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sábado, 29 de outubro de 2011

Eles falam mais não praticam


31º domingo tempo comum 
30 DE OUTUBRO – 2011

Comentários–Prof. Fernando

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Eles falam mais não praticam
Introdução

Paulo na carta de hoje nos fala que foi com muita ternura que nos apresentamos a vós,
como uma mãe que acalenta os seus filhinhos.
Tanto bem vos queríamos,  que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida...
Irmãos, que maravilhoso seria dar a nossa vida no sentido numa dedicação sem reservas e irrestrita, pela causa do Reino de Deus, numa entrega total a Deus e ao próximo, no sentido de salvá-lo. Numa dedicação teórica e prática, pela palavra e pela vivência, ou seja,  agindo sempre de acordo com o que ensinamos.     
É assim que deve ser o nosso trabalho missionário! Feito com carinho, por amor a Deus e ao próximo, com dedicação, com entrega da nossa pessoa, da nossa vida, para a glória de Deus e para a salvação do mundo, tanto na teoria como na prática. Procurar ser cristão em atitudes e em palavras. Agindo assim, com consciência plena de que estamos a serviço do Reino de Deus, e com  afeição pelos irmãos aos quais nos dirigimos, certamente venceremos  fadiga oriunda dos trabalhos e as dificuldades vitais que normalmente enfrentamos no nosso dia a dia, para levar até o irmão, a palavra de Deus. Paulo diz que trabalhamos dia e noite, para não sermos pesados a nenhum de vós.
E todo o nosso empenho em levar ao mundo o Evangelho, deve ser considerado uma dádiva do Pai, que nos escolheu para tão nobre tarefa, a qual, na verdade, não merecemos, pois somos fracos, imperfeitos e temos grande dificuldade de praticar a tudo o que ensinamos.
O Evangelho deste domingo nos mostra que os mestres da Lei e os fariseus conheciam como ninguém a Lei de Moisés. E apesar de saber interpretá-la e explicá-la para o povo, eles mesmos não a praticavam. Por isso Jesus recomendou aos discípulos que ouvissem as suas explicações, porém não os imitassem. Por que os mestres da Lei e os fariseus, exigiam dos outros o cumprimento da Lei. Porém eles mesmos não faziam nada para observá-la.
Nós, catequistas, padres, coordenadores de comunidades e pastorais, não devemos ser como os fariseus e mestres da Lei, mas sim como Jesus. Precisamos imitar o Mestre, vivendo o que mostramos aos outros que cremos, assim como o que ensinamos. Porque todos estão de olho em nós para ver se praticamos o que falamos e ensinamos. É até possível que sejamos testados. Alguém pode ser enviado a nós com alguma proposta do tipo bem tentadora, só para ver se caímos no laço. 
De nada adianta alguém conhecer os ensinamentos de Cristo tão bem ao ponto de interpretá-los e de explicá-los tanto oral como escrito, e viver uma vida que não condiz com aquilo que prega, aquilo que ensina.
Prezados irmãos. Que Deus na pessoa de Jesus Cristo, nos ajude a viver a palavra a qual ensinamos. Nós precisamos estudar a palavra de Deus, mas também precisamos vivê-la para que possamos merecer a iluminação do Espírito de Deus, senão não conseguiremos fazer nada em termos de evangelização.
Palavras sem exemplos são como tiros sem balas. Diz o ditado popular. Se eu falo e não pratico, o meu trabalho missionário e nada é a mesma coisa. Porque até uma criança percebe que estamos sendo mentirosos, ou o pior, que estamos vivendo uma mentira, quando nos fazemos passar por uma coisa, a qual não somos. Nós aparentamos ser santos, cristãos autênticos, e saindo dali, praticamos muita coisa ao contrário de tudo aquilo que ensinamos!
Rezemos e peçamos a Jesus que nos ajude a viver tudo aquilo que ensinamos no nosso trabalho missionário. Amém.
Sal
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Tem autoridade aquele que ensina o que vive e vivencia a palavra de Deus  e tem-na gravada em seu coração.

                                                   Jesus falava para as pessoas que escutavam os ensinamentos dos mestres da lei e dos fariseus e recomendava-lhes que apreendessem tudo o que lhes era ensinado, mas não imitassem as suas ações. A nossa autoridade é validada pelas nossas ações e não pelas nossas palavras e conselhos. Tem autoridade aquele que ensina o que vive e que dá conselhos, porque pratica. Portanto, só tem autoridade para interpretar a lei de Deus quem a vivencia e tem-na gravada em seu coração e, consequentemente, em suas mãos.
                                                Quando falamos de mãos nós nos referimos à ação, realização de obra, combate e providência. Isto é para nós um exemplo a ser seguido, pois, de alguma forma, nós temos responsabilidade no que pregamos, no que falamos, no que ensinamos, principalmente os que se propõem a estar à frente de algum ministério no reino de Deus e são constituídos de autoridade.
                                              Precisamos estar muito firmes nas nossas ações quando cobramos ou exigimos das outras pessoas. Como irmãos e irmãs, nós temos o dever de ensinar, de exortar, de aconselhar, porém, isso só se torna legítimo, quando o fazemos como serviço, com humildade e responsabilidade e não somente para aparecer. Reflitamos – O que você tem aconselhado aos seus amigos e amigas é o mesmo que você tem feito? – Você sente-se responsável pelo crescimento e melhoria de alguém? – O seu testemunho de vida serve de parâmetro para as pessoas que o  conhecem? – Faça uma comparação entre as suas ações e as ações dos mestres da lei e dos fariseus e perceba o que pode ser edificante para você nessa mensagem.
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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DOMINGO- 06/11/2011
Mateus 5, 1-12

O amigo que todos querem ter! (Enviado por Vera)

O evangelho de Mateus, quanto à sua estrutura, está dividido em cinco narrativas e cinco discursos. Os capítulos 5º e 7º formam o primeiro discurso deste Evangelho; aí temos o conhecido Sermão da Montanha. O capítulo 10° diz respeito à fala de Jesus sobre a missão dos apóstolos. Já o capítulo 13 descreve toda a explicação de Jesus sobre o Reino. E, por fim, encontramos o sermão escatológico (sobre os fins das coisas) nos capítulos 24 e 25. Mas é exatamente sobre o primeiro discurso que nós nos debruçaremos nas próximas segundas e terças-feiras.
O conhecido Sermão da Montanha do Evangelho de Mateus é um conjunto de verdades vividas por Jesus, mas que também foram relegadas para todas as gerações, pois essas eram as aspirações do Mestre. Ele inverte todas as realidades, dizendo que aqueles que choram, aqueles que são perseguidos, aqueles que são misericordiosos, aqueles que são pacificadores, aqueles que são pobres de espírito e aqueles que são mansos de coração serão todos os que devem se alegrar com a sua pregação.
Já não havia esperanças para os pobres, econômica ou espiritualmente, de serem aceitos e amados numa sociedade em que um Império oprimia com pesados tributos e um “deus” que arrancava até o último centavo para o Templo, por meio dos sacerdotes. Jesus renova a vontade de viver dessa escória da sociedade. Há um novo sonho: o de todos poderem sentir o amor do verdadeiro Deus, que não queria mais sacrifícios, mas somente o bem da humanidade. “Ide, porém, e aprendei o que significa: Eu quero misericórdia, e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento!” (Mt 9, 13).
Jesus somente quis nos dar esperanças e forças para continuarmos a difícil caminhada neste mundo. Ele não quis que nós desanimássemos pelas andanças da vida, e por isso nos promete esses acontecimentos bons em nossa história de vida. Jesus é aquele amigo que todos gostariam de ter ao lado, pois, nos momentos em que mais necessitamos de uma palavra amiga, lá está ele, dando motivos para não desfalecermos ante as injustiças que nos agridem todos os dias.
Lembro-me de uma citação do livro O Pequeno Príncipe, do Francês Antoine de Saint-Exupéry. Quando a raposinha está conversando com o pequeno príncipe, ela lhe dizia: “Se tu vens me visitar, por exemplo, às 4 da tarde, desde às 3 eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às 4 horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!” Nessas pequenas e singelas palavras, podemos ver a imagem da nossa relação com Cristo. Se ele promete estar junto de nós, então estaremos seguros e felizes. Se ele diz que todos nós sofredores seremos consolados por seu amor, descobriremos o preço da felicidade. Por isso, não desanimemos nunca. Como eu disse em outra reflexão: perseguições haverá muitas, mas a presença de nosso amigo nos encherá de força inesgotável para vencê-las!
Fr. José Luís Queimado, CSsR   (jlqueimado@ig.com.br)
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“O mais importante é servir”

Domingo, 30 de Outubro de 2011.

Evangelho –  Mt.  23,1-12


Neste domingo refletiremos o alerta de Jesus para seus discípulos e para a multidão que ouvia atentamente. Havia, na verdade, uma diferença entre a prática e a vivência dos homens da Lei e dos fariseus. Ou seja, ao povo, os homens poderosos ensinavam a prática das Escrituras, a Lei de Moisés, entretanto, mas viviam realidade bem diferente da pregada. Jesus aproveita o momento para chamar a atenção daqueles que seguem os ensinamentos do Templo para não cometer os mesmos erros dos doutores e “mestres”. A advertência de Jesus leva a perceber que há um Pai, um Líder e um Messias, estes, por sua vez é um só, é Deus.

Aproveitando da simplicidade do povo os homens importantes que comandavam a política e a economia  exploravam sem piedade para manter seus privilégios. Usando os ensinamentos dos antepassados, mostrando-se caridosos para com a palavra, colocavam pesados fardos nas costas dos pobres enquanto permaneciam livres para desfrutar das colheitas abundantes. Enganavam-se os subalternos na crença de que estavam acima da lei.

Situação que contradizia o projeto de vida de Jesus. O projeto dos intelectuais e dos fariseus perpassava pela exploração dos pequenos enquanto o projeto de Jesus passava pelo equilíbrio entre os homens, embasado no respeito e na dignidade. Na lógica de Jesus ninguém sobreponha o outro com arrogância ou por status, na lógica dos intelectuais e dos fariseus o poder esta nas mãos dos mais fortes, porque existe uma divisão entre os irmãos: uns nasceram para mandar e ser respeitado e outros nasceram para o trabalho e para  serem mandados. Isto é, uns governam e outros são governados. Os governantes pensam e os governados executam ordens. Uns permanecem “limpos” e outros têm que “sujar” para satisfazer o ego da minoria.

Jesus questiona a eficácia da palavra dos doutores da lei. Para que serve a pregação dos fariseus? Qual a fundamentação das argumentações dirigidas pelos homens sabidos da cidade? Qual o sentido dos ensinamentos  na vida prática dos pobres? Se as palavras não levarem para a libertação do homem e não transformá-lo, são palavras vazias e sem sentidos. Não passam de palavras de engodos. Podem até transparecer  belas e atraentes, mas não trazem vida e não muda a realidade de opressão.

Quanto aos discípulos Jesus pede para não fazer o que eles (intelectuais e fariseus) mandam. Pede também para alertar o povo quanto ao líder, ter cuidado com as ações. Porque  o mais importante é aquele que serve os outros. Agora, caso  encantar-se com aqueles que gostam de ser servido, estará no caminho grosseiro dos homens poderosos. Não estará observando os ensinamentos de Filho do Homem. Pois aqueles que gostam de ser servido maltratam a dignidade de legiões de famintos e desprovidos de bens, enquanto que aqueles que servem os outros, fazem com dedicação, amor e compaixão. 

A reflexão também nos leva a tomada de atenção. Muitos de nós ocupamos lugares de destaque na comunidade. Temos e impomos respeito. Cumprimos as ordens estabelecidas. Atentamos para as diretrizes da igreja e até para o diretório da diocese. Ao fazermos uma introspecção, será que descobriremos que agimos como um fariseu ou um doutor da Lei? Será que nos preenchemos de leis da igreja feitas pelos homens e renegamos pedidos de socorro? Acolhemos com dignidade nossos irmãos em nossas comunidades? Sentamos à mesma mesa e fazemos a mesma refeição com o povo da comunidade? Damos respostas saudáveis quando indagado sobre temas conflitantes? 



O projeto de Jesus é para ser vivido na plenitude. O projeto de Jesus é para servir nossos irmãos quando em apuros. A dignidade do homem prevalece quando compartilhamos com os mais fracos nossas angústias e nossas alegrias. 



Temos a obrigação de viver na prática nossas teorias. Não podemos ter duas caras, duas medidas, duas situações. Se pregamos a paz, não podemos ser grosseiro com o irmão; se pregamos a justiça, não devemos carregar a injustiça; de pregamos o amor, não podemos odiar; se pregamos a partilha, não podemos ser mesquinho; se pregamos a felicidade; não devemos promover a tristeza e a infelicidade. Temos que dar vivacidade no Reino que Jesus preparou para todos. Fazer o Reino acontecer com ensinamentos e práticas adequadas e sérias. Tratar com dignidade todas as pessoas e não diferenciá-las. 



Caros irmãos em Cristo, temos muito que aprender com Jesus. Ele nos ensinou o quanto é importante servir para transformar a realidade de opressão. Como bons discípulos missionários abraçamos a causa do Santo Evangelho e pratiquemos sempre a justiça com equidade afim de construirmos um Reino de Libertação. Amém!
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– Claudinei M. Oliveira
 Tenha a Paz de Cristo em seu Coração!
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“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.”
Caríssimos irmãos e irmãs,
Jesus jamais deixou-se amedrontar pelo ditos doutores da lei, quer sejam saduceus ou fariseus, contudo reconhecia que os mesmos tinham autoridade para interpretar a torá ou Pentateuco. Os saduceus eram os estudiosos da Lei que pertenciam à elite da sociedade e na qualidade de sumos-sacerdotes eram os verdadeiros representantes do povo judeu junto ao império romano.
Em contrapartida, os fariseus ou Perushim em hebreu, que significa “os segregados” já observam a Lei com uma pureza ritualística, inclusive fora do templo. Alguns devido ao seu posicionamento nacionalista eram conhecidos como “os zelotes”.
Jesus adverte os seus discípulos e a multidão que O rodeava para que prestassem muita atenção aos que os mestres da lei diziam, porém de modo algum os imitasse. Existe um ditado popular que diz: Faça o que eu mando, mas não faz o que eu faço.
Este ditado se relaciona com certeza com estes “legistas” que traziam a Lei na testa e nos braços, na boca e longe do coração, pois nada faziam para o fiel cumprimento destas mesmas leis.
Estes doutores colocavam pesados fardos ao povo e não eram capazes de mover um só dedinho para ajudá-los. Tudo o que faziam era puro exibicionismo. Uma total falta de amor ao próximo. É a ausência de misericórdia e um autoritarismo desmedido.
Caríssimos irmãos e irmãs se olharmos com um pouco de atenção neste nosso tempo presente, a todo o momento assistimos notícias televisivos onde vários dos nossos “legistas” sociais (???) e alguns “VIPS” vem aprontando em benefício próprio ou de suas famílias às custas do erário público, pagos através de um fardo pesado chamado IMPOSTO que deveria ser revertido a favor da população e em especial aos mais carentes, retirando desses pobres cidadãos o direito sagrado de uma vida melhor, saúde, educação com qualidade para todos e etc...
Precisamos entender que não basta calçarmos as sandálias da humildade para impressionar as pessoas que nos rodeia e depois sair pisoteando a todos, especialmente  os mais frágeis. Se quiseres verdadeiramente calçar estas sandálias, seja o primeiro a colocar-se ao serviço do próximo, colaborando em atividades sociais e ajudando os mais necessitados. Afinal de contas, é fácil falar, o difícil é fazer, não é mesmo?
Uma das maiores tristezas de Jesus é ver uma pessoa se vestir de cordeiro quando por baixo da pele encontra-se um lobo pronto para devastar o rebanho, apropriando-se das poucas coisas que um pobre ainda tem. É Mateus falando para suas comunidades da Galiléia e da Síria deixando isto bem claro, para que todos pudessem observar o quanto estas atitudes desagradavam a Deus.
Hoje, existem “igrejas” espalhadas por este mundão afora, em que os sacerdotes são chamados de “pastor”. Muitos estudam em universidades particulares e obtêm o título de “Doutor” (mestre). Muitas pessoas fragilizadas por várias circunstâncias da vida os procuram e se aconselham com eles, que são chamados “Diretor espiritual" (guia). Vejam são títulos que Jesus não gostava que fossem usados. O que importa é lembrar o motivo que leva Jesus a proibir o uso destes títulos. Pois estas pessoas usam destes títulos para afirmar sua posição de autoridade e seu poder não para trazer a paz e tranqüilidade espiritual do seu irmão, mas para o seu próprio enriquecimento financeiro e patrimonial.
São estas atitudes que Jesus recrimina. Mostrar-se uma pessoa na frente dos outros para depois atacá-las, difamá-las pelas costas é antes de qualquer coisa, uma covardia. A pergunta que não quer calar: Estamos em nossa vida pessoal, financeira, espiritual e comunitária mostrando, falando uma coisa aos outros e realizando o contrário?
Nossos gestos estão condizentes à nossa palavra?

