HOMILIAS PARA O
PRÓXIMO DOMINGO
24 DE ABRIL – 2011
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DOMINGO DE PÁSCOA = O TÚMULO ESTAVA VAZIO
Irmãos e irmãs: Confiantes que a ressurreição de Jesus Cristo, não foi uma invenção humana, ressuscitemos também nós. Emergindo das dúvidas e dos pecados, para uma vida santa com uma fé inabalável!
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Introdução
A RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO FOI UM FATO: TELOLÓGICO E HISTÓRICO
A ressurreição de N.S.J.C. apresenta dois aspectos. Um aspecto teológico e outro aspecto histórico.
1-Teológico – Do ponto de vista da Teologia, que é o estudo das coisas e mistérios de Deus, a ressurreição de Jesus Cristo é vista por nós com os olhos da fé, sem nenhum questionamento. Nós aceitamos e acreditamos que Jesus Cristo era o Filho de Deus, que se fez homem e veio ao mundo, e deixou que o matasse com a morte de cruz, porém, depois de três dias conforme já havia sido anunciado pelos profetas e pelo próprio Jesus Cristo, ele voltou a vida.
Veremos nesta reflexão alguns questionamentos a respeito da ressurreição de Jesus. Um deles é referente a rolagem da pedra da porta do túmulo. Já houve quem questionasse, dizendo que se Jesus era Deus, e se Ele apareceu no meio dos apóstolos sendo que todas as portas estavam fechadas, porque foi preciso rolar a pedra da boca do túmulo?
Resposta: Para despertar a curiosidade das pessoas, as primeiras que tomaram conhecimento da Ressurreição de N.S.J.C. Com certeza, Jesus não precisava retirar a pedra para sair do túmulo. Porém, se assim o fizesse, se não afastasse a pedra, ninguém iria se tocar que Ele teria desaparecido. Com certeza, para rolar a pedra da boca do túmulo, Jesus deve ter feito apenas um gesto como o fez para acalmar a tempestade.
É importante acrescentar aqui que o nosso crer também não deixa de ser histórico ou factual, pois nos apegamos às provas da divindade de Jesus, que foram os inúmeros milagres anotados pelas comunidades como foi o caso da comunidade de João, e posteriormente juntados e escritos por aqueles que testemunharam a sua vida, juntamente com milhares de cristãos os pobres e doentes que se beneficiaram pelas curas e até alimento como na multiplicação dos pães.
2-Histórico: Sabemos que a Ciência histórica investiga e estuda o passado para que possamos compreender o presente e até projetar o futuro. Assim, do ponto de vista histórico, a Ressurreição de N.S.J.C. foi um fato histórico incontestável, que ocorreu em um determinado local, o túmulo, o qual está lá na Terra Santa e que é visitado por milhares de turistas o ano todo, e que também pode ser visitado por você. Ao visitar a Terra Santa, além do túmulo, o turista tem a oportunidade de travar contado ou conhecer outras provas visíveis e palpáveis da passagem de Jesus Cristo pela Palestina.
Os guardas do túmulo foram as primeiras testemunhas oculares desse grande fato Histórico, a ressurreição de Jesus Cristo. Os quais, lá pela madrugada, ao abrir os olhos depois de um breve cochilo, viram em sua frente, de pé, o Cristo ressuscitado, que em seguida saiu andando. Imediatamente eles foram à cidade, para comunicar aos sumos sacerdotes aquele ocorrido. Os sumos sacerdotes, apesar de que já esperavam por esse fato, fingindo ser pegos de surpresa e sem saber exatamente o que fazer, pediram ao guardas que esperassem um pouco e enquanto isso reuniram-se com os anciãos e decidiram então dar uma grande soma em dinheiro aos soldados, para que eles negassem a ressurreição. Propuseram aos guardas, mediante a entrega do dinheiro, que eles dissessem uma mentira deslavada. Isso porque aqueles falsos sacerdotes eram riquíssimos. Eles monopolizavam todo o movimento de entrada e saída de dinheiro do Templo o qual funcionava como um banco, um Shopping, mais na verdade era uma toca de ladrões, como disse Jesus. O único banco da Palestina. Os sacerdotes possuíam muitas fazendas compradas com o lucro adquirido nas transações comerciais no Templo, como a venda de animais para o sacrifício, a venda do couro desses animais, farinha, vinho azeite (usados no sacrifício) o comércio exterior, e muitas outras falcatruas proibidas pela religião, mais eles podiam tudo.
Os sumos-sacerdotes foram aqueles que condenaram Jesus à morte de cruz no julgamento do Sinédrio dominado por eles. Fizeram isso porque Jesus estava incomodando os seus lucrativos negócios. Porque Jesus havia desmascarado aqueles hipócritas. Uma vez sabendo que Jesus tinha voltado a viver, o mais certo era pagar os guardas do túmulo para espalhar uma mentira contradizendo a ressurreição de Jesus. "'Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis."
...E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até ao dia de hoje."
Os sacerdotes desesperados pela derrota ao constatar a ressurreição de Jesus, não tiveram outra coisa a fazer senão usar o seu maior recurso naquele momento, o dinheiro o qual ele tinham em grande quantidade, por ter a vida toda arrancado das mãos do povo e dos pobres, através do Templo em nome de Deus e da religiosidade.
Correu o infeliz boato entre os incrédulos que Jesus não ressuscitou mais sim que foi uma invenção dos apóstolos, ou dos primeiros cristãos.
Por outro lado,afirmam os questionadores da fé, que Jesus ressuscitado só teria aparecido aos íntimos, aos amigos, portando tais provas não são dignas de credibilidade.
Ora, isso não é verdade. Cristo ressuscitado não apareceu apenas para as mulheres da família e para os seus amigos. Ele apareceu para 500 pessoas na Estrada de Damasco conforme o testemunho de Paulo. E como Paulo afirmou, muitas daquelas pessoas estavam vivas e prontas para testemunhar aquele fato histórico.
E ainda nos dias de hoje existem pessoas que duvidam da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Pessoas que não conseguem entender como podia Jesus ser homem e Deus. E tais pessoas até vão à missa, ensinam os filhos a rezar, mais não acreditam na ressurreição. Uns dizem: Eu acho que os apóstolos inventaram essa para não ficarem numa situação de desvantagem.
Dessa forma tem gente que ainda pensa que a ressurreição de Jesus Cristo foi uma invenção dos apóstolos.
