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domingo, 11 de março de 2012

III DOMINGO DA QUARESMA


Dia 11 DE MARÇO 
III DOMINGO DA QUARESMA
Leitura orante do Evangelho de Jo 2,13-25 - 3° Domingo da Quaresma - Ano B - Diocese de Santos - Pe. Fernando Gross
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Comentários-Prof.Fernando


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Introdução
Jesus derrubou as mesas dos cambistas.
O Evangelho deste domingo nos mostra um Jesus irritado, agressivo com aqueles que transformaram a casa do seu Pai em uma casa de comércio. Sua ira teve um motivo justo. Combater uma injustiça iminente, e se não fizesse isso, Ele não seria o caminho, a verdade e a vida.
            Se Jesus visitasse alguns dos templos contemporâneos das várias religiões existentes no Planeta Terra, talvez ficasse novamente enfurecido, cheio de energia como naquele dia e desse uma dura nos vendilhões dos nossos templos.
            A atitude de Jesus nos ensina que nem sempre devemos ser meigos, bonzinhos, o tempo todo e deixar a coisa rolar, a casa cair, deixar os filhos fazerem o que bem lhes vier na mente, e não corrigir nada de errado, nem dizer a verdade que o irmão que está errando precisa ouvir.  Precisamos sim exercitar a correção fraterna. Talvez nem precisemos usar um chicote, porém não podemos deixar que a Casa do Pai, os nossos templos, sejam infiltrados, invadidos, vilipendiados, ultrajados, desfigurados, por aqueles que semelhantes aos vendilhões do Templo do Evangelho de hoje, se infiltram nas nossas paróquias, e aos poucos vão desfigurando a nossa espiritualidade.  São eles, os espiões de outras seitas, espíritas, cartomantes, videntes, entre outros, que de mansinho se instalam como vírus em nosso meio, e quando descobrimos, já estão tão enraizados que fica difícil separar o joio do trigo. Então precisamos ser enérgicos, e usar o chicote, como o fez Jesus.
A Igreja de Jesus Cristo precisa estar de braços abertos para o irmão que lhe procura, porém precisa também estar de olhos abertos para observar quem vem lá. É um cristão, ou é um vendilhão?  Para nós é uma tarefa muito difícil distinguir uma coisa da outra, pois temos que ter muito cuidado para não estar julgando pessoas a torto e a direito. Porém, contamos com a luz do Espírito Santo, e com a promessa de Cristo que disse: “E as portas do inferno nunca se prevalecerão conta ela (a Igreja)”
Ao expulsar os camelôs do Templo, Jesus nos mostra que ser cristão não é ser bobinho ou ingênuo. Precisamos ser caridosos, amar o nosso semelhante, porém, nesse amor está incluso a correção fraterna, a qual às vezes, como na separação do joio do trigo,  precisa ser carregada de energia.
            Nosso corpo é Templo do Espírito Santo. Então, da mesma forma, se Jesus andasse por aqui nos tempos atuais, quantos de nós não teria de levar umas boas chicotadas, por transformar o nosso corpo em um comércio, em total desrespeito à presença de Deus em nós?  Aqueles e aquelas que prostituem os seus corpos, que praticam a iniqüidade, que usam ou expõem o seu copo para escandalizar os inocentes, os jovens, as crianças.  Aqueles que com o seu corpo, praticam a imoralidade com os pequenos, como é o caso da pedofilia, aqueles que esperam as mulheres nos seus trajetos de casa para o trabalho, para a escola, e mesmo nos seus bairros, para no momento certo e oportuno carregá-las para os lugares desertos como os matagais, par estuprá-las e depois matá-las.  São crimes hediondos que bradam aos céus, e o que estamos fazendo? PRECISAMOS DE LEIS MAIS RÍGIDAS PARA ESSES CASOS!  Isso não pode continuar! Temos de dar um BASTA  nessas injustiças que vem acontecendo, por culpa da pornografia disseminada ma mídia 24 horas por dia, que estimula tais ações.  Você que está considerando estas palavras de cunho moralista, e que não se coadunam com os tempos atuais, então  pense nos seus filhos ou parentes! E se tais desgraças batessem à sua porta?
Bom domingo, convertei-vos  e crede no Evangelho!
Sal.
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Cada um de nós é templo do Espírito Santo, morada de Deus. Somos a casa do Senhor - Maria Regina


                                      A reação de Jesus diante dos vendedores e cambistas que comerciavam dentro do templo de Jerusalém, serve para nós como uma exortação para que não façamos das coisas de Deus, cabide para dar suporte aos nossos interesses nem dos lugares santos um trampolim para galgar postos privilegiados. Muitas pessoas, porque têm acesso livre dentro da Igreja aproveitam-se disso, para também, se beneficiarem e fazem da casa de Deus um recinto adequado para relações de comércio e de enriquecimento. Ao mesmo tempo em que nós devemos respeitar a casa de Deus como um lugar sagrado, de recolhimento e oração, nós também precisamos fazer do nosso interior um templo sagrado onde habita Deus.
                                  Cada um de nós é templo do Espírito Santo, morada de Deus. Somos a casa do Senhor, no entanto, abrigamos também dentro do nosso coração como que um verdadeiro comércio: roubos, malquerenças, divisões, julgamentos, maquinações, interesses, mágoas, inveja, etc.etc.etc.. Dentro de nós estão os vendedores de bois, os cambistas, e toda espécie de gente ruim. Assim como Jesus expulsou os vendilhões do templo, nós também com toda determinação necessitamos expulsar do nosso coração tudo o que possa transformar o nosso interior numa casa de negócios, onde paire os pensamentos maus, interesseiros e as más intenções.
                           O cuidado que devemos ter com a nossa morada interior aonde Deus habita deve consumir os nossos dias. Não podemos em nenhum momento relaxar na vigilância diante do que nós falamos, do que nós pensamos ou imaginamos, assim como também, com tudo que possa corromper a nossa consciência. Os nossos pensamentos motivam os nossos sentimentos e estes, determinam as nossas ações. Jesus conhece o nosso coração: Ele quer fazer uma devassa em nós para nos livrar também de tudo que nos enfeia e nos torna sujos e desarrumados. Reflitamos:– O que tem ocupado os seus pensamentos? – As sugestões que partem do seu interior têm sido salutares para a sua vida e a dos seus irmãos? Você guarda ódio e ressentimentos? – Você tem um coração alegre e confiante em Deus?
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina

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“O ZELO POR TUA CASA ME CONSUMIRÁ”! - Olívia





DOMINGO 

Dia 11 de Março de 2012

Evangelho Jo 2,13-25

Estamos em pleno tempo quaresmal, tempo de mudança de vida, tempo de abrirmos ao novo que nos restitui a alegria e a esperança que nos anima em nossa caminhada de fé.
É um tempo oportuno para voltarmos para dentro de nós mesmos e nos perguntar: o que estamos fazendo com os espaços sagrados de Deus?
Neste tempo especial, reservado para uma experiência maior de Deus em nossa vida, é importante termos  um firme propósito de eliminar tudo aquilo que nos impede de fazermos  do nosso coração  um templo vivo, onde Deus possa  habitar e através de nós, realizar as maravilhas do Seu reino aqui na terra.
A igreja, preocupada com a expansão do Reino de Deus, que amorosamente quer se estender no mundo, para que todos nós tornemos templos vivos de  Deus, nos oferece subsídios para nossa vivencia quaresmal, para assim,  transformar nossa sociedade ”lugar” onde a justiça e o amor possam se abraçar.
A cultura dos tempos atuais, nos induz a valorizarmos mais o externo, deixando de lado o mais importante: o interior humano, de onde vem o amor que nos une como irmãos, filhos do mesmo Pai!
Numa sociedade cada vez mais distante do projeto de Deus, impera o individualismo, com isso, distanciam-se dos valores e ao mesmo tempo, destrói-se o templo sagrado do criador: a vida humana!
Como fieis seguidores de Jesus, precisamos nos comprometer mais com a construção e com a conservação do templo de Deus: o coração humano, lugar onde brotam as maravilhas que verdadeiramente agradam a Ele!
No evangelho de hoje, podemos perceber claramente a indignação de Jesus diante a tamanha  inversão de valores; um lugar onde deveria ser o local de encontro de irmãos para oração,  era transformado num lugar de comercio, onde a exploração  aos pequenos era evidente.
Sem hesitar, Jesus expulsa o vendedores e os animais, porém, com os pombos, Ele foi menos rude, não as expulsou, apenas pediu que as retirassem dali, possivelmente por serem elas, as humildes oferendas dos pobres, por quem Ele sempre demonstrou um carinho todo especial.
A preocupação de Jesus, não era com o templo de pedra, mas sim, com o templo de pedra viva: a vida humana! Ele sabia da esperteza dos guardiões do templo, conhecia o coração de cada um, estava ciente da exploração contra o povo, principalmente os pequenos.
Sempre que deparamos com este evangelho, é comum centralizarmos nossa atenção na atitude dura de Jesus ao expulsar os vendilhões do templo, ao invés de centralizamo-nos   no cerne do evangelho, que é a apresentação de Jesus como  o verdadeiro templo vivo de Deus! Apresentação que não foi reconhecida por aqueles que estavam voltados somente para seus interesses pessoais, o que pode acontecer conosco também: não reconhecer Jesus como o próprio Deus, por estarmos voltados somente para as coisas materiais.
 “O zelo pela casa do meu Pai me consumirá”, este texto descrito nas escrituras, prenunciava o caminho da Cruz que seria percorrido por Jesus. Hoje, nós sabemos que foi o seu zelo pelo o humano que O levou a morte, sabemos também, que foi o  amor do Pai pela humanidade que O ressuscitou!

Jesus, templo vivo de Deus, ligados a Ele, somos também o templo onde habita  Deus!

FIQUE NA PAZ DE JESUS! - Olívia
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“Jesus Expulsa os vendilhões do Templo ” – Claudinei M. Oliveira

Domingo, 11 de março de 2012
Evangelho: Jo 2,13-25

            Já estamos próximo da Páscoa, momento lindo de libertação das trevas para a luz e da morte para a vida. Também  simboliza nova vida e novo encanto por Deus por ter-nos enviado seu filho para anunciar a Boa Nova. Ele foi e continua sendo  a sensatez da esperança e de fé para encontrarmos a salvação depois de praticarmos a justiça nas ações entre os irmãos.
            Neste Terceiro Domingo da Quaresma temos um encontro especial com Jesus na Igreja, lugar Sagrado e perfeito para conversarmos com Deus, agradecer as gratuidades da vida recebidas e pedir força para continuarmos na luta da Salvação. Nosso Deus que é misericordioso  e nos espera ansioso para este encontro da celebração da vida em plenitude, demonstrando toda nossa mística na pessoa que nos ama.  Ao sairmos da Casa do Pai levaremos a maturidade na  crença de que estamos na trilha certa rumo a dignidade e o aconchego nos braços do Criador.
            Na Santa Eucaristia que participamos e celebramos,  atentamo-nos para a promoção da vida sob olhares daqueles que não podem participar diretamente deste encontro. Rezemos por nós e por todos aqueles que de uma forma não puderam estar presente, por alguns motivos que os impediram como as bebedeiras, as drogas, a falta de fé ou até  da própria violência. Assim, a nossa religiosidade contempla a solicitude de nos preocuparmos com os irmãos distantes na expectativa de um dia tê-los juntos a nós.
            Precisamos ter o comprometimento com a Palavra revelada para consumirmos a fraternidade e vivê-la na mais pura serenidade. Nosso Deus nos quer muito bem. Tanto que ao dirigir para o povo que deixou o Egito disse: “Eu sou o Senhor teu Deus que te libertou do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses além de mim” (Ex. 20, 2-3). Olha que libertou o homem que estava sendo consumido nas entranhas pelos faraós. O senhor guiou seu povo escolhido para a libertação da escravidão. O homem nasceu para viver a dignidade de Deus e não para viver sob o jugo do outro aproveitador. Pois, a escravidão mata, retira a essência da dignidade e da liberdade do Ser para transformá-lo numa coisa obediente. Portanto, o homem deve obedecer somente o Verdadeiro  Senhor que está no céu.
            Claro que a tentação levava a crer  noutras formas de realizar os prazeres. Surgiram assim os aproveitadores, que na fraqueza do homem pobre, enchiam de falsas esperanças. Muitos passaram a seguir o dito politeísmo e enxergavam deuses em tudo. A certeza de que seriam atendidos a qualquer momento. Neste caso criavam fantasia na memória de que tudo estava resolvido, pois estavam diante de deuses em todas as formas, mas o Senhor adverte mais uma vez os seus libertos: “Não te prostrarás diante desses deuses nem lhes prestarás culto, pois eu sou o Senhor teu Deus, um Deus ciumento” (Ex. 20:5). Contudo, temos na igreja somente um Pai que atende ao pedido de seus filhos e fazem merecedores de justiça. Mas, se caso fraquejar diante dos deuses, não tenham vergonha em redimir dos erros e convertam-se para o lugar Sagrado perto do seu Senhor.  O Deus da Verdade é ciumento, pois quer  seus seguidores no caminho reto e sereno, convergindo para a paz no Cristo. Tanto é que o Senhor volta mais uma vez para seu povo e fala abertamente: “uso da misericórdia por mil gerações com aqueles que me amam em guardam os meus mandamentos” (Ex. 20, 6).
            Para tanto, nosso Deus é tão maravilhoso que o salmista entoa uma canção de exaltação  ao afirmar “Senhor, tens palavras de vida eterna”. (Sl 18). Tudo que foi dito pelo Senhor não cairá no esquecimento, sua palavra vale ouro, pois  como o próprio Senhor disse, que para estar mais próximo da eternidade, deverá prevalecer de algumas regras como: “honrar teu pai e tua mãe, não matar, não cometer adultério, não levantar falsos testemunho, não cobiçar a casa, a mulher alheia, o escravo e nem os animais” (Ex 20, 12ss). Tudo que foi prescrito deve ser alinhado na prática da boa vivência para não cair em tentações e distanciar de Deus.
            Ainda ao celebrarmos a memória da Ressurreição de Cristo salientamos que nem todos os homens levavam a cabo a verdadeira misericórdia de nosso Deus. Como foi escrito no 1Coríntios, capítulo 1, versículos de 22 a 25: “os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram a sabedoria, porém, nós, pregamos o Cristo Ressuscitado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos”. Ainda não prestaram atenção nas palavras de Jesus. Ele foi nosso irmão corajoso que ofereceu sua vida em troca da unidade e da compaixão pelas coisas do Alto. Não mediu esforços para elencar ensinamentos de vida, fez de tudo para esclarecer a verdadeira felicidade entre os povos, mas não acreditaram e O mataram. Calaram-se a voz da libertação, a voz da paz e a voz da verdade. Mas está voz revoou pelos ouvidos de homens e mulheres corajosos e corajosas que não intimidaram em continuar anunciando o Reino da justiça. Pode ser escândalo para muitos insensatos, mas para aqueles que amam a sabedoria divina, anunciarem a Palavra significa felicidade de um Deus justo.
            Todavia, o lugar justo para levar justiça para o homem de boa vontade pode ser o Templo ou a Igreja. Como já dissemos, a igreja é um lugar para encontrarmos e falarmos com Deus, vivermos a magnitude da divindade espiritual no Deus que seguimos e espelhamos nossas práticas. Para tanto, o ambiente no lugar Sagrado deve ser prazeroso e fraternal, para dar aquela sensação de querer voltar outras vezes. Mas nem sempre foi assim. Jesus chegou a Jerusalém  e encontrou o Templo todo infestado de serpentes. Eles haviam transformado o espaço da casa do Pai em mercado. Queriam  ganhar dinheiro nas costas dos pequenos que peregrinavam  em caravanas para ofertar graças ao Senhor. Aproveitavam da simplicidade do povo e  o enchia de penduricalhos. Na verdade faziam a feira.
            Jesus chegou e enxergou aquela cena deplorável e passou a escandalizar os aproveitadores: “fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:  Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!”. (Jo  2, 15). Olha que foi Jesus quem fez os comerciantes saírem apressados. Ali era um lugar para viver a dignidade do Pai e não transformar em zombaria. O respeito é fundamental para com o Senhor, foi isso que Jesus queria dizer aos lapidadores do povo.
            Bem que os adversários questionaram a Jesus quanto o Templo ser a casa o Pai. Pediram um sinal e Jesus disse: “Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias!’ (Jo 2, 19). Não sabendo eles que o verdadeiro Templo era Jesus, o filho de Deus que estava em sua Frente. Ele iriam morrer na Cruz (destruição do Templo),  mas ressuscitaria no Terceiro Dia para a Glória do Pai (reconstrução do Templo). E os discípulos então puderam ver e acreditarem nas suas palavras eternas de vida.
            Caros leitores, temos muito que aprender com nosso Deus. Ele nos surpreende a cada dia e a cada dia ele também tem um novo propósito para nós. Este propósito requer cuidado com o nosso Templo-corpo, sacrário vivo que carregamos. Não usamos de má fé do nosso Templo-corpo. Cuidamos dele, respeitamos e vivemos na harmonia integral. Não transformamos nosso templo em mercadoria e não sejamos mercenários. Vivemos na graça e na honradez de nosso Senhor.
            Portanto, o Templo é a casa de Deus e, nosso corpo, é a morada de nosso Deus, que nos quer muito bem. Como Ele cuidou do povo que libertou da escravidão do Egito, Ele também cuida de nós por sermos filhos bem amado do Pai. Vivemos na paz de Cristo. Bom domingo  a todos. Amém!
            Felicidades. Claudinei M. Oliveira.
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Textos: Êxodo 20, 1-3.7-8.12-17; Salmo 18; 1 cor. 1,22-25; ev. João 2,13-25;      
Caríssimos irmãos e irmãs: Quando vamos a Aparecida, admiramos a grandiosidade daquele santuário, chamado até de “nacional”! O catolicismo esparramou enormes igrejas pelo mundo afora! Na bíblia, já no 1º Testamento, encontramos Salomão erguendo o majestoso templo de Jerusalém. Atualmente, aqui no Brasil, também está de moda a construção de grandiosos santuários ou mega-templos, sejam católicos (aquele do Pe. Marcelo Rossi), sejam do mundo protestante, como aquele do pastor Valdomiro, ou os templos gigantescos da “Igreja” Universal! Sobre isso há controvérsias já na Bíblia: Senão ouçamos o profeta Isaías (cap. 66), relatando o oráculo de Javé: “O céu é o meu trono e a terra é o apoio para meus pés. Que tipo de casa vocês poderiam construir para mim? Que lugar poderia servir para meu descanso? Tudo o que existe fui eu que fiz, tudo o que existe é meu”. Na sequência Deus fala que Ele se compadece: do oprimido, do que teme a Ele e respeita suas leis, etc. E mostra-lhes que o culto que lhe agrada é a observância de suas leis e preceitos. Pois ele não se agrada de uma religião formalista e ritualista; que esse culto assim pode ser um culto idolátrico, pois praticar a religião sem cumprir a vontade Deus é como realizar ritos mágicos e vazios de sentido. O culto que verdadeiramente agrada a Deus é a prática da justiça e do amor. Oséias, Amós e outros profetas afirmaram a mesma coisa.
Também o 2º livro de Samuel se ocupou do tema (ver cap. 7,vers.5): Você quer construir uma casa para eu morar? Pergunta Deus.
Davi já idoso, e parece que sentindo remorsos por ter vivido uma vida inteira numa casa especial, enquanto a Arca habitava em tendas daqui pra li e dali pra lá, decidiu construir um templo: mas seu projeto foi rejeitado por Deus que lhe fez saber que não seria possível isso porque Davi havia derramado muito sangue ( 1º livro das crônicas, cap. 28; cf. o cap. 17 também); mas Deus consentia que um filho de Davi lhe construísse um templo: isso coube a Salomão (cf. 1 livro dos Reis, cap. 6).
No 2º livro de Samuel, cap. 7, lemos que Davi teve a intenção de construir uma casa para Javé, mas essa sua intenção foi rejeitada, porque Javé está presente na vida do povo que luta pela vida e liberdade. Em troca disso é Deus quem vai construir uma casa, ou seja, uma dinastia para Davi: o poder político estará sempre nas mãos de seus descendentes. Resumindo tudo, os vários textos que falam desse assunto, concluímos com segurança que desse modo se estabeleceu e consolidou uma ideologia messiânica: o Novo Testamento interpretou assim que Jesus foi descendente de Davi; e Ele é o Messias, cujo Reino não terá fim.
O autor da carta aos Hebreus, no cap. 3 exorta os irmãos dizendo: “Irmãos santos, vocês participam de um chamado que vem do céu; por isso, fixem bem a mente em Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da fé que nós professamos. Mais à frente nesse texto, comparando Moisés com Jesus afirma: Mas o caso de Cristo é diferente: ele veio como filho, e a ele pertence a casa. E a casa de Cristo somos nós, se conservamos a firmeza da esperança, que é o nosso orgulho. Jesus veio estabelecer uma nova Aliança de Deus com os homens: essa superou em tudo as cláusulas da Aliança antiga (cf. Hebreus 4, 15-5,8). E para terminar lembramos também que o autor do salmo 114 (bíblia edição pastoral), afirma que o povo é santuário de Deus. Se continuasse a pesquisa iria encontrar vários outros textos que dizem isso: Deus habita no meio do povo.
Na 2ª leitura de hoje, S. Paulo mostra que sua pregação tem no centro o Cristo crucificado. Ao contrário do que os judeus esperavam, Jesus se apresentou como um derrotado. Na ótica dos homens a cruz de Jesus não tem lugar. Mas seria uma verdadeira loucura. Jesus ao expulsar os vendilhões do templo mostra a incompatibilidade entre negócios e casa do Senhor. Tendo purificado o Templo, condenou qualquer ligação entre religião e interesses econômicos. E ao afirmar que destruíssem o templo que em três dias ele haveria de reerguê-lo (pois falava do templo do seu corpo), Jesus inaugura um novo templo e inicia um culto novo. Quando o Pai ressuscitou Jesus colocou a pedra fundamental do novo templo. E sobre essa pedra coloca outras pedras vivas que são os discípulos missionários: todos juntos formam o corpo de Cristo, o novo templo onde Deus habita. E para facilitar nossa compreensão, o evangelista João explicou claramente: “Se alguém me ama, observará a minha palavra, me Pai o amará, disse Jesus, e nós viremos a ele e nele estabeleceremos a nossa morada” (Jo 14,23).
Que nosso jejum e nossas outras penitências quaresmais nos levem a compreender melhor e assimilar cada vez mais a palavra de Jesus e observar seus mandamentos.
-Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!  [Pe. Celso Nilo Luchi, CR].
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Jesus expulsa os vendilhões do  Templo

Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas: 
- Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado! 
Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: "O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo." 
Aí os líderes judeus perguntaram: 
- Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso? 
Jesus respondeu: 
- Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias! 
Eles disseram: 
- A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias? 
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele. 

O templo deve nos levar à reflexão sobre a realidade da morada de Deus entre os homens e a importância dessa morada. É claro que reconhecemos a presença de Deus nos nossos templos e sempre nos encontramos com ele, seja na visita ao Santíssimo Sacramento ou na participação nas diversas celebrações litúrgicas. Mas também devemos nos lembrar que o verdadeiro templo de Deus é aquele formado de pedras vivas e que tem como alicerce o próprio Jesus. Portanto, de nada adiante para nós uma religião que valoriza a presença de Deus nos templos materiais construídos por mãos humanas, construção essa muitas vezes marcadas pelo pecado e pela iniqüidade, e não valorizarmos os verdadeiros templos, ou seja, os nossos irmãos e irmãs.

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Evangelhos Dominicais Comentados

11/março/2012  --  3o Domingo da Quaresma

Evangelho: (Jo 2, 13-25)
Jorge Lorente
A Palavra de Deus, sempre nos leva a refletir e a meditar. Não é fácil de entender o texto bíblico de hoje. O pacato e dócil Jesus, sempre carinhoso e humilde, comporta-se de maneira totalmente oposta daquele Jesus que conhecemos. O manso cordeiro assume a postura de um leão ferido.

 Falando alto, gesticulando, derrubando mesas e, com o chicote na mão expulsando os vendedores do templo. Imaginar alguém fazendo tudo isso não é difícil, difícil é imaginar que esse alguém seja Jesus. Por que essa reação violenta?

Como você se sentiria ao ver a casa de seu pai invadida por mercenários aproveitadores? Esse sentimento de indignação, para não dizer de revolta, tomou conta de Jesus. Algo tinha que ser feito, pois o desrespeito havia ultrapassado todos os limites. 

A Casa de Deus havia sido transformada num verdadeiro mercado. A Religião e o Sagrado estavam sendo utilizados como meios de exploração e também para acobertar a ganância e as injustiças, sobretudo contra os pobres e marginalizados.

Os mercenários aproveitavam-se da ingenuidade e da crença popular para obterem lucros financeiros. Travestidos de sacerdotes, fantasiados de pastores e de doutores da lei, apresentavam ao povo uma imagem totalmente distorcida de Deus.

Deus era apresentado como um rei poderoso e injusto. Um rei de coração duro, que não abria mão dos seus altos impostos. Um deus exigente com os pobres e complacente com os ricos e poderosos. Um deus conivente com a maldade e a injustiça.

Jesus assumiu pra valer a sua natureza humana. Indignado, usou de extrema energia para expulsar os profanadores do templo. Jesus se fez humano para entender melhor a humanidade, mas acima de tudo, nosso Deus é Santo e neste episódio, Jesus mostrou também os contrastes da sua natureza divina.

Com seu comportamento, Jesus deixou claro que santidade não é constituída só de doçura, amabilidade, compaixão e misericórdia. A santidade transparece também, através da indignação e da energia aplicadas na luta por dignidade, justiça e paz. O santo é um profeta que anuncia e que denuncia!

O mesmo Jesus doce e amável com os pobres, compassivo com os enfermos e misericordioso com os pecadores, sabe ser também duro e enérgico com os hipócritas e gananciosos que exploram o próximo em nome de Deus.

Quantos mercenários estão transformando a Casa de Deus em uma enorme rede de supermercados. Em cada esquina instalam uma filial onde, em nome de Jesus, reúnem trezentos e tantos pastores para vender saúde, prosperidade nos negócios, vida farta, carro importado e, até mesmo um lugar garantido no céu...

São os profanadores e exploradores da fé que, mais cedo ou mais tarde, terão que prestar contas para um Deus que eles ainda desconhecem; um Jesus que não suporta a mentira e que não tolera a hipocrisia.
                   
 (1163)