Louvado nosso Senhor Jesus Cristo.
Gilberto Silva
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( 30 de Outubro -    XXXI Domingo do Tempo Comum  Evangelho Mateus  23, 1-12  )        
"Sentados na Cadeira do Padre"
Em nossas comunidades há no espaço celebrativo símbolos cristocêntricos,  que favorecem a nossa reflexão  sobre aquilo que estamos  celebrando, e a cadeira presidencial é uma delas, é a chamada cadeira do Padre e sobre a qual as vezes cria-se uma polêmica desnecessária, no meu modo de pensar, porque esvazia-se o símbolo em detrimento da função.
A cadeira presidencial não nos remete á pessoa do sacerdote mas ao sumo e perfeito Sacerdote que é  Cristo e que  está presente na pessoa do Padre, com o conhecido termo "Persdona In Christe" que nos remete a Cristo cabeça, ora, o corpo só tem uma cabeça, a comunidade só tem um sacerdote que é o próprio Cristo, e a cadeira presidencial lembra-nos isso. Mas eu queria entrar por outra linha de reflexão, onde o símbolo da cadeira acaba sendo o símbolo do poder, na cabeça oca de muitos membros do nosso clero e de leigos também, daí, o evangelho nos fala dos Fariseus e Escribas, um grupo de pessoas que com sua  conduta, colocavam-se como modelos a ser seguidos, referência de conduta moral e religiosa e infelizmente, em nossas comunidades, por conta de algum encargo recebido há leigos que acabam diante dos irmãos e irmãs, "Sentando na Cadeira do Padre", bem do jeito Farisaico, apossando-se da Igreja, da doutrina, das normas e leis, tornando-se "Donos" da Liturgia ( o espaço mais disputado na busca do poder) e ainda ocultando suas segundas intenções com uma palavra sublime que eles chamam de Doação, porque  fazem tudo pela comunidade, mas em uma releitura mais fiel, fazem de tudo nessa busca do poder, do prestígio e do sucesso e não admitem nunca serem contrariados em suas intenções e objetivos.
Jesus  desmascara esses pseudo cristãos de espírito Farisaico, que são rigorosos em extremo com os irmãos e irmãs mais simples, aqueles que em nossas pastorais só recebem ordens e nunca podem expor suas idéias e opiniões, que fica sendo uma atribuição desses  "iluminados".
Os Fariseus se apossaram do conhecimento e são herdeiros da tradição religiosa, tornam-se assim os Guardiões morais de todas as virtudes que os homens têm de praticar, para agradar a Deus. Em nossas pastorais e  Movimentos temos também aqueles que se julgam os "Donos Legítimos"  daquele trabalho, são eles que ditam o que fazer e como fazer, só aceitam interferência do Padre e de vez em quando do Diácono, mas na ausência destes colocam as "manguinhas de fora", oprimem e magoam os demais, que Jesus define como os pequenos da comunidade, é precisamente por causa desses que são explorados de um e de outro lado, que Jesus usa palavras duras contra os Fariseus.
Logicamente os que têm essa conduta julgam-se verdadeiros Mestres, que ninguém seja louco de contrariá-los, sabem tudo, compreendem tudo, entendem de tudo e sem á sua palavra ou orientação, nada se pode fazer na pastoral ou no movimento ou na comunidade. É esse o nefasto Farisaísmo que invade as nossas comunidades e infesta nossas igrejas, paróquias e dioceses, porque o Farisaísmo está em todos os níveis.
Na conclusão do evangelho, mais uma vez Jesus nos lembra, nos recorda e ensina, qual é o fio da meada, o que dá sentido a tudo o que somos e fazemos na comunidade, onde o Poder Hierárquico e a ação pastoral só tem um nome : SERVIÇO!
 O maior entre vós será vosso Servo, tal qual fez Jesus nosso Deus e Senhor, aquele que nos serviu e nos serve, aquele que aceitando ser rebaixado, foi elevado á honra e Gloria pelo Pai. Então, retornemos ás fontes do evangelho, deixemos de lado tanta vaidade, alisamento de egos, orgulho e prepotência, transformemos nossos cargos, coordenações, funções importantes e ministérios, em serviço feito com amor e alegria, não é preciso que ninguém, abra mão do seu carisma e talento, ao contrário, deve tê-los e mantê-los, aprimorá-los, crescer e se engrandecer em Cristo, por Cristo e em Cristo, fazendo-nos Servos de todos, sem precisar ocupar a "Cadeira do Padre".                                

Diácono José da Cruz
Paróquia Nossa Senhora Consolata
E-mail  cruzsm@uol.com.br
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Domingo, 30 de outubro de 2011
31º Domingo do Tempo Comum
Santos do Dia: Afonso Rodríguez (presbítero), Arilda de Gloucestershire (virgem, mártir), Artemas de Listra (bispo), Astério de Amasea (bispo), Cláudio, Lupércio e Vitório (mártires), Dorotéia de Montau (viúva), Eutrópia da África (mártir), Geraldo de Potenza (bispo), Germano de Cápua (bispo), Herbert de Tours (monge, bispo), Juliano, Euno, Macário e Companheiros (mártires), Lucano de Lagny (mártir), Marcelo de Tangier (soldado romano, mártir), Máximo de Cumae (mártir), Saturnino de Cagliari (mártir), Serapião de Antioquia (bispo), Talaricano da Escócia (bispo), Teonesto de Altino (bispo, mártir), Zenóbio e Zenóbia (mártires).
Primeira leitura: Malaquias 1,14b-2,1-2.8-10
Se fizerdes algum mal à viúva e ao órfão, minha cólera se inflamará contra vós.
Salmo responsorial: Sl 130 (131), 1. 2. 3
Guardai-me, em paz, junto a vós, ó Senhor!
Segunda leitura: 1 Tessalonicenses 2, 7b-9.13
Desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida.
Evangelho: Mateus 23, 1-12
Eles falam, mas não praticam.
Malaquias é um profeta da época pós-exilica - final do século VI a. C. - época do retorno do exílio da Babilônia. Seu trabalho se concentrou em questionar a política dos exilados que começaram a expropriar as pessoas que habitavam as terras da Palestina e que moravam ali há mais de meio século.

A preocupação de uma grande maioria dos repatriados era fazer fortuna e ocupar a maior parte possível de terras, e não tanto a reedificação dos fundamentos éticos, sociais e fraternos do novo Israel. Por sua parte, os habitantes da província de Judá, Galileia e Samaria se viram sacudidas por uma onda de repatriados agressivos que, dispondo de volumosos capitais, pretendiam apoderar-se da terra, tratando as pessoas do país como estrangeiros.

Esta situação jogou por terra a esperança de muitos profetas que esperavam uma mudança de Israel após o exílio. O pior de tudo era que esta maneira abusiva e violenta de proceder era liderada por um grupo de levitas que se consideravam os proprietários da autêntica religião de Israel.
O profeta Malaquias é muito direto em suas denuncias. Utiliza a mesma linguagem pomposa e retumbante das celebrações litúrgicas para denunciar as arbitrariedades da casta sacerdotal que se aproveitava da ignorância do povo humilde da província para cometer toda classe de atropelos.

O pior de tudo é que os que se apresentam como baluartes da Lei não tinham nem o mais elementar sentido de justiça. Não respeitar o direito dos pobres é violar a aliança do Senhor e esta é uma ofensa mais grave que qualquer infração ritual ou de disciplina.
A esperança de Jesus se orienta nessa mesma direção e coloca em cheque as pretensões de tantas pessoas que se preocupavam pela ortodoxia e descuidavam dos princípios elementares da justiça.
A catequese preocupou-se, durante longo tempo, por transmitir a doutrina correta. Por isso, a preocupação ou ênfase em aprender os dez mandamentos, os sacramentos, os sete dons do Espírito Santo e seus catorze frutos e muitas outras tradições. Esse interesse catequético é legítimo e inquestionável. Contudo, é necessário perguntar: a catequese que se preocupa tanto pela "doutrina correta", a chamada "ortodoxia", se preocupa igualmente pela prática correta, a chamada "ortopraxis"?
O evangelho de Mateus é direto e taxativo. Ele pede que aceitemos a ortodoxia, porém sempre e quando esteja baseada e fundamentada na ortopraxis, isto é, na prática da justiça. Anunciar as doutrinas corretas, sim, mas na prática da justiça.

Anunciar as doutrinas corretas, que todo mundo aceita, é muito fácil. O difícil é praticá-las. Por isso, urge revisar a ortopraxis catequética antes mesmo que os sistemas doutrinais. Durante muito tempo nossa catequese se limitou, em grande parte, a memorizar preceitos, doutrinas e fórmulas.

O evangelho de hoje nos pede que, sem esquecer tudo isso, nos preocupemos em realizar o que elas propõem. O fundamental de toda a doutrina cristã, contida no evangelho, é a prática comunitária da caridade, expressa na exigência irrevogável de justiça.

A comunidade cristã existe para comunicar a boa noticia à humanidade. Ela mesma se converte em boa noticia quando transforma as realidades de morte em caminhos de vida em abundância e não quando se anuncia a si mesma.
Por esta razão, a catequese não pode converter-se em uma transmissão individual de conteúdos religiosos, mas uma prática pedagógica comunitária. A comunidade somente pode ensinar e aprender com o exemplo e a participação de todos os seus integrantes, sem distinção de sexo, idade ou cargo ministerial. Pois, enquanto se trate de praticar e ensinar a justiça ninguém está isento de ser catequista e ninguém está excluído de ser catecúmeno.
Oração:
Ó Deus Pai, faze que nosso coração esteja cada dia mais aberto à Tua Palavra, para que nossa vida seja cada vez mais conforme ao que tu nos ensinas, e assim caminhemos seguindo teus passos e construamos, com a tua ajuda, teu reino entre nós, até o dia em que tu no-lo concedas em toda sua plenitude. Amém!

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Eles falam e não praticam - Vera Lúcia


Neste Evangelho, Jesus nos pede coerência entre o que falamos e ensinamos, e o nosso próprio procedimento. Devemos dar testemunho da verdade e da justiça, não só pelas nossas palavras, mas também pela nossa vida.
E Jesus cita alguns contra testemunhos dos mestres da Lei e dos fariseus, cujo procedimento era bem diferente do que diziam e da “santidade” que mostravam. Também nós, freqüentemente nos apresentamos como justos, bons cidadãos e bons cristãos, sendo que, às escondidas, não somos nada disso: enganamos, mentimos etc.
Eles gostavam de ser chamados com títulos de honra e de ocupar lugares de honra nas festas e até na sinagoga. Entretanto, “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (Tg 4,6; Pr 3,34). Se queremos receber as graças de Deus, precisamos ser humildes.
A falta de humildade na sociedade leva-a a nunca dizerem a verdadeira causa dos problemas sociais. Por exemplo, por que existem os menores abandonados? A culpa está toda em nós adultos. A criança em si é boa. São os adultos que lhes ensinam as coisas erradas.
Também nas Comunidades cristãs, quantas vezes falta humildade! Por exemplo, o líder de uma pastoral sofre uma humilhação, ou é vítima de uma fofoca, pronto, desanima e quer largar tudo. Imagine se Jesus tivesse feito assim! Logo no início de sua vida pública já teria desistido, e nós receberíamos esta Vida Nova em que vivemos pelo batismo!
“Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os outros como superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros” (Fl 2,3-4).
“O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.”
Campanha da fraternidade. A paz é fruto da justiça. Podemos dizer também: a paz é fruto da santidade. Se nós nos convertemos e nos santificamos, a paz aumenta ao nosso redor e vai se expandindo como as ondas de um lago, quando jogamos uma pedra no meio dele. Somos injustos em relação aos nossos irmãos e irmãs que moram nas favelas, colocando neles, de antemão, o “selo” de bandidos, sendo que nas favelas estão as melhores famílias do nosso país.
Certa vez, um pequeno País resolveu por em prática aquelas palavras que Maria disse no seu hino Magnificat: “A minha alma engrandece o Senhor... Ele derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes; encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias...”
Foi tudo feito democraticamente, através de impostos altos aos ricos, aplicando os recursos aos mais pobres e outras estratégias.
Aconteceu que um dia estava, em uma casa de carnes, uma fila esperando abrir para comprar carne. Um senhor muito rico disse, em tom de revolta contra o governo: “Eu nunca imaginei que um dia estaria numa fila para comprar carne!” Uma senhora velhinha que estava um pouco atrás, disse também: “Eu nunca imaginei que um dia estaria numa fila para comprar carne!”
A frase é a mesma, mas os sentidos são contrários. Para o rico foi uma expressão de revolta devido à humilhação de ter de entrar numa fila, coisa que antes não acontecia devido aos privilégios que a riqueza lhe concedia. Já para a mulher foi uma expressão de alegria, pois antes não tinha condições de comer carne e agora tem.
Maria Santíssima era uma pessoa humilde. Ela nunca se promoveu a si mesma. Quando se referiu a ela mesma, chamou-se de escrava: “Eis aqui a escrava do Senhor”. As escravas eram as mulheres mais humildes da época.
Nas horas de triunfo de Jesus, ela não aparecia. Por exemplo, na multiplicação dos pães, quando o povo queria fazê-lo rei, o Evangelho não fala da presença de Maria. Certamente ela estava por ali, mas escondida.
Já na cruz, no meio daquela fúria do povo, lá estava ela, de pé, bem visível a todos, enfrentando as zombarias e humilhações, próprias de uma mãe de condenado.
É interessante que Maria era humilde, mas, como vimos no seu hino Magnificat, não enterrava seus talentos, numa falsa humildade, minha a cabeça erguida e falava o que devia, na hora certa e para a pessoa certa.
Está aí o verdadeiro sentido da humildade: é a verdade. Vamos pedir a Nossa Senhora que nos ensine a ser humildes, mas que tenhamos uma humildade bem ativa e transformadora, principalmente praticando tudo aquilo que falamos para os outros.
Eles falam e não praticam.
Vera Lúcia
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Eles não praticam o que ensinam

Hoje a Palavra de Deus dirige-se, de modo particular, aos pastores da Igreja, aos sacerdotes do Povo de Deus. O antigo Israel, aquele segundo a carne, era todo ele um povo sacerdotal, mas em seu seio existiam os ministros sagrados, que eram encarregados do culto do povo santo. No Novo Testamento, o único e verdadeiro sacerdote é o Cristo nosso Deus. Ele, dando-nos o seu Espírito Santo no Batismo e demais sacramentos, fez de nós um povo sacerdotal. Em Cristo, a Igreja, novo Israel, é, toda ela, um povo sacerdotal para o louvor e glória de Deus Pai, através de Cristo, na unidade do único Espírito. Mas, também do meio desse povo o Senhor Jesus chama pastores que, configurados a Ele, o Bom Pastor e Sacerdote eterno, por meio da imposição das mãos que confere o dom do Espírito, exerçam a função sacerdotal de Cristo em favor do povo sacerdotal, que é a Igreja una, santa, católica e apostólica.
Pois bem, as palavras das leituras sagradas deste Domingo são dirigidas a nós, pastores e sacerdotes do rebanho sacerdotal de Cristo. Nós, bispos, padres e diáconos, encarregados pelo Senhor da guarda, santificação e ensino do povo de Deus...
Ser padre, ser pastor do rebanho é uma graça imensa, um dom do qual não temos merecimento algum. E, no entanto, o Senhor nos chama. Mas, não para que preguemos a nós mesmos e vivamos pensando em nós e nos nossos interesses. Santo Agostinho, no século V, já criticava duramente os maus pastores, acusando-os: “Buscais os vossos interesses e não os de Jesus Cristo!” A queixa é velha, o pecado é antigo! Na primeira leitura de hoje, o Senhor tem palavras duríssimas para os sacerdotes de ontem e de hoje: “Se não quiserdes ouvir e tomar a peito glorificar o meu nome, lançarei sobre vós a maldição. Vós vos afastastes do reto caminho e fostes para muitos pedra de tropeço!”
Como não reconhecer que essas palavras são atuais? É triste afirmá-lo, mas temos de fazê-lo! Ninguém está acima da Palavra de Deus, ninguém pode pregar para os outros sentindo-se dispensado de cumprir o preceito do Senhor... Esta é, muitas vezes, a tentação do pregador, do padre; este o seu pecado! Mas, se fizermos assim, teremos de nos envergonhar tanto, escutando o que o Senhor diz ao rebanho: “Deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam!” Que dor, que vergonha para nós, sacerdotes, pastores do povo santo, escutar tão graves acusações! Na Sexta-feira Santa passada, o Santo Padre Bento XVI, quando ainda era cardeal Ratzinger, fez uma exortação seríssima e comovente dessa situação, durante a via sacra no Coliseu, em Roma. Escutemo-lo! Era a estação da terceira queda de Jesus: “Não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença; frequentemente como está vazio e ruim o coração onde ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer dele! Quantas vezes se distorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Respeitamos tão pouco o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe traspassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt. 8,25)”.
Mas, graças a Deus, há os bons pastores; há, na Igreja, tantos que são verdadeiramente presença do Cristo Bom Pastor, que se dá totalmente pelo rebanho; aqueles que celebram os santos mistérios com tanta devoção e decoro, aqueles que são fiéis no ensinamento, não ensinando suas próprias idéias e seus conceitozinhos de sua moralzinha particular, mas ensinam ao rebanho o Evangelho verdadeiro tal qual é crido e ensinado pela Santa Igreja católica! Sacerdotes que se dão totalmente: no tempo, no afeto, na oração, na paciência, na perseverança, na fidelidade ao celibato... por amor a Cristo e à Igreja, povo santo de Deus! A segunda leitura de hoje nos apresenta um sacerdote assim: o apóstolo São Paulo. Como é comovente ouvi-lo: “Foi com muita ternura que nos apresentamos a vós, como uma mãe que acalenta os seus filhinhos. Tanto bem vos queríamos, que desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, a tal ponto chegou a nossa afeição por vós!”
Ser padre é bom, ser padre é uma missão santa, ser padre dignifica e realiza a vida de um homem! Rezai pelos vossos sacerdotes, para que sejam dignos do ministério que receberam! Que eles não se coloquem acima da Palavra do Senhor, pregando aos outros sem cumpri-la; que não celebrem os santos sacramentos com desleixo e desobediência às normas litúrgicas da Igreja. Ninguém, nem o bispo, o padre, nem a comunidade pode desobedecer as normas litúrgicas; ninguém pode inventar sua missinha, distorcer os santos mistérios, que vêm de Cristo e dos apóstolos e nos dão a vida de Deus! Suplicai ao Senhor para que vossos padres sejam atentos às necessidades do rebanho, ao cuidado com os pobres e desvalidos, sejam zelosos no anúncio do Evangelho a toda a humanidade!
Quanto ao mais, cuidai também vós, como diz a segunda leitura, de acolher “a pregação da Palavra de Deus, não como palavra humana, mas como aquilo que de fato é: Palavra de Deus, que está produzindo fruto em vós que abraçastes a fé”. E que o Senhor nos conduza a todos, pastores e rebanho, à sua glória.
dom Henrique Soares da Costa
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Homilia do Padre Françoá Costa – XXXI Domingo do Tempo Comum – Ano A
Comediante sagrado
Não é a primeira vez que encontramos a oposição entre Jesus e os fariseus. Ao folhear o Evangelho, se percebe que esse grupo estava constantemente armando ciladas contra Jesus. Lemos noutra passagem: “os fariseus vieram perguntar-lhe para pô-lo à prova” (Mt 19,3). Quem eram os fariseus? Era um dos vários grupos que compunham o judaísmo de então. Eles eram extremadamente religiosos, daí a meticulosidade em observar mandamentos e preceitos. E havia muitos preceitos… Lê-se, por exemplo, no Talmude: “seiscentos e treze mandamentos foram entregues a Moisés, trezentos e sessenta e cinco negativos, correspondendo ao número dos dias do ano solar, e duzentos e quarenta e oito positivos, correspondendo às partes do corpo do homem” (Talmude babilônico, Makkot, 24). É lógico: quem tem tantos mandamentos a cumprir pode estar todo o dia agoniado procurando não cair em faltas contra tais preceitos.
Mas, também é lógico: diante de tanta coisa religiosa para ser cumprida, não é difícil viver uma vida dupla. Explico-me: como há uns mandamentos cuja prática deixa patente, diante dos outros, o que é bom; para que eu seja considerado bom, tenho que observar esses mandamentos fidelissimamente. Não obstante, existem as fraquezas humanas, as debilidades; todas elas colaboram para que haja certo fastio no cumprimento de tantas coisas. O perigo então é cumprir aquilo que externamente mostra uma boa conduta e não cumprir aqueles que os outros não podem julgar porque simplesmente não podem ver o cumprimento de tais preceitos.
Graças a Deus que o cristianismo não é uma religião de mandamentos, mas a revelação da vida, isto é, de que Deus enviou o seu Filho para que vivêssemos já neste mundo a vida dos filhos de Deus, salvados, divinizados. Uma das consequências dessa vida nova será cumprir os dez mandamentos, mas, repito, a vivência de tais precitos surge como algo co-natural a essa vida nova em Cristo pela ação do Espírito Santo.
Ainda assim, também nós, cristãos, temos o perigo real de sermos “hipócritas”. Caso falte em nós a unidade de vida – essa coerência nas ações, nas palavras e nos pensamentos com a vida em Cristo – estamos no caminho da comédia sagrada.
Explicava S. Isidoro que “a palavra grega ‘hipócrita’ traduz-se ao latim por ‘simulator’ (simulador), que é aquele que, sendo mal por dentro, aparece externamente como bom; em efeito, ‘hypo’ significa ‘falso’ e ‘crisis’, ‘juízo’ ”. E o mesmo autor continua: “o nome ‘hipócrita’ vem dos atores de teatro, lá eles cobrem os próprios rostos, maquiando-se com cores diversas que fazem recordar a tal ou qual personagem: umas vezes representam o papel de homem, outras, de mulher”. Santo Agostinho conhecia a palavra ‘hipócrita’ para os comediantes, ou seja, aqueles que representam aquilo que não são. Desta maneira, dizia o santo bispo de Hipona, na vida espiritual também é hipócrita quem aparenta o que não é.
Pelo teor das palavras de Jesus se conclui facilmente a atitude de comediantes que tinham os escribas e fariseus: “dizem e não fazem. Atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com um dedo” (Mt 23,3-4).
A hipocrisia – diz Santo Tomás de Aquino – é uma espécie de simulação. Mas como a simulação é uma mentira através das obras ou das coisas, a hipocrisia “é uma classe de simulação: aquela segundo a qual uma pessoa finge ser distinta do que verdadeiramente é, como no caso do pecador que quere aparentar ser justo”. Leiamos mais uma vez o Evangelho: “sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (MT 23,27-28).
Deus nos livre de representar uma comédia sagrada e, desta maneira, sermos comediantes na vida espiritual. Assim acontece com aquele cristão que procura comportar-se de tal maneira que todos os chamem ‘santo’, mas na verdade a sua vida está composta de incoerências graves. Ninguém tem que andar por aí se denunciando, ninguém está obrigado a fazê-lo. Na verdade, é suficiente que o cristão – para ter unidade de vida – procure lutar de verdade para pensar, amar e atuar como Cristo. Uma pessoa que luta para ser bom, de verdade, mas mesmo assim é fraco e cai não é um hipócrita. Graças a Deus existe o sacramento da confissão. Uma pessoa que luta para agradar a Deus, mas sente a própria fraqueza e inconstância é uma pessoa normal. É até providencial o fato de que o Senhor permite que vejamos a nossa própria debilidade até o último momento da nossa vida, desta maneira descobrimos que tudo o que de bom temos vem de Deus, a ele a glória e infinitas ações de graças.