Prezados irmãos e irmãs. Se para nós Cristo não voltou a viver, não ressuscitou, a nossa fé não tem sentido, é vã, como disse Paulo. Jesus provou que ressuscitou aparecendo a várias pessoas, não somente para amigos, ou aos discípulos. Antes de morrer Jesus afirmou mais de uma vez que iria ressuscitar. Se você ou alguns dos seus amigos(as) ainda têm dúvidas sobre a ressurreição, pesquise e estude o Santo Sudário. Que apesar de ser questionado por 2% dos fiéis, é a maior prova da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. É muito fácil pesquisar o Santo Sudário. Você pode começar pela Internet mesmo.
A Páscoa é a festa máxima do cristão católico. É o momento de parar de questionar, e procurar se envolver no mistério da Fé. Nós precisamos ter uma fé científica, porém tem coisas que só podemos enxergar com os olhe da fé, como é o mistério da Santíssima Trindade. Não dá para entender com o nosso raciocínio humano, mas sim pelo olhar de fé. Para ter fé, comece pedindo a Deus para aumentar a sua fé, ou do seu amigo(a). Que tal começar rezando o Creio em Deus Pai todo poderoso...
Sal.
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"Confiar em que Jesus vive e está no nosso meio irá fazer toda a diferença na nossa vida".
Mesmo depois de tantas "coincidências" que o próprio Jesus já lhes manifestara os Seus discípulos só acreditaram depois que viram com seus próprios olhos "as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, num lugar à parte!" Jesus já os havia advertido o que iria lhe acontecer, porém eles estavam como que cegos e não alcançaram o que o Mestre já lhes havia revelado. Mesmo assim, o fato de que Maria Madalena tenha se dirigido ao túmulo de Jesus, ainda de madrugada, nos leva a refletir que a esperança norteava a sua busca e ela viu, porque procurou.
Ainda que estivesse procurando um corpo, lá no íntimo do seu coração devia estar acesa a chama da fé. A fé e a esperança nos levam a agir com amor e foi por amor a Jesus que Maria Madalena se antecipou a todos e foi encontrá-Lo. Quem procura acha, Jesus já havia recomendado isto, antes. Isto nos serve de exemplo, portanto, nós também não podemos ficar estagnados diante das nossas dúvidas e parados esperando a morte chegar. Não precisamos ver para crer, mas sim, ir a busca de Jesus ressuscitado crendo no que Ele já nos revelou. Pela fé nós O encontramos dentro de nós, no meio da nossa família, na nossa comunidade, na Igreja, nas pessoas, no mundo.
Por meio dos fatos e dos acontecimentos Jesus evidencia para nós a Sua proteção o Seu amparo, o Seu conforto. Nunca estaremos sozinhos porque Jesus vive no meio de nós. Às vezes nós também não entendemos muito bem as manifestações de Deus na nossa vida. Mesmo que tenhamos começado cedo a buscar a Jesus às vezes, nós nos perdemos Dele e saímos a procurá-Lo fora de nós, nos túmulos do mundo, nas dúvidas sobre os acontecimentos, na incredulidade em vista das coisas que nos acontecem inesperadamente. Facilmente perdemos Jesus de vista, mas Ele está perto, muito perto, fazendo parte da nossa vida, acompanhando a nossa história e sabendo o porquê e o para que de todas as coisas que nos acontecem.
Confiar em que Jesus vive e está no nosso meio irá fazer toda a diferença na nossa vida, pois, com Ele nós seguiremos mais fortes e cheios de esperança. Meus irmãos e irmãs reflitamos: Onde você tem procurado Jesus? Será que você tem procurado Jesus no túmulo quando lá só existem os vestígios? Onde verdadeiramente Jesus está na sua vida? O que significa para você o primeiro dia da semana? Você já encontrou Jesus?
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR
A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude é o resultado de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que "passou pelo mundo fazendo o bem" e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este "caminho" a todos os homens.
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, serem geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até a transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude)
Primeira Leitura - Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 10,34a.37-43)
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João (Jo 20,1-9)
Comentário - O Triunfo da Vida
Estamos no centro do ano litúrgico. Hoje é o dia em que a vida de Jesus adquire validade, o selo que garante tudo o que ocorreu anteriormente, não foi um sonho, Jesus não foi um louco sonhador igual a tantos que nos encontramos pelos caminhos da vida.
Seu sonho foi referendado pela ação do Pai, de seu Abbá. O que começou na Galiléia, tal e como nos recorda a leitura do livro dos Atos dos Apóstolos, teve seu ápice neste momento que escapa a nosso entendimento, que é a Ressurreição. O que tinha terminado mal, completamente mal, na cruz, na solidão da morte, se converte em luz deslumbrante que nos deixa quase sem capacidade de reação.
Aleluia! Aleluia!
Faz alguns anos contaram-me de um religioso que, naqueles tempos em que se fazia a oração da manhã em comum, os demais que estavam na capela, num dia como estes, não lhe ouviram durante os três quartos de hora que durava a meditação senão repetir uma e outra vez: "Aleluia! Aleluia!".
Era uma forma de expressar a admiração ante o fato inesperado, surpreendente, assombroso, difícil de introduzir em nossos esquemas de vida ordinária, a Ressurreição de Jesus. Hoje seria a primeira recomendação para este dia: deter-nos um tempo em silêncio, fora da eucaristia, longe dos cantos e da confusão da festa, para contemplar e deixar que o mistério da vida que triunfa sobre a morte nos chegue profundamente dentro de nós.
Não se trata de tirar conseqüências morais, de pensar que então deveríamos nos comportar de outra maneira ou evitar aquelas ações. Não há mais que fazer memória de Jesus, o de Galiléia, o que passou fazendo o bem e curando aos oprimidos, o que enfrentou sem medo aos poderosos e por isso terminou pendurado no madeiro. Há que passar pelo mistério da cruz recém celebrado para nos deixar cair no abismo do mistério da Ressurreição. E aí, padecer sem pressa.
É a vida que triunfa. É o Pai que se manifesta recriando, levantando, refazendo e todos os verbos que queiramos pôr parecido. É possível que ao final, como aquele religioso, também nós como uma jaculatória, repitamos: "Aleluia! Aleluia!".
Um dia para celebrar
Hoje é um dia, pois, para celebrar e festejar, para fazer festa com os irmãos. Dentro e fora da Igreja. Que a celebração litúrgica não seja mais que um momento da festa porque o Espírito dá asas aos crentes e lhes faz viver no espírito da ressurreição não só o breve tempo da Eucaristia dominical senão todas as horas do dia. As de festa e as de silêncio. Porque é uma alegria que brota da fé no Deus da Vida. Porque temos a segurança de que para além da morte nos espera a vida de Deus.
