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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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domingo, 24 de julho de 2011

UM TESOURO ESCONDIDO NO CAMPO

 

HOMILIAS PARA O

 PRÓXIMO DOMINGO

24 DE JULHO – 2011

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UM TESOURO ESCONDIDO NO CAMPO

Introdução

O maior tesouro que podemos possuir não é a opulência dos bens materiais, nem o acúmulo de muito dinheiro, mas sim o viver na presença de Deus, por Jesus Cristo. E isto nós só vamos descobrir somente no fim da nossa vida. Porque quando somos jovens ou adultos, temos uma visão diferente da vida, temos outra escala de valores. Como temos energia de sobra e um futuro pela frente, entendemos que precisamos de todo dinheiro que pudermos ganhar, para conquistar uma vida confortável, tanto para nós como para os nossos familiares. Isto faz parte da nossa tendência ao progresso pessoal, e da sobrevivência; e até certo ponto não tem nada ou quase nada de errado. Faz parte da vida. Porém se for um caso de apego exagerado aos bens materiais, a coisa muda de figura. O viver para ter, como se a vida se resumisse na faze terena. Isso é uma grande tolice, para não dizer uma palavra mais agressiva.

Segundo a nossa ótica ou a nossa lógica humana, é difícil entender o significado do Reino dos Céus. Foi por isso que Jesus usou essa parábola para  tentar nos explicar a importância do Reino dos Céus. Pois Ele sabe que o nosso apego a esta vida nos faz investir tudo para termos cada vez mais bens materiais, conforto, prazer e poder. Isto porque temos dificuldade de acreditar na outra vida, e já que estamos aqui nesta realidade, tratemos de aproveitá-la o máximo que pudermos. É isso o que pensamos.

Mas Jesus pensa diferente de nós. Jesus no Evangelho de hoje inverte os valores. Ao invés de nos aconselhar a investir tudo no nosso futuro terreno, ele nos aconselha a investir tudo, absolutamente tudo, no futuro da nossa alma. Porque isto é o mais importante para nós, muito embora muita gente não consegue entender, não consegue ver nem perceber.   

Imagine se um sujeito encontra um sítio, uma fazenda, um terreno no qual ele fica sabendo que lá há uma mina de ouro, um grande filão de ouro, um verdadeiro tesouro. Ele vende tudo o que possui para comprar aquela propriedade, porém tem de enfrentar a pressão de seus familiares, pois não entendem a sua alucinação por aquela aquisição tão repentina. E o pior é ele não pode revelar o grande segredo. Pois se abrir a boca, a notícia correrá num instante e  não conseguirá mais comprar aquela preciosidade.

Do mesmo modo, se soubéssemos quão maravilhosos é o que Deus preparou para aqueles que crêem e que o amam, se conhecêssemos nos mínimos detalhes com é maravilhosa a vida eterna, não nos importaríamos tanto com as coisas desta vida, e viveríamos nos preparando para um dia alcançarmos a grande graça do merecimento da salvação eterna.

Mais infelizmente, o que acontece, é que por mais que os evangelizadores se esforcem para mostrar as maravilhas de Deus ao mundo, as pessoas não confiam, não esperam, não se arriscam, e sempre com uma pontinha de dúvida, continuam apegadas a esta vida limitada e passageira, investindo tudo no viver imediato, aproveitando tudo que têm direito, em vez de depositar sua confiança nas palavras de Cristo quando falou do Reino dos Céus  e da vida eterna.

Vender tudo para comprar aquele terreno que contem um tesouro significa dar tamanha preferência a amizade de Deus ao ponto de colocarmos tudo o que  possuímos em segundo plano, e colocar o projeto de Deus em primeiro plano em nossa vida. Não se trata exatamente de jogar o carro no abismo, ou de botar fogo na nossa casa, mais sim de não nos apegar a essas coisas, e usá-las apenas por uma questão de necessidade de uma vida digna, pois afinal precisamos de abrigo e transporte. Porém, a nossa prioridade primeira é o Reino dos Céus. Quando alguém se entrega totalmente ao Plano de Deus, respirando o Evangelho 24 horas, mesmo que tenha de administrar a sua vida, esse alguém está agindo como aquele que vendeu tudo para comprar o tesouro até então escondido no campo.

Somente quem chega a ao ponto descobrir a alegria de viver na presença de Deus é que é capaz de entender o que estamos dizendo aqui.

Caríssimos. Vamos colocar tudo em segundo plano em nossa vida terrena, e dedicarmos o que resta dela para viver e transmitir a palavra de Deus, saboreando antecipadamente o vislumbre, o delírio das alegrias celestiais. Amém.   

 Sal.

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O reino dos céus está escondido dentro do nosso coração!

                                     Jesus insiste em nos falar sobre o reino dos céus para que a gente perceba que ele acontece em nós e se manifesta na nossa vida. Assim é que Ele nos dá a dica: o reino dos céus está escondido dentro do nosso coração! Jesus compara o reino dos céus a um tesouro e a uma pérola de grande valor que foi encontrada por alguém. Em ambos os casos a pessoa que os encontra se alegra e vende tudo o que tem para poder adquirir aquele tesouro. O vender tudo significa trocar a mentalidade velha por uma veste nova, restaurada de esperança. Quando nós descobrimos que dentro de nós há a riqueza do reino de Deus, do amor do céu, aos poucos nós vamos tomando tudo aquilo que estava em nós e que nos amarravam a vida e, vamos nos apossando da riqueza que gera, amor, paz, alegria, consolo, fortaleza, mansidão, compreensão, esperança, vitória, felicidade, mesmo no meio das dificuldades.

                              O reino dos céus é ainda comparado com uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todos os tipos. Os peixes bons são recolhidos pelos pescadores e os que não prestam são jogados fora. Assim acontece também com o discípulo do reino dos céus, dentro de si há coisas novas e coisas velhas que não têm serventia. Todas as graças, todos os bens, todos os dons, todas as bênçãos de Deus estão acumulados e escondidos dentro de nós até o dia em que nós mesmos os descobrimos. Porém, dentro de nós há também, rancor, rebeldia, ressentimento, desejos impuros, interesses e muitas coisas de que nós nem nos damos conta. Por isso, é que a ação do reino dos céus acontece dentro do nosso coração na medida em que nós experimentamos o poder do Espírito Santo e nos entregamos a Ele para uma radical transformação.

                           A mentalidade do céu vai aos pouco nos impregnando. Contudo, não é de uma hora para outra que as coisas acontecem. A nossa conversão requer um exercício de vida. E no decorrer da nossa existência este tesouro que está dentro de nós será distribuído entre aqueles que estão perto de nós e que precisam conhecer também tudo o que nós já conhecemos. – Faça a sua reflexão: O tesouro e a pérola são o AMOR DE DEUS manifestado em Jesus Cristo. Você já o encontrou? E o que está faltando para você se apossar desse tesouro? Você já pensou no que você terá que se desfazer para que este tesouro seja seu? – Se você já o encontrou, o que você tem feito com esse tesouro? A que você ainda está se apegando que não consegue sentir este Amor totalmente na sua vida?

Amém

Abraço carinhoso de

Maria Regina

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"Encontrastes o Reino da Libertação?" – Claudinei M. Oliveira

       

Domingo, 24 de julho de 2011.

Evangelho – Mt 13,44-52

             Neste domingo em que voltamos nossa atenção para o Pai, nos abastecemos de sua Palavra e da Eucaristia para fortificarmos na construção do Reino da Justiça. Na simplicidade e no modo dócil de falar, Jesus nos motiva a buscar o Reino aqui na terra, mas é preciso ficar atentos para perceber a grandeza da Criação. Ele compara o Reino com um tesouro ou com uma pérola. Pois aquele que descobre o novo mundo do amor jamais quer deixá-lo. Apossa-se desse tesouro para viver na alegria e na felicidade.

            O desânimo da pessoa distancia de Deus. A vida passa a não ter sentido, pois tudo torna-se  mecânico, repetitivo e obrigatório. A pessoa acredita que viver é cumprir um tempo necessário na terra e depois tudo acaba quando morrer. Não encontra objetivo para mudar de atitude, dar novo rumo na vida e/ou transformar a realidade vivida. Tudo está perdido. Neste caso, a pessoa vive nas trevas. Não é capaz de enxergar uma saída. A obscuridade pessoal inibe a busca é o desejo de ser diferente. Perdeu o encanto. Sem encanto entra na solidão, no stresse, no abandono, no vício de que ninguém gosta de mim. Assim passa a viver isolado e vegetando.

            Na parábola quando Jesus afirma que o Reino dos Céus é comparado com um tesouro encontrado por alguém, Jesus está enaltecendo a alegria e a felicidade do homem que agora pode deslumbrar seu erário. Qual o sentido de um tesouro para uma pessoa? O que ganhará com o tesouro? Na verdade o indivíduo usufruirá com toda sagacidade do bem encontrado. Podemos dizer que vai se dar bem! Agora pode mudar de vida! Pode conquistar algo que sempre desejou, mas por motivo óbvio não pode ter conquistado anteriormente. Agora, ele está feliz, ou seja, ele se encontrou.

            Contudo, temos o encontro da liberdade. Significa que a liberdade foi descoberta e a opressão não mais oprimirá. Foi descortinado o novo mundo: o mundo das possibilidades, dos ganhos coletivos, do desejo alcançado, das metas traçadas e realizadas, da harmonia entre os irmãos,  da fraternidade e do amor.

            A cegueira que outrora  não permitia visualizar a realidade a ser construída foi desfeita. O passado nebuloso não pode ser mais recuperado, pois voltará a  maltratar. Isto não pode acontecer. Entretanto, toda a atenção voltará para a nova vida de libertação e da justiça.

            Este é o reino de Deus: Reino da libertação e da justiça entre os irmãos. Este é o tesouro que estava escondido e foi encontrado para realizar novas obras.  Este tesouro deve ser bem cuidado, pois norteará novos projetos de reestruturação social. Dará chances para o povo sofrido, amolecerá os corações  duros e fechados.

            Ao encontrar o Reino dos Céus nas ações  na terra, toda a maldade que desvirtua o homem não encontrará espaço para preencher. Ela será banida dentre os homens.

            Quando o homem encontra o Reino dos Céus começa a separar o que é bom do que não vale a pena preservar. Mas o que não vale a pena conservar entre os homens? Respondo: são tantas as coisas que devem ser banidas na vida do homem na comunidade; a corrupção, o ódio, as mazelas sociais, a miséria, a fome, a violência, o desprezo, a concentração de renda nas mãos de uma minoria, as leis que privilegiam os pequenos grupos, os vícios maléficos, a prostituição, a avareza, a ganância, o individualismo, o preconceito, o abandono das crianças e dos idosos e as tentativas de inibir  a aproximação do outro.  Tenho certeza que há outros males a serem exauridos dentre os homens, mas agora temos uma pequena idéia do que não adianta cultivar na vida social.

            Todavia, para que o tesouro que é o Reino dos Céus seja vivificado eternamente, o cristão deve divulgar para outras pessoas. Caso esconda somente para si, não haverá partilha, logo para acontecer o Reino dos Céus é necessário existir a divisão deste Reino. Este por sua vez é coletivo e não individualista!  Se por um acaso guardar para si, estará cometendo o erro dos homens capitalistas: querem tudo para si e não aceita dividir o bem encontrado com outro. Esta meta não pode ser cogitada naquele que encontrou a libertação do Reino.

            Caro leitor, procure sempre buscar as coisas boas do Pai. Não caia na tentação das ilusões do mundo presente. Procure amar a Deus, fazer as coisas de Deus, libertar-se para Deus. O tesouro  que procuramos não está escondido. Está presente  no Pai quando reconhecemos que Ele é a justiça e a perfeição que buscamos. Uma vez comungando da Palavra que envereda para o Reino, nunca mais queremos sair ou deixar de vivenciar. Pois acabou de encontrar algo maravilhoso que mudou a vida para sempre.

            Somente Deus pode mudar nossa vida para melhor. Não existe força mais poderosa e mais sustentadora do que a ação de Deus em nossa vida. Até gloriamos momentaneamente quando  o prazer  terreno nos encontre. Ficamos felizes. Mas não passa de momentos  que vão, mas deixa um rastro de infelicidade e amargura. Porém, quando a felicidade vem mesclada de força de Deus, ela não vai embora, ela consome nosso ser. Assim, nossa vida está contrita no tesouro que é o Reino dos Céus. 

            Ao compreender tudo o que Jesus tinha explicado aos discípulos quanto ao Reino dos Céus, Ele acrescentou: todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. Assim, quando dispomos a serem discípulos do Reino nos encorajamos de pegar os ensinamentos da bíblia (tesouro valioso velho) e anunciamos maravilhados os valores contidos. São valores que prezam por paz e unidade fraterna entre os irmãos. Fazer com que o outro sinta este desejo de absorver  a retidão da paz e unidade fraterna  é o papel do discípulo corajoso que está a serviço do Evangelho na construção do Reino.

 

            Portanto, para encontrar o Reino da Libertação é preciso tirar as máscaras que nos escondem da realidade de Deus. O Reino da Libertação acontece para os destemidos e crentes na fé  e na Ressurreição de Cristo. Ou seja, Naquele que veio ao mundo com propósito de libertar o homem do pecado e para tanto morreu por causa do pecado do homem que não queria a liberdade. Assim, há mais de dois mil anos que o Reino foi apresentado para a humanidade, não tem como dizer que desconhece, agora  é a hora de encontrar  este tesouro escondido é maravilhar-se com o Reino da justiça e da libertação. Que assim seja, amém!


--

Claudinei M. de Oliveira

Tenha a Paz de Cristo em seu Coração!

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O Tesouro Escondido

Homilia do Mons. José Maria – XVII Domingo do Tempo Comum – Ano A

O Evangelho (Mt 13,44-52) continua a série de parábolas sobre o Reino dos Céus. O ensinamento de Jesus é particularmente vivo e apto para mover a mente e o coração e, por conseguinte, para levar à ação. Jesus compara o Reino dos Céus "a um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo" (Mt 13,44). Ou ainda, "a um negociante que andava em busca de pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola" (Mt 13, 45-46). Nos dois casos, por duas vezes se fala em vender: vender significa desfazer-se do que é seu. Para possuir o Reino dos Céus as pessoas deverão desfazer-se de si mesmas, dos valores falsos deste mundo, do apego aos bens materiais. Vale apena vender tudo para possuir o tesouro do Reino! O Reino dos Céus – o Evangelho, o cristianismo, a graça, a amizade com Deus – é o tesouro escondido, mas presente no mundo; muitos o têm próximo, mas não o descobrem, ou antes, mesmo descoberto, não sabem dar-lhe o respectivo valor e descuidam-no, preterindo-o ao reino material: aos prazeres, às riquezas e às satisfações de vida terrena. Somente quem dispõe de um coração compreensivo para "distinguir o bem do mal" (1Rs 3,9), o eterno do transitório, a aparência do que é essencial, saberá tomar a decisão de "vender tudo quanto possui" para o adquirir. Jesus não pede pouco a quem quer alcançar o Reino; pede-lhe tudo. Mas também é certo que não lhe promete pouco; promete-lhe tudo: a vida eterna e a eterna e beatificante comunhão com Deus. Se o homem, para conservar a vida terrena, está disposto a perder a todos os seus bens, porque não se dispõe a fazer outro tanto, ou mais ainda, para conseguir para si a vida eterna?

Nas duas parábolas, mesmo sendo parecidas entre si, apresentam diferenças dignas de nota: O tesouro significa a abundância de dons; a pérola, a beleza do Reino. O tesouro apresenta-se de repente, a pérola supõe, pelo contrário, uma busca esforçada; mas em ambos os casos o que encontra fica inundado de uma profunda alegria. Assim é a fé, a vocação, a verdadeira sabedoria, o desejo do céu: por vezes, apresenta-se de modo inesperado, outras segue-se a uma intensa busca. A atitude do homem, em ambas as parábolas, está descrita com os mesmos termos: "vai e vende tudo o quanto tem e compra-a: o desprendimento, a generosidade, é condição indispensável para o alcançar.

"O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar que apanha peixes de todo o tipo" (Mt13,47). Esta rede lançada ao mar é imagem da Igreja, em cujo seio há justos e pecadores: até o fim dos tempos, haverá nela santos, como haverá os que abandonaram a casa paterna, dilapidando a herança recebida no Batismo; e uns e outros pertencem a ela, ainda que de modo diverso.

Como recorda o Beato João Paulo II, a Igreja "é Mãe, na qual renascemos para uma vida nova em Deus; uma mãe deve ser amada. Ela é santa no seu Fundador, nos seus meios e na sua doutrina, mas formada por homens pecadores; temos que contribuir para melhorá-la e ajudá-la a uma fidelidade sempre renovada, que não se consegue com críticas corrosivas" (Homilia em Barcelona, 1982).

A Igreja é fonte de santidade e causa da existência de tantos santos ao longo dos séculos.

Todos os membros da Igreja são chamados à santidade, "quer pertençam à Hierarquia, quer sejam por ela apascentados" (LG, 39).

Peçamos ao Senhor que nós, membros do Povo de Deus, do seu Corpo Místico, cresçamos em santidade pessoal e sejamos assim bons filhos da Igreja. "São precisos –  diz o Beato João Paulo II – arautos do Evangelho, peritos em humanidade que conheçam a fundo o coração do homem de hoje, participem das suas alegrias e esperanças, das suas angústias e tristezas e ao mesmo tempo, sejam contemplativos, enamorados de Deus. Para isto, são precisos novos santos. Os grandes evangelizadores da Europa foram os santos. Devemos suplicar ao Senhor que aumente o espírito de santidade na Igreja e nos envie novos santos para evangelizar o mundo de hoje" (Discurso ao Simpósio de Bispos Europeus, 1985).

Amemos, cada vez mais, a Igreja de Cristo! Se amamos a Igreja, nunca surgirá em nós esse interesse mórbido em ventilar, como culpa da Mãe, as misérias de alguns dos filhos.

Façamos nossa a oração de Salomão: "Senhor, dá, pois, ao teu servo um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal" (1Rs 3,9). Que na procura do Tesouro e da Pérola Preciosa, os obstáculos nunca nos desanimem, "pois, tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus…" (Rm 8, 28).

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – XVII Domingo do Tempo Comum – Ano A

Ensinados pelo Espírito Santo

Conta-se que certa vez o rei Tâmus perguntou a Teuto qual era a vantagem das suas letras alfabéticas, este último respondeu: "Servem para despertar a memória". Ao que o rei replicou: "eu opino justamente o contrário, pois os homens, servindo-se desses caracteres, porão tudo no papel e não conservarão nada na memória". Será que foi assim mesmo? Uma coisa é certa: hoje em dia temos tanta informação e carecemos de formação. Ainda que passemos duas horas na internet, 45 minutos vendo o jornal na TV, outros 10 repassando qualquer jornal escrito, pode ser que sejamos pessoas até bem informadas, mas com todos esses elementos não significa que sejamos homens ou mulheres bem formados.

Para formar-nos cristãmente e para exercitar a nossa memória desde o ponto de vista espiritual a oração é imprescindível. É nela onde os conteúdos da fé penetram cada vez mais nos nossos corações e na qual a fé vai fazendo-se cada vez mais vida no nosso agir cotidiano. Talvez seja por isso que muitos cristãos tenham se esquecido da dimensão evangelizadora da sua vocação, quiçá seja por isso que muitos pregadores não consigam os objetivos desejados, talvez seja por isso que a nossa fé às vezes diminui em lugar de ir em aumento constante… porque não rezamos ou rezamos mal. Há que orar. É na oração onde somos ensinados pelo Espírito Santo.

