudar-nos a viver este Advento, um tempo a que não pode faltar a dimensão apostólica.

Temos que dar testemunho e, ao mesmo tempo, apontar aos outros o caminho. Diz São Josemaria Escrivá: “Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunhas de Cristo implica, antes de mais nada, procurar comportar-se segundo a sua doutrina, lutar para que a nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima. Temos que conduzir-nos de tal maneira que, ao ver-nos, os outros possam dizer: este é cristão, porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque está acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta sentimentos de paz, porque ama” (É Cristo que passa, nº 122).

O mundo não se abriu nem converteu ainda ao Evangelho. Por isso, soa ainda hoje, e mais atual do que nunca, a voz de João Batista que ecoa no Advento: “Arrependei-vos…” (Mt3,2).

Olhemos em direção ao Menino Deus que está para chegar! Hoje o mundo, muitas vezes, olha em outra direção, donde não virá ninguém. Muitos se acham debruçados sobre os bens materiais como se fossem o seu fim último; mas com eles jamais satisfarão seu coração. Temos que apontar-lhes o caminho. A todos.

Não é possível acolher “Aquele que vem “ se o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de preocupação com os bens materiais. Não bastam aparências, apenas de que somos cristãos porque recebemos o Batismo. A conversão deve ser comprovada pela ação.

Quais os caminhos tortos que devemos endireitar? Quais os frutos de conversão que Deus está esperando de nós, neste Advento, em preparação ao Natal?

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(Outra) Homilia do Padre Françoá Costa – II Domingo do Advento (Ano A)

Trigo ao celeiro, palha ao fogo!

A primeira parte do Tempo Advento nos insere na dinâmica da espera da segunda vinda de Cristo, da Parusia. Jesus há de vir pela segunda vez! Ele “tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível” (Mt 3,12). Essas palavras em lugar de infundir medo, são portadoras de esperança. Por outro lado, se na consumação do fim dos tempos todos fossem tratados por igual, não se manifestaria a justiça de Deus nem a importância que tem a liberdade humana. Não podemos dizer que o trigo é a mesma coisa que a palha, pois isso iria contra a verdade. O mesmo se diga da diferença entre uma pessoa que procura comportar-se de tal maneira a ser trigo para Deus de outra cuja vida está cheia de palha.

Mas, como foi dito, tudo isso é motivo de esperança: podemos ser trigo de Deus! Ainda que tenhamos errado muito na vida, enquanto vivermos o caminho encontra-se aberto rumo à santidade. Não sei de quem é o ditado, mas sei que é certo: “por um burro dar um coice não se lhe corta logo a perna”. Por mais coices dados na vida sempre podemos utilizar as pernas para andar rumo a Deus. Quando? Agora!

Juntamente com o arroz e o milho, o trigo foi um dos alimentos mais consumidos pela humanidade. Com ele se podem fazer tantas coisas! Ser trigo para Deus significa deixar-se trabalhar para alimentar os outros, para servir para muitas coisas. De fato, triticum (trigo, em latim) significa também a atividade de triturar esse cereal para separar o grão da palhinha que o recobre.

Para sermos bons instrumentos nas mãos de Deus é preciso abandonar-nos em suas mãos. Confiemos nesse bom agricultor, ainda que às vezes tenhamos a sensação de que nos está triturando e de que sofremos muito: essa atividade é necessária para que a nossa humanidade apareça como Deus sempre a quis, transluzente da sua graça, que é antecipação da glória de Deus em nós. Somos transformados para transformar, temos que alimentar os outros. A nossa vida deve ser um reflexo dessa referência obrigatória a Deus e aos demais.

Deus nos faça bom trigo! Que a nossa vida sirva para o sacrifício da Missa e para o alimento dos irmãos. Nós que somos pão de Deus na preparação dos dons de cada celebração eucarística, temos que matar a fome dos nossos semelhantes, e em primeiro lugar a fome de Deus que eles sentem. Recentemente, na viagem que o Papa Bento XVI fez à Espanha, na homilia pronunciada na Praça do Obradoiro em Santiago de Compostela, nos recordava que os apóstolos “deram testemunha da vida, morte e ressurreição de Cristo Jesus, a quem conheceram enquanto pregava e realizava milagres. Nós também, queridos irmãos, temos que seguir o exemplo dos apóstolos, conhecendo ao Senhor cada dia mais e dando um testemunho claro e valente do seu Evangelho. Não há tesouro maior a oferecer aos nossos contemporâneos”. O Evangelho, a Boa Nova, isto é, Jesus, é o maior tesouro que podemos oferecer aos outros. Aqui está um dos pontos que mostram a especificidade do cristianismo: oferecer a vida que está em Cristo a todos. Outras coisas, outras pessoas poderão oferecer.

É preciso que mantenhamos sempre o entusiasmo da fé, a juventude da fé. O exemplo pessoal do Santo Padre deveria ser um ponto de partida para nós. Ele já tem 83 anos, a sua juventude foi marcada pelo horror do nazismo e da segunda guerra mundial, teve que estudar em situações difíceis, combater tantos erros e… sorrir oferecendo o próprio testemunho em meio a situações verdadeiramente complicadas. Depois da morte do queridíssimo João Paulo II, Ratzinger pensava retirar-se e dedicar-se ao estudo repousado da teologia. Deus não quis que fosse assim e chamou-o a ser o sucessor de Pedro. Com 83 anos, carrega erguido o peso da Igreja com um sorriso nos lábios, cativando com a sua presença discreta, com essa espécie de timidez que o faz tão simpático e tão próximo a cada um de nós. Ele é trigo de Deus!

São Josemaría Escrivá gostava de dizer que temos de ser tão úteis ao serviço de Deus que terminemos espremidos como um limão e muito felizes na nossa entrega. E depois? Depois… daremos um abraço ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Pe. Françoá Costa

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DOMINGO DO ADVENTO

A liturgia deste II Domingo do Advento convida-nos a despir esses valores efêmeros e egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e realizar uma revolução da nossa mentalidade, de forma que os valores fundamentais que marcam a nossa vida sejam os valores do “Reino”.

Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de Davi, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será a de construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos.

No Evangelho, João Batista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito próxima… Mas, para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida os seus contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de que nas suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar… “Aquele que vem” (Jesus) vai propor aos homens um batismo “no Espírito Santo e no fogo” que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”.

A segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis, a exemplo de Jesus.

Livro de Isaías (Isaías 11,1-10)

Carta de São Paulo aos Romanos (Romanos 15, 4-9)

Evangelho, segundo Mateus (Mateus 3, 1-12)

Comentário - Uma esperança

De repente, todos estão falando de esperança. Começou pelo Papa, e do modo solene, numa encíclica. “Estamos salvados em esperança”. Falta faz-nos gritá-lo; talvez nos merecemos reprovação paulina: Não vos aflijais como os que não têm esperança.

A vida da Igreja, como a do mundo, vem abrindo sulcos de luzes e sombras, de trigo e discórdia, de morte e de vida. O clarifica muito bem o Evangelho de Jesus. Hoje entra João Batista na cena do Advento. Também começa com um contrate: “Convertei-vos”, há coisas que não vão bem; tende esperança, “o Reino de Deus está próximo”. Um seguidor de Jesus sempre cai do lado da esperança. Justifica-o o Papa na encíclica: “Graças à esperança, podemos enfrentar o presente, ainda que seja fatigoso. Pode-se viver e aceitar o presente se levado para uma meta tão grande que justifique o esforço do caminho”. E a meta do crente é Deus. Só Deus.

