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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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domingo, 20 de março de 2011

II DOMINGO DA QUARESMA - TRANSFIGURAÇÃO



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HOMILIAS PARA O
 PRÓXIMO DOMINGO
20 DE MARÇO – 2011
ROXO. 2º DOMINGO QUARESMA
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II DOMINGO DA QUARESMA - TRANSFIGURAÇÃO

Comentários – Prof. Fernando


INTRODUÇÃO
Evangelho - Mt 17,1-9
A transfiguração de Jesus foi mais uma demonstração de seu infinito poder. Foi ainda uma antecipação de como seria o seu corpo glorioso depois de ressuscitado. Aquele estado de êxtase deixou os sonolentos apóstolos tão entusiasmados, que Pedro até queria ficar ali direto. 
O nosso semblante também  fica transfigurado ou transformado quando recebemos uma notícia ruim ou quando acontece uma coisa muito boa, quando mentimos, quando estamos felizes, ou em estado de fúria. A nossa cara muda de acordo com os nossos estados mentais, e nossas reações diante da realidade exterior. Se temos fé em Deus, enfrentamos tudo com coragem e esperança de poder contar com a sua infinita ajuda.
A transformação da nossa face então, pode ser para melhor, ou  para pior. Uma cara de alegria, ou uma cara de tristeza.
Pessoas que vivem sem Deus, que não deixam que Deus governe a suas vidas, têm um semblante diferente daquelas pessoas que têm Deus como o governo de suas vidas.
Assim como, pessoas que não depositam em Deus toda sua confiança e toda sua esperança, vivem reclamando de tudo e de todos. Se apavoram diante dos menores obstáculos, ficam tristes, transfigurados negativamente diante das dificuldades da vida, e isto faz aparecer as rugas no rosto, e às vezes, nem COLÁGENO dá jeito.
Ao passo que, aqueles que estão em estado de graça, demonstram uma transfiguração positiva, uma cara alegre mesmo que não estejam sorrindo. Tais pessoas têm uma visão diferente do mundo. A realidade é a mesma, mas porque estão transfigurados pelo amor de Deus, vêem  tudo com outros olhos.
Estar entusiasmados, ou desanimados são exemplos de transfigurações.   De modo geral,  encontramos por onde passamos, rostos sombrios, ocupados ou preocupados , por falta de fé, muitos estão com medo do que está por vir.
E os nossos corpos especialmente nossas expressões faciais manifestam ou demonstram o que vai pelo nosso sistema emocional. Se você olha na cara de uma pessoa má, geralmente a sua cara diz quem ela é. Ao contrário, quando se observa o semblante de uma pessoa boa, é parecido com um rosto de criança, por demonstrar ausência de ódio, rancor, inveja, vingança etc.
Isso acontece porque embaixo da pele no nosso rosto, existe uma camada gordurosa que vai se modelando ao longo do tempo de acordo com as nossas emoções e os nossos pensamentos  dominante.  Assim, a maldade ou a bondade, pureza, etc, vai modelar o seu rosto, transfigurando-o de forma positiva ou negativa.
Aquela garota apaixonada tem um rosto transfigurado pela força do amor, ao contrário que um rosto triste que demonstra a perda do amor ou de um ente querido, é também uma transfiguração.
Por todo lado observamos rostos transfigurados pelo pecado, pela maldade, pela inveja, tristeza, ódio, medo etc.
Roguemos a Jesus que nos dê forças para vencer os nossos vícios e pecados, e para  experimentar a presença de Jesus  para que assim possamos ter rostos transfigurados pelo estado de graça, pela alegria de estar na amizade com Deus, pela conformação, pelo perdão, amizade, pela satisfação interior de ter feito uma caridade, um rosto de cristão, alimentado pela fé, pela esperança e pela caridade.
Nenhum cristão deveria entristecer o rosto, por nada e por ninguém e para ninguém. Porque  somos luz do mundo e o sal da terra. Assim precisamos transpirar fé e confiança aos demais. Embora passemos por vales escuros, pela escuridão da morte, nada devemos temer, porque Ele é luz de nossos passos, luz e força da nossa vida.
A pior transfiguração acontece às personalidades dos nossos adolescentes, quando são contaminados pelas más influências do mundo através das más companhias.  E isso acontece nas melhores famílias.  Os pais educam os filhos da melhor maneira, ensinam a rezar, levam-nos para a Igreja, para a catequese, dão-lhes os melhores exemplos, participando conjuntamente na vida da paróquia, e tudo mais.  Eles crescem, começam a namorar, e a namorada ou  o namorado ateu ou de outra religião, faz a sua cabeça, e sem menos esperar, você percebe que seu filho, sua filha já não está rezando mais antes de dormir, diz que vai à missa com o namorado(a) quando na verdade foram passear, ou para outros lugares que trazem sérias conseqüências e ainda enfrentam os pais com respostas atravessada, etc.
Temos a tendência de botar a culpa nos pais, quando a vida religiosa dos jovens vai para o brejo, ou mesmo quando eles se embrenham por caminhos errados. É fácil botar a culpa naquela mãe que lamentando diz que deu uma boa educação ao filho, e agora ele está preso por roubos e outros crimes. Perguntamos. Será que ela levou o seu filho ao catecismo?
            Talvez nem tenha levado mesmo, mais o que desvia os jovens do caminho certo são os próprios amigos e ou os namorados e namoradas. E agora? O que fazer? Os pais fizeram de tudo, procederam corretamente com relação à educação e formação religiosa daquele filho(a), para depois se vê em tamanho desgosto, ao ouvir o filho dizer que quando quiser rezar, ele reza em casa.
            Sua personalidade foi totalmente transformada para pior, ele, ela já não é mais o que era antes, aquela menina aquele menino dedicado, devoto(a),  que não dormia sem antes rezar e rezava bastante, que não faltava à missa de jeito nenhum, estudava a palavra de Deus, e agora... agora... está todo mudado! Transfigurada para pior!
            Paulo hoje em sua carta  nos diz que sofremos juntos e que somos fortificados pelo poder de Deus.  Que Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa,
não devido aos nossos merecimentos, mas pela graça de Deus.  E é pela força de Jesus que destruiu a morte, é que podemos pelo poder da oração chamar os nossos filhos de volta a Deus.
            Para que os nossos rostos voltem a brilhar com o sol, e nossas almas fiquem brancas como a neve, e para que ouçamos a voz de Deus Pai nos dizendo  que 'Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!'
         
Caríssimos. Vamos confiar em Deus que nos dá a tranqüilidade e a paz não esperemos uma vida plena de prazeres e alegria, pois viver significa enfrentar dificuldades e resolver problema. Mas se estamos unidos a Cristo, embebidos nele como uma esponja embebida de água, teremos a coragem, e a força necessária para enfrentar o que der e vier, a assim tudo será resolvido, tudo será solucionado.
Um bom domingo com  Jesus para você.
Sal .
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Domingo, 20 de março de 2011
Mt 17,1-9
TRANSFIGURAÇÃO -
Esta maravilhosa cena da transfiguração nos mostra como Jesus está lá no céu. Também Maria Santíssima e os santos. E mostra ainda como nós estaremos lá no céu.
Somos chamados a ir, aos poucos, vencendo o pecado, que nos desfigura, e ir nos transfigurando através das virtudes e das boas obras.
Moisés e Elias representam o Antigo Testamento: A Lei (Moisés) e os profetas (Elias).
Pedro disse: “Senhor, é bom estarmos aqui...” De fato, ali houve uma pequena antecipação do céu. Mas os discípulos ainda tinham uma grande missão a cumprir na terra. São os transfiguradores do mundo.
Uma nuvem luminosa os cobriu. É aquela mesma nuvem que aparece várias vezes na Bíblia. Ela indica a presença da divindade e, ao mesmo tempo, oculta o mistério de Deus. É assim que acontece conosco; o normal aqui na terra é a vida na nuvem.
Este é o meu Filho amado. Jesus estava sofrendo fortes críticas e humilhações. Os próprios discípulos, influenciados pelas autoridades, estavam meio abalados e confusos, a respeito de Jesus. Do jeito que as coisas iam, quando chegasse o momento da condenação, não ia sobrar ninguém do lado dele.
Então a transfiguração veio confirmar a autoridade de Jesus. Ele perdeu toda aquela aparência de fraqueza e de limitação, e se mostrou direitinho conforme a expectativa que o povo tinha do Messias: Um rei glorioso e cercado de glória.
E o apoio que ele recebeu foi pesado. Veio de Deus Pai e dos dois principais líderes do Antigo Testamento: Moisés e Elias.
Este recado vale também para nós, pois a Igreja Católica é Jesus continuado hoje no nosso meio. Precisamos acreditar nela. Por exemplo, agora, envolvendo-nos na Campanha da Fraternidade.
“Escutai-o.” Deus Pai quis dizer aos discípulos (nós) que tudo o que ele havia falado no Antigo Testamento, agora é substituído pela palavra de Jesus. O que vale, de agora em diante, é o que Jesus fala, e ponto final.
Os discípulos ficaram muito assustados. A manifestação da divindade nos assusta. Foi por isso que Jesus não se transfigurou diante de todos os Apóstolos. Infelizmente nós não sabemos relacionar-nos com Deus, o que devia ser natural. Vivemos sozinhos e, quando Deus se manifesta, ficamos assustados.
Leonardo Da Vinci demorou quase um ano para pintar esse quadro tão bonito e conhecido nosso, a Última Ceia. A primeira pessoa que ele pintou foi o Cristo.
Vários meses depois, faltava apenas um Apóstolo: Judas Iscariotes, o traidor de Jesus.
Leonardo saiu pelas ruas de Roma, a procura de alguém parecido com Judas, para que pudesse copiá-lo na tela.
Encontrou um jovem e o contratou.
Após o serviço, o jovem começou a chorar. Da Vinci perguntou-lhe por quê. Ele respondeu:
“O Cristo que está aí na tela sou eu também! O senhor não está me reconhecendo, porque naquela época eu havia acabado de mudar-me do interior aqui para Roma, e a minha vida era correta! Mas infelizmente eu caí...”
O rapaz abaixou a cabeça e continuou chorando. Da Vinci o abraçou e o convidou a mudar de vida, voltando ao que era.
O pecado nos desfigura. Ele é capaz de, em apenas um ano, transformar um bom cristão em um Judas Iscariotes. Mas Jesus é maravilhoso, e deixou-nos meios de nos levantarmos e readquirir a inocência batismal. Tanto, que podemos até cantar depois: “Ó feliz culpa, que mereceu tão grande Salvador” (Primeiro cântico da Missa da Vigília Pascal).
Maria Santíssima nunca foi desfigurada pelo pecado. E ela é, depois de Jesus, a maior agente de transfiguração do mundo. Que ela nos ajude a nos transfigurarmos e a sermos agentes de transfiguração.
Este é o meu Filho amado; escutai-o!
Pe. Antônio Queiroz CSsR
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Escutar com os ouvidos, mas, sobretudo, escutar com o coração. Só assim podemos ficar com o nosso rosto transfigurado como de Jesus.


                                       No Evangelho deste domingo, somos convidados a subir a montanha em companhia de Pedro, Tiago e João, seguindo os passos de Jesus que se afasta da multidão e se recolhe para orar. A montanha na Bíblia é o lugar da presença e da manifestação de Deus. Foi sobre uma montanha que a Lei foi dada a Moisés como também foi sobre uma montanha que Elias revelou o Deus único. Agora, é Mateus que nos conta o que se passou naquela montanha onde estão reunidos Jesus com três discípulos: “ele foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz”
                                    Esta mudança no rosto de Jesus que o torna luminoso como o sol é o que chamamos “Transfiguração”. Transfigurar significa mudar a figura ou a feição. Imaginando como poderíamos entender melhor a transfiguração de Jesus, lembremos o rosto de algumas pessoas que nos passam essa idéia: o rosto de uma mãe que amamenta seu filhinho, o de um adolescente apaixonado etc. O que caracteriza o olhar de todos eles é o brilho no olhar. E o que faz iluminar a expressão destas pessoas? O amor. É o amor que transparece dos seus rostos e os torna brilhantes
                                  Com certeza, foi o amor que tornou o rosto de Jesus resplandecente. Enquanto estava rezando, ele entra em contato com o Pai, e o amor entre eles é tão grande que chega a alterar a sua aparência. Os três apóstolos que o acompanhavam certamente ficaram perplexos ao verem esta mudança; principalmente, quando apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Moisés, que guiou o povo de Israel da escravidão do Egito à libertação dada por Deus; e Elias, que foi assunto ao céu numa carruagem de fogo. Os dois, que representam toda a história de Israel, aparecem na montanha para conversarem com Jesus.
                             Mas, qual era mesmo o assunto da conversa deles? Conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém, falavam da paixão de Jesus, o que estamos, neste tempo de Quaresma, nos preparando para celebrar. Nesse ínterim, Pedro constata maravilhado: “Senhor, como é bom estarmos aqui!” E propõe: “Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro tem razão: deve ter sido muito bom mesmo estar ali imersos na luz do amor entre o Pai e o Filho, escutando o diálogo com Moisés e Elias. Era tão bom que Pedro queria que aquele momento nunca acabasse. Por isso é que ele propôs fazer três tendas. Normalmente, quando as pessoas vão a uma montanha para acampar, ou seja, querem passar mais tempo lá, levam e armam suas barracas. Porém, enquanto Pedro fazia a sua proposta, saiu uma voz do céu com outra indicação: para saborear aquele momento extraordinário, não era preciso armar tendas, mas ter um coração atento para ouvir a Palavra de Jesus.
                               De fato, o Pai diz: “Este é meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado, escutai-o!”. Não faz muito tempo que ouvimos a mesma declaração no Batismo de Jesus. E esta é uma informação muito interessante, pois o Pai está dizendo que aquele Filho que começou o ministério no Jordão é o mesmo que está prestes a morrer crucificado. A força da voz do Pai deve ter sido uma experiência esplendorosa para os apóstolos, a ponto de ficarem assustados. Mas Jesus lhes diz: “Levantai-vos e não tenhais medo”. A voz de Jesus inspira em nós discípulos confiança e esperança. A força da voz do Pai insiste: “Escutai-o!”
                            Escutar! É a melhor maneira para se preparar para a Páscoa: escutar a Palavra que Jesus veio nos dar. Escutar com os ouvidos, mas, sobretudo, escutar com o coração. Só assim podemos ficar com o nosso rosto transfigurado. Infelizmente, hoje, o rosto de Jesus aparece mais desfigurado que transfigurado. Desfigurado em tantos rostos humanos por causa da pobreza extrema, dos vários problemas. Jesus sofredor aparece desfigurado no rosto de crianças doentes, abandonadas, desfrutadas; no de jovens desorientados, perdidos; no dos excluídos da sociedade; no de desempregados, no de idosos abandonados até mesmo pela família. São muitos os desafios que os missionários de Jesus têm de enfrentar. Coragem! Levantai-vos e não tenhais medo.Meu irmão, minha irmã,distanciemo-nos dos  boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal .

Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina                         

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TRANSFIGURAÇÃO

“Este é meu filho amado, escutai-o!”
1. Ele se Transfigurou Diante Deles
Celebrando o sacramento da quaresma, nós nos preparamos para a Páscoa do Senhor. Nela participaremos da glória de Cristo, ainda sob "a nuvem" da esperança. Os que serão batizados serão transfigurados, revestindo-se de Cristo.
A colocação do texto da transfiguração de Jesus, no início da Quaresma, convida-nos a ouvi-lo para sermos transfigurados com Ele. Com Ele percorremos o caminho do deserto, passamos por sua Paixão e chegamos com Ele à Glória, como rezamos na oração pós-comunhão: "Vós nos concedeis participar das coisas do céu".
Antes da glória da Ressurreição, Jesus passa pela dor da Paixão e da Cruz. Pelo sofrimento chega à glorificação. A transfiguração não se reduz a fenômenos esplendorosos, mas é também uma caminhada de fé; como ocorre com Abraão.
Há muitos elementos ricos neste texto. Jesus tem três testemunhas do fato, o que dá garantia de sua veracidade. Ele sobe uma alta montanha, o Monte Tabor. A montanha é o lugar do encontro com Deus, como no Sinai. Ali estiveram Moisés e Elias, que foram levados ao Céu de modo misterioso. Estão na Glória. Isso mostra que Jesus está com eles na glória e que Ele cumpre a Lei e os Profetas. É uma teofania, visão/manifestação de Deus. Entram na nuvem, que é sinal da presença de Deus.
Jesus está na esfera de Deus. 'Ele é Deus. Da nuvem sai uma voz que diz: "Este é o meu Filho Amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o!" (Mt 17,5). Como no Batismo, Jesus é apresentado pelo Pai, indicando sua missão de profeta. Ele é a Palavra viva do Pai.
Tudo isso vai acontecer na vida do discípulo na medida em que ouve a Palavra e a põe em prática. Percorrendo com Cristo a Paixão, tem certeza de encontrar a Ressurreição, que vem demonstrada na transfiguração. A meta de cada homem é transfigurar-se, "Quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele" (1Jo 3,2). Os discípulos não podem comunicar essa visão, porque ela só se esclarecerá após a ressurreição.
2. Deus nos Chamou a uma Vocação Santa
A meta da vida cristã é a transfiguração em Cristo. Vivemos, como Cristo, sob a nuvem que é símbolo da presença de Deus, na qual devemos viver. Para isso fomos chamados! "Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa" (2Tm. 1,9).
Essa vocação santa é o chamado contínuo para participar da manifestação de Cristo em seu mistério de redenção e glorificação. A transfiguração será sempre para nós uma vocação, que recebemos no batismo. Naquele dia, nós vestimos a veste branca, que é sinal de nossa transfiguração com Cristo, na graça batismal. À medida que ouvimos o Filho, estamos em condições de nos transfigurar. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e.a imortalidade por meio do Evangelho (2Tm. 1,10).
3. Sai de Tua Terra
A primeira leitura traz-nos a vocação de Abraão. Paulo retoma esse tema ao dizer que "Deus... chamou-nos a uma vocação santa... não devido a nossas obras, mas em virtude da sua graça" (2Tm. 1,9). Abraão é chamado a ser uma bênção através de uma descendência. É um novo povo. Jesus é sua descendência.
Somos chamados por graça, como Abraão, a deixar tudo por Cristo. Acolhendo a palavra de Jesus, podemos chegar à transfiguração e sermos uma bênção. Vocação não é algo para mim, mas um dom dado a todo povo através daqueles que a acolhem.
“Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face. É vossa face, Senhor,
que eu procuro, não desvieis de mim o vosso rosto!” (cf. Sl. 26, 8s).
A liturgia da Santa Igreja nos apresenta, a cada ano, no segundo domingo da Quaresma o Evangelho da Transfiguração, no início da subida de Jesus a Jerusalém, onde Ele levará a termo a vontade do Pai. Somos hoje convidados a acompanhar Jesus neste caminho. Nesta caminhada, para não desfalecermos em nossa fé, é bom termos diante dos olhos – como João, Tiago e Pedro, as privilegiadas testemunhas, a glória daquele que vai ser aniquilado, o Filho e Servo de Deus. E somos convidados a ouvir a voz que sai da nuvem: “Escutai-o”.
A primeira leitura nos apresenta a vocação de Abraão: “Sai da tua terra!” (cf. Gn. 12,1). Largar o que consideramos adquirido é a condição para caminhar no rumo que Deus indica. Depois da Torre de Babel, a história humana parece ter virado em caos. Mas, com a vocação de Abraão surge um novo ponto luminoso. Inicia-se a “História da Salvação”. Cinco vezes ouve-se a palavra “bênção”. Abraão ouve o apelo: “sai da tua terra”, e a promessa: “Eu te abençoarei”. Esta é a sua única luz. Ele vai sem perguntar aonde.
A Segunda Leitura (cf. 2Tm. 1,8b-10) é um breve comentário a este largar. A Segunda Leitura nos aponta a vocação santa que recebemos em Cristo, no qual resplandece a vitória sobre a morte. Essa vitória final, Pedro, Tiago e João a viram antecipadamente, e atestada por Moisés – a Lei – e Elias – os Profetas, no monte da Transfiguração. A visão desta glória é acompanhada pela voz: “Escutai-o”, o que lembra o “Ouve Israel” de Dt 6,4. É um prelúdio da ressurreição – por isso as testemunhas devem guardar o silêncio até que esta se realize. A meta da história humana é a participação da vida divina. E é esta a salvação, que só pode ser experimentada como obra de Deus. O que Deus iniciou no “evento” de Jesus – a sua vida e a fé que provocou – Ele o levará a termo no Juízo. Enquanto temos esta esperança, o mundo, alheio a ela, não pode inspirar medo, nem ao apóstolo, nem a nós.
Jesus veio refazer em definitivo e ampliar ao máximo a aliança de Deus com o povo (cf. Mt. 17,1-9). A grande aliança de Deus com o povo no deserto acontecera no alto do Sinai, e as tábuas da Lei eram o sinal concreto, visível e viável do pacto entre Deus e o povo eleito: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo” (cf. Lv. 26,12). Jesus está agora caminhando para o momento decisivo da recriação da aliança entre Deus e o povo, está para fazer “a nova e eterna aliança”, como dizem as palavras da Consagração da Missa, já não mais gravada em pedra, mas escrita com seu sangue no coração de cada criatura humana.
No Sinai, o povo traiu a aliança, e preferiu um bezerro de ouro (cf. Ex. 32). Agora, pouco antes do episódio da Transfiguração, o povo se divide: a maioria se nega a aceitar a pregação de Jesus; e a minoria torna-se a dividir: uns esperam para logo um reino terreno de liberdade política, liderado por Jesus; outros estão perplexos, apesar da declaração de Pedro, que professara em nome dos doze: “Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo” (cf. Mt 16,16). Tanto a incredulidade da maioria quanto o comportamento dúbio da minoria vêm anotados por Mateus no contexto da Transfiguração. Jesus seleciona três entre os que ainda podiam crer, e que se tornariam “as colunas da Igreja” (cf. Gl. 2,9), e os leva para o monte, confirma-lhes o caminho da paixão como passagem obrigatória para a ressurreição, o milagre-prova para todo o sempre da nova e eterna aliança.
Abraão vivia em Ur dos Caldeus, aproximadamente 1800 anos antes de Cristo. Ur seria o Iraque atual. Deus o chama e ele obedece. Vamos notar que é Deus que o chama. Na história da humanidade e na história de cada um há sempre um chamado de Deus. Deus sempre precede aos nossos pensamentos e decisões. Contudo, o chamado gratuito de Deus se perde, se não houver a colaboração nossa com respeitosa resposta, pronto atendimento ao chamado do Senhor. Deus nos deu a inteligência, a vontade e os sentimentos suficientes para perceber o chamado divino e decidir aceitar ou não aceitar a sua convocação. O chamado de Deus – e está tão claro na história de Abraão – nem sempre vem com explicações ou com promessa de recompensas; pode ser até muito exigente, como o foi no caso de Abrão: teve de deixar sua terra, sua tribo, sua família; teve de partir para uma terra desconhecida. Teve de “morrer” para um passado e recomeçar tudo do nada, até mesmo sem saber o que significava esse recomeçar. Simplesmente confiou, plena e completamente, na vontade de Deus. Essa deve ser, caros amigos, a nossa atitude.
Abraão deve ser para nós o pai da confiança na misericórdia e na vontade de Deus. Confiou profundamente e com tanta unção que por um fio quase sacrificou o seu filho Isaac (cf. Gn. 21,1-19). Por isso, pela sua fé radical, Deus o fez e o proclamou pai de um povo abençoado, o povo eleito.
A fé de Abraão, de sua descendência, brotam inumeráveis bênçãos, das quais a maior de todas é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que se encarna no seio de uma mulher abraâmica.
Os apóstolos estavam na mesma posição de Abraão. Jesus os convoca para serem testemunhas e protagonistas da nova criação, da nova Terra Prometida, que Jesus chamou de “Reino de Deus”. Mas tudo isso foi possível porque os discípulos saíram de si mesmos, tiveram que deixar de pensar curto com a inteligência humana, mas aos olhos da fé que tudo vence. Ultrapassaram a visão humana do projeto divino. Acreditaram no desconhecido. Abraçaram a vontade de Deus. Arrancaram seus próprios interesses para carregar a cruz com Jesus e com Ele morrer no Calvário. Abraão creu no Senhor, mesmo quando o Senhor pedia a morte do seu único filho. Os apóstolos, e nós hoje, devemos crer em Jesus, mesmo vendo-o pregado na cruz. Na obediência e no serviço solidário vamos haurir as bênçãos celestiais e a filiação por parte do Senhor Deus.
Abraão e o Calvário: duas histórias que nos acompanham por dentro de todo o caminhar de nossa existência. Obedecer à vontade de Deus ou compreendê-la eis o dilema para nossa vida. A Transfiguração é escola de fé. A glória passa pelo pedágio da cruz, sem alternativa. Abraão caminhou sozinho. Os discípulos caminham com Jesus. Cristo caminha conosco. Porque Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Assim, a prática cristã exige conversão permanente, para largarmos as falsas seguranças que a publicidade da sociedade consumista e as ideologias do proveito próprio e do egoísmo generalizado nos prometem, para arriscar uma nova caminhada, unida a Cristo e junto com os irmãos. Somos convidados a dar ouvidos ao Filho de Deus, como diz o Evangelho, e a receber de Cristo nossa vocação, para caminhar atrás dEle – até a glória, passando, se preciso, pela Cruz. Assim como Abraão ouviu a voz de Deus e saiu de sua cidade em busca da terra que Deus lhe prometeu, devemos, também nós, largar o que nos prende, para seguir o chamado do Senhor.
Quando se propõe o problema da realização futura, as trevas caem sobre nós. Estamos diante de um devir que é muito mais obscuro do que se pode pensar; nossa fé vacila. Nossa fé não nos diz nada mais do que isto: para adotar as opções que nos permitam obter sucesso é necessário abranger-nos os dois extremos da história e podermos concentrar num instante o passado e o futuro. Esse é o risco que a fé comporta. O cristão que recebeu o batismo decide viver nesse risco. Sente a obscuridade que pesa sobre todos os homens na construção do presente, e não se assusta, não tem medo porque vê a meta, o Cristo transfigurado, e em Abraão o modelo a seguir.
Bento XVI, em sua mensagem para a Quaresma de 2011, ao comentar o Evangelho de hoje, nos ensina: “O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt. 17,1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb. 4,12) e reforça a vontade de seguir o Senhor”.
Também, na vida da Comunidade eclesial, dão estes momentos de Tabor: a reunião da Assembléia, a escuta da Palavra, a celebração da Eucaristia e tantos outros. Eles reanimam e fortalecem, para que possamos descer com Cristo o monte Tabor e, tomando a sua Cruz, segui-lo pelas planícies da vida a subir com Ele a colina do Calvário, que por sua vez se há de transfigurar.

padre Wagner Augusto Portugal
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Transfigurados pelo amor
No Evangelho deste II Domingo da Quaresma, somos convidados a subir a montanha em companhia de Pedro, Tiago e João, seguindo os passos de Jesus que se afasta da multidão e se recolhe para orar. A montanha na Bíblia é o lugar da presença e da manifestação de Deus. Foi sobre uma montanha que a Lei foi dada a Moisés como também foi sobre uma montanha que Elias revelou o Deus único. Agora, é Mateus que nos conta o que se passou naquela montanha onde estão reunidos Jesus com três discípulos: “ele foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz”.
Esta mudança no rosto de Jesus que o torna luminoso como o sol é o que chamamos “Transfiguração”. Transfigurar significa mudar a figura ou a feição. Imaginando como poderíamos entender melhor a transfiguração de Jesus, lembremos o rosto de algumas pessoas que nos passam essa ideia: o rosto de uma mãe que amamenta seu filhinho, o de um adolescente apaixonado etc. O que caracteriza o olhar de todos eles é o brilho no olhar. E o que faz iluminar a expressão destas pessoas? O amor. É o amor que transparece dos seus rostos e os torna brilhantes.
Com certeza, foi o amor que tornou o rosto de Jesus resplandecente. Enquanto estava rezando, ele entra em contato com o Pai, e o amor entre eles é tão grande que chega a alterar a sua aparência. Os três apóstolos que o acompanhavam certamente ficaram perplexos ao verem esta mudança; principalmente, quando apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Moisés, que guiou o povo de Israel da escravidão do Egito à libertação dada por Deus; e Elias, que foi assunto ao céu numa carruagem de fogo (2Rs. 2,11). Os dois, que representam toda a história de Israel, aparecem na montanha para conversarem com Jesus.
Mas, qual era mesmo o assunto da conversa deles? Conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém, falavam da paixão de Jesus, o que estamos, neste tempo de Quaresma, nos preparando para celebrar. Nesse ínterim, Pedro constata maravilhado: “Senhor, como é bom estarmos aqui!” E propõe: “Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro tem razão: deve ter sido muito bom mesmo estar ali imersos na luz do amor entre o Pai e o Filho, escutando o diálogo com Moisés e Elias. Era tão bom que Pedro queria que aquele momento nunca acabasse. Por isso é que ele propôs fazer três tendas. Normalmente, quando as pessoas vão a uma montanha para acampar, ou seja, querem passar mais tempo lá, levam e armam suas barracas. Porém, enquanto Pedro fazia a sua proposta, saiu uma voz do céu com outra indicação: para saborear aquele momento extraordinário, não era preciso armar tendas, mas ter um coração atento para ouvir a Palavra de Jesus.
De fato, o Pai diz: “Este é meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado, escutai-o!”. Não faz muito tempo que ouvimos a mesma declaração no Batismo de Jesus. E esta é uma informação muito interessante, pois o Pai está dizendo que aquele Filho que começou o ministério no Jordão é o mesmo que está prestes a morrer crucificado. A força da voz do Pai deve ter sido uma experiência esplendorosa para os apóstolos, a ponto de ficarem assustados. Mas Jesus lhes diz: “Levantai-vos e não tenhais medo”. A voz de Jesus inspira em nós discípulos confiança e esperança. A força da voz do Pai insiste: “Escutai-o!”
Escutar! É a melhor maneira para se preparar para a Páscoa: escutar a Palavra que Jesus veio nos dar. Escutar com os ouvidos, mas, sobretudo, escutar com o coração. Só assim podemos ficar com o nosso rosto transfigurado. Infelizmente, hoje, o rosto de Jesus aparece mais desfigurado que transfigurado. Desfigurado em tantos rostos humanos por causa da pobreza extrema, dos vários problemas. Jesus sofredor aparece desfigurado no rosto de crianças doentes, abandonadas, desfrutadas; no de jovens desorientados, perdidos; no dos excluídos da sociedade; no de desempregados, no de idosos abandonados até mesmo pela família. São muitos os desafios que os missionários de Jesus têm de enfrentar. Coragem! Levantai-vos e não tenhais medo.
Enfim, como disse o papa Bento XVI na sua mensagem para a Quaresma 2011, “o Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt. 17,1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb. 4,12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.

padre Carlos Henrique de Jesus Nascimento
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Do Tabor ao Calvário
A vida cristã pode ser comparada a uma caminhada que deve ser percorrida na escuta atenta de Deus, na observância total aos seus planos. A Quaresma é um momento forte para rever essa caminhada. As leituras bíblicas de hoje nos ajudam...
Na 1ª leitura, vemos a caminhada de Abraão: (Gn. 12,1-4)
Do Tabor ao Calvário
A vida cristã pode ser comparada a uma caminhada que deve ser percorrida na escuta atenta de Deus, na observância total aos seus planos. A Quaresma é um momento forte para rever essa caminhada. As leituras bíblicas de hoje nos ajudam...
Na 1ª leitura, vemos a caminhada de Abraão: (Gn. 12,1-4)
escola insubstituível de fé e de vida cristã.
Os textos evangélicos da Quaresma nos guiam para um encontro intenso com o Senhor, fazendo percorrer as etapas do caminho da Iniciação cristã.
- O Primeiro domingo evidencia a nossa condição de homens nesta terra.
O combate vitorioso contra as Tentações é um convite a tomar consciência da própria fragilidade, para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo.
- A Transfiguração do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do homem. Conduz-nos a um alto Monte para acolher de novo em Cristo, como filhos do Filho, o dom da Graça de Deus: "Este é o meu Filho amado: Escutai-o".
- O pedido de Jesus à samaritana "Dá-me de beber" exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar em nosso coração o desejo dessa água que jorra para a vida eterna. É o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos verdadeiros "adoradores do Pai, em espírito e verdade..."
- A cura do Cego de Nascença apresenta Cristo como Luz do Mundo.
O Evangelho nos interpela: "Tu crês no Filho do Homem?" "Creio, Senhor", afirmou com alegria o cego... fazendo-se voz de todos os crentes.
- No 5º domingo, a Ressurreição de Lázaro nos põe diante do último mistério da nossa existência: "Eu sou a ressurreição e a Vida... crês tu isto?"
A resposta de Marta deve ser a nossa: "Sim, eu creio que tu és o Filho de Deus".
Na grande vigília pascal, renovamos as promessas batismais e reafirmamos que Cristo é o Senhor de nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou no batismo e reconfirmamos...
Mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso batismo.
Renovemos nessa Páscoa o acolhimento da graça, que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações.

padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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Uma experiência fascinante
A contemplação de Jesus transfigurado foi uma experiência fascinante na vida dos três discípulos escolhidos pelo Mestre para subirem com ele ao alto monte. Neste lugar carregado de simbolismo (a montanha era tida como o lugar privilegiado de encontro com Deus) puderam contemplar Jesus transfigurado, revestido de glória e majestade, e "vê-lo" no fulgor de sua santidade.
A transfiguração foi, de certo modo, uma antecipação da ressurreição. Depois de ressuscitado, o esplendor de sua glória já não fulguraria, por pouco tempo, para um grupo seleto de discípulos. Pelo contrário, não só poderia ser contemplada por todos os discípulos, como também deveria ser proclamada a todos os povos da Terra. A ordem de guardar segredo ("não dizer a ninguém a respeito da visão") perderia sua razão de ser.
Contudo, a contemplação do Ressuscitado haveria de ser precedida por uma experiência aterradora: a de ver o Messias Jesus pendente na cruz. O fascínio daria lugar ao pavor e à estupefação, porque a morte de cruz não encontraria explicação, uma vez que o Mestre sempre dera mostras de ser um homem justo e, em sua pregação, falara de Deus como um Pai amoroso e fiel.
Só quem fosse capaz de superar o impacto da cruz e reconhecer no Crucificado o Filho de Deus, chegaria a reconhecê-lo fascinantemente ressuscitado.
Oração
Pai, que eu seja capaz de contemplar a cena patética de Jesus pendente da cruz, sem me deixar abater pela estupefação, para poder contemplá-lo glorioso na ressurreição.