Falávamos nos domingos anteriores das "estratégias" apostólicas, da importância da formação e do estudo, hoje estamos refletindo mais especificamente sobre a centralidade da escuta a Deus na oração, de sermos formados por Jesus na oração, de sermos dóceis ao Espírito Santo. A nossa formação tende a que nos pareçamos cada dia mais a Cristo. Cada filho de Deus deve ser cristo (um ungido) para os seus semelhantes e apontar sempre rumo à meta: Jesus Cristo, nosso único Senhor e Salvador. É preciso conhecer a Jesus através do estudo, mas também e principalmente através da oração, da vivência com ele. O cristão que se habitua a falar com Deus, a ler as coisas de Deus, a alimentar-se de Deus no sacramento da eucaristia, a viver as virtudes humanas e sobrenaturais, vai sendo "endeusado", "divinizado".

S. Gregório Magno afirmou que quando se lê frequentemente as palavras divinas as entendemos cada vez melhor. É lógico: qualquer texto, lido uma segunda ou uma terceira vez, se entende melhor do que quando o havíamos lido pela primeira vez. No entanto, nas palavras de S. Gregório se pode ver mais uma coisa: se trata de ler palavras divinas. O autor estaria pensando na Sagrada Escritura. De fato, o texto citado se encontra numa homilia do grande Papa Gregório ao livro de Ezequiel. A meditação constante da Sagrada Escritura nos vai dando cada vez mais um acesso maior ao coração de Deus. Ademais, a leitura cristã do texto sagrado é feita com a assistência do Espírito Santo. É muito aconselhável começar a leitura da Escritura com alguma oração ao Espírito Santo para que ilumine o nosso entendimento e desperte a nossa vontade. Que o Espírito nos faça ver as coisas de uma maneira sapiencial, ou seja, vendo-nos implicado naquelas coisas que lemos observando as consequências práticas para a nossa vida.

Trata-se, em definitiva, de que sejamos instruídos por Deus nas coisas do seu Reino tanto para que o seu reinado cresça em nós quanto para que ele conte com a nossa ajuda na extensão do mesmo. "Todos serão ensinados por Deus" (Jo 6,45). Essas palavras aparecem na boca de Jesus, que cita o profeta Isaías (54,13). Ser ensinados por Deus significa também descobrir todos os dias um pouco mais das belezas insondáveis do coração de Cristo. Animemo-nos a descobrir a beleza das coisas de Deus. Não são enjoadas, não são repetitivas, não são coisas impossíveis para nós. Desde que o Filho unigênito de Deus se fez homem – algo que parecia impossível! – temos acesso à vida de Deus. É possível! Não há dúvida de que é preciso ter fé e que essa fé aumente cada vez mais. Se a nossa sintonia com Deus for constante saberemos dizer também aos outros como pegar essa rádio na qual se escuta a Deus: oração.

Pe. Françoá Costa

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O Tesouro Escondido

Homilia do Mons. José Maria – XVII Domingo do Tempo Comum – Ano A

O Evangelho (Mt 13,44-52) continua a série de parábolas sobre o Reino dos Céus. O ensinamento de Jesus é particularmente vivo e apto para mover a mente e o coração e, por conseguinte, para levar à ação. Jesus compara o Reino dos Céus "a um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo" (Mt 13,44). Ou ainda, "a um negociante que andava em busca de pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola" (Mt 13, 45-46). Nos dois casos, por duas vezes se fala em vender: vender significa desfazer-se do que é seu. Para possuir o Reino dos Céus as pessoas deverão desfazer-se de si mesmas, dos valores falsos deste mundo, do apego aos bens materiais. Vale apena vender tudo para possuir o tesouro do Reino! O Reino dos Céus – o Evangelho, o cristianismo, a graça, a amizade com Deus – é o tesouro escondido, mas presente no mundo; muitos o têm próximo, mas não o descobrem, ou antes, mesmo descoberto, não sabem dar-lhe o respectivo valor e descuidam-no, preterindo-o ao reino material: aos prazeres, às riquezas e às satisfações de vida terrena. Somente quem dispõe de um coração compreensivo para "distinguir o bem do mal" (1Rs 3,9), o eterno do transitório, a aparência do que é essencial, saberá tomar a decisão de "vender tudo quanto possui" para o adquirir. Jesus não pede pouco a quem quer alcançar o Reino; pede-lhe tudo. Mas também é certo que não lhe promete pouco; promete-lhe tudo: a vida eterna e a eterna e beatificante comunhão com Deus. Se o homem, para conservar a vida terrena, está disposto a perder a todos os seus bens, porque não se dispõe a fazer outro tanto, ou mais ainda, para conseguir para si a vida eterna?

Nas duas parábolas, mesmo sendo parecidas entre si, apresentam diferenças dignas de nota: O tesouro significa a abundância de dons; a pérola, a beleza do Reino. O tesouro apresenta-se de repente, a pérola supõe, pelo contrário, uma busca esforçada; mas em ambos os casos o que encontra fica inundado de uma profunda alegria. Assim é a fé, a vocação, a verdadeira sabedoria, o desejo do céu: por vezes, apresenta-se de modo inesperado, outras segue-se a uma intensa busca. A atitude do homem, em ambas as parábolas, está descrita com os mesmos termos: "vai e vende tudo o quanto tem e compra-a: o desprendimento, a generosidade, é condição indispensável para o alcançar.

"O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar que apanha peixes de todo o tipo" (Mt13,47). Esta rede lançada ao mar é imagem da Igreja, em cujo seio há justos e pecadores: até o fim dos tempos, haverá nela santos, como haverá os que abandonaram a casa paterna, dilapidando a herança recebida no Batismo; e uns e outros pertencem a ela, ainda que de modo diverso.

Como recorda o Beato João Paulo II, a Igreja "é Mãe, na qual renascemos para uma vida nova em Deus; uma mãe deve ser amada. Ela é santa no seu Fundador, nos seus meios e na sua doutrina, mas formada por homens pecadores; temos que contribuir para melhorá-la e ajudá-la a uma fidelidade sempre renovada, que não se consegue com críticas corrosivas" (Homilia em Barcelona, 1982).

A Igreja é fonte de santidade e causa da existência de tantos santos ao longo dos séculos.

Todos os membros da Igreja são chamados à santidade, "quer pertençam à Hierarquia, quer sejam por ela apascentados" (LG, 39).

Peçamos ao Senhor que nós, membros do Povo de Deus, do seu Corpo Místico, cresçamos em santidade pessoal e sejamos assim bons filhos da Igreja. "São precisos –  diz o Beato João Paulo II – arautos do Evangelho, peritos em humanidade que conheçam a fundo o coração do homem de hoje, participem das suas alegrias e esperanças, das suas angústias e tristezas e ao mesmo tempo, sejam contemplativos, enamorados de Deus. Para isto, são precisos novos santos. Os grandes evangelizadores da Europa foram os santos. Devemos suplicar ao Senhor que aumente o espírito de santidade na Igreja e nos envie novos santos para evangelizar o mundo de hoje" (Discurso ao Simpósio de Bispos Europeus, 1985).

Amemos, cada vez mais, a Igreja de Cristo! Se amamos a Igreja, nunca surgirá em nós esse interesse mórbido em ventilar, como culpa da Mãe, as misérias de alguns dos filhos.

Façamos nossa a oração de Salomão: "Senhor, dá, pois, ao teu servo um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal" (1Rs 3,9). Que na procura do Tesouro e da Pérola Preciosa, os obstáculos nunca nos desanimem, "pois, tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus…" (Rm 8, 28).

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – XVII Domingo do Tempo Comum – Ano A

Ensinados pelo Espírito Santo

Conta-se que certa vez o rei Tâmus perguntou a Teuto qual era a vantagem das suas letras alfabéticas, este último respondeu: "Servem para despertar a memória". Ao que o rei replicou: "eu opino justamente o contrário, pois os homens, servindo-se desses caracteres, porão tudo no papel e não conservarão nada na memória". Será que foi assim mesmo? Uma coisa é certa: hoje em dia temos tanta informação e carecemos de formação. Ainda que passemos duas horas na internet, 45 minutos vendo o jornal na TV, outros 10 repassando qualquer jornal escrito, pode ser que sejamos pessoas até bem informadas, mas com todos esses elementos não significa que sejamos homens ou mulheres bem formados.

Para formar-nos cristãmente e para exercitar a nossa memória desde o ponto de vista espiritual a oração é imprescindível. É nela onde os conteúdos da fé penetram cada vez mais nos nossos corações e na qual a fé vai fazendo-se cada vez mais vida no nosso agir cotidiano. Talvez seja por isso que muitos cristãos tenham se esquecido da dimensão evangelizadora da sua vocação, quiçá seja por isso que muitos pregadores não consigam os objetivos desejados, talvez seja por isso que a nossa fé às vezes diminui em lugar de ir em aumento constante… porque não rezamos ou rezamos mal. Há que orar. É na oração onde somos ensinados pelo Espírito Santo.

Falávamos nos domingos anteriores das "estratégias" apostólicas, da importância da formação e do estudo, hoje estamos refletindo mais especificamente sobre a centralidade da escuta a Deus na oração, de sermos formados por Jesus na oração, de sermos dóceis ao Espírito Santo. A nossa formação tende a que nos pareçamos cada dia mais a Cristo. Cada filho de Deus deve ser cristo (um ungido) para os seus semelhantes e apontar sempre rumo à meta: Jesus Cristo, nosso único Senhor e Salvador. É preciso conhecer a Jesus através do estudo, mas também e principalmente através da oração, da vivência com ele. O cristão que se habitua a falar com Deus, a ler as coisas de Deus, a alimentar-se de Deus no sacramento da eucaristia, a viver as virtudes humanas e sobrenaturais, vai sendo "endeusado", "divinizado".

S. Gregório Magno afirmou que quando se lê frequentemente as palavras divinas as entendemos cada vez melhor. É lógico: qualquer texto, lido uma segunda ou uma terceira vez, se entende melhor do que quando o havíamos lido pela primeira vez. No entanto, nas palavras de S. Gregório se pode ver mais uma coisa: se trata de ler palavras divinas. O autor estaria pensando na Sagrada Escritura. De fato, o texto citado se encontra numa homilia do grande Papa Gregório ao livro de Ezequiel. A meditação constante da Sagrada Escritura nos vai dando cada vez mais um acesso maior ao coração de Deus. Ademais, a leitura cristã do texto sagrado é feita com a assistência do Espírito Santo. É muito aconselhável começar a leitura da Escritura com alguma oração ao Espírito Santo para que ilumine o nosso entendimento e desperte a nossa vontade. Que o Espírito nos faça ver as coisas de uma maneira sapiencial, ou seja, vendo-nos implicado naquelas coisas que lemos observando as consequências práticas para a nossa vida.

Trata-se, em definitiva, de que sejamos instruídos por Deus nas coisas do seu Reino tanto para que o seu reinado cresça em nós quanto para que ele conte com a nossa ajuda na extensão do mesmo. "Todos serão ensinados por Deus" (Jo 6,45). Essas palavras aparecem na boca de Jesus, que cita o profeta Isaías (54,13). Ser ensinados por Deus significa também descobrir todos os dias um pouco mais das belezas insondáveis do coração de Cristo. Animemo-nos a descobrir a beleza das coisas de Deus. Não são enjoadas, não são repetitivas, não são coisas impossíveis para nós. Desde que o Filho unigênito de Deus se fez homem – algo que parecia impossível! – temos acesso à vida de Deus. É possível! Não há dúvida de que é preciso ter fé e que essa fé aumente cada vez mais. Se a nossa sintonia com Deus for constante saberemos dizer também aos outros como pegar essa rádio na qual se escuta a Deus: oração.

Pe. Françoá Costa

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UM TESOURO ESCONDIDO NO CAMPO

 

"Deus habita em seu templo santo, reúne seus filhos em sua casa; é ele que dá forças e poder a seu povo." (cf. Sl. 67,6s.-36s.)

Nos tempos em que a Santa Igreja coloca os pobres no centro da atenção pastoral, resgatando a sua dignidade, atentamo-nos tanto para essa triste realidade de alguns desafortunados que corremos o risco de nos esquecer do exemplo de algumas pessoas ricas, como o caso o rei Salomão. Ele não pediu a Deus riqueza, e sim sabedoria, isto é, o dom de distinguir entre o bem e o mal (cf. 1Rs. 3,5ss). Neste sentido, Salomão prefigura o negociante da parábola da pérola, homem de bem, mas perspicaz: arrisca tudo o que tem num investimento melhor.

Por isso na primeira leitura Salomão não pede riqueza,mas sabedoria. Quando de sua romaria a Gabaão, no começo de seu reinado, Salomão pede a Deus a sabedoria, isto é, o dom de acertar na hora de julgar e de decidir – na Bíblia segue imediatamente uma história para exemplificar este dom. O próprio fato de não pedir outra coisa já mostra sua sabedoria. Assim mesmo, Deus lhe deu, além da sabedoria, algumas coisas menos importantes de brinda como riqueza, fama e longa vida.

Estamos caminhando no Tempo Comum, refletindo neste domingo a necessidade de procurar viver o seguimento do Senhor (cf. Am. 5,6). Nesse sentido, a Liturgia nos leva a refletir da necessidade de nos desfazermos de tudo o que possuímos para adentrar na realização do projeto do Reino de Deus entre nós(cf. Mt. 13,44-52 ou 13,44-46)

O Reino de Deus para Jesus é tão significativo na vivência do seguimento cristão que tudo aquilo que está ao largo passa a ser considerado "resto".

O Evangelista São Mateus nos coloca duas parábolas no Evangelho de hoje, em que fala de dois homens, um lavrador e um comerciante, que trabalham, procuram, encontram, compram e vendem... todas essas atividades que as pessoas comuns praticam no quotidiano de suas vidas. O que nos retém, entretanto, na mente em importância sintática são as palavras tesouro e pérola. Tesouro e pérola, numa alusão à sabedoria que é colocada pelo Antigo Testamento, para se aproximar da figura que se tornou realidade, chamada REINO DOS CÉUS.

Continuamos nossa caminhada de fé estudando e degustando os significados quotidianos da palavra de Jesus que nos chega, pelo terceiro domingo consecutivo, pelas figuras de linguagem presentes nas parábolas descritas no capítulo 13 do evangelista Mateus. Parábolas que contêm símbolos e comparações. É difícil falar das coisas de Deus em palavras, daí a necessidade de recorrermos tantas vezes a símbolos e comparações, exatamente como fez Jesus.

O Reino dos Céus, da forma como nos expõe o Evangelho deste domingo, refere-se à presença ativa de Deus, embora sempre misteriosa, no mundo e entre as criaturas humanas. Trata-se de um modo de viver, aqui e agora, na presença divina, invisível, mas, de certo modo, sensível por seus sinais.

Devemos que ter presente um comportamento consciente e conseqüente que constrói a vida segundo o modelo da própria vida de Jesus na terra. Os dois homens, ambos da vida de cada dia, ou seja, o agricultor e o comerciante, não fazem nada de extraordinário, concorrendo apenas para encontrar um tesouro ou descobrir uma pérola, porque o Reino de Deus não é um privilégio, mas uma conquista de caridade, de misericórdia e de perdão.

Jesus coloca que o "Reino dos Céus é um tesouro, que se busca com justiça e santidade", como algo que provém do Divino Salvador. O Evangelho deste domingo ensina que o Reino de Deus vale mais do que todos os outros bens que um homem possa ter, como terras, carros, propriedades, nomes e sobrenomes famosos. Para se conquistar o Reino de Deus, vale a pena desfazer-se de tudo o que se tem. Não importa se temos muito ou pouco. Importa, entretanto, é que se troque tudo pelo Reino de Deus, deixando tudo que oprime ou escraviza de lado.

O lavrador conseguiu grande alegria porque consegui o Reino dos Céus.

A parábola da pedra preciosa nos é apresentada com o mesmo significado da parábola do tesouro: a procura da graça de Deus, do reino das bem-aventuranças. Por isso, todos nós somos convidados, com insistente pedido, a procurar "o Reino dos Céus em primeiro lugar" (cf. Mt. 6,33). Essa busca é colocada com o mesmo empenho em que o Filho de Deus veio "buscar o que estava perdido" (cf. Lc. 19,10), pelo que todos nós somos convidados a lançar as redes mais profundas e voltar nossas ações, pensamentos e atitudes para o Reino das Bem-aventuranças.
Busca difícil!

Mas Deus, que agregou a si até o pecado, perdoando os pecadores, é quem nos dá força para buscar as coisas do Alto, com amor e compreensão. Quanto mais perto da pessoa amada se chega, tanto maior ela se torna. E quanto mais compreendemos um assunto, mais extenso e mais profundo se nos depara. "Estou onde está o meu pensamento – nos diz a Imitação de Cristo – e o meu pensamento, de ordinário, está onde está o que amo" (cf. livro III cap. 48, 5). Logo, se nos deixamos seduzir pelo amor e a compreensão divinas, estaremos sempre unidos a Deus.

O Reino de Deus tem valor infinito e nenhuma jóia tem algum valor perante a grandiosidade da misericórdia do Reino das Bem-aventuranças. Mas, para alcançarmos essa bem-aventurança, temos que abominar o pecado e acolher o pecador, ter capacidade de desprendimento, de perdão, de solidariedade, de amizade, de recomeçar, de caminhar juntos, de amar e de servir, dentro da dialética do Reino de Deus. Em suma, temos que relativizar todos os bens do mundo e valorizar os bens do Céu, cujo mandamento máximo é o seguinte: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo".

Observando a segunda leitura desta celebração, encontramos um dos textos maiores da carta aos Romanos (cf. Rm. 8,28-30). Mostra-nos Deus que, como um bom empreiteiro, faz todo o necessário para o bem daqueles que O amam, levando a termo a execução de seu "desenho". De antemão, Ele conheceu os que queria edificar, como um arquiteto tem sua obra na cabeça; Ele os projetou conforme o protótipo: Jesus mesmo, seu filho querido, com quem ele gostaria que todos se assemelhassem.

E aos que assim planejou, também os escolheu, os justificou e, arrematando sua obra, os glorificou. Como bom empreiteiro, Deus faz tudo o que for preciso para arrematar a salvação naqueles que se dispõem para ela. E, mais ainda, como conhece o coração de cada um, Ele também perscruta os que se prestam à salvação e os que não se dispõem a participar de sua obra de misericórdia.

Os conceitos conhecer – destinar – chamar – justificar – glorificar: as fases da arrematação do homem por Deus. É uma obra de artista. O protótipo é Jesus Cristo mesmo: o primogênito dos mortos. O Espírito já nos tornou filhos. Agora é só levar a termo a obra de arte já empeçada. E o distintivo do cristão é que ele tem consciência de ser esta obra.

A evangelização esforça-se por inserir-se cada vez mais profundamente na vida, na situação e na cultura humana; mas se inclina a transferir para um futuro não facilmente previsível o convite à conversão, a pregação do Evangelho, a proposta de uma inserção plena na Igreja, por respeito aos tempos de maturação e aos ritmos lentos de conversão. O perigo está numa falsa concepção da missão da Igreja, e na inconsistente tentativa de reduzir a dimensão do cristianismo.

Quem optar por acentuar a linha escatológica desta Liturgia, nunca se esqueça que nenhum bem terreno deve impedir o nosso desejo de salvação. A alegria do Reino poderá não ser a alegria que o mundo propõe. Entrar no Reino dos Céus nos faz lembrar as palavras de Santa Paulina: "Há anos não gozo tanta paz como agora, embora o Senhor mande sempre alguma coisa para sofrer, como a sujeição nos ofícios etc., mas tudo é suavizado pela caridade. Enfim, Deus seja bendito em todas as coisas".