jorgelorente@ig.com.br - 11/março/2012


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JESUS EXPULSOU OS CAMBISTAS

Comecemos pela primeira leitura a nossa meditação da Palavra de Deus para este Domingo. Que nos apresenta o Livro do Êxodo? As Dez Palavras, os Mandamentos de Torah. A palavra “mandamento” tem, hoje um significado antipático. Não gostamos de mandamentos, de normas, de preceitos. No entanto, para um judeu – e também para um cristão -, os preceitos, os mandamentos do Senhor, são uma bênção, um sinal de carinho paterno de Deus, que se volta para nós e nos abre o seu coração, falando-nos da vida, mostrando-nos o caminho, iluminando a direção da nossa existência. Foi com esse sentido que o Senhor nosso Deus deu a lei, revelou os preceitos a Israel. A Lei não deveria ser vista como um feixe pesado e opressor de proibições, mas como setas que apontam para o caminho da vida e nos fazem descansar no coração de Deus. O próprio termo hebraico torah, que traduzimos por Lei, significa, na verdade instrução. Na Lei, na Instrução, Deus nos fala da vida porque deseja conviver com o seu povo. Sendo assim, os preceitos são uma bênção! O profeta Baruc afirma isso com palavras comoventes: Escuta, Israel, os mandamentos da vida; presta ouvidos, para conheceres a prudência. Por que Israel, por que te encontras na terra dos teus inimigos, envelhecendo em terra estrangeira? É porque abandonaste a fonte da Sabedoria. Ela é o livro dos preceitos de Deus, a Lei que subsiste para sempre: todos os que a ela se agarram destinam-se à vida, e todos os que a abandonam perecerão. Volta-se, Jacó, para recebê-la; caminha para o esplendor, ao encontro de sua luz! Não cedas a outrem a tua glória, nem a um povo estrangeiro os teus privilégios. Bem-aventurados somos nós, Israel, pois aquilo que agrada a Deus a nós foi revelado” (Br. 3,9-10.12; 4,1-4). Eis, pois, o que são os mandamentos: uma luz, um caminho de liberdade, porque nos faz conhecer o coração de Deus e os seus sonhos para nós. Viver na Palavra de Deus, mergulhar nos seus preceitos é viver o seu sonho para nós, é ser livre, maduro e feliz. Por isso o Salmista, hoje, canta: “A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz. suas palavras são mais doces que o mel, que o mel que sai dos favos!” E, no entanto, Israel violou a Lei de Deus, fechou-se para os preceitos do Senhor... E por quê? Porque não basta seguir um feixe de regras e normas para agradar a Deus. A Lei somente tem sentido se for vivida como uma relação de amor. Olhai bem como começa o Decálogo: “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de mim”. Aqui está já dito tudo: por lado Deus, apaixonado, fiel, amoroso: tirou o seu povo da miséria de suas escravidões. Por outro lado, o povo: de quem ele espera um coração totalmente dedicado ao seu Deus: “Não terás outros deuses diante de mim!” É esta relação de amor que Israel quebrou, contentando-se muitas vezes com um legalismo vazio e frio.
A imagem dessa situação, vemo-la no Evangelho de hoje: o Templo, lugar do encontro de Deus com o seu povo, transformado numa espelunca, numa casa de comércio, um lugar de prostituição do coração, de idolatria É idolatria a ganância, é idolatria a impiedade, é idolatria reduzir a religião a um negócio lucrativo, é idolatria pensar que se pode manipular Deus com um dízimo, com um rito ou com um volume da Bíblia! O Senhor previne: “Eu sou o Senhor vosso Deus que não aceita suborno!” (Dt. 10,17) Por isso Jesus age de modo tão violento: Fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. Disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai isso daqui! Não façais da Casa de meu Pai uma casa de comércio!’” que significa este gesto de Jesus? É uma pregação pela ação, uma ação profética, uma ação, um gesto que  vale por uma pregação. Jesus está revelando a santa ira de Deus contra o seu povo... Hoje em dia, com uma mania boboca de sermos politicamente corretos (coisa que nunca assentará num cristão), ficamos escandalizados com um Deus que se inflama de ira, com um Jesus que deveria ser mansinho, bonzinho, tolinho, aguadozinho, insossinho, e aparece, no entanto, firme, forte, radical... e irado! Esse é o Jesus de verdade: surpreendente, desconcertante! Sua ira nos previne no sentido de que não podemos brincar com Deus, não podemos fazer pouco dele! Correremos o risco de perdê-lo, de sermos rejeitados do seu coração! Em outras palavras: a conversão é uma exigência fundamental para quem deseja caminhar com Deus, sendo discípulo do Filho Jesus! Mas, os judeus, ao invés de compreenderem isso, com cinismo criticam Jesus e pedem-lhe um sinal: “Que sinal nos mostras para agir assim?” Vede bem, caríssimos: quando a infidelidade é grande, quando o nosso coração habituou-se no mal, corremos o risco de sermos tomados de tal cegueira, de tal dureza de coração, que já não vemos nem com a Luz! Jesus é a luz que brilha claramente. Sua atitude dura, recorda aos judeus o amor de Deus que foi traído, a Lei que foi deturpada, e eles ainda pedem por sinais... Jesus dá um sinal, terrível, decisivo: “Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei”. Que significa isso? “Estais destruindo este Templo? Ele é um sinal, é um símbolo profético: ele é o lugar no qual o homem pode encontrar Deus, ele é imagem do meu corpo. Pois bem! Vós violastes a aliança, destruístes o sentido da relação com Deus: continuais, pois a destruir este Templo. Mas em três dias eu o erguerei para sempre: vai passar a imagem, virá o Templo indestrutível, o lugar onde um novo povo poderá para sempre encontrar Deus: o meu corpo morto e ressuscitado!” Eis o sinal, surpreendente, escandaloso: à infidelidade do seu povo, Deus responde entregando o seu Filho e fazendo dele o lugar da salvação e da graça, da vida e da vitória da humanidade! É o que São Paulo nos diz na segunda leitura deste hoje: “Os judeus pedem sinais, os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos”. O sinal que Deus apresenta para Israel, o remédio que Deus preparou para curar a violação da Lei é o seu Filho crucificado, morto e ressuscitado!
Olhemos para nós, o Novo Povo de Deus, o Povo nascido da morte e ressurreição de Cristo. Não somos mais obrigados a cumprir os detalhados preceitos da Lei de Moisés mas, somos convidados a olhar o Crucificado, cujo corpo macerado é o lugar do perdão e do encontro com Deus, o lugar da nova e eterna Aliança... olhando o Crucificado, ouçamos, mais uma vez, como Israel: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair da casa da escravidão, da miséria do pecado e da morte, da escuridão de uma vida sem sentido! Eu te dei o meu filho amado! Não terás outros deuses diante de mim!” Compreendeis, irmãos? Os preceitos do Antigo Testamento passaram; não, porém, a exigência de um coração todo de Deus, um coração que o ame, um coração sem divisão! E, para nós, a exigência é ainda maior, porque Israel não tinha ainda visto até onde iria o amor de Deus; quanto a nós, sabemos: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
Convertamo-nos! Ergamos os olhos para o Crucificado, “Poder de Deus e Sabedoria de Deus”, e mudemos de vida! Que nossa fé não seja fingida, superficial, descomprometida; que nossa religião não seja simplesmente uma prática fria e sem desejo de real conversão ao Senhor nosso! Crer de verdade exige que nos coloquemos debaixo do preceito de amor do Senhor! Estejamos atentos à advertência final e tremenda do Evangelho de hoje: “Vendo os sinais que Jesus realizava, muitos creram no seu nome. Mas Jesus não lhes dava crédito, pois conhecia a todos... conhecia o homem por dentro”. - Ah, Senhor Jesus! Tem piedade de nós! Converte-nos a ti e, depois, olha o nosso coração convertido e dá-nos a tua salvação! Piedade, Senhor! Na tua misericórdia infinita, conduze-nos às alegrias da Páscoa! A ti a glória, Cristo-Deus, pelos séculos dos séculos!
dom Henrique Soares da Costa
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O verdadeiro templo de Deus
O episódio da expulsão dos vendilhões do templo de Jerusalém no Evangelho segundo João não deveria ser chamado de purificação, mas de substituição. Jesus não pretende corrigir algo de errado que encontrou no Templo, mas substituir esse templo por um lugar de encontro com Deus.
No templo de Jerusalém, em vez de oração e busca de Deus, Jesus encontrou comércio. É a tendência normal das instituições humanas. “Destruam este templo e em três dias eu o levantarei” (...). “Ele falava do Templo que é a sua pessoa”. Ele é o novo lugar de encontro com Deus, o outro templo pode ser destruído. Só depois da ressurreição os discípulos entendem.
Ainda estamos à procura, buscando entender Jesus cada vez melhor. À medida que fazemos isso, enquanto tentamos assimilar que um pobre galileu, pregador popular, condenado pelas autoridades políticas e religiosas à mais humilhante das mortes, é a revelação, o rosto de Deus, estamos indo ao encontro de Deus no seu verdadeiro templo.
Quando a fé se torna objeto de mercado, de marketing, quando a “pastoral do dízimo” é a mais importante de todas, quando se usam os símbolos religiosos, seja dos santos, seja de Maria, seja até mesmo do Pai, para interesses outros, mais visíveis, mais rentáveis, não estamos construindo aquele Templo que pode ser destruído para ser substituído?
A eucaristia nos ajuda a encontrar Deus em Jesus, que se entrega à mais humilhante das mortes. A morte que exclui da cidadania e da própria religião é a principal revelação de Deus. “Quando tiverdes elevado o Filho do homem, sabereis que ‘Eu Sou’!”
1ª leitura (Ex 20,1-17)
A leitura nos traz os dez mandamentos, a Lei de Deus que nos ensina a viver como verdadeiros irmãos. A lei do dinheiro é outra, é cobiçar, é cada um para si, o mais “competente” se expande e o mais fraco que se dane.
Ter um único Deus é o básico. Deu, que tudo pode e para quem tudo converge, não sou eu, não é o dinheiro, não é o prestígio, a fama, o brilho diante das câmeras. Deus deve ser um só e Pai de todos. Não há deuses fortes e deuses fracos.
As imagens de outros deuses dão autoridade aos que querem seguir outro caminho que não o de Deus. Por isso não fabricar outros deuses nem obrigar outros a adorá-los.
Os que se sentem autorizados a usar o nome de Deus devem cuidar para não usá-lo para seus motivos fúteis e mesquinhos.
Todos têm direito ao descanso, até os animais. Pai e mãe certamente são os da tribo, não tanto os da família nuclear. Talvez isso signifique o respeito ao sistema do reinado do povo, em que quem mandava não era um, mas os mais velhos das tribos, a liderança natural, o verdadeiro reinado de Deus.
Paulo resume os mandamentos em uma palavra: “Não cobiçarás” (Rm 7,7) e está certo, porque a morte é sócia da cobiça e, de fato, todo pecado se resume a esse.
2ª leitura (1Cor. 1,22-25)
Alguns em Corinto olhavam os pregadores do evangelho em termos de competição. Quem é melhor orador? Quem demonstra maior conhecimento ou maior autoridade para falar de Jesus? Paulo diz que isso não combina com a mensagem evangélica, que é a cruz.
O trecho que ouvimos hoje desenvolve este pensamento: a boa notícia de um Messias crucificado não satisfaz nem a judeus nem a gregos. Ao contrário, para os judeus é um absurdo pensar que um crucificado, um maldito, possa ter alguma coisa a ver com Deus. Para os gregos, inchados de filosofia, isso é a mais deslavada tolice.
Mas é essa a mensagem que trazemos. Se o judeu exige milagres, sinais de poder e força, a força que anunciamos é a do Crucificado. Se o grego quer filosofar, tente entender essa sabedoria de Deus.
Entre os cristãos, que devem entender e viver a sabedoria do último lugar e a força do mais fraco, não há lugar para espírito de competição nem de comparação entre uns e outros. Isso, sim, seria o maior absurdo e a maior tolice.
Evangelho (Jo 2,13-25)
O Quarto Evangelho parece centralizado na paixão de Jesus. O que nos sinóticos aconteceu na última semana de Jesus já aparece no início do Evangelho segundo João. Além disso, em João, Jesus participa de sete festas em Jerusalém, entre as quais três Páscoas, o que justificou a hipótese de três anos de vida pública. Tudo, entretanto, parece mais criação literário-teológica para apresentar a figura de Jesus.
Nos sinóticos, o episódio que lemos hoje é tratado com sobriedade. Jesus expulsa, sem maiores detalhes, os que vendiam e compravam e, citando Isaías e Jeremias, diz que fizeram da casa de oração um esconderijo de ladrões. Jesus parece apenas corrigir o mau uso do Templo.
Aliás, além de ser o sustentáculo econômico da Judéia (18 mil funcionários, sacerdotes, levitas e outros, mais a promoção do turismo religioso), o Templo era o grande negócio do pequeno grupo de sumos sacerdotes, praticamente a família de Anás. Vendiam os animais a preço acima do mercado e, em seguida, os recebiam de graça para sacrificar e queimar parte deles em honra de Deus, enquanto o restante sempre lhes pertencia.
Páscoa, festa em que os judeus do mundo inteiro iam a Jerusalém comemorar a saída da escravidão do Egito. Jesus vai ao Templo, mas, em vez de oração, encontra lá o grande negócio. Ele reage com indignação. E João descreve o fato com detalhes significativos que não se encontram nos sinóticos.
Jesus faz um chicote de cordas. Toca os animais e os vendedores para fora do Templo. Manda que os vendedores de pombas tirem aquilo dali. Elas serviriam para as oferendas dos pobres e era aí que se verificava a maior exploração, chegando o preço de um casal de pombos a ser cinco vezes maior do que nas aldeias.
Quanto aos cambistas ou banqueiros ali instalados, eles trocavam as moedas dos gentios, com imagens e inscrições indignas de ser colocadas nos cofres sagrados, por moedas do próprio Templo. Jesus revira suas mesas, espalhando tudo pelo chão e provocando a maior confusão.
Os discípulos pensaram que Jesus estava preocupado apenas com a pureza do Templo e lembraram a palavra do Salmo: “O zelo pela tua casa me consome”. Como frequentemente acontece no Quarto Evangelho, pensaram errado, o verdadeiro motivo não era esse.
O verdadeiro significado do gesto de Jesus aparece quando os dirigentes questionam sua autoridade para fazer aquilo. Ele responde: “Destruam este templo”. Esse templo pode e vai ser destruído (O Evangelho de João é escrito 20 anos depois da destruição). Mas “ele falava do Templo que é a sua pessoa” – ele agora é o verdadeiro Templo, o lugar de encontro com Deus.
O Templo não está apenas errado pelo mau uso que dele fazem, está superado. Já não existe um lugar exclusivo de encontro com Deus, que possa ser controlado por uma pessoa ou por um grupo de pessoas. Jesus ressuscitado, vivo no meio de nós, é o Templo de Deus. E Paulo disse antes da destruição do Templo que o Templo santo de Deus é o povo, são as comunidades cristãs (1Cor. 3,17).
No todo do evangelho, isso vai abrir caminho para a entrada dos samaritanos, que já não precisam discutir com os judeus onde é o lugar de adorar a Deus. Para nós significa que Deus não se deixa prender em um lugar e que prendê-lo a um lugar é manipulá-lo a serviço de outros interesses.
A consequência do que Jesus fez será a sua morte. Mas aí é que ele vai se tornar o verdadeiro Templo, o lugar de encontro com Deus. Na discussão de Jesus com os “judeus” há uma frase intrigante. “Quando puserdes no alto o Filho do homem, ficareis sabendo que EU SOU!” (Jo 8,28; cf. 13,19). “Eu Sou” é o nome de Deus, interpreta o nome Javé. Na cruz, Jesus se manifesta Deus. No crucificado vivo no meio de nós encontramos Deus.
Dicas para reflexão
– “Destruam este templo!” Essa religião, simples fator econômico, vai acabar. Basta que as pessoas abram os olhos. A exploração da fé ingênua das pessoas termina à medida que essa fé deixa de ser tão ingênua. Destruam este templo!
– Jesus, o crucificado vivo, é o lugar de encontro com Deus. Isso não pode ficar só numa afirmação teórica, tem de ser buscado e posto em prática. Não é fácil entender a força e a sabedoria da cruz, muito mais difícil é vivê-las no dia a dia.
– O Deus que encontramos em Jesus não é o Deus dos sábios e filósofos, o Deus Primeiro Motor Imóvel ou Arquiteto do Universo; é o Deus dos pequenos, solidário, companheiro, capaz de amar sem ser amado, capaz de responder com amor gratuito ao ódio gratuito. Que ele nos livre de ser os “sabe-tudo”, de imaginar ter todas as respostas e, por um momento que seja, achar que nada temos a aprender; ensine-nos a sabedoria da cruz, a sabedoria do último lugar, que nos leve a encontrar nosso Deus crucificado entre os homens crucificados.
– Deus não está preso, não é privilégio de ninguém, não pode ser manipulado. É invisível, para não ser identificado com uma imagem que pode ser propriedade de alguém ou de algum grupo. É invisível porque não cabe na imaginação humana; é invisível para estar solto, não ser de ninguém, ser de todos. A morte de Jesus destrói os Templos que prendiam Deus e o liberta para que todos possam alcançá-lo sem ter de pagar.
– A eucaristia tem sentido quando nos ajuda a encontrar Deus em Jesus, que se entrega à mais humilhante das mortes. A morte que exclui da cidadania (um cidadão romano não podia ser crucificado) e da própria religião (é maldito de Deus quem morre pendurado – Dt. 21,23) é a principal revelação de Deus. “Quando tiverdes elevado o Filho do homem, sabereis que ‘Eu Sou’!” Aí está o grande desafio.
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Ele, somente o Senhor será adorado
Lemos hoje o episódio da expulsão dos vendilhões do templo.  Vamos pedir que  Santo Agostinho nos ajude a aprofundar este tema.
“Consideremos, irmãos, o que acabamos de ouvir. O templo era apenas simples figura, o Senhor dali expulsou os que procuravam seus próprios interesses e negociavam. O que vendiam eles?  Coisas que os homens necessitavam para os sacrifícios daquele tempo.  Sabeis que àquele povo de propensão carnal e dureza de coração foram concedidos sacrifícios a fim de não caírem na idolatria.  No templo imolavam-se bois, ovelhas e pombas  como acabais de ouvir.  Quem os vendia naquele local não incorria em grande pecado, pois eram ali mesmo oferecidos – para isso tinham sido comprados. No entanto, Jesus expulsou-os. Os discípulos se recordaram do que está nas Escrituras: “O zelo por tua casa há de me devorar”.
O Senhor expulsou do templo os vendilhões, impelido pelo zelo da casa de Deus. Irmãos, cada cristão, enquanto membro de Cristo, deixe-se consumir por esse mesmo zelo.  Quem é consumido  pelo zelo da casa de Deus? É aquele que notando ali alguma perversão   procura sem descanso corrigir o mal. E, se não puder remediar, suporta e geme.  Não se lança fora da eira o bom grão; este suporta a palha, a fim de entrar no celeiro quando dela for separado. Tu que estas à porta do celeiro, se és bom grão, cuida de não te afastares da eira, pois serias devorado pelas aves antes de teres sido recolhido. 
Na verdade, as aves do céu, a saber, as forças do mal espalhadas nos ares, estão à espreita daqueles que dali foram rejeitados. Portanto, deixa-te consumir pelo zelo da casa de Deus. Seja cada cristão consumido pelo cuidado  para com a casa de Deus da qual é membro.  Nenhuma casa é verdadeiramente tua, a não ser aquela que obténs com a  salvação eterna. Entras em tua morada para um descanso temporário, penetras na casa de Deus para o repouso que não tem fim.  Ouvi-me, irmãos, não fiqueis inertes.  Vou dar-vos um conselho, não eu, mas aquele que habita em vós, porque  mesmo sendo eu o intermediário, é ele quem vo-lo dá. Cada um sabe como proceder em seu lar, com o amigo, com o inquilino, com  o cliente, com as pessoas importantes e as de condição humilde. À medida em que Deus convidar  para entrar e abrir a porta à sua palavra  empenhai-vos em conquistar almas para Cristo. Pois vos mesmos fostes por ele conquistados (Lecionário monástico II, p. 255-256)