padre Jaldemir Vitório

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A catequese batismal da Quaresma nos ensina que Deus criou um belo mundo e nele colocou o ser humano a quem deu vida, mas que tudo se desfez por uma decisão do homem e da mulher contrária ao projeto de Deus. Deus, porém, que nunca é perdedor, retoma o seu projeto de vida. Chama Abraão de um país longínquo e lhe promete um povo, e uma terra. Surge um novo povo que precisa de uma terra. A terra definitiva, sem males, está no céu. A terra aqui e agora é o chão que estamos pisando, que poderia começar a ser sem males.
Os penitentes caminhantes sentem no seu dia a dia o peso da tentação. O demônio é provocador, e sua força parece mais forte do que a nossa. Para que não desanimem com a aridez e a fome do deserto, os penitentes sobem a um monte de onde descortinam o horizonte e lá contemplam a sua própria transfiguração. Pedro, Tiago e João fazem a experiência da montanha e encontram-se com Jesus, Moisés e Elias. O ambiente é bom, agradável, dá vontade de ficar lá para sempre. Será a retomada da bela terra criada por Deus para os primeiros pais?
No caminho da conversão encontra-se o desejo da reconstrução do paraíso. Catecúmenos, penitentes e fiéis se encontram no Cristo Transfigurado e veem sua própria transfiguração. Isto os prepara para ver mais tarde o Cristo Crucificado, mas é também revelação da beleza de Deus na sua criação. O mundo é belo e nós somos belos. No entanto, a ação em curso do Pecado do mundo desfigura essa beleza.
Para existir e sobreviver o povo precisa de uma terra, a nossa Terra. Para que ela seja bela e saudável esse povo toma nas mãos o Evangelho e anuncia Jesus Cristo ao mundo para a destruição da morte e a vitória da vida e da imortalidade.
Gn. 12,1-4a – Deus promete a Abraão um povo e uma terra. Uma terra na qual um povo possa surgir, crescer e se multiplicar de forma sadia e feliz. Abraão precisa acreditar em Deus e fazer o esforço de sair da própria terra e caminhar em busca de algo que parece distante e até impossível. Ele o faz e se torna o pai de todas as pessoas que têm uma fé convicta.
Sl. 32 – A graça de Deus transborda na terra que ele criou. Providencia o alimento necessário à vida e liberta do domínio da morte as suas criaturas.
2Tm. 1,8b-10 – É sofrida a ação consciente do cristão no mundo em que vive, mas o seu fruto é consolador. A revelação de Jesus Cristo e a pregação de seu Evangelho destroem a morte e fazem brilhar a vida e a imortalidade. É a nós que Paulo se dirige quando escreve a Timóteo: “Sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus”.
Mt. 17,1-9 – Não tenham medo. Escutem o Filho amado de Deus Pai. Com ele é possível recriar o ambiente do paraíso, mesmo no alto de um monte, e viver uma vida transfigurada. A transfiguração nos mostra quem é o Cristo enfraquecido e tentado no deserto e nos prepara para vê-lo na cruz desfigurado e morto. Se muitas vezes a imagem da nossa terra é também desfigurada e morta, a transfiguração nos diz que é possível fazê-la mudar de figura.

Cônego Celso Pedro da Silva
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Este é meu Filho amado
A narrativa da transfiguração, nos três evangelistas sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, é apresentada logo após o anúncio de Jesus sobre os sofrimentos que o esperam em Jerusalém, seguindo-se a repreensão a Pedro que, tomado pela idéia do messias poderoso de Israel, não entende a proposta de Jesus. Estão aí envolvidos dois aspectos: o sofrimento e a glória. Não se trata de sugerir que o sofrimento é o preço a ser pago para atingir a glória, como em uma barganha. A transfiguração é a maravilhosa confirmação de que em Jesus a condição humana é gloriosa, mesmo que seja vulnerável ao sofrimento e à morte, que são passageiros. O realce da dignidade humana, na transfiguração é um apelo aos discípulos a reconhecerem a verdadeira identidade de Jesus e põe em maior evidência o crime hediondo daqueles que planejam matar Jesus. Esta manifestação gloriosa de Jesus se articula com a manifestação por ocasião do seu batismo por João Batista, ambas com o caráter de uma teofania, isto é, com manifestações de sinais e vozes celestiais extraordinárias. Nas duas é feita a proclamação: "Este é meu Filho amado, em quem me comprazo", sendo que na transfiguração é feito o acréscimo: "Ouvi-o!". O Filho amado é o homem Jesus, nascido de Maria, concebido do Espírito Santo, revestido de eternidade em sua humanidade, e nele temos a revelação do reconhecimento da grandiosidade da condição humana, assumida por Deus na encarnação de seu Filho.
O cenário, uma alta montanha, e a presença de Moisés e Elias correspondem a uma reapresentação da revelação de Deus. Moisés e Elias subiram à montanha, o Sinai, um para receber a Lei e o outro, para consolidar sua missão profética. Agora ambos vêm a Jesus, transfigurado, para confirmá-lo como a revelação suprema de Deus. Jesus, o simples e humilde homem de Nazaré, na realidade é participante da natureza divina. Em nossa herança cultural encontramos marcas profundas de culto ao poder. Somos levados a discriminar as pessoas, selecionando-as pelos critérios de boa aparência, posses, prestígio, e poder. Comumente são desprezadas as pessoas de condição humilde e destituídas de poder. Subvertendo estes critérios de valores, Deus se revela como aquele que se faz presente e se identifica com os pobres e excluídos. Este homem Jesus, simples, frágil e vulnerável, é o Filho de Deu presente no tempo, mas já inserido na eternidade, em comunhão de amor com o Pai. A glória manifestada na transfiguração é a transparência do amor e da liberdade com que Jesus sempre se relacionou com seus discípulos e com o povo, no dia a dia. Cada discípulo de Jesus é chamado a participar desta glória por sua adesão ao projeto de Deus revelado em Jesus. Jesus nos convida ao desapego dos atrativos e valores de um mundo seduzido pelo poder e pelo dinheiro. Somos chamados a assumir a partilha, a solidariedade e a comunhão no amor e na misericórdia com nosso próximo, pelo que entramos em comunhão com Deus. O Deus de amor revelado por Jesus leva a uma revisão da imagem de Deus apresentada no Primeiro Testamento, como um deus que abençoa alguns a amaldiçoa a outros (primeira leitura). Todos, sem discriminações, somos acolhidos como filhos de Deus, em Jesus, e somos chamados a viver, com alegria, o mundo novo de fraternidade, justiça e Paz, na vida plena e revestidos de imortalidade, pela graça de Deus.

José Raimundo Oliva

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No segundo domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projetos, da obediência total e radical aos planos do Pai.
O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.
Na primeira leitura apresenta-se a figura de Abraão. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total e com a entrega confiada. Nesta perspectiva, ele é o modelo do crente que percebe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.
Na segunda leitura, há um apelo aos seguidores de Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhada e coerente, as testemunhas do projeto de Deus no mundo. Nada – muito menos o medo, o comodismo e a instalação – pode distrair o discípulo dessa responsabilidade.
AMBIENTE
A primeira leitura de hoje faz parte de um bloco de textos a que se dá o nome genérico de “tradições patriarcais” (cf. Gn. 12-36). Trata-se de um conjunto de relatos singulares, originalmente independentes uns dos outros, sem grande unidade e sem caráter de documento histórico. Nesses capítulos aparecem, de forma indiferenciada, “mitos de origem” (descreviam a “tomada de posse” de um lugar pelo patriarca do clã), “lendas cultuais” (narravam como um deus tinha aparecido nesse lugar ao patriarca do clã), indicações mais ou menos concretas sobre a vida dos clãs nômades que circularam pela Palestina durante o 2º milênio e reflexões teológicas posteriores destinadas a apresentar aos crentes israelitas modelos de vida e de fé.
Por detrás do quadro teológico e catequético que nos é proposto, estão as migrações históricas de povos nômades, antepassados do povo bíblico, nos inícios do 2º milênio a.C. Por essa época, a história registra um forte movimento migratório de povos amorreus entre a Mesopotâmia e o Egito, passando pela terra de Canaan. São povos que não conseguiram fixar-se na Mesopotâmia (ou que tiveram de a abandonar por causa de convulsões políticas registradas nessa zona no início do 2º milênio) e que continuaram o seu caminho migratório, à procura de uma terra onde “plantar definitivamente a sua tenda”, de forma a escapar aos perigos e incomodidades da vida nômade. Os nossos patriarcas bíblicos fazem, provavelmente, parte dessa onda migratória.
Os clãs referenciados nas “tradições patriarcais” – nomeadamente os de Abraão, Isaac e Jacob – tinham os seus sonhos e esperanças. O denominador comum desses sonhos era a esperança de encontrar uma terra fértil e bem irrigada, bem como possuir uma família forte e numerosa que perpetuasse a “memória” da tribo e se impusesse aos inimigos. O deus aceite pelo grupo era o potencial concretizador desse ideal.
MENSAGEM
Nos capítulos anteriores (cf. Gn. 3-11), o autor descreveu uma humanidade que escolheu o pecado e que se afastou de Deus; agora, o autor vai apresentar um novo ponto de partida: Deus ainda não desistiu da humanidade e continua a querer construir com ela uma história de salvação. Para isso, interpela diretamente um homem no meio de uma multidão de nações. Esta “eleição” não é um privilégio, mas um convite a realizar uma tarefa difícil: ser um sinal de Deus no meio dos homens.
O tema central do nosso texto é a interpelação de Deus a Abraão. Segundo o teólogo jahwista, Deus chamou Abraão, convidou-o a deixar a sua terra e a sua família e a partir ao encontro de uma outra terra; ligado a este convite, aparece uma bênção e a promessa de a família de Abraão se tornar uma grande nação. Porquê esta iniciativa de Deus? Porquê o chamamento a este homem, em particular? O catequista jahwista não dá qualquer tipo de explicação. Temos aqui um exemplo perfeito desse mistério, sempre novo e sempre sem explicação, chamado “vocação”.
Como é que Abraão reage ao chamamento de Deus? É preciso ter em conta que, para os antigos, abandonar a terra (o horizonte natural onde o clã vive e onde tem as suas referências – inclusive em termos de paisagem), a pátria (isto é, o espaço onde o clã encontra o afeto e a solidariedade e, além disso, o seu espaço protegido por usos, leis e costumes) e a família (o círculo familiar íntimo, onde o homem encontra o apoio e o seu complemento), era pouco menos do que irrealizável. Abraão será capaz de arriscar tudo, deixando o seguro para apostar em algo nebuloso e incerto?
Diante do desafio de Deus, Abraão permanece mudo, sem discutir nem objetar. Com consumada mestria, o autor jahwista limita-se a descrever a sequência dos acontecimentos, como se as ações de Abraão valessem por mil explicações: o patriarca, simplesmente, pôs-se a caminho. O verbo “yalak” utilizado no vs. 4 (“ir”, “partir”, “pôr-se a caminho”) tem uma força extraordinária e expressa a audácia do crente que é capaz de arriscar tudo, de deixar o seguro para apostar em algo que não é certo, confiando apenas na Palavra de Deus. Trata-se de um No segundo domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projetos, da obediência total e radical aos planos do Pai.
O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.
Na primeira leitura apresenta-se a figura de Abraão. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total e com a entrega confiada. Nesta perspectiva, ele é o modelo do crente que percebe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.
Na segunda leitura, há um apelo aos seguidores de Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhada e coerente, as testemunhas do projeto de Deus no mundo. Nada – muito menos o medo, o comodismo e a instalação – pode distrair o discípulo dessa responsabilidade.
AMBIENTE
A primeira leitura de hoje faz parte de um bloco de textos a que se dá o nome genérico de “tradições patriarcais” (cf. Gn. 12-36). Trata-se de um conjunto de relatos singulares, originalmente independentes uns dos outros, sem grande unidade e sem caráter de documento histórico. Nesses capítulos aparecem, de forma indiferenciada, “mitos de origem” (descreviam a “tomada de posse” de um lugar pelo patriarca do clã), “lendas cultuais” (narravam como um deus tinha aparecido nesse lugar ao patriarca do clã), indicações mais ou menos concretas sobre a vida dos clãs nômades que circularam pela Palestina durante o 2º milênio e reflexões teológicas posteriores destinadas a apresentar aos crentes israelitas modelos de vida e de fé.
Por detrás do quadro teológico e catequético que nos é proposto, estão as migrações históricas de povos nômades, antepassados do povo bíblico, nos inícios do 2º milênio a.C. Por essa época, a história registra um forte movimento migratório de povos amorreus entre a Mesopotâmia e o Egito, passando pela terra de Canaan. São povos que não conseguiram fixar-se na Mesopotâmia (ou que tiveram de a abandonar por causa de convulsões políticas registradas nessa zona no início do 2º milênio) e que continuaram o seu caminho migratório, à procura de uma terra onde “plantar definitivamente a sua tenda”, de forma a escapar aos perigos e incomodidades da vida nômade. Os nossos patriarcas bíblicos fazem, provavelmente, parte dessa onda migratória.
Os clãs referenciados nas “tradições patriarcais” – nomeadamente os de Abraão, Isaac e Jacob – tinham os seus sonhos e esperanças. O denominador comum desses sonhos era a esperança de encontrar uma terra fértil e bem irrigada, bem como possuir uma família forte e numerosa que perpetuasse a “memória” da tribo e se impusesse aos inimigos. O deus aceite pelo grupo era o potencial concretizador desse ideal.
MENSAGEM
Nos capítulos anteriores (cf. Gn. 3-11), o autor descreveu uma humanidade que escolheu o pecado e que se afastou de Deus; agora, o autor vai apresentar um novo ponto de partida: Deus ainda não desistiu da humanidade e continua a querer construir com ela uma história de salvação. Para isso, interpela diretamente um homem no meio de uma multidão de nações. Esta “eleição” não é um privilégio, mas um convite a realizar uma tarefa difícil: ser um sinal de Deus no meio dos homens.
O tema central do nosso texto é a interpelação de Deus a Abraão. Segundo o teólogo jahwista, Deus chamou Abraão, convidou-o a deixar a sua terra e a sua família e a partir ao encontro de uma outra terra; ligado a este convite, aparece uma bênção e a promessa de a família de Abraão se tornar uma grande nação. Porquê esta iniciativa de Deus? Porquê o chamamento a este homem, em particular? O catequista jahwista não dá qualquer tipo de explicação. Temos aqui um exemplo perfeito desse mistério, sempre novo e sempre sem explicação, chamado “vocação”.
Como é que Abraão reage ao chamamento de Deus? É preciso ter em conta que, para os antigos, abandonar a terra (o horizonte natural onde o clã vive e onde tem as suas referências – inclusive em termos de paisagem), a pátria (isto é, o espaço onde o clã encontra o afeto e a solidariedade e, além disso, o seu espaço protegido por usos, leis e costumes) e a família (o círculo familiar íntimo, onde o homem encontra o apoio e o seu complemento), era pouco menos do que irrealizável. Abraão será capaz de arriscar tudo, deixando o seguro para apostar em algo nebuloso e incerto?
Diante do desafio de Deus, Abraão permanece mudo, sem discutir nem objetar. Com consumada mestria, o autor jahwista limita-se a descrever a sequência dos acontecimentos, como se as ações de Abraão valessem por mil explicações: o patriarca, simplesmente, pôs-se a caminho. O verbo “yalak” utilizado no vs. 4 (“ir”, “partir”, “pôr-se a caminho”) tem uma força extraordinária e expressa a audácia do crente que é capaz de arriscar tudo, de deixar o seguro para apostar em algo que não é certo, confiando apenas na Palavra de Deus. Trata-se de um rasgo maravilhoso, que define uma atitude de fé radical, de confiança total, de obediência incondicional aos desígnios de Deus. Esta é uma das passagens onde o que se conta de Abraão tem um valor de modelo: o autor jahwista pretende ensinar aos seus concidadãos a obediência cega às propostas de Deus.
Deus, por sua vez, compromete-se com Abraão e acena-lhe com uma promessa. A promessa expressa-se, neste contexto, através da bênção (a raiz “abençoar” é repetida cinco vezes, nestes poucos versículos). A bênção é uma comunicação de vida, através da qual Deus realiza a sua promessa de salvação. Na promessa aqui formulada, a bênção concretiza-se como descendência numerosa (noutros textos das “tradições patriarcais”, a bênção de Deus é, além da descendência numerosa, promessa de uma terra).
Particularmente importante, neste contexto da promessa é a ideia de que o Povo nascido de Abraão será uma fonte de bênção para todas as nações (v. 3c): inaugura-se, aqui, a ideia de que Israel é o centro do mundo e de que a sua “vocação” é ser testemunha da salvação de Deus diante de todos os povos da terra. Não se trata de um privilégio concedido a Israel, mas de uma responsabilidade.
ATUALIZAÇÃO
• A figura de Abraão que nos foi apresentada pelos catequistas de Israel tem sido, ao longo dos tempos, uma figura inspiradora para todos os crentes. Abraão é o homem que encontra Deus, que está atento aos seus sinais e sabe interpretá-los, que responde aos desafios de Deus com uma obediência total e com uma entrega confiada… Esta figura constitui uma interpelação muito forte a esse homem moderno que nunca tem tempo para encontrar Deus nem para perceber os seus sinais, pois está demasiado ocupado a ganhar dinheiro ou a construir a carreira profissional. Eu tenho tempo para me encontrar com Deus, para aprofundar a comunhão com Ele? Preocupo-me em detectar a sua presença, as suas indicações e propostas nos acontecimentos do dia a dia? A minha resposta aos seus desafios é um “sim” incondicional, ou é uma procura de razões para justificar os meus pontos de vista e esquemas pessoais?
• A figura de Abraão questiona, também, o homem instalado e comodista, que prefere apostar na segurança do que já tem, em vez de arriscar na novidade de Deus, ou deixar que a Palavra de Deus ponha em causa os seus velhos hábitos, a sua forma de vida e a sua instalação. Estou disposto a mudar, a “pôr-me a caminho” em direção a essa terra nova da vida plena e autêntica, ou prefiro continuar prisioneiro dos meus esquemas pré-concebidos, dos meus medos, dos meus velhos hábitos, das minhas velhas formas de pensar, de agir e de julgar os outros?
• Este texto diz-nos, também, que por detrás da história da humanidade há um Deus que tem um projeto para os homens e para o mundo e que esse projeto é de amor e de salvação… Apesar de os homens O ignorarem e prescindirem das suas orientações e propostas, Deus continua a vir ao seu encontro, a desafiá-los a caminhar em direção ao novo, a propor-lhes ir mais além. O homem, por sua vez, é convidado a participar neste projeto, por meio da fé (entendida como adesão plena aos planos de Deus). Estou disposto a colaborar com esse Deus que tem um plano para o mundo e para os homens e a embarcar com Ele na construção de um mundo mais feliz?