Investir no Reino de Deus é amar, servir e perdoar, do contrário nos espera o Reino das Trevas....

padre Wagner Augusto Portugal

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O Reino: tesouro, pérola e rede

As leituras de hoje se entrelaçam na dinâmica da sabedoria divina a ser usufruída com o desejo incansável de um pescador e de alguém que busca pérolas preciosas. O reino pregado por Jesus exige decisão, empenho e discernimento. Caso contrário, cada um deverá pagar pela sua opção, sendo rejeitado ao separar as coisas boas das ruins, assim como o joio e o trigo, sobre os quais refletimos na semana anterior. A primeira leitura e o evangelho, complementados pela segunda leitura, são de grande simplicidade e trazem profunda mensagem de fé e esperança. Vejamos.

1ª leitura (1Rs. 3,5.7-12)

A sabedoria que Salomão não soube usar

Salomão ficou famoso por causa de sua sabedoria. É muito conhecido o episódio das duas mulheres prostitutas que brigavam por um mesmo filho (1Rs 3,16-28). Salomão solucionou o caso, mandando partir a criança ao meio e dividi-la entre as duas mulheres. Quando uma das mães reagiu, dizendo que ele poderia dar o filho à outra, e esta prontamente aceitou a proposta do rei, Salomão logo concluiu que a primeira era a verdadeira e ordenou que fosse considerada a mãe legítima. E o rei foi louvado pela sua sabedoria ao julgar. Na leitura de hoje, Salomão pede a Deus sabedoria para governar, julgar com equidade e bom senso ao discernir. Deus lhe concede além do pedido: um coração sábio e inteligente, como ninguém teve antes dele e ninguém terá depois dele (v. 12). No mundo bíblico, o coração é a sede do pensar e do conhecimento. É isso que Deus esperava de Salomão: sabedoria para governar. O leitor menos avisado logo pensará que Salomão, fazendo uso da sabedoria divina, terá feito um ótimo governo em Israel. Não é bem assim. Salomão explorou o povo com duros trabalhos, tirou o povo da roça e o levou para Jerusalém, de modo que pudesse, por meio de trabalhos pesados, construir um suntuoso templo em Jerusalém. Ademais, impôs-lhe um jugo pesado de impostos (1Rs. 5,12-12,11). Quando ele morreu, o país foi dividido em dois reinos, entre o norte e o sul, Israel e Judá, respectivamente. O povo clamou por alívio, mas seu filho e sucessor, Roboão, prometeu governar com dureza ainda maior: "Meu pai vos castigou com açoites, e eu vos açoitarei com escorpiões", respondeu-lhes. Diante disso, surge a pergunta: por que, então, a nossa primeira leitura de hoje, 1Rs 3,5.7-12, enaltece tanto a Salomão? A resposta é simples: o texto se refere ao início de sua atividade governamental.

Ainda em nossos dias, muitos governos iniciam bem o mandato, mas acabam se corrompendo e explorando o povo. "Nada há de novo debaixo do sol", já registrou a sabedoria de Eclesiastes 1,9. Salomão não soube usar a sabedoria que Deus lhe deu. A sabedoria de Deus é coisa boa, mas o ser humano, assim como tantos Salomões de hoje, desvia-a para o mal, pois não sabe discernir entre o bem e o mal. Para que isso aconteça, é preciso muita sabedoria. É o que vemos, na sequência, no evangelho de hoje.

Evangelho (Mt. 13,44-52)

O reino de Deus é como um tesouro, uma pérola e uma rede

A comunidade de Mateus termina o discurso de Jesus em parábolas com três outras comparações: o reino é como o tesouro, a pérola e a rede. Todas elas procuram ligar a sabedoria com a busca incessante do reino de Deus. Destaque, no entanto, para a última, explicada alegoricamente, associando o ato do pescador de separar os peixes com o fim do mundo.

O reino de Deus, na primeira parábola, é comparado ao tesouro encontrado no campo por um trabalhador. Encontrá-lo, assim como uma pérola, leva-o a comprar a terra, onde ele decide esconder o precioso achado. Fato semelhante ocorre em nossos dias: basta encontrar minério ou gás em terras outrora desvalorizadas, como ocorreu recentemente com o norte de Minas Gerais, que as terras se tornam supervalorizadas da noite para o dia. O tesouro encontrado é sinal de vida. A terra também. O sacrifício torna-se justificável na aquisição da terra. Jesus alude à sabedoria de quem busca incansavelmente o reino pregado por ele. Na tradição do Primeiro Testamento, o livro dos Provérbios diz: "Feliz o homem que encontrou a sabedoria..., mais feliz ainda é quem a retém" (Pr. 3,13-18). Reter o reino é considerá-lo como uma pérola preciosa que o comerciante sai à procura até encontrar. Não medindo esforços, ele vende tudo para comprá-la. O historiador Flávio Josefo, em Guerra judaica VII, 115, informa-nos que os romanos, depois da guerra de 70 que assolou Jerusalém, encontraram enterrados ouro, prata e objetos preciosos que pertenciam aos judeus. Esse fato ocorreu não somente com os romanos, pois era costume entre judeus, ante uma invasão estrangeira, enterrar os bens. O povo simples almejava encontrá-los. Imagine, então, a repercussão da fala parabólica de Jesus? O ensinamento de Jesus provoca encantamento no povo e desejo de deixar tudo para sair à procura do reino.

Os rabinos contavam uma parábola parecida. Havia um mestre que guardava em seu turbante uma pérola preciosa. Passando em uma ponte, deixou-a cair no rio e um peixe a engoliu. O mestre, então, passou a comprar todos os peixes na feira de sua cidade até encontrar novamente a sua pérola.

A terceira e última comparação com o reino de Deus é a rede que o pescador lança ao mar. Mar e rede se encontram nas mãos de pescadores. O mar é o símbolo do mal. Dele emanava tudo que não prestava. Nele morava o Leviatã, a força do mal opositora de Deus. Para ele se atiraram os porcos da cidade de Gerasa, os quais receberam os demônios que Jesus tinha expulsado (Mt 8,30-32). No episódio dos porcos, trata-se de uma linguagem apocalíptica: os porcos representam a legião romana – o mal que devia voltar de onde veio, o mar. Não por menos, a pesca exige separar o que presta do que não presta. Assim será no fim dos tempos: Deus julgará a todos pelas suas ações más e justas. Quem em vida foi sábio, procurou o reino e sua justiça, será considerado justo e se encontrará com Deus. Para quem não agiu assim restará a fornalha ardente e o ranger de dentes.

O evangelho termina citando uma personagem importante na sociedade daquela época, o escriba. A comunidade judaico-cristã de Mateus lhe confere a autoridade de seguidor do reino e de sábio que sabe distinguir entre as coisas da tradição judaica e aquelas que Jesus ensinava. Em outras palavras: o escriba judeu é o novo mestre dos ensinamentos de Jesus à luz da tradição judaica. Como ele, somos chamados a ler e atualizar sempre a palavra de Deus à luz dos acontecimentos do nosso tempo.

2ª leitura (Rm 8,28-30)

Ser imagem do Filho e pertencer ao reino de Deus

Complementando o que foi dito nas leituras acima, esse pequeno trecho da carta aos Romanos, ao tratar do ser imagem do Filho, remete-nos a um tema referencial de nossa fé judaico-cristã, nossa criação como imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). Imagem é ser igual a Deus, e semelhança, um vir a ser. Nessa perspectiva, Paulo afirma que aos que Deus chamou e ama, ele lhes confere o ser imagem do seu Filho e nele recuperar a glória perdida.

Jesus e o reino de Deus das leituras anteriores são, na pregação paulina, a filiação divina do ser humano e a fraternidade universal do mundo com Deus, na justiça.

PISTAS PARA REFLEXÃO

1. A procura pela sabedoria é um constante desafio para cada um de nós. Uma faina diária que exige persistência. Um caminho sempre aberto. Nessa mesma linha de pensamento, não basta aderir ao reino pregado por Jesus. É preciso assumir com responsabilidade a sua causa, o que implica decidir sempre.

2. Procurar demonstrar para a comunidade que ser cristão é ser ético em todas as condições da vida. Muitos se dizem cristãos e compactuam com a injustiça no trabalho, na vida social, na política etc. Humanamente, estamos todos sujeitos ao erro, mas perpetuar-se nele é perder a dinâmica do agricultor que faz de tudo para comprar o campo do tesouro e do comerciante que procura pérolas preciosas.

3. Demonstrar para os fiéis que quem participa da comunidade tem a sua vida mudada para melhor, pois ela, como espaço de construção do reino, é um bem, um tesouro para quem a encontra.

frei Jacir de Freitas Faria, ofm

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Pérolas e tesouro

Estamos novamente diante do tema do reino. O mundo novo de que fala Jesus e que ele veio inaugurar com sua vida, pregação,  paixão, morte e ressurreição começa a se realizar entre nós. Mas será preciso força, ânimo, perseverança e garra. Não se trata apenas de fazer parte de grupo de pessoas boas, piedosas e religiosas. Será preciso  estar num constante estado de vigilância e de busca. Nada de mesmice, de repetição de obviedades.

O Reino é semelhante a um tesouro escondido no campo. O buscador de felicidade é aquele que deseja entrar numa ordem nova de coisas.  Ele investiga, se inquieta, procura. Observa pessoas que vivem evangelicamente. Tem simpatia por elas e  as considera como os grandes da terra. Pensam, por exemplo, que  Francisco, o pobre de Assis seja alguém que encontrou o tesouro.  Ele, como Clara, venderam o que tinham e se lançaram na imensa e belíssima aventura de serem somente de Deus. "Um homem o encontra e o mantém escondido".  Ele vai, organiza as coisas e sua vida, vende o que tem e compra o tesouro.  Deixa de lado ilusões e coisas sem muito amanhã e se  arruma interiormente para se desligar de tudo, ser livre e comprar a alegria do evangelho.   Os que encontram o tesouro do evangelho passam a viver uma vida nova e diferente. O tesouro do reino é mais importante do que tudo ao que antes demos importância.  Francisco fala de conversão. Do doce que se torna amargo e do amargo que se torna doce.  O tesouro está por ai. São Jerônimo diz que o tesouro do campo é a Palavra de Deus no qual estão escondidos os tesouros da sabedoria e da ciência.

Marcel Domergue, jesuíta, assim fala da pérola preciosa: "À primeira vista poder-se-ia dizer que a parábola da pérola não faz outra coisa senão repetir a do tesouro. Há, no entanto, diferenças significativas.  Aquele que acha o tesouro, na verdade, nada procurava, o  comprador que procura  pérolas preciosas sabe que ela existe. Esta preocupação poderia parecer estranha ao "Reino dos céus". Portanto, o Reino se oculta também nessa busca que será satisfeita e plenificada". Assim, as pessoas sinceras andam desejosas de ir além daquilo que buscam, que vivem, que planejam. O homem que encontra essa pérola preciosa se dá conta que sua vida pregressa  não tem grande valor e pode ser deixada de lado. A força do Evangelho, da pessoa de Jesus que está atrás do Evangelho, é a única riqueza.  O que encontra a pérola, como aquele que acha o tesouro se vê levado a tudo vender. O jovem rico do evangelho tinha muitas pequenas seguranças.. Jesus havia olhado em seus olhos e o chamado para viver na qualidade de discípulo, mas ele não teve a coragem de romper com suas seguranças. Ficou sem a pérola e sem o tesouro...

Depois dos primeiros tempos, a Igreja compreendeu que o Reino não é objeto de expectativa passiva; para tornar-se realidade definitiva, cujo penhor se possui, exige o esforço constante e ativo de todos. No Reino de Deus tudo já está realizado, mas tudo ainda deve realizar-se e se realiza cada dia com a intervenção conjunta em Cristo Jesus, de Deus e dos homens" (missal dominical da Paulus).

frei Almir Ribeiro Guimaeães

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Investir no Reino de Deus

A liturgia de hoje tem um duplo acento, sapiencial e escatológico.

As orações sintonizam com a parábola escatológica da rede, segunda parte do evangelho (não abreviado). Mas o tema principal é o do "investimento" da pessoa naquilo que é seu valor supremo. Este tema (sapiencial) retém nossa atenção.

O Rei Salomão não pediu a Deus riqueza, e sim sabedoria, isto é, o dom de distinguir entre o bem e o mal (1Rs. 3,5ss - 1ª leitura). Neste sentido, ele prefigura o negociante da parábola da pérola, homem de bem, mas perspicaz, que arrisca tudo o que tem num investimento melhor (Mt. 13,45s - evangelho). Esta parábola vem acompanhada de outra, que parece elogiar a especulação imobiliária: um homem vende tudo para comprar um campo no qual está escondido um tesouro.

A lição de todos esses textos é: investir tudo naquilo que é o mais importante - sabedoria humana, mas que se aplica também à realidade divina, ao Reino de Deus. Ora, em que consiste, concretamente, o tesouro desta parábola? Para discernir isso precisamos da sabedoria que Salomão pediu e que lhe propiciou pronunciar juízos sábios (1Rs. 3,16-28). Ora, sabemos também que Deus tem predileção pelos que mais precisam, os pobres e desprotegidos; não serão estes um bom investimento?

Estas parábolas sugerem duas atitudes básicas. Negativamente, desprender-se de posses que não vale a pena segurar (como Salomão, no fundo, relegou a riqueza material para segundo plano, pelo menos na sua oração). E, positivamente, investir naquilo que é realmente o mais importante, aquilo em que Deus mesmo investe; justiça e bondade, iluminadas pela sabedoria. A atitude negativa (desprendimento) e a positiva (investimento) são "dialéticas": uma não funciona sem a outra.

Não somos capazes de nos desprender do secundário, se não temos claro o principal. Por falta do principal, o investimento do amor, o esforço de desprendimento pode virar masoquismo. Por outro lado, nunca conseguiremos investir o nosso coração para adquirir a pérola do Reino de Deus, se não soubermos nos desprender das jóias falsas que enfeitam nossa vida. Por isso, tanto idealismo fica num piedoso suspiro...

A coleção de parábolas de Mt 13 termina na parábola escatológica da rede, muito semelhante à do joio no trigo (cf. dom. passado; na leitura evangélica abreviada, esta parábola fica fora; há oportunidades melhores para falar do Último Juízo, p.ex., nos 32°-34° dom. do tempo comum).

Olhando para a 2ª leitura, encontramos um dos textos maiores da Carta aos Romanos. Deus, como um bom empreiteiro, faz todo o necessário para o bem daqueles que o amam, levando a termo a execução de seu desenho ("desígnio") (Pan 8,28). De antemão conheceu os que queria edificar, como um arquiteto tem um edifício na mente; ele os projetou ("predestinou"; o termo grego proorizein significa "planejar, projetar"), conforme o protótipo que é Jesus mesmo, seu filho querido, ao qual ele gostaria que todos se assemelhassem.

E aos que assim planejou, também os escolheu ("chamou"); os 'justificou" (qual empreiteiro que verifica sua obra durante a execução, decidindo se serve ou não) e, arrematando a obra, os "glorificou" (como em certas regiões os construtores celebram o arremate coroando de flores a cumeeira da casa nova). Este texto nos faz entender o que os teólogos chamaram a "predestinação": não significa que Deus criou uns para serem salvos e os outros (a "massa condenada") para serem perdidos. Significa que, como bom empreiteiro, Deus faz tudo o que for preciso para arrematar a salvação naqueles que se dispõem para ela; e como conhece o coração de todos, ele também conhece os que se prestam à salvação e os que não se deixam atingir. Quem optar por acentuar a linha escatológica na liturgia de hoje (cf. Mt. 13,47-52), encontrará nesta 2ª leitura um tema digno de reflexão.

Os dois acentos de hoje, o sapiencial e o escatológico, se completam. Pois é com vistas à salvação definitiva que se deve fazer o investimento certo hoje.

Johan Konings "Liturgia dominical"

Evangelho: Mt. 13,44 – 52

1. O texto de hoje é a conclusão do discurso sobre o mistério do Reino (13,1-52). Veremos o texto em três partes:

a. a opção radical pelo Reino – vv. 44-46

b. o Reino em meio aos conflitos – vv. 47-50

c. o convite ao discernimento – vv. 51-52

 

a. a opção radical pelo Reino – vv. 44-46

2. Estes três versículos encerram duas pequenas parábolas: a do tesouro escondido (v. 44) e a da pérola de grande valor (vv. 45-46). Ambas focalizam o tema da opção radical pelo Reino da Justiça, diante do qual vale a pena arriscar tudo, alegremente ("buscai em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas", Mt. 6,33).

3. Ambas as parábolas mostram a atitude de alguém que vende tudo o que possui para conquistar o novo, – algo de valor incalculável, – o único valor absoluto. Podemos imaginar os efeitos que essas parábolas tiveram para as comunidades siro-palestinenses, desiludidas e ameaçadas de afrouxamento.

4. O tesouro escondido (v. 44). A parábola não compara o Reino com o tesouro, mas quer mostrar o estado de ânimo de quem encontra esse tesouro. Esse estado de ânimo deveria animar os que descobrem o Reino da Justiça como valor absoluto de suas vidas.

5. O texto afirma que o descobridor não estava à procura de tesouros. Ele simplesmente topa com ele, sem esforço algum. O Reino da Justiça não é objeto de buscas intermináveis, pelo contrário, está à nossa frente, diante dos olhos, ao nosso alcance, aos nossos pés. A reação de quem encontrou o tesouro é de alegria e desembaraçamento de tudo para a obtenção desse tesouro. Diz Mateus: aí está o estado de ânimo de quem descobriu – na prática da justiça do Reino – o filão escondido do mundo novo.

6. O Reino é dom gratuito, manifestado na prática de Jesus. A esse achado inesperado correspondem alegria e desprendimento total. Não se trata de renunciar para obter o Reino. Trata-se de uma descoberta que possibilita desembaraçar-se alegremente de tudo.

7. A pérola de grande valor (vv. 45-46). Embora haja diferenças com a parábola anterior pelo fato de o comprador estar buscando pérolas e a não-menção da alegria com que vende seus bens, contudo o significado da parábola é o mesmo: ao encontrar um valor maior, desfaz-se o mercador de tudo para possuí-lo, porque vale a pena. Deve ficar claro que o Reino não é troca de mercadorias.

8. As parábolas querem salientar que nada faz falta a quem descobriu o sentido e o valor da luta pela justiça.

b. o Reino em meio aos conflitos – vv. 47-50

9. A parábola da rede lançada ao mar (vv. 47-50) prolonga o tema da parábola do joio no meio do trigo (domingo passado) e tem sabor de escatologia final. Na sociedade convivem – lado a lado – "peixes bons" e "peixes ruins".

10. Quem lança a rede é Deus e só a ele compete ordenar a triagem. O juízo constará da separação. A parábola vem mostrar qual será a sorte final daqueles que perseverarem no discernimento e na opção definitiva pelo Reino da Justiça.

c. o convite ao discernimento – vv. 51-52

11. Nos vv. 51-52 temos a conclusão das parábolas. A insistência do v. 51 cai sobre a compreensão e discernimento: "vocês compreenderam tudo isso?" Não se trata simplesmente de entender o sentido das parábolas, mas antes de compreender (prender com, tomar consigo, apropriar-se), assumir o ensinamento e a prática do Reino que elas manifestam.

12. Compreender o mistério do Reino pode ser resumido em dois pontos:

12.1. o mistério do Reino já foi e continua sendo manifestado naquilo que Jesus diz e realiza;

12.2. o que ele diz e realiza se prolonga na práxis da comunidade cristã em meio a uma sociedade conflituosa. A função da comunidade não é fazer a triagem ou fugir da realidade, mas dar continuidade à prática de Jesus.

13. Os discípulos (e as comunidades) afirmam ter compreendido tudo. "Por isso, diz Jesus, todo doutor da Lei – que se torna discípulo no Reino do céu – é como um pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas" (v. 52).