Pe. Françoá Costa
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Homilia do Mons. José Maria – XXXI Domingo do Tempo Comum – Ano A
Falam e não praticam!
Segundo o Evangelho de Mateus (23,1-12), aos poucos vai-se acentuando a tensão entre Jesus e os escribas e fariseus, que acaba levando-O à morte. Jesus fala às multidões e aos discípulos da vaidade e dos desejos de glória dos fariseus, denunciando sua hipocrisia: “Eles dizem e não fazem”. “Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los nem sequer um o dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros; cobiçam os primeiros lugares nos banquetes, as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e que os homens os chamem de mestres.”
A este comportamento Jesus opõe a simplicidade e a humildade que quer ver sempre nos seus discípulos e, por conseguinte, em todos os apóstolos. Longe de se apresentarem como mestres, devem procurar que a sua autoridade se manifeste em atitudes humildes, modestas, fraternas e cordiais, pois assim terá credibilidade.
Os fariseus eram crentes entusiastas, que valorizavam muito a Lei de Moisés, mas esqueciam o essencial, o amor e a misericórdia.
Jesus Cristo vem ensinar a Verdade; mais ainda, Ele é a Verdade (Jo 14,6). Daí a singularidade e o caráter único de sua condição de Mestre. “Toda a vida de Cristo foi um ensino contínuo: o Seu silêncio, os Seus milagres, os Seus gestos, a Sua oração, o Seu amor ao homem, a Sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na Cruz pela salvação do mundo, a Sua ressurreição são a atuação da Sua palavra e o cumprimento da revelação. De sorte que para os cristãos o Crucifixo é uma das imagens mais sublimes e populares de Jesus que ensina.
Estas considerações, que estão na linha das grandes tradições da Igreja, reafirmam em nós o fervor por Cristo, o Mestre que revela Deus aos homens e o homem a si mesmo; o Mestre que salva, santifica e guia, que está vivo, que fala, que exige, que comove, que orienta, julga, perdoa, caminha diariamente conosco na história; o Mestre que vem e virá na glória (Catechési Tradendae, n° 9).
Disse Jesus: “o maior dentre vós deve ser aquele que serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mt 23, 11-12).
Os fariseus gostavam de aparecer, e Jesus ao condenar os seus  principais vícios e corrupções quer incutir-lhes a virtude da humildade. Está é o fundamento de todas as virtudes, mas é especialmente da caridade: na medida em que nos esquecemos de nós mesmos, podemos interessar-nos verdadeiramente pelos outros e atender às suas necessidades. Ao redor destas duas virtudes encontram-se todas as outras. Afirma São Francisco de Sales: “humildade e caridade são virtudes mães; as outras as seguem como os pintinhos seguem as galinhas”. Em sentido contrário, a soberba, aliada ao egoísmo, é a raiz e a mãe de todos os pecados, mesmo dos capitais, e o maior obstáculo que o homem pode opor à graça.
A soberba e a tristeza andam frequentemente de mãos dadas, enquanto a alegria é patrimônio da alma humilde.
O humilde é audaz porque conta com a graça de Deus, que tudo pode, porque recorre com freqüência à oração, convencido da absoluta necessidade da ajuda divina. E por ser simples e nada arrogante ou auto-suficiente, atrai as amizades, que são seu veículo para ação apostólica eficaz e de longo alcance.
Santo Afonso de Ligório ensinou que “o primeiro traço da humildade é o modesto conceito de si mesmo.”
À virtude da humildade deve acrescentar-se ao amor sincero, a entrega generosa e o desinteresse pessoal de que nos fala S. Paulo: “Fizemo-nos pequenos no meio de vós. |Como a mãe que acalenta os filhos, assim pela viva afeição que vos dedicamos. Desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida (…)”   (1 Ts 2, 7-8). Não são meras palavras, pois Paulo não retrocedeu nem sequer diante dos mais graves riscos para ganhar homens para Cristo e evangelizou-os “com trabalhos e fadigas, trabalhando noite e dia para não ser pesado a nenhum deles.” (1 Ts 2, 9). A sua generosidade chegou a renunciar àquilo a que tinha direito. Preocupou-se exclusivamente em dar e nada receber, convencido de que o desinteresse pessoal daria à sua pregação uma maior eficácia; de fato, a sua palavra foi acolhida, “não como palavra humana, mas como palavra de Deus que realmente é” (1 Ts 2, 13). A pregação desinteressada do Evangelho é o mais eloqüente testemunho da verdade da fé.
Que o Senhor nos conceda a graça de sermos cristãos coerentes, de fazermos o que dissermos para os outros! Pois os fariseus não fazem o que dizem.
Mons. José Maria Pereira
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Eles não praticam o que ensinam

1ª leitura: Ml. 1,14b - 2,2.8 -10
Instruir o povo na Lei do Senhor (cf. vs. 8-9)
Tendo retomado do exílio na Babilônia, os israelitas reconstruíram o templo e tentaram restabelecer a normalidade da vida, porém houve muita degradação moral e religiosa descambando era corrupções e injustiças sociais. O profeta Malaquias acusa os sacerdotes de culpados dessa desordem por terem se ocupado mais dos próprios interesses do que com a missão de oficiar o culto divino e instruir o povo na Lei do Senhor (cf. vs. 8-9).
Nesta leitura, pode se apreender que instruir a comunidade nas coisas referentes a Deus é missão irrenunciável do sacerdote, pois o distanciamento de Deus desagrega a comunidade fiel, que, não o reconhecendo como único pai de todos, facilmente incorre na injustiça contra os semelhantes (cf. v. 10), e isso esvazia o culto divino (cf. Is. 58,3-8).
2ª leitura: 1Ts. 2,7.9.13
Anunciar o evangelho com fidelidade e afeição
Neste trecho, Paulo descreve como desempenhou seu ministério entre os tessalonicenses. Afirma, inicialmente, que nutriu por eles uma afeição materna a tal ponto de estar disposto não só a dar lhes a palavra de Deus, como também a própria vida (cf. v. 8) e, por delicadeza, não querendo ser lhes pesado, trabalhou com as próprias mãos para se sustentar (cf. v. 9). Por fim, louva a Deus e, ao mesmo tempo, elogia os tessalonicenses por terem acolhido o Evangelho, embora transmitido com as palavras humanas da pregação, como aquilo que realmente é: Palavra de Deus que produz efeito em quem abraça a fé (cf. v. 13).
Podem se deduzir pelo menos dois ensinamentos dessa leitura: da parte dos ministros pregadores da Palavra, é necessário cuidar do rebanho do Senhor que lhes foi confiado, com absoluta fidelidade ao Evangelho, imbuídos de ternura materna e sem interesse de lucro vil (cf. 1Pd. 5,2); quanto aos fiéis, é preciso que eles cresçam no discernimento da fé para perceber na pregação, que lhes chega pelas palavras humanas dos pregadores, a Palavra de Deus capaz de transformar suas vidas (cf. v. 13).
Evangelho: Mt. 23,1-12
Um só mestre e um só Pai
Toda comunidade comporta diferenças e variedades de idade, experiência, posição, conhecimento, entre outras. Esta diversidade possibilita uma multiplicidade de tarefas e relações que revelam a riqueza e a vitalidade da comunidade. Mas, isso constitui, também, um perigo, pois toda pessoa que se destaca por alguma forma de superioridade pode sentir se tentada a sobrepor se às demais. Jesus ilustra tal perigo tomando o exemplo dos escribas, reconhecidos doutores da Lei, cujo comportamento é marcado pela ostentação. Não praticam o bem pelo valor intrínseco de referência a Deus, mas para serem vistos e causarem impressão nos outros. Usam do ministério de dirigentes do povo para alcançar prestígio em todos os âmbitos da vida social: nos banquetes, nas celebrações da sinagoga, na vida pública, nas estradas e nas praças. O foco de seu interesse não é Deus, nem as pessoas a quem deveriam ensinar as Sagradas Escrituras, mas eles próprios.
Ora, Jesus exige dos discípulos um comportamento completamente diferente. Aquilo que os diferencia uns dos outros não deve ser posto em evidência nos relacionamentos recíprocos e, ao contrário, o que é comum a todos deve estar em primeiro plano: o relacionamento com Cristo, único mestre, e com Deus, único Pai de todos (cf. vs. 8-9). Antes de serem diferentes uns dos outros, em qualquer coisa, os cristãos são irmãos, filhos de um mesmo Pai.
Essa igualdade fundamental redimensiona todas as diferenças, sejam de quais níveis forem. Contudo, isso não significa um achatamento da comunidade em todos os aspectos. O próprio Jesus confiou a Pedro um papel de primazia na Igreja (cf. Mt. 16,18-19) e conferiu aos doze apóstolos uma missão especial. Não só não aboliu o nome de pai, como também exigiu obediência ao mandamento de honrar pai e mãe (cf. Mt. 15,4; 19,19). Ordenou aos discípulos que não exigissem ser reconhecidos como "mestres, pais e guias", mas não só não proíbe, como também deseja que eles se comportem como tais. Evidentemente não podem fazer isso em nome próprio visando vantagens pessoais, mas só e tão somente como representantes e mediadores do único verdadeiro Mestre e Guia e do único verdadeiro Pai.
Essas palavras de Jesus são uma séria advertência a todos que, de um modo ou de outro, exercem um papel especial na comunidade. Ele não pretende regulamentar a linguagem externa, mas sim esclarecer a atitude fundamental absolutamente necessária para orientar o adequado comportamento externo. Tanto quem usa a própria função na comunidade para elevar se sobre os demais como quem quer abolir, de forma arbitrária e auto-suficiente, os mestres da Igreja para tornar se mestre de si mesmo contradizem o ensinamento do único Mestre.
frei Aloísio Antônio de Oliveira OFV Conv
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Eles não praticam o que ensinam