Para exemplificar, olhamos as “Jornadas Mundiais”, nelas aparecem o padecimento dos refugiados de guerra em condições miseráveis, dos emigrantes que morrem na travessia ou vivem como escravos quando chegam, da desigualdade e maltrato da mulher, da pandemia da AIDS, da discriminação racial. Ao mesmo tempo, abrem-se caminhos de esperança: o ressurgir de milhões de voluntários, o empenho pelos direitos do homem, a paixão por preservar o meio ambiente, os vislumbres de paz na terra de Jesus.

Imensa foi a tragédia nos atentados terroristas das Torres Gêmeas ou de Madri; mas, também, a maré de sentimentos nobres que acordaram numa sociedade adormecida. Onde abundou a maldade trasbordou a solidariedade. Grande é a anemia do divino em tantos ambientes, e grande é também a nostalgia do transcendente que se aloja em muitos homens e mulheres de hoje.

Esperança, esperança, palavra dos apóstolos e profetas

Irrompe hoje uma figura serena do Advento. É o profeta que une o Velho e o Novo Testamento. Como profeta, denúncia e anuncia. É o profeta do fogo. Com expressões terríveis chama à conversão: raça de víboras, o machado, o fogo, a queima.

Mas, em seguida, sua mensagem convoca à esperança: O Reino de Deus aproxima-se. Preparai o caminho do Senhor. Dai fruto.

Mensagem exigente, porém sedutora, pelo testemunho de sua vida austera e a grandeza do que anuncia como precursor.

Nesta linha do horizonte aberto, Isaías recorda-nos “o impossível”: de um tronco brotará um descendente, cheio do espírito de ciência, valor e piedade. Com ele vem a justiça e a fidelidade. De tal maneira que o lobo habitará com o cordeiro e o menino brincará com a serpente. Belíssimas expressões para descrever o tempo novo do Salvador que esperamos no Natal.

São os valores que se desenham na carta aos romanos: paciência, consolo, esperança, comunhão, louvor e fidelidade às promessas.

Como se converter para dar vida

Convertei-vos. Quantas vezes repetimos esta palavra no Advento? Pois falemos pouco e peçamo-la muito porque, antes de qualquer coisa, é um dom de Deus, não o resultado de nosso esforço. Converter-se é o nome da esperança ativa: devemos responder ao que gratuitamente Deus nos oferece. Mas não temamos; converter-nos a Deus sempre produz alegria, como ao pastor da ovelha perdida. Não consiste baixar ao terreno moral de umas práticas senão “voltar a Deus”, como o filho da parábola; e mais, melhor que voltar é abrir o coração, porque o Senhor não se foi de nós, ainda que nós nos afastemos.

Assim, se converter é fazer, viver, dizer que Deus é o centro, que é nosso Tesouro pelo qual estamos dispostos a deixar todo o reto. Abandonamos tantos ídolos que ocuparam seu posto, como a sedução do ouro, o afã de estar acima do outro, o acumular sem medida, o frívolo passar prazenteiramente sem me preocupar com nada e com ninguém.

Para voltar-nos a Deus temos de sentir a necessidade de que Alguém nos salve; e para isso, devemos descer as montanhas da soberba. Só creio no que espero.

Converter-se é entender o Batista: Preparai o caminho.

O tronco que dá vida

O tronco de uma árvore cortada é a imagem da desolação, da morte. E, no entanto, segundo o profeta, do tronco brota a vida, porque tinha muita vida dentro impulsionando, ainda que nós não o creiamos. Como no ventre estéril de Isabel, a mãe do Batista, onde saltou de alegria o menino. Como os ossos da visão do profeta que se cobriram de carne. Como o “Olmo Seco” do Machado do qual “algumas folhas verdes lhe saíram”: “Outro milagre da primavera”.

Onde tudo parece impossível, para Deus não o é. De corações duros pode brotar o renovo da misericórdia, os caminhos torcidos podem ser endireitados, a seca vocacional pode iluminar uma primavera, a pobreza de tanta gente pode ser vencida pela justiça e a solidariedade.

Se a pantera se deitar ao lado do cabrito, se o novilho e o leão pastarem juntos, igualmente, com a libertação que se aproxima poderão se querer o santo e o pecador, os de direita e o de esquerda, o conservador e o progressista, o branco e o negro, todos.

E sempre poderemos nos perguntar: Onde posso eu fazer brotar a vida, a harmonia, a reconciliação, a santidade?

O Reino se aproxima. Tende esperança

O Reino de Deus esta começando; nele floresce a justiça e abunda a paz. Há muitos trabalhando por esta paz e esta justiça. Alguns, em seu esquecer de Deus, não o sabem; mas nós, crentes, podemos lhes dizer como Jesus: “Estáa próximo do Reino de Deus”, porque és pacífico e lutas pelos demais. Não é isto consolador?

Tudo é possível porque - nos recorda Isaías - neste mundo nosso, sobre os homens e mulheres de hoje, também, habita o espírito do Senhor: espírito de discernimento, de conselho, de temor de Deus. Ademais, São Paulo repete: A fidelidade de Deus cumpre suas promessas.

Alguns se desanimam porque notam muito pouco que já começou o Reino: tantos que sofrem e tanta injustiça. A estes devemos dizer: Não esqueçais que a esperança brota da cruz. Amar sempre implica dor, mas uma dor que se dulcifica pelo fim, pela meta, por Deus que está ao final do caminho. O projeto amoroso de Deus não fracassará. “A porta escura do tempo, do futuro, foi aberta de par em par” (Spe Salvi).

Sempre é possível manter a esperança. Sempre é possível passar da Babilônia do desterro à Jerusalém, nova e santa.

José Cristo Rey García Paredes

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2º Domingo do Advento

ARREPENDEI-VOS

Domingo, 5 de dezembro de 2010

Santos do Dia: Basso de Nice (bispo), Colmano de Clonard (abade), Crispina da Numídia (virgem, mártir), Crispina de Tebessa (mártir), Cristina de Markgate (eremita), Dalmácio de Pávia (bispo, mártir), Dalmácio de Pedona (mártir), Geraldo de Braga (bispo), Gereboldo de Bayeux (bispo), João, o Taumaturgo (bispo de Polybote), Júlio, Potamia, Crispim, Félix, Grato e seus sete Companheiros (mártires de Thagura), Nicésio de Trèves (bispo), Pelino de Brindisi (bispo), Quingésio de Salerno (bispo), Sabas da Palestina (abade).

Primeira leitura: Isaias 11,1-10

Julgará os pobres com justiça.
Salmo responsorial: Sl 71(72) 1-2.7-8.12-13.17 (R. 7)
Que em seus dias floresça a justiça, e a paz abunde eternamente.
Segunda leitura: Romanos 15,4-9
Cristo salva a todos os homens.
Evangelho: Mateus 3,1-12
Arrependei-vos, pois está próximo o reino dos céus.