14. O versículo 52 faz uma comparação entre o doutor da Lei e o pai de família:

14.1. é possível ver nesse doutor uma referência ao próprio autor que relê o AT (coisas velhas) à luz da novidade de Jesus (coisas novas);

14.2. pode ser também um modo pelo qual Mateus justifica as adaptações das parábolas às novas realidades das comunidades. Ser discípulo do Reino de Justiça permite administrá-lo sabiamente, como o pai de família, para que sua mensagem ilumine novos desafios;

14.3. pode ser ainda uma referência ao catequista cristão. O catequista está sempre à procura de algo que – partindo da prática de Jesus – possa inspirar e levar à solução dos novos conflitos que se apresentam (necessidade da catequese adaptar o núcleo da fé às novas situações e desafios de uma sociedade conflituosa)..

1ª leitura: 1Rs. 3,5.7–12

15. O poder a serviço do povo. Salomão herdou de seu pai Davi um grande império (por volta de ano 971 a.C.) e cabe-lhe agora administrá-lo sabiamente. O rei se encontra em Gabaon para oferecer um sacrifício (v. 4). Ali Javé se comunica com ele em sonho e lhe diz: "peça-me o que desejar e lhe darei" (v. 5).

16. Salomão tem consciência de suas limitações e incapacidades, principalmente se comparadas com a capacidade e equilíbrio encontrados em Davi (v. 7). A função do rei pode ser sintetizada em três itens presentes no texto:

1. governar: O rei é responsável pelo bom uso do bem público, preocupando-se em primeiro lugar com o bem-estar e prosperidade do povo (cf.v. 9);

2. julgar: cabe a ele preservar e promover a justiça, sem discriminações (a ordem social depende de leis justa não privilegiem alguns em detrimento de outros);

3. ter bom senso e discernimento em vista da justiça: o poder se converte em benefício ou iniqüidade, dependendo do uso que dele se faz.

17. Na oração de Salomão todos esses requisitos estão presentes: ele foi escolhido para governar, julgar e saber discernir. Mais ainda: essa oração revela qual seja a posição da autoridade em relação a Deus e ao povo.

17.1. Em relação a Deus: Salomão assume a atitude de servo, chamando a Deus de Senhor e considerando-se servo dele (cf.v. 7). O rei, portanto, não é senhor mas servo.

17.2. Em relação ao povo: Salomão tem consciência de que o povo pertence a Deus (cf.v. 9). Ele, portanto, não pode assenhorear-se do povo sem estar em gritante contradição com sua função de servo do povo de Deus.

18. O discernimento de Salomão agradou a Deus (v. 10), que lhe concede sabedoria para praticar a justiça (v. 11) e um coração sábio e inteligente (v. 12: o coração para o povo de Deus, é a sede do discernimento).

19. Este é o ideal do rei ou do administrador da coisa pública. Contudo, a história de Israel leu – em Salomão e na sua posterior administração – a perversão do poder.

20. Isso se explica porque esses relatos sobre Salomão receberam sua redação definitiva no período que vai de antes até o final do exílio na Babilônia. São fruto da redação deuteronomista do tempo de Josias (640-609 a.C.) e do exílio. A redação deuteronomista reflete sobre os porquês da catástrofe nacional, e detecta em Salomão um vírus que passou a seus sucessores, culminando com a desgraça total do povo e da nação (exílio). Vírus esse que pode ser detectado na política, na administração e na burocracia que escravizaram o povo (… tão diferente de Davi).

21. Pondo no início do reinado de Salomão a oração que lemos hoje, a escola deuteronomista quis fazer uma grave advertência: as intenções iniciais do rei podiam ser boas, mas ele não foi capaz de promover o bem do povo, a justiça e a paz, porque a febre do poder tomou conta dele. … E se ainda hoje amargamos a catástrofe nacional é porque o "vírus salomônico" se tornou epidemia …

2ª leitura: Rm. 8,28–30

22. Os três versículos de hoje são a conclusão da argumentação de Paulo em torno do segundo princípio fundamental (8,14-30) que rege a vida do cristão: a filiação divina (o 1º principio é o Espírito que comunica vida, cf. 8,1-13).

23. Nós somos filhos de Deus, e, como tais, somos destinados à glória. Isso faz parte do projeto de Deus, que propõe vida em plenitude, de acordo com a sua vontade. Deus criou o ser humano destinado à glória e não ao fracasso (como pregavam certas correntes de pensamento da época).

24. Paulo, – mediante o discernimento à luz da prática de Jesus morto e ressuscitado, – chegou à certeza (= sabemos) de que "todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu desígnio (v.28).

25. Como chegou à essa conclusão ?

Lendo os acontecimentos e a vida a partir do que Deus realizou com a morte e a ressurreição do seu Filho Jesus e com a efusão do Espírito Santo. Em base a isso Paulo descobre o Deus de amor que provê às necessidades dos que nele crêem (cf. Sl. 97,10; Sl 145,20; Tb. 13,14; Ecl. 8,12; Eclo. 34,16), chegando ao gesto ímpar de amor, anistiando a humanidade e convidando-a à vida mediante a morte e ressurreição do seu Filho (cf. 8,3).

Transcrição de citações acima:

Sl 97,10: Javé ama quem detesta o mal, ele guarda a vida dos seus fiéis e da mão dos ímpios os liberta.

Sl 145,20: Javé guarda todos os que o amam, mas vai destruir todos os ímpios.

Tb 13,14: Felizes os que te amam! Felizes os que se alegram em tua paz! Felizes todos os homens que tiverem lamentado teus castigos!

Pois vão se alegrar em ti, verão toda a tua felicidade para sempre.

Ecl. 8,12: um pecador sobrevive… mas eu sei também que acontece o bem aos que temem a Deus, porque eles o temem.

Eclo. 34,16: o que teme ao Senhor nada receia, nem se aterroriza, pois o Senhor é sua esperança.

26. Os cristãos de Roma tiveram conhecimento do amor de Deus através do anúncio do evangelho. Tornando-se cristãos responderam ao Evangelho e, mais ainda, ao amor de Deus.

27. Os vv. 29-30 desenvolvem o pensamento já iniciado no v. 28. O ápice do projeto divino é Deus sendo glorificado e os seres humanos participando dessa glória, tornando-se "imagem do Filho, a fim de que o Filho seja o primeiro entre muitos irmãos"! (v. 29).

28. Paulo sintetiza o que é a filiação divina: é ser filho no Filho, fazendo com que o mundo seja uma grande fraternidade, com um único Pai: Deus. Tal é o objetivo do anúncio evangélico dirigido às pessoas.

29. Os cristãos de Roma tinham consciência do que significava "ser filhos de Deus". Mas custavam crer, porque olhavam demais para o número dos próprios limites e falhas. Paulo garante; quem foi chamado a viver, – no Filho, – a filiação divina, já foi anistiado por Deus ("os que chamou, também justificou").

30. A precariedade humana não é o fator decisivo. Decisivo é o amor do Pai que perdoa. E não só perdoa, como também glorifica, ou seja, vai conduzindo até que todos possam viver a plenitude do seu amor (v. 30).

Refletindo

1. O tema principal da liturgia de hoje é o do "investimento" da pessoa naquilo que é seu valor supremo. Este tema sapiencial retém nossa atenção. O rei Salomão não pediu a Deus riqueza, e sim sabedoria, isto é, o dom de distinguir entre o bem e o mal (1ª leitura). Neste sentido, ele prefigura o negociante da parábola, homem de bem, mas perspicaz, que arrisca tudo o que tem num investimento melhor (evangelho).

2. A lição de todos os textos é investir tudo naquilo que é o mais importante. Mas em que consiste mesmo o tesouro desta parábola? Estas parábolas sugerem duas atitudes básicas. Negativamente, desprender-se de posses que não valem a pena segurar. Positivamente investir naquilo que é realmente o mais importante, aquilo em que Deus mesmo investe: justiça e bondade, iluminadas pela sabedoria.

3. A atitude negativa (desprendimento) e a positiva (investimento) são "dialéticas": uma não funciona sem a outra. Não somos capazes de nos desprender do secundário, se não temos claro o principal. Nunca conseguiremos investir o nosso coração para adquirir a pérola do Reino de Deus, se não soubermos nos desprender das jóias falsas que enfeitam a nossa vida. (… Isso explica, tanto idealismo, tanta boa vontade, sem êxito nenhum!).

4. Muitos procuram a vida toda o verdadeiro tesouro, mas não conseguem nem chegar perto, porque querem levar tudo consigo durante o tempo todo. Esquecem-se do alerta do Mestre: "onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt. 6,21).

5. Também Salomão da primeira leitura pediu a Deus um coração aberto para ouvir e buscar o tesouro maior, que é a sabedoria de discernir entre o bem e o mal. Engana-se, todavia, quem pensa que, por causa dessa oração, Salomão foi um rei sábio e justo. Pelo contrário, a sede de poder, a cobiça e os interesses próprios invadiram seu coração e ele se esqueceu do povo, da justiça e do direito.

6. O mundo consumista em que vivemos coloca o dinheiro como o tesouro maior, o motor que move e dirige todos os setores da sociedade e a razão de ser para todos os que buscam o poder. Os textos de hoje querem chamar nossa atenção para ver se, de fato, buscamos o verdadeiro tesouro, ou se nos perdemos pelo caminho (pelas trilhas e atalhos).

7. Jesus veio revelar-nos que "o Reino de Deus é um tesouro escondido no campo" pelo qual se vendem todos os bens para conquistá-lo. Mas é preciso se dispor a procurar o tesouro verdadeiro, a buscar de coração e com todas as forças esse "Reino de Deus". É preciso abrir-se totalmente, despojar-se de tantas quinquilharias que atrapalham a busca e a caminhada. Só assim despojado de tudo o que "não é", de tudo o que "não preenche a alma completamente", – livre, de mente e coração abertos – pode-se encontrar o que "verdadeiramente é em plenitude" e que "preenche totalmente o coração e a alma, a vida humana".

8. O tesouro do Reino de Deus se manifesta no amor a Deus e no amor ao próximo. Amor filial que se expressa no amor fraternal da justiça, da solidariedade, da bondade e da doação da própria vida. Amor que não se apega nem guarda tudo para si, mas que se desapega e descobre o partilhar com todos e o servir.

9. Paulo diz que "tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus". Mas nem tudo é tão simples assim. Faz-se necessário decidir onde está o nosso tesouro e o nosso coração e se estamos dispostos a vender todos os nossos bens (a começar pelo nosso orgulho, pela nossa posição social, nosso "status", nosso poder de dominação, nosso poder econômico, e outros mais).

10. Se nos abrirmos para Deus descobriremos (como Paulo mostra na carta aos Romanos) que Deus, como um bom empreiteiro, faz todo o necessário para o bem daqueles que o amam, levando a termo a execução de seu "desenho" (= desígnio, Rm 8,28). De antemão conheceu os que queria edificar, como um arquiteto tem um edifício na mente.

- Ele os projetou ("predestinou" – o termo grego proorizein significa "planejar, projetar"), conforme o protótipo que é Jesus mesmo, seu Filho querido, ao qual ele gostaria que todos se assemelhassem.

- E aos que assim planejou, também os escolheu ("chamou");

- E os "justificou" (qual empreiteiro que verifica sua obra durante a execução, decidindo o que serve e o que não serve),

- E arrematando a obra os "glorificou" (como em certas construções coroando de flores a cumieira da casa nova).

Conhecer – destinar – chamar – justificar – glorificar são as fases do acabamento da obra de arte de Deus, que é o ser humano. O protótipo é Jesus Cristo, o primogênito dos mortos.

11. Este texto nos faz entender o que os teólogos chamam de "predestinação": não significa que Deus criou uns para serem salvos e os outros para serem condenados. Significa que Deus, como bom empreiteiro, faz tudo o que for preciso para arrematar a salvação naqueles que se dispõem para ela. E como conhece o coração de todos, ele também conhece os que se prestam e se abrem à salvação e os que não se deixam atingir.

12. O que se contrapõe nas leituras de hoje, são, por um lado, as riquezas imediatas e materiais, e por outro, o dom que Deus nos dá. Na hora de escolher, o dom de Deus é que deve prevalecer, e o resto tem que ser descartado, sacrificado, se for preciso.

13. E hoje, qual será o dom de Deus?

Aquilo que queremos ter em nosso poder, aquilo que com tanta insistência agarramos e procuramos segurar? Nossas posses, bens, privilégios de classe, status, etc.?

OU

não será antes a participação na comunhão fraterna, superar o crescente abismo entre ricos e pobres e transformar as estruturas de nossa sociedade, para que todos possam participar da construção do mundo e da História que Deus nos confia? Queremos investir tudo, os nossos bens materiais, culturais, etc., para uma sociedade que encarne melhor a justiça de Deus?

14. Às vezes, a gente preferiria não escolher, para ficar com tudo: a riqueza, o poder, o bem-estar e além disso, Deus … Mas quem não se decide, não se realiza. Optar pelo melhor e renunciar ao menos bom é que nos torna a gente mais gente!. O grande escultor Miguel Ângelo disse que realizava suas obras de arte cortando fora tudo o que havia demais. O que há de "demais" em nossa vida?

15. Deus, artesão perfeito, quer fazer de nós uma obra de arte: conhece o material e tem o projeto em mente, … mas precisa "lapidar", cortar e jogar fora muita coisa para que se revele "o seu projeto" em nós, à imagem e semelhança de seu Filho Jesus. Se deixarmos Deus agir, certamente surgirá uma obra maravilhosa, digna do céu.

16. A grande descoberta a ser feita – a partir da Palavra de Deus – é que o Reino de Deus é maior e vale mais que tudo! E ele está bem à frente, diante dos olhos! Mas … é só com o coração que se conquista!

prof. Ângelo Vitório Zambon

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UM TESOURO

1. Somos mergulhados todos os dias a toda hora em problemas materiais, muitas vezes que exigem uma solução imediata. Percebemos o pressionamento da realidade, que nos encurrala, sentimos o bafo da historia, do julgamento dos outros. A tentação é disfarçar, tapear, não enfrentar a realidade, fazer de conta que tudo não passa de um momento e então vivemos arrastando a barriga no chão, concentrando os nossos esforços nos problemas matérias imediatos, esquecendo de refletir sobre as motivações profundas dos nossos atos. E assim, um dia, de repente, acordamos sentindo um grande vazio dentro, uma angustia terrível, um sentimento de traição. Olhamos no espelho e percebemos um sentimento de estranheza, como se o cara na nossa frente fosse alguém de diferente. Deparamos assim, brutalmente, no eterno problema do relacionamento entre externo e interno, espírito e carne, vida espiritual e material. Na nossa vida corriqueira, também entre nossos amigos e parentes, é extremamente difícil encontrar pessoas que vivem a harmonia entre estas duas dimensões. Por isso, antes que seja tarde demais, é bom dar uma olhada um pouco mais atenta às leituras de hoje para aprendermos da Palavra de Deus como é que se vive, sem correr o risco de se esconder, por medo que alguém consiga ver a podridão que está cumulada dentro de nós.

2. "Vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite sem nenhuma paga. Porque gastar dinheiro com outra coisa que não é pão?" (Is. 55,1-2).

É verdade que devemos comer e beber, só que não podemos fazer da nossa vida um eterno banquete! O nosso perigo é conduzir uma vida só concentrada nas preocupações materiais. Existe um alimento no qual vale a pena investir o nosso tempo e as nossas energias, também porque não custa nada, mas exige apenas disponibilidade. Além disso, é um tipo de comida e de bebida que preenche de um jeito a existência, que orienta até a vida material. Quem é acostumado a medir o valor da vida com o dinheiro, terá grande dificuldade a entender isso. Existe todo um mundo desconhecido, que é a vida espiritual, o mundo do Espírito, que se alimenta com algo de espiritual. Precisamos ser introduzidos dentro este caminho, que é o caminho que a Palavra aponta. Além disso, a mesma Palavra não se abre, não se revela no sentido estrito do termo, para as pessoas materiais. Para que o pão da Palavra seja o nosso alimento que fortalece o nosso caminho neste mundo, precisamos de alguém que coloque na boca o pão mastigado, assim como uma mãe faz com os próprios filhos. Existe um tesouro de vida, de amor escondido no pão espiritual da Palavra de Deus, que se torna alimento para todos e todas as pessoas que são conduzidas dentro dela. Por isso a Igreja nos aconselha de ler os grandes Pais da Igreja, ou seja, aquela época de ouro da Igreja aonde as pregações eram encharcadas de Palavra de Deus, e não de opiniões pessoais. Buscar o alimento espiritual para libertar a nossa vida da escravidão da matéria é o sentido da vida espiritual.

3. "Dai-lhes vós mesmo de comer" (Mt. 14,16)

Acho que também este versículo precisa ser interpretado no sentido espiritual. Somos acostumados a fazer uma leitura material do texto que narra a multiplicações dos pães. Sem duvida foi uma ação histórica de Jesus, mas que deve ser colocada dentro o plano de salvação e do projeto do anuncio do Reino de Deus. Então o "dai-lhes vós mesmo de comer" é um mandamento de Jesus que deve ser realizado e que nos envolve em primeira pessoa. Somos nós batizados os novos discípulos aos quais Jesus se dirige pedindo de partilhar o pão da Palavra com as pessoas que encontramos no nosso caminho. Esta deve ser a nossa preocupação, pois se de verdade a palavra de Deus no Evangelho de Jesus salvou a nossa vida do anonimato, do esquecimento, da morte, então faremos de tudo para que as pessoas que encontramos possam receber o alimento que salva. Neste mandamento que Jesus um dia especial colocou para os discípulos, está escondido todo um programa de vida. De fato, como Jesus soube inventar caminhos e meios para anunciar o Reino do seu Pai para a humanidade que encontrou, assim também deve ser por nós. Isso, porém, exige inteligência, atenção, reflexão, empatia, ou seja, capacidade constante de olhar para os outros. É um caminho progressivo, constante, no qual devemos ficar constantemente atentos não apenas com a realidade circunstante, mas também e, talvez sobretudo, com aquilo que o Senhor quer nos mostrar com isso. É interessante observar com que delicadeza Jesus instruiu os seus discípulos na difícil tarefa de continuar o seu trabalho. Jesus mostrou para os discípulos que partilhar a Palavra com as pessoas que o Pai coloca na nossa frente, comporta um constante olhar ao mesmo Pai ("Então ergueu os olhos para o céu") e para o povo. Isso quer dizer que em qualquer ato de caridade que a Igreja realiza quem recebe deveria enxergar o rosto do Pai. Partilhar o Pão da palavra de Deus não é uma partilha de versículos, mas sim de vida, de amor, de historia. Ergueu os olhos para o céu: em qualquer ação da nossa vida, seja ela qual for, devemos manter vivo e presente este olhar para o céu, para não perdermos o sentido da realidade, ou seja, que tudo vem de Deus e volta para Ele.

4. "Quem nos separará do amor de Cristo?" (Rom. 8,35)

É esta a certeza de quem vive alimentado de Cristo, do seu espírito. Este ano, como sabemos, pela Igreja católica é o ano Paulino. Paulo é sem duvida o discípulo em que a força de Deus se manifestou como coragem, vida, capacidade e vontade de partilhar com todos e todas a salvação de Deus recebida por Jesus por meio do Seu espírito. Meditando as suas cartas, e é isso que a liturgia nos oferece todos os domingos na proclamação da segunda leitura, podemos abastecer a nossa alma daquele alimento que preenche as nossas vida de esperança que nos impulsiona a olhar sempre para frente, sabendo que não existe nada que pode nos atrapalhar, pois Cristo com a sua paixão, morte e ressurreição derrotou o inimigo. É verdade que podemos passar momentos de confusão, aonde percebemos a nossa fraqueza, também porque o mundo não dá sossego para aqueles que esperam só no Senhor. Mas alimentados dele, da sua Palavra, do Seu corpo, vivendo com intensidade a nossa pertença a sua Igreja, sabemos que aquilo que Paulo falava é verdade. A final e conta se Cristo é conosco, dentro de nós, nos nossos olhos, na nossa alma, então quem nos separará do amor de Cristo?

padre Paolo Cugini

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Estou certo de que há um tesouro?