Malaquias é um profeta da época pós-exilica - final do século VI a. C. - época do retorno do exílio da Babilônia. Seu trabalho se concentrou em questionar a política dos exilados que começaram a expropriar as pessoas que habitavam as terras da Palestina e que moravam ali há mais de meio século.
A preocupação de uma grande maioria dos repatriados era fazer fortuna e ocupar a maior parte possível de terras, e não tanto a reedificação dos fundamentos éticos, sociais e fraternos do novo Israel. Por sua parte, os habitantes da província de Judá, Galileia e Samaria se viram sacudidas por uma onda de repatriados agressivos que, dispondo de volumosos capitais, pretendiam apoderar-se da terra, tratando as pessoas do país como estrangeiros.
Esta situação jogou por terra a esperança de muitos profetas que esperavam uma mudança de Israel após o exílio. O pior de tudo era que esta maneira abusiva e violenta de proceder era liderada por um grupo de levitas que se consideravam os proprietários da autêntica religião de Israel.
O profeta Malaquias é muito direto em suas denuncias. Utiliza a mesma linguagem pomposa e retumbante das celebrações litúrgicas para denunciar as arbitrariedades da casta sacerdotal que se aproveitava da ignorância do povo humilde da província para cometer toda classe de atropelos.
O pior de tudo é que os que se apresentam como baluartes da Lei não tinham nem o mais elementar sentido de justiça. Não respeitar o direito dos pobres é violar a aliança do Senhor e esta é uma ofensa mais grave que qualquer infração ritual ou de disciplina.
A esperança de Jesus se orienta nessa mesma direção e coloca em cheque as pretensões de tantas pessoas que se preocupavam pela ortodoxia e descuidavam dos princípios elementares da justiça.
A catequese preocupou-se, durante longo tempo, por transmitir a doutrina correta. Por isso, a preocupação ou ênfase em aprender os dez mandamentos, os sacramentos, os sete dons do Espírito Santo e seus catorze frutos e muitas outras tradições. Esse interesse catequético é legítimo e inquestionável. Contudo, é necessário perguntar: a catequese que se preocupa tanto pela "doutrina correta", a chamada "ortodoxia", se preocupa igualmente pela prática correta, a chamada "ortopraxis"?
O evangelho de Mateus é direto e taxativo. Ele pede que aceitemos a ortodoxia, porém sempre e quando esteja baseada e fundamentada na ortopraxis, isto é, na prática da justiça. Anunciar as doutrinas corretas, sim, mas na prática da justiça.
Anunciar as doutrinas corretas, que todo mundo aceita, é muito fácil. O difícil é praticá-las. Por isso, urge revisar a ortopraxis catequética antes mesmo que os sistemas doutrinais. Durante muito tempo nossa catequese se limitou, em grande parte, a memorizar preceitos, doutrinas e fórmulas.
O evangelho de hoje nos pede que, sem esquecer tudo isso, nos preocupemos em realizar o que elas propõem. O fundamental de toda a doutrina cristã, contida no evangelho, é a prática comunitária da caridade, expressa na exigência irrevogável de justiça.
A comunidade cristã existe para comunicar a boa noticia à humanidade. Ela mesma se converte em boa noticia quando transforma as realidades de morte em caminhos de vida em abundância e não quando se anuncia a si mesma.
Por esta razão, a catequese não pode converter-se em uma transmissão individual de conteúdos religiosos, mas uma prática pedagógica comunitária. A comunidade somente pode ensinar e aprender com o exemplo e a participação de todos os seus integrantes, sem distinção de sexo, idade ou cargo ministerial. Pois, enquanto se trate de praticar e ensinar a justiça ninguém está isento de ser catequista e ninguém está excluído de ser catecúmeno.
Mais uma vez encontramos Jesus falando para milhares de pessoas. Jesus não se limitou a falar. Jesus viveu cada palavra mencionada, pôs em prática todas as suas palavras. Por isso, critica aqueles que dizem, mas não fazem.
Palavras são palavras... frase muito antiga e, até mesmo poética, mas é só isso. Não passa de uma frase construída que não diz nada, nem acrescenta coisa alguma. A Palavra tem que ser vivida. No evangelho de hoje Jesus nos alerta para revermos nosso comportamento de filhos do mesmo Pai.
Jesus critica duramente a maneira de agir dos fariseus e mestres da lei. Chama nossa atenção para o comportamento hipócrita de certos líderes religiosos que, conhecem profundamente a lei, sabem interpretá-la, falam bonito, mas não vivem o que dizem.
Agem de forma totalmente contrária daquilo que ensinam. Aproveitam-se dos seus seguidores. Não querem servir, mas sim aproveitar-se do povo. Usam em benefício próprio a posição que ocupam na sociedade e na comunidade.
Na verdade este evangelho vem nos mostrar que pouca coisa mudou nestes dois mil anos. Esse tipo de comportamento ainda é muito comum entre aqueles homens públicos ou políticos que se dizem cristãos.
Observe que são eles os primeiros a chegarem à igreja. Sentam-se nos bancos frontais ao altar. Não raramente, também agem assim alguns líderes religiosos, coordenadores e dirigentes de movimentos paroquiais.
Não sabem exercer com sinceridade e humildade o cargo de responsabilidade que ocupam. Confundem hierarquia e organização com autoritarismo e abuso de poder. Nas reuniões, são os que mais falam e opinam. "Amarram" pesados fardos e os colocam nas costas dos outros. Falam muito e agem pouco, não são capazes de mover uma palha em prol da sociedade. Pouco ou nada fazem em favor da comunidade.
Cuidado, portanto, pois esse exemplo de Jesus é válido também para a família. Quantos maridos e esposas, quantos pais ensinam de um modo e agem de outro. Adaptam as leis de Deus conforme seus interesses. Usam a doutrina do: "façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço". São incapazes de agir com sinceridade. Esquecem que o exemplo está acima de qualquer ensinamento.
"Quem quiser ser o maior, seja aquele que serve". "Quem se eleva será humilhado; e quem se humilha será exaltado". Estas palavras são advertências que merecem profunda reflexão de nossa parte. Jesus diz que, perante Deus o servidor é o maior. Diz ainda que, servir com humildade é a maior demonstração de amor ao próximo.
Vamos viver essas palavras. Pode ser que nossos atos passem despercebidos por muitos, mas sem dúvida, serão observados e aplaudidos por nosso Pai que dirá: "São essas as ações que Eu quero ver todos meus filhos imitando!"
Jorge Lorente
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O maior é o que serve
Jesus então dirigiu-se às multidões e aos seus discípulos: “Os escribas e fariseus estão sentados na cátedra de Moisés. Portanto, fazei e observai tudo quanto vos disserem. Mas não imiteis as suas ações, pois dizem, mas não fazem. Amarram fardos pesados e os põem sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los. Praticam todas as suas ações com o fim de serem vistos pelos homens. Com efeito, usam largos filactérios e longas franjas. Gostam do lugar de honra nos banquetes, dos primeiros assentos nas sinagogas, de receber as saudações nas praças públicas e de que os homens lhes chamem ‘Rabi’.
Quanto a vós, não permitais que vos chamem ‘Rabi’, pois um só é o vosso Mestre e todos vós sois irmãos. A ninguém na terra chameis ‘Pai’, pois um só é o vosso Pai, o celeste. Nem permitais que vos chamem ‘Guias’, pois um só é o vosso guia, Cristo. Antes, o maior dentre vós será aquele que vos serve. Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado.
O livro do Deuteronômio diz que os sucessores de Moisés (os que devem “sentar-se na sua cátedra”), os encarregados de transmitir a palavra de Deus ao povo, são os profetas (Dt. 18,15.18) (v. 2). O que fazem, ao invés, os escribas e fariseus? Ocupam um lugar que não lhes pertence. Substituem a mensagem profética por suas normas, por suas regrinhas, por suas interpretações rigorosas. Chamam de “palavra e vontade de Deus” as que somente são prescrições e argumentos dos homens.
O versículo 3 deve ser interpretado no sentido irônico: Jesus não aconselha ninguém a seguir o ensinamento dos fariseus. Ele critica sempre a doutrina deles (Mt. 15,1-20; 16,16). Neste versículo, porém, encontramos também a segunda característica do fariseu: a incoerência. Ele é uma pessoa que diz, mas não faz. Externamente se apresenta como um homem religioso, mas depois, quando ninguém o vê...
A terceira característica dos fariseus é a de sobrecarregar pesos insuportáveis nas costas dos outros (v. 14). Eles inventam uma religião cheia de leizinhas e de regrinhas: se alguém as observar, deveria sentir-se em paz com Deus. Na realidade elas servem somente para tornar a vida impossível, provocam ansiedade, tiram a liberdade e a alegria. Em outra parte do evangelho, Jesus convida os seus seguidores a libertar-se dessa carga que os impede de viver felizes e livres, como verdadeiros filhos de Deus (Mt. 11,28-30).
A quarta característica dos fariseus é o exibicionismo (vs. 5-7). Eles querem que os outros saibam que são pessoas diferentes dos outros. Para conseguir o seu objetivo recorrem a muitos truques: têm um modo particular de se vestir, carregam alguns distintivos, quando rezam anunciam-no a todos, se praticam algo de bom “tocam a trombeta”, enfim, trata-se de pessoas que precisariam ter sempre um canal de televisão para entrevistá-las.
A última parte do evangelho de hoje (vv. 8-12) nos alerta contra o grave perigo de permitir a entrada na comunidade cristã de qualquer forma de desigualdade.
É compreensível que na sociedade civil se fale de superiores e de súditos. Mas na comunidade cristã não faz sentido qualquer diferença, qualquer distinção de classes, qualquer discriminação. Na comunidade cristã não há lugar para honras, há somente serviços: “O maior entre vós seja o vosso servo!” (v. 11).
o Milite
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“Quem se humilhar será exaltado”
Os pastores do povo
Há dias em que temos de cuidar das ovelhas; Há dias em que temos de cuidar dos pastores. S. Afonso escreveu: uma ovelha doente é um problema; um pastor doente é um desastre para o rebanho. Hoje a celebração nos chama a atenção à coerência de vida da fé e do ministério que foi confiado aos sacerdotes. A comunidade é alertada a não deixar seus sacerdotes, os responsáveis pelo povo de Deus, viver uma vida dupla, pregando uma coisa e vivendo outra. O profeta Malaquias mostra uma situação calamitosa dos sacerdotes de seu tempo: Deixaram a glória de Deus, abandonaram o bom caminho, ensinando doutrinas erradas prejudicando o povo e discriminando as pessoas no serviço da lei. Jesus critica fortemente os fariseus pela religiosidade exterior e sem coerência de vida. Jesus não diz que ensinam errado, mas vivem errado o que ensinam. O evangelista assume este ensinamento para alertar as comunidades contra o culto exterior e sem coerência de vida. Corremos o risco de viver de fachada. Se os padres e bispos falharem em sua missão, destroem e oprimem o povo, principalmente os pobres. Vimos estes anos o mal que fez às comunidades toda a problemática vivida por sacerdotes. Jesus não era assim. Para realizarmos um sacerdócio coerente, somos convidados a ter profunda ligação com Deus e empenharmo-nos em dar glória a Deus, não só com palavras, mas vivendo o caminho e pregando com consistência Sua Palavra. Por isso é importante o cuidado com os pastores do povo de Deus e é necessário que os responsáveis pela comunidade sejam coerentes e vivam o que pregam.
Riquezas de um ministério
Somos convidados a viver a Palavra de Deus com simplicidade e verdade. Esta é a primeira vestimenta do sacerdote. Pregar a Palavra e interpretá-la com a vida são as duas páginas do Evangelho que podemos viver. Vemos a tendência em dar valor às vestes tanto clericais como litúrgicas. Maravilhoso! Mas desde que não sejam para ocultar nossa verdade ou para nos dar um poder que Jesus não ensinou. Seu poder era servir e lavar os pés dos discípulos. Que nossa veste seja a transparência de Jesus que vive em nós e em nós continua a fazer a vontade do Pai e dando a vida pelos irmãos. Agradecemos a tantos bispos, padres e servidores da Igreja que viveram a pobreza fazendo da dedicação aos irmãos sua única riqueza, no carinho pelo povo e no sacrifício de si para que o Redentor continuasse presente.
Paulo ensina a coerência
Paulo descreve suas canseiras pelo evangelho e mostra o caminho para a verdadeira evangelização: “Apresentamo-nos cheios de bondade, como uma mãe que acaricia seus filhinhos. Tanto bem vos queríamos que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida, de tanto amor que vós tínhamos”(1 Ts. 2,7-8). Jesus está no coração do povo de Deus porque soube servir com sua vida. Somos convidados a amar nossos sacerdotes e bispos. Os católicos têm mania de falar mal do padre. As outras religiões não fazem assim. Lembremos da palavra de Deus: “Não toqueis nos meus ungidos” (1Cr. 16,22). Corrigir sim, maldizer não. Em cada Eucaristia ou Sacramentos somos presididos por um sacerdote. Ajude-o a viver bem o mistério que celebra. Diz-se que a paróquia tem o padre que merece. Não é certo. Se ela o ama, poderá fazê-lo crescer e converter-se.
Leituras:Malaquias 1,14 b-2,1-2.8-10; Salmo 130; 1Tessonicenses 2,7b-9.13; Mateus 23,1-12
Homilia 31º Domingo do Tempo Comum (30.10.2011)
1. Um pastor doente é um desastre para o rebanho. A liturgia de hoje chama à coerência de vida. Malaquias mostra a situação calamitosa dos sacerdotes do tempo. Jesus fala dos fariseus que pregam e não vivem. Para viver bem o sacerdócio é necessária profunda união entre a pregação e a vida.
2. A primeira vestimenta do sacerdote é a vivência da palavra na simplicidade de vida. A meta é deixar Jesus transparecer que continua nos ministro a fazer a vontade do Pai e dar a vida pelos irmãos.
3. A coerência que Paulo ensina são suas canseiras pelo evangelho com bondade, dando a própria vida. Somos convidados a amar nossos sacerdotes e não falar mal deles.
Ninho de cobras
Jesus enfrenta os responsáveis pela religião do povo. Jesus não era um bagunceiro que atacava para ver o barulho que fazia. Ele põe a mão na grave ferida que havia na instituição religiosa. Ele próprio era um perfeito cumpridor da lei, mas não no modo deles que tinham uma observância exterior e pior ainda, não viviam o que ensinavam. Não ensinavam errado. Viviam errado o que ensinavam certo.
O que queriam mesmo era aparecer. Deus mandava ter sempre diante dos olhos a Palavra. Então amarravam textos da Bíblia pelo corpo. Deus queria vida, não vitrine.
Esse evangelho pega pesado contra os que ensinam o povo de Deus, sejam sacerdotes, bispos, ministros etc… também aos da área civil. Deus quer de nós, como disse a primeira leitura que sejamos coerentes. A vida dupla não é um bom caminho.
Hoje há muita procura de roupas bonitas no altar (é bom, mas não é tudo), muito rito, muito salamaleque, quando Deus quer o culto do coração. Não dispensa a beleza, mas tem que ter, principalmente, a beleza interior.
Somos convidados também a amar os dirigentes do povo. Mas temos o direito de cobrar coerência de vida e vida mais santa.
padre Luiz Carlos de Oliveira
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“Vós sois todos irmãos”
Este capítulo do evangelho de Mateus é o mais violento de todo o texto do evangelista. Há neste relato de hoje duas exortações: a primeira tem como destinatários as multidões e seus discípulos; a segunda realça a diferença da atuação dos fariseus e o que deve caracterizar a comunidade cristã.
As palavras de Jesus são diretamente dirigidas aos fariseus e mestres da lei. Este texto mostra a estima que Jesus tem pelos humildes e sua repulsa pelos orgulhosos. Jesus se mostra duro diante do farisaísmo orgulho, porque o orgulho impede a real acolhida de Deus, a verdade.
A expressão “sentaram-se na cadeira de Moisés” refere-se à autoridade exclusiva que os fariseus se atribuíam para interpretar a lei de Moisés. Jesus convida seus discípulos a colocarem em prática os ensinamentos desses mestres dos fariseus, mas, por outro lado, adverte a sua comunidade do perigo de imitarem o exemplo desses mestres.
Os mestres da lei e fariseus se consideram proprietários da Sagrada Escritura, da qual tiram belos preceitos. Mas não vivem esses ensinamentos ou preceitos. Daí a recomendação forte que Jesus dá: “façam  o que eles dizem, mas não façam o que eles fazem”. Ou seja, é preciso distinguir entre o que falam, dizem, pregam e o que vivem, colocam em prática. O que falta  a eles é a prática, a vivência. Por isso, são criticados por Jesus.
O importante na comunidade cristã não são os títulos de honra, mas de fraternidade (todos vós sois irmãos), que nascem do fato de ter um Pai comum (um só é o vosso Pai), e de seguir a Jesus (porque um só é o vosso guia).
Fugir da inautenticidade
No capítulo XXIII de Mateus está contido aquele que é considerado o mais veemente de todos os discursos de Jesus. É quando o divino Mestre, movido de sagrada indignação, recrimina aos fariseus e aos escribas sua hipocrisia. Eles faziam pesar sobre os humildes todo o peso da Lei, carregada ainda de uma odiosa casuística e de uma revoltante problemática a respeito de juramentos, de pagamento de dízimos, de rigorosas abluções rituais na hora das refeições. Eles que deviam abrir a porta da salvação para o povo, fechavam-na. Nem entravam eles - disse Jesus -nem deixavam entrar os que queriam entrar.
E, concretamente, não aceitando a Jesus como Messias, impediam que as outras pessoas também o aceitassem. Fechavam a grande porta da salvação. E por outro lado, faziam uma vaidosa ostentação de sua observância e de sua sabedoria doutrinal. Gostavam de ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e faziam questão de que todos os saudassem nas praças públicas e que os chamassem de "rabi", que quer dizer "meu mestre". Porém o mais grave é que sua observância da Lei era puramente exterior. Limpavam por fora as taças e os pratos, mas seu coração estava cheio de cobiça e de maldade. Jesus não Ihes poupa a acusação de "sepulcros caiados": por fora, brancura e beleza; por dentro, ossos e podridão ( cf. Mt. 23,13-33).
Jesus, então, deixa para seus discípulos a grande lição de como se comportar diante dos escribas e fariseus. Eles estão instalados na cátedra de Moisés. São mestres da Lei. Então escutem e observem o que
eles ensinam. Mas não imitem suas obras. Pois "eles dizem, mas não fazem" (Ibib. 22,3).
Hoje, mais do que nunca, deve-se reconhecer esta grande verdade: o povo precisa mais de testemunhas do que de mestres. De pessoas que não apenas declamem belas doutrinas, mas que viviam de acordo com a justiça e a verdade. Sobretudo quando a televisão - quem é que não pode confirmar isto? – povoa o ambiente de imagens negativas que entram para dentro das casas e dos corações, com incalculável influência sobre os jovens e os de consciência imatura, como é importante o exemplo vivo da bondade e da virtude! E era exatamente O que faltava aos fariseus e aos escribas: "EIes dizem, mas não fazem".
Depois dessa admoestação tão solidamente fundamentada, Jesus deixa para seus discípulos e para todos nós uma grande lição de humildade: "Não vos façais chamar "rabi", pois não tendes senão um só mestre e sois todos irmãos. -E o maior dentre vós seja o vosso servo" (vs. 7 e 11). Se temos presente o evangelho de João, quando nos narra a cena do lava-pés, havemos de lembrar que nesse dia Jesus disse: "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Se, pois, eu vos lavei os pés, eu, o Senhor e Mestre, deveis também lavar os pés uns aos outros. Foi um exemplo o que vos dei, para que assim como eu fiz façais vós também" (Jo 13,13-15). Ele, sim, é o Mestre que não apenas ensina, mas faz. Ou melhor, o Mestre que ensina com seu exemplo. E é imensa a força do seu testemunho.
E a lição termina com a grande proclamação: "Todo aquele que se elevar, será abaixado: e todo aquele que se abaixar, será elevado" (Mt. 23,12). Acontece com os homens o que acontece com as espigas no campo de trigo. As espigas que estão muito erguidas são as espigas vazias; as espigas bem granadas são as que se inclinam para a terra. Isso acontece na vida de todos os santos. Isso acontece na vida da Virgem Maria. Por isso Ela foi chamada "excelsa e humilde" pelo divino poeta. Tanto mais excelsa pelo lugar de glória que Deus lhe outorgou, quanto mais humilde soube viver na sua pequenina casa de Nazaré na Galiléia.
padre Lucas de Paula Almeida, CM
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"Dizem e não fazem"
Celebramos hoje o dia nacional da juventude. Uma das qualidades mais apreciadas pelo homem de hoje, sobretudo pelos jovens, é a sinceridade e a autenticidade.
E um dos males mais detestados e às vezes até combatidos violentamente é a mentira, a hipocrisia.
Aqui entendemos muitas lutas juvenis... contra pessoas, estruturas, situações, que encarnam sob o rótulo do progresso a mentira dos interesses particulares.
As leituras bíblicas pedem fidelidade à Palavra de Deus celebrada no culto e na vida.
Na 1ª leitura, o profeta censura os sacerdotes de Israel pela decadência moral e religiosa do povo. (Mal. 1,14b-2,2b.8-10)
Foram convocados por Deus para serem os "mensageiros do Senhor" para ensinar a Lei e conduzir o Povo para Deus; mas não praticam o que ensinam, preocupavam-se apenas com os próprios interesses. Por isso, se tornarão "desprezíveis diante de todo o povo", sem a confiança de Deus, nem o crédito do povo.
Não acontece, às vezes, algo parecido também em nossas comunidades, quando quem recebeu a missão de conscientizar o povo  de seus compromissos e testemunhar a todos o amor de Deus é infiel à sua missão?
Na 2ª leitura, Paulo recorda o exemplo dos missionários, que evangelizaram a Tessalônica (Paulo, Silvano, Timóteo).
Do esforço missionário feito com "ternura de mãe" e com autenticidade ao anúncio, nasceu uma comunidade viva e fervorosa, que acolheu e
viveu o Evangelho com generosidade e alegria. (1Ts. 2,77b-9.13)
Todos os que exercem algum ministério poderiam afirmar, como Paulo, que levam uma vida irrepreensível e coerente com o que pregam?
No Evangelho, Cristo censura os Fariseus porque não fazem o que dizem. (Mt. 23,1-12)
Mais do que transmitir a opinião de Jesus sobre os fariseus, apresenta a imagem que os cristãos do tempo de Mateus tinham do judaísmo e dos seus líderes.
Os fariseus eram crentes entusiastas, que valorizavam muito a Lei de Moisés. Mas esqueciam o essencial, o amor e a misericórdia.
O texto se divide em duas partes:
- na primeira, Jesus traça um retrato dos fariseus;
- na segunda, Jesus deixa alguns conselhos aos discípulos para que não se transformem também em "fariseus".
Como são os fariseus?
1) "Sentam-se na cadeira de Moisés". Essa cadeira não lhes pertence...
Os encarregados de transmitir a palavra de Deus ao povo são os profetas, mas eles ocupam um lugar que não lhes pertence e interpretam a Lei de Moisés, substituindo a mensagem profética com normas humanas.
2) São incoerentes: "Não fazem o que dizem". Externamente se apresentam como pessoas religiosas, bons praticantes... mas depois na vida concreta são bem diferentes.
Pessoas que não faltam na igreja, dão excelentes conselhos aos outros,
mas em seguida em casa ofendem e agridem a esposa, são egoístas,
ignoram os filhos, falam mal dos outros, não ajudam ninguém.
3) Carregam os homens com fardos pesados e insuportáveis.
Criam uma religião cheia de leis e obrigações, formando uma consciência de impureza e pecado, que oprime as consciências e tira a liberdade e a alegria. São escravos de um legalismo religioso.
4) Fazem da fé e da piedade um espetáculo de exibição. Tudo fazem para serem vistos e honrados por todos e em todos os lugares.
Será que existem ainda hoje em nossas comunidades pessoas assim?
E os cristãos, como devem viver, para que não se transformem também em "fariseus"?
1) Não ocupar um lugar que não nos pertence. Muitas vezes, queremos tomar decisões que não nos competem e ocupar o lugar daqueles que receberam de Deus esse papel.
2) Ter coerência. Fazemos questão de proferir palavras bonitas sobre o amor e em casa ninguém nos agüenta.
3) Valorizar a liberdade. Caso contrário, substituímos o evangelho por normas puramente humanas, que sobrecarregam as pessoas e abafam a alegria e o entusiasmo do cristão.
Muitas “diretrizes” e "decretos" nas comunidades expressam a vontade de Deus ou a vontade dos homens?
4) Não ser exibicionista. Evitar a falsidade e a hipocrisia dos que se satisfazem apenas com as aparências ou a admiração dos outros.
5) Ser Justo: somos todos iguais em Cristo. Não faz sentido algum, comparar, discriminar e nos sentir superiores aos nossos irmãos.
Quem seriam os "fariseus" de hoje? Será que fazemos tudo o que dizemos para os outros?
padre Antônio Geraldo Dalla Costa
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Eles não praticam o que ensinam