2ª leitura – 2Tim. 1,8b-10 – AMBIENTE
Segundo os Atos dos Apóstolos, Paulo encontrou Timóteo em Listra, cidade da Licaónia, no decurso da sua segunda viagem missionária. Filho de pai grego e de mãe judeo-cristã, Timóteo devia ser ainda bastante jovem, nessa altura (cf. At. 16,1). No entanto, Paulo não hesitou em levá-lo consigo através da Ásia Menor, da Macedónia e da Grécia. Tímido e reservado, de saúde delicada (em 1Tim. 5,23 Paulo aconselha: "não continues a beber só água, mas mistura-a com um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes indisposições), Timóteo tornou-se um companheiro fiel e discreto do apóstolo no trabalho missionário. Para não ter problemas com os judeus, Paulo fê-lo circuncidar (cf. At. 16,3); e, numa data desconhecida para nós, Timóteo recebeu dos anciãos a “imposição das mãos” (cf. 1Tim 4,14) que o designava como enviado da comunidade para anunciar o Evangelho de Jesus.
A atividade de Timóteo está bastante ligada a Paulo, como o demonstram as contínuas referências que Paulo lhe faz nos seus escritos. Com ternura, Paulo refere-se a Timóteo como o “nosso irmão, colaborador de Deus na pregação do Evangelho de Cristo” (1Tes. 3,2); e faz referências a Timóteo nas Cartas aos Tessalonicenses (cf. 1Tes. 11,1; 2Tes. 1,1), na 2 Coríntios (cf. 2 Cor 1,1), na Carta aos Romanos (cf. Rom 16,21), na Carta aos Filipenses (cf. Fl. 1,1), na Carta aos Colossenses (cf. Col. 1,1) e na Carta a Filémon (cf. Flm. 1). Encarregou-o, também, de missões particulares entre os Tessalonicenses (cf. 1Tes. 3,2.6) e entre os Coríntios (cf. 1 Cor 4,17).
Em relação à segunda Carta a Timóteo há, no entanto, um problema sério: a maioria dos comentadores considera esta carta posterior a Paulo (o mesmo acontece com a 1 Timóteo e com a Carta a Tito), sobretudo por aí aparecer um modelo de organização da Igreja que parece ser de uma época tardia, isto é, de finais do séc. I ou princípios do séc. II). A questão continua em aberto.
Timóteo é, por esta altura, bispo de Éfeso, na costa ocidental da Ásia Menor. Estão a começar as grandes perseguições; muitos cristãos estão desanimados e vacilam na fé. É preciso que os líderes das comunidades – entre os quais está Timóteo – mantenham o ânimo e ajudem as comunidades a enfrentar, com fortaleza, as dificuldades que se avizinham.
MENSAGEM
O nosso texto apresenta-se como uma exortação de Paulo a Timóteo, convidando-o a superar a sua juventude e timidez e a ser um modelo de fidelidade e de fortaleza no testemunho da fé.
O autor da segunda carta a Timóteo apresenta os motivos que devem impulsionar Timóteo a cumprir com fidelidade a sua missão apostólica. Neste texto que nos é proposto, em concreto, o autor da carta recorda a Timóteo o projeto salvífico de Deus que, de forma gratuita, quer salvar os homens e chamá-los à santidade (cf. 2Tim. 1,9). Esse projeto manifestou-se em Jesus Cristo, o libertador, que destruiu a morte e o pecado e ofereceu a todos os homens a vida plena e definitiva (cf. 2Tim. 1,9-10). Ora Paulo (nesta altura prisioneiro por causa do Evangelho), Timóteo e todos os outros são as testemunhas deste projeto de Deus e não podem ficar calados diante do enfraquecimento da vida cristã que se constata nas comunidades; mesmo no meio das perseguições e dificuldades, eles não podem demitir-se da missão que Deus lhes confiou… Têm de ser testemunhas vivas, entusiastas e corajosas do projeto salvífico e amoroso de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• Mais uma vez somos convidados a recordar que Deus tem um projecto de salvação e de vida plena para os homens, para todos os homens. Quase todos os domingos, a Palavra de Deus convida-nos a tomar consciência desse fato; mas nunca é demais lembrá-lo, até porque os homens do nosso tempo tendem a esquecer Deus e a viver sem a consciência da sua presença, do seu amor, da sua preocupação com a nossa vida, a nossa realização, a nossa felicidade. Se tivéssemos sempre consciência de que temos um lugar cativo no projecto de Deus e que o próprio Deus está a velar pela nossa realização e pela nossa felicidade, certamente a vida teria um outro sentido e no nosso coração haveria mais serenidade, mais paz, mais esperança.
• Também é preciso termos consciência de que nós, os crentes, somos, aqui e agora, as testemunhas vivas de Deus e do seu projeto para os homens e para o mundo. Nada – e muito menos o nosso comodismo e instalação – pode distrair-nos dessa responsabilidade. Os homens, nossos irmãos, têm de encontrar em nós – e particularmente naqueles a quem foi confiada a missão de animar e orientar a comunidade – sinais vivos de Deus, do seu amor, da sua bondade e ternura, da sua preocupação com os homens.
• É verdade que não é fácil ser testemunha de Deus e do seu projeto. O mundo de hoje tende a ignorar os apelos de Deus ou até manifesta desprezo pelos valores do Evangelho (esses valores que temos de testemunhar, a fim de sermos sinais do mundo novo que Deus quer propor aos homens). No entanto, as dificuldades não podem ser uma desculpa para nos demitirmos das nossas responsabilidades e de levarmos a sério a vocação a que Deus nos chama.

Evangelho – Mt. 17,1-9 – AMBIENTE
A secção de Mt 16,21-20,34 é uma catequese sobre o discipulado, como seguimento de Jesus até à cruz. O texto que hoje nos é proposto faz parte dessa catequese.
O relato da transfiguração de Jesus é antecedido do primeiro anúncio da paixão (cf. Mt. 16,21-23) e de uma instrução sobre as atitudes próprias do discípulo (convidado a renunciar a si mesmo, a tomar a sua cruz e a seguir Jesus no seu caminho de amor e de entrega da vida – cf. Mt. 16,24-28). Depois de terem ouvido falar do “caminho da cruz” e de terem constatado aquilo que Jesus pede aos que o querem seguir, os discípulos estão desanimados e frustrados, pois a aventura em que apostaram parece encaminhar-se para um rotundo fracasso; eles vêem esfumar-se – nessa cruz que irá ser plantada numa colina de Jerusalém – os seus sonhos de glória, de honras, de triunfos e perguntam-se se vale a pena seguir um mestre que nada mais tem para oferecer do que a morte na cruz.
É neste contexto que Mateus coloca o episódio da transfiguração. A cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos (e para os crentes, em geral), pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus. Os discípulos recebem, assim, a garantia de que o projeto que Jesus apresenta é um projeto que vem de Deus; e, apesar das suas próprias dúvidas, recebem um complemento de esperança que lhes permite “embarcar” e apostar nesse projeto.
Literariamente, a narração da transfiguração é uma teofania – quer dizer, uma manifestação de Deus. Portanto, o autor do relato vai colocar no quadro que descreve todos os ingredientes que, no imaginário judaico, acompanham as manifestações de Deus (e que encontramos quase sempre presentes nos relatos teofânicos do Antigo Testamento): o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo e a perturbação daqueles que presenciam o encontro com o divino. Isto quer dizer o seguinte: não estamos diante de um relato fotográfico de acontecimentos, mas de uma catequese (construída de acordo com o imaginário judaico) destinada a ensinar que Jesus é o Filho amado de Deus, que traz aos homens um projeto que vem de Deus.
MENSAGEM
Esta página de catequese, destinada a ensinar que Jesus é o Filho de Deus e que o projeto que Ele propõe vem de Deus, está construída sobre elementos simbólicos tirados do Antigo Testamento. Que elementos são esses?
O monte situa-nos num contexto de revelação: é sempre num monte que Deus Se revela; e, em especial, é no cimo de um monte que Ele faz uma aliança com o seu Povo.
A mudança do rosto e as vestes de brancura resplandecente recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai (cf. Ex. 34,29), depois de se encontrar com Deus e de ter as tábuas da Lei.
A nuvem, por sua vez, indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença, quando conduzia o seu Povo através do deserto (cf. Ex. 40,35; Nm. 9,18.22; 10,34).
Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus); além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (cf. Dt. 18,15-18; Mal 3,22-23).
O temor e a perturbação dos discípulos são a reação lógica de qualquer homem ou mulher diante da manifestação da grandeza, da onipotência e da majestade de Deus (cf. Ex. 19,16; 20,18-21).
As tendas parecem aludir à “festa das tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em “tendas”, no deserto.
A mensagem fundamental, amassada com todos estes elementos, pretende dizer quem é Jesus. Recorrendo a simbologias do Antigo Testamento, o autor deixa claro que Jesus é o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é, também, esse Messias libertador e salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (Moisés) e pelos Profetas (Elias). Mais ainda: ele é um novo Moisés – isto é, aquele através de quem o próprio Deus dá ao seu Povo a nova lei e através de quem Deus propõe aos homens uma nova aliança.
Da ação libertadora de Jesus, o novo Moisés, irá nascer um novo Povo de Deus. Com esse novo Povo, Deus vai fazer uma nova aliança; e vai percorrer com ele os caminhos da história, conduzindo-o através do “deserto” que leva da escravidão à liberdade.
Esta apresentação tem como destinatários os discípulos de Jesus (esse grupo desanimado e frustrado porque no horizonte próximo do seu líder está a cruz e porque o mestre exige dos discípulos que aceitem percorrer um caminho semelhante). Aponta para a ressurreição, aqui anunciada pela glória de Deus que se manifesta em Jesus, pelas vestes resplandecentes (que lembram as vestes resplandecentes dos anjos que anunciam a ressurreição – cf. Mt. 28,3) e pelas palavras finais de Jesus (“não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do Homem ressuscitar dos mortos” – Mt. 17,9): diz-lhes que a cruz não será a palavra final, pois no fim do caminho de Jesus (e, consequentemente, dos discípulos que seguirem Jesus) está a ressurreição, a vida plena, a vitória sobre a morte.
Uma palavra final para o desejo – manifestado por Pedro – de construir três tendas no cimo do monte, como se pretendesse “assentar arraiais” naquele quadro. O pormenor pode significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus. Jesus nem responde à proposta: Ele sabe que o projeto de Deus – esse projeto de construir um novo Povo de Deus e levá-lo da escravidão para a liberdade – tem de passar pelo caminho do dom da vida, da entrega total, do amor até às últimas consequências.
ATUALIZAÇÃO
• A questão fundamental expressa no episódio da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra aos crentes de todas as épocas e lugares que uma existência feita dom não é fracassada – mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera, no final do caminho, todos aqueles que, como Jesus, forem capazes de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos.
• Na verdade, os homens do nosso tempo têm alguma dificuldade em perceber esta lógica… Para muitos dos nossos irmãos, a vida plena não está no amor levado até às últimas consequências (até ao dom total da vida), mas sim na preocupação egoísta com os seus interesses pessoais, com o seu orgulho, com o seu pequeno mundo privado; não está no serviço simples e humilde em favor dos irmãos (sobretudo dos mais débeis, dos mais marginalizados e dos mais infelizes), mas no assegurar para si próprio uma dose generosa de poder, de influência, de autoridade e de domínio, que dê a sensação de pertencer à categoria dos vencedores; não está numa vida vivida como dom, com humildade e simplicidade, mas numa vida feita um jogo complicado de conquista de honras, de glórias e de êxitos. Na verdade, onde é que está a realização plena do homem? Quem tem razão: Deus, ou os esquemas humanos que hoje dominam o mundo e que nos impõem uma lógica diferente da lógica do Evangelho?
• Por vezes somos tentados pelo desânimo, porque não percebemos o alcance dos esquemas de Deus; ou então, parece que, seguindo a lógica de Deus, seremos sempre perdedores e fracassados, que nunca integraremos a elite dos senhores do mundo e que nunca chegaremos a conquistar o reconhecimento daqueles que caminham ao nosso lado… A transfiguração de Jesus grita-nos, do alto daquele monte: não desanimeis, pois a lógica de Deus não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.
• Os três discípulos, testemunhas da transfiguração, parecem não ter muita vontade de “descer à terra” e enfrentar o mundo e os problemas dos homens. Representam todos aqueles que vivem de olhos postos no céu, alheados da realidade concreta do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar. No entanto, ser seguidor de Jesus obriga a “regressar ao mundo” para testemunhar aos homens – mesmo contra a corrente – que a realização autêntica está no dom da vida; obriga a atolarmo-nos no mundo, nos seus problemas e dramas, a fim de dar o nosso contributo para o aparecimento de um mundo mais justo e mais feliz. A religião não é um ópio que nos adormece, mas um compromisso com Deus, que se faz compromisso de amor com o mundo e com os homens.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho - www.ecclesia.pt

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A primeira leitura (Gn. 12,1-4) evoca Abraão, figura que ocupa um lugar de relevo na Bíblia e na memória de judeus, cristãos e muçulmanos. Todos eles honram Abraão como “o pai dos crentes”.
Abraão viveu por volta de 1800 a.C., quando ainda não havia escrita alfabética. Antes de ser registrada, a sua história passou de boca em boca, pelo espaço de muitas gerações, e foi certamente um tanto idealizada. Filho de uma época sôfrega e violenta, Abraão é uma personalidade forte, capaz de coisas grandes e também de ações muito mesquinhas. Mas acreditou em Deus, esteve sempre disponível para Ele, sem nunca Lhe apresentar uma fatura. E Deus recompensa-o, quando e como muito bem entende.
Nascera na Mesopotâmia, em Ur da Caldeia, e aí vivera até uma idade avançada. Possuía terras e rebanhos, muitos parentes, era um homem respeitado. Pungia-o um desgosto: casado, nunca tivera filhos. É então que Deus intervém. “Naqueles dias, o Senhor disse a Abraão: Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te hei-de indicar. Farei de ti uma grande nação. Em ti, todas as famílias da terra serão abençoadas. E Abraão partiu, como o Senhor lhe tinha ordenado.”
Judeus, cristãos e muçulmanos entenderam que a fé consiste em acreditar em Deus e obedecer à sua palavra. Entenderam também que, aos seus eleitos, Deus tem pedido grandes rupturas. Abraão estava já na idade em que apetece descansar, certamente lhe custou deixar casa, terras, familiares e amigos. (Leva consigo a mulher, um sobrinho, criados e rebanhos). A palavra a que Abraão obedece era ao mesmo tempo peremptória e obscura. Como dirá a Epístola aos Hebreus, “pela fé, Abraão, ao ser chamado, obedeceu e partiu para um lugar que havia de receber como herança. E partiu sem saber para onde ia.” (Hb. 11,8).
O chamamento de Deus a Abraão inclui uma promessa: “Farei de ti uma grande nação”, inserida num horizonte mais vasto: “E em ti serão abençoadas todas as famílias da terra”. Os povos viviam em contendas e guerras. Deus não o ignora; mas não deixa de referir como parte essencial do seu novo projeto a comunhão dos homens na paz.
A segunda leitura (2Tim. 1,8-10) apresenta-se como uma carta de são Paulo ao seu discípulo Timóteo. Hoje pensa-se que terá sido escrita por um dos colaboradores de são Paulo, depois da morte deste, numa altura em que as comunidades cristãs da Ásia Menor estavam a ser sujeitas a perseguições, e alguns cristãos tinham desertado. Nesta carta há uma ideia importante: estamos todos chamados por Cristo a viver na santidade, enfrentando sem desânimo as dificuldades. A propósito, queria refletir sobre o tema do chamamento. Ao longo dos 1800 anos do Antigo Testamento, Deus interpelou pessoalmente, chamou, meia dúzia de pessoas. Na Igreja introduziu-se a ideia de que estamos todos chamados por Deus. Esta ideia é correta se for deixada no vago: estamos chamados a ser santos, estamos chamados a viver de acordo com o Evangelho. Torna-se uma interpretação discutível se significa que Deus tem para cada um de nós um projeto que talvez não tenha chegado à nossa caixa do correio, e que devemos tentar descobrir. Este tipo de “descobrimento” proporciona com facilidade ilusões e extravagâncias.
Os três evangelhos sinópticos contam que, um dia, Jesus perguntou aos apóstolos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” e que Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Jesus confirmou a resposta, mas anunciou que caminhava para Jerusalém ao encontro da rejeição e da morte. Dias depois, quis que, no alto dum monte, os três discípulos em que depositava maior confiança entrevissem a sua glória; e que ouvissem, também, a conversa que ia ter com Moisés e Elias a respeito da cruz. (Mt. 17,1-9 e paralelos)
padre João Resina