O Reino dos Céus, disse Jesus, assemelha-se a um homem que encontra um tesouro no campo e vende tudo o que tem para comprar o campo. Faz uma comparação parecida com a do comerciante de pérolas preciosas. Tanto o homem do campo como o comerciante de pérolas preciosas procurava algo. A questão que nos podemos colocar é a seguinte: estamos buscando algo? Acreditamos de verdade que há um tesouro escondido ou uma pérola preciosa? Dito de outra maneira: estamos prontos para vender tudo em troca desse tesouro ou dessa pérola? 

A propósito da nossa sociedade, foi dito muitas vezes que se vive em um tempo de desencanto e desilusão. Se houve um tempo em que acreditávamos que outro mundo era possível, hoje, parece que para muitos a perspectiva se encurtou e pensamos apenas em sobreviver, em como ir levando (a vida). Nada mais. É como se tivéssemos descoberto que não há nada pelo qual valha a pena vender tudo. E, de fato, não estamos dispostos a sacrificar coisa alguma do pouco que temos. Não estamos certos de que haja algum tesouro escondido nem qualquer pérola preciosa. Não estamos certos de que valha a pena lutar pelo Reino dos Céus. Afinal, que Reino é esse? Após anos de luta e de esforços, o que conseguimos? Ficamos decepcionados. Não há nada por que lutar. Deixemos de sonhos! 

Mas Jesus continua propondo um ideal absoluto. Pelo Reino dos Céus vale a pena abandonar tudo. O que é tudo? Tudo é a segurança econômica, o bom nome e as expectativas da família. Abandonar tudo significa viver à maneira de Jesus, tratar de se comportar tal como Jesus faria: ser portadores do amor de Deus para com os pobres e necessitados de toda espécie. Abandonar tudo significa não se guiar pelos critérios egoístas do mundo, deixar de acumular bens e começar a compartilhar, relacionar-se com os demais de forma gratuita e não com um preço estipulado. Para abandonar tudo não é preciso abandonar materialmente a família e ingressar em um convento. Pode-se continuar no mesmo trabalho e permanecer morando na mesma casa. A diferença está em guiar-se pelos critérios do Evangelho para viver. Então, começa-se a ser cidadão do Reino. Adquire-se, assim, uma nova identidade: a de filho/filha de Deus Pai e irmãos, em Jesus, de todos os homens e mulheres. 

Para chegar nesse ponto é necessário acreditar firmemente que há um tesouro e que ele é o melhor que podemos encontrar na vida, que por esse tesouro vale a pena deixar tudo mais. Deus nos dê discernimento e sabedoria tal como a Salomão para conhecermos o que é justo e o que é bom. 

O que mais valorizo na minha vida? Do que é feito o meu tesouro? E o Evangelho o meu verdadeiro tesouro? O que mais me custa deixar para seguir Jesus?

Victor Hugo Oliveira

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TESOURO NO CÉU

As três parábolas narradas por Mateus – o tesouro no campo, as pérolas e a rede lançada – revelam o segredo de Deus para aqueles que têm fé e desejam entrar no Reino: viver a justiça anunciada por Jesus e ter atitudes e ações que sejam coerentes com a Sua palavra, mas que, para isso, é necessária uma decisão total e definitiva.

Nas parábolas do tesouro e da pérola, Jesus enfatiza o zelo necessário para se buscar o Reino de Deus que tem muito valor e, por isso, sempre traz alegrias aos que dele se aproximam e merece atenção e dedicação total. Se de fato o Reino for acolhido, ele será guardado como um tesouro. Por esse valor imensurável, tudo o mais pode ser renunciado, abrindo-se mão do que é considerado de valor no mundo para adquirir o verdadeiro tesouro ou a pérola, que só se consegue colocando em prática a Sua Palavra e os Seus ensinamentos.

Estas parábolas são um convite de Jesus para que se deixe tudo para segui-Lo. Porém, é importante e preciso cuidado para discernir com sabedoria qual é o verdadeiro e o falso tesouro, para que o Reino do Céu não seja confundido com uma falsa jóia.

A parábola da pesca é semelhante à do trigo e do joio que crescem juntos ceifados no mesmo campo. As separações dos peixes assim como o trigo do joio representam o julgamento que separa os bons dos maus.

Os dois últimos versículos do Evangelho – um diálogo entre Jesus e seus discípulos - define o modelo ideal de Seus seguidores como aqueles que se mostram dispostos a entender os mistérios do Reino e que são capazes de separar oportunamente o velho e o novo. Jesus aponta para os doutores da Lei que desejam segui-Lo, enfocando que, entendendo o mistério são capazes de fazer a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento, ou seja, compreendem que, em Jesus, tudo se renova e toma novo sentido. O absoluto do reino

O centro de convergência da parábola do tesouro escondido e da pérola preciosa encontra-se na decisão do agricultor e do comerciante, de desfazer-se de todos os seus bens para adquirir o bem encontrado, por ser sobremaneira precioso. O bom senso mostrou-lhes a conveniência de investir tudo na aquisição do bem maior. A perda redundaria em ganho, a loucura revelar-se-ia sabedoria.

Assim comporta-se o discípulo em relação ao Reino. Sua descoberta leva-o a redimensionar toda a sua vida, dando um sentido novo a cada um de seus aspectos, subordinando-os ao absoluto do Reino. O discípulo predispõe-se a qualquer sacrifício. Nada lhe parece demasiadamente pesado, quando se trata de colocar o Reino e seus valores no centro de sua existência.

O discípulo vê-se confrontado com a responsabilidade de fazer uma opção que revolucionará toda a sua vida. Nem sempre estará seguro do passo que deverá dar. Daí a possibilidade de se deixar levar pelo medo e pela incerteza. A convicção do discípulo, ao tomar esta decisão, dependerá do modo como foi tocado pelo Reino. Quanto mais profunda for a experiência tanto mais seguro estará o discípulo. Uma experiência superficial dificilmente levará a uma opção radical. Aí se revela quem, de fato, fez-se discípulo do Reino.

padre Jaldemir Vitório

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O MELHOR TESOURO

 

Jesus fala do valor absoluto do Reino dos Céus. Ele nos projeta para a totalidade do Reino que acontece aqui neste mundo e se plenifica no mundo futuro, na eternidade de Deus. E Ele nos diz que não há nada que valha mais do que o Reino dos Céus. Quem é sábio deixa tudo para possuir o Reino ou para estar nele e fazer parte dele. Neste sentido, o Reino se identifica com o próprio Deus. É a Ele, e somente Ele, a quem amamos sobre todas as coisas. Assim está escrito: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de toda a tua mente; e ao teu próximo como a ti mesmo". É n'Ele em quem depositamos a nossa fé e a nossa esperança.

São Paulo escreve aos romanos que "aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho". De fato, é um dom de Deus perceber o valor do Reino e entregar-se ao Absoluto de Deus. É exatamente nisso que os santos são diferentes. Eles veem o que os olhos da carne não podem ver e se alegram. São por isso capazes de se entregar ao amor do próximo sem medir sacrifícios. Alguém disse à madre Teresa de Calcutá que não faria o que ela fazia por nada deste mundo. E ela respondeu: "Nem eu!".

Ela não trabalhava para obter algum benefício deste mundo. Ela trabalhava pelo Reino.

A separação entre bons e maus no fim dos tempos na parábola da rede e dos peixes aponta para o juízo final. É assim que devemos acreditar, que Deus fará justiça a seus servos. No entanto, os peixes foram separados de acordo com o critério do pescador. A separação final será feita de acordo com os critérios de Deus.

Mt. 13,44-52 – Jesus faz duas comparações para mostrar o valor absoluto do Reino dos Céus. A primeira é a do tesouro escondido num campo. Alguém o encontra e vende tudo o que tem para comprar o campo onde está o tesouro. A segunda é a da pérola de grande valor. Quem a encontra vende tudo o que tem para poder adquiri-la. Jesus conta ainda uma terceira parábola sobre o fim dos tempos, quando os anjos vão separar os maus dos justos. A rede lançada ao mar apanha peixes de todo tipo. Eles são separados e o pescador fica com os que ele considera bons. Os outros são jogados fora.

1Rs. 3,5.7-12 – Deus permite que o rei Salomão lhe peça o que quiser. Salomão se revela um homem cheio de sabedoria e pede a Deus um coração compreensivo, capaz de discernir entre o bem e o mal para poder governar bem o seu povo. Ele poderia ter pedido muita riqueza e muitos anos de vida para poder desfrutá-las, além da morte dos seus inimigos. Ao contrário, ele pediu sabedoria para praticar a justiça. Deus gostou do pedido de Salomão e lhe concedeu o que ele queria.

Sl. 118 (119) – O Salmista sabe que a Palavra de Deus ilumina a vida e dá sabedoria aos pequeninos, por isso ele não deseja para si mesmo milhões em ouro e prata, e sim observar a Palavra de Deus e seguir seus mandamentos.

Rm. 8,28-30 – Não devemos ter medo de escolher o que Deus quer porque tudo contribui para o bem dos que amam a Deus. Se nossa opção de vida é fazer a vontade de Deus e estar em sintonia com Ele, tudo o que nos acontece contribui para o nosso bem. Nada é negativo em nossa vida.

cônego Celso Pedro da Silva

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Jesus fala em parábolas

Os evangelistas usam as parábolas de Jesus, que circulavam como tradição das comunidades primitivas, adaptando-as e acrescentando explicações, para o entendimento de suas comunidades. No evangelho de Mateus encontramos duas parábolas que são seguidas de detalhadas explicações (Mt. 13,18-23; 36-43). No evangelho de João encontramos apenas a parábola da porta do redil das ovelhas, seguida, no estilo de metáfora, da proclamação de Jesus de que ele próprio é a porta do redil e é o bom pastor. Mateus reúne, no capítulo 13 de seu evangelho, sete parábolas com o objetivo de elucidar o mistério do Reino dos Céus. Os evangelistas sinóticos, Marcos, Mateus, Lucas, registram uma explicação, de difícil interpretação, do porque Jesus fala em parábolas (Mt. 13,10-15; Mc. 4,10-12; Lc. 8,9-10). Uma interpretação desta explicação levaria, por um lado, à conclusão de que haveria um prévio propósito de Deus em salvar alguns e condenar outros. Tal interpretação corresponde à perspectiva de povo eleito, do judaísmo, que deu origem à seletiva teologia da predestinação (segunda leitura), por um lado, e da condenação dos inimigos, por outro lado.

Outra interpretação é a de que aqueles que se indispõem em acolher a palavra de Jesus não compreenderão as parábolas e se excluirão da salvação. Porém a misericórdia de Deus é universal e perene para com todos. Deus cria por amor, e, com amor, sustenta sua criação, glorificando-a. No evangelho de hoje temos a narrativa das três últimas parábolas, da coletânea do capítulo 13. As duas primeiras parábolas, a do tesouro encontrado no campo e a da perola de grande valor encontrada, revelam a supremacia absoluta do Reino dos Céus em relação a qualquer riqueza terrena. A descoberta do imenso valor do Reino, revelado por Jesus, gera uma tal alegria que a pessoa abre mão de tudo para aderir e participar, já, deste Reino.

A terceira parábola tem certa semelhança com a parábola do joio e do trigo. Contudo aqui o núcleo da parábola é o julgamento escatológico, no fim dos tempos, com a separação entre os maus e os justos. Este dualismo entre maus e justos é decorrente da reinvidicação de povo eleito, e foi descartada e superada por Jesus. Particularmente, a descrição própria de Mateus quanto ao destino final dos maus, lançados na fornalha de fogo, com ranger de dentes, expressa um ato cruel que destoa com a prática misericordiosa e amorosa de Jesus. Na primeira leitura encontramos uma bela apologia de Salomão, o que entra em contradição com a sua ambição desmedida, revelada em seu reinado. Por um lado, no Primeiro Testamento, Salomão é exaltado em suas posses, em seu harém, em sua haras, no seu poder, caracterizado por sua opressão sobre o povo. Por outro lado o texto de hoje lhe atribui grande sabedoria, dando-lhe grande projeção na tradição de Israel e judaica. Na comparação final, pode-se pensar que tenhamos uma identificação do autor do evangelho, atribuído a Mateus. Seria o autor este escriba que se tornou discípulo do Reino e reviu suas tradições, tirando delas coisas novas e velhas?

José Raimundo Oliva

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UM TESOURO NO CAMPO

Continuamos, neste hoje, a escutar Jesus falando-nos do Reino dos Céus. Saído do barco à beira-mar, chegado em casa, ele nos conta ainda três parábolas: o Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo; um homem o encontra e, cheio de alegria, vende tudo e o adquire! O Reino dos Céus é como uma pérola de grande valor; o homem vende tudo e, fascinado por sua beleza, vende tudo e a adquire... Observem, irmãos, que Jesus nos quer fazer compreender que quem encontra o Reino, sai de si! Encontra o sentido da vida, encontra aquilo por que vale a pena viver. Quem de verdade encontra o Reino, quem o experimenta, muda para sempre sua existência: vai ligeiro, vende tudo, fica cheio de alegria! Encontrar o Reino é encontrar Jesus, e encontrar Jesus de verdade é encontrar a razão de viver, o sentido da existência... é encontrar-se consigo mesmo! Quem encontra o Reino assim, se encontra, parte de si mesmo e vai viver de verdade! Quantos cristãos experimentaram isso, quantos fizeram-se loucos, pareceram loucos, por amor de Cristo! Quantos jogaram fora amores, família, projetos, bens materiais... O que os levou a isso? O que aconteceu com santo Antão, que vendeu todos os bens e deu aos pobres e foi viver no deserto, sozinho? O que aconteceu com Francisco de Assis? O que aconteceu com a beata Madre Teresa de Calcutá ou com a irmã Dulce? O que aconteceu com aquele moço que largou tudo e foi ser religioso, com aquela moça sem juízo que entrou numa comunidade de vida? O que aconteceu com aquele casal, que mudou seu modo de viver, seu círculo de amizade, que deixou suas badalações? O que aconteceu com São Maximiliano Kolbe, que entregou a vida no lugar de um pai de família? Com o Bem-aventurado Anchieta, que deixou sua pátria e se embrenhou no Brasil selvagem para anunciar Cristo aos índios? O que aconteceu com todos esses? Eles descobriram o tesouro, eles encontraram uma pérola de valor imensurável, eles experimentaram a paz, a doçura, a verdade do Reino dos Céus!

Estejamos atentos! Quem é mole nas coisas de Deus, quem é pouco generoso no seguimento de Cristo, quem sente como um fardo os apelos do Senhor, não experimentou ainda, não encontrou o tesouro, não viu a pérola de grande valor, não descobriu de verdade o Reino dos Céus! Cristãos cansados, cristãos sem entusiasmo, cristãos pouco generosos, cristãos com uma lógica igual à do mundo são cristãos que nunca – nunca! – experimentaram a paz do Reino, a beleza do Reino, a doçura do Reino, a plenitude do Reino que Jesus nos mostra e nos dá! Atentos, irmãos: pode-se ser cristão e nunca ter experimentado o Reino! Pode-se ser padre ou religioso sem nunca ter descoberto o Reino... Aí, já não há alegria, já não há entusiasmo, já não se corre, se arrasta, se rasteja! O Reino tem pressa, o Reino faz vibrar, o Reino nos impele porque descobrir o Reino e experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo! Quantos de nós se entusiasmam com tantas coisas e são tão lerdos quando se trata do Senhor e do seu Reino... Não seríamos nós um desses?

E, no entanto, o sonho de Deus é que todos possam encontrar o seu Reino; para isso ele nos criou, para isso nos destinou. Escutemos o Apóstolo: "Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde toda eternidade, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho... E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou também os tornou justos, e aos que tornou justos também os glorificou". Isso nos coloca diante de duas realidades, caríssimos. Primeiro: o dever que temos de anunciar o Reino a toda a humanidade! A Igreja é missionária, anunciadora do Reino dos Céus! Uma Igreja que não tenha o desejo, que não sinta a necessidade de levar Jesus aos que ainda não o conhecem, é uma Igreja morta, uma Igreja que já não experimenta a alegria de crer! Estejamos atentos: há tantos em terras distantes e tantos bem próximos de nós que não tiveram ainda a alegria do Reino dos Céus, pois que não encontraram o tesouro, na viram a pérola de grande valor! Ai de nós se não anunciarmos a esses a Boa Nova do Reino dos Céus! Nunca esqueçamos: quem encontra algo de muito bom, sente o desejo de comunicar, de partilhar, de tornar conhecido aos demais. Se em nós não há ímpeto missionário, é porque não encontramos, de verdade, a o Reino e sua alegria! Pensemos bem!

Mas, há uma segunda realidade, que precisamos levar em conta. Descobrir o Reino exige um olhar iluminado pela graça de Deus. Sozinhos, com nossas próprias forças, somos incapazes de discernir essa presença do Reino! Por isso é necessário suplicar, como Salomão, um coração para compreender: "Dá ao teu servo um coração compreensivo – um coração que escute!" No Evangelho de hoje, Jesus termina perguntando: "Compreendeste essas coisas?" – Senhor, pedimos nós, dá-nos um coração capaz de compreender! Sem vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo! Mostra-nos o tesouro, que é o teu Reino! Faz-nos encontrar a pérola de grande valor, pela qual vale a pena perder tudo e todo nela encontrar! Faz-nos sentir que, pelo Reino, vale a pena deixar redes, barcos, a vida perder; deixar a família e dinheiro não ter!

Concluamos, agora, com a última, das sete parábolas: "O Reino dos Céus é como uma rede jogada no mar deste mundo... Ela apanha todo tipo de peixe" – apanhou a mim, a você... Olhem a Igreja, olhem a nossa comunidade: há de tudo! Todo tipo de gente, todo tipo de cristão! Mas, um dia, a rede será puxada para a margem... e os peixes bons serão recolhidos nos cestos do Senhor e os peixes ruins serão lançados fora, para o fogo queimar... Eis como Jesus termina! Prevenindo-nos que é necessário decidir-se pelo Reino, que nossa vida valerá ou não a pena, terá ou não sentido dependendo de nossa atitude em relação ao Reino que ele veio anunciar...

dom Henrique Soares da Costa

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O MELHOR TESOURO

A primeira leitura concentra-se na sabedoria, que, mais do que uma filosofia ou uma arte de viver, é um dom de Deus. Sábio é aquele que sabe discernir entre os caminhos de Deus e dos homens. É aquele que conhece e compreende a si mesmo. A sabedoria não é uma virtude de idade ou um fruto da boa vontade. É dom de Deus. Um dom necessário para quem deseja andar pelos caminhos do Senhor. E Deus o concede a quem o procura de coração sincero e humilde. Salomão escolhe a sabedoria como o dom mais precioso para um governante. Ele passa a ser apresentado como o modelo da pessoa que considera a sabedoria como um bem precioso, que Deus concede a quem pede confiante. O apóstolo Paulo nos revela que o tesouro do Pai é Jesus Cristo. Edificando sua morada entre nós, ele é a presença, a reconciliação e o amor de Deus oferecido a toda a humanidade. É ainda em Cristo que a humanidade, ferida pelo pecado, recebe do Pai a vitória e a glorificação definitiva da ressurreição. O projeto do Pai não exclui ninguém. Diante de sua proposta, cada um é livre para aderir ou recusar, escolher a vida ou a morte. Hoje, a Palavra de Deus ressalta, para a comunidade reunida, o valor absoluto do Reino de Deus. O Reino é um bem supremo que enche de alegria incontida quem aposta tudo para possuí-lo. Para colocar o Reino no topo da escala de valores , a comunidade precisa do discernimento e da sabedoria que vêm de Deus.