Neste domingo somos orientados a saber que o anúncio da Palavra de Deus deve se nortear pelo amor ao evangelho e aos irmãos, e não por interesses próprios. Deste modo, Jesus nos convoca à simplicidade e à humildade, bem como, à coerência em nossas ações: não bastar ouvir e falar; é preciso viver o que se ouve e se fala, pois, unindo palavra e ação, superamos a vaidade e a busca do prestígio pessoal. Fiquemos atentos à liturgia deste domingo: busquemos ser mais autênticos e menos hipócritas.
No capítulo 23 do evangelho de Mateus encontramos um conjunto de contundentes denúncias às práticas farisaicas, originadas de pronunciamentos de Jesus e aí agrupadas pelo evangelista. Nos outros dois evangelistas sinóticos, Marcos e Lucas, estas denúncias estão dispersas ao longo de seus textos.
A leitura de hoje é a primeira parte deste conjunto. A ela, segue-se uma série de sete "ai de vós" extremamente desmistificadores sobre a hipocrisia dos fariseus, fechando com uma terrível imprecação (13,13-36). A última parte é uma lamentação sobre "Jerusalém que matas os profetas" (13,37-39).
Mateus adapta para suas comunidades, na década de oitenta, sentenças proferidas por Jesus em seu ministério denunciando o sistema opressor das sinagogas e do templo. Naquela década o conflito com os fariseus é mais abrangente e Mateus quer persuadir suas comunidades a se diferenciarem da prática deles.
Esta ênfase de Mateus reforçando a denúncia de Jesus aos fariseus tem dois sentidos, no contexto em que vivia. Os discípulos de Jesus oriundos do judaísmo, a princípio continuaram freqüentando o templo e as sinagogas (At. 2,46; 17,1-2; 21,26).
Em torno do ano 80, após a destruição do templo de Jerusalém, os fariseus que formavam a cúpula do judaísmo, enrijecendo suas observâncias decidiram expulsar das sinagogas os judeus convertidos ao cristianismo. Certamente muitos deles devem ter abandonado o cristianismo para permanecer sob o abrigo da sinagoga que contava com a proteção do império romano.
Mateus, com seu evangelho, quer demonstrar que em Jesus se realizam as promessas do Primeiro Testamento, procurando convencer os convertidos a não retornarem à sinagoga.
Além disso, Mateus tem e intenção de remover da mente dos discípulos originárias do judaísmo os resquícios da incoerente e ambígua prática farisaica (23,8-12). Nos profetas já se encontravam denúncias à prática dos líderes religiosos – vejamos a primeira leitura. Estes líderes usavam da autoridade como meio de prestígio, bem como para privilégios pessoais, oprimindo o povo.
Contudo, no texto de Mateus, chama a atenção a contraditória recomendação de "fazer tudo o que eles vos disserem", o que implicaria em suportar os "fardos pesados e insuportáveis" amarrados por estes fariseus. Pode-se pensar que tal recomendação seja um reflexo da mentalidade de discípulos convertidos do judaísmo, ainda apegados às tradições judaicas.
Assim, percebe-se, com evidência, que tanto a ostensiva prática dos escribas e fariseus como suas exigências doutrinais e legais ferem a proposta de Jesus, anteriormente anunciada, de viver humildemente, no "segredo do Pai".
Importante frisar que, nas comunidades deve predominar a humildade, a igualdade em dignidade e o amor, embora na diversidade dos dons e carismas. Aprendamos também com o apóstolo Paulo que é uma testemunha desta humildade e de carinho – vejam a segunda leitura.
diácono Miguel A. Teodoro
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Eles falam, mas não praticam
O livro de Josué aponta duas direções: completa o êxodo, como saída da escravidão e servidão egípcia, primeiramente na direção da liberdade econômico-social, política, portanto. Em segundo lugar, inaugura-se uma nova etapa, dentro do esquema “servidão” em nação estrangeira, vida sedentária por quase duas gerações, e passagem do sedentarismo para a conquista de um lugar político próprio sob governo tribal (anfictionia). É preciso compreender  um espaço de quase 700 anos até que esta história viesse a ser contada. Josué faz parte da História Deuteronomista (greg. dêutero = segundo).
Observemos que este capítulo adota uma técnica  “concêntrica”: o princípio e o fim se encontram novamente na narrativa da partida  e da chegada. Todas as referências apontam posições geográficas, os discursos de instrução são seguido da “práxis” obrigatória; os discursos de governo controlam o movimento do povo.  Primeiro a\os sacerdotes, e em segundo  ao povo. Um discurso religioso  e um discurso político.  Mas o “orador” eleito é Yahweh, Deus de Israel. A síntese é o que mais interessa, na fala de Josué: o milagre da liberdade e da libertação aponta para “o Deus vivo” que os profetas distiguirão das divindades  cananitas: deuses com pés-de-barro, não andam; que têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm boca, mas não falam (Jeremias 5,3-5).  Deus é o Senhor da vida, não é uma divindade inerte e impassível diante da História.  Josué fala, Yahweh assina embaixo. Não é, também, o momento de se erigir um obelisco à margem do Mar Vermelho. Esta etapa já foi cumprida, à frente está a história que ainda deverá ser construída. "Allons enfants, le jour de gloire, est arrivée”, é necessário atravessar o Jordão! Uma nova história começa, em Israel.
O ensinamento de Jesus se orienta nesta mesma direção e põe em cheque as pretensões de tantos que se preocupando pela “ortodoxia doutrinal”, dogmática, e descuidam dos principais elementos da justiça de Deus (Mateus 23, 1-12). A catequese se preocupou durante longo tempo em transmitir a doutrina corre. Por isto, se de deu ênfase em aprender os mandamentos (igrejas tradicionais costumam fixar uma escultura das taboas da Lei, como símbolo evangélico... é evidente o apego ao judaísmo bíblico), os sacramentos, os dons do Espírito Santo e seus frutos, e outras muitas tradições dogmáticas. Este interesse catequético é legítimo, excluindo o apego judaizante da Igreja. Inquestionável, não. Sem dúvida, é necessário perguntar: a catequese que se preocupa tanto pela “reta doutrina”, a chamada “ortodoxia”, se preocupa igualmente pela prática correta, corresponde ao dinamismo da Igreja, ou é um freio para sua permanente reforma?
O evangelho de Mateus é direto e irrefutável. Indica que aceitemos a ortodoxia sempre, e quando está baseada e fundamentada na “ortopráxis” de Jesus, isto é, na prática da justiça. Anunciar doutrina corretas, impostas, é fácil, sugere Mateus. A questão é praticá-las. O difícil é praticar o que a Lei manda. “Leiam o Deuteronômio:O Senhor disse a Moisés. Desce depressa, porque o teu povo já se corrompeu, entregue os meus mandamentos: - não haverá pobres e oprimidos Israel;- não te esqueças que o Senhor te tirou da casa das escravidões;-  olhei em volta e vi que vocês fundiram um bezerro de ouro para adorar, destruam-no; - lembra-te que o Senhor faz justiça aos desvalidos, órfãos e viúvas ao redor” . Por isso, urge revisar a prática catequética que os sistemas doutrinais. Durante muito tempo nossa catequese se limita, em grande parte, a memorizar preceitos, doutrinas e fórmulas. Mas o evangelho indica, sem esquecer tudo  isto, a preocupação em realizar-se o que a verdadeira e “reta doutrina” que a Bíblia  propõe. O fundamental de toda doutrina cristã, contida no evangelho, é a prática da justiça de Deus. No serviço expresso em uma exigência irrevogável por direitos fundamentais. Justiça para todos (como expressa a Carta dos Direitos Humanos, da ONU). Preferencialmente o pobre (anawin), o “órfão e a viúva”, os deserdados socialmente.  A comunidade cristã existe para anunciar boas noticias à vida concreta. Converte-se ela mesma em boa notícia quando transforma as realidades da morte em caminhos para a vida em abundancia e não quando se anuncia a si mesma. Disse Jesus.
pastor Derval Dasilio
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Eles não praticam o que ensinam
A liturgia de hoje enfoca o papel de quem tem a responsabilidade do ensino e da liderança na Igreja, sejam bispos, presbíteros ou leigos. O tema é, na verdade, uma exortação e um convite à fidelidade. Na primeira leitura, o profeta Malaquias faz severa crítica aos sacerdotes antigos que, longe de levar o povo a encontrar-se com Deus e de pôr em prática a Escritura, afastavam as pessoas com falsas doutrinas: “Vós vos afastastes do caminho e fizestes tropeçar a muitos por vosso ensinamento” (Ml 2,8). Também Jesus, no evangelho, critica a postura dos líderes religiosos da época, reconhecendo que eles se assentam na “cátedra de Moisés”, mas agem com hipocrisia, pois não vivem o que exigem das pessoas comuns. “Sentar-se na cátedra” é expressão que ainda hoje significa “ter autoridade para ensinar”. A essa conduta Jesus contrapõe a docilidade e a simplicidade dos discípulos seus. Trata-se de qualidades vividas por Paulo, conforme o texto da segunda leitura: “nos tornamos pequenos no meio de vós” (1Ts 2,7).
Evangelho: Mt. 23,1-12
Um só é vosso mestre
O evangelho de hoje vem nos exortar acer-ca da responsabilidade que assumem os que se dedicam ao ensino e à liderança da comunidade.
Jesus afirma a autoridade dos que assumiram a tarefa do ensino. Exorta a todos os seus ouvintes a fazer e observar o que lhes é ensinado. Mas chama a atenção para a conduta desses líderes, pois o comportamento deles está em contraste com o que ensinam. E isso é sinal de infidelidade à missão assumida.
O primeiro contraste apontado por Jesus é o acúmulo de observâncias exigidas do povo que não fazem parte do cerne da fé. E tais práticas não são de todo desconhecidas para nós. Vemos muitas vezes fiéis que se impõem “pesados fardos” como necessários para chegar a Deus. Esse tipo de conduta retrata uma visão deturpada de Deus. Ele não quer de nós observâncias externas, mas apenas o nosso coração. E é dever nosso, sejamos líderes ou não, ajudar essas pessoas a encontrar o núcleo na fé cristã: seguir Jesus.
Outro contraste diz respeito à hipocrisia e ostentação das pessoas que, por estarem à frente da comunidade, querem ser tratadas com honra e gostam de ser reconhecidas como “mestres”. Mas Jesus afirma: “um só é vosso mestre”. Dessa forma, destrói toda pretensão de usurparmos o lugar que não é nosso. Podemos nos sentar na “cátedra” para ensinar, mas ela não nos pertence.
Jesus nos ensina como deve ser o comportamento do verdadeiro discípulo: deixar que Cristo seja o único mestre. E a prova da grandeza do discípulo não está no uso de títulos, mas no serviço humilde ao irmão, pois o mais importante é a fraternidade. Foi isso o que Jesus, o mestre, nos ensinou com sua vida. Se nos dedicarmos ao serviço fraterno, com certeza mereceremos nos sentar para ensinar, pois o mais eloquente discurso que proferimos é nossa própria vida configurada a Cristo.
1ª leitura: Ml. 1,14b–2,1-2b.8-10
Um só é vosso guia
Os sacerdotes levitas tinham como missão ensinar a vontade de Deus ao povo. Essa vontade, expressa na Escritura, nem sempre é realizada pelo ser humano, porque este é limitado e pecador. Em decorrência disso, os sacerdotes deveriam realizar os ritos de reconciliação entre o pecador e Deus. Os ritos eram, portanto, secundários; vinham em auxílio ao pecador para que este não permanecesse afastado de Deus. O profeta Malaquias faz dura crítica aos sacerdotes, porque não realizam de forma correta estes dois aspectos da missão deles: não ensinam ao povo a vontade de Deus nem realizam corretamente os ritos de reconciliação e comunhão. Portanto, o povo fica duplamente afastado de Deus por culpa dos sacerdotes levitas. Os que tinham a missão de guiar o povo como representantes de Deus não o faziam adequadamente, e por isso Deus os rejeitou para essa função. Para que o povo não se perdesse, Deus mesmo prometeu ser seu guia.
2ª leitura: 1Ts 2,7b-9.13
Um só é vosso Pai
O apóstolo Paulo é exemplo concreto de como deve ser o seguidor de Jesus. Ele se apresentou perante os tessalonicenses sem ostentação e sem orgulho. Não se sentia melhor que os outros apenas porque tinha recebido de Deus a missão de ensinar as verdades do cristianismo. Paulo esteve entre os tessalonicenses cheio de doçura e mansidão. Estava convicto de sua autoridade para ensinar, no entanto o fazia como uma mãe a seus filhinhos. A responsabilidade que sentia era tão grande, que estava disposto a dar a própria vida em favor deles. O apóstolo trabalhava dia e noite, por generosidade, para que os tessalonicenses não tivessem gastos com ele. E porque não buscava os próprios interesses, a sua pregação foi eficaz. Paulo deixava toda a honra para Deus Pai, a quem servia por meio de Jesus e do Espírito Santo.
Pistas para reflexão
A homilia é uma exortação à fidelidade, e não um momento para que o presidente da celebração explique e justifique qualquer falha ou omissão. As leituras são claras: criticam todas as pessoas constituídas em autoridade para ensinar e guiar o povo. Em primeiro lugar atinge os ministros ordenados e depois os leigos que exercem algum mandato para essas funções. Tanto os sacerdotes levitas quanto os escribas e fariseus estavam nas funções de condução e ensino do povo. Hoje essas funções são exercidas na Igreja também por clérigos e leigos. É bom destacar um momento penitencial no qual se reconheçam as limitações em vez de “dar desculpas” pelos comodismos ou culpar a alta hierarquia. A Igreja santa e pecadora somos todos nós. É bom aproveitar a exortação que a liturgia nos faz para avaliarmos a quantas anda a missão, que é um mandato para todos nós. Ensinamos o que é vontade de Deus ou aproveitamos o momento para nos sentirmos maiores e melhores que os outros? Servimos ou somos servidos?
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
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Quando Paulo se torna terno
Vamos nos deter-nos poucos versículos da primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses proclamada na liturgia deste domingo. Paulo exprime ternura e apreço pelos tessalonicenses. Não há censura. Há encorajamento e palavras de ternura. Estamos diante do tema da pregação, do anúncio do Evangelho que gesta uma comunidade. Toda a atividade de Paulo tinha como meta a organização de comunidades. Sua preocupação não era apenas a da organização exterior. Paulo se apresentava como embaixador, como delegado, como enviado. Há uma atmosfera de amor nas palavras de Paulo. Ele vem anunciar uma verdade viva ou uma vida verdadeira que é Cristo Jesus.
Primeiramente Paulo fala dessa ternura que ele desdobra em dois momentos. O apóstolo se apresenta com o amor de mãe.  Quer que seus ouvintes saibam que ele não chega como chefe, como quem manda por mandar, mas se aproxima como uma mãe, com um amor de mãe. Diante dessa afirmação temos o direito de nos questionar a respeito do espírito com qual nós, discípulos de Jesus,  fazemos pastoral. Nas assembléias dominicais, nos encontros de  pais das crianças da catequese,  na pastoral dos doentes e em outros contextos chegamos, da parte de Deus, demonstrando um amor semelhante ao amor de Deus? Em segundo lugar Paulo fala que quer dar a sua vida pelos tessalonicenses: “... desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, a tal ponto chegou nossa afeição por vós”.
Os párocos, vigários paroquiais, os responsáveis pelos movimentos de vida evangélica, os agentes da pastoral dos noivos são pessoas que  cumprimos um “dever seco” ou que experimentamos o desejo de dar a vida pelos que estão colocados aos nossos cuidados?
Mais uma observação importante feita no contexto da evangelização de Paulo e, quem sabe, pelo nosso trabalho pastoral. “Trabalhamos dia e noite para não sermos pesados a nenhum de vós”. Caberiam aqui todas as reflexões que Santo Agostinho faz a respeito dos pastores. Claro que o operário é digno de seu salário. Claro que as comunidades ontem e hoje sabem de sua responsabilidade de prover as necessidades de seus evangelizadores e pastores. Mas é também verdade que Paulo, nesta carta, diz que não foi peso para ninguém.
Há expressão de gratidão: “Agradecemos a Deus sem cessar  por vós terdes acolhido a pregação da Palavra de Deus como ela é, ou seja, palavra de Deus”. A fala do evangelizador, daquele que tem consciência de ser instrumento, não é dele. O profeta sabe que fala em nome do Senhor e que os fonemas pronunciados são apenas ocasião para o Senhor penetre na vida das pessoas.  O ministério da pregação é delicado. Será preciso acolher a Palavra, não como uma palavra humana, mas como uma comunicação do Altíssimo que deseja “desorganizar” as coisas organizadas demais.
Por fim, Paulo afirma que essa Palavra está produzindo frutos desde que seus ouvintes abraçam a fé.
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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Buscar sempre a humildade pois quem se exalta será humilhado
e quem se humilha será exaltado.
1ª leitura: Ml. 1,14b-2,2b.8-10
Nada sabemos da biografia do profeta Malaquias. Seu nome significa “Meu mensageiro” ou “Mensageiro de Javé” e aparece em Ml. 3,1. Ele surgiu depois da reconstrução do Templo após o exílio babilônico. O Templo foi reconstruído por volta do ano 515 a.C.
Malaquias está exatamente denunciando o ritualismo vazio nas cerimônias do Templo. É uma denúncia direta aos sacerdotes, pois não estão levando a sério a obrigação de dar glória ao nome do Senhor. Todas as nações respeitam o grande Rei, que é o Senhor Todo Poderoso, mas em Jerusalém seus sacerdotes não querem louvar o Senhor devidamente. Podemos destacar três momentos na palavra do profeta:
1º - Reconhecimento de quem é Deus.
Para o profeta Deus é o grande Rei, o Todo Poderoso. É aquele que detém a bênção e a maldição. É o único Deus e Pai de todos. Ele é respeitado entre as nações. É o Criador.
2º - Denúncias contra os sacerdotes.
- Não levam a sério o dar glória a Deus.
- Abandonaram a estrada e não andaram nos caminhos de Deus.
- Fizeram tropeçar a muitos pelo ensinamento, discriminando pessoas.
- Desfizeram a Aliança de Levi.
- Estão sendo desonestos uns para com os outros.
3º - Sentenças contra os sacerdotes.
O que aconteceu no passado pode servir de advertência no presente para líderes de comunidades, leigos e religiosos. Como estamos servindo ao altar e ao povo de Deus? Qual é a qualidade de nossas celebrações, do nosso ensinamento e do nosso testemunho na comunidade?
2ª leitura: 1Ts. 2,7b-9.13
Paulo se revela neste trecho como retrato ideal e modelo do agente de pastoral. Ele relembra a ternura materna, com a qual ele se apresentou à comunidade. A imagem é bonita. Como uma mãe, ele carregou a comunidade no colo. Ele fala de ternura, querer bem e afeição. A afeição dele foi tanta que ele desejava dar à comunidade não apenas o Evangelho, mas a própria vida. Ele procura reaver a memória da comunidade sobre sua atuação, seus trabalhos e canseiras, para prover seu próprio sustento e não ser peso para ninguém. Além de cuidar de sua própria vida, ele arranja tempo para se dedicar à comunidade com uma disposição até mesmo de dar a própria vida. Tudo isto é motivo de agradecimento contínuo. Paulo agradece, sobretudo, o fato da comunidade ter acolhido a sua palavra, não como palavra humana, mas como Palavra de Deus, que, aliás, está produzindo efeito neles, que aceitaram a fé. Vemos aqui dois grandes marcos na consciência de Paulo. O 1o é a união profunda entre sua palavra e a vida da comunidade. O 2o é a consciência clara de que a sua palavra não é palavra humana, mas palavra de fé fértil e dinâmica, geradora de vida e alimento para a fé.
Como nos dedicamos à nossa comunidade, e qual o grau de nossa consciência de sermos veículos da Palavra de Deus?
Evangelho: Mt. 23,1-12
No Evangelho de hoje, Jesus mostra uma distinção clara entre o comportamento dos doutores da Lei e dos fariseus e o comportamento do cristão (seus discípulos e a multidão). Para Jesus os doutores da Lei (= escribas) e fariseus ocupam a cátedra de Moisés para ensinar: ninguém, porém deve imitar suas ações, pois eles falam e não praticam. Jesus aqui carrega a sua frase de ironia, pois certamente não desejava ver o povo seguindo uma autoridade hipócrita.
Qual é o comportamento dos escribas e fariseus?
- Amarraram pesados fardos nos ombros dos outros; eles mesmos não fazem nada. Quer dizer são agentes de opressão e não de libertação.
- Só agem para serem vistos pelos outros, por isto trazem faixas largas na testa e nos braços, e na roupa longas franjas, com textos da escrituras. As faixas largas (= filactérios) eram faixas pretas de pergaminho, também com trechos significativos da Lei.
- Gostam dos lugares de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas Sinagogas.
- Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas,
- Gostam que as pessoas os chamem de mestres. Em síntese, andam à cata de prestígio e de honra, e a vaidade toma conta deles.
Qual deve ser o comportamento da comunidade de Jesus?
- É exatamente o contrário das atitudes dos escribas e fariseus.
- Viver uma vida de irmãos, onde ninguém é maior do que ninguém, uma vida sem hierarquias.
- O maior deve ser o que serve para libertar o fardo do outro. Jesus mesmo disse: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”.
- Buscar sempre a humildade pois quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado. Jesus mesmo se diz manso e humilde de coração. Que comportamento nos é mais característico a nós que somos líderes de comunidades cristãs?
dom Emanuel Messias de Oliveira
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O maior é o que serve - Mateus 23,1-12
Fariseu significa “separado”, “santo”, é assim que estes homens se sentiam naquela época, e os doutores da Lei são aqueles homens que eram conhecedores das Leis de Moisés e, por isso, tinham o poder de decifrá-las e definir onde e como deveriam ser cumpridas.
Neste Evangelho, Jesus fala às multidões e aos discípulos, reconhecendo que os fariseus e os doutores da Lei têm conhecimento e capacidade de interpretarem as Leis de Moisés, e por isso o povo deve cumprir o que eles dizem. Porém, Jesus chama a atenção do povo para a hipocrisia, para o uso deste “poder” em prol da vaidade e do desejo de serem reconhecidos por suas obras, ação que não serve de exemplo.
Observando a história da humanidade, são encontrados vários exemplos de que saber é poder. Jesus sabe e, por isso, pode promover transformações, Ele tem o poder; um médico sabe e, por isso, tem o poder de conduzir um tratamento para a retomada da saúde do paciente; um professor sabe e, por isso, tem o poder de ensinar.
A questão não é ter o poder, e sim o que se faz com ele. Jesus reconhece o poder dos fariseus e doutores da Lei como positivo para o povo, mas isso, enquanto promove o conhecimento das Leis de Moisés para o seu bom cumprimento.
O que Ele alerta, no entanto, é quanto ao que fazem para si mesmos, usando esse poder em prol de suas próprias vaidades, dominando, oprimindo e explorando o povo.
Os fariseus e doutores da Lei faziam parte de uma elite intelectual e religiosa que dizia o que fazer, eles ostentavam o título de virtuosos, mas intimamente não cumpriam o que ensinavam, e é quanto a esse aspecto que Jesus adverte as multidões que o seguem. Não basta parecer cristão aos olhos dos outros, é preciso viver esse cristianismo no dia a dia. Ser cristão não é uma roupa que se veste para ir à igreja, é um jeito de ser e de viver que começa nas pequenas ações junto à família, ao trabalho, enfim está em todo lugar.
Jesus ensina que não há melhores ou piores pessoas, superiores ou inferiores. Todos são iguais e aprendem uns com os outros a servir com humildade e igualdade. Ele dá as costas às autoridades injustas e mostra às multidões e aos discípulos o novo Reino, o novo que consiste em não desejar somente privilégios. Há um só Mestre, um só Pai, um só Líder, e todos os outros são irmãos, filhos de Deus que deveriam ser seguidores do Cristo, d’Aquele que se põe a serviço, na fraternidade, no amor.
Os discípulos de Jesus foram ensinados fazer a distinção entre os ensinamentos dos mestres da Lei e dos fariseus e suas ações. Havia um descompasso entre ambos: suas ações não correspondiam àquilo que ensinavam. Daí os discípulos serem exortados a dar ouvidos a seus ensinamentos, evitando, porém, seguir seu péssimo testemunho de vida.
A incoerência dos mestres da Lei e dos fariseus tinha duas vertentes principais. Eles sabiam como inventar normas e preceitos, aos quais as pessoas deveriam submeter-se. Entretanto, suas vidas pautavam-se por preceitos menos severos, com exigências amenizadas. Em outras palavras, para os outros, severidade, e para eles, amenidades. Por outro lado, eram exibicionistas, pois agiam de forma a chamar a atenção das pessoas, tornando-se objeto de deferência e admiração.
Os discípulos do Reino foram alertados para agir de maneira contrária. Sendo todos irmãos e irmãs, seria inconveniente querer estabelecer padrões de conduta particulares, de modo a prescrever normas suaves para uns e normas rígidas para outros. Os ensinamentos do Mestre Jesus valem igualmente para todos, sem distinção.
A fraternidade afasta para longe da comunidade a tentação ao exibicionismo e à superioridade. Antes, o maior entre os irmãos e irmãs é quem se faz servo de todos.
padre Jaldemir Vitório
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Eles não praticam o que ensinam