frei Almir Ribeiro Guimarães
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A adoração de Deus e a cruz de Cristo
O tema central de hoje é a adoração de Deus, aquilo que o A.T. entende por “temor de Deus”: não medo infantil diante de um Deus policial, mas submissão e receptividade diante do mistério. Israel não pode “temer” outros deuses (2Rs. 17,7.35 etc.). Só a amizade (“graça”) do Senhor vale a pena temer perder. Tal temor de Deus se expressa, antes de tudo, na Lei do Sinai, cujo resumo são os Dez Mandamentos (1ª leitura). Inicia com o mandamento do temor de Javé: só a Javé se deve adorar, pois ele é um Deus que age: tirou Israel do Egito. Mas o temor de Deus não diz respeito tão-somente à atitude diante de Deus, mas também ao relacionamento com o próximo (o co-israelita). Pois Javé não estaria bem servido com um povo cujos membros se devorassem mutuamente. Daí o “culto” (veneração de Deus) implicar imediatamente um ethos (critérios de comportamento). No espírito dos antigos israelitas, o Decálogo era algo como um pacto feudal. Javé era o suserano, que fornecia força e proteção, mas esperava da parte do vassalo, Israel, colaboração e “temor”, a adoração de Javé e o relacionamento fraterno no seio do próprio povo. Pois, sem estas duas condições, Israel não valeria nada como “povo de Javé”. Em termos nossos: para servir (para) Deus, não basta ser piedoso; é preciso “ser gente” no relacionamento com os irmãos.
Jesus veio nos ensinar, não tanto por suas palavras, mas, sobretudo, por seu gesto de doação total, o que é obedecer a Deus e ser irmão dos homens. Seu gesto é mais eloqüente do que qualquer decálogo. Doravante, a adoração de Deus não mais se chama temor, mas amor a Deus (1Jo 4,18). Porque em Jesus Deus não se revela como guerreiro, como no tempo do Êxodo, mas como “meu Pai e nosso Pai” (Jo 20,18). Por isso, Jesus é o verdadeiro lugar de adoração de Deus. “Vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores não mais adorarão no templo de Jerusalém ou no monte Garizim, na Samaria, mas em espírito e verdade”, i.é, naquilo que Jesus nos comunica (Jo 4,22-25). Evocando a visão da glória no templo (Is 6), Jo 1,14 escreve: “O gesto de comunicação de Deus se tornou existência humana e (nesta) nós contemplamos sua glória”. Jesus é o novo templo, lugar da manifestação da glória (cf. 2,11), sobretudo, na “hora” da morte (12,23.28; 13,31; 17,1 etc.). Por isso, quando Jo narra que Jesus purificou o templo de Jerusalém, não destaca – como Mc – que Jesus se revoltou contra a abusiva correria e profanação no templo. Jo escreve que Jesus expulsou até os animais do sacrifício; em outros termos, pôs fim ao culto do templo; e no diálogo explicativo que segue (2,18-22), o corpo do Cristo ressuscitado e glorioso se revela ser o novo templo, que em três dias será erguido (evangelho).
Em tal contexto, entendemos o “fanatismo” com que Paulo anuncia a cruz de Cristo (2ª leitura). Escândalo para os judeus, porque a cruz é um instrumento indigno para a morte de um judeu. Loucura para os pagãos, com sua filosofia elitista (estóicos) ou hedonista. Mas para os chamados dentre todos os povos e nações, é a revelação da força de Deus e de sua sabedoria. Nós sabemos por quê: porque Deus quer conquistar corações, que se convertem diante da conseqüência de seu próprio orgulho. Por isso, o acesso a Deus acontece doravante no Cristo rejeitado, pois é nele que encontramos o gesto de reconciliação de Deus para conosco.
Chamamos a atenção para o canto da comunhão, a alegria de estar na morada de Deus, “con-templar”. O ativismo que invadiu a vivência cristã ameaça esta presença junto de Deus, que, contudo, é condição indispensável para colocarmo-nos em sintonia com sua maneira de salvar que é a cruz.
Johan Konings "Liturgia dominical"
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Mercadores no Templo
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” Ele respondeu: “Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei”. Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?” Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.
Jesus estava em Jerusalém durante a festa da Páscoa. Vendo os sinais que realizava, muitos creram no seu nome. Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos; e não precisava do testemunho de ninguém acerca do ser humano, porque ele conhecia o homem por dentro.
Desenvolvimento do Evangelho
Jesus foi para Jerusalém comemorar a Páscoa com o povo judeu. Esse era um dia muito importante para eles, pois recordavam quando Moisés libertou o povo de Israel do Egito, e por isso comemoravam com muita alegria e fé. Vinham pessoas de toda a redondeza que precisavam comprar animais para o sacrifício e para ofertar ao Senhor, e também trocar suas moedas pelas moedas dali, por isso muitos mercadores aproveitavam esta ocasião para mascatear na entrada do templo.
Quando Jesus chegou próximo dali e viu a entrada do Templo sendo usada por comerciantes e trocadores de moedas, Ele se irritou e expulsou todos, derrubando tudo e afastando dali os animais que iam ser vendidos.
João nos mostra Jesus usando um chicote. Esse fato recorda o que foi anunciado por Zacarias: “Nesse dia não haverá mais comerciantes dentro do templo de Javé dos exércitos.” (Zc. 14,21)
Quando Jesus expulsa os vendilhões, Ele declara inválidos todos os sacrifícios que até então eram efetuados nos cultos.
Este gesto de Jesus provoca duas reações. A primeira é a dos discípulos que O vêem como alguém que quebra os conceitos e regras da época, e a segunda vem dos dirigentes, os que se sentem lesados questionando com que autoridade Ele pode agir assim.
Jesus sempre teve um profundo respeito pelo Templo de Jerusalém. Ali Ele foi apresentado pelas mãos de sua Mãe, juntamente com José, quarenta dias após seu nascimento e, aos doze anos, decidiu ficar  ensinando os doutores da Lei enquanto seus pais o procuravam sem saber onde Ele estava.
Jesus, neste momento de fúria e revolta, estava cuidando da casa do seu Pai, um lugar santo, e não de comércio. O Templo é um lugar privilegiado de encontro com Deus, é a morada de Seu Pai, uma casa de oração.
Quando Jesus disse que construiria o Templo em três dias, estava se referindo à sua Ressurreição ao terceiro dia. Os judeus não entenderam o que Jesus estava dizendo, mas, os seus discípulos lembraram-se dessas palavras depois da Ressurreição.
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Jesus, o templo de Deus
Em suas cinco visitas a Jerusalém, no Evangelho de João, Jesus denuncia o sistema do templo como negação do projeto de Deus. Com a expressão "a Páscoa dos judeus", João insinua que esta não é a festa de Jesus.
O templo e suas festas apenas servem à teocracia que aí se instalou. Uma das dependências do templo era o Tesouro, onde acumulavam as riquezas obtidas a partir das ofertas, do comércio de animais a serem sacrificados e das operações de câmbio de moedas. Jesus denuncia a ambição que reina no templo.
O templo de Deus é o próprio Jesus. Pela encarnação de seu Filho, Deus se revela presente em Jesus e em todos, homens e mulheres, criaturas suas. Os templos de pedra estão descartados como lugares da presença de Deus. Eles passam a ser espaços de encontro dos filhos de Deus que se unem em comunidades vivas para dar testemunho do amor e da fraternidade, em uma sociedade na qual é cultivado o ideal do sucesso individual e da ascensão ao poder.
Na comunidade solidária para com os empobrecidos e excluídos, dá-se o encontro com Jesus e Deus Pai, no amor. A renúncia ao poder e a opção pelo serviço amoroso à vida são loucura para o mundo (segunda leitura).
Na primeira leitura, na proclamação do decálogo, ainda aparece a imagem de um Deus que castiga de geração em geração os que o odeiam e é misericordioso para com os que guardam os mandamentos de sua Lei. Com esta imagem de eleição, os adeptos da Lei se julgam autorizados a exterminar os considerados inimigos.
Jesus, com seu amor misericordioso, revela a verdadeira face do Pai, que não quer que ninguém se perca e deseja vida plena para todos.
padre Jaldemir Vitório
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Há um só Deus criador e que fez bem tudo o que fez
Queremos sinais, provas e evidências. Se Deus existe e nos ama, por que permite a doença, a exploração do ser humano, a maldade? Será que estamos diante de dois poderes, o do mal e o do bem, que lutam entre si? Aparentemente sim, na realidade não. Há um só Deus criador e que fez bem tudo o que fez. A obra-prima da sua criação é o ser humano. Deus o ornou com um dom único, o da liberdade criativa que se expressa na capacidade de tomar decisões.
Enquanto as demais criaturas eram predeterminadas em suas ações, o homem e a mulher eram livres. As formigas operárias e as formigas soldados fazem bem o seu trabalho e o fazem sempre da mesma maneira. E o que é importante: elas fazem o que tem que fazer. Uma formiga soldado não deixa de defender e proteger o formigueiro. Ela não foge diante do inimigo, nem é preguiçosa nem desorganizada. Ela é assim e será sempre assim e não pode ser de outro jeito. A grandeza do ser humano, ao contrário, está na liberdade de defender a pátria ou fugir, ou trair ou se desinteressar. A formiga não precisa de um monumento ao soldado desconhecido. Ela não é heroína. O ser humano sim.
Um dia, ao longo da história, usando de sua liberdade, o ser humano tomou uma decisão errada, contrária à vontade de Deus, em oposição ao criador. Tal decisão deu origem ao pecado no mundo, e desde então a liberdade necessita de uma forte orientação para não ser mal-usada. Na sua bondade, Deus manda ao ser humano sua Palavra salvadora e orientadora.
Orientadora enquanto lhe dirá: “Não matarás”, “Não furtarás”. Se a má inclinação e a tentação levar alguém a tirar proveito da enfermidade dos outros ou a criar enfermidades para tirar proveito, essas orientações poderão ajudá-lo. No entanto, a letra do ensinamento não é suficiente. A Palavra salvadora tem que se tornar carne, ser humana, para que a graça e a verdade entrem na história do mundo. Por isso “o Verbo se fez homem e habitou entre nós”.
Jesus encarnado, morto e ressuscitado, é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. Se ele toma uma atitude forte contra os que tornam o Templo uma casa de comércio, ele o faz para orientar as decisões livres do ser humano. Se ele revela, por meio de São Paulo Apóstolo, que a cruz, a insensatez e a fraqueza podem adquirir um sentido novo e construtivo na aceitação da vontade do Pai, é para não nos deixar cair nos momentos difíceis e incompreensíveis da nossa vida.
Somos livres, mas não capazes de tudo. O bem está diante de nós e a sua realização parece, às vezes, distante. O empenho na leitura, na meditação, na compreensão dos caminhos de Deus expressos particularmente nos Dez Mandamentos não pode faltar em nossa vida. Tal empenho, porém, não é suficiente. Precisamos da companhia de Jesus ressuscitado. Se não conseguimos nos lembrar dos mandamentos e guardá-los, temos um Advogado de defesa que, conhecendo o homem por dentro, é capaz de ter misericórdia. Todos precisam encontrá-lo para não tomar decisões erradas. Todos precisam encontrá-lo para, na sua cruz, dar sentido à enfermidade.
Nele, todos vão se dispor a trabalhar honestamente para que o ser humano enfraquecido se beneficie com sólidos programas de saúde pública.
cônego Celso Pedro da Silva
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Exigências da fé
No evangelho de João percebe-se uma exaltação dos samaritanos e uma crítica aos judeus. Assim, por um lado, temos a narrativa do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em pleno dia, à beira do poço, que termina com todos os moradores desta região da Samaria vindo aclamar Jesus, professando nele sua fé. Por outro lado, Nicodemos, um dos chefes dos fariseus, vem conversar com Jesus, ocultando-se na penumbra da noite, e não entende a sua mensagem.
O evangelho de hoje menciona que estava próxima a Páscoa "dos judeus", dando a entender que Jesus se distancia do sistema religioso que a promove, sediado em Jerusalém. Nesta primeira viagem de Jesus a Jerusalém o destaque é a denúncia do sistema do templo. Em vez de lugar de oração, o templo é um lugar de comércio e exploração do povo piedoso. A situação não era nova, pois o profeta Jeremias, muito tempo antes, já fizera tal denúncia (Jr. 7,11). O culto no templo, com o acesso de multidões de peregrinos durante o ano, era fonte de riqueza para o comércio em Jerusalém e, principalmente, para a casta religiosa, que recolhia imensos valores como dízimos, ofertas e sacrifícios dos fiéis. Desde sua primeira construção por Salomão, o templo tinha um anexo, o tesouro (ou Gazofilácio), onde eram acumuladas estas riquezas, no mesmo estilo dos templos do Egito ou da Babilônia, a serviço de faraós e reis.
A presença de Deus entre homens e mulheres não se dá no Templo, mas em Jesus, e em todos aqueles que, fazendo a vontade do Pai, no serviço e na partilha, com amor e misericórdia, serão morada de Deus (Jo 14,23).
Pela conversão, aderimos ao Deus encarnado, humano como nós, frágil e passível de morrer em uma cruz (segunda leitura), fiel à sua missão de revelar ao mundo o mandamento do amor (Jo 15,12) que supera os antigos mandamentos da Lei de Moisés (primeira leitura).
José Raimundo Oliva
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A liturgia do 3º domingo da Quaresma dá-nos conta da eterna preocupação de Deus em conduzir os homens ao encontro da vida nova. Nesse sentido, a Palavra de Deus que nos é proposta apresenta sugestões diversas de conversão e de renovação.
Na primeira leitura, Deus oferece-nos um conjunto de indicações (“mandamentos”) que devem balizar a nossa caminhada pela vida. São indicações que dizem respeito às duas dimensões fundamentais da nossa existência: a nossa relação com Deus e a nossa relação com os irmãos.
Na segunda leitura, o apóstolo Paulo sugere-nos uma conversão à lógica de Deus… É preciso que descubramos que a salvação, a vida plena, a felicidade sem fim não está numa lógica de poder, de autoridade, de riqueza, de importância, mas está na lógica da cruz – isto é, no amor total, no dom da vida até às últimas consequências, no serviço simples e humilde aos irmãos.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o “Novo Templo” onde Deus Se revela aos homens e lhes oferece o seu amor. Convida-nos a olhar para Jesus e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho” essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar.
1ª leitura – Ex. 20,1-17 – AMBIENTE
O texto que hoje nos é proposto como primeira leitura faz parte de um conjunto de tradições que referem uma Aliança entre Jahwéh e Israel (cf. Ex. 19-40). Essa Aliança é situada num monte, algures no deserto do Sinai, o mesmo monte onde Jahwéh se havia revelado a Moisés.
No texto bíblico não temos indicações geográficas suficientes para identificar o monte da Aliança. Em si, o nome “Sinai” designa uma enorme península de forma triangular, com mais ou menos 420 km. de extensão norte/sul, estendendo-se entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho. A norte, junto do Mediterrâneo, o Sinai apresenta uma faixa arenosa de 25 km de largura; mas à medida que descemos para sul, o território torna-se mais acidentado, com montanhas que chegam a atingir 2400 m de altura. A península inteira é um deserto árido; não há, praticamente, vegetação (exceto em alguns pequenos oásis) e as comunicações são difíceis. Nesta enorme extensão de areia e rochas, é difícil situar o “monte da Aliança”. Contudo, uma tradição cristã tardia (séc. IV d.C.) identifica o “monte” com o Gebel Musah (o “monte de Moisés”), um monte com 2.244 m de altitude, situado a sul da península sinaítica. Embora a identificação do “monte da Aliança” com este lugar levante problemas, o Gebel Musah é, ainda hoje, um lugar de peregrinação para judeus e cristãos.
A Aliança entre Jahwéh e Israel, celebrada no Sinai, vai ser apresentada pelos catequistas de Israel através de uma estrutura literária que é muito semelhante aos formulários jurídicos conhecidos no mundo antigo para apresentar os acordos políticos entre duas partes, nomeadamente entre um “senhor” e o seu “vassalo”. Nesses formulários, depois de recordar ao “vassalo” a sua ação, a sua generosidade, os seus benefícios, o “senhor” apresentava as “cláusulas da Aliança” – isto é, a lista das obrigações que o “vassalo” assumia para com o seu “senhor” (obrigações que o “vassalo” devia cumprir fielmente).
De entre as “cláusulas da Aliança” do Sinai, sobressai um bloco especial, onde são apresentadas as dez obrigações fundamentais que Israel vai assumir diante do seu Deus: os “dez mandamentos” ou as “dez palavras”. É esse texto que a nossa primeira leitura nos apresenta. Aí está, verdadeiramente, o “coração” da Aliança; aí se define o caminho que Israel deve percorrer para ser o Povo de Deus.
A lista dos “dez mandamentos” é uma lista irregular, com mandamentos enunciados com brevidade e secura, sem nenhuma justificação (“não matarás”; não roubarás”) e outros mais desenvolvidos, contendo um comentário explicativo (cf. Ex. 20,4.17), uma motivação (cf. Ex. 20,7) ou uma promessa (cf. Ex. 20,12). Por vezes Deus fala em primeira pessoa (cf. Ex. 20,2.5-6); noutras, fala-se de Deus em terceira pessoa (cf. Ex. 20,7.11.12). Dois mandamentos são formulados positivamente (cf. Ex. 20,8: “lembra-te”; Ex. 20,12: “honra”); todos os outros são formulados negativamente (“não matarás”; “não roubarás”). Estas irregularidades significam que o “decálogo” sofreu, através dos séculos, por motivos pastorais e catequéticos, retoques, acrescentos, comentários, modificações.
É provável que Moisés tenha uma certa relação com estas leis que estão no centro da Aliança entre Deus e o seu Povo; mas o texto, na sua forma atual, não vem de Moisés. É, certamente, um texto muito trabalhado, que sofreu muitas elaborações ao longo dos séculos. Ainda que esta lista de preceitos possa lembrar algumas listas de proibições encontradas na Babilônia e no Egito, ocupa um lugar à parte no conjunto dos formulários legais dos povos do Crescente Fértil: é um núcleo legal sóbrio e equilibrado, despojado de tudo aquilo que nos outros povos é magia, superstição, tabu.
MENSAGEM
O “decálogo” abarca os dois vetores fundamentais da existência humana: a relação do homem com Deus e a relação que cada homem estabelece com o seu próximo.
Os primeiros quatro mandamentos dizem respeito à relação que Israel deve estabelecer com Deus (vs. 3-11). Dois, sobretudo, são de uma tremenda originalidade (o mandamento que obriga Israel a não ter outro Deus, outro Senhor, outra referência; e o mandamento que proíbe construir imagens de Deus), pois não encontram paralelo em nenhuma das religiões antigas que conhecemos.
A questão essencial que sobressai, nestes quatro mandamentos, é esta: Jahwéh deve ser a referência fundamental da vida do Povo, o centro à volta do qual se constrói toda a existência de Israel. Nada nem ninguém deve ocupar, no coração do Povo, o lugar que só a Deus pertence. É preciso que Israel reconheça que só em Jahwéh está a vida e a salvação (v. 3: “não terás nenhum deus além de mim”); é necessário que Israel reconheça a absoluta transcendência de Jahwéh – que não pode ser reproduzida em qualquer criatura feita pelo homem – e não se prostre perante obras criadas pela mão do homem (v. 4: não farás para ti qualquer imagem esculpida… não hás-de prostrar-te diante delas, nem prestar-lhes culto”); é preciso que Israel reconheça que não deve manipular Deus e usá-l’O em apoio de projetos e interesses puramente humanos (v. 7: “não hás-de invocar o nome do Senhor teu Deus em apoio do que não tem fundamento”); é preciso que Israel reconheça que só o Senhor é o dono do tempo e que reserve espaço para o encontro e o louvor do Senhor (v. 8: “hás-de lembrar-te do dia de sábado, a fim de o santificares”).