A primeira leitura de Isaias é um desses textos preciosos do profeta, e até mesmo dos profetas bíblicos em geral, pois “descreve”a utopia bíblica. Por definição, a u-topia “não tem um lugar”, não é possível encontrá-la, pois ela não se concretizou em nenhum lugar concreto, ela não existe... e nesse sentido tampouco pode ser descrita como ela é. Porém, se falamos da utopia – e se sonhamos com ela – é porque ela tem alguma forma de existência. Não existe concretamente... “mas”. Como dizia Ernest Bloch, não somente existe o que é, mas o que ainda não é.

Não é, mas pode ser, quer ser e como podemos comprovar de tantas maneiras, luta por chegar a ser.


O pensamento utópico é um componente essencial do judeu-cristianismo. Não o é de outras religiões, incluídas as grandes religiões. Não há somente um tipo de religiosidade. Podemos encontrar varias corrente nas religiões (neolíticas, dos últimos cinco mil anos). Umas experimentam o sagrado, sobretudo na consciência (pensamento silencioso, na experiência da iluminação, da não dualidade), outras o experimentam na natureza, na experiência cósmica.

As religiões abraâmicas, por sua parte, experimentam o sagrado na história, através do chamado de uma Utopia de Amor-Justiça.


É a essência (o DNA) de nossa religião. Tudo o mais (doutrina, moral, liturgia, instituição eclesiástica...) se sema, reveste completa... porém a essência da religiosidade abraâmica é essa força da experiência espiritual, mediante o chamado da Utopia do Amor-Justiça. E por ser “amor-justiça”, obviamente, sempre estará do lado dos pobres, dos “injustiçados”, em qualquer nível ou tipo de injustiça (econômica, cultural, racial, de gênero...).


Os profetas, Isaias no caso da leitura de hoje, “descreve” a Utopia, ou “conta o sonho” que o anima: um mundo amorizado, fraterno, sem injustiça, sem injustiçados, em harmonia, inclusive com a natureza. A Utopia, em Israel, foi tomando o nome de “reinado de Deus”: quando Deus reina, o mundo se transforma, a injustiça se converte em justiça, o pecado em perdão, o ódio em amor, as relações humanas desfeitas se recompõem em uma rede de amor e solidariedade.

O conhecido estribilho do canto do Salmo 71 o expressa magistralmente “Teu Reino é Verdade, teu Reino é Justiça, teu Reino é Paz, teu Reino é Graça, teu Reino é Amor”. Onde Deus está presente e “reina”, isto é, onde se fazem as coisas “como Deus manda”, aí há Vida, Verdade, Justiça, Paz, Graça e Amor. Por isso é preciso clamar com o estribilho, cantando desse salmo: “Venha a nós o teu Reino, Senhor”. Não há sonho nem utopia maior, ainda que distante”.


O advento é, por antonomásia, o tempo litúrgico da esperança. E a esperança é a “virtude” (a virtus, a força) da Utopia, a força que a Utopia provoca, cria em nós para esperar contra toda a esperança. Advento é, por isso um tempo adequado para refletir sobre esta dimensão utópica essencial do cristianismo, e um tempo para examinar se com o passar do tempo nosso cristianismo talvez tenha esquecido sua essência, talvez se tenha arranchado, tanto na utopia como na esperança.


O evangelho de Mateus apresenta João Batista pedindo a seus coetâneos a conversão, “porque o reinado de Deus (“dos céus, dirá Mateus com um pudor reverencial judeu, está próximo”.


Naqueles tempos de mentalidade apocalíptica, a tendênncia a imaginar futuras irrupções do céu ou do inferno servia para mover as massas. Hoje, com uma visão radicalmente distinta sobre a plausibilidade de tais expectativas apocalípticas, a argumentação de João Batista já não serve, ao contrário, apresenta-se como inacreditável para a maior parte dos nossos contemporâneos.

Não é que tenhamos que mudar (que tenhamos que nos converter) “porque o reinado de Deus está próximo”, mas exatamente ao contrário: o Reino de Deus pode estar próximo porque (e na medida em que) decidimos mudar a nós mesmos (a converter-nos) e com isso mudamos o mundo... Já não estamos em tempo de apocalipse (uma irrupção vida de fora e de cima), mas de práxis histórica (uma transformação vinda de baixo e de dentro).

O reinado de Deus – a Utopia – por assim dizer com uma linguagem mais ampla – não é nem pode ser objeto de “espera” (algo que vai acontecer à margem de nossa vida), mas de “esperança” (a desinência “ança” expressa esse matiz de atividade endógina), isto é, dessa atitude que consiste em “desejar provocando”, desejar ardentemente uma realidade, mesmo que “u-topica”, procurando fazê-la “tópica”, presente no “topos”, no lugar, aqui e agora, na Terra presente, no céu futuro.


Insistimos: outras religiosidades, por outra experiência do sagrado – e isso não é mau, é muito bom, e é nossa a pluriformidade da religiosidade – porém a vivência espiritual especificamente cristã é esta esperança ativa histórico-utópica. Neste Advento poderíamos fazer disto uma matéria de reflexão e exame.


Por certo, a segunda leitura, da carta aos romanos, coincide curiosamente com este mesmo enfoque essencial: “Todas as antigas Escrituras foram escritas para o nosso ensinamento, de tal modo que entre nossa paciência e o consolo que dão as Escrituras, mantenhamos a esperança”, manter a “esperança”, manter essa tensão de compromisso histórico-utópico é o objetivo das Escrituras (por certo, “de todas as Escrituras”, não somente da Bíblia...).

Isto é: as Escrituras foram escritas para isso, não para fins piedosos, para fins estritamente transcendentes ou sobrenaturais, mas “para que mantenhamos em nós a esperança”, portanto, para que nos comprometamos na história, para que encontremos o divino no humano, o Futuro absoluto no futuro histórico. Qualquer utilização bíblica que nos encerre na mesma Bíblia, nos separa da vida e nos faz esquecer o compromisso histórico de construir apaixonadamente a Utopia nesta terra, será um uso distorcido – ou até mesmo perverso – da Bíblia.


ORAÇÃO COMUNITARIA


Ó Deus, Pai e Mãe, que nos entregas todo o amor; faze que nossas palavras e nossas obras mostrem sempre nossa disposição ao amor e à reconciliação; afasta de nós toda atitude de discórdia, egoísmo e violência e faze que o encontro que hoje celebramos nos fortaleça na construção da Utopia do “outro mundo possível” que tu nos ajudas a criar. Isto te pedimos por Jesus de Nazaré, teu filho, irmão maior nosso. Amém

Missionários Claretianos

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CONVERTEI-VOS JÁ

Mt 3,1-12

Ao fazer esse apelo, João Batista estava cumprindo a profecia de Isaías: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”

E João Batista não apenas pedia para os outros se converterem, ele dava o exemplo, levando uma vida austera:

Vivia no deserto, que é um lugar árido, quente e sem vegetação.

Comia gafanhotos, alimento saudável, mas nada gostoso.

E se vestia com roupa feita de pelos de camelo, o que irrita a pele.

Tudo para conseguir dominar os instintos e vencer o pecado. Isso é próprio de quem ama muito a Deus.

Diante disso, ouvintes se aproximavam dele, confessavam seus pecados e pediam o batismo de conversão. É o único batismo que existe na Bíblia, fora o batismo sacramento, instituído por Jesus.

A pregação de João era concreta e positiva: Raça de cobras venenosas! A serpente é astuta e se esconde, para enganar a presa. Comparação válida para mim e para você, que nos julgamos santos.