São Paulo recomenda aos cristãos de Roma a não se deixarem esquematizar pelo mundo, isto é, que eles não aceitem e assimilem os valores negativos do mundo (cf. Rm. 12,2). O mundo tem seus esquemas, seus sistemas, que nem sempre são sadios e nem sempre levam a bom termo. Daí a necessidade de voltarmos sempre ao Evangelho. É preciso voltar constantemente ao Evangelho para que Cristo viva em nós. Evangelho significa em primeiro lugar os livros que falam da vida de Jesus e, depois, todos os livros da Bíblia.
Nosso sacerdócio não é o do Templo nem o dos deuses pagãos. O único sacerdote é Jesus, misericordioso e digno de confiança, d'Ele participamos. Jesus não foi em nada parecido com os sacerdotes do seu tempo, nem nós devemos ser. Malaquias critica os sacerdotes, não porque são sacerdotes, mas porque não o são segundo o coração de Deus. Títulos, roupas, cargos, posições, tudo isso é contrário à visão de Jesus sobre os seus seguidores.
No entanto, o pecado que existe em nós nos leva a ceder diante das influências do mundo, e nos tornamos mundanos nas coisas de Deus e da Igreja. Somos todos irmãos com um único Pai. Qualquer título ou função é serviço fraterno. Procuramos não ser orgulhosos e afastamos de nós as ambições de grandeza. Em nossas funções, tratamos os outros com o carinho de mãe. Se percebemos que a realidade vivida tende a nos afastar do Evangelho de Jesus, com mansidão e humildade tratemos de voltar aos valores fundamentais de nossa fé.
Ml. 1,14b -2,2b.8-10 - Deus faz uma advertência aos sacerdotes do Templo por meio do profeta Malaquias. Deus lançará a maldição sobre os sacerdotes, se eles não levarem a sério a tarefa de glorificar o Nome do Senhor. Não observam a Lei de Deus e se tornam mau exemplo para o povo fiel. Favoreceram a uns e prejudicaram a outros no serviço da Lei de Deus. Todos temos um mesmo Pai, Deus nosso Senhor, diz o profeta. Como então podemos ser desonestos uns para com os outros?
Mt. 23,1-12 - Jesus conversa com o povo e com os discípulos sobre os Mestres da Lei e os fariseus daquele tempo. Ensinavam o que era certo, mas não praticavam, por isso Jesus dizia que era preciso ouvir o que eles ensinavam. Exigiam também dos outros aquilo que eles não faziam. Gostavam de ser vistos pelo público e gostavam de títulos. E então Jesus orienta os seus discípulos a viverem todos como irmãos. Entre os discípulos de Jesus não há títulos: ninguém é mestre, ninguém é pai, ninguém é guia. Um só é o Pai, um só é o Mestre e o Guia. Entre os cristãos, o maior será sempre aquele que presta serviço aos outros.
Sl. 130 (131) - Meu coração não é orgulhoso, nem arrogante é o meu olhar, não sou ambicioso nem procuro grandezas. Não multiplico desejos. Minha alma está tranquila. Eu repouso em Deus.
1Ts 2,7b-9.13 - Os irmãos de Tessalônica acolheram a Palavra como Palavra de Deus e não como palavra humana, por isso produziram muitos frutos. Paulo, que os evangelizou, trata-os como uma mãe trata seus filhinhos. Tem muito carinho por eles e nunca lhes foi pesado. O apóstolo trabalhava com as próprias mãos para não depender de ninguém e não ser pesado às comunidades pobres.
cônego Celso Pedro da Silva
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Nas comunidades deve predominar a humildade
No capítulo 23 do evangelho de Mateus encontramos um conjunto de contundentes denúncias às práticas farisaicas, originadas de pronunciamentos de Jesus e aí agrupadas pelo evangelista. Nos outros dois evangelistas sinóticos, Marcos e Lucas, estas denúncias estão dispersas ao longo de seus textos. A leitura de hoje é a primeira parte deste conjunto. A ela, segue-se uma série de sete "ai de vós" extremamente desmistificadores sobre a hipocrisia dos fariseus, fechando com uma terrível imprecação (13,13-36). A última parte é uma lamentação sobre "Jerusalém que matas os profetas" (13,37-39).
Mateus adapta para suas comunidades, na década de oitenta, sentenças proferidas por Jesus em seu ministério denunciando o sistema opressor das sinagogas e do Templo. Naquela década o conflito com os fariseus é mais abrangente e Mateus quer persuadir suas comunidades a se diferenciarem da prática deles. Esta ênfase de Mateus reforçando a denúncia de Jesus aos fariseus tem dois sentidos, no contexto em que vivia. Os discípulos de Jesus oriundos do judaísmo, a princípio continuaram freqüentando o Templo e as sinagogas (At. 2,46; 17,1-2; 21,26). Em torno do ano 80, após a destruição do Templo de Jerusalém, os fariseus que formavam a cúpula do judaísmo, enrijecendo suas observâncias decidiram expulsar das sinagogas os judeus convertidos ao cristianismo. Certamente muitos deles devem ter abandonado o cristianismo para permanecer sob o abrigo da sinagoga que contava com a proteção do império romano. Mateus, com seu evangelho, quer demonstrar que em Jesus se realizam as promessas do Primeiro Testamento, procurando convencer os convertidos a não retornarem à sinagoga. Além disso, Mateus tem e intenção de remover da mente dos discípulos originárias do judaísmo os resquícios da incoerente e ambígua prática farisaica (23,8-12). Nos profetas já se encontravam denúncias à prática dos líderes religiosos (primeira leitura). Estes líderes usavam da autoridade como meio de prestígio, bem como para privilégios pessoais, oprimindo o povo.
Contudo, no texto de Mateus, chama a atenção à contraditória recomendação de "fazer tudo o que eles vos disserem", o que implicaria em suportar os "fardos pesados e insuportáveis" amarrados por estes fariseus. Pode-se pensar que tal recomendação seja um reflexo da mentalidade de discípulos convertidos do judaísmo, ainda apegados às tradições judaicas. Percebe-se, com evidência, que tanto a ostensiva prática dos escribas e fariseus como suas exigências doutrinais e legais ferem a proposta de Jesus, anteriormente anunciada, de viver humildemente, no "segredo do Pai". Nas comunidades deve predominar a humildade, a igualdade em dignidade e o amor, embora na diversidade dos dons e carismas. Paulo apóstolo é uma testemunha desta humildade e de carinho (segunda leitura)
José Raimundo Oliva
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Eles não praticam o que ensinam