s outros seis mandamentos dizem respeito às relações comunitárias (vs. 12-17). Procuram inculcar o respeito absoluto pelo próximo – a sua vida, os seus direitos na comunidade, os seus bens. São “a magna carta da liberdade, da justiça, do respeito pela pessoa e pela sua dignidade”. Recomendam que cada membro da comunidade reconheça a sua dependência dos outros e aceite a sua vinculação a uma família e a uma cultura (v. 12: “honra teu pai e tua mãe”); pedem que cada membro do Povo de Deus respeite a vida do irmão (v. 13: “não matarás”); recomendam que seja defendida a família e respeitadas as relações familiares (v. 14: “não cometerás adultério”); exigem que se respeite absolutamente quer os bens, quer a própria liberdade dos outros membros da comunidade (v. 15: “não tomarás para ti” – o que pode referir-se a pessoas ou a coisas. Pode traduzir-se por “não roubarás”, mas também por “não privarás de liberdade o teu irmão, não o reduzirás à escravidão”); pedem o respeito pelo bom nome e pela fama do irmão, nomeadamente dando sempre um testemunho verdadeiro diante do tribunal e garantindo a fiabilidade de uma justiça que é a base da correta ordem social (v. 16: “não levantarás falso testemunho contra o teu próximo”); exigem o respeito pelos “bens básicos” que asseguram ao irmão a sua subsistência e procuram evitar que o coração dos membros da comunidade do Povo de Deus seja dominado pela cobiça e pelos instintos egoístas (v. 17: “não cobiçarás a casa do teu próximo, não desejarás a mulher dele, nem o criado ou a criada, o boi ou o jumento, nem coisa alguma que lhe pertença”).
Porque é que Deus apresentou estas propostas a Israel e lhe recomendou este caminho? Qual o interesse de Deus em que Israel viva de acordo com as regras aqui apresentadas? O que é que Deus “tem a ganhar” com a fidelidade do Povo a estas normas?
A resposta a esta questão está na primeira afirmação do Decálogo: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egito, da casa da servidão” (v. 2). Jahwéh, o Deus libertador, está interessado em que Israel se liberte definitivamente da escravidão e se torne um Povo livre e feliz. Os “mandamentos” são, precisamente, uma contribuição de Deus para isso. Ao colocar estes “sinais” no percurso do seu Povo, Jahwéh não está a limitar a liberdade de Israel, mas está a propor ao Povo um caminho de liberdade e de vida plena. Os mandamentos pretendem ajudar Israel a deixar a escravidão do egoísmo, da auto-suficiência, da injustiça, do comodismo, das paixões, da cobiça, de exploração… Os mandamentos nascem do amor de Jahwéh a Israel e procuram indicar ao Povo o caminho para ser feliz. A resposta do Povo a essa preocupação de Deus será aceitar as indicações e viver de acordo com esses preceitos. Israel responderá, assim, ao amor de Deus e será feliz. É essa Aliança que Jahwéh quer fazer com o seu Povo, é esse o “interesse” de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• Os mandamentos que dizem respeito à relação do homem com Deus sublinham a centralidade que Deus deve assumir no coração e na vida do seu Povo. Na vida de todos os dias somos, com frequência, seduzidos por outros “deuses” – o dinheiro, o poder, os afetos humanos, a realização profissional, o reconhecimento social, os interesses egoístas, as ideologias, os valores da moda – que se tornam o objetivo supremo, no valor último que condiciona os nossos comportamentos, as nossas atitudes e as nossas opções. Com frequência, prescindimos de Deus e instalamo-nos num esquema de orgulho e de auto-suficiência que coloca Deus e as suas propostas fora da nossa vida. A Palavra de Deus garante-nos: esse não é um caminho que nos conduza em direção à vida definitiva e à liberdade plena. Neste tempo de Quaresma, somos convidados a voltarmo-nos para Deus e a redescobrirmos o seu papel fundamental na nossa existência… Quais são os “deuses” que nos seduzem mais e que condicionam a nossa vida, as nossas tomadas de posição, as nossas opções? Que espaço é que reservamos, na nossa vida, para o verdadeiro Deus?
• Os mandamentos que dizem respeito à nossa relação com os irmãos convidam-nos a despir esses comportamentos que geram violência, egoísmo, agressividade, cobiça, intolerância, escravidão, indiferença face às necessidades dos outros. Tudo aquilo que atenta contra a vida, a dignidade, os direitos dos nossos irmãos, é algo que gera morte, sofrimento, escravidão, para nós e para todos os que nos rodeiam e é algo que contribui para subverter os projetos de vida e de felicidade que Deus tem para nós e para o mundo. O que é que, nos meus gestos, nas minhas atitudes, nos meus valores, é gerador de injustiça, de sofrimento, de exploração, de escravidão, de morte, para mim e para todos aqueles que me rodeiam?
• O que está aqui em jogo não é o respeitar regras “religiosamente corretas”, o evitar que Deus tenha razões de queixa contra nós, ou o fugir aos castigos divinos; mas é, antes de mais, o construir a nossa própria felicidade. É preciso aprendermos a não ver os “mandamentos” de Deus como propostas reacionárias, descabidas e ultrapassadas, inventados por uma moral obsoleta e antiquada, que apenas servem para limitar a nossa liberdade ou para impedir a nossa autonomia; mas é preciso ver os “mandamentos” como “sinais de trânsito” com os quais Deus, no seu amor e na sua preocupação com a nossa realização plena, nos ajuda a percorrer os caminhos da liberdade e da vida verdadeira.
2ª leitura – 1Cor. 1,22-25 - AMBIENTE
No decurso da sua segunda viagem missionária, Paulo chegou a Corinto, depois de atravessar boa parte da Grécia, e ficou por lá cerca 18 meses (anos 50-52).
Como resultado da pregação de Paulo, nasceu a comunidade cristã de Corinto. De uma forma geral, a comunidade era viva e fervorosa; no entanto, estava exposta aos perigos de um ambiente corrupto: moral dissoluta (cf. 1Cor. 6,12-20; 5,1-2), querelas, disputas, lutas (cf. 1Cor. 1,11-12), sedução da sabedoria filosófica de origem pagã que se introduzia na Igreja revestida de um superficial verniz cristão (cf. 1Cor. 1,19-2,10). Tratava-se de uma comunidade forte e vigorosa, mas que mergulhava as suas raízes em terreno adverso. Na comunidade de Corinto, vemos as dificuldades da fé cristã em inserir-se num ambiente hostil, marcado por uma cultura pagã e por um conjunto de valores que estão em profunda contradição com a pureza da mensagem evangélica.
Um dos graves problemas da comunidade cristã de Corinto era a identificação da experiência cristã com uma escola de sabedoria: os cristãos de Corinto – na linha do que acontecia nas várias escolas de filosofia que infestavam a cidade – viam várias figuras proeminentes do cristianismo primitivo como mestres de uma doutrina e aderiam a essas figuras, esperando encontrar nelas uma proposta filosófica credível, que os conduzisse à plenitude da sabedoria e da realização humana. É de crer que os vários adeptos desses vários mestres se confrontassem na comunidade, procurando demonstrar a excelência e a superior sabedoria do mestre escolhido. Ao saber isto, Paulo ficou muito alarmado: esta perspectiva punha em causa o essencial da fé.
Paulo vai esforçar-se, então, por demonstrar aos coríntios que entre os cristãos não há senão um mestre, que é Jesus Cristo; e a experiência cristã não é a busca de uma filosofia coerente, brilhante, elegante, que conduza à sabedoria, entendida à maneira dos gregos. Quem procura na mensagem cristã um sistema lógico, coerente, inquestionável à luz da lógica humana, é porque não percebeu nada do essencial da mensagem cristã, da “loucura da cruz”.
MENSAGEM
Judeus e gregos, cada um à sua maneira, buscam seguranças. Os judeus procuram milagres que garantam a veracidade da mensagem anunciada; os gregos procuram as belas palavras, a coerência do discurso, a lógica dos argumentos… Na verdade, Jesus não Se apresentou como um Deus espetacular, a exibir o seu poder e as suas qualidades divinas através de gestos estrondosos e milagrosos, como os judeus estavam à espera; nem Se apresentou como o “mestre” iluminado de uma filosofia capaz de se impor pelo brilho das suas premissas e pela sua lógica inatacável, como os gregos gostariam.
A essência da mensagem cristã está na “loucura da cruz” – isto é, na lógica ilógica de um Deus que veio ao encontro da humanidade, que fez da sua vida um dom de amor e que aceitou uma morte maldita para ensinar aos homens que a verdadeira vida é aquela que se coloca integralmente ao serviço dos irmãos, até à morte. No entanto, foi precisamente dessa forma que Deus apresentou aos homens o seu projeto de salvação e de vida definitiva. Na cruz de Jesus manifestou-se, de forma plena, o poder salvador de Deus. Decididamente, considera Paulo, a lógica de Deus não é exatamente igual à lógica dos homens.
O caminho cristão não é uma busca de sabedoria humana, mas uma adesão a Cristo crucificado – o Cristo do amor e do dom da vida. Nele manifesta-se de forma humanamente desconcertante, mas plena e definitiva, a força salvadora de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• O nosso texto convida-nos a descobrir e a interiorizar a lógica de Deus, que é bem diferente da lógica dos homens. Os homens sentem-se mais seguros e confortáveis diante de líderes vencedores, que se impõem pela força e que exibem o seu poder através de gestos espetaculares; e Deus aparece-lhes na figura de um obscuro carpinteiro galileu, condenado pelas autoridades constituídas, abandonado por amigos e discípulos, escarnecido pelas multidões, e morto numa cruz fora dos muros da cidade. Os homens gostam de ser convencidos por projetos intelectualmente brilhantes, que apresentem argumentos fortes e uma lógica inquestionável; e Deus oferece-lhes um projeto de salvação que passa pela morte na cruz, em plena e radical contradição com todos os esquemas mentais e toda a lógica humana. O apóstolo Paulo sugere-nos uma conversão à lógica de Deus… É preciso que descubramos que a salvação, a vida plena, a felicidade sem fim não está numa lógica de poder, de autoridade, de riqueza, de importância, mas está no amor total, no dom da vida até às últimas consequências, no serviço simples e humilde aos irmãos.
• A força e a “sabedoria de Deus” manifestam-se na fragilidade, na pequenez, na obscuridade, na pobreza, na humildade. Sendo assim, não nos parecem ridículas, descabidas e pretensiosas as nossas poses de importância, de autoridade, de protagonismo, de êxito humano?
• “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios”. Aqueles que têm responsabilidade no anúncio do Evangelho devem anunciar a mensagem com verdade e radicalidade, renunciando à tentação de a suavizar, de a tornar mais “politicamente correta”, de a tornar menos radical e interpelativa. Às vezes, o invólucro “brilhante” com que envolvemos a Palavra torna-a mais atrativa, mas menos questionante e, portanto, menos transformadora.
Evangelho: Jo 2,13-25 - AMBIENTE
O episódio que hoje nos é proposto aparece na “secção introdutória” do Evangelho de João (cf. Jo 1,19-3,36), onde se diz quem é Jesus e se apresentam as grandes linhas programáticas do seu ministério.
A cena situa-nos no Templo de Jerusalém. Trata-se desse Templo majestoso, construído por Herodes para demonstrar as suas boas disposições para com o culto a Jahwéh e para conseguir a benevolência dos judeus. A construção do Templo iniciou-se em 19 a.C. e ficou essencialmente pronta no ano 9 d.C. (embora os trabalhos só tivessem sido dados por concluídos em 63 d.C.). No ano 27 d.C., efetivamente, o Templo estava a ser construído há 46 anos e ainda não estava terminado, conforme a observação que os dirigentes judeus fizeram a Jesus (cf. Jo 2,20).
João situa o episódio nos dias que antecedem a festa da Páscoa. Era a época em que as grandes multidões se concentravam em Jerusalém para celebrar a festa principal do calendário religioso judaico. Jerusalém, que normalmente teria à volta de 55.000 habitantes, chegava a albergar cerca de 125.000 peregrinos nesta altura. No Templo sacrificavam-se cerca de 18.000 cordeiros, destinados à celebração pascal.
Neste ambiente, o comércio relacionado com o Templo sofria um espantoso incremento. Três semanas antes da Páscoa, começava a emissão de licenças para a instalação dos postos comerciais à volta do Templo. O dinheiro arrecadado com a emissão dessas licenças revertia para o sumo-sacerdote. Havia tendas de venda que pertenciam, diretamente, à família do sumo-sacerdote. Vendiam-se os animais para os sacrifícios e vários outros produtos destinados à liturgia do Templo. Havia, também, as tendas dos cambistas que trocavam as moedas romanas correntes por moedas judaicas (os tributos dos fiéis para o Templo eram pagos em moeda judaica, pois não era permitido que moedas com a efígie de imperadores pagãos conspurcassem o tesouro do Templo). Este comércio constituía uma mais valia para a cidade e sustentava a nobreza sacerdotal, o clero e os empregados do Templo.
Vai ser neste contexto que Jesus vai realizar o seu gesto profético.
MENSAGEM
Os profetas de Israel tinham, em diversas situações, criticado o culto sacrificial que Israel oferecia a Deus, considerando-o como um conjunto de ritos estéreis, vazios e sem significado, uma vez que não eram expressão verdadeira de amor a Jahwéh; tinham, inclusive, denunciado a relação do culto com a injustiça e a exploração dos pobres (cf. Am 4,4-5; 5,21-25; Os 5,6-7; 8,13; Is 1,11-17; Jr. 7,21-26). As considerações proféticas tinham, de alguma forma, consolidado a idéia de que a chegada dos tempos messiânicos implicaria a purificação e a moralização do culto prestado a Jahwéh no Templo. O profeta Zacarias liga explicitamente o “dia do Senhor” (o dia em que Deus vai intervir na história e construir um mundo novo, através do Messias) com a purificação do culto e a eliminação dos comerciantes que estão “no Templo do Senhor do universo” – Zc. 14,21).
O gesto que o Evangelho deste domingo nos relata deve entender-se neste enquadramento. Quando Jesus pega no chicote de cordas, expulsa do Templo os vendedores de ovelhas, de bois e de pombas, deita por terra os trocos dos banqueiros e derruba as mesas dos cambistas (vs. 14-16), está a revelar-Se como “o messias” e a anunciar que chegaram os novos tempos, os tempos messiânicos.
No entanto, Jesus vai bem mais longe do que os profetas vétero-testamentários. Ao expulsar do Templo também as ovelhas e os bois que serviam para os ritos sacrificiais que Israel oferecia a Jahwéh (João é o único dos evangelistas a referir este pormenor), Jesus mostra que não propõe apenas uma reforma, mas a abolição do próprio culto. O culto prestado a Deus no Templo de Jerusalém era, antes de mais, algo sem sentido: ao transformar a casa de Deus num mercado, os líderes judaicos tinham suprimido a presença de Deus… Mas, além disso, o culto celebrado no Templo era algo de nefasto: em nome de Deus esse culto criava exploração, miséria, injustiça e, por isso, em lugar de potenciar a relação do homem com Deus, afastava o homem de Deus. Jesus, o Filho, com a autoridade que Lhe vem do Pai, diz um claro “basta” a uma mentira com a qual Deus não pode continuar a pactuar: “não façais da casa de meu Pai casa de comércio” (v. 16).
Os líderes judaicos ficam indignados. Quais são as credenciais de Jesus para assumir uma atitude tão radical e grave? Com que legitimidade é que Ele se arroga o direito de abolir o culto oficial prestado a Jahwéh?
A resposta de Jesus é, à primeira vista, estranha: “destruí este Templo e Eu o reconstruirei em três dias” (v. 19). Recorrendo à figura literária do “mal-entendido” (propõe-se uma afirmação; os interlocutores entendem-na de forma errada; aparece, então, a explicação final, que dá o significado exato do que se quer afirmar), João deixa claro que Jesus não Se referia ao Templo de pedra onde Israel celebrava os seus ritos litúrgicos (v. 20), mas a um outro “Templo” que é o próprio Jesus (“Jesus, porém, falava do Templo do seu corpo” – v. 21). O que é que isto significa? Jesus desafia os líderes que O questionaram a suprimir o Templo que é Ele próprio, mas deixa claro que, três dias depois, esse Templo estará outra vez erigido no meio dos homens. Jesus alude, evidentemente, à sua ressurreição. A prova de que Jesus tem autoridade para “proceder deste modo” é que os líderes não conseguirão suprimi-l’O. A ressurreição garante que Jesus vem de Deus e que a sua atuação tem o selo de garantia de Deus.
No entanto, o mais notável, aqui, é que Jesus Se apresenta como o “novo templo”. O Templo representava, no universo religioso judaico, a residência de Deus, o lugar onde Deus Se revelava e onde Se tornava presente no meio do seu Povo. Jesus é, agora, o lugar onde Deus reside, onde Se encontra com os homens e onde Se manifesta ao mundo. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida. Aquilo que a antiga Lei já não conseguia fazer – estabelecer relação entre Deus e os homens – é Jesus que, a partir de agora, o faz.
ATUALIZAÇÃO
• Como é que podemos encontrar Deus e chegar até Ele? Como podemos perceber as propostas de Deus e descobrir os seus caminhos? O Evangelho deste domingo responde: é olhando para Jesus. Nas palavras e nos gestos de Jesus, Deus revela-Se aos homens e manifesta-lhes o seu amor, oferece aos homens a vida plena, faz-Se companheiro de caminhada dos homens e aponta-lhes caminhos de salvação. Neste tempo de Quaresma – tempo de caminhada para a vida nova do Homem Novo – somos convidados a olhar para Jesus e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu “Evangelho” essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar.
• Os cristãos são aqueles que aderiram a Cristo, que aceitaram integrar a sua comunidade, que comeram a sua carne e beberam o seu sangue, que se identificaram com Ele. Membros do Corpo de Cristo, os cristãos são pedras vivas desse novo Templo onde Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a vida e a salvação. Esta realidade supõe naturalmente, para os crentes, uma grande responsabilidade… Os homens do nosso tempo têm de ver no rosto dos cristãos o rosto bondoso e terno de Deus; têm de experimentar, nos gestos de partilha, de solidariedade, de serviço, de perdão dos cristãos, a vida nova de Deus; têm de encontrar, na preocupação dos cristãos com a justiça e com a paz, o anúncio desse mundo novo que Deus quer oferecer a todos os homens. Talvez o fato de Deus parecer tão ausente da vida, das preocupações e dos valores dos homens do nosso tempo tenha a ver com o fato de os discípulos de Jesus se demitirem da sua missão e da sua responsabilidade… O nosso testemunho pessoal é um sinal de Deus para os irmãos que caminham ao nosso lado? A vida das nossas comunidades dá testemunho da vida de Deus? A Igreja é essa “casa de Deus” onde qualquer homem ou qualquer mulher pode encontrar essa proposta de libertação e de salvação que Deus oferece a todos?
• Qual é o verdadeiro culto que Deus espera? Evidentemente, não são os ritos solenes e pomposos, mas vazios, estéreis e balofos. O culto que Deus aprecia é uma vida vivida na escuta das suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos. Quando somos capazes de sair do nosso comodismo e da nossa auto-suficiência para ir ao encontro do pobre, do marginalizado, do estrangeiro, do doente, estamos a dar a resposta “litúrgica” adequada ao amor e à generosidade de Deus para conosco.