“Não penseis que basta dizer: Abraão é nosso pai...” Hoje João Batista diria: Não penseis que basta dizer: Sou batizado, vou à Missa...

O que Deus quer de nós, neste 2º Domingo do Advento, é que nós nos convertamos.

Conversão significa mudança de rumo, de direção. A palavra é muito usada no trânsito.

A conversão de vida exige penitência, penitências voluntárias, além das impostas pela vida, como o calor, a doença, atrasos no trânsito, convivência com pessoas difíceis...

Existe no Brasil uma rede de entidades assistenciais chamadas SOS: Serviço de Obras Sociais.

Certa vez, um grupo de cristãos de uma paróquia quis fundar um SOS. Lotaram um carro e viajaram até uma cidade, onde havia a entidade e era famosa pela sua eficiência e organização, a fim de conhecê-la.

Ao chegar, o grupo foi recebido pela Presidente do SOS, uma senhora bonita e simpática.

Ela percorreu com o grupo as dependências da obra, explicando tudo com elegância; falava das reuniões que tinha com autoridades públicas municipais, estaduais e até federais. Várias vezes foram a Brasília.

Um dos visitantes comentou: “A senhora parece que gosta de viajar”.

Ela respondeu: “De modo nenhum. Sou caseira; tenho marido e filhos. Meu gosto seria ficar em casa. Eu nem era muito conhecida na cidade. Mas um dia fui convidada para colaborar nesta entidade. Depois, me elegeram Presidente...”

Foi para a equipe visitante um momento emocionante e o mais frutuoso da visita. O grupo viu naquela senhora um exemplo de cristão. Ser cristão é fazer não apenas o que gosta, mas aquilo que Deus pede através das mais variadas mediações que ele usa.

O nosso "sim" a Deus, que se renovam cada dia e recebe vários nomes, inclusive o de conversão, traz uma felicidade indescritível, um novo brilho nos nossos olhos.

Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo.

Que Maria Santíssima, Imaculada, nos ajude.

Vera Lúcia

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ENDIREITAI OS VOSSOS CAMINHOS

A liturgia deste II Domingo do Advento convida-nos a despir esses valores efêmeros e egoístas a que, às vezes, damos uma importância excessiva e realizar uma revolução da nossa mentalidade, de forma que os valores fundamentais que marcam a nossa vida sejam os valores do “Reino”.

Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de Davi, sobre quem repousa a plenitude do Espírito de Deus; a sua missão será a de construir um reino de justiça e de paz sem fim, de onde estarão definitivamente banidas as divisões, as desarmonias, os conflitos.

No Evangelho, João Batista anuncia que a concretização desse “Reino” está muito próxima… Mas, para que o “Reino” se torne realidade viva no mundo, João convida os seus contemporâneos a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes, a fim de que nas suas vidas haja lugar para essa proposta que está para chegar… “Aquele que vem” (Jesus) vai propor aos homens um batismo “no Espírito Santo e no fogo” que os tornará “filhos de Deus” e capazes de viver na dinâmica do “Reino”.

A segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união, de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis, a exemplo de Jesus.

Livro de Isaías (Isaías 11,1-10)

Para nós, cristãos, Jesus Cristo é o “Messias” que veio tornar realidade o sonho do profeta. Ele iniciou esse “reino” novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim… Cheio do Espírito de Deus, Ele passou pelo mundo convidando os homens a tornarem-se “filhos de Deus” e a viverem no amor, na partilha, no dom da vida… Nós, seguidores de Jesus, temos dado um contributo efetivo para que o “Reino” se torne realidade no mundo?

Carta de São Paulo aos Romanos (Romanos 15, 4-9)

A comunidade cristã tem de ser o lugar do amor, da partilha fraterna, da harmonia, do acolhimento. No entanto, com bastante freqüência encontramos comunidades onde os irmãos estão divididos: criticam os outros de forma avulsa, tomam atitudes agressivas que afastam os mais débeis, discriminam aqueles que não entram na sua “panelinha”, estão obstinados com o poder e fazem de tudo para dominar os outros e para afirmar a sua superioridade… Isto acontece na minha comunidade? Eu tenho algumas responsabilidades nessa situação? O que posso fazer para mudar as coisas?

Evangelho, segundo Mateus (Mateus 3, 1-12)

O Evangelho deixa claro que não é suficiente ser “filho de Abraão” para ter acesso à salvação que Jesus veio oferecer, mas é necessário viver uma vida de fidelidade a Deus. Quer dizer: não é suficiente ter o nome inscrito no livro de registros de batismo da paróquia, nem ter casado na Igreja, nem ter posto os filhos na catequese e aparecer lá para tirar fotografias na festa da primeira comunhão (o estatuto do “cristão não praticante” faz tanto sentido como um círculo quadrado); mas é necessário uma conversão séria, empenhada, nunca acabada ao “Reino” e aos seus valores e uma vida coerente com a fé que escolhemos quando fomos batizados.

Comentário

Uma esperança

De repente, todos estão falando de esperança. Começou pelo Papa, e do modo solene, numa encíclica. “Estamos salvados em esperança”. Falta faz-nos gritá-lo; talvez nos merecemos reprovação paulina: Não vos aflijais como os que não têm esperança.

A vida da Igreja, como a do mundo, vem abrindo sulcos de luzes e sombras, de trigo e discórdia, de morte e de vida. O clarifica muito bem o Evangelho de Jesus. Hoje entra João Batista na cena do Advento. Também começa com um contrate: “Convertei-vos”, há coisas que não vão bem; tende esperança, “o Reino de Deus está próximo”. Um seguidor de Jesus sempre cai do lado da esperança. Justifica-o o Papa na encíclica: “Graças à esperança, podemos enfrentar o presente, ainda que seja fatigoso. Pode-se viver e aceitar o presente se levado para uma meta tão grande que justifique o esforço do caminho”. E a meta do crente é Deus. Só Deus.

Para exemplificar, olhamos as “Jornadas Mundiais”, nelas aparecem o padecimento dos refugiados de guerra em condições miseráveis, dos emigrantes que morrem na travessia ou vivem como escravos quando chegam, da desigualdade e maltrato da mulher, da pandemia da AIDS, da discriminação racial. Ao mesmo tempo, abrem-se caminhos de esperança: o ressurgir de milhões de voluntários, o empenho pelos direitos do homem, a paixão por preservar o meio ambiente, os vislumbres de paz na terra de Jesus.

Imensa foi a tragédia nos atentados terroristas das Torres Gêmeas ou de Madri; mas, também, a maré de sentimentos nobres que acordaram numa sociedade adormecida. Onde abundou a maldade trasbordou a solidariedade. Grande é a anemia do divino em tantos ambientes, e grande é também a nostalgia do transcendente que se aloja em muitos homens e mulheres de hoje.

Esperança, esperança, palavra dos apóstolos e profetas

Irrompe hoje uma figura serena do Advento. É o profeta que une o Velho e o Novo Testamento. Como profeta, denúncia e anuncia. É o profeta do fogo. Com expressões terríveis chama à conversão: raça de víboras, o machado, o fogo, a queima.

Mas, em seguida, sua mensagem convoca à esperança: O Reino de Deus aproxima-se. Preparai o caminho do Senhor. Dai fruto.

Mensagem exigente, porém sedutora, pelo testemunho de sua vida austera e a grandeza do que anuncia como precursor.