A liturgia do 31º domingo do tempo comum convida-nos a uma reflexão séria sobre a seriedade, a verdade e a coerência do nosso compromisso com Deus e com o Reino. De forma especial, as leituras deste domingo interpelam os animadores das comunidades cristãs acerca da verdade do seu testemunho, da pureza dos seus motivos, do seu real empenho na construção de comunidades comprometidas com os valores do Evangelho.
O Evangelho apresenta-nos o grupo dos “fariseus”. Critica violentamente a sua pretensão à posse exclusiva da verdade, a sua incoerência, o seu exibicionismo, a sua insensibilidade ao amor e à misericórdia. Mais do que informação histórica, é um convite aos crentes no sentido de não deixarem que atitudes semelhantes se introduzam na família cristã e destruam a fraternidade, fundamento da comunidade.
Na primeira leitura um “mensageiro de Jahwéh” interpela os sacerdotes de Israel. Convocados por Deus para serem “mensageiros do Senhor do universo”, para ensinar a Lei e para conduzir o Povo para Deus, eles deixaram-se dominar por interesses egoístas, negligenciaram os seus deveres, desvirtuaram a Lei. Eles são, por isso, os grandes responsáveis pelo divórcio entre Israel e o seu Deus. Jahwéh anuncia que não pode tolerar esse comportamento e que vai desautorizá-los e desmascará-los.
A segunda leitura apresenta-nos, em contraste com a primeira, o exemplo de Paulo, Silvano e Timóteo – os evangelizadores da comunidade cristã de Tessalónica. Do esforço missionário feito com amor, com humildade, com simplicidade, com gratuidade, nasceu uma comunidade viva e fervorosa, que acolheu o Evangelho como um dom de Deus, que se comprometeu com ele e que o testemunha com verdade e coerência.
1 leitura – Mal. 1,14b-2,2b.8-10 - AMBIENTE
O nome “malaquias” não é um nome próprio. Significa “o meu mensageiro”. É o título tomado por um profeta anônimo, sobre o qual praticamente nada sabemos e que se apresenta como “mensageiro” de Jahwéh.
Trata-se, em qualquer caso, de um profeta que atua em Jerusalém, no período pós-exílico. Ele é um aguerrido defensor dos valores judaicos, fervoroso pregador de reformas, zeloso defensor do culto autêntico, favorável ao Templo, à pureza dos sacerdotes e dos levitas, defensor dos sacrifícios e contrário aos matrimônios mistos (entre judeus e não judeus).
Na sua época, o Templo já havia sido reconstruído (cf. Mal. 1,10) e o culto já funcionava – ainda que mal (cf. Mal. 1,7-9.12-13). No entanto, o entusiasmo pela reconstrução estava apagado. Desanimado ao ver que as antigas promessas de Deus (veiculadas por Ezequiel e pelo Deutero-Isaías) não se tinham cumprido, o Povo tinha caído na apatia religiosa e na absoluta falta de confiança em Deus… Duvidava do amor de Deus, da sua justiça, do seu interesse por Judá. Todo este cepticismo tinha repercussões no culto (cada vez mais desleixado) e na ética (multiplicavam-se as falhas, as injustiças, as arbitrariedades). Este quadro, posterior à restauração do Templo, situa-nos na primeira metade do séc. V a.C. (entre 480 e 450 a.C.), muito próximo da época de Esdras e Neemias.
Este “mensageiro de Deus” reage vigorosamente contra a situação em que o Povo de Judá está a cair. Coloca cada um diante das suas responsabilidades para com Jahwéh e para com o próximo, exige a conversão do Povo e a reforma da vida cultual. A sua lógica é a lógica deuteronomista; se o Povo se obstinar em percorrer caminhos de infidelidade à Aliança, voltará a conhecer a morte e a infelicidade; mas se o Povo se voltar para Jahwéh e cumprir os mandamentos, voltará a gozar da vida e da felicidade que Deus oferece àqueles que seguem os seus caminhos.
O texto de Malaquias que hoje nos é oferecido faz parte de uma longa perícope na qual o profeta se queixa pela falta de respeito e pelo desprezo que a comunidade judaica sente pelo nome de Jahwéh (cf. Mal 1,6-2,9). Os culpados da situação são, sobretudo, os sacerdotes… Eles deviam ser os primeiros a potenciar a relação entre o Povo e Deus; mas, preocupados com os seus interesses pessoais e animados pelo espírito de lucro, oferecem sobre o altar alimentos impuros (cf. Mal. 1,7), sacrificam animais cegos, coxos ou doentes (cf. Mal. 1,8), fazendo com que os atos cultuais sejam a expressão, não do amor, mas da indiferença e da falta de respeito do Povo por Jahwéh.
Culpados da perversão do culto, os sacerdotes são culpados de outra coisa ainda mais grave: eles falsificam gravemente a Palavra de Deus. É a esta questão que a nossa leitura de hoje se refere.
MENSAGEM
Malaquias tem consciência de que Jahwéh fez “uma Aliança com Levi” (cf. Mal. 2,4-5), na qual os sacerdotes receberam como missão ensinar a Lei a Israel e apresentar os sacrifícios no altar de Deus (cf. Dt. 33,8-10). Constituídos “mensageiros do Senhor do Universo” (Mal. 2,7), os sacerdotes deviam rejeitar a iniquidade, conhecer a Lei de Deus e apresentá-la fielmente ao Povo, caminhar com Jahwéh na paz e na retidão, afastar o Povo do mal (Mal. 2,6).
Na verdade – considera Malaquias – não é isso que acontece. Os sacerdotes não só se desviaram do caminho da Lei e dos mandamentos, como também fizeram o Povo vacilar, ensinando a Lei de forma deturpada. Em vez de orientar o Povo nos caminhos da Aliança, desviam-no para longe de Deus… Mais ainda, não consideram todos iguais e fazem acepção de pessoas (possivelmente, o profeta refere-se a tratamento desigual concedido pelos sacerdotes a ricos e a pobres, a poderosos e a humildes).
Deus pode pactuar com estas atitudes e comportamentos? É evidente que não… Portanto, Jahwéh vai desautorizar e desqualificar estes sacerdotes indignos, tornando-os desprezíveis e abjectos aos olhos de todo o Povo. Todos verão que eles já não têm a confiança de Deus e que lhes foi retirada a autoridade para serem testemunhas de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• Por detrás da denúncia que a primeira leitura de hoje nos apresenta, está uma comunidade instalada no desânimo, no cepticismo e na apatia. Estes sentimentos negativos vão conduzir ao laxismo, à indiferença, ao desrespeito pelos compromissos; e, continuando a escorregar pelo mesmo plano inclinado, a comunidade irá, inevitavelmente, cair em atitudes concretas de falta de respeito e de desprezo para com Deus, de injustiça e de violência para com os irmãos. Nenhuma das nossas comunidades cristãs ou religiosas está isenta desta “doença” e pode garantir que não percorrerá um caminho semelhante… Só uma comunidade que aceita pôr-se em contínuo processo de conversão pode evitar um processo deste tipo, ao redescobrir, em cada instante, os fundamentos da sua fé e da sua esperança e ao revitalizar os seus compromissos com Deus e com os irmãos.
• Aos animadores das comunidades foi confiada por Deus e pela Igreja a missão fundamental de interpelar a comunidade, de revitalizar o seu ânimo, de recordar a cada crente os seus compromissos, de testemunhar a todos o amor de Deus… Aqueles que, de alguma forma, têm responsabilidades na animação das comunidades, desempenham este serviço com dedicação e entusiasmo, conscientes da grave responsabilidade que assumiram diante de Deus e da Igreja, ou instalam-se no comodismo e na indiferença, deixando que a sua comunidade caminhe à deriva e sem objetivos? Os animadores das nossas comunidades cristãs são apenas funcionários que asseguram o expediente das “nove às cinco”, com intervalo sagrado para almoço e sesta, ou são cristãos responsáveis que, fiéis à missão que lhes foi confiada, põem a vida ao serviço de Deus e dos irmãos?
2 leitura – 1Tes. 2,7b-9.13 - AMBIENTE
Quando escreve a Primeira Carta aos Tessalonicenses, Paulo está em Corinto. De Tessalônica chegaram, por Timóteo, notícias animadoras: os tessalonicenses continuam empenhados em viver, com fidelidade, o Evangelho que Paulo lhes anunciou. Nem as dificuldades do dia a dia, nem a deficiente formação doutrinal, nem a hostilidade das autoridades de Tessalônica conseguiram arrefecer o entusiasmo dos membros da comunidade. Eles são, verdadeiramente, um modelo para as comunidades cristãs de toda a Grécia. Paulo escreve, então, animando-os a prosseguir no caminho da fidelidade a Jesus e ao Evangelho. Aproveita também para esclarecer algumas questões de caráter doutrinal e para corrigir alguns aspectos da vida da comunidade. Estamos na primeira metade do ano 50 ou 51.
Nos três primeiros capítulos da carta, Paulo agradece a Deus pela sua ação em favor da comunidade (cf. 1Tes. 1,1-3,13). A comunidade nasceu e consolidou-se de forma tão prodigiosa e em tão pouco tempo, que é preciso ver em tudo isso a intervenção de Deus. O coração de Paulo de Paulo transborda, pois, de alegria e de agradecimento…
Depois de uma clássica oração de louvor a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo, que tornaram possível em Tessalônica o milagre do Evangelho (cf. 1Tes. 1,2-10), Paulo evoca emocionadamente, sempre em clima de ação de graças, os inícios dessa jovem mas entusiasta comunidade cristã (cf. 1Tes. 2,1-12).
MENSAGEM
Na leitura que hoje nos é proposta, Paulo recorda, sobretudo, o comportamento dos missionários que evangelizaram Tessalônica.
O apóstolo começa por descrever o amor e o afeto de Paulo, Silvano e Timóteo pelos crentes tessalonicenses, recorrendo à sugestiva imagem da mãe… Os missionários foram “como a mãe que acalenta os filhos que anda a criar” (v. 7b) e manifestaram aos tessalonicenses, em todos os momentos e situações, o seu amor, a sua ternura e o seu afeto. Fizeram-se pequenos, humildes e simples, e nunca trataram ninguém com aspereza ou sobranceria; manifestaram a todos a sua afeição, amaram todos com um amor serviçal e desinteressado; colocaram-se ao serviço da comunidade de forma total e incondicional e aguentaram todos os trabalhos e canseiras sem lamentos nem queixumes; partilharam com os membros da comunidade cristã, não só o Evangelho, mas a própria vida (v. 8).
Depois, Paulo faz referência à gratuidade com que os missionários atuaram… Além de pregarem o Evangelho, trabalharam “noite e dia” para não serem pesados para ninguém da comunidade (v. 9). No que a Paulo diz respeito, é possível que este “trabalho” se refira ao ofício de tecedor de tendas de campanha, que ele provavelmente aprendeu na sua meninice, em Tarso, junto do seu pai. Esse ofício irá ajudá-lo a ganhar o seu sustento (nomeadamente em Corinto, quando Paulo esteve em casa de Priscila e Áquila – cf. At. 18,3) e fá-lo-á sentir-se identificado com todos os outros homens.
O que interessa, no entanto, é isto: Paulo e os seus companheiros não pregaram o Evangelho por interesse pessoal, em vista de qualquer remuneração material. O que os moveu foi apenas o interesse do Evangelho e da salvação de todos os homens e mulheres.
O nosso texto termina com uma referência à forma como os tessalonicenses acolheram a Palavra anunciada por Paulo e pelos seus companheiros de missão: receberam-na “não como Palavra humana, mas como ela é realmente, Palavra de Deus”, que permanece ativa no coração dos crentes e que os transforma (v. 13).
A comunidade cristã não é só fruto da Palavra proclamada, mas também da Palavra escutada, acolhida e vivida. Os tessalonicenses tiveram, desde logo, a percepção essencial de que a Palavra que lhes foi anunciada era Palavra de Deus e não a palavra de Paulo ou de qualquer outro pregador cristão. No processo de anúncio, de acolhimento e de transmissão do Evangelho, todos devemos ter a consciência de que o importante não é o instrumento humano que anuncia a Palavra (por mais que ele seja atraente e brilhante), mas a proposta que, através desse instrumento humano, Deus nos faz.
ACTUALIZAÇÃO
• Esta página diz-nos, em primeiro lugar, que os anunciadores do Evangelho não podem ser simples funcionários, frios e distantes, que cumprem pontual e burocraticamente a tarefa que lhes foi confiada; mas que têm de ser como uma mãe cheia de amor, que ama com ternura os seus filhos, que partilha tudo com eles, que se sacrifica alegremente por eles e que entrega totalmente a sua própria vida para que os filhos tenham mais vida. O anúncio do Evangelho tem de ser, antes de mais, um serviço de amor. É assim que nós – aqueles a quem foi confiada a missão de anunciar o Evangelho – agimos? O nosso trabalho é feito com amor e com entrega total, ou com o espírito de funcionário cansado que despacha o expediente para se ver livre de uma tarefa monótona e fastidiosa? Aqueles que contatam conosco encontram em nós testemunhas vivas e entusiastas do amor de Deus, ou pessoas amargas, egoístas, agressivas cansadas e desanimadas?
• Esta página diz-nos, em segundo lugar, que os anunciadores do Evangelho devem dar-se à missão de forma absolutamente gratuita. O Evangelho não pode, nunca, ser o pretexto para a satisfação de interesses pessoais (enriquecimento material, busca de protagonismo, promoção pessoal…), mas deve ser um serviço que se faz com total gratuidade, generosidade e amor. O Evangelho não é um negócio, nem um meio de enriquecimento rápido, nem uma forma de viver uma vida sem grandes preocupações materiais; mas é salvação que, de forma totalmente gratuita, Deus oferece a todos os homens.
• Convém estarmos conscientes de que não basta que a Palavra seja proclamada: é preciso que ela seja, também, escutada e acolhida. Escutar não significa apenas “ouvir com os ouvidos”, mas também acolher no coração as propostas que nos são feitas por Deus. Estamos sempre disponíveis para nos deixarmos interpelar e transformar pela Palavra que nos é anunciada, ou o nosso coração é como essa terra dura que recebe a semente e a deixa secar?
• No processo de escuta e de acolhimento da Palavra, é preciso não esquecer que os anunciadores não são o essencial: o essencial é a Palavra de Deus. Os homens podem apresentar a Palavra de forma mais ou menos brilhante, mais ou menos sedutora, mais ou menos interpelativa; mas é preciso sabermos discernir a beleza das palavras da força da Palavra de Deus e não deixarmos que o essencial seja ofuscado pelo brilho do acessório.
Evangelho – Mt. 23,1-12 - AMBIENTE
O Evangelho deste domingo coloca-nos, mais uma vez, em Jerusalém, nos últimos dias antes da paixão e morte de Jesus. É nesses dias que se desenrola o confronto final entre Jesus e o judaísmo. Os líderes da nação judaica, escudados nas suas certezas, convicções e preconceitos, continuam a recusar a proposta do Reino e a preparar o processo contra Jesus.
A passagem que hoje nos é proposta é a introdução a um extenso discurso de condenação, que Jesus pronuncia contra os líderes religiosos de Israel (cf. Mt 23,13-36). É neste discurso que aparecem os sete famosos “ai de vós, escribas e fariseus…”. Para Mateus, o discurso é a resposta de Jesus à intransigência dos judeus em acolher as propostas de Deus.
Ao longo do discurso, Mateus põe na boca de Jesus uma apreciação extremamente negativa dos escribas (especialistas da Escritura, muitos dos quais eram fariseus) e dos fariseus. É preciso dizer, no entanto, que este retrato dos fariseus não é totalmente justo… No geral, os fariseus eram crentes entusiastas, que procuravam conhecer e se esforçavam por cumprir escrupulosamente a Lei de Moisés. Estavam presentes em todos os passos da vida religiosa dos israelitas e procuravam instilar no Povo o respeito pela Lei, a fim de que Israel fosse, cada vez mais, um Povo santo, dedicado a Jahwéh e vivendo na órbita de Jahwéh. Tratava-se de um grupo sério, bem intencionado, verdadeiramente empenhado na santificação da comunidade israelita. No entanto, o seu fundamentalismo em relação à Lei foi, algumas vezes, criticado por Jesus. Ao afirmarem a superioridade da Lei, desprezavam muitas vezes o Homem e criavam no Povo um sentimento de pecado e de indignidade que oprimia as consciências… Dando demasiado relevo à Lei, esqueciam o essencial – o amor e a misericórdia. E ao considerarem-se a si próprios os “puros” que viviam de acordo com a Lei, desprezavam o “'am aretz” (o “povo do país”) que, por causa da ignorância e da dura vida que levava, não podia cumprir integralmente os preceitos da Lei.
A opinião que Jesus fazia dos fariseus seria tão dura como a que este texto nos apresenta? Provavelmente não. É preciso recordar que o Evangelho segundo Mateus apareceu na parte final do séc. I (década de 80), quando os fariseus eram a corrente dominante no judaísmo e apareciam como o rosto polêmico desse adversário judaico com que os cristãos todos os dias se confrontavam. Este texto deve estar marcado por essa perspectiva. Talvez mais do que transmitir a opinião de Jesus sobre os fariseus, apresenta a imagem que os cristãos dos finais do primeiro século tinham do judaísmo e dos seus líderes.
MENSAGEM
O nosso texto divide-se em duas partes. Na primeira, Jesus traça um retrato dos fariseus (vs. 1-7); na segunda, Jesus deixa alguns conselhos aos discípulos para que não se transformem também em “fariseus” (vs. 8-12).
Como são, então, os fariseus?
Deles diz-se, em primeiro lugar, que se sentam na cadeira de Moisés (v. 2). A expressão refere-se à autoridade exclusiva que os fariseus a si próprios se atribuíam para interpretar a Lei de Moisés (é preciso dizer, no entanto, que a acusação quadra melhor com os fariseus da época de Mateus, do que com os fariseus da época de Jesus: na época de Mateus – no judaísmo pós-destruição de Jerusalém – os fariseus já eram a corrente dominante e funcionavam como a autoridade exclusiva na interpretação e na aplicação da Lei, fato que não acontecia na época de Jesus). Eles são acusados aqui de se terem apropriado da Palavra de Deus e de a terem desvirtuado com regras, normas, obrigações interpretações legalistas e casuísticas que, em lugar de favorecerem o encontro do homem com Deus, só serviram para afastar cada vez mais os dois parceiros da Aliança.
Deles diz-se, em segundo lugar, que são incoerentes (v. 3). “Dizem e não fazem”. O seu comportamento não é coerente com as suas palavras e os seus ensinamentos. Os cristãos são convidados a escutar os seus ensinamentos – coisa que muitos cristãos de origem judaica faziam – mas a não imitar o seu exemplo.
Deles diz-se, em terceiro lugar, que carregam os homens com fardos pesados e insuportáveis (v. 4). Na verdade, as exigências dos fariseus tornavam impossível a vida dos crentes, tantas eram as leis, as obrigações, as proibições que eles faziam derivar da Lei. A impossibilidade de conhecer e de cumprir todo esse imenso arsenal legal, criava nos crentes uma consciência de impureza e de pecado que oprimia as consciências e que matava a alegria. Era uma autêntica escravatura da Lei.
Deles diz-se, finalmente, que gostam de fazer da sua fé e da sua piedade um espetáculo e uma exibição. Fazem as coisas para que todos percebam a sua grandeza e superioridade, e não se esquecem nunca de publicitar a sua fé e a sua piedade. Por vaidade, alargam as filactérias (caixinhas de couro contendo trechos da Torah, que os israelitas usam, a partir dos 13 anos, durante as orações matinais) e as borlas (franjas colocadas nas quatro extremidades do manto – tallît – que o judeu piedoso colocava aos ombros durante a oração). O que lhes interessa é a imagem que dão, o reconhecimento dos homens e os títulos de honra.
E os cristãos, como devem viver? Que cuidados é preciso ter para que o farisaísmo não se perpetue na Igreja de Jesus?
Fundamentalmente, é preciso que a comunidade cristã seja uma verdadeira fraternidade (v. 8: “vós sois todos irmãos”). A Igreja não é constituída por “superiores” e “súbditos”, “mestres” e “discípulos”, “pais” e “filhos”, “doutores” e “alunos”, mas por irmãos iguais, que têm um Pai comum (v. 9: “um só é o vosso Pai, aquele que está no céu”) e que seguem o mesmo Cristo (v. 10: “um só é o vosso doutor, Cristo”). Na Igreja de Jesus não pode haver quem queira mandar nos outros, ou quem se considere a si próprio mais importante, mais digno, mais honrado, mais preparado do que os outros… Na Igreja de Jesus não pode existir, à imagem da estrutura hierárquica judaica, um esquema complicado de graus, de acordo com a diferente dignidade dos membros da comunidade. Na Igreja de Jesus os títulos de honra, os lugares reservados, a luta pelos primeiros lugares, não fazem qualquer sentido. Na comunidade de Jesus, só o amor e o serviço devem ter o primeiro lugar (v. 11: “o maior de entre vós, será o vosso servo”).
A comunidade cristã deve anunciar profeticamente o Reino de Deus… Ora, nesse Reino proposto aos homens por Deus e inaugurado por Jesus, só o Pai (Deus) e o Filho (Jesus) ocupam um lugar de honra. Os crentes, iguais em dignidade, são irmãos; entre si, devem amar-se e fazer-se servidores uns dos outros.
ATUALIZAÇÃO
• O Evangelho do 31º domingo do tempo comum dá conta de uma das mais profundas divergências entre a proposta de Jesus e a cultura contemporânea… Os valores que governam o nosso mundo garantem-nos que a realização plena e a felicidade do homem dependem da posição a que ele conseguir elevar-se na estrutura hierárquica da comunidade em que está inserido (social, religiosa, profissional…) e do poder, da importância, do reconhecimento que ele souber granjear, da sua capacidade de obter sucesso; Jesus garante-nos que a realização plena do homem depende da sua capacidade de amar e de servir… Em jogo estão duas visões antagônicas da finalidade da vida do homem e dos caminhos que cada pessoa deve percorrer para atingir a sua realização plena… De acordo com a nossa sensibilidade e a nossa experiência de todos os dias, quem tem razão?
• A Igreja, testemunha do Reino e dos valores propostos por Jesus, tem de ser uma comunidade de irmãos que vivem no amor. Nela, não podem ser determinantes os títulos, os lugares de honra, os privilégios, a importância hierárquica… Na comunidade cristã, a única coisa determinante é o serviço simples e humilde que se presta aos irmãos. Na prática, é assim que as coisas se passam? Que valor tem, na Igreja, os títulos, as posições hierárquicas, a visibilidade, os cargos, os privilégios, os lugares de honra? Tudo isso não poderá contribuir decisivamente para criar divisões que afetam a fraternidade e que negam os princípios sobre os quais se constrói o Reino? Quando a vida das nossas comunidades cristãs é marcada por lutas pelo poder, conflitos, ciúmes, a comunidade está a avançar em direção à fraternidade e ao amor?
• Mateus, ao apresentar-nos essa poderosa invectiva contra os “fariseus”, está a avisar os crentes contra a perpetuação de um “farisaísmo” que destrói a comunidade. Está a sugerir que quando alguém se arroga o direito divino de se instalar na cadeira do poder e se constitui como único e decisivo critério de verdade, pode facilmente substituir o Evangelho pelas suas próprias normas, pelas suas próprias leis, pelos seus próprios esquemas e visões de Deus e do mundo.
• Mateus, ao escalpelizar a incoerência dos “fariseus”, está a avisar-nos contra a tentação de mostrarmos o que não somos, de vendermos uma imagem “corrigida e aumentada” de nós próprios para obtermos o aplauso e admiração dos outros, de vivermos para as aparências e não para o compromisso simples e humilde com o Evangelho… É que a mentira e a incoerência destroem a paz do nosso coração, roubam-nos a alegria e a serenidade, comprometem o nosso testemunho, minam a comunidade e põem em causa os fundamentos do Reino.
• Mateus, ao denunciar a tendência dos “fariseus” para impor aos outros pesos insuportáveis, está a avisar-nos contra a tentação de inventar exigências e obrigações, mandamentos e leis que criam escravidão, que oprimem as consciências, que metem medo, que impedem os filhos de Deus de viverem livres e felizes. Isso acontece na Igreja de que fazemos parte? As cargas com que, às vezes, carregamos os homens e mulheres nossos irmãos, serão sempre consequência da radicalidade do Evangelho?
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Eles falam mais não praticam