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O rosto ‘transfigurado’ não quer rostos ‘desfigurados’
Continua o caminho para descobrir a identidade de Jesus e a sua missão. Domingo passado essa identidade revelava-se no episódio das Tentações. No segundo Domingo da Quaresma temos um outro encontro marcado: a Transfiguração de Jesus sobre o monte Tabor (Evangelho). O acontecimento tem lugar “seis dias depois” (v. 1) dos encontros em Cesareia de Filipe (com a profissão de fé de Pedro, a promessa do seu primado, e o primeiro anúncio da paixão: Mt. 16,13-28). Cada um destes acontecimentos ajunta elementos significativos para configurar o verdadeiro rosto de Cristo; a antífona de entrada convida-nos hoje a olharmos de novo para esse rosto: “Procurai o seu rosto. O teu rosto eu procuro, Senhor, não escondas de mim o teu rosto” (Sal. 26,8-9). A resposta a esta súplica insistente chega-nos de “um alto monte” (v. 1), onde Jesus foi transfigurado diante de três discípulos por ele escolhidos: “O seu rosto brilhava como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz” (v. 2). A luz não vem do exterior, mas emana de dentro da pessoa de Jesus. Tem razão Lucas, que no texto paralelo sublinha que “Jesus subiu ao monte para rezar e, enquanto rezava, o seu rosto mudou de aspecto” (Lc. 9,28-29). É do encontro com o Pai que Jesus sai interiormente transformado; a plena identificação com o Pai resplende no rosto de Jesus (cf. Jo 4,34; cf. 14,11).
Longe de buscar para si um momento de auto-glorificação gratificante, Jesus quer que os seus discípulos descubram melhor a sua identidade e a sua missão. Com essa finalidade, sobre o monte realiza-se uma manifestação da Trindade através de três sinais: a voz, a luz e a nuvem. A voz do Pai proclama Jesus como seu “Filho, o bem amado. Escutai-o” (v. 5); a luz emana do próprio corpo do Filho Jesus; a nuvem é símbolo da presença do Espírito. Precisamente naquele contexto de glória, antecipação do seu triunfo final, Jesus fala com Moisés e Elias da “sua partida que se deveria realizar em Jerusalém” (Lc. 9,31). Da oração à revelação e contemplação da Trindade, da paixão à glorificação: agora, os discípulos já podem compreender algo mais sobre a personalidade do seu Mestre.
A verdadeira oração nunca é evasão. Para Jesus a oração era um momento forte de identificação com o Pai e de adesão coerente e confiante ao Seu plano de salvação. Tal caminho de transformação interior é o mesmo para Jesus, para o discípulo e para o apóstolo. A oração, vivida com escuta-diálogo de fé e de humilde abandono em Deus, tem a capacidade de transformar a vida do cristão e do missionário; essa é a única experiência que serve de fundamento à missão. A oração tem o seu ponto mais verdadeiro quando desabrocha em serviço ao próximo necessitado. É esta a dimensão missionária da oração, que Bento XVI enfatizou numa sua catequese quaresmal. (*)
O apóstolo vive convencido de que o Deus fiel o acompanha em todas as etapas e acontecimentos da sua vida: nos inícios, nos momentos de Tabor e nos momentos de Getsemani... Disso dão testemunho Abraão e Paulo. Permanecem desconhecidas as motivações que levaram Abrão (I leitura) a deixar terra e parentes para se dirigir a um país desconhecido (v.1). Desde então, Abrão, forte na sua fé monoteísta no verdadeiro Deus, tornou-se pai e modelo para cerca de três bilhões de crentes (hebreus, cristãos, muçulmanos). Para ele, ao chamamento de Deus - como toda a vocação missionária - exigiu um partir, um êxodo, um abandonar afetos e seguranças para avançar para metas que Deus lhe havia de indicar. Abrão obedeceu, confiando no Senhor (v.4). Também Paulo deixou o caminho de Damasco par uma nova aventura com Jesus, sem se preocupar com os sofrimentos. Por isso ele podia exortar o seu discípulo Timóteo (II leitura): “Com a força de Deus, sofre comigo pelo Evangelho” (v. 8).
O anúncio do Evangelho de Jesus leva necessariamente a um compromisso tenaz pela defesa e promoção das mais débeis, cuja dignidade humana é frequentemente deturpada e desfigurada com todas as formas de violência, exploração, abandono, fome, doença, ignorância... Toda e qualquer deturpação da dignidade humana é contrária ao projeto original de Deus, o Pão da Vida! O rosto fascinante de Jesus, nosso irmão mais velho, é um prelúdio da sua realidade post-pascal e definitiva; a mesma que nos é prometida também a nós, salvos e chamados com uma vocação santo, segundo o projeto e a graça de Deus (v.9). É sobre esta vocação à vida e à graça que se fundamenta a dignidade de toda a pessoa humana, cujo rosto, por nenhum motivo deve sofrer deturpação. Onde quer que exista um rosto humano deturpado ou desfigurado, é imperiosa e urgente a presença dos missionários do Evangelho de Jesus!

(*) “Adoração é garantia de abertura aos outros: quem se torna livre para Deus e para as suas exigências, abre-se contemporaneamente para o outro, para o irmão que bate à porta do seu coração e pede para ser ouvido, pede atenção, perdão, por vezes correção mas sempre na caridade fraterna. A verdadeira oração nunca é egocêntrica, mas sempre centrada no próximo.
Como tal ela impele o orante ao "êxtase" da caridade, à capacidade de sair de si para se tornar próximo do outro no serviço humilde e abnegado. A verdadeira oração é o motor do mundo, porque o mantém aberto a Deus. Por isso, sem oração não há esperança, mas apenas ilusão. De fato, não é a presença de Deus que aliena o homem, mas a sua ausência: sem o verdadeiro Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo, as esperanças tornam-se ilusões que induzem a evadir-se da realidade. Falar com Deus, permanecer na sua presença, deixar-se iluminar e purificar pela sua Palavra, introduz-nos ao contrário no coração da realidade, no íntimo Motor do porvir cósmico, introduz-nos por assim dizer no coração pulsante do universo.” (Bento XVI - Homilia na Quarta-feira de Cinzas, 6.2.2008)
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TRANSFIGURAÇÃO – II DOMINGO DA QUARESMA
No II Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projetos, da obediência total e radical aos planos do Pai.

Na primeira leitura apresenta-se a figura de Abraão. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total e com a entrega confiada. Nesta perspectiva, ele é o modelo do crente que percebe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.
Na segunda leitura, há um apelo aos seguidores de Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhada e coerente, as testemunhas do projeto de Deus no mundo. Nada - muito menos o medo, o comodismo e a instalação - pode distrair o discípulo dessa responsabilidade.

O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.

Primeira Leitura - Leitura do Livro do Gênesis (Gênesis 12,1-4a)

1Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: "Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. 2Farei de ti um grande povo e te abençoarei; engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. 3Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!".

4aE Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial - Salmo 32

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!


Pois reta é a palavra do Senhor,
e tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
transborda em toda a terra a sua graça.

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!


Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,
e que confiam esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!


No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!

Segunda Leitura - Segunda Carta de Paulo a Timóteo (2º Timóteo 1,8b-10)  

Caríssimo: 8bSofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus.

9Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade.

10Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho.
Palavra do Senhor.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (Mateus 17,1-9)

Naquele tempo, 1Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. 2E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus.

4Então Pedro tomou a palavra e disse: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". 5Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!"

6Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantai-vos e não tenhais medo".

8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: "Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos".
Palavra da Salvação.

Comentário - Transfiguração... da contemplação ao compromisso

Quem subiu a uma montanha suficientemente alta experimentou - após o esforço da subida - o prazer que se sente ao contemplar o mundo desde o cume. A visão é radicalmente diferente. Desde ali as coisas são as mesmas, mas não são as mesmas. Em perspectiva tudo parece tomar outra dimensão, outra forma, outra figura.

A distância faz que, às vezes, as coisas sejam vistas mais claramente ou, ao menos, com outra profundidade. “Se queres ver os vales, - dizia o escritor místico Khalil Gibran -, escala o alto da montanha”. Se ficares no vale e não te pões a caminho, perdes o melhor. Abraão não quis perder o melhor. Pôs-se a caminho, saiu de sua terra e arriscou-se a gostar do sabor da promessa. Assim, - por esse gesto de confiança - se converteu em nosso pai na fé.

Beleza que compromete

No domingo passado fomos convidados a entrar com Jesus no deserto para aprender dele o que significa ser verdadeiros “ouvintes da Palavra”. Hoje somos convidados a subir com ele à montanha. Trata-se de se aproximar de Deus e experimentar como próximos Dele as coisas se vêem de forma diferente e adquirem outra dimensão. Junto a Ele experimentamos a sedução que provoca em nós sua luz e sua beleza. Uma sedução que, longe de nos deixar elevado ou indiferente, nos provoca ao contrário: o compromisso de como - diz a segunda leitura deste domingo - “tomar parte nos trabalhos do Evangelho”. Ao olhar o mundo desde esta nova perspectiva sucede-nos o que Santo Inácio de Loyola que, quando olhava para o céu, a terra lhe parecia pequena, pobre, necessitada… Será que Deus ao se transfigurar nos contagia sua forma de ver e entender?

Escutai-o... com confiança

A cena da transfiguração, situada no centro do evangelho (após a confissão de Pedro e o anúncio da paixão), quer ser uma antecipação do final do “filme”. Jesus faz-lhes ver que haverá Paixão, sim. Mas maior será a Glória. A última palavra não a tem a morte, senão a Ressurreição. A alvorada chega pelo caminho da noite, mas, ao final, despontará o amanhecer. O céu fala claro: é o Filho amado, o eleito, a luz radiante no meio da escuridão. É o resumo da Lei (Moisés) e os Profetas (Elias). É a Palavra definitiva de Deus aos homens. Este é a quem há que escutar. Não há que esperar outra palavra do céu. Nele nos podemos confiar.

Escutar-lhe significa confiar-se a Ele e se pôr em caminho. Não estamos sozinhos. Essa é a confiança que se nos pede e é, difinitivamente, a chave de toda vida crente. Trata-se de viver a certeza de que Ele nos acompanha em nossas subidas e descidas da montanha da vida. O mesmo que àqueles discípulos, nos diz hoje no meio de nossa vida: “Levantai-vos, não tenhais medo”. Ânimo, vá adiante, com firmeza e determinação. Ainda há muito que caminhar.
Pe. Fernando Prado Ayuso
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O SEU ROSTO BRILHOU COMO UM SOL...


20-Março-2011
Evangelho Mt 17, 1-9

     Caríssimos irmãos e irmãs,
 
 
     Esta montanha na qual realiza este fato escatológico é o novo Sinai. É a revelação definitiva de Jesus, o filho de Deus, perante os seus três discípulos. As presenças de Pedro (Cefas = Pedra), de Tiago e João (irmãos Boanerges = Filhos do Trovão) é tão necessária afim de que estes, pudessem testemunhar este acontecimentos e assim diminuir um pouco a dureza de suas personalidades muito forte. Neste tempo quaresmal, este encontro nos faz recordar as tentações de Cristo pelo inimigo.
     Esta transfiguração diante dos discípulos se torna um alerta, que Ele venceria a morte e ressuscitaria. Recorde-se que Jesus anunciou a sua paixão em Mt 16,21. Este sinal diante deles é para encorajá-los a perseverar na fé e principalmente nas suas palavras e ensinamentos. Vejam, “ o seu rosto brilha como o sol e suas roupas tornaram-se brancas como a luz (neve)”, ou seja, a justiça triunfará e a Boa Nova prosperará.
     Lembram que o rosto de Moisés no encontro com Deus, no monte Sinai, também brilhou como um sol. Este encontro do primeiro precursor das Leis(Moisés) e do maior de todos os profetas (Elias) simboliza uma transferência do Antigo Testamento para a pessoa de Jesus no novo testamento. A divindade assume o seu lugar para trazer a salvação a todos os povos.
     Através do Espírito Santo é revelada aos incrédulos discípulos, a presença de Moisés e Elias, e estes os acolhe preparando para servi-los e preparar uma tenda. Neste momento, a voz de Deus, no meio das nuvens, os ordena que ouçam muita atenção, pois Jesus é o mestre, o seu Filho. Assim, os discípulos se prostram.
     Jesus, novamente os encoraja a levantar e enfrentar junto com ele, os sofrimentos e ressuscitarem também na sua glória. Portanto, irmãos e irmãs, sintam também fortalecidos em nossa fé, experimentando este tempo de penitência, jejum, oração e caridade, nos preparar com dignidade para acolher Jesus, nossa Páscoa.
 
 
Gilberto Silva
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TRANSFIGURAÇÃO

Caro leitor, o Evangelho desse domingo nos ensina que Jesus subiu ao monte com três discípulos e transfigurou diante deles. Esse Evangelho não quer apenas dar informações, seu objetivo é outro.
Caro irmão hoje quero tratar só do versículo quatro “Então Pedro tomou a palavra e disse: Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
Pedro como sempre não entende o que esta acontecendo, coloca Jesus no mesmo nível de Moisés e Elias simbolizado pelas três tendas. Mas ainda bem que Deus interveio, e disse: Este é meu Filho predileto e é a ele que deve ouvir. Só ele tem palavras de vida eterna já disse São João certa vez.
Quero ficar mais centrado na frase: 'Senhor, é bom ficarmos aqui’. Essa não é a frase central do Evangelho. Mas quero refleti-la dando uma ênfase de alegria de encontrar os irmãos na comunidade. Nas missas. Nossos grupos. Nossos encontros. Façamo-nos estas perguntas honestamente: de verdade, desde o fundo do coração, sentimos que é bom estar juntos? Quando você vai a Igreja você diz: 'Senhor, é bom ficarmos aqui’? É bom ver tantas pessoas que tem dons diversos e que estão a seu serviço. Pergunto: Sabemos desfrutar da presença do irmão ao nosso lado? Acreditamos na riqueza que o outro representa para mim?
O estar juntos significa viver na alegria, aquela que preenche o coração e te faz um homem livre, realizado. Uma comunidade cristã sem alegria é uma Comunidade que se apaga. Realizam-se assim palavras do Salmo: "Eis como é bom e quanto é suave que os irmãos vivam juntos". Tudo isso significa alimentar a paz, a serenidade, a alegria.
Provaremos a alegria do estar juntos, se formos capazes de nos abrir à partilha, ao encontro, à amizade, a uma atitude real e concreta de caridade para com o nosso próximo. "Todos os que se tornaram crentes estavam juntos e tinham todas as coisas em comum". Será assim que cada um poderá dar seu efetivo contributo para a construção da verdadeira Comunidade, a fazer crescer a amizade, isto é a alegria de estar juntos. E não haverá mais quem vai se sentir pobre e abandonado ou quem vai se sentir excluído ou estranho à Comunidade: será a nossa capacidade de acolher e partilhar a fazer crescer a alegria do estar juntos. E, então, o estar juntos, será alegria; será exigência necessária para todos. Será experiência verdadeira de Igreja, porque vai ser também profunda experiência de Cristo. Será a vida plena. Assim, será para todos e para cada apenas o que desejarmos.
Cada um desce do pedestal que construiu para si para estar mais elevado do que outros, nessa floresta de "torres". Demos outra vez primazia à caridade, à compreensão das pessoas, reconheçamos-lhes a dignidade. Façamos nosso o dizer do Papa João Paulo II: "Nós não somos nada, somos apenas irmãos".