As pessoas que sonham com a felicidade, que partem em busca de melhores condições de vida, se veem obrigadas a fazer escolhas e a renunciar a muitas outras coisas. A alegria da conquista "do tesouro" tem por fundamento a sabedoria das escolhas, o sofrimento da renúncia de outros bens e a entrega incondicional por aquilo que se procura. Para quem deseja "ver e seguir Jesus, Caminho, Verdade e Vida", o Reino de Deus se torna tão singular e atraente que nada neste mundo pode ser comparado a ele. À luz das parábolas do Reino, podemos compreender melhor a história dos santos e das santas, que sacrificaram tudo no seguimento de Cristo em busca do tesouro do Reino. Santo Agostinho, em sua busca angustiante, clamava: "Senhor, meu coração não terá paz enquanto não descansar em ti". Mas o que é o Reino de Deus? Apesar das inúmeras referências que o próprio Jesus fez sobre o Reino, ele não nos deixou um tratado sistemático ou uma definição precisa. Como um perfeito artista, ele nos apresentou um mosaico de imagens, de parábolas e de sentenças que constituem um todo a ser contemplado. E desta contemplação podemos afirmar: "O Reino de Deus é a absoluta e amorosa ação do Deus vivo na vida e no mundo dos humanos"; "ele é a fonte e o foco de referência de toda a Boa-Nova da salvação da humanidade sonhada por Deus, mediante a vida, a morte e a ressurreição de Jesus"; "o Reino determina as opções evangélicas do seguidor de Jesus Cristo, que se concretizam nas bem-aventuranças, no amor a Deus e ao próximo"; é a razão da esperança e da alegria, da abertura aos irmãos, da opção pelos empobrecidos, fundamento de nosso compromisso inerente à fé". O Reino de Deus é um valor que está acima de todas as especulações.

É um valor supremo, pelo qual toda sacrifício se torna pequeno. O Reino de Deus é um tesouro escondido. Não é fácil encontrá-lo, porque é pequeno, oculto e não está onde imaginamos. Ele é mistério. E não basta encontrá-lo. É precioso perseverar e concentrar nele a vida. Jesus disse: "Busquem primeiro o Reino de Deus e sua justiça. Tudo o mais será dado em acréscimo" (Mt. 6,33).

Quem capta com sabedoria o mistério do Reino e assimila como critério de sua vida o mandamento do amor, encontrou o tesouro escondido que lhe ensina relativizar tudo o mais e manter-se em equilíbrio e felicidade. Compreenderá que a felicidade não é sinônimo de ter mais e gastar, acumular e consumir, mas sim compartilhar solidariamente o afeto, o tempo e os bens com os irmãos. Enquanto estamos a caminho do Reino definitivo, já iniciado e presente no meio de nós, mas ainda não plenamente, a sabedoria que ilumina nosso compromisso com a aventura do Reino será a súplica do Pai-Nosso: "Venha a nós o vosso Reino, Senhor!

A liturgia deste domingo convida-nos a refletir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus.

A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem "sábio", que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores efêmeros.

No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse "tesouro" supremo que é o Reino.

A segunda leitura convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.

1ª Leitura – 1 Reis 3,5.7-12 - AMBIENTE

O grande rei David morreu por volta de 972 a.C., após um reinado longo e fecundo, ocupado a expandir as fronteiras do reino, a consolidar a união entre as tribos do norte e do sul e a conquistar a paz e a tranqüilidade para o Povo de Deus. Sucedeu-lhe no trono o filho, Salomão.

Salomão desenvolveu um trabalho meritório na estruturação do reino que o pai lhe legou. Organizou a divisão administrativa do território que herdou, dotou-o de grandes construções (das quais a mais emblemática é o Templo de Jerusalém), fortificou as cidades mais importantes, potenciou o intercâmbio cultural e comercial com os países da zona, incentivou e apoiou a cultura e as artes.

Preocupado com a constituição de uma classe política preparada para as tarefas da governação, Salomão recrutou "sábios" estrangeiros (sobretudo egípcios) para a sua corte e rodeou-se de homens que se distinguiam pelo seu "saber", pela sua justiça e prudência. Esses "quadros", além de aconselharem o rei, tinham também a tarefa de preparar os futuros "funcionários" para desempenharem funções no aparelho governativo montado por Salomão.

A corte de Salomão tornou-se, assim, um "viveiro" de "sabedoria". Os "sábios" de Salomão coligiram provérbios, redigiram "máximas" de caráter sapiencial, deram "instruções" (sobre as virtudes que deviam ser cultivadas para ter êxito e para ser feliz). Nesta fase, também redigiram-se crônicas sobre os reinados anteriores e publicaram-se textos sobre as tradições dos antepassados (provavelmente, é nesta época que a "escola jahwista" dá à luz algumas das tradições que irão ocupar um lugar fundamental no Pentateuco). Não admira, portanto, que Salomão tenha ficado na memória histórica de Israel como o protótipo do rei sábio, "cuja sabedoria excedia a todos os orientais e egípcios" (1Re 4,30).

Salomão é também, historicamente, o primeiro rei que "herda" o trono. Até agora, os seus predecessores não chegaram ao trono por herança, mas receberam-no das mãos de Deus (segundo a visão "religiosa" dos catequistas bíblicos). Os teólogos de Israel vão, pois, esforçar-se por sacralizar o poder de Salomão e demonstrar que, se Salomão chegou a governar o Povo de Deus, não foi apenas por um direito hereditário (sempre contestável), mas pela vontade de Deus.

O texto que hoje nos é proposto supõe todo este enquadramento. O chamado "sonho de Gabaon" (cf. 1Re 3,5) é uma ficção literária montada pelos teólogos deuteronomistas (esse grupo que reflete a vida e a história na linha das grandes idéias teológicas apresentadas no Livro do Deuteronômio) com uma dupla finalidade: apresentar Salomão como o escolhido de Jahwéh e justificar a sua proverbial "sabedoria".

MENSAGEM

No Antigo Testamento, o "sonho" aparece, com alguma freqüência, como uma forma privilegiada de Deus comunicar com os homens e de lhes indicar os seus caminhos. No nosso texto, aparece-nos também um sonho: os catequistas deuteronomistas vão utilizar este recurso literário para apresentar Salomão como "o escolhido" de Deus, a quem Jahwéh comunica os seus projetos e a quem confia a condução do seu Povo.

O "sonho" de Salomão está estruturado na forma de um diálogo entre Deus e Salomão. Há, em primeiro lugar, uma interpelação de Deus ("que posso Eu dar-te?"); e há, depois, uma resposta de Salomão: consciente da grandeza da sua tarefa e das suas próprias limitações, o jovem rei pede a Deus que lhe dê um coração "sábio" para governar com justiça. A prece do rei é atendida e Deus concede a Salomão uma "sabedoria" inigualável (na continuação – que, todavia, o nosso texto de hoje já não apresenta – Deus acrescenta ainda outros três dons: a riqueza, a glória e a longa vida – cf. 1Re. 3,13-14).

Em termos religiosos, qual a mensagem que os autores deuteronomistas pretendem deixar com esta "ficção"?

Antes de mais, o nosso texto deixa claro que, em Israel, o rei é o "instrumento de Deus", o intermediário entre Deus e o seu Povo. É através da pessoa do rei que Deus governa, que intervém na vida do seu Povo e o conduz pela história.

Depois, o texto mostra que Salomão não concebeu o seu papel como um privilégio pessoal que podia ser usado em benefício próprio, mas sim como um ministério que lhe foi confiado por Deus. Salomão tinha consciência de que a autoridade é um serviço que deve ser exercido com "sabedoria" e que o objetivo final desse serviço é a realização do bem comum.

Finalmente (e é talvez o aspecto mais significativo para o tema da liturgia deste domingo), os autores deuteronomistas sublinham a "qualidade" da resposta de Salomão: ele não pede riqueza nem glória, mas pede as aptidões necessárias e a capacidade para cumprir bem a missão que Deus lhe confiou. Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas importantes e que não se deixa distrair por valores efêmeros.

Dizer que a súplica de Salomão "agradou ao Senhor" (v. 10) é propor aos israelitas que optem pelos valores eternos, duradouros e essenciais.

ATUALIZAÇÃO

Considerar as seguintes questões:

• Algumas pessoas e grupos com um peso significativo na opinião pública procuram vender a idéia de que a realização plena do indivíduo está num conjunto de valores que decidem quem pertence à elite dos vencedores, dos que estão na moda, dos que têm êxito… Em muitos casos, esses valores propostos são realidades efêmeras, materiais, secundárias, relativas. Quase sempre, por detrás da proposição de certos valores, estão interesses particulares e egoístas, a tentativa de vender determinada ideologia ou a preocupação em tornar o mercado dependente dos produtos comerciais de determinada marca… O "sábio", contudo, é aquele que está consciente destes mecanismos, que sabe ver com olhar crítico os valores que a moda propõe, que sabe discernir o verdadeiro do falso, que distingue o que apenas tem um brilho doirado daquilo que, na essência, é um tesouro que importa conservar. O "sábio" é aquele que consegue perceber o que efetivamente o realiza e lhe permite levar a cabo, dentro da comunidade, a missão que lhe foi confiada. Como é que eu me situo face a isto? O que me seduz e que eu abraço é o imediato, o brilhante, o sedutor, ainda que efêmero, ou é o que é exigente e radical mas que me permite conquistar uma felicidade duradoura e concretizar o meu papel no mundo, na empresa, na família ou na minha comunidade cristã?

• A figura de Salomão interpela também todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma verdadeira atitude de serviço: o seu objetivo não deve nunca ser a realização dos próprios esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum.

2ª Leitura – Rm. 8,28-30 - AMBIENTE

O texto que nos é proposto como segunda leitura continua a reflexão de Paulo sobre o projeto de salvação que Deus tem para oferecer aos homens.

Já vimos nos domingos anteriores que, na perspectiva de Paulo, todo o homem que chega a este mundo mergulha num contexto de pecado que o marca e condiciona (cf. Rm. 1,18-3,20); no entanto, Deus, na sua bondade, oferece gratuitamente ao homem pecador a sua graça e dá-lhe a possibilidade de chegar à salvação (cf. Rm. 3,21-4,25); e é em Jesus Cristo que esse dom de Deus se comunica ao homem (cf. Rm. 5,1-7,25). É o Espírito Santo que permite ao homem acolher esse dom e viver na fidelidade à graça que Deus oferece (cf. Rm. 8,1-39).

Depois de assegurar aos cristãos de Roma (e, através deles, aos cristãos de todas as épocas e lugares) que o Espírito "vem em auxílio da nossa fraqueza" e "intercede por nós" (cf. Rm. 8,26-27), Paulo relembra – no texto que nos é proposto como segunda leitura – que Deus tem um projeto de amor que se traduz no oferecimento da salvação ao homem.

MENSAGEM

Esse projeto não é um acontecimento casual, mas algo que, desde sempre, está previsto nos planos de Deus.

Aos que aderem a esse projeto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena (justificação).

Neste contexto, Paulo fala "daqueles" que Deus "conheceu" de antemão, que "predestinou" para viverem à imagem de Jesus, que "chamou", que "justificou" e que "glorificou". No entanto, estes versículos não devem ser entendidos no sentido de que a salvação que Deus oferece se destine apenas a um grupo de predestinados, que Deus escolheu de entre os homens de acordo com critérios que nos escapam… A teologia paulina é clara a este respeito: o projeto salvador de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhe-l'O. O que Paulo sublinha aqui é que se trata de um dom gratuito de Deus e que esse dom está previsto desde toda a eternidade.

ATUALIZAÇÃO

• Em todas as cartas de Paulo transparece o espanto que o apóstolo sente diante do amor de Deus pelo homem. Este tema está, contudo, especialmente presente na Carta aos Romanos. O nosso texto convida-nos a dar conta – outra vez – desse fato extraordinário que é o amor de Deus (amor que o homem não merece, mas que Deus, com ternura, insiste em oferecer, de forma gratuita e incondicional), traduzido num projeto de salvação preparado desde sempre, e que leva Deus a enviar ao mundo o seu próprio Filho para conduzir todos os homens e mulheres a uma nova condição. Numa época marcada por uma certa indiferença face a Deus, este texto convida-nos a tomar consciência de que Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. Nós, os crentes, somos convidados a conduzir a nossa vida à luz desta realidade; e somos convocados a testemunhar, com palavras, com ações, com a vida, no meio dos irmãos que dia a dia percorrem conosco o caminho da vida, o amor e o projeto de salvação que Deus tem.

• Diante da oferta de Deus, somos livres de fazer as nossas opções – opções que Deus respeita de forma absoluta. No entanto, a vida plena está no acolhimento desse "valor mais alto" que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele. É esse o "valor mais alto", o "tesouro" pelo qual eu optei de forma decidida no dia do meu batismo? Tenho sido, na caminhada da vida, coerente com essa escolha?

Evangelho – Mt. 13,44-52 - AMBIENTE

Concluímos, neste domingo, a leitura do capítulo dedicado às "parábolas do Reino" (cf. Mt. 13). Nele, recorrendo a imagens e comparações simples, sugestivas e questionantes ("parábolas"), Jesus apresenta esse mundo novo de liberdade e de vida nova que Ele veio propor aos homens e ao qual Ele chamava Reino de Deus.

Concretamente, o nosso texto apresenta-nos três parábolas que são exclusivas de Mateus (nenhuma delas aparece nos outros três evangelhos considerados canônicos. No entanto, as três aparecem num texto não canônico – o Evangelho de Tomé – embora aí apresentem notáveis variantes em relação à versão mateana): a parábola do tesouro, a parábola da pérola e a parábola da rede e dos peixes.

Para enquadrarmos melhor a mensagem aqui proposta por Mateus, devemos ter em conta a realidade da comunidade a quem o Evangelho se destina… Estamos no final do primeiro século (anos oitenta). Passaram-se mais de trinta anos após a morte de Jesus. O entusiasmo inicial deu lugar à monotonia, à falta de empenho, a uma vivência "morna", pouco exigente e pouco comprometida. No horizonte próximo das comunidades cristãs perfilam-se tempos difíceis de perseguição e de hostilidade e os cristãos parecem pouco preparados para enfrentar as dificuldades. Mateus sente que é preciso renovar o compromisso cristão e chamar a atenção dos crentes para o Reino, para as suas exigências e para os seus valores. As parábolas do Reino que hoje nos são propostas devem ser lidas neste contexto.

MENSAGEM

O texto do Evangelho deste domingo pode ser dividido em três partes. Em cada uma delas, há aspectos e questões que convém pôr em relevo e ter em conta.

Na primeira parte, temos duas parábolas – a parábola do tesouro escondido no campo e a parábola da pérola preciosa (vs. 44-46). Ambas desenvolvem o mesmo tema e apresentam ensinamentos semelhantes.

A questão principal abordada nesta primeira parte é a da descoberta do valor e da importância do Reino. Quer a parábola do tesouro escondido, quer a parábola da pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (esse mundo de paz, de amor, de fraternidade, de serviço, de reconciliação que Jesus veio anunciar e oferecer) é um "tesouro" precioso, que os seguidores de Jesus devem abraçar, antes de qualquer outro valor ou proposta. Os cristãos são, antes de mais, aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino. Ora, quando alguém encontra um "tesouro" como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. Provavelmente, Mateus está a sugerir a esses cristãos a quem o seu Evangelho se destina (adormecidos numa fé morna, inconseqüente, pouco exigente) que é preciso redescobrir e optar decisivamente por esse valor mais alto, que deve dar sentido às suas vidas – o Reino. O cristão é confrontado, a par e passo, com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.

Na segunda parte, Mateus apresenta o Reino na imagem de uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes (vs. 47-50). Na versão apresentada por Mateus, a parábola apresenta um ensinamento semelhante ao da parábola do trigo e do joio (sobre a qual meditamos no passado domingo): o Reino não é um condomínio fechado, onde só há gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas (no Evangelho de Tomé, a versão é diferente: conta a história de um pescador "sábio" que pesca vários peixes, mas fica só com o maior e lança os outros ao mar. Aí, portanto, a parábola da rede e dos peixes apresenta uma mensagem que vai na linha das parábolas do tesouro descoberto no campo e da pérola preciosa. Alguns autores pensam que a versão apresentada no Evangelho de Tomé constitui a versão primitiva da parábola da rede e dos peixes).

A referência que Mateus faz (mais uma vez) ao juízo final é uma forma de exortar os irmãos da sua comunidade no sentido de escolherem decididamente o Reino e porem em prática as propostas de Jesus.

Na terceira parte do Evangelho que nos é proposto, Mateus apresenta um breve diálogo entre Jesus e os discípulos (vs. 51-52).

Neste diálogo temos uma espécie de conclusão de todo o capítulo. Mateus sugere que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que "compreende". Ora, "compreender", na teologia mateana, significa "prestar atenção" e comprometer-se com o ensinamento proposto. Os cristãos são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores. A referência ao "escriba" que "tira do seu tesouro coisas novas e velhas" pode referir-se aos judeus, conhecedores profundos do Antigo Testamento (o "velho"), convidados agora a refletirem essas velhas promessas à luz das propostas de Jesus (o "novo"). É nessa dialética sempre exigente e questionante que o verdadeiro discípulo encontra o caminho para o Reino; e, depois de encontrar esse caminho, deve comprometer-se com ele de forma decisiva, exigente, empenhada.

ATUALIZAÇÃO

• A primeira e mais importante questão abordada neste texto é a das nossas prioridades. Para Mateus, não há qualquer dúvida: ser cristão é ter como prioridade, como objetivo mais importante, como valor fundamental, o Reino. O cristão vive no meio do mundo e é todos os dias desafiado pelos esquemas e valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens seja o objetivo número um da sua vida, pois o Reino é partilha. O cristão está permanentemente mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o Reino é serviço. O cristão é todos os dias convencido de que o êxito profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e para deixar a sua marca na história; mas ele não pode deixar-se seduzir por esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na simplicidade. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a auto-suficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade… O que é que comanda a minha vida? Quais são os valores pelos quais eu sou capaz de deixar tudo? Que significado têm as propostas de Jesus na minha escala de valores?

• A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite meias tintas, tibiezas, hesitações, jogos duplos. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho. A minha opção pelo Reino é uma opção radical, sincera, que não pactua com desvios, com compromissos a "meio gás", com hipocrisias e incoerências?

• Porque é que os cristãos apresentam, tantas vezes, um ar amargurado, sofredor, desolado? Quando a tristeza nos tolda a vista e nos impede de sorrir, quando apresentamos semblantes carrancudos e preocupados, quando deixamos transparecer em gestos e em palavras a agitação e o desassossego, quando olhamos para o mundo com os óculos do pessimismo e do desespero, quando só nos deixamos impressionar pelo mal que acontece à nossa volta, já teremos descoberto esse valor fundamental – o Reino – que é paz, esperança, serenidade, alegria, harmonia?

• Mais uma vez o Evangelho convida-nos a admirar (e a absorver) os métodos de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem – todo o tempo do mundo – para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções. Sabemos respeitar, com esta tolerância e liberdade, o ritmo de crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos rodeiam?

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

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O Reino dos Céus é como um tesouro...

 

 

24/07/2011                                           Gilberto Silva

Mt 13, 44-52

 

 

Caríssimos irmãos e irmãs,

 

   Jesus Cristo, nosso Irmão e Senhor, mais uma vez retorna com as parábolas, desta vez são mais quatro, afim de que os seus seguidores e discípulos possam refletir e ponderarem sobre o Reino dos Céus.

   Jesus encontrava-se no seu terceiro ano de ministério, principalmente trazendo em seu bojo, as revelações, enquanto nos anos anteriores eram ministérios de sinais, milagres e denúncias.