NOSSAS PALAVRAS TORNAM VAZIAS QUANDO NÃO AS VIVENCIAMOS! - Olívia Coutinho


Ouvimos o chamado de Jesus e tornamos seus discípulos!
Deixamos “tudo”, tomamos a nossa cruz de cada dia e aqui estamos com Ele, à caminho de uma nova  “Jerusalém”!
Nosso grupo era pequeno, mas agora somos uma multidão, pois Jesus vai chamando um por um, que encontra pelo caminho! Os cegos, Ele faz enxergar, os surdos, faz ouvir, os paralíticos, os coloca de pé e todos se misturam à multidão, seguindo a mesma direção!
Nem o calor do sol, o frio das madrugadas e os fortes vendavais, nos fazem desistir desta nossa caminhada com Jesus!
Às vezes, um do grupo é vencido pelo cansaço e fica para traz, mas Jesus sente sua falta e volta para buscá-lo, o carrega nos braços, até que ele revigore suas forças!
Se alguém ameaça dispersar do grupo, tornando alvo do inimigo, que é sempre oportunista, Jesus percebe logo e entra em ação, expulsando o inimigo pela força da oração!
De quando em vez, Jesus interrompe a caminhada, pro momento de descanso, sempre à sombra de uma arvore! Cada um de nós quer ficar mais próximo do Mestre e tocar na sua veste!
Como é bom seguir os passos de Jesus, tornar íntimo Dele, ouvir a sua voz!
Jesus é a fonte inesgotável de sabedoria e de ensinamento!
No Evangelho de hoje, Ele condena o jeito dos mestres da lei, que colocavam a distinção social e o conhecimento das leis acima das pessoas, transformando seus conhecimentos em poder.
Jesus nos ensina,  que, quem deseja pertencer ao Reino de Deus, deve ser muito diferente: “Quem quiser ser o maior seja aquele que serve”.
Ele Pede a todos  para  fazer e observar tudo o que os mestres da lei e os fariseus dizem, pois eles tinham  bastante conhecimento da palavra de Deus e falavam  com propriedade sobre o que deve ser feito de acordo com a vontade do Pai. Mas Jesus conhece o coração de cada pessoa e, com coerência,  pede que todos sigam os ensinamentos deles, mas que não imitem as suas atitudes!
Quando ouvirmos alguém falar o que deve ser feito de bom, não devemos deixar de fazê-lo, só porque quem falou não tem "credibilidade" sobre determinada atitude.
 
Será que nós não estamos agindo da mesma forma que os mestres  da lei?
Será que não estamos querendo nos  destacar nos trabalhos na nossa comunidade, só para seremos notados e elogiados?
Como anunciadores da palavra de Deus, temos  dado testemunho daquilo que falamos?
Nossas palavras tornam vazias, quando não as vivenciamos.
Jesus nos pede para sermos humildes, coerentes, servidores do Reino...
 Não é importante ocupar o primeiro lugar, o importante é ter Deus em primeiro lugar!
 
Olívia Coutinho
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Eles falam e não praticam


Neste Evangelho, Jesus nos pede coerência entre o que falamos e ensinamos, e o nosso próprio procedimento. Devemos dar testemunho da verdade e da justiça, não só pelas nossas palavras, mas também pela nossa vida.
E Jesus cita alguns contra testemunhos dos mestres da Lei e dos fariseus, cujo procedimento era bem diferente do que diziam e da "santidade" que mostravam. Também nós, freqüentemente nos apresentamos como justos, bons cidadãos e bons cristãos, sendo que, às escondidas, não somos nada disso: enganamos, mentimos etc.
Eles gostavam de ser chamados com títulos de honra e de ocupar lugares de honra nas festas e até na sinagoga. Entretanto, "Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes" (Tg 4,6; Pr 3,34). Se queremos receber as graças de Deus, precisamos ser humildes.
A falta de humildade na sociedade leva-a a nunca dizerem a verdadeira causa dos problemas sociais. Por exemplo, por que existem os menores abandonados? A culpa está toda em nós adultos. A criança em si é boa. São os adultos que lhes ensinam as coisas erradas.
Também nas Comunidades cristãs, quantas vezes falta humildade! Por exemplo, o líder de uma pastoral sofre uma humilhação, ou é vítima de uma fofoca, pronto, desanima e quer largar tudo. Imagine se Jesus tivesse feito assim! Logo no início de sua vida pública já teria desistido, e nós receberíamos esta Vida Nova em que vivemos pelo batismo!
"Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os outros como superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros" (Fl 2,3-4).
"O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado."
Campanha da fraternidade. A paz é fruto da justiça. Podemos dizer também: a paz é fruto da santidade. Se nós nos convertemos e nos santificamos, a paz aumenta ao nosso redor e vai se expandindo como as ondas de um lago, quando jogamos uma pedra no meio dele. Somos injustos em relação aos nossos irmãos e irmãs que moram nas favelas, colocando neles, de antemão, o "selo" de bandidos, sendo que nas favelas estão as melhores famílias do nosso país.
Certa vez, um pequeno País resolveu por em prática aquelas palavras que Maria disse no seu hino Magnificat: "A minha alma engrandece o Senhor... Ele derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes; encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias..."
Foi tudo feito democraticamente, através de impostos altos aos ricos, aplicando os recursos aos mais pobres e outras estratégias.
Aconteceu que um dia estava, em uma casa de carnes, uma fila esperando abrir para comprar carne. Um senhor muito rico disse, em tom de revolta contra o governo: "Eu nunca imaginei que um dia estaria numa fila para comprar carne!" Uma senhora velhinha que estava um pouco atrás, disse também: "Eu nunca imaginei que um dia estaria numa fila para comprar carne!"
A frase é a mesma, mas os sentidos são contrários. Para o rico foi uma expressão de revolta devido à humilhação de ter de entrar numa fila, coisa que antes não acontecia devido aos privilégios que a riqueza lhe concedia. Já para a mulher foi uma expressão de alegria, pois antes não tinha condições de comer carne e agora tem.
Maria Santíssima era uma pessoa humilde. Ela nunca se promoveu a si mesma. Quando se referiu a ela mesma, chamou-se de escrava: "Eis aqui a escrava do Senhor". As escravas eram as mulheres mais humildes da época.
Nas horas de triunfo de Jesus, ela não aparecia. Por exemplo, na multiplicação dos pães, quando o povo queria fazê-lo rei, o Evangelho não fala da presença de Maria. Certamente ela estava por ali, mas escondida.
Já na cruz, no meio daquela fúria do povo, lá estava ela, de pé, bem visível a todos, enfrentando as zombarias e humilhações, próprias de uma mãe de condenado.
É interessante que Maria era humilde, mas, como vimos no seu hino Magnificat, não enterrava seus talentos, numa falsa humildade, minha a cabeça erguida e falava o que devia, na hora certa e para a pessoa certa.
Está aí o verdadeiro sentido da humildade: é a verdade. Vamos pedir a Nossa Senhora que nos ensine a ser humildes, mas que tenhamos uma humildade bem ativa e transformadora, principalmente praticando tudo aquilo que falamos para os outros.
Eles falam e não praticam.
Padre Queiroz
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Eles falam, mas não praticam - Gilberto Silva


     Caríssimos irmãos e irmãs,
     Hoje, Jesus nos adverte sobre qual modelo de pessoa humana que devemos imitar segundo o evangelho, com os devidos cuidados, uma vez que somos pecadores. Os mestres da Lei e os fariseus (defensores acirrados da Lei) que detinham o conhecimento da Sagrada Escritura, e honravam a Deus com os lábios, porém suas ações eram contraditórias. Amarravam faixas, fardando-se com textos bíblicos, como uma forma de coerção e promoção social para adquirir "status" e hierarquias. Serem chamados de Mestres e Guias.
     Ainda hoje, existem vários irmãos e irmãs, em diversos segmentos da nossa sociedade civil, política e outras, até mesmo eclesial, que apoderando de falsos valores éticos, morais e cristãos, ostentando fardas, uniformes, ternos e jalecos, utilizam os jornais, imprensa televisiva e todo o tipo de meio de comunicação para falar uma coisa e fazer outra. Isto é gerar incoerência e mau exemplo para todo o povo, que neles um dia, acreditaram.
     Esquecem do princípio básico que todos somos irmãos e irmãs, filhos e filhas de um só Pai, com uma dignidade igualitária. Não deveriam abusar da boa fé das pessoas mais simples ou oprimi-las impondo as suas vontades e menos ainda sendo exibicionistas.
     Portanto, meus caríssimos façam o que Jesus nos instruiu, ser o último, o servidor, o humilde. Não permita que os conflitos diários te equiparem aos fariseus e mestres das Lei, mas viva em igualdade com seus irmãos e irmãs. Que o seu jejum somente seja visto por Deus. Que a sua mão esquerda (ou outras pessoas) não veja o que faz a tua mão direita. Que suas orações sejam feitas no intimo do seu quarto.


Gilberto Silva
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Eles falam e não praticam


Nós catequistas precisamos tomar muito cuidado para que não sejamos iguais aos fariseus.
Os mestres da Lei e os fariseus conheciam tão bem a  Lei de Moisés, que até foram elogiados pelo próprio Jesus. Porém, a melhor parte, ou a melhor coisa, ele não possuíam ou não cumpriam, que era a virtude de praticar o que ensinavam. "Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam."
Prezados catequistas, longe de nós uma coisa dessas! Já imaginou  um pai de um dos nossos  "alunos" do catecismo nos pegar em flagrante fazendo uma daquelas coisas? Ou mesmo um dos jovens ou uma das crianças para as quais com cara de santos nós falamos de Jesus, nos encontrar em algum lugar  fazendo uma coisa indigna de nós?
Jesus disse que os fariseus exigiam demais dos outros com relação ao cumprimento da Lei de Moises, porém, eles  eram incapazes de fazer o mesmo. Eram incapazes de praticar o que ensinavam!
Os fariseus diante do público se comportavam se mostravam como santos. Também nós não podemos nos esquecer que somos pessoas conhecidas por muitos, e que sem menos esperar, em algum lugar mesmo distante da paróquia, podemos estar sendo monitorados, observados por um adolescente, ou mesmo pelos seus pais.
Assim, prezados evangelizadores, que seja o nosso comportamento na rua, do mesmo jeito que nos comportamos dentro da igreja, e na hora da nossa reunião com os jovens. Nada mais, nada menos, e que nunca damos maus exemplos nem escandalizemos ninguém com a nossa conduta fora do altar, e das dependências da igreja.

Que não tenhamos a inclinação de fazermos as coisas unicamente para sermos vistos, ou bem vistos pelas pessoas.  Somos luz do mundo sim, mas a nossa luz reside nas nossas boas obras. Lembra? E não na nossa mania de querer aparecer!
Sejamos imitadores de Cristo, modestos, humildes, e nunca nos julgar perfeitos ou mesmo santos.
Também não devemos ter aquela cara de quem sabe tudo, de quem basta a si mesmo, nem um ar de importante pelo fato de sermos catequistas. Pelo contrário, devemos na nossa humildade, ter atitudes e compromissos de servir, disposição de quem está ali também para aprender, e não apenas para ensinar, pois,  "Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado."
Sal.


Dois elementos são importantes para nós a partir da leitura do Evangelho de hoje. O primeiro é que nenhum ser humano pode ser para nós modelo absoluto para a vivência do Evangelho, uma vez que todas as pessoas são pecadoras. O segundo é que não podemos fazer da religião forma de relação de poder e de promoção pessoal. As distinções que existem na vida religiosa devem ser de cargos e funções, porque existem ministérios diferentes, mas todos na Igreja têm uma dignidade igual: a de filhos e filhas de Deus. Mesmo dentro da Igreja, a hierarquia só pode ser concebida à luz do Evangelho e a partir do conceito de serviço.(CNBB)
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