Nesta linha do horizonte aberto, Isaías recorda-nos “o impossível”: de um tronco brotará um descendente, cheio do espírito de ciência, valor e piedade. Com ele vem a justiça e a fidelidade. De tal maneira que o lobo habitará com o cordeiro e o menino brincará com a serpente. Belíssimas expressões para descrever o tempo novo do Salvador que esperamos no Natal.

São os valores que se desenham na carta aos romanos: paciência, consolo, esperança, comunhão, louvor e fidelidade às promessas.

Como se converter para dar vida

Convertei-vos. Quantas vezes repetimos esta palavra no Advento? Pois falemos pouco e peçamo-la muito porque, antes de qualquer coisa, é um dom de Deus, não o resultado de nosso esforço. Converter-se é o nome da esperança ativa: devemos responder ao que gratuitamente Deus nos oferece. Mas não temamos; converter-nos a Deus sempre produz alegria, como ao pastor da ovelha perdida. Não consiste baixar ao terreno moral de umas práticas senão “voltar a Deus”, como o filho da parábola; e mais, melhor que voltar é abrir o coração, porque o Senhor não se foi de nós, ainda que nós nos afastemos.

Assim, se converter é fazer, viver, dizer que Deus é o centro, que é nosso Tesouro pelo qual estamos dispostos a deixar todo o reto. Abandonamos tantos ídolos que ocuparam seu posto, como a sedução do ouro, o afã de estar acima do outro, o acumular sem medida, o frívolo passar prazenteiramente sem me preocupar com nada e com ninguém.

Para voltar-nos a Deus temos de sentir a necessidade de que Alguém nos salve; e para isso, devemos descer as montanhas da soberba. Só creio no que espero.

Converter-se é entender o Batista: Preparai o caminho.

O tronco que dá vida

O tronco de uma árvore cortada é a imagem da desolação, da morte. E, no entanto, segundo o profeta, do tronco brota a vida, porque tinha muita vida dentro impulsionando, ainda que nós não o creiamos. Como no ventre estéril de Isabel, a mãe do Batista, onde saltou de alegria o menino. Como os ossos da visão do profeta que se cobriram de carne. Como o “Olmo Seco” do Machado do qual “algumas folhas verdes lhe saíram”: “Outro milagre da primavera”.

Onde tudo parece impossível, para Deus não o é. De corações duros pode brotar o renovo da misericórdia, os caminhos torcidos podem ser endireitados, a seca vocacional pode iluminar uma primavera, a pobreza de tanta gente pode ser vencida pela justiça e a solidariedade.

Se a pantera se deitar ao lado do cabrito, se o novilho e o leão pastarem juntos, igualmente, com a libertação que se aproxima poderão se querer o santo e o pecador, os de direita e o de esquerda, o conservador e o progressista, o branco e o negro, todos.

E sempre poderemos nos perguntar: Onde posso eu fazer brotar a vida, a harmonia, a reconciliação, a santidade?

O Reino se aproxima. Tende esperança

O Reino de Deus esta começando; nele floresce a justiça e abunda a paz. Há muitos trabalhando por esta paz e esta justiça. Alguns, em seu esquecer de Deus, não o sabem; mas nós, crentes, podemos lhes dizer como Jesus: “Estáa próximo do Reino de Deus”, porque és pacífico e lutas pelos demais. Não é isto consolador?

Tudo é possível porque - nos recorda Isaías - neste mundo nosso, sobre os homens e mulheres de hoje, também, habita o espírito do Senhor: espírito de discernimento, de conselho, de temor de Deus. Ademais, São Paulo repete: A fidelidade de Deus cumpre suas promessas.

Alguns se desanimam porque notam muito pouco que já começou o Reino: tantos que sofrem e tanta injustiça. A estes devemos dizer: Não esqueçais que a esperança brota da cruz. Amar sempre implica dor, mas uma dor que se dulcifica pelo fim, pela meta, por Deus que está ao final do caminho. O projeto amoroso de Deus não fracassará. “A porta escura do tempo, do futuro, foi aberta de par em par” (Spe Salvi).

Sempre é possível manter a esperança. Sempre é possível passar da Babilônia do desterro à Jerusalém, nova e santa.

Fonte: Ciudad Redonda

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2º DOMINGO DO ADVENTO

“Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações! E, na alegria do vosso coração, soará majestosa a sua voz!” (Is 30,19.30)

Irmãos e irmãs,

Caminhamos, na meditação da Sagrada Liturgia, em busca da contemplação, na esperança da salvação. A partir deste segundo domingo do Advento, a perspectiva escatológica de nossa existência é iluminada desde a sua “fonte”, ou seja, a primeira vinda de Cristo. Enquanto no primeiro domingo meditávamos acerca da segunda vinda de Cristo, após um esboço apresentado pelo escritor sagrado de uma visão escatológica do dia de hoje à luz da segunda vinda, nas demais semanas do Advento recordamos e contemplamos o acontecimento definitivo da primeira vinda. Na primeira vinda do Cristo está arraigado o sentido definitivo de nosso existir: é o momento fundador. Jesus Cristo é o início e o fim de toda a existência humana. Jesus Cristo é o alfa e o ômega (Ap 22,13).

A chegada deste momento fundador é a grande notícia da História, a boa-nova por excelência. O Evangelho Marcos, cognominado o querigmático, vê como início desta boa-nova o apelo à conversão, lançado por João no Evangelho, realizando plenamente o que Isaías prefigurou quando, pelo fim do exílio babilônico (ano de 535 a.C.), conclamou o povo para preparar um caminho para Deus, que reconduziria os cativos.

Era, pois, um apelo à conversão, pois deviam preparar a volta, “voltando” (= convertendo-se) para Deus, quando determinara o fim do castigo (Is 40,2), como ouvimos na primeira leitura.

Deus reconduz os cativos. Ele mesmo vai com eles. Como um imperador na entrada gloriosa (parusia), ele se faz preceder pelos frutos de suas conquista: o povo resgatado (40,10). Como um pastor, reúne suas ovelhas. E, com que ternura, Leva os cordeirinhos nos braços e conduz devagarzinho as ovelhas que amamentam! (40,11)

Meus irmãos,

São Marcos inicia o seu Evangelho com a figura da pregação de João Batista, o precursor. Marcos é o único Evangelista que começa a sua pregação já com o tema que se tornará central na pregação de Jesus e dos Apóstolos: a conversão. E uma conversão que está ligada a “Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). Tudo se inicia, se desenvolve e tem um fim em Jesus Cristo, o Alfa e o Ômega, o início e o fim de toda a humanidade.

São Marcos, em duas palavras, anuncia a origem do Messias: é da terra e tem um nome, Jesus; e é o enviado, o escolhido do Senhor (Cristo) e é mais do que alguém que fala em nome de Deus (=profeta): é o próprio Filho de Deus. Pouco mais à frente, ainda no primeiro capítulo (Mc 1,15), São Marcos diz o porquê devemos nos converter. Devemos nos converter porque é chegado o Reino de Deus, o novo modo de viver, que abrange a criatura humana em toda a sua plenitude e Deus na pessoa de Jesus de Nazaré.