Hoje é dia para viver comunicando esperança em que a morte não poderá com a vida e que esta sempre brotará de novo porque Deus está conosco, porque o Abbá de Jesus é nosso Deus. E ponto. Esta é a razão mais profunda de nossa fé e de nossa esperança.
Por isso, somos capazes de amar e de nos entregar ao serviço dos demais. Cremos no Deus da vida e isso nos faz ser cultivadores, guardiões, protetores da vida e da fraternidade. Hoje é dia para sair ao mundo e gritar com nosso estilo de vida e com nossa forma de comportar-nos: "Aleluia! Aleluia!".
Fernando Torres, cmf
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"A Ressurreição do Senhor"
1. Este é o Dia que o Senhor fez para nós!
De madrugada, no primeiro dia da semana, o domingo, iniciava-se o mundo novo. O dia da Ressurreição de Jesus é o primeiro dia da nova criação. Por isso nós o guardamos como o dia do Senhor Ressuscitado.
João escreve no Apocalipse: "Eis que faço novas todas as coisas" (Ap. 21,5). Ao receber o sopro de vida do Espírito que o ressuscitou, Jesus é o Homem Novo. Passou da morte para a vida. Com sua vitória sobre o pecado e a morte, carregou consigo todo o universo.
Paulo diz: "Levou consigo cativo o cativeiro" (Ef. 4,5), quer dizer, o cativeiro onde se encontrava a humanidade foi conquistado por Cristo. A Ressurreição é fundamental para nossa vida. Participando da Vigília Pascal, pudemos viver intensamente esse mistério na celebração litúrgica. Os ritos e gestos celebrados nos introduziram no mistério do Cristo Ressuscitado. Passamos da morte para a vida com Ele.
O texto do Evangelho desse domingo de Páscoa está cheio de significados. Maria Madalena é o símbolo da incredulidade. Procura um corpo que teria sido roubado. Há um sepulcro vazio, com um pano dobrado, que também significa "murcho", como um invólucro que se esvaziou.
Dois discípulos correm. Pedro entrou no sepulcro e viu. O outro discípulo, João, entrou, viu e acreditou. "Eles não tinham compreendido a Escritura segundo a qual, Ele devia ressuscitar dos mortos" (Jo. 20,9). João crê. Não basta ver o túmulo vazio, é preciso crer. Sem fé, a Ressurreição permanece um enunciado. A fé cristã fica vazia, se não a fundamentarmos na Ressurreição de Jesus. Assumir a vida de Cristo significa passar por sua Paixão e chegar com Ele à vida nova.
2. O véu que cobria o rosto
Somente à luz do Espírito podemos compreender o mistério da Ressurreição. Os chefes do povo reconheceram que Jesus ressuscitara, mas nem por isso creram. É preciso tirar o véu da incredulidade, para ver o Ressuscitado.
Notamos que o evangelho acentua que o pano que cobria o rosto estava de lado. Seu rosto está descoberto. O judeu, ao ser enterrado, tinha o rosto coberto por um pano. Em Jesus, a natureza humana cobria-lhe a divindade. Com a ressurreição, podemos ver Deus em sua face. Abre-se a Arca do Novo Testamento. Ele é Deus. Ele é a Presença. Somente em Cristo podemos contemplar a face do Pai: "Quem me vê, vê o Pai" (Jo. 14,9).
Todos têm, por Jesus, acesso ao Pai. É o que Pedro anuncia na casa do pagão Cornélio. Deus não faz distinção de pessoas, de puro ou impuro (At. 10,1-43). De agora em diante, "todo aquele que crê em Jesus, recebe, em seu nome, o perdão dos pecados" (At. 10,43). A redenção, obra da misericórdia, convida-nos a dar graças: "Este é o dia que o Senhor fez para nós. Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, eterna é a sua misericórdia"! '(Sl. 117).
3. Vida Escondida com Cristo
Rezamos nessa Eucaristia: "Concedei que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova". A vida nova é a união com Cristo.
Pedro salienta que "Ele andou por toda a parte fazendo o bem". Ser fiel é fazer a vida corresponder à fé, como Ele o fez. Por isso Paulo estimula os cristãos "a buscar a vida do alto onde está Cristo... pois nascestes de novo e vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus" (CI. 3,2-3).
A vida cristã em sua união a Cristo produz boas obras. Na eucaristia nos alimentamos desse mistério. Reza a oração das oferendas: "Oferecemos esse sacrifício pelo qual a vossa Igreja maravilhosamente renasce e se alimenta". E, "renovados pelos sacramentos pascais, cheguemos à luz da ressurreição" (pós-comunhão).
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A Vida venceu a morte
A aurora radiante do domingo de Páscoa é a imagem de Cristo triunfante que, ao sair do sepulcro, ilumina uma nova e eterna criação. Jesus não permaneceu no sepulcro. Ele ressuscitou dos mortos e está vivo no meio de nós. Não devemos procurar entre os mortos Aquele que está vivo.
Hoje a Vida se manifesta na sua plenitude, vitoriosa sobre a morte, para que todos tenham vida e muita vida.
As primeiras leituras apresentam o testemunho do Cristo Ressuscitado realizado por Pedro e Paulo, duas colunas da Igreja, sobre as quais se funda a fé da Igreja de todos os tempos.
Na 1ª leitura temos o testemunho de Pedro. (At. 10,30a.37-43)
Convocado pelo Espírito, Pedro entra em casa de Cornélio, em Cesaréia, expõe-lhe o essencial da fé e batiza-o, bem como a toda a sua família.
O episódio é importante por dois motivos:
- Cornélio é o primeiro pagão admitido ao cristianismo por um dos Doze. Significa que a vida nova que nasce de Jesus é para todos os homens. O texto é uma composição do "kerigma" primitivo.
Kerigma é o anúncio essencial da fé, o resumo da mensagem cristã que leva a aceitação do Cristo e da sua mensagem, através do batismo.
Pedro começa por anunciar Jesus como "o ungido", que tem o poder de Deus; depois, descreve a atividade de Jesus, que "passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos"; em seguida, dá testemunho da morte de Jesus na cruz e da sua ressurreição.
Finalmente, Pedro tira as conclusões acerca da dimensão salvífica de tudo isto: "quem acredita nele, recebe, pelo seu nome, a remissão dos pecados".
A verdade da Ressurreição é o núcleo central e fundamental da pregação apostólica sobre a obra redentora de Jesus.