Pe Vicente Paulo Braga, fam

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Homilia do Padre Françoá Costa – II Domingo da Quaresma – Ano A
Entre os boatos da vida
“O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5). É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor.” (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2011).
O Papa nos propõe, para esse domingo, algo bem concreto: distanciar-nos dos boatos da vida quotidiana para imergir-nos na presença de Deus. Logicamente, não podemos pensar que Bento XVI utilize a palavra “boatos” como sinônimo de “fofoca”. É muito mais! Esses “boatos” não se referem necessariamente a pecados, ainda que poderiam sê-lo. E, no entanto, esses boatos tem que ver com as feridas do pecado das quais falávamos na semana passada. Depois do pecado original, ou seja, o pecado que os primeiros representantes do gênero humano cometeram, a natureza humana foi ferida. A ignorância, a malícia, a concupiscência e a debilidade do ânimo são as quatro feridas que nos fazem cair nos “boatos da vida”. Quais? Poderíamos fazer uma lista enorme de ocasiões de pecado, distrações do que realmente vale a pena, tentações, questões ambientais malsãs, vícios, pecados. Mas não é o caso. O importante é que tenhamos bem claro que devemos afastar-nos de tudo aquilo que nos aparta de Deus.
Cada pessoa precisa ir vendo quais são essas coisas que poderiam levá-la a afastar-se de Deus. O cristão foi curado pela graça; a sua inteligência e a sua vontade, também as suas paixões e tudo aquilo que tem que ver com o seu ânimo, foram lavados pela graça de Deus e elevados pelas virtudes da fé, da esperança e da caridade, virtudes estas que nos permitem alcançar a Deus. No entanto, levando esse tesouro da graça e das virtudes em nós, não podemos esquecer-nos de que somos “pessoas que caminham rumo a Deus” e enquanto estamos a caminho poderia acontecer que, por um ou outro motivo, nos afastássemos de Jesus: caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6). E isso seria terrível! Sair do caminho de Deus é perder-se!
Mas também poderia acontecer algo mais sutil: estando no caminho de Deus, seguir nos “boatos” da vida, ou seja, buscar-nos a nós e viver uma vida cristã pela metade. O Evangelho da Transfiguração nos diz que temos que viver “totalmente no céu e totalmente na terra”. Isso significa que enquanto temos a cabeça e o coração totalmente em Deus, os nossos pés estão bem apoiados na terra e tendo os pés em terra firme, em meio das nossas ocupações, não nos esqueçamos do Senhor. “Corações ao alto”, diz o sacerdote em cada Santa Missa. Nós respondemos dizendo que “o nosso coração está em Deus”. Mas, o nosso coração está realmente em Deus? Não somente durante a Missa, mas também noutros momentos, nas vinte e quatro horas do dia.
Sabe-se que o rei visigodo Leovigildo, no século VI, ameaçou o bispo de Mérida, Marona, com o desterro. Caso o prelado permanecesse fiel à fé católica e não se fizesse ariano, iria ao exílio. O arianismo era uma heresia muito estendida nesse período e que consistia em não aceitar a divindade do Filho de Deus. O bispo, ao ser ameaçado, disse ao rei: “eu não temo as ameaças. O exílio não me intimida de maneira alguma. O sr. poderia me enviar para um lugar onde Deus não está?” O rei disse ao bispo: “imbecil! Em que lugar Deus não estará?” Então o bispo continuou o seu raciocínio: “como o sr. sabe que Deus está em todas as partes, por que ameaçar-me com o desterro? Para onde eu for desterrado não me faltará a ajuda de Deus. Isso é tão certo que quanto mais o sr. me aflija, tanto mais a misericórdia de Deus me auxiliará e a sua clemência me consolará”.
O único desterro que seria realmente exilio para esse bom bispo era um lugar onde Deus não estivesse, mas como Deus está em todas as partes, é possível aproveitar sempre o auxilio e a clemência de Deus. Em meio dos boatos da vida, sejamos conscientes da presença de Deus. Ele está cuidando de nós continuamente, não abandonemos o Senhor porque ele não nos abandona nunca.
Pe. Françoá Costa
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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – II Domingo da Quaresma – Ano A
Gn 12,1-4a
Sl 32
2Tm 1,8b-10
Mt 17,1-9
No Domingo passado, primeiro da Quaresma, meditamos sobre as tentações de Jesus. O Senhor no deserto, lutando contra o diabo, convidava-nos ao combate espiritual, próprio do deserto quaresmal. Sim, porque é isso que o tempo santo que estamos vivendo deseja ser: tempo de retiro no deserto do coração para combater nossos demônios interiores e, pela oração, a penitência, a caridade fraterna, a escuta da Palavra de Deus e a reconciliação sacramental, caminharmos para a santa Páscoa.
Na liturgia deste hoje, ladeado por Moisés e Elias, que também enfrentaram durante quarenta dias e quarenta noites o combate no deserto para experimentarem o fulgor da glória de Deus, Jesus nos mostra qual a finalidade do nosso caminho quaresmal, Jesus nos revela aonde nos leva nosso combate espiritual. Qual o objetivo? Qual a finalidade? Ei-los: celebrar com ele a sua Páscoa, sendo com ele transfigurado em glória! Nosso objetivo, nosso escopo, o feliz e gozoso fim do nosso caminho é o Cristo envolto na sua glória pascal que nos transfigura também a nós! Mais que Moisés e Elias, nós seremos envolvidos da glória de Cristo, aquela glória que é o Espírito Santo que o Pai derramou sobre ele na sua ressurreição! Passaremos, portanto, do roxo quaresmal, tão sóbrio, para o esfuseante branco pascal, sinal da glória e da imortalidade, transfigurados em Jesus e por Jesus, o homem perfeito, modelo de todo ser humano que vem a este mundo. Um dia, meus caros em Cristo, passaremos do roxo das lágrimas desta vida, para o branco da glória eterna dos que, revestidos da glória do Cordeiro, haverão de segui-lo para sempre! De Quaresma em Quaresma e de Páscoa em Páscoa, passaremos da Quaresma deste mundo para a Páscoa da glória eterna!
Mas, detenhamo-nos um pouco no Tabor do Evangelho hodierno. Ele é prenúncio, uma misteriosa antecipação da ressurreição. Com sua bendita Transfiguração, Jesus deseja preparar o seus para as dores da paixão – do mesmo modo que a Igreja nos deseja alentar e motivar para as renúncias e observâncias quaresmais. Por isso mesmo, Pedro, Tiago e João, o três que estão no Tabor são os mesmos que estarão no Jardim das Oliveiras. Por isso também o Evangelho de hoje termina com uma alusão à ressurreição de Jesus dentre os mortos e, o relato da transfiguração em Lucas afirma que “Jesus falava de sua partida que iria consumar-se em Jerusalém” (9,30). Eis: Moisés e Elias, a Lei e os Profetas dão testemunho da paixão do Senhor: tudo estava no misterioso desígnio de Deus! Após a ressurreição, isso ficará claro: “’Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória?’ E começando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito” (Lc 34,26-27). Eis que mistério: a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias) dão testemunho de Jesus e aparecem iluminados por ele. Somente nele, na luz da sua cruz e ressurreição, o Antigo Testamento encontra sua plenitude e sua luz!
Sendo assim, levantemo-nos! Tomemos, generosos, nosso caminho quaresmal! Também nós somos chamados, como nosso pai Abraão o foi, a sair: sair de nós mesmos, sair de nós velhos para nós renovados, transfigurados à imagem do Cristo Jesus! Tenhamos a coragem de atravessar o deserto interior, enfrentar o deserto do nosso coração, como Moisés e Elias, como o povo de Israel, como o próprio Senhor Jesus, que por nós quis ser tentado no seu período de deserto! Somente assim chegaremos renovados e purificados ao nosso destino. Este destino não é um lugar, mas uma situação, uma realidade: é o homem novo, transfigurado à imagem do Cristo que, após o tormento imenso da cruz, foi glorificado pelo Espírito do Pai. Eis o caminho quaresmal: do homem velho ao homem novo, do pecado à graça, do vício à virtude, da preguiça espiritual à generosidade, da morte à vida, da tristeza à alegria… trazendo em nós, na nossa vida, o reflexo da glória do próprio Cristo Jesus! Não é este o significado das palavras de São Paulo, na segunda leitura de hoje? “Sofre comigo pelo Evangelho. Deus nos salvou e nos chamou a uma vocação santa… em virtude da graça que nos foi dada em Jesus Cristo. Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade”. Eis! Os sofrimentos e lutas desta vida não são pesados se compararmos com o objetivo tão alto que nos preparam!
Caríssimos, que as práticas quaresmais, vividas com generosa fidelidade, arrancando o pecado que nos torna opacos, possam revelar em nós o resplendor da glória de Cristo a que somos chamados e que já está presente em nós desde o nosso batismo!
Mais ainda: que a novidade de nossa vida transborde para o mundo, que tanto tem necessidade do testemunho dos cristãos. Nunca esqueçamos: este mundo mergulhado na violência (violência da injustiça, violência do desrespeito à dignidade humana, violência da fome, violência dos atentados à paz, violência das drogas e das mentiras, violência dos meios de comunicação, violência da negação de Deus)… este mundo precisa de nosso testemunho e de nossa palavra, mesmo quando nos rejeita, quando despreza o nome de Cristo, quando deseja esquecer o seu Senhor e pisar os valores do Evangelho!
Deixemo-nos, portanto, transfigurar pelo Senhor e sejamos luz para o mundo! Como pede a oração inicial da Missa hodierna: Senhor, “que purificado o olhar da nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória!” Por Cristo, nosso único Senhor. Amém.
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Homilia de Mons. José Maria Pereira – II Domingo da Quaresma – Ano A
ENCONTRAR E OUVIR O FILHO!
O Evangelho (Mt 17, 1-9) relata-nos o que aconteceu no Tabor.
A caminho de Jerusalém, Jesus faz o primeiro anúncio da Paixão. Disse que iria sofrer e padecer em Jerusalém, e que morreria às mãos dos príncipes dos sacerdotes, dos anciãos e dos escribas. Os apóstolos tinham ficado aflitos e tristes com a notícia. O caminho da salvação esperado pelos discípulos é bem diferente! Para fortalecer o ânimo profundamente abalado dos discípulos, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e leva-os a um lugar à parte para orar. Aí, no Monte Tabor, revela-lhes a glória da divindade. “Enquanto orava, o seu rosto transformou-se e as suas vestes tornaram-se resplandecentes” (Lc 9, 29).
São Leão Magno diz que “a finalidade principal da Transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz.”
Pela Transfiguração, Deus demonstra que uma existência feita dom não é fracassada, mesmo quando termina na Cruz. Também nos revela que Jesus é “o Filho amado do Pai” e nos convida a escutar o que Ele diz.
A Transfiguração do Senhor antecipa a Ressurreição e anuncia a divinização do homem. Conduz-nos a um alto Monte para acolher de novo, em Cristo, como filhos do Filho, o dom da Graça de Deus: “Este é o meu Filho amado: Escutai-O.”
A Transfiguração foi uma centelha de glória divina que inundou os apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas…” (Mt 17, 4). Pedro quer prolongar aquele momento. Mas, Pedro não sabia o que dizia; pois o que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados no leito de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: vê-lo e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Desejo ver-te, Senhor, e procurarei o teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida!
São Beda diz que o Senhor, “numa piedosa autorização, permitiu que Pedro, Tiago e João fruíssem durante um tempo muito curto da contemplação da felicidade que dura para sempre, a fim de fortalecê-los perante a adversidade”. A lembrança desses momentos ao lado do Senhor, no Tabor, foi sem dúvida uma grande ajuda nas várias situações difíceis em que estes três Apóstolos viriam a passar.
A Transfiguração leva-nos a pensar no Céu, que é a nossa morada. O Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “à hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” (Caminho, 139).
O pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “E se fordes sempre avante com essa determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará para sempre, vos dará de beber com toda abundância e sem perigo de que vos venha a faltar.”
“Este é o meu Filho amado: ouvi-O”. Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens, de todos os tempos. Ensina o papa João Paulo II: “procura continuamente as vias para tornar próximo do gênero humano o mistério do seu Mestre e Senhor: próximo dos povos, das nações, das gerações que se sucedem e de cada um dos homens em particular” (Encíclica Redemptor Hominis, 7). A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos ensinamentos da Igreja.
Nós devemos encontrar Jesus na nossa vida corrente, no meio do trabalho, na rua, nos que nos rodeiam, na oração, quando nos perdoa no Sacramento da Penitência (Confissão), e sobretudo na Eucaristia, onde se encontra verdadeira, real e substancialmente presente. Devemos aprender a descobri-Lo nas coisas ordinárias, correntes, fugindo da tentação de desejar o extraordinário.
Mons. José Maria Pereira
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É IMPOSSÍVEL NOS TRANSFIGURARMOS SEM ESTARMOS UNIDOS A JESUS!
Olívia Coutinho

20 de Março 2011

Evangelho Mt  17,1-9
 
Continuamos nossa caminhada Quaresmal!
E neste tempo forte de reflexão, em que nos entregamos à oração e nos dedicamos mais a escuta  e meditação da palavra de Deus, somos  convidados  a fazer  uma viagem no mais profundo do nosso ser, para  nos questionar:
O que eu tenho feito da minha vida?
Tenho colocado minha vida a serviço do outro, a exemplo de Jesus?
Tenho vivido a minha fé, sem separá-la da vida?
Existe coerência entre o que eu falo e o que eu faço? Essas e muitas outras indagações devem nos inquietar e nos levar a conscientizar da necessidade que temos de conversão!
 Temos um compromisso sério com Jesus: ser sal e luz no mundo! E para sermos fieis a este compromisso, precisamos primeiramente nos despir de tudo aquilo que nos paralisa, que nos endurece, como o egoísmo, a indiferença, a auto-suficiência...
 Somos filhos amados do Pai, por isto queremos seguir Jesus, que é o nosso caminho Verdade e vida e que ofereceu sua própria vida, para abrir a porta do céu para nós!
 Ouvimos a palavra de vida e o nosso coração se abre para acolhê-la, e assim como a chuva, que cai de mansinho e vai encharcando a terra, tornando-a fecunda, ela também vai caindo aos poucos na terra fértil do nosso coração, fazendo brotar esta semente de vida, que pouco a pouco, vai nos transformando em portadores e anunciadores do amor Maior: O amor de Deus!
É bom estar com Jesus! Sentir a sua presença! Ouvir a sua voz!  Envolver na paz que somente Ele pode nos dar! Mas Jesus quer nos  ver à caminho, dando sempre um passo a mais, construindo aqui na terra, a nossa morada no céu!
O Evangelho de hoje nos mostra a belíssima cena da transfiguração de Jesus!
“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz”.
Percebendo o desanimo e a tristeza de seus discípulos, que ainda não podiam compreender direito o que ia acontece com o Mestre, pois eles ainda não enxergavam com a luz do Espírito Santo, Jesus quis reanimá-los mostrando-lhes  uma pequena antecipação do céu!
A transfiguração de Jesus revelou aos discípulos a intimidade de Dele com o Pai, assegurando-os da Sua ressurreição após Sua morte de cruz!
Assim como Pedro desejou construir três tendas para ficarem no alto da montanha com Jesus, longe dos perigos e sem precisar batalhar a vida, nós também, certamente iríamos desejar o mesmo!  Hoje, essa também, pode ser nossa tentação, quando vivenciamos uma experiência forte com Deus, como vivenciaram os discípulos!
Jesus é muito claro: rezar, ouvir e meditar a palavra de Deus é muito bom e O agrada muito, mas precisamos descer do alto da “montanha’, ir mais além, andar com nossos pés “descalços” neste chão duro, caminhar com o nosso olhar sempre voltado para as margens do caminho, pois é lá, que estão os rostos desfigurados de tantos irmãos, que contam conosco para se transfigurarem!
Precisamos sair de nossas tendas, do nosso  comodismo, descruzar nossos braços, desvendar nossos olhos e nos por à caminho!
Podemos sentir ainda hoje, o mesmo brilho do rosto transfigurado de Jesus! E este Seu rosto transfigurado, devemos guardá-lo  dentro de nós, para  ser o  farol  que nos iluminará nas nossas travessias pelos túneis escuros de nossas vidas!
 
O pecado nos desfigura, mas se abrirmos à graça de Deus, sua misericórdia nos transfigura e nos recoloca no caminho!
 
Olívia Coutinho
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Domingo, 20 de Março de 2011
2º Domingo da Quaresma
Evangelho (Mateus 17,1-9)
Entendendo o Evangelho

O fato de que Jesus leva seus discípulos mais íntimos para o topo da montanha sem nome nos alerta para a natureza profundamente pessoal do episódio a seguir. Quando eles chegam lá, a aparência de Jesus muda de repente e ele está radiante com uma luz cuja fonte não é identificada. Quando Mateus observa que a face de Jesus "resplandecia como o sol", ele quer que a gente lembra como Moisés desceu do Monte Sinai com o rosto luminoso, depois de ter falado com Deus (Êxodo 34:29). Mateus considera Jesus o novo Moisés, que traz uma nova revelação de Deus.

Tem sido habitual atribuir a iluminação de Jesus a um feixe de luz do céu que pretende tranqüilizar os discípulos, que acabamos de ouvir que o Messias devia sofrer e morrer. Entretanto, a maioria dos discípulos não estão presentes, nem os presentes poucos parecem ter sido tranquilizados e não há menção de uma luz do céu. É muito mais provável que esta iluminação deriva dentro de Jesus que, pela primeira vez, chega a uma realização plena que Deus quer salvar o mundo, não por feitos de poder ou por matar soldados romanos (forma humana), mas por amor e, portanto, sofrendo e morrendo (o modo divino). Este seria então um momento de êxtase da descoberta, como Jesus se torna plenamente consciente da verdadeira natureza de sua missão messiânica.

Se assim é, é inteiramente apropriado que Moisés e Elias deve se juntar a ele, pois eles também tinham se encontrou com Deus em uma montanha e recebeu uma revelação que ilumina o seu futuro. O rosto de Moisés brilhava a partir do encontro divino no Monte. Sinai e Elias ultrapassou o carro de Acabe, após encontro com Deus no Monte. Carmelo (1 Reis 18:46). Pedro sabe que ele está na presença de Deus e faz uma oferta generosa, mas desnecessária para construir tendas para os outros. Finalmente, quando a voz de Deus é ouvida, a afirmação é repetida batismal e significativas palavras novas são adicionadas:. "Escutai-o" Isto diz-nos que Jesus está pronto para ensinar a sabedoria divina final da salvação através de amor e doação.

VIVENDO O EVANGELHO
Nós, os cristãos somos convidados a seguir Jesus, não apenas por ouvir suas palavras, mas também pela partilha da sua experiência da vida humana como uma oportunidade para a vitória final e da liberdade. Ouvimos as palavras de Jesus libertador batismal, "Tu és meu filho amado", e como temos crescido na confiança que temos aprendido a ser uma presença benéfica no nosso mundo dentro de nossas limitações.