Lembramos que Marcos é o primeiro evangelista, é de sua autoria o texto mais antigo acerca da vida, da obra e do mandato de Cristo. O seu Evangelho foi escrito, provavelmente, entre os anos de 65 a 70 da era cristã. Portanto, as mais remotas aspirações do cristianismo nele podemos absorver: a conversão, a caridade, a confiança na Palavra de Deus.

Queridos irmãos,

A mesma palavra que abre o Evangelho de João é a mesma palavra que abre o Livro de Gênesis: o princípio, o alfa, ou seja, a criação. Nos primeiros versículos do Gênesis, o escritor inspirado relata a criação do mundo; nos primeiros versículos do Evangelho de São Marcos, Jesus Cristo, aquele que veio resgatar a humanidade decaída, desde o Gênesis, é apresentado como a fonte da criação. E ao longo do livro, o querigmático anuncia que Jesus não só está no princípio, mas é também o centro da nova Família de Deus e permanecerá para sempre com ela. Mesmo depois da Ascensão, ele se conservará no meio da comunidade, vivo e atuante. Três vezes o Apocalipse põe na boca de Jesus: “Eu sou o primeiro e o último, sou o princípio e o fim” (cf. 1, 8; 21,6; 22,13).

São Marcos nos dá a finalidade da obra de Jesus: Evangelho - palavra que significa a boa-nova, a boa notícia. Jesus - nome hebraico que significa “Deus salva”. Cristo - outra palavra grega, que significa “ungido para ser rei”. Portanto, Filho de Deus é a verdade central do Evangelho, que é, assim digamos, a boa-nova que Jesus trouxe à humanidade e as boas-novas sobre a pessoa e os ensinamentos do Filho de Deus, Salvador e Rei.

São Marcos nos ensina que é Deus quem toma a iniciativa da salvação. É Deus quem manda o seu filho Jesus a este mundo. Deus quem manda o mensageiro para anunciar a chegada do Messias.

Por isso, Deus quer nos mandar um recado especial neste advento: devemos voltar o nosso coração e a nossa mente para Ele, isto é, converter-nos, fazer coincidir os caminhos de Deus com os nossos caminhos; fazer coincidir o coração de Deus com o nosso coração. Que nós tenhamos os nossos sentimentos voltados aos sentimentos da Trindade Santíssima.

Caríssimos irmãos,

João Batista nos é apresentado hoje como deve ser cada um dos batizados. João Batista está atento aos acontecimentos, abrindo caminhos, endireitando estradas, falando de penitência e conversão, purificando o povo. João Batista é o Símbolo do homem vigilante, é o exemplo de pessoa pronta para receber a boa-nova do Messias. No último profeta encontramos as qualidades de quem está preparado para abraçar os novos tempos, a nova realidade dentro da história da salvação.

Antes de tudo, o desprendimento, manifestado na sobriedade do comer e do vestir (Mc 1,6). Em segundo lugar, a humildade diante da pessoa e do mistério de Jesus, manifestada na afirmação de não ser digno de ser seu escravo (Mc 1,7). Desprendimento que é transformado em oferta humilde de entusiasmo pela causa de Jesus (Mt 1,4-5). Assim, o verdadeiro profeta é alguém cheio de Deus e que fala de Deus. João Batista é o último profeta do Antigo Testamento, o primeiro a anunciar a plenitude dos tempos (Gl 4,4) com a chegada do Messias.

Ora, João Batista se vestia com pele de camelo, como Elias se vestira (2Rs 1,7). João Batista andava com um cinto de couro à cintura, para demonstrar a sua sobriedade, pureza, sempre aberto à voz do Senhor, pronto para aonde Deus quisesse (Lc 12,35). João comia gafanhotos e mel do campo para significar que se alimentava de alimentos fortes, obtendo saúde necessária para ser o arauto do Salvador.

João anunciou: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas” (Mc 1,3). Revestido de autoridade, ou seja, agindo em nome de Deus, o Batista anuncia a derrota do mal e do pecado. O mel, encontrável em abundância no deserto, é o símbolo reluzente da palavra de Deus (Sl 19,11). Ao alimentar-se, portanto, da palavra de Deus, com a força deste alimento, transmite-se ao povo a chegada daquele que é a Palavra de Deus encarnada, a Palavra Eterna, o Cristo.

Queridos irmãos,

Para aderir, para seguir, para ser discípulo, para ser arauto de Cristo é preciso, primeiro, a confissão dos pecados, a conversão do coração e da vida (Mc 1,4). Conversão significa mudar por inteiro de direção, mudar o modo de pensar, voltar-se para Deus. A criatura humana saiu pura do sopro de Deus e somente pura pode voltar a ele. Precisamos, com grande entusiasmo, ter coragem e ardor para mudar o comportamento, mudar o modo de pensar e de agir, para dar testemunho do modo de pensar, de comportar-se e de agir de Jesus. Devemos dar uma guinada em nossa vida para que a sua meta seja Jesus Cristo.

O batismo para João foi de água, mas ele anunciava que “um batizará com o Espírito Santo” (Mc 1,8). Ele acenava para Jesus, para quem o Espírito Santo, descido em forma visível e perene no dia de Pentecostes, anunciou sua divindade. É o Espírito Santo quem dá a vida sobrenatural a seus fiéis. O batismo, conforme nos ensina o Direito da Igreja, “porta dos sacramentos, em realidade ou ao menos em desejo necessário para a salvação, pelo qual os homens se libertam dos pecados, são de novo gerados como filhos de Deus e incorporados à Igreja, configurados com Cristo por caráter indelével, só se administra validamente pela ablução com água verdadeira, juntamente com a devida forma verbal” (Cânon 849 do Codex Iuris Canonici).

Caros irmãos,

A segunda leitura de hoje nos anuncia que os cristãos da primeira geração esperavam uma segunda vinda de cristo para breve. Entretanto, o atraso tornava-se sempre mais notável e o escárnio do mundo sempre mais agressivo. Diante da impaciência e, quem sabe, do desespero e da desistência, que isso gerava, Pedro responde: “Deus tem tempo – ele quer que todos se convertam, para que todos possam participar”. Mas, mesmo assim, ele não desiste de seu projeto, pois ele deseja que tudo esteja em harmonia consigo. Só que ele não quer expurgar os “elementos nocivos” da criação, antes que todos tenham a oportunidade de se converter, isto é, de se tornar participantes da vida em Deus. Mas ele realizará, sem que saibamos o dia e a hora, seu “novo céu e nova terra” (2Pd 3,13) e, então, será bom estarmos de acordo com a nova realidade, pois Deus se volta para nós.

Por conseguinte, na esperança da salvação, contribuindo com o projeto de evangelização neste mundo, salvando almas para Nosso Senhor, voltemos para Ele!

Por: Padre Wagner Augusto Portugal

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CONVERTEI-VOS O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO


Mensagem de campanha e vocação dos primeiros seguidores são os dois momentos do Evangelho de hoje.

“Convertei-vos porque está perto o Reino dos céus”. João o Batista também chamava à conversão, mas Jesus, ademais, “fortalece e cura”, que são sinais de que o Reino de Deus chegou.

E chama seus discípulos. Fixemos-nos brevemente nos detalhes da descrição da chamada: “Passeando”, saindo ao encontro dos demais. “Junto ao lago”, no lugar habitual das pessoas, sem nada espetacular. “Eram pescadores”, chama na tarefa da cada dia. “Viu-os e disse-lhes”, num encontro pessoal e conversação familiar. “Vinde e segue-me”, para somente seguir a ele, sem acrescentar outros motivos, e assim pôr nele toda confiança. Imediatamente o seguiram”, deixam trabalho e família, triunfantes.