E os discípulos devem se identificar Jesus e ser testemunhas de tudo isto, para que essa proposta possa atingir todos os povos.
A 2ª leitura dá o Testemunho de são Paulo: (Cl 3,1-4)
O Batismo nos põe em comunhão com Cristo ressuscitado. Disso resulta um conjunto de exigências práticas, que ele enumera a seguir. A Vitória da vida se manifesta em nós através das obras.
O Evangelho descreve a atitude da comunidade cristã diante da Ressurreição, "no primeiro dia da semana". (Jo 20,1-9)
1) Maria Madalena é a primeira a dirigir-se ao túmulo de Jesus.
Apesar de já ser madrugada, ainda é "escuro". As trevas da dor, da separação e da saudade ofuscam os olhos da esperança no alvorecer de um novo dia. Mas a pedra está retirada, o túmulo vazio... Confusa retorna correndo para relatar o fato a Pedro e João. Ela representa a nova comunidade que acredita, inicialmente, que a morte triunfou e vai procurar Jesus morto no sepulcro: é uma comunidade perdida, desorientada, insegura, desamparada, que ainda não assimilou a morte de Jesus.
Mas, diante do sepulcro vazio, descobre que a morte não venceu e que Jesus continua vivo.
2) Pedro representa, nos Evangelhos, "o Discípulo obstinado", para quem a morte significa fracasso e que se recusa a aceitar que a vida nova passa pela humilhação da Cruz.
3) João representa "o Discípulo ideal": que está em sintonia total com Jesus,
que corre ao seu encontro de forma mais decidida, que compreende os sinais: "Entrou, viu e creu".
Ele é o modelo do Homem Novo, do homem recriado por Jesus.
Os dois discípulos correm ao túmulo de Jesus na manhã de Páscoa.
Nota-se o impacto produzido nos discípulos pela morte de Jesus e as diferentes disposições existentes entre os membros da comunidade cristã.
A Páscoa é uma passagem da morte para a Vida.
E quantos "sinais de morte" nós vemos ainda hoje no mundo: abortos, drogas, bebidas, tentativas de suicídios, violência, fome, doença, analfabetismo, desemprego...
Quantos galhos secos, sem folhas e sem frutos:
- secos espiritualmente: em pecado... separados de Cristo;
- secos comunitariamente: acomodados, não atuantes...
Quais são os nossos sinais de morte?
Aquilo que deve morrer dentro de nós... para ressuscitar uma vida nova com mais alegria e mais esperança?
Deus quer a vitória da Vida... A festa da Ressurreição renova a fé em Cristo vencedor da morte. A vida recebe na ressurreição de Jesus a semente da eternidade. Ser cristão é ser protagonista da Ressurreição nos pequenos gestos de cada dia. Todo aquele que defende a vida e ama os irmãos trabalha para a construção de um mundo melhor.
Cada missa, um reviver da Páscoa... motivando-nos para abandonar os caminhos de morte e "escolher" os caminhos da vida...
padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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O sepulcro vazio
Os discípulos começaram a se dar conta da ressurreição do Senhor, ao se depararem com o sepulcro vazio. Maria Madalena, alarmada, pensou que o corpo de Jesus tivesse sido retirado, à surdina, e colocado num outro lugar. Pedro, tendo acorrido para se inteirar dos fatos, apenas constatou onde estavam o lençol e os demais panos com que Jesus havia sido envolvido. O discípulo amado, este sim, começou a perceber que algo de muito extraordinário havia acontecido. Por isso, foi capaz de passar da constatação do sepulcro vazio à fé: "Ele viu e acreditou".
O sepulcro vazio, por si só, não podia servir de prova para a ressurreição do Senhor. Seria sempre possível acusar os cristãos de fraude. Poderiam ter dado sumiço ao cadáver de Jesus, e sair dizendo que ele ressuscitara. Era preciso ir além e descobrir, de fato, onde estava o corpo do Mestre.
O discípulo amado, de imediato, cultivou a esperança de encontrar-se com o Senhor. Sua fé consistiu na certeza de que o Mestre estava vivo, não no sepulcro, porque ali não era o seu lugar. Senhor da vida, não poderia ter sido derrotado pela morte. Filho amado do Pai, as forças do mal não poderiam prevalecer sobre ele. Embora sem ter chegado ao pleno conhecimento do fato, a fé na ressurreição despontava no coração do discípulo amado.
padre Jaldemir Vitório
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Cristo está vivo
Iniciamos as sete semanas da Páscoa. O Cristo ressuscitado se deixa ver. Seus discípulos veem o túmulo vazio, Tomé o vê e toca em suas chagas, os discípulos de Emaús o reconhecem ao partir o pão. O Ressuscitado é o Bom Pastor. Não nos perturbemos. Cremos em Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Observamos seus mandamentos, porque o amamos. Ele parte, levando consigo a nossa natureza humana e não nos deixa órfãos. Envia um outro Defensor, o Espírito da Verdade.
O túmulo está vazio. Por que procurar entre os mortos aquele que está vivo? "Ressuscitei e estou sempre com o Pai e com todos vocês!" – nos diz Jesus na liturgia pascal. Páscoa é a festa da vida, da vida verdadeira, em seu realismo sem ilusões. Ela vem depois de um momento de intensa dor, e não é vista por todos. Ver o Ressuscitado não é privilégio. É responsabilidade. "Ele viu e acreditou." Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: "Vi o Senhor". O discípulo viu o túmulo vazio, e acreditou.
Páscoa é vida, e vida nova. O corpo do Senhor ficou inerte no repouso sabático. Passado o sábado, Ele inaugura um novo tempo. No início do primeiro dia da semana, Ele sai da inércia e se movimenta. Uma extraordinária energia atravessa os panos e Jesus ressuscitado vence a força da morte. Sua energia se espalha pelo Universo todo e atinge todas as criaturas. Os que se deixarem tocar por ela e forem sensíveis profetizarão. Por toda parte haverá homens e mulheres novos, capazes de incendiar o mundo com o fogo do Espírito Santo. Muitos permanecerão na inércia, querendo segurar para si o repouso sabático. Não vão se aventurar no movimento inaugurado no primeiro dia da semana, o Dia do Senhor.
At. 10,34a.37-43 – A leitura dos Atos no Tempo Pascal constitui uma catequese especial para os que foram batizados na Vigília da Páscoa. Nossa fé se baseia no testemunho dos que viram Jesus e com Ele conviveram. "Somos testemunhas" – diz Pedro – "de tudo o que Jesus fez... Eles o mataram, mas Deus o ressuscitou. Ele nos mandou pregar ao povo. Aquele que crê em Jesus recebe em seu nome o perdão dos pecados".