• Ao gesto profético de Jesus, os líderes judaicos respondem com incompreensão e arrogância. Consideram-se os donos da verdade e os únicos intérpretes autênticos da vontade divina. Instalados nas suas certezas e preconceitos, nem sequer admitem que a denúncia que Jesus faz esteja correta. A sua auto-suficiência impede-os de ver para além dos seus projetos pessoais e de descobrir os projetos de Deus. Trata-se de uma atitude que, mais uma vez, nos questiona… Quando nos barricamos atrás de certezas absolutas e de atitudes intransigentes, podemos estar a fechar o nosso coração aos desafios e à novidade de Deus.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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1. A Páscoa, – principal festa dos judeus, pois nela o povo recordava a libertação da escravidão do Egito, – reunia na cidade de Jerusalém uma multidão de peregrinos. O povo vinha para celebrar o Deus da libertação e as lideranças religiosas e políticas se aproveitavam para explorar ainda mais o povo. Contraste gritante: a Páscoa não é mais a festa do povo que celebra e revive a libertação, mas a festa das lideranças exploradoras, que se aproveitam do momento para oprimir mais ainda o povo. Pior ainda: parece que Deus está de acordo com tudo isso.
2. Jesus não concorda com essa situação. “No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Então, fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, junto com as ovelhas e bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas” (vv. 14-15).
3. Ao mostrar Jesus usando um chicote, João recorda o que fora anunciado por Zacarias: “nesse dia não haverá mais comerciantes dentro do templo de Javé dos exércitos” (Zc. 14,21). Com esse gesto, Jesus inaugura a era do Messias. Zacarias previa um tempo em que o culto seria isento de exploração do povo. Para João, esse dia chegou com Jesus: não é mais possível culto ou religião conivente com a exploração do povo.
4. Para aprofundar esse aspecto é preciso ter presente a situação econômica daquele tempo. Nessa época, as terras da Palestina estavam nas mãos dos latifundiários (= elite religiosa de sumos sacerdotes e anciãos), que moravam em Jerusalém. O sumo sacerdote era o presidente do sinédrio, o supremo tribunal que condenará Jesus à morte. Três semanas antes da Páscoa os arredores do templo se tornavam um grande mercado. O sumo sacerdote se enriquecia com o aluguel dos espaços para as barracas dos cambistas e vendedores. Os animais (criados nos latifúndios) eram levados a Jerusalém e vendidos a preços, (nessas ocasiões), exorbitantes.
5. Todo judeu maior de idade devia ir a essa festa e pagar os impostos previstos para o templo.
Moeda do templo: o templo adotara a moeda tíria (cunhada em Tiro, cidade pagã) como moeda oficial, pois ela não se desvalorizava com a inflação que, na época de Jesus, era muito alta. Grande ironia (!): a Lei proibia o ingresso de moedas pagãs no templo. Mas os gananciosos dirigentes religiosos burlavam a Lei em vista de seus privilégios. Os cambistas faziam a troca das moedas “impuras” (= as moedas inflacionadas de quem morava na Palestina ou fora dela) pela moeda “pura” e por seu trabalho, cobravam altas taxas (8%).
6. Atitudes de Jesus. Jesus expulsou do templo bois, ovelhas, pombas, animais usados nos sacrifícios que o povo oferecia a Deus. Expulsando-os do templo, Jesus declara inválidos todos esses sacrifícios, bem como o culto que se sustentava graças à exploração do povo.
7. Os vendedores de pombas são os mais visados por Jesus: “Tirem isso daqui. Não façam da casa de meu Pai um comércio” (v.16). Os pobres – não tendo condições de oferecer a Deus ovelhas ou bois, – sacrificavam pombas para os ritos de expiação e purificação, bem como para os holocaustos de propiciação (cf. Lv. 5,7; 14,22.30s). Pobres desses pobres! Além de nada terem, até Deus parecia estar distante deles. A teologia veiculada pelo templo de Jerusalém é extremamente conservadora, isso porque os dirigentes do templo estão por trás de todo comércio que nele se desenvolve.
8. Culto x lucro! “O culto proporcionava enormes riquezas à cidade. Sustentava a nobreza sacerdotal, o clero e os empregados do templo. O gesto de Jesus toca, portanto, o ponto nevrálgico: o sistema econômico do templo, com seu enorme afluxo de dinheiro procedente do mundo todo conhecido … era outra forma de exploração” (J.Mateos-J.Barreto, o Evangelho de João, p.150). Nas grandes festas o preço das pombas (= sacrifício dos pobres) ia às nuvens fortalecendo a exploração dos ricos sobre os empobrecidos.
9. Deus, – o aliado dos sofredores empobrecidos, – sempre denunciou, ( através dos profetas), a exploração da religião. O gesto de expulsar os comerciantes do templo suscita duas reações:
1ª dos discípulos: para eles, Jesus seria um reformador da instituição. E até citam a Bíblia: “o zelo por tua casa me consome” (v. 17; cf. Sl. 69,10). Logo adiante (vv. 21-22) João afirma que os discípulos, – após a ressurreição de Jesus, – redimensionam seus conceitos a respeito de Jesus. Ele não é um reformador do templo, mas aquele que o substitui. Ele não reforma, ele substitui, ele traz o novo.
2ª dos dirigentes: exatamente os que se sentem lesados pelo gesto de Jesus (gesto de acabar com o comércio, com o lucro deles no templo). Eles o ameaçam, querem intimidar: ”Que sinal nos mostras para agires assim?” (v. 18). Jesus responde que sua morte e ressurreição serão o grande sinal: “destruam este templo, e em três dias eu o levantarei” (v. 19). Temos aqui o centro do evangelho deste dia. Jesus não só aboliu os sacrifícios no templo de Jerusalém, Ele decretou que o fim do templo já chegou. Aboliu os sacrifícios e o templo! De agora a em diante, será através de seu corpo, – morto e ressuscitado, – que o povo se reencontrará com Deus para celebrar a Páscoa da libertação. (A essa altura o evangelho de João já aponta para os responsáveis pela morte de Jesus).
10. Os vv. 23-25 iniciam novo assunto. Servem de introdução ao diálogo de Jesus com Nicodemos (ev. do próximo domingo). Parece estranho que Jesus não confie nas pessoas. “Jesus não confiava neles, pois conhecia a todos. Ele não precisava do testemunho de ninguém, porque conhecia o homem por dentro”. Ele não confiava porque as pessoas viam nele um reformador das velhas instituições, e não aquele que vem trazer o vinho novo (cf. 2,10). Além disso, no evangelho de João, as pessoas são convidadas, – a partir dos sinais que Jesus realiza (v. 23), – a descobrir a realidade para a qual apontam (o que o sinal quer dizer, e não parar no sinal), mas que permanece oculta a quem não dá, pela fé, sua incondicional adesão a Jesus.
1ª leitura: Ex. 20,1-3.7-8.12-17
11. O DEUS DA VIDA quer a vida antes de tudo e acima de tudo. O Decálogo privilegia a vida, propondo-a como valor ímpar. Estudos recentes afirmam que o eixo das Dez Palavras é o versículo 13: “não matarás”. A vida, portanto, é o núcleo da constituição do povo de Deus. Ao preservar ou ao promover a vida, Israel está sendo fiel ao Deus da Aliança que o libertou (=salvou a vida) da escravidão do Egito.
12. O v. 2 (Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito) funciona como introdução. Ele recorda quem é Deus. É aquele que ouve  os clamores do povo e o liberta. É o Deus do povo que clama.
13. Egito: o Egito é símbolo de todas as opressões infligidas às pessoas.
- Javé: Sendo aquele que preserva e promove a vida, Javé se alia aos que sofrem, libertando-os de todos os “lugares de escravidão”.
- v. 2: Esse versículo (- porta de entrada do Decálogo – ), serve de ponto de referência, ou seja, Israel irá, (através de uma legislação justa) , construir uma sociedade totalmente diferente do Egito, onde a vida não valia nada e as pessoas eram tratadas como objetos.
14. 1º mandamento. O primeiro mandamento (3-6) proíbe a idolatria: “não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti ídolos… não te prostrarás diante deles, nem os servirás, pois eu sou o Senhor teu Deus, um Deus ciumento”.
a. Israel não pode fabricar “interpretações” do Deus que preserva e promove a vida, pois uma vez que pudesse ser representado por imagem ou figura, já estaria sendo manipulado por pessoas. Ao Deus da Vida as pessoas respondem com adesão única e incondicional (fé monoteísta).
b. Se Israel quiser se aproximar e ver o Deus que preserva e promove a vida, deve buscá-lo no irmão, feito à imagem e semelhança de Deus” (cf. Gn. 1,27), e não nos ídolos que não preservam a vida das pessoas. O verdadeiro culto que se presta ao Deus vivo e verdadeiro é a defesa e a promoção da Vida.
15. 2º. Mandamento. O segundo mandamento (v. 7) proíbe pronunciar o nome de Deus em vão, “porque o Senhor não deixará de punir quem pronunciar seu nome em vão”. O Deus da vida e da liberdade não pode ser usado para acobertar a morte e a escravidão.
16. 3º mandamento. O terceiro mandamento (vv. 8-11) diz respeito ao sábado. No Egito não havia respeito pela pessoa, pois o que se fazia aí era trabalho escravo. A proibição do trabalho em dia de sábado é um freio à ganância e exploração de uma pessoa sobre a outra. O descanso no sábado permite que a pessoa se sinta viva e livre e tome consciência de todos os aspectos que envolvem sua vida (trabalho, lazer, fruição da vida).
17. 4º mandamento. O quarto mandamento (v. 12) manda honrar pai e mãe, a fonte da vida. No Egito, onde o povo de Deus viveu escravo, a honra e a vida eram atribuídas ao Faraó e suas divindades. Israel tem os pés no chão. O Deus que preserva e promove a vida manda honrar os pais, pois foi a partir deles que a vida de cada pessoa começou a existir.
18. 5º. Mandamento. O quinto mandamento (v. 13) é o eixo do Decálogo. Ele se opõe ao sistema social que vigorava no Egito, o lugar da escravidão. Aí fora decretada a extinção do povo de Deus. Israel, para ser fiel ao Deus que preserva e promove a vida, deverá pôr a vida como valor absoluto.
19. 6º mandamento. O sexto mandamento (v. 14) focaliza a preservação e a promoção da vida na família: “não cometerás adultério”. O adultério destrói a relação familiar.
20. 7º mandamento. O sétimo mandamento (v. 15) ordena: “não roubarás”. Vários estudiosos afirmam que o verbo “roubar”, neste caso, está relacionado com escravização e privação da liberdade de alguém. Neste caso, não se trata simplesmente de tirar algum objeto que pertence a outra pessoa. A questão é mais profunda. Trata-se de não escravizar as pessoas, pois esse era o sistema social que vigorava no Egito, onde a vida não era preservada nem promovida.
21. 8º mandamento. O oitavo mandamento (v.16) diz respeito à vida a ser preservada e promovida através de julgamento e sentenças justas: “não levantarás falso testemunho contra o próximo”. Se os pobres e os fracos não encontram quem lhes faça justiça, a sociedade se torna um novo Egito, cheio de clamores e opressões, pois a impunidade da injustiça é a pior escola numa sociedade corrupta.
22. 9º e 10º mandamento. Os dois últimos mandamentos (v. 17) proíbem a cobiça (casa, mulher, escravo, boi, jumento) fonte e origem de toda a injustiça social, pois o desejo do acúmulo é o pai de todos os males. Isso acontecia no Egito, onde o Faraó concentrava tudo em suas mãos: terras, poder, bens, riquezas. Para construir uma sociedade alternativa, Israel precisa aprender a justiça e a partilha.
2ª leitura: 1Cor. 1,22–25
23. Uma religião escandalosa e louca. Uns pedem sinais… outros sabedoria… e nós pregamos Cristo crucificado… escândalo para uns… insensatez para outros! Mas para nós poder de Deus e sabedoria de Deus!
24. A comunidade de Corinto. A comunidade de Corinto era composta, em sua maioria, por pessoas pobres e escravas: “entre vocês não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade” (1,26). Essa gente trabalhava nos cais dos portos, transportando cargas pesadas, levando vida de verdadeiros “crucificados” da sociedade.
25. Paulo chegou a Corinto e foi anunciar a esses crucificados a vitória de um crucificado como eles. Se dermos crédito a Lucas, nos Atos dos Apóstolos, a opção preferencial de Paulo pelos pobres deu-se sobretudo depois do fracasso diante das elites de Atenas.
26. Não é possível falar de Deus aos crucificados (de ontem e de hoje) a não ser falando da cruz de Cristo, ou seja, falando de um Deus “escandaloso” e de uma religião “louca”, pois Deus assumiu em Jesus esse risco.
27. De fato,
- para um judeu a cruz é o que existe de mais horrendo, pois a própria Lei considera maldito quem foi crucificado (cf. Dt. 21,23; Gl. 3,13). Os judeus exigem uma religião de sinais prodigiosos para acreditar. Em outras palavras, uma religião sem riscos (“arroz-com-feijão”).
- Os gregos procuram sabedoria (v. 22), ou seja, uma religião que não se encarna jamais, puramente racional e científica, uma religião de laboratório.
28. Jesus escolheu o caminho do escândalo e da loucura, pois a cruz é símbolo do fracasso, fraqueza, vergonha e maldição, mas, ao mesmo tempo, é símbolo da encarnação do Filho de Deus em nossa realidade mais concreta. Morrendo na cruz Jesus nos libertou. É aí que reside o poder de Deus e sua sabedoria, pois Jesus é a revelação máxima do projeto e do amor de Deus.
R e f l e t i n d o
1. O tema central de hoje é a adoração de Deus, o que no AT se entende por ”temor de Deus”: não um medo infantil diante de um “Deus policial”, mas submissão e receptividade diante do mistério. Israel não pode “temer” (= submeter-se e acolher) outros deuses (2Rs. 17.7.35). Só a amizade (“graça”) do Senhor vale a pena.
2. Tal “temor de Deus” se expressa, antes de tudo, na lei do Sinai (cujo resumo são as dez Palavras). O Decálogo se inicia com o mandamento do temor de Javé. Só a Javé se deve adorar, pois é um Deus que age: tirou o povo do Egito. Mas esse temor de Deus diz respeito também ao relacionamento com o próximo. Javé não estaria bem servido com um povo cujos membros se devorassem mutuamente. Daí o culto (= veneração de Deus) implica direta e imediatamente num “ethos” (= critério de comportamento).
3. No espírito dos israelitas, o Decálogo era algo como um pacto feudal. Javé era o suserano, que fornecia força e proteção, mas esperava da parte do vassalo, Israel, colaboração e “temor”, a adoração de Javé e o relacionamento fraterno entre o povo. Sem estas condições Israel não seria “povo de Javé”. Em termos atuais: para servir para Deus, não basta ser piedoso, é preciso “ser gente” no relacionamento com os irmãos.
4. Jesus veio nos ensinar, não tanto por suas palavras, mas sobretudo, por seu gesto de doação total, o que é obedecer a Deus e ser irmão dos homens. Seu gesto é mais eloqüente que qualquer decálogo. Doravante, a adoração de Deus não mais se chama temor, mas amor a Deus (1Jo 4,18). Por que? Porque em Jesus Deus não se revela mais como guerreiro (tempo do Êxodo), mas como “meu Pai e nosso Pai” (Jo 20,18). Por isso, Jesus é agora o verdadeiro lugar de adoração a Deus. “Vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores não mais adorarão no templo de Jerusalém ou no monte Garizim, na Samaria, mas em espírito e verdade “, isto é, naquilo que Jesus nos comunica (Jo 4,22-25).
5. Jesus é o novo templo, lugar da manifestação da glória (cf. 2,11), sobretudo, na ”hora” da morte (12,23.28; 13,31; 17,1). Por isso, quando João narra que Jesus purificou o templo de Jerusalém, destaca que expulsou até os animais do sacrifício; em outras palavras, pôs fim ao culto do templo; e no diálogo explicativo que segue (2,18-22), o corpo do Cristo ressuscitado e glorioso se revela ser o novo templo, que em três dias será erguido.
6. Neste contexto fica evidente o ardor de Paulo ao anunciar a cruz de Cristo. Escândalo para os judeus, porque a cruz é um instrumento indigno para a morte de um judeu. Loucura para os pagãos, com sua filosofia elitista (estóicos) ou hedonista. MAS para os chamados dentre todos os povos e nações é a revelação da força de Deus e de sua sabedoria. E nós sabemos por que? Porque Deus quer conquistar os corações que se convertem. Por isso o acesso a Deus acontece doravante no Cristo rejeitado, pois é nele que encontramos o gesto de reconciliação de Deus para conosco.
7. Jesus renovou a primeira Aliança (a de Moisés e da Lei) no dom de sua própria vida. Este dom é agora o centro da nossa religião , de nossa busca de Deus. Uma vida que não vai em direção da cruz não chega a Deus.
8. Quaresma é tempo de preparação batismal ou renovação batismal. Para instruir os fiéis a liturgia apresenta as Dez Palavras, os Dez Mandamentos. Mais que “preceitos” são critérios de conduta, de comportamento de vida. São baliza-dores da construção da vida dos filhos de Deus.
9. Mas como aparecem esses “mandamentos”? São fruto do amor de Deus. Do Deus da Vida que toma a iniciativa de fazer Aliança com suas criaturas, ou melhor, seus filhos. E para que tenhamos clareza do que faz, o nosso Deus já se declara de início como o Deus da Vida, o Deus que liberta da escravidão, o Deus que leva para a liberdade. O Deus da Vida só quer Vida para seus filhos: por isso ele desce dos céus e diz as Palavras (as dez Palavras) que garantem, que conduzem, que defendem, que promovem a Vida.
10. Ser cristão = ser pela vida, ser a favor da vida. Ano após ano, Israel ia a Jerusalém celebrar a Páscoa. Ano após ano, nós também vimos aqui para celebrar a Páscoa. Este é um gesto consciente ou automático, meramente repetitivo, sem muito conteúdo ou o “memorial” do Senhor Jesus. …Se o Cristo se apresentasse hoje poderia estar feliz com nosso modo de preparar, de celebrar e de viver a sua Páscoa (porque celebramos a Páscoa dele, não a nossa, então tem que ser do jeito dele!).
11. Não buscamos nós também sinais (como os judeus) ou raciocínios explicativos (como os gregos) para tentar entender a cruz da Redenção? Ela é e sempre será um paradoxo! Deus é tão grande, que pode realizar a sua obra na mais profunda aniquilação. Nosso caminho não vai do compreender para crer, mas do crer (da fé) para compreender o mistério da ação de Deus na nossa história humana.
prof. Ângelo Vitório Zambon
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“A substituição do templo de Jerusalém”
Em virtude da proximidade da tradicional festa da páscoa judaica, Jesus foi a Jerusalém e ficou indignado ao perceber que o Templo local de oração estava sendo usado para a exploração comercial. Com um chicote expulsou os vendilhões que estavam explorando os peregrinos vindos de várias regiões para os festejos. A reação das lideranças religiosas e políticas foram imediatas: “Que sinal nos apresentas para procederes deste modo”? Jesus respondeu: “Destruí vos este Templo e eu o reerguerei em três dias”. As lideranças retrucaram dizendo: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção e tu o levantarás em três dias”? Com este gesto Jesus ensina que o templo material será suplantado, fala de si mesmo, de sua pessoa, pois é em torno de Jesus que se reunirão futuramente os verdadeiros crentes e adoradores de Deus. Até mesmo os discípulos compreenderam esta passagem somente na Ressurreição de Jesus no 3º dia.
No texto do Evangelho (João 2,13-25) aparece a expressão “purificação do templo”. Poderíamos usar a expressão “a substituição do templo”, considerando que Jesus é o Novo Templo, o novo culto, lugar do encontro do homem com Deus. Cristo Jesus em comunhão com as pessoas da comunidade cristã forma o novo santuário no qual se elevam a Deus louvores e incensos. Ao expulsar com autoridade os exploradores do Templo, Jesus quer nos trazer de volta ao essencial que é Deus, chama a atenção para o “zelo” que devemos ter com as coisas de Deus. Ao designar o Templo como a casa de Deus, Jesus se apresenta como o Filho que tem autoridade no Templo e sobre ele. Devemos desprezar a idéia da sociedade capitalista de que tudo pode ser comprado e refletir sobre as leituras de hoje que nos ensinam que Deus não está à venda. Ao desmascarar mais uma vez a deturpação da religião por parte das lideranças religiosas de Jerusalém, o conflito de Jesus com o poder político e religioso vai se agravando. O resultado deste conflito veremos nas próximas reflexões.
Pedro Scherer
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Domingo, 11 de março de 2012
Jo 2,13-25

Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei.
Enviado por Vera Lúcia

Este Evangelho narra a expulsão dos vendilhões do Templo. O gesto de Jesus, de expulsar aquele pessoal que estava transformando a casa de Deus em local de comércio, mostra o seu amor a Deus Pai e o zelo em proteger as coisas mais ligadas a ele. Daí a lembrança dos discípulos, da frase que está no Salmo 69,10: "O zelo por tua casa me consumirá". Jesus tomou uma atitude radical – pegar um chicote – que não era seu costume. Fez isso devido ao seu zelo pela casa de Deus.
Nós precisamos zelar pelo bom ambiente da nossa igreja ou capela. Que tudo favoreça a oração: o silêncio, a limpeza, boa ornamentação e decoração... Através desse zelo manifestamos o nosso amor a Deus.
“Estava próxima a Páscoa dos judeus.” É assim que o evangelista João começa a narrar a cena, para nos lembrar que a morte de Jesus aconteceria naquela Páscoa. Jesus foi corajoso; mesmo sabendo do perigo que corria, defendeu com energia a Casa de Deus.
O dinheiro quer dominar a nossa vida e toda a sociedade. É o deus dinheiro que milhões de pessoas adoram. Que isso não aconteça dentro da nossa igreja ou capela!
“Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei... Jesus estava falando do Templo do seu corpo.” O novo Templo de Deus é Jesus, em seu corpo sagrado. A Igreja é o Corpo vivo de Cristo presente hoje na terra. O nosso corpo é também, a partir do nosso batismo, tornou-se templo de Deus: “Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós” (1Cor 3,16-17). Muitos têm o belo costume de fazer o sinal da cruz quando passam na frente de uma igreja. Mas o corpo de uma pessoa batizada é um templo muito mais sagrado que a construção de tijolos e cimento. Já imaginou se fizéssemos o sinal da cruz cada vez que passamos na frente de uma pessoa batizada? Isso nem é possível. Mas respeitar o próprio corpo e o dos outros é possível.
Mas o pecado nos leva a não zelar da nossa igreja ou capela a não respeitar o corpo vivo de Cristo.
E mais na frente, S. Paulo fala: “Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De tato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo... Vós todos sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (1Cor 12,12-13.27).
É importante zelar pela Igreja viva, que é a Comunidade cristã, porque ela é o referencial de caminho, verdade e vida para o povo, mesmo para os que não a freqüentam. “Se o sal perde seu sabor, com que se salgará?” (Mt 5,13).
Havia uma controvérsia: os samaritanos diziam que o lugar do verdadeiro culto a Deus era o monte Garizin, e os judeus diziam que era o templo de Jeruzalém. Na conversa com a samaritana, Jesus responde que não nem um nem outro: “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade” (Jo 4,23). Deus, que é espírito e vida, quer um culto que seja adoração em espírito e verdade, sem vinculação a lugar ou espaço físico. Foi por isso que, quando Jesus morreu, o véu do Templo se rasgou (Cf Lc 23,45).
Os primeiros cristãos não tinham templos, porque estavam conscientes de que o verdadeiro templo é a Assembléia (Ekklesía em grego) dos cristãos reunidos. Mais tarde, os cristãos perceberam que é necessária uma casa de oração, mas sem esquecer que devemos transformar a vida em culto e o culto em vida.
Campanha da fraternidade. O medo é um elemento para a preservação da vida humana. Ele se manifesta diante de situações de perigo, real ou aparente, deixando a pessoa em estado de alerta e acionando seus recursos defensivos.
A sociedade em que vivemos não tem como fundamento a pessoa humana, mas o poder econômico. Tudo deve contribuir para o lucro. Um fato pequeno, acontecido em um canto do País, é divulgado pela imprensa, dando a sensação de que aconteceu aqui perto de mim. Surgiu então a indústria do medo. Desperta-se medo para vender produtos: alarmes, vigilância, escolta, monitoramento de veículos, blindagem, seguros dos mais diferentes tipos... A indústria do medo gera milhões de Reais e aumenta a diferença entre ricos e pobres, aumentando ainda mais a insegurança.
Certa vez, uma catequista estava falando para as crianças sobre o céu. E perguntou para elas onde fica o céu. Um menino de nove anos disse: “Eu sei onde fica o céu”. Todos olharam para ele curiosos.
A catequista perguntou: “Onde fica?” O menino respondeu: “O céu fica numa casa amarela, que tem um portão de ferro e um jardim na frente”.
“Quem que mora nesta casa amarela?” indagou a catequista. O garotinho estranhou a pergunta e disse: “Ora! Eu, minha mãe, meu pai, meus irmãos, tem também um gato e um cachorrinho!”
“Por quê” – insistiu a catequista – “a sua casa é o céu?” O menino disse: “É porque eu sempre escuto a minha mãe falar: A nossa casa é um céu!”
Vamos fazer da nossa casa uma Igreja doméstica, um templo vivo de Deus. Assim ela será uma antecipação do céu.
A cor amarela representa o ouro. Maria Santíssima, na Ladainha, é chamada de Casa de Ouro, porque o seu seio abrigou o Rei do universo, que é representado pelo ouro, o rei dos metais. Que ela nos ajude a zelar pela nossa igreja ou capela.
Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei.

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Precisamos ter vigilância diante do que nós falamos, pensamos ou imaginamos assim  também, a tudo que  corrompa a nossa consciência”. –Maria Regina
                                              
Neste  evangelho de João, podemos entender,assim também  como o apóstolo entende  que o templo é o corpo de Jesus, que será ressuscitado em três dias - ele usa de propósito o verbo “reerguer” em lugar do “reconstruir”. As autoridades judaicas destruíram o sentido do Templo, abusando do povo economicamente, como vão destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o poder de reerguer o verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois de três dias. Mais uma vez Jesus, através de uma ação profética, desmascara a deturpação da religião, por parte das autoridades de Jerusalém. Embora o templo fosse muito bonito e imponente, com liturgias pomposas bem freqüentadas a sua religião era vazia, pois escondia o rosto verdadeiro do Deus da Bíblia. As igrejas correm este mesmo risco nos dias de hoje.
                                           A reação de Jesus diante dos vendedores e cambistas que comerciavam dentro do templo de Jerusalém, serve para nós como uma exortação para que não façamos das coisas de Deus, cabide para dar suporte aos nossos interesses. Ao mesmo tempo em que nós devemos respeitar a casa de Deus como um lugar sagrado, de recolhimento e oração, nós também precisamos fazer do nosso interior um templo sagrado onde habita Deus.
                                              Assim como Jesus expulsou os vendilhões do templo, nós também com toda determinação necessitamos expulsar do nosso coração tudo o que possa fazer do nosso interior numa casa de comércio, onde paire os pensamentos maus, interesseiros e as más intenções. “O zelo por tua casa me consumirá”. Precisamos repetir isto ao Senhor a todo o momento. O cuidado que devemos ter com a nossa morada interior aonde Deus habita deve consumir os nossos dias. Não podemos em nenhum momento relaxar na vigilância diante do que nós falamos, do que nós pensamos ou imaginamos, assim como também, a tudo que possa corromper a nossa consciência.
                                          Assim o texto de hoje nos traz um alerta - Jesus não veio compactuar com uma religião exploradora, alienadora e aliada ao poder, mas para encarnar as opções do Deus Javé, libertador dos males e de toda exploração; Ele veio “para que todos tenham a vida e a vida em abundância” . Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a religião decadente das elites do Templo.
                                             Peçamos ao Pai:Senhor Jesus, que  tenhamos pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tivemos , sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.
 Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina

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Peçamos ao Senhor Jesus que expulse de nossos corações todas as coisas que nos rouba a paz e nos afasta de Deus – Maria Regina.
                                       Assim como Jesus entrou no templo de Jerusalém e de lá expulsou os vendedores que faziam da casa de Deus um lugar de “comércio”, Ele também se dispõe a entrar no nosso coração e nos ajudar a expulsar de lá os ladrões que tentam roubar a nossa vida das mãos de Deus. Somos nós mesmos quem na maioria das vezes permitimos que os “ladrões” invadam as áreas mais nobres do nosso ser. Por meio dos nossos pensamentos, da nossa memória, imaginação, da nossa afetividade e da nossa vontade nós consentimos em que os inimigos penetrem e se apossem do nosso coração.
                                      Assim sendo, nós demolimos o altar do Senhor, nos afastamos do Seu convívio, perdemos o contato com Ele e ficamos a mercê dos salteadores e ladrões. A nossa casa também é casa de oração e não de comércio. A nossa alma geme por causa da fome que nós sentimos, e, muitas vezes ela expressa isso, através da impaciência, da irritação, da revolta. O motivo de tudo isso, é que nós transformamos a casa de Deus em morada de “bandidos” que nos levam para o mal.
                                     Mas Jesus deseja fazer uma varredura dentro de nós e, para isso, Ele pede passagem. Só Ele poderá fazer essa obra em nós com o poder do Seu Espírito. Portanto, peçamos ao Senhor que nos envie o Paráclito, o Advogado, o Purificador da nossa alma para reacender em nós o zelo, o fervor, o ardor, com o fogo do Seu Amor. Só assim os inimigos, ladrões e salteadores serão banidos da nossa vida. “Vem Espírito Santo, vem fazer obra nova em meu coração, retirar o que está velho em mim, traz Salvação.” Meu irmão,minha irmã reflita e responde para O Próprio Jesus: Você quer que Jesus expulse também os “ladrões” do seu coração? Peça a Ele! Quais são os salteadores que tentam tirar você da intimidade com Deus? A sua casa é uma casa de oração? Você cultiva o zelo, o ardor, o fervor pela oração? Como está a sua oração pessoal? Ela tem feito você crescer?
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina

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Jesus expulsa os vendilhões do Templo.


Jesus, a morada de Deus em nosso meio.     
Hoje, no dia em que celebramos a festa da Dedicação da Basílica de São João do Latrão, a Igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo, o evangelho nos convida a meditar sobre como está o nosso zelo pela casa de Deus, pelas coisas de Deus. Jesus vai a Jerusalém, por ocasião da Páscoa, e vê o Templo transformado em um local de comércio, de cambio, não era mais o local aonde se ia busca a Deus. O Templo era naquele momento um local de exploração, de poder religioso e político para oprimir os humildes, os pobres. E Jesus com um chicote expulsa a todos do templo, dizendo: “Não façais da casa de meu Pai uma cada de comércio!”
         Podemos também nos perguntar: “Estou respeitando a casa do Pai? Como me comporto quando estou na Igreja? Será que não transformei a Igreja somente em local de encontro, esquecendo que fui a Igreja em busca de Deus? A casa de Deus, a nossa casa, não deve perder a sua verdadeira essência  de união entre as comunidades, que se reúnem para prestar suas homenagens ao Deus da vida, celebrar a Palavra, a Eucaristia.  Ao entrarmos em nossa Igreja, a Casa de Deus, deveríamos entrar sempre pela porta de frente, lembrando que estamos indo ao encontro do Pai, e depois de alimentados pela Palavra e pelo Corpo de Cristo, sair também pela porta da frente, transformados pelo Espírito Santo para cumprirmos nossa missão de discípulos missionários de Cristo. Ao entrarmos na Igreja, não esqueçamos que estamos pisando em  solo sagrado, e façamos isso com todo respeito, pois estamos em uma local de oração, redenção, reconciliação e paz.  E como Jesus devemos zelar e proteger a Casa do Pai, o símbolo da morada de Deus no nosso meio, de todos aqueles que a desrespeitam.
         O evangelho nos mostra também a reação dos judeus que perguntam a Jesus: “Que sinal nos mostra para agir assim?” e Jesus responde: “Destrui este templo, e em três dias o levantarei.” (V. 18-19). Jesus fala de si mesmo, de sua morte e ressurreição. Agora Ele é templo, a morada Deus, Jesus é o Deus presente no nosso meio.
Um abraço, paz e bem para todos.
Elian
Oração
Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.

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Jesus expulsa os vendilhões do Templo.


Fizestes da casa de Deus um antro de ladrões.

Jesus derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas.. E ensinava o povo, dizendo: 'Não está nas Escrituras: Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? No entanto, vocês fizeram dela uma toca de ladrões'".
Por que Jesus tomou tal decisão? Qual o verdadeiro sentido da sua ação? E
De suas palavras?
 Jesus impede que os cambistas e os vendedores de animais e de outras coisas (farinha. vinho e azeite, necessários para o culto) ficassem ali negociando. Sem tais negócios não haveria culto de sacrifícios os quais Jesus reprovava. 
 • Jesus derruba as mesas. Será que esse gesto quer dizer: "Assim se derrubará e se arruinará o Templo"? (Mc 13,1-2);
• além disso, Jesus tinha anunciado que o Templo atual seria destruído (Me 13,1-13), para que seu lugar seja ocupado por um novo Templo não construído pelas mãos de homens (Me 14,58);
• Jesus denuncia que transformaram numa toca de ladrões a casa em que todos devem entrar livremente para comunicar-se com o Pai através da oração
Depois desse confronto os chefes dos sacerdotes, os doutores da  Lei e os anciãos ficaram enfurecidos e se sentindo prejudicados economicamente com o ato do Mestre, aproximaram dele e perguntaram: “Com que autoridade fazes tais coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?  Jesus que já sabia de tudo que se passava em seus pensamentos,  respondeu aquela pergunta injusta com outra pergunta,  e disse: “Vou fazer uma só pergunta. Respondam-me, e eu direi
com que autoridade faço isso
. O batismo de João vinha do céu ou dos homens? Respondam-me”Eles comentavam entre si: Se respondemos que vinha do
céu, ele vai dizer: Então
, por que vocês não acreditaram em João? Devemos então dizer que vinha dos homens'. Mas eles tinham medo da multidão, porque todos consideravam  João como verdadeiro profeta. Então eles responderam a Jesus: 'Não sabemos', E Jesus disse: “Pois eu também não vou dizer  a vocês com que autoridade faço essas coisas "
Por que os representantes do Sinédrio não respondem? Para os judeus, o Templo, pelos sacrifícios que o povo nele oferece por meio dos sacerdotes, tira os pecados do povo.
João Batista
, em troca, sem cobrar nada, sem fazer  nenhum negócio, fora do Templo, à margem da instituição do Templo, oferece o perdão dos pecados, por meio do seu batismo, àquele que se converte de coração e de obras (Me
1,4-5; Lc 3,3
.8.10-14).
Jesus afirma  que Ele não quer sacrifício, mas sim caridade.  Pois de nada adianta queimar um animal para ofertar a Deus.  Deus não precisa disso. Ele é dono de tudo até dos animais. É semelhante ao filho que pega dinheiro do pai e compra-lhe um presente.  O que Jesus nos sugere, o que Ele nos convence que é o mais importante, é fazer caridade.  Ajudar o irmão sofrido e necessitado é muito mais importante do que subir o morro de joelhos, ou de desperdiçar produtos comestíveis em oferendas inúteis, sendo que seria muito mais útil mata a fome dos famintos.
Fonte: Baseado no livro: Como entender os evangelhos.
Sal.
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      Jesus expulsa os comerciantes do Templo - Por Padre Queiroz


“Quando você deixa de se aborrecer com os pequenos problemas descobre como é grande sua capacidade de transformar obstáculos minúsculos em muralhas intransponíveis.”