Isaías situa-se no mesmo cenário do Evangelho. A Galiléia dos pagãos, terra humilhada pelo inimigo, zona de gentis e estrangeiros, povo de má fama. E Deus muda sua sorte: da humilhação passa a exaltação; do caminhar em trevas, a ver uma grande luz; de habitar nas sombras, a crescer na alegria.

Por sua vez, São Paulo nos convoca à unidade. A comunidade de Corinto estava muito dividida e envolvida em conflitos. A cada facção se ancorava mais em seu chefe que em Cristo. E Paulo se aborrece: “Não andeis divididos”. “É que está dividido Cristo? Morreu Paulo na cruz por vocês?”.

3- Nossa vida

Primeiras palavras

“Convertei-vos, o Reino acerca-se“. A conversão é um tema sempre recorrente. Converter-se é um dom que nos convida a querer, a acolher ao Senhor. O encontro com o amado nos recria, nos mudam as razões, os critérios, os interesses; de mundanos tornam-se evangélicos. Orientamos, assim, nossa vontade e nossos olhos ao Senhor. Por isso, não será uma moral do medo senão a graça e a vida recebida de Deus a que nos convida a seguir Jesus.

É uma afirmação clara: “O Reino se aproxima”. Resulta estupendo saber que os valores do Reino estão aqui: a paz, o amor, a verdade, a justiça, a santidade. Nosso otimismo não é ilusório. Talvez, este Reino comece muito pequeno, como um grão de mostarda, mas começa a crescer. Deus está aqui. “Onde tu dizes paz, justiça e amor, eu digo Deus! Onde tu dizes Deus, eu digo liberdade, justiça e amor!”, cantou belamente um poeta bispo.

Primeiras chamadas


Como os apóstolos, nós nos sentimos de verdade chamados por Jesus. Vem ao nosso encontro, olha-nos, acerca-se, fala, e apresenta-nos sua oferta, sua missão. Não importa tanto nossa condição débil e pequena; se até escolheu Mateus, o publicano, com grande escândalo dos puros e íntegros.

É certo que deixam tudo, família e sustento, mas Jesus não requer deles grandes coisas: só lhes pede que lhe sigam, que se confie nele. Três dos de primeira hora, Pedro, Tiago e João, serão seus amigos nos momentos de dor e de glória. Nesta chamada não aparece nenhuma exigência moral ou doutrinal, só nos pede: “Vinde comigo”. Mais tarde repetirá o convite: “Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos”. Inclusive, ao final de tudo, voltará a nos animar: “Vinde, benditos de meu Pai”.

O chamamento evoca nosso Batismo. Chamou-nos pelo nome. Que alegria e que compromisso! Tudo tão singelo, porém podemos cantar aquilo de Kairoi: ”Fizeste-me ouvir tua voz, falaste-me ao coração. Jesus, eu sou feliz”.

Sempre em comunidade

Jesus, desde o começo, chama outros, quer fazer em comunidade, em missão compartilhada. Chama pessoalmente à cada um, mas para formar grupo de irmãos. Outro evangelista detalhará: “Chamou-os para estar com ele”. Só Cristo é a razão e a rocha desta unidade; não seguimos a um pároco, a um catequista, a um líder, senão a Jesus Cristo e a este, crucificado.

Guardamos cuidadosamente um equilíbrio entre unidade e pluralismo. Todos cabem na Igreja, que se proclama universal e católica. Sempre devemos nos perguntar quem rompe a unidade entre nós. É uma pena que, com freqüência, sejam coisas de menor importância as que quebram a comunhão na Igreja.

Existe uma razão muito potente para a concórdia, e a revelou Jesus na Última Ceia: “Que todos sejam um, para que o mundo creia”.

E não esqueçamos que na Eucaristia comungamos todos o mesmo Corpo. O Corpo da unidade e do amor.

Fonte: Conrado Bueno Bueno

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ADVENTO - JOÃO BATISTA ENDIREITAI VOSSOS CAMINHOS

Neste II Domingo do Tempo do Advento, podemos situar o tema na volta da missão profética. Ela é um apelo à conversão, à renovação, no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem a chegada do Senhor ao nosso mundo e ao coração dos homens. Esta missão é uma exigência que é feita a todos os batizados, chamados - neste tempo em especial - a dar testemunho da salvação/libertação que Jesus Cristo veio trazer.

O Evangelho apresenta-nos o profeta João Batista, que convida os homens a uma transformação total quanto à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às prioridades da vida. Para que Jesus possa caminhar ao encontro de cada homem e apresentar-lhe uma proposta de salvação, é necessário que os corações estejam livres e disponíveis para acolher a Boa Nova do Reino. É esta missão profética que Deus continua hoje, a confiar-nos.

A primeira leitura sugere que este “caminho” de conversão é um verdadeiro êxodo da terra da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Durante o percurso, somos convidados a despir-nos de todas as cadeias que nos impedem de acolher a proposta libertadora que Deus nos faz. A leitura convida-nos, ainda, viver este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não desiste de nos apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e dificuldades.

A segunda leitura chama a atenção para o fato de que a comunidade se deve preocupar com o anúncio profético e deve manifestar, concretamente, a sua solidariedade para com todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho. Sugere, também, que a comunidade deve dar um verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e os conflitos: só assim ela dará testemunho do Senhor que vem.

Leituras Primeira Leitura - Livro do Profeta Baruc (Br 5,1-9)

“Vê os teus filhos… estão cheios de alegria porque Deus se lembrou deles” (Bar 5,5). É nesta atmosfera de alegria e de confiança serena na ação salvadora do nosso Deus que somos convidados a viver este tempo de mudança e a preparar a vinda do Senhor às nossas vidas.

1Despe, ó Jerusalém, a veste de luto e de aflição, e reveste, para sempre, os adornos da glória vinda de Deus.

2Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus e põe na cabeça o diadema da glória do Eterno.

3Deus mostrará teu esplendor, ó Jerusalém, a todos os que estão debaixo do céu.

4Receberás de Deus este nome para sempre: “Paz-da-justiça e glória-da-piedade”.

5Levanta-te, Jerusalém, põe-te no alto e olha para o Oriente! Vê teus filhos reunidos pela voz do Santo, desde o poente até o levante, jubilosos por Deus ter-se lembrado deles. 6Saíram de ti, caminhando a pé, levados pelos inimigos. Deus os devolve a ti, conduzidos com honras, como príncipes reais.

7Deus ordenou que se abaixassem todos os altos montes e as colinas eternas, e se enchessem os vales, para aplainar a terra, a fim de que Israel caminhe com segurança, sob a glória de Deus.

8As florestas e todas as árvores odoríferas darão sombra a Israel, por ordem de Deus.
9Sim, Deus guiará Israel, com alegria, à luz de sua glória, manifestando a misericórdia e a justiça que dele procedem.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial - Salmo (125) Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria! Quando o Senhor reconduziu nossos cativos,
parecíamos sonhar;
encheu-se de sorriso nossa boca,
nossos lábios, de canções.

Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!

Entre os gentios se dizia:
“Maravilhas fez com eles o Senhor!”
Sim, maravilhas fez conosco o Senhor,
exultemos de alegria!

Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!

Mudai a nossa sorte,
ó Senhor, como torrentes no deserto.
Os que lançam as sementes entre lágrimas,
ceifarão com alegria!

Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!


Chorando de tristeza sairão,
espalhando suas sementes;
cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!

Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!

Segunda Leitura - Primeira Carta de Paulo aos Filipenses (Fl 1,4-6.8-11)

A essência da Igreja de Jesus é ser missionária. “Ide e anunciai” - diz Jesus. Para que Jesus venha, para que a sua proposta de salvação chegue a todos os povos da terra, é necessário este compromisso contínuo com a evangelização. As nossas comunidades sentem este imperativo missionário? Sentem a necessidade de fazer Jesus nascer para todos os povos?

Irmãos: 4Sempre em todas as minhas orações rezo por vós, com alegria, 5por causa da vossa comunhão conosco na divulgação do Evangelho, desde o primeiro dia até agora.

6Tenho certeza de que aquele que começou em vós uma boa obra há de levá-la à perfeição até o dia de Cristo Jesus.

8Deus é testemunha de que tenho saudade de todos vós, com a ternura de Cristo Jesus.

9E isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência, 10para discernirdes o que é melhor. E assim ficareis puros e sem defeito para o dia de Cristo, 11cheios do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo, para a glória e o louvor de Deus.
Palavra do Senhor.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 3,1-6)

Preparar o caminho do Senhor é convidar a uma conversão urgente, que elimine o egoísmo, que destrua os esquemas de injustiça e de opressão, que derrote as cadeias que mantêm os homens prisioneiros do pecado… Preparar o caminho do Senhor é um re-orientar a vida para Deus, de forma a que Deus e os seus valores passem a ocupar o primeiro lugar no nosso coração e nas nossas prioridades de vida.

1No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia, Herodes administrava a Galiléia, seu irmão Filipe, as regiões da Ituréia e Traconítide, e Lisânias a Abilene; 2quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes, foi então que a palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto.

3E ele percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, 4como está escrito no Livro das palavras do profeta Isaías: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. 5Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. 6E todas as pessoas verão a salvação de Deus’”.
Palavra da Salvação.

Comentário

Preparar o caminho do Senhor

Os personagens que parecem ser os mais importantes, não o são. Servem, portanto, de sinais que indicam onde se encontra o verdadeiramente importante. Isso ocorreu no século I de nossa era, durante o império de Tibério. Deus começou a falar através de um jovem estranho. Se chamava João. Que Deus falasse através de uma determinada pessoa é um fenômeno assombroso. Que essa pessoa não seja um personagem oficial, nem pertença a nenhuma dinastia poderosa, nem a uma classe elevada, nos é muito estranho. Que essa pessoa não tenha padrinhos, nem aval que a justifiquem ante os demais, é todavia muito estranho.

O jovem João, filho de Zacarias e Isabel, filho de seus anos tardios, se sentiu invadido pelo Espirito e pela Palavra de Deus. Descobriu que Deus falava por meio de suas palavras. Estava no deserto... abandona o deserto e começa a viajar para a comarca do Jordão.

Anunciou uma mudança histórica iminente. Algo mais forte, muito mais forte que o repatriamento das tribos de Israel depois de sua dispersão. Proclamou que todos iram ver a salvação de Deus. Para esto pedia mudanças profundas no coração: preparar o caminho do Senhor.

Este profeta João pode ser nosso contemporâneo. Sua mensagem é também válida para nosso tempo. Embora pareça incrível, a salvação continua o ser viável. É possível realizar os nossos sonhos. Deus não põe em nós um forte desejo, sem cumpri-lo. Mas é necessário acreditar ativamente: é necessário preparar o caminho do Senhor e não enche-lo de tormentas. Quem dúvida, quem sempre coloca obstáculos, quem não está aberto ao que vem, quem quer impor seus pontos de vista, estes não preparam o Caminho... só o impedem! É necessário agir como se aquele que esperamos e sonhamos, já tnha sido concedido.

Não busquemos a Palavra de Deus no meramente oficial, no que se apresenta de forma poderosa. Do deserto, da marginalidade nasce uma mensagem e seus mensageiros.

Com vocês estão e não os conheces. Abramos os olhos, os ouvidos, o coração.

A Graça se aproxima...
os pequenos e marginalizados nos dizem por onde chegará.

José Cristo Rey Garcia Paredes

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FICAI ATENTOS E ORAI A TODO MOMENTO, A FIM DE TERDES FORÇA.

Padre Queiroz

Lc 21,34-36

E Jesus terminou, dizendo:

- Fiquem alertas! Não deixem que as festas, ou as bebedeiras, ou os problemas desta vida façam vocês ficarem tão ocupados, que aquele dia pegue vocês de surpresa, como se fosse uma armadilha. Pois ele cairá sobre todos no mundo inteiro. Portanto, fiquem vigiando e orem sempre, a fim de poderem escapar de tudo o que vai acontecer e poderem estar de pé na presença do Filho do Homem, quando ele vier.

Ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força.

Neste Evangelho, o último do ano litúrgico, Jesus volta a nos falar do fim do mundo. Mas num sentido amplo, que inclui também o fim da vida terrena de cada um de nós. Essa força que devemos ter é para escapar a tudo o que deve acontecer e para ficarmos de pé diante de Jesus, o Juiz, com quem nos encontraremos.

Ninguém consegue prever o dia da própria morte. Ela vem de forma inesperada. “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha”. Quantas pessoas vivem como se não fossem morrer nunca!

Recordando o catecismo, após a morte nós iremos para um destes três lugares: para o céu, para o purgatório ou para o inferno. O purgatório é um sofrimento passageiro, apenas um tempo de purificação. Mas o inferno... Deus nos livre!

Na prática, a escolha do nosso lugar é feita por nós mesmos. Jesus, o Juiz, vai apenas confirmar. E ele o fará com tristeza, se morrermos longe do seu Evangelho e dos mandamentos de Deus, pois a mesma direção que tivermos dado à nossa vida aqui na terra, o Juiz deverá confirmar depois, em respeito à nossa liberdade. Portanto, somos nós que escolhemos o lugar onde viveremos eternamente.

Daí a importância de levarmos a sério os mandamentos de Deus. Jesus veio para nos salvar, e quer nos ver todos no Céu; por isso que nos deixou palavras claras como as do Evangelho de hoje.

Certa vez, um raio de uma bicicleta resolveu abandonar o seu trabalho. Ele pensou: são tantos raios ao meu lado, todos presos no eixo e segurando a roda, um a menos não vai fazer falta.

E foi-se embora, desligando-se da bicicleta. Mas ele estava enganado. O dono colocou a sua filha na garupa e foi levá-la à escola. A estrada era esburacada e cheia de pedras. No caminho, a roda se entortou, os dois caíram e se machucaram!

Todas as funções na sociedade são importantes.

“Quando Jesus passar, eu quero estar no meu lugar.” Que bom se, quando a nossa vida chegar ao fim, nós estivermos cada um no seu lugar, cumprindo com fidelidade aquela missão que Deus nos confiou!

Maria Santíssima, a nossa Mãe, está pronta a nos ajudar dia e noite. Peçamos a intercessão dela. “Maria, ó Mãe cheia de graça... nós queremos contigo estar no Céu!”

Ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força.

Padre Queiroz

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