Sl. 117 (118) – O dia da Páscoa é o dia que o Senhor fez para nós. Aquele que foi rejeitado tornou-se o centro de uma nova construção.
Cl. 3,1-4 – Ressuscitamos com Cristo e saímos da mediocridade. Temos uma vida escondida com Cristo em Deus que um dia se manifestará em sua glória.
1Cor. 5,6b-8 – Na Páscoa os judeus jogam fora tudo o que tem fermento e comem pão ázimo. Nossa missa é sempre a celebração da Páscoa, por isso, no rito latino, usamos o pão sem fermento, mas o fermento que deixamos é o da maldade e da perversidade.
Jo 20,1-9 – Pedro e o discípulo amado vão ao sepulcro na manhã depois do descanso do sábado, e o túmulo está vazio. Pedro é Pedro e o discípulo é o modelo de todos os discípulos. Ele chegou primeiro, mas não entrou. Esperou por Pedro e deixou que ele entrasse primeiro. Mas é dele que se diz: "Ele viu, e acreditou". O discípulo vê com os olhos da fé. Assim Pedro, que também era discípulo. Jesus não estava lá porque tinha ressuscitado. Os discípulos sabiam que Jesus tinha morrido, e que nenhum deles tinha escondido o corpo.
cônego Celso Pedro da Silva
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Maria Madalena
As tradições mais antigas sobre Jesus, elaboradas pelas primeiras comunidades após a ressurreição, tinham como tema a paixão e a ressurreição de Jesus, daí as detalhadas e longas narrativas sobre esta paixão e ressurreição que encontramos nos quatro evangelhos. Predominava, então, o anúncio da morte meritória e redentora de Jesus, seguida de sua ressurreição gloriosa, anúncio este característico da pregação de Paulo, apóstolo. Com o evangelho de Marcos, em torno da década de 60, manifesta-se uma preocupação e ampliar este anúncio resgatando as memórias de Jesus de Nazaré, em sua vida terrena, seguindo-se os evangelhos de Mateus, Lucas e João. Em Atos dos Apóstolos, na fala de Pedro é destacada a ação terrena de Jesus de Nazaré, desde o batismo de João até sua morte na cruz, explicitamente atribuída aos judeus (primeira leitura).
Pode-se perceber que haviam duas tradições sobre a ressurreição: a mais primitiva versava sobre o encontro do túmulo vazio pelas mulheres, a qual foi complementada pela tradição das aparições de Jesus ressuscitado. No evangelho de Marcos encontra-se apenas a tradição do túmulo vazio, tendo sido feito um acréscimo tardio sobre as aparições. Em Mateus, Lucas, e João, percebe-se a juxtaposição destas duas tradições. Nesta narrativa de João sobre o encontro do túmulo vazio é mencionada a ida de Maria Madalena, a sós, ao túmulo. Maria Madalena vivencia o mesmo estado de alma que os demais discípulos. O detalhe, "ainda estava escuro", indica a desorientação e o desamparo dos discípulos. A comunidade sente-se perdida sem Jesus.
O túmulo é mencionado sete vezes, o que revela a predominância da idéia de Jesus morto. Jesus era o apoio da comunidade. Depois da crucifixão viam-no como aniquilado e passivo. Com isto sentem-se debilitados e impotentes. O "escuro" (skótos) lembra as trevas (skotías) e o caos primordiais aos quais se sucede a criação. Agora está em vias dos discípulos tomarem consciência da nova criação presente em Jesus, desde seu nascimento. Encontrando o túmulo vazio, Maria Madalena não percebe o sinal: com Jesus, não se trata de prestar culto a um morto em seu túmulo. Acha que tiraram o corpo e corre a avisar Pedro e o discípulo que Jesus amava. Ambos correm ao túmulo. Vêem apenas as faixas de linho e o pano.
A reação de Pedro não é mencionada. Porém o discípulo que Jesus amava vê e crê. Crê que a morte não interrompeu a vida. Ele é testemunha do amor eterno e divino de Jesus, manifesto na temporalidade, porém permanecendo sempre em comunhão de vida com o Pai. A este amor todos somos chamados. É o alcance do amor de Deus, que comunicando sua própria vida, situa a todos além da temporalidade e da morte: quem crê em Jesus permanecendo com ele no amor, já participa da ressurreição.
José Raimundo Oliva
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A ressurreição de Cristo
A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que "passou pelo mundo fazendo o bem" e que, por amor, Se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este "caminho" a todos os homens.
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida nunca podem ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).
1ª leitura: At. 10,34a.37-43 – AMBIENTE
A obra de Lucas (Evangelho e Atos dos Apóstolos) aparece entre os anos 80 e 90, numa fase em que a Igreja já se encontra organizada e estruturada, mas em que começam a surgir "mestres" pouco ortodoxos, com propostas doutrinais estranhas e, às vezes, pouco cristãs. Neste ambiente, as comunidades cristãs começam a necessitar de critérios claros que lhes permitam discernir a verdadeira doutrina de Jesus, da falsa doutrina dos falsos mestres.
Lucas apresenta, então, a Palavra de Jesus, transmitida pelos apóstolos sob o impulso do Espírito Santo: é essa Palavra que contém a proposta libertadora que Deus quer apresentar aos homens. Nos Atos, em especial, Lucas mostra como a Igreja nasce da Palavra de Jesus, fielmente anunciada pelos apóstolos; será esta Igreja, animada pelo Espírito, fiel à doutrina transmitida pelos apóstolos, que tornará presente o plano salvador do Pai e o fará chegar a todos os homens.
Neste texto, em concreto, Lucas propõe-nos o testemunho e a catequese de Pedro em Cesareia, em casa do centurião romano Cornélio. Convocado pelo Espírito (cf. Act 10,19-20), Pedro entra em casa de Cornélio, expõe-lhe o essencial da fé e batiza-o, bem como a toda a sua família (cf. At. 10,23b-48). O episódio é importante porque Cornélio é o primeiro pagão a cem por cento a ser admitido ao cristianismo por um dos Doze (o etíope de que se fala em At. 8,26-40 já era "prosélito", isto é, simpatizante do judaísmo). Significa que a vida nova que nasce de Jesus é para todos os homens.