No entanto, o tempo logo vem, quando começamos a duvidar se monumentos de construção ou de status é realmente alcançar o propósito da vida. Então, na meia-idade (em algum momento entre as idades de 30 e 70 ou mais!), Somos convidados ao topo da montanha para uma experiência transfiguradora que esperamos que nos permitem descobrir que o cérebro-poder e poder do dinheiro, embora sejam muito úteis, são não tão importante quanto o amor do poder. De repente, torna-se claro que ser amável e gentil em um mundo muitas vezes violento é a sabedoria suprema para nós seres humanos. Além disso, descobrimos, para nosso alívio que a idade não é um obstáculo a ser uma presença amorosa e cuidadosa.
SEJA SIMPLESMENTE FELIZ
Prof. Isaías da Costa
isaiasdacosta@hotmail.com

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Domingo 20 de Março de 2011
Evangelho - Mt 17,1-9
A cena da transfiguração – Vera Lúcia
Esta maravilhosa cena da transfiguração nos mostra como Jesus está lá no céu. Também Maria Santíssima e os santos. E mostra ainda como nós estaremos lá no céu.
Somos chamados a ir, aos poucos, vencendo o pecado, que nos desfigura, e ir nos transfigurando através das virtudes e das boas obras.
Moisés e Elias representam o Antigo Testamento: A Lei (Moisés) e os profetas (Elias).
Pedro disse: “Senhor, é bom estarmos aqui...” De fato, ali houve uma pequena antecipação do céu. Mas os discípulos ainda tinham uma grande missão a cumprir na terra. São os transfiguradores do mundo.
Uma nuvem luminosa os cobriu. É aquela mesma nuvem que aparece várias vezes na Bíblia. Ela indica a presença da divindade e, ao mesmo tempo, oculta o mistério de Deus. É assim que acontece conosco; o normal aqui na terra é a vida na nuvem.
Este é o meu Filho amado. Jesus estava sofrendo fortes críticas e humilhações. Os próprios discípulos, influenciados pelas autoridades, estavam meio abalados e confusos, a respeito de Jesus. Do jeito que as coisas iam, quando chegasse o momento da condenação, não ia sobrar ninguém do lado dele.
Então a transfiguração veio confirmar a autoridade de Jesus. Ele perdeu toda aquela aparência de fraqueza e de limitação, e se mostrou direitinho conforme a expectativa que o povo tinha do Messias: Um rei glorioso e cercado de glória.
E o apoio que ele recebeu foi pesado. Veio de Deus Pai e dos dois principais líderes do Antigo Testamento: Moisés e Elias.
Este recado vale também para nós, pois a Igreja Católica é Jesus continuado hoje no nosso meio. Precisamos acreditar nela. Por exemplo, agora, envolvendo-nos na Campanha da Fraternidade.
“Escutai-o.” Deus Pai quis dizer aos discípulos (nós) que tudo o que ele havia falado no Antigo Testamento, agora é substituído pela palavra de Jesus. O que vale, de agora em diante, é o que Jesus fala, e ponto final.
Os discípulos ficaram muito assustados. A manifestação da divindade nos assusta. Foi por isso que Jesus não se transfigurou diante de todos os Apóstolos. Infelizmente nós não sabemos relacionar-nos com Deus, o que devia ser natural. Vivemos sozinhos e, quando Deus se manifesta, ficamos assustados.
A Campanha da Fraternidade que estamos fazendo, pela defesa da vida, tem com lema: Escolhe, pois, a vida.
Queremos amparar e transfigurar a vida humana, desde a sua concepção até a morte natural, e acolher com amor e solidariedade a vida ameaçada.
Leonardo Da Vinci demorou quase um ano para pintar esse quadro tão bonito e conhecido nosso, a Última Ceia. A primeira pessoa que ele pintou foi o Cristo.
Vários meses depois, faltava apenas um Apóstolo: Judas Iscariotes, o traidor de Jesus.
Leonardo saiu pelas ruas de Roma, a procura de alguém parecido com Judas, para que pudesse copiá-lo na tela.
Encontrou um jovem e o contratou.
Após o serviço, o jovem começou a chorar. Da Vinci perguntou-lhe por quê. Ele respondeu:
“O Cristo que está aí na tela sou eu também! O senhor não está me reconhecendo, porque naquela época eu havia acabado de mudar-me do interior aqui para Roma, e a minha vida era correta! Mas infelizmente eu caí...”
O rapaz abaixou a cabeça e continuou chorando. Da Vinci o abraçou e o convidou a mudar de vida, voltando ao que era.
O pecado nos desfigura. Ele é capaz de, em apenas um ano, transformar um bom cristão em um Judas Iscariotes. Mas Jesus é maravilhoso, e deixou-nos meios de nos levantarmos e readquirir a inocência batismal. Tanto, que podemos até cantar depois: “Ó feliz culpa, que mereceu tão grande Salvador” (Primeiro cântico da Missa da Vigília Pascal).
Maria Santíssima nunca foi desfigurada pelo pecado. E ela é, depois de Jesus, a maior agente de transfiguração do mundo. Que ela nos ajude a nos transfigurarmos e a sermos agentes de transfiguração.
Este é o meu Filho amado; escutai-o!
Vera Lúcia
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Domingo, 20 de março de 2011

2º Domingo da Quaresma

Santos do Dia: Alexandra, Cláudia, Eufrásia, Matrona, Juliana, Eufêmia, Teodósia, Derfuta, e uma irmã de Derfuta (mártires de Amiso, na Paflagônia), Anastácio de São Sabas (arquimandrita, mártir), Arquipo de Colossos (considerado o primeiro bispo desta cidade, citado por São Paulo em Cl. 4,17), Benigno de Flay (abade), Clemente de Paris Schools (monge), Cutberto de Lindisfarne (bispo), Fotina, a Samaritana do Evangelho, José e Vítor, seus filhos, Sebastiao, oficial, Anatólio, Fócio, Fotilde e suas irmãs Parasceve e Ciríaca (mártires da Galiléia), Guilherme de Peñacorada (eremita), Martinho de Braga (bispo),Nicetas de Bitínia (bispo), Paulo, Cirilo, Eugênio e Companheiros (mártires da Síria), Tétrico de Langres (bispo), Urbício de Metz (bispo), Wulfrano de Fontenelle (bispo).

Primeira leitura: Gênesis 12,1-4a
Vocação de Abraão, pai do povo de Deus
Salmo responsorial: Salmo 32(33),4-5.18-19.20.22 (R 22)
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, venha a vossa salvação
Segunda leitura: II Timóteo 1,8b-10
Deus nos chama e ilumina
Evangelho: Mateus 17,1-9
O seu rosto brilhou como o sol

Abraão e Sara pertencem a um clã de pastores semi-nômades, dos muitos que buscavam pastos para seus rebanhos, longe das cidades-estado que, pelos anos 1800 a. C. estavam se organizando na Mesopotâmia e ao longo das costas do Mediterrâneo. Abraão foi um dos muitos grupos a migrar, da mesma forma que hoje, “buscando a vida”. Nessa andança lutando, pela vida, descobriram o chamado de Deus: deixaram tudo e passaram a confiar em sua promessa de vida.

Deus promete a Abraão que será pai de um povo numeroso e que terá uma terra, a “terra prometida”. É o que anseiam seus corações, o que necessitam para viver uma vida humana e digna. Hoje são muitas a “minorias abraâmicas” que continuam escutando o chamado de Deus, que as convida a buscar novas formas de “vida prometida” para todos os filhos de Deus.

Há também hoje muitíssimos andantes, filhos do sistema neoliberal globalizado, que cria exclusão e expulsa os mais débeis de suas terras. É a nova geração dos Abraão e Sara, que deixam tudo em busca da vida digna que lhes é negada. Abraão é considerado “pai da fé” de três religiões importantes: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.

A segunda carta a Timóteo assegura que a Palavra de Deus não está acorrentada. Ela faz seu próprio caminho no meio dos muitos caminhos do povo. Ainda que façamos muitas leituras a respeito dela, o Espírito sempre encontrará as formas de enchê-las de valor, sobretudo nas mãos dos que buscam melhores situações de vida em dignidade e justiça, como Abraão e Sara, ou como os desterrados de hoje.

Todos eles, como as minorias abraâmicas. Essas minorias desterradas e excluídas pelo sistema atual gritam com sua vida. O sistema atual perdeu a bússola; ele poderia encontrá-la com a Boa Notícia de Jesus Cristo.

A cena da transfiguração, relatada pelos evangelhos, é também um símbolo de muitas outras experiências de transfiguração que todos experimentamos. A vida diária se torna cinza, monótona, cansativa e nos deixa desanimados, sem forças para caminhar.

Porém, com freqüência aparecem momentos especiais, inesperados, em que uma luz se acende em nosso coração e os olhos do coração nos permitem ver muito mais longe e muito mais profundamente do que estávamos vendo até o momento. A realidade é a mesma, porém aparece transfigurada, com outra imagem, mostrando sua dimensão interior; dimensão essa na qual havíamos crido, mas que com o cansaço do caminhar havíamos esquecido.

Essas experiências, verdadeiramente místicas, nos permitem renovar nossas energias e, inclusive, conseguem nos entusiasmar para continuar caminhando com pressa, mesmo sem visões, porém “como se víssemos o Invisível”.

Todos precisamos dessas experiências, da mesma forma que os discípulos de Jesus necessitaram dela. Nós não podemos encontrar Jesus no Tabor da Galileia. Precisamos buscar nosso Tabor particular da oração, a fonte que nos dá forças para nos manter firmes no nosso compromisso primeiro.

Oração Comunitária

Ó Deus Pai, Mãe, Sabedoria eterna, visão infinita, intuição total: dá-nos profundidade no olhar, força no coração, luz nos olhas da alma, para que sejamos capazes de transformar a realidade e contemplar tua glória já agora, em nossa peregrinação terrestre, por Jesus, teu filho e nosso irmão. Amém.

Missionários Claretianos

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A  TRANSFIGURAÇÃO
É de revelação que se trata neste domingo: somos convidados a contemplar a divindade de Cristo que se manifesta aos olhos dos homens.

O Evangelho relata o episódio da Transfiguração em que a voz do Pai designa Jesus como seu “Filho bem-amado”, Aquele que devemos escutar. Aqui está todo o sentido da festa de hoje: celebrar este instante de Luz pelo qual Jesus se faz conhecer, contemplar a visão do Senhor transfigurado, escutar a sua mensagem, descer do monte e espalhar a Luz à nossa volta.
 Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos (Mc 9,2-10)
A questão fundamental expressa no episódio da transfiguração está na revelação de Jesus como o Filho amado de Deus, que vai concretizar o projeto salvador e libertador do Pai em favor dos homens através do dom da vida, da entrega total de si próprio por amor. Pela transfiguração de Jesus, Deus demonstra aos crentes de todas as épocas e lugares que uma existência feita dom, não é fracassada, mesmo se termina na cruz. A vida plena e definitiva espera, no final do caminho, todo aquele que, como Jesus, for capaz de pôr a sua vida ao serviço dos irmãos. Na verdade, os homens do nosso tempo têm alguma dificuldade em perceber esta lógica… Para muitos dos nossos irmãos, a vida plena não está no amor levado até às últimas conseqüências, mas sim na preocupação egoísta com os seus interesses pessoais. Quem tem razão: Deus, ou os esquemas humanos que hoje dominam o mundo e que nos impõem uma lógica diferente da lógica do Evangelho?
Sol esplendoroso e "Mysterium Lunae"
O normal é nos encontrar com rostos sombrios, com pessoas sem luz, sem aura. Os corpos manifestam que estão ocupados ou pré-ocupados. Por isso, de alguma maneira tratamos de iluminar os dias de festas. Maquiagens para iluminar o olhar, vestidos claros que faça o corpo um pouco mais esplendoroso. Quando envelhecemos fazemos o possível para clarificar nossa figura para deixar perplexa a tristeza que transmite.

O normal é que - quando entramos em nós mesmos - nós encontremos com "nossa noite". Sim. Cada um tem sua "noite particular". Quando nos encontramos a sós com nossa autêntica verdade, o que nos habita? Claro que gostaríamos de ter uma “casa iluminada”, porém frequentemente a luz está apagada, ou nem sequer essa luz existe. Por isso, nos sentimos sós, vazios, sem um mundo interior.

Por isso, não é estranho que muitos de nos não sejamos capazes de suportar esse vazio interior e necessitarmos constantemente de alguma “coisas para fazer”, lugares para visitar, pessoas ou assuntos com os quais possamos passar o tempo! Por esse vazio interior, escapamos de nos mesmos e entramos na vertigem que tanto gostamos - e de que tanto nos queixamos - e que nos impele a arte da lentidão e do prazer até dos mínimos detalhes. Saciamos-nos de coisas, de palavras, de milhares de experiências, sem as desfrutar.

Há pessoas "luminosas". Que são como "casas iluminadas". Estão habitadas por algo assim como um fogo interior que irradia em todas as direções e as torna “vislumbrantes”. Através de seus olhos, de seu corpo inteiro, de suas palavras e silêncios, de seus gestos, de sua presença, transmitem luz.

Aquela jovem mãe de Nazaré, durante seus meses de gravidez, se fazia cada vez mais luminosa. Seu corpo jovem era portador de uma luz, até esse momento desconhecida no mundo. Aquele corpo flamejava progressivamente por todos os seus poros, membros, gestos e expressões uma luz nova que ninguém podia imaginar.

O mundo tinha sido escurecido depois do pecado de origem. Antes de criar o sol, a lua e as estrelas, o Criador tinha criado a LUZ. O mundo criado já era luminoso mesmo antes de ter suas estrelas. E Deus disse: “Faça-se a luz. E a luz foi feita". A natureza, a criação foi criada em estado de luz.

A ruptura com o Criador nos enche de escuridão, de ambientes escuros e sombras da morte. Também os seres humanos saem “iluminados” das mãos do criador: homem e mulher luminosos, belos, casas iluminadas. Com o pecado veio o pesar, o rosto escurecido, a expulsão das terras da luz. E entrando em terras de penumbra. Embora Adão e Eva estejam juntos semi-ocultos um do outro, porque apenas há luz.

Por isso, aquela jovem mulher do Nazaré - traz a experiência da anunciação - começou a ser aurora do novo dia, da luz nova, concedida à humanidade. Outra vez o Criador disse: “Faça-se a luz!” E a luz foi feita em Maria. Ela não era a Luz. A Luz era o seu Filho, a criatura que habitava Maria não era sol, mas lua. E todas as luas do universo começaram a alegrar-se ao saber que podiam ser habitadas pela luz. E ela foi mais lua do que nunca.

Chegou o dia em que o Filho de Maria mostrou sua identidade de sol, de foco único de luz, luz de Deus filtrando-se através de todo seu corpo. O corpo de Jesus e até suas vestes se tornaram irradiantes no Tabor. Pedro, Thiago e João apenas podiam crer no que viam. Não haviam imaginado que Jesus podia ser translúcido. Que Jesus se identifique a si mesmo - segundo o Evangelho de João - com estas palavras: “Eu sou a Luz do mundo”, não é uma pretensão excessiva?

A luz do mundo foi contemplada na montanha sagrada durante alguns breves momentos. A luz provocou a mais espontânea reação do céu e o Abbá exclamou: "Este é meu Filho: faça o que Ele diz (escutem-no)”. Quando a mãe Maria se encontrou nas bodas de Canaã com seu Filho, disse aos serviçais: “Escuta-o (faz o que Ele diz)”. Abbá e mãe Maria querem que o Filho manifeste sua Luz, sua Glória, para o bem da humanidade.

O Espírito Santo se mostrou como “nuvem luminosa” e arrebatou a visão dos discípulos. Desde então, a nuvem luminosa retém a luz de Jesus para que não nos ofusque, para que não fiquemos cegos. Essa luz cegou Paulo no caminho de Damasco. Todavia não podemos resistir a tanta luz. O Espírito a filtra, a torna luz em nosso contexto de obscuridade.

O mandato de “escuta-o” indica que a Palavra é também outro filtro que faz tolerável a luz de Jesus. “Tua palavra é luz para meus passos”.

"Mysterium Lunae": João Paulo II falou conosco disto em seu
Novo Millenio Ineunte. A Igreja é chamada a viver o mistério da lua, ser reflexo permanente da luz, da luz do mundo, das pessoas, que é Jesus.

Nenhum cristão deveria entristecer o rosto: por nada e por ninguém. Somos luz de um sol que nunca se extingue, espelho de uma Luz incessante. Embora passemos por vales escuros, pela escuridão da morte, nada devemos temer, porque Ele é luz de nossos passos, luz de vida.

Nem os nossos pecados deveriam nos entristecer. Basta colocá-los ante a luz, confessá-los, para que a Luz e seu ardor os “derreta” como se derrete a neve ante o calor. O pecado prefere viver oculto, nas trevas. Na luz perde toda sua força e não tem como sobreviver.

Por isso, vivamos como filhos e filhas da Luz! Habitemos a sombra luminosa do Espírito e o reflexo da Palavra. Há pessoas que levam em seus corpos as marcas do sol a cujos raios foram expostos; elas talvez tenham orgulho disto, porque sempre o sol embeleza. Porém, se soubessem que há um Sol infinitamente mais poderoso, capaz de nos iluminar por dentro e de transparecer-se através de nosso corpo e espírito...

Jesus Luz, ilumina nossa noite! Que se iluminem todas as luas! Que seja verdade aquilo que diziam nossos antigos Padres e Madres da Igreja de que “o batizado é um iluminado”.
José Cristo Rey Garcia Paredes

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Precisamos ir além da nossa vidinha medíocre, subamos à montanha com Jesus, enxergaremos a sua gloria e a manifestação do poder de Deus – Maria Regina.