 

1- Você, meus irmãos e irmãs, que rezam, observam a Palavra, são o verdadeiro tesouro de Deus. Quando olhamos para o campo (ser humano) nós tão somente conseguimos ver o externo, a capa, a superfície da pessoa. Porém, quando começamos a cavar, nós penetramos no íntimo, no coração daquela pessoa. O campo externo pode ser feio e defeituoso, mas no seu interior encontra-se o verdadeiro tesouro, o coração, a alma irmã. Ele pertence a Deus. Com certeza tudo faríamos para obter este tesouro valiosíssimo. Nele se encontra: a fé, a honestidade, amizade, carinho, amor, caridade e misericórdia.

 

2- A grande e bela pérola, é Jesus Cristo. Ele é o nosso salvador. Quando abrimos o nosso coração e O encontramos, com toda a certeza, venderemos tudo o que temos para ficarmos para sempre com Ele. As outras pérolas perto dele, são meras imitações do inimigo. São pérolas fragilizadas, sem brilho ou viço, que tenta nos agradar, nos envolver com a sua falsidade. Quando um pecador se converte e vê Cristo como o seu salvador, todas as coisas e riquezas se tornam inúteis.

 

3- O mundo é como um vasto oceano, onde os homens são os peixes em seu estado mais natural. Os anjos do Senhor lançarão as suas redes. Os bons e justos são os grandes peixes, entretanto, os maus, os hipócritas e perversos, são na sua pequenez miserável, separados dos grandes e " escapam " pelo buracos das redes, não participando assim da glória celeste. São lançados fora do Reino.

 

4- Quando um membro da igreja de Cristo consegue passar aos fiéis e amigos, as mensagens do Evangelho, Jesus o compara a um chefe de família que gera frutos e crescimento ano a ano, em abundância e variedade. Ele tem guardado coisas velhas (as experiências) e a novas (capacidade de assimilar e aprender).

 

Com estes belos exemplos, aprendamos e apreciamos como "ver" o Reino dos Céus.

 

Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Gilberto Silva

  

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O Reino dos Céus é um Tesouro...

Continuamos, neste hoje, a escutar Jesus falando-nos do Reino dos Céus. Saído do barco à beira-mar, chegado em casa, ele nos conta ainda três parábolas: o Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo; um homem o encontra e, cheio de alegria, vende tudo e o adquire! O Reino dos Céus é como uma pérola de grande valor; o homem vende tudo e, fascinado por sua beleza, vende tudo e a adquire... Observem, irmãos, que Jesus nos quer fazer compreender que quem encontra o Reino, sai de si! Encontra o sentido da vida, encontra aquilo por que vale a pena viver. Quem de verdade encontra o Reino, quem o experimenta, muda para sempre sua existência: vai ligeiro, vende tudo, fica cheio de alegria! Encontrar o Reino é encontrar Jesus, e encontrar Jesus de verdade é encontrar a razão de viver, o sentido da existência... é encontrar-se consigo mesmo! Quem encontra o Reino assim, se encontra, parte de si mesmo e vai viver de verdade! Quantos cristãos experimentaram isso, quantos fizeram-se loucos, pareceram loucos, por amor de Cristo! Quantos jogaram fora amores, família, projetos, bens materiais... O que os levou a isso? O que aconteceu com Santo Antão, que vendeu todos os bens e deu aos pobres e foi viver no deserto, sozinho? O que aconteceu com Francisco de Assis? O que aconteceu com a Beata Madre Teresa de Calcutá ou com a Ir. Dulce? O que aconteceu com aquele moço que largou tudo e foi ser religioso, com aquela moça sem juízo que entrou numa comunidade de vida? O que aconteceu com aquele casal, que mudou seu modo de viver, seu círculo de amizade, que deixou suas badalações? O que aconteceu com São Maximiliano Kolbe, que entregou a vida no lugar de um pai de família? Com o Bem-aventurado Anchieta, que deixou sua pátria e se embrenhou no Brasil selvagem para anunciar Cristo aos índios? O que aconteceu com todos esses? Eles descobriram o tesouro, eles encontraram uma pérola de valor imensurável, eles experimentaram a paz, a doçura, a verdade do Reino dos Céus!

Meus caros, estejamos atentos! Quem é mole nas coisas de Deus, quem é pouco generoso no seguimento de Cristo, quem sente como um fardo os apelos do Senhor, não experimentou ainda, não encontrou o tesouro, não viu a pérola de grande valor, não descobriu de verdade o Reino dos Céus! Cristãos cansados, cristãos sem entusiasmo, cristãos pouco generosos, cristãos com uma lógica igual à do mundo são cristãos que nunca – nunca! – experimentaram a paz do Reino, a beleza do Reino, a doçura do Reino, a plenitude do Reino que Jesus nos mostra e nos dá! Atentos, irmãos: pode-se ser cristão e nunca ter experimentado o Reino! Pode-se ser padre ou religioso sem nunca ter descoberto o Reino... Aí, já não há alegria, já não há entusiasmo, já não se corre, se arrasta, se rasteja! O Reino tem pressa, o Reino faz vibrar, o Reino nos impele porque descobrir o Reino e experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo! Quantos de nós se entusiasmam com tantas coisas e são tão lerdos quando se trata do Senhor e do seu Reino... Não seríamos nós um desses?

E, no entanto, o sonho de Deus é que todos possam encontrar o seu Reino; para isso ele nos criou, para isso nos destinou. Escutemos o Apóstolo: "Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde toda eternidade, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho... E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou também os tornou justos, e aos que tornou justos também os glorificou". Isso nos coloca diante de duas realidades, caríssimos. Primeiro: o dever que temos de anunciar o Reino a toda a humanidade! A Igreja é missionária, anunciadora do Reino dos Céus! Uma Igreja que não tenha o desejo, que não sinta a necessidade de levar Jesus aos que ainda não o conhecem, é uma Igreja morta, uma Igreja que já não experimenta a alegria de crer! Estejamos atentos: há tantos em terras distantes e tantos bem próximos de nós que não tiveram ainda a alegria do Reino dos Céus, pois que não encontraram o tesouro, na viram a pérola de grande valor! Ai de nós se não anunciarmos a esses a Boa Nova do Reino dos Céus! Nunca esqueçamos: quem encontra algo de muito bom, sente o desejo de comunicar, de partilhar, de tornar conhecido aos demais. Se em nós não há ímpeto missionário, é porque não encontramos, de verdade, a o Reino e sua alegria! Pensemos bem!

Mas, há uma segunda realidade, que precisamos levar em conta. Descobrir o Reino exige um olhar iluminado pela graça de Deus. Sozinhos, com nossas próprias forças, somos incapazes de discernir essa presença do Reino! Por isso é necessário suplicar, como Salomão, um coração para compreender: "Dá ao teu servo um coração compreensivo – um coração que escute!" No Evangelho de hoje, Jesus termina perguntando: "Compreendeste essas coisas?" – Senhor, pedimos nós, dá-nos um coração capaz de compreender! Sem vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo! Mostra-nos o tesouro, que é o teu Reino! Faz-nos encontrar a pérola de grande valor, pela qual vale a pena perder tudo e todo nela encontrar! Faz-nos sentir que, pelo Reino, vale a pena deixar redes, barcos, a vida perder; deixar a família e dinheiro não ter!

Concluamos, agora, com a última, das sete parábolas: O Reino dos Céus é como uma rede jogada no mar deste mundo... Ela apanha todo tipo de peixe – apanhou a mim, a você... Olhem a Igreja, olhem a nossa comunidade: há de tudo! Todo tipo de gente, todo tipo de cristão! Mas, um dia, a rede será puxada para a margem... e os peixes bons serão recolhidos nos cestos do Senhor e os peixes ruins serão lançados fora, para o fogo queimar... Eis como Jesus termina! Prevenindo-nos que é necessário decidir-se pelo Reino, que nossa vida valerá ou não a pena, terá ou não sentido dependendo de nossa atitude em relação ao Reino que ele veio anunciar...

Irmãos, irmãs! "Compreendestes tudo isso?" Que o Senhor no-lo conceda, ele que Reina para sempre. Amém.

D. Henrique Soares

Você também foi um tesouro escondido que eu encontrei. Sal

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Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo


            Política é a maneira de agir para se conseguir alguma coisa. E para se conseguir dinheiro, um tesouro, muitos e muitas fazem coisas que até Deus duvida.

POLÍTICA  COMBINA  COM  ÉTICA?

A moral tem implicações políticas e econômicas. Na Idade Média, a Igreja condenava os juros. Hoje, se tal censura perdurasse, nenhum católico poderia ser banqueiro ou agiota. Mas, por ironia do destino, o próprio Vaticano possui o Banco do Espírito Santo...

A ética protestante sempre recomendou a seus fiéis afinco no trabalho e modéstia nos gastos, incentivando a poupança. Alguns autores acreditam que tal ética foi decisiva para enriquecer países de forte tradição protestante, como a Alemanha, a Suíça e os EUA.

No capitalismo, a moral predominante na sociedade é ambígua e contraditória, pois o valor maior para o sistema é a acumulação do capital. Assim, na "moral" desse sistema a propriedade privada é um valor acima da existência humana.

Para a doutrina da Igreja, se um homem tem fome ele tem o direito de fazer uso da propriedade alheia. "Maior e mais divino é o bem do povo que o bem particular", lembra São Tomás de Aquino (De Regimine Principum - Sobre o governo dos príncipes - 1, I Cap. 9).

A lógica do capital destrói os valores morais e corrói a ética. O mesmo comerciante que chama a polícia para o garoto que lhe furtou a lata de sardinhas, aumenta os preços de modo exorbitante e sonega o fisco.

Foi feita uma pesquisa nos EUA para saber em que fase da vida uma pessoa consome mais. Verificou-se que é quando ela casa. Um casamento sempre desencadeia consumo, desde as alianças à nova casa, passando pela roupa dos convidados aos presentes. Resultado, "façamos com que as pessoas se casem várias vezes". Não é de estranhar que as novelas considerem caretice a fidelidade e incentivem tanto a rotatividade conjugal.

Na política burguesa, a luta pelo poder faz com que o fim justifique os meios. Porém, a história demonstra que o meio utilizado influi no caráter do fim a ser obtido.

Muito se discute, ao longo dos tempos, sobre a ligação entre moral e política. Há quem defenda que a política deve ser autônoma ou independente em relação à moral. Tal proposta é atribuída ao famoso politicólogo italiano Maquiavel (1469-1527). Daí por que se chama de maquiavélica toda atitude política que ignora os preceitos morais. De fato, foi Maquiavel quem sugeriu aos poderosos o princípio de que 'o fim justifica os meios', em seu famoso livro, O Príncipe.

O grande desafio da política libertadora é basear-se na ética. Não se pode construir o homem e a mulher novos usando métodos velhos. Quando se lança mão de mentiras, de difamações, de trambiques, para ganhar o que se deseja, de fato se está perpetuando a velha sociedade opressora em nome de ideais libertários. Isso é o que o Evangelho chama de colocar vinho novo em odres velhos.

A ética enraíza-se no coração humano. Não é só uma questão de comportamento político. Ela só adquire força quando se encarna na vivência pessoal. O opressor age movido por interesses; o libertador, por princípios. Assim, jamais um militante da justiça pode aceitar desviar verbas, fraudar processos eleitorais, mentir para o povo ou fazer uso do que é coletivo para benefício pessoal. "Aquele que é fiel nas pequenas coisas - adverte Jesus - é também fiel nas grandes, e aquele que é injusto no pouco, também o é no muito" (Lucas 16, 10-12).

Frei Betto

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Um tesouro escondido num campo - Vera Lúcia

- O Reino do Céu é como um tesouro escondido num campo, que certo homem acha e esconde de novo. Fica tão feliz, que vende tudo o que tem, e depois volta, e compra o campo.

- O Reino do Céu é também como um comerciante que anda procurando pérolas finas. Quando encontra uma pérola que é mesmo de grande valor, ele vai, vende tudo o que tem e compra a pérola.

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

Em busca do tesouro precioso

Este evangelho traz para nós duas parábolas: a do tesouro e a da pérola.

Primeiramente, se faz necessário compreender as primeiras palavras de Jesus, quando ele fala sobre o de Reino dos céus (ou Reino de Deus). Para nós o Reino dos Céus é a vida nova que Jesus instaura no planeta.

O reino dos Céus começa (existe) aqui na terra e é a referência do ser humano para viver em profunda comunhão com o divino e ao mesmo tempo como irmãos e irmãs, tudo em vista de uma vida futura e plena (a vida eterna).

Quem vive o Reino dos Céus aqui, ainda que vivendo com grandes dificuldades, não desanimam, mas fortalecem suas fraquezas e partem, cada vez mais, em busca do seguimento do grande tesouro, a felicidade plena. Em nossa peregrinação terrestre é preciso procurar e procurar e ao encontrar o tesouro é preciso discernir, agarrar com as duas mãos e viver feliz da vida. Em se tratando de Reino de Deus, Jesus é a alegria constante, ele é o tesouro escondido e a pérola preciosa. Quem procura acha! Ele se deixa encontrar por quem procura e não abandona quem o encontra. Porém, viver distante do Reino, ainda que vivendo em meio a vida de luxo é passar fome, sede, frio é preferir bijuterias a uma perola preciosa, pois nem só de pão vive o homem. O Reino dos Céus é mais que pão e bijuterias é vida em plenitude, pois "Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola". Assumir Jesus é dar testemunho da verdadeira sabedoria.

Viver o Reino dos Céus aqui na terra é ser feliz, transmitir paz, carinho, compreensão e tudo mais que o próximo merece. Participar do Reino de Deus é testemunhar o sofrimento através dos próprios sofrimentos é enfrentar a vida com disposição é dormir, acordar, levantar, trabalhar, estudar, ter gosto de viver com carinho e dedicação. Quem testemunha o Reino dos Céus nem precisa abrir a boca, o olhar expressa paz e tranqüilidade. Expressemo-nos neste dia vida nova aos amigos e misericórdia aos inimigos. Eis o sonho de Deus: carinho e compaixão. Maria, mãe do perpétuo socorro sustente esse nosso bom propósito, de amar e perdoar, amém.

Enviado por Vera Lúcia

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Um tesouro escondido no campo - Pe. Fernando Torres

A sabedoria que precisamos

Outra vez, outro domingo, volta Jesus com mais parábolas. Gosta de sentar-se e contar histórias à gente que lhe escuta. Deixa que os que lhe rodeiam interpretem, saquem conseqüências ou se façam perguntas que talvez lhes terminem mudando a vida.

Hoje, o Evangelho presenteia-nos três parábolas muito parecidas. Todas põem seus protagonistas em frente a um dilema. O que encontra o tesouro escondido num campo tem que tomar decisões rápidas. O tesouro pode mudar a sorte de sua vida. Mas outro o pode encontrar. Há que atuar rapidamente. Não há mais solução que vender tudo o que tem e comprar o campo. Algo muito parecido passa ao comerciante de pérolas finas. Leva toda a vida de mercado em mercado. Tem um olho capaz de descobrir o que vale e o que não vale. Ao final, encontra uma pérola que vale realmente a pena. O protagonista da parábola não duvida em vender tudo o que tem, se desfazer de todas as outras pérolas que tem. Não valem nada em comparação com a que acaba de encontrar. Para o comerciante com vista o que fez é o que devia fazer. Arrisca tudo para ganhar tudo. E melhor para ganhar tudo –e o único ao mesmo tempo– que vale a pena.

Algo muito parecido é o que passa aos pescadores que jogaram a rede e que sacam à orla sua colheita de peixes. Não todos valem o mesmo. O que não entende de pesca talvez ponha a todos na mesma cesta. Enorme erro! Há peixes de diferentes classes e nem todos têm o mesmo valor no mercado. Alguns peixes há que os tira-los diretamente. Não valem nada. A arte de separar os bons dos maus, de classificá-los, é tão importante como saber jogar bem as redes.

Histórias de vida, de nossa vida

São histórias que nos falam de nossa própria vida na qual também nos veremos –ou nos vimos– na obrigação de tomar decisões radicais. Há encruzilhadas na vida em que nos temos que decidir. Recordo um artigo numa revista de pastoral juvenil que se titulava algo bem como "Jovem, te decide, não se pode ser de tudo". A liberdade não significa ter muitas opções ante nós senão a capacidade para optar, para nos decidir por uma ou outra opção e a sabedoria para tomar a decisão mais adequada. Não decidir, manter abertas todas as opções ante nós não significa ser mais livre senão não exercitar nossa liberdade.

Decidir, optar, é atar-se. O que encontrou o tesouro, o que descobriu a pérola, optou, decidiu, vendeu tudo o que tinha, se arriscou. Achou que era a melhor opção e tomou-a. E uma vez tomada, já não há volta. Outras opções, outras possibilidades, abrir-se-ão no futuro mas já não serão as mesmas que se deixaram passar. Assim é sempre nossa vida. Um caminho no qual sempre se abre encruzilhadas, no qual devemos tomar decisões, assumir os riscos e os possíveis erros. Não há outro remédio.

Discernimento e sabedoria

Hoje pedimos a Jesus que nos dê o discernimento suficiente para compreender onde está o que verdadeiramente vale a pena, o que nos enche para valer de alegria, aquilo pelo qual podemos e devemos deixar tudo (não é isso o Reino?). Esse discernimento é a sabedoria que pede Salomão a Deus na primeira leitura deste domingo.

Porém, atenção, Salomão não pede diretamente "sabedoria" senão um "coração dócil". É um detalhe importante. A sabedoria não se aprende nos livros nem nas bibliotecas. A sabedoria é a capacidade de ser dóceis à vontade de Deus, a sua Palavra que nos guia pelas encruzilhadas da vida. Porque Deus não quer senão o melhor para nós, nosso bem, nossa felicidade, nossa plenitude, que não outra coisa é o que se diz na carta aos Romanos que se lê na segunda leitura.

Fernando Torres cmf

http://www.ciudadredonda.org/subsecc_ma_d.php?sscd=157&scd=1&id=2893

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UM TESOURO ESCONDIDO NO CAMPO

Vende todos os seus bens e compra aquele campo.

Imagine que você seja rico (a), e tenciona comprar uma fazenda. Depois de muitas andanças, finalmente encontra aquela propriedade do seu agrado, porém o dono está exigindo um preço muito alto. Investigando perto dali, você encontrou outra propriedade não muito atraente, porém o seu empregado que por acaso é um perito em prospecção de petróleo, detectou um enorme lençol contendo essa preciosa matéria prima naquela propriedade. Que você faz? Providencia tudo imediatamente para conseguir o mais rápido possível, fechar negócio da aquisição daquele bem duplamente lucrativo! Acertei?

Então. Essa foi a comparação que Jesus fez para nos explicar o imenso e infinito valor do Reino dos Céus.

O Reino de Deus é um tesouro tão valioso que não deveria ser trocado por nenhuma coisa deste mundo. Mais o pior é que estamos sempre trocando. Volta e meia substituímos o amor de Jesus, a vida da graça ou estado de graça, por coisas tão banais que não dá para acreditar no que sempre fazemos, por causa da nossa infidelidade.

Deus é fiel. Ele prometeu estar com a sua Igreja até os fins dos tempos, e Ele está cumprindo a sua promessa, assim como todas as demais. Nós, ao contrário, vivemos prometemos que vamos nos converter, melhorar, ou seja, que não vamos pecar mais. E em momentos depois, fazemos tudo ao contrário. Quando nos preparamos para uma confissão, por exemplo, ao rever os nossos pecados, recorremos à infinita graça e misericórdia de Deus implorando que nos dê o perdão através do seu representante na Terra. Também suplicamos esse perdão dizendo que não vamos mais fazer aquelas coisas que sempre fazemos. Que não vamos mais pecar. Dias depois, repetimos tudo de novo! E voltamos à estaca zero, porque somos infiéis, muito infiéis. E por isso não conseguimos cumprir o que prometemos a Deus.