MENSAGEM
O nosso texto é uma composição lucana, onde ecoa o "kerigma" primitivo. Pedro começa por anunciar Jesus como "o ungido", que tem o poder de Deus (v. 38a); depois, descreve a atividade de Jesus, que "passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos" (v. 38b); em seguida, dá testemunho da morte de Jesus na cruz (v. 39) e da sua ressurreição (v. 40); finalmente, Pedro tira as conclusões acerca da dimensão salvífica de tudo isto (v. 43b: "quem acredita n'Ele, recebe, pelo seu nome, a remissão dos pecados"). Esta catequese refere também, com alguma insistência, o testemunho dos discípulos que acompanharam, a par e passo, a caminhada histórica de Jesus (v. 39a.41.42).
Repare-se como a ressurreição de Jesus não é apresentada como um fato isolado, mas como o culminar de uma vida vivida na obediência ao Pai e na doação aos homens. Depois de Jesus ter passado pelo mundo "fazendo o bem e libertando todos os que eram oprimidos"; depois de Ele ter morrido na cruz como consequência desse "caminho", Deus ressuscitou-O. A vida nova e plena que a ressurreição significa, parece ser o ponto de chegada de uma existência posta ao serviço do projeto salvador e libertador de Deus. Por outro lado, esta vida vivida na entrega e no dom é uma proposta transformadora que, uma vez acolhida, liberta da escravidão do egoísmo e do pecado (v. 43).
E os discípulos? Eles são aqueles que aderiram a Jesus e que acolheram a sua proposta libertadora. Se a vida dos discípulos se identifica com a de Jesus, eles estão a "ressuscitar" (isto é, a renascer para a vida nova e plena). Além disso, eles são as testemunhas de tudo isto: é absolutamente necessário que esta proposta de ressurreição, de vida plena, de vida transfigurada, chegue a todos os homens. Trata-se de uma proposta de salvação universal que, através dos discípulos, deve atingir, todos os povos da terra, sem distinção. Os acontecimentos do dia do Pentecostes já haviam, aliás, anunciado a universalidade da proposta de salvação, apresentada por Jesus e testemunhada pelos apóstolos.
ATUALIZAÇÃO
• A ressurreição de Jesus é a consequência de uma vida gasta a "fazer o bem e a libertar os oprimidos". Isso significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se esforça por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e por fazer triunfar o amor, está a ressuscitar; significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se dá aos outros e manifesta, em gestos concretos, a sua entrega aos irmãos, está a construir vida nova e plena. Eu estou a ressuscitar (porque caminho pelo mundo fazendo o bem e libertando os oprimidos), ou a minha vida é um repisar os velhos esquemas do egoísmo, do orgulho, do comodismo?
• A ressurreição de Jesus significa, também, que o medo, a morte, o sofrimento, a injustiça, deixam de ter poder sobre o homem que ama, que se dá, que partilha a vida. Ele tem assegurada a vida plena – essa vida que os poderes do mundo não podem destruir, atingir ou restringir. Ele pode, assim, enfrentar o mundo com a serenidade que lhe vem da fé. Estou consciente disto, ou deixo-me dominar pelo medo, sempre que tenho de agir para combater aquilo que rouba a vida e a dignidade, a mim e a cada um dos meus irmãos?
• Aos discípulos pede-se que sejam as testemunhas da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e que caminha ao nosso lado nos caminhos da história. A nossa missão é testemunhar essa realidade; no entanto, o nosso testemunho será oco e vazio se o nosso testemunho não for comprovado pelo amor e pela doação (as marcas da vida nova de Jesus).
2 leitura: Col. 3,1-4 – AMBIENTE
Quando escreveu a Carta aos Colossenses, Paulo estava na prisão (em Roma?). Epafras, seu amigo, visitou-o e falou-lhe da "crise" por que estava a passar a Igreja de Colossos. Alguns doutores locais ensinavam doutrinas estranhas, que misturavam especulações acerca dos anjos (cf. Col. 2,18), práticas ascéticas, rituais legalistas, prescrições sobre os alimentos e a observância de determinadas festas (cf. Col. 2,16.21): tudo isso deveria (na opinião desses "mestres") completar a fé em Cristo, comunicar aos crentes um conhecimento superior de Deus e dos mistérios cristãos e possibilitar uma vida religiosa mais autêntica. Contra este sincretismo religioso, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo.
O texto que nos é proposto como segunda leitura é a introdução à reflexão moral da carta (cf. Col. 3,1-4,6). Depois de apresentar a centralidade de Cristo no projeto salvador de Deus (cf. Col. 1,13-2,23), Paulo recorda aos cristãos de Colossos que é preciso viver de forma coerente e verdadeiro o compromisso assumido com Cristo.
MENSAGEM
Neste texto, Paulo apresenta, como ponto de partida e base da vida cristã, a união com Cristo ressuscitado, na qual o cristão é introduzido pelo batismo. Ao ser batizado, o cristão morreu para o pecado e renasceu para uma vida nova, que terá a sua manifestação gloriosa quando ultrapassarmos, pela morte, as fronteiras da nossa vida terrena. Enquanto caminhamos ao encontro desse objetivo último, a nossa vida tem de tender para Cristo. Em concreto, isso significa despojarmo-nos do "homem velho" por um processo de conversão que nunca está acabado, e o revestirmo-nos – cada dia mais profundamente – da imagem de Cristo, de forma a que nos identifiquemos com Ele pelo amor e pela entrega da vida.
No texto de Paulo está bem presente a ideia de que temos que viver com os pés na terra, mas com a mente e o coração no céu: é lá que estão os bens eternos e a nossa meta definitiva ("afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra"). Daqui resulta um conjunto de exigências práticas que Paulo vai enumerar, de forma bem concreta, nos versículos seguintes (cf. Col. 3,5-4,1).
ATUALIZAÇÃO
• O batismo introduz-nos numa dinâmica de comunhão com Cristo ressuscitado. Tenho consciência de que o meu batismo significou um compromisso com Cristo? Quando, de alguma forma, tenho um papel ativo na preparação ou na celebração do sacramento do batismo, tenho consciência – e procuro passar essa mensagem – de que o sacramento não é um ato tradicional ou social (que, por acaso, até proporciona fotografias bonitas), mas um compromisso sério e exigente com Cristo?
• A minha vida tem sido uma caminhada coerente com esta dinâmica de vida nova que começou no dia em que fui batizado? Esforço-me, realmente, por me despojar do "homem velho", egoísta e escravo do pecado, e por me revestir do "homem novo", que se identifica com Cristo e que vive no amor, no serviço, na doação aos irmãos?