                                                     Jesus levou os três discípulos à uma alta montanha e se transfigurou diante deles, mostrando-lhes a Sua glória. Isto também Ele quer fazer com cada um de nós que se dispõe a segui-Lo aonde Ele for. Muitas vezes o subir a uma alta montanha requer um esforço pessoal e nos leva a nos desinstalarmos, a abrir os horizontes, a ir mais além da nossa vidinha medíocre. Aquele que sobe à montanha com Jesus consegue enxergar a Sua glória e também será contagiado com a sua beleza.
                                    A manifestação do poder de Deus em nós muda as nossas estruturas e o nosso modo de ser. A transfiguração de Jesus nos revela a glória e o poder de Deus que também age em nós de uma maneira concreta nos fazendo sair da nossa humanidade que é terra para conviver com a realidade do céu que está dentro de nós, no nosso espírito. Quando também, espiritualmente, nos deixamos conviver com Jesus na oração, na adoração, na meditação da Sua Palavra, nós também ouvimos a voz do Pai que nos diz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” Aí então, com certeza, nós não teremos mais dúvidas de que o espiritual se revela a partir do que os nossos olhos vêem, do que os nossos ouvidos ouvem, independentemente do que as nossas mãos possam tocar.Meu irmão , minha irmã,vamos refletir juntos: Você também já se sentiu transfigurar-se em oração?  Você tem conseguido afastar-se do barulho do mundo para subir a montanha e encontrar o Senhor? Faça a experiência !
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina

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Transfiguração do Senhor, Jesus Manifesta sua glória
(Lucas 9, 28-36)

O evangelho deste segundo domingo da quaresma nos chama a oração, a refletir sobre a nossa transformação, a verdadeira conversão do nosso coração, a busca de uma vida nova, a entregar nossa vida a Deus radicalmente. Jesus, hoje, nos é apresentado como o Filho amado do Pai, que caminha para a morte de cruz, para nossa libertação. E bem diferente do que todos esperavam. O projeto de libertação do Pai, Jesus não veio para triunfar, para dominar ou ser um rei poderoso, mas para entregar sua vida por amor. Como seguidores e imitadores de Cristo, também somos chamados a nos transformar, a sermos homens e mulheres novos. Acreditando em Jesus e na sua glória com certeza aceitamos que o amor transformará nossa vida.
Jesus sempre que tinha que tomar uma decisão subia ao monte, para fazer suas orações, a noite, só e longe das multidões e assim estava mais próximo do Pai. Dessa vez, Jesus leva Pedro, Tiago e João. Jesus começa a rezar, e seu rosto se transforma, sua roupa fica branca e brilhante, e dois homens conversam com Jesus sobre sua morte que sofreria em Jerusalém. Eram eles: Moisés que representava as Leis que Jesus veio para aperfeiçoar, e Elias que representava todos os profetas, que anunciaram Jesus. Os discípulos ficam maravilhados com a visão que têm de Jesus conversando com Moisés e Elias. Ficaram tão felizes que desejaram não sair mais dali. De uma nuvem ouviram a mesma voz que ouviram no batismo de Jesus e disse: “Este é meu filho amado, o escolhido. Escutai o que ele diz!” Foi uma experiência tão forte, que os discípulos não comentaram com ninguém o que ali acontecera. Dessa Jesus não pediu para que não falassem a ninguém. E ao exemplo de Maria, os discípulos guardaram tudo em seu coração e calaram-se. Eles presenciaram a manifestação da glória de Jesus.
         Aprendemos com a transfiguração de Jesus, que o caminho para gloria, é um caminho de sofrimento, de cruz, e muito trabalho. O caminho que como Igreja nós temos que percorrer, para que ocorra a nossa transformação, a transformação do irmão e do mundo. E através da oração é possível conseguirmos também nossa transfiguração, que deverá ser de dentro para fora. Pela oração, ouçamos o que Cristo tem a nos dizer, e não podemos nos calar diante da Palavra de Deus, tenhamos coragem e esperança de mundo melhor, mais justo e mais fraterno. Como cristãos devemos caminhar na fé, ter sempre um diálogo íntimo com Deus, aderir a sua vontade, para que possamos um dia ficar face a face com Cristo, e contemplar a sua glória.

Oração:
Ó Deus de toda luz, tu manifestaste tua glória no rosto transfigurado de teu Filho Jesus; faze que, assim transfigurados, possamos, nesta segunda semana da quaresma, escutar e praticar a Palavra de Cristo. Amém!

MARIA ELIAN

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A TRANSFIGURAÇÃO
As leituras do II Domingo da Quaresma convidam-nos a refletir sobre a nossa transfiguração, a nossa conversão à vida nova de Deus; nesse sentido, são-nos apresentadas algumas pistas.

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O Evangelho apresenta-nos Jesus, o Filho amado do Pai, cujo êxodo (a morte na cruz) concretiza a nossa libertação. O projeto libertador de Deus em Jesus não se realiza através de esquemas de poder e de triunfo, mas através da entrega da vida e do amor que se dá até à morte. É esse o caminho que nos conduz, a nós também, à transfiguração em Homens Novos.

 Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 9,28b-36)
Os três discípulos que partilham a experiência da transfiguração recusam-se a aceitar que o triunfo do projeto libertador do Pai passe pelo sofrimento e pela cruz. Eles só concebem um Deus que Se manifesta no poder, nas honras, nos triunfos; e não entendem um Deus que Se manifesta no serviço, no amor que se dá.
Qual é o caminho da Igreja de Jesus (e de cada um de nós, em particular): um caminho de busca de honras, de busca de influências, de promiscuidade com o poder, ou um caminho de serviço aos mais pobres, de luta pela justiça e pela verdade, de amor que se faz dom?
O monte da visão
Somente quando chega a visão é que percebemos como estávamos cegos. Quem não recebeu esta graça não descobre o sentido do que passa e se estranha uma outra vez contra a realidade.

A falta de visão e dos guias cegos. Jesus nos falava dos “guias cegos”: são aquelas pessoas que dirigem comunidades, grupos, nações, porém sem visão! São às vezes tão auto-suficientes que “não querem ver”: são unilaterais e não aceitam a luz que vem de “outra parte”.

Nós encontramos em um desses tempos nos quais nos conduzem “guias cegos”? Tem me chamado muito à atenção ver como um candidato à Casa Branca, e anteriormente vice-presidente dos Estados Unidos, Albert Arnold Gore, tem se envolvido seriamente em conscientizar a humanidade da revolução ecológica que se faz necessária para a sobrevivência de nosso planeta. A este homem foi concedida a visão! Porém muitos dirigentes são repetitivos. Não são capazes de encontrar soluções novas para novos problemas. Aproveitam-se do poder para favorecer sua vaidade e beneficiar as pessoas de sua “roda”; não entusiasmam as pessoas com projetos visionários, projetos que entusiasmem.  Pensam mais em derrotar o inimigo, que em conciliar a todos para gerarem um futuro melhor. Por isso, necessitamos de pessoas com visão! Porém, onde encontra-las? Neste II Domingo da Quaresma a Palavra de Deus nos oferece as chaves: Abraão e três discípulos apóstolos e dirigentes da primeira Igreja, Pedro, João e Tiago.   

A primeira visão: Quem se chamava a principio Abrão era um homem triste, peregrino sem objetivo, sem visão, sem futuro. Quando recebeu o nome de Abraão, foi lhe concedido visão: começou o tempo de sua fecundidade, até chegar a ser pai de um grande povo, tão numeroso como as estrelas do céu. O que ocorreu? Depois que aceitou a aliança de amor e propriedade mútua que Deus lhe ofereceu no meio da sua noite. Teve a visão da “tocha ardente” que assumia e consumia suas oferendas. E viu quando não podia ver, porque “o sol se havia posto e veio a escuridão e um sono profundo que lhe invadiu e um terror intenso e escuro caiu sobre ele”. Naquela noite recebeu Abraão a visão e a fecundidade como Adão quando, depois do sono, despertou.

A segunda visão: é concedida a três amigos de Jesus. Pedro, João e Tiago. Algo muito sério deveria ocorrer para que Jesus decidisse separar-se dos demais e subir a uma montanha alta para orar. Seria por suas dúvidas, sua violência religiosa, sua rejeição da cruz? Jesus se entrega a oração e enquanto isso é transformado em ”tocha ardente", luz que de dentro invade seu corpo e suas vestes.

Os três amigos - acossados por uma intensa sonolência - vêem Moisés e Elias que conversavam com Jesus sobre “sua morte em Jerusalém”. Moisés: o homem da libertação do Egito, da aliança do Sinai, do maná do deserto, a quem não foi concedido entrar na terra prometida. Elias: o profeta contra a idolatria, da manifestação do verdadeiro Deus no Carmelo, o perseguido até a morte e elevado ao céu em seu em carro de fogo. Conversam sobre o sentido da vida e da morte, sobre o futuro que Deus concede ao povo. Porém em um determinado momento os dois personagens se retiram. Pedro quis que ficassem; não entende que é “conveniente que se retirem”: são indicadores; porém não é a solução. Fica Jesus somente!

Os três se sentem estremecidos ante uma nuvem que os envolve e uma voz que lhes interpela: “Este é meu Filho, o escolhido, escutai-o”. As palavras lhes ajudam a superar suas dúvidas, suas tentações de abandono. Pedro,  João e Tiago descobrem a identidade de Jesus e o sentido de todo o caminho que com Ele percorrem.

Que belo é saber que a Igreja apostólica foi dirigida por homens com visão, por autênticas testemunhas, por pessoas que desde os sinais do passado (Moises e Elias), souberam abrir-se ao futuro, por mais obscuro que parecesse. Sabiam que o Deus comprometido da Aliança estaria por traz de tudo. Jesus foi para eles “luz”, “visão”, pedagogo do futuro.  

O Tabor não é o monte onde se passa dias de férias espirituais. É o espaço do discernimento e da ratificação da Aliança, da superação das dúvidas e fortalecimento da fé. É o lugar do encontro com o Abbá e da escuta de suas palavras essenciais. Nele a pessoa é invadida pela Luz e pela Treva. No Tabor se supera a tentação para escutar somente Jesus e com Ele seguir o caminho "para baixo", na direção da planície onde estão as pessoas, o sofrimento humano, a falta de sentido.

Abraão, Pedro, João e Tiago foram agraciados com “visão” depois de suas dúvidas e desolação. Os quatro se afastaram por um tempo e entraram na noite e no silêncio. E ali... se encontraram com o Deus da Aliança, o que cumpre suas promessas, o que da sentido ao caminho e a história.

Cada um de nós deveria descobrir em que momento Deus ou Jesus o leva ao “alto da montanha”. Nesse momento, deve deixar tudo. E subir. Deve deixar as tarefas frenéticas, as reuniões atrás de reuniões, os programas atrás de programas... Não é questão de correr, de fazer coisas, mais de pensar... para onde vamos, onde estamos. Ao “guia cego” lhe ocorre aquilo do conto: ia um cavaleiro montado sobre seu cavalo a uma grande velocidade; ai um amigo lhe pergunta: aonde vais? Não pergunte a mim -respondeu o cavaleiro- pergunte a meu cavalo! Que necessidade temos da visão!
José Cristo Rey Garcia Paredes
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JESUS SE TRANSFIGUROU DIANTE DELES
No II Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projetos, da obediência total e radical aos planos do Pai.

Na primeira leitura apresenta-se a figura de Abraão. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total e com a entrega confiada. Nesta perspectiva, ele é o modelo do crente que percebe o projeto de Deus e o segue de todo o coração.

Na segunda leitura, há um apelo aos seguidores de Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhada e coerente, as testemunhas do projeto de Deus no mundo. Nada - muito menos o medo, o comodismo e a instalação - pode distrair o discípulo dessa responsabilidade.

O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projeto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.

Leituras Primeira Leitura - Leitura do Livro do Gênesis (Gênesis 12,1-4a)
1Naqueles dias, o Senhor disse a Abrão: "Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. 2Farei de ti um grande povo e te abençoarei; engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção. 3Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!".

4aE Abrão partiu, como o Senhor lhe havia dito.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial - Salmo 32
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!
Pois reta é a palavra do Senhor,
e tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
transborda em toda a terra a sua graça.

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!


Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,
e que confiam esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!


No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!

Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
venha a vossa salvação!

Segunda Leitura - Segunda Carta de Paulo a Timóteo (2º Timóteo 1,8b-10)
Caríssimo: 8bSofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus.

9Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não devido às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio e da sua graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade.

10Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho.
Palavra do Senhor.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (Mateus 17,1-9)
Naquele tempo, 1Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. 2E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3Nisto apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus.

4Então Pedro tomou a palavra e disse: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". 5Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!"

6Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantai-vos e não tenhais medo".

8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: "Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos".
Palavra da Salvação.

Comentário
Transfiguração... da contemplação ao compromisso
Quem subiu a uma montanha suficientemente alta experimentou - após o esforço da subida - o prazer que se sente ao contemplar o mundo desde o cume. A visão é radicalmente diferente. Desde ali as coisas são as mesmas, mas não são as mesmas. Em perspectiva tudo parece tomar outra dimensão, outra forma, outra figura.

A distância faz que, às vezes, as coisas sejam vistas mais claramente ou, ao menos, com outra profundidade. “Se queres ver os vales, - dizia o escritor místico Khalil Gibran -, escala o alto da montanha”. Se ficares no vale e não te pões a caminho, perdes o melhor. Abraão não quis perder o melhor. Pôs-se a caminho, saiu de sua terra e arriscou-se a gostar do sabor da promessa. Assim, - por esse gesto de confiança - se converteu em nosso pai na fé.

Beleza que compromete

No domingo passado fomos convidados a entrar com Jesus no deserto para aprender dele o que significa ser verdadeiros “ouvintes da Palavra”. Hoje somos convidados a subir com ele à montanha. Trata-se de se aproximar de Deus e experimentar como próximos Dele as coisas se vêem de forma diferente e adquirem outra dimensão. Junto a Ele experimentamos a sedução que provoca em nós sua luz e sua beleza. Uma sedução que, longe de nos deixar elevado ou indiferente, nos provoca ao contrário: o compromisso de como - diz a segunda leitura deste domingo - “tomar parte nos trabalhos do Evangelho”. Ao olhar o mundo desde esta nova perspectiva sucede-nos o que Santo Inácio de Loyola que, quando olhava para o céu, a terra lhe parecia pequena, pobre, necessitada… Será que Deus ao se transfigurar nos contagia sua forma de ver e entender?

Escutai-o... com confiança

A cena da transfiguração, situada no centro do evangelho (após a confissão de Pedro e o anúncio da paixão), quer ser uma antecipação do final do “filme”. Jesus faz-lhes ver que haverá Paixão, sim. Mas maior será a Glória. A última palavra não a tem a morte, senão a Ressurreição. A alvorada chega pelo caminho da noite, mas, ao final, despontará o amanhecer. O céu fala claro: é o Filho amado, o eleito, a luz radiante no meio da escuridão. É o resumo da Lei (Moisés) e os Profetas (Elias). É a Palavra definitiva de Deus aos homens. Este é a quem há que escutar. Não há que esperar outra palavra do céu. Nele nos podemos confiar.

Escutar-lhe significa confiar-se a Ele e se pôr em caminho. Não estamos sozinhos. Essa é a confiança que se nos pede e é, difinitivamente, a chave de toda vida crente. Trata-se de viver a certeza de que Ele nos acompanha em nossas subidas e descidas da montanha da vida. O mesmo que àqueles discípulos, nos diz hoje no meio de nossa vida: “Levantai-vos, não tenhais medo”. Ânimo, vá adiante, com firmeza e determinação. Ainda há muito que caminhar.
Fernando Prado Ayuso
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TRANSFIGURAÇÃO
A transfiguração é mais uma demonstração de poder e força de Jesus o Filho de Deus. Nós também podemos  ficar transfigurados de duas maneiras: Transfiguração  A : Uma transfiguração muito lamentável e ruim que é a transfiguração negativa, quando o pecado nos invade e domina a nossa personalidade e nossa alma. Lembra daquela menina carinha de anjo linda e ingênua de pura pureza que sorria e falava alto sem nenhuma malícia?    Então. Já era. Veio um vendaval, uma ventania, e depois disso na festa de são João, sei lá onde foi e aquela linda e pura donzela não é mais ela.  Nem parece a mesma está irreconhecível!  Com uma feição  infeliz e ao mesmo tempo revoltada, mulher experiente no sentido negativo com um filhinho para criar, porém  sem o pai. Por falar em pai, o seu pai a expulsou de casa. Agora vive com a tia mais é só provisoriamente, porque a sua tia está prestes a reformular a sua vida.  Agora  irreconhecível e totalmente transfigurada no sentido lamentavelmente negativo, aquela que foi  uma linda morena está sem família,  sem amigos e sem o amor que a colocou nesta estrada cheia de curvas, espinhos  e  um horizonte indefinido e embaçado.
Transfiguração  B : Ela era mulher madalena, que vivia das noites , muito preocupada com sua filhinha pois tinha medo de que  um dia ela viesse a saber de tudo. Que vergonha! Que escândalo. Mais o que fazer? Precisava comprar comida para alimentar  as duas.  Mais eis que numa noite de verão o inesperado mais  porém sonhado aconteceu. Alguém apareceu e era diferente dos demais. Não estava em busca de apenas aventura, mais queria conversar. Achando-a  linda  a perdoou, e a tirou daquele lugar salvando a sua alma da perdição. Assumiu a sua filha sem fazer perguntas, e providenciou um casamento cristão  pois  era um católico praticante.
Aquela mulher hoje está TRANSFIGURADA, em seu rosto está estampada a felicidade e a confiança em um Deus que ela não tinha ainda conhecido. Esse Deus que enviou um anjo para salvá-la daquele submundo obscuro e repugnante. UM DEUS QUE ATENDEU AS ORAÇÕES DA SUA MÃE.  


REZEMOS AO SENHOR:

Deus pai todo poderoso tenha piedade daqueles que neste momento se embrenharam  por caminhos obscuros e sem saída. Ilumina-os ó Pai. Para que encontrem uma  saída para o CAMINHO , A VERDADE E A VIDA.

Sal
 
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