Caríssimos. Vamos suplicar a Deus em nome de Jesus, que nos proporcione mais fidelidade nos nossos propósitos de manutenção da vida da graça, da amizade com Deus e com o próximo através da prática da caridade como Jesus nos ensinou.

Sal.

Conclusão:

O Evangelho de hoje nos mostra a parábola na qual Jesus compara o Reino de Deus com um tesouro e com uma pérola. A comparação com o tesouro nos mostra o valor que o Reino de Deus deve ter nas nossas vidas, um valor que não pode ser superado por nenhum outro valor deste mundo. A pérola nos mostra a preciosidade inigualável que é o Reino de Deus para todas as pessoas. E tanto o valor como a preciosidade do Reino de Deus significam que todas as outras coisas perdem sua importância diante dele e só têm sentido enquanto contribuem para que o homem possa chegar até Deus. (CNBB)

 

Em busca do tesouro precioso - Vera Lúcia




"Enfrenta cada dia com uma disposição salutar, pois tens todos os recursos para vencer, desde que te libertes dessa postura doentia, a que dás o nome de cansaço". (Sóror Juanna Ignez de La Cruz)

Reino do Céu é como uma pérola

Mt 13,44-46



Este evangelho traz para nós duas parábolas: a do tesouro e a da pérola.

Primeiramente, se faz necessário compreender as primeiras palavras de Jesus, quando ele fala sobre o de Reino dos céus (ou Reino de Deus). Para nós o Reino dos Céus é a vida nova que Jesus instaura no planeta.

O reino dos Céus começa (existe) aqui na terra e é a referência do ser humano para viver em profunda comunhão com o divino e ao mesmo tempo como irmãos e irmãs, tudo em vista de uma vida futura e plena (a vida eterna).

Quem vive o Reino dos Céus aqui, ainda que vivendo com grandes dificuldades, não desanimam, mas fortalecem suas fraquezas e partem, cada vez mais, em busca do seguimento do grande tesouro, a felicidade plena. Em nossa peregrinação terrestre é preciso procurar e procurar e ao encontrar o tesouro é preciso discernir, agarrar com as duas mãos e viver feliz da vida. Em se tratando de Reino de Deus, Jesus é a alegria constante, ele é o tesouro escondido e a pérola preciosa. Quem procura acha! Ele se deixa encontrar por quem procura e não abandona quem o encontra. Porém, viver distante do Reino, ainda que vivendo em meio a vida de luxo é passar fome, sede, frio é preferir bijuterias a uma perola preciosa, pois nem só de pão vive o homem. O Reino dos Céus é mais que pão e bijuterias é vida em plenitude, pois "Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola". Assumir Jesus é dar testemunho da verdadeira sabedoria.

Viver o Reino dos Céus aqui na terra é ser feliz, transmitir paz, carinho, compreensão e tudo mais que o próximo merece. Participar do Reino de Deus é testemunhar o sofrimento através dos próprios sofrimentos é enfrentar a vida com disposição é dormir, acordar, levantar, trabalhar, estudar, ter gosto de viver com carinho e dedicação. Quem testemunha o Reino dos Céus nem precisa abrir a boca, o olhar expressa paz e tranqüilidade. Expressemo-nos neste dia vida nova aos amigos e misericórdia aos inimigos. Eis o sonho de Deus: carinho e compaixão. Maria, mãe do perpétuo socorro sustente esse nosso bom propósito, de amar e perdoar, amém.

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UM TESOURO ESCONDIDO NO CAMPO

Domingo, 24 de julho de 2011

17º Domingo do Tempo Comum


Santos do Dia: São Charbel Makhluf, Presbítero (Memória facultativa); Aliprando de Ciel d'Oro (abade), Cristiana de Termonde (virgem), Cristina de Bolsena (virgem, mártir), Cristina de Tiro (virgem, mártir), Declano de Ardmore (bispo), Ditino de Astorga (bispo), Godo de Oye (abade), João Boste (presbítero, mártir), Kinga da Polônia (virgem), Levina de Berg (virgem, mártir), Menefrida de Cornwall (virgem), Nicolau Hermanssön (bispo), Segolena de Troclar (abadessa), Ursicínio de Sens (bispo), Vicente de Roma (mártir).

Primeira leitura: I Reis 3,5.7-12
Pediste-me sabedoria.
Salmo responsorial: Salmo 118(119),57.72.76-77.127-128.129-130 (R. 97a)
Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
Segunda leitura: Romanos 8,28-30
Ele nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho.
Evangelho: Mateus 13,44-52
Ele vende todos os seus bens e compra aquele campo.

A palavra de Deus nos propõe motivos de esperança no seguimento daquilo que acreditamos muito importante para os que nos chamamos cristãos: o Reino e a Utopia.

As leituras de hoje são um chamado ao confronto entre as nossas atitudes e práticas, não poucas vezes egoístas, e os valores profundos e absolutos comunicados por Jesus a partir da proposta do projeto do Reino.

Hoje é preciso ter muito claro que a apresentação que Salomão faz do primeiro livro dos Reis, pretende mostrar (romanticamente) o que para o escritor sagrado representa e significa este "maravilhoso" rei na teoria, mas que na prática não passou de um rei a mais, que aproveitou para si o poder que lhe foi dado.

É preciso saber diferenciar entre a estrutura do reino, representada por Salomão (a monarquia com suas estruturas econômicas, políticas, militares e religiosas que se estabelecem para manipular os fios do poder) e a proposta do Reino, apresentada por Jesus com sua palavra e, acima de tudo, com a prática da justiça e da igualdade.

A mensagem revelada por Jesus e seu reinado, abre horizontes para uma nova humanidade. Uma vez descoberto o valor absoluto do Reino, é necessário tomar uma posição. Diante dessa descoberta, nenhum preço é demasiadamente alto, pois o Reino se converte no único valor absoluto para quem o descobre.

O projeto do Reino dos céus, segundo Mateus, se converte, para muitas pessoas, em uma alegre, porém exigente surpresa, um encontro feliz que impregna de grande riqueza toda uma existência. Esse reinado traz consigo uma exigência, que pode ocasionar insegurança, como quando se descobre que é preciso vender tudo, despojar-se de muitos "bens" que prendem, e ir ao encontro de posse absoluta, como a maior riqueza.

Feliz de quem descobriu, a partir de sua prática concreta na vida, os valores do Reino, pois encontrou seu melhor tesouro, a melhor pérola que podia ter buscado perdidamente em outros lugares.

As duas parábolas iniciais (do tesouro escondido e da perola de grande valor) parecem contrapor-se ao convite de Jesus de deixar bens e riquezas para poder segui-lo. Contudo, as parábolas do reino nos ensinam que a maior riqueza do seguidor de Jesus é o próprio chamado ao seguimento e a descoberta do Reino, por isso o caminho deve ser seguido na alegria.

O Reino, nas duas parábolas, é a realidade que supera o nosso egoísmo. Deixar as inseguranças dos tempos atuais, pela certeza maior, faz com que os caminhos do reino sejam o nosso bem absoluto, caminho de transformação das estruturas injustas.

Para o seguidor de Jesus, é necessário romper com todos os esquemas das estruturas que desumanizam. Mudanças acontecem quando se busca novas possibilidades de vida. Quem reencontra o sentido a da vida não há receio em arriscar: mudança, novidade, disponibilidade, tudo isso para a construção de projetos de vida, em fraternidade solidaria e na prática da justiça.

Jesus conclui o ensinamento perguntando se entenderam tudo o que foi dito por meio da palavra, que estava escondida, mas que agora é luz. Aqui se apresenta o modelo ideal de discípulo, que é capaz de entender a mensagem do Reino e tira oportunamente o velho e o novo da mensagem recebida. A novidade do Reino vem por meio da palavra, acumulada na historia do próprio povo.

A luta pela justiça, a presença e a atuação de um Deus libertador dos mais pobres e oprimidos da sociedade, faz com que Israel se firme como povo, e as comunidades se sintam fortalecidas. Esta oferta do Reino, proposta por Jesus, é uma realidade que quer homens e mulheres capazes de viver os valores da justiça.

Oração

Ó Deus, nosso Pai, concede-nos sabedoria para descobrir o significado e a importância do Reino que teu Filho anunciou e inaugurou entre nós; que o acolhamos em nossa existência como o tesouro mais precioso e que dediquemos a ele toda nossa vida. Por Jesus Cristo.

Missionários Claretianos

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O REINO DO CÉU É COMO UM TESOURO ESCONDIDO NO CAMPO

A liturgia do XVI Domingo do Tempo Comum nos convida a refletir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus.

A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem "sábio", que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores efêmeros.

No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse "tesouro" supremo que é o Reino.

A segunda leitura convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.

 

Leituras Primeira Leitura - Leitura do Primeiro Livro dos Reis (1Rs 3,5.7-12)

Naqueles dias, 5em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, e lhe disse: "Pede o que desejas, e eu te darei".

7E Salomão disse: "Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. 8Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. 9Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?"

10Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. 11E Deus disse a Salomão: "Já que pediste esses dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, 12vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti nem haverá depois de ti".
Palavra do Senhor.

 

Salmo Responsorial - Salmo 118

Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!

É esta a parte que escolhi por minha herança:
observar vossas palavras, ó Senhor!
A lei de vossa boca, para mim,
vale mais do que milhões em ouro e prata.

Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!

Vosso amor seja um consolo para mim,
conforme a vosso servo prometestes. Venha a mim o vosso amor e viverei,
porque tenho em vossa lei o meu prazer!

Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!

Por isso amo os mandamentos que nos destes,
mais que o ouro, muito mais que o ouro fino!
Por isso eu sigo bem direito as vossas leis,
detesto todos os caminhos da mentira.

Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!


Maravilhosos são os vossos testemunhos,
eis por que meu coração os observa!
Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina,
ela dá sabedoria aos pequeninos.

Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!

 

Segunda Leitura - Carta de São Paulo aos Romanos  (Rm 8,28-30)

Irmãos: 28Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. 29Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes a imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos.

30E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou.
Palavra do Senhor.

 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus (Mt 13,44-52)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 44"O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo.

45O Reino dos Céus é também como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.

47O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam.

49Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí haverá choro e ranger de dentes.
51Compreendestes tudo isso?" Eles responderam: "Sim".

52Então Jesus acrescentou: "Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas".
Palavra da Salvação.

 

Comentário

A sabedoria que precisamos

Outra vez, outro domingo, volta Jesus com mais parábolas. Gosta de sentar-se e contar histórias à gente que lhe escuta. Deixa que os que lhe rodeiam interpretem, saquem conseqüências ou se façam perguntas que talvez lhes terminem mudando a vida.

Hoje, o Evangelho presenteia-nos três parábolas muito parecidas. Todas põem seus protagonistas em frente a um dilema. O que encontra o tesouro escondido num campo tem que tomar decisões rápidas. O tesouro pode mudar a sorte de sua vida. Mas outro o pode encontrar. Há que atuar rapidamente. Não há mais solução que vender tudo o que tem e comprar o campo. Algo muito parecido passa ao comerciante de pérolas finas. Leva toda a vida de mercado em mercado. Tem um olho capaz de descobrir o que vale e o que não vale. Ao final, encontra uma pérola que vale realmente a pena. O protagonista da parábola não duvida em vender tudo o que tem, se desfazer de todas as outras pérolas que tem. Não valem nada em comparação com a que acaba de encontrar. Para o comerciante com vista o que fez é o que devia fazer. Arrisca tudo para ganhar tudo. E melhor para ganhar tudo –e o único ao mesmo tempo– que vale a pena.

Algo muito parecido é o que passa aos pescadores que jogaram a rede e que sacam à orla sua colheita de peixes. Não todos valem o mesmo. O que não entende de pesca talvez ponha a todos na mesma cesta. Enorme erro! Há peixes de diferentes classes e nem todos têm o mesmo valor no mercado. Alguns peixes há que os tira-los diretamente. Não valem nada. A arte de separar os bons dos maus, de classificá-los, é tão importante como saber jogar bem as redes.

Histórias de vida, de nossa vida

São histórias que nos falam de nossa própria vida na qual também nos veremos –ou nos vimos– na obrigação de tomar decisões radicais. Há encruzilhadas na vida em que nos temos que decidir. Recordo um artigo numa revista de pastoral juvenil que se titulava algo bem como "Jovem, te decide, não se pode ser de tudo". A liberdade não significa ter muitas opções ante nós senão a capacidade para optar, para nos decidir por uma ou outra opção e a sabedoria para tomar a decisão mais adequada. Não decidir, manter abertas todas as opções ante nós não significa ser mais livre senão não exercitar nossa liberdade.

Decidir, optar, é atar-se. O que encontrou o tesouro, o que descobriu a pérola, optou, decidiu, vendeu tudo o que tinha, se arriscou. Achou que era a melhor opção e tomou-a. E uma vez tomada, já não há volta. Outras opções, outras possibilidades, abrir-se-ão no futuro mas já não serão as mesmas que se deixaram passar. Assim é sempre nossa vida. Um caminho no qual sempre se abre encruzilhadas, no qual devemos tomar decisões, assumir os riscos e os possíveis erros. Não há outro remédio.

Discernimento e sabedoria

Hoje pedimos a Jesus que nos dê o discernimento suficiente para compreender onde está o que verdadeiramente vale a pena, o que nos enche para valer de alegria, aquilo pelo qual podemos e devemos deixar tudo (não é isso o Reino?). Esse discernimento é a sabedoria que pede Salomão a Deus na primeira leitura deste domingo.

Porém, atenção, Salomão não pede diretamente "sabedoria" senão um "coração dócil". É um detalhe importante. A sabedoria não se aprende nos livros nem nas bibliotecas. A sabedoria é a capacidade de ser dóceis à vontade de Deus, a sua Palavra que nos guia pelas encruzilhadas da vida. Porque Deus não quer senão o melhor para nós, nosso bem, nossa felicidade, nossa plenitude, que não outra coisa é o que se diz na carta aos Romanos que se lê na segunda leitura.

Fernando Torres  cmf

http://www.ciudadredonda.org/subsecc_ma_d.php?sscd=157&scd=1&id=2893

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A conversão exige a fé; esta, por sua vez, exige a adesão ao Evangelho. Assim começa o Reino de Deus, em nós – Maria Regina.

 

                                                   Assim como dentro de nós estão os sentimentos ruins e até os inimigos, também é dentro de nós que o reino dos céus acontece. Ele é como um tesouro que está escondido dentro do nosso coração no meio do campo da nossa humanidade ou uma pérola preciosa que é buscada por nós e que precisa ser encontrada.

                                                 Quando nós descobrimos que dentro de nós há a riqueza do reino de Deus, do amor do céu, aos pouco nós vamos substituindo o que estava em nós, as outras coisas que nos prendiam na vida e que são nossas inimigas, e vamos nos apossando da riqueza que gera, amor, paz, alegria, consolo, fortaleza, mansidão, compreensão, esperança, vitória, felicidade, mesmo no meio das dificuldades.

                                       

                                               É o que significa vender tudo o que se tem e com alegria se compra o campo, nosso corpo, que possui um tesouro escondido, pois como nos diz são Paulo, o corpo humano é o Templo do Espírito Santo de Deus . E ele só pode ficar cheio de ódio por obra do diabo que por atitudes e pensamentos amargos consegue se infiltrar no ser humano.

 

                                                  Descoberto o Tesouro escondido em nós conseguimos nos livrar do seu poder. Alias é só pelo poder do nome de Jesus este ódio será expulso e acontecerá a planificação do Reino de Deus em nós.Este reino de Deus é conversão, é mudança e transformação firme e gradual que vai se manifestando por meio do nosso modo de ser e de agir dentro do mundo, do Brasil, de cada Estado, cidade, casa e do nosso próprio coração.

 

                                                 Porque ficamos mais alegres e felizes quando sentimos as primeiras demonstrações do reino de Deus em nós, percebemos também, que o dom da misericórdia acompanha a nossa caminhada e as nossas ações. Então, nos tornamos pessoas mais compreensivas, mais amorosas e mais comunicativas.


                                                 Não se esqueça que a conversão exige a fé; esta, por sua vez, exige a adesão ao Evangelho. Assim começa o Reino de Deus, conforme Jesus anunciou e nos mandou seguir: O Reino de Deus já está no meio de vós e eu vim a este mundo para instaurá-lo. Só que Ele está escondido. É preciso descobri-lo e uma vez descoberto, encontrado, achado, nos convertermos à Ele conforme a exigência de Jesus:
Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1,15).


                                                Para seguir a conversão, segundo o plano que Jesus traça, é preciso deixar tudo, e abraçar essa vida nova que Ele chama um tesouro ou uma pérola. Pensemos, por exemplo, no amor à verdade, na prática da humildade, na caridade que se deve ter para com o próximo.         Tudo isso é a pérola que encontramos no ensinamento de Cristo.

 

                                               Esse ensinamento é radical.A conversão nos orienta para os valores eternos, sem esquecermos dos valores terrenos. Portanto, a pessoa convertida é mais gente, porque valoriza o que possui de humano, em vista do divino.

 

                                             Meu irmão ,minha irmã  reflitamos:Você já sente as primícias do reino de Deus? Você já tem vislumbrado a pérola e o tesouro que tem no seu coração? Onde está o reino dos céus? Quais são os sentimentos que você guarda no seu coração?
 

Amém

Abraço carinhoso

 

Maria Regina

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O Reino de Deus, a pérola escondida dentro do nosso coração no meio  do campo da nossa humanidade.

                                                          Desde a nossa mais tenra idade quando chegamos aqui e ainda nem tínhamos nenhuma noção de nada, nós buscamos "coisas" que possam nos alegrar, dar prazer e agradar a nossa humanidade. Por isso, saímos à procura da felicidade nos mais diversos lugares, nas ocasiões e situações que nos atraem, assim como também no amor das pessoas, na realização profissional, no sucesso nos empreendimentos, etc.

                                                      Alcançamos muitas metas, galgamos cargos, amealhamos dinheiro, mas nem sempre tudo isso nos alegra ou nos faz ser feliz. Um dia nós percebemos que alcançamos o reino da terra, mas estamos longe do reino do céu. Acontece que o reino dos céus não pode ser achado fora de nós, nas coisas que encontramos no nosso exterior.

 

                                                Ele é como um tesouro que está escondido dentro do nosso coração no meio do campo da nossa humanidade ou uma pérola preciosa que é buscada por nós, mas que só será encontrada se nos encontrarmos conosco mesmo. Quando nós descobrimos que dentro de nós há a riqueza do reino de Deus, do amor do céu, aos pouquinhos nós vamos deixando de lado os valores que nos prendem à vida material, a qual nós tocamos e enxergamos, para nos apossar da riqueza invisível, que gera, amor, paz, alegria, consolo, fortaleza, mansidão, compreensão, esperança, vitória, felicidade, mesmo no meio das dificuldades.

 

                                               Aí então, nós experimentamos uma mudança de vida e de atitude que nos faz ser feliz na vivência das coisas mais simples. O reino de Deus, então, pode ser entendido como um processo de conversão, de mudança e transformação firme e gradual que vai se manifestando no nosso modo de ser e de agir. Dessa forma nós vamos descobrindo que aquilo que tanto buscávamos e procurávamos, na verdade, só acontece na medida em que caminhamos na trilha que o Evangelho nos desvenda.

 

                                         Para seguir a conversão, segundo o plano que Jesus traça, é preciso deixar tudo, e abraçar essa vida nova que Ele chama um tesouro ou uma pérola. Pensemos, por exemplo, no amor à verdade, na prática da humildade, na caridade que se deve ter para com o próximo. Tudo isso é a pérola que encontramos no ensinamento de Cristo.Seguindo esse caminho percebemos também, que o dom da Misericórdia acompanha a nossa caminhada e as nossas ações e nos tornamos pessoas mais compreensivas, mais amorosas e mais comunicativas.

 

 Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

 

 

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