Evangelho – Jo 20,1-9 – AMBIENTE
Na primeira parte do quarto Evangelho (cf. Jo 4,1-19,42), João descreve a atividade criadora e vivificadora do Messias (o último passo dessa atividade destinada a fazer surgir o Homem Novo é, precisamente, a morte na cruz: aí, Jesus apresenta a última e definitiva lição – a lição do amor total, que não guarda nada para si, mas faz da sua vida um dom radical ao Pai e aos irmãos); na segunda parte (cf. Jo 20,1-31), João apresenta o resultado da ação de Jesus: a comunidade de Homens Novos, recriados e vivificados por Jesus, que com Ele aprenderam a amar com radicalidade. Trata-se dessa comunidade de homens e mulheres que se converteram e aderiram a Jesus e que, em cada dia – mesmo diante do sepulcro vazio – são convidados a manifestar a sua fé n'Ele.
MENSAGEM
O texto começa com uma indicação aparentemente cronológica, mas que deve ser entendida sobretudo em chave teológica: "no primeiro dia da semana". Significa que começou um novo ciclo – o da nova criação, o da Páscoa definitiva. Aqui começa um novo tempo, o tempo do homem novo, que nasce a partir da doação de Jesus.
A primeira personagem em cena é Maria Madalena: ela é a primeira a dirigir-se ao túmulo de Jesus, ainda o sol não tinha nascido, na manhã do "primeiro dia da semana". Ela representa a nova comunidade que nasceu da ação criadora e vivificadora do Messias; essa nova comunidade, testemunha da cruz, acredita – inicialmente – que a morte triunfou e vai procurar Jesus no sepulcro: é uma comunidade perdida, desorientada, insegura, desamparada, que ainda não conseguiu descobrir que a morte foi derrotada; mas, diante do sepulcro vazio, a nova comunidade apercebe-se de que a morte não venceu e que Jesus continua vivo.
Na sequência, João apresenta uma catequese sobre a dupla atitude dos discípulos diante do mistério da morte e da ressurreição de Jesus. Essa dupla atitude é expressa no comportamento de dois discípulos que, na manhã da Páscoa, correm ao túmulo de Jesus: Simão Pedro e um "outro discípulo" não identificado (mas que parece ser esse "discípulo amado", apresentado no Quarto Evangelho como modelo ideal do discípulo).
João coloca, aliás, estas duas figuras lado a lado em várias circunstâncias (na última ceia, é o "discípulo amado" que percebe quem está do lado de Jesus e quem O vai trair – cf. Jo 13,23-25; na paixão, é ele que consegue estar perto de Jesus no átrio do sumo sacerdote, enquanto Pedro O trai – cf. Jo 18,15-18.25-27; é ele que está junto da cruz quando Jesus morre – cf. Jo 19,25-27); é ele quem reconhece Jesus ressuscitado nesse vulto que aparece aos discípulos no lago de Tiberíades – cf. Jo 21,7). Nas outras vezes, o "discípulo amado" levou sempre vantagem sobre Pedro. Aqui, isso irá acontecer outra vez: o "outro discípulo" correu mais e chegou ao túmulo primeiro que Pedro (o fato de se dizer que ele não entrou logo pode querer significar a sua deferência e o seu amor, que resultam da sua sintonia com Jesus); e, depois de ver, "acreditou" (o mesmo não se diz de Pedro).
Provavelmente, o autor do Quarto Evangelho quis descrever, através destas figuras, o impacto produzido nos discípulos pela morte de Jesus e as diferentes disposições existentes entre os membros da comunidade cristã. Em geral Pedro representa, nos Evangelhos, o discípulo obstinado, para quem a morte significa fracasso e que se recusa a aceitar que a vida nova passe pela humilhação da cruz (Jo 13,6-8.36-38; 18,16.17.18.25-27; cf. Mc 8,32-33; Mt 16,22-23). Ao contrário, o "outro discípulo" é o "discípulo amado", que está sempre próximo de Jesus, que faz a experiência do amor de Jesus; por isso, corre ao seu encontro de forma mais decidida e "percebe" – porque só quem ama muito percebe certas coisas que passam despercebidas aos outros – que a morte não pôs fim à vida.
Esse "outro discípulo" é, portanto, a imagem do discípulo ideal, que está em sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro com um total empenho, que compreende os sinais e que descobre (porque o amor leva à descoberta) que Jesus está vivo. Ele é o paradigma do Homem Novo, do homem recriado por Jesus.
ATUALIZAÇÃO
• A lógica humana vai na linha da figura representada por Pedro: o amor partilhado até à morte, o serviço simples e sem pretensões, a entrega da vida, só conduzem ao fracasso e não são um caminho sólido e consistente para chegar ao êxito, ao triunfo, à glória; da cruz, do amor radical, da doação de si, não pode resultar realização, felicidade, vida plena. É verdade que é esta a perspectiva da cultura dominante; é verdade que é esta a perspectiva de muitos cristãos (representados na figura de Simão Pedro). Como me situo face a isto?
• A ressurreição de Jesus prova, precisamente, que a vida plena, a vida total, a transfiguração total da nossa realidade finita e das nossas capacidades limitadas passa pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas consequências. Tenho consciência disso? É nessa direção que conduzo a caminhada da minha vida?
• Pela fé, pela esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a semente da ressurreição (o próprio Jesus) é depositada na realidade do homem/corpo. Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, a ressuscitar, até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total (quando ultrapassarmos a barreira da morte física). Aqui começa, pois, a nova humanidade.
• A figura de Pedro pode também representar, aqui, essa velha prudência dos responsáveis institucionais da Igreja, que os impede de ir à frente da caminhada do Povo de Deus, de arriscar, de aceitar os desafios, de aderir ao novo, ao desconcertante, ao incompreensível. O Evangelho de hoje sugere que é, precisamente aí que, tantas vezes, se revela o mistério de Deus e se encontram ecos de ressurreição e de vida nova.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho - www.ecclesia.pt
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Jesus Ressuscitou!
"No primeiro dia da semana", Jesus Ressuscitou! Explode a vida, inicia a nova história da humanidade, nada é como dantes, tudo tem um novo sentido, positivo, definitivo. O anúncio daquele fato histórico - que é o tesouro na origem da comunidade crente - ecoa de casa em casa, de igreja em igreja, em todas as latitudes, em todos os ângulos do mundo; torna-se 'evangelho = bela notícia' para todos os povos. "O sepulcro vazio torna-se berço do cristianismo" (são Jerônimo. O sepulcro vazio marcou o passo decisivo da fé para João: ele correu até ao sepulcro, "inclinou-se, viu os panos pousados lá, mas não entrou"; depois entrou juntamente com Pedro, "viu e acreditou" (v. 4.5.8). Era o início da fé em Jesus ressuscitado, que mais tarde se reforçou quando o encontraram vivo. "O fato principal na história do cristianismo está num certo número de pessoas que afirmam terem visto o ressuscitado" (Sinclaire Lewis) .