A perda de sentido do Templo
O zelo por tua casa me consumirá.
Hoje nós celebramos o aniversário da inauguração da primeira igreja católica construída no mundo. Ela fica em Roma e chama-se Igreja do Latrão. Isso porque fica no Bairro Latrão.
No fundo, é a festa da nossa igreja matriz, ou da nossa capela, apesar de geralmente não sabermos o dia em que ela foi inaugurada.
O Evangelho narra a expulsão dos vendilhões do Templo. O gesto de Jesus, de expulsar aquele pessoal que estava transformando a casa de Deus em local de comércio, mostra o seu amor a Deus Pai e o zelo em proteger as coisas mais ligadas a ele. Daí a lembrança dos discípulos, da frase que está no Salmo 69,10: "O zelo por tua casa me consumirá".
Nós precisamos zelar pelo bom ambiente da nossa igreja ou capela. Que tudo favoreça a oração: o silêncio, a limpeza, boa ornamentação e decoração... Assim manifestar o nosso amor a Deus.
“Estava próxima a Páscoa dos judeus.” É assim que o evangelista João começa a narrar a cena, para nos lembrar que a morte de Jesus aconteceria naquela Páscoa. Jesus foi corajoso; mesmo sabendo do perigo que corria, defendeu com energia a Casa de Deus.
Jesus deu um passo à frente, e lembrou que o principal templo de Deus é o nosso corpo, onde Deus habita, desde o nosso batismo. "Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós" (1Cor 3,16-17).
E mais na frente, S. Paulo fala: “Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo... Vós todos sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (1Cor 12,12-13.27).
É importante zelar pela Igreja viva, que é a Comunidade cristã, porque ela é o referencial de caminho, verdade e vida para o povo, mesmo para os que não a freqüentam. “Se o sal perde seu sabor, com que se salgará?” (Mt 5,13).
Certa vez, um missionário chegou a uma Comunidade rural, para iniciar as santas missões. Era bem distante da cidade.
A Irmã que havia preparado o povo para a missão escreveu no relatório: "Não existe capela nem qualquer local grande onde o povo possa se reunir. A Comunidade ficou de construir uma 'latada". Latada é um barracão coberto com folhas de buriti.
Mas quando o padre chegou, ficou surpreso, ao ver uma capela grande e bonita. Primeiro, ele perguntou o nome daquele local, porque pensava que tinha errado o bairro. Mas confirmaram que era ali mesmo.
Então ele mostrou o relatório da Irmã e perguntou qual o motivo daquela diferença. Um senhor explicou:
"Sr. Padre, depois que a Irmã foi embora, faltava ainda um mês para o início da missão. Um dia eu e três colegas estávamos almoçando, na roça, debaixo de uma árvore. Como sempre, estávamos criticando a nossa Comunidade, porque as pessoas são muito paradas aqui. A certa altura da conversa, eu me levantei e disse: 'Nós estamos criticando a nós mesmos, pois a Comunidade somos nós. Vamos fazer alguma coisa?’”
Nesta hora, o homem se emocionou e não conseguia continuar a explicação. O padre pôs a mão no ombro dele com carinho e disse: “Não precisa continuar. Já entendi tudo.” E, também emocionado, o padre olhou para cima a fim de contemplar a beleza daquela capela, construída em trinta dias.
O zelo por tua casa me consumirá.
Para que a nossa Comunidade cumpra a sua missão no bairro, ela precisa de uma casa de oração, bonita e bem cuidada.
Aquele desafio do homem – “Vamos fazer alguma coisa?” – vale também para nós, pois nós também somos Igreja.
Maria Santíssima, na Ladainha, é chamada de Casa de Ouro, porque o seu seio abrigou o Rei do universo, que é representado pelo ouro, o rei dos metais. Que ela nos ajude a zelar pela nossa igreja ou capela.
O zelo por tua casa me consumirá.
Por Frei. Altair Fernandes Correa
IGREJA POVO DE DEUS
No evangelho de hoje, queridos irmãos e irmãs, inicia afirmando uma coisa que a Páscoa dos judeus está próxima. Sabemos que a páscoa era a festa mais importante do Antigo Testamento, pois através dela o povo recordava a libertação da escravidão no Egito. Esta memória significa fazer o mesmo processo de libertação do povo, agora em novos tempos.
A ação de Jesus é radical, pois aquela páscoa que eles celebravam não podia ser mais festa de liberdade e vida, mas era uma festa de opressão e muita exploração. Jesus encontrou no templo uma religião transformada em comércio, estavam aí os “vendedores de bois, ovelhas e pombos e os cambistas que estavam aí sentados” (versículo 14).
Em um momento Jesus fica furioso. Faz um chicote de cordas e expulsa todos que estavam no templo. Com essa atitude ele mostra que chegou um novo jeito de ser, em que a religião não pode ser confundida com comércio, quando isso acontece à vítima é o povo. Os dirigentes dos judeus reagem diante dessa situação, por que via a sua frente, o lucro virar em nada. E os sacerdotes querem saber “que sinal nos mostras para agir assim?”. Mas em vez de dar alguma resposta direta, Jesus fez uma denúncia: “Destrui este templo e em três dias o levantarei” (versículo 19). Com essa afirmação misteriosa, ele mostra que o poder daquele sistema injusto, será responsável pela sua morte de cruz, mas ele irá ressuscitar, destruindo aquele poder religioso que escraviza e gera a morte.
Os discípulos não entenderam nada do que Jesus tinha feito, só depois da ressurreição é que os discípulos tiveram um pouco mais de clareza. Depois de ter meditado esse evangelho, podemos nos perguntar existe alguma forma de religião que explora o povo?
Grandes multidões costumam seguir Jesus. E hoje qual Jesus é que seguimos?

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Com que autoridade fazes essas coisas? - Sal


O Evangelho de hoje nos mostra os sumos sacerdotes, os fariseus e os doutores da lei questionando Jesus sobre sua autoridade. Muitas vezes, vemos pessoas que duvidam das verdades da fé e questionam o próprio Deus sobre a legitimidade de suas ações e de seus princípios, mas se formos analisar mais a fundo a vida das pessoas que manifestam tal atitude, veremos que na verdade as suas vidas é que apresentam aspectos contraditórios porque os seus princípios de vida não são legítimos. Essas pessoas querem, na verdade, legitimar a sua vida marcada pelo erro e pelo pecado, por princípios que, na verdade, encontram o seu fundamento unicamente no egoísmo.(CNBB)

Jesus ficou irado e com pedaços de corda na sua mão direita, gritava em alta voz dizendo que aqueles homens transformaram numa toca de  ladrões a casa em que todos devem entrar livremente para comunicar-se com o Pai através da oração.
 Depois disso   Jesus e os discípulos saíram da cidade. Ao voltarem de novo ao Templo, Jesus foi interpelado pelos seus adversários. Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os anciãos revoltados com a atitude de Jesus ao expulsar os vendilhões do Templo, aproximaram-se dele e perguntaram:  Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?'Jesus respondeu aquela pergunta com outra pergunta, a qual não foi respondida.  E por que os representantes do Sinédrio não responderam? - 
Pelo seguinte: Para os judeus, o Templo, pelos sacrifícios que o povo nele  oferecia  por meio dos sacerdotes, tirava os pecados do povo. João Batista, em troca, sem cobrar nada, sem fazer  nenhum negócio, fora do Templo, à margem da instituição do Templo, oferecia o perdão dos pecados, por meio do seu batismo, àquele que se convertia de coração e de obras. 
Se as autoridades judaicas admitissem que o batismo de João procedia de Deus, então teriam de agüentar esta pergunta de Jesus: Então, por que continuam sacrificando animais para o perdão dos pecados? Por que não vão até João para serem convertidos, mostrando sua boa vontade de mudança e oferecendo-se a si mesmos como sacrifício através do batismo?
            Para Jesus o perdão dos pecados é obtido independentemente dos sacrifícios do Templo.Fora do Templo também se oferece esse perdão. Não só por meio de João (Me 
1,4-5)
. O próprio Jesus perdoa os pecados (Me 2,5-7). 
Dessa forma Jesus corrói os fundamentos do significado absurdo do Templo e da sua importância.(Fonte: Coleção Como Ler os Evangelhos).
            Irmãos. Aqueles que vivem no pecado, procuram sempre justificar-se fazendo questionamentos a respeito de Jesus e da Igreja. Já ouvi da boca de um certo professor, o seguinte:Jesus era tarado! Ele disse: deixai vir a mim as criancinhas! Disse aquele professor.
            Outros dizem: sexo não é pecado. Pecado é não fazer sexo. Tais afirmações poderiam até serem válidas se estivessem se referido ao casal, marido e mulher, cuja união foi abençoada por Deus na pessoa do sacerdote. Ou seja, no casamento.
            Da mesma forma já ouvimos vez por outra, pessoas que para justificar sua conduta fora do plano de Deus, a fazerem críticas e calúnias aos representes de Deus na Terra. A sorte desses nossos irmãos desgarrados, é que eles nem se importam com o Espírito Santo. Suas maledicências são sempre dirigidas a Jesus, Maria, aos padres e às freiras.  Pois as blasfêmias contra o Espírito de Deus não serão perdoadas, como disse Jesus.
            Rezemos por essas pessoas. São nossos irmãos e irmãs, pedindo a Jesus que tenha piedade de suas almas, e pedindo ao Pai para perdoá-los porque realmente não  sabem o que fazem!
Sal.
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O zelo por tua casa me consumirá. -Pe. Antonio Queiroz


Hoje nós celebramos o aniversário da inauguração da primeira igreja católica construída no mundo. Ela fica em Roma e chama-se Igreja do Latrão. Isso porque fica no Bairro Latrão.
No fundo, é a festa da nossa igreja matriz, ou da nossa capela, apesar de geralmente não sabermos o dia em que ela foi inaugurada.
O Evangelho narra a expulsão dos vendilhões do Templo. O gesto de Jesus, de expulsar aquele pessoal que estava transformando a casa de Deus em local de comércio, mostra o seu amor a Deus Pai e o zelo em proteger as coisas mais ligadas a ele. Daí a lembrança dos discípulos, da frase que está no Salmo 69,10: "O zelo por tua casa me consumirá".
Nós precisamos zelar pelo bom ambiente da nossa igreja ou capela. Que tudo favoreça a oração: o silêncio, a limpeza, boa ornamentação e decoração... Assim manifestar o nosso amor a Deus.
"Estava próxima a Páscoa dos judeus." É assim que o evangelista João começa a narrar a cena, para nos lembrar que a morte de Jesus aconteceria naquela Páscoa. Jesus foi corajoso; mesmo sabendo do perigo que corria, defendeu com energia a Casa de Deus.
Jesus deu um passo à frente, e lembrou que o principal templo de Deus é o nosso corpo, onde Deus habita, desde o nosso batismo. "Acaso não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós" (1Cor 3,16-17).
E mais na frente, S. Paulo fala: "Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo... Vós todos sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo" (1Cor 12,12-13.27).
É importante zelar pela Igreja viva, que é a Comunidade cristã, porque ela é o referencial de caminho, verdade e vida para o povo, mesmo para os que não a freqüentam. "Se o sal perde seu sabor, com que se salgará?" (Mt 5,13).
Certa vez, um missionário chegou a uma Comunidade rural, para iniciar as santas missões. Era bem distante da cidade.
A Irmã que havia preparado o povo para a missão escreveu no relatório: "Não existe capela nem qualquer local grande onde o povo possa se reunir. A Comunidade ficou de construir uma 'latada". Latada é um barracão coberto com folhas de buriti.
Mas quando o padre chegou, ficou surpreso, ao ver uma capela grande e bonita. Primeiro, ele perguntou o nome daquele local, porque pensava que tinha errado o bairro. Mas confirmaram que era ali mesmo.
Então ele mostrou o relatório da Irmã e perguntou qual o motivo daquela diferença. Um senhor explicou:
"Sr. Padre, depois que a Irmã foi embora, faltava ainda um mês para o início da missão. Um dia eu e três colegas estávamos almoçando, na roça, debaixo de uma árvore. Como sempre, estávamos criticando a nossa Comunidade, porque as pessoas são muito paradas aqui. A certa altura da conversa, eu me levantei e disse: 'Nós estamos criticando a nós mesmos, pois a Comunidade somos nós. Vamos fazer alguma coisa?'"
Nesta hora, o homem se emocionou e não conseguia continuar a explicação. O padre pôs a mão no ombro dele com carinho e disse: "Não precisa continuar. Já entendi tudo." E, também emocionado, o padre olhou para cima a fim de contemplar a beleza daquela capela, construída em trinta dias.
O zelo por tua casa me consumirá.
Para que a nossa Comunidade cumpra a sua missão no bairro, ela precisa de uma casa de oração, bonita e bem cuidada.
Aquele desafio do homem – "Vamos fazer alguma coisa?" – vale também para nós, pois nós também somos Igreja.
Maria Santíssima, na Ladainha, é chamada de Casa de Ouro, porque o seu seio abrigou o Rei do universo, que é representado pelo ouro, o rei dos metais. Que ela nos ajude a zelar pela nossa igreja ou capela.
O zelo por tua casa me consumirá.

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"Os Ladrões do Templo" – Diac. José da Cruz

___Olha São Lucas, a gente aqui do Terceiro Milênio da Era Cristã, está achando que podemos trabalhar esta reflexão em cima dessa acusação muito grave que Jesus faz contra os mercadores "Fizestes da minha casa um esconderijo de Ladrões".
___Vocês estão no caminho certo, mas falta incluir a frase inicial que é também muito importante "A minha casa é casa de oração...".
___Então há uma relação entre essas duas afirmações?
___Claro que há, pense que uma casa de oração é antes de tudo um lugar de encontro...
___Certo! Encontro com os irmãos e irmãs e também com Deus. Mas encontro para que?
___Ótima pergunta, tem gente que pensa que é um encontro para rezar.
___Mas não é ?
___O Rezar junto é apenas consequência de quem vive em comunhão e só está em comunhão com Deus e os irmãos quem se doa, dando algo de si para os outros. Quando você faz o contrário e tira algo dos outros para si, isso se chama "Roubo".
___Ah....! Quer dizer que ainda tem muitos "mercadores" em nossas comunidades?
___Claro que tem, como tinha nas comunidades primitivas do primeiro século...sempre que nos trabalhos pastorais somos um obstáculo para que os irmãos e irmãs não tenham acesso á esta Vida Nova oferecida por Jesus, estamos na verdade tirando algo que lhes pertence. Sempre que a Igreja não cumpre sua missão primária que é evangelizar, está também roubando algo valioso que não lhe pertence.
___É por isso que os Escribas, os Príncipes dos Sacerdotes e Chefes do Povo estavam querendo acabar com Jesus? Ele estava atrapalhando seus "negócios"...
___Isso mesmo.,    Jesus é alguém que se doa, seus ensinamentos não são apenas retórica e discurso bonito, olhando para ele e prestando atenção naquilo que fala e faz, a comunidade facilmente irá se dar conta dos mercenários disfarçados de pastores que há em seu meio.


                                                          "Lá vem os Saduceus com suas Historinhas..."- – Diac. José da Cruz
Quem é que já não teve a tentação de  imaginar o céu como uma continuidade dessa vida? A Vida Plena de comunhão com Deus comporta uma continuidade mais também uma descontinuidade: seremos nós mesmos, mas de um outro jeito! Nesta vida terrena as nossas relações,  ao mesmo tempo em que nos aguça para o amor, também denuncia a nossa incapacidade de um amor total como o de Jesus, entretanto, ao atingirmos a plenitude do céu não haverá mais limites ou qualquer impossibilidade nesse sentido, porque estaremos em Deus e com Deus, que é a Plenitude da plenitude.
O Céu é uma comunidade, estaremos em comunhão com as pessoas mais o elo dessa comunhão não será mais o nosso empenho e esforço, as relações serão perfeitas porque Deus mesmo será o nosso elo de comunhão, em Deus seremos Tudo em Todos.
Então para que servem as nossas relações neste mundo, principalmente a vida conjugal apresentada neste evangelho?  Exatamente para exercitarmos a vivência desta comunhão que jamais deve buscar a si mais ao outro, fazer o outro feliz, ao passo que o outro, deverá ter tomado a decisão de ser sempre feliz, independente se o outro irá fazê-lo feliz ou não pois no céu, para ser feliz não dependeremos mais uns dos outros, mas apenas de Deus e por isso, essa esperada e sonhada felicidade, já está de certo modo garantida em Jesus Cristo.
Os Saduceus só conseguem imaginar o céu dentro de categorias humanas, se fosse assim, o céu de Deus não seria um lugar tão bonito e perfeito!
                                                      
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