Desde sempre, a Igreja missionária dá início a novas comunidades de fiéis anunciando que Jesus Cristo é o Filho de Deus, crucificado e ressuscitado. É Ele o motivo principal e o fundamento da missão. O fato histórico da ressurreição de Cristo, que teve lugar por volta do ano 30 da nossa era, constitui o núcleo central que dá força a toda a mensagem cristã, enquanto que a catequese enriquece os seus conteúdos e inspira a sua metodologia. A missão é portadora da mensagem de vida que é o próprio Cristo: Aquele que Vive pela sua ressurreição, depois da paixão e da morte. Este é o Kerigma, anúncio essencial para aqueles que ainda não são cristãos; anúncio fundamental também para despertar e purificar a fé daqueles que se ficam quase só pela primeira parte do mistério pascal. Há cristãos, na verdade, que se concentram quase só em Cristo sofredor na paixão, e quase não chegam a dar o salto da fé em Cristo ressuscitado. Parece-lhes mais fácil e mais consolador identificar-se com o Cristo morto, sobretudo quando vivem em situações de sofrimento, depressão, pobreza, humilhação, luto... Na verdade, uma tal consolação seria só aparente; a verdadeira consolação adquire solidez só com a fé em Cristo ressuscitado. A missão é um evento eminentemente pascal, porque afunda as suas raízes e os seus conteúdos na ressurreição de Cristo.
A fé é gradual: Maria de Magdala, Pedro e João correram ao sepulcro com a intenção de recuperar um cadáver desaparecido; estavam de todo impreparados para um acontecimento que não entrava nos seus cálculos; só mais tarde chegaram à fé no Senhor ressuscitado; e tornaram-se nas primeiras testemunhas e anunciadores corajosos (I leitura): "Nós somos testemunhas ... testemunhas escolhidas de antemão por Deus ... E mandou-nos anunciar ao povo e testemunhar... "(v. 39.41.42). Desde então, o caminho ordinário da transmissão da fé cristã é o testemunho de pessoas que acreditaram antes de nós. Por isso mesmo, nós professamos que a fé é apostólica: porque é radicada na fé dos apóstolos e no seu testemunho.
O testemunho, que une anúncio e coerência de vida, é a primeira forma de missão (cf. AG 11-12; EN 21; RMi 42-44). (*)
As verdadeiras testemunhas do Ressuscitado são pessoas 'contagiantes'. As pessoas transformadas pelo Evangelho de Jesus Cristo ressuscitado, que vivem os valores superiores do espírito (II leitura), são as únicas capazes de contagiar outras pessoas e interessá-las nos mesmos valores: tais como a aceitação e a serenidade no sofrimento, a esperança perante a morte, a oração como abandono nas mãos do Pai, a alegria no serviço aos outros; a honestidade a toda a prova, a humildade e o autocontrole, a promoção do bem dos outros, a atenção aos necessitados e aos últimos, o testemunho do Invisível... Assim se compreende e se realiza a missão de maneira capilar, ainda antes e melhor do que através das estruturas hierárquicas. "Celebra a Páscoa com Cristo só quem sabe amar, sabe perdoar... com um coração grande como o mundo, sem inimigos, sem rancores", como ensinava numa catequese mons. Óscar Arnulfo Romero, morto em São Salvador, a 24 de março de 1980.
Esta é a notícia bela de que o mundo precisa; o Evangelho que todos têm o direito de conhecer! E que a Igreja missionária deve levar a todos os povos.
(*) "O anúncio tem a prioridade permanente, na missão... O anúncio tem por objeto Cristo crucificado, morto e ressuscitado: por meio d'Ele se realiza a plena e autêntica libertação do mal, do pecado e da morte; n'Ele Deus dá a «vida nova», divina e eterna. É esta a «Boa Nova», que muda o homem e a história da humanidade, e que todos os povos têm o direito de conhecer" ( João Paulo II)
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Domingo de Páscoa, 24/04/2011
Jo 20,1-9
Jesus vive! Jesus ressuscitou! - Carlos Mesters,
A frase, "Quando ainda estava escuro‑ (v.1), significa que os dicípulos de Jesus ainda estavam na escuridão da morte (cf Lc 1,79) porque a fé deles ainda não se despertara para o Dia da Ressurreição (cf.v.9). Sair da noite da falta de fé e despertar‑se para a aurora da ressurreição é um caminho pessoal lento e árduo. É necessário ir atrás do Senhor, à sua procura mesmo às apalpadelas, no bojo da escuridão pôr‑se a caminho e correr (cf.v.4). Com efeito, a aurora da ressurreição vai surgindo lentamente das entranhas da noite. Mesmo no escuro, Maria Madalena vê a pedra retirada do túmulo (v. 1 ). O outro discípulo vê os panos de linho rio sepulcro e, finalmente Pedro contempla os panos e o sudário dobrado posto à parte (vv.6‑7). 0 discípulo que havia chegado primeiro ao tumulo viu e acreditou (v.8). Este ver que produza fé não é simplesmente ver com os olhos que vêem as evidências do túmulo vazio e dos panos, mas sim a evidência do encontro que descobre o essencial invisível aos olhos. Todos os testemunhos visíveis da ressurreição de Jesus bem como de seu ministério terrestre, permanecem mudos sem a iluminação da fé que brota no encontro. De fato, Maria Madalena diante do túmulo vazio, prova visível da ressurreição, se retira horrorizada pensando que haviam roubado o corpo do seu Senhor. Mas quando, no mesmo túmulo vazio, ela o encontra (v. 16), a fé desponta em seu coração e ela é iluminada pelo Imenso que irrompe na sua escuridão. Por isso, agora, o túmulo vazio passa de lugar de horror, a tempo do feliz encontro com o Senhor Ressuscitado. Aquele primeiro dia da semana torna‑se dia do Senhor. É o Domingo cristão dia em que Jesus é reconhecido como vencedor da morte e de todas as escravidões. Manifestemos nossa alegria e firmemos nosso compromisso de levar adiante o projeto de libertação!
É festa da Ressurreição! Proclamemos Cristo Ressuscitado como Caminho Verdade e Vida!
Frei Carlos Mesters, O.